A compreensão do lazer como direito social implica reconhecer que sua efetivação depende da criação de condições materiais, simbólicas e institucionais que garantam a todas as pessoas a possibilidade de fruição de seu tempo livre de forma digna, criativa e culturalmente significativa. No entanto, no contexto das sociedades desiguais da América Latina, como o Brasil, o lazer ainda é tratado de forma marginal nas políticas públicas, sendo frequentemente subordinado a interesses secundários ou reduzido a sua função compensatória frente à precarização da vida cotidiana. A ausência de investimentos estruturais em equipamentos culturais, espaços públicos de convivência e programas de formação de agentes culturais contribui para a perpetuação das desigualdades no acesso às experiências significativas de lazer. Ademais, o planejamento das políticas de lazer, muitas vezes conduzido sem a devida participação das comunidades beneficiadas, ignora a pluralidade dos modos de vida e acaba impondo modelos que não dialogam com os repertórios simbólicos locais. A superação desse cenário exige uma mudança de paradigma, que compreenda o lazer como expressão da cidadania cultural e que valorize a diversidade como