Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Módulo de 
Sociologia das 
Organizações 
Educativas 
 
 
Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ensino à Distância 
Universidade Pedagógica 
Departamento de Matemática 
 
 
Direitos do autor (copyright) 
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução, 
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica 
Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135 
Telefone: 21-320860/2 
Telefone: 21 – 306720 
Fax: +258 21-322113 
Site: www.up.ac.mz 
 
 
Agradecimentos 
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na 
produção dos Módulos. 
Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. 
Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado 
em todo o processo. 
 
 
Ficha Técnica 
Autor: Arcanjo Tinara Nharucué 
Desenho instrucional: Rasmi Laxmane 
Revisão Linguística: Alice Sengo 
Maquetização : Valdinácio Florêncio Paulo 
Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo 
 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação i 
 
Índice 
 
Visão geral 1 
Bem-vindo ao módulo da Sociologia das Organizações Educativas ............................... 1 
Objectivos do Módulo ................................................................................................... 2 
Quem deve estudar este Módulo .................................................................................... 2 
Como está estruturado este Módulo ............................................................................... 3 
Ícones de actividade ...................................................................................................... 4 
Acerca dos ícones ........................................................................................ 4 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 5 
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5 
Avaliação ...................................................................................................................... 6 
Unidade 1 7 
Génese e evolução do pensamento social ....................................................................... 7 
Introdução ............................................................................................................ 7 
Lição no 1 9 
Evolução do pensamento social ..................................................................................... 9 
Introdução ............................................................................................................ 9 
Resumo ....................................................................................................................... 10 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 11 
Lição no 2 13 
A idade antiga ............................................................................................................. 13 
Introdução .......................................................................................................... 13 
Aristóteles Nicômaco ................................................................................ 13 
Platão De Aristão ...................................................................................... 14 
Sumario ....................................................................................................................... 15 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 16 
Lição no 3 17 
Idade Média (Idade das Trevas): Santo Agostinho e São Thomas de Aquino ............... 17 
Introdução .......................................................................................................... 17 
Santo Agostinho ........................................................................................ 17 
Thomas de Aquino .................................................................................... 18 
Resumo ....................................................................................................................... 19 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 19 
Lição no 4 22 
Idade Moderna: Maquiavel, e Jean Jacques Rousseau .................................................. 22 
Introdução .......................................................................................................... 22 
ii Índice 
Nicolau Maquiavel .................................................................................... 22 
Jean-Jacques Rosseau ................................................................................ 23 
Resumo ....................................................................................................................... 24 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 24 
Actividade final da unidade ......................................................................................... 25 
Unidade 2 27 
História da teoria atómica, Fundadores e representantes da Sociologia (Objecto e 
Método)....................................................................................................................... 27 
Introdução .......................................................................................................... 27 
Lição no 1 29 
Os fundadores da sociologia ........................................................................................ 29 
Introdução .......................................................................................................... 29 
Auguste Comte (1798-1857) ..................................................................... 30 
Charles de Montesquieu ............................................................................ 31 
Herbert Spencer......................................................................................... 32 
Resumo ....................................................................................................................... 33 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 34 
Lição no 2 36 
Representantes da Sociologia ...................................................................................... 36 
Introdução .......................................................................................................... 36 
Karl Marx ................................................................................................. 37 
Émile Durkheim ........................................................................................ 37 
Max Weber ............................................................................................... 38 
Resumo ....................................................................................................................... 39 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 40 
Lição no 3 42 
Objecto de estudo da sociologia e o método sociológico .............................................. 42 
Introdução .......................................................................................................... 42 
O método sociológico ................................................................................ 44 
Resumo ....................................................................................................................... 46 
Auto-avaliação ............................................................................................................47 
Lição no 4 48 
O problema do método sociológico.............................................................................. 48 
Introdução .......................................................................................................... 48 
Resumo ....................................................................................................................... 49 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 49 
Actividade final da unidade ......................................................................................... 50 
Unidade 3 51 
A educação como objecto de estudo da sociologia ....................................................... 51 
Introdução .......................................................................................................... 51 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação iii 
 
Lição no 1 53 
A educação como objecto sociológico ......................................................................... 53 
Introdução .......................................................................................................... 53 
Resumo ....................................................................................................................... 55 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 56 
Lição no 2 58 
O objecto de pesquisa da Sociologia das Organizações Educativas .............................. 58 
Introdução .......................................................................................................... 58 
Resumo ....................................................................................................................... 60 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 60 
Actividade final da unidade ......................................................................................... 62 
Unidade 4 64 
Formas de Educação .................................................................................................... 64 
Introdução .......................................................................................................... 64 
Lição no 1 66 
Educação e moral: a Sociologia das Organizações Educativas de Émile Durkheim ...... 66 
Introdução .......................................................................................................... 66 
Resumo ....................................................................................................................... 67 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 68 
Lição no 2 69 
Educação e capitalismo: a Sociologia das Organizações Educativas de Karl Marx ....... 69 
Introdução .......................................................................................................... 69 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 71 
Lição no 3 73 
Reprodução e Desigualdade: A Sociologia das Organizações Educativas de Pierre 
Bourdieu ..................................................................................................................... 73 
Introdução .......................................................................................................... 73 
Resumo ....................................................................................................................... 77 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 77 
Lição no 4 79 
Educação Como Socialização ...................................................................................... 79 
Introdução .......................................................................................................... 79 
iv Índice 
Resumo ....................................................................................................................... 82 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 83 
Actividade final da unidade ......................................................................................... 84 
Unidade 5 87 
As instituições escolares .............................................................................................. 87 
Introdução .......................................................................................................... 87 
Lição no 1 89 
Características organizacionais da cultura de escola ..................................................... 89 
Introdução .......................................................................................................... 89 
Aspectos do clima escolar ......................................................................... 92 
Resumo ....................................................................................................................... 94 
Auto-avaliação ............................................................................................................ 95 
Lição no 2 97 
A cultura organizacional da escola ............................................................................... 97 
Introdução .......................................................................................................... 97 
Resumo ..................................................................................................................... 102 
Auto-avaliação .......................................................................................................... 103 
Lição no 3 105 
Funções sociais da educação ...................................................................................... 105 
Introdução ........................................................................................................ 105 
A educação e sua função social ............................................................... 108 
Resumo ..................................................................................................................... 110 
Auto-avaliação .......................................................................................................... 111 
Actividade Final da Unidade ..................................................................................... 113 
Unidade 6 114 
A educação e estrutura social nas sociedades tradicionais e modernas........................ 114 
Introdução ........................................................................................................ 114 
Lição no 1 116 
As sociedades tradicionais e modernas ...................................................................... 116 
Introdução ........................................................................................................ 116 
Resumo ..................................................................................................................... 119 
Auto-avaliação .......................................................................................................... 120 
Lição no 2 123 
Os paradigmas das reformas de educação em África pós - independente .................... 123 
Introdução ........................................................................................................ 123 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação v 
 
Resumo ..................................................................................................................... 127 
Auto-avaliação .......................................................................................................... 127 
Actividade Final da Unidade ..................................................................................... 130 
Respostas das Actividades Finais............................................................................... 131 
Notas Finais .............................................................................................................. 134 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 1 
 
Visão geral 
Bem-vindo ao módulo da Sociologia 
das Organizações Educativas 
Caro estudante, você vai iniciar o estudo do módulo da Sociologia 
das Organizações Educativas A Sociologia das Organizações 
Educativas que é o ramo aplicado da Sociologia, que se ocupa de 
analisar os aspectos sociológicos de organizações educativas, isto é, 
escolas, centros de educação, órgãos públicos ligados a educação. 
O objectivo da Sociologia das Organizações Educativas, é tanto o 
estudo dos aspectos de uma sociedade que influem na organização 
e no desenvolvimento das organizações educativas, para melhor 
compreensão dos fenómenos que ocorrem dentro de uma 
organização sob um ponto de vista sociológico. 
Com este módulo, você vai aprender a olhar para a Educação do 
ponto de vista sociológico das organizações educativas e, 
compreender que a Pedagogia é o fundamento das práticas 
educacionais (as crenças, os valores e as normas sociais) 
constituem os fundamentos da Sociologia. 
Assim você vai aprender reconstruir sistematicamente as relações, 
que existem na prática quotidiana, entre as acções que objectivam 
educar e as estruturas da vida social. 
O presente módulo está dividido em 6 unidades e 19 lições. 
2 Sociologia das Organizações Educativas 
Objectivos do Módulo 
Quando terminar o estudo deste modulo, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
• Explicar o que é Sociologia das Organizações Educativas; 
• Conhecer os pressupostos da emergência da Sociologia das 
Organizações Educativas e Sociologia no geral e seus 
fundadores; 
• Explicar o fenómeno educação como objecto de estudo da 
sociologia; 
• Explicar o papel da escola como instituição sociológica; 
• Conhecer a função da educação e estrutura social nas 
sociedades tradicionais e modernas; 
• Identificar o papel dos paradigmas das reformas de 
educação em África pós – independente. 
 
Quem deve estudar este Módulo 
Este módulo destina-se aos estudantes do curso de Administração e 
Gestão de Educação em exercício e inscritos no Curso a Distancia, 
fornecido pela Universidade Pedagógica. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 3 
 
Como está estruturado este 
Módulo 
Todos os módulos dos cursos à Distância produzidos pela Universidade 
Pedagógica, encontram-se estruturados da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos chave 
que precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos 
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu 
estudo. 
Conteúdo módulo 
O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma 
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo 
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais 
actividades para auto-avaliação. 
Outros recursos 
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista 
de recursos adicionais para explorar. Estes recursos podem incluir livros, 
artigos ou sites na internet. 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
Tarefas de avaliação para este Módulo encontram-se no final de cada 
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para 
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes 
elementos encontram-se no final do Módulo. 
4 Sociologia das Organizações Educativas 
Comentários e sugestões 
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários 
sobre a estrutura e o conteúdo do curso Módulo. Os seus comentários 
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este Módulo. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das 
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo 
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma 
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
 
Acerca dos ícones 
Neste Módulo encontrará ícones que identificam as actividades, dicas, 
sumárias e actividades de auto-avaliação. 
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir. Cada 
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós 
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao 
longo deste Módulo. 
 
 
Comprometimento/ 
perseverança 
Actividade 
 
Resistência, 
perseverança 
Auto-avaliação 
 
“Qualidade do 
trabalho” 
 
(excelência/ 
autenticidade) 
Avaliação / 
Teste 
 
“Aprender através 
da experiência” 
Exemplo / 
Estudo de caso 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 5 
 
 
Confirmação / 
Correcção 
Resultados 
 
Horas / 
programação 
Tempo 
 
Vigilância / 
preocupação 
Tome Nota! 
 
“Eu mudo ou 
transformo a minha 
vida” 
Objectivos 
 
 “[Ajuda-me] deixa-
me ajudar-te” 
Leitura 
 
“Pronto a enfrentar 
as vicissitudes da 
vida” 
 
(fortitude / 
preparação) 
Resumo 
 
“Nó da sabedoria” 
Terminologia 
 
Apoio / 
encorajamento 
Dica 
 
Habilidades de estudo 
Este Módulo foi concebido tendo em consideração que você vai estudar 
sozinho. É por isso que no fim de cada unidade/lição apresentamos 
actividades que o auxiliarão a verificar tudo o que nela aprendeu. 
Fazem parte deste conjunto de actividades, consulta e interpretação de 
tabelas, desenho e interpretação de gráficos e diagramas, etc., pois eles 
são preciosos para você conhecer o nível da sua aprendizagem. 
Precisa de apoio? 
Se tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua espera, perto 
do local da sua residência. Não hesite em recorrer a esse centro, 
pois ele foi criado para si. Lá encontrará literatura e outros 
materiais de consulta. Também poderá consultar ao seu tutor, 
usando vários meios que serão definidos no início do curso. 
 
6 Sociologia das Organizações Educativas 
Avaliação 
 
O módulo da Sociologia das Organizações Educativas terá dois 
testes e um exame que deverá ser feito no centro dos recursos da 
Universidade Pedagógica, ou em local a ser indicado pela 
administração do curso. O calendário das avaliações será também 
apresentado oportunamente. 
A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas 
lições, mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir 
em frente. Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado 
com base na realização de actividades e tarefas de auto-avaliação 
previstas em cada unidade, dois testes escritos e um exame. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 7 
 
Unidade 1 
Génese e evolução do 
pensamento social 
Introdução 
Bem-vindo a esta unidade de estudo, onde terá as noções 
fundamentais da Sociologia das Organizações Educativas. Estas 
noções vão ajudá-lo a compreender a peculiaridade do seu objecto 
de estudo, os seus métodos fundamentais e a relação com as outras 
ciências (interdisciplinaridade). 
 
Tempo 
Estrutura 
O estudo que você inicia agora tem 4 lições. Devem ser 
dispensadas duas (2) horas de tempo para cada lição. Eis as 
matérias a serem estudadas nesta unidade: 
Tópicos da unidade 
Lição 1. Evolução do pensamento social 
Lição 2. A idade Antiga 
Lição 3. A idade Media 
Lição 4. A idade Moderna 
 
Meios 
Para alem das referências bibliográficas presentes no fim da 
unidades, poderá usar textos de apoio, filmes dos séculos passados 
sempre que existirem, bem como as fontes orais da sua 
8 Sociologia das Organizações Educativas 
comunidade, ao faze-lo, estará em contacto directo com o seu 
objecto de estudo. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos da unidade 
 
Geral: 
• Conhecer as origens e os propósitos da sociologiano geral. 
Específicos: 
• Caracterizar o processo da evolução da sociologia; 
• Identificar as etapas da evolução do pensamento social; 
• Indicar os aspectos importantes da evolução do pensamento 
social. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 9 
 
Lição no 1 
Evolução do pensamento social 
Introdução 
Nesta lição, terá a ocasião de conhecer as etapas evolutivas do 
pensamento social, são pressupostos básicos da origem e evolução 
desta ciência do social, desde a idade antiga, média e 
contemporânea. Para este estudo, você deve dispensar duas (2) 
horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Indicar as origens e os propósitos da sociologia no geral; 
• Caracterizar o processo da evolução do pensamento Social; 
• Enumerar as etapas da evolução do pensamento social. 
 
As primeiras tentativas de compreender como as forças sociais 
funcionam baseavam-se na imaginação, na fantasia, na 
especulação. Assim, certos fenómenos sociais eram explicados a 
partir da acção de seres mitológicos, como deuses e heróis 
(Foracchi, 1985:11). 
Entretanto, politólogos, moralistas, filósofos e juristas, foram 
descrevendo a sociedade através do pensamento então em vigor, da 
maneira como eles pensaram que deveria ser a sociedade e não a 
partir de uma observação metódica da mesma. 
Aproximações sucessivas para a situar no espaço e no tempo 
levaram à construção de um objecto teórico para uma nova ciência 
e à invenção das metodologias e técnicas convenientes, o que levou 
à definição inicial da sociologia como sendo a ciência de 
10 Sociologia das Organizações Educativas 
observação das relações entre os fenómenos sociais, isto é, ciência 
de observação, por oposição à ciência especulativa; ciência 
objectiva, por oposição à subjectiva; ciência positiva, por oposição 
à normativa. Entende-se por Ciência um conjunto ordenado e 
sistematizado de conhecimentos metodologicamente adquiridos. 
Segundo Fernandes (1987:24) esta ciência (sociologia) das relações 
entre os fenómenos sociais, não se interessa pelo indivíduo como 
tal, isto é, pelo que ele partilha com os outros. Ou seja, quem 
estuda a sociedade interessa-se pelo modo como as pessoas estão 
em relação umas às outras, às colectividades que formam, aos 
comportamentos por estes adoptados no seu quotidiano. A 
sociologia aparece onde há ideias, comportamentos, atitudes, 
crenças, valores partilhados pela colectividade. 
 
Resumo 
O homem é um ser que está em constante transformação. Nas 
sociedades primitivas, o pensamento mítico representou a 
oportunidade de acesso ao conhecimento e revelação da verdade. 
Para tudo aquilo que o homem não conseguia explicar, era criado 
um mito. Assim, certos fenómenos sociais eram explicados a partir 
da acção de seres mitológicos. 
 
Chegado ao fim dessa lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda as questões seguintes: 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 11 
 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
1. Indique as origens e propósitos da Sociologia? 
2. Caracterize o processo da evolução do pensamento social? 
3. Enumere as etapas da evolução do pensamento social? 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
1. As origens e pressupostos da sociologia surgem após as 
revoluções burguesas (Inglesa/ industrial e Francesa) por 
volta de 1930. O século XVII constitui um marco 
importante para a história do pensamento ocidental e para o 
surgimento da Sociologia. As profundas transformações 
políticas, económicas e culturais levam ao surgimento da 
Sociologia (ciência social ou ciência da sociedade). 
2. O homem sempre indagou sobre dois tipos de fenómenos: o 
físico e o social. O físico, primeiramente, daí o surgimento 
inicial das ciências da natureza (ciência = comprovação da 
investigação; antes desta havia o senso comum). Depois, a 
ciência dos fenómenos sociais, do comportamento, dá-se 
então o surgimento das ciências sociais; é neste contexto 
que surge a Sociologia que é fruto de várias formas de 
conhecer e pensar sobre a natureza humana. 
O pensamento social interessa-se das relações entre os 
fenómenos sociais estabelecidos pelos indivíduos no dia-a-
dia; não se interessa pelo indivíduo como tal, isto é, pelo 
que ele partilha com os outros; ou seja, quem estuda a 
sociedade interessa-se pelo modo como as pessoas estão em 
12 Sociologia das Organizações Educativas 
relação umas às outras, às colectividades que formam, aos 
comportamentos por estes adoptados no seu quotidiano. 
3. A sociologia aparece de facto como a ciência da luta de 
classes, mas os psicólogos sociais, sobretudo franceses 
(como Gustave Le Bon), procuram corrigir essa visão pela 
análise dos comportamentos humanos e das formas de 
sociabilidade. A fusão desses diferentes ramos das ciências 
sociais, inclusive o da história e o da economia, iria resultar 
numa das mais importantes obras já efectuada sobre o 
pensamento e o método da sociologia: a do pensador 
alemão Max Weber. Vindo da tradição da escola histórica 
alemã, mas também influenciado pelo marxismo (que ele 
procurará contestar), Weber deixa um importante legado 
que será recuperado por praticamente todos os sociólogos 
do século XX, a começar pelos funcionalistas e pelos 
comparatistas. Com Weber, a sociologia emerge, realmente, 
como disciplina completa e dotada de métodos rigorosos 
para servir, não mais uma causa política – reformista ou 
revolucionária, como tinha sido o caso até então – mas um 
objectivo de análise científica da sociedade. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. 
Se teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
 
 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 13 
 
Lição no 2 
A idade antiga 
Introdução 
O estudo que começa agora vai proporcionar-lhe conhecimentos 
sobre as etapas da evolução do pensamento social. É fundamental 
esse conhecimento, para situar-se na complexidade que esta 
disciplina encerra em perceber as razões do estudo da Sociologia 
das Organizações Educativas. Esta lição tem a duração de duas (2) 
horas de estudo. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Identificar a base do pensamento sociológico na idade 
antiga; 
• Identificar os pensadores da idade antiga. 
 
Esta temporada é caracterizada por dois pensadores 
nomeadamente: 
 
Aristóteles Nicômaco 
Aristóteles fundamenta a tese que “o homem é um animal social”. 
A união entre os homens é natural, porque o homem é um ser 
naturalmente carente, que necessita de coisas e de outras pessoas 
para alcançar a sua plenitude. Aristóteles afirma: 
“As primeiras uniões entre pessoas, oriundas 
de uma necessidade natural, são aquelas entre 
seres incapazes de existir um sem o outro, ou 
14 Sociologia das Organizações Educativas 
seja, a união da mulher e do homem para 
perpetuação da espécie (isto não é resultado de 
uma escolha, mas nas criaturas humanas, tal 
como no outros animais e nas plantas, há um 
impulso natural no sentido de querer deixar 
depois de individuo um outro ser da mesma 
espécie).” (Fernandes, 1985:12). 
Para Cândido (1994) Aristóteles faz a diferenciação entre dois tipos 
de espécies, as gregárias (koinonia), e as solitárias (monadika), 
sendo que o homem faz parte das duas espécies. Pois, as duas são 
propensas há uma vida sociável, na qual o homem vive de maneira 
esparsa, ou seja, a sociabilidade faz parte da natureza humana. 
Assim, “a natureza social do homem se manifesta na linguagem, no 
dizer ou no logos [...] O homem é o único animal que fala, e o falar 
é função social” (Marías, 2004: 91). Assim em sociedade, o homem 
poderá realizar a sua potência mais elevada – vida política 
(politikon). 
 
Platão De Aristão 
Para os gregos, era impossível concebero homem em estado de 
isolamento. Eles consideravam a sociedade como algo que brota 
necessariamente da mesma condição da natureza humana. Para 
Platão não poderia ser diferente. Platão afirma que para o ser 
humano viver humanamente e de forma digna, necessita da ajuda e 
da cooperação de seus semelhantes. Platão conceitua o ser humano 
como "um animal essencialmente social". 
 
Platão assinala como principal factor que origina a sociabilidade do 
indivíduo e, consequentemente, a organização da sociedade, o 
factor económico (facto que posteriormente foi combatido pelo seu 
discípulo Aristóteles). Segundo Platão, o agrupamento de pessoas 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 15 
 
dá-se em razão de necessidades económicas. É assim que as 
cidades vão sendo constituídas (Fernandes, 1985). 
 
A sociedade, ou melhor, a organização social, brota de maneira 
espontânea. As diversas necessidades materiais, como por exemplo, 
alimentação, vestuário e moradia dão origem a várias outras 
necessidades. Nesse contexto, cada ofício criado para suprir uma 
necessidade específica produz a necessidade de outro ofício, e 
assim sucessivamente. Para Platão, a divisão do trabalho origina a 
divisão das classes sociais. A cada uma dessas classes deve 
corresponder uma função distinta, de acordo com sua a aptidão. 
Tudo isso deve contribuir para o bem comum (Giddens, 2005). 
 
Sumario 
Na Idade Antiga, como vimos, surgiram explicações mitológicas 
para alguns fenómenos sociais. Insatisfeitos com essas explicações, 
os filósofos gregos foram os primeiros a empreender o estudo 
sistemático da sociedade humana. De entre eles destacam-se Platão 
(427-347 a.C), autor de A República, e Aristóteles (384-322 a.C), 
que escreveu Política. É de Aristóteles a afirmação segundo a qual 
“o homem nasce para viver em sociedade”. 
 
Depois desta leitura procure as respostas aconselháveis para as 
actividades seguintes: 
16 Sociologia das Organizações Educativas 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
1. Identifique a base do pensamento sociológico na idade 
antiga? 
2. Identifique os pensadores da idade antiga? 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
Respostas 
 
1. A base do pensamento na idade antiga, rompia-se com as 
explicações mitológicas dos fenómenos sociais, 
empreendendo o estudo sistemático dos mesmos. 
 
2. Os pensadores da idade antiga foram: Platão e Aristóteles 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte o seu tutor. 
 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 17 
 
Lição no 3 
Idade Média (Idade das Trevas): 
Santo Agostinho e São Thomas 
de Aquino 
Introdução 
O estudo que começa agora vai proporcionar-lhe conhecimentos 
sobre as etapas da evolução do pensamento social na Idade Média 
ou idade das trevas. Esse conhecimento é fundamental para se 
situar na complexidade que esta disciplina encerra em perceber as 
razões do estudo da Sociologia das Organizações Educativas. Esta 
lição tem a duração de duas (2) horas de estudo. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Descrever as características do pensamento social na Idade 
Média; 
• Caracterizar os pensadores da Idade Média; 
• Indicar as diferenças da construção do pensamento entre a 
idade Média e Antiga. 
 
A Idade Média também conhecida como idade das trevas, está 
associada a dois (2) pensadores Santo Agostinho e São Thomas 
de Aquino. 
 
Santo Agostinho 
Concebe o homem como um ser único, dotado de uma 
personalidade exclusiva, que necessita de afecto, compreensão, 
aceitação, auto-estima e auto-respeito. Além de nutrir diferentes 
sentimentos pelos demais indivíduos e pelas coisas que fazem parte 
18 Sociologia das Organizações Educativas 
do seu “estar no mundo”. E, na medida em que procura ultrapassar 
os limites impostos pelo meio físico e cultural em que vive e, em 
certo sentido, ultrapassar-se e lançar-se em busca de outras 
realidades a que aspira, é movido por uma gama imensa e variada 
de desejos e necessidades sensíveis, morais, racionais e espirituais 
que o impulsionam na direcção de sua plenitude. 
O homem, ser social e político, não vive sozinho. Ele necessita de 
um meio social onde possa compartilhar a sua existência com os 
demais, movido pela necessidade de encontrar um bem comum. 
Pereira (1985) afirma que a sociabilidade é inerente ao ser humano 
e garante a perpetuação de sua história. A convivência social 
permite-lhe compartilhar experiências e vivências passadas e 
presentes, bem como projectar realizações futuras mediadas pelo 
uso contínuo da linguagem. E para possibilitar uma convivência 
harmoniosa, resultado da associação permanente entre indivíduos 
diferentes, o homem estabelece normas e padrões de conduta, 
promulga leis que regulam a vida em sociedade. E a partir deste 
ponto de vista, percebemos que o homem além de ser um ser social, 
é um ser político. 
 
Thomas de Aquino 
Segundo Thomas de Aquino, por ser racional, o homem conhece a 
lei natural, ou seja, está plenamente capacitado para saber que 
“deve fazer o bem e evitar o mal”. Trata-se da participação da lei 
eterna pelo homem dotado de inteligência. A lei eterna é o plano 
racional de Deus, isto é, a ordem existente em todo o universo. Esta 
lei dirige tudo para o seu fim específico. 
Além desta lei eterna e da lei natural, Aquino fala da lei humana, 
ou seja, jurídica. São normas feitas pelos homens para impedir que 
se pratique o mal. É a ordem promulgada por quem tem a 
responsabilidade pela comunidade. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 19 
 
Aquino considera o Estado como uma necessidade natural. É que o 
homem é um ser social e precisa de orientações para viver em 
sociedade. Entretanto, Aquino deixa claro que as leis humanas não 
podem contradizer a lei natural (Giddens, 2005). 
Aliás, no pensamento de Aquino as normas do direito positivo 
existem para que os que são propensos aos vícios e neles se 
obstinam sejam persuadidos, a bem da ordem pública, a evitar tais 
desvios. Insiste Aquino na função pedagógica das leis humanas e 
nas sanções que podem e devem incluir. O objectivo é a 
convivência pacífica entre os homens. 
Resumo 
Na Idade Média, os pensadores estavam preocupados com a 
sociabilidade do homem, daí que o pensamento central consistia em 
arranjar soluções de vivência do memo no contexto em que se 
encontra. 
 
Depois desta leitura procure as respostas aconselháveis para as 
actividades seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
Descreva as características do pensamento social na idade média; 
Caracterize os pensadores da idade média; 
Indique as diferenças da construção do pensamento social na idade 
média e na idade antiga. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
20 Sociologia das Organizações Educativas 
Respostas 
1. É o período da história do Ocidente, situado entre a História 
Antiga e a História Moderna. Representa uma quebra nos 
padrões existentes em seu período anterior, a História Antiga. 
Esta fase chegou ao fim através de variações em factores 
políticos. 
É preciso lembrar que as mudanças nos períodos históricos não 
são variações que ocorrem em datas estabelecidas, as pessoas 
em suas épocas não tinham consciência de que passaram a 
viver um período diferente da história da humanidade. Essas 
divisões e determinações dos períodos são elaboradas pelos 
historiadores, depois que tudo já ocorreu, para estabelecer 
recortes cronológicos que favorecem didacticamente nas 
pesquisas. 
 
2. Santo Agostinho preocupava-se no homem como um ser 
único, dotado de uma personalidade exclusiva, que necessita 
de afecto, compreensão, aceitação, auto-estima e auto-respeito. 
Segundo Santo Agostinhoo homem é um ser social, porque 
este não vive sozinho, necessita de um meio social, na busca 
de poder compartilhar sua existência com os demais, movido 
pela necessidade de buscar o bem comum. É político porque 
estabelece normas e padrões de conduta, promulga leis que 
regulam a vida em sociedade. Por sua vez, Aquino concebe o 
homem como sendo um ser racional que conhece a lei natural, 
ou seja, está plenamente capacitado para saber o que se deve 
fazer para o bem e evitar o mal. O Estado apresenta-se como 
uma necessidade natural e o homem, como um ser social, 
precisa de orientações para viver em sociedade. 
 
3. Idade Antiga: na periodização das épocas históricas da 
humanidade, Idade Antiga, ou Antiguidade é o período que se 
estende desde a invenção da escrita (de 4000 a.C. a 3500 a.C.) 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 21 
 
até à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). 
Embora o critério da invenção da escrita como balizador entre 
o fim da Pré-História e o começo da História propriamente dita 
seja o mais comum, os estudiosos que dão mais ênfase à 
importância da cultura material das sociedades recentemente 
têm procurado repensar essa divisão. 
A Idade Média, a Idade Medieval, a Era Medieval ou o 
Medievo foi o período intermédio numa divisão esquemática 
da História da Europa, convencionada pelos historiadores, em 
quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade 
Moderna e a Idade Contemporânea. 
Este período caracteriza-se pela influência da Igreja sobre toda 
a sociedade. Esta encontra-se dividida em três classes: clero, 
nobreza e povo. Ao clero pertence a função religiosa, é a classe 
culta e possui propriedades, muitas recebidas por doações de 
reis ou nobres a conventos. Os elementos do clero são oriundos 
da nobreza e do povo. A nobreza é a classe guerreira, 
proprietária de terras, cujos títulos e propriedades são 
hereditários. O povo é a maioria da população que trabalha 
para as outras classes e esta é constituída em grande parte por 
servos. 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte o seu tutor. 
 
 
22 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 4 
Idade Moderna: Maquiavel, e Jean 
Jacques Rousseau 
Introdução 
O estudo que começa agora vai proporcionar-lhe conhecimentos 
sobre as etapas da evolução do pensamento social na Idade 
Moderna. É fundamental esse conhecimento, para se situar na 
complexidade que esta disciplina encerra em perceber as razões do 
estudo da Sociologia das Organizações Educativas. Esta lição tem a 
duração de duas (2) horas de estudo. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Caracterizar a base do pensamento social na idade moderna; 
• Identificar os pensadores da idade moderna. 
 
A idade moderna é marcada por dois nomes sonantes Maquiavel e 
Rousseau. 
 
Nicolau Maquiavel 
Segundo Fernandes (1986) Maquiavel é o precursor da ciência 
política. Ele elaborou a primeira teoria de surgimento do Estado 
moderno, mostrando que a política também era uma disciplina 
autónoma e que o Estado possuía seus próprios caracteres, fazendo 
política e seguindo sua técnica e suas próprias leis. Consoante o 
nobre autor italiano, a política deveria preocupar-se com a vida 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 23 
 
concreta de como as coisas estão e não como as coisas deveriam 
estar, pois esta é a ocupação da moral. 
Nicolau Maquiavel forma uma nova moral, que é a do cidadão que 
edifica o Estado e que vive no relacionamento entre os homens. Ele 
afirma ainda que o poder do Estado moderno deve ter como 
sustentáculo o terror porque os homens são maus e só obedecem 
por medo de alguma sanção ou castigo. 
Assegura que os seres humanos são maus por natureza, vivendo 
constantemente em guerra e destruição mútua, tornando-se famosa 
a sua frase de que "o homem é o lobo do próprio homem". 
 
Jean-Jacques Rosseau 
Este pensador e filósofo francês, foi capaz de exibir uma percepção 
democrático-burguesa. Para Rousseau, os seres humanos acabam 
vivendo em "fortuna" pelo facto de serem bons e virtuosos. Uma 
vez que, a sua mentalidade é altamente comercial aliando ao alto 
grau de individualismo tipicamente burguês. 
Rousseau diz ainda que os homens constituem a sociedade (e não o 
Estado) através de um contrato social também, que deve servir à 
plena expansão da personalidade do indivíduo. O povo não pode 
perder sua soberania e por causa disso não deve gerar um Estado 
deslocado de si próprio (Foracchi, 1985). 
Foracchi (1985) menciona também a igualdade jurídica e chega a 
perceber que existe um problema de igualdade sócio-económica. 
Para Rousseau, o homem só poderia ser livre se fosse igual si 
mesmo, ou seja, sem o estabelecimento do contracto social. Caso 
surgisse alguma desigualdade entre os homens, findar-se-ia a 
liberdade. 
 
24 Sociologia das Organizações Educativas 
Resumo 
Na Idade Moderna, a concepção de uma imaginação da evolução 
do pensamento social, ganha uma outra dinâmica. De um lado 
Maquiavel ao trazer o poder do Estado moderno como aquele que 
deveria ter como sustentáculo o terror, porque os homens são maus 
e só obedecem por medo de alguma sanção ou castigo, e por outro 
Rousseau salienta os seres humanos acabam vivendo em "fortuna" 
pelo facto de serem bons, virtuosos e que os mesmos constituem a 
sociedade e não o Estado através de um contrato Social que, deve 
servir à plena expansão da personalidade do indivíduo. 
 
Depois desta leitura procure as respostas aconselháveis para as 
actividades seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
1. Caracterize a base de pensamento social na Idade Moderna; 
2. Identifique e diferencie os pensadores da Idade Moderna. 
Confronte a sua resposta com a chave que lhe apresentamos. 
 
1. A idade moderna é caracterizada pelas concepções de Nicolau 
Maquiavel, que elaborou a primeira teoria de surgimento do 
Estado moderno, mostrando que a política também era uma 
disciplina autónoma e que o Estado possuía seus próprios 
caracteres, fazendo política e seguindo sua técnica e suas 
próprias leis. E pela concepção de Jean-Jacques Rosseau, que 
mostrou uma percepção democrático-burguesa do homem. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 25 
 
 
2. Os pensadores da idade moderna são: Nicolau de Maquiavel e 
Jean-Jacques Rosseau. Mas onde reside a diferença entre eles? 
Maquiavel é o precursor da ciência política. Ele elaborou a 
primeira teoria de surgimento do Estado moderno, mostrando 
que a política também era uma disciplina autónoma e que o 
Estado possuía seus próprios caracteres, fazendo política e 
seguindo sua técnica e suas próprias leis, Maquiavel forma 
uma nova moral, que é a do cidadão que edifica o Estado e que 
vive no relacionamento entre os homens. Ele afirma ainda que 
o poder do Estado moderno deve ter como sustentáculo o terror 
porque os homens são maus e só obedecem por medo de 
alguma sanção ou castigo. 
Por sua vez, Jean-Jacques Rosseau, exibiu uma percepção 
democrático-burguesa. Para Rousseau, os seres humanos 
acabam vivendo em "fortuna" pelo facto de serem bons, 
virtuosos, salienta ainda que, os homens é que constituem a 
sociedade (e não o Estado) através de um contrato social que 
deve servir à plena expansão da personalidade do indivíduo. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder a pergunta colocada. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
 
Actividade final da unidade 
 
 
Actividade 
Depois de fazer uma reflexão à volta da génese e evolução do 
pensamento social, procure esboçar a utilidade da construção do 
pensamento social no homem nas três idades de pensamento 
(Antiga, Média e Moderna).26 Sociologia das Organizações Educativas 
 
 
Leitura 
 
Leituras aconselhadas para unidade 1 
CÂNDIDO, António. Tendências no desenvolvimento da sociologia da 
educação. In: PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e 
Sociedade: leituras de sociologia da educação. 12 Ed. São Paulo: Ed. 
Nacional, 1985, p. 07-18. 
FERNANDES, Florestan. Sociologia da Educação como Sociologia 
Especial. In: PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e 
Sociedade: leituras de sociologia da educação. 12 Ed. São Paulo: Ed. 
Nacional, 1985, p. 06. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Introdução: a educação 
como objecto de estudo sociológico. Educação e Sociedade: leituras de 
sociologia da educação. 12 Ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1985, p. 03-05. 
 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 27 
 
Unidade 2 
História da teoria atómica, 
Fundadores e representantes da 
Sociologia (Objecto e Método) 
Introdução 
Bem-vindo a esta unidade de estudo, onde terá as bases 
fundamentais da Sociologia geral. Bem-vindo a esta unidade de 
estudo, onde terá a ocasião de estudar a historia da sociologia e as 
suas teorias, bem como, o método e objecto de estudo da 
sociologia. 
 
Estrutura 
O estudo que você inicia agora tem 4 lições. Devem ser 
dispensadas duas (2) horas de tempo para cada lição. Eis as 
matérias a serem estudadas nesta unidade: 
Lição 1. Os fundadores da sociologia 
Lição 2. Os representantes da sociologia 
Lição 3. Objecto e métodos de estudo da sociologia 
Lição 4. O problema do método sociológico 
 
28 Sociologia das Organizações Educativas 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos da unidade 
 
Geral: 
• Conhecer os fundadores, representantes e as bases 
fundamentais (objecto e método) da sociologia. 
Específicos: 
• Identificar os fundadores e representantes da sociologia; 
• Indicar as abordagens dos fundadores e representantes da 
sociologia; 
• Caracterizar o objecto e método de estudo da sociologia. 
 
Meios 
Para o estudo dessa unidade você terá como material de apoio as 
referências bibliográficas nela presentes e textos de apoio. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 29 
 
Lição no 1 
Os fundadores da sociologia 
Introdução 
Trazemos nesta lição a história do surgimento da Sociologia. A 
discussão vai centrar-se nas diferentes contribuições dos 
pensadores desta ciência do social. Para este estudo, você deve 
dispensar duas (2) horas 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Identificar os fundadores da sociologia; 
• Descrever as concepções de cada precursor sobre a 
sociologia. 
 
De acordo com Pereira (1985) a emergência da Sociologia coincide 
com as primeiras reflexões do homem sobre si e sobre a natureza. 
Assim, a Sociologia e as demais ciências sociais têm sido 
consideradas produtos da Revolução Industrial e da Revolução 
Intelectual. 
O progresso industrial capitalista demandou um notável 
desenvolvimento da ciência e da técnica. Inúmeras pessoas 
dedicaram longos anos a estudar a vida em sociedade, procurando 
descobrir seus segredos e tornar mais claras as relações que existem 
entre os homens. São fundadores da sociologia os seguintes: 
 
30 Sociologia das Organizações Educativas 
Auguste Comte (1798-1857) 
Comte, desenvolveu o Positivismo, corrente que acredita a 
evolução das sociedades em etapas de progressão (teológico, 
metafísico e positivo), é um dos fundadores da sociologia. Comte, é 
considerado como o pai da sociologia por ter se dedicado ao estudo 
científico das sociedades, deu suporte ao homem a trilhar o 
caminho para o encontro da organização social e política. 
 
Comte divide a Sociologia em duas grandes partes: estática social 
ou estudo fundamental das condições de existência da sociedade; e 
a dinâmica social, ou o estudo das leis do seu movimento contínuo. 
A primeira constitui uma “teoria de ordem”; a segunda uma “teoria 
do progresso”, sendo este tomado no sentido de desenvolvimento 
“sem nenhuma apreciação moral”. (GIddens, 2005:81). 
 
Ao criar a Sociologia, Augusto Comte cria uma ciência 
fundamental, mais concreta complexa cujo alvo foi à humanidade. 
Segundo Augusto Comte, as ciências classificam-se de acordo com 
a maior ou menor simplicidade de seus objectos respectivos. Foi de 
grande louvor a contribuição desse francês para o mundo da ciência 
para a evolução da humanidade, como consta em algumas obras em 
sua homenagem (Aron, 2005). 
Comte é considerado o pai da Sociologia pelo facto de: 
• Procurou determinar o lugar preciso da Sociologia entre as 
outras ciências; 
• Não confinou à Sociologia á simples descrição dos factos 
ou a seu agrupamento, mas atribui-lhe o papel de explicar e 
elucidar as relações entre esses factos; 
• Afirmou que a Sociologia se deve enriquecer com todos os 
conhecimentos abordados pelos historiadores e etnógrafos; 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 31 
 
• Sublinhou que, tanto as actividades políticas como as 
instituições devem ser estudadas no contexto social mais 
vasto (sociedade global). 
 
Charles de Montesquieu 
É por vezes chamado pai da Sociologia. Distingue claramente a 
observação e especulação. Afirma: dizemos o que é, e não o que 
deveria ser, distanciando-se assim de todo o ponto de vista 
normativo. 
Para Raymond Aron (2006) sociólogo francês autor do Ópio dos 
Intelectuais, se a sociologia se define pela intenção de conhecer 
cientificamente o social enquanto tal, então Montesquieu é tão 
sociólogo como Augusto Comte, o criador do termo. Para este 
sociólogo, Montesquieu no seu Espírito das Leis, chega a ser mais 
«moderno» do que Comte, o que serve para provar que 
Montesquieu não deve ser considerado somente como precursor, 
mas sim como um dos doutrinadores da sociologia. 
Principais questões a serem respondidas pela obra “O Espírito das 
Leis”: 
-Por que em tal país e em um dado momento, sobre um 
determinado assunto, uma lei e não outra? 
-Por que, em igualdade das demais condições, é eficaz determinada 
lei e não outra? 
Existe precisamente um espírito das leis, pois o legislador obedece 
a princípios, a motivos, a tendências examináveis pela razão: 
“primeiro examinei os homens, e acreditei que, na infinita 
diversidade de leis e de costumes, não se deixaram levar 
exclusivamente pelas suas fantasias” (Montesquieu, 1963:62). 
Toda lei é relativa a um elemento da realidade física, moral ou 
social; toda lei pressupõe uma relação. O Espírito das Leis consiste 
nas diversas relações que podem ter as leis com diversos objectos. 
32 Sociologia das Organizações Educativas 
Diferentemente de Maquiavel, que sustenta a ideia segundo a qual 
a vida política é conduzida pelo interesse e pela ideia que o homem 
faz do seu interesse a fortuna, Montesquieu o recusa esse interesse 
que o homem tem sobre a fortuna, pois verifica que, 
historicamente, os romanos foram constantemente felizes ao se 
governarem de acordo com determinado plano, e constantemente 
infelizes ao seguirem outro. Ou seja, existem causas gerais que 
agem em cada Monarquia, elevando-a, conservando-a ou 
precipitando-a, as quais devem explicar racionalmente a história. 
Diferente de Hobbes ou Locke, não busca encontrar um sistema 
político armado dos pés à cabeça, uma doutrina rigorosamente 
dedutiva: busca suas ideias na investigação científica e análise dos 
governos de diversos países, à medida que vai desenvolvendo sua 
obra. 
 
Herbert Spencer 
Foi dos primeiros investigadores a defender a teoria evolucionista. 
Tentou aplicar o conceito de evolução não só à biologia mas 
também à psicologia, à sociologia, à ética e à política.Defendeu 
que o processo de selecção natural se aplicava à sociedade - o 
chamado darwinismo social, levando à eliminação dos socialmente 
mais fracos. A sua obra mais conceituada é de synthetic Philosophy 
(1896). 
A obra do filósofo inglês Herbert Spencer é inseparável da 
ideologia do progresso da ideia de um desenvolvimento 
progressivo da Humanidade e do evolucionismo cultural e social 
que marcou o século XIX. Spencer introduz as hipóteses 
evolucionistas em 1854, em Social statics, que serão igualmente 
defendidas por Darwin, em 1859, na sua obra A origem das 
espécies. Com uma importância decisiva nos Estados Unidos, 
Spencer não marcará de igual modo a Sociologia francesa, graças 
aos ataques que lhe foram dirigidos por Durkheim. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 33 
 
Spencer, nos Primeiros Princípios (que introduzem o Tratado do 
qual os Princípios de Sociologia são uma parte), procurou explicar 
mecanicamente o Universo, concebido como um conjunto de 
relações dinâmicas, como um organismo vivo, no seio do qual se 
verifica uma crescente diferenciação e especialização (dos 
organismos e das sociedades). O seu evolucionismo defende que, 
por diferenciação e por agregação (integração), as sociedades 
evoluem de formas simples para formas complexas. 
As noções de função social, de regulação social, de analogia 
orgânica, assim como as teorias da diferenciação e da divisão do 
trabalho, que reaparecem em Durkheim, são empregues por 
Spencer. Ele admite que a Lei da evolução respeita também o 
domínio orgânico ou biológico, donde as analogias entre os 
fenómenos biológicos e os fenómenos sociológicos, e a utilização 
das noções de função, de estrutura, de equilíbrio, de diferenciação, 
de órgão, que se aplicam aos dois domínios. É assim que os seus 
Princípios de Sociologia são precedidos dos Princípios de Biologia 
(Foracchi, 1985). 
 
Resumo 
A emergência da sociologia contou com as importantes 
contribuições dos cientistas sociais do século XVII (Comte, 
Montesquieu e Spencer), marcadas por reflexões e condições da 
existência da Sociologia baseadas no tempo em que viveram. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
34 Sociologia das Organizações Educativas 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
 
1. Identifique os principais fundadores da Sociologia; 
2. Indique as concepções de cada fundador da Sociologia. 
Confronte a sua resposta com a chave que lhe apresentamos. 
 
Respostas 
1. Os principais fundadores da Sociologia são: August Comte, 
Herbert Spencer e Montesquieu. 
2. Para August Comte, a Sociologia está relacionada com o 
desenvolvimento do Positivismo, corrente que acredita na 
evolução das sociedades em etapas de progressão teológico, 
metafísico e positivo. Comte caracterizou as sociedades como 
constantes evoluções sociais e que só a física social, então 
Sociologia, é que estaria ao alcance do estudo dessa evolução. 
Por sua vez, a contribuição de Herbert Spencer centra-se na 
explicação mecânica do Universo, concebido como um 
conjunto de relações dinâmicas, como um organismo vivo no 
seio do qual se verifica uma crescente diferenciação e 
especialização dos organismos e das sociedades. E, finalmente, 
em Montesquieu vamos encontrar a sua contribuição para a 
Sociologia no seu tratado sobre o ′Espírito das Leis′ onde 
advoga que, toda a lei é relativa a um elemento da realidade 
física, moral ou social; toda a lei pressupõe uma relação. O 
′Espírito das Leis′ consiste nas diversas relações que as leis 
podem ter com diversos objectos. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 35 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte as obras indicadas abaixo ou ao seu tutor. 
 
36 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 2 
Representantes da Sociologia 
Introdução 
Depois da fundação da Sociologia enquanto ciência, várias 
discussões apareceram quanto à sua natureza, no âmbito das demais 
ciências sociais. Contudo, um primeiro momento foi caracterizado 
por um pensamento clássico (representantes) que então dominava 
no século XIX. É esse período de representantes clássicos da 
Sociologia que vai conhecer na presente lição. Como sempre, no 
fim desta lição, você tem um exercício que vai aferir o grau de 
compreensão desta matéria. Para este estudo, você deve dispensar 
duas (2) horas. 
 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Identificar os representantes (clássicos) da Sociologia; 
• Mencionar os aspectos ligados ao conceito de Sociologia de 
cada autor; 
• Indicar as causas do surgimento da Sociologia no Século XIX. 
 
Os três principais pensadores clássicos da Sociologia são Karl 
Marx, Émile Durkheim e Max Weber. 
Embora a Sociologia, tenha surgido a partir da tentativa intelectual 
de Comte, foi só no século XIX com o aparecimento dos problemas 
sociais decorrentes da Revolução Industrial, que a sociologia 
tomou proporção, surgindo como a ciência dedicada a compreensão 
desses problemas. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 37 
 
Karl Marx 
Karl Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da 
doutrina comunista moderna, actuou como economista, filósofo, 
historiador, teórico político e jornalista - foi o mais revolucionário 
pensador sociológico. 
Marx concebe a sociedade dividida em duas classes: a dos 
capitalistas, que detêm a posse dos meios de produção; e o 
proletariado (ou operariado), cuja única posse é sua força de 
trabalho a qual vendem ao capital. Para Marx, os interesses entre o 
capital e o trabalho são irreconciliáveis, sendo este debate a 
essência do seu pensamento, resultando na concepção de uma 
sociedade dividida em classes. Assim, os meios de produção 
resultam nas relações de produção, nas formas como os homens se 
organizam para executar a actividade produtiva. Tudo isso acarreta 
desigualdades, dando origem à luta de classes. 
Marx foi um defensor do comunismo, pois para ele essa seria a fase 
final da sociedade humana, alcançada somente a partir de uma 
revolução proletária, acreditando assim na ideia utópica de uma 
sociedade igualitária ou socialista (Giddens, 2005). 
 
Émile Durkheim 
Émile Durkheim foi o fundador da escola francesa de Sociologia, 
ao combinar a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Ainda 
sob influência positivista, lutou para fazer das Ciências Sociais uma 
disciplina rigorosamente científica. Durkheim entendia que a 
sociedade era um organismo que funcionava como um corpo, onde 
cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. 
Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, 
pois caso contrário ocorrerão anomalias sociais, deteriorando o 
tecido social. 
38 Sociologia das Organizações Educativas 
A diferença entre Comte e Durkheim é que o primeiro crê que se 
tudo estiver em ordem, isto é, organizado, a sociedade viverá bem; 
enquanto Durkheim entende que não se pode receitar os mesmos 
“remédios” que servem a uma sociedade para resolver os “males” 
sociais de outras sociedades. 
Para Durkheim (1990) a Sociologia deve estudar os factos sociais, 
os quais possuem três características: 1) coerção social; 2) 
exterioridade; 3) poder de generalização. Os factos sociais 
apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e 
introjectados neles a ponto de virarem hábitos. 
Pela sua perspectiva, o cientista social deve estudar a sociedade a 
partir de um distanciamento dela, sendo neutro, não se deixando 
influenciar por seus próprios preconceitos, valores, sentimentos etc. 
A diferença básica entre Marx, Comte e Durkheim consiste 
basicamente em que os dois últimos entendem a sociedade como 
um organismo em funcionamento e cujaspartes se complementam. 
Marx, por seu turno, afirma que a ordem constituída só é possível 
porque a classe dos trabalhadores é dominada pela classe dos 
capitalistas e propõe que a classe proletária (trabalhadores) deve se 
organizar, unir-se e inverter a ordem, ou seja, passar de dominada a 
dominante, e assim superar a exploração e as desigualdades sociais. 
 
Max Weber 
Intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos 
fundadores da Sociologia, Max Weber é o pensador mais recente 
de entre os três, conhecedor tanto do pensamento de Comte e 
Durkheim quanto de Marx. Assim, ele entende que a sociedade não 
funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa como 
pensam Comte e Durkheim, mas também não propõe uma 
revolução como faz Marx, mas afirma que o papel da Sociologia é 
observar e analisar os fenómenos que ocorrem na sociedade, 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 39 
 
buscando extrair desses fenómenos os ensinamentos e sistematizá-
los para uma melhor compreensão. É por isso que sua Sociologia é 
considerada Sociologia Compreensiva (Martins, 2003). 
Weber valorizava as particularidades, ou seja, a formação 
específica da sociedade; entende a sociedade sob uma perspectiva 
histórica, diferente dos positivistas. 
Segundo Martins (2003) um dos conceitos chaves da obra e da 
teoria sociológica de Weber é a acção social. A acção é um 
comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de 
maneira subjectiva, cujo sentido é determinado pelo 
comportamento alheio. Esse comportamento só é acção social 
quando o actor atribui à sua conduta um significado ou sentido 
próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras 
pessoas. 
Weber também se preocupou com certos instrumentos 
metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação 
dos fenómenos particulares sem se perder na infinidade disforme 
dos seus aspectos concretos, sendo que o principal instrumento é o 
tipo ideal, o qual cumpre duas funções principais: primeiro a de 
seleccionar explicitamente a dimensão do objecto a ser analisado e, 
posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, 
sem suas subtilezas concretas. 
 
Resumo 
À medida que os clássicos da Sociologia, independentemente de 
suas preferências ideológicas, procuravam explicar as grandes 
transformações vivenciadas pelas nações europeias em decorrência 
da formação e do desenvolvimento do capitalismo, eles 
contribuíram para uma melhor compreensão da própria 
humanidade. A multiplicidade de visões sociológicas sobre a 
40 Sociologia das Organizações Educativas 
sociedade persiste até hoje. Acima disso, deve-se priorizar sempre 
a tentativa da Sociologia em compreender o homem e o seu mundo 
social. Afinal os tempos mudam, mas a Sociologia acompanha o 
homem ao longo do tempo. Em suma: a Sociologia de Durkheim é 
positivista; a de Marx é revolucionária e a de Max Weber é 
compreensiva. E nisto talvez esteja a principal diferença entre esses 
três grandes pensadores da Sociologia. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
1. Identifique os representantes da Sociologia; 
2. Descreva as causas do surgimento da Sociologia no Século 
XIX; 
3. Indique os aspectos ligados ao conceito de Sociologia de cada 
representante da Sociologia. 
Confronte a sua resposta com a chave que lhe apresentamos 
 
Resposta 
1. Os representantes da Sociologia: Karl Marx, Emile Durkheim 
e Max Weber. 
 
2. Na lição passada, referenciamos que a Sociologia surgiu a 
partir da tentativa intelectual de Comte. Entretanto, foi só no 
século XIX, com o aparecimento dos problemas sociais 
decorrentes da Revolução Industrial, que a sociologia tomou 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 41 
 
proporção, surgindo como a ciência responsável para 
compreensão desses problemas. 
 
3. A Sociologia de Karl Marx assenta-se nos meios de produção 
resultam nas relações de produção, formas como os homens se 
organizam para executar a actividade produtiva. Tudo isso 
acarreta desigualdades, dando origem à luta de classes. Para 
Durkheim a Sociologia deve estudar os fatos sociais, os quais 
possuem três características: 1) coerção social; 2) 
exterioridade; 3) poder de generalização. Os fatos sociais 
apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e 
incutidos neles a ponto de virarem hábitos. Finalmente para 
Max Weber, a Sociologia é o estudo da acção social. A acção é 
um comportamento humano no qual os indivíduos se 
relacionam de maneira subjectiva, cujo sentido é determinado 
pelo comportamento alheio. Esse comportamento só é acção 
social quando o actor atribui à sua conduta um significado ou 
sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o 
comportamento de outras pessoas. 
ÿ Se teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se o 
dificuldade persistir consulte as obras indicadas abaixo. 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas 
DURKHEIM, Émile. De la division du travail social. Paris : Librairie 
Felix Alcan, 1926. 
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38. ed. São Paulo : 
Brasiliense, 1994. 
 
42 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 3 
Objecto de estudo da sociologia e 
o método sociológico 
Introdução 
A sociologia é o estudo, que pretende ser científico, do social 
enquanto social, seja no nível elementar das relações interpessoais, 
seja no nível macroscópico de vastos conjuntos, como as classes, as 
nações, as civilizações ou, para empregar a expressão corrente, as 
sociedades globais. Esta definição permite mesmo compreender 
como é difícil escrever uma história da sociologia, saber onde ela 
começa e termina (Aron, 2000). Nesta lição terá a ocasião de 
conhecer o objecto e método da sociologia. Para este estudo, você 
deve dispensar duas (2) horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Caracterizar o objecto de estudo da Sociologia; 
• Descrever o método sociológico. 
 
A Sociologia estuda a vida social humana, os grupos sociais, as 
sociedades, abrangendo uma vasta área de pesquisa que inclui 
desde aspectos simples do quotidiano até processos sociais globais. 
 
Para Durkheim (1999), os factos sociais constituem o objecto da 
Sociologia. Os factos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir 
exteriores ao indivíduo, e dotadas de poder coercivo, e que exercem 
influências sobre o indivíduo. Os factos sociais possuem três 
características: 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 43 
 
A exterioridade: os factos sociais existem antes do nascimento do 
indivíduo e actuam sobre ele independente de sua vontade. 
A coercividade: os factos sociais exercem força social e força sobe 
os indivíduos, levando-os a agirem de acordo com as regras 
estabelecidas pela sociedade. Ex: a língua. 
A generalidade: os factos sociais são tomados colectivamente, pelo 
conjunto da sociedade. As crenças, os costumes, os valores. 
 
Os factos sociais existem fora dos indivíduos, mas são 
interiorizados e passam a existir em suas consciências. São 
externos porque foram transmitidos socialmente aos indivíduos. 
A educação é um facto social, imposto aos indivíduos e pressiona-
os a girem de acordo com leis, normas, valores, costumes e 
tradições de uma sociedade. O comportamento dos indivíduos é 
socialmente determinado e a educação é uma força essencial na 
conformação do indivíduo aos padrões morais e sociais de uma 
sociedade. São factos sociais: o direito (as regras jurídicas e 
morais), os dogmas religiosos, os sistemas financeiros, a educação, 
entre outros. 
A sociedade e os grupos sociais exercem coerção sobre os 
indivíduos, fazendo-os assumirem papéis relacionados com um 
fenómeno em particular. 
 
Por seu turno, Max Weber (2006), afirma que o objecto de estudoda Sociologia é a Acção Social. 
Para este teórico, acção é social quando um determinado 
comportamento implica uma relação de sentido para quem age. 
Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha 
sentido para o indivíduo que age. A acção social orienta-se pelo 
comportamento de outros. Os “outros” podem ser indivíduos e 
conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos. 
44 Sociologia das Organizações Educativas 
Weber definiu quatro tipos de acção social: 
a) Acção tradicional: tradições, costume. Ex: dar presente de Natal 
b) Acção afectiva: baseada em sentimentos e afectividade, não 
racional. Ex: Adepto de uma equipa de futebol. 
c) Acção racional orientada para valores: racional, a acção é 
importante e não os fins. Ex: trabalho voluntário ou de um capitão 
de navio vendo a inevitabilidade do navio afundar não o abandona, 
onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio final, mas a missão. 
d) Acção racional orientada para fins: racional, o importante é o 
resultado. Ex: empresa capitalista. 
 
Esses tipos de acção existem de formas diferentes nas sociedades 
humanas. 
Nas sociedades antigas e feudais, prevaleciam os tipos tradicionais 
e afectivos, daí a família e a igreja terem papel fundamental nessas 
sociedades. 
Na sociedade capitalista, predomina a acção racional, com uma 
planificação eficiente e com metas orientadas para fins. A empresa 
do século XVIII para a actual sofreu várias modificações, mas seus 
fins e objectivos continuam os mesmos: lucro, acumulação 
económica e optimização produtiva. 
 
O método sociológico 
Podemos dizer que o método sociológico de Durkheim apresenta 
algumas ideias centrais, que percorrem toda a extensão de sua visão 
sociológica. São elas: 
1) Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade: A 
filosofia possui um método dedutivo de conhecimento, que parte da 
tentativa de explicar a sociedade a partir do conhecimento da 
natureza humana. Ou seja, para os filósofos o conhecimento da 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 45 
 
sociedade pode ser feito a partir de dentro, do conhecimento da 
natureza do indivíduo. Como a sociedade é formada pelos 
indivíduos, a filosofia tem a prática de explicar a sociedade (e os 
fatos sociais) como uma expressão comum destes indivíduos. De 
outro lado, se existe uma natureza individual que se expressa 
colectivamente na organização social, então pode-se dizer que a 
história da humanidade tem um sentido, que deve ser a contínua 
busca de expressão desta natureza humana. Para Adam Smith, por 
exemplo, dado que o homem é, por natureza, egoísta, motivado por 
factores económicos e propenso às trocas, a sociedade de livre 
mercado seria a plena realização desta natureza. Para Hegel, a 
história da humanidade tendia a crescentemente afirmar o espírito 
humano da individuação e da liberdade. Para Marx, a história da 
sociedade era a história da dominação e da luta de classes, e a 
tendência seria a afirmação histórica, por meio de sucessivas 
revoluções, da liberdade humana e da igualdade, por meio do 
socialismo. 
Para Durkheim, estas concepções eram insuportáveis, pois eram 
deduções e não tinham validade científica, eram crenças 
fundamentadas em concepções a respeito da natureza humana. 
Durkheim acreditava que o conhecimento dos factos sociológicos 
deve vir de fora, da observação empírica dos mesmos. 
2) Os fenómenos sociais são exteriores aos indivíduos: a 
sociedade não seria simplesmente a realização da natureza humana, 
mas, ao contrário, aquilo que é considerado natureza humana é, na 
verdade, produto da própria sociedade. Os fenómenos sociais são 
considerados por Durkheim como exteriores aos indivíduos, e 
devem ser conhecidos não por meio psicológico, pela busca das 
razões internas aos indivíduos, mas sim externamente a ele na 
própria sociedade e na interacção dos factos sociais. Fazendo uma 
analogia com a biologia, a vida, para Durkheim, seria uma síntese, 
um todo maior do que a soma das partes, da mesma forma que a 
sociedade é uma síntese de indivíduos que produz fenómenos 
46 Sociologia das Organizações Educativas 
diferentes dos que ocorrem nas consciências individuais (isto 
justificaria a diferença entre a sociologia e a psicologia). 
3) Os factos sociais são uma realidade objectiva: ou seja, para 
Durkheim, os factos sociais possuem uma realidade objectiva e, 
portanto, são passíveis de observação externa. Devem, desta forma, 
ser tratados como "coisas". 
4) O grupo (e a consciência do grupo) exerce pressão (coerção) 
sobre o indivíduo: Durkheim inverte a visão filosófica de que a 
sociedade é a realização de consciências individuais. Para ele, as 
consciências individuais são formadas pela sociedade por meio da 
coerção. A formação do ser social, feita em boa parte pela 
educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas, 
princípios morais, religiosos, éticos, de comportamento, etc. que 
balizam a conduta do indivíduo na sociedade. Portanto, o homem, 
mais do que formador da sociedade, é um produto dela. 
 
Resumo 
O objecto de estudo da sociologia é ainda uma linha sem fim, pois, 
não existe consenso único sobre o seu objecto. Por exemplo para 
Durkheim, o objecto da Sociologia são os factos sociais e para 
Weber, o objecto da Sociologia é a acção Social. Por sua vez, o 
método sociológico vai consistir na análise dos fenómenos sociais 
como exteriores aos indivíduos, e devem ser conhecidos não por 
meio psicológico, pela busca das razões internas aos indivíduos, 
mas sim externamente a ele na própria sociedade e na interacção 
dos factos sociais. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 47 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Caracterize o objecto de estudo da Sociologia; 
2. Descreve o método sociológico. 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
Respostas 
1. Segundo Durkheim, o objecto de estudo da sociologia são os 
factos sociais. Os factos sociais são maneiras de agir, pensar e 
sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de poder coercivo, e 
que exercem influências sobre o indivíduo. Por sua vez, Weber 
olha para a acção social como sendo o objecto de estudo da 
Sociologia. Por acção Social entende-se a um determinando 
comportamento que implica uma relação de sentido para quem 
age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que 
tenha sentido para o indivíduo que age. A acção social orienta-
se pelo comportamento de outros. 
 
2. O método sociológico consiste em analisar os fenómenos 
sociais como exteriores aos indivíduos, e devem ser 
conhecidos não apenas por meio psicológico, pela busca das 
razões internas aos indivíduos, mas sim externamente a ele na 
própria sociedade e na interacção dos factos sociais. Os factos 
sociais possuem uma realidade objectiva e, portanto, são 
passíveis de observação externa. Dai que Devem, desta forma, 
ser tratados como "coisas". 
ÿ Se teve dificuldades, não desista, volte a realizar a actividade. 
Se a dificuldade persistir consulte as obras indicadas abaixo, 
caso a dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
48 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 4 
O problema do método 
sociológico 
Introdução 
Nesta lição você vai poder conhecer o problema do Método 
Sociológico. No fim, têm uma actividade de auto-avaliação que 
servirá para testar o seu grau de aprendizagem. Procure resolver, 
antes de consultar as possíveis respostas. Para este estudo, você 
deve dispensar duas (2) horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Identificar o problema do método sociológico. 
 
No pensamento Durkheimiano, a sociedade prevalece sobre o 
indivíduo, pois quando este nasce tem de se adaptar às normas já 
criadas como leis, costumes, línguas, etc.O indivíduo, por exemplo, obedece a uma série de leis impostas 
pela sociedade e não tem o direito de modificá-las. 
 
Para Durkheim (2006), o objecto de estudo da Sociologia são os 
factos sociais. Esses factos sociais são as regras impostas pela 
sociedade (as leis, os costumes, etc. que são passados de geração a 
geração). 
É a sociedade, como colectividade, que organiza, condiciona e 
controla as acções individuais. O indivíduo aprende a seguir 
normas e regras que não foram criadas por ele, essas regras limitam 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 49 
 
a sua acção e prescrevem punições para quem não obedecer aos 
limites sociais. 
 
Durkheim (2006) propôs um método para a Sociologia que consiste 
no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, 
de maneira correcta, as suas pesquisas. Este método enfatiza a 
posição de neutralidade e objectividade que o pesquisador deve ter 
em relação à sociedade: ele deve descrever a realidade social, sem 
deixar que as suas ideias e opiniões interfiram na observação dos 
fatos sociais. 
 
Resumo 
Para Durkheim, o método da Sociologia é a neutralidade e 
objectividade do pesquisador. O problema desse método reside na 
relação que o pesquisador estabelece com a sociedade, em que este 
deve descrever a realidade social, sem deixar que as suas ideias e 
opiniões interfiram na análise ou estudo. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Identifique o problema do método sociológico. 
Confronte a sua resposta com a chave que lhe apresentamos 
 
50 Sociologia das Organizações Educativas 
Respostas 
1. O problema do método sociológico reside na relação que o 
pesquisador estabelece com a sociedade, em que este deve 
descrever a realidade social, sem deixar que as suas ideias e 
opiniões interfiram na análise ou estudo. 
 
Actividade final da unidade 
 
 
Actividade 
Depois de você reavaliar as noções preliminares dos fundadores e 
representantes da Sociologia (Objecto e Método) procure fazer um 
resumo onde deverá constar os passos dados pelos representantes e 
fundadores da Sociologia para o alcance do método e objecto dessa 
ciência da sociedade, sem deixar do lado a questão biográfica dos 
mesmos. 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da unidade 
DURKHEIM, Émile. De la division du travail social. Paris : Librairie 
Felix Alcan, 1926. 
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. 38. ed. São Paulo : 
Brasiliense, 1994. 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.forumpaulofreire.com.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.filosofiavirtual.pro.br 
www.cas.sc.edu/socy/faculty/defl/Durkheim 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 51 
 
Unidade 3 
A educação como objecto de 
estudo da sociologia 
Introdução 
Bem-vindo à unidade III de estudo, na sua disciplina da Sociologia 
das Organizações Educativas. Nesta unidade você vai aprender 
aspectos relacionados com a educação como objecto de estudo da 
Sociologia. Alias, esta unidade é de capital importância em virtude 
de ser aqui onde pode ser entendida toda a natureza da educação 
como objecto de estudo da Sociologia, a ser estudada nos capítulos 
subsequentes. 
Estrutura 
Esta unidade temática comporta duas (2) lições. Para cada uma 
delas, você vai disponibilizar duas (2) horas para o estudo. 
Tópicos da lição 
Lição 1. A Educação como Objecto Sociológico 
Lição 2. O que trata a Sociologia das organizações Educativas 
 
Ao completar esta unidadevocê será capaz de: 
 
Objectivos da unidade 
Geral: 
• Explicar o que é Sociologia das Organizações Educativas. 
Específicos: 
• Caracterizar o objecto de estudo da Sociologia das 
Organizações Educativas; 
• Identificar as áreas de pesquisa em Sociologia das 
Organizações Educativas. 
52 Sociologia das Organizações Educativas 
Meios 
Para além das referências bibliográficas presentes no fim da 
unidade, poderá usar textos de apoio. No contacto com a realidade 
local na sua comunidade, melhorará a sua compreensão. Procure 
explorar o máximo essa situação, saiba aproveitar as informações 
que a comunidade lhe oferece. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 53 
 
Lição no 1 
A educação como objecto 
sociológico 
Introdução 
Nesta lição você vai poder conhecer o conceito de educação na 
vertente sociológica de modo a compreender que a educação é 
objecto de estudo da Sociologia das Organizações Educativas. No 
fim, você tem umas actividades de auto-avaliação, que servem para 
testar o grau de aprendizagem. Procure resolver, antes de consultar 
as possíveis respostas. Para este estudo, você deve dispensar duas 
(2) horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Caracterizar a Sociologia das Organizações Educativas; 
• Mencionar o objecto de estudo da Sociologia das Organizações 
Educativas. 
 
O sociólogo é uma pessoa que se ocupa em compreender a 
sociedade de uma maneira disciplinada. Essa actividade tem uma 
natureza científica. Isto significa que aquilo que o sociólogo 
descobre e afirma a respeito dos fenómenos sociais que estuda, 
ocorre dentro de certo quadro de referência de limites rigorosos. O 
sociólogo não pretende que o seu quadro de referência seja o único 
dentro do qual a sociedade pode ser examinada (Berger, 1977). 
 
Partindo desta afirmação de Berger (1977), podemos dizer que a 
Sociologia das Organizações Educativas é um ramo da Sociologia 
54 Sociologia das Organizações Educativas 
que adopta tais princípios ao estudo do fenómeno educacional. 
Iniciada a partir da obra de Émile Durkheim e seus continuadores, 
expandindo-se como especialidade autónoma nos EUA e na Europa 
após a I Guerra Mundial, tornou-se, ao lado da psicologia 
educacional e da pedagogia, indispensável à formação do educador. 
 
Mais precisamente, a Sociologia das Organizações Educativas 
apresenta-se como análise científica dos processos e regularidades 
sociais inerentes ao sistema educacional. Isto significa que a 
educação consiste numa combinação de acções sociais e que a 
Sociologia consiste na análise da interacção humana. 
 
Tal análise da interacção, na área da educação, pode abranger tanto 
a formal que se realiza em grupos sociais como a escola, assim 
como a multiplicidade de processos de comunicação informal que 
desempenhem funções educativas, como a apreensão da linguagem 
(Brookover, 1985). 
 
Classicamente existem três visões da Sociologia das Organizações 
Educativas em seus significados educacionais: concepção da 
sociedade como vínculo moral entre os homens; concepção da 
sociedade como espaço de exploração e da educação como 
possibilidade de emancipação; concepção da educação como 
veículo da racionalização da vida (Rodrigues, 2002). 
 
Para António Cândido (1974) existem três tendências no 
desenvolvimento da Sociologia das Organizações Educativas. 
Primeiramente a linha filosófico-sociológica, que se centra numa 
reflexão do carácter social do processo educativo, seu significado 
como sistema de valores sociais, sua relação com as concepções e 
teorias do homem. É o ponto de partida da sociologia educacional, 
na obra de educadores e sociólogos preocupados com uma teoria 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 55 
 
geral da educação, como pode ser constatado em autores como 
Emilé Durkheim e Jonh Dewey. Tal modelo não esgota a temática 
específica da Sociologia das Organizações Educativas e, 
considerado como exclusividade dos outros, transforma-a numa 
filosofia sociológica dos fatos educacionais. A segunda é a linha 
pedagógico-sociológica, que se desenvolveu principalmente nos 
Estados Unidos, onde se procurou efectuar os estudos dos aspectos 
sociais da Educação a fim deobter bom funcionamento da escola. 
Sua principal contribuição é a análise das relações entre escola e 
sociedade com que mantém contacto directo, tomando como ponto 
de partida os princípios gerais formulados segundo a primeira 
tendência indicada. Aqui a Sociologia transformou-se numa espécie 
de componente da pedagogia e da administração escolar, daí a 
relativa debilidade teórica dos seus produtos, a ausência da 
pesquisa realmente científica. Por fim, a terceira tendência, 
formada por sociólogos ou educadores de orientação sociológica 
mais definida, que vêem na Sociologia das Organizações 
Educativas um ramo da Sociologia, não da ciência da Educação. 
Essa linha procurou definir um sistema coerente de teorias 
elaboradas segundo as exigências do espírito sociológico. 
 
Resumo 
Sociologia das Organizações Educativas rompe com a teoria 
educacional. Seus estudos centram-se nos aspectos sociais do 
processo educacional, nas conexões entre escola e sociedade, além 
das situações pedagógicas (grupos de ensino, papéis definidos em 
função do ensino, sociabilidade específica decorrente do processo 
pedagógico). 
 
Chegado ao fim dessa lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda as questões seguintes: 
56 Sociologia das Organizações Educativas 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
 
1. Caracterize a Sociologia das Organizações Educativas; 
2. Identifique o objecto de estudo da Sociologia das 
Organizações Educativas. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
1. A Sociologia das Organizações Educativas é o ramo da 
Sociologia que se ocupa da compreensão do fenómeno 
educacional. Segundo Rodrigues (2002) são três visões da 
Sociologia das Organizações Educativas em seus significados 
educacionais, a saber: concepção da sociedade como vínculo 
moral entre os homens; concepção da sociedade como espaço 
de exploração e da educação como possibilidade de 
emancipação; concepção da educação como veículo da 
racionalização da vida. 
 
2. O objecto de estudo da Sociologia das Organizações 
Educativas é a organização e gestão educacional. Segundo 
António Cândido (2004) existem três tendências no 
desenvolvimento da Sociologia das Organizações Educativas 
que consistem em: 
v Primeiramente, a linha filosófico-sociológica, que se centra 
numa reflexão do carácter social do processo educativo; 
v A segunda é a linha pedagógico-sociológica, que se 
desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, onde se 
procurou efectuar os estudos dos aspectos sociais da Educação 
a fim de obter bom funcionamento da escola e; 
v A terceira tendência, formada por sociólogos ou educadores de 
orientação sociológica mais definida, que vêem na Sociologia 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 57 
 
das Organizações Educativas um ramo da Sociologia, não da 
ciência da Educação. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
58 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 2 
O objecto de pesquisa da 
Sociologia das Organizações 
Educativas 
Introdução 
O estudo que começa agora vai proporcionar-lhe conhecimentos 
sobre o objecto de pesquisa da Sociologia das Organizações 
Educativas. Esse conhecimento é fundamental para melhor se situar 
na complexidade que esta disciplina encerra em perceber as razões 
do seu estudo. Esta lição tem a duração de duas (2) horas de estudo. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Identificar as áreas de pesquisa em Sociologia das 
Organizações Educativas. 
 
A disciplina de Sociologia das Organizações Educativas preocupa-
se em reconstruir sistematicamente as relações que existem na 
prática quotidiana entre as acções que objectivam educar e as 
estruturas da vida social, quer dizer: a economia, a cultura, o 
arcabouço jurídico, as concepções do mundo, os conflitos políticos 
etc. (Rodrigues, 2002). 
 
Mas, quais seriam os temas predominantes? Podemos classificar as 
análises sociológicas da educação a partir de quatro matrizes 
temáticas. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 59 
 
Primeiramente, a relação do sistema educacional com outros 
aspectos da sociedade. Nesta relação algumas questões desafiam os 
pesquisadores: 1) a função da Educação na cultura; 2) a relação do 
sistema educacional com o processo de controle social e com o 
sistema de poder; 3) a função do sistema educacional do processo 
de mudança social e cultural ou manutenção do status quo; 4) a 
relação entre educação e classe social ou sistema de status; 5) o 
funcionamento do sistema de Educação formal em suas vinculações 
com os grupos raciais, culturais e outros. 
 
A segunda área trata das relações humanas na escola a partir da 
compreensão da estrutura interna. Neste sentido as análises 
sociológicas abordam a natureza da cultura da escola, 
particularmente como cultura diversa da cultura externa à escola, 
dos padrões de interacção social ou da estrutura do grupo social 
escolar. 
 
A terceira área se constitui na pesquisa sobre a influência da escola 
no comportamento e na personalidade dos seus membros. A partir 
da psicologia social do processo educacional os pesquisadores 
abordam a personalidade ou o comportamento que resulta da 
participação de professores, alunos e outros membros no sistema 
educacional total. Aqui os enfoques abrangem: 1) os papéis sociais 
do professor; 2) a natureza ou características da personalidade do 
docente; 3) influências da sua personalidade no comportamento dos 
alunos; 4) a função da escola na socialização das crianças. 
 
Por fim, a Sociologia das Organizações Educativas investiga a 
escola na comunidade, analisando os padrões de interacção entre a 
mesma e outros grupos sociais. 
Nesta temática faz-se: 1) caracterização da comunidade, naquilo 
que repercute na organização escolar; 2) análise do processo 
60 Sociologia das Organizações Educativas 
educacional que se desenvolve em sistemas sociais não escolares 
da comunidade; 3) relação entre escola e comunidade no 
desempenho da função educacional; 4) investigação dos factores 
demográficos e ecológicos, em suas relações com a organização 
escolar. 
 
Resumo 
A Sociologia é uma actividade que compreende a sociedade de 
forma disciplinada, adoptando regras científicas. Especificamente 
em relação à Educação, esta ciência social analisa seus processos a 
partir de perspectiva macro e micro-sociais. A Sociologia das 
Organizações Educativas ambiciona descortinar os processos 
inerentes aos fenómenos educacionais. Esta disciplina possibilitará 
aos seus iniciados uma nova perspectiva educacional, que não se 
contenta com respostas prontas e superficiais. 
 
Chegado ao fim dessa lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda as questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Identifique as áreas de pesquisa em Sociologia das 
Organizações Educativas. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 61 
 
1. A Sociologia das organizações Educativas preocupa-se em 
investigar as relações, que existem na prática quotidiana, 
entre as acções que objectivam educar e as estruturas da 
vida social. São várias as áreas de investigação da 
Sociologia das organizações Educativas, mas podemos 
destacar as seguintes: 
v Investiga a relação do sistema educacional com outros 
aspectos da sociedade; 
v Investiga as relações humanas na escola a partir da 
compreensão da estrutura interna; 
v Investiga a influência da escola no comportamento e na 
personalidade dos seus membros; 
v Investiga a escola na comunidade, analisando os padrões de 
interacção entre a mesma e outros grupos sociais. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas.Se teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
62 Sociologia das Organizações Educativas 
 
Actividade final da unidade 
 
 
Actividade 
Para terminar a unidade, faça um trabalho de pesquisa com o 
seguinte tema: “A influência da escola no comportamento dos 
alunos”. 
Escolha 5 alunos na sua comunidade e questione-os sobre as 
mudanças comportamentais operadas por estes desde o dia do seu 
ingresso na escola. Não se esquecendo de argumentar os dados das 
entrevistas com base nos pensadores ou representantes da 
sociologia, isto é, deverá fazer uma discussão teórica usando os 
conceitos, objectos e métodos sociológicos. 
Com o máximo de 10 páginas, este trabalho deve ser apresentado a 
tutória no centro de recursos. 
 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da unidade 
ALMEIDA, Ana Maria F. MARTINS, Heloísa Helena T. de Souza. 
Sociologia da Educação. Tempo Social: revista de Sociologia da USP, v. 
20, n. 1, p. 09-12. 
BERGER, Peter Berger. Perspectivas Sociológicas. Petrópolis: Vozes, 
1977. 
BROOKOVER, Wilbur B. “Áreas da Sociologia da Educação”. In: 
PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e Sociedade: 
leituras de sociologia da educação. 12 ed. São Paulo: 1985, p. 19-21. 
 
CÂNDIDO, António. Tendências no desenvolvimento da sociologia da 
educação. In: PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 63 
 
Sociedade: leituras de sociologia da educação. 12 ed. São Paulo: Ed. 
Nacional, 1985, p. 07-18. 
FERNANDES, Florestan. “Sociologia da Educação como ‘Sociologia 
Especial”. In: PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e 
Sociedade: leituras de sociologia da educação. 12 ed. São Paulo: Ed. 
Nacional, 1985, p. 06. 
PEREIRA, Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e Sociedade: 
leituras de sociologia da educação. 12 ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1985, 
p. 06. 
FORACCHI, Marialice M. Educação e Sociedade: leituras de sociologia 
da educação. 12 ed. São Paulo: 1985, p. 19-21. 
 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.forumpaulofreire.com.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.filosofiavirtual.pro.br 
www.cas.sc.edu/socy/faculty/defl/Durkheim 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
64 Sociologia das Organizações Educativas 
Unidade 4 
Formas de Educação 
Introdução 
Bem-vindo a esta unidade de estudo, onde terá as noções 
fundamentais das diferentes formas de educação. Para uma óptima 
concretização, você não precisa de ir longe. A sua comunidade dá 
exemplos concretos de tudo o que vai estudar nesta unidade. Tenha 
óptimas lições. 
Estrutura 
O estudo que você inicia hoje tem 4 lições. Para cada lição devem 
ser dispensadas 2 horas de tempo. 
 
Tópicos da Unidade 
Lição n°1. Educação e moral: a Sociologia das Organizações 
Educativas de Émile Durkheim 
Lição n° 2. Educação e capitalismo: a Sociologia das Organizações 
Educativas de Karl Marx 
Lição n°3. Reprodução e desigualdade: a Sociologia das 
Organizações Educativas de Pierre Bourdieu 
Lição n°4. Educação como socialização 
 
Meios 
Para além das referências bibliográficas presentes nesta unidade, 
você poderá usar textos de apoio, visitas as escolas e eventos 
educativos ou, se tiver possibilidade para o efeito, outro “meio” 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 65 
 
importante que faz parte do “arsenal” material da sua própria 
comunidade. 
 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
Geral 
ß Conhecer as diferentes formas de educação 
 
Específicos 
ß Caracterizar as diferentes formas de educação; 
ß Identificar as formas eficazes de educação para uma dada 
comunidade; 
ß Nomear as características de cada forma de educação. 
66 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 1 
Educação e moral: a Sociologia 
das Organizações Educativas de 
Émile Durkheim 
Introdução 
Na perspectiva de Émile Durkheim, a educação tem por objectivo 
suscitar e desenvolver no indivíduo certo número de estados 
físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, 
no seu conjunto, e pelo meio especial no qual ele está inserido. 
Nesta lição terá a ocasião de conhecer a educação como moral. O 
estudo que começa terá a duração de 2 horas. 
 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Indicar as principais contribuições de Durkheim ao 
entendimento da educação como valor moral; 
 
Na perspectiva durkheiminiana a educação é a acção exercida 
pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram 
ainda preparadas para a vida social e tem por objecto suscitar e 
desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, 
intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu 
conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se 
destine (Durkheim, 1975: 41). 
Para Durkheim (1975) educação é o processo pelo qual 
aprendemos a ser membros da sociedade. Não existe uma única 
para que todos aprendam a ser membros da sociedade. Você 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 67 
 
aprende a ser um membro da sua classe, de seu grupo, de sua casta, 
de sua profissão, enfim, de seu meio moral. Socializar-se é 
aprender a ser membro da sociedade, e aprender a ser membro da 
sociedade é aprender o seu devido lugar nela. 
Existem certos costumes, certas regras, que devem ser 
obrigatoriamente transmitidos no processo educacional, gostemos 
deles ou não. Se não fizermos isso, a sociedade se vingará nos 
nossos filhos, pois não estarão em condições de viver em meio aos 
outros quando adultos. Ideias educacionais muito ultrapassadas ou 
muito à frente de seu tempo, não são boas porque não permitem 
que o indivíduo educado tenha uma boa vida normal, harmónica 
com seus contemporâneos. 
A educação adequada é aquela própria ao meio moral que cada um 
compartilha. Os sistemas educacionais contemporâneos não são 
homogéneos. Aliás, estes seriam só se voltássemos à pré-história, 
em sociedades sem diferenciação. É fundamental, porém, que haja 
certa homogeneidade e a educação deve perpetuá-la e reforçá-la na 
alma da criança que é educada. Sermos iguais e diferentes ao 
mesmo tempo. Só a Educação pela qual passamos é capaz de nos 
fazer assim. E é por isso que a ela é um processo social. 
 
Resumo 
Na Sociologia das Organizações Educativas de Durkheim, a 
educação assume uma função moralizadora, a partir do 
entendimento da sociedade como uma grande entidade moral. Ela 
possui doze papéis: 1) suscita e desenvolve nos indivíduos estados 
físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade; 2) 
soluciona o problema da fragilidade moral contemporânea; 3) 
organiza e constitui o ser social em cada um de nós; 4) integra cada 
nova geração à sociedade; 5) agrega o ser egoísta e anti-social; 6) 
reforça a cooperação entre indivíduos; 7) institui valores morais aos 
68 Sociologia das Organizações Educativas 
indivíduos; 8) socializa a jovem geração pela geração adulta; 9) 
assimila no indivíduo normas e princípios morais (bem social); 10) 
está ligada as causas históricas; 11) funciona de forma normativa; 
12) a sociedade e cada meio social particular determinam o ideal 
que a educação realiza. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Mencione as principais contribuições de Durkheim no 
entendimento da educação como valor moral. 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
1. Segundo Durkheim (1975), educação é o processo pelo qual 
aprendemos a ser membros da sociedade, é a acção exercida 
pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram 
ainda preparadas para a vida social e tem por objecto suscitar e 
desenvolver, na criança, certo número de estados físicos,intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu 
conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, 
se destine (Durkheim, 1975: 41). O sentido da moral que 
Durkheim atribui a educação reside em certos costumes, regras, 
que devem ser obrigatoriamente transmitidos no processo 
educacional, gostemos deles ou não. Para Durkheim, a educação 
adequada é aquela própria ao meio moral que cada um 
compartilha. Os sistemas educacionais contemporâneos não são 
homogéneos. 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte o seu tutor. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 69 
 
Lição no 2 
Educação e capitalismo: a 
Sociologia das Organizações 
Educativas de Karl Marx 
Introdução 
Vale ressaltar que a educação não foi o tema central de Marx e 
Engels. Eles dedicaram-se pouco à questão educacional em seus 
escritos filosóficos, sociais e económicos. Entretanto, as suas 
denúncias ao carácter classista da educação representaram um 
marco, um ponto de partida para a reformulação de teorias 
educacionais baseadas no princípio democrático de igualdade. A 
educação aparece nas suas preocupações sobre a construção do 
homem plenamente desenvolvido em suas potencialidades físicas e 
espirituais, não subjugado ao domínio do capital. Nesta lição terá a 
ocasião de conhecer a educação e capitalismo na Sociologia das 
Organizações Educativas de Karl Marx. O estudo que começa terá 
a duração de 2 horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Identificar o papel da educação na sociedade segundo Marx; 
• Caracterizar a Educação ideal para Marx. 
 
Karl Marx via a educação da mesma forma que via o capitalismo. 
Como componente da super estrutura, ela pode ser para alienação 
ou para a emancipação. A partir da análise da situação educacional 
dos filhos dos operários do nascente sistema fabril, este sociólogo 
identificou na educação como uma das mais importantes formas de 
perpetuação da exploração de uma classe sobre a outra, utilizada 
70 Sociologia das Organizações Educativas 
pela classe dominante para disseminar sua ideologia, inculcando no 
trabalhador o modo burguês de ver o mundo. 
Nas suas investigações Marx conclui que o tipo de Educação dado 
às crianças operárias era tão precário que só poderia servir para 
perpetuar as relações de opressão às quais essas crianças e seus pais 
operários estavam sujeitos. 
Marx e Engels observaram alguns aspectos relativos à educação 
formal, ou à sua ausência, que merecem destaque. Uma de suas 
primeiras e principais críticas dirige-se ao embrutecimento e à 
deformação na manufactura, onde a divisão do trabalho reprime um 
mundo de instintos e capacidades produtivas. O indivíduo é 
mutilado e transformado no aparelho automático de um trabalho 
parcial. 
Diante deste quadro, a partir de uma perspectiva revolucionária, 
Marx identificava na Educação uma arma valiosa a ser empregada 
a favor da emancipação do ser humano, da sua libertação da 
exploração e do jugo do capital. Através de uma conjugação entre o 
trabalho e a escola seria possível romper na formação das futuras 
gerações com a separação entre trabalho manual e intelectual, 
assim como com a parcialização das tarefas impostas pela divisão 
do trabalho na fábrica moderna. 
Como um homem do século XIX, Marx considerava o trabalho 
infantil desejável, desde que o Estado garantisse aos filhos dos 
operários uma escola de meio período que não fosse um mero 
depósito de crianças e desde que a super exploração do trabalho 
infantil fosse controlada pela legislação. Este sociólogo considera o 
trabalho como educativo. É através dele que o homem produz para 
viver, colocando a natureza a seu serviço e relacionando-se com 
seu semelhante. O “homem novo” não pode ser forjado apenas com 
uma Educação escolar formal, mais também com o trabalho 
exercido no chão da fábrica. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 71 
 
Em suma, Marx considera que não se deve permitir o emprego do 
trabalho das crianças e jovens se este emprego não estiver 
conjugado com a educação. 
Ainda sobre o recrutamento de crianças e adolescentes para o 
trabalho na indústria, Marx é taxativo: “qualquer que seja a forma 
em que se realize sob o reino do capital é simplesmente 
abominável”. A sociedade não pode permitir que crianças e 
adolescentes sejam empregados na produção, a menos que se 
combine este trabalho produtivo com a educação. Propõe que a 
jornada de trabalho de crianças de 9 a 12 anos seja reduzida para 
duas horas diárias; dos 13 aos 15 anos, para quatro horas; e dos 16 
a 17 anos, para seis, com uma hora para comida e descanso. 
As escolas elementares deverão iniciar a instrução das crianças 
antes dos 9 anos. Caberá à sociedade a responsabilidade de 
defender os interesses das crianças proletárias, pois os pais são 
impossibilitados de fazê-lo pelo sistema social de acumulação 
capitalista que os transforma em “mercadores de escravos de seus 
próprios filhos”. Para livrar estes dos efeitos nocivos do sistema, é 
necessário transformar a “razão social” em “força social”, por meio 
de leis gerais. 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Identifique o papel da educação para a sociedade segundo 
Marx; 
2. Caracterize a Educação ideal de Marx. 
 
72 Sociologia das Organizações Educativas 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
Respostas 
 
1. Na perspectiva de Marx, o papel da educação consiste numa 
das formas ideológicas de domínio de uma classe com domínio 
de capital sobre a outra proletária. 
2. A educação ideal para Marx, é aquela virada a favor da 
emancipação do ser humano, da sua libertação da exploração e 
do jugo do capital. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. 
Se teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 73 
 
Lição no 3 
Reprodução e Desigualdade: A 
Sociologia das Organizações 
Educativas de Pierre Bourdieu 
Introdução 
Nesta lição terá a ocasião de conhecer a reprodução e 
desigualdades no acesso a educação. Para este estudo, você vai 
precisar de duas horas. No fim tem uma actividade individual 
(exercício de auto-avaliação) que deve ser resolvida com vista a 
testar o que você percebeu desta lição. Procure resolver, antes de 
consultar as respostas que constam no fim. 
 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Identificar o papel da educação segundo Bordieu; 
• Indicar as principais contribuições de Bourdieu à compreensão 
das desigualdades escolares. 
 
Ao longo das últimas quatro décadas Pierre Bourdieu construiu, de 
forma consistente, paciente e acumulativa, um dos corpos de teoria 
e de pesquisa sociológica mais férteis do pós-guerra. Obras como 
Les héretiers, Le métier du sociologie, La reproduction, Le sens 
pratique, Homo academicus e La noblesse d’Etat, produzidas entre 
as décadas de 1960 e 80, marcaram as etapas de um sólido projecto 
de conhecimento científico do mundo social. 
 
74 Sociologia das Organizações Educativas 
Nessa trajectória, Bourdieu sempre concebeu a sociologia como um 
projecto científico rigoroso, uma construção intelectual em 
constante oposição ao saber espontâneo, dando continuidade à 
tradição durkeiminiana de erigir uma ciência do mundo social e 
também incorporando o princípio elaborado por Bachelard de um 
corte epistemológico entre as representações do senso comum e a 
elaboração do discurso científico (Martins, 2002: 164-165). 
Ao longo de sua obra, Bourdieu procurou superar determinadas 
oposições canónicas que na sua óptica minam a ciência social por 
dentro, dualismos que comprometem uma adequadacompreensão 
da prática humana, tais como: separação entre análise do simbólico 
e do material, indivíduo e sociedade, métodos quantitativos e 
qualitativos. 
 
Na sua concepção, tais oposições não derivam de operações lógicas 
ou epistemológicas constitutivas da prática científica, mas de dois 
factores: disputas entre escolas e tradições de pensamento no 
interior da sociologia, que buscam erigir suas concepções 
particulares como verdade científica total, ou seja, constituem a 
expressão sociológica de espaços sociais estruturados em torno de 
divisões dualistas que acabam por produzir profissões de fé e 
emblemas totémicos, dilacerando as explicações fornecidas pelas 
ciências sociais; as lutas de concorrência entre seus adeptos, 
visando à conquista de posições de legitimação no campo 
científico. 
 
Como Pierre Bourdieu nos auxiliaria na abordagem dos fenómenos 
educacionais? Este sociólogo teve o mérito de formular, a partir da 
década de 1960, uma resposta original e abrangente para o 
problema das desigualdades escolares. Até meados do século 
passado predominava nas Ciências Sociais e no senso comum uma 
visão extremamente optimista que atribuía à escolarização um 
papel central no duplo processo de superação do atraso económico, 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 75 
 
do autoritarismo e dos privilégios. Havia uma crença de que por 
meio da escola pública e gratuita seria resolvido o problema do 
acesso à Educação, o que garantiria a igualdade de oportunidades 
entre todos os cidadãos. 
 
Nesta perspectiva, ainda vigente em alguns espaços sociais, 
acredita-se que os indivíduos competem dentro do sistema de 
ensino em condições iguais e aqueles que se destacam conseguem 
êxito por seus dons individuais. Deste modo, por uma questão de 
justiça, os vencedores nas disputas educacionais deveriam, 
naturalmente, ocupar as posições sociais superiores na hierarquia 
social. 
 
Num artigo intitulado “A Escola conservadora: as desigualdades 
frente à escola e à cultura”, Bourdieu questiona o mito da “escola 
libertadora”. Demonstra que, ao contrário do que se propaga, se 
observa no sistema escolar francês, um dos factores mais eficazes 
de conservação social, pois este fornece a aparência de legitimidade 
às desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom 
social tratando como natural (Bourdieu, 1998). 
 
É perceptível que na leitura de Bourdieu a educação perde o papel 
que lhe fora atribuído de instância transformadora e 
democratizadora da sociedade e passa a ser vista como uma das 
principais instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam 
os privilégios sociais. 
 
Na perspectiva educacional bourdieusiana podemos identificar 
algumas teses. Como é constatado, os alunos não são indivíduos 
abstractos que competem em condições relativamente igualitárias 
na escola. Ao contrário, estes se constituem em atores socialmente 
constituídos que trazem uma bagagem social e cultural 
76 Sociologia das Organizações Educativas 
diferenciada. Os gostos mais íntimos, as preferências, as aptidões, 
as posturas corporais, a entonação de voz, as aspirações relativas ao 
futuro profissional, tudo seria socialmente constituído. Constata-se 
que o agente da Educação é caracterizado por uma bagagem 
socialmente herdada. Podemos constatar a partir desta óptica que a 
escola não seria uma instituição neutra na transmissão da cultura e 
na avaliação dos alunos. 
Pelo contrário, ela reproduz e legitima a dominação exercida pelas 
classes dominantes. 
Ela ignora, no âmbito dos conteúdos de ensino que transmite, dos 
métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de avaliação, as 
desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes 
sociais. Ao tratar formalmente de modo igual em direitos e deveres 
quem é diferente, a escola privilegiaria quem, por sua bagagem 
familiar, já é privilegiado. As críticas de Bourdieu apontam que se 
a igualdade educativa alardeada pelas decisões oficiais não 
progride porque os discursos são mistificadores e tanto a sociedade 
como o Estado não querem realmente a democratização. 
 
A Sociologia das Organizações Educativas faz um esforço para 
demonstrar que o desempenho escolar também está associado à 
origem social dos alunos. É perceptível que na sua leitura a 
Educação perde o papel que lhe fora atribuído de instância 
transformadora e democratizadora da sociedade e passa a ser vista 
como uma das principais instituições por meio da qual se mantêm e 
se legitimam os privilégios sociais (Bourdieu, 1998). 
Podemos apontar quatro contribuições à análise da educação de 
Bourdieu (1998). Primeiramente, sua sociologia permite a 
compreensão do problema das desigualdades escolares. Em 
segundo lugar, fornece um novo modo de interpretação da escola e 
da educação que relaciona desempenho escolar e origem social. Em 
terceiro, onde se via igualdade de oportunidades, meritocracia, 
justiça social, passa-se a ver reprodução e legitimação das 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 77 
 
desigualdades sociais. Por fim, a Educação é vista como uma das 
principais instituições por meio da qual se mantêm e se 
legitimavam os privilégios sociais. 
 
Resumo 
Bourdieu, faz um esforço para demonstrar que o desempenho 
escolar também está associado à origem social dos alunos. É 
perceptível que na sua leitura, a educação perde o papel que lhe 
fora atribuído de instância transformadora e democratizadora da 
sociedade e passa a ser vista como uma das principais instituições 
por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda as questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
 
1. Identifique o papel da educação segundo Bordieu; 
2. Indique as principais contribuições de Bourdieu à compreensão 
das desigualdades escolares. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos. 
78 Sociologia das Organizações Educativas 
 
Respostas 
1. Para Bourdieu, educação é processo de superação do atraso 
económico, do autoritarismo e dos privilégios. 
2. Bourdieu traz quatro contribuições à análise da educação. 
Primeiramente, sua sociologia permite a compreensão do 
problema das desigualdades escolares. Em segundo lugar, 
fornece um novo modo de interpretação da escola e da 
educação que relaciona desempenho escolar e origem social. 
Em terceiro, onde se via igualdade de oportunidades, 
meritocracia, justiça social, passa-se a ver reprodução e 
legitimação das desigualdades sociais. Por fim, a Educação é 
vista como uma das principais instituições por meio da qual se 
mantêm e se legitimavam os privilégios sociais. 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte as obras indicadas abaixo e tente resolver de 
novo. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 79 
 
Lição no 4 
Educação Como Socialização 
Introdução 
Os indivíduos, em vida, estabelecem relações sociais diversificadas 
e fortificadas com a coesão social dos mesmos. Relações que 
emergem desde a nascença do indivíduo e como pertencente a um 
grupo social de inteiração passando pela socialização primária (a 
família) e a socialização secundária (a escola). 
É partindo dessas socializações que os indivíduos se formam na 
vida. Nesta lição, vai poder familiarizar-se com a complexidade 
que este termo “socialização” carrega. Para o efeito tem duas horas 
para o seu estudo, no fim das quais tem actividades para testar o 
grau da apreensão da matéria. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Identificar a relação entre educação e socialização; 
• Caracterizar a socialização como transmissor de valores 
culturais dos indivíduos. 
 
Socializaçãoé o processo por meio do qual o indivíduo aprende a 
ser membro da sociedade. Consiste na imposição de padrões sociais 
à conduta individual. Através dela o organismo individual é 
moldado pela sociedade. O mundo exterior passa a ser visto como 
seu mundo. É o processo pelo qual as pessoas aprendem a sua 
cultura. 
Elas o fazem (1) adoptando e abandonando uma série de papéis e 
(2) tornando-se conscientes de si próprias enquanto interagem com 
80 Sociologia das Organizações Educativas 
outros. Um papel é o comportamento esperado de uma pessoa que 
ocupa uma determinada posição na sociedade. Nossa capacidade de 
aprender cultura e de nos tornarmos humanos é apenas potencial. 
Para que ocorra, a socialização deve liberar esse potencial humano. 
 
A parte socializada da individualidade costuma ser designada como 
a identidade. A identidade é atribuída e confirmada pelos outros: 
são os outros que nos dizem quem somos, confirmam nossa 
identidade. Do processo de socialização decorre a identidade 
cultural de um povo, de uma sociedade. Este processo não ocorre 
de forma linear. 
 
Entretanto, psicólogos e sociólogos dividem a socialização em duas 
fases: 1) Socialização primária: processo por meio do qual a 
criança se transforma num membro participante da sociedade. 2) 
Socialização secundária: processos posteriores por meio dos quais 
o indivíduo é introduzido num mundo específico. 
Pela socialização se estabelece uma ligação entre o microcosmo 
individual e o macrocosmo social. 
 
A família é o mais importante agente de socialização primária. Ela 
é adequada para fornecer o tipo de atenção íntima e cuidadosa 
necessária para a socialização primária; é um grupo pequeno e seus 
membros estão em contacto face a face. Negligência e maus-tratos 
de crianças existem, mas a maioria dos pais ama os filhos e são, 
portanto, motivados a cuidar deles. Essas características fazem da 
maioria das famílias agentes da socialização ideais para ensinar às 
crianças pequenas coisas que vão desde a linguagem até seus 
lugares no mundo. A família em que a pessoa nasce também exerce 
uma influência relativamente duradoura ao longo da vida. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 81 
 
A função socializadora da família era mais pronunciada há um 
século, em parte porque os membros adultos da família estavam 
mais disponíveis para cuidar das crianças de hoje. 
Os demais agentes fazem parte da socialização secundária. Por 
exemplo, os grupos de colegas têm um papel considerável na 
socialização secundária. Esses consistem em indivíduos que não 
são necessariamente amigos, mas têm mais ou menos idade e um 
status semelhante. 
Esses ajudam crianças e adolescentes a desligar-se de suas famílias 
e a desenvolver fontes independentes de identidade. São influentes 
em relação a questões de estilo de vida como aparência, actividades 
sociais e namoros. Por meio destes grupos os jovens começam a 
desenvolver sua própria identidade, rejeitando os valores dos pais, 
experimentando novos elementos da cultura e envolvendo-se com 
várias formas de comportamentos rebeldes. 
 
A socialização do adulto acontece ao longo da vida. Por que isso 
ocorre? Quatro razões podem ser apontadas. Primeiramente, os 
papéis adultos são frequentemente descontínuos. Isto é, 
expectativas contraditórias estão associadas aos primeiros papéis 
que assumimos em nossas vidas e aos que assumimos mais tarde. 
Em segundo lugar, muitos papéis adultos são, em grande medida, 
invisíveis. Papéis adultos são muitas vezes invisíveis para as 
pessoas que são muito jovens para desempenhá-los. 
 
Em terceiro, alguns papéis adultos são imprevisíveis. As pessoas 
sabem das mudanças dos papéis previamente mencionadas antes 
que elas ocorram. 
Por fim, estes papéis mudam à medida que amadurecemos. Forças 
externas ao indivíduo moldam os três tipos de mudança de papel 
mencionados. 
82 Sociologia das Organizações Educativas 
Esta última mudança de papel resulta principalmente de processos 
de desenvolvimentos interiores. 
 
É a partir da educação e socialização que adquirimos um capital 
cultural que compreende o conhecimento, as habilidades, as 
informações sociais. Através dos processos socializadores 
vivenciados na Educação adquirimos o que Pierre Bourdieu 
conceitua como hábitos, que, em linhas gerais, seria a 
internalização ou incorporação da estrutura social. É um produto da 
história produzido por práticas individuais e colectivas acordadas 
com esquemas criados. O hábito é tão forte que é capaz de 
“naturalizar” as práticas sociais. A partir da socialização vivenciada 
desde os primeiros anos na escola incorporamos os valores sociais 
como “naturais”. Deste modo, consideramos que o mundo só pode 
ser compreendido a partir de valores enraizados como óbvios. 
 
Resumo 
A socialização é o processo por meio do qual o indivíduo aprende a 
ser membro da sociedade. Consiste na imposição de padrões sociais 
à conduta individual. Através da socialização o organismo 
individual é moldado pela sociedade. O mundo exterior passa a ser 
visto como seu mundo pelo indivíduo. É o processo pelo qual as 
pessoas aprendem a sua cultura. Elas o fazem (1) adoptando e 
abandonando uma série de papéis e (2) tornando-se conscientes de 
si próprias enquanto interagem com outros. Um papel é o 
comportamento esperado de uma pessoa que ocupa uma 
determinada posição na sociedade. Nossa capacidade de aprender 
cultura e de nos tornarmos humanos é apenas potencial. Para que 
ocorra, a socialização deve liberar esse potencial humano. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 83 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda as questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Identifique a relação entre educação e socialização; 
2. Caracterize a socialização como elemento transmissor de 
valores culturais dos indivíduos. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos. 
Respostas 
1. É através do processo de socialização que os indivíduos são 
preparados para participar dos sistemas sociais a partir da 
compreensão dos símbolos, dos sistemas de ideias, da 
linguagem e das relações que constituem os referidos 
sistemas. Esses elementos são aceitos pelos indivíduos como 
sendo naturais (Johnson, 1997). A socialização é um processo 
permanente na vida dos indivíduos tanto no momento em que 
esses adquirem novos papéis na vida social como quando eles 
se ajustam à perda de papéis sociais antigos. É por meio do 
processo de socialização que os sistemas sociais se 
perpetuam e funcionam eficazmente, na medida em que os 
indivíduos desempenham os seus papéis sociais mediante a 
incorporação de valores e padrões sociais vigentes numa 
determinada sociedade. 
 
2. Émile Durkheim (1975) define a socialização como o 
conjunto de processos de integração do indivíduo aos grupos 
84 Sociologia das Organizações Educativas 
sociais. Originalmente parte da concepção dual do indivíduo 
como um ser individual e um ser social Segundo Durkheim a 
vida em sociedade supõe uma consciência colectiva, que os 
enquadra compulsoriamente na forma de regras e normas. O 
indivíduo seria um executor das estruturas de reprodução e 
manutenção da ordem social. 
A educação é um dos vastos campos dos processos de 
socialização, mas, na teoria sociológica de Weber, há uma 
confluência dos dois termos, porque o autor não a restringe à 
instrução, à instituição escolar. Com essa abordagem, Weber 
conseguiu compreender a especificidade dos diferentes 
sistemas educacionais. Contribuiu, também, para incrementar 
as abordagens dos sociólogos da educação ao focalizar os 
diferentes sistemas que desenvolvem a socialização dos 
indivíduos. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. 
Se as dificuldades persistirem, consulte o seu tutor. 
 
Actividade finalda unidade 
 
 
Actividade 
Depois de fazer uma reflexão a volta das Formas de Educação, 
procure esboçar a utilidade das formas de educação na sua área 
residencial. Onde, deverás caracterizar as formas de educação e 
Identificar formas eficazes de educação para a sua comunidade. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 85 
 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da unidade 
ARON, Raymond. Émile Durkheim. As Etapas do Pensamento 
Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 295-376. 
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 4 ed. São Paulo: 
Melhoramentos, 1975. 
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999. 
DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 
 
IANNI, Octávio. “Introdução”. MARX. Sociologia. São Paulo: Editora 
Ática, 1979, p. 07-42. (Colecção Grandes Cientistas Sociais) 
MARX, Karl. “Prefácio”. Para a Crítica da Economia Política. In: 
Manuscritos Económico-Filosóficos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. 
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Crítica da Educação e do Ensino. 
Lisboa: Morais, 
BOURDIEU, Pierre. A Escola conservadora: as desigualdades frente à 
escola e à cultura. In: NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio. 
Escritos de Educação: Pierre Bourdieu. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 
ORTIZ, Renato (org.) “Introdução”. Pierre Bourdieu. São Paulo: Ática, 
1994. 
PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Rio de 
Janeiro: Editora FGV, 2000. 
BERGER, Peter Berger. Perspectivas Sociológicas. Petrópolis: Vozes, 
1977. 
86 Sociologia das Organizações Educativas 
BERGER, Brigitte. “O que é uma instituição social?”. In: PEREIRA, 
Luiz e FORACCHI, Marialice M. Educação e Sociedade: leituras de 
sociologia da educação. 12 Ed. São Paulo: 1985, p. 19-21. 
MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade: leitura de introdução 
à Sociologia. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1980, pp. 193-199. 
 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.forumpaulofreire.com.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.filosofiavirtual.pro.br 
www.cas.sc.edu/socy/faculty/defl/Durkheim 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 87 
 
Unidade 5 
As instituições escolares 
Introdução 
Bem-vindo a esta unidade de estudo, onde terá as noções 
fundamentais das instituições escolares na abordagem da 
Sociologia das Organizações Educativas. Estas vão ajuda-lo a 
compreender a acção e função das instituições escolares. 
 
Estrutura 
O estudo que você inicia tem 3 lições. Devem ser dispensadas duas 
(2) horas de tempo para cada lição. Eis as matérias a serem 
estudadas nesta unidade. 
 
Tópicos da unidade 
Lição 1. Características organizacionais e cultura de escola. 
Lição 2. A cultura organizacional da escola. 
Lição 3. Funções sociais da educação 
 
Meios 
Para além das referências bibliográficas presentes no fim da 
unidade, você poderá usar textos de apoio, efectuar visitas nas 
diferentes escolas da sua comunidade e arredores. Com está ultima 
prática, estará a iniciar o método do Sociólogo, cuja especificidade 
na sua intervenção é sempre estar em contacto com o grupo alvo. 
 
88 Sociologia das Organizações Educativas 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
Objectivos 
Geral 
ÿ Conhecer a origem e os propósitos das instituições escolares 
 
Específicos 
ÿ Indicar os princípios organizacionais de cultura da escola; 
ÿ Identificar os elementos da cultura organizacional; 
ÿ Indicar as funções sociais da educação. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 89 
 
Lição no 1 
Características organizacionais da 
cultura de escola 
Introdução 
As instituições escolares são marcadas pelas características 
organizações das escolas, que ajudam o funcionamento pleno das 
mesmas bem como, a articulação eficaz com o meio em que estão 
inseridas. E nestes moldes, encontra-se também associado os 
modelos políticos e simbólicos da gestão das instituições escolares. 
Nesta lição, você terá a ocasião de conhecer as características 
organizacionais da cultura de escola. Para este estudo, você deve 
dispensar duas (2) horas. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Nomear os modelos políticos e simbólicos das escolas; 
• Indicar as características organizacionais das escolas; 
• Identificar os principais aspectos que retratam uma escola 
eficaz. 
 
A sociologia das organizações educativas tem-se aberto 
crescentemente aos modelos políticos e simbólicos, onde: os 
estudos que durante os anos 60 usavam o modelo input-output 
(entrada e saída), investigavam em que medida as características 
dos alunos, os recursos humanos, materiais e financeiros (os inputs) 
poderiam determinar modificações no seu desempenho (os 
outputs). Bressoux (2003), esclarece que estas pesquisas 
integravam as correntes sobre o efeito-escola, com seus métodos 
próprios de investigação e desenvolveram-se separadamente das 
pesquisas sobre o efeito-professor. Iniciaram-se nos Estados 
90 Sociologia das Organizações Educativas 
Unidos e são caracterizadas pelos estudos quantitativos em grande 
escala. 
O autor aponta ainda que o conjunto dos factores controlados 
explicava, frequentemente, menos que 20% da variância de sucesso 
dos alunos; a escola como lugar de aprendizagem e de destinação 
de recursos não teria potência para modificar as condições 
académicas dos estudantes que eram delimitadas pela herança 
familiar. 
 
Novos estudos contestarão as variáveis utilizadas nas pesquisas 
anteriores que estudavam a instituição escolar como unidade de 
produção. Intentando examinar o que se passava no interior das 
escolas e que podia gerar diferença de eficácia entre elas, as 
pesquisas sobre os processos vão investigá-las como organizações 
sociais, recorrendo a tabelas de observação, questionários, 
entrevistas, etc. 
 
Nóvoa (1995) demarca a emergência recente de uma sociologia das 
organizações educativas, posicionada entre uma perspectiva focada 
na sala de aula e as perspectivas sócio-institucionais centradas no 
sistema educativo. Destacam-se assim, as instituições escolares, 
como espaços organizacionais que devem ser compreendidos na 
sua complexidade técnica, científica e humana, considerando-se a 
organização escolar como um nível essencial para a abordagem dos 
fenómenos educativos. 
 
O surgimento da sociologia das Organizações Educativas como 
campo de estudo se deveu a necessidade de se aprofundar a 
compreensão das relações entre as desigualdades na sociedade e os 
processos de ensino-aprendizagem que ocorriam dentro das escolas 
(Mafra, 2003). 
 
Com sua argumentação, Nóvoa (1995) nos insta a não reduzir o 
pensamento e a acção educativa a perspectivas técnicas, de gestão 
ou de eficácia. Nossa análise deve arregimentar todas as dimensões 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 91 
 
pessoais, simbólicas e políticas da vida, porque as escolas 
representam uma territorialidade espacial e cultural, onde se revela 
o jogo dos atores educativos internos e externos. 
 
Deste modo, ao empenhar-se em compreender o papel dos 
estabelecimentos de ensino como organizações, a sociologia das 
organizações educativas reporta-se, agora, ao modelo político 
(recorrendo a conceitos como poder, interesses, controle...) e 
simbólico (significado que os atores dão aos acontecimentos, 
carácter contingente dos processos educacionais...). Restitui aos 
actores educativos o papel de protagonistas e modifica a descrição 
das características organizacionais e da cultura de escola. 
 
O funcionamento das escolas enquanto organização social define a 
diferença fundamental entre elas, para pôr em evidência esta 
diferença apresentou-se o termo ethos escolar – “um conjunto de 
valores, atitudes e comportamentosque dão identidade particular à 
escola” (Mafra, 2003). 
 
A noção de estabelecimento foi introduzida para se compreender os 
factores que agem nas escolas, parte-se da premissa de que a 
política dos estabelecimentos - a natureza das relações sociais entre 
os atores e o projecto pedagógico e educativo, é responsável em 
parte pelo desempenho dos estudantes (Cousin, 1993). 
 
Segundo Canário (1996) esta articulação entre os conceitos de actor 
e de sistema possibilita o acesso a um entendimento novo destes 
sistemas de acção colectiva que são as escolas; estas surgem então, 
não como um “dado natural”, mas “como um “construído” social, 
marcado por uma intrínseca contingência” (id: 132) que as torna 
refractárias a previsões deterministas. São marcadas pela relação 
entre os constrangimentos sistémicos (o funcionamento colectivo e 
global do sistema humano) e os comportamentos estratégicos dos 
atores (efeitos de imprevisibilidade); não se transformam, porém, 
92 Sociologia das Organizações Educativas 
em realidades incompreensíveis, são realidades inteligíveis, a partir 
de uma inteligibilidade construída a posterior. 
 
Canário (1996) identifica no conjunto das investigações que fazem 
da escola um objecto de estudo, uma outra perspectiva que se 
contrapõe a perspectiva da inteligibilidade a posterior. Seria uma 
perspectiva do funcionamento da escola inspirada na tradição 
positivista, que pressupõe ser possível aplicar princípios de 
previsibilidade às escolas a partir de um acúmulo de muita 
informação (um conhecimento exaustivo das condições iniciais). 
 
Canário (1996) avalia que esta divisão de perspectivas pode ser 
posta em relação com duas grandes correntes que demarcam o 
campo das pesquisas que têm a escola como objecto de estudo: 
(a) Uma se refere aos estudos que exploram o conceito de eficácia 
dos estabelecimentos de ensino; (b) outra se reporta ao conjunto de 
estudos que apontam para a elucidação dos processos de construção 
da identidade dos estabelecimentos de ensino. 
 
Aspectos do clima escolar 
A segunda corrente citada no item anterior é identificada por Mafra 
(2003), como os estudos mais actuais voltados para o que se 
nomeia cultura organizacional; estes estudos reúnem a perspectiva 
de sistema e a perspectiva de actor, que eram examinadas 
separadamente. Agora, são estudadas de forma articulada de modo 
a se perceberem as escolas como um sistema de acção colectiva. 
Segundo a autora, pesquisadores como Vala, Monteiro e Lima 
(“Culturas organizacionais: uma metáfora à procura de teorias”. 
 
Análise Social realizada em 1988, entendem que o clima escolar é 
um elemento integrante da cultura organizacional. Mafra (2003) 
esclarece que os estudos mais actuais sobre cultura organizacional 
e cultura organizacional da escola têm tendência a se confundir 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 93 
 
com as investigações tradicionalmente balizadas como “clima da 
escola”. Estes estudos visavam os aspectos interpessoais e 
subjectivos das experiências escolares vividas numa organização, 
onde o “clima da escola” caracteriza-se por um “sentimento geral 
afinado” com o estabelecimento, proporcionando o bom 
relacionamento e a identificação institucional oportuna ao 
funcionamento adequado das instituições. 
 
Bressoux (2003) privilegiou a noção de clima em relação a outros 
factores de desempenho (vistos como mais ou menos decorrentes 
deste) ao abordar as pesquisas empíricas sobre as variações de 
aquisição dos alunos em função da escola ou da classe em que eles 
são escolarizados. O autor considera que a noção de clima 
permitiria dar conta da escola concebida como uma organização 
social que desenvolve um sistema particular de relações entre os 
atores. O “clima” da escola é destacado como “um conceito que 
permite juntar as características isoladas para integrá-las num 
conjunto que lhes confere sentido” (Bressoux, 2003: 51). 
 
Reconhecia que se tratava, no entanto, de um conceito 
problemático porque necessitava de uma definição operatória que o 
objectivasse e designasse os elementos que o constituíam. 
Assinala ainda com a possibilidade de existir não um único clima 
na escola, mas vários. Duru-Bellat e Van Zanten (1999) afirmam 
que o clima escolar advém de uma configuração particular de 
factores que podem variar e que muitas estratégias metodológicas 
são utilizadas para elaborar variáveis indicadoras do clima escolar, 
mas a complexidade desta configuração ultrapassa a agregação de 
factores. 
 
De qualquer forma a facultação de uma maior importância à escola 
como organização, representa na análise de Nóvoa (1995) uma das 
evoluções mais significativas dos sistemas educativos nos anos 80 
94 Sociologia das Organizações Educativas 
do século passado. Dentro dos estudos que tomam como referência 
as escolas e seu funcionamento, Brunet (1995) contribui com uma 
exposição geral das reflexões originadas no âmbito do clima; 
discorre sobre suas causas, dimensões, características, categorias e 
efeitos, relacionando estas reflexões com a problemática da eficácia 
da escola. Demarca que este conceito popularizou-se após ter sido 
utilizado por Gellerman, em 1964, na área da psicologia do 
trabalho e que a sua definição tem sido imprecisa. 
Todavia, defende que para se especificar as causas do 
comportamento de indivíduos em situação de trabalho não se pode 
recorrer a uma análise apoiada exclusivamente em aspectos 
pessoais. Há que se ampliar a pesquisa porque “são os atores no 
interior de um sistema que fazem da organização aquilo que ela é” 
(p. 125). 
A compreensão da percepção que eles possuem da sua atmosfera de 
trabalho possibilita conhecer os aspectos que influenciam o seu 
rendimento. Onde, os modelos políticos introduziram novos 
conceitos (poder, disputa ideológica, conflito, interesses, controlo, 
regulação) que enriqueceram a análise das organizações escolares 
e; os modelos simbólicos colocaram a tónica no significado que os 
diversos actores dão aos acontecimentos e no carácter incerto e 
imprevisível dos processos organizacionais mais decisivos. 
De modos diversos, estes dois tipos de modelos devolveram aos 
actores educativos o papel de protagonistas que os modelos 
anteriores (racionais, recursos humanos, sistémicos, etc.) lhes 
tinham procurado retirar. 
 
Resumo 
A sociologia das Organizações Educativas emergiu recentemente 
posicionada entre duas perspectivas: a primeira perspectiva focada 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 95 
 
na sala de aula e a segunda perspectiva de carácter sócio-
institucional centrada no sistema educativo, destacam-se as 
instituições escolares, como espaços organizacionais que devem ser 
compreendidos na sua complexidade técnica, científica e humana 
(Nóvoa, 1995). Sendo assim, ao empenhar-se em compreender os 
estabelecimentos de ensino como organizações, a sociologia das 
organizações educativas restitui aos actores educativos o papel de 
protagonistas e modifica a descrição das características 
organizacionais e da cultura de escola. Bressoux (2003) considera 
que a noção de clima permitiria dar conta da escola concebida 
como uma organização social que desenvolve um sistema particular 
de relações entre os actores. 
 
Chegado ao fim desta lição, pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes. 
 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
 
1. Nomeie os modelos políticos e simbólicos das escolas? 
2. Descreva as características organizacionais das escolas? 
3. Identifique os principais aspectos que retratam uma escola 
eficaz? 
 
96 Sociologia das Organizações Educativas 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
1. Os modelos políticos e simbólicos, na Sociologia das 
Organizações Educativas, devolveram aos actores educativos o 
papel de protagonistas que os modelos anteriores(racionais, 
recursos humanos, sistémicos, etc.) lhes tinham procurado 
retirar. 
 
2. As características organizacionais são: 
I. A estrutura física da escola, que compreende a dimensão da 
escola, recursos materiais, número de turmas, edifício escolar e 
a organização dos espaços; 
II. A estrutura administrativa da escola onde encontramos a 
gestão, direcção, controlo, inspecção, tomada de decisão, 
pessoal docente, pessoal auxiliar, participação das 
comunidades, relação com as autoridades centrais e locais e; 
III. A estrutura social da escola que é a relação entre alunos, 
professores e funcionários, responsabilização e participação 
dos pais, democracia interna, cultura organizacional da escola, 
clima social, etc. 
 
3. Os principais aspectos que retratam uma escola eficaz 
consistem em: autonomia da escola, liderança organizacional, 
articulação curricular. Optimização do tempo, estabilidade 
profissional, formação do pessoal, participação dos pais, 
reconhecimento público e apoio das autoridades. 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte o seu tutor. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 97 
 
Lição no 2 
A cultura organizacional da escola 
Introdução 
Trazemos nesta lição a cultura organizacional da escola. A 
discussão vai centrar-se nas diferentes formas de organização da 
escola. Devera dispensar duas horas para o seu estudo. Como 
sempre, no fim desta lição você tem um exercício que vai aferir o 
grau de compreensão desta matéria. 
 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Caracterizar a natureza das organizações escolares; 
• Indicar o papel dos actores educativos na avaliação 
institucional; 
• Descrever as características da cultura escolar. 
 
O conceito de cultura organizacional foi transposto para a área da 
educação na década de 70. 
A Cultura é um sistema de integração, de diferenciação e de 
referência que organiza e dá um sentido à actividade dos seus 
membros (Burke, 1987). 
As organizações escolares, ainda que estejam integradas num 
contexto cultural mais amplo, produzem uma cultura interna que 
lhes é própria e que exprime os valores e as crenças que os 
membros da organização partilham (Brunet, 1988). 
A consideração da noção de “experiência social” como construção 
histórica, ou como “tipos históricos” que resultam da combinação 
98 Sociologia das Organizações Educativas 
de “tipos puros” utilizando a conceptualização weberiana, parece-
nos cientificamente relevante, na medida em que propicia uma 
compreensão das diferentes lógicas coexistentes na organização 
escolar, “[...] mediante a forma como os actores as sintetizam e as 
catalizam tanto no plano individual como no plano colectivo” 
(DUBET, 1996:112). Apesar de o actor social se encontrar “[...] 
numa espécie de intervalo, num espaço misto, intermediário a 
várias lógicas”, é possível identificar, na perspectiva deste autor 
três registos de acção necessariamente adoptados pelos actores 
individuais ou colectivos: a lógica da “integração”, a lógica da 
“estratégia” e a lógica da “subjectivação”. 
 
De acordo com a lógica da “integração”, o actor tende a manter e a 
fortalecer a sua pertença à organização, interagindo de uma forma 
convergente e confirmativa, isto é, pautando as suas condutas com 
vista à manutenção de uma identidade integradora. Num registo 
mais “estratégico”, o actor procura agir em função dos seus 
interesses para que o que pertença ao grupo passe a constituir uma 
condição necessária à prossecução dos seus objectivos ou fins 
“concorrenciais”. A estrutura normativa e os valores que esta 
incorpora adquirem assim um sentido utilitário, transformado em 
recurso a mobilizar na acção, sobretudo se for favorável aos 
interesses do grupo e se reforçar as suas relações de poder no 
‘mercado escolar’, onde as leis da concorrência e da rivalidade 
imperam. 
 
Por último, à luz de uma lógica de subjectivação, o actor 
representado como um sujeito crítico, age em função da sua 
identidade subjectiva, construída culturalmente a partir da tensão 
constante entre a acção integradora e a acção estratégica. Deste 
ponto de vista, o sujeito encontra-se sempre numa relação de 
distanciação e de reserva que impede uma adesão total ao ego 
(identidade subjectiva), ao nós (identidade integradora) e aos 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 99 
 
interesses (identidade recurso). Consequentemente, a cultura deixa 
de representar somente o conjunto de valores e normas 
historicamente sedimentadas na organização, tampouco apenas 
uma reserva de meios simbólicos da acção grupal; ela resulta 
igualmente da definição subjectiva do sujeito. 
 
De acordo com esta proposta, igualmente inspirada na obra de 
Touraine (1978) qualquer formação social é definida pela co-
presença de uma lógica de integração comunitária, por um sistema 
de concorrência regulada e pela lógica da capacidade crítica e 
voluntária do sujeito. Se do ponto de vista analítico, é possível 
acentuar a autonomia de cada uma daquelas lógicas a partir de um 
ponto central, na óptica do funcionamento da organização, convém 
esclarecer que a circulação alternada das diferentes lógicas 
assemelha-se mais a ‘arranjos’, a produtos das experiências sociais. 
E as experiências sociais, ao se construírem a partir de diversas 
lógicas de acção que lhes não pertencem (e que são dadas pelas 
diversas dimensões da organização), resultam de combinações 
subjectivas de elementos objectivos. 
 
A pertinência analítica destas três lógicas de acção, no que 
concerne à compreensão da cultura organizacional em contexto 
escolar, reside na capacidade de aprofundamento do conhecimento 
das condições de produção das manifestações culturais. 
Quase que poderíamos traçar um paralelismo, ainda que grosseiro, 
entre a prevalência de determinadas lógicas de acção e o tipo de 
manifestação cultural a ela associada: à lógica da “integração” 
corresponderia uma manifestação “integradora” da cultura; a lógica 
da “estratégia” suscitaria uma cultura predominantemente 
“diferenciadora”; e a lógica da subjectivação estaria por detrás de 
manifestações tendencialmente 
“fragmentadoras” da cultura. 
100 Sociologia das Organizações Educativas 
 
Despojada do pendor determinista e funcionalista que, 
aparentemente, apenas, parece sustentar, esta associação faz sentido 
quando perspectivada a partir de um enfoque que privilegie o seu 
carácter dialéctico e interdependente, ou nas palavras de Friedberg 
(1995b), que explore o “jogo social” da cooperação e do conflito. 
E, como já o afirmámos repetidas vezes, as “regras 
organizacionais” (exógenas e endógenas) constituem uma 
ferramenta insubstituível ao desenrolar do “jogo”. 
 
Seguindo este raciocínio, importa perceber, no contexto da escola 
como organização, em que se manifesta a cultura, tendo como 
antecâmara teórica a pressuposição de que para além das estruturas 
e regulações englobantes, que impõem uma ordem cultural 
hegemónica, se processa todo um trabalho de bricolage 
organizacional, que combina, numa disposição original, elementos 
reproduzidos dessa ordem estrutural e elementos resultantes do 
jogo inerentes às lógicas de acção. Do ajustamento e da articulação 
entre a ordem estrutural hegemónica e a ordem local podem 
resultar, pelo menos, dois cenários culturais teoricamente 
diferenciados: o cenário da “cultura escolar” e o cenário da “cultura 
organizacional escolar”, cujas balizas foram já sinalizadas num 
nosso anterior trabalho (Torres, 1997). 
 
A “cultura escolar” pretende recobrir um cenário marcado pela 
hegemonia de uma lógica da “integração” e, como tal, 
desencadeadora de configurações culturais “integradoras”, 
directamente redutíveis às grandes estruturaçõesenglobantes. 
Sobressaem, desta imagem, comportamentos convergentes e 
reprodutivos da ordem prescritiva, condutas fiéis às estruturas e 
“regras formais”, enfim, um quadro de valores, de crenças, de 
ideologias estabilizadas e colectivamente partilhadas pelos actores 
escolares. Tal cenário, tem o condão de fazer sobressair as 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 101 
 
dimensões culturais historicamente institucionalizadas nas 
organizações escolares, sob a forma de ritos, rituais, cerimónias 
legitimadoras da acção educativa, e, por isso, relativamente 
comuns, generalizáveis ou ainda observáveis na regulação do 
funcionamento de todas as escolas. 
 
Esta relação de isomorfismo entre a “estrutura formal” ou “oficial” 
e as dimensões simbólicas que incorpora e a “estrutura informal” 
reproduzida nas escolas concretas, sustenta a ideia de uma “cultura 
escolar” institucionalmente imposta e localmente reproduzida nas 
periferias escolares, sem que dê lugar ao conflito ou à emergência 
de ordens (de acção) contraditórias. 
 
Actores educativos e avaliação institucional 
Num certo sentido, o aparelho escolar edificou-se contra as famílias 
e as comunidades, que foram marginalizadas, ora com o argumento 
político (a legitimidade do Estado para decidir em matéria 
educativa), ora com o argumento profissional (a competência 
especializada dos professores em matéria educativa). 
A intervenção dos pais e das comunidades na esfera educativa 
sempre foi encarada como uma espécie de intromissão. 
Ora é fundamental que as famílias tenham capacidade de decisão (e 
poder) no seio das escolas. 
Devido ao funcionamento burocrático e centralizado do sistema 
educativo nunca se sentiu, de facto, a necessidade de criar 
dispositivos de avaliação das escolas. A acção das autoridades 
limitava-se a um controlo administrativo, baseado no cumprimento 
das directivas estatais. 
Os projectos educativos, sem esquecer os interesses e valores de 
que os diversos grupos são portadores, são uma forma de “obrigar” 
a um esforço de produção de consensos dinâmicos em torno de 
objectivos partilhados. 
102 Sociologia das Organizações Educativas 
 
A escola tem de ser encarada como uma comunidade educativa, 
permitindo mobilizar o conjunto dos actores sociais e dos grupos 
profissionais em torno de um projecto comum. Para tal é preciso 
realizar um esforço de demarcação dos espaços próprios de acção, 
pois só na clarificação destes limites se pode alicerçar uma 
colaboração efectiva. Na verdade, se é inadmissível defender a 
exclusão das comunidades da vida escolar, é igualmente 
inadmissível sustentar ambiguidades que ponham em causa a 
autonomia científica e a dignidade profissional do corpo docente. 
 
A participação dos pais e das comunidades na vida escolar encontra 
toda a sua legitimidade numa dimensão social e política. A 
actividade dos professores e dos outros profissionais deve basear-se 
numa legitimidade técnica e científica. 
Os professores são crescentemente chamados a desempenhar um 
conjunto alargado de papéis, numa dinâmica de re-invenção da 
profissão de professor. 
 
Resumo 
As discussões feitas no decorrer do texto giraram em torno da 
administração/gestão escolar. A gestão aqui foi entendida no 
sentido amplo, não apenas como gestão de processos 
administrativos, mas como gestão de processos político-
pedagógicos, envolvendo os diversos momentos de participação e 
de estruturação da unidade escolar. 
Nessa concepção de gestão, a função do dirigente escolar não se 
restringe ao desenvolvimento das actividades burocráticas e à 
organização do trabalho na escola. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 103 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
 
1. Caracterize a natureza das organizações escolares. 
2. Indique o papel dos actores educativos na avaliação institucional. 
3. Descreva as características da cultura escolar. 
 
Confronte a sua resposta com a chave que lhe apresentamos 
 
Respostas 
1. A natureza das organizações escolares elevam-se na integração 
dum contexto cultural mais amplo, produzem uma cultura 
interna que lhes é própria e que exprime os valores e as crenças 
que os membros da organização partilham entre si. 
2. O papel dos actores educativos na avaliação institucional 
consiste na intervenção destes na esfera educativa pois, é 
fundamental que actores educativos tenham capacidade de 
decisão (e poder) no seio das escolas. Devido ao 
funcionamento burocrático e centralizado do sistema educativo 
nunca se sentiu, de facto, a necessidade de criar dispositivos de 
avaliação das escolas. A acção das autoridades limitava-se a 
um controlo administrativo, baseado no cumprimento das 
directivas estatais. 
Cultura escolar segundo Burke (1987) é um sistema de 
integração, de diferenciação e de referência que organiza e dá 
um sentido à actividade dos seus membros. A “cultura escolar” 
pretende recobrir um cenário marcado pela hegemonia de uma 
104 Sociologia das Organizações Educativas 
lógica da “integração” e, como tal, desencadeadora de 
configurações culturais “integradoras”, directamente redutíveis 
às grandes estruturações englobantes. Sobre saem, desta 
imagem, comportamentos convergentes e reprodutivos da 
ordem prescritiva, condutas fiéis às estruturas e “regras 
formais”, enfim, um quadro de valores, de crenças, de 
ideologias estabilizadas e colectivamente partilhadas pelos 
actores escolares. 
 
ÿ Se teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a 
dificuldade persistir consulte as obras indicadas abaixo. 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da unidade 
BERGER, Peter Berger. Perspectivas Sociológicas. Petrópolis:Vozes, 
1977. 
BERGER, Brigitte. “O que é uma instituição social?”. In: FORACCHI, 
Marialice Mencarini e MARTINS, José de Souza. Sociologia e 
Sociedade: leitura de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Editora 
LTC, 1980, pp. 193-199. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 105 
 
Lição no 3 
Funções sociais da educação 
Introdução 
Nos tópicos anteriores, discutimos as concepções de gestão escolar, 
destacando a especificidade da instituição escolar, a administração 
como mediação, o conceito de trabalho e a organização do trabalho 
escolar. 
Nesta lição, você vai conhecer e discutir a função social da 
educação e da escola no processo de formação dos homens como 
sujeitos históricos, enfatizando o papel da organização escolar 
como instituição criada por esses sujeitos e seus desdobramentos na 
organização da sociedade. Para isso, você dispõe de duas horas 
para este estudo. 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Indicar as funções sociais da educação; 
• Identificar as abordagens modernas da funcionalidade da 
educação; 
 
Nas comunidades primitivas, os fins da educação derivam da 
estrutura homogénea do ambiente social, identificam-se como os 
interesses comuns do grupo, e se realizam igualitariamente em 
todos os seus membros, de modo espontâneo e integral: espontâneo 
na medida em que não existe nenhuma instituição destinada a 
inculcá-los; integral no sentido que cada membro da tribo 
incorporava mais ou menos bem tudo o que na referida comunidade 
era possível receber e elaborar (Ponce, 1994:21). 
 
106 Sociologia das Organizações Educativas 
Com as mudanças da vida em sociedade, do próprio homem e com 
a transição da comunidade primitiva para a antiguidade, novas 
formas de organização vão surgindo, sobretudo com a substituição 
da propriedade comum pela propriedade privada. 
 
A relação entre os homens, que na sociedade primitiva se 
fundamentava na propriedade colectiva, passa a ser privada e o que 
rege as relações é o poder do homem, que se impõe aos demais. 
Assim, com o desaparecimentodos interesses comuns a todos os 
membros iguais de um grupo e a sua substituição por interesses 
distintos, pouco a pouco antagónicos, o processo educativo, que até 
então era único, sofreu uma partição: a desigualdade económica 
entre os organizadores e os executores trouxe, necessariamente, a 
desigualdade das educações respectivas (Ponce, 1994:27). 
 
Nesse sentido, os ideais educacionais nessa nova forma de 
organização da sociedade não são mais os mesmos para todos, 
tendo em vista que não só a classe dominante tem ideais 
substancialmente distintos dos da classe dominada, como também 
tenta fazer com que a classe trabalhadora aceite essa desigualdade 
educacional como desigualdade natural, sendo, assim, inútil lutar 
contra ela. 
 
Com o advento da sociedade capitalista e com o aperfeiçoamento 
da maquinaria, muda não só a forma de organização da sociedade, 
mas também as relações sociais de produção, a concepção de 
homem, de trabalho e de educação. 
Na sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, o 
homem não é aquele ser histórico que se humaniza nas relações que 
estabelece com outros homens, mas resume-se ao indivíduo que 
vende a sua força de trabalho e, ao vendê-la, transforma-se em 
factor de produção. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 107 
 
 
A educação, segundo a óptica dominante, tem como finalidade 
habilitar técnica, social e ideologicamente os diversos grupos de 
trabalhadores, para servir ao mundo do trabalho. Segundo Frigotto 
(1999:26), “trata-se de subordinar a função social da educação de 
forma controlada para responder às demandas do capital”. 
 
Diferentemente da perspectiva dominante, para a classe 
trabalhadora a "educação é, antes de mais nada, desenvolvimento 
de potencialidades e apropriação de ‘saber social’ (conjunto de 
conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que são produzidos 
pelas classes, em uma situação histórica dada de relações, para dar 
conta de seus interesses e necessidades) " (GryzybowskI apud 
Frigotto, 1998:26), objectivando a formação integral do homem, ou 
seja, o desenvolvimento físico, político, social, cultural, filosófico, 
profissional, afectivo, entre outros. 
 
Nessa óptica, a concepção de educação que estamos preconizando 
fundamenta-se numa perspectiva crítica que conceba o homem na 
sua totalidade, enquanto ser constituído pelo biológico, material, 
afectivo, estético e lúdico. Portanto, no desenvolvimento das 
práticas educacionais, precisamos ter em mente que os sujeitos dos 
processos educativos são os homens e suas múltiplas e históricas 
necessidades. 
 
Considerando os sujeitos históricos, o projecto de educação a ser 
desenvolvido nas nossas escolas tem que estar pautado na 
realidade, visando a sua transformação, pois se compreende que a 
realidade não é algo pronto e acabado. Não se trata, no entanto, de 
atribuir à escola nenhuma função salvacionista, mas reconhecer seu 
incontestável papel social no desenvolvimento de processos 
108 Sociologia das Organizações Educativas 
educativos, na sistematização e socialização da cultura 
historicamente produzida pelos homens. 
 
A educação e sua função social 
Ao discutirmos a função social da educação e da escola, estamos 
entendendo a educação no seu sentido ampliado, ou seja, enquanto 
prática social que se dá nas relações sociais que os homens 
estabelecem entre si, nas diversas instituições e movimentos 
sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutiva dessas relações. 
O homem, no processo de transformação da natureza, instaura leis 
que regem a sua convivência com os demais grupos, cria estruturas 
sociais básicas que se estabelecem e se solidificam à medida que se 
vai constituindo em locus de formação humana. 
Nesse sentido, a escola, enquanto criação do homem, só se justifica 
e se legitima diante da sociedade, ao cumprir a finalidade para a 
qual foi criada. 
 
Assim, a escola, no desempenho de sua função social de formadora 
de sujeitos históricos, precisa ser um espaço de sociabilidade que 
possibilite a construção e a socialização do conhecimento 
produzido, tendo em vista que esse conhecimento não é dado a 
priori. Trata-se de conhecimento vivo e que se caracteriza como 
processo em construção. 
 
A educação, como prática social que se desenvolve nas relações 
estabelecidas entre os grupos, seja na escola ou em outras esferas 
da vida social, se caracteriza como campo social de disputa 
hegemónica, disputa essa que se dá "na perspectiva de articular as 
concepções, a organização dos processos e dos conteúdos 
educativos na escola e, mais amplamente, nas diferentes esferas da 
vida social, aos interesses de classes" (Frigotto, 1999:25). Assim, a 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 109 
 
educação se constitui numa actividade humana e histórica que se 
define na totalidade das relações sociais. 
 
Nessa óptica, as relações sociais desenvolvidas nas diferentes 
esferas da vida social, inclusive no trabalho, constituem-se em 
processos educativos, assim como os processos educativos 
desenvolvidos na escola consistem em processos de trabalho, desde 
que este seja entendido como acção e criação humanas. 
Contudo, na forma como se opera o modo de produção capitalista, 
a sociedade não se apresenta enquanto totalidade, mas é 
compreendida a partir de diversos factores que interagem entre si e 
se sobrepõem de forma isolada. 
Nessa perspectiva, "a educação e a formação humana terão como 
sujeito definidor as necessidades, as demandas do processo de 
acumulação de capital sob as diferentes formas históricas de 
sociabilidade que assumem" (Frigotto, 1999:30), e não o 
desenvolvimento de potencialidades e a apropriação dos 
conhecimentos culturais, políticos, filosóficos, historicamente 
produzidos pelos homens. 
 
Frigotto (1999) afirma ainda que a escola é uma instituição social 
que, mediante sua prática no campo do conhecimento, dos valores, 
atitudes e, mesmo por sua desqualificação, articula determinados 
interesses e desarticula outros. Nessa contradição existente no seu 
interior, está a possibilidade da mudança, haja vista as lutas que aí 
são travadas. 
Portanto, pensar a função social da escola implica repensar o seu 
próprio papel, sua organização e os atores que a compõem. 
 
Para Petitat (1994) a escola contribui para a reprodução da ordem 
social. No entanto, ela também participa da sua transformação, às 
110 Sociologia das Organizações Educativas 
vezes intencionalmente; outras vezes, as mudanças dão-se apesar 
da escola. 
 
Nesse contexto, o dirigente escolar, o professor, os pais de alunos e 
a comunidade em geral precisam de entender que a escola é um 
espaço contraditório e, portanto, torna-se fundamental que ela 
construa o seu Projecto Político-Pedagógico. Cabe ressaltar, nessa 
direcção, que qualquer acto pedagógico é um ato dotado de sentido 
e se vincula a determinadas concepções (autoritárias ou 
democráticas) que podem estar explícitas ou não. 
 
Assim, pensar a função social da educação e da escola implica 
problematizar a escola que temos na tentativa de construirmos a 
escola que queremos. Nesse processo, a articulação entre os 
diversos segmentos que compõem a escola e a criação de espaços e 
mecanismos de participação são prerrogativas fundamentais para o 
exercício do jogo democrático, na construção de um processo de 
gestão democrática. 
 
Resumo 
A escola, no desempenho da sua função social de formadora de 
sujeitos históricos, precisa de ser um espaço de sociabilidade que 
possibilita a construção e a socialização do conhecimento 
produzido, tendo em vista que esse conhecimento não é dado à 
priori. Trata-se de conhecimento vivo e que se caracteriza como 
processo em construção. Pensar a função social da educação e da 
escola implica problematizar a escola que temos na tentativa de 
construirmos a escola quequeremos. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 111 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
 
1. Indique as funções sociais da educação? 
2. Identifique as abordagens modernas da funcionalidade da 
educação? 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
Respostas 
 
1. A educação na perspectiva da Sociologia das Organizações 
Educativas, é concebida em diversas abordagens, segundo a 
óptica dominante, tem como finalidade habilitar técnica, social 
e ideologicamente os diversos grupos de trabalhadores, para 
servir ao mundo do trabalho. Segundo Frigotto (1999:26), 
“trata-se de subordinar a função social da educação de forma 
controlada para responder às demandas do capital”. 
Diferentemente da perspectiva dominante, para a classe 
trabalhadora a "educação é, antes de mais nada, 
desenvolvimento de potencialidades e apropriação de ‘saber 
social’ (conjunto de conhecimentos e habilidades, atitudes e 
valores que são produzidos pelas classes, em uma situação 
histórica dada de relações, para dar conta de seus interesses e 
necessidades) " (Gryzybowski apud Frigotto, 1998:26), 
objectivando a formação integral do homem, ou seja, o 
desenvolvimento físico, político, social, cultural, filosófico, 
profissional, afectivo, entre outros. 
112 Sociologia das Organizações Educativas 
 
2. A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre 
aquelas que ainda não se encontram preparadas para a vida 
social; tem por objecto suscitar e desenvolver na criança um 
certo número de estados físicos, intelectuais e morais 
reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo 
meio especial a que a criança, particularmente, se destina. (...) 
No homem [diferentemente do que acontece entre os animais], 
as aptidões de todo o género que a vida social pressupõe são 
muito complexas para (...) materializarem-se sob a forma de 
predisposições orgânicas. Disso se depreende que elas não 
podem ser transmitidas de uma geração a outra por meio da 
hereditariedade. É pela educação que se faz a transmissão. 
(Durkheim [1922], 1978, p. 41) 
Falar da função social da educação, é falar da educação 
enquanto prática social que se dá nas relações sociais que os 
homens estabelecem entre si, nas diversas instituições e 
movimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutiva 
dessas relações. O homem, no processo de transformação da 
natureza, instaura leis que regem a sua convivência com os 
demais grupos, cria estruturas sociais básicas que se 
estabelecem e se solidificam à medida que se vai constituindo 
em locus de formação humana. 
 
ÿ Se teve dificuldades, não desista, volte a realizar a actividade. 
Se a dificuldade persistir consulte as obras indicadas abaixo ou 
o seu tutor. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 113 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da lição 
FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 
FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: 
Cortez, 2003. 
MEKSENAS, P. O ensino de sociologia na escola secundária. Revista 
Leituras e Imagens, Grupo de Pesquisa em Sociologia da Educação, 
Florianópolis, UDESC, 1995. 
ZITKOSKI, J. J. Educação e Emancipação Social: um olhar a partir da 
cidade educadora. Revista Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 13, n. 1, 
jan/jun 2006. 
 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.forumpaulofreire.com.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.filosofiavirtual.pro.br 
www.cas.sc.edu/socy/faculty/defl/Durkheim 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
 
Actividade Final da Unidade 
 
Actividade 
Partindo da noção das instituições sociais, trace as relações sociais 
possíveis que podem existir numa unidade educacional existente na 
sua comunidade. Por exemplo, procure uma escola dentro da sua 
comunidade e olhe como a mesma tem estabelecido as relações 
sociais com a comunidade no geral. 
 
114 Sociologia das Organizações Educativas 
Unidade 6 
A educação e estrutura social nas 
sociedades tradicionais e 
modernas 
Introdução 
Bem-vindo à última unidade do presente módulo de Sociologia das 
Organizações Educativas. Depois de ter tido contacto com aspectos 
relacionados com os pressupostos da emergência da Sociologia e 
das teorias subsequentes, com as características das organizações 
educativas, é chegada a vez de ver a educação e a estrutura social 
que reside nas sociedades africanas tradicionais. 
 
Nesta unidade, você vai apreender o que existe do lado estruturante 
nas sociedades tradicionais africanas e como estas estruturam 
socialmente a educação, ou seja, todo o conjunto de pensamentos, 
ideias, símbolos, crenças, etc. 
Este módulo procura discutir as características de sociedades 
tradicionais e modernas, procurando apresentar e contrastar as 
peculiaridades de cada uma delas. 
 
Estrutura 
O estudo que você inicia agora tem 2 lições. Devem ser 
dispensadas duas (2) horas de tempo para cada lição. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 115 
 
Tópicos da Unidade 
 
Lição 1. As sociedades tradicionais e modernas 
Lição 2. Os paradigmas das reformas de educação em África pós - 
independente 
 
Meios 
Para além das referências bibliográficas presentes no fim de cada 
lição, você poderá usar textos de apoio, visitas aos museus, sempre 
que eles existirem, mas também a sua própria comunidade. Os 
aspectos ligados com o sagrado e o profano, os tipos de cultos, 
crenças, hábitos e costumes, só podem ser cedidos pelo meio 
envolvente. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
Objectivos 
Geral 
• Conhecer a natureza da educação na estrutura social das 
sociedades tradicionais africanas 
 
Específicos 
• Indicar as principais diferenças entre sociedade tradicional e 
moderna; 
• Indicar os paradigmas das reformas de educação em África; 
116 Sociologia das Organizações Educativas 
Lição no 1 
As sociedades tradicionais e 
modernas 
Introdução 
Certamente que você já ouviu falar das sociedades tradicionais e 
modernas africanas. Terá também presenciado alguma cerimónia 
religiosa ou comunitária da sua residência. Tais aspectos fazem 
parte de um universo imaginário dos ritos, crenças e dos mitos. 
Nesta lição poderá aprofundar melhor sobre essas duas sociedades. 
Para o estudo destas matérias, você dispõe de duas horas. 
No fim desta lição, você deve ser capaz de: 
 
Objectivos da lição 
 
• Caracterizar as sociedades tradicionais e modernas; 
• Indicar as finalidades de cada sociedade. 
 
Segundo Shapin (2008) modernidade é o predomínio da 
objectividade sobre a subjectividade, do individual sobre o 
institucional, da regra sobre o espontâneo. 
 
Numa visão weberiana, o conceito envolveria a predominância do 
espírito calculista, a ideia de desencantamento do mundo (isto é, a 
perda do poder da magia e da religião como fontes explicativas da 
realidade), a racionalidade instrumental, a dominação burocrática, 
elementos frequentemente associados ao desenvolvimento do 
capitalismo. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 117 
 
O aparecimento da modernidade, ou das chamadas “sociedades 
modernas”, iniciou-se no século XVI na Europa, intensificando-se 
nos séculos XVII e XVIII e consolidando-se no final dos séculos 
XVIII e XIX. Trata-se de uma época de muitas mudanças nas 
esferas política, económica, social e cultural, com impacto 
expressivo sobre a forma como as pessoas viviam, trabalhavam e se 
relacionavam. Estamos falando da época do Renascimento, da 
Reforma Protestante, da Revolução Industrial e da Revolução 
Francesa. Essas mudanças intensificaram-se e espalharam-se pelo 
mundo, mantendo-se em diferentes países, em graus diferenciados. 
 
O Renascimentodiz respeito à revalorização dos ideais humanistas 
e naturalistas, que provocaram grandes efeitos nos campos da arte, 
dos valores e, principalmente, da ciência. Como um dos valores 
centrais do Renascimento, o humanismo atribuía importância 
crucial à capacidade do ser humano, em especial ao poder da razão. 
Ele estava ligado à introdução de um método de compreensão da 
natureza a partir da razão e da imaginação criativa dos seres 
humanos, buscando evidências empíricas e experiências concretas. 
 
Com a expansão do humanismo, a matemática tornou-se um 
instrumento importante para o tratamento dos problemas naturais e 
para a solução de questões tecnológicas práticas. Ela permitiu o 
avanço da astronomia que, por sua vez, contribuiu para o 
desenvolvimento da navegação. Colaborou também para o 
desenvolvimento da artilharia, da balística e da mecânica, que 
foram aproveitadas pelos artesãos nos seus ofícios (Randall Jr., 
1976). 
 
A reforma protestante foi importante para o fortalecimento da 
priorização do indivíduo na sociedade moderna, por questionar a 
autoridade suprema dos representantes da Igreja na interpretação 
dos textos sagrados e na absolvição dos pecados. A reforma passou 
118 Sociologia das Organizações Educativas 
essas responsabilidades aos fiéis, dando-lhes autoridade e 
autonomia. Desde então, o indivíduo passou a não precisar mais de 
intermediários, tais como o padre ou o pastor, para ler e entender o 
livro sagrado (a Bíblia) e para obter perdão dos seus pecados. 
 
As Revoluções Industrial e Francesa foram dois eventos de longa 
duração e de grande amplitude nos âmbitos político, económico e 
sociocultural das sociedades que as vivenciaram. No campo da 
política, elas representaram a crise do sistema 
absolutista/monárquico, fundamentado na origem divina da 
autoridade dos reis. A partir delas, ampliou-se o sistema 
representativo de governo, fundamentado numa maior participação 
política dos cidadãos e na separação entre a Igreja e o Estado. 
 
No âmbito económico, representaram a superação do sistema 
feudal de produção e o desenvolvimento do sistema capitalista. O 
modo de produção passou de agrário e artesanal para industrial e 
em larga escala. As relações de produção passaram de uma 
dicotomia senhor-servo para outra do tipo patrão-empregado, isto é, 
foram transferidas de uma situação servil/escravista, para uma 
situação de trabalho livre assalariado. Com isso, os vínculos do 
processo produtivo passaram a ser feitas através de uma relação 
contratual, isto é, por meio do contrato de trabalho. 
 
Nesse período, ocorreram também transformações expressivas na 
área sócio-cultural, a saber: a) as autoridades eclesiásticas 
perderam seu status de fonte de verdade, dado o desenvolvimento 
da ciência; b) cresceram as reivindicações dos cidadãos por 
igualdade e liberdade; c) as alterações na instituição familiar foram 
significativas, tanto no que se refere aos direitos de cada um de 
seus membros, quanto nas relações pessoais entre eles; d) o 
desenvolvimento da tecnologia possibilitou que os meios de 
comunicação, os meios de transportes e os instrumentos de 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 119 
 
produção fossem melhorados; e) houve um significativo 
crescimento das cidades, em função da urbanização e do êxodo 
rural. 
Essa nova sociedade, dita “moderna”, apresentava características 
muito diferentes da que predominava até então: a “sociedade 
tradicional”. 
 
Quadro1: Principais diferenças entre as sociedade modernas e 
tradicionais 
Sociedade moderna Sociedade Tradicional 
Estado Liberal Estado absolutista 
Predomínio do individualismo e 
da “destradicionalização” 
Predomínio do colectivismo e 
da tradição 
Sociedade predominantemente 
urbana 
Sociedade predominantemente 
rural 
Predomínio da indústria Predomínio da agricultura 
Predomínio da razão 
(racionalização e secularização – 
separação entre estado Igreja e 
Estado) 
Predomínio do sagrado, da 
magia e do mito (sacralização) 
nas esferas social e política 
 
Resumo 
A sociedade moderna em muito se difere daquela de outrora, isso 
ocorre tão simplesmente pela decorrência do tempo. Valores antes 
arraigados à consciência colectiva passam a ser considerados 
arcaicos e são substituídos por novas ideologias. Vale lembrar, 
porém, que indivíduos pertencentes a gerações distintas vivem num 
120 Sociologia das Organizações Educativas 
mesmo espaço temporal, o que torna imprescindível a capacidade 
de convivência. O contexto histórico e o espaço físico nos quais 
uma pessoa está inserida, influenciará directamente na formação do 
carácter e dos valores da mesma, ou seja, sua identidade é produto 
do meio cultural o qual pertence. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responda às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
Exercícios 
1. Caracterize as sociedades tradicionais e modernas? 
2. A partir da sua área de residência mencionar os hábitos 
costumeiros praticados pela respectiva comunidade e os grupos 
praticantes. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos. 
Respostas 
1. A sociedade moderna possui um estado liberal, predomínio do 
individualismo e da “destradicionalização”, Sociedade 
predominantemente urbana, Predomínio da indústria, 
Predomínio da razão (racionalização e secularização – 
separação entre estado Igreja e Estado). Por seu turno, na 
sociedade tradicional encontramos um estado absolutista, onde 
predomina o colectivismo e a tradição; trata-se de uma 
sociedade predominantemente rural, onde predomina a 
agricultura, o sagrado, a magia e o mito (sacralização) nas 
esferas social e política. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 121 
 
2. A partir da sua zona de residência, você deve procurar os 
vários ritos praticados, hábitos costumeiros. Deve procurar 
descreve-los em função dos aspectos que constam no texto. 
 
De certeza que conseguiu responder as perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto. Se a dificuldade 
persistir consulte as obras abaixo e tente resolver de novo. 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas da lição 
BOBBIO, N. Liberalismo. Dicionário de política. 7 ed. Brasília: Editora 
da UnB, 1995. 
BONELLI, R. Nível de actividade e mudança estrutural, em 
estatísticas do século XX, Rio de Janeiro, 2003. 
DAMATTA, R. O que faz o Brasil? Rio de Janeiro, Editora Rocco, 
1986. 
DAMATTA, R. A Casa e a rua, São Paulo, Editora Brasiliense, 1997. 
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social, São Paulo, Editora 
Abril, 1973. 
ENGELS, F. & MARX, K. Manifesto do partido comunista, 
Petrópolis, Editora Vozes, 1990. 
FAORO, R. Os Donos do poder: Formação do patronato político 
brasileiro, São Paulo, Editora Globo, 2001. 
GIDDENS, A. Sociologia, Porto Alegre, Artmed, 2008. 
SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. O fenómeno urbano. Rio 
de Janeiro: Zahar, 1973. 
SOUZA, J. A Sociologia dual de Roberto da Matta: Descobrindo 
nossos mistérios ou sistematizando nossos auto-enganos? Revista 
Brasiliera de Ciências Sociais, 2001.16, 47-67. 
122 Sociologia das Organizações Educativas 
WEBER, M. Economia e sociedade: Fundamentos da sociologia 
compreensiva, Brasília, UnB, 1999. 
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo, São 
Paulo, Martin Claret, 2001. 
 
Pesquisas na Internet 
www.scielo.org.br 
www.usp.org.br 
www.forumpaulofreire.com.br 
www.ufrgs.br/ensinosociologia 
www.filosofiavirtual.pro.br 
www.cas.sc.edu/socy/faculty/defl/Durkheim 
www.espacoacademico.com.br 
www.unifesp.br 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 123 
 
Lição no 2 
Os paradigmas das reformas de 
educação em África pós - 
independente 
Introdução 
Depois da sistematização das sociedades tradicionais e modernas 
africanas, é chegada a vez de conhecer os paradigmas das reformasda educação em África pós-independência. Você dispõe de duas 
horas de trabalho para absorver o que a seguir lhe é proposto. 
 
Ao completar esta lição, você será capaz de: 
 
Objectivos da lição 
• Identificar os paradigmas das reformas de educação em 
África pós-independente; 
• Descrever as acções desenvolvidas desde a independência 
nacional na área da educação 
 
Paradigma, em grego, significa exemplo, ou melhor, modelo ou 
padrão. Quando falamos em paradigma, via de regra, referimo-nos 
a um modelo, a um padrão, a uma descrição que nos oriente e nos 
faça compreender algum facto explícito. Entende-se por paradigma 
de qualidade um padrão a ser seguido com o intuito de melhoria de 
nível, da qualidade em si do produto e do processo para a sua 
obtenção. 
Discutir e entender o paradigma da qualidade de ensino em 
Moçambique, inexoravelmente, passa pelo resgate das acções 
desenvolvidas no sector da educação desde a independência 
nacional até hoje. No encalço da qualidade da educação, várias 
124 Sociologia das Organizações Educativas 
estratégias sucederam-se a nível nacional, com realce para as etapas 
que a seguir descrevemos de forma resumida, numa ordem 
cronológica. 
Com a independência nacional de Moçambique em 1975, inaugura-
se um processo de rápidas e profundas transformações sócio-
económicas, políticas e culturais. Um dos efeitos principais dessas 
transformações consistiu no alargar da oferta educacional aos 
moçambicanos. As transformações no sector da educação 
revestiram-se também de aspectos qualitativos. Em 1981, a taxa 
bruta de admissão no ensino primário de primeiro grau alcançou os 
110%. Nos anos seguintes, a crise económica e a guerra reduziram 
drasticamente a taxa de admissão, tendo atingido 54% em 1994. 
No âmbito da implementação do plano de desenvolvimento nacio-
nal, é introduzido no ano de 1983, o Sistema Nacional de Educação 
(SNE) que se estrutura em ensino pré-escolar (Creches e Jardins de 
infância para crianças com idade inferior a 6 anos); ensino escolar 
(ensino geral, ensino técnico profissional, ensino superior para 
além do ensino especial, ensino vocacional, ensino de adultos, 
ensino à distância, formação de professores) e ensino extra-escolar 
(actividades de alfabetização e de aperfeiçoamento, a actualização 
cultural e científica), que preconizava a introdução, de forma 
gradual, da escolaridade obrigatória e universal para as crianças em 
idades escolares. 
Na definição dos objectivos e principais linhas de acção do sector 
de educação, após as eleições multipartidárias de 1994, o governo 
moçambicano aprovou em 1995 a Política Nacional de Educação 
que estabeleceu a visão do sector da educação assente em três 
pilares: (a) aumento do acesso e equidade; (b) melhoria da 
qualidade e relevância do ensino; (c) reforço da capacidade 
institucional do Ministério da Educação nos diferentes níveis de 
administração. 
No período de 1999 a 2005, foi implementado o Plano Estratégico 
de Educação que enfatizou a sua prioridade no ensino básico, sendo 
substituído pelo Plano Estratégico de Educação e Cultura (2006 – 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 125 
 
2010/2011), que versa essencialmente os mesmos objectivos-chave, 
embora com maior ênfase na melhoria da qualidade da educação e 
na retenção dos estudantes ate à sétima classe, para além de se 
propor a aumentar os esforços para desenvolver a educação técnico 
profissional e vocacional, e ensino secundário com características 
profissionalizantes e ensino superior. 
Das acções desenvolvidas desde a independência nacional em 
1975, destaca-se um factor comum e consensual: a qualidade do 
ensino. No entanto, subjacente a essa opinião comum e consensual, 
permanecem algumas questões ainda poucos exploradas pelos 
diversos intervenientes do sector da educação em Moçambique, a 
começar pela própria concepção de qualidade de ensino no 
contexto das principais políticas nacionais de educação. A 
qualidade da educação esta sempre presente no centro do debate e é 
uma aspiração constante dos sistemas educacionais de todos os 
países (Damatta, 1997). 
Segundo Souza (2001) a qualidade de ensino pressupõe um 
julgamento de mérito que se atribui tanto para o processo quanto 
aos produtos decorrentes das acções desenvolvidas que, de certa 
maneira, implica, pois, um juízo de valor. A qualidade de ensino 
tem que ser entendida como satisfazendo critérios bem definidos 
que expressam: (1) definição de critérios pedagógicos e sociais; (2) 
explicitação de indicadores; (3) planificação e execução de 
estratégias de avaliação mais amplas para validação (ou não) da 
qualidade de ensino desejada. 
 Actualmente, estudos mostram que a qualidade de ensino em 
Moçambique está em decadência em razão de diversos factores. 
Desse modo, a discussão da educação, hoje, encontra-se centrada 
na qualidade, o que é um importante avanço. A discussão sobre a 
qualidade de ensino em Moçambique poderá perder sentido se não 
abordarmos a questão do acesso tendo como referência as 
expectativas e direitos de todos os potenciais beneficiários directos 
e indirectos. Julgamos que ao abordar a questão da qualidade de 
ensino, devemos analisar as relações e determinantes entre as 
126 Sociologia das Organizações Educativas 
políticas públicas do sector da educação e qualidade de ensino, para 
além de outros factores que poderão ser agregados para melhor 
elucidar as razões e as relações entre as variáveis e factores 
analisados. 
Na impossibilidade de abarcar, na sua totalidade, todos os 
determinantes entre as políticas públicas do sector da educação e 
qualidade de ensino, somente vamos abarcar questões cujos 
contextos se tornam actuais quando se pretende efectuar o debate 
da qualidade de ensino, de acordo com António Figueiredo da 
Universidade de Coimbra, citado por Bobbio (1995): 
1. Debate da estratégia institucional (missão, visão, objectivos, 
factores críticos de sucesso, forças, fraquezas, 
oportunidades, ameaças, competências-chave, recursos); 
2. Debate da qualidade pedagógica dos professores (formação 
para docência, papel da actividade pedagógica no progresso 
na carreira, critérios de avaliação – objectivos, preparação, 
métodos, resultados, apresentação, auto - critica); 
3. Debate dos conteúdos (fundamentação, profundidade, 
relevância – para o saber fazer, para o saber ser e para o 
saber viver, actualidade, coerência, operacionalidade); 
4. Debate dos contextos (cultura institucional, actividades 
extra-curriculares, adequação ao exterior, imagem); 
5. Debate da mobilização dos estudantes (para a 
intencionalidade estratégica, gosto de aprender e de intervir, 
capacidade de luta, independência, iniciativa, criatividade, 
sentido comunitário, cultura); 
6. Debate da auto-avaliação (conteúdos: como se estruturam, 
revêem e aperfeiçoam? Estratégias: como se estabelecem as 
estratégias e os métodos de ensino e de aprendizagem? 
Acção pedagógica: como se avalia o seu desempenho e se 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 127 
 
incentiva a excelência pedagógica? Resultados: como é 
avaliada a qualidade dos alunos?). 
 
Resumo 
Os paradigmas introduzidos no sistema educacional em África, 
mais concretamente em Moçambique, trouxeram um impacto 
significativo. Contudo, ainda há necessidade de mais reflexões no 
sentido de garantir uma melhor educação às gerações vindouras. 
 
Chegado ao fim desta lição pense naquilo que já aprendeu e 
responde às questões seguintes: 
 
Auto-avaliação 
 
 
Exercícios 
1. Identifique os paradigmas das reformas de educação em 
África pós-independente? 
2. Descreva as acções desenvolvidas desde a independência 
nacional na área da educação. 
 
Confronte as suas respostas com a chave que lhe apresentamos 
 
Respostas 
1. Paradigma, em grego, significa exemplo ou, melhor, modelo 
ou padrão.Quando falamos em paradigma, regra geral, 
referimo-nos a um modelo, a um padrão, a uma descrição que 
nos oriente e nos faça compreender algum facto explícito. 
Entende-se por paradigma de qualidade um padrão a ser 
128 Sociologia das Organizações Educativas 
seguido, com o intuito de melhoria de nível, da qualidade em si 
do produto e do processo para a sua obtenção. É o caso das 
mudanças curriculares, alteração da organização das 
instituições escolares etc,. 
Na definição dos objectivos e principais linhas de acção do 
sector da educação, após as eleições multipartidárias de 1994, 
o governo moçambicano aprovou em 1995 a Política Nacional 
de Educação que estabeleceu a visão do sector da educação 
assente em três pilares: (a) aumento do acesso e equidade; (b) 
melhoria da qualidade e relevância do ensino; (c) reforço da 
capacidade institucional do Ministério da Educação nos 
diferentes níveis de administração. No período de 1999 a 2005, 
foi implementado o Plano Estratégico da Educação que 
enfatizou a sua prioridade no ensino básico, sendo substituído 
pelo Plano Estratégico de Educação e Cultura (2006 – 
2010/2011), que versa essencialmente os mesmos objectivos-
chave, embora com maior ênfase na melhoria da qualidade da 
educação e na retenção dos estudantes até à sétima classe, para 
além de se propor a aumentar os esforços para desenvolver a 
educação técnico profissional e vocacional, o ensino 
secundário (com características profissionalizantes) e ensino 
superior. 
 
2. O Sistema Nacional de Educação (SNE) estava estruturado em 
ensino pré-escolar (Creches e Jardins de infância para crianças 
com idade inferior a 6 anos), ensino escolar (ensino geral, 
ensino técnico profissional, e ensino superior para além do 
ensino especial, ensino vocacional, ensino de adultos, ensino à 
distância, formação de professores) e ensino extra-escolar 
(actividades de alfabetização e de aperfeiçoamento, a 
actualização cultural e científica), que preconizava a 
introdução, de forma gradual, da escolaridade obrigatória e 
universal para as crianças em idades escolares. 
 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 129 
 
ÿ De certeza que conseguiu responder às perguntas colocadas. Se 
teve dificuldades, não desista, volte a ler o texto e consulte as 
obras recomendadas. Se as dificuldades persistirem, consulte o 
seu tutor. 
 
 
Leitura 
Leituras aconselhadas 
BOBBIO, N. Liberalismo. Dicionário de política. 7 Ed. Brasília: 
Editora da UnB, 1995. 
BONELLI, R. Nível de actividade e mudança estrutural, em 
estatísticas do século XX, Rio de Janeiro, Editora Globo, 2003. 
CHIRRIME, Eugénio Francisco. Relações escola/comunidade nos 
aspectos de organização curricular e do sistema educativo em 
Moçambique do PEBIMO. Folha, 1995. 
DAMATTA, R. A Casa e a rua, São Paulo, Editora Brasiliense, 
1997. 
DAMATTA, R. O que faz o Brasil? Rio de Janeiro, Editora 
Rocco, 1986. 
DIAS, Hildizina Norberto. As desigualdades sociolinguísticas e o 
fracasso escolar em direcção a uma prática linguístico-escolar 
libertadora, Maputo: Promédia, 2002. 
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social, São Paulo, 
Editora Abril, 1973. 
ENGELS, F. & MARX, K. Manifesto do partido comunista, 
Petrópolis, Editora Vozes, 1990. 
FAORO, R. Os Donos do poder: Formação do patronato político 
brasileiro, São Paulo, Editora Globo, 2001. 
GIDDENS, A. Sociologia, Porto Alegre, Artmed, 2008. 
INDE. Avaliação do ensino primário em Moçambique: 
Analisando o passado, perspectivando o futuro: Maputo, 2002. 
130 Sociologia das Organizações Educativas 
JUNOD, Henrique A. Usos e Costumes dos Bantos (2ª edição ed. 
Vol. Tomo I). Lourenço Marques: Imprensa Nacional de 
Moçambique, 1974. 
LAFON, Michel. Relatório da visita às escolas do ensino 
bilingue nas províncias de Cabo Delgado e Niassa: Associação 
Progresso, 2003. 
MINED/UNICEF. Educação para todos em Moçambique - uma 
estratégia que nasce. Maputo, MINED, 1992. 
SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. O fenómeno urbano. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1973. 
SOUZA, J. A Sociologia dual de Roberto da Matta: Descobrindo 
nossos mistérios ou sistematizando nossos auto-enganos? Revista 
Brasiliera de Ciências Sociais, 2001.16, 47-67. 
STROUD, Christopher. e António TUZINE (Coord.). Uso das 
línguas africanas no ensino: Problemas e perspectivas (Vol. 
Cadernos de Pesquisa 26), Maputo, Moçambique: INDE, 1998. 
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo, São 
Paulo, Martin Claret, 2001. 
WEBER, M. Economia e sociedade: Fundamentos da sociologia 
compreensiva, Brasília, UnB, 1999. 
 
Actividade Final da Unidade 
 
Actualmente, tem se observado mudanças curriculares em África e 
Moçambique em particular. Procure fazer uma abordagem deste 
assunto, identificando os avanços, vantagens e desvantagens dessas 
mudanças curriculares operadas no nosso Pais. Os resultados 
devem ser discutidos nos centros de Recursos. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 131 
 
 
Respostas das Actividades Finais 
 
Unidade 1 
Depois de fazer uma reflexão à volta da génese e evolução do 
pensamento social, procure esboçar a utilidade da construção do 
pensamento social no homem. 
As primeiras tentativas de compreender como as forças sociais 
funcionam baseavam-se na imaginação, na fantasia, na 
especulação. Assim, certos fenómenos sociais eram explicados a 
partir da acção de seres mitológicos, como deuses e heróis. 
Unidade 2 
Depois de você reavaliar as noções preliminares dos fundadores e 
representantes da Sociologia (Objecto e Método) procure fazer um 
resumo onde deverão constar os passos dados pelos representantes 
e fundadores da Sociologia para o alcance do método e objecto 
dessa ciência da sociedade, sem deixar de lado a questão biográfica 
dos mesmos. 
Os representantes e fundadores da Sociologia trouxeram as bases 
do surgimento, método e objecto da Sociologia. Embora não 
uniformes na sua análise sobre esta ciência, havia consenso de que 
a Sociologia é ciência da Sociedade, isto é, usa métodos e objectos 
próprios para o estudo/ análise da sociedade. 
 
Unidade 3 
Para a actividade desta unidade, faça um trabalho de pesquisa com 
o seguinte tema: “A influência da escola no comportamento dos 
alunos”. Escolha 5 alunos na sua comunidade e questione-os sobre 
132 Sociologia das Organizações Educativas 
as mudanças comportamentais operadas por estes desde o dia do 
seu ingresso na escola. Não se esqueça de argumentar os dados das 
entrevistas com base nos pensadores ou representantes da 
Sociologia, isto é, deverá fazer uma discussão teórica, usando 
conceitos, objectos e métodos sociológicos (Número de páginas: 
máximo 10 ). 
 
Unidade 4 
Depois de fazer uma reflexão à volta das Formas de Educação, 
procure esboçar a utilidade das formas de educação na sua área 
residencial. Deverá caracterizar as formas de educação e identificar 
formas eficazes de educação para a sua comunidade. 
A sociedade é toda ela, uma situação educativa, dado que a 
vivência entre os homens é condição de educação. Mas esse 
processo educativo significa tirar o que há de humano dentro do 
humano, em outras palavras, a educação ou processo educativo traz 
ao homem a capacidade de actuar entre outros homens, aprendendo 
e ensinando, pois não nascemos com nossas capacidades 
desenvolvidas. Assim, a educação leva o homem a um processo 
permanente de socialização que progressivamente passa a fazer 
parte do conjunto de experiências, carácter social e as relações que 
ele terá com a sociedade. 
 
Unidade 5 
Partindo da noção de instituições sociais, trace as relações sociais 
possíveis que podem existir numa unidade educacional existente na 
sua comunidade. 
As possíveis relações sociais passam pelo envolvimento das 
comunidades nos planos de gestão das instituições escolares. Estas 
comunidades devem acompanhar um exercício plenodas unidades 
escolares, um trabalho conjunto com os formadores e formandos. 
 
 Curso de Licenciatura em Admistração e Gestão de Educação 133 
 
 
Unidade 6 
Actualmente, têm se observado mudanças/reformas curriculares em 
África e em Moçambique em particular. Procure fazer uma 
abordagem deste assunto, identificando os avanços, vantagens e 
desvantagens. 
As mudanças/reformas curriculares acontecem numa época em que 
há necessidade de reajustar a educação ao encontro da modernidade 
vivida. 
À semelhança do que acontece em muitos países do mundo, 
Moçambique tem se preocupado, e muito, com a educação do seu 
povo e das novas gerações em particular, como ilustram as várias 
reformas educacionais que ocorreram e ocorrem desde o nível 
primário até o universitário. Tais reformas educacionais 
começaram logo após a independência política do país em 1975 e 
privilegiam aspectos que vão desde o conteúdo até à estrutura. 
Muitos especialistas em educação, sociólogos e não só, defendem 
que uma das principais razões da reforma curricular, em qualquer 
parte do mundo, é de adoptar o cidadão, em especial as novas 
gerações, de um saber científico e tecnológico que o permite 
coabitar em harmonia com o mundo que o rodeia. 
134 Sociologia das Organizações Educativas 
 
Notas Finais 
Após esta longa caminhada, você acaba de ter alguns subsídios da 
organização educacional, estudados no âmbito da Sociologia das 
Organizações Educativas. 
Você está de parabéns por ter chegado até aqui e esperamos que as 
lições tenham sido do seu agrado. Importa realçar que este constitui 
o início do estudo da Sociologia, em virtude de existir uma 
multiplicidade de aspectos a aprofundar e a aprender. 
Este trabalho pode/deve ser continuado através leituras de livros 
das instituições educativas da sua comunidade e discussões com 
outros colegas, tarefas que achamos ter vindo a desenvolver sempre 
que estudava as diferentes lições. Para nós, resta-nos agradecer-lhe 
por todo o esforço empreendido ao longo de todo este processo. 
Bem-haja.

Mais conteúdos dessa disciplina