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GESTÃO DE CUSTOS Aline Alves Outras classificações dos custos de mão de obra Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o tempo ocioso e as horas extras. Reconhecer os benefícios adicionais associados aos trabalhadores de mão de obra direta. Discutir as classificações relacionadas ao custo de mão de obra. Introdução O tempo ocioso representa o período em que os colaboradores param a produção por algum motivo, que pode estar relacionado à manutenção das máquinas, à falta de energia elétrica, a greves, entre outros. Com a parada na produção, o colaborador deixa de trabalhar de modo direto, já que não está atuando com o produto, e passa a desenvolver outras atividades. Neste capítulo, você vai ler sobre os custos de mão de obra referentes ao tempo ocioso e às horas extras, os benefícios adicionais relacionados à mão de obra direta e as classificações do custo de mão de obra. Custos relacionados ao tempo ocioso e às horas extras Conforme Garrison, Noreen e Brewer (2013), a mão de obra direta só pode ser considerada quando está vinculada ao tempo em que é usada para a pro- dução. Dessa forma, se uma pessoa não está desenvolvendo suas atividades, independentemente do motivo, deixa de trabalhar de modo direto com o produto, assim, esse período ocioso ou utilizado para outras atividades não é mais classifi cado como mão de obra direta. De acordo com Martins (2003), se ocorrer falta de matéria-prima ou energia elétrica ou houver a necessidade de manutenção de equipamentos ou qualquer outro motivo, esse período não usado será convertido em custo indireto para rateio à produção. Já, se ocorrer parada na produção por razões não habituais e o valor envolvido for significativo, esse período será convertido de forma direta para perda do período, o que ocorre, por exemplo, no caso de greves mais extensas. Ressaltamos que o custo de mão de obra direta não se confunde com o valor total pago à produção, ou seja, com os custos diretamente vinculados à elaboração do produto. A mão de obra direta se altera conforme o que é produzido, ou seja, conforme a quantidade a ser produzida, mas, quando se trata do pagamento relacionado aos colaboradores da produção, estes são considerados fixos. Se a ociosidade for considerada habitual ou normal e o colaborador for mantido mesmo sem realizar atividades, é comum que esse período seja considerado como tempo improdutivo alocado dentro dos custos indiretos para ser rateado considerando toda a produção. É importante destacar que a expressão tempo improdutivo é considerada inadequada, já que não representa um tempo completamente parado. Se a empresa possuir momentos de paradas na produção em períodos específicos, como, por exemplo, falta de uma peça necessária para a produção no mercado, deverá fazer uso de um sistema de provisão a fim de ratear esses custos indiretos a todos os produtos desenvolvidos no ano, ou seja, o rateio não será feito somente aos produtos desenvolvidos no mês ou ao tempo não usado da mão de obra direta. Quando a parada ocorrer por circunstâncias impostas, como, por exemplo, a preparação de equipamentos para um produto específico, recomenda-se que esse valor seja vinculado diretamente ao produto. Outras paradas normais se referem ao momento que os colaboradores utilizam para descanso ou lanche, entre outros, mas que necessitam ser obser- vadas a fim de lhes determinar um procedimento específico. Em geral, esse tipo de parada é entendido como tempo produtivo, quando acontece em uma produção simultânea ou em ordens de longo intervalo de tempo. Outras classificações dos custos de mão de obra2 Em conformidade com Garrison, Noreen e Brewer (2013), com relação às horas extras, o prêmio pago aos operários de fábrica é avaliado como custos indiretos de produção, não sendo somada a nenhuma ordem de produção específica. As horas extras não são vinculadas à ordem de produção por ser conside- rado impróprio e arbitrário cobrar o prêmio de horas extras de uma ordem de produção específica devido à ordem coincidir com o período final da produção. Para entender os custos que refletem nas horas extras, é necessário esclare- cer que o total das horas trabalhadas, normalmente, corresponde a uma carga horária de 220 horas por mês, conforme expresso na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), exceto as decididas por meio de acordos de categorias. Quando o colaborador não for contratado pela CLT, terá um contrato de prestação de serviço ou similar, que apresentará suas atividades, o valor do seu salário e o total de horas trabalhadas. Para que a empresa realize o cálculo das horas trabalhadas, deve dividir o salário bruto pela quantidade de horas que o colaborador trabalhou. Com relação ao custo da hora extra, este representa um valor maior do que a hora normal trabalhada. Quando a empresa necessita que o colaborador realize horas extras, ela terá um custo adicional de, no mínimo, 50% acima do valor de uma hora normal de trabalho. De acordo com o art. 59 da Lei nº. 13.467, de 13 de julho de 2017 (CLT), podemos averiguar o exposto com relação às horas extras: Art. 59 A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. § 1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. (BRASIL, 2017, documento on-line). Quando as horas extras de um colaborador ocorrerem de forma permanente por um período anual, esse valor passará a ser integrado ao salário mensal. 3Outras classificações dos custos de mão de obra Exemplo de cálculo de hora extra: se um colaborador possui o salário de R$ 1.600,00 e sua contratação corresponde ao total de 220 horas trabalhadas no mês, o custo da hora será de R$ 7,27, considerando 50%. Se esse mesmo colaborador fizesse hora extra para a empresa em que trabalha, o custo mínimo da hora extra seria de R$ 3,64 (50%), que seriam adicionados à hora normal do colaborador. As horas extras não são previsíveis, pois ocorrem conforme a necessidade da empresa diante de suas atividades. O mesmo ocorre com o tempo ocioso, já que não se pode prever a falta de energia elétrica decorrente de um acidente de trânsito, por exemplo, ou ainda em virtude de desastres naturais, como mudanças climáticas. Vantagens complementares relacionadas aos operários de mão de obra direta De acordo com Martins (2003), as vantagens complementares da mão de obra são constituídas por meio de custos vinculados à ocupação dos operários que recebem mediante o serviço realizado na empresa. Tais benefícios são inclusos, como, por exemplo: planos de aposentadoria; benefícios relativos ao seguro-desemprego; programas de seguros. É de responsabilidade da empresa também o pagamento relativo a alguns benefícios, que, no total, somam uma média de 30 a 40% do salário-base, conforme segue: Outras classificações dos custos de mão de obra4 parcela de seguro social; planos de saúde; encargos empregatícios; vale-refeição; vale-transporte; seguro-desemprego estadual. Diversas empresas consideram esses custos como mão de obra indireta, adicionando tais custos aos custos indiretos de produção. Conforme Athar (2005), o custo de mão de obra representa a taxa por hora, no salário diário, ou semanal ou mensal pago aos colaboradores. Além do pagamento realizado pela empresa aos colaboradores, outros fatores são somados ao custo da mão de obra, como, por exemplo: horas extraordinárias; pagamento de prêmios relacionados ao trabalho desenvolvido pelos colaboradores quando ocorrido em feriados, sábados e domingos; bonificações ou adicionais relacionados à mudança de turno; motivações de produção, referindo-se a prêmio de assiduidade, prêmio por tempo de serviço, prêmio em virtude da não ocorrência de acidentes de trabalho, bonificaçãonatalina e de final de ano; férias; décimo terceiro salário; custos relacionados ao treinamento dos colaboradores. Todos esses benefícios são somados ao custo que a empresa possui com relação à mão de obra. De acordo com Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 139), outras empresas entendem esses custos da seguinte forma: Outras empresas tratam a parte dos benefícios adicionais que está relacio- nada à mão de obra direta como custos adicionais de mão de obra direta. Essa abordagem é conceitualmente superior porque os benefícios adicionais oferecidos aos trabalhadores de mão de obra direta representam claramente um custo adicional sobre seus serviços. Vale ressaltar que algumas empresas estão utilizando como critério apre- sentar aos colaboradores os custos dos benefícios a fim de deixá-los cientes da sua relevância e da quantidade de recursos aplicados. Ainda, existem empresas que possuem equipes com o intuito de mensurar o desempenho dos 5Outras classificações dos custos de mão de obra benefícios, monitorar seus custos e aprimorar constantemente sua qualidade e adaptação (MARTINS, 2003). Classificações relacionadas ao custo de mão de obra Segundo Ferreira (2007), os custos relacionados à mão de obra envolvem os gastos que a empresa possui com os colaboradores que desenvolvem ativida- des dentro da organização, aplicando sua força de trabalho na elaboração da matéria-prima de mercadorias de modo direto ou indireto. Alguns dos custos que pertencem à mão de obra envolvem, entre outros: remuneração; Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS); salários; encargos sociais e trabalhistas. Os custos relativos à mão de obra podem ser divididos em custos diretos e indiretos. Custos diretos Os custos diretos podem ser apropriados imediatamente a um tipo de produto ou serviço. Também podem ser apropriados de forma direta a uma atividade de acumulação de custos, podendo ser um produto, uma ordem de produção, um serviço, um centro de custo, uma atividade ou um setor da organização. São exemplos: matéria-prima direta, mão de obra direta, entre outras. Existem casos particulares em que todos os custos são aplicados como diretos. Nesses casos, a empresa produz um único tipo de produto que não se modifica no quesito qualidade, volume ou qualquer outra característica. Podem ocorrer também casos em que a empresa executa somente um único serviço, assim, existem somente custos diretos. Outras classificações dos custos de mão de obra6 Um exemplo de custo direto pode ser o aluguel de um galpão se nesse local for produzido um único tipo de produto. Da mesma forma que um produto é considerado direto para uma empresa, ele pode ser classificado como indireto por outra, dependendo de cada tipo de empresa. Custos indiretos Os custos indiretos se referem aos que ocorrem, em geral, em um grupo de atividades ou setores ou na empresa em geral, sem oportunidade de apropriação direta em cada uma das atividades de acumulação de custos. O custo indireto é aplicado em organizações que produzem mais de um tipo de produto, podendo possuir diferentes características com relação ao seu volume ou à qualidade para um só produto. Ocorre o mesmo quando a organização presta mais de um tipo de serviço. Normalmente, quanto mais tipos de produtos ou serviços a organização possuir, maior a quantia de custos indiretos que utilizará. Já, se a situação for inversa, a quantidade de custos indiretos será reduzida, e os custos diretos serão a maioria. A mão de obra indireta corresponde aos colaboradores vinculados à pro- dução, no entanto, não reflete de modo direto na elaboração do produto. Um exemplo de mão de obra indireta é a remuneração do gerente ou supervisor da produção, bem como dos empregados que atuam na manutenção de máquinas e equipamentos, na vigilância da empresa, entre outros. 7Outras classificações dos custos de mão de obra Os custos indiretos dependem de rateios para serem destinados aos diversos tipos de produtos ou serviços. São exemplos: aluguel, energia elétrica, água, entre outros. No entanto, nem sempre os exemplos apresentados serão custos indiretos, pois, dependendo da situação, eles poderão ser considerados custos diretos (FERREIRA, 2007). ATHAR, R. A. Introdução à contabilidade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. BRASIL. Lei nº. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1>. Acesso em: 16 ago. 2018. FERREIRA. J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GARRISON, R.; NOREEN, E. W.; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Leituras recomendadas CORTIANO, J. C. Processos básicos de contabilidade e custos: uma prática saudável para administradores. Curitiba: Intersaberes, 2014. CRUZ, J. A. W. Gestão de custos: perspectiva e funcionalidades. Curitiba: Intersaberes, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. SILVA, E. J.; GARBRECHT, G. T. Custos empresariais: uma visão sistêmica do processo de gestão de uma empresa. Curitiba: Intersaberes, 2016. Outras classificações dos custos de mão de obra8