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Vascularização do Tórax Introdução O tórax é uma região densamente irrigada e inervada, uma vez que contém estruturas vitais. Esses vasos se distribuem tanto para a irrigação da parede quanto para a distribuição das vísceras encontradas no mediastino e nas cavidades pleurais. Além disso, a drenagem venosa dessa topografia também é importante, dada sua rica circulação colateral com outros sistemas. Ramos Iniciais da Aorta A aorta é uma artéria da base cardíaca que se divide em ascendente, arco aórtico e descendente, sendo essa última porção dividida em torácica e abdominal. Na aorta ascendente, ela, a partir do seio aórtico, emite as artérias coronárias, que irrigam o coração, sendo esses os primeiros ramos. Os outros ramos iniciais surgem do arco aórtico, quando se emite o tronco braquiocefálico, que se divide em artéria subclávia direita e carótida comum direita, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia direita. Dessas, alguns ramos da subclávia merecem destaque pela contribuição no tórax. Artéria torácica interna: essa artéria, antes conhecida como mamária interna, é um ramo da primeira porção da subclávia, que desce margeando o osso esterno e é responsável por irrigar a parede ântero-lateral do tórax através da emissão das artérias intercostais anteriores, que possuem inclusive ramos superficiais que irrigam estruturas como a mama. Ela também emite ramos para o pericárdio e diafragma (pericardiofrênicos). Em nível da sétima ou oitava cartilagens costais, essa artéria se divide em artéria musculofrênica, que irriga os músculos intercostais e o diafragma; e outro ramo entra no abdome através do forame de Morgagni, situado entre o esterno e o diafragma, para ajudar na irrigação do abdome como artéria epigástrica superior. Ponte de mamária: a artéria torácica interna, pela ampla circulação colateral do lado contralateral e de artérias como a torácica suprema, pode ser retirada como enxerto no caso de oclusão coronária, em um procedimento conhecido por ponte de mamária. Artéria torácica suprema: ramo que se origina do tronco costocervical, comumente emergindo da terceira porção da subclávia mas também podendo surgir da artéria axilar. Também é dita intercostal superior e irriga posteriormente os três primeiros espaços intercostais. Ramos Parietais da Aorta Torácica Após o arco aórtico, a aorta se dirige à esquerda e desce, sendo que sua porção descendente passa pelo hiato aórtico (formado pelo ligamento arqueado mediano), formando a porção abdominal. Intercostais posteriores: são emitidas pela aorta torácica, correm posteriormente à pleura parietal, dirigindo-se para frente e são responsáveis pela vascularização póstero-lateral do tórax, do terceiro ao décimo primeiro espaços intercostais. Essas artérias se anastomosam à torácica suprema nos primeiros espaços intercostais e também com as intercostais anteriores, formando uma ampla rede vascular para a parede do tórax, além da importante circulação colateral com a artéria subclávia. Artéria subcostal: ramo parietal terminal da aorta torácica, irriga abaixo da décima segunda costela. Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Vascularização do Tórax Bloqueio do feixe intercostal: o feixe neurovascular intercostal é composto pelas anastomoses entre as artérias e veias intercostais anteriores e posteriores e nervo intercostal, que sai das raízes medulares. O feixe transita pelo sulco costal, sendo ponto de referência nos bloqueios locais, na drenagem. Ramos Viscerais da Aorta Torácica Artérias brônquicas: geralmente três artérias, duas para o brônquio esquerdo e uma para o brônquio direito. Elas se dividem seguindo os segmentos pulmonares, chegando aos alvéolos o que garante nutrição pulmonar, de forma que o órgão possui irrigação funcional (artérias pulmonares) e nutrícia. Ramos esofágicos: o esôfago possui irrigação segmentar, feita por ramos extraglandulares da tireóidea superior no pescoço, por ramos esofágicos da aorta torácica na topografia do tórax e por ramos da gástrica esquerda no abdome. Quase a totalidade do esôfago torácico é irrigada por ramos esofágicos. Drenagem do Tórax O tórax possui uma drenagem representada pelas veias torácicas internas e pelo sistema ázigos. Parte do sangue venoso das veias brônquicas se mistura ao sangue arterial trazido ao átrio esquerdo, mas, como em menor proporção, não há repercussão. Veias torácicas internas: assim como as artérias, são responsáveis pela drenagem da porção anterior dos espaços intercostais, além de parte de estruturas superficiais como as mamas. Elas desembocam diretamente nos troncos braquiocefálicos direito e esquerdo e assim, chegam à veia cava superior. Sistema ázigos: o sistema ázigos recebe esse nome por ser formado por uma veia solitária ou veia ázigos, que corre à direita da coluna vertebral e desemboca na cava superior, sendo complementada pelas veias hemiázigos e hemiázigos acessória que correm à esquerda. Esse sistema é caracterizado por sua ampla circulação colateral com o abdome, com as vértebras e com a medula espinal. Além disso, é um sistema avalvular, de forma que o sangue pode subir (com a redução da pressão intratorácica), ou ter essa subida retardada ou até desviada com o aumento dessa pressão intratorácica. ⇒ Veia ázigos: se forma a partir da junção da veia lombar ascendente direita (junção das cinco veias lombares) com a veia subcostal direita. Drena a parede torácica posterior à direita e forma o arco da ázigos, que desemboca na veia cava superior. Suas tributárias intercostais posteriores se anastomosam com as intercostais anteriores da torácica interna. ⇒ Veia hemiázigos: se origina pela união da veia lombar ascendente esquerda com a veia subcostal esquerda, drena ínfero-posteriormente a parede torácica esquerda e pode receber a veia hemiázigos acessória antes de desembocar na ázigos. ⇒ Veia hemiázigos acessória: veia que se origina habitualmente das 4-5 primeiras veias intercostais posteriores que se unem para formá-la. Essa veia drena a parede póstero-superior do hemitórax esquerdo e desemboca na hemiázigos ou na ázigos. Ela também se anastomosa com veias intercostais supremas, mantendo colateralidade com o membro superior e podendo se dilatar na obstrução venosa. Câncer de mama: como a drenagem da mama é feita em parte pela intercostal anterior e essa se comunica com as intercostais posteriores, há uma relação dessa drenagem com o sistema ázigos. Como esse fluxo é dinâmico e pode ser invertido conforme a mecânica respiratória, um câncer de mama pode sofrer metástase hematogênica para a coluna vertebral e medula espinal (pelos plexos medulares com os quais se comunica). Varizes esofágicas: parte das veias abdominais que drenam para o sistema porta se comunicam com as veias esofágicas que drenam para o sistema ázigos (circulação colateral ázigo-portal) e por isso se dilatam (varizes esofágicas) em doenças que obstruem tal fluxo como cirrose e esquistossomose. Ruptura de aorta: condição de alta mortalidade que cursa com dilatação do mediastino na radiografia. Aortografia: é o exame radiográfico contrastado que permite o estudo da vasculatura aórtica, identificando estenoses, coarctações e roturas. Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Vascularização do Tórax