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Introduçã�
● Acúmulo de hemossiderina no fígado e em outros órgãos.
● Caráter progressivo e cumulativo.
Hemossiderose Hemocromatose
Acúmulo de pigmento, sem outras
lesões associadas e evidentes, não
traz maiores implicações deletérias
aos tecidos.
Acúmulo excessivo de
hemossiderina, geralmente em
diversos órgãos, com danos ao
tecido.
Pode ser observado em células do
sistema mononuclear fagocítico, como
macrófagos sinusoidais hepáticos e
macrófagos esplênicos, e células
parenquimatosas, como hepatócitos.
Lesões associadas: hemorragias,
necrose hepática multifocal e
fibrose tecidual.
A�sorçã� � transpo�t� d� ferr�
● Funções:
○ Importante para prevenir anemia e adequada resposta imune.
■ Cofator para várias vias metabólicas no organismo, incluindo
cadeia respiratória.
■ Componente integral do grupo heme, porção fundamental da
molécula de hemoglobina, a tornando capaz de transportar O2
para os tecidos.
● Aves tem regulação da absorção de Fe menos eficiente que mamíferos.
● Aproximadamente metade do Fe nos vertebrados está na forma de
mioglobina ou hemoglobina, sua quantidade é regulada principalmente pela
taxa de absorção intestinal.
● Animais deficientes podem aumentar em 3 a 10 vezes a captação de Fe dos
alimentos.
● As perdas são pequenas pois depois de absorvido é reciclado inúmeras
vezes.
● Fe 2+ e Fe 3+ são absorvidos pela mucosa duodenal:
○ Fe 3+: pouco solúvel em meios ácidos, precisa estar ligado a uma
proteína ligante de Fe para atravessar a membrana celular dos
enterócitos.
○ Fe 2+: muito solúvel em meios ácidos.
● A partir dos enterócitos é transportada para corrente sanguínea e depende
da transferrina para posteriormente ser transportada até o fígado.
● Os hepatócitos usam receptores específicos para internalizar a
transferrina em vesículas que, expostas a baixo pH, liberam íons de Fe.
● A absorção pode ser influenciada pôr:
○ Espécie.
○ Idade.
○ Qtd de Fe no organismo.
○ Estado de saúde.
○ Qtd e forma química do Fe ingerido.
○ Presença de outros componentes na dieta.
■ Vitamina C: quando no lúmen intestinal aumenta a absorção,
converte e o Fe 3+ em Fe 2+, facilitando a absorção de Fe não
heme.
● Outros ácidos orgânicos também têm efeito semelhante,
como málico, fumárico, lático e cítrico.
■ Magnésio, cobre, cobalto, cádmio e zinco: quando em níveis
elevados diminuem a absorção pôr competição pelos locais de
ligação no transportador.
■ Açúcares: altos níveis de sacarose e frutose aumentam a
deposição de Fe no fígado.
● Não acontece com glicose e amido.
■ Cálcio, carbonato, fosfato, oxalatos, fitatos e taninos:
formam com os íons Fe compostos insolúveis ou não absorvíveis,
dificultando sua assimilação.
● É armazenado no meio intracelular na forma de ferretina, livre no
citoplasma, ou na forma de grânulos de hemossiderina.
○ Excesso de Fe: se deposita nas células como hemossiderina.
■ Hemossiderina = pigmento amarelo-ouro a castanho em cortes
histológicos corados com HE. Vista em grandes acúmulos
granulares, porém quando em grânulos mais delicados, de
distribuição difusa, é difícil detectar com colorações rotineiras,
melhor usar então azul da Prússia ou de Perls, que tinge os
acúmulos de azul.
Fígado, grandes depósitos hepáticos de hemossiderina, principalmente em macrófagos (A), e hemossiderose
difusa (B), difícil visualização, sob a técnica de coloração convencional. Papagaio-charão (Amazona pretrei).
Coloração de hematoxilina e eosina; barra = 20 μm.
Fígado com hemossiderose hepática difusa, revelada pela reação de azul da Prússia (A), e a mesma imagem,
preparada para análise morfométrica após delimitação dos acúmulos (B). Papagaio-charão (Amazona pretrei).
Ocorrênci�
● Espécies mais comuns, mesmo quando alimentada com dietas aparentemente
pobres em ferro:
○ Maínas (Gracula religiosa).
○ Estorninhos-comuns (Sturnus vulgaris).
○ Tucanos (Ramphastos spp.).
○ Araçaris (Pteroglossus sp.).
○ Calaus (Bucerotiformes).
○ Psitacídeos.
○ Aves-do-paraíso (Paradisaeidae).
● Outras aves propensas:
○ Cotingidae (cotingas e anambés).
○ Pipridae (tangarás-dançarinos e uirapurus).
○ Fringillidae (gaturamos).
○ Thraupidae (tiês e sanhaços).
○ Corvidae (corvos e gralhas).
○ Ptilonorhynchidae (espécies australianas).
○ Laniidae (shrikes).
○ Coraciiformes: Alcedinidae (martins-pescadores).
○ Coraciidae (rollers).
○ Columbiformes: Columbidae (pombas e rolinhas).
○ Anseriformes: Anatidae (marrecos).
○ Phoenicopteriformes: Phoenicopteridae (flamingos).
○ Musophagiformes: Musophagidae (turacos).
○ Galliformes: Cracidae (mutuns).
Etiologi� � patogeni�
● Etiologia multifatorial.
● Componentes genéticos estão envolvidos, mas é uma característica de toda
uma espécie, e não um indivíduo.
○ Aves-do-paraíso: absorvem 90% do Fe ingerido.
○ Seres humanos: 10%.
○ Maínas absorvem mais Fe do que pombos e tem mais transportadores
do que galinhas domésticas.
● Aves de vida livre tem habilidade de absorver Fe muito eficiente, mesmo
quando os níveis dietéticos são baixos, na ocorrência de dietas ricas em Fe
não conseguem regular as taxas de absorção ou mobilizar seus estoques.
● Excesso na dieta é um fator primordial.
○ Pode ocorrer adição adicional de Fe na fabricação de rações, pela
contaminação com equipamentos de metal.
○ Subprodutos de origem animal torna a absorção 3 x maior que em
produtos não heme.
○ Ocorrem variações nutricionais nos alimentos naturais devido ao solo,
clima e contaminantes, como fertilizantes.
● Quanto mais tempo em cativeiro maior o acúmulo.
● A vitamina C tem papel importante na mediação das lesões pois catalisa a
reação de redução de Fe 3+ a Fe 2+.
● A estação do ano pode modificar os requerimentos de Fe, em relação a
reprodução e a muda de penas.
○ Anseriformes no período pós-reprodutivo de muda de penas tem
depósitos maiores, em função da hematopoese aumentada durante a
reprodução.
○ Estorninhos-comuns é mais evidente no final do período de muda de
penas.
● Concentrações de ferro entre 10–6 e 10–7 M são necessárias para maioria
dos microrganismos para transporte de elétrons, glicólise, síntese de DNA e
defesa contra radicais livres de O2.
○ Micobactérias: especialistas em adquirir Fe do ambiente.
○ Indivíduos com infecções ou outras doenças inflamatórias tem redução
dos níveis séricos de Fe (hipoferremia da infecção), pela ação da
interleucina-1.
■ Mecanismos de defesa para limitar a infecção.
■ Proteínas ligantes de ferro participam deste “sequestro”, como a
lactoferrina, importante substância bacteriostática presente no
colostro e nos grânulos específicos de neutrófilos, e a
transferrina.
Diagn�stic�: sinai� clínic�� �
anatomopatológic��
● Sinais clínicos:
○ Inespecíficos e raramente notados antes de estágios terminais da
doença.
○ Casos graves: insuficiência cardíaca e hepática, resultando em ascite,
dispneia e apatia.
○ Hepato, cardio e esplenomegalia.
○ Descoloração hepática, de amarelo a marrom.
○ Tucanos podem morrer subitamente, sem sinal e com boas condições
físicas.
● Diagnóstico in vivo:
○ Desafio.
○ Hepatomegalia confirmada pôr exames de imagem, mas não é
patognomônica.
○ Exames de mensuração de estoque de Fe estão disponíveis para
mamíferos, mas para aves não é útil pela variedade de espécies e falta
de referência.
○ LDH e AST podem indicar a extensão dos danos hepáticos.
○ Biópsia hepática + exame histopatológico ou dosagem de Fe pôr
técnicas químicas ou pôr espectrofotometria de absorção atômica:
principal método, porém é invasivo, considerar riscos anestésicos e
cirúrgicos.
● Histopatológico:
○ Fibrose e cirrose hepática são as mais graves, além de
colangio-hepatite crônica, hepatocitomegalia e degeneração vacuolar
hepatocelular.
● Quantificação dos depósitos de Fe em secreções histológicas pela
morfometria computadorizada:
○ Método acurado e simples.
○ Cortes corados com azul da Prússia (técnica de Perls); identifica
depósitos de hemossiderina em azul.
○ Áreas ocupadas pelo pigmento nas fotomicrografias digitais podem ser
delimitadas e comparadas a área total,estimando o grau de deposição.
○ Permite a investigação de biópsias recém-colhidas e materiais de
arquivos.
○ Permite a análise de grande número de amostras e acesso a
distribuição arquitetural desses depósitos.
○ Apresenta correlação com a espectrometria de absorção atômica e
com a análise bioquímica dos fragmentos, exames que usam
equipamentos mais caros que só tem em grandes centros.
● US quantitativo e ressonância magnética não são eficientes para avaliar os
depósitos hepáticos de Fe.
Cavidade celomática de tucano-toco (Ramphastos toco) com ascite (seta) e hepatomegalia.
Cavidade celomática de papagaio-charão (Amazona pretrei), hepatomegalia e descoloração hepática.
Tratament�
● Dietas com baixos níveis de Fe:
○ Clara de ovo cozida, batata fervida, milho, trigo, maçã, banana, pêra,
figo, mamão e melão.
● Quelantes de Fe:
○ Desferroxamina: liga-se ao Fe tanto isoladamente quanto estocado na
forma de ferritina e hemossiderina, e depois é excretado pela urina e
fezes. Uso comum em seres humanos, mas em animais é raro.
■ 100 a 200 mg/kg, SC, 1 x/dia, durante várias semanas até que os
efeitos sejam percebidos.
○ Deferiprona:
■ 50 mg/kg, VO, 2 x/dia, pôr 30 dias.
● Folhas de chá-preto como fonte de tanino em experimento com
estorninhos-comuns:
○ Reduz acúmulo de Fe, mas tanino é tóxico e pode reduzir a digestão de
proteínas, quelar outros minerais e inibir o apetite, usar com cautela.
● Inositol e ácido tânico nas dietas com pouco Fe não teve efeito de redução
de depósitos em estorninhos-comuns.
● Flebotomia:
○ Força o uso de Fe estocado, mas é muito estressante, mais usado em
humanos, não tanto em animais.

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