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Relatório Seminário – FHTMSS III - 3º período do Serviço Social - 2021 Grupo 3 – Capítulo 2 a 2.2. – A renovação do Serviço Social sob a autocracia burguesa – Ditadura e Serviço Social, José Paulo Netto Pode-se avaliar que o processo de trabalho social no âmbito da autocracia burguesa é dinâmico e pode se adaptar às necessidades daquele período. Logo após a autocracia ter sido superada, o trabalho social desenvolveu algumas potencialidades. Por outro lado, o trabalho social se depara com uma variedade de pontos de vista e novas teorias e recomendações de métodos, novas ideologias, novos projetos profissionais, muitas práticas alternativas de formação e sugestões, tudo isso muito repentino, porque o trabalho social é uma categoria profissional de organização desconhecida. José Paulo Netto traz como é claro a diferenciação do cenário do Serviço Social de antes e depois da vigência da autocracia, conseguimos clarificar bem o processo de Renovação Profissional do Serviço Social. Essas novas características que foram atribuídas após a renovação, foram articuladas partindo do rearranjo das tradições do Serviço Social e embasadas na tendência do pensamento contemporâneo, e implicou à construção de um pluralismo profissional que é enraizado nas diferentes maneiras de agir, mas que são embasadas na legitimação prática e na validação teórica. Com base a esses novos traços mencionados, o que nós devemos entender é que o processo de Renovação do Serviço Social, essa ruptura, e todo o processo em si, foi muito complexo, com muitos rompimentos, de muita tensão sobre a transformação e mais ainda sobre a permanência, mas os espaços e os novos traços trouxeram várias tendências que se pode enriquecer a profissão e ir definindo e se desenvolvendo. A autocracia burguesa é atribuída a função precipitadora de um processo de erosão do Serviço Social “tradicional”. Com efeito, o quadro econômico-social do final dos anos 50, em plena alavancagem da industrialização pesada, colocava demandas de intervenção sobre a questão social que desbordavam amplamente as práticas profissionais que os assistentes sociais brasileiros estavam cristalizando como próprias da sua atividade. De acordo com Netto, existem três elementos relevantes para detectar a erosão do Serviço Social Tradicional: a dissincronia com as solicitações contemporâneas; a insuficiência da formação profissional; e a subalternidade executiva. Estes foram desdobrados durante o II Congresso Brasileiro de Serviço Social, realizado no Rio de Janeiro em 1961. A crise do serviço social tradicional veio à tona nos anos sessenta se tornando um fenômeno internacional, de maneiras diferentes envolvendo várias razões para justificar este fenômeno, já que os anos sessenta foram marcados por terremotos econômico-sociais, políticos ideoculturais. Alguns núcleos problemáticos em relação ao serviço social, podem responder pelos traços gerais da erosão da legitimação das suas formas que até então eram consagradas, e em escala mundial já não se trata mais de um mapeamento, cujo objetivo limita-se a acentuar o que indiscutivelmente incidiu sobre a profissão. No que toca a distribuição diacrônica da elaboração profissional, nosso exame sugere um cenário em que registram 3 momentos privilegiados de condensação da reflexão e o primeiro cobre a segunda metade dos anos sessentas o segundo é constatável um decênio depois e o terceiro localiza na abertura dos anos oitenta. Os documentos de Araxá e Teresópolis produzidos têm características diferenciadas, mas são modelares na tentativa de adequar o Serviço Social como instrumento de suporte a políticas de desenvolvimento e adequar as (auto) representações profissionais as tendências sociopolíticos da Ditadura, que não se punham como objeto de questionamento. O pensamento pós-moderno tem exatamente a noção de que parece que tudo começa agora e que nada acontece através de grandes processos, tudo brota, tudo é um videoclipe, tudo começa e termina. Não é bem assim na nossa concepção, então eu acho que recuperar esse eixo de análise dessa trajetória e dessa constituição histórica desses processos é essencial, pra aprender inclusive algumas questões de análise mesmo, que são fundamentais: que a profissão é tanto produto histórico, das circunstâncias históricas, como produto do protagonismo e da direção social de seus agentes. Ao realizar esta retomada da trajetória recente do Serviço Social brasileiro, podemos concluir que não se trata apenas da história do Serviço Social, mas também do Serviço Social na História.