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DSO-CICH 
Fundamentos de Análise Sociológica – ERE 
I – 2021 – Professor Silvio Salej Higgins 
Fichamento de Leitura Nº1 
Michelle Abreu Dos Santos 
 
HOLANDA, Sérgio Buarque. As Raízes do Brasil. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1995. Trabalho e Aventura. 
 
Resumo ou abstract 
Neste capítulo, Sérgio Buarque descreve e analisa os dois tipos 
predominantes na colonização brasileira: o trabalhador e o 
aventureiro. O primeiro, sendo o tipo mais conservador, que 
planeja os riscos a longo prazo e com muita responsabilidade. Já 
o aventureiro, é o seu oposto: busca por conquistas fáceis e 
rápidas, sem precisar de muito empenho: uma pessoa audaz, 
irresponsável e instável. 
Assim, toda tentativa de valorização do trabalho, como feito pelos 
holandeses, fracassou ou teve alcance limitado, ao contrário dos 
portugueses que melhor se adaptavam aos costumes locais. 
 
Os portugueses foram pioneiros na conquista do trópico para a civilização e 
nenhum outro povo do Velho Mundo foi tão bem aventurado nessa missão. Tanto que, 
por fim, os portugueses que conseguiram expandir e ocupar o território brasileiro. 
No segundo capítulo de Raízes do Brasil, Trabalho & Aventura, Sérgio Buarque 
de Holanda discorre o tema sobre a colonização dos chamados Novos Mundos e que, 
apesar do espírito desbravador dos colonizadores, não foi a vontade construtora e 
energética que garantiu a sua posse, antes houve um desleixo e certo abandono. 
Há a separação da vida coletiva em dois tipos: o aventureiro e o trabalhador e 
esses dois princípios irão ditar a forma como as decisões são tomadas. O trabalhador, 
primeiro vê o obstáculo e não o triunfo a alcançar. Dessa forma, se planeja a longo prazo 
de forma mais responsável, tomando medidas mais conservadoras com um horizonte mais 
restrito. Já o aventureiro, ao contrário do trabalhador, ignora os obstáculos e tudo no 
mundo está a sua disposição para tomar, vive da ambição e conquista. Como diz Sérgio 
em seu texto, esse tipo espera colher o fruto sem plantar a árvore. 
Para a conquista dos novos mundos, o “trabalhador” teve uma participação 
limitada, pois essa época urgia aos gestos e características de aventureiros, que tinham 
pouca disposição para os trabalhos sem compensação próxima, como diz Holanda em seu 
texto. Isso que levava os povos ibéricos a viajarem a outros continentes em busca de 
materiais, tais quais como os ingleses. Essa ânsia de prosperidade sem custo é uma 
característica notória de povos aventureiros. 
Porém, contrapondo alguns pontos no capítulo, Sérgio Buarque ressalta que com 
o choque de costumes, raças e clima há uma releitura desses costumes. Os portugueses 
tiveram que recriar, no país colonizado, o meio de sua origem e o fizeram com muita 
facilidade: 
“Onde lhes faltasse o pão de trigo, aprendiam a comer o da terra, (...) consumia 
farinha de mandioca fresca, feita no dia. Habituaram-se também a dormir em 
redes, à maneira dos índios.” (HOLANDA, Sérgio Buarque, 1995, p.47). 
Os portugueses agora assumem a postura de “trabalhadores”, adequando seus 
modos ao meio em que estão inseridos para maior adequação. Esse discurso paradoxo 
toma forma por todo o resto do capítulo, mas sem tirar a coerência dos fatos ou tomar 
qualquer opinião extremista. 
Ao passar do tempo, os portugueses avançaram para o Nordeste do país com um 
regime de exploração latifundiária e monocultura. Com a abundância de terras férteis e 
mal desbravadas, faltava apenas a questão do trabalho que foi frustrada ao ser atribuída 
ao trabalho braçal dos indígenas, o meio mais fácil seria a introdução de escravos 
africanos. Os indígenas tinham uma predisposição natural à caça, pesca, indústria 
extrativista e criação de gado, mas não se acomodavam em trabalhos acurados e 
metódicos como os dos canaviais. 
Os indígenas não eram susceptíveis à certas noções de ordem, constância e 
exatidão que o europeu tinha como requisitos fundamentais para a existência social e 
civil. Dessa forma, as partes não conseguiam se compreender, mesmo com o 
silenciamento e passividade dos indígenas frente ao colonizador. 
O português buscava riqueza, mas a riqueza que custa ousadia e não a que custa 
tranalho, como diz Sérgio, com isso, todo o lucro obtido da “grande lavoura” praticada 
no Brasil, veio dos esforços de mãos e pés negros. Afinal, o trabalho agrícola era muito 
menos interessante do que as aventuras marítimas e as glórias da guerra e da conquista, 
como admitiu Damião de Góis. Outra coisa que vale ser ressaltado nesse texto, é que o 
trabalho coletivo não era promovido pelo espírito de cooperatividade, mas sim de 
competição e rivalidade. O ganho pessoal estava sempre a cima do coletivo. 
Os portugueses sabiam repetir bem o que estava sendo feito ou o que aprendiam 
com a rotina, e isso soma outra face à sua plasticidade social, não vista em outros países: 
a ausência de qualquer orgulho de raça o que trouxe a mistura de gente de cor, não que 
isso eliminasse o racismo vigente. Os indígenas, que tinham um espírito mais aventureiro, 
ajustaram-se melhor aos padrões de vida das classes nobres. Em 1775, o governo até o 
casamento de brancos e indígenas. Os negros continuavam com suas atividades limitadas 
ao trabalho pesado, invisíveis à sociedade. 
Outro marco foi com a vinda dos Holandeses, mais rígidos às mudanças, tentaram 
fazer uma releitura da sua Europa nos trópicos, construindo uma Recife exuberante, mas 
que apenas segmentou mais as classes rurais e urbanas. Essa grandeza de fachada apenas 
escondia a dura realidade econômica e os mesmos não conseguiam competir na produção 
da lavoura. Poucos saíam das cidades para o campo e a importação de famílias de 
lavradores da mãe-pátria não teve sucesso, estavam confortáveis em sua terra, faltando o 
espírito aventureiro para desbravar uma nova terra. 
Os portugueses ganharam nesse quesito, com maior adaptabilidade, 
americanizava-se ou africanizava-se conforme fosse necessário, ao contrário dos 
holandeses. A própria língua portuguesa teve vantagem sobre a holandesa, sendo de 
melhor entendimento das raças colonizadas, o que ajudou nas atividades missionárias que 
levavam o catolicismo. 
Por fim, Sérgio conclui que foram muitas vantagens que os portugueses tiveram 
sobre os demais colonizadores. O seu espírito aventureiro foi essencial para mobilizar 
pessoas a conquistarem um novo território e a sua adaptabilidade ao meio e novos 
costumes conseguiu fixar o novo território. Além da plasticidade social que permitiu a 
miscigenação dos povos, fator que pode constituir uma nova pátria sem um esforço sobre-
humano. 
O que eu pude tirar desse capítulo, além de um entendimento geral sobre o 
processo de colonização, é que dá para trabalhar com os dois princípios: aventureiro e 
trabalhador, de forma conjunta e como isso respinga na nossa sociedade até os dias de 
hoje. Pude também entender melhor as relações entre as diferentes raças na colônia, e 
como a exploração dos negros foi um fator obrigatório no desenvolvimento da grande 
lavoura de exportação criada na colônia.

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