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CORRELAÇÃO CLÍNICA – LESÕES MEDULARES Lara Camila | 4º Semestre CASO CLÍNICO Adulto jovem, 26 anos, foi atendido na emergência, vítima e acidente durante uma trilha na chapada Diamantina e relatava “formigamento” nas pernas. Ao exame, paciente consciente, com motricidade e sensibilidade dos MMSS preservadas. No MID apresentava paresia (fraqueza) e perda das sensibilidades tátil epicrítica e proprioceptiva. No MIE e abaixo da região mamilar também à esquerda apresentou ainda redução da sensibilidade térmica e álgica. O médico de plantão considerou uma possível lesão medular e solicitou os exames de imagem que apresentaram: TCC do crânio normal, RNM da coluna evidenciando fratura vertebral com edema comprometendo a medula espinhal à direita. 1- A perda da motricidade é justificada pelo comprometimento de qual funículo medular? Pelo comprometimento do funículo lateral do trato cortico-espinal lateral. ➢ Paresia é a perda parcial da motricidade. O paciente do caso apresenta paresia no lado direito (mesmo lado da lesão), o que indica que algum trato motor foi afetado. Nesse caso, o trato afetado foi o cortico-espinal lateral, isso porque o trato cortico-espinal tem a função motora somática e suas fibras controlam tanto a musculatura axial, quanto apendicular. No entanto, o trato cortico- espinal anterior ocupa o funículo anterior da medula e termina em relação com os neurônios motores contralaterais, após cruzamento na comissura branca; já o trato cortico-espinal lateral ocupa o funículo lateral ao longo de toda a extensão da medula e suas fibras influenciam os neurônios motores da coluna anterior de seu mesmo lado. Por isso, o trato afetado foi o trato cortico-espinal lateral. 2- A perda da sensibilidade tátil epicrítica e proprioceptiva pode ser atribuída ao comprometimento de qual funículo medular? Ao funículo posterior/cordão posterior. ➢ A condução das informações de tato discriminativo e propriocepção consciente na medula é realizada pelo funículo posterior, através do fascículo grácil e cuneiforme. Esses fascículos sobem do mesmo lado na medula, ou seja, do mesmo lado em que o estímulo foi dado. Por isso, se houver lesão na medula direita, o paciente terá manifestações relacionadas ao funículo posterior no lado direito. 3- Do ponto de vista anatomofuncional, qual a justificativa para a perda da sensibilidade térmica e álgica contralateral à região medular edemaciada? A região medular edemaciada foi a direita, e o trato espinotalâmico lateral (temperatura e dor) que foi afetado, decussa na medula espinal, afetando assim, o lado contralateral. Ou seja, se houver lesão no lado direito do trato espinotalâmico lateral, o paciente terá temperatura e dor afetadas no lado esquerdo. OBS: essas manifestações são sempre abaixo da lesão. CONSIDERAÇÕES ANATOMOFUNCIONAL A medula espinal tem como função conduzir informações que entram e saem do encéfalo; os neurônios que fazem essa condução emitem axônios ascendentes (da medula para o encéfalo) e descendentes (do encéfalo para a medula) que vão formar os tratos – grandes vias da medula. ➢ As vias ascendentes são vias sensitivas, e as vias descendentes são vias motoras. REVISANDO.... O trato espino-talâmico passa pela comissura branca e sobe no outro lado na região do funículo anterior (formando o trato espino-talâmico anterior) e lateral (formando o trato espino-talâmico lateral), ou seja, ele cruza pela comissura branca anterior. Por isso, se o paciente tem uma lesão em um lado da medula, o acometimento será do lado contralateral ao da lesão medular. As vias do funículo posterior entram na medula e sobem diretamente para o bulbo. As fibras ascendem do mesmo lado que entrou e não há cruzamento na linha média a nível da medula, apenas mais acima no lemnisco medial. Assim, se houver lesão em um lado da medula, o acometimento será do lado homolateral ao da lesão medular. O trato cortico-espinal lateral é um fascículo/trato mais espesso, localizado no funículo lateral e suas fibras influenciam os neurônios motores da coluna anterior de seu mesmo lado. O trato cortico-espinal anterior é composto pelas fibras que não decussaram (apenas 10% das fibras); ocupam o funículo anterior da medula e terminam em relação com os neurônios motores contralaterais, após cruzamento na comissura branca. Resumindo... Funículo posterior: fascículos grácil e cuneiforme; Funículo lateral: trato cortico-espinal; Funículo anterolateral: trato espino-talâmico lateral; Funículo anterior: comissura branca + trato cortico- espinal anterior; OBS -> Os tratos são bilaterais; na imagem, para fins didáticos, estão sendo representados apenas de um lado para separar os tratos ascendentes e descendentes. ➢ VIAS DE DOR E TEMPERATURA Via neoespino-talâmica (trato espinotalâmico- lateral) – Dor aguda e bem localizada Via paleoloespinotalâmica (via espino-reticular- talâmica) – Dor crônica e não bem localizada ➢ VIA DE PRESSÃO E TATO PROTOPÁTICO Trato espinotalâmico anterior ➢ VIA DE PROPRIOCEPÇÃO CONSCIENTE (CINESTESIA), TATO EPICRÍTICO E ENSIBILIDADE VIBRATÓRIA Via Coluna dorsal-lemnisco medial ➢ VIAS DE PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE Trato espinocerebelar posterior Trato espinocerebelar anterior Trato cuneo-cerebelar As patologias da medula espinal: • Podem ser reversíveis se tratadas precocemente; • Podem ser devastadoras causando tetraplegia/paraplegia; Algumas lesões traumáticas podem fazer secção da medula e nesse caso, no nível atingido não terá mais reversão do caso, e o paciente pode cursar com tetraplegia ou paraplegia; uma intervenção precoce serve para evitar que a inflamação não alcance outros níveis medulares adjacentes. • Eficiência no diagnóstico e prognóstico dependem do conhecimento anatômico, funcional e clínico. Em pacientes com suspeita de lesão medular, precisamos ficar atentos à: • A história clínica: • Alteração de força muscular; • Alteração de tônus; Lesões no trato cortico-espinal, por exemplo, causam uma perda de modulação do neurônio motor que forma o nervo periférico. Assim, esse neurônio irá ficar hiper excitando o musculo, que ficará rígido. Nesse caso, temos uma lesão motora espástica (rígida). Lesões no motoneurônio – que faz inervação do músculo/placa muscular – geralmente cursam com hipotonia, ou seja, o músculo fica fraco. Nesse caso, temos uma paralisia ou plegia flácida – como ocorre na poliomielite e Síndrome de Guillain Barré. • Alteração de sensibilidade (analgesia/hiperalgesia/hipoalgesia); Analgesia é a perda de toda a sensibilidade interoceptiva (dor, temperatura, pressão, tato etc.); na clínica, esse termo é comumente utilizado para dor. • Alteração de reflexos (hiperreflexia/arreflexia/sinal de Babinski); No caso da lesão do trato cortico-espinal, o neurônio estará mais “solto”, ou seja, não será modulado, por isso, estará hiper excitando o músculo e os reflexos estarão aumentados. Sinal de Babinski: resposta extensora plantar (ao invés de uma flexora); pode indicar lesão superior no neurônio motor da medula espinhal na região torácica ou lombar, ou pode indicar doença cerebral – constituindo lesão no trato corticoespinhal. No caso de lesões no neurônio motor, teremos uma arreflexia, pois nem o tônus basal o músculo terá e, portanto, estará completamente sem estimulação. • Alterações autonômicas. A medula sacral (principalmente de S2 à S5) quando lesada, pode cursar com alteração de esfíncter e disfunção sexual. Para testar a medula sacral, podemos fazer o reflexo bulbocavernoso – se a glande for pressionada ou o clitóris for estimulado com um cotonete, o elevador do anos (musculatura do esfíncter anal) contrai. No caso de lesão na medulasacral, não haverá essa contração e o reflexo estará abolido. No entanto, se ocorre uma lesão sacral o paciente ainda pode ter ereção psicogênica – que ocorre no nível tóraco-lombar de T11 a L2. De mesmo modo, se houver lesão a nível de T11 a L2, ele pode ter um déficit na ereção psicogênica, mas a ereção reflexa estará preservada. Em relação à urina, temos 4 centros de controle: (1) Córtex cerebral (2) Ponte (3) Medula – região toraco-lombar de T11 a L2 (4) Medula sacral – com fibras simpáticas e parassimpáticas Como funcionam? Durante o sono quando a bexiga está plena, as fibras da medula são estimuladas e surge o arco reflexo para urinar, no entanto, a ponte abe que você está dormindo e inibe os impulsos que chegam através da medula, para que eles não cheguem ao córtex. Apenas quando chega no limite fisiológico o córtex é ativado e então a pessoa irá acordar para fazer xixi. Sinal de Lhermitte – ao realizar uma flexão da coluna cervical (leva o queixo ao tórax) haverá um choque no paciente que vai até o sacro. Esse sinal é sugestivo de esclerose múltipla. É uma sensação súbita e intensa como a de um choque elétrico, desencadeada em pessoas com esclerose múltipla (e outras condições) quando se movem ou flexionam o pescoço para frente. A sensação de choque pode passar pelo pescoço até a coluna e irradiar-se para os braços e pernas e, possivelmente, para o tronco; → Esse sinal ocorre devido ao dano que a EM provoca nos nervos, particularmente, desmielinização e hiperexcitabilidade. Quando a cabeça se inclina para frente ocorre uma comunicação inadequada entre os nervos danificados e o cérebro – que pode interpretar essas mensagens como dor, embora nenhuma causa física exista. Por isso, o sinal de Lhermitte é classificado como dor neuropática ou dor no nervo. LESÃO MEDULAR Paraplegia: é a perda motora dos membros inferiores; Tetraplegia: é a perda motora do membros inferiores e superiores; Monoplegia: é a plegia de apenas um membro; Hemiplegia: é a plegia de um lado do corpo; Diplegia; é a plegia ou paralisia dos dois membros inferiores ou dos dois membros superiores; a diplegia dos membros inferiores é conhecida como paraplegia. Quadriplegia: é a plegia dos quatro membros; LESÕES CORDONAIS ANTERO-LATERAIS Um tipo de lesão cordonal antero- lateral é a Síndrome da artéria espinhal anterior; essa artéria passa pela fissura mediana anterior, onde faz uma anastomose por todo o território vascular do funículo anterior e lateral. Por isso, pacientes com esse tipo de lesão, apresentam paraparesia com espasticidade (devido à lesão do trato cortico-espinal) e déficit sensorial dissociado abaixo do nível da lesão (devido à lesão do trato espino-talâmico lateral); ou seja, esse paciente tem ausência da sensibilidade térmica e álgica do local da lesão para baixo. ATENÇÃO -> nesse tipo de lesão o funículo posterior não é acometido, por isso os pacientes apresentam tato epicrítico discriminativo, propriocepção consciente e sensibilidade vibratória normais. Se essa lesão for no nível toraco-lombar ou sacral o paciente apresentará disfunção urinária, que pode ser incontinência ou continência urinária exacerbada – a chamada bexiga neurogênica. A síndrome da artéria espinhal anterior pode ser tanto unilateral, quanto bilateral. Os idosos chegam com esse quadro clínico relatando dor na coluna ao acordar; normalmente, têm osteoporose não tratada de vértebra e colo do fêmur – que são dois principais locais de fraturas espontâneas osteoporóticas. Assim, se houver fratura de vértebra, essa fratura irá acometer a porção anterior do arco vertebral e, quem irá comprimir será a artéria espinhal anterior. A fratura e a fissura são mais comuns em T10 e L1 porque o eixo da gravidade do nosso corpo age mais nessa região. ➢ Normalmente, pacientes idosos com essa fratura/fissura em T10 ou L1 apresentam fratura patogênica devido à osteoporose. ➢ Para saber se a fratura é antiga ou recente, é necessário fazer tomografia com contraste; se for recente: tratamento clínico com colete e analgesia ou tratamento cirúrgico (menos comum). Assim, concluímos que as lesões cordonais antero- laterais cursam com: • Paraparesia com espasticidade; • Déficit sensorial dissociado abaixo do nível da lesão; • Disfunção urinária; LESÕES CORDONAIS POSTERIORES As lesões cordonais posteriores afetam os fascículos grácil e cuneiformes – localizados no funículo posterior. Por isso, o paciente que tem essa lesão apresenta perda da propriocepção consciente, do tato epicrítico, da estereognosia e da sensibilidade vibratória. Se houver lesão completa, irá ocorrer a perda dessas sensações do nível da lesão para baixo; no entanto, se a lesão for parcial, ou seja, de apenas um lado, o paciente apresentará as manifestações apenas do mesmo lado da lesão. Uma isquemia da artéria espinhal posterior acomete parte do funículo posterior – pode acontecer em pacientes com hipertensão, diabetes e idosos. Além disso, a sífilis tem um tropismo pelo cordão posterior e, assim, se não for tratada, em sua fase tardia ela acomete o sistema nervoso e, principalmente, o funículo posterior. Assim, o paciente apresentará um quadro conhecido como Tábis Dorsalis – já que está na porção posterior da medula. COMPRESSÃO MEDULAR Listese: movimentação de uma vértebra em relação a outra; Antero-listese: quando o movimento é para frente; Retro-listese: quando o movimento é para trás; Latero-listese: quando o movimento é para o lado; Ao realizar uma hiperextensão da lombar, a coluna tenta compensar realizando um movimento contrário. Assim, o paciente pode apresentar uma compressão medular traumática. Se ele não for operado imediatamente, apresentará déficits motores e sensitivos na região da lesão para baixo. Um outro tipo de lesão por compressão medular é a lesão cominutiva – normalmente, ocorrem em lesões de trânsito que os pacientes relatam estar bem, no entanto, está com uma fratura óssea que está fazendo uma compressão medular e, com o tempo, chegará em um nível de compressão difícil de reverter. Outro exemplo de lesão por compressão medular é a hérnia de disco; Paciente de 5 anos com queixa de uma fratura espontânea na região torácica apresenta paraparesia bilateral abaixo da lesão, bem como analgesia completa de todos os tipos de sensibilidade. Paciente sem histórico de trauma, não se queixa de dor. ➢ Mal de Pott O Mal de Pott é a tuberculose vertebral que acomete muito criança, e tem preferência pelo arco anterior hipotorácico. Geralmente, a criança não sente a fratura porque é indolente e, geralmente, os pacientes são de uma classe social menos favorecida. Em adultos, é mais comum acontecer em pacientes imunodeprimidos, pois, normalmente, todos os pacientes adultos que têm tuberculose extrapulmonar, tem imunossupressão. OBS -> Neoplasia da medula, câncer de próstata, bexiga, pulmão e mama têm metástase na coluna vertebral ou na medula, e esses tumores também podem fazer compressão. Além disso, também podemos ter uma compressão medular infecciosa, que pode acontecer devido a um abscesso bacteriano devido a uma infecção pós- cirúrgica. Assim, concluímos que as compressões medulares podem ser: • Traumática -> ruptura de uma vértebra ou de outro osso da coluna, ou por ruptura de um ou mais dos discos cartilaginosos intervertebrais; • Infecciosa -> abcesso medular • Neoplasia vertebral -> na medula espinhal ou na coluna; • Compressão medular súbita -> traumatismo, hemorragia, infecção, tumor, vaso sanguíneo anormal (malformação arteriovenosa). OBS: o paciente com compressão medular há anos, que recentemente não relata mudançado quadro, e as manifestações já apareceram também há anos, não é necessário operar. Nesse caso, é recomendado apenas acompanhar o paciente, pois a lesão neurológica que ele tinha que ter, ele já teve, no entanto, é necessário uma acompanhamento para avaliar se houve piora do quadro neurológico. Se o paciente chega ao consultório sem apresentar nada e com suspeita de um quadro de compressão medular, inicia-se o tratamento clínico – corticoide, analgesia, repouso. Isso porque o edema, que pode estar fazendo a compressão, irá diminuir com esse tratamento. HEMISSECÇÃO MEDULAR Um exemplo de hemissecção medular é a Síndrome de Brown-Séquard; nessa síndrome haverá lesão do funículo posterior, e por isso, o paciente apresentará perda da propriocepção consciente, vibração e tato epicrítico. Além disso, haverá uma lesão completa do trato cortico-espinhal lateral direito, e por isso, abaixo da lesão o paciente apresentará déficit motor total no mesmo lado; haverá lesão do trato espino- talâmico lateral, e por isso, o paciente apresentará perda da sensibilidade álgica e térmica do lado oposto da lesão. Ou seja, nessa síndrome, o paciente irá apresentar manifestações do mesmo lado da lesão (devido ao acometimento do funículo posterior e do trato cortico- espinhal) e manifestações sensitivas do lado oposto da lesão (devido ao acometimento do trato espino- talâmico lateral) ➢ Manifestações no mesmo lado da lesão: ipsilaterais ➢ Manifestações no lado oposto da lesão: contralateral SÍNDROME MEDULAR CENTRAL Acomete bem a substância cinzenta (coluna anterior, posterior, coluna intermédia central, coluna lateral); ➢ Somatotopia do SNC Os neurônios laterais são responsáveis pela inervação dos músculos distais, já os neurônios mais mediais são responsáveis pela inervação dos músculos proximais. Por isso, os neurônios mediais inervam a musculatura do tronco e a musculatura proximal dos membros; já os neurônios laterais irão inervar as mãos e os pés. Por isso, em uma lesão da medula central, raramente haverá um déficit motor nas mãos e nos pés – já que os neurônios que inervam a musculatura distal dos membros estão mais lateralmente. ➢ Na lesão medular central da imagem, provavelmente, acometeu tudo, inclusive a musculatura distal dos membros. A principal síndrome associada é a Siringomielia, na qual ocorre uma dilatação anormal do canal ependimário que irá comprimir todas as estruturas que estão próximas; quanto maior a dilatação, maior é a síndrome medular central e maior será a lesão neurológica. Na siringomielia central o funículo posterior não será afetado, mas o trato espino-talâmico será acometido; assim, abaixo da lesão, haverá uma perda completa da sensibilidade térmica e dolorosa, com preservação das outras modalidades sensitivas – isso é o que chamamos de dissociação sensitiva. Resumindo... Síndrome medular central – Siringomielia Siringomielia significa siringe: “flauta ou “tubo”; Atinge a cavidade medular e estende-se por vários segmentos e ocupa a substância cinzenta e, em grande parte, independe do canal do epêndima; Dissociação sensitiva: perda da sensibilidade térmica e dolorosa com preservação do tato leve, propriocepção, vibração e esterognosia. Destruição das fibras da substância cinzenta intermediária central e da comissura branca; Intumescência cervical é a região mais acometida (sintomas nas extremidades superiores); MIELITE TRANSVERSA É uma lesão de 80% ou mais de um segmento medular, em um ou mais níveis. Essa lesão é atraumática – não tem trauma associado – e autoimune. Essa lesão irá causar uma inflamação, e assim, vai gerar como se fosse uma transsecção ou uma secção total da medula. Por isso, temos o que chamamos de choque medular. Quando isso ocorre, o cérebro não sabe o que está acontecendo na região abaixo da lesão medular, por isso, irá liberar o reflexo de preservação através do parassimpático: bradicardia, hipotensão, anidrose, liberação de esfíncter – causando, assim, uma resposta reflexa. No entanto, com o tempo, o SNC irá perceber que o choque está sendo revertido (seja com tratamento ou não). O choque medular passa de 4 a 6 semanas, e o que ficará serão os déficits neurológicos relacionados aos níveis lesados. Geralmente, essa lesão é cicatricial devido à inflamação da resposta autoimune. Além isso, a lesão pode ser totalmente reversível ou parcialmente reversível; O choque medular também causa disfunção vesical e sexual, pois o reflexo bulbocavernoso desaparece com o choque medular. Principais causas da mielite transversa: vacinas, infecção viral, esclerose múltipla. O tratamento é feito com corticoide ou imunossupressor; se não for tratada, haverá um déficit neurológico permanente; Resumindo... Mielite transversa – Secção transversal completa da medula espinal • Perda imediata da sensibilidade e motricidade (choque medular); • Disfunção vesical/obstipação; • Disfunção sexual;