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Aula 07 Direito Empresarial p/ PC-MA (Delegado) Pós-edital Professor: Paulo Guimarães http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães AULA 07 TÍTULOS DE CRÉDITO. Sumário Sumário ................................................................................................. 1! 1 – Considerações Iniciais ......................................................................... 2! 2 – Noções introdutórias e aspectos históricos ............................................. 2! 2.1. Introdução .................................................................................... 2! 2.2. História ......................................................................................... 3! 3 – Os títulos de crédito na atualidade ........................................................ 4! 4 – Conceito, características e princípios dos títulos de crédito ....................... 6! 4.1. Princípios informadores dos títulos de crédito ..................................... 6! 4.2. Características dos títulos de crédito ................................................ 10! 4.3. Teoria da criação e teoria da emissão ............................................... 12! 5 – Classificação dos títulos de crédito ....................................................... 12! 5.1. Quanto à forma de transferência e circulação .................................... 12! 5.2. Quanto ao modelo ......................................................................... 13! 5.3. Quanto à estrutura ........................................................................ 14! 5.4. Quanto às hipóteses de emissão ...................................................... 14! 6 – Títulos de crédito em espécie .............................................................. 15! 6.1. Letra de câmbio ............................................................................ 15! 6.2. Nota promissória ........................................................................... 20! 6.3. Cheque ........................................................................................ 23! 6.4. Duplicata ..................................................................................... 34! 6.5. Outros títulos de crédito ................................................................. 42! 7 – Atos cambiários ................................................................................ 46! 8 – Questões ......................................................................................... 55! 8.1. Questões sem Comentários ............................................................ 55! 8.2. Gabarito ...................................................................................... 64! 8.3. Questões comentadas .................................................................... 65! 9 – Resumo da Aula ................................................................................ 84! 10 – Jurisprudência Aplicável ................................................................... 88! 11 – Considerações Finais ........................................................................ 96! http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães AULA 07 – TÍTULOS DE CRÉDITO. 1 – Considerações Iniciais Olá, futuro Delegado de Polícia! Hoje começaremos a estudar a disciplina jurídica dos títulos de crédito. Geralmente este é um dos temas mais detestados pelos juristas que não têm muita afinidade com o Direito Empresarial, e por isso tomei um cuidado especial para torna-lo um pouco mais palatável...! J Pronto!? Bons estudos! 2 – Noções introdutórias e aspectos históricos 2.1. Introdução Desde que o homem passou a produzir bens para além de suas necessidades, as atividades de trocas comerciais tendem a se tornar mais complexas para que ser moldadas de acordo com diferentes situações e necessidades. É comum a criação de novos instrumentos que possibilitem trocas mais rápidas e seguras, e por isso surgiram os títulos de crédito. Num momento inicial havia as trocas diretas (escambo), mas com o passar do tempo e a consequente necessidade de trazer mais dinamismo a essas trocas, as pessoas passaram a escolher bens que tinham ampla aceitação para utilizá-los de forma muito semelhante ao que hoje fazemos com a moeda, ou seja, eram bens intermediários, que possibilitavam não apenas maior rapidez nas trocas, mas também simplificavam a valoração das mercadorias. Inicialmente esse papel era cumprido pelo sal, que posteriormente foi substituído pelos metais preciosos. Como um fenômeno mais recente temos a utilização do papel-moeda, ou moeda fiduciária como meio oficial para as trocas. Na maior parte dos países do mundo o uso da moeda é obrigatório por lei. Os títulos de crédito surgem justamente num momento em que a moeda deixou de ser suficiente para atender o mercado, em razão da sua dinâmica e crescente complexidade. Para regulamentar o uso desses complexos instrumentos, temos um regime jurídico próprio, chamado Direito Cambiário, que geralmente é encarado como parte integrante do Direito Empresarial. Para entendermos os títulos de crédito precisamos primeiramente compreender a noção de crédito, que, segundo Tulio Ascarelli, é o instrumento que permitiu ao mundo moderno que mobilizasse suas próprias riquezas, vencendo tempo e espaço. Pois bem, o crédito consiste num vínculo, pautado nos princípios da http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães confiança e da boa-fé, por meio do qual alguém se compromete a uma prestação futura em benefício de outra pessoa. Por meio do crédito a riqueza pode circular de forma mais rápida e segura, e por isso dizemos que os títulos de crédito são justamente instrumentos que possibilitam circulação da riqueza. As primeiras notícias de surgimento dos títulos de crédito, assim como de quase todos os instrumentos próprio dos Direito Empresarial, datam da Idade Média, mas precisamente do momento do renascimento comercial, com intensas atividades nos entrepostos comerciais europeus. Ao longo dos séculos tivemos o desenvolvimento de diferentes modalidades de títulos de crédito, que serviam a diferentes propósitos. Ao longo do nosso curso estudaremos essas modalidades de títulos de crédito, inclusive de alguns que hoje praticamente não circulam mais (como as letras de câmbio). Mais recentemente temos a enorme ascensão do uso de meios eletrônicos para as transações comerciais, com o uso intenso dos cartões de crédito e débito, moeda eletrônica, entre outros, que também estudaremos na aula de hoje. 2.2. História Um dos principais desafios do Direito Cambiário, desde o seu início, foi a uniformização do uso dos títulos de crédito. Isso porque o próprio Direito Comercial tem forte e marcante caráter internacional, e as transações mercantis entre diferentes países sempre enfrentam barreiras normativas. Nesse sentido, como as transações comerciais internacionais são feitas, na imensa maioria das vezes, por meio de títulos de crédito, ao longo das História vários países atentaram para a necessidade de uniformização da legislação aplicável. Em consequência do esforço constante de algumas associações internacionais, como as Câmaras de Comércio italianas e a Associoation Internacionalle por le Progrés de Sciences Sociales, foram organizados congressos e encontros para discussão do assunto. As mais importantes foram as Conferências de Haia, que ocorreram em 1910 e 1912. Na última dessas conferências foi aprovado o Regulamento Uniforme Relativo à Letra de Câmbio e à Nota Promissória, que representou um importantíssimo passo no caminho da uniformização internacional do Direito Cambiário. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, após a criação da Ligadas Nações, foi organização da Convenção de Genebra de 1930, na qual foi aprovada a Lei Uniforme das Cambiais, relativa às letras de câmbio e notas promissórias. No ano seguinte houve uma nova convenção, na qual foi aprovada a Lei Uniforme do Cheque. As leis uniformes das cambiais e do cheque foram adotadas pelo Brasil e promulgadas, respectivamente, por meio do Decreto n. 57.663/1966 e 57.595/1955. À época houve bastante controvérsia sobre a forma de adoção da http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Lei Uniforme de Genebra, pois o Brasil já contava com o Decreto n. 2.044/1908, que possuía status de lei ordinária, e, portanto, somente poderia ser revogado por norma de mesma envergadura. Em 1971, porém, o Supremo Tribunal Federal considerou legítima a forma adotada para incorporar a nova legislação. 3 – Os títulos de crédito na atualidade É inegável a importância dos títulos de crédito sob o ponto de vista do desenvolvimento dos mercados. Hoje, porém, o grau de complexidade das relações econômicas tem levado ao desenvolvimento de novos instrumentos, pois nem a moeda e nem os títulos de crédito tradicionais conseguem atender completamente ao enorme número de transações realizadas diariamente. Outro fator importante no desenvolvimento dessas novas práticas comerciais é a internet. Hoje em poucos minutos é possível comprar online mercadorias de vendedores que se encontram em outros estados ou países. Isso era inimaginável até poucos anos atrás. Essa nova realidade do comércio eletrônico, portanto, leva à necessidade de repensar os títulos de crédito. Obviamente na aula de hoje precisaremos estudar os institutos tradicionais relacionados ao tema, até porque eles continuam aparecendo em provas de concursos públicos, mas precisamos também abordar o fenômeno da desmaterialização dos títulos de crédito e a evolução desse instituto. O comércio eletrônico, tão comum nos dias atuais, é caracterizado sempre que a venda de produtos ou serviços é instrumentalizada por meio de transmissão eletrônica de dados, o que ocorre no ambiente virtual da rede mundial de computadores (internet). Não importa se o bem é virtual (um livro eletrônico ou um curso em videoaulas, por exemplo) ou se é físico (um sapato ou geladeira). Se a manifestação de vontade é instrumentalizada por meio virtual, estamos diante do comércio eletrônico1. O comércio eletrônico é caracterizado sempre que a venda de produtos ou serviços é instrumentalizada por meio de transmissão eletrônica de dados, o que ocorre no ambiente virtual da rede mundial de computadores. Como normalmente ocorre nos institutos do Direito Empresarial, o comércio eletrônico surgiu das próprias relações mercantis, e só posteriormente a prática foi regulamentada pelo Estado. Essa norma é o Decreto n. 7.962/2013, que na realidade tem foco muito maior nas relações de consumo do que nas relações empresariais em si. As preocupações básicas da norma são as seguintes: a)! Informações claras a respeito do produto, serviço e do fornecedor; 1 Esta é a definição de comércio eletrônico trabalhada por André Luiz Santa Cruz Ramos. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b)!Atendimento facilitado ao consumidor; e c)! Respeito ao direito de arrependimento. Recomendo a leitura do decreto, mas não como um material primordial do nosso curso. Acredito que relevância da norma seja muito maior para aqueles que precisam aprofundar seus estudos no campo do Direito do Consumidor. Outro fenômeno interessante, também associado ao comércio eletrônico, é a facilitação de contato entre o fornecedor e o consumidor final, o que tem eliminado intermediários e criado uma nova organização mercadológica. Alguns contratos de colaboração tradicionais, como a representação e a distribuição, tendem a desaparecer em determinados setores, ao passo que novos modelos de colaboração empresarial surgirão. O que vem sendo apontado, porém, como a maior mudança, é a facilitação das negociações entre particulares, as chamadas relações P2P (peer to peer, ou pessoa para pessoa). Estamos diante do que os estudiosos têm chamado de economia do compartilhamento, ou economia colaborativa, fenômeno que vem se intensificando com a criação de novos marketplaces virtuais, ambientes nos quais qualquer pessoa pode colocar mercadorias à venda, muitas vezes de forma gratuita. Todos esses processos são impulsionados pela ampliação do acesso a dispositivos móveis conectados, pela diversificação nos meios de pagamento e também pelo crescimento das redes sociais, e terminam ocasionando a quebra de monopólios que tradicionalmente dominavam determinados setores da economia (com ou sem a intervenção do Estado). De todos os monopólios, porém, o mais difícil de quebrar certamente é o da moeda, mas os mercados vêm caminhando nesse sentido, com destaque para a criação de difusão do uso das moedas virtuais, ou criptomoedas, cujo principal exemplo é o bitcoin. Não se sabe ao certo qual a origem do bitcoin. A único origem conhecida é um artigo publicado num fórum de criptografia em 2008, assinado por Satoshi Nakamoto. Acredita-se que se trata de um pseudônimo, pois essa pessoa nunca foi encontrada, e alguns anos depois da divulgação da ideia terminou desaparecendo dos fóruns de discussão. O bitcoin utiliza uma tecnologia ponto a ponto (peer to peer) para criar um sistema de pagamentos online que não precisa de intermediários, com código aberto e design público. Não há sócios ou controladores, tampouco uma autoridade reguladora central. Os meios eletrônicos de pagamento tradicionais sempre contam com um intermediário (uma instituição financeira, uma operadora de cartão de crédito ou mesmo uma empresa de pagamentos online, como o famoso PayPal), e sempre são lastreados em uma moeda oficial (reais, dólares, euros, etc.). As transações com bitcoins, porém, não dependem de intermediários e não são lastreadas numa http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães moeda oficial, mas no próprio bitcoin. Por isso dizemos que não se trata apenas de um meio de pagamento, mas sim de uma nova moeda2. 4 – Conceito, características e princípios dos títulos de crédito O Código Civil de 2002 adotou o conceito de título de crédito cunhado pelo jurista italiano Cesare Vivante. Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. O Código Civil de 2002 adota o conceito de título de crédito do jurista italiano Cesare Vivante, segundo o qual o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido. Por meio do conceito de Vivante podemos compreender os princípios e características dos títulos de crédito, que passaremos a estudar a partir de agora. 4.1. Princípios informadores dos títulos de crédito 4.1.1. Princípio da cartularidade Segundo esse princípio, entende-se que o exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. A cártula, ou seja, o documento escrito, é imprescindível para a demonstração do direito ao qual seu possuidor faz jus. Em outras palavras, o direito de crédito mencionado na cártula não existe em ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação. Podemos, portanto, chegar às seguintes conclusões: a)!A posse do título pelo devedor presume o pagamento do título; b)!Só é possível protestar o título apresentando-o; e c)! Só é possível executar o título apresentando-o, não suprindo a sua ausência nem mesmo a apresentação de cópiaautenticada. 2 Essas noções gerais sobre o bitcoin foram retiradas da obra Bitcoin: o donheiro na era digital, de Fernando Ulrich. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães É comum ainda que os doutrinadores mencionem o princípio da incorporação, segundo o qual o direito de crédito materializa-se no próprio documento, não existindo direito sem o respectivo título. Pela leitura da doutrina você deve ter percebido que esse princípio já está um tanto ultrapassado, não é mesmo? Hoje convivemos muito facilmente com títulos de crédito totalmente virtuais, que não exigem a emissão de uma cártula. O Código Civil já incorporou essa possibilidade, como podemos apreender da leitura do art. 889, §3o. Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. [...] § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. Esse processo tem sido chamado de desmaterialização dos títulos de crédito, e contesta frontalmente o princípio da cartularidade em seus aspectos mais básicos. Hoje as duplicatas virtuais, por exemplo, podem ser executadas em juízo sem a apresentação de documentos físicos, exigindo-se apenas que sejam entregues o instrumento de protesto por indicações e o comprovante de entrega das mercadorias, nos termos do art. 15, §2o da Lei n. 5.474/1968. Temos ainda outros movimentos legislativos no sentido de acomodar a possibilidade da criação de títulos de crédito virtuais, a exemplo da Lei n. 11.076/2004, que criou títulos eletrônicos para o agronegócio, bem como o reconhecimento da jurisprudência do STJ. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO INSTRUMENTO DE PROTESTO, DAS NOTAS FISCAIS E RESPECTIVOS COMPROVANTES DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXECUTIVIDADE RECONHECIDA. 1. Os acórdãos confrontados, em face de mesma situação fática, apresentam solução jurídica diversa para a questão da exequibilidade da duplicata virtual, com base em boleto bancário, acompanhado do instrumento de protesto por indicação e das notas fiscais e respectivos comprovantes de entrega de mercadorias, o que enseja o conhecimento dos embargos de divergência. 2. Embora a norma do art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 permita o protesto por indicação nas hipóteses em que houver a retenção da duplicata enviada para aceite, o alcance desse dispositivo deve ser ampliado para harmonizar-se também com o instituto da duplicata virtual, conforme previsão constante dos arts. 8º e 22 da Lei 9.492/97. 3. A indicação a protesto das duplicatas mercantis por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados encontra amparo no artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.492/97. O art. 22 do mesmo Diploma Legal, a seu turno, dispensa a transcrição literal do título quando o http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Tabelião de Protesto mantém em arquivo gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento da dívida. 4. Quanto à possibilidade de protesto por indicação da duplicata virtual, deve-se considerar que o que o art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 admite, essencialmente, é o protesto da duplicata com dispensa de sua apresentação física, mediante simples indicação de seus elementos ao cartório de protesto. Daí, é possível chegar-se à conclusão de que é admissível não somente o protesto por indicação na hipótese de retenção do título pelo devedor, quando encaminhado para aceite, como expressamente previsto no referido artigo, mas também na de duplicata virtual amparada em documento suficiente. 5. Reforça o entendimento acima a norma do § 2º do art. 15 da Lei 5.474/68, que cuida de executividade da duplicata não aceita e não devolvida pelo devedor, isto é, ausente o documento físico, autorizando sua cobrança judicial pelo processo executivo quando esta haja sido protestada mediante indicação do credor, esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria e o sacado não tenha recusado o aceite pelos motivos constantes dos arts. 7º e 8º da Lei. 6. No caso dos autos, foi efetuado o protesto por indicação, estando o instrumento acompanhado das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados, não havendo manifestação do devedor à vista do documento de cobrança, ficando atendidas, suficientemente, as exigências legais para se reconhecer a executividade das duplicatas protestadas por indicação. 7. O protesto de duplicata virtual por indicação apoiada em apresentação do boleto, das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados não descuida das garantias devidas ao sacado e ao sacador. 8. Embargos de divergência conhecidos e desprovidos. EREsp 1.024.691/PR, Rel. Min. Raul Araújo, 2a Seção, j. 22.08.2012, DJe 29.10.2012. 4.1.2. Princípio da literalidade Segundo esse princípio, o título de crédito vale pelo que nele está escrito. Somente os atos lançados no próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador. Segundo Tulio Ascarelli, o princípio da literalidade age em duas direções, uma negativa e outa positiva: da mesma forma que o credor tem direito de pleitear tudo que está escrito no título, o devedor tem a prerrogativa de arcar somente com a quantia que consta na cártula. Esse princípio contribui ainda para a segurança nas operações de crédito, pois a parte que recebe o título tem certeza de que está diante de toda a informação necessária para a transação. Se houver uma quitação parcial, por exemplo, esta deve ser lançada no próprio título, ou poderá ser contestada. Da mesma forma, o aval e o endosso só produzirão efeitos se anotados no próprio título. 4.1.3. Princípio da autonomia Este princípio é considerado a pedra fundamental de todo o regime cambial, e traduz-se no entendimento de que o título de crédito configura a http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães constituição de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. O legítimo possuidor do título de crédito pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam. Esse é o “grande negócio” dos títulos de crédito, e por isso esses instrumentos são tão importantes: por meio deles o credor “queima” etapas no exercício do seu direito, sem a necessidade de comprovar outras relações, a origem do direito que está sendo exercido, etc. Haveria muito menos segurança na negociação com títulos de crédito se as regras fossem diferentes e as partes pudessem ser surpreendidas, por exemplo, pela alegação de vícios na relação jurídica que deu origem ao título. A doutrina aponta ainda dois importantes subprincípios relacionados ao princípio da autonomia: a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. A abstração se refere à completa desvinculação do título da relação que lhe deu origem. Enquanto o título se restringe à esfera jurídica dos participantes no negócio que lhe deu origem, não haverá ainda abstração. A partir do momento em que há a circulação desse título, porém, estamos diante do fenômeno. Uma vez posto em circulação, o título passará a vincular outras pessoas, que não participaram da relaçãooriginária, e que por isso assumem direitos e obrigações exclusivamente em função do título. Vale salientar que a abstração se perde com a prescrição do título de crédito. A prescrição fulmina tanto sua executividade quanto sua cambiariedade, ou seja, o título perde as suas características intrínsecas de título de crédito, dentre elas a abstração. O STJ tem entendido que, na cobrança de título prescrito, o devedor deverá demonstrar a origem da dívida, o locupletamento ilícito do devedor, etc. Direito Comercial. Recurso Especial. Embargos à ação monitória. Cheque prescrito. Propositura de ação contra o avalista. Necessidade de se demonstrar o locupletamento. Precedente. - Prescrita a ação cambial, desaparece a abstração das relações jurídicas cambiais firmadas, devendo o beneficiário do título demonstrar, como causa de pedir na ação própria, o locupletamento ilícito, seja do emitente ou endossante, seja do avalista. - Recurso especial a que não se conhece. REsp 457.556/SP, Rel. Min. Nancy Adrighi, DJ 16.12.2002, p. 331. A inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé significa que o devedor, numa eventual execução, não poderá apresentar em sua defesa alegação de vício existente na relação que originou o título. Essa inoponibilidade é assegurada pelo art. 17 da Lei Uniforme. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. No mesmo sentido temos ainda o art. 916 do Código Civil. Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. Enfim, podemos concluir que as defesas que o devedor pode opor a um terceiro de boa-fé se resumem àquelas que digam respeito às relações entre eles, bem como eventuais alegações relativas a vício de forma do título, ao próprio conteúdo da cártula, a prescrição, falsidade, entre outras. 4.2. Características dos títulos de crédito Em primeiro lugar, podemos dizer que os títulos de crédito têm natureza estritamente comercial. Lembre-se de que eles foram criados para permitir a circulação da riqueza com rapidez e segurança, e por isso há todo um arcabouço jurídico voltado para assegurar essas transações. Outras características importantes dos títulos de crédito: a)! São documentos formais. Só serão válidos se forem observados os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária. TÍTULOS DE CRÉDITO Princípios informadores Cartularidade O exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima Literalidade O título de crédito vale pelo que nele está escrito Autonomia O título de crédito configura a constituição de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b)! São considerados bens móveis. Nesse sentido temos disposições específicas do Código Civil (arts. 82 a 84). Os títulos de crédito, portanto, submetem-se aos princípios que norteiam a circulação dos bens móveis, como o que prescreve que a pose de boa-fé vale como propriedade; c)! São títulos de apresentação. Os documentos são necessários para o exercício dos direitos neles contidos; d)! Constituem títulos executivos extrajudiciais. A relação cambiária representada pelo título é independente da relação negocial que lhe deu origem, e por isso os títulos de crédito podem ser executados autonomamente; e)! Representam obrigações quesíveis (querable). O credor deve dirigir- se ao devedor para receber a importância devida; f)! São títulos de resgate. Sua emissão pressupõe futuro pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária; g)! São títulos de circulação. Uma de suas principais funções é possibilitar a circulação do crédito. TÍTULOS DE CRÉDITO Principais características Natureza essencialmente comercial. São documentos formais. São considerados bens móveis. São títulos de apresentação. Constituem títulos executivos extrajudiciais. Representam obrigações quesíveis. São títulos de resgate. São títulos de circulação. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 4.3. Teoria da criação e teoria da emissão Existe certa divergência doutrinária acerca do momento em que nasce a obrigação cambial. Para os defensores da teoria da criação, a obrigação decorre da mera criação do título crédito, enquanto os adeptos da teoria da emissão defendem que a obrigação cambial apenas nasce coma entrega voluntária do título de crédito ao tomador (beneficiário). A aplicação prática se dá na disciplina dos casos em que o título de crédito é extraviado ou posto em circulação contra a vontade do sacador. Para a teoria da criação, como a obrigação cambial já havia nascido, nessas situações o sacador estará obrigado. Para a teoria da emissão, por outro lado, a obrigação ainda teria se aperfeiçoado, e por isso o sacador não assumiria, nesses casos, nenhuma obrigação. Considerando a redação do parágrafo único do art. 905, o Código Civil parece ter adotado a teoria da criação. O art. 896, porém, prevê que o título de crédito não poderá ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé. Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa- fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação. [...] Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor. Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente. 5 – Classificação dos títulos de crédito 5.1. Quanto à forma de transferência e circulação Esse critério diz respeito à forma como os títulos de crédito circulam, ou seja, como eles são transferidos de um titular para outro. Nesse sentido temos títulos ao portador, nominais à ordem, nominais não à ordem ou nominativos. TÍTULO AO PORTADOR É aquele que circula pela mera tradição, conforme previsão do art. 904 do Código Civil. Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição. Nessa modalidade de título não há a identificação expressa do credor, e por isso qualquer pessoa que esteja em sua posse assume a posição de titular do crédito. A simples transferência da cártula transfere a titularidade. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Entre os títulos próprios, o único emitido ao portador é o cheque de até R$100 (cem reais), como veremos mais adiante. TÍTULO NOMINAL Este título identifica expressamente o credor. A transferência da titularidade do crédito não depende apenas da entrega do documento, sendo preciso, além disso, praticar um ato formal específico. Nos títulos nominais com cláusula “à ordem”, esse ato é o endosso, enquanto nos títulos nominais com cláusula “não à ordem”, esse ato é a cessão civil de crédito, a qual, como o próprio nome indica, submete-se ao regime jurídico civil. Aqui vale mencionar o art. 910 do Código Civil, que prevê a figura do endosso. Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título. § 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, dado no verso do título, é suficiente a simples assinatura doendossante. § 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição do título. § 3o Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou parcialmente. A maior parte dos títulos próprios são da modalidade nominal “à ordem”, a exemplo das letras de câmbio, duplicatas, cheques e notas promissórias. TÍTULO NOMINATIVO Esse título é emitido em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico mantido pelo emitente do título. A transferência neste caso depende de termo específico nesse registro, que deve ser assinado pelo emitente e pelo adquirente do título. Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente. Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente. 5.2. Quanto ao modelo Segundo este critério temos os títulos de modelo livre e os de modelo vinculado. TÍTULO DE MODELO LIVRE A lei não estabelece uma padronização obrigatória, e por isso esse título pode ser emitido sem uma forma específica preestabelecida. É o caso da letra de câmbio http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães de da nota promissória, que podem ser emitidos numa simples folha de papel, desde que nela constem os requisitos essenciais desses títulos. TÍTULO DE MODELO VINCULADO Neste caso há uma rigorosa padronização estabelecida por lei específica, e somente haverá a produção de efeitos se a produção do título obedecer a esses padrões. É o que ocorre com o cheque e com a duplicata. 5.3. Quanto à estrutura Segundo este critério os títulos de crédito podem constituir ordens de pagamento ou promessas de pagamento. TÍTULO QUE SE ESTRUTURA COMO ORDEM DE PAGAMENTO Caracteriza-se por estabelecer três situações jurídicas distintas a partir da sua emissão: em primeiro lugar temos a figura do sacador, que emite o título, ou seja, ordena o pagamento. Em segundo lugar temos o sacado, contra quem o título é emitido, ou seja, a pessoa que recebe a ordem de pagamento. Em terceiro lugar temos tomador (ou beneficiário), em favor de quem o título é emitido, ou seja, a pessoa a quem o sacado deve pagar, em obediência à ordem emitida pelo sacador. Os principais exemplos de títulos que se estruturam como ordens de pagamento são o cheque, a duplicata e a letra de câmbio. TÍTULO QUE SE ESTRUTURA COMO PROMESSA DE PAGAMENTO Neste caso há apenas duas situações jurídicas: de um lado temos a figura do sacador ou promitente, que promete pagar determinada quantia; e do outro temos o tomador, beneficiário da promessa, que receberá o valor prometido. O principal exemplo de título que configura promessa de pagamento é a nota promissória. 5.4. Quanto às hipóteses de emissão Segundo este critério temos os títulos causais e os títulos abstratos. TÍTULO CAUSAL Somente pode ser emitido nas hipóteses em que a lei autoriza. É o caso a duplicata, que somente pode ser emitida por ocasião da celebração de um contrato de compra e venda ou de prestação de serviços. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães TÍTULO ABSTRATO Sua emissão não está condicionada a nenhuma causa estabelecida em lei. É o caso do cheque, que pode ser emitido em razão de qualquer relação negocial. Tome cuidado aqui para não confundir essa abstração com o subprincípio relacionado à autonomia dos títulos de crédito, que estudamos anteriormente. 6 – Títulos de crédito em espécie Estudaremos agora os principais títulos de crédito próprios, ou seja, que têm disciplina legal específica: letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata. De longe, também são os que mais aparecem em provas de concursos. 6.1. Letra de câmbio É considerada o mais antigo dos títulos de crédito, tendo sua origem registrada nas cidades mercantis italianas na época do renascimento. Normalmente utilizamos o termo câmbio para nos referir à troca de uma moeda por outra, e as derivações da palavra terminaram sendo incorporadas ao Direito Comercial em seus estudos sobre os títulos de crédito, em razão da popularidade da letra de câmbio. A organização comercial italiana medieval era caracterizada pelo alto grau de autonomia de cada cidade, e isso levou ao desenvolvimento de moedas próprias, o que, por sua vez, levou ao desenvolvimento das operações de câmbio entre os comerciantes que viajavam entre as diferentes localidades. Quando um comerciante deixava uma cidade e se dirigia a outra, não era conveniente que levasse a moeda que acumulou, já que esta não valeria no seu destino. A prática adotada, então, foi a seguinte: quando um comerciante saía de uma cidade para outra, trocava todo o seu dinheiro com um banqueiro, que lhe entregava uma carta (littera cambii), ordenando que outro banqueiro pagasse a quantia nela fixada ao seu portador. Na praxe comercial brasileira a letra de câmbio nunca foi popular, tendo sido ao longo do tempo substituída por outros títulos, notadamente a duplicata. Entretanto, os doutrinadores apontam utilidade em seu estudo, pois se trata de um título de crédito bastante completo em sua estrutura, permitindo demonstrar a prática dos diversos atos cambiais. 6.1.1. Saque A letra de câmbio é um título que adota a estrutura de ordem de pagamento, e, por conseguinte, gera três situações jurídicas distintas: a do sacador, que emite a ordem; a do sacado, a quem a ordem se destina; e a do tomador, que é o beneficiário da ordem. Desde já é importante salientar que não é necessário que essas três posições sejam ocupadas por três pessoas diferentes. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães A Lei Uniforme admite que a letra seja sacada à ordem do próprio sacador (sacador e tomador são a mesma pessoa), sobre o próprio sacador (sacador e sacado são a mesma pessoa) ou ainda por ordem e conta de terceiro (as posições são ocupadas por três pessoas distintas). A partir de agora veremos alguns dispositivos da Lei Uniforme, que nos indicam os requisitos básicos para o saque da letra de câmbio. Art. 1º. A letra contém: 1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 4. a época do pagamento; 5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado. A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. Chamo sua atenção para o item 2 do art. 1o, que proíbe que o pagamento da letra seja condicionado a algum outro evento. Tal regra decorre do princípio da autonomia, segundo o qual o título de crédito se desvincula da relação jurídica que lhe deu origem. Quanto ao valor da letra, deve ser mencionada a moeda de pagamento. No Brasil, por força do art. 1o, II, do Decreto n. 2.044/1908, as letras de câmbio devem ser pagas sempre em moeda nacional. É possível ainda a emissão de letra com indexação, desde que o índice seja conhecido e de ampla utilização naprática comercial. Apesar de todos os requisitos da Lei Uniforme, o Código Civil e a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitem a emissão de letra de câmbio (e de qualquer outro título de crédito) em branco ou incompleta. Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Súmula 387 do STF A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Apesar de todos os requisitos da Lei Uniforme, o Código Civil e a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitem a emissão de letra de câmbio (e de qualquer outro título de crédito) em branco ou incompleta. É muito importante também a identificação precisa do título. Somente dessa forma será possível definir qual o regime jurídico aplicável à obrigação por ele representada. Vejamos agora o que diz o art. 11 da Lei Uniforme. Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não à ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro coobrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra. Nos títulos de crédito próprios (letra de câmbio, cheque, duplicata e nota promissória) considera-se implícita a cláusula “à ordem”, que admite sua circulação por meio de endosso. Por outro lado, nada impede que conste no título a cláusula “não à ordem”, caso em que a letra somente poderá ser cedida pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos. A identificação do sacado também é um item muito importante, e deve ser feita de forma precisa. A simples indicação do nome da pessoa, por exemplo, pode ser perigosa, sendo recomendável a inscrição do número de um documento de identificação. Exige-se ainda a identificação do tomador, o que, em tese, impediria a emissão de letra de câmbio ao portador, apesar de, como já vimos, o STF admitir a emissão de letra de câmbio incompleta ou em branco. Art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento considera-se como não escrita. A assinatura do sacador da letra é fundamental, pois, se o sacado não a aceitar a recusar-se a pagar o valor devido ao tomador, este poderá voltar-se contra o sacador, já que ele assume a posição de garante. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 6.1.2. Aceite O aceite é o ato por meio do qual o sacado admite que fará o pagamento ordenado por meio da letra de câmbio. Isso se dá com a aposição no próprio título da expressão “aceito” ou “aceitamos”, seguida da assinatura do sacado ou de seu procurador. Por mais que seja facultativo (já que o sacado inicialmente não está envolvido na relação entre o sacador e o tomador), o aceite é um ato irretratável. Se o sacado decidir recusar o aceite, porém, não precisará fornecer justificativa. Este fato gera o vencimento antecipado do título, além da possibilidade de o tomador voltar-se contra o sacador, em razão da sua posição de garante do direito de crédito. Apesar de ser facultativo para o sacado, o aceite da letra de câmbio é um ato irretratável. Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. É possível ainda que o sacado aceite a letra parcialmente, ou, olhando por outro lado, a recuse parcialmente. Neste caso também haverá o vencimento antecipado do título, e o tomador poderá cobrar do sacador o valor total da letra. O aceite parcial poderá ser limitativo, quando o sacado aceita apenas parte do valor do título; ou modificativo, quando o sacado altera alguma condição do pagamento, como, por exemplo, a data do vencimento. Art. 22. O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em domicilio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data. Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador. Você deve ter percebido que, ao emitir uma letra de câmbio, o sacador fica “na mão” do sacado, assumindo o risco de uma recusa, que ocasionará o vencimento antecipado do título. Há, porém, uma forma específica à disposição do sacador para que fique protegido. Estamos falando da aposição da cláusula não aceitável, segundo a qual o tomador fica obrigado a só procurar o sacado para http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães o aceite no dia do vencimento. Neste caso não haverá o vencimento antecipado do título, mesmo que o sacado recuse o aceite. A cláusula não aceitável, porém, não é admitida na letra de câmbio a certo termo da vista, uma vez que nestas a contagem do prazo para o vencimento somente se inicia a partir do aceite. 6.1.3. Vencimento Uma vez aposto o aceite, a letra de câmbio se torna exigível a partir do seu vencimento. Aqui devemos fazer a distinção entre quatro diferentes modalidades de letras: a)!A letra com dia certo é a que vence em data estabelecida pelo sacador; b)!A letra à vista é a que tem seu vencimento no dia da apresentação do título ao sacado; c)! A letra a certo termo da vista vence após um determinado prazo, estipulado pelo sacador no momento da emissão, que começa a correr a partir do aceite do título. Neste caso a letra deve ser apresentada para aceite no prazo estabelecido. Se não houver prazo, a lei determina que este será de 1 ano; d)!A letra a certo termo da data também vence após um determinado praz estipulado pelo sacador, mas este é contado a partir da própria emissão (saque). Uma vez dado o aceite, a letra de câmbio deve ser imediatamente devolvida ao tomador, que poderá exigir o pagamento no vencimento, a depender da modalidade adotada. Se estivermos falando de uma letra à vista, ela poderá ser apresentada diretamente para pagamento, já que os dois atos (aceite e pagamento) terminam sendo praticados ao mesmo tempo. fonte:http://rbxjuridico.blogspot.com.br d http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 6.2. Nota promissória A nota promissória, como você já sabe, configura uma promessa de pagamento, e por isso dá origem a duas situações jurídicas: a do sacador ou promitente (chamado da Lei Uniforme de subscritor), e a do tomador (que receberá importância prometida). 6.2.1. Saque Os requisitos essenciais da nota promissória estão previstos no art., 75 da Lei Uniforme. Art. 75. A nota promissória contém: 1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 3. aépoca do pagamento; 4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Aqui também valem algumas das observações que fizemos ao estudar a letra de câmbio: i. A nota pode ser emitida em branco ou incompleta (Súmula 387 do STF); ii. A cláusula “à ordem” é implícita, o que não impede que seja aposta a cláusula “não à ordem”; iii. A identificação do devedor principal (subscritor ou sacador) deve ser feita de forma precisa; iv. A Lei Uniforme exige a identificação do tomador, o que, em tese, significaria que não é possível emissão de nota promissória ao portador; v. A promessa de pagamento deve ser incondicional; vi. Se não houver menção à data do pagamento a nota promissória será considerada à vista. 6.2.2. Regime jurídico Como a nota promissória é uma promessa de pagamento, não há que se falar em aceite. Não faria sentido algum que o próprio promitente tivesse que aceitar a b http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães promessa, não é mesmo!? Por estranho que pareça, porém, a Lei Uniforme prevê a possibilidade de emissão de nota promissória a certo termo da vista. Art. 78. O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra. As notas promissórias pagáveis a certo termo de vista devem ser presentes ao visto dos subscritores nos prazos fixados no artigo 23. O termo de vista conta-se da data do visto dado pelo subscritor. A recusa do subscritor a dar o seu visto é comprovada por um protesto (artigo 25), cuja data serve de início ao termo de vista. Nesta modalidade, portanto, o título deverá ser levado ao visto do subscritor no prazo de 1 ano contado da sua emissão. Após o visto do subscritor, começará então a correr o prazo estipulado no momento da emissão. 6.2.3. A nota promissória e os contratos bancários Diferentemente da letra de câmbio, que praticamente não existe mais no Brasil, a nota promissória ainda é usada com moderada frequência, principalmente para garantir contratos bancários. Nestes casos, porém, é comum que a nota promissória adquira certas peculiaridades. A principal delas é a expressa vinculação do título ao contrato que lhe deu origem, o que mitiga a sua abstração/autonomia, permitindo que o devedor alegue contra um eventual terceiro endossatário as exceções fundadas na relação contatual que está atrelada ao título. Perceba aqui que estamos falando de uma mitigação do princípio da autonomia, mas não de sua aniquilação. Mesmo quando vinculada a determinado contrato, a nota promissória continua preservando seu caráter de título executivo, salvo se o contrato a que está ligada descaracterizar sua liquidez. PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA - EXECUTORIEDADE - PRECEDENTES. 1 - Consoante entendimento desta Corte, o fato de achar-se a nota promissória vinculada a contrato não a desnatura como título executivo extrajudicial. 2 - Recurso provido para determinar o regular prosseguimento da execução. REsp 259.819/PR, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 05.02.2007, p. 237. Você precisa ficar atento aqui, pois os contratos bancários que estamos mencionando aqui são notadamente os contratos de mútuo. No caso dos contratos de abertura de crédito, a lógica é outra. Como na abertura de crédito o banco apenas põe uma quantia à disposição do cliente, o STJ sempre entendeu que esse contrato não poderia ser considerado título executivo, já que a 6 http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães liquidação do valor ficaria a critério exclusivo do banco. O máximo aqui seria a possibilidade de ajuizamento de uma ação monitória. As instituições bancárias, por conseguinte, tentaram dar mais segurança ao crédito concedido por meio desses contratos exigindo que o cliente assinasse nota promissória vinculada ao contrato. Mais uma vez, porém, o STJ adotou posicionamento no sentido de negar liquidez ao título, e por isso essas notas promissórias vinculadas a contratos de abertura de crédito não são consideradas títulos executivos. A solução para o problema dos bancos veio com a Lei n. 10.931/2004, que criou a cédula de crédito bancário, especificamente destinada a operacionalizar contratos bancários. Para o STJ, a nota promissória expressamente vinculada a contrato de mútuo bancário não perde sua característica de título executivo, mas a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito é considerada ilíquida. Outro entendimento do STJ que vale a pena mencionar é o que diz respeito à chamada cláusula-mandato, que era muito comum nos contratos bancários até alguns anos atrás. Por meio dessa cláusula o cliente constituía a própria instituição financeira como sua procuradora, e esta, em caso de inadimplemento da obrigação, simplesmente emitia uma nota promissória em seu favor, sanando o problema da iliquidez. O STJ, mais uma vez, frustrou os interesses dos bancos, editando o enunciado 60 da súmula de jurisprudência dominante. Súmula 60 do STJ É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. 9 http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães fonte: http://www.bortolotto.adv.br/ 6.3. Cheque O cheque é uma ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco em razão de fundos de que o emitente dispõe junto àquela instituição financeira. Trata-se de um título de modelo vinculado, que precisa ser emitido por meio do preenchimento de talonário específico, fornecido pelo banco, e sujeito a padrões fixados pelo Banco Central do Brasil. Além da Lei Uniforme do Cheque (Decreto n. 57.595/1966), o cheque atualmente é regido por lei específica, que cuida do regime jurídico a ele aplicável: trata-se da Lei n. 7.357/1985, conhecida como Lei do Cheque. 6.3.1. Emissão e formalidades Art. 1º O cheque contém: I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); IV - a indicação do lugar de pagamento; V - a indicação da data e do lugar de emissão; VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. 7 http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães A indicação do valor a ser pago deve ser feita de forma muito precisa, tanto com a indicação em algarismos quanto com a redação por extenso do montante. Havendo divergência, prevalece o valor mencionado por extenso. Considerando que o cheque é uma ordem de pagamento à vista, a data do saque deveria ser sempre aquela em que o título está sendo efetivamente emitido. No Brasil, porém, já há décadas é comum o uso do chamado cheque “pré-datado”, no qual o emitente indica data posterior para pagamento do título. O local que deve constar no cheque deve ser aquele em que o emitente se encontra no momento do preenchimento. Essa informação é muito importante, pois determinará o prazo de apresentação do título ao banco sacado. É comum, porém, que as pessoas preencham o local de acordo com a sua agência bancária, ainda que estejam em outra cidade ou estado. Neste caso prevalece a informação que consta no título. 6.3.2. Características importantes Inicialmente é importante deixar claro que hoje o cheque nãoestá sujeito a limites no que se refere ao endosso. A legislação que regulamentava a malfadada CPMF trazia limitação, permitindo apenas um endosso, mas hoje o tributo não mais existe, e sua regulamentação não está mais em vigor. Hoje o cheque não está sujeito a limitações na quantidade possível de endossos. Art. 39 O sacado que paga cheque “à ordem’’ é obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas dos endossantes. A mesma obrigação incumbe ao banco apresentante do cheque a câmara de compensação. Parágrafo único. Ressalvada a responsabilidade do apresentante, no caso da parte final deste artigo, o banco sacado responde pelo pagamento do cheque falso, falsificado ou alterado, salvo dolo ou culpa do correntista, do endossante ou do beneficiário, dos quais poderá o sacado, no todo ou em parte, reaver a que pagou. O banco tem o dever legal de verificar a regularidade da cadeia de endossos, mas obviamente não é capaz de certificar a autenticidade de todas as assinaturas apostas, já que não tem necessariamente registros de todos os endossantes. A única assinatura que o banco tem condições e a obrigação de conferir é a do emitente, o que é feito a partir de análise do cartão de autógrafo do correntista. Apesar da clareza do disposto no art. 39 da Lei do Cheque, o STJ já reconheceu, algumas ocasiões, a obrigação de o banco analisar a legitimidade do endossante. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães DIREITO COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE. PAGAMENTO INDEVIDO A TERCEIRO. ACEITAÇÃO DE FALSO ENDOSSO. ART. 39 DA LEI N.º 7.357/85 (LEI DO CHEQUE). DANOS AO CLIENTE TITULAR DO CHEQUE. RESPONSABILIDADE DO BANCO. PRECEDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO. MULTA DO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO IMPRESCINDÍVEL PARA SUA APLICAÇÃO. MANUTENÇÃO PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. - O banco que recebe o cheque endossado está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, aí incluído a legitimidade dos endossantes. Precedente da segunda seção. - Uma das funções precípuas de um banco é o cuidado com os valores e documentos de seus clientes, por isso os cheques destes devem ser manejados com extremo cuidado pelo banco. - A exemplo de protesto indevido de título, a autuação fiscal de empresa, com suspeita de sonegação fiscal e fraude decorrente da falsificação de guias de recolhimento de tributos, por culpa do banco que não efetua corretamente o pagamento de tributo devido ao Fisco, é causa de abalo à imagem da empresa perante o mercado. - A jurisprudência das Turmas que compõem a 2.ª Seção, quanto à imposição da multa do art. 538, parágrafo único do CPC, reputa imprescindível a fundamentação do juízo condenatório. Recurso especial não conhecido. REsp 605.088/MT, Rel. Min. Nancy Adrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 28.06.2004, p/ 182. Outro aspecto que merece ser mencionado é a possibilidade de emissão de cheque ao portador, desde que limitado ao valor de R$100 (cem reais). Cheques acima desse valor devem ser emitidos nominalmente, lembrando, mais uma vez, que o STF admite a emissão de títulos de crédito em branco ou incompletos, que devem ser complementados pelo tomador na hora da apresentação. Quanto à autonomia do cheque, é entendimento do STJ que esta não deve ser entendida de forma absoluta, permitindo-se que, em alguns casos, o devedor discuta a causa debendi. Cheque. Vinculação a contrato de compra e venda. Possibilidade de exame da causa do débito. Fundamentação que permanece suficiente para a manutenção do julgado. 1. Se o cheque foi dado em garantia, "deve ser admitida a investigação da causa debendi" (REsp nº 111.154/DF, da minha relatoria, DJ de 19/12/97; no mesmo sentido: REsp nº 43.513/SP, Relator o Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de 15/4/02; REsp nº 434.433/MG, Relator o Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de23/6/03). 2. O acórdão, no caso, está subordinado a dois fundamentos que permanecem fortes, a saber, a ausência de pedido para que fosse efetuada a compensação e a ausência de "prova do acolhimento da reclamatória nem do valor de possível condenação" (fl. 101). Esses fundamentos são suficientes para manter o julgado, tornando hígido aquele cheque que estaria vinculado ao negócio de compra e venda. 3. Recurso especial não conhecido. REsp 659.327/MG, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 30.04.2007, p. 310. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Mais uma vez aqui devemos destacar a previsão da cláusula “à ordem” implícita, o que admite, como regra geral, sua circulação mediante endosso. Nada impede, porém, que o emitente aponha a cláusula “não à ordem”, o que proibirá o endosso, restando apenas a possibilidade de cessão civil do crédito. O STJ também já decidiu em diversas ocasiões que os estabelecimentos comerciais não são obrigados a aceitar pagamentos por meio de cheque. Por outro lado, se aceita o meio de pagamento, não pode haver discriminação injustificada de clientes. Civil. Recurso Especial. Ação de indenização por danos materiais e morais. Embargos de declaração. Omissão, contradição ou obscuridade. Não ocorrência. Recusa indevida de cheque. Alegação de que não há provisão de fundos. Configuração de danos morais. Compra realizada por outra forma de pagamento. Irrelevância. - Após recusa da sociedade empresária em receber cheque emitido pelo consumidor, sob o falso argumento de que não havia provisão de fundos, o pagamento da mercadoria foi efetuado mediante cartão de débito em conta corrente. - Embora o cheque não seja título de crédito de aceitação compulsória no exercício da atividade empresarial, a sociedade empresária, ao possibilitar, inicialmente, o pagamento de mercadoria por meio desse título, renunciou sua mera faculdade de aceitação e se obrigou a demonstrar justa causa na recusa, sob pena de violação ao princípio da boa-fé objetiva. - Na hipótese julgada, não foi demonstrada justa causa para a recusado cheque, sobretudo porque na data da emissão deste havia provisão de fundos em conta corrente, bem como o nome da recorrente não estava inscrito em cadastros de proteção ao crédito. - Dessarte, a recusa indevida de cheque, sob a alegação inverídica de que não há provisão de fundos, ocasiona danos morais in re ipsa. Ademais, a utilização de outra forma de pagamento e a posterior realização do negócio jurídico não ilidiram a conduta ilícita já consumada. Recurso especial provido. REsp 981.583/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 23.03.2010, DJe 01.07.2010. 6.3.3. Cheque “pré-datado” O cheque “pré-datado”, como todos sabemos, subverte a própria definição de cheque como ordem de pagamento à vista, mas terminou se tornando prática comum no brasil, especialmente em razão da forma pouco burocrática como um cheque pode ser emitido. Alguns doutrinadores dizem que a expressão mais adequada seria cheque “pós-datado”, mas essa discussão é inócua. Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães A Lei do Cheque, como podemos ver, é bastante rigorosa ao assegurar o caráter de ordem de pagamento à vista do cheque, simplesmente desconsiderando qualquer menção em outro sentido que conste na cártula. Em suma, um cheque, ainda que grafado com data futura, pode ser apresentado a qualquer momento, e o banco será obrigado a honrar a ordem recebida. Todavia, isso não significa que haja consequências jurídicasem relação àquele que descumpriu acordo comercial, apresentando o cheque antes do acordado. Segundo a jurisprudência do STJ, essa apresentação antecipada do cheque configura quebra de acordo, podendo ensejar responsabilidade civil. Civil. Recurso especial. Cheque pré-datado. Apresentação antes do prazo. Compensação por danos morais. - Não ataca o fundamento do acórdão o recurso especial que discute apenas a natureza jurídica do título cambial emitido e desconsidera o posicionamento do acórdão a respeito da existência de má-fé na conduta de um dos contratantes. - A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos. Recurso especial não conhecido. REsp 707.272/PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21.03.2005, p. 382. Consolidado esse entendimento, foi aprovado o enunciado 370 da súmula de jurisprudência dominante do STJ. Na mesma época foi aprovado também o enunciado 388, que traz uma definição interessante de dano moral aplicada ao contexto das transações com cheque. Súmula 370 do STJ Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Súmula 388 do STJ A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. Vale salientar ainda que o “acordo de pré-datação” vincula apenas as partes que fizeram o negócio. Se um terceiro de boa-fé recebe cheque pré-datado e o apresenta ao banco antes da data acordada entre emitente e tomador, não há que se falar em dano moral. 6.3.4. Modalidades de cheque Existem algumas modalidades de cheque que vale a pena conhecermos e que aparecem em provas de concursos. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Art. 44 O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços paralelos no anverso do título. § 1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação ‘’banco’’, ou outra equivalente. O cruzamento é especial se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. § 2º O cruzamento geral pode ser convertida em especial, mas este não pode converter-se naquele. § 3º A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não existente. Art. 45 O cheque com cruzamento geral só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado, ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Pode, entretanto, o banco designado incumbir outro da cobrança. § 1º O banco só pode adquirir cheque cruzado de cliente seu ou de outro banco. Só pode cobrá-lo por conta de tais pessoas. § 2º O cheque com vários cruzamentos especiais só pode ser pago pelo sacado no caso de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara de compensação. § 3º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado ou o banco portador que não observar as disposições precedentes. Primeiramente temos o cheque cruzado. Quando o emitente apõe dois traços paralelos no anverso (frente) do título, haverá uma regra especial acerca do pagamento do cheque: o pagamento somente poderá ser efetuado a um banco ou a um cliente do banco, mediante crédito em conta, o que evita, consequentemente, o desconto do cheque na “boca do caixa”. O art. 44 prevê o cruzamento geral, quando apenas são apostos ou dois traços ou quando entre os dois traços menciona-se apenas a expressão “banco”; e também o cruzamento especial, quando entre os traços for mencionado um banco específico, pelo seu nome ou pelo número de registro junto ao Banco Central. Neste segundo caso o cheque somente poderá ser pago ao banco identificado ou a um cliente seu, mediante crédito em conta corrente. Art. 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. Aqui temos a menção ao cheque visado, em que o banco confirma, mediante assinatura no verso do título, a existência de fundos suficientes para pagamento. Pela regra do art. 7o, somente pode receber o visto o cheque que ainda não tenha sido endossado. No momento em que apõe o visto, o banco garante o pagamento durante o prazo de apresentação, e obrigando-se a reservar os valores respectivos durante esse período. Por outro lado, o visto não implica em aceite por parte do banco, nem exonera o emitente e eventuais codevedores (endossantes, por exemplo) de responsabilidade pelo pagamento. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Art. 9º O cheque pode ser emitido: I - à ordem do próprio sacador; II - por conta de terceiro; III - contra o próprio banco sacador, desde que não ao portador. O cheque emitido pelo próprio banco contra si é o chamado cheque administrativo. Neste caso o banco assume ao mesmo tempo as posições de emitente e sacado. Esta modalidade de cheque cumpre um papel de segurança interessante no mercado, relacionado a transações envolvendo quantias mais altas. Como o cheque foi emitido pelo próprio banco, o credor tem muito mais segurança de que haverá fundos para honrar o pagamento. Art. 46 O emitente ou o portador podem proibir que o cheque seja pago em dinheiro mediante a inscrição transversal, no anverso do título, da cláusula ‘’para ser creditado em conta’’, ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode proceder a lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como pagamento. O depósito do cheque em conta de seu beneficiário dispensa o respectivo endosso. § 1º A inutilização da cláusula é considerada como não existente. Este é o chamado cheque para se creditado em conta. Neste caso o sacado não pode pagar em dinheiro em razão da proibição anotada na frente do título, que pode consistir na expressão “para ser creditado em conta” ou na informação do número da conta do beneficiário” entre os traços do cruzamento. Neste caso o pagamento somente poderá ser feito mediante lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação). 6.3.5. Sustação de cheque Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. Modalides de cheque Cheque cruzado Cruzamento geral (em branco) Cruzamento especial (em preto) Cheque visado Cheque administrativo Cheque para ser creditado em conta http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. § 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem reciprocamente. § 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. O pagamento do cheque pode ser “sustado” pelo seu emitente em dois casos. NO caso da contra-ordem, temos a necessidade de um documento escrito, judicial ou extrajudicial, na qual devem ser explicitados os motivos. Esta modalidade de sustação somente produz efeitos depois de expirado o prazo de apresentação. A sustação do art. 36, por outro lado, pode ser manejada mesmo duranteesse período, por meio da manifestação de oposição do emitente junto ao sacado (banco). A lei proíbe ainda que o sacado analise a relevância das razões apresentadas pelo emitente. Na sustação por oposição, a Lei do Cheque determina que não cabe ao banco analisar a relevância das razoes apresentadas pelo emitente. Por outro lado, o prejudicado obviamente pode buscar a responsabilização do emitente que invoca a oposição para eximir-se de cumprir suas obrigações. Era comum na prática comercial que, em razão de cheques não honrados, o credor se dirigisse à autoridade policial para oferecer notícia crime de estelionato (art. 171, §2o do Código Penal). Tal prática, porém, foi descontinuada em razão de decisões do STJ no sentido de que o cheque pré-datado é uma garantia de dívida, o que afastaria a possibilidade de enquadramento da conduta no crime mencionado. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL. 1. Em que pese o pedido do recorrente se restringir a revogação da prisão preventiva por ausência dos requisitos que autorizam a segregação cautelar, percebe-se, conforme pacífica jurisprudência desta Corte, que a emissão de cheque pré-datado descaracteriza a cártula de um título de pagamento à vista, transformando-a numa garantia de dívida. Atipicidade da conduta. 2. Recurso conhecido para conceder, de ofício a ordem, para trancar a ação penal. RHC 16.880/PB, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 24.10.2005, p. 381. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 6.3.6. Prazo de apresentação Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. Parágrafo único - Quando o cheque é emitido entre lugares com calendários diferentes, considera-se como de emissão o dia correspondente do calendário do lugar de pagamento. O prazo de apresentação é aquele durante o qual se deve levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira. Tome cuidado aqui, pois o prazo de apresentação não se confunde com o prazo de prescrição do título. O prazo de apresentação na realidade funciona de forma muito semelhante ao prazo de protesto nos demais títulos, destinando-se principalmente a assegurar o direito de execução contra os codevedores do título, nos termos do art. 47, II da Lei do Cheque. O prazo de apresentação é contado sempre a partir da data de emissão, e será de 30 dias se o cheque for da mesma praça, e de 60 dias se estivermos falando de praças diferentes. Em outras palavras, o beneficiário do cheque, passado esse período, ainda poderá liquidar o título normalmente, mas não poderá mais executar endossantes, que, à luz da legislação, são considerados, como regra geral, codevedores. Devemos ainda mencionar um caso específico, em que o a perda do prazo de apresentação gera a perda do direito de executar não apenas os codevedores, mas também o próprio emitente do cheque. Isso ocorrerá quando o emitente puder comprovar que tinha fundos suficientes durante o prazo de apresentação, mas deixou de tê-los por motivos alheios à sua vontade. A previsão legal encontra-se no §3o do art. 47 da Lei do Cheque. Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: I - contra o emitente e seu avalista; II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. [...] § 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 6.3.7. Prescrição Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. O cheque, como título de crédito, constitui título executivo extrajudicial. O prazo prescricional da ação de execução do cheque é de 6 meses, contados após o término do prazo de apresentação (30 ou 60 dias, a depender da praça de emissão). Aproveito para chamar sua atenção para um detalhe importante: o prazo para apresentação é contado em dias (30 ou 60) enquanto o prazo prescricional é de 6 meses. Isso significa que não se podem simplesmente somar os dois prazos e concluir que a prescrição se dará em 7 ou 8 meses contados da emissão do cheque. A regra do início da contagem do prazo prescricional, porém, encontra uma exceção, que é a situação em que o cheque “pré-datado” é apresentado antes da data acordada. Como o prazo de apresentação ainda não começou a fluir, o prazo prescricional deve ter sua contagem iniciada da própria apresentação. O prazo prescricional de 6 meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo de apresentação, tenho ou não sido apresentado dentro do referido prazo. No caso de cheque “pré-datado” apresentado antes da data de emissão ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação. Art. 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei. O cheque prescrito obviamente não poderá mais ser executado, mas a Lei do Cheque prevê a possibilidade de ajuizamento da chamada ação de enriquecimento ilícito (também chamada de ação de locupletamento) contra o emitente ou demais coobrigados. Essa ação prescreve no prazo de 2 anos contados a partir da prescrição da execução de execução do cheque. Apesar de ser uma ação cambiária (na qual o título de crédito conserva sua essência e autonomia), deve ser seguido o rito ordinário de uma ação de conhecimento, já que o cheque perdeu sua executividade. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Art. 62 Salvo prova de novação, a emissão ou a transferência do cheque não exclui a ação fundada na relação causal, feita a prova do não-pagamento. Prescrita a ação de enriquecimento ilícito, ainda será possível cobrar o valor do cheque, mas apenas por meio de ação de cobrança, que pressupõe a necessidade de comprovação da relação causal que originou o título. Aqui já não estamos mais diante de uma ação cambial, não havendo mais que se falar na autonomia do título de crédito. Devemos ainda mencionar que o STJ admite a propositura de ação monitória com base em cheque prescrito, conforme enunciado 299 da súmula de jurisprudência dominante. Súmula 299 do STJ É admissível ação monitória fundada em cheque prescrito. Neste caso o STJ entende ainda que o credor não precisa demonstrar a causa de emissão do título, preservando, assim, sua abstração. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM CHEQUE PRESCRITO.DISPENSADA MENÇÃO À ORIGEM DA DÍVIDA. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. 2. No caso concreto, recurso especial parcialmente provido. REsp 1.094.571/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 04.02.2013, DJe 14.02.2013. Há ainda o enunciado 503, que solidifica o entendimento jurisprudencial de que o prazo para ajuizamento da ação monitória fundada em cheque prescrito é de 5 anos. Súmula 503 do STJ O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Para finalizar trago mais um julgado do STJ, que resume muito bem as alternativas à disposição do credor para a cobrança de um cheque, em todas as situações que acabamos de estudar. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães DIREITO COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. CHEQUES. BENEFICIÁRIA DOMICILIADA NO EXTERIOR. PRAÇA DE EMISSÃO. OBSERVÂNCIA AO QUE CONSTANA CÁRTULA. AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA DE NATUREZA CAMBIAL. TRANSCURSO DO PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 61 DA LEI 7.357/85. POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE COBRANÇA, COM DESCRIÇÃO DONEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE, OU DE AÇÃO MONITÓRIA, CUJO PRAZOPRESCRICIONAL É DE 5 ANOS.1. O cheque é título de crédito que se submete aos princípios cambiários da cartularidade, literalidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé, por isso deve ser considerado como local de emissão o indicado no título.2. O artigo 33 da Lei 7.357/85 prevê expressamente que o cheque pode ser emitido no exterior, não podendo, portanto, servir de escusa a alegação de que o local consignado na cártula diverge daquele em que ela foi efetivamente emitida por a beneficiária não ter domicílio no Brasil.3. O fato de a tomadora ter domicílio no estrangeiro não elide, por si só, a possibilidade de o cheque ter sido recebido na praça constante da cártula, ainda que por um representante ou preposto datomadora.4. O cheque é ordem de pagamento à vista, sendo de 6 (seis) meses o lapso prescricional para a execução após o prazo de apresentação, que é de 30 (trinta) dias a contar da emissão, se da mesma praça, ou de 60 (sessenta) dias, também a contar da emissão, se consta no título como sacado em praça diversa, isto é, em município distinto daquele em que se situa a agência pagadora.5. Prescrito o prazo para execução do cheque, o artigo 61 da Lei do Cheque prevê, no prazo de 2 (dois) anos a contar da prescrição, a possibilidade de ajuizamento de ação de locupletamento ilícito que, por ostentar natureza cambial, prescinde da descrição do negócio jurídico subjacente. Expirado o prazo para ajuizamento da ação por enriquecimento sem causa, o artigo 62 do mesmo Diploma legal ressalva ainda a possibilidade de ajuizamento de ação fundada na relação causal, a exigir, portanto, menção ao negócio jurídico que ensejou a emissão do cheque.6. A jurisprudência desta Corte admite também o ajuizamento de ação monitória (Súmula 299/STJ) com base em cheque prescrito, sem necessidade de descrição da causa debendi, reconhecendo que a cártula satisfaz a exigência da "prova escrita sem eficácia de título executivo", a que alude o artigo 1.102-A do CPC.7. Recurso especial não provido. REsp 1.190.037/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4a Turma, j. 06.092011, DJe 27.09.2011. fonte: http://economia.culturamix.com 6.4. Duplicata A duplicata surgiu no Brasil mais por necessidades fiscais do que mercantis, e terminou se consolidando em razão do pouco uso da letra de câmbio. A grande http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães diferença entre a duplicata e a letra de câmbio está na relação entre o sacador e o sacado. Enquanto na letra de câmbio, como você já sabe, o aceite é facultativo, na duplicata é ato obrigatório, e isso confere mais segurança ao tomador do crédito. Atualmente a duplicata é regulada pela Lei n. 5.474/1968, com algumas alterações feitas pelo Decreto Lei n. 436/1969. 6.4.1. Causalidade A duplicata é um título casual, somente podendo ser emitida para documentar determinadas relações jurídicas estabelecidas pela lei. No regime jurídico brasileiro temos apenas duas possibilidades: a compra e venda mercantil e a prestação de serviços. Não é permitida a emissão de duplicata para outros negócios jurídicos, conforme já decidiu o STJ. Leasing. Duplicatas. Protesto. O negócio de leasing não admite a emissão de duplicata, ainda que avençada, razão pela qual não pode tal título ser levado a protesto. Recurso conhecido em parte e, nessa parte, provido para deferir a liminar de sustação ou cancelamento das duplicatas enviadas a cartório. REsp 202.068/SP, Rel. Min. Ruy Rosado, j. 11.05.1999, Informativo 18/1999. Tome cuidado para não confundir a causalidade da duplicata (em oposição, por exemplo, à abstração do cheque) com a aplicação do princípio da autonomia, complementado pelo subprincípio da abstração. O fato de a duplicada ser causal significa apenas que ela só pode ser emitida diante das transações negociais de compra e venda e prestação de serviços, mas ela constitui título executivo autônomo, como qualquer título de crédito. A jurisprudência do STJ chega a expressar o entendimento de que a causalidade desaparecer com o aceite, já que neste ato foi aperfeiçoada a relação jurídica representada pelo título. RECURSO ESPECIAL. COMERCIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. DUPLICATA. ACEITE. TEORIA DA APARÊNCIA. AUSÊNCIA DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXCEÇÃO OPOSTA A TERCEIROS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS CAMBIAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Ainda que a duplicata mercantil tenha por característica o vínculo à compra e venda mercantil ou prestação de serviços realizada, ocorrendo o aceite - como verificado nos autos -, desaparece a causalidade, passando o título a ostentar autonomia bastante para obrigar a recorrida ao pagamento da quantia devida, independentemente do negócio jurídico que lhe tenha dado causa; 2. Em nenhum momento restou comprovado qualquer comportamento inadequado da recorrente, indicador de seu conhecimento quanto ao descumprimento do acordo realizado entre as partes originárias; http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 3. Recurso especial provido. REsp 668.682/MG, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 19.03.2007, p. 355. A emissão de duplicata em desacordo com a mercadoria vendida é crime tipificado pelo art. 172 do Código Penal. Até 1990, porém, havia a conduta típica de aceitar duplicata que não correspondesse efetivamente a uma compra e venda mercantil. 6.4.2. Características essenciais Além da causalidade, a duplicata também se caracteriza por ser um título de modelo vinculado. Isso significa que já requisitos formais para sua emissão, que precisam ser atendidos para que o título seja válido. Esses requisitos constam em resolução do Conselho Monetário Nacional e na própria Lei das Duplicatas, cujos dispositivos estudaremos a partir de agora. Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. § 1º A duplicata conterá: I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem; II - o número da fatura; III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; IV - o nome e domicílio do ven dedor e do comprador; V - a importância a pagar, emalgarismos e por extenso; VI - a praça de pagamento; VII - a cláusula à ordem; VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; IX - a assinatura do emitente. Diferentemente do que ocorre com as notas promissórias e letras de câmbio, as duplicatas não podem ser emitidas a certo termo da vista e nem a certo termo da data. Guarde bem essa informação, pois a duplicada só pode ser emitida com dia certo ou à vista. Diferentemente do que ocorre com as notas promissórias e letras de câmbio, as duplicatas não podem ser emitidas a certo termo da vista e nem a certo termo da data. Pelo contrário, a duplicada só pode ser emitida com dia certo ou à vista. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Uma vez emitida a duplicata, esta deverá ser enviada ao sacado (comprador) para que ele a pague, no caso da duplicata à vista, ou a aceite e devolva, se estivermos falando de uma duplicata a prazo. A duplicata é estruturada como ordem de pagamento, com aceite obrigatório. É preciso, porém, analisar essa questão com cuidado, pois o fato de o aceite ser obrigatório não significa que ele seja irrecusável. É razoável pensar que, diante de certas circunstâncias, a recusa do aceite seja possível. É o que ocorre nos casos de não recebimento das mercadorias, existência de vícios nos produtos recebidos, ou entrega fora do prazo estipulado. Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de: I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 6.4.3. Emissão, aceite e cobrança Art. 1º Em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. § 1º A fatura discriminará as mercadorias vendidas ou, quando convier ao vendedor, indicará somente os números e valores das notas parciais expedidas por ocasião das vendas, despachos ou entregas das mercadorias. Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. A duplicata é notadamente um título emitido pelo próprio credor, o que é uma peculiaridade interessante. Quem emite o título é o vendedor da mercadoria, para recebimento dos correspondentes valores à vista ou em data certa. Ao contrário do que se poderia supor a partir de uma primeira leitura do art. 2o, também é possível a emissão de outros títulos de crédito para documentar a compra e venda, a exemplo da nota promissória e do cheque. Esta é a posição que tem sido adotada pela jurisprudência do STJ. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães COMERCIAL. VENDA DE MERCADORIAS. EMISSÃO DE NOTA PROMISSÓRIA E DUPLICATA. COBRANÇA VIA EXECUTIVA DA PRIMEIRA. POSSIBILIDADE. LEI N. 5.474/68, ART. 2º. INTERPRETAÇÃO. I. A restrição contida no art. 2º da Lei n. 5.474/68 refere-se apenas à emissão de qualquer outro título, que não a duplicata, "para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador", não obstando, todavia, que o devedor emita nota promissória comprometendo-se a pagar o débito decorrente da compra e venda mercantil realizada entre as partes. II. Hígida, pois, a execução baseada nas notas promissórias assim emitidas. III. Recurso especial não conhecido. REsp 136.637/SC, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 28.10.2002, p. 321. Art. 6º A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo. § 1º O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão. § 2º Se a remessa for feita por intermédio de representantes instituições financeiras, procuradores ou correspondentes estes deverão apresentar o título, ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. Emitida a duplicata, esta será enviada ao próprio devedor, para a aceite e devolva. Esta remessa deverá ser efetuada no prazo de 30 dias contados da emissão do título. Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite. § 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção. § 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se refere. Caberá então ao devedor aceitar a duplicada e devolvê-la, caso não esteja presente nenhuma das circunstâncias que ensejam a recusa. Lembre-se de que, no regime jurídico da duplicata, o aceite é obrigatório, e o devedor se obriga ao pagamento independentemente de aceita-lo expressamente. Por isso é comum a doutrina apontar que o aceite da duplicata poderá ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção). O aceite expresso é aquele aposto sobre o próprio título. Já o aceite presumido ocorre quando o devedor http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães recebe, sem reclamação, as mercadorias adquiridas e enviadas pelo credor. Neste caso o simples recebimento das mercadorias já caracteriza o aceite do título. A principal diferença entre uma modalidade e a outra é a execução da duplicata. A duplicata aceita expressamente se aperfeiçoa como título de crédito, e por isso pode ser executada sem maiores formalidades. A execução da duplicata aceita por presunção, porém, é um pouco mais dificultosa. Além da apresentação do título, será necessário ainda o protesto e o comprovante de entrega das mercadorias. É possível ainda que a duplicata tenha sido endossada a terceiros pelo sacador (vendedor), e por isso há a possibilidade de execução do terceiro contra ele, na condição e coobrigado. Neste caso o STJ entende que não há necessidade de comprovação da entre das mercadorias. Comercial. Duplicata não aceita. Execução contra endossante e avalista. Possibilidade. I - O endossatário de duplicata sem aceite, desacompanhada da prova da entrega da mercadoria, não pode executá-la contra o sacado, mas pode executá-la contra o endossante e avalista. Interpretação do art. 15, § 1º, da Lei nº 5.474/68, com a redação que lhe deu a Lei nº 6.458/77. II - Recurso especial conhecido e provido REsp 250.568/MS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. 19.10.200, Informativo 75/2000. É também entendimento corrente do STJ que a duplicata sem aceite (expresso ou presumido) não assume as características de título executivo, mas pode subsidiar o ajuizamento de ação monitória. Aceite das duplicatas Expresso (ordinário) O devedorapõe o aceite no título Para a execução basta a apresentação da duplicata Presumido (por presunção) O devedor recebe, sem reclamação, as mercadorias adquiridas e enviadas pelo credor. Para execução, além da apresentação do título, será necessário ainda o protesto e o comprovante de entrega das mercadorias. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães AÇÃO MONITÓRIA - PROVA ESCRITA - DUPLICATAS PROTESTADAS, SEM ACEITE E SEM O RECIBO DE ENTREGA DAS MERCADORIAS - DOCUMENTOS HÁBEIS À INSTAURAÇÃO DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO - PRECEDENTES DO STJ. I - O documento escrito a que se refere o legislador não precisa ser obrigatoriamente emanado do devedor, sendo suficiente, para a admissibilidade da ação monitória, a prova escrita que revele razoavelmente a existência da obrigação. II - Assentando o Tribunal de origem estar a duplicata despida de força executiva por ausência de aceite, é ela documento hábil à instrução do procedimento monitório. III - Recurso não conhecido. REsp 204.894/MG, Rel. Min. Waldemar Zveiter, j. 19.02.2001, Informativo 85/2001. Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. § 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução do título. § 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento. § 3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título. § 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas. O protesto da duplicata pode dar-se em três diferentes modalidades: por falta de aceite, por falta de devolução, ou por falta de pagamento. A omissão do credor em protestar a duplicata por falta de aceite ou de devolução não o impede de fazer o protesto por falta de pagamento. O prazo para protesto (comum a vários títulos de crédito) é de 30 dias. Após esse período o credor perderá o direito de regresso contra os endossantes e avalistas. O local indicado no título, além de ser a praça indicada para a realização do protesto, define também o foro competente para cobrança judicial da duplicata. Aqui chamo sua atenção para a regra do §1o, segundo a qual há a possibilidade de protesto por simples indicações do portador, caso a duplicata tenha sido remetida ao devedor e não tenha sido por ele devolvida. Essas indicações são retiradas da escrituração contábil do credor (fatura e livro Registro de Duplicatas). Esse protesto por indicações e a comprovação do recebimento das mercadorias são suficientes para assegurar os direitos do credor, possibilitando a execução do título. Trata-se de uma exceção ao princípio da cartularidade, pois neste caso poderá haver execução sem que o credor esteja de posse da cártula. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães O protesto por indicações e a comprovação do recebimento das mercadorias são suficientes para assegurar os direitos do credor da duplicata que não tenha sido devolvida pelo devedor, possibilitando a execução do título. Trata-se de uma exceção ao princípio da cartularidade, pois neste caso poderá haver execução sem que o credor esteja de posse da cártula. Apesar da previsão legal, o protesto por indicações é muito raro na prática. O que normalmente acontece no caso de retenção da duplicata pelo devedor é a emissão de uma triplicata pelo credor, que a envia para protesto e depois ajuíza execução. O procedimento não é correto, já que triplicata não deve ser emitida a não ser em casos de perda ou extravio da duplicata. O STJ já decidiu que não é possível o protesto por indicações e meros boletos bancários, sendo necessária a efetiva emissão de duplicatas e a sua posterior retenção por parte do devedor. Direito Comercial. Duplicata mercantil. Protesto por indicação de boletos Bancários. Inadmissibilidade. I - A retenção da duplicata remetida para aceite é conditio sine qua non exigida pelo art. 13, § 1º da Lei nº 5.474/68 a fim de que haja protesto por indicação, não sendo admissível protesto por indicação de boletos bancários. II - Recurso não conhecido. REsp 827.856/SC, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17.09.2007, p. 295. A prescrição da duplicata é regulamentada pelo art. 18 da lei. Art. 18 - A pretensão à execução da duplicata prescreve: I - contra o sacado e respectivos avalistas, em 3 (três) anos, contados da data do vencimento do título; II - contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto; III - de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães fonte: http://blog.quantosobra.com.br 6.5. Outros títulos de crédito Além dos principais títulos, que acabamos de estudar, é importante ainda que você conheça, mesmo que de forma mais superficial, outros títulos de crédito que têm assumido cada vez mais importância para o mercado, a exemplo dos títulos de crédito comercial, industrial, rural, à exportação, imobiliário e bancário. Em geral podemos dizer que esses títulos de crédito ostentam as seguintes características: a)!São títulos causais; b)!Configuram promessa de pagamento; e c)! Podem ter ou não garantia real, conforme a natureza e a atividade própria. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 6.5.1. Títulos de crédito comercial Nesta categoria se destacam o conhecimento de depósito e o warrant, cuja regulamentação legal se encontra no Decreto n. 1.102/1903. São títulos emitidos pelos armazéns-gerais por ocasião do depósito de mercadorias. O conhecimento de depósito é um título representativo da mercadoria depositada, que pode ser transferida com o endosso do título. O warrant, por sua vez, constitui promessa de pagamento, cuja garantia é a mercadoria depositada. Aqui devemos mencionar ainda a cédula de crédito comercial e a nota de crédito comercial, disciplinadas pela Lei n. 6.840/1980. Esses títulos resultam de financiamento obtido por empresas no mercado financeiro, para finalidade comercial. Os dois constituem promessas de pagamento, mas a cédula de crédito comercial tem garantia real, enquanto a nota de crédito comercial não conta com essa característica. 6.5.2. Títulos de crédito industrial Aqui temos a cédula de crédito industrial e a nota de crédito industrial, regulamentadas pelo Decreto-Lei n. 413/1969. Esses títulos são resultantes da obtenção de financiamentos para a indústria, e seguem a mesma lógica dos títulos de crédito comercial: a cédula conta com garantia real, enquanto a nota não ostenta esse tipo de garantia. 6.5.3. Títulos de crédito à exportação Estes títulos são a cédula de crédito à exportação e a nota de crédito à exportação, disciplinadas pela Lei n. 6.313/1975. Esses títulos resultam de operações de financiamento à exportação ou à produção de bens destinados à exportação. A distinção entre um e outro é a mesma das demais modalidades, consistindo na existência, ou não, de garantia real. 6.5.4. Títulos de crédito rural Aqui temos uma maior variedade de títulos. Em primeiro lugar devemos mencionar a cédula de crédito rural e a nota de créditorural, disciplinadas pelo Decreto-Lei n. 167/1967, que são títulos causais, de natureza civil, resultantes do financiamento a cooperativa, empresa ou produtor rural. São promessas de pagamento, que se distinguem em razão da existência, ou não, de garantia real. Há também a nota promissória rural e a duplicata rural, que também encontram previsão no Decreto-Lei n. 167/1967. São títulos causais, fundados em operações de compra e venda de natureza rural, contatadas a prazo, não constitutivas de financiamento no âmbito do crédito rural. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Por fim temos a cédula de produto rural, disciplinada pela Lei n. 8.929/1994. Mias uma vez estamos diante de um título de natureza causal, emitido por produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos rurais, podendo conter garantia hipotecária, pignoratícia ou fiduciária. Normalmente a CPR é utilizada pelo produtor rural que adquire insumos e se compromete a pagá- los entregando certa quantidade de produto rural em determinada data. 6.5.5. Títulos de crédito imobiliário Dentre esses títulos destaca-se a letra imobiliária, disciplinada pela Lei n. 4.380/1964. É um título causal representativo de promessa de pagamento, destinado à captação de recursos destinados à execução de projeto imobiliário, mediante garantia do governo federal. Devemos ainda mencionar a letra hipotecária (Lei n. 7.684/1988) e a cédula hipotecária (Decreto-Lei n. 70/1966), que são títulos causais representativos de promessa de pagamento, emitidos com lastro sobre crédito hipotecário. A letra hipotecária é emitida por instituição financeira, enquanto a cédula hipotecária é emitida por associação de poupança e empréstimo. Nos últimos anos tivemos ainda a criação de algumas novas modalidade de títulos imobiliários: a)!Certificado de recebíveis imobiliários (Lei n. 9.514/1997). Trata-se de um título causal, emitido por companhias securitizadoras de crédito, como promessa de pagamento, sob a forma escritural, com registro no sistema CETIP; b)!Letra de crédito imobiliário (Lei n. 10.931/2004). Título causal, emitido por instituição financeira, como promessa de pagamento, com lastro em crédito imobiliário decorrente de hipoteca ou alienação fiduciária; c)! Cédula de crédito hipotecário (Lei n. 10.931/2004). Título causal, emitido pelo tomador do crédito imobiliário, em favor da instituição financeira credora, com garantia real ou fidejussória, ou sem garantia. 6.5.6. Títulos de crédito bancário Dentre esses títulos devemos dar destaque à cédula de crédito bancário, também criada pela Lei n. 10.931/2004. Este título é emitido pelo tomador em favor da instituição financeira, com garantia real ou fidejussória, ou sem garantia, em qualquer espécie de operação de crédito. A peculiaridade dessa cédula de crédito é a destinação do capital objeto do financiamento, que nos demais casos é específica (atividades comerciais, industriais, rurais, etc.), enquanto na cédula de crédito bancário o capital pode ser empregado no desenvolvimento de qualquer atividade. A criação desse título também veio resolver o velho problema dos bancos que buscavam um título executivo para garantir o contrato de abertura de crédito. O STJ já pacificou entendimento acerca da licitude desse tipo de operação. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães DIREITO BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO VINCULADA A CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO. EXEQUIBILIDADE. LEI N. 10.931/2004. POSSIBILIDADE DE QUESTIONAMENTO ACERCA DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS RELATIVOS AOS DEMONSTRATIVOS DA DÍVIDA. INCISOS I E IIDO § 2º DO ART. 28 DA LEI REGENTE. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza, circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em conta-corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial. O título de crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relação de exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004). 2. No caso concreto, recurso especial não provido. REsp 1.291.575/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 14.08.2013, DJe 02.09.2013. Outro título bancário importante é o certificado de depósito bancário (CDB), regulamentado pela Lei n. 4.728/1965. É um título causal emitido pelo banco comercial ou banco de investimento, como promessa de pagamento a título de captação de depósito a prazo, com ou sem certificado. Por fim temos o certificado de depósito em garantia, também disciplinado pela Lei n. 4.728/1965 e pela Lei n. 6.404/1976, conhecida como Lei das SA. Trata-se de título causal, emitido por instituição financeira, relativo ao depósito em garantia de títulos de crédito ou de valores mobiliários, que permanecem no estabelecimento bancário, como lastro da operação, até a devolução do certificado. 6.5.7. Letra de arrendamento mercantil A letra de arrendamento mercantil foi criada pela Lei n. 11.882/2008, sendo possível sua emissão pelas sociedades de arrendamento mercantil. Trata-se de título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro, cujas principais características constam no art. 2o da referida lei. Art. 2o As sociedades de arrendamento mercantil poderão emitir título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro, denominado Letra de Arrendamento Mercantil - LAM. § 1o O título de crédito de que trata o caput deste artigo, nominativo, endossável e de livre negociação, deverá conter: I - a denominação “Letra de Arrendamento Mercantil”; II - o nome do emitente; III - o número de ordem, o local e a data de emissão; IV - o valor nominal; V - a taxa de juros, fixa ou flutuante, admitida a capitalização; http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães VI - a descrição da garantia, real ou fidejussória, quando houver; VII - a data de vencimento ou, se emitido para pagamento parcelado, a data de vencimento de cada parcela e o respectivo valor; VIII - o local de pagamento; e IX - o nome da pessoa a quem deve ser pago. § 2o O endossante da LAM não responde pelo seu pagamento, salvo estipulação em contrário. O §2o traz uma peculiaridade importante, que é exoneração do endossante da condição de coobrigado pelo pagamento do título. Nesse sentido o endosso da letra de arrendamento mercantil assume características de cessão civil de créditos. 7 – Atos cambiários Além da disciplina dos títulos de crédito em espécie, precisamos ainda entender como funcionam alguns atos próprios deste ramo do Direito Empresarial, conhecidos como atos cambiários. Os principais, que estudaremos na aula de hoje, são o endosso, o aval e o protesto. 7.1. Endosso Por meio deste ato, o credor do título (endossante) transmite seus direitos a outra pessoa (endossatário). Em primeiro lugar devemos lembrar que os títulos gravados com a cláusula “não à ordem” não podem circular mediante endosso, dependendo para isso da cessão civil de crédito. Devemos ainda relembrar que os títulos de crédito próprios (letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, etc.) têm implícita a cláusula “à ordem”. Além de transferir os direitos de crédito, o endosso também gera outra consequência jurídica: constitui o endossante como codevedor do título. Entretanto, é possível que o endossoseja gravado com a cláusula “sem garantia”, que exonera o endossante de responsabilidade pela obrigação representada pelo título. Como regra geral, o endosso deve ser feito no verso do título, bastando a simples assinatura do endossante. É possível também que seja feito no anverso (frente), mas neste caso deve conter, além da assinatura, a indicação de que se trata de um endosso, já que o anverso do título normalmente já contém muitas informações. O endosso é um ato simples, não sujeito a limitações ou condições. Tanto a legislação cambiária específica quanto o Código Civil (art. 912) desconsideram qualquer menção, no ato do endosso, a condição que subordine o endossante. Da mesma forma, também é nulo o endosso parcial. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Tanto a legislação cambiária específica quanto o Código Civil (art. 912) desconsideram qualquer menção, no ato do endosso, a condição que subordine o endossante. Da mesma forma, também é nulo o endosso parcial. Outro fato importante é que, em princípio, não há limitações na legislação em relação à quantidade de endossos. A legislação tributária da CPMF exigia que houvesse no máximo 1 endosso no cheque, mas essa norma já não faz mais parte do ordenamento. É possível que haja ainda o endosso em branco ou em preto. O endosso em branco é aquele que não identifica o endossatário. Na prática essa possibilidade termina sendo uma permissão para circulem, no Brasil, títulos ao portador, pois o primeiro beneficiário (tomador ou credor) era conhecido, mas, a partir do endosso em branco, não será mais possível indicar com precisão quem é o titular do crédito. Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; pode endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso. O endosso em preto, por sua vez, contém a identificação da pessoa a quem está sendo transferida a titularidade do crédito. Perceba que no caso do endosso em branco podemos ter, na prática, um endossatário que posteriormente endosse novamente o título sem praticar nenhum ato formal. Neste caso ele não comporá a cadeia de coobrigados, pois na prática o endosso se deu pela simples tradição do título que já havia sido anteriormente endossado em branco. No caso do endosso em preto isso não é possível, pois o endossatário somente pode praticar novo endosso (ainda que em branco) por meio de ato formal, aponto sua assinatura ao título e, por conseguinte, tornando-se também coobrigado. Há ainda a figura do endosso impróprio, que admite duas modalidades: o endosso-mandato e o endosso-caução. O endosso impróprio não transfere a titularidade do crédito, apenas legitimando a posse de um terceiro sobre o título, para que esta pessoa exerça o direito por ele representado. Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. § 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães § 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso-mandato. § 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver contra o endossante. Por meio do endosso-mandato, o endossante confere poderes ao endossatário para agir como seu representante, podendo cobrar o título, executá-lo, protestá- lo, etc. Esse endosso pode ser feito por meio da aposição das expressões “para cobrança”, “valor a cobrar” ou “por procuração”. É muito comum que esse tipo de endosso seja feito em benefício de instituições financeiras, e por isso há diversos julgados do STJ a respeito do assunto. Aqui destaco o entendimento segundo o qual o banco que atuar como mandatário nestes casos somente responde por eventuais danos causados ao devedor do título se for comprovada a sua atuação culposa, o que ocorre, por exemplo, quando o banco tem conhecimento inequívoco de que o negócio jurídico que embasou a duplicata foi desfeito. DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA RECEBIDA PORENDOSSO- MANDATO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO.NECESSIDADE DE CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso especial não provido. REsp 1.063.474/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 28.09.2011, DJe 17.11.2011. Súmula 476 do STJ O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título. § 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador. § 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé. O endosso-caução, por sua vez, também chamado de endosso-pignoratício ou endosso-garantia, ocorre quando o endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. O endosso pode ser http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães feito com o uso das expressões “valor em garantia”, “valor em penhor” ou outra que indique uma caução. Caso o endossante faça o pagamento da dívida, poderá resgatar o título. Caso a dívida não seja honrada, o endossatário poderá executar a garantia e passar, então, à condição de titular do crédito. A doutrina aponta ainda uma outra modalidade de endosso, chamado de endosso póstumo ou tardio. O ato recebe esse nome porque é feito após o protesto ou após o prazo para sua realização. Neste caso o endosso somente gera os efeitos de uma cessão civil de créditos. Um detalhe importante aqui é que o Código Civil e a Lei Uniforme estabelecem a presunção de que o endosso sem data foi feito antes do prazo para realização do protesto. 7.2. Aval O aval é o ato por meio do qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo adimplemento da obrigação representada pelo título. Normalmente o ato deve ser praticado no anverso (frente) do título, caso em que basta a simples assinatura do avalista. Também é possível que o aval seja feito no verso, caso em que deve constar a indicação clara de que se trata de um aval. Também temos o aval em branco, que não indica quem é o avalizado, e o aval em preto, que identifica o beneficiário da garantia. Caso o aval seja dado em branco, presume-se que seu beneficiário seja o sacador (no caso da letra de câmbio), o emitente o subscritor (nos demais títulos). Devemos também mencionar a diferença entre os avais simultâneos e os avais sucessivos. Endosso Próprio Transfere a titularidade do crédito e constitui o endossante como codevedor. Em branco Em preto Impróprio Endosso-mandato Endosso-caução http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Os avais simultâneos ocorrem quando duas ou mais pessoas avalizam o título simultaneamente, garantindo a mesmaobrigação, com responsabilidade solidária. Os avais sucessivos, por sua vez, ocorrem quando alguém avaliza outro avalista. Nesse caso todos os eventuais avalistas dos avalistas terão a mesma responsabilidade do avalizado, ou seja, aquele que pagar a dívida terá direito de regresso em relação ao total da dívida, e não apenas em relação a uma parte dela. Assim como o endosso tem relação com a cessão civil de créditos, o aval também encontra um instituto similar no direito civil: a fiança. Há duas diferenças básicas entre os dois institutos. O aval, por relacionar-se a um título de crédito autônomo, constitui obrigação própria. Se houver vício na obrigação do avalizado, portanto, este não se transmite ao avalista. A fiança, porém, é uma obrigação acessória, seguindo o mesmo destino da obrigação principal. O STJ já reconheceu em diversas ocasiões a autonomia do aval em relação à obrigação representada pelo título de crédito. COMERCIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. AVALISTA. ÓBITO ANTES DO VENCIMENTO. OBRIGAÇÃO NÃO PERSONALÍSSIMA. TRANSMISSÃO AOS HERDEIROS. I - O aval, espécie de obrigação cambial, é autônomo em relação à obrigação do devedor principal e se constitui no momento da aposição da assinatura do avalista no título de crédito. [...] REsp 260.004/SP, Rel. Min. Castro Filho, 3a Turma, j. 28.11.2006, DJ 18.12.2006, p. 358. A segunda distinção relevante entre o aval e a fiança está relacionada ao benefício de ordem. O avalista pode ser acionado juntamente com o avalizado, enquanto, na fiança, é preciso primeiro buscar o cumprimento da obrigação junto ao afiançado, para só depois acionar o fiador. A obrigação do avalista é solidária, enquanto a do fiador é subsidiária. Outro fator importante em relação ao aval, que também se aplica à fiança, é a exigência feita pelo Código Civil (art. 1.647, III) de outorga conjugal para que essas garantias sejam prestadas por pessoas casadas em regime que não seja o da separação absoluta. Tal regra é duramente criticada pela doutrina, sob o argumento de que beneficia o avalista casado que age de má-fé e, ao mesmo tempo, burocratiza demasiadamente as relações comerciais. Os Tribunais Superiores, porém, vêm aplicando a regra, considerando nulas as garantias concedidas sem a outorga do cônjuge. Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval. Parágrafo único. É vedado o aval parcial. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães O Código Civil veda o aval parcial, pode se pode facilmente depreender do parágrafo único do art. 897. Todavia, há leis específicas que preveem essa possibilidade, como é o caso da Lei Uniforme em relação à nota promissória. Nestes casos o aval parcial é permitido, aplicando-se a norma mais específica. Por fim, devemos ainda mencionar o enunciado 26 da súmula de jurisprudência dominante do STJ, que estabelece a responsabilidade do avalista de título de crédito vinculado a contrato de mútuo bancário, quando no contrato figurar como devedor solidário. Súmula 26 do STJ O avalista do titulo de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. 7.3. Protesto O protesto é o ato por meio do qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. Este fato relevante pode ser a falta de devolução do título, a falta de aceite do título ou a falta de pagamento. Se o protesto for por falta de aceite, somente poderá ser efetuado antes do vencimento da obrigação e pós o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução. Após o vencimento, o protesto será feito apenas por falta de pagamento. Um fato interessante é o que diz respeito à obrigatoriedade do protesto. Na realidade, só há exigência legal da prática do ato se houver a pretensão de executar coobrigados, a exemplo dos endossantes. Para executar o título cobrando o cumprimento da obrigação do devedor principal ou de seu avalista, não será necessário protestar o título. Existe, por outro lado, disposições legais específicas que eventualmente exigem o protesto para o exercício de determinados direitos. É o caso da propositura da Protesto Necessário Contra os coobrigados e endossantes. Facultativo Contra o devedor principal e seu avalista. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães falência do devedor por impontualidade injustificada (art. 94 da Lei n. 11.101/2005). Além disso, atualmente o Código Civil determina que o protesto interrompe a prescrição, desde que feito no prazo e na forma da lei. Esta foi uma inovação trazida pelo Código Civil de 2002, que terminou por superar o entendimento do da súmula 153 do STF, segundo a qual “o simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. Uma vez lavrado o protesto, seu cancelamento dependerá de requerimento do devedor, mediante a apresentação do documento que comprove o pagamento, assinado pelo credor. Na praxe comercial esse documento normalmente é chamado de carta de anuência. Devemos ainda mencionar os enunciados 475 e 476 da súmula de jurisprudência dominante do STJ, que tratam da responsabilização do endossatário que leva o título a protesto indevidamente. Súmula 475 do STJ Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. Súmula 476 do STJ O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Para encerrar nosso estudo do ato de protesto, é importante conhecermos a regra do art. 9o da Lei n. 9.492/1997. Art. 9º Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. Parágrafo único. Qualquer irregularidade formal observada pelo Tabelião obstará o registro do protesto. O papel do tabelião de protestos, portanto, é fazer um exame formal do título apresentado, não lhe cabendo analisar a prescrição e a caducidade. 7.4. Ação Cambial A ação cambial se funda na inadimplência do devedor quanto ao cumprimento da obrigação consubstanciada no título de crédito. Nessa situação surge em favor do credor o direito subjetivo de promover a cobrança judicial da dívida. A tutela http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães judicial, portanto, obrigará o devedor ao pagamento, sob pena de constrição de seu patrimônio. Entre as modalidades de ações cambiais destacam-se a execução de título extrajudicial, prevista no art. 784 do Novo Código de Processo Civil, e a ação de enriquecimento sem causa, ou locupletamento, que encontra previsão no art. 61 da Lei n. 7.357/1985 (Lei do Cheque). Ambas têm caráter cambial, e por isso a defesa do devedor é bastante restrita, eliminando-se a possibilidade de oposição de exceções pessoais relacionadas às circunstâncias da obrigação original. No entanto, na ação de locupletamento, o título, embora não perca o caráter cambial, deixa de ser titulo executivo extrajudicial em razão da prescrição. Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público,pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. Art. 61. A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei. A execução pode ser proposta diretamente contra o devedor e seus avalistas (não há necessidade de protesto prévio) ou de forma indireta, dirigida também contra os coobrigados e seus avalistas (caso em que o protesto será necessário). O prazo http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães para o ajuizamento da execução encontra previsão legal específica para cada título. Vencido o prazo de prescrição para ajuizar a execução, no caso do cheque poderá o credor manejar a ação de locupletamento no prazo de 2 anos contados do dia em que se consumar a prescrição da execução. Além das ações cambiais, o credor de título de crédito prescrito ou que não preencha completamente os requisitos legais poderá se valer da ação monitória, amplamente mencionada nesta aula, prevista nos arts. 700 e seguintes do Novo Código de Processo Civil. A ação monitória é mais ágil do que a ação ordinária de cobrança, mas a defesa do devedor tem caráter mais amplo, o que poderá retardar o recebimento do crédito. Aqui vale mencionar o entendimento do STJ acerca do prazo para ajuizamento da ação monitória. Súmula 504 do STJ O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. O credor ainda tem ainda a possibilidade de ajuizar a ação ordinária de cobrança, fundada na relação jurídica que deu causa à emissão do título. Neste caso obviamente o título de crédito servirá apenas como início de prova. Por essas razões a ação de cobrança termina sendo usada somente quando não houver outra alternativa. Abaixo trago quadro comparativo que consta no livro Direito Empresarial Esquematizado, de Edilson Enedino Chagas: AÇÕES CAMBIAIS Tipo de Ação Prazo Fundamento Execução Prazo prescricional específico de cada título. Título de crédito Locupletamento 2 anos após a prescrição (cheque) Título de crédito Monitória 5 anos, após um dia da emissão ou do vencimento do título. Título de crédito http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Cobrança Prazo previsto em lei para a relação originária típica (artigos 206 e 205 do CC ou legislação especial). A causa originária 8 – Questões 8.1. Questões sem Comentários 01. TJ-PR – Juiz de Direito – 2017 – Cespe. O ato cambiário pelo qual o credor transmite a outrem seus direitos sobre título nominal à ordem é denominado: a) Aceite b) Aval c) Endosso d) Cessão civil de crédito 02. PGE-AM – Procurador do Estrado – 2016 – Cespe. No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir. A promoção prévia de protesto válido do título é condição para que o credor de título de crédito válido mova uma ação de execução contra o devedor principal. 03. PGE-AM – Procurador do Estrado – 2016 – Cespe. No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir. A doutrina relativa ao direito cambiário trata do princípio da abstração, um subprincípio derivado do princípio da autonomia, que destaca a ligação entre o título de crédito e o fato jurídico que deu origem à obrigação que ele representa. 04. DPE-ES – Defensor Público – 2016 – FCC. Sobre o endosso e o aval de letras de câmbio e de notas promissórias, I. pelo endosso transmitem-se todos os direitos emergentes da letra de câmbio e da nota promissória e o endossante, salvo cláusula em contrário, garante o pagamento desses títulos. II. o endosso pode ser condicional, mas não parcial. III. o pagamento de uma letra de câmbio ou de uma nota promissória pode ser no todo ou em parte garantido por aval. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães IV. o avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa afiançada, mas sua obrigação se mantém se a obrigação que ele garantiu for nula apenas por vício de forma. V. o endossante acionado não pode opor ao portador de uma nota promissória as exceções fundadas sobre as relações pessoais dele com os portadores anteriores, salvo se o portador ao adquirir a nota promissória tiver procedido conscientemente em detrimento do devedor. Está correto o que se afirma APENAS em a) II, III e IV. b) III, IV e V. c) II, IV e V. d) I, III e V. e) I, II e IV. 05. DPE-BA – Defensor Púlico – 2016 – FCC. Sobre os títulos de crédito, analise as afirmações abaixo: I. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. II. O cheque nominal, com ou sem a cláusula expressa “à ordem”, é transmissível por via de endosso, enquanto o cheque nominal com cláusula “não à ordem” somente pode ser transmitido pela forma de cessão. III. O título de crédito emitido sem o preenchimento de requisito de forma que lhe retire a validade, acarreta a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. IV. Ao contrário da nota promissória, a duplicata é um título causal e, em regra, não goza de abstração. Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e IV. b) I, II e III. c) I e II. d) II e IV. e) I e IV. 06. TJ-RJ – Juiz de Direito – 2016 – FCC. Dispõe a lei que rege o título de crédito, denominado duplicata, que em todo contrato de compra e venda mercantil, celebrado entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 dias, contados da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães fatura para apresentação ao comprador. A esse respeito, é correto afirmar que: a) quando a remessa da duplicata for feita por intermédio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o título ao comprador, dentro de 10 dias contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. b) em toda venda realizada em tais condições, o vendedor é obrigado a extrair da fatura a respectiva duplicata. c) no ato da emissão da fatura, o vendedor extrairá a duplicata para circulação com efeito comercial, sendo admitida, nesse caso,qualquer outra espécie de título de crédito, a exemplo da letra de câmbio ou da nota promissória, para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. d) uma só duplicata poderá corresponder a mais de uma fatura, nos casos de venda para pagamento em parcelas, situação em que se discriminarão todas as prestações e vencimentos, distinguindo-se a numeração pelo acréscimo, em sequência, de letra do alfabeto. e) no valor total da duplicata serão incluídos os abatimentos de preços das mercadorias feitos pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da fatura. 07. Prefeitura de Campinas – Procurador do Município – 2016 – FCC. O Banco Z recebeu título de crédito por endosso-mandato e o levou a protesto. Porque indevido o protesto, o prejudicado ajuizou ação contra o Banco Z requerendo compensação por danos morais. De acordo com jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, o Banco Z a) responde por danos morais nas mesmas hipóteses em que o credor da cártula. b) responde por danos morais, independentemente de culpa, se for inexistente o negócio jurídico subjacente à cártula. c) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, na hipótese de endosso-mandato, jamais responde por danos decorrentes de protesto indevido. d) responde por danos morais se houver extrapolado os poderes de mandatário ou agido com culpa, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento ou de falta de higidez da cártula. e) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, em qualquer espécie de endosso, jamais responde por danos decorrentes de protesto indevido. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 08. TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho Substituto – 2016 – FCC. Sobre os títulos de crédito, é INCORRETO afirmar: a) A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair a triplicata. b) O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão não é pagável quando da sua apresentação. c) No caso dos cheques, são nulos o seu endosso parcial e do sacado. d) As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis poderão emitir faturas e duplicatas de prestação de serviços. e) O cheque pode ser emitido à ordem do próprio sacador. 09. TJ-RJ – Juiz de Direito – 2016 – VUNESP. A cláusula “não à ordem": a) inviabiliza o aceite. b) impede a circulação mediante endosso. c) implica em aceite do cumprimento da obrigação assumida em Nota Promissória. d) não é admitida na Letra de Câmbio. e) inviabiliza o aval parcial. 10. TJDFT – Juiz de Direito – 2016 – Cespe. Assinale a opção correta, no que diz respeito a aval: a) Se o título de crédito avalizado for vinculado a contrato de mútuo, o avalista deverá responder pelas obrigações nele contidas, ainda que ali não figure como devedor solidário. b) No caso do cheque, se houver dois avais superpostos e em branco, considera-se que houve aval de aval. c) Os avais simultâneos estabelecem entre os coavalistas uma relação fundada na solidariedade de direito comum, e não cambiária. Assim, se um deles pagar a dívida, terá o direito de exigir do outro apenas a quota parte que caberia a este d) O avalista de cheque prescrito deverá responder pelo pagamento deste em ação monitória, independentemente da prova de ter-se beneficiado da dívida. e) O avalista citado para pagar o valor constante do título poderá invocar em seu favor benefício de ordem, de forma que, primeiro, sejam excutidos bens do avalizado http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 11. DPE-RN – Defensor Público – 2014 – Cespe. A respeito de títulos de crédito e de contratos bancários, assinale a opção correta. a) Atualmente, ainda é válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito e de emissão de carnê na cobrança por serviços bancários, segundo o entendimento do STJ. b) Conforme entendimento do STJ, o ajuizamento isolado de ação revisional de contrato bancário é capaz de descaracterizar a mora do devedor. c) A omissão de qualquer requisito legal que retire a validade do título de crédito implica também a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. d) O pagamento do título de crédito pode ser garantido por aval dado de forma parcial. e) De acordo com o STJ, a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. 12. TJ-PI – Juiz de Direito – 2015 – FCC. O Warrant Agropecuário − WA: a) tem a mesma finalidade do Certificado de Depósito Agropecuário − CDA, dele se diferenciando por ter objeto operações superiores a um milhão de reais e prever prazo de pagamento mais longo. b) é título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, depositados em conformidade com a Lei n° 9.973/2000. c) não constitui título executivo extrajudicial, diferentemente do Certificado de Depósito Agropecuário − CDA, que possui essa característica. d) é título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o Certificado de Depósito Agropecuário − CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito. e) é transmissível por cessão de crédito, mas não admite endosso, diferentemente do Certificado de Depósito Agropecuário − CDA. 13. TJ-PI – Juiz de Direito – 2015 – FCC. Alberto emitiu um cheque nominal em favor de Bruno, que, por sua vez, endossou o título a Carlos, subordinando o endosso a determinada condição que anotou do verso da cártula. Carlos então apresentou o cheque para pagamento ao banco sacado dentro do prazo legal. Nesse caso, considerando que Alberto mantém fundos suficientes e disponíveis para o pagamento, o banco sacado deve: a) pagar o cheque, mas desde que tenha sido previamente informado pelo endossante ou pelo sacador sobre a realização da condição anotada na cártula. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b) pagar o cheque, reputando-se não escrita a condição anotada na cártula pelo endossante c) pagar o cheque, mas desde que lhe seja apresentada, pelo endossatário, prova escrita da realização da condição anotada na cártula. d) negar o pagamento, pois a anotação de condição pelo endossante da cártula invalida o cheque. e) negar o pagamento, pois a anotação de condição torna o cheque título causal, impossibilitando, por consequência, a sua transmissão por endosso. 14. DPE-SP – Defensor Público – 2015 – FCC. Joaquim comparece à Defensoria Pública alegando que recebeu notificação do tabelião de protestos relativa a cheque ao portador por ele emitido e não pago por falta de fundos. No entanto, alega que o notificante, Antônio da Silva, é terceiro por ele desconhecido e que já realizou acordo com Luiz de Souza, pessoa com quem realizou a transação comercial que motivou a emissão do cheque. O acordo consistiu em uma compensação de dívidas, visto que Joaquim possuía um crédito junto à empresa de Luiz, uma sociedade Empresária limitada. Ante o exposto, analise as assertivas a seguir. I. Dentre os princípios que regem os títulos de crédito deve-se ressaltar o da autonomia ou independência, que prevê que o cheque, após expedido, desliga-se da obrigação que lhe deu origem, tornando-se autônomo e exigível por terceiro detentor do título, em razão de sua circulação. II. O cheque ao portador permite sua circulação, sendo o titular do crédito quem porta o título, não havendo limites à sua emissão. Já o cheque nominativo a ordem faz expressa menção do titular do crédito, o que impede sua circulação, só sendo transmissível atravésda cessão civil de créditos. III. Tendo em vista a existência de recusa de pagamento comprovada pelo protesto, é possível ao portador do cheque cobrar o valor nele encartado do emitente e de todos os endossantes, de forma solidária, mesmo que algum deles alegue que a falta de fundos se deu por fato não imputável a si. IV. No caso em tela não há que se falar em compensação de créditos. Joaquim emitiu o cheque em favor de Luiz, não podendo compensar créditos com a empresa deste, ante o requisito da reciprocidade exigido pelo instituto da compensação. Está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV. b) I e III. c) I e IV. d) I, II e IV. e) II e III. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 15. TJ-SP – Juiz de Direito – 2015 – VUNESP. Sobre títulos de crédito, é correto afirmar que a) não é possível o preenchimento do título de crédito incompleto pelo credor após a sua emissão. b) na cédula de crédito bancário pode ser constituída garantia real em documento separado, desde que se faça mera referência a isso no corpo da cédula. c) o devedor deve conferir a autenticidade das assinaturas de toda a cadeia de endossos lançados no título, antes de realizar o pagamento ao último endossatário e portador. d) o endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto, desde que o complete com o seu nome ou de terceiro, bem como pode endossar novamente o título, mas não pode transferi-lo sem novo endosso. 16. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No tocante ao cheque, é INCORRETO afirmar: a) O banco sacado responde por ato ilícito que venha a praticar, mas não pode assumir qualquer obrigação cambial referente a cheques sacados por seus correntistas. b) O sacado não pode aceitar um cheque, mas pode endossá-lo a terceiros c) Somente o cheque nominativo ainda não endossado comporta seu visamento, que não equivale ao aceite. d) O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque e, salvo estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento. e) Um cheque pós-datado é pagável em sua apresentação, à vista, mesmo que esta se dê em data anterior àquela indicada como a de sua emissão 17. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No que se refere a protesto de títulos: a) não responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, cabendo ao suposto devedor exigir o valor reparatório diretamente dos endossantes b) aquele tirado por falta de aceite poderá ser efetuado antes ou após o vencimento da obrigação, desde que após o decurso do prazo legal para o ato de aceite. c) será ele tirado exclusivamente por falta de pagamento ou de aceite. d) o pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito diretamente no tabelionato competente e não poderá ser recusado, se oferecido dentro do prazo legal, no tabelionato de protesto competente e no horário de funcionamento dos serviços. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães e) após o vencimento da obrigação, o protesto poderá ser efetuado por falta de pagamento ou aceite, sendo defesa a lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial. 18. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No tocante às duplicatas, considere: I. É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. II. A duplicata não admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, sendo necessária a emissão de novo título para esses fins. III. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, desde que prestado anteriormente ao vencimento do título. IV. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV. b) II, III e IV. c) I, III e IV. d) I, II e III. e) II e III. 19. TJ-PB – Juiz de Direito – 2015 – Cespe. Guilherme sustou o pagamento de três cheques pós-datados, emitidos no dia 30/1/2015, para adimplir obrigação decorrente de negócio jurídico celebrado com a sociedade empresária Alfa. O motivo da sustação foi que ele não recebeu os produtos do referido negócio jurídico. Cada um dos três cheques teve suas especificidades. No primeiro cheque, pós-datado para o dia 28/2/2015, o campo da data da emissão ficou em branco. O segundo cheque, pós-datado para o dia 30/3/2015, foi nominado a Maria, sócia da sociedade empresária Alfa, que o endossou a Pedro. Este, por sua vez, apresentou o segundo cheque ao banco sacado para compensação no dia 2/2/2015. Em relação ao terceiro cheque, Maria o levou a protesto depois de seis meses do prazo concebido para o ajuizamento da ação de execução de título extrajudicial. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta, sabendo que os cheques foram emitidos na praça em que deveriam ser apresentados e pagos. a) O protesto do terceiro cheque foi pertinente, porque, a despeito de lhe faltar certeza e exigibilidade para aparelhar ação de execução, esse cheque não perdeu a característica de documento de dívida suficiente para a prática de tal ato. ==db697== http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b) O segundo cheque não comporta ação de execução ajuizada no dia 10/10/2015, uma vez que a pretensão ao crédito decorrente da cártula se encontra prescrita. c) No eventual processamento da execução do terceiro cheque, os juros (simples) de mora incidirão a partir da citação do devedor e a correção monetária, desde a data da apresentação. d) A falta de indicação da data implica nulidade do primeiro cheque para fins de execução. e) Pedro, mesmo dentro do prazo legal, não pode ajuizar ação de execução contra Maria porque, com a circulação do título, prevalecem, na situação posta, os princípios da autonomia, abstração e não oponibilidade das exceções pessoais derivadas do negócio jurídico subjacente. 20. TJ-RR – Juiz de Direito – 2015 – FCC. João subscreveu uma nota promissória em favor de Paulo. Além da denominação “nota promissória”, a cártula, devidamente assinada por João, contém a promessa pura e simples de pagar a Paulo a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a indicação da data em que foi emitida e do lugar onde foi passada, mas não prevê nem a época do pagamento, nem o lugar onde este deve ser realizado. Nesse caso, a cártula: a) não vale como nota promissória, pois a indicação da época do pagamento é requisito essencial do título. b) não vale como nota promissória, pois a indicação do lugar onde o pagamento deve ser realizado é requisito essencial do título. c) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação da época do pagamento, considera-se o título à vista. d) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação do lugar do pagamento, considera-se como tal o domicílio de Paulo, independentemente de onde o título foi passado. e) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação da época do pagamento, este só poderá ser exigido trinta dias após a sua apresentação ao subscritor do título. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 8.2. Gabarito 1. C 11. E 2. ERRADA 12. D 3. CERTA 13. B 4. D 14. C 5. A 15. B 6. A 16. B 7. D 17. D 8. B 18. A 9. B 19. B 10. C 20. C http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 8.3. Questões comentadas 01. TJ-PR – Juiz de Direito – 2017 – Cespe. O ato cambiário pelo qual o credor transmitea outrem seus direitos sobre título nominal à ordem é denominado: a) Aceite b) Aval c) Endosso d) Cessão civil de crédito Comentários: O aceito é o ato por meio do qual o sujeito que é obrigado a pagar os valores descritos no título de crédito reconhece essa obrigação. A depender do título esse ato pode ser obrigatório ou voluntário. O aval é o ato por meio do qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo adimplemento da obrigação representada pelo título. O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário). Além de transferir os direitos de crédito, o endosso também gera outra consequência jurídica: constitui o endossante como codevedor do título. Entretanto, é possível que o endosso seja gravado com a cláusula “sem garantia”, que exonera o endossante de responsabilidade pela obrigação representada pelo título. A cessão civil de crédito é ato de certa forma equivalente ao endosso, por transferir direitos, mas no âmbito civil, não fazendo parte da disciplina do Direito Cambiário. GABARITO: C 02. PGE-AM – Procurador do Estrado – 2016 – Cespe. No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir. A promoção prévia de protesto válido do título é condição para que o credor de título de crédito válido mova uma ação de execução contra o devedor principal. Comentários: Um fato interessante é o que diz respeito à obrigatoriedade do protesto. Na realidade, só há exigência legal da prática do ato se houver a pretensão de executar coobrigados, a exemplo dos endossantes. Para executar o título cobrando o cumprimento da obrigação do devedor principal ou de seu avalista, não será necessário protestar o título. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Existe, por outro lado, disposições legais específicas que eventualmente exigem o protesto para o exercício de determinados direitos. É o caso da propositura da falência do devedor por impontualidade injustificada (art. 94 da Lei n. 11.101/2005). Além disso, atualmente o Código Civil determina que o protesto interrompe a prescrição, desde que feito no prazo e na forma da lei. Esta foi uma inovação trazida pelo Código Civil de 2002, que terminou por superar o entendimento do da súmula 153 do STF, segundo a qual “o simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. GABARITO: ERRADA 03. PGE-AM – Procurador do Estrado – 2016 – Cespe. No que concerne ao direito empresarial em sentido amplo, julgue o item a seguir. A doutrina relativa ao direito cambiário trata do princípio da abstração, um subprincípio derivado do princípio da autonomia, que destaca a ligação entre o título de crédito e o fato jurídico que deu origem à obrigação que ele representa. Comentários: O princípio da autonomia é considerado a pedra fundamental de todo o regime cambial, e traduz-se no entendimento de que o título de crédito configura a constituição de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. A doutrina aponta ainda dois importantes subprincípios relacionados ao princípio da autonomia: a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. A abstração se refere à completa desvinculação do título da relação que lhe deu origem. Enquanto o título se restringe à esfera jurídica dos participantes no negócio que lhe deu origem, não haverá ainda abstração. A partir do momento em que há a circulação desse título, porém, estamos diante do fenômeno. Uma vez posto em circulação, o título passará a vincular outras pessoas, que não participaram da relação originária, e que por isso assumem direitos e obrigações exclusivamente em função do título. Protesto Necessário Contra os coobrigados e endossantes. Facultativo Contra o devedor principal e seu avalista. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Vale salientar que a abstração se perde com a prescrição do título de crédito. A prescrição fulmina tanto sua executividade quanto sua cambiariedade, ou seja, o título perde as suas características intrínsecas de título de crédito, dentre elas a abstração. Diante do exposto, podemos dizer, sem medo de errar, que o princípio da abstração realmente trata da ligação entre o título de crédito e o fato jurídico que deu origem à obrigação que ele representa. GABARITO: CERTA 04. DPE-ES – Defensor Público – 2016 – FCC. Sobre o endosso e o aval de letras de câmbio e de notas promissórias, I. pelo endosso transmitem-se todos os direitos emergentes da letra de câmbio e da nota promissória e o endossante, salvo cláusula em contrário, garante o pagamento desses títulos. II. o endosso pode ser condicional, mas não parcial. III. o pagamento de uma letra de câmbio ou de uma nota promissória pode ser no todo ou em parte garantido por aval. IV. o avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa afiançada, mas sua obrigação se mantém se a obrigação que ele garantiu for nula apenas por vício de forma. V. o endossante acionado não pode opor ao portador de uma nota promissória as exceções fundadas sobre as relações pessoais dele com os portadores anteriores, salvo se o portador ao adquirir a nota promissória tiver procedido conscientemente em detrimento do devedor. Está correto o que se afirma APENAS em a) II, III e IV. b) III, IV e V. c) II, IV e V. d) I, III e V. e) I, II e IV. Comentários: Todos os itens se referem a dispositivos da Lei Uniforme, incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto n. 57.663/1966. A maior parte deles encontra correspondência também no Código Civil de 2002, mas vamos nos ater aos dispositivos da Lei Uniforme na nossa análise. O item I está correto, nos termos dos arts. 14 e 15. Art. 14 - O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. Se o endosso for em branco, o portador pode: 1 - Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa; http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 2 - Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 3 - Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar. Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. O item II está incorreto. O ordenamento não permite o endosso parcial e nem o condicional. Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é nulo. O endosso ao portador vale como endosso em branco. O item III está correto, nos termos do art. 30. Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra. O item IV está incorreto. O vício de forma é justamente a exceção em relação à autonomia do aval. Se houver vício de forma, o próprio título será nulo, e por isso não haverá que se falar em aval. Art. 32 - O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja um vicio de forma. Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra. O item V está correto, nos termos do art. 17. Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podemopor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. GABARITO: D 05. DPE-BA – Defensor Púlico – 2016 – FCC. Sobre os títulos de crédito, analise as afirmações abaixo: I. De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. II. O cheque nominal, com ou sem a cláusula expressa “à ordem”, é transmissível por via de endosso, enquanto o cheque nominal com cláusula “não à ordem” somente pode ser transmitido pela forma de cessão. III. O título de crédito emitido sem o preenchimento de requisito de forma que lhe retire a validade, acarreta a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães IV. Ao contrário da nota promissória, a duplicata é um título causal e, em regra, não goza de abstração. Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e IV. b) I, II e III. c) I e II. d) II e IV. e) I e IV. Comentários: O item I está correto. Nos termos da súmula 258 do STJ, a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Lembre-se da discussão envolvendo títulos de crédito que lastreiam o contrato de abertura de crédito bancário. O item II está correto. Nominativo à ordem é o cheque em que se consigna o nome do tomador, sendo permitida sua circulação mediante endosso. O cheque nominativo não à ordem, por sua vez, é aquele em que a circulação por endosso não é possível em razão da aposição da cláusula “não à ordem”, havendo apenas a possibilidade de cessão civil de crédito. Lembre-se de que o cheque é um dos títulos de crédito em que a cláusula “à ordem” é considerada implícita. O item III está incorreto. De acordo com o art. 888 do Código Civil, a omissão de qualquer requisito legal que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. Aqui estamos diante de uma manifestação do princípio da autonomia dos títulos de crédito. O item IV está correto. A duplicata, na condição de título causal, só poderá ser emitida quando verificadas determinadas circunstâncias determinadas por lei. Por outro lado, temos os títulos abstratos, cuja emissão não depende de fato determinado por lei. GABARITO: A 06. TJ-RJ – Juiz de Direito – 2016 – FCC. Dispõe a lei que rege o título de crédito, denominado duplicata, que em todo contrato de compra e venda mercantil, celebrado entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 dias, contados da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. A esse respeito, é correto afirmar que: a) quando a remessa da duplicata for feita por intermédio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes deverão apresentar o título ao comprador, dentro de 10 dias contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b) em toda venda realizada em tais condições, o vendedor é obrigado a extrair da fatura a respectiva duplicata. c) no ato da emissão da fatura, o vendedor extrairá a duplicata para circulação com efeito comercial, sendo admitida, nesse caso, qualquer outra espécie de título de crédito, a exemplo da letra de câmbio ou da nota promissória, para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. d) uma só duplicata poderá corresponder a mais de uma fatura, nos casos de venda para pagamento em parcelas, situação em que se discriminarão todas as prestações e vencimentos, distinguindo-se a numeração pelo acréscimo, em sequência, de letra do alfabeto. e) no valor total da duplicata serão incluídos os abatimentos de preços das mercadorias feitos pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da fatura. Comentários: Nossa questão deve ser respondida com base na Lei n. 5.474/1968, que trata da duplicata. A alternativa A está correta e é a nossa resposta, nos termos do art. 6o, §2o da referida lei. Art. 6o, § 2º Se a remessa for feita por intermédio de representantes instituições financeiras, procuradores ou correspondentes estes deverão apresentar o título, ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. A alternativa B está incorreta. Na realidade a duplica é que é extraída da fatura. Daí vem o nome desse título de crédito, não é mesmo!? J Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. A alternativa C está incorreta. Na realidade, nesta situação não podem ser admitidas outras modalidades de títulos de crédito, conforme art. 2o. A alternativa D está incorreta. A duplicata é um documento que contém as mesmas informações da fatura. Não faria sentido nenhum que uma duplicata correspondesse a mais de uma fatura. Art. 2º, § 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. A alternativa E está incorreta. Os abatimentos anteriores ao faturamento não devem, em regra, ser incluídos na duplicata. Art. 3º, §1º Não se incluirão no valor total da duplicata os abatimentos de preços das mercadorias feitas pelo vendedor até o ato do faturamento, desde que constem da fatura. GABABRITO: A http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 07. Prefeitura de Campinas – Procurador do Município – 2016 – FCC. O Banco Z recebeu título de crédito por endosso-mandato e o levou a protesto. Porque indevido o protesto, o prejudicado ajuizou ação contra o Banco Z requerendo compensação por danos morais. De acordo com jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, o Banco Z a) responde por danos morais nas mesmas hipóteses em que o credor da cártula. b) responde por danos morais, independentemente de culpa, se for inexistente o negócio jurídico subjacente à cártula. c) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, na hipótese de endosso-mandato, jamais responde por danos decorrentes de protesto indevido. d) responde por danos morais se houver extrapolado os poderes de mandatário ou agido com culpa, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento ou de falta de higidez da cártula. e) é parte ilegítima para figurar no polo passivo, porque o endossatário, em qualquer espécie de endosso, jamais responde por danos decorrentes de protesto indevido. Comentários: Por meio do endosso-mandato, o endossante confere poderes ao endossatário para agir como seu representante, podendo cobrar o título, executá-lo, protestá- lo, etc. Esse endosso pode ser feito por meio da aposição das expressões “para cobrança”, “valor a cobrar” ou “por procuração”. É muito comum que esse tipo de endosso seja feito em benefício de instituições financeiras, e por isso há diversos julgados do STJ a respeito do assunto. Aqui destaco o entendimento segundo o qual o banco que atuar como mandatário nestes casos somente responde por eventuais danos causados ao devedor do título se for comprovada a sua atuação culposa, o que ocorre, por exemplo, quando o banco tem conhecimento inequívoco de que o negócio jurídico que embasou a duplicata foi desfeito. DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSOESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA RECEBIDA PORENDOSSO- MANDATO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO.NECESSIDADE DE CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso especial não provido. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães REsp 1.063.474/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 28.09.2011, DJe 17.11.2011. Súmula 476 do STJ O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. GABARITO: D 08. TRT 1ª Região – Juiz do Trabalho Substituto – 2016 – FCC. Sobre os títulos de crédito, é INCORRETO afirmar: a) A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair a triplicata. b) O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão não é pagável quando da sua apresentação. c) No caso dos cheques, são nulos o seu endosso parcial e do sacado. d) As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis poderão emitir faturas e duplicatas de prestação de serviços. e) O cheque pode ser emitido à ordem do próprio sacador. Comentários: A alternativa A está correta. A triplicata não deve ser emitida a não ser em casos de perda ou extravio da duplicata. A alternativa B está incorreta. O prazo de apresentação é aquele durante o qual se deve levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira. Como sua natureza é de ordem de pagamento à vista, o cheque deve ser pago quando for apresentado, ainda que a data que conste no título seja futura. Isso não significa, porém, que o descumprimento das condições acordadas não enseje responsabilização de quem apresentou o cheque antecipadamente. A alternativa C está correta. Tanto a legislação cambiária específica quanto o Código Civil (art. 912) desconsideram qualquer menção, no ato do endosso, a condição que subordine o endossante. Da mesma forma, também é nulo o endosso parcial. A alternativa D está correta. Nada impede que instituições que prestam serviços regularmente, seja mediante atividade empresarial ou civil, emitam duplicatas. A alternativa E está correta. Nada impede que um cheque nominativo tenha como beneficiário o próprio sacador. Nessa situação ele poderá, na condição de beneficiário, endossar o cheque, caso deseje. GABARITO: B http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 09. TJ-RJ – Juiz de Direito – 2016 – VUNESP. A cláusula “não à ordem": a) inviabiliza o aceite. b) impede a circulação mediante endosso. c) implica em aceite do cumprimento da obrigação assumida em Nota Promissória. d) não é admitida na Letra de Câmbio. e) inviabiliza o aval parcial. Comentários: Como você já está cansado de saber, a aposição da cláusula “não à ordem” impede a circulação do título mediante endosso, deixando como alternativa apenas a cessão civil de crédito. GABARITO: B 10. TJDFT – Juiz de Direito – 2016 – Cespe. Assinale a opção correta, no que diz respeito a aval: a) Se o título de crédito avalizado for vinculado a contrato de mútuo, o avalista deverá responder pelas obrigações nele contidas, ainda que ali não figure como devedor solidário. b) No caso do cheque, se houver dois avais superpostos e em branco, considera-se que houve aval de aval. c) Os avais simultâneos estabelecem entre os coavalistas uma relação fundada na solidariedade de direito comum, e não cambiária. Assim, se um deles pagar a dívida, terá o direito de exigir do outro apenas a quota parte que caberia a este d) O avalista de cheque prescrito deverá responder pelo pagamento deste em ação monitória, independentemente da prova de ter-se beneficiado da dívida. e) O avalista citado para pagar o valor constante do título poderá invocar em seu favor benefício de ordem, de forma que, primeiro, sejam excutidos bens do avalizado Comentários: A alternativa A está incorreta. De acordo com a Súmula 26 do STJ, o avalista do titulo de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. A alternativa B está incorreta. Nos termos da súmula 189 do STF, avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos, e não sucessivos. O aval sucessivo ocorre quando o avalista presta o aval para quem já era avalista do título, ocorrendo o aval do aval. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães A alternativa C está correta. No aval simultâneo temos duas pessoas como avalistas de um mesmo devedor. Neste caso, há solidariedade entre os dois avalistas, tendo cada um deles direito de regresso contra o outro, mas apenas pela respectiva quota-parte. A alternativa D está incorreta. Prescrito o cheque, desaparece a relação cambial e, em consequência, o aval. Permanece responsável pelo débito apenas o devedor principal, salvo se demonstrado que o avalista obteve vantagem ilícita. A alternativa E está incorreta. O ato de garantia que prevê benefício de ordem é a fiança civil. O avalista pode ser acionado juntamente com o avalizado, enquanto, na fiança, é preciso primeiro buscar o cumprimento da obrigação junto ao afiançado, para só depois acionar o fiador. A obrigação do avalista é solidária, enquanto a do fiador é subsidiária. GABARITO: C 11. DPE-RN – Defensor Público – 2014 – Cespe. A respeito de títulos de crédito e de contratos bancários, assinale a opção correta. a) Atualmente, ainda é válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito e de emissão de carnê na cobrança por serviços bancários, segundo o entendimento do STJ. b) Conforme entendimento do STJ, o ajuizamento isolado de ação revisional de contrato bancário é capaz de descaracterizar a mora do devedor. c) A omissão de qualquer requisito legal que retire a validade do título de crédito implica também a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. d) O pagamento do título de crédito pode ser garantido por aval dado de forma parcial. e) De acordo com o STJ, a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. Comentários: A alternativa A está incorreta. Desde 2008 o CMN proibiu que as instituições financeiras cobrassem a tarifa de abertura de crédito (TAC) e a tarifa de emissão de carnê (TEC), posicionamento corroborado pela jurisprudência do STJ (Súmula 565). A alternativa B está incorreta. O entendimento do STJ é justamente no sentido contrário, de que o ajuizamento de ação revisional de contrato bancário não é capaz, por si só, de descaracterizar a mora do devedor. A alternativa C está incorreta. O fato de o título de crédito não estar completo significa que ele não terá valor de título executivo extrajudicial, mas não invalida o negócio jurídico que lhe deu origem. A alternativa D está incorreta. O Código Civil veda, como regra geral, o aval parcial, ainda que haja leis cambiárias específicas que o admitam. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães A alternativa E é a nossa resposta. Nos termos da Súmula 382 do STJ, a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. GABARITO: E 12. TJ-PI – Juiz de Direito – 2015 – FCC. O Warrant Agropecuário − WA: a) tem a mesma finalidade do Certificado de Depósito Agropecuário− CDA, dele se diferenciando por ter objeto operações superiores a um milhão de reais e prever prazo de pagamento mais longo. b) é título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, depositados em conformidade com a Lei n° 9.973/2000. c) não constitui título executivo extrajudicial, diferentemente do Certificado de Depósito Agropecuário − CDA, que possui essa característica. d) é título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o Certificado de Depósito Agropecuário − CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito. e) é transmissível por cessão de crédito, mas não admite endosso, diferentemente do Certificado de Depósito Agropecuário − CDA. Comentários: A alternativa A está incorreta. O CDA é título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico, enquanto o WA é título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito. A alternativa B está incorreta, pois traz a definição de CDA, e não do WA. A alternativa C está incorreta. Tanto o CDA quanto o WA são títulos executivos extrajudiciais. A alternativa D está correta. Aqui está a definição correta do WA: título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito. A alternativa E está incorreta. O CDA e o WA são títulos unidos, emitidos simultaneamente pelo depositário, a pedido do depositante, podendo ser transmitidos unidos ou separadamente, mediante endosso. GABARITO: D 13. TJ-PI – Juiz de Direito – 2015 – FCC. Alberto emitiu um cheque nominal em favor de Bruno, que, por sua vez, endossou o título a Carlos, subordinando o endosso a determinada condição que anotou do verso da cártula. Carlos então apresentou o cheque para http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães pagamento ao banco sacado dentro do prazo legal. Nesse caso, considerando que Alberto mantém fundos suficientes e disponíveis para o pagamento, o banco sacado deve: a) pagar o cheque, mas desde que tenha sido previamente informado pelo endossante ou pelo sacador sobre a realização da condição anotada na cártula. b) pagar o cheque, reputando-se não escrita a condição anotada na cártula pelo endossante c) pagar o cheque, mas desde que lhe seja apresentada, pelo endossatário, prova escrita da realização da condição anotada na cártula. d) negar o pagamento, pois a anotação de condição pelo endossante da cártula invalida o cheque. e) negar o pagamento, pois a anotação de condição torna o cheque título causal, impossibilitando, por consequência, a sua transmissão por endosso. Comentários: A legislação cambiária veda o endosso parcial ou condicionado. Por outro lado, em relação ao aval parcial, este é, em regra, vedado pelo Código Civil, mas há leis especiais que o admitem. GABARITO: B 14. DPE-SP – Defensor Público – 2015 – FCC. Joaquim comparece à Defensoria Pública alegando que recebeu notificação do tabelião de protestos relativa a cheque ao portador por ele emitido e não pago por falta de fundos. No entanto, alega que o notificante, Antônio da Silva, é terceiro por ele desconhecido e que já realizou acordo com Luiz de Souza, pessoa com quem realizou a transação comercial que motivou a emissão do cheque. O acordo consistiu em uma compensação de dívidas, visto que Joaquim possuía um crédito junto à empresa de Luiz, uma sociedade Empresária limitada. Ante o exposto, analise as assertivas a seguir. I. Dentre os princípios que regem os títulos de crédito deve-se ressaltar o da autonomia ou independência, que prevê que o cheque, após expedido, desliga-se da obrigação que lhe deu origem, tornando-se autônomo e exigível por terceiro detentor do título, em razão de sua circulação. II. O cheque ao portador permite sua circulação, sendo o titular do crédito quem porta o título, não havendo limites à sua emissão. Já o cheque nominativo a ordem faz expressa menção do titular do crédito, o que impede sua circulação, só sendo transmissível através da cessão civil de créditos. III. Tendo em vista a existência de recusa de pagamento comprovada pelo protesto, é possível ao portador do cheque cobrar o valor nele encartado do emitente e de todos os endossantes, de forma solidária, mesmo que algum deles alegue que a falta de fundos se deu por fato não imputável a si. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães IV. No caso em tela não há que se falar em compensação de créditos. Joaquim emitiu o cheque em favor de Luiz, não podendo compensar créditos com a empresa deste, ante o requisito da reciprocidade exigido pelo instituto da compensação. Está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV. b) I e III. c) I e IV. d) I, II e IV. e) II e III. Comentários: O item I está correto. Como manifestação do princípio da autonomia, as relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre si. O devedor não poderá opor exceções pessoais a terceiros de boa-fé. O item II está incorreto. A banca tenta confundir o título nominativo e ao portador com os conceitos de título nominado à ordem e não à ordem. No ordenamento jurídico brasileiro não se admite título de crédito ao portador, a não ser o cheque de até R$100. O item III está incorreto. A recusa de pagamento não é comprovada apenas com o protesto, como se depreende do art. 47 da Lei do Cheque. Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: [...] II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. O item IV está correto. De acordo com o art. 368 do Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. A personalidade da sociedade da qual Joaquim é sócio não se confunde com sua personalidade natural. GABARITO: C 15. TJ-SP – Juiz de Direito – 2015 – VUNESP. Sobre títulos de crédito, é correto afirmar que a) não é possível o preenchimento do título de crédito incompleto pelo credor após a sua emissão. b) na cédula de crédito bancário pode ser constituída garantia real em documento separado, desde que se faça mera referência a isso no corpo da cédula. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães c) o devedor deve conferir a autenticidade das assinaturas de toda a cadeia de endossos lançados no título, antes de realizar o pagamento ao último endossatário e portador. d) o endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto, desde que o complete com o seu nome ou de terceiro, bem como pode endossar novamente o título, mas não pode transferi-lo sem novo endosso. Comentários: A alternativa A está incorreta em razão da regra do art. 891 do Código Civil, segundo o qual o título de crédito incompleto ao tempo da emissão deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. O STF complementa a interpretação da norma por meio da Súmula 387, que reconhece como lícita a complementação das informações do título de crédito pelo credor de boa-fé. A alternativa B está correta e é a nossa resposta, cobrando conhecimento da Lei n. 10.931/2004, que trata de alguns títulos de crédito,entre eles e a cédula de crédito bancário. Segundo o art. 32 da lei, a constituição da garantia poderá ser feita na própria Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado, neste caso fazendo-se, na Cédula, menção a tal circunstância. A alternativa C está incorreta porque aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas, de acordo com a regra do parágrafo único do art. 911 do Código Civil. A alternativa D está incorreta porque, além da possibilidade de alteração do endosso em branco para endosso em preto e do reendosso, também é possível a transferência, mesmo sem novo endosso. GABARITO: B! 16. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No tocante ao cheque, é INCORRETO afirmar: a) O banco sacado responde por ato ilícito que venha a praticar, mas não pode assumir qualquer obrigação cambial referente a cheques sacados por seus correntistas. b) O sacado não pode aceitar um cheque, mas pode endossá-lo a terceiros c) Somente o cheque nominativo ainda não endossado comporta seu visamento, que não equivale ao aceite. d) O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque e, salvo estipulação em contrário, o endossante garante o pagamento. e) Um cheque pós-datado é pagável em sua apresentação, à vista, mesmo que esta se dê em data anterior àquela indicada como a de sua emissão http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Comentários: A alternativa A está correta. O sacado de um cheque não tem, em nenhuma hipótese, qualquer obrigação cambial. O credor não pode responsabilizar o banco pela inexistência ou insuficiência de fundos disponíveis. A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 6o da Lei n. 7.357/1985, o cheque não admite aceite, considerando-se não escrita qualquer declaração com esse sentido. A alternativa C está correta. De acordo com o art. 7o da Lei do Cheque, o sacado pode, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. A alternativa D está correta. Você já está cansado de saber, mas não custa repetir que o endosso transfere os direitos sobre o título de crédito, e, como regra geral, o endossante se torna coobrigado, nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei do Cheque. A alternativa E está correta. O cheque é pagável à vista, ainda que nele conste data futura. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. GABARITO: B 17. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No que se refere a protesto de títulos: a) não responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, cabendo ao suposto devedor exigir o valor reparatório diretamente dos endossantes b) aquele tirado por falta de aceite poderá ser efetuado antes ou após o vencimento da obrigação, desde que após o decurso do prazo legal para o ato de aceite. c) será ele tirado exclusivamente por falta de pagamento ou de aceite. d) o pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito diretamente no tabelionato competente e não poderá ser recusado, se oferecido dentro do prazo legal, no tabelionato de protesto competente e no horário de funcionamento dos serviços. e) após o vencimento da obrigação, o protesto poderá ser efetuado por falta de pagamento ou aceite, sendo defesa a lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial. Comentários: A alternativa A está incorreta. De acordo com a Súmula 475 do STJ, responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães endosso título de crédito contendo vício formal, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. A alternativa B está incorreta. O protesto por falta de aceite somente poderá ser efetuado antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução, nos termos do art. 21, §1º da Lei 9.492/1997. A alternativa C está incorreta. Há três modalidades de protesto: por falta de pagamento, de aceite ou de devolução. A alternativa D está correta. Nos termos do art. 19 da Lei n. 9.492/1997, o pagamento do título ou do documento de dívida apresentado para protesto será feito diretamente no Tabelionato competente, no valor igual ao declarado pelo apresentante, acrescido dos emolumentos e demais despesas. Além disso, não poderá ser recusado pagamento oferecido dentro do prazo legal, desde que feito no Tabelionato de Protesto competente e no horário de funcionamento dos serviços. A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 21, §2º da Lei 9.492/1997, após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento, vedada a recusa da lavratura e registro do protesto por motivo não previsto na lei cambial. GABARITO: D 18. TJ-AL – Juiz de Direito – 2015 – FCC. No tocante às duplicatas, considere: I. É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. II. A duplicata não admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, sendo necessária a emissão de novo título para esses fins. III. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, desde que prestado anteriormente ao vencimento do título. IV. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV. b) II, III e IV. c) I, III e IV. d) I, II e III. e) II e III. Comentários: Para responder corretamente à questão precisamos conhecer a Lei n. 5.474/1968. O item I está correto, nos termos do art. 9o. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Art. 9º É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes da data do vencimento. O item II está incorreto. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo, nos termos do art. 11. Art. 11. A duplicata admite reforma ou prorrogação do prazo de vencimento, mediante declaração em separado ou nela escrita, assinada pelo vendedor ou endossatário, ou por representante com poderes especiais. Parágrafo único. A reforma ou prorrogação de que trata este artigo, para manter a coobrigação dos demais intervenientes por endosso ou aval, requer a anuência expressa destes. O item III está incorreto. Não há problema na aposição do aval após o vencimento do título, nos termos do art. 12. Art. 12. O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua; fora desses casos, ao comprador. Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o prestado anteriormente àquela ocorrência. O item IV está correto. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou pagamento, nos termos do art. 13. Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento. GABARITO: A 19. TJ-PB – Juiz de Direito – 2015 – Cespe. Guilherme sustou o pagamento de três cheques pós-datados, emitidos no dia 30/1/2015, para adimplir obrigação decorrente de negócio jurídico celebrado com a sociedade empresária Alfa. O motivo da sustação foi que ele não recebeu os produtos do referido negócio jurídico. Cada um dos três cheques teve suas especificidades. No primeiro cheque, pós-datado para o dia 28/2/2015, o campo da data da emissão ficou em branco. O segundo cheque, pós-datadopara o dia 30/3/2015, foi nominado a Maria, sócia da sociedade empresária Alfa, que o endossou a Pedro. Este, por sua vez, apresentou o segundo cheque ao banco sacado para compensação no dia 2/2/2015. Em relação ao terceiro cheque, Maria o levou a protesto depois de seis meses do prazo concebido para o ajuizamento da ação de execução de título extrajudicial. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta, sabendo que os cheques foram emitidos na praça em que deveriam ser apresentados e pagos. a) O protesto do terceiro cheque foi pertinente, porque, a despeito de lhe faltar certeza e exigibilidade para aparelhar ação de execução, esse cheque não perdeu a característica de documento de dívida suficiente para a prática de tal ato. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães b) O segundo cheque não comporta ação de execução ajuizada no dia 10/10/2015, uma vez que a pretensão ao crédito decorrente da cártula se encontra prescrita. c) No eventual processamento da execução do terceiro cheque, os juros (simples) de mora incidirão a partir da citação do devedor e a correção monetária, desde a data da apresentação. d) A falta de indicação da data implica nulidade do primeiro cheque para fins de execução. e) Pedro, mesmo dentro do prazo legal, não pode ajuizar ação de execução contra Maria porque, com a circulação do título, prevalecem, na situação posta, os princípios da autonomia, abstração e não oponibilidade das exceções pessoais derivadas do negócio jurídico subjacente. Comentários: A alternativa A está incorreta. O cheque prescrito obviamente não poderá mais ser executado, mas a Lei do Cheque prevê a possibilidade de ajuizamento da chamada ação de enriquecimento ilícito (também chamada de ação de locupletamento) contra o emitente ou demais coobrigados. Essa ação prescreve no prazo de 2 anos contados a partir da prescrição da execução de execução do cheque. Apesar de ser uma ação cambiária (na qual o título de crédito conserva sua essência e autonomia), deve ser seguido o rito ordinário de uma ação de conhecimento, já que o cheque perdeu sua executividade. A alternativa B está correta. O segundo cheque foi datado para 30/03/2015, mas foi apresentado ao banco sacado no dia 02/02/2015. Pela regra geral, o prazo de apresentação findaria apenas em 30/04/2015, mas aqui estamos diante de um caso especial: o prazo prescricional de 6 meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo de apresentação, tenho ou não sido apresentado dentro do referido prazo. No caso de cheque “pré-datado” apresentado antes da data de emissão ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação A alternativa C está incorreta. A Lei do Cheque determina que os juros de mora devem ser contados desde a data da primeira apresentação do cheque pelo portador à instituição financeira. Não se aplica, portanto, a regra do art. 405 do Código Civil, pela qual os juros de mora são contabilizados a partir da citação inicial. A alternativa D está incorreta. Apesar de todos os requisitos da Lei Uniforme, o Código Civil e a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitem a emissão de qualquer título de crédito em branco ou incompleta. GABARITO: B http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 20. TJ-RR – Juiz de Direito – 2015 – FCC. João subscreveu uma nota promissória em favor de Paulo. Além da denominação “nota promissória”, a cártula, devidamente assinada por João, contém a promessa pura e simples de pagar a Paulo a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a indicação da data em que foi emitida e do lugar onde foi passada, mas não prevê nem a época do pagamento, nem o lugar onde este deve ser realizado. Nesse caso, a cártula: a) não vale como nota promissória, pois a indicação da época do pagamento é requisito essencial do título. b) não vale como nota promissória, pois a indicação do lugar onde o pagamento deve ser realizado é requisito essencial do título. c) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação da época do pagamento, considera-se o título à vista. d) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação do lugar do pagamento, considera-se como tal o domicílio de Paulo, independentemente de onde o título foi passado. e) vale como nota promissória, sendo que, à falta de indicação da época do pagamento, este só poderá ser exigido trinta dias após a sua apresentação ao subscritor do título. Comentários: A nota promissória configura uma promessa de pagamento, e por isso dá origem a duas situações jurídicas: a do sacador ou promitente (chamado da Lei Uniforme de subscritor), e a do tomador (que receberá importância prometida). Os requisitos essenciais da nota promissória estão previstos no art., 75 da Lei Uniforme. Art. 75. A nota promissória contém: 1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 3. a época do pagamento; 4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Aqui valem algumas das observações adicionais: i. A nota pode ser emitida em branco ou incompleta (Súmula 387 do STF); ii. A cláusula “à ordem” é implícita, o que não impede que seja aposta a cláusula “não à ordem”; http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães iii. A identificação do devedor principal (subscritor ou sacador) deve ser feita de forma precisa; iv. A Lei Uniforme exige a identificação do tomador, o que, em tese, significaria que não é possível emissão de nota promissória ao portador; v. A promessa de pagamento deve ser incondicional; vi. Se não houver menção à data do pagamento a nota promissória será considerada à vista. GABARITO: C 9 – Resumo da Aula Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugestão é a de que esse resumo seja utilizado nos dias que antecederem a prova para “refrescar” os principais pontos do conteúdo teórico. O comércio eletrônico é caracterizado sempre que a venda de produtos ou serviços é instrumentalizada por meio de transmissão eletrônica de dados, o que ocorre no ambiente virtual da rede mundial de computadores. O Código Civil de 2002 adota o conceito de título de crédito do jurista italiano Cesare Vivante, segundo o qual o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido. TÍTULOS DE CRÉDITO Princípios informadores Cartularidade O exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima Literalidade O título de crédito vale pelo que nele está escrito Autonomia O título de crédito configura a constituição de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Apesar de todos os requisitos da Lei Uniforme, o Código Civil e a jurisprudência dos Tribunais Superiores admitem a emissão de letra de câmbio (e de qualquer outro título de crédito) em branco ou incompleta. Apesar de ser facultativo para o sacado, o aceite da letra de câmbio é um ato irretratável. Para o STJ, a nota promissória expressamente vinculada a contrato de mútuobancário não perde sua característica de título executivo, mas a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito é considerada ilíquida. TÍTULOS DE CRÉDITO Principais características Natureza essencialmente comercial. São documentos formais. São considerados bens móveis. São títulos de apresentação. Constituem títulos executivos extrajudiciais. Representam obrigações quesíveis. São títulos de resgate. São títulos de circulação. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Hoje o cheque não está sujeito a limitações na quantidade possível de endossos. Na sustação por oposição, a Lei do Cheque determina que não cabe ao banco analisar a relevância das razoes apresentadas pelo emitente. O prazo prescricional de 6 meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo de apresentação, tenho ou não sido apresentado dentro do referido prazo. No caso de cheque “pré-datado” apresentado antes da data de emissão ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação. Diferentemente do que ocorre com as notas promissórias e letras de câmbio, as duplicatas não podem ser emitidas a certo termo da vista e nem a certo termo da data. Pelo contrário, a duplicada só pode ser emitida com dia certo ou à vista. Modalides de cheque Cheque cruzado Cruzamento geral (em branco) Cruzamento especial (em preto) Cheque visado Cheque administrativo Cheque para ser creditado em conta http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães O protesto por indicações e a comprovação do recebimento das mercadorias são suficientes para assegurar os direitos do credor da duplicata que não tenha sido devolvida pelo devedor, possibilitando a execução do título. Trata-se de uma exceção ao princípio da cartularidade, pois neste caso poderá haver execução sem que o credor esteja de posse da cártula. Tanto a legislação cambiária específica quanto o Código Civil (art. 912) desconsideram qualquer menção, no ato do endosso, a condição que subordine o endossante. Da mesma forma, também é nulo o endosso parcial. Aceite das duplicatas Expresso (ordinário) O devedor apõe o aceite no título Para a execução basta a apresentação da duplicata Presumido (por presunção) O devedor recebe, sem reclamação, as mercadorias adquiridas e enviadas pelo credor. Para execução, além da apresentação do título, será necessário ainda o protesto e o comprovante de entrega das mercadorias. Endosso Próprio Transfere a titularidade do crédito e constitui o endossante como codevedor. Em branco Em preto Impróprio Endosso-mandato Endosso-caução http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães AÇÕES CAMBIAIS Tipo de Ação Prazo Fundamento Execução Prazo prescricional específico de cada título. Título de crédito Locupletamento 2 anos após a prescrição (cheque) Título de crédito Monitória 5 anos, após um dia da emissão ou do vencimento do título. Título de crédito Cobrança Prazo previsto em lei para a relação originária típica (artigos 206 e 205 do CC ou legislação especial). A causa originária 10 – Jurisprudência Aplicável EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DUPLICATA VIRTUAL. PROTESTO POR INDICAÇÃO. BOLETO BANCÁRIO ACOMPANHADO DO INSTRUMENTO DE PROTESTO, DAS NOTAS FISCAIS E RESPECTIVOS COMPROVANTES DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXECUTIVIDADE RECONHECIDA. 1. Os acórdãos confrontados, em face de mesma situação fática, apresentam solução jurídica diversa para a questão da exequibilidade da duplicata virtual, com base em boleto bancário, acompanhado do instrumento de protesto por indicação e das notas fiscais e respectivos comprovantes de entrega de mercadorias, o que enseja o conhecimento dos embargos de divergência. 2. Embora a norma do art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 permita o protesto por indicação nas hipóteses em que houver a retenção da duplicata enviada para aceite, o alcance desse Protesto Necessário Contra os coobrigados e endossantes. Facultativo Contra o devedor principal e seu avalista. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães dispositivo deve ser ampliado para harmonizar-se também com o instituto da duplicata virtual, conforme previsão constante dos arts. 8º e 22 da Lei 9.492/97. 3. A indicação a protesto das duplicatas mercantis por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados encontra amparo no artigo 8º, parágrafo único, da Lei 9.492/97. O art. 22 do mesmo Diploma Legal, a seu turno, dispensa a transcrição literal do título quando o Tabelião de Protesto mantém em arquivo gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do título ou documento da dívida. 4. Quanto à possibilidade de protesto por indicação da duplicata virtual, deve-se considerar que o que o art. 13, § 1º, da Lei 5.474/68 admite, essencialmente, é o protesto da duplicata com dispensa de sua apresentação física, mediante simples indicação de seus elementos ao cartório de protesto. Daí, é possível chegar-se à conclusão de que é admissível não somente o protesto por indicação na hipótese de retenção do título pelo devedor, quando encaminhado para aceite, como expressamente previsto no referido artigo, mas também na de duplicata virtual amparada em documento suficiente. 5. Reforça o entendimento acima a norma do § 2º do art. 15 da Lei 5.474/68, que cuida de executividade da duplicata não aceita e não devolvida pelo devedor, isto é, ausente o documento físico, autorizando sua cobrança judicial pelo processo executivo quando esta haja sido protestada mediante indicação do credor, esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria e o sacado não tenha recusado o aceite pelos motivos constantes dos arts. 7º e 8º da Lei. 6. No caso dos autos, foi efetuado o protesto por indicação, estando o instrumento acompanhado das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados, não havendo manifestação do devedor à vista do documento de cobrança, ficando atendidas, suficientemente, as exigências legais para se reconhecer a executividade das duplicatas protestadas por indicação. 7. O protesto de duplicata virtual por indicação apoiada em apresentação do boleto, das notas fiscais referentes às mercadorias comercializadas e dos comprovantes de entrega e recebimento das mercadorias devidamente assinados não descuida das garantias devidas ao sacado e ao sacador. 8. Embargos de divergência conhecidos e desprovidos. EREsp 1.024.691/PR, Rel. Min. Raul Araújo, 2a Seção, j. 22.08.2012, DJe 29.10.2012. Direito Comercial. Recurso Especial. Embargos à ação monitória. Cheque prescrito. Propositura de ação contra o avalista. Necessidade de se demonstrar o locupletamento. Precedente. - Prescrita a ação cambial, desaparece a abstração das relações jurídicas cambiais firmadas, devendo o beneficiário do título demonstrar, como causa de pedir na ação própria, o locupletamento ilícito, seja do emitente ou endossante, seja do avalista. - Recurso especial a que não se conhece. REsp 457.556/SP, Rel. Min. Nancy Adrighi, DJ 16.12.2002, p. 331. Súmula 387 do STF A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07– Prof. Paulo Guimarães PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA - EXECUTORIEDADE - PRECEDENTES. 1 - Consoante entendimento desta Corte, o fato de achar-se a nota promissória vinculada a contrato não a desnatura como título executivo extrajudicial. 2 - Recurso provido para determinar o regular prosseguimento da execução. REsp 259.819/PR, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 05.02.2007, p. 237. Súmula 60 do STJ É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. DIREITO COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE. PAGAMENTO INDEVIDO A TERCEIRO. ACEITAÇÃO DE FALSO ENDOSSO. ART. 39 DA LEI N.º 7.357/85 (LEI DO CHEQUE). DANOS AO CLIENTE TITULAR DO CHEQUE. RESPONSABILIDADE DO BANCO. PRECEDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO. MULTA DO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO IMPRESCINDÍVEL PARA SUA APLICAÇÃO. MANUTENÇÃO PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. - O banco que recebe o cheque endossado está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, aí incluído a legitimidade dos endossantes. Precedente da segunda seção. - Uma das funções precípuas de um banco é o cuidado com os valores e documentos de seus clientes, por isso os cheques destes devem ser manejados com extremo cuidado pelo banco. - A exemplo de protesto indevido de título, a autuação fiscal de empresa, com suspeita de sonegação fiscal e fraude decorrente da falsificação de guias de recolhimento de tributos, por culpa do banco que não efetua corretamente o pagamento de tributo devido ao Fisco, é causa de abalo à imagem da empresa perante o mercado. - A jurisprudência das Turmas que compõem a 2.ª Seção, quanto à imposição da multa do art. 538, parágrafo único do CPC, reputa imprescindível a fundamentação do juízo condenatório. Recurso especial não conhecido. REsp 605.088/MT, Rel. Min. Nancy Adrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 28.06.2004, p/ 182. Cheque. Vinculação a contrato de compra e venda. Possibilidade de exame da causa do débito. Fundamentação que permanece suficiente para a manutenção do julgado. 1. Se o cheque foi dado em garantia, "deve ser admitida a investigação da causa debendi" (REsp nº 111.154/DF, da minha relatoria, DJ de 19/12/97; no mesmo sentido: REsp nº 43.513/SP, Relator o Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de 15/4/02; REsp nº 434.433/MG, Relator o Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de23/6/03). 2. O acórdão, no caso, está subordinado a dois fundamentos que permanecem fortes, a saber, a ausência de pedido para que fosse efetuada a compensação e a ausência de "prova do acolhimento da reclamatória nem do valor de possível condenação" (fl. 101). Esses fundamentos são suficientes para manter o julgado, tornando hígido aquele cheque que estaria vinculado ao negócio de compra e venda. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 3. Recurso especial não conhecido. REsp 659.327/MG, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 30.04.2007, p. 310. Civil. Recurso Especial. Ação de indenização por danos materiais e morais. Embargos de declaração. Omissão, contradição ou obscuridade. Não ocorrência. Recusa indevida de cheque. Alegação de que não há provisão de fundos. Configuração de danos morais. Compra realizada por outra forma de pagamento. Irrelevância. - Após recusa da sociedade empresária em receber cheque emitido pelo consumidor, sob o falso argumento de que não havia provisão de fundos, o pagamento da mercadoria foi efetuado mediante cartão de débito em conta corrente. - Embora o cheque não seja título de crédito de aceitação compulsória no exercício da atividade empresarial, a sociedade empresária, ao possibilitar, inicialmente, o pagamento de mercadoria por meio desse título, renunciou sua mera faculdade de aceitação e se obrigou a demonstrar justa causa na recusa, sob pena de violação ao princípio da boa-fé objetiva. - Na hipótese julgada, não foi demonstrada justa causa para a recusado cheque, sobretudo porque na data da emissão deste havia provisão de fundos em conta corrente, bem como o nome da recorrente não estava inscrito em cadastros de proteção ao crédito. - Dessarte, a recusa indevida de cheque, sob a alegação inverídica de que não há provisão de fundos, ocasiona danos morais in re ipsa. Ademais, a utilização de outra forma de pagamento e a posterior realização do negócio jurídico não ilidiram a conduta ilícita já consumada. Recurso especial provido. REsp 981.583/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 23.03.2010, DJe 01.07.2010. Civil. Recurso especial. Cheque pré-datado. Apresentação antes do prazo. Compensação por danos morais. - Não ataca o fundamento do acórdão o recurso especial que discute apenas a natureza jurídica do título cambial emitido e desconsidera o posicionamento do acórdão a respeito da existência de má-fé na conduta de um dos contratantes. - A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos. Recurso especial não conhecido. REsp 707.272/PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21.03.2005, p. 382. Súmula 370 do STJ Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Súmula 388 do STJ A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL. 1. Em que pese o pedido do recorrente se restringir a revogação da prisão preventiva por ausência dos requisitos que autorizam a segregação cautelar, percebe-se, conforme pacífica jurisprudência desta Corte, que a emissão de cheque pré-datado descaracteriza a cártula de um título de pagamento à vista, transformando-a numa garantia de dívida. Atipicidade da conduta. 2. Recurso conhecido para conceder, de ofício a ordem, para trancar a ação penal. RHC 16.880/PB, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 24.10.2005, p. 381. Súmula 299 do STJ É admissível ação monitória fundada em cheque prescrito. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM CHEQUE PRESCRITO.DISPENSA DA MENÇÃO À ORIGEM DA DÍVIDA. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação monitória fundada emcheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável mençãoao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. 2. No caso concreto, recurso especial parcialmente provido. REsp 1.094.571/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 04.02.2013, DJe 14.02.2013. Súmula 503 do STJ O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. DIREITO COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. CHEQUES. BENEFICIÁRIA DOMICILIADA NO EXTERIOR. PRAÇA DE EMISSÃO. OBSERVÂNCIA AO QUE CONSTANA CÁRTULA. AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA DE NATUREZA CAMBIAL.TRANSCURSO DO PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 61 DA LEI 7.357/85.POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE COBRANÇA, COM DESCRIÇÃO DONEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE, OU DE AÇÃO MONITÓRIA, CUJO PRAZOPRESCRICIONAL É DE 5 ANOS.1. O cheque é título de crédito que se submete aos princípios cambiários da cartularidade, literalidade, abstração, autonomia das obrigações cambiais e inoponibilidade das exceções pessoais a terceiros de boa-fé, por isso deve ser considerado como local de emissão o indicado no título.2. O artigo 33 da Lei 7.357/85 prevê expressamente que o cheque pode ser emitido no exterior, não podendo, portanto, servirde escusa a alegação de que o local consignado na cártula diverge daquele em que ela foi efetivamente emitida por a beneficiária não ter domicílio no Brasil.3. O fato de a tomadora ter domicílio no estrangeiro não elide, por si só, a possibilidade de o cheque ter sido recebido na praça constante da cártula, ainda que por um representante ou preposto datomadora.4. O cheque é ordem de pagamento à vista, sendo de 6 (seis) meses o lapso prescricional para a execução após o prazo de apresentação, que é de 30 (trinta) dias a contar da emissão, se da mesma praça, ou de 60 (sessenta) dias, também a contar da emissão, se consta no título como sacado http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães em praça diversa, isto é, em município distinto daquele em que se situa a agência pagadora.5. Prescrito o prazo para execução do cheque, o artigo 61 da Lei do Cheque prevê, no prazo de 2 (dois) anos a contar da prescrição, a possibilidade de ajuizamento de ação de locupletamento ilícito que, por ostentar natureza cambial, prescinde da descrição do negócio jurídico subjacente. Expirado o prazo para ajuizamento da ação por enriquecimento sem causa, o artigo 62 do mesmo Diploma legal ressalva ainda a possibilidade de ajuizamento de ação fundada na relação causal, a exigir, portanto, menção ao negócio jurídico que ensejou a emissão do cheque.6. A jurisprudência desta Corte admite também o ajuizamento de ação monitória (Súmula 299/STJ) com base em cheque prescrito, sem necessidade de descrição da causa debendi, reconhecendo que a cártula satisfaz a exigência da "prova escrita sem eficácia de título executivo", a que alude o artigo 1.102-A do CPC.7. Recurso especial não provido. REsp 1.190.037/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4a Turma, j. 06.092011, DJe 27.09.2011. Leasing. Duplicatas. Protesto. O negócio de leasing não admite a emissão de duplicata, ainda que avençada, razão pela qual não pode tal título ser levado a protesto. Recurso conhecido em parte e, nessa parte, provido para deferir a liminar de sustação ou cancelamento das duplicatas enviadas a cartório. REsp 202.068/SP, Rel. Min. Ruy Rosado, j. 11.05.1999, Informativo 18/1999. RECURSO ESPECIAL. COMERCIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. DUPLICATA. ACEITE. TEORIA DA APARÊNCIA. AUSÊNCIA DE ENTREGA DAS MERCADORIAS. EXCEÇÃO OPOSTA A TERCEIROS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DAS CAMBIAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. Ainda que a duplicata mercantil tenha por característica o vínculo à compra e venda mercantil ou prestação de serviços realizada, ocorrendo o aceite - como verificado nos autos -, desaparece a causalidade, passando o título a ostentar autonomia bastante para obrigar a recorrida ao pagamento da quantia devida, independentemente do negócio jurídico que lhe tenha dado causa; 2. Em nenhum momento restou comprovado qualquer comportamento inadequado da recorrente, indicador de seu conhecimento quanto ao descumprimento do acordo realizado entre as partes originárias; 3. Recurso especial provido. REsp 668.682/MG, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 19.03.2007, p. 355. COMERCIAL. VENDA DE MERCADORIAS. EMISSÃO DE NOTA PROMISSÓRIA E DUPLICATA. COBRANÇA VIA EXECUTIVA DA PRIMEIRA. POSSIBILIDADE. LEI N. 5.474/68, ART. 2º. INTERPRETAÇÃO. I. A restrição contida no art. 2º da Lei n. 5.474/68 refere-se apenas à emissão de qualquer outro título, que não a duplicata, "para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador", não obstando, todavia, que o devedor emita nota promissória comprometendo-se a pagar o débito decorrente da compra e venda mercantil realizada entre as partes. II. Hígida, pois, a execução baseada nas notas promissórias assim emitidas. III. Recurso especial não conhecido. REsp 136.637/SC, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 28.10.2002, p. 321. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães Comercial. Duplicata não aceita. Execução contra endossante e avalista. Possibilidade. I - O endossatário de duplicata sem aceite, desacompanhada da prova da entrega da mercadoria, não pode executá-la contra o sacado, mas pode executá-la contra o endossante e avalista. Interpretação do art. 15, § 1º, da Lei nº 5.474/68, com a redação que lhe deu a Lei nº 6.458/77. II - Recurso especial conhecido e provido REsp 250.568/MS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. 19.10.200, Informativo 75/2000. AÇÃO MONITÓRIA - PROVA ESCRITA - DUPLICATAS PROTESTADAS, SEM ACEITE E SEM O RECIBO DE ENTREGA DAS MERCADORIAS - DOCUMENTOS HÁBEIS À INSTAURAÇÃO DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO - PRECEDENTES DO STJ. I - O documento escrito a que se refere o legislador não precisa ser obrigatoriamente emanado do devedor, sendo suficiente, para a admissibilidade da ação monitória, a prova escrita que revele razoavelmente a existência da obrigação. II - Assentando o Tribunal de origem estar a duplicata despida de força executiva por ausência de aceite, é ela documento hábil à instrução do procedimento monitório. III - Recurso não conhecido. REsp 204.894/MG, Rel. Min. Waldemar Zveiter, j. 19.02.2001, Informativo 85/2001. Direito Comercial. Duplicata mercantil. Protesto por indicação de boletos Bancários. Inadmissibilidade. I - A retenção da duplicata remetida para aceite é conditio sine qua non exigida pelo art. 13, § 1º da Lei nº 5.474/68 a fim de que haja protesto por indicação, não sendo admissível protesto por indicação de boletos bancários. II - Recurso não conhecido. REsp 827.856/SC, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17.09.2007, p. 295. DIREITO BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO VINCULADA A CONTRATO DE CRÉDITO ROTATIVO. EXEQUIBILIDADE. LEI N. 10.931/2004. POSSIBILIDADE DE QUESTIONAMENTO ACERCA DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS RELATIVOS AOS DEMONSTRATIVOS DA DÍVIDA. INCISOS I E IIDO § 2º DO ART. 28 DA LEI REGENTE. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza, circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em conta-corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial. O título de crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relação de exigências que o credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004). 2. No caso concreto, recurso especial não provido. REsp 1.291.575/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 14.08.2013, DJe 02.09.2013. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DUPLICATA RECEBIDA PORENDOSSO- MANDATO. PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO.NECESSIDADE DE CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC: Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso especial não provido. REsp 1.063.474/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2a Seção, j. 28.09.2011, DJe 17.11.2011. Súmula 476 do STJ O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. COMERCIAL. TÍTULOS DE CRÉDITO. AVALISTA. ÓBITO ANTES DO VENCIMENTO. OBRIGAÇÃO NÃO PERSONALÍSSIMA. TRANSMISSÃO AOSHERDEIROS. I - O aval, espécie de obrigação cambial, é autônomo em relação à obrigação do devedor principal e se constitui no momento da aposição da assinatura do avalista no título de crédito. [...] REsp 260.004/SP, Rel. Min. Castro Filho, 3a Turma, j. 28.11.2006, DJ 18.12.2006, p. 358. Súmula 26 do STJ O avalista do titulo de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. Súmula 475 do STJ Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. http://www.iceni.com/infix.htm DIREITO EMPRESARIAL – PC-MA (DELEGADO) Teoria e Questões Aula 07 – Prof. Paulo Guimarães 11 – Considerações Finais Chegamos ao final da nossa aula de hoje. Quero agradecer pela sua confiança. Até o dia da prova estarei à disposição para tirar suas dúvidas no nosso fórum. Grande abraço! Paulo Guimarães professorpauloguimaraes@gmail.com Não deixe de me seguir nas redes sociais! www.facebook.com/profpauloguimaraes @profpauloguimaraes (61) 99607-4477 http://www.iceni.com/infix.htm