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A EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL E A ESCOLA ABERTA 
 
SOUZA, Cléia Renata Teixeira de – UEMPR 
rebaleula23@hotmail.com 
 
 Área Temática: Políticas Públicas e Gestão da Educação 
Agência Financiadora: Não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A Educação não-formal vem tomando grandes proporções na área da educação na sociedade 
atual, um exemplo disso são as crescentes ações de instituições tanto governamentais, quanto 
não governamentais, prioritariamente no atendimento a criança e ao adolescente, a ação da 
educação não-formal se caracteriza como uma prática lúdica, cultural política e social, 
contudo esta ação quase não se dá nos âmbitos escolares e mesmo com a existência do 
programa federal chamado escolas abertas, na prática são poucas as escolas que atuam com 
esta perspectiva, de abrir as portas da escola para a comunidade nos finais de semana e é essa 
ação que se denomina escola aberta. Entendemos que a educação se dá em diversos espaços e 
contextos e a ação da educação não formal comprova esta afirmação, contudo o espaço 
escolar é de extrema importância para o acesso à educação, porém não somente com 
características formais que se dá a educação formal. Com isso, este texto pretende demonstrar 
alguns apontamentos referentes a esta relação da escola com a educação não formal e ainda 
levar em consideração que esta ação deve estabelecer um processo contínuo de formação. 
Sendo este, um processo de responsabilidade, de ações da sociedade através de políticas 
públicas e sociais que garantam esta formação e ainda a constituição de cidades com esta 
perspectiva, que é o caso citado no trabalho, das ações educativas de uma cidade educadora. 
Para tanto com este texto esperamos trazer a tona à reflexão dos espaços da educação não-
formal e especificamente tendo a escola como uma possibilidade deste espaço. 
 
Palavras-chave: Educação Não-Formal; Escola aberta; Criança e Adolescente. 
 
Introdução 
As políticas públicas e sociais têm oferecido como alternativa para as crianças e 
adolescentes em situação de risco social, uma prática educativa que vem sendo executada por 
instituições, organizações não-governamentais e movimentos sociais, que é a educação não-
formal. A qual tem sua atuação em contra turno com a escola e oferecem atividades 
diferenciadas da educação formal. São atividades alternativas que possuem propostas 
educativas, variáveis de acordo com a instituição, organização ou movimento social, no geral 
estas atividades são voltadas para a questão artística, lúdica e cultural. 
SOUZA, Cléia Renata Teixeira de. A educação não-formal e a escola aberta. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 8.; 
CONGRESSO IBERO-AMERICANO SOBRE VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS, 3., 2008, Curitiba. Anais... Curitiba: PUCPR, 2008, p. 3118-3128. 
Disponível em: <http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/444_356.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2019.
3119 
A educação não-formal visa contribuir para o desenvolvimento de crianças e 
adolescentes, e ainda tem como um de seus objetivos erradicar o trabalho infantil. Esse 
modelo de educação é recente na história do Brasil e vem se construindo. É um serviço que se 
entende por ser auxiliar no direito a educação e que contribui para inclusão do sujeito no 
âmbito educacional. 
Este modelo alternativo de educação não se dá apenas em instituições fechadas, apesar 
de na maioria dos casos se caracterizarem desta forma, mas também através de movimentos 
sociais e ainda organizações não-governamentais que atuam com a questão da infância e 
adolescência, o que desmistifica a questão apenas institucional da educação não-formal. 
A infância e adolescência para ser considerada, respeitada e legitimada, necessitou de 
intervenções políticas que até hoje ainda buscam apoios em movimentos sociais e 
organizações não governamentais. Estas interferem para que se cumpra o que determina as 
políticas e também para que se criem políticas voltadas para a infância, como o caso das 
políticas sociais que contribuem na legalidade da educação não-formal. Ainda em relação à 
atuação da educação não formal em seus diversos espaços a escola também é uma proposta de 
lugar para a atuação para essa nova concepção de educação. 
A escola aberta é uma proposta do governo federal que tem por objetivo possibilitar a 
comunidade ao redor da escola que possa utilizá-la fora do horário escolar com atividades 
lúdicas, culturais e esportivas. Assim também se caracterizando como educação não-formal, 
neste sentido se dá a relação proposta pelo texto. 
 
Educação não-formal 
 
Para Núñez (1990) ao definir a ação da educação não-formal ou ainda educação social, 
a de se pensar em dois aspectos, primeiro entender seus limites e alcances através de sua ação 
social educativa e em segundo lugar o espaço desta ação educativa. Segundo a autora esta 
ação se dá denominada de prática educativa social e esta prática esta legitimada como cita a 
autora em sua obra referindo ao seu país: 
 
Aqui pontualizamos os artigos mais importantes na linha da legitimação social da 
ação educativa: - corresponde aos poderes públicos, promover as condições para que 
a liberdade e a igualdade do indivíduo e dos grupos em que se integra, sejam reais e 
efetivas, remover os obstáculos que impedem ou dificultam sua plenitude e facilitar 
a participação de todos os cidadãos na vida política, econômica, cultural e social 
3120 
(art. 9.2); Todos têm direito a educação (art. 27.1); (...) Promover as condições para 
a participação livre e eficaz da juventude no desenvolvimento político, social, 
econômico e cultural (art.48). (LEGISLAÇÃO, ESPANHA-1990) 
 
Diante destas leis que fundamentam a ação da educação social podemos verificar que 
a educação não formal se fortalece no Brasil a partir da década de 80 quando também se 
fortalece a defesa dos direitos da criança e do adolescente. É nesta perspectiva que a educação 
passa a atuar em diferentes espaços e de forma alternativa, caracterizando-se como educação 
não-formal por estar fora dos âmbitos escolares e ter uma característica mais lúdica, cultural e 
artística e por possuir este perfil se torna tão atraente para o seu público, no caso crianças e 
adolescentes. 
As manifestações desta prática no Brasil vêm se dando através de congressos e 
encontros que vem fortalecendo a questão da educação social e possibilitando o 
desenvolvimento da mesma em sua ação, pois verificamos que através destes encontros de 
Educação Social aumenta o interesse e discussão a este respeito. Um exemplo disto é o 
Encontro Nacional de Educação Social que ocorreu na cidade de Maringá, que possibilitou a 
discussão voltada para as ações do sujeito da prática educativa e sua formação, a continuidade 
destes debates se dá no desenvolver cada vez mais pelo pais desta discussão, o caso do 
encontro citado que foi o segundo, já esta em sua quinta edição e ocorrerá em Olinda no mês 
de novembro garantindo o aumento da reflexão sobre o tema. 
Este novo modelo de educação segundo Trilla (1996), surge relacionado ao campo das 
práticas educativas, contudo a partir de algumas críticas relacionadas à forma tradicional de 
educação, ou ainda de ensino, o contexto ainda do surgimento da educação não-formal se dá 
não só por estas críticas as ações formais de ensino, mas também a questões sociais que a 
sociedade vem passando e a crescente demanda relacionada a outras necessidades, como 
culturais e artísticas. A educação, no que se trata de seu sentido mais específico sempre esteve 
relacionada à escola, contudo, isto vem se modificando e o conceito de educação nunca esteve 
tão amplo. 
A Educação não-formal se organiza de um outro jeito e se relaciona com as questões de 
aprendizado diferentemente da escola, pois a valorização das relações pessoais à relevância do 
saber através da práxis se dá de uma maneira diferente do contexto formal e escolar. 
Como diz Paulo Freire 
 
Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que aprendemos ser possível 
ensinar,teríamos entendido com facilidade a importância das experiências 
3121 
informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos 
pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal administrativo, 
de pessoal docente se cruzam cheios de significação (FREIRE, 1997, p.50) 
 
 
A ação da educação não-formal foi se concretizando com a atuação de práticas 
educativas alternativas que não eram a princípio consideradas como educação, pois não 
seguiam as normas formais da escola, contudo em sua ação estava construindo uma relação 
forte de ensino e aprendizado condizente com a escola ou ainda mais educativa que tal 
espaço. 
A transformação da sociedade em suas relações de família, trabalho e educação foram 
possibilitando a reformulação do contexto educacional, principalmente no que diz respeito à 
educação das crianças e adolescentes que se fez necessário novas opções de educação já que a 
família e o contexto formal, ou seja, escolar já não garantiam este processo sozinhas. Contudo 
a educação não-formal, apesar de ser uma alternativa enriquecedora na formação do sujeito 
não deve tomar para si a responsabilidade da educação nem mesmo se considerar a ‘salvação’ 
da escola no processo de ensino, pois assim estaria desvalorizando um espaço tão importante 
e necessário como a escola. 
O que é necessário e importante caracterizar é que independente do espaço 
educacional a relação de formação se dê, e possibilite a formação de um sujeito crítico e 
transformador de seu contexto, o espaço escolar, por exemplo, pode ser um espaço também de 
educação não-formal, pois o conceito de educação sustentado pela Convenção dos Direitos da 
Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba as experiências de vida, e os 
processos de aprendizagem não-formais. 
Quando falamos de educação formal ou não-formal não se trata de dar crédito a uma 
ou a outra, mas sim de co-relacioná-las para que possam interferir juntas em um processo de 
formação intelectual, consciente e crítico do ser humano. Ou seja, não se trata, portanto, de 
opor a educação formal à educação não-formal é o conhecer melhor as potencialidades de 
ambas e relacioná-las a favor de todos e, principalmente, das crianças e adolescentes. 
No Brasil, a educação não-formal nos últimos tempos tem uma característica forte de 
atuar com pessoas pobres ou que vivem, ou melhor, sobrevivem em miserabilidade. E este 
serviço é prestado pelo setor público e diferentes segmentos da sociedade civil, muitas vezes 
em parceria, com o setor privado, desde ONGs, grupos religiosos e instituições que mantêm 
parcerias com empresas. Neste sentido se afasta um pouco do contexto escolar e da utilização 
3122 
deste espaço, a estrutura escolar que é tão importante para a comunidade ao redor da mesma, 
não é o papel da educação não-formal ocupar o espaço da educação formal, mas a utilização 
deste espaço para o desenvolvimento das ações educativas não-formais nesta estrutura pode 
resignificar este espaço, possibilitando uma maior valorização do mesmo por parte da 
comunidade principalmente da comunidade escolar. 
Escola Aberta 
Segundo Gadotti, (2005, p.01). 
 
A educação é um dos requisitos fundamentais para que os indivíduos tenham 
acesso ao conjunto de bens e serviços disponíveis na sociedade. Ela é um direito de 
todo ser humano como condição necessária para ele usufruir outros direitos 
constituídos numa sociedade democrática. Por isso, o direito à educação é 
reconhecido e consagrado na legislação de praticamente todos os países e, 
particularmente, pela Convenção dos Direitos da Infância das Nações Unidas 
(particularmente os artigos 28 e 29). Um outro exemplo é o Estatuto da Criança e 
do Adolescente do Brasil. Negar o acesso a esse direito é negar o acesso aos 
direitos humanos fundamentais. É um direito de cidadania, sempre proclamado 
como prioridade, mas nem sempre cumprido e garantido na prática. 
 
 
Neste sentido é que se busca a utilização dos espaços da educação para a educação, 
levando em consideração ainda que a escola, por exemplo, sendo um espaço de e para a 
educação e ainda sendo um espaço público deve ser de acesso a todos tanto para suas 
atribuições formais quanto para as não-formais ou ainda informais. O espaço da escola não 
deve se restringir apenas às práticas educativas formais, pois isso leva a comunidade a se 
afastar da mesma e não se apropriar deste espaço tão rico e público o que possivelmente causa 
o abandono escolar por parte da família e consequentemente por parte da criança e do 
adolescente. 
A escola aberta é uma possibilidade, uma alternativa de se atrair as pessoas para a 
escola, favorecendo no processo de valorização do espaço e no processo de desenvolvimento 
pessoal e dos sujeitos que ali estiverem. É um espaço alternativo na comunidade para se 
utilizar aos finais de semana ou ainda em horários extra escolares. 
Esta alternativa denominada escola aberta é um programa do ministério da educação 
juntamente com a Unesco e tem por objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da 
educação e possibilitar a inclusão por meio da ampliação das relações entre escola e 
comunidade. Este espaço aberto à comunidade não tem como perspectiva uma ação 
3123 
voluntária no sentido de assumir um papel, ou ainda uma ação que substitua as 
responsabilidades do governo. Esta ação tem ainda o objetivo de efetivar a participação da 
comunidade e em prioridade a participação da comunidade escolar, principalmente as crianças 
e adolescentes, para a reivindicação de seus direitos e esta participação no sentido como 
considera Muller e Tomáz (2008, p.7) 
 
Devem antes, promover uma cultura da participação que precisa ser aprendida, 
apreendida e incorporada pelo quotidiano infantil nos espaços públicos. Inclusive 
nos espaços que são pagos, mas de freqüência pública, priorizando o valor da pessoa 
ao valor da ordem estabelecida. Estes projetos, programas e ações que visam 
promover a participação das crianças na cidade conferem, assim “à vida urbana uma 
dimensão de vivido através do qual se revelam os sentimentos de pertença, as 
identidades”. 
 
 
As autoras ao tratarem do tema da participação consideram questões como as da 
cidade, contudo no âmbito da escola, o conceito de participação no seu sentido mais amplo, 
no que trata da definição, decisão e ação também devem possuir esta característica ao 
desenvolver atividades e ações voltadas para a criança e para o adolescente, devem contar 
com eles para a projeção, construção e execução de toda e qualquer proposta voltada para este 
perfil. 
Para que a educação não formal e a escola aberta tenham um contexto favorável, é 
importante que as cidades, ou a política das cidades assuma a educação como prioridade, ou 
como eixo condutor de todas as políticas. Já existem iniciativas interessantes nesse sentido, 
são as chamadas cidades educadoras. 
Como descreve Muller e Tomáz (2008, p.3) 
 
Na década de 90 do século XX foi constituído o Movimento de Cidades Educadoras, 
mais precisamente em 1990, Barcelona foi à primeira cidade educadora. 
Atualmente, muitas cidades adotaram a Carta das Cidades Educadoras (Declaração 
de Barcelona, 1990 e Declaração de Génova, 2004) e, em 1994 formalizou-se como 
Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE). As cidades aderentes 
consideram que a cidade para além da sua dimensão educativa tem também uma 
dimensão educadora o que implica um trabalho concertado entre todos os agentes 
educadores da cidade assim como promover um intercâmbio entre cidades. 
 
A “Cidade Educadora” é uma cidade que demonstra alternativas de práticas educativas 
que podem garantir a participação em sua integralidade, ou seja, a participação da 
comunidade em todas as ações da cidade, nas questões de educação, política, cultura, social e 
econômica, contribuem para uma formação integral. 
3124 
 
A cidade educadora entende o meio urbanocomo um espaço multidimensional de 
convivência e de relações baseadas no respeito, no tratamento positivo da diferença, 
na informação e na participação. Entende a vida urbana também, como uma luta 
solidária para combater o sofrimento e a desigualdade e para conseguir uma maior 
coesão social que só será possível em uma sociedade democrática. Também entende 
a educação como processo de crescimento e transformação que permite as pessoas 
obterem mais formação e informação, que sejam mais livres e solidárias, mais 
capazes de ter uma vida plena.” (AICE - Associación Internacional de Ciudades 
Educadoras – 2001). 
 
Esta possibilidade de cidade educadora vem se desenvolvendo ao longo do tempo 
como uma prática educativa e envolve as escolas para esta ação, contudo é uma maneira de se 
pensar a educação além da rotina formalizada deste espaço e que assim possa atingir o ‘além 
muro’ da escola, atingir a comunidade em geral, a cidade. 
 Segundo a Associación Internacional de Ciudades Educadoras (1998-2002), este 
movimento conta com a participação de 245 cidades, de 28 países, que se comprometem a 
cumprir os princípios da Carta das Cidades Educadoras. A rede brasileira é formada pelas 
cidades de Alvorada, Belo Horizonte, Campo Novo do Parecis, Caxias do Sul, Cuiabá, Pilar e 
Porto Alegre, sendo que esta última é responsável pelo Comitê de Coordenação provisório da 
AICE no Brasil. Esse comitê atua em três campos: informação, intercâmbio e formação. 
A Carta das Cidades Educadoras, escrita em Barcelona, trata dos conceitos a serem 
respeitados pela cidade que pretende tornar-se educadora, e permitem que a cidade se torne 
um lugar de ações e práticas educativas que possibilite a formação integral do sujeito 
enquanto ser humano consciente e crítico. 
 
A cidade será educadora quando reconheça, exercite e desenvolva, além de suas 
funções tradicionais (econômica, social, política e de prestação de serviços), uma 
função educadora, quando assuma a intencionalidade e responsabilidade e cujo 
objetivo seja a formação, promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, 
começando pelas crianças e jovens. (Carta de Ciudades Educadoras – Barcelona 
1990) 
 
A sociedade atual tem passado por crises como: o desemprego, a violência, a exclusão 
social, o individualismo, e estes problemas são cada vez mais atuantes nas cidades e isso vai 
impossibilitando sua ação educativa. Por tanto há necessidade emergencial de se transformar 
este contexto das cidades. Devemos reconstruí-la de forma mais justa e igualitária e para 
garantir seu papel como educadora. 
3125 
Possibilitar a articulação da educação em seu sentido mais amplo, com os processos de 
formação da escola, ou seja, do processo de formação formal e ainda articular a escola com a 
comunidade é uma urgência desta sociedade e este tem sido o papel da educação não-formal 
junto à proposta de escola aberta. Por isso a educação não-formal atua com um conceito 
amplo de educação que envolve campos diferenciados da educação formal, informal e não-
formal. E é nesta perspectiva que se dá a importância da educação não-formal, pois 
entendemos que esta é uma estratégia de possibilitar a inclusão social e ainda no contexto 
escolar garantir a resignificação da escola para a comunidade. 
Ao tratarmos de inclusão, não consideramos o significado da mesma como reintegrar a 
sociedade posta, mas sim inclusão no sentido de questionar esta sociedade excludente e 
transformá-la de maneira a garantir a todos o acesso principalmente à educação de qualidade e 
no desenvolver da vida. 
Para isso se faz necessário à construção de novos saberes, que formem e orientem as 
práticas educativas sociais, que mostre novos caminhos para o desenvolvimento da 
participação efetiva da comunidade e das crianças e adolescentes. Esta é uma nova educação, 
a educação não-formal que garanta e forme o sujeito para atuar de forma transformadora e 
emancipatória. 
Como trata Gohn, (2006, p.31-32) em seu texto em relação à metodologia da educação 
não-formal: 
Na educação não-formal, as metodologias operadas no processo de aprendizagem 
parte da cultura dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir de 
problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se 
colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações 
empreendedoras a serem realizados os conteúdos não são dados a priori. São 
construídos no processo. O método passa pela sistematização dos modos de agir e de 
pensar o mundo que circunda as pessoas. Penetra-se, portanto no campo do 
simbólico, das orientações e representações que conferem sentido e significado às 
ações humanas. Supõe a existência da motivação das pessoas que participam. Ela 
não se subordina às estruturas burocráticas. É dinâmica. Visa à formação integral 
dos indivíduos. Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e 
mensagens veiculadas “falam ou fazem chamamentos” às pessoas e aos coletivos, e 
as motivam. Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da educação 
não-formal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que podem se 
alterar constantemente. Há metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, 
codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade, pois o dinamismo, a 
mudança, o movimento da realidade segundo o desenrolar dos acontecimentos, são 
as marcas que singularizam a educação não-formal. 
 
Podemos assim verificar a valorização da cultura e do contexto em que há a presença e 
atuação da educação não formal, por tanto nesta perspectiva também se deve atuar as 
atividades do programa escola aberta, buscando na comunidade a metodologia para executar a 
3126 
proposta, pois é assim que atingirá seu objetivo de superar as carências do contexto em que 
esta inserida. 
Garantir este processo de participação é possibilitar a comunidade à autonomia e 
protagonismo nesta ação educativa, que passa a ter uma característica de ser com a 
comunidade, para a comunidade e pela comunidade. De forma a proporcionar um espaço de 
qualidade para uma prática social que contribui para o desenvolvimento e formação do 
sujeito. 
Esta prática é uma ação em um tempo fora do tempo-formal no caso escolar, pois 
muitas vezes a escola se organiza de modo a negar o tempo livre, de lazer mantendo a criança 
ou o adolescente ocupado com atividades educativas da ação formal da escola. A escola quer 
garantir a ocupação deste tempo com atividades controladas e disciplinares que na maioria 
das vezes não surte efeito, pelo contrário por ser tão arbitraria afasta a criança ou adolescente 
deste espaço. 
Neste sentido podemos verificar que a escola como nos ressalta Graciani (1997 p. 
171): 
 
Em nosso entender, é possível o estabelecimento de um projeto 
educacional coletivamente assumido, em que o trabalho escolar não 
seja apenas uma obrigação burocrático-acadêmica a ser cumprida pelo 
aluno, mas que seja algo revestido de sentido, para que ele tenha êxito 
em processo de elevação cultural, intelectual e política. 
 
Levando em consideração o parecer da autora, que trata do âmbito escolar, porém 
levando para o âmbito não formal, verifica-se que as propostas se relacionam. Ou seja, 
possibilita que exista no espaço escolar a ação da educação não-formal, garantindo a escola 
aberta a quem é de direito, tanto a comunidade escolar quanto a comunidade em geral ao 
redor deste espaço que é público e deve ser de qualidade, não só nas questões estruturais, mas 
principalmente nas práticas educativas. 
 
 
Considerações finais 
 
Neste texto pontuamos a ação da educação não-formal e a possibilidade desta ação na 
estrutura da educação formal, ou seja, da escola, através da proposta do programa de escola 
3127 
aberta, passando por argumentos como: a necessidade da utilização do espaço escola em 
momentos extra escolares e partindo de que esta utilização se dá de forma pensada e 
organizada pela e paraa comunidade, se caracterizando uma educação não-formal. 
Compreendemos que o espaço da educação não-formal, não possui uma forma ou 
característica específica e ainda que sua metodologia depende do contexto em que se insere, 
contudo ao valorizarmos o espaço formal de maneira a entender que este pertence à 
comunidade, consideramos também a escola um espaço de atuação da educação não-formal. 
Diante de um contexto de uma sociedade falha quanto às necessidades básicas do ser 
humano, com relação às questões sociais, culturais e econômicas é que se verifica a demanda 
desta ação não-formal em nossa sociedade. Podemos considerar que a necessidade desta 
prática educativa não-formal é a conseqüência de uma sociedade desigual e injusta que 
promove e produz esta demanda e é em contradição ao desenvolvimento desta sociedade que 
devemos enquanto educação não-formal atuar. Para tanto esta prática deve acontecer de forma 
compromissada com a defesa dos direitos humanos, a partir de ações educativas políticas que 
levem os sujeitos deste modelo de educação a refletirem seus contextos, conscientizarem 
sobre ele e transformá-lo. 
 
REFERÊNCIAS 
AICE - Associación Internacional de Ciudades Educadoras – 2001 – Tradução da 
pesquisadora. 
 
CARTA DE CIUDADES EDUCADORAS- Barcelona, 1990 
 
FREIRE, P.Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa .São Paulo:Paz 
e Terra. 1997. 
 
GADOTTI, M. A questão da Educação formal/não-formal. institut international des droits 
de l enfant (ide) Droit à l ’éducation:solution à tous les problèmes ou problème sans 
solution? Sion (Suisse),18 au 22 octobre 2005. 
 
GOHN, G. Maria. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas 
colegiadas nas escolas, Ensaio:aval.pol.públ.Educ.,Rio de Janeiro,v.14,n.50,p.27-
38,jan./mar.2006. http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v14n50/30405.pdf . Acesso em: 07 Jul. 
2008. 
 
GRACIANI, M. S. S.: Pedagogia Social de Rua: analise e sistematização de uma 
experiência de vivida. – São Paulo: Cotez: Instituto Paulo Freire, 1997. 
 
3128 
MULLER, V.R.; TOMAZ, C.A.: Crianças, Participação e Cidades: uma geo-grafia da 
infância. 2008. 
 
NUÑEZ, V.: Modelos de educación social en la época contemporânea. Barcelona: PPU. 1990. 
 
TRILLA, Jaume. La educación fuera de la escuela. Barcelona: Editorial Ariel, 1996.

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