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Carruagens de Salvação

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CARRUAGENS DE SALVAÇÃO 
O Drama Bíblico do Armageddon 
[Clique na palavra CONTEÚDO] 
 
Hans K. LaRondelle 
 
Título do original em inglês: 
Chariots of Salvation 
 
REVIEW AND HERALD PUBLISHING ASSOCIATION 
Washington, DC 20039-0555 
Hagerstown, MD 21740 
Copyright © 1987 by 
Review and Herald Publishing Association 
 
Dedicado a todo estudante das profecias bíblicas que deseja estar 
pronto para a segunda vinda de Cristo. 
 
Tradução: Carlos Biagini 
 
• O Armagedom será um conflito do Oriente-Ocidente que 
conduz ao holocausto nuclear? 
• Desempenhará o Estado de Israel um papel principal nos 
eventos dos últimos dias? 
• Como deveríamos interpretar o livro do Apocalipse? Suas 
imagens são literais ou simbólicas? 
 
Muitos escritores religiosos predisseram enredos dramáticos dos 
eventos dos últimos dias. São bíblicos os seus pontos de vista? Como 
interpretamos corretamente a profecia? 
O Dr. Hans K. LaRondelle, após trinta anos de estudo e ensino, 
escreve mostrando como a Bíblia interpreta suas próprias predições e 
Carruagens de Salvação 2 
promessas. Todas as profecias, ele explica, devem ser vistas através do 
seu cumprimento em Cristo. Quando vemos a Bíblia através de Cristo, 
não encontramos terríveis ameaças de guerra global mas a promessa 
emocionante de libertação divina para os que nEle confiam. As guerras 
do Antigo Testamento, onde Deus lutou pelo Seu povo, nos dão a chave 
para entender a batalha do Armagedom entre o Cordeiro e o anticristo. 
Nascido nos Países Baixos, LaRondelle recebeu um doutorado em 
teologia sistemática e ética sob a orientação do notável teólogo Dr. G. C. 
Berkouwer. Atualmente é professor de teologia na Andrews University. 
Além de vários outros livros, ele publicou em periódicos como Andrews 
University Seminary Studies, Ministry, e o Journal of the Evangelical 
Theological Society. 
 
". . . uma mui necessária correção nos pontos de vista 
populares dos tempos do fim.” 
 – Tremper Longman III, Westminster Theological Seminary 
 
". . . uma realização de marco na paisagem caótica de 
formulações escatológicas. " 
 – Gilbert Bilezikian, Wheaton College 
 
"Especialmente interessante é o estudo de LaRondelle da falsa 
profecia no Antigo Testamento e como isto se aplica ao 
distinguir modernas versões de falsa profecia, até mesmo entre 
alguns vaticinadores evangélicos.” 
 – Greg Beale, Gordon-Conwell Theological Seminary 
 
“. . . o único tratamento genuinamente detalhado, até onde eu 
sei, do mui discutido tópico do ‘Armagedom’.” 
 – Kenneth A. Strand, Andrews University 
 
Carruagens de Salvação 3 
Agradecimentos 
 
Este livro é resultado de uma cortesia dos administradores da 
Andrews University e do Seventh-day Adventist Theological Seminary 
em Berrien Springs, Michigan. O tempo que eles me concederam aos 
sábados me permitiu registrar o resultado de anos de estudo no tópico 
importante das guerras santas na Bíblia. 
Eu gostaria de agradecer particularmente ao Dr. Raoul Dederen, 
decano associado do seminário e diretor de Teologia e do Departamento 
de Filosofia Cristã; ao Dr. Gerhard F. Hasel, decano do seminário; e 
Richard W. Schwarz, vice-presidente da administração acadêmica, por 
seu apoio moral e encorajamento na produção deste livro. 
A reação de evangelistas e estudantes do seminário ajudaram-me a 
afiar minha compreensão deste tópico importante. 
Este estudo foi beneficiado em particular pela crítica construtiva e 
sugestões positivas feitas pelo Dr. Gregory K. Beale, professor assistente 
do Novo Testamento, Divisão de Estudos Bíblicos, do Seminário 
Teológico Gordon-Conwell, de South Hamilton, Massachusetts. 
Agradeço à minha esposa, Barbara, por digitar o manuscrito e pelas 
muitas horas de trabalho que ela empregou neste extenso projeto. 
 
A menos que seja mencionado o contrário, os textos de Bíblia 
neste livro são da Bíblia Sagrada, com as siglas seguintes: 
RA – Almeida Revista e Atualizada. 
NVI – Nova Versão Internacional. 
BJ – A Bíblia de Jerusalém. 
NASB – New American Standard Bible. 
NEB – New English Bible. 
NKJV – New King James Version. 
RSV – Revised Standard Version. 
 
Carruagens de Salvação 4 
PREFÁCIO 
 
Todos os que estão interessados em um estudo bíblico acerca do 
significado do Armagedom serão gratos para este desafiador e iluminador 
livro do Dr. Hans K. LaRondelle. 
Foram apresentados os princípios de hermenêutica que o autor adota 
efetivamente em seu trabalho prévio. The Israel of God in Prophecy: 
Principles of Prophetic Interpretation, AU Monographs, Vol. XIII, Studies 
in Religion (Andrews University Press, 1983). 
Poucos estudantes da Bíblia tiveram sucesso em conseguir suporte 
para um tema específico a totalidade da revelação divina. Mais que outros, 
o Dr. LaRondelle parece ter alcançado sua meta, deixando a Bíblia ser o 
guia no tópico enigmático do Armagedom. Este livro pode ser chamado um 
marco miliário relacionado ao estudo da "guerra santa'' na Escritura 
Sagrada, em particular com respeito a estabelecer a unidade fundamental da 
natureza das guerras de libertação de Yahweh na Bíblia hebraica, e o 
propósito da segunda vinda de Cristo no Novo Testamento, para o tópico de 
Armagedom. Com respeito a profecias não cumpridas, há sempre o perigo 
de o intérprete especular ou sutilmente se tornar ele um profeta. Este livro 
tentou cuidadosamente evitar estas armadilhas. Apresenta consistentemente 
uma interpretação cristocêntrica da profecia bíblica e da história. 
Acima de tudo, o Dr. LaRondelle permite, até certo ponto, a 
participação do leitor no drama emocional do último ato redentor de Deus. 
Ele desperta o desejo de estar ao lado do Senhor na antecipação da crise 
final e preparar-se para isto agora, seguindo o Cristo como Salvador e 
Senhor por uma renovada decisão de fé. 
 
Gerhard F. Hasel, Decano do 
Seminário teológico da 
Andrews University 
Berrien Springs, Michigan 
 
 
Carruagens de Salvação 5 
CONTEÚDO 
 
Introdução..........................................................6 
1. Como Distinguir a Verdadeira e a Falsa Profecia...8 
2. Guerras Santas na Primitiva História de Israel....24 
3. A Guerra de Yahweh do Ponto de Vista Profético 
 de Israel.......................................................37 
4. A Última Guerra na Perspectiva Apocalíptica......48 
5. Jesus Cristo como Guerreiro Divino...................58 
6. A Queda de Babilônia no Tempo do Fim…...........73 
7. Carruagens de Salvação..................................98 
8. Armagedom: O Dia do Juízo Universal 
 e Livramento...............................................111 
9. A Crise do Tempo do Fim para o Povo de Deus 133 
10. O Selo Final de Proteção Divina......................147 
11. A Presença de Elias.......................................161 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 6 
INTRODUÇÃO 
 
O tópico do "Armagedom'' no último livro da Bíblia fascinou os 
estudantes de Escritura Sagrada por séculos. O fundando do Estado de 
Israel em 1948 acrescentou novo vigor neste interesse. Muitos crentes 
sinceros chegaram à conclusão de que o termo Armagedom em 
Apocalipse 16:16 prediz a localização geográfica da batalha final entre 
os exércitos judeus e gentios, a decisiva guerra de destruição universal a 
ser travada na planície de Megido, perto de Monte Carmelo na Palestina 
do norte. Sugerida pela New Scofield Reference Bible (1967; veja nota 
em Apoc. 19:17), a interpretação baseia-se na pressuposição de uma 
aplicação absolutamente literal da linguagem e imagem profética. 
Abordei este assunto da hermenêutica do literalismo em profecia em um 
livro prévio: The Israel of God in Prophecy: Principles of Prophetic 
Interpretation, AU Monographs, Studies in Religion, Volume XIII 
(Berrien Springs, Mich.: AndrewsUniversity Press, 1983). 
Nesta ocasião é meu propósito analisar os princípios hermenêuticos 
do Novo Testamento e aplicá-los às "guerras santas” na história e 
profecia bíblica. Vou me concentrar, em particular, na guerra religiosa 
final na profecia da Bíblia. Minha meta é estabelecer até que ponto as 
profecias do Antigo Testamento já foram cumpridas na história passada 
e então usar estes princípios de cumprimento como a diretriz e norma 
por interpretar a batalha apocalíptica do "Armagedom" que muitos hoje 
crêem ser precisamente ali na esquina. Sem uma hermenêutica bíblica 
responsável – as diretrizes de interpretação derivaram da própria 
Escritura Sagrada – o crente não pode distinguir entre verdadeiras e 
falsas compreensões da profecia bíblica. 
Parece claro de nossa perspectiva da unidade essencial de ambos os 
testamentos da Bíblia que qualquer interpretação do "Armagedom'' não 
centralizado e determinado pelo Deus de Israel e o Seu Messias, Jesus de 
Nazaré, torna a profecia bíblica uma predição. A predição desconecta a 
profecia do Armagedom da história da redenção. Quer dizer, interpreta o 
Carruagens de Salvação 7 
assunto central do Armagedom como um assunto de interesse 
econômico-político, como os depósitos de óleo no Oriente Médio. Se a 
Bíblia apresenta o Armagedom como a última "guerra santa" na história 
humana, então Deus e o Seu povo messiânico, o povo do Messias Jesus, 
constitua o próprio cerne da batalha cósmica do "grande dia do Deus 
todo-poderoso'' (Apoc. 16:14). “Pois quantas forem as promessas feitas 
por Deus, tantas têm em Cristo o ‘sim’ ” (2 Cor. 1:20, NVI). Então 
temos que aplicar todos os termos hebraicos das profecias bíblicas do 
tempo do fim – Israel, Babilônia, Monte Sião, Armagedom, etc. – em 
uma conexão vivente com Cristo, isto é, cristologicamente. 
Para preparar o Seu povo no mundo inteiro durante aquele dia 
terrível de juízo, Deus prometeu enviar o profeta Elias como seu 
precursor designado, como último sinal dos tempos (veja Mal. 4:5, 6). 
Esta mensagem de preparação do tempo do fim é a substância do assunto 
de nosso último capítulo. 
A Palavra de Deus não voltará para Ele vazia. A testemunha 
reavivada da Escritura Sagrada criará uma remanescente fiel de crentes 
de todas as nações. Eles sobreviverão ao "Armagedom" e serão libertos, 
como foi o antigo Elias, pelas carruagens celestiais de salvação, enviadas 
do trono de Deus. Cristo será o seu Defensor, o seu Guerreiro Santo na 
crise do tempo do fim da história da salvação. 
Porém, tempo e espaço não permitiram um tratamento do milênio 
como descrito em Apocalipse 20. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 8 
COMO DISTINGUIR A VERDADEIRA E A FALSA 
PROFECIA 
 
Em nosso tempo de insegurança e mudança muitas pessoas 
tornaram-se interessadas no que lhes reserva o futuros. A astrologia 
desfruta agora seu maior incremento na história. Não poucos buscam 
conselho para seu futuro pessoal ou político dos adivinhadores ou 
médicos famosos. Infelizmente, a experiência mostrou que tais 
prognosticadores são guias incertos ao futuro. Por outro lado, muitos 
reivindicam que a Bíblia prediz o futuro com certeza. É dito que um 
terço disto consiste em profecia preditiva. Escritores religiosos populares 
apontam especialmente à profecia do Armagedom do último livro de 
Bíblia (Apoc. 16:16). Eles discutem que esta profecia se refere ao 
território do Vale de Megido, perto de Monte Carmelo na Palestina do 
norte, como o campo de batalha durante a última guerra mundial no 
próximo futuro. Políticos advertem contra a ameaça de uma guerra 
nuclear mundial usando o termo Armagedom. 
A pergunta é Como podemos ter certeza que nós conhecemos 
precisamente o que a Bíblia quer dizer com o misterioso termo Har 
Magedon, popularmente conhecido como Armagedom? 
Os crentes cristãos propõem interpretações contraditórias. Alguns 
argumentam que a verdadeira igreja de Cristo não terá nenhuma parte na 
angústia final ou tribulação do mundo. Deus de repente vai raptar ou 
arrebatar a igreja da Terra para céu justamente antes que o tumulto final 
comece. Estes intérpretes, que insistem na aplicação literal dos termos 
Israel e Monte Sião na profecia para o tempo do fim, crêem que a 
fundação do moderno Estado de Israel em 1948 foi o primeiro sinal do 
rapto iminente de crentes cristãos ao céu. 
Outros estão convencidos de que a verdadeira igreja de Cristo tem 
que passar por uma tribulação futura e então precisa preparar-se durante 
um tempo sem precedente de perseguição e prova. 
 
Carruagens de Salvação 9 
Modernas Especulações de Cumprimentos Proféticos 
 
Os literalistas, referindo-se a si mesmos como dispensacionalistas, 
consideram o ano 1948 como o começo da geração final do Israel de 
Deus. Eles apelam à declaração de Cristo aos Seus discípulos: "Não 
passará esta geração até que todas estas coisas aconteçam" (Mar. 13:30, 
NVI). Levando a duração de uma "geração'' como 40 anos, concluíram 
muitos que o ano 1988 seria o ano de "Armagedom". Hal Lindsey 
escreveu em seu best-sellser The Late Great Planet Earth (New York: 
Bantam Books, 1973): 
Que geração? Obviamente, no contexto, a geração que veria os sinais 
– o principal entre eles o renascimento de Israel. Uma geração na Bíblia é 
algo como quarenta anos. Se esta é uma dedução correta, então dentro de 
quarenta anos ou por volta de 1948, poderiam acontecer todas estas coisas 
(pág. 54). 
Nós somos a geração da qual Ele estava falando! (The 1980s 
Countdown to Armageddon [New York: Bantam Books, 1982], p. 162). 
 
De acordo com este cálculo, alguns pensavam que o seu 
arrebatamento ao céu ocorreria sete anos antes de 1988 e atualmente 
estariam preparados para serem tirados da Terra em 1981. 
Podemos sentir os efeitos devastadores de tais especulações quando 
o Sun-Times de Chicago, 4 de junho de 1981, informou: "Na preparação 
para o evento [de um rapto físico da Terra para céu, 28/junho/1981] os 
50 membros [da Lighthouse Gospel Foundation em Tucson, Arizona] 
deixaram seu trabalho e se dispuseram de algumas de suas propriedades'' 
(pág. 34). Um dos membros, um jovem médico, segundo notícias disse, 
"Eu jamais conheci tanta paz, tanta alegria.'' Pergunta-se como ele se 
sentiu depois do dia de sua decepção, quando a profecia da seita falhou. 
O literalismo geográfico especialmente tem grande atração para 
crentes dispensacionalistas. Harold Lindsell aponta ao território do 
Oriente Médio como o cenário da profecia do tempo do fim. "As 
Escrituras predisseram que o Oriente Médio seria central para os eventos 
Carruagens de Salvação 10 
que cercam o segundo advento de Jesus Cristo " (The Gathering Storm 
[Wheaton, III.: Tyndale House Publishers,1980], p. 97). Ele vê o 
"Armagedom " como referindo-se à guerra final entre o Estado de Israel 
e a confederação das nações árabes produtoras de petróleo. Lindsell 
especula ''que que o fim da época virá antes de acabar-se o petróleo das 
nações árabes. Isto significaria que o fim não está distante e que o plano 
de Deus para a consumação da história alcançará seu clímax no futuro 
não muito distante '' (ibid., pág. 101). 
Alguns consideram a captura da antiga cidade de Jerusalém pelo 
exército israelita durante a Guerra dos Seis Dias de junho de 1967 como 
um cumprimento adicional da profecia do Antigo Testamento, até 
mesmo como "um ponto decisivo na história humana". Derek Prince 
afirma que "o restabelecimento do governo judeu sobre a área que Jesus 
conhecia como 'Jerusalém' marcou uma transição de uma era para outra. 
A era que Jesus chamou 'os tempos dos gentios' está acabando. Em seu 
lugar está surgindo uma era nova era – uma era que introduzirá o 
governo de Deus na terra, para Israel e para todas as nações '' (The Last 
Word on the Middle East [Lincoln, Va.: Chosen Books, 1982], p. 97). 
Adequadamente, os dispensacionalistas chamam a nação moderna 
de Israel "oestopim para o último conflito mundial que está adiante" (J. 
F. Walvoord, Armageddon, Oil and the Middle East Crisis [Grand 
Rapids: Zondervan Books, 1974], p. 23). De fato, Walvoord preparou 
uma lista detalhada ou calendário profético de eventos a acontecerem "da 
Terceira Guerra Mundial ao Armagedom" (ibid., pp. 23, 200-206). 
Hoje inúmeros profetas modernos do cristianismo – especialmente 
em círculos religiosos fundamentalistas – anunciam ao mundo que nós 
estamos vivendo na última geração prévia ao dia do juízo universal. Sua 
interpretação das profecias bíblicas surge de uma suposição comum: Nós 
temos que ler as visões proféticas dos profetas hebreus como uma 
antecipada descrição literal da história! Em outras palavras, a diretriz 
interpretativa ou pressuposição é um rígido literalismo. Permite só uma 
aplicação literal das palavras e imagens do Antigo Testamento para seu 
Carruagens de Salvação 11 
moderno cumprimento do tempo do fim. Isto implica em que todas as 
descrições étnicas e geográficas de Israel e os seus antigos inimigos na 
profecia têm que ter cumprimento absolutamente literal em nosso tempo. 
A suposição adicional pretende que o moderno Estado de Israel se 
tornará novamente a nação teocrática (Deus governa) entre o mundo 
gentio. A idéia filosófica por atrás deste conceito é que o significado 
original de profecia de Antigo Testamento exige um cumprimento literal 
incondicional nos tempos do Novo Testamento, sem relação com o 
impacto dramático da primeira vinda de Cristo em toda a profecia. 
 
Verdadeira e Falsa Profecia Dentro do Antigo Israel 
 
Pouco antes do exílio babilônico alguns afirmaram que Deus 
restabeleceria logo e abençoaria a nação judaica. Tais pregadores 
nacionalistas atraíram às promessas prévias de Deus mas isolado da 
aliança total de Deus com Israel. Apontando ao Templo glorioso de 
Salomão em Jerusalém, eles reivindicaram: "Este é o templo do Senhor, 
o templo do Senhor, o templo do Senhor!'' (Jer. 7:4), como se para dizer, 
Deus e a nação de Israel são inseparavelmente um, não importa como o 
Israel se relaciona com Deus. Porém, o profeta Jeremias fervorosamente 
tentou contrariar tal sensação distorcida de segurança: 
Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Não ouçam o que os profetas estão 
profetizando para vocês; eles os enchem de falsas esperanças. Falam de 
visões inventadas por eles mesmos, e que não vêm da boca do Senhor.” 
(Jer. 23:16). 
 
Além disso, os profetas auto-designados também surgiram entre os 
judeus exilados em Babilônia. Eles proclamaram um retorno antecipado 
de Israel à Terra Prometida e despertam um espírito de rebelião. 
Nabucodonosor prendeu e executou dois dos agitadores (Jer. 29:22), na 
verdade cumprindo uma predição que Jeremias fizera em uma carta aos 
exilados. "Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a respeito 
Carruagens de Salvação 12 
de Acabe, filho de Colaías, e a respeito de Zedequias, filho de Maaséias, 
que estão profetizando mentiras a vocês em meu nome: ‘Eu os entregarei 
nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele os matará diante de 
vocês" (verso 21). 
Um dia no tribunal de Templo, Jeremias ficou de repente face-a-
face com um oponente apaixonado, o profeta patriótico Hananias. 
Hananias foi tão longe sobre anunciar que em apenas pouco tempo Deus 
cumpriria Sua promessa de restaurar Israel, uma pretensão em oposição 
direta à palavra profética de Jeremias de que o exílio de Israel em 
Babilônia continuaria por uns 70 anos completos (veja Jer. 25:11; 
29:10). Atrevidamente Hananias predisse, em nome do Senhor, que 
dentro de dois anos Deus traria os "exilados de Judá que foram para a 
Babilônia" (Jer. 28:4) – um poderoso apelo e previsão sensacional para 
Israel! Ele predisse iminente "paz" (shalom) para sua nação. Em 
realidade era sua própria prognosticação! Jeremias naquele momento só 
poderia mostrar que tal pregação de shalom estava em conflito 
fundamental com as anteriores revelações proféticas de Deus por Moisés 
e todos Seus profetas (verso 8; cf. Isa. 8:20). 
O que na verdade transformou a predição de Hananias da 
restauração de Israel em uma falsa profecia? Estava o breve tempo que 
ele fixou antes do retorno de Israel do exílio babilônico em contraste 
com os 70 anos de Jeremias do cativeiro? Parece que uma diferença mais 
fundamental caracterizou os falsos profetas: eles aplicaram a promessa 
da aliança de Deus de paz e bênção de um modo incondicional à 
restauração futura de Israel, ignorando e negando completamente que 
Deus tinha feito do arrependimento genuíno e de um retorno fiel ao 
Senhor a condição prévia explícita para a reunião de Israel e restauração 
como a nação teocrática. 
Assim diz o Senhor: “Quando se completarem os setenta anos da 
Babilônia, eu cumprirei a minha promessa em favor de vocês, de trazê-los 
de volta para este lugar. Porque sou eu que conheço os planos que tenho 
para vocês”, diz o Senhor, “planos de fazê-los prosperar e não de lhes 
causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês 
Carruagens de Salvação 13 
clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e 
me acharão quando me procurarem de todo o coração. Eu me deixarei ser 
encontrado por vocês”, declara o Senhor, “e os trarei de volta do cativeiro. 
Eu os reunirei de todas as nações e de todos os lugares para onde eu os 
dispersei, e os trarei de volta para o lugar de onde os deportei”, diz o 
Senhor. (Jer. 29:10-14, NVI). 
Arrependimento moral era a nota tônica fundamental de todos as 
profecias de Jeremias (veja Jer. 18:7-10). Por outro lado, Hananias 
"pregou rebelião contra o SENHOR '' (Jer. 28:16), levando Israel a 
"confiar em mentiras " (verso 15) quando ele em 593 A.C. solenemente 
anunciou uma paz incondicional para Jerusalém. 
Vários estudiosos do Antigo Testamento chamam Hananias uma 
"caricatura" do profeta Isaías, porque ele somente papagueou a promessa 
de Isaías que "naquele dia'' Deus destruiria o jugo da Assíria do pescoço 
de Jerusalém (Isa. 10:27). O profeta concluiu da promessa de Deus, feita 
a Isaías cem anos antes, que a prometida libertação de Sião tem que 
aplicar-se literalmente a Judá do seu próprio tempo. Caso contrário, 
Deus seria infiel à profecia de Isaías. O teólogo judeu Martin Buber 
mostra a falha em seu raciocínio. 
Hananias não percebeu, porém, que há tal coisa como uma hora 
completamente diferente da história. Ele não sabe que há culpabilidade, uma 
culpabilidade por qual fracassa a comissão da hora. . . . 
Os falsos profetas popularizaram a promessa da mensagem de Isaías 
somente e ignoram a condição inerente em cada mensagem profética de 
salvação; eles mudaram a promessa segura para um Israel que cumpriria 
fielmente a sua chamada em uma promessa incondicional de segurança 
para todas as vezes (em Die Wandlung, Heidelberg 2 [1946-1947], pp. 279, 
280 [own translation]). 
Assim Hananias não era um intercessor para Israel que pleiteava 
com o Senhor pela proteção de sua Santa Cidade e o seu Templo como 
os verdadeiros profetas eram chamados a fazer (Jer. 27:18). Jerusalém 
estava para ser destruída de acordo com o juízo de Deus para quebrar a 
confiança de Judá no Templo de Deus em vez de no Deus do Templo. A 
senso de falsa segurança da cidade era em realidade uma caricatura da 
Carruagens de Salvação 14 
garantia que o Rei Ezequias tinha mostrado anteriormente quando o rei 
assírio, Senaqueribe, ameaçou Jerusalém. Então Ezequias "rasgou suas 
vestes, vestiu pano de saco e entrou no templo do Senhor'' (Isa. 37:1, 
NVI) e pediu a Isaías que orasse pelo remanescente que ainda sobreviveu 
(verso 4). A resposta de Deus naquele momento tinha sido, ''Eu 
defenderei esta cidade e a salvarei, por amor de mim e por amor de Davi, 
meu servo!" (verso 35, NVI). 
Mas uma mudança religiosa para pior tinha ocorrido nos reis 
subseqüentes de Jerusalém. Durante o reinado do último rei de Judá, 
Zedequias,surgiram falsos profetas. Suas mensagens de paz e de 
nenhum dano não só criaram falsas esperanças mas antes aceleraram os 
juízos de Deus sobre a cidade impenitente. 
Eles tratam da ferida do meu povo como se não fosse grave. “Paz, 
paz”, dizem, quando não há paz alguma (Jer. 6:14, NVI). 
Vivem dizendo àqueles que desprezam a palavra do Senhor: “Vocês 
terão paz”. E a todos os que seguem a obstinação dos seus corações dizem: 
“Vocês não sofrerão desgraça alguma”. Mas qual deles esteve no conselho 
do Senhor para ver ou ouvir a sua palavra? Quem deu atenção e obedeceu 
à minha palavra?” (Jer. 23:17, 18, NVI) 
Não enviei esses profetas, mas eles foram correndo levar sua 
mensagem; não falei com eles, mas eles profetizaram (verso 21, NVI). 
 
Os profetas auto-designados de Israel pareciam ter acreditado com 
uma paixão que eles continuaram só a tradição de verdadeira profecia. 
Mas Deus julgou caso contrário: 
Porque fazem o meu povo desviar-se dizendo-lhe “Paz” quando não há 
paz e, quando constroem um muro frágil, passam-lhe cal, diga àqueles que 
lhe passam cal: Esse muro vai cair! . . . 
Despedaçarei o muro que vocês caiaram e o arrasarei para que se 
desnudem os seus alicerces. Quando ele cair, vocês serão destruídos com 
ele; e saberão que eu sou o Senhor. Assim esgotarei minha ira contra o 
muro e contra aqueles que o caiaram. Direi a vocês: O muro se foi, e 
também aqueles que o caiaram, os profetas de Israel que profetizaram sobre 
Jerusalém e tiveram visões de paz para ela quando não havia paz. Palavra 
do Soberano, o Senhor” (Eze. 13:10, 11, 14-16, NVI). 
Carruagens de Salvação 15 
Desde o começo Moisés especificamente ensinou que o critério 
decisivo por distinguir a verdadeira da falsa profecia era seu acordo ou 
discordância com a prévia vontade revelada de Deus (veja Deut. 13:1-5). 
Portanto, Deus pode provar o povo de Israel mediante o desafio de um 
falso profeta, ver se eles O amam com lealdade verdadeira (verso 3). A 
Torah permaneceu como critério para determinar toda a verdadeira ou 
falsa profecia. Enquanto Moisés falou principalmente desses profetas 
que incitariam Israel a seguir outros deuses, a mais ampla aplicação 
relaciona-se a cada predição que engana o povo porque está em conflito 
com a expressa vontade do Deus de Israel: voltar à aliança Deus (Deut. 
30:1-3). 
Depois da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 586 A. 
C., Deus revelou a causa mais profunda para o fracasso das falsas visões 
de paz: 
As visões dos seus profetas eram falsas e inúteis; eles não expuseram 
o seu pecado para evitar o seu cativeiro. As mensagens que eles lhe deram 
eram falsas e enganosas (Lam. 2:14, NVI). 
Dentro da cidade foi derramado o sangue dos justos, por causa do 
pecado dos seus profetas e das maldades dos seus sacerdotes (Lam. 4:13, 
NVI). 
 
Os falsos profetas em Israel evidentemente faltaram na verdadeira 
preocupação pelo bem-estar do povo de Deus. Ezequiel os expôs até 
mais rigorosamente: 
Seus profetas disfarçam esses feitos enganando o povo com visões 
falsas e adivinhações mentirosas. Dizem: “Assim diz o Soberano, o Senhor”, 
quando o Senhor não falou. O povo da terra pratica extorsão e comete 
roubos; oprime os pobres e os necessitados e maltrata os estrangeiros, 
negando-lhes justiça. Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e 
se pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para que eu não 
a destruísse, mas não encontrei nenhum. Por isso derramarei a minha ira 
sobre eles e os consumirei com o meu grande furor; sofrerão as 
conseqüências de tudo o que fizeram. Palavra do Soberano, o Senhor (Eze. 
22:28-31, NVI). 
Carruagens de Salvação 16 
Essas profetas auto-proclamados até arrogantemente proibiram os 
profetas de Deus de falar as verdadeiras palavras do Senhor! Miquéias 
reclamou, “‘Não preguem’, dizem os seus profetas. ‘Não preguem acerca 
dessas coisas; a desgraça não nos alcançará.’ ” (Miq. 2:6; cf. Amós 
7:16). Em resposta ele anunciou o próprio oposto de paz para Israel: 
Por isso, por causa de vocês, Sião será arada como um campo, 
Jerusalém se tornará um monte de entulho, e a colina do templo, um 
matagal (Miq. 3:12, NVI). 
 
Qual era então a diferença essencial entre a verdadeira e a falsa 
profecia na história de Israel? Não era a idéia de que os verdadeiros 
profetas proferem só destruição para o futuro enquanto os falsos profetas 
predizem somente paz e prosperidade. Os profetas de Deus 
definitivamente prometeram esperança anunciando a paz permanente do 
reino Messiânico próximo (veja Miq. 4:1-5; Amós 9:11-15; Jer. 23:5, 6; 
29:13, 14; 32:42; Eze. 36:24-32; 37:24-28). 
A diferença essencial era o fato de que os verdadeiros profetas 
acentuaram o pré-requisito divino de verdadeiro arrependimento se fosse 
para a nação evitar a justiça retributiva do Senhor. Conseqüentemente, 
apenas um remanescente espiritual experimentaria a paz prometida e 
bênção de Israel (Amós 5:6, 15; Miq. 2:12, 13; 4:6-8; Jer. 23:3-6; 31:7, 
31-34; Eze. 36:24-28). A falsa profecia evidentemente omitiu esta 
precondição moral, acentuando o cumprimento das promessas de 
restauração de Deus, como se estas fossem garantias incondicionais. Tais 
profetas não expuseram os pecados de Israel. Eles não pediram fé e 
obediência da aliança. Assim, os falsos profetas não reconheceram a 
hora histórica de apostasia de Israel! Eles meramente passaram o seu 
dogma favorito da eleição incondicional de Israel, não mostrando 
nenhuma preocupação formal com sua importantíssima relação com 
Deus e com o Messias de profecia. 
Carruagens de Salvação 17 
Hoje nós podemos reconhecer os falsos profetas pelas mesmas 
afirmações inábeis de eleição divina e restauração do moderno Estado de 
Israel. 
 
Como Distinguir a Verdadeira e a Falsa Profecia 
Segundo o Novo Testamento 
 
Para os crentes cristãos, Jesus de Nazaré é o verdadeiro intérprete 
do Antigo Testamento. Eles O reconhecem como o Messias da profecia 
de Israel. Cristo não apenas Se considerou como um profeta de Deus 
(Mar. 6:4; Luc. 13:33), mas Ele também demonstrou previsão profética e 
discernimento com autoridade divina (Mar. 13; Mat. 5-7). James D. G. 
Dunn diz perceptivamente de Cristo que “Sua fonte de autoridade não 
era a lei, os pais, a tradição ou os rabinos, mas Sua própria certeza de 
que Ele conhecia a vontade de Deus. . . . O fato de que Jesus usava abba 
ao dirigir-se a Deus nos permite dizer com um pouco de confiança que 
Jesus experimentava Deus como Pai de um modo muito pessoal e 
íntimo" (Unity and Diversity in the New Testament [Philadelphia: 
Westminster Press, 1972], pp. 186, 187). 
Em Cristo Deus ofereceu a Israel a mais completa e mais clara 
revelação de Sua vontade e dos propósitos de Suas alianças com Abraão, 
Moisés, e Davi (veja Heb. 1:1, 2). Só de Jesus é dito ter vindo do próprio 
coração e "seio do Pai" no céu (João 1:18, RSV). Cristo viu Sua missão 
prefigurada nas Escrituras hebraicas: "São as Escrituras que 
testemunham a meu respeito" (João 5:39, NVI). Ele aturdiu os judeus do 
Seu tempo ao Ele anunciar que o tempo dos antítipos religiosos e os 
cumprimentos dos ofícios proféticos, reais, e sacerdotais de Israel tinha 
chegado com Sua vinda: "Agora está aqui o que é maior do que Jonas". 
"Agora está aqui o que é maior do que Salomão". "Aqui está o que é 
maior do que o templo'' (Mat. 12:41, 42, 6, NVI). 
Jesus viu a Torah primariamente como um livro de promessa e 
redenção, não como um volume de lei como os fariseus fizeram. Cristo 
Carruagens de Salvação 18 
também aplicou os salmos, especialmente aqueles compostos pelos reis 
de Israel ou líderes representativos, a Ele e para Seu chamado divino. 
Depois de Sua ressurreição da morte, Ele explicou aos Seus discípulos 
que é o próprio coração e centro da Bíblia hebraica. “Ele lhes disse: 
‘Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que 
os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas,para entrar na 
sua glória?’ E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes 
o que constava a respeito dele em todas as Escrituras” (Luc. 24:25-27, 
NVI). 
Os estudiosos da Bíblia estão agora começando a reconhecer cada 
vez mais o fato de que o Antigo Testamento como um todo não é 
primariamente centralizado em Israel, mas centralizado no Messias. O 
coração da missão profética e histórica de Israel é o Cristo. Isto implica 
que nós só podemos entender corretamente as profecias da Bíblia quando 
relacionamos as predições com relação a Deus e o Seu Messias, o 
Ungido Filho de Deus (veja 2 Cor. 1:20). 
Cristo aconselhou os Seus seguidores, "Cuidado com os falsos 
profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro 
são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos'' (Mat. 
7:15, 16, NVI). Por seus "frutos" Cristo não quis dizer o poder do profeta 
em realizar exorcismos ou milagres ou o seu clamor de aceitar Cristo 
como Senhor, mas o fruto moral de fazer a vontade do Pai que está no 
céu (versos 21-23). Assim Cristo indicou que Ele insistiu na prova que 
Moisés prescreveu em Deuteronômio 13:1-5 pelo desmascarar de falsos 
profetas na igreja. A falsa profecia apregoa um deus que é 
fundamentalmente diferente do Redentor e Governador de Israel, um 
deus que não requer obediência moral nem arrependimento que o Senhor 
insiste em Sua Torah (veja Deut. 30:1-10). O falso profeta "tentou 
afastá-los do caminho que o Senhor, o seu Deus, lhes ordenou que 
seguissem'' (Deut. 13:5, NVI). 
Cristo até mesmo advertiu, "Pois aparecerão falsos cristos e falsos 
profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, 
Carruagens de Salvação 19 
enganar até os eleitos" (Mat. 24:24, NVI). Da mesma maneira que a falsa 
profecia no Antigo Testamento teve como sua ênfase exclusiva as 
promessas de paz de Deus, enquanto ignorando os aspectos condicionais 
do retorno moral de Israel ao Senhor, assim a falsa profecia na era cristã 
fica identificada por seu fracasso em conectar as promessas da aliança de 
Deus a Israel com a fé em Jesus como o Cristo. Esta é agora a condição 
irrevogável de Deus para o cumprimento da profecia. O apóstolo Paulo 
acentuou, “Pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm 
em Cristo o ‘sim’ ” (2 Cor. 1:20). 
Por conseguinte, esses que declaram "paz" para Israel e a igreja 
enquanto ignorando a condição prévia divina de fé em Cristo para o 
cumprimento das profecias da Bíblia não proclamam o Deus da Escritura 
Sagrada. Paulo escreve no verdadeiro estilo profético quando adverte 
contra os falsos profetas nos últimos dias. “Quando disserem: ‘Paz e 
segurança’, a destruição virá sobre eles de repente, como as dores de 
parto à mulher grávida; e de modo nenhum escaparão” (1 Tess. 5:3; cf. 
Jer. 6:14; 8:1 1; Eze. 13:10). 
 
Onde Está o Fiel Remanescente de Israel? 
 
Cristo declarou solenemente aos líderes judeus do Seu tempo, 
"Portanto eu lhes digo que o Reino de Deus será tirado de vocês e será 
dado a um povo que dê os frutos do Reino" (Mat. 21:43, NVI). 
O que O levou a tal conclusão chocante que Deus removeria do 
povo escolhido o abençoado privilégio de ser uma nação teocrática? 
Cristo explicou a razão em Sua parábola dos lavradores. Eles tinham 
decidido com relação ao filho do proprietário, “ ‘Este é o herdeiro. 
Venham, vamos matá-lo e tomar a sua herança’ ” (verso 38, NVI). 
Assim os construtores judeus rejeitaram a Pedra Fundamental de Israel: 
o Filho de Deus (verso 42)! O povo que receberia o reino de Deus não 
era alguma geração futura de judeus, mas aqueles de Seu tempo que 
aceitaram Jesus como o Messias da profecia. Cristo assegurou aos Seus 
Carruagens de Salvação 20 
próprios discípulos, "Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do 
agrado do Pai dar-lhes o Reino" (Luc. 12:32). Cristo ordenou doze deles 
exatamente como os Seus apóstolos para representar o novo Israel 
Messiânico que Ele chamou "minha igreja" (Mat. 16:16-18). A igreja 
apostólica representou o remanescente crente em Cristo do antigo Israel. 
O apóstolo Paulo ensinou então, "Assim, hoje também há um 
remanescente escolhido pela graça" (Rom. 11:5, NVI). 
As promessas de Deus de bênção divina não serão cumpridas 
necessariamente no povo judeu como uma unidade política ou como um 
grupo étnico, mas na comunidade Messiânica de fé. O remanescente de 
Israel consistiu em primeiro lugar em judeus que creram que Jesus é o 
Senhor de Israel e Salvador do mundo. Também são dados boas-vindas 
aos cristãos gentios neste fiel remanescente de Israel (veja Rom. 10:9-
13). Eles são, por assim dizer, "enxertados" no remanescente de Israel, 
como brotos da oliveira brava entre os ramos cultivados da oliveira 
sobem na árvore do Israel de Deus (Rom. 11:17). Os judeus que rejeitam 
a Cristo estão "cortados" da oliveira da aliança de Deus, mas "se não 
continuarem na incredulidade, serão enxertados, pois Deus é capaz de 
enxertá-los outra vez" (verso 23). Tudo depende de fé ou incredulidade 
no Messias Jesus como o núcleo central das promessas e profecias 
bíblicas. Jesus declarou que ''Aquele que não está comigo, está contra 
mim; e aquele que comigo não ajunta, espalha'' (Mat. 12:30, NVI). Os 
judeus que persistem em rejeitar a Jesus como o Senhor de Israel ficam 
dispersos mesmo ao estarem vivendo em Palestina. 
A profecia bíblica tinha predito a reunião de Israel em torno do 
Messias. "Naquele dia as nações buscarão a Raiz de Jessé [o Messias], 
que será como uma bandeira para os povos, e o seu lugar de descanso 
será glorioso" (Isa. 11:10, NVI). Cristo começou a cumprir esta 
promessa de restauração magnífica para Israel ao Ele convidar a todos os 
judeus, "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, 
e eu lhes darei descanso" (Mat. 11:28, NVI). 
Carruagens de Salvação 21 
A vida de Cristo prenuncia o tempo de cumprimento messiânico. A 
igreja espiritual de Cristo é a restauração de Israel na profecia. Este é o 
enfoque cristocêntrico das profecias hebraicas relativo ao remanescente 
de Israel (para um tratamento mais pleno, veja LaRondelle, O Israel de 
Deus na Profecia, caps. 7-10). 
O tempo do cerco romano da antiga Jerusalém mostra quão 
vitalmente importante é saber quem é o verdadeiro Israel de Deus. Antes 
da destruição de Jerusalém em 70 A.D., surgiram falsos profetas na 
cidade, prometendo aos judeus libertação iminente do exército romano. 
Josefo, historiador judeu, relata como tais profetas auto-designados só 
ainda apóiam a resistência teimosa dos judeus em Jerusalém até o último 
momento fatal. 
Um falso profeta era a ocasião da destruição destas pessoas, que 
tinham feito uma proclamação pública na cidade nesse mesmo dia, que 
Deus lhes ordenou que tomassem o Templo, e que lá eles receberiam sinais 
milagrosos de sua libertação. Agora, havia um grande número de falsos 
profetas subornados [aliciados] pelos tiranos para impor ao povo que lhes 
proclamavam que eles deveriam esperar por libertação de Deus (Wars of the 
Jews 6. 5. 2, in W. Whiston, trans., Josephus: Complete Works [Grand 
Rapids, Mich.: Kregel Pub., 1960], p. 582). 
Tais profetas insistiram que a libertação divina, prometida pelos 
profetas hebreus para Israel no Monte Sião, logo seria cumprida (veja 
Joel 2:32; 3:2; Dan. 12:1). Eles esperaram a libertação iminente de Deus 
da cidade em dificuldade. Porém, o tempo demonstrou-lhes ser os 
intérpretes errôneos da profecia bíblica e assim falsos profetas, 
sentenciados a uma morte miserável. 
Qual foi o erro básico de suas falsas profecias? Era sua aplicação da 
promessa de restauração como uma garantia incondicional para o Israel 
étnico. Agora que Cristo tinha vindo como o Filho de Deus, o fiel 
remanescente de Israel seria apenas aqueles que criam que Deus falara 
Sua palavra final no Messias Jesus. Cristo, portanto, ordenou os Seus 
discípulos em termos claros para fugir da condenado"cidade santa" 
(Mat. 24:15-20). Retirando Sua presença messiânica de Jerusalém, Jesus 
Carruagens de Salvação 22 
declarou: "Eis que a casa de vocês ficará deserta" (Mat. 23:38, NVI). O 
princípio de um literalismo geográfico que mantém que a Jerusalém 
física ainda é o centro do cumprimento profético faz do velho território a 
norma decisiva de cumprimento em vez de Cristo Jesus. A pessoa de 
Cristo é, porém, o real "lugar santo". O próprio Jesus declarou que "Aqui 
está o que é maior do que o templo'' (Mat. 12:6; cf. Luc. 17:20, 21; João 
4:21-24). Por conseguinte, só uma interpretação cristocêntrica das 
promessas do Antigo Testamento, não o literalismo, é correta para nossa 
dispensação cristã. 
Outra marca de falsa profecia dentro do cristianismo é o aberto ou 
disfarçado tempo apontado do Segundo Advento. Qualquer esforço para 
fixar alguma forma de horário para a segunda vinda de Cristo entra em 
conflito com a advertência de Cristo: "Quanto ao dia e à hora ninguém 
sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai. Fiquem 
atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo" (Mar. 13:32, 
33, NVI). 
Para ilustrar o significado de Suas palavras, Jesus contou uma 
parábola sobre um senhor que designou uma tarefa a cada de Seus servos 
e os deixou cuidando de Sua casa. O mestre insistiu com o porteiro para 
estar alerta: "Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono 
da casa voltará" (verso 35). Sua advertência aplica-se com plena força 
para a igreja. Logo após a Sua ressurreição os discípulos perguntaram a 
Cristo, “Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?” Mas 
Cristo respondeu imediatamente: “Não lhes compete saber os tempos ou 
as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade” (Atos 1:6, 7, 
NVI). 
O verdadeiro cristão vive então diariamente em prontidão pela 
vinda do Mestre, porque Cristo mora e seu coração. Os eleitos de Cristo 
não serão enganados. Paulo nos assegura: "Mas vocês, irmãos, não estão 
nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão. . . . Não somos 
da noite nem das trevas. Portanto, não durmamos como os demais, mas 
estejamos atentos e sejamos sóbrios; pois os que dormem, dormem de 
Carruagens de Salvação 23 
noite, e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós, porém, que 
somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo a couraça da fé e do amor e o 
capacete da esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a 
ira, mas para recebermos a salvação por meio de nosso Senhor Jesus 
Cristo" (1 Tess. 5:4-9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 24 
GUERRAS SANTAS NA PRIMITIVA HISTÓRIA DE 
ISRAEL 
 
Teólogos cunharam o termo guerra santa para expressar os atos 
libertadores de Deus no êxodo de Israel do Egito e em sua conquista 
subseqüente da terra prometida de Canaã. Yahweh, como o Deus da 
aliança, tomou a iniciativa de redimir Israel de uma nação opressiva e a 
autorizou que desapropriasse sete povos diferente de Canaã que viviam 
em grosseira impiedade (veja Deut. 7:1, 2; 9:4, 5). Desde sua liberação 
do Egito, Israel louvou Deus como o seu guerreiro divino. "O SENHOR 
é homem de guerra; SENHOR é o seu nome'' (Êx. 15:3, RA), ou mais 
exatamente, "Yahweh é um guerreiro, Yahweh é o seu nome!'' (BJ). O 
Antigo Testamento não oferece um quadro uniforme das guerras de 
Yahweh porque no tempo o conceito mostra grande variação. Não 
obstante, podemos observar vários traços que parecem salientar-se como 
elementos característicos. 
A chamada às armas veio freqüentemente de líderes cheios do 
Espírito, que tocavam a trombeta e enviavam mensageiros a todas as 
tribos para reunir um exército de voluntários sob o comando de Yahweh 
(Juí. 3:27; 6:34; 1 Sam. 13:3). Israel viu estes soldados do exército como 
"os exércitos do Deus vivo'' (1 Sam. 17:26). O exército estava sujeito a 
regras rígidas de auto-consagração, de abstinência, e de votos para Deus 
(Jos. 3:5; 2 Sam. 11:11; Núm. 21:2). Antes de ocorrer uma batalha 
particular, um profeta oferecia sacrifícios a Deus e pedia conselho divino 
e direção na guerra (1 Sam. 7:9; 13:9-12; Juí. 20:23, 27). O profeta então 
anunciava a certeza absoluta de vitória sobre o inimigo, declarando que 
Yahweh tinha "entregue" o inimigo nas mãos de Israel (Jos. 2:24; 6:2, 
16; 8:1; 10:8, 19; Juí. 3:28; 4:7; 7:9; etc.). Esta certeza tinha suas raízes 
na convicção de que Yahweh iria à frente de Israel no campo de batalha 
(Juí. 4:14; Deut. 20:4). 
No princípio os sacerdotes retrataram isto ao levar "a arca da 
Aliança do SENHOR" na frente de Israel (Jos. 3:11). O relatório de 1 
Carruagens de Salvação 25 
Samuel 4-6 celebra a soberania de Yahweh como o divino comandante 
de Israel. Nem Israel nem os filisteus poderiam controlar a arca sagrada 
do Senhor, o símbolo do seu trono e governo. Yahweh permaneceu a 
cargo de Seu povo. Quando o sacerdócio quebrou a aliança (1 Sam. 2) ou 
declarou guerra sem consultar o Senhor, Israel sofreu derrota e o seu 
exército foi sacrificado (1 Sam. 4:10, 11). 
O fato de os filisteus terem capturado a arca de Deus mostra que o 
conceito de guerra de Yahweh poderia ser dramaticamente invertido. De 
fato, Yahweh poderia empreender guerra até mesmo contra Seu próprio 
povo, um conceito desenvolvido mais tarde pelos posteriores profetas de 
Israel em sua perspectiva escatológica. Enquanto Israel vivesse em 
genuíno companheirismo de aliança com o seu Senhor divino, toda vez 
que eles erguiam a arca de Deus isso significou que Yahweh subiu para 
lutar a batalha de Israel. 
Quando a arca partia, dizia Moisés: "Levanta-te, Yahweh, e sejam 
dispersos os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te aborrecem!” E no 
lugar de repouso dizia: "Volta, Yahweh, para as multidões de milhares de 
Israel'' (Núm. 10:35, 36, BJ). 
 
A Escritura vê tais guerras como as batalhas de Yahweh (1 Sam. 
18:17; 25:28) e Israel as registrou em um livro específico, que não mais 
existe, chamado "Livro das Guerras do SENHOR" (Núm. 21:14). Os 
inimigos de Israel foram também considerados como os inimigos de 
Yahweh (Juí. 5:31; 1 Sam. 30:26; Sal. 83:1-3). A Bíblia descreve a parte 
de Yahweh nas guerras de Israel em mais de um modo: como o que 
estava travando a luta enquanto Israel só precisava ficar em silêncio (Êx. 
14:14; Isa. 30:15), ou como o vencedor que chamava a participação de 
Israel a destruir o inimigo aterrorizado, chamado a colocar o ''inimigo 
sob maldição'' (hebraico herem) (Deut. 7:2, 5, 6; 20:16-18). A profetiza 
Débora até mesmo pronunciou uma maldição sobre os israelitas que 
moraram na cidade de Meroz ''pois não vieram ajudar o SENHOR'' (Juí. 
5:23, NVI). 
Carruagens de Salvação 26 
Millard C. Lind faz a observação interessante que "o herem, a 
dedicação dos espólio a Yahweh e a destruição de toda a vida. . . era uma 
instituição de guerra santa que o Israel manteve em comum com outros 
povos do Próximo Oriente" (Yahweh Is a Warrior: The Theology of 
Warfare in Ancient Israel [Scottdale, Pa.: Herald Press, 1980], p. 81). 
Uma feição característica da atividade de Yahweh como guerreiro era a 
produção de tal pânico súbito ou terror entre os Seus inimigos que 
causava uma confusão desnorteadora e ocasionalmente autodestruição 
total dentro de suas fileiras. 
Na vigília da manhã, Yahweh, da coluna de fogo e da nuvem, viu o 
acampamento dos egípcios, e lançou a confusão no acampamento dos 
egípcios. Ele emperrou as rodas dos seus carros, e fê-los andar em 
dificuldade. Então os egípcios disseram: “Fujamos da presença de Israel, 
porque Yahweh combate a favor deles contra os egípcios.'' (Êx. 14:24, 25, 
BJ). 
Então caiu terror sobre todo o exército – tanto sobre os que estavam no 
acampamento e no campo, como sobre os que estavam nos destacamentos 
e nas tropas de ataque – o chão tremeu. Foi um pânico enviado por Deus. ... 
Então Saul e todos os seus homens se reunirame foram para a batalha. 
Encontraram os filisteus em total confusão, ferindo uns aos outros com suas 
espadas (1 Sam. 14:15-20, New International Version;* também veja Êx. 
15:15, 16; 23:27; Deut. 2:25; 7:23; 11:25; Jos. 2:9, 24; 5:1). 
 
A Escritura também viu a parte de Deus em fenômenos natural que 
levaram Israel a triunfar na batalha, como o escurecimento do sol, o 
súbito secamento de águas e o voltar das águas, súbita chuva pesada, 
saraiva, trovões e terremoto (Êx. 14:19,21; Jos. 3:13; 4:23; 5:1; Juí. 5:20, 
21; 1 Sam. 7:10; 14:15, 20). Este elemento cósmico acrescentou à 
batalha de Israel o aspecto de uma teofania salvadora e destruidora, ou o 
 
* A NVI (Nova Versão Internacional) equivalente à NIV (New International Version) diferiu desta em 
1 Sam. 14:15, vertendo: “Então caiu terror ... O chão tremeu e houve um pânico terrível”, omitindo 
que o pânico veio de Deus; por isso, traduzimos da NIV, que neste caso concorda com a BJ (Bíblia 
de Jerusalém); porém a BJ , como as nossas RA e RC, no verso 20, omitem que os filisteus é que 
entraram em confusão. – Nota do tradutor. 
Carruagens de Salvação 27 
aparecimento de Deus. Isto levou os inimigos a reconhecer que Deus 
estava lutando a favor de Israel (Êx. 14:14; Jos. 2:9-11). 
Por outro lado, o propósito último da guerra de Yahweh era a 
glorificação do Deus de Israel como o Rei vitorioso e Redentor de Israel, 
louvor que constitui o tema central do cântico de Moisés em Êxodo 15. 
Moisés atribui o afogando do exército egípcio somente ao efeito da 
teofania majestosa e soberania de Yahweh: 
O SENHOR é homem de guerra; SENHOR é o seu nome. 
Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército. ... 
A tua destra, ó SENHOR, é gloriosa em poder; 
a tua destra, ó SENHOR, despedaça o inimigo.... 
O SENHOR reinará por todo o sempre. (Êx. 15:3-18, RA). 
 
Outro exemplo da guerra de Yahweh é a destruição de Jericó, como 
descrito em Josué 6. Antes da queda da cidade, o Capitão divino do 
exército de Israel apareceu perante Josué. O líder israelita em reverência 
se prostrou com o rosto em terra e perguntou: "Que mensagem o meu 
senhor tem para o seu servo?" (Jos. 5:14, NVI). Como retorno veio a 
certeza: "Saiba que entreguei nas suas mãos Jericó, seu rei e seus 
homens de guerra" (Jos. 6:2, NVI). Dali em diante, Israel foi chamado a 
participar mais ativamente nas guerras de Yahweh. 
Depois que Israel levou caladamente a arca de Yahweh ao redor da 
cidade durante sete dias e os sacerdotes tocaram as trombetas e o povo 
deu um "forte grito de guerra" (verso 5, BJ), os muros de Jericó de 
repente caíram, indicando como a conquista de Canaã por Israel foi 
efetuada pelo ato soberano de Deus somente. A responsabilidade de 
Israel era fazer cumprir o anátema na cidade hostil (verso 21). Esses 
israelitas que secretamente retivessem para si mesmos algum despojo do 
inimigo também cairiam sob o anátema de Yahweh, como aconteceu a 
Acã, da tribo de Judá. Ele tomou uma bela capa, prata e pedaços de ouro 
da pilhagem e os escondeu no solo dentro de sua tenda. O seu ato infiel 
para com a lei de guerra de Yahweh levou o exército de Israel a sofrer 
derrota na batalha contra Ai. Descoberto por revelação divina, Acã 
Carruagens de Salvação 28 
confessou, dando "glória" a Deus. Depois de sua execução, Israel foi 
novamente vitorioso na guerra de Yahweh (Jos. 7, 8). 
A razão para o apoio condicional de Yahweh de Israel aparece na 
aliança de Moisés. As bênçãos e maldições de Deus baseavam-se na 
resposta de Israel às obrigações sagradas da aliança. Em Deuteronômio 
32 a vitória ou a derrota na guerra é o resultado de uma decisão da corte 
divina na qual Deus estabelece as razões para Suas ações legais: "Faço 
morrer e faço viver, feri e curarei" (verso 39, NVI). 
Outro exemplo de guerra de Yahweh ocorre em Juízes 4 e 5. 
Débora louva o ato de "justiça" de Yahweh ao derrotar o rei cananeu 
Jabim e Sísera, seu cruel comandante do exército, pelas águas do 
Megido: 
Desde o céu lutaram as estrelas, 
 desde as suas órbitas lutaram contra Sísera. 
O rio Quisom os levou, 
 o antigo rio, o rio Quisom (Juí. 5:20, 21, NVI). 
 
O que de fato parecia ter acontecido era que um súbito raio de 
desespero encalhou as carruagens de Sísera na planície cheia de água, 
dando para o Israel uma vitória súbita. "Todo o exército de Sísera caiu ao 
fio da espada; não sobrou um só homem" (Juí. 4:16, NVI). Débora 
termina o seu cântico do triunfo de Israel com palavras carregadas de 
significado apocalíptico: "Assim pereçam todos os teus inimigos, ó 
SENHOR!" (Juí. 5:31, NVI). 
Tanto o Cântico de Moisés em Êxodo 15 como o Cântico de Débora 
em Juizes 5 são hinos de vitória que Israel usava em suas posteriores 
celebrações festivais, e assim eles mostraram uma influência profunda na 
esperança escatológica de Israel (veja Lind, Yahweh Is a Warrior, p. 74). 
Poderíamos mencionar mais de um tipo de guerra de Yahweh no 
tempo dos Juízes de Israel, a intervenção miraculosa do Senhor na guerra 
de Gideão contra os midianitas (Juí. 6-8). Em uma experiência de 
teofania Deus chamou Gideão diretamente para ser o líder militar de 
Carruagens de Salvação 29 
Israel. "Vai com a força que te anima, e salvarás a Israel das mãos de 
Midiã" (Juí. 6:14, BJ). Depois de destruir o altar de Baal em Ofra, ele 
reuniu voluntários de várias tribos de Israel para estar prontos para a 
batalha. Porém, “Yahweh disse a Gideão: ‘O povo que está contigo é 
numeroso demais para que eu entregue Madiã nas suas mãos; Israel 
poderia gloriar-se disso às minhas custas, e dizer: ‘Foi a minha própria 
mão que me livrou’ ’ ” (Juí. 7:2, BJ). 
Depois que Gideão reduziu o seu exército para só 300 guerreiros, 
ele surpreendeu os midianitas à noite com o toque das trombetas, 
quebrando os cântaros, e vitorioso grita, "Espada por Yahweh e por 
Gideão!" (Juí. 7:21, BJ). Efetuou tal terror entre os midianitas que 
"Yahweh fez que em todo o acampamento a espada cada um voltasse a 
espada o seu companheiro." (verso 22, BJ). Gideão não teve que travar 
nenhuma luta absolutamente exceto capturar e executar dois príncipes 
midianitas, em completa analogia com a vitória de Moisés sobre o Egito 
no Mar Vermelho. Ele só completou a derrota dos reis midianitas e o seu 
exército. Apesar de que Moisés fizera chover pedras de Yahweh, Rei de 
Israel por causa de sua vitória maravilhosa sobre o exército do Egito (Êx. 
15:18), Israel pediu agora para que Gideão fosse o seu rei. Sua resposta 
histórica foi: "Não serei eu quem reinará sobre vós, nem tampouco meu 
filho, porque é Yahweh quem reinará sobre vós" (Juí. 8:23, BJ). A guerra 
de Yahweh em Israel foi moldada segundo a intervenção soberana de 
Deus no Mar Vermelho. O Senhor era o agente exclusivo da guerra 
santa. Ele só era o Salvador de Israel. A presença de Yahweh era o fator 
decisivo na vitória e existência de Israel como uma teocracia. 
Alguns estudiosos também classificaram um incidente significante 
durante o tempo dos profetas anteriores na categoria de guerra santa. 
Aconteceu depois de Israel tomar a decisão dramática no Monte Carmelo 
para renovar sua aliança com Yahweh e seguir só a Ele. O profeta Elias 
naquele momento exerceu sua autoridade política ao comandar a morte 
de 450 profetas de Baal e de 400 profetas de Asera que recusou se 
Carruagens de Salvação 30 
arrepender e reconhecer o Deus de Israel apesar da demonstração da 
glória de Yahweh (1 Reis 18:19,40). 
Eis uma batalha intensamente espiritual no Monte Carmelo, a 
confrontação de um verdadeiro profeta de Yahweh e muitos profetas de 
Baal, a colisão da adoração verdadeira e da apóstata, culmina em um 
flash súbito de glória divina e a execução subseqüente de todos os falsos 
profetas impenitentes. William H. Shea indicou com grande percepção 
como a prova final de Elias no Monte Carmelo aparece como um tipo do 
Armagedom. “É desta batalha [no Monte Carmelo] que nós deveríamosextrair a imagem da qual depende a 'batalha do Armagedom' no 
Apocalipse. Todos os elementos principais do último são dispostos em 
posição paralela em 1 Reis 18 de forma historicamente concreta" ("The 
Location and Significance of Armageddon in Revelation 16:16," 
Andrews University Seminary Studies 18, No. 2 [1980]: 157-162). 
Os profetas de Israel deram para o Deus de Israel o nome de 
Yahweh Sabaoth, "o SENHOR dos exércitos", 279 vezes. Alguns 
estudiosos do Antigo Testamento mostram que os profetas pretendem o 
título para designar Yahweh como o guerreiro divino. O termo exércitos 
indicaria a totalidade de forças sobre as quais Yahweh rege, tanto no céu 
como na terra. "Yahweh era o comandante de todos os poderes 
sobrenaturais como também dos exércitos de Israel" (J. Watts, in The 
New International Dictionary of the New Testament Theology [Grand 
Rapids: Zondervan, 1978], vol. 3, p. 960). 
Quando Israel finalmente coroou seu Deus da aliança como o rei 
supremo no Monte Sião, a antiga fortaleza dos cananeus, Davi compôs o 
Salmo 24 para dramatizar em liturgia sagrada a conquista de Canaã por 
Yahweh como o guerreiro real de Israel. Como a procissão sacerdotal 
com a arca chegou aos portões antigos da fortaleza de Sião a troca 
seguinte de cânticos expressou o significado religioso do evento: 
Quem é este rei de glória? 
É Yahweh, o forte e valente, 
Yahweh o valente das guerras. ... 
Carruagens de Salvação 31 
É Yahweh dos Exércitos: 
Ele é o Rei da glória! (Sal. 24:8-10, BJ) 
A própria menção de Yahweh como o comandante valente de Israel 
e o guerreiro vitorioso faz as portas girarem nos seus gonzos de forma 
que a arca de Deus e sua multidão jovial possa entrar na fortaleza de 
Sião para celebrar o entronização de Yahweh em Jerusalém. 
Davi eventualmente subjugou todas as nações circunvizinhas sob a 
Sua jurisdição porque "o Senhor dava vitórias a Davi em todos os 
lugares aonde ia" (2 Sam. 8:6, NVI). Em última instância os governantes 
de todas as nações vassalas que freqüentavam as festas anuais de Israel 
reconheceram a monarquia suprema de Yahweh com gritos de 
aclamação. 
Povos todos, batei palmas, 
Aclamai a Deus com gritos alegres! 
Pois Yahweh Altíssimo é terrível, 
é o grande rei sobre a terra inteira. 
Ele põe as nações sob o nosso poder, 
põe-nos os povos debaixo dos pés. . . . 
Deus sobe por entre ovações, 
Yahweh, ao clangor de trombeta. . . . 
Os príncipes dos povos se aliam 
com o povo do Deus de Abraão. 
Pois os escudos da terra são de Deus, 
E ele subiu ao mais alto (Sal. 47:1-9, BJ). 
 
Estudiosos cristãos sentiram no Salmo 47 a mais profunda 
promessa do louvor cósmico e universal de Deus e do Seu Messias no 
grande dia do futuro (veja Apoc. 5:13). 
 
Guerras de Yahweh pelos Reis Davídicos 
 
Os sucessores de Davi já não puderam manter a paz do império de 
Israel. As nações vassalas começaram a tramar rebelião contra o rei 
Carruagens de Salvação 32 
davídico, como o Salmo 2 retrata com força dramática. (Para um tratado 
detalhado, veja H. K. LaRondelle, Deliverance in the Psalms: Messages 
of Hope for Today [Berrien Springs, Mich.: First Impressions, 1983].) 
Embora nem toda guerra que Israel empreendeu pode qualificar-se como 
guerra de Yahweh autêntica, porque eles se tornaram mais seculares em 
natureza, alguns suportam as marcas da guerra de Yahweh. Uma marca 
básica de guerra santa genuína era que não o rei mas o profeta ou um 
sacerdote inspirado iniciavam a convocação decisiva para a guerra. 
Como sucessores de Samuel, os profetas reivindicavam a autoridade 
suprema na política externa e guerra estratégica de Israel como uma 
teocracia (1 Reis 20:13, 14; 22:1-28). O profeta ungia o rei, poderia 
censurá-lo, e até mesmo anunciar a rejeição de Deus de um rei particular 
(veja 1 Sam. 10:1; 15:22; 1 Reis 18:17, 18; 19:15, 16; 20:41, 42; Jer. 34). 
Um estudioso de Antigo Testamento conclui: "Pelo tempo de Acabe 
(c. 869-850), o profeta como o porta-voz de Yahweh em situações 
militares era uma força política que nenhum rei em Israel ou Judá 
poderia ignorar" (D. L. Christensen, Transformations of the War Oracles 
in Old Testament Prophecy. Harvard Diss. in Rel. 3, 1975, p. 31). O 
típico estilo de ''convocações para guerra'' nós agora reconhecemos como 
uma forma básica de discurso profético. Um rei parece ter compreendido 
a autoridade política do profeta quando ele exclamou no leito de morte 
do profeta Eliseu: "Meu pai! meu pai! Carro e cavalaria de Israel!" (2 
Reis 13:14, BJ; cf. 2:12). 
Um dos reis teocráticos mais ilustres de Judá foi o Rei Josafá. 
Quando os moabitas e os amonitas vieram lutar contra ele nos meados do 
nono século A.C., ele dedicou todo Judá a Deus em um dia nacional de 
jejum e oração pública oferecida no pátio do Templo. "Ó nosso Deus, 
não irás tu julgá-los? Pois não temos força para enfrentar esse exército 
imenso que vem nos atacar. Não sabemos o que fazer, mas os nossos 
olhos se voltam para ti" (2 Crôn. 20:12, NVI). 
Um sacerdote levita, sob inspiração de Deus, respondeu a Judá com a 
seguinte certeza de vitória: ''Não tenham medo nem fiquem desanimados 
Carruagens de Salvação 33 
por causa desse exército enorme. Pois a batalha não é de vocês, mas de 
Deus. ... Vocês não precisarão lutar nessa batalha. Tomem suas posições, 
permaneçam firmes e vejam o livramento que o Senhor lhes dará, ó Judá, 
ó Jerusalém." (versos 15-17, NVI). O exército de Israel foi assim 
consagrado ao Deus de Israel, de acordo com a lei de Moisés (Deut. 
20:1-4). A certeza profética fez Josafá tão confiante que ele designou um 
coro para cantar louvores ao Senhor quando eles marcharam na frente do 
exército. Então um súbito pânico golpeou o inimigo de Israel, destruindo 
sua unidade e fileiras. "Os amonitas e os moabitas atacaram os dos 
montes de Seir para destruí-los e aniquilá-los. Depois de massacrarem os 
homens de Seir, destruíram-se uns aos outros. Quando os homens de 
Judá foram para o lugar de onde se avista o deserto e olharam para o 
imenso exército, viram somente cadáveres no chão; ninguém havia 
escapado" (2 Crôn. 20:23, 24, NVI). Não maravilha que Jerusalém 
respondesse com um festival de louvores e exuberante ação de graças. 
A maior ameaça a Judá e Israel veio, porém, com a invasão dos 
exércitos assírios. Em 722 A.C. a Assíria deportou as dez tribos de Israel 
e então invadiu Judá e finalmente pôs cerco em Jerusalém em 701 A.C. 
A ameaça assíria à casa real de Davi forma o fundo imediato de uma das 
intervenções mais espetaculares de Deus na história. Quando o 
comandante do campo assírio se levantou diante dos muros da cidade 
santa e insultou o Deus de Israel, chegou o ponto decisivo (veja Isa. 36, 
37). Ezequias, o rei de Jerusalém, consultou o Senhor e recebeu a certeza 
profética, "Eu defenderei esta cidade e a salvarei, por amor de mim e por 
amor de Davi, meu servo!" (Isa. 37:35, NVI). Em imagem antiga típica o 
oráculo de guerra divino enviou então ao rei assírio auto-suficiente: 
"Porei o meu anzol em seu nariz e o meu freio em sua boca, e o farei 
voltar pelo caminho por onde veio" (verso 29, NVI). O resultado desta 
guerra de Yahweh lê como segue: 
Naquela noite o anjo do Senhor saiu e matou cento e oitenta e cinco 
mil homens no acampamento assírio. Quando o povo se levantou na manhã 
seguinte, o lugar estava repleto de cadáveres! (2 Reis 19:35). 
Carruagens de Salvação 34 
 
Guerra de Yahweh nos Salmos 
 
Alguns sacerdotes de Jerusalém compuseram hinos específicos para 
comemorar as vitórias dramáticas de Yahweh na história de Israel (veja 
Sal. 46; 48; 76). Tais cânticos de Sião louvavam a Deus como o único 
refúgio e força de Israel. 
Deus está no seu meio [da cidade]: ela é inabalável, 
Deus a socorre ao romper da manhã. 
Povos estrondam, reinos se abalam, 
ele alteia a sua voz e a terra se dissolve. 
Yahweh dos exércitos está conosco, 
nossa fortaleza é o Deus de Jacó! (Sal. 46:5-7,BJ). 
 
Conforme ouvimos, assim vimos também 
na cidade de Yahweh dos Exércitos, 
na cidade de nosso Deus. 
Deus firmou-a para sempre (Sal. 48:9, BJ). 
 
Neste quadro ideal da invencibilidade de Sião a suposição 
subjacente é que Yahweh e Sião estão desfrutando uma unidade 
espiritual e estão vivendo em genuíno companheirismo de aliança. 
Também nesta base os salmos reais prometem ao rei davídico vitória 
sobre os seus inimigos (Sal. 18; 20; 21) e a liturgia sagrada celebra o seu 
triunfo militar (Sal. 2; 110). Porém, outros salmos, chamados de 
lamentos, nomeiam a Deus como fiel guerreiro para salvar Israel da 
derrota do exército e opressão estrangeira (Sal. 60; 83). Um salmo de 
Davi, o Salmo 60, é especialmente instrutivo, porque introduz o conceito 
da taça da ira de Yahweh como um sinônimo da guerra de Yahweh (Sal. 
60:3; cf. 75:8). Surpreendentemente, Davi aqui se queixa que o 
Guerreiro divino que marchou com os exércitos de Israel na conquista 
vitoriosa do passado rejeitou agora Seu próprio povo e até mesmo voltou 
Sua ira neles. Israel bebeu o vinho da ira de Deus e cambaleou, 
Carruagens de Salvação 35 
impotente diante das nações (Sal. 60:1-3, 10). Não obstante, para 
"aqueles que o temem" (verso 4) – o Israel verdadeiramente religioso – 
Deus assegura a ajuda e o triunfo renovado em um oráculo de guerra 
inspirador (versos 6-12). No Salmo 83 Israel apela a Yahweh para lutar 
novamente as suas batalhas como Ele costumava para vindicar o Seu 
nome e ter Sua soberania reconhecida universalmente (versos 9-18). 
O Salmo 68 é provavelmente o cântico mais magnífico das guerras 
santas de Yahweh. Este salmo de Davi, notoriamente complicado, parece 
ter sido escrito durante um ataque crítico por Aram contra Israel, como 
registrado em 2 Samuel 10:16-19. Enfrentando a ameaça de um imenso 
exército, Davi ergue suas mãos ao céu para despertar Deus a agir como o 
guerreiro de Israel. "Deus se levanta: seus inimigos debandam, seus 
adversários fogem de sua frente." (Sal. 68:1, BJ; cf. Núm. 10:35). 
Davi, revisando primeiro os triunfos de Deus desde o Êxodo e a 
conquista da terra, anuncia sua certeza de vitória. "Certamente Deus 
esmagará a cabeça dos seus inimigos, o crânio cabeludo dos que 
persistem em seus pecados" (Sal. 68:22, NVI). 
O registro histórico mostra quão completo foi a vitória de Israel 
sobre os arameus (veja 2 Sam. 10:17-19). Os salmos das guerras 
vitoriosas de Yahweh contêm inerentemente a perspectiva profética do 
triunfo da última guerra que Deus empreenderá em nome do Seu 
remanescente fiel, a batalha do Armagedom. Tudo depende, porém, de 
nossa definição do remanescente fiel de Israel. Os salmos 
freqüentemente acentuam que, no final de contas, os juízos de Deus 
também cairiam sobre um Israel infiel e rebelde (veja Sal. 78 e 106). 
Moisés já tinha confrontado Israel com os dois lados da aliança de 
Deus: bênçãos e maldições (Deut. 27, 28; Lev. 26). Se Israel recusasse 
escutar a voz de Yahweh, castigos cada vez mais crescentes viriam ao 
povo escolhido: "os que vos aborrecerem assenhorear-se-ão de vós e 
fugireis, sem ninguém vos perseguir" (Lev. 26:17, RA). Até mesmo 
depois que Israel estivesse disperso entre as nações, a maldição os 
seguiria: "o ruído de uma folha movida os perseguirá; fugirão como 
Carruagens de Salvação 36 
quem foge da espada. . . . Cairão uns sobre os outros como diante da 
espada, sem ninguém os perseguir" (versos 36, 37, RA). Esta maldição 
de aliança na verdade significou a guerra de Yahweh contra um Israel 
rebelde, infiel! Os profetas clássicos vão desenvolver este aspecto de 
julgamento mais adiante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 37 
A GUERRA DE YAHWEH DO PONTO DE VISTA 
PROFÉTICO DE ISRAEL 
 
O profeta Amós que escreveu antes do exílio das dez tribos para a 
Assíria em 722 A.C., aplicou a maldição da aliança divina a um Israel 
apóstata. Ele anunciou que um terror sobrenatural incapacitaria o poder 
militar de Israel do seu tempo de modo que “ ‘os guerreiros mais 
corajosos fugirão nus naquele dia’, declara o SENHOR” (Amós 2:16; cf. 
Amós 5:3). Duane L. Christensen observa que nos oráculos de guerra de 
Amós “o juízo em Israel apresenta um quadro surpreendente da guerra 
santa de Yahweh empreendido contra o Seu próprio povo” 
(Transformations, p. 17). Aqui nós deparamos uma nova aplicação do 
conceito tradicional da guerra de Yahweh. Torna-se um oráculo de juízo 
contra Israel. Amós também reverte o significado do uso popular do 
termo o dia de Yahweh. Ele surpreendeu Israel por seu anúncio 
desafiador, “Não será, pois, o Dia do SENHOR trevas e não luz? Não 
será completa escuridão, sem nenhuma claridade?” (Amós 5:20). 
É interessante que Gerhard Von Rad e outros discutiram que o 
conceito do dia de Yahweh teve sua origem nas batalhas de Yahweh na 
história primitiva de Israel ("The Origin of the Concept of the Day of 
Yahweh," Journal of Semitic Studies 4, No. 2 [1959]: 97-108). 
Realmente Amós identifica a imagem da guerra de Yahweh com esse do 
dia de Yahweh (Amós 5:20, 27; 9:1-4, 10). E porque o dia de Yahweh 
teve um cumprimento histórico imediato (em 722 A.C.) como também 
uma dimensão apocalíptica, o mesmo confirma à guerra de Yahweh. 
O oráculo de guerra de Amós acentua, porém, o castigo de Israel no 
futuro histórico imediato no qual a Assíria era ser o agente da ira de 
Deus em Israel (Amós 5:27). O profeta introduz a noção nova de que o 
dia de Yahweh será a guerra de Deus contra um Israel impenitente cuja 
adoração cúltica e celebrações não mais são aceitáveis a Ele (vv. 18-27). 
Neste distinção entre o Israel arrependido e o impenitente fica a 
mensagem básica dos profetas: o dia do Senhor é o dia de salvação só 
Carruagens de Salvação 38 
para o remanescente fiel de Israel (Amós 5:15; 9:11, 12; Miq. 2:12; Joel 
2:32; Sof. 3:8-13; Hab. 2:4; Dan. 12:1, 2). 
O profeta Isaías faz um uso opressivo das imagens da guerra de 
Yahweh em seus discursos de juízo contra Assíria, Babilônia, Egito, 
Edom, e outras nações, especialmente quando eles subiram ao grande 
exército e poder político (Isa. 13-23; 31; 34; 47; 63). O aspecto mais 
significante dos oráculos de guerra de Isaías contra os inimigos de Israel 
é o seu estilo e perspectiva apocalíptica aparente; quer dizer, estes 
oráculos de guerra contêm dimensões cósmicas e universais que só 
podem ser cumpridas no último dia de juízo. O oráculo de guerra de 
Isaías contra a antiga Babilônia contém tal perspectiva escatológica: 
Levantem uma bandeira no topo de uma colina desnuda, 
 gritem a eles; chamem-nos com um aceno, 
 para que entrem pelas portas dos nobres. 
Eu mesmo ordenei aos meus santos; 
 para executarem a minha ira 
 já convoquei os meus guerreiros, 
 os que se regozijam com o meu triunfo. ... 
O Senhor dos Exércitos está reunindo 
 um exército para a guerra. ... 
Vejam! O dia do Senhor está perto, 
 dia cruel, de ira e grande furor, 
para devastar a terra 
 e destruir os seus pecadores. 
As estrelas do céu e as suas constelações 
 não mostrarão a sua luz. 
O sol nascente escurecerá, 
 e a lua não fará brilhar a sua luz. 
Castigarei o mundo por causa da sua maldade, 
 os ímpios pela sua iniqüidade. 
Darei fim à arrogância dos altivos 
 e humilharei o orgulho dos cruéis 
 (Isa. 13:2-11, NVI). 
 
Carruagens de Salvação 39 
Os aspectos cósmico-universais deste oráculo de guerra contra 
Babilônia, cumpriu-se inicialmente na destruição histórica do Império 
Neo-babilônico, prestando-se a um significado mais profundo e uma 
dimensão escatológica. Por conseguinte, em vez de considerar Isaías 13 
e 14 uma profecia antiquada sobre a antiga Babilônia, encontramos nisto 
uma oportunidade e relevância crescente enquanto o dia de juízo final se 
aproxima. Os oráculos de guerra de Isaías apontam ao realassunto da ira 
de Deus: o inimigo de Deus e o opressor do povo de Deus será 
subvertido e será totalmente esmagado (Isa. 14:1-6, 25). Eles também 
predizem o triunfo glorioso do Messias e Seu povo que resultará no reino 
perpétuo de paz e retidão na Terra (Isa. 11). 
É muito notável que as promessas pavorosas de Isaías sobre o 
Messias e Seu reino deriva dos oráculos de Sua guerra santa (Isa. 7; 9; 
11; 35). Isaías apela ao rei assustado da casa de Davi em Jerusalém a 
ficar firme em sua fé na aliança davídica (2 Sam. 7:12-17) e não confiar 
em qualquer aliança política com a Assíria ou Egito para a sobrevivência 
de Israel (Isa. 7:1-14; 30:1, 15). O próprio Yahweh Se oporia às ameaças 
militares de outras nações de acordo com Sua estratégia divina: 
Ai dos que descem ao Egito à busca de socorro, 
Procuram apoiar-se em cavalos, 
põem a sua confiança nos carros, porque são muitos, 
e nos cavaleiros, porque são de grande força, 
mas não voltam os seus olhares para o Santo de Israel, 
nem buscam a Yahweh. . . . 
Pois o egípcio é homem e não deus, 
os seus cavalos são carne e não espírito. 
Quando Yahweh estender a sua mão, 
aquele que socorre tropeçará e o socorrido cairá; 
e perecerão ambos juntos. . . . 
Como ruge um leão – o leão novo – sobre a sua presa. . . 
assim descerá Yahweh dos Exércitos 
para guerrear no Monte Sião, sobre o seu outeiro. 
Como aves que voam. 
assim Yahweh dos Exércitos velará sobre Jerusalém, 
Carruagens de Salvação 40 
velará sobre ela a livrará, 
protegerá e a libertará. 
Voltai para aquele contra o qual se rebelaram tão profundamente 
os filhos de Israel (Isa. 31:1-6, BJ). 
 
Assim Isaías apelava aos líderes políticos secularizados de 
Jerusalém para retornar a Yahweh e confiar na aliança davídica com sua 
esperança messiânica. Mas Isaías não era nenhum sonhador inativo! Ao 
mesmo tempo ele anunciou a mensagem chocante que Yahweh usaria a 
Assíria como o instrumento de Sua ira para empreender guerra contra um 
Israel irreligioso, de forma que só um remanescente sobreviveria: 
Ai dos assírios, a vara do meu furor, 
 em cujas mãos está o bastão da minha ira! 
Eu os envio contra uma nação ímpia, 
 contra um povo que me enfurece, 
para saqueá-lo e arrancar-lhe os bens, 
 e para pisoteá-lo como a lama das ruas. ... 
 
Naquele dia o remanescente de Israel, 
 os sobreviventes da descendência de Jacó, 
já não confiarão naquele que os feriu; 
antes confiarão no Senhor, no Santo de Israel, 
 com toda a fidelidade. 
Um remanescente voltará, 
sim, o remanescente de Jacó 
 voltará para o Deus Poderoso (Isa. 10:5-21, NVI). 
 
A avaliação de Deus sobre Judá como uma "nação ímpia" significa 
que Ele radicalmente e indiscriminadamente rejeitou o Seu povo? 
Certamente não. Um remanescente que provaria fé em Yahweh seria 
salvo! Este conceito dual de Israel como nação ímpia e como 
remanescente fiel constitui o fundo para entender o surpreendente 
oráculo de guerra de Isaías 29:1-8. Yahweh se apresenta aqui como o 
guerreiro que porá cerco à farisaica cidade de Davi. Ele a sujeitará à 
Carruagens de Salvação 41 
humilhação até curvar sua face no pó como um inimigo capturado. Nesta 
colocação Isaías usou o nome Ariel de modo irônico para designar 
Jerusalém como o altar de Deus, ou lugar de sacrifício. 
Mas eu sitiarei Ariel, 
 que vai chorar e lamentar-se, 
 e para mim será como uma fornalha de altar. 
Acamparei ao seu redor; 
 eu a cercarei de torres 
e instalarei contra você minhas obras de cerco 
 (Isa. 29:2, 3). 
 
O formalismo religioso da cidade (veja v. 1) e sua jactância de 
segurança (Isa. 28:14, 15) provocou o atordoante retrato de Deus como 
empreendendo guerra contra ela. Os apelos de Jerusalém com relação às 
promessas da aliança eram portanto presunçosas. Ela não cumpriu a 
condição de fé e obediência que Moisés tinha esboçado em 
Deuteronômio 30:1-10. Israel assim entendera mal a natureza de sua 
eleição e chamando divino. Isaías dá a impressão que o tribunal divino 
celestial julgou a Cidade Santa e pronunciou a sentença, ou "coisa 
decidida" (Isa. 28:22, BJ). O profeta expressa a resposta de Yahweh em 
termos de guerra santa: 
Certamente, Yahweh se erguerá no Monte Farazim, inflamar-se-á 
como no Vale de Gabaon, a fim de realizar a sua obra, a sua obra estranha, 
a fim de executar a sua tarefa insólita. (verso 21, BJ). 
 
N. Gottwald resume esta reversão profética de guerra de Yahweh. 
"O pensamento religioso sobre guerra tomaram um novo rumo com o 
aparecimento de profetas que tinham guerra santa na cabeça pela 
declaração audaciosa que nas guerras à mão Yahweh não lutou por Israel 
mas contra Israel" (Interpreter's Dictionary of the Bible, supplement 
volume [Nashville: Abingdon, 1976], p. 944). 
Apesar do veredito divino, outra surpresa espera a cidade sitiada. 
Deus inverterá dramaticamente Sua guerra santa. Em uma manifestação 
Carruagens de Salvação 42 
surpreendente de Sua presença, Yahweh quebrará as forças hostis 
determinadas na destruição de Sião: 
Mas os seus muitos inimigos se tornarão como o pó fino, 
 as hordas cruéis, como palha levada pelo vento. 
Repentinamente, num instante, 
 o Senhor dos Exércitos virá 
com trovões e terremoto e estrondoso ruído, 
 com tempestade e furacão 
e chamas de um fogo devorador. ... 
Assim será com as hordas de todas as nações 
 que lutam contra o monte Sião (Isa. 29:5-8, NVI). 
 
Poucos oráculos de guerra oferecem este cenário surpreendente de 
uma mudança súbita de guerra de Yahweh (também veja Isa. 17:12,14; 
Miq. 4:11-13; Sof. 3:1, 2, 7, 8; Zac. 14:1-3). A volta predita do destino 
de Jerusalém nós achamos melhor ilustrado talvez pelo cerco histórico e 
libertação de Jerusalém em 701 B. C. durante o reinado do rei davídico 
Ezequias (veja acima). Contudo, a consumação plena da profecia de 
Isaías jaz definitivamente no futuro. A última perspectiva dos oráculos 
de guerra que fala do triunfo de Sião é escatológica, centralizado nas 
profecias messiânicas (Isa. 9 e 11; Miq. 5). 
O profeta Sofonias cujos oráculos contra as nações datam dos 
primeiros anos do rei davídico Josias (640-609 A.C.), continua o 
conceito espantando de guerra de Yahweh encontrado em Amós e Isaías. 
Nenhum outro livro parece tão ocupado com o dia do juízo universal de 
Deus (veja Sof. 1). Surpreendentemente o centro focal é o juízo de Deus 
sobre Jerusalém (Sof. 2:1-3; 3:1-8). Embora a "espada" de Yahweh 
destruirá os Filisteus, Moabe e Amon, Etiópia e Assíria, porque eles 
insultaram o Seu povo (Sof. 2:4-15), o último alvo do guerreiro divino é 
Jerusalém (Sof. 1:4-13)! O demandante divino reclama esta acusação 
legal: "Ela não ouviu o chamado, não aceitou a lição; não confiou em 
Yahweh, não se aproximou de seu Deus!" (Sof. 3:2, BJ). 
Especificamente Ele acusa os líderes políticos, os juizes, os profetas de 
Carruagens de Salvação 43 
tribunal, e os sacerdotes de roubo, jactância, engano e profanação do 
santuário (veja vv. 3, 4). Mas pior de tudo, Ele acusa Jerusalém de 
impenitência e indisposição em aceitar correção (verso 7). 
Sofonias faz um apelo final ao arrependimento, porque o dia de 
ajuste de contas é iminente e o veredicto final do conselho divino será 
irrevogável: 
Reúna-se e ajunte-se, nação sem pudor, 
antes que chegue o tempo determinado 
e aquele dia passe como a palha, 
antes que venha sobre vocês a ira impetuosa do Senhor, 
antes que o dia da ira do Senhor os alcance. 
Busquem o Senhor, todos vocês, os humildes da terra, 
vocês que fazem o que ele ordena. 
Busquem a justiça, busquem a humildade; 
talvez vocês tenham abrigo no dia da ira do SENHOR 
 (Sof. 2:1-3, NVI). 
 
Deus parece relutante em rejeitar este impenitente Israel (Sof. 3:5), 
mas o dia de prova está se aproximando rapidamente. Naquele tempo o 
Deus da aliança subirá notribunal celestial para trazer Israel à justiça e 
anunciar a sentença final. “‘Por isso, esperem por mim’, declara o 
Senhor, ‘no dia em que eu me levantar para testemunhar’ ” (v. 8, NVI). 
Nesta passagem o profeta aguarda com interesse o resultado do 
processo de Deus contra a cidade rebelde. O veredicto divino revela 
tanto a justiça como a graça de Deus. Notável é o estilo de justiça 
retributiva de Yahweh. Ele ordena todas as nações gentílicas que se 
reúnam ao redor da cidade condenada, presumivelmente para destruí-la 
totalmente, inclusive o Templo corrompido (veja v. 8). A guerra de 
Yahweh contra Jerusalém é assim o resultado de Seu juízo investigativo 
do povo da aliança. 
O estudioso do Antigo Testamento H. M. Lutz conclui de seu 
estudo de Sofonias que "o motivo de batalha é subordinado ao motivo do 
processo do tribunal. . . . A guerra das nações é um ingrediente 
Carruagens de Salvação 44 
deliberado do procedimento de tribunal legal de Deus contra a cidade " 
(Jahwe, Jerusalem und die Völker, WMANT 27 [Neukirchen, 1968], p. 
99 [tradução própria]). 
Deus convoca as nações pagãs à guerra contra Jerusalém para 
executar o Seu juízo em um apóstata e idólatra povo da aliança. Esta 
guerra de Yahweh contra Jerusalém pareceria ser o juízo final de Deus 
sobre Israel como uma nação teocrática. Neste ponto, porém, o profeta 
revela suas surpreendentes boas novas. De repente, Yahweh rechaçará as 
nações hostis desde Sião e neles derramará Sua ira santa. "O mundo 
inteiro será consumido pelo fogo da minha zelosa ira" (verso 8). A 
esperança escatológica de Israel, expressa antes em Isaías 29:5, 6, é aqui 
renovada. Com paixão apocalíptica Sofonias anuncia o juízo universal de 
Deus sobre os gentios porque "o mundo inteiro" assaltou cruelmente Seu 
povo da aliança. Não obstante, a preocupação última de Sofonias não é a 
justiça punitiva de Yahweh. O propósito eterno de Deus é a restauração 
de Israel como verdadeiros adoradores do Criador-Redentor e a 
vindicação do Seu santo nome, como Sofonias esclarece: 
Mas deixarei no meio da cidade 
 os mansos e humildes, 
 que se refugiarão no nome do Senhor. 
O remanescente de Israel 
 não cometerá injustiças; 
 eles não mentirão, nem se achará engano em suas bocas. 
Eles se alimentarão e descansarão, 
 sem que ninguém os amedronte (Sof. 3:12, 13, NVI). 
 
Em sua perspectiva escatológica o profeta enfatiza que só um 
remanescente religioso e moral será salvo. Isto implica, porém, que os 
verdadeiros adoradores de Yahweh entre os gentios serão bem-vindos 
nos festivais pós-exílicos de Sião. Tal pertence também à comunidade 
universal de fé (veja verso 9; cf. Isaías 56). 
Em sua colocação histórica original podemos ver o cumprimento 
inicial dos proféticos oráculos de guerra de Sofonias na destruição de 
Carruagens de Salvação 45 
Jerusalém pelo rei babilônico Nabucodonosor em 586 A.C. Jeremias, o 
profeta contemporâneo, desenvolveu a imagem de Yahweh como 
guerreiro santo em maior detalhe, especialmente com respeito à 
Babilônia. 
Jeremias retrata Yahweh como o soberano governante que emprega 
Babilônia como sócio involuntário em Seu castigo de um Israel 
obstinado. Durante o cerco de Jerusalém (588-586 A.C.) Zedequias, o rei 
de Judá, enviou os mensageiros ao profeta com o argumento, "Consulte 
agora o SENHOR por nós porque Nabucodonosor, rei da Babilônia, está 
nos atacando. Talvez o SENHOR faça por nós uma de suas maravilhas e, 
assim, ele se retire de nós" (Jer. 21:2, NVI). 
Os habitantes de Jerusalém aparentemente ainda esperaram um súbito 
salvamento por Yahweh, como acontecera cem anos antes durante o 
reinado do Rei Ezequias (Isa. 37). Porém, Jeremias respondeu com as 
notícias inquietantes que o Guerreiro santo lutaria contra Israel com o 
mesmo poder que Ele tinha usado no passado contra os seus inimigos. 
"Eu mesmo lutarei contra vocês com mão poderosa e braço forte, com 
ira, furor e grande indignação. Matarei os habitantes desta cidade, tanto 
homens como animais; eles morrerão de uma peste terrível" (Jer. 21:5, 6, 
NVI). 
A resposta divina revela a irresponsabilidade dos falsos profetas em 
sua insistência por salvamento iminente e em seu apelo pelas promessas 
anteriores de Deus em isolamento da situação histórica presente de 
Israel. Não sem ironia, Jeremias expôs esses pregadores dogmáticos 
quando a história os demonstrou falsos. “Onde estão os vossos profetas 
que vos anunciavam: ‘O rei de Babilônia não virá contra vós nem contra 
esta terra’?” (Jer. 37:19, BJ). Aqui deparamos o problema fundamental 
da falsa profecia: seu aplicação incondicional e não-histórica das prévias 
promessas de Deus da redenção de Israel. A hora de apostasia é 
ignorada, com o resultado que a fé se torna em presunção. 
A falsa profecia só apressou Jerusalém a uma destruição horrenda! 
Por outro lado, o verdadeiro profeta entregava a mensagem impopular 
Carruagens de Salvação 46 
que Deus estava em guerra contra a "cidade santa" (veja também Jer. 
6:1-6; 8:14-17; 15:3-9; 19:7). Jeremias anunciou que Deus colocaria "a 
bandeira'' em Judá e as nações circunvizinhas por um período de 70 anos 
(Jer. 25:9-11). Depois daquele tempo Babilônia seria julgada e colocada 
sob a proibição eterna de Deus (Jer. 50:21-27; 51:56, 57). O profeta 
então amplia sua visão em uma perspectiva apocalíptica e prediz que 
Yahweh chamará a juízo todas as nações do mundo diante de Seu 
tribunal de justiça e "entregará os ímpios à espada" (Jer. 25:31). "E 
haverá, naquele dia, vítimas de Yahweh de uma à outra extremidade da 
terra" (verso 33, BJ). Tal devastação universal na Terra acontecerá, "por 
causa do furor da espada e por causa do brasume da ira do SENHOR" 
(verso 38, RA). 
Porém, esta amplificação cósmico-universal da guerra final de Deus 
contra os ímpios focaliza-se sobre Babilônia e Edom como os opressores 
mais desumanos do povo da aliança. A "taça da ira de Yahweh" será 
retirado um Israel purificado e será dado aos seus atormentadores (Jer. 
49:7, 12-16; 51:7; cf. Obad. 1-4, 10-16; Isa. 51:22, 23). 
A mensagem consoladora para o Israel de Deus é aparente: Deus Se 
levantará para empreender guerra contra o perseguidores de Seu povo da 
aliança. Em última instância o propósito dos oráculos de guerra de 
Jeremias contra Babilônia é a libertação e restauração de um novo Israel 
em companheirismo com o Senhor: 
“Naqueles dias, naquela época”, 
 declara o SENHOR, 
“se procurará pela iniqüidade de Israel, 
 mas nada será achado, 
pelos pecados de Judá, 
 mas nenhum será encontrado, 
pois perdoarei o remanescente que eu poupar 
 (Jer. 50:20, NVI). 
 
A destruição eterna de Babilônia só acontece como um ato da 
justiça retributiva de Deus porque ela havia determinado destruir o povo 
Carruagens de Salvação 47 
de Deus e sua adoração em Seu santuário. A restauração de Israel de 
Yahweh necessita a destruição de Babilônia. A salvadora e punitiva 
justiça de Deus são inseparavelmente conectadas. 
 
Contudo, o Redentor deles é forte; 
 Senhor dos Exércitos é o seu nome. 
Ele mesmo defenderá a causa deles, 
 e trará descanso à terra, 
mas inquietação aos que vivem na Babilônia. 
 (verso 34, NVI). 
 
De fato, a convocação divina para Israel para fugir da Babilônia e 
retornar a Sião em um novo êxodo para proclamar os atos redentores do 
Senhor muda a ênfase desta profecia de destruição de Babilônia para 
uma mensagem de esperança e salvação para o Israel de Deus (veja Jer. 
50:8; 51:6, 9, 10, 45, 50). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 48 
A ÚLTIMA GUERRA NA PERSPECTIVA APOCALÍPTICA 
 
Daniel e Ezequiel desenvolvem a certeza da última restauração do 
povo de Deus através de um novo estilo literário de profecia chamado 
apocalíptico. Um marco básico apocalíptico é seu período de históriaem 
duas eras sucessivas, a era presente e a era messiânica. Mais 
precisamente, a idéia prediz uma ordem seqüente de eventos futuros, na 
suposição de que o conselho divino predeterminou o curso de história 
(Dan. 10:21). O clímax da história é o juízo cósmico-universal no qual 
Yahweh reina supremo. O Seu veredicto subverte todos os poderes 
políticos e militares hostis ao Seu povo e à sua adoração no Seu Templo. 
Então Ele vindicará Seu fiel povo da aliança, tão longamente ultrajado e 
rejeitado (veja Dan. 7 e 8), e lhes confiará o domínio perpétuo do mundo 
(Dan. 2:44; 7:27). Porém, Daniel indica que primeiro tem que chegar um 
final "tempo de angústia", ou guerra contra os santos de Deus que 
terminará com um súbito resgate divino (Dan. 12:1; 11:44, 45). 
Mas a Escritura não promete salvar indiscriminadamente todo o 
Israel étnico. Vem apenas a esses dentro de Israel que em perseguição 
permaneceram fiéis a Deus e cujo nome foi "achado inscrito no livro" 
(Dan. 12:1; cf. Isa. 4:3; Mal. 3:16; Eze. 13:9; Sal. 69:28). Esta libertação 
apocalíptica tem sua pronunciação nas incríveis narrativas de Daniel 
sobre o socorro divino dos decretos de morte políticos nos capítulos 3 e 
6. Daniel se concentra em Miguel, o "grande Príncipe'', como o Defensor 
celestial de Israel. Lutando pelo Israel de Deus, Ele triunfará afinal 
judicialmente e militarmente sobre todos os inimigos terrestres e 
cósmicos de Israel (Dan. 12:1; 10:13, 20, 21; cf. Isa. 24:21). A vitória 
messiânica de Miguel em Daniel 12 pode ser vista como o resultado 
prático do entronização do Filho do homem em Daniel 7 e também como 
o triunfo do Messias em Daniel 8, o Príncipe de príncipes (veja A. J. 
Ferch, The Son of Man in Daniel Seven, Andrews University Seminary 
Doct. Diss. Series 6 [1979], pp. 99-107). 
Carruagens de Salvação 49 
O livro do Novo Testamento da Revelação, o Apocalipse de João, 
combina o guerreiro celestial de Daniel (Miguel) e o Príncipe de 
príncipes juntos em uma figura, e O identifica como o Cristo ascenso 
(veja Apoc. 12:3-10). 
O que Daniel só indicou brevemente como "tempo de angústia" 
para Israel (Dan. 12:1), Ezequiel desdobra mais adiante em um enredo 
extenso de dois capítulos (Eze. 38, 39). O profeta posterior retrata o 
Israel pós-exílico como restaurado na Terra Prometida, vivendo em 
"povoados" sob as plenas bênçãos da aliança de Deus (Eze. 38:11). Se se 
aceita uma ordem seqüente dos capítulos 37 e 39, então a era messiânica 
é aqui pressentida. O Messias, como o Davi maior, governa Israel como 
Seu rei, e o Espírito de Deus é derramado na teocracia (Eze. 37:24, 25; 
39:29). O profeta chama a agressão massiva a este escatológico Israel de 
Deus por muitas nações, dirigidas por Gogue do norte distante, "um 
plano maligno" (Eze. 38:10, NVI). Apesar disto, a Inspiração interpreta a 
guerra profana de uma perspectiva divina como parte do propósito mais 
elevado de Deus: "Nos dias vindouros, ó Gogue, trarei você contra a 
minha terra, para que as nações me conheçam quando eu me mostrar 
santo por meio de você diante dos olhos delas" (verso 16, NVI; cf. v. 4). 
A Providência anuncia a vinda de um banho de sangue apocalíptico 
como o dia da matança por Yahweh: “Filho do homem, assim diz o 
Soberano, o Senhor: ‘Chame todo tipo de ave e todos os animais do 
campo: Venham de todos os lugares ao redor e reúnam-se para o 
sacrifício que estou preparando para vocês, o grande sacrifício nos 
montes de Israel. Ali vocês comerão carne e beberão sangue’ ” (Eze. 
39:17; cf. 1 Sam. 17:45-47; Sof. 1:7; Isa. 34:5-8; Jer. 46:10; 51:39, 40). 
Ezequiel não deixa nenhuma dúvida de que Deus intervirá 
novamente na história. Como guerreiro vitorioso, Ele lutará por Seu 
povo como Ele costumava fazer nos tempos antigos. Yahweh de repente 
manifestará Sua presença santa em um assustador ''terremoto em Israel" 
e se despejará nos inimigos de Israel "torrentes de chuva, saraiva e 
Carruagens de Salvação 50 
enxofre ardente" causarão tal terror que "a espada de cada um será contra 
o seu irmão" (Eze. 38:18-22). 
O profeta usa energicamente o conceito de guerra de Yahweh como 
transmitido por profetas prévios (cf. Eze. 38:17; 39:8). O último inimigo 
do povo de Deus será esmagado nas montanhas de Israel (Eze. 38:8, 21; 
39:2, 17), da mesma maneira que Isaías tinha predito antes com respeito 
à Assíria: "Nos meus montes a pisotearei. O seu jugo será tirado do meu 
povo, e o seu fardo, dos ombros dele" (Isa. 14:25, NVI). 
Igualmente Joel desenvolve em maior detalhe a perspectiva geral de 
profetas prévios, como, por exemplo, o derramamento futuro do Espírito 
de Deus no tempo Messiânico (veja Joel 2:28, 29; cf. Isa. 32:15; 44:3; 
Eze. 39:29). Ele usa a convocação divina até mesmo para os inimigos de 
Israel para santificar uma guerra contra Jerusalém: 
Proclamem isto entre as nações: 
 Preparem-se para [literalmente: santifiquem-se] a guerra! 
Despertem os guerreiros! 
 Todos os homens de guerra aproximem-se e ataquem 
 (Joel 3:9, NVI; cf. Jer. 6:4). 
 
Sua perspectiva apocalíptica está em notável harmonia com as 
expectativas de Ezequiel da guerra final de Yahweh contra as nações 
(veja Eze. 38, 39). Como em Ezequiel, assim Joel acentua a natureza da 
última guerra não como um conflito secular de nação contra nação mas 
como a batalha cósmico-universal entre o céu e um mundo unido em 
rebelião contra Deus e Seu povo da aliança. Yahweh permanece no 
controle do princípio ao fim. Ele ordena a luta final no "Vale de Josafá", 
que combina os vales ao redor de Monte Sião, como o lugar designado 
de juízo. O Próprio Senhor determina o resultado final. 
Reunirei todos os povos 
 e os farei descer ao vale de Josafá. 
Ali os julgarei por causa da minha herança — Israel, 
 o meu povo — pois o espalharam entre as nações 
e repartiram entre si a minha terra (Joel 3:2, NVI). 
Carruagens de Salvação 51 
Joel apresenta Yahweh como o Demandante divino em Seu último 
processo contra Seus inimigos. Repetidamente o profeta descreve Israel 
não como uma nação secular ou um povo étnico mas como Sua herança 
e Seu povo (cinco vezes, versos 2-3), quer dizer, como o povo espiritual 
de Deus ou teocracia. A glória da Shekinah de Yahweh habita o Monte 
Sião como o refúgio para Seu povo (veja verso 17). 
As acusações contra a Filístia e as cidades fenícias, Tiro e Sidom, é 
que eles venderam os israelitas capturados como escravos para os gregos 
e assim os dispersaram entre as nações (versos 2, 4, 6; cf. Amós 1:6, 9; 
Eze. 27:13), e que eles roubaram o ouro e a prata de Israel que 
pertenciam a Yahweh (Joel 3:5). Deus Se identifica tão completamente 
com Seu povo da aliança em Seu processo apocalíptico que Ele faz aos 
inimigos de Israel a pergunta, "O que vocês têm contra mim?" (verso 4). 
O veredicto divino segue a lei de mosaica de justiça retributiva. "Se 
estão querendo vingar-se de mim, ágil e veloz me vingarei do que vocês 
têm feito" (verso 4, NVI; veja também o v. 7). Esta lei aplicou-se 
especificamente contra a falsa testemunha (Deut. 19:18, 19; cf. Sal. 7:15, 
16; 9:15, 16). Os gentios injustamente acusaram e condenaram Israel. A 
história registra que os fenícios e filisteus, comerciantes de escravos 
judeus, foram vendidos em escravidão, especialmente por Alexander o 
Grande em 332 A.C. (veja The Interpreter's Bible. [Nashville: Abingdon 
Press, 1956], vol. 6, p. 756). O juízo de Deus trará essencialmente as 
mesmas acusações contra o pagão do tempo do fim: falsas acusações e 
perseguição daqueles que O adoram em verdade (Joel 2:32). 
A execução da sentença de Deus assume a natureza de guerra de 
Yahweh porque Israel enfrenta a ameaça de extinção. Então, Joel suplica 
"Faze descer os teus guerreiros, ó Senhor!" (Joel 3:11). Porque será o 
dia cósmico-universal de Yahweh (versos 14-16), o profeta não chama o 
lugar do campo de batalha apocalíptico o Vale de Kidron, mas 
simbolicamente "vale de Josafá"(versos 2, 12), quer dizer, o lugar de 
"juízo de Yahweh". Vemos isto enfatizado novamente no simbolismo 
familiar de Yahweh como "o que pisa as uvas" de multidões de ímpios 
Carruagens de Salvação 52 
na prensa de vinho (verso 13; cf. Isa. 63:3; Jer. 25:30). O Apocalipse de 
João aplica este simbolismo em seu cumprimento apocalíptico ao 
segundo advento de Cristo e aos Seus inimigos em escala universal 
(Apoc. 14:14-20). 
Finalmente, a profecia de Zacarias da guerra escatológica de Deus 
prova ser de importância suprema. Os últimos três capítulos de Zacarias 
são construídos no estilo de um quiasmo literário, o centro focal do qual 
aponta para predições messiânicas que mais tarde receberam significado 
extraordinário para Jesus Cristo e o Novo Testamento (Zac. 12:10-14; 
13:7-9) (veja J. G. Baldwin, Haggai, Zechariah, Malachi, gen. ed. D. J. 
Wiseman, Tyndale OT Commentaries [Downers Grove, Ill. : Intervarsity 
Press, 1983], pp. 77-80). O livro apresenta o Rei Messias do capítulo 9 
como o companheiro íntimo de Yahweh que seria "perfurado", ou 
martirizado, porém, em Jerusalém por um Israel rebelde (Zac. 13:7; 
12:10). O próprio propósito de Deus já tinha incluído tal Messias 
sofredor: "Fira o pastor, e as ovelhas se dispersarão" (Zac. 13:7, NVI). 
Séculos mais tarde Cristo viu Seu próprio sofrimento e morte como o 
cumprimento da predição de Zacarias. As implicações são de longo 
alcance: são vistos os seguidores de Cristo então são vistos como a 
ovelhas dispersas de Yahweh, como o verdadeiro remanescente de Israel 
(veja Mat. 26:31; Mar. 14:27). 
Como conseqüência da rejeição de Israel e execução do Pastor 
Messias, Zacarias prediz que Yahweh empreenderá guerra contra 
Jerusalém e a terra inteira de Israel, de forma que "dois terços serão 
ceifados e morrerão; todavia a terça parte permanecerá" (Zac. 13:7, 8; cf. 
14:2). Esta forma de discurso de juízo tem obviamente seu padrão em 
um oráculo contra Jerusalém que Ezequiel tinha feito antes do exílio 
babilônico (veja Eze. 5:2, 4, 12). Como o oráculo de guerra de Ezequiel 
contra Jerusalém acentuou que um remanescente fiel seria protegido pela 
marca de aprovação de Deus (Eze. 9), assim Zacarias promete que Deus 
reservará um remanescente fiel que se arrepende do assassinato do 
Messias de Israel no futuro escatológico. 
Carruagens de Salvação 53 
Todavia a terça parte permanecerá, diz o SENHOR. 
Colocarei essa terça parte no fogo, 
e a refinarei como prata, 
e a purificarei como ouro. 
Ela invocará o meu nome, 
e eu lhe responderei. É o meu povo, direi; 
e ela dirá: ‘O SENHOR é o meu Deus’. 
 (Zac. 13:8b, 9; cf. 12:10). 
 
À luz do choque racional de Zacarias para a guerra de Yahweh 
contra Jerusalém, fica claro por que o Cristo insistiu que Seus discípulos 
fugissem de Jerusalém e Judéia às montanhas (veja Mat. 24:15, 16). 
Cristo viu Yahweh empreendendo guerra contra a Cidade Santa quando 
os exércitos romanos destruíram Jerusalém em 70 A. D., como em linha 
com as predições de Zacarias: "Reunirei todos os povos para lutarem 
contra Jerusalém; a cidade será conquistada" (Zac. 14:2, NVI). 
Indubitavelmente Cristo tinha esta e outras profecias em mente ao 
explicar, "Pois esses são os dias da vingança, em cumprimento de tudo o 
que foi escrito" (Luc. 21:22, NVI). A razão de Cristo aplicar os oráculos 
proféticos de destruição sobre Jerusalém para Sua própria geração foi a 
convicção de que Sua presença era a visita de Deus para oferecer paz 
messiânica e salvação ao Seu povo da aliança (Luc. 19:41, 42). Com voz 
lacrimosa Ele anunciou durante Sua última visita a Jerusalém, "não 
deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a 
oportunidade da tua visitação" (verso 44, RA). Rejeitando a Cristo 
significaram o rejeição do Deus da aliança de Israel. Encheram a medida 
de culpabilidade dos seus antepassados (Mat. 23:32). Não obstante, Jesus 
também olhou além do juízo de Jerusalém ao Seu retorno como o juiz de 
todo os povos. Então a previsão de Zacarias será cumprida em uma 
escala mundial (Mat. 24:30; Zac. 12:12). Cristo empreenderá guerra 
santa contra todos os que O perfuraram e que assaltaram Seu povo, o 
Israel espiritual (veja Apoc. 1:7; 6:14-17). 
 
Carruagens de Salvação 54 
Resumo 
 
O Antigo Testamento revela que realmente Yahweh empreendeu 
guerras contra os inimigos jurados de Israel do passado, tal como o Egito 
(Êx. 15:3, 4), Amaleque (Êx. 17:16), os filisteus (1 Sam. 17:45-47), os 
amorreus (Amós 2:9), Babilônia, e outros. A libertação de Israel do 
Egito pelo súbito secamento do Mar Vermelho e o afogamento do 
exército de faraó, a Escritura vê como o exercício da monarquia de 
Yahweh e apresenta como o protótipo das vitórias futuras de Israel sobre 
seus inimigos na Terra Prometida (Êx. 15:14-16, 18; Deut. 1:30; 7:19; 
Miq. 7:15; Isa. 11:10-16; 43:16-19). Os escritores da Bíblia regularmente 
descrevem a presença de Deus em uma guerra de Yahweh por via de 
terremoto, fenômenos no sol, lua, e estrelas, torrentes de chuva e 
granizo, e especialmente por enviar terror e pânico paralisante entre os 
assaltantes de Israel (Êx. 15:16; Deut. 7:20, 23). Estas são as 
manifestações da presença da teofania de Yahweh. As seguintes três 
características introduzem a genuína guerra de Yahweh: (1) a 
convocação divina para preparar guerra por meio de um profeta ou 
sacerdote do Senhor; (2) as orientações divinas para a participação de 
Israel; (3) a garantia de vitória. 
As batalhas de Yahweh estavam condicionadas à fidelidade de 
Israel para com a aliança divina (Sal. 46; 48). Sua rebelião persistente e 
impenitência iniciariam o juízo de Yahweh e a guerra santa em contrário, 
como especificado na aliança mosaica (Lev. 26:27-34). Deus empregou 
até mesmo a Assíria e Babilônia como parceiros tradicionais de Seus 
juízos punitivos sobre Israel e Judá. Contudo Ele sempre preservou, por 
Sua graça, um remanescente fiel de Seu povo da aliança. 
As profecias apocalípticas de Daniel, Ezequiel, Joel, e Zacarias 
desenvolvem a teologia de que Deus dirige Sua guerra final contra os 
inimigos implacáveis do povo messiânico cheio do Seu Espírito. A 
guerra de Yahweh nunca é uma luta política secular entre nações. Tal 
interpretação da última guerra nas Escrituras proféticas é característica 
Carruagens de Salvação 55 
da falsa profecia moderna. A batalha de Deus é contra os últimos 
assaltantes do povo remanescente messiânico e de sua adoração divina 
(Sal. 2; Joel 2:32; Dan. 11:45; 12:1; Eze. 38, 39; Zac. 12:8, 9; 13:9; 14:1-
3). Esta é a essência da última guerra de Yahweh na profecia da Bíblia. 
O propósito da guerra de Yahweh é a vindicação de Sua soberana 
monarquia entre as nações e a restauração do governo do Messias na 
Terra em paz e justiça paradisíaca (Eze. 39:21-29; 47:1-12; 48:35; Zac. 
14:9, 16; Joel 3:18; Miq. 4:1-5; Amós 9:13-15). 
O estudioso do Antigo Testamento Peter C. Craigie concluiu 
corretamente que o tema de Deus o Guerreiro, não é algo periférico na 
Bíblia hebraica mas "um dos aspectos mais significantes e centrais da 
teologia do Antigo Testamento" (The Problem of War in the Old 
Testament [Grand Rapids: W. B. Eerdmans Pub. Co., 1978], pág. 38). 
A importância última das antigas profecias de Israel centraliza-se 
em sua esperança messiânica para o mundo. Como Joyce G. Baldwin 
declara tão bem em seus comentários sobre o governo messiânica de 
Zacarias 9:9, 10: "As únicas esperanças realistas de paz mundial ainda se 
centralizam neste rei" (Haggai, Zechariah, Malachi, pág., 167). 
 
A Relevância de Guerra de Yahweh para a Igreja de Jesus Cristo 
 
Porque o Deus de Israel é o mesmo ontem, hoje e amanhã, Seus 
juízos no passado explicam a natureza de Seus juízos futuros. Isto 
empresta a todos os atos iniciais de redenção de Deus um caráter 
tipológico. A queda de Babilônia no passado funciona como tipo, ou 
prefiguração, da certeza da queda da Babilônia apocalíptica (cf.Jer. 50, 
51 e Apoc. 17, 18). Os juízos nacionais do dia do Senhor se tornam tipos 
proféticos do dia cósmico-universal do Senhor no futuro. A geografia do 
Meio-Oriente, centrada no Monte Sião, serve como um tipo para o 
campo de batalha mundial da igreja de Cristo contra o anticristo. 
O livro de Apocalipse toma emprestado nomes hebraicos e imagens 
da guerra de Yahweh como seu retrato dramático da vinda de Cristo em 
Carruagens de Salvação 56 
juízo. Estes consumação cristológica significa que o Novo Testamento 
define o Israel de Deus como o povo de Cristo, isto é, como a igreja 
universal de Cristo (veja Atos 4:25-28). É então de importância decisiva 
entender a estrutura bíblica da tipologia cristã (veja LaRondelle, O Israel 
de Deus na Profecia, cap. 4). A abordagem tipológica do Novo 
Testamento descansa no fato de que os antigos inimigos de Israel eram 
determinados teologicamente por sua hostilidade contra Yahweh e Seu 
povo da aliança no Antigo Testamento. O uso de seus nomes na 
dispensação cristã serve como "tipos" que designam os inimigos de 
Cristo e Seu povo da nova aliança, a igreja universal. Este enfoque 
cristológico e aplicação escatológica distingue a tipologia cristã de 
qualquer mau uso alegórico ou de uma repetição literalista na história da 
redenção. A relação de tipo e antítipo não é nenhuma repetição étnica ou 
geográfica mas uma conclusão e intensidade escatológica, por causa da 
glória de Cristo. O conceito de uma repetição literal do passado na 
dispensação futura é um motivo pagão que foi superado pela tipologia do 
Novo Testamento. O juízo vindouro e a redenção do segundo advento de 
Cristo não corresponderão simplesmente ao que foi antes na história – 
eles transcenderão a história de Israel em uma escala global porque o 
cumprimento escatológico é determinada por um nível mais alto de 
glória em Cristo que seus tipos do Antigo Testamento (veja F. Foulkes, 
The Acts of God. A Study of the Basis of Typology in the Old Testament 
[London: Tyndale, 1955]). 
A nova aliança possui uma glória que de longe ultrapassa a antiga 
aliança (2 Cor. 3). Como o Israel messiânico, a igreja de Cristo é o 
cumprimento do plano de Deus para o mundo com o antigo Israel (Rom. 
9-11; veja o comentário em O Israel de Deus na Profecia, caps. 7, 8). 
Por conseguinte, os inimigos do antigo Israel – o Egito, Babilônia, 
Edom, e outras nações – servem no Novo Testamento como símbolos 
dos oponentes da igreja de Cristo. 
O dia de Yahweh é transformado no dia de Cristo (veja 1 Cor. 1:8; 
2 Cor. 1:14; Filip. 1:6, 10; 2:16). A ira de Yahweh se torna a ira do 
Carruagens de Salvação 57 
Cordeiro (Apoc. 6:16). Yahweh como guerreiro celestial o Novo 
Testamento transfigura em Cristo como guerreiro santo (Apoc. 19:11-
15). Enquanto que o Antigo Testamento reconhece Yahweh como "o 
Deus dos deuses, o Senhor dos reis" (Dan. 2:47), agora o Cristo recebe o 
título "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Apoc. 19:16). Como 
Yahweh manifestou Sua justiça salvadora e punitiva em nome do Israel, 
assim o Cristo demonstrará tanto o Seu juízo redentor e punitivo na 
batalha de "daquele grande dia do Deus todo-poderoso" (Apoc. 16:14) 
em nome do verdadeiro Israel de Deus. Os juízos sobre os inimigos 
nacionais do antigo Israel em seus territórios locais servem como tipos 
ou profecias representadas do Armagedom. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 58 
JESUS CRISTO COMO GUERREIRO DIVINO 
 
Alguns levantaram a pergunta: O Deus de amor e misericórdia no 
Novo Testamento não substitui o Deus de guerra e vingança do Antigo 
Testamento? Não dispensa o Novo Testamento qualquer uso simbólico 
de Cristo como guerreiro na ética e profecia cristã? O perigo agudo é que 
nós começamos de uma filosofia idealista que predetermina seu conceito 
do que é bom. Nós assumimos que alguma evolução ou progressão 
existe de primitivo aos mais puros conceitos de Deus na Bíblia. Mas tal 
desenvolvimento teológico era estranho às mentes dos escritores do 
Novo Testamento. Para Cristo e Seus apóstolos, da mesma maneira que 
para os profetas de Israel, o amor divino é uma espada de dois gumes 
que efetua tanto julgamento como salvação. 
O ensino de Jesus sobre o reino de Deus é completamente orientado 
ao governo cósmico do Deus de Israel, um fato que fica muito claro nas 
tentações de Cristo no deserto. Aqui Satanás ofereceu a Jesus o governo 
sobre todos os reinos da Terra em troca do Seu reconhecimento do 
supremo senhorio de Satanás (Mat. 4:11; Mar. 1:12, 13; Luc. 4:1-3). 
Jesus começou Sua missão entrando em guerra com o poder maligno que 
está por trás da humanidade pecadora. Seu subseqüente exorcismo de 
demônios era o resultado de Sua vitória sobre Satanás. O homem era 
escravo de alguém mais forte do que ele. Jesus entrou em combate atual 
com Satanás para amarrar o "homem forte'' (Mat. 12:29) e expelir os 
demônios da alma desses que puseram sua confiança nEle. 
"Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então 
chegou a vocês o Reino de Deus. “Ou, como alguém pode entrar na casa do 
homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá 
roubar a casa dele'' (versos 28, 29, NVI). 
 
George E. Ladd considera o triunfo espiritual de Cristo de 
importância suprema. "No próprio coração da missão de nosso Senhor 
está a necessidade de salvar os homens da escravidão do reino satânico e 
Carruagens de Salvação 59 
trazê-los à esfera do reino de Deus'' (A Theology of the New Testament 
[Grand Rapids: W. B. Eerdmans Pub. Co., 1974], pág. 53). 
Nesta batalha religioso-moral Cristo recusou usar qualquer força 
externa ou coerção. Ele antes escolheu os sofrimentos e morte em uma 
cruz como Sua missão e maneira para estabelecer uma monarquia 
perpétua (João 10:17, 18; Mar. 10:45). A Pedro Ele esclareceu Sua 
intenção: "Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o 
Pai me deu?'' (João 18:11). E para Pilatos, o governador romano, Ele 
mostrou a natureza espiritual de Seu reino. "O meu Reino não é deste 
mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me 
prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui'' (João 18:36, NVI). 
Por outro lado, Sua segunda vinda é uma questão diferente. Aqui 
Cristo se antecipa ao Seu aparecimento "nas nuvens do céu, com poder e 
grande glória". Então Ele enviará anjos poderosos para salvar os Seus 
escolhidos dos seus opressores (Mat. 24:30, 31; Mar. 13:26, 27; Luc. 
21:27). Cristo, quando colocado sob juramento pelo sumo sacerdote, 
declarou solenemente: "Chegará o dia em que vereis o Filho do homem 
assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu" (Mat. 
26:64, NVI). Aqui Jesus Se identificou com o Messias da profecia de 
Israel, predito governador de todo os povos. "Ele se identifica com a 
figura divina em Daniel 7:13 que monta a Divina Carruagem de guerra" 
(T. Longman III, ''The Divine Warrior: The New Testament Use of an 
Old Testament Motif," The Westminster Theological Journal 44, No. 2 
[1982]: 290-307, citando de pág., 295). 
 
Jesus Cristo como o Cavaleiro Celestial da Nuvem 
 
O significado teológico da "nuvem" nas descrições de Jesus do Seu 
retorno em esplendor divino ficam claras a partir de seu significado no 
Antigo Testamento e seu mundo religioso contemporâneo. O Salmo 104, 
um dos cânticos da natureza mais bonitos da antiguidade, louva o Deus 
de Israel como rei do universo que "Faz das nuvens a sua carruagem e 
Carruagens de Salvação 60 
cavalga nas asas do vento'' (verso 3). Esta declaração poética recebe 
significado teológico se visto à luz de descrições cananitas de Baal como 
o "cavaleiro nas nuvens". (documentação em Longman, pág. 295). 
Assim o Salmo 104 está tentando dizer que Yahweh é o supremo Deus e 
governante. 
O Antigo Testamento normalmente descreve as ações de Yahweh 
como o guerreiro divino que luta em nome deSeu povo escolhido. Para 
esse propósito Ele monta na carruagem de Sua nuvem, atira Suas setas, e 
reprova os inimigos de Israel com o Seu trovão (Sal. 18:9-15; 68:4, 33; 
Deut. 33:26; Naum 1:3, 4; Jer. 4:13). No oráculo de Sua guerra contra o 
Egito, Isaías adverte, "Yahweh, montado numa nuvem veloz, vai ao 
Egito. Os deuses do Egito tremem diante dele e o coração dos egípcios 
se derrete no seu peito" (Isa. 19:1, BJ). 
A passagem que impressionou mais profundamente na consciência 
messiânica de Cristo, porém, foi aparentemente a teofania da nuvem na 
cena de juízo de Daniel 7. Nesta passagem apocalíptica o Deus de Israel 
delegou o reinado soberano de toda a Terra a "alguém semelhante a um 
filho de homem, vindo com as nuvens dos céus" (verso 13, NVI). 
O Novo Testamento usa três preposições diferentes em sua 
aplicação desta visão de Daniel do Filho do homem para o retorno de 
Cristo: "nas nuvens" (Mat. 24:30; 26:64), "em uma nuvem" (Luc. 22:27), 
"com as nuvens" (Apoc. 1:7). Os estudiosos de Antigo Testamento 
mostram que a imagem de nuvem do Filho do homem em Daniel 7 se 
refere a um atributo divino. André Feuillet colecionou uns 70 textos no 
Antigo Testamento que conecta "nuvens" com aparecimentos divinos e 
intervenções, especialmente com teofanias de juízo (veja Ferch, The Son 
of Man in Daniel Seven, pp. 162-166). O "filho de homem" celestial em 
Daniel 7 então pertence à categoria de deidade. Quando Jesus escolheu 
Se designar preeminentemente como o "Filho do Homem", Ele 
reivindicou autoridade divina para perdoar pecados (Mar. 2:10) e 
retornar como o divino juiz do mundo (Mat. 16:27). (Para um estudo de 
compreensivo do significado teológico da auto-designação de Jesus 
Carruagens de Salvação 61 
como "o Filho do Homem" como título Messiânico nos quatro 
Evangelhos, veja Ladd, A Theology of the New Testament, pp. 145-158, 
244-246). Cristo aplicou a teofania da nuvem do Filho de homem 
diretamente em Daniel 7 a Si mesmo como o cavaleiro da nuvem no dia 
de juízo. 
O Apocalipse de João focaliza o segundo advento de Cristo com 
círculos sempre intensificados. O revelador vê Cristo que vem como o 
rei-juiz e guerreiro "sentado na nuvem" (Apoc. 14:14) e montando em 
um cavalo branco. "El julga e guerreia com justiça" (Apoc. 19:11). Ele 
lidera um exército divino, da mesma maneira que Yahweh Sabaoth tinha 
feito antes com Israel (verso 14). É chamado o grande dia da ira de Deus 
e o Cordeiro (Apoc. 6:17). 
O livro retrata o Guerreiro apocalíptico em um manto "tingido de 
sangue" porque "Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-
poderoso" (Apoc. 19:13, 15; cf. Apoc. 14:17-20), da mesma maneira que 
Yahweh foi pintado em Isaías 63:2, 3 e em Joel 3:13. Além disso, "de 
sua boca sai uma espada afiada com a qual ferirá as nações" porque "Ele 
as governará com cetro de ferro" (Apoc. 19:15), um indicador para as 
promessas messiânicas do Salmo 2:9 e Isaías 11:4. 
Em resumo, o livro do Apocalipse porta a mensagem de esperança e 
garantia divina de que Cristo virá como o Messias real para salvar o Seu 
povo na última guerra do mundo contra Deus. 
 
O Uso Figurado do Simbolismo de Guerra 
 
O livro do Apocalipse é o livro de contrastes. Coloca Cristo em 
oposição ao anticristo escatológico. Os capítulos 12 a 14, a unidade 
central no Apocalipse de João, até predizem o surgimento de uma 
trindade satânica para esmagar a Cristo e Seu povo. O antigo dragão 
(Apoc. 12) emprega dois assistentes ou aliados em sua guerra contra os 
santos: a besta do mar, com dez chifres, e uma besta da terra, com dois 
Carruagens de Salvação 62 
chifres (Apoc. 13). O capítulo 13 revela o clímax sinistro da perseguição 
de Satanás contra a igreja. 
Em sua dissertação, The Use of Daniel in Jewish Apocalyptic 
Literature and in the Revelation of St. John (Lanham-New York-
London: University Press of America, 1984), Gregory K. Beale 
demonstra convincentemente que Apocalipse 13 é um reelaborado 
criativo de Daniel 7 (pp. 229-248). A evidência mostra "que Apocalipse 
13 é modelada em Daniel 7" (pág. 247). 
O Apocalipse agora integra as características simbólicas das quatro 
bestas de Daniel 7 em uma besta apocalíptica (Apoc. 13:1 , 2). Esta nova 
besta tem dez coroas em seus dez chifres, uma referência óbvia aos dez 
reis ou reinos que emergiriam do quarto império mundial em Daniel 7:7, 
24. A natureza blasfema da besta do mar de Apocalipse 13:1, 5, 6 
continuam as afirmações blasfemas do "pequeno" chifre de Daniel 7:8, 
25. Até mesmo a transferência da autoridade do dragão para a besta 
(Apoc. 13:2, 4) é uma característica tomada emprestado de Daniel 7 
(versos 6, 14). A exclamação de jactância do mundo inteiro "Quem é 
como a besta? Quem pode guerrear contra ela?" (Apoc. 13:4), pode ser 
visto como a aplicação irônica de João do chifre orgulhoso de Daniel 
7:21, que "fazia guerra contra os santos e os vencia". João alude a Daniel 
7:21 quando ele diz da besta, "Foi-lhe dado poder para guerrear contra os 
santos e vencê-los" (Apoc. 13:7). O período de "quarenta e dois meses" 
determinado em Apocalipse 13:5 para o governo de blasfêmia e 
perseguição corresponde aos três e meio tempos de Daniel 7:25 (cf. 
também Apoc. 12:6, 14). 
A característica da besta de caluniar o santuário divino e os que 
moram nos céus (Apoc. 13:6) tem sua origem no poder blasfemo do 
chifre em Daniel 8:10, 11. (Já Apocalipse 12:4, 9, 13 tinha se referido a 
Daniel 8:10.) Beale tira a importante conclusão: "João então identificou 
a figura blasfemadora de Daniel 7 com essa de Daniel 8, visto que ambos 
são caracterizados pela mesma insolência [arrogância orgulhosa]" (ibid., 
pág. 234). 
Carruagens de Salvação 63 
Após a guerra universal da besta contra os santos em Apocalipse 
13:7 vem a frase notável: "Foi-lhe [à besta] dada autoridade sobre toda 
tribo, povo, língua e nação. Todos os habitantes da terra adorarão a 
besta" (vv. 7, 8, NVI). Esta cláusula de autorização ("foi-lhe dada 
autoridade") sugere um contraste irônico com o entronização do Filho do 
homem em Daniel 7:14, onde "foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, 
para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o 
seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será 
destruído" (RA). 
Pode-se dizer, portanto, que em Apocalipse 13 "os esforços de 
conquista da besta são somente uma paródia irônica do triunfo final do 
"filho do homem" (ibid., pág. 237). Este estilo apocalíptico de paródia 
contrastante entre Cristo e seu anticristo escatológico repetidamente 
ocorre em outras frases simbólicas de Apocalipse 13. Por exemplo, a 
besta recebeu em um de suas cabeças uma ferida mortal por uma espada, 
contudo voltou à vida novamente (mencionado três vezes, em Apoc. 
13:3, 12, 14). Esta imitação não pode senão ajudar-nos a lembrar da 
verdadeira morte e ressurreição do Cordeiro Messiânico (também 
mencionado três vezes, em Apoc. 5:6, 9, 12). 
Este uso de ironia para retratar a besta como o anticristo nós 
podemos ver novamente na pequena seção da segunda besta que sai "da 
terra'' e é descrito como "o falso profeta'' (Apoc. 16:13; 19:20; 20:10). 
Ele tem "dois chifres como cordeiro, mas que falava como dragão" 
(Apoc. 13:11). Igualmente, a imposição da "marca" ou "o nome da besta 
ou o número do seu nome" sobre a mão direita ou na fronte de todo 
adorador da besta sugestionam um sinal de culto em oposição direta ao 
selo apocalíptico – "o selo do Deus vivo'' – colocado pelos anjos de Deus 
nas frontes do Israel de Deus (Apoc. 13:16, 17; 7:2-4). Afinal, o mundo 
será dividido apenas em duas classes: aqueles que adotam a marca da 
besta e aqueles que se levantam com o Cordeiro "tendo na fronte escrito 
o seu nome e o nome de seu Pai" (Apoc. 14:1). Os adoradores de Deus e 
de Cristo são assim colocados em oposição direta aos adoradores da 
Carruagens de Salvação 64 
besta e da sua imagem. A questão fundamentalda guerra final é, 
portanto, uma questão religiosa profunda e substância teológica. O ponto 
da questão o Apocalipse enfatiza em termos de lealdade à lei da aliança 
de Deus e ao Seu Messias, Jesus: "Aqui está a perseverança dos santos 
que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus" 
(Apoc. 14:12, NVI; cf. 12:17). 
O tempo de angústia final para os cristãos fiéis será o resultado de 
sua lealdade à vontade de Deus revelada na Escritura Sagrada e de sua 
recusa conscienciosa em submeter-se a uma lei estatal que viola a lei 
divina. O boicote profano dos verdadeiros santos não significará nada 
menos que o prelúdio para o Armagedom, a guerra santa do Deus 
onipotente. 
 
A Nova Libertação Extrai um Novo Cântico 
 
Israel lembrou-se das vitórias das batalhas de Yahweh em seus 
cânticos de adoração e celebra estes triunfos militares como atos da 
monarquia de Deus e de Seus justos juízos. Os exemplos anteriores são 
conhecidos como o Cântico de Moisés e o Cântico de Débora (Êx. 15; 
Juí. 5). Os profetas de Israel usaram o Êxodo e a conquista como 
protótipos e modelos para a futura vitória de Yahweh sobre Babilônia e 
para Seu triunfo final no dia apocalíptico de juízo (Osé. 2:14, 15; Isa. 
11:16; 27:1, 12, 13; 51:10, 11; 52:1-12; Eze. 20:33-42; Jer. 23:7, 8). 
Isaías acentuou especialmente a conexão tipológica entre a vitória 
passada de Yahweh sobre o Egito e a próxima derrota de Babilônia: 
Assim diz o Senhor, aquele que fez um caminho pelo mar, uma vereda 
pelas águas violentas, que fez saírem juntos os carros e os cavalos, o 
exército e seus reforços, e eles jazem ali, para nunca mais se levantarem, 
exterminados, apagados como um pavio. “Esqueçam o que se foi; não vivam 
no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova!” (Isa. 43:16-19, NVI). 
 
O profeta vai além da idéia de uma mera analogia da liberação 
futura de Israel com aquela do passado; antes ele acentua o fato de que a 
Carruagens de Salvação 65 
futura libertação de Deus excederá muito a primeira. Bernhard W. 
Anderson observa que "o Êxodo, então, é um 'tipo' do novo êxodo que se 
cumprirá em um modo mais maravilhoso, com um mais profundo 
significado soteriológico [redentor], e com implicações mundiais, o 
propósito de Yahweh revelado no princípio por palavra e ação" (''Exodus 
Typology in Second Isaiah,'' em Israel's Prophetic Heritage. B. W. 
Anderson and W. Harrelson, eds. [New York: Harper, 1962], págs. 194, 
195). 
O futuro ato de redenção de Yahweh levará Israel a cantar novos 
cânticos de celebração. "Os resgatados do Senhor voltarão [do cativeiro]. 
Entrarão em Sião com cântico; alegria eterna coroará sua cabeça" (Isa. 
51:11, NVI; cf. 35:10). A certeza de restauração futura é tão inabalável 
que o Israel é persuadido com antecedência, "Cantem ao Senhor um 
novo cântico, seu louvor desde os confins da terra" (Isa. 42:10, NVI; 
veja a conexão com a guerra de Yahweh no verso 13). Este "novo 
cântico" é o grito de vitória do redimido (Sal. 40:3; 96:1; 98:1-3; 144:9, 
10; 149:1, 6-9). Será a antífona do povo messiânico na nova dispensação 
(Isa. 12). O escatológico grito de vitória anuncia que a angústia de Israel 
terminou porque Yahweh se tornou sua salvação (verso 2). Assim o 
Cântico de Moisés (Êx. 15:2) é renovado. Também o assim chamado 
Apocalipse de Isaías, capítulos 24 a 27, prediz novos cânticos durante o 
banqueteie escatológico para todos os povos no Monte Sião para celebrar 
a libertação de Jerusalém no último juízo (Isa. 24:14-16). Deus então 
vence o mal, e a Cidade de Deus está em paz (Isa. 26:1-8). 
A morte reconciliadora de Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus 
criou uma nova situação na história da salvação. Levou o céu a romper 
em novo louvor. A nova doxologia é um grito de vitória cósmica, porque 
Cristo ganhou a batalha decisiva na cruz na grande controvérsia com Seu 
arquiinimigo. A vitória de Cristo prova que Ele é digno de ser coroado 
como o legítimo rei que julga sobre todas as nações. "O Leão da tribo de 
Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos" 
(Apoc. 5:5). 
Carruagens de Salvação 66 
E eles cantavam um cântico novo: “Tu és digno de receber o livro e de 
abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para 
Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e 
sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra” (versos 9, 10). 
 
Com base em Seu autosacrifício, Cristo recebe "muitas coroas'' 
(Apoc. 19:12), em oposição ao anticristo que usa "dez coroas'' (Apoc. 
13:1). Cristo será o testamenteiro do eterno conselho e plano de Deus. O 
Cordeiro é o Leão de Judá, o Guerreiro Davídico que recebeu autoridade 
divina e poder para reger o cosmo inteiro (Gên. 49:8-12; Filip. 2:9-11; 
Atos 2:36; Apoc. 19:16). Quão significativo que todas as criaturas dêem 
ao Cristo ressurreto a adoração e glória que só a Deus pertencem: 
Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da 
terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: “Àquele que está 
assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, 
para todo o sempre!” (Apoc. 5:13, NVI). 
 
João vê "o Cordeiro, em pé sobre o monte Sião" em companhia do 
Israel Messiânico (Apoc. 14:1). Ao som de harpas o grupo posterior 
prorrompe com "um novo cântico" diante do trono de Deus e o Seu 
conselho celestial. Mas é restrito aos que experimentaram a redenção de 
Cristo. "Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e quarenta 
e quatro mil que haviam sido comprados da terra" (verso 3). Os 
seguidores do Cordeiro (verso 4) erguem-se em notável contraste com os 
seguidores da besta no capítulo 13. Eles recusarão adorar a besta apesar 
das ameaças legais ordenadas contra eles pela besta e o falso profeta 
(Apoc. 13:15-17). 
João descreve a lealdade dos redimidos em simbolismo profundo. 
"Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois se 
conservaram castos" (Apoc. 14:4). O Antigo Testamento qualificou o 
povo da aliança como a noiva, ou a "esposa" de Yahweh (Isa. 54:5, 6; 
Osé. 2:16, 19, 20) e o Novo Testamento como a virgem ou noiva de 
Cristo (2 Cor. 11:2). Por conseguinte, a Escritura simbolicamente 
Carruagens de Salvação 67 
descreve a apostasia religiosa como fornicação ou adultério (veja Eze. 
16; Apoc. 2:20-22). João retrata a Babilônia como o ''mãe das 
meretrizes" "embriagada. . . com o sangue dos mártires de Jesus" (Apoc. 
17:5, 6, KJV). Nesta base J. Massyngberde Ford conclui que os "cento e 
quarenta e quatro mil não estão contaminados com meios de rameiras de 
mulheres meretrizes significa que eles não se deram à adoração da besta" 
(Revelation, The Anchor Bible [Garden City, N.Y. : Doubleday and Co., 
Inc., 1975], pág. 244). Seu "cântico novo" testemunha eloqüentemente 
de sua experiência religiosa como seguidores do Cordeiro até fim. Pela 
fé eles reivindicaram o triunfo de Cristo publicamente como o seu 
próprio: 
Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa 
da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não 
amaram a própria vida (Apoc. 12:11, RA). 
 
A igreja triunfante celebrará os atos de redenção e juízo de Deus 
por toda a eternidade: 
Vi algo semelhante a um mar de vidro misturado com fogo, e, em pé, 
junto ao mar, os que tinham vencido a besta, a sua imagem e o número do 
seu nome. Eles seguravam harpas que lhes haviam sido dadas por Deus, e 
cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: 
“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. 
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações. Quem não te 
temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu nome? Pois tu somente és 
santo. Todas as nações virão à tua presença e te adorarão, pois os teus atos 
de justiça se tornaram manifestos” (Apoc. 15:2-4, NVI). 
 
O resultado final do conflito entre a igreja dos séculos e a trindade 
satânicosurge graficamente em Apocalipse 15. O corpo de Cristo 
atravessará uma provação de água e fogo no tempo do fim, mas Deus a 
salvará para a eternidade. Como o antigo Israel atravessou com 
segurança o Mar Vermelho e então cantou o Cântico de Moisés para 
celebrar Yahweh como guerreiro redentor, assim a igreja remanescente 
atravessará a provação final do anticristo com firmeza e se reunirá ao 
Carruagens de Salvação 68 
antigo Israel cantando "o cântico do Cordeiro" (verso 3). O Cordeiro é 
maior que Moisés porque Ele liberta todos os crentes de Satanás, pecado, 
e morte por meio de Seu autosacrifício reconciliador. 
As visões de João da igreja triunfante tencionam encorajar a igreja 
militante agora a lutar "a boa peleja" da fé com perseverança até o fim. 
 
A Cruz e a Peleja Cristã 
 
A morte de Cristo era o Seu decisivo triunfo sobre Satanás e o reino 
diabólico. Jesus explicou o significado cósmico de Sua morte violenta ao 
declarar: "Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso 
o príncipe deste mundo. Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei 
todos a mim" (João 12:31, 32, NVI). Este significado da cruz de Cristo 
recebe atenção especial no último livro de Bíblia: 
Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: “Agora veio a salvação, o 
poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi 
lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso 
Deus, dia e noite” (Apoc. 12:10, NVI). 
 
Para indicar o significado cósmico da vitória espiritual de Cristo na 
cruz, a lealdade de Cristo a Deus até o fim, Paulo usa a imagem de 
guerra militar: "E, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles 
um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz" (Col. 2:15, NVI). 
O apóstolo interpreta a ressurreição de Cristo da morte como uma 
exaltação à soberania sobre todas as autoridades diabólicas. Deus 
empossou agora Cristo à Sua mão direita, "muito acima de todo governo 
e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, 
não apenas nesta era, mas também na que há de vir" (Efés. 1:21, NVI). 
Paulo aplica as vitórias militares de Yahweh descritas em Salmo 68 a 
Cristo. "Quando subiste em triunfo às alturas, ó SENHOR [Yahweh] 
Deus, levaste cativos muitos prisioneiros (veja Sal. 68:18 e Efés. 4:8). O 
apóstolo vê a ascensão de Cristo como o Seu retorno triunfal de guerra 
Carruagens de Salvação 69 
santa escoltada por um trem de cativos como os troféus de Sua guerra. 
Em um sentido legal Cristo ganhou a guerra cósmica decisivamente 
entre Deus e Satanás na cruz. Em realidade empírica, porém, todos os 
poderes maus não estão ainda sujeitos ao Senhor Jesus (Heb. 2:8). Cristo 
exerce o Seu poder agora em paciência, ame, e clemência. "O Senhor 
não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao 
contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, 
mas que todos cheguem ao arrependimento" (2 Ped. 3:9, NVI). Mas há 
um limite ao reino da graça de Cristo. "Pois é necessário que ele [Deus o 
Pai] reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus 
pés. O último inimigo a ser destruído é a morte" (1 Cor. 15:25, 26, NVI). 
A vitória de Cristo na cruz é agora ativa e efetiva na marcha 
avançada dos verdadeiros pregadores do evangelho, em transformar 
inimigos de Cristo (como Saulo de Tarso) em Seus amigos leais, 
expulsando demônios, curando doentes – em resumo, na contínua 
atividade messiânica de Cristo. A consumação final tem lugar só quando 
Ele retornar em glória divina para reclamar o que é Seu. Nós temos a 
certeza, "Em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de 
vocês" (Rom. 16:20, NVI). 
O cristão renascido tem o privilégio de estar unido com Cristo e Sua 
causa. No sagrado ato do batismo Cristo transfere todo crente do 
domínio de Satanás para o Seu reino dele (Col. 1:13). O combate cristão, 
portanto, não é uma luta contra inimigos humanos, mas contra os 
poderes maus por trás deles. Embora condenado e despojado de seus 
direitos legais por Deus, os demônios ainda podem exercer o seu poder 
(Apoc. 12:12-17). Portanto, os cristãos precisam estar alertas e 
espiritualmente ativos: 
Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as 
ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra 
os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, 
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por isso, vistam 
toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e 
permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo. Assim, mantenham-se 
Carruagens de Salvação 70 
firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça da justiça e 
tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, 
usem o escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas 
inflamadas do Maligno. Usem o capacete da salvação e a espada do 
Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas as ocasiões, 
com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e 
perseverem na oração por todos os santos (Efés. 6:11-18, NVI). 
 
Este chamado apostólica à guerra cristã é necessário a toda hora, 
porque "as forças espirituais de mal" constantemente travam guerra 
contra a igreja do Senhor Jesus. Como o corpo de Cristo, a igreja Cristã é 
invencível porque Cristo está nela. "as portas do Hades [inferno] não 
poderão vencê-la" (Mat. 16:18, NVI). Roy Yates explica que "a Igreja é 
o lugar onde este Senhorio de Cristo é completamente percebido, onde 
os cristãos não estão sujeitos a nenhum outro poder senão o de Seu 
Senhor, e do qual eles devem estender a influência de Cristo até que ele 
se torne sinônimo do cosmo. É através da Igreja que este mistério é 
proclamado aos poderes e que continua a guerra espiritual contra todas 
as forças anti-deus no cosmo" (Evangelical Quarterly 52 [1980]: 108). 
A batalha cristã não é obtida pela força humana ou armamento 
apenas, mas pela união com Cristo e Seu poder. Os verdadeiros cristãos 
lutam com a "armadura de Deus". A descrição de Paulo desta armadura – 
a couraça da justiça, o capacete da salvação – vem em parte da descrição 
de Isaías sobre Yahweh como guerreiro santo (veja Isa. 59:15-19). O 
crente está verdadeiramente comprometido na batalha de Deus. Mas ele 
tem que lutar e conquistar como Cristo fez, pela união com Ele. 
A Escritura eleva a vitória de Cristo pelo sofrimento como um 
exemplo aos cristãos: "Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu 
quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo 
tentados" (Heb. 2:18, NVI). O apóstolo dá a seguinte representação do 
propósito e estilo da guerra cristã: 
Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões 
humanos. As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, 
Carruagens de Salvação 71 
são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e 
toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos 
cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo (2 Cor. 10:3-5, 
NVI). 
 
O clímax da guerra espiritual da igreja de Jesus Cristo ainda está no 
futuro. As guerras de conquista do antigo Israel não são nenhum 
mandato ou justificação para as guerras religiosas-políticas dos cristãos. 
Por outro lado, a Bíblia pede ao cristão para cooperar com a polícia e 
apoiar o seu governo pelo pagamento de impostos. Em Romanos 13:1-7 
Paulo reconhece certas obrigações para com o estado como ordenadas 
por Deus. Os cristãos ainda têm uma dupla cidadania. Eles pertencem 
não só a uma nação particular mas também ao reino de Deus (veja Filip. 
3:20). 
As demandas de ambas as cidadanias podem conduzir a uma tensão 
insuportável ou paradoxo em tempos de crise. Um exemplo aparece no 
livro de Atos. Quando as autoridades civis de Jerusalém proibiram os 
apóstolos de Cristo da liberdade religiosa de falar,Pedro respondeu com 
as palavras históricas, "É preciso obedecer antes a Deus do que aos 
homens!" (Atos 5:29, NVI). Isto implica, é claro, a vontade do cristão 
para sofrer por amor a Cristo sem retaliar mal com mal ou violência com 
violência. O exemplo de Pedro de guardar sua espada e sua vontade de 
ser crucificado pela causa de Cristo empresta força peculiar à sua 
deliberação: 
Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre 
os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, 
como por ele enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que 
praticam o bem. Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês 
silenciem a ignorância dos insensatos. Vivam como pessoas livres, mas não 
usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam como servos de 
Deus. Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a 
Deus e honrem o rei (1 Pedro 2:13-17, NVI). 
Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a 
Deus por meio desse nome. ... Por isso mesmo, aqueles que sofrem de 
Carruagens de Salvação 72 
acordo com a vontade de Deus devem confiar sua vida ao seu fiel Criador e 
praticar o bem (1 Pedro 4:16-19, NVI). 
A previsão profética de Apocalipse 13 indica que a natureza 
protetora do estado finalmente abrirá caminho à possessão diabólica do 
governo no tempo do fim. A sociedade boicotará e finalmente 
proscreverá o fiel remanescente de Cristo (versos 15-17). Sob tais 
circunstâncias o conselho de Deus, como incorporado em Sua mensagem 
do tempo do fim de Apocalipse 14:6-12, torna-se de uma pertinência 
crescente. Seguir o Cordeiro de Deus significa vida, enquanto seguir a 
besta leva à destruição. Na crise final a palavra de Cristo se provará 
verdadeira. 
Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o 
confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que me negar 
diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos 
céus. ... e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 
Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa 
a encontrará (Mat. 10:32-39, NVI). 
Nenhum governo humano ou programa político jamais podem 
alcançar paz total e perpétua na Terra. A única esperança do homem 
pendura-se na promessa de Deus: "Eis que faço novas todas as coisas" 
(Apoc. 21:5). Então e só então a visão profética de Isaías será entendida: 
Ele julgará entre as nações e resolverá contendas de muitos povos. 
Eles farão de suas espadas arados, e de suas lanças, foices. Uma nação 
não mais pegará em armas para atacar outra nação, elas jamais tornarão a 
preparar-se para a guerra (Isa. 2:4). 
Cristo volverá como rei para estabelecer o Seu reino de paz 
universal e perpétua. Sua guerra final prevenirá todas as guerras futuras. 
Na abençoada certeza desta promessa a igreja canta hoje: 
Todo o granizo do poder do nome de Jesus! 
Os anjos caem prostrados; 
Produzam a diadema real, 
E O coroam o Senhor de tudo! 
–Edward Perronet, 1779. 
 
Carruagens de Salvação 73 
A QUEDA DE BABILÔNIA NO TEMPO DO FIM 
 
O Apocalipse de João consiste em um mosaico de imagens 
engenhosamente construído tirado do Antigo Testamento, contudo é 
completamente cristocêntrico em sua mensagem teológica. Na visão 
inaugural vemos o Cristo ressurreto como nosso grande sumo sacerdote, 
"com uma veste que chegava aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor 
do peito" de pé entre "sete candelabros de ouro" (Apoc. 1:13, 12). Este 
retrato simbólico da atividade de Cristo depois de Sua ressurreição em 
nome de Sua igreja universal deriva do sacerdócio de Israel e seu 
santuário hebraico. A mensagem é clara: Jesus não só morreu como o 
verdadeiro Cordeiro de Deus para nos libertar de nossos pecados pelo 
Seu sangue (Apoc. 1:5), mas também como o Cristo ressurreto Ele é 
nosso sumo sacerdote diante de Deus. Ele cumpre na realidade presente 
aquilo que o tabernáculo hebraico e seu ritual prefigurou em seus tipos 
proféticos. 
O livro de Apocalipse, portanto, abre com o anúncio crucial de que 
as ofertas sacrificais de Israel e o sacerdócio levítico encontraram seu 
cumprimento messiânico no Cristo crucificado e ressurreto. Assim com 
um golpe de mestre João proclama a mensagem essencial do livro de 
Hebreus: "A ordenança anterior é revogada, porque era fraca e inútil 
(pois a Lei não havia aperfeiçoado coisa alguma), sendo introduzida uma 
esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus'' (Heb. 7:18, 19, 
NVI). 
Uma conseqüência dramática do novo acesso a Deus por meio de 
Cristo como cordeiro e sumo sacerdote é a criação de um novo Israel de 
Deus. Cristo "nos constituiu reino e sacerdotes para servir a seu Deus e 
Pai" (Apoc. 1:6). O que as doze tribos de Israel sob Moisés foram 
chamadas a ser, "um reino de sacerdotes" no qual cada israelita seria 
uma testemunha viva do Deus Redentor, cada com acesso direto ao 
Senhor (Êx. 19:6), é cumprido agora na igreja dos doze apóstolos de 
Cristo. A transição do Israel nacional para o novo Israel Messiânico é a 
Carruagens de Salvação 74 
conseqüência irrevogável da morte de Cristo como o verdadeiro 
Cordeiro Pascal e de Sua ressurreição como o verdadeiro sumo sacerdote 
e Rei Messias. A inextricável união de Cristo e Sua igreja universal é o 
tema do novo cântico no céu depois da ascensão de Cristo: "Tu os 
constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a 
terra" (Apoc. 5:10, NVI). 
Que alta honra e grande responsabilidade Deus deu a todos os que 
estão em Cristo Jesus! Esta promessa deu conforto e inspiração à igreja 
apostólica na qual todos suportaram perseguição por sua fé em Cristo. A 
reivindicação de ser judeu não é suficiente para o cumprimento das 
bênçãos de Deus, porque até os judeus se tornaram inimigos de Deus e 
de Seu Cristo (veja Apoc. 2:9; 3:9) ao rejeitarem a glória de Deus 
refletida em Jesus Cristo (cf. 2 Cor. 4:4). Tanto João Batista como Jesus 
proclamaram que Deus não era dependente dos judeus naturais para o 
cumprimento das promessas de Sua aliança (veja Mat. 3:9; João 8:33-
44). A história da igreja devia significar o cumprimento da história de 
redenção de Israel. O mesmo Deus inspirou o Antigo e o Novo 
Testamento, e assim eles formam um todo orgânico, uma revelação 
progressiva (veja Heb. 1:1, 2). 
O sete candelabros dourados no santuário divino já não representam 
o Israel étnico como a luz espiritual do mundo (cf. Zac. 4:1-14; Apoc. 
1:13). Disse Cristo aos Seus discípulos: "Vós sois a luz do mundo" (Mat. 
5:14). Os candelabros de Israel simbolizam agora a igreja universal. O 
Cristo glorificado explica pessoalmente a João que "os sete candelabros 
são as sete igrejas" (Apoc. 1:20, NVI). Outro exemplo de que a imagem 
hebraica é elevada pela autoridade de Cristo para se tornar um “mistério” 
cristão ou símbolo (verso 20), ocorre na visão: "Tinha em sua [de Cristo] 
mão direita sete estrelas" (verso 16). Daniel tinha usado a metáfora de 
estrelas para designar os anjos de Deus e os verdadeiros líderes e mestres 
de sabedoria de Israel (Dan. 8:10; 12:3). 
Agora Cristo revela a João: "Este é o mistério das sete estrelas que 
você viu em minha mão direita... : as sete estrelas são os anjos das sete 
Carruagens de Salvação 75 
igrejas" (Apoc. 1:20, NVI). Cristo nos oferece aqui a chave para aplicar 
a imagem hebraica de todo o livro de Apocalipse a Cristo e a Seu próprio 
povo. A missão do povo da antiga aliança de Yahweh continua agora no 
povo da nova aliança de Jesus Cristo proibindo qualquer esforço para 
interpretar novamente os nomes hebraicos e lugares geográficos de 
acordo com as restrições de sua antiga aliança. Uma aplicação literal das 
imagens e nomes hebraicos de João – se étnicas ou geográficas – 
significaria cair novamente na antiga aliança que era válida só antes da 
cruz de Cristo. O literalismo assim nega a função decisiva da cruz e a 
ressurreição doMessias Jesus pela aplicação das profecias de Israel à 
dispensação do Novo Testamento. Eles aplicam a um Israel crente em 
Cristo só à igreja apostólica (veja Rom. 11:17-24). 
 
A Unidade do Filho do Homem Com Deus 
 
Alguns consideram o fato que a fonte literária primária para o 
Apocalipse é o Antigo Testamento como "o primeiro passo para uma 
inovação ao descobrir o significado dos símbolos no Apocalipse" (D. 
Ezell, Revelations on Revelation [Waco, Tex.: Word Books, 1978], pág. 
20). 
O que o Jesus declarou sobre Sua unidade com Deus, "Eu e o Pai 
somos um" (João 10:30), o Apocalipse de João captura em um retrato de 
Jesus com cores tomadas de passagens do Antigo Testamento que 
descrevem o aparecimento de Deus (Apoc. 1:7, 14-16; cf. Dan. 7:9; 10:5, 
6; Eze. 43:2). João aplica várias características de Yahweh para o Cristo 
glorificado. 
De fato, poderíamos expressar a autoridade divina de Cristo mais 
explicitamente que o livro de Apocalipse ao descrever o Senhor 
ressurreto dizendo: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o 
Princípio e o Fim" (Apoc. 22:13; cf. 1:8, 17)? Tal designação de 
absolutos divinos pertence apenas ao Todo-poderoso (Isa. 44:6; 41:4). A 
Carruagens de Salvação 76 
lição prática deste retrato glorioso da unidade de Cristo com Deus parece 
ser que Cristo cumprirá as antigas promessas de Yahweh. 
 
A Igreja como o Novo Israel 
 
O último livro da Bíblia serve como cimalha do Novo Testamento. 
Transmite a mensagem de que Cristo executa a justiça de Deus tanto nas 
manifestações salvadoras como punitivas. Consistente com este princípio 
de evangelho é o uso de eventos da história antiga de Israel como tipos 
para descrever a apostasia e o reavivamento da igreja Cristã. Cristo 
aconselha Sua igreja em Pérgamo, "Você tem aí pessoas que se apegam 
aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os 
israelitas ... Ao vencedor darei do maná escondido" (Apoc. 2:14-17, 
NVI). Aqui Cristo aplica à Sua igreja uma antiga imagem de maldição e 
bênção. A razão subjacente é evidente: Ambos o povos pertencem a um 
e ao mesmo Deus da aliança que visitou Israel em Jesus como o Messias 
da profecia. 
A outra igreja apostólica, em Tiatira, a mensagem de Cristo é: "No 
entanto, contra você tenho isto: você tolera Jezabel, aquela mulher que se 
diz profetisa" (verso 20, NVI). 
Para entender o significado de "Jezabel, aquela mulher" deve-se 
lembrar a história de Israel sob o Rei Acabe, que casou com Jezabel, a 
filha de um sacerdote pagão. Só quando reconstruímos a situação 
histórica do Antigo Testamento pode nós pegamos o significado 
teológico de Jezabel e aplicamos os princípios básicos de sua apostasia 
para a igreja de Tiatira. Tal correspondência teológica não é acidental 
mas sugere uma relação tipológica. Significa que Jezabel em Israel era 
um prefiguração profética de uma "Jezabel" na igreja de Cristo. 
Enquanto a Jezabel antiga enganou e perseguiu o Israel de Yahweh, a 
Jezabel apocalíptica, por seus ensinos, engana e coage os servos de 
Cristo (veja 2 Cor. 11:13-15). Reivindicando falar a verdade religiosa e 
Carruagens de Salvação 77 
moral em nome de Cristo como uma "profetiza", ela ensina, não 
obstante, erro e apostasia por seu falso cristianismo. 
Este tema de verdadeiro e falso cristianismo em mútua oposição o 
Apocalipse desenvolve mais adiante em capítulos subseqüentes pelos 
símbolos contrastantes de uma mulher pura (Apoc. 12) e uma prostituta 
(Apoc. 17), ou de Jerusalém e Babilônia (Apoc. 17-18; 21). Esta 
correlação contrastante de verdade e falsidade é o padrão consistente no 
livro de Apocalipse. Louis F. Were declara que "Babilônia só é 
mencionada nas profecias do Apocalipse por causa de sua oposição a 
Jerusalém" (The Fall of Babylon in Type and Antitype [Melbourne, 
Australia, 1952], pág. 14). Assim nós temos que definir Babilônia 
teologicamente por sua oposição a Sião, o verdadeiro povo de Deus. 
 
A Natureza de Babilônia 
 
Para entender por que Deus traz Seu juízo das sete últimas pragas 
sobre "Babilônia", precisamos explorar o significado teológico da 
primeira Babilônia; quer dizer, determinar sua atitude contra Deus e Seu 
povo da aliança. A Escritura retrata os começos de Babilônia como uma 
cidade que se rebelou contra Deus. Seus habitantes construíram uma 
torre que alcançaria "os céus" (Gên. 11:4), provavelmente sem medo de 
outro dilúvio, desafiando assim a promessa de Deus para o futuro de 
gênero humano. O juízo de Deus de confundir o seu idioma, porém, "os 
espalhou por toda a terra'' (verso 9). Motivado pelo princípio de salvação 
por suas próprias obras e esquemas, Babel rejeitou a vontade de Deus 
desde o começo. 
Séculos mais tarde Nabucodonosor, rei do Império Neo-babilônico, 
invadiu a terra de Israel várias vezes, destruindo o Templo de Salomão e 
a cidade de Jerusalém. Ele levou o povo cativo e os deportou para 
Babilônia. Daniel informa como Deus enviou a Nabucodonosor um 
sonho nefasto sobre uma árvore enorme que foi cortada até ficar só um 
toco. O rei de Babilônia desafiadoramente desconsiderou sua mensagem 
Carruagens de Salvação 78 
ao ostentar, "Acaso não é esta a grande Babilônia que eu construí como 
capital do meu reino, com o meu enorme poder e para a glória da minha 
majestade?" (Dan. 4:30, NVI). O veredicto de Deus foi então "Sua 
autoridade real lhe foi tirada" (verso 31, NVI). 
A última rei de Babilônia, Belsazar, profanou os vasos sagrados do 
Templo de Israel em seu banquete real. Em resposta, a mensagem de 
Deus apareceu em forma de código na parede de palácio, interpretado 
por Daniel como "Foste pesado na balança e achado em falta. ... Teu 
reino foi dividido e entregue aos medos e persas" (Dan. 5:27, 28, NVI). 
Daniel indicou aquele Belsazar teve, em efeito, repetido a exaltação 
própria de Nabucodonosor. "Mas tu, Belsazar, seu sucessor, não te 
humilhaste, embora soubesses de tudo isso. Ao contrário, te exaltaste 
acima do Senhor dos céus" (versos 22, 23, NVI). 
A característica essencial de Babilônia é clara – era o inimigo 
mortal de Israel e seu Deus da aliança. Rejeitou a verdade da graça 
salvadora como revelada no Templo sagrado de Jerusalém, blasfemou o 
Deus de Israel, e oprimiu o povo de Deus. Aqui nós temos o caráter 
teológico de Babilônia como tipo religioso que continua em todas as suas 
manifestações futuras, especialmente em seu antítipo apocalíptico 
durante o tempo do fim. 
O desafio de Babilônia da autoridade de Deus tem, então, duas 
dimensões – verticalmente: contra a revelada vontade de Deus em Seu 
santuário; horizontalmente: contra Seu povo da aliança e suas formas de 
adoração. Babilônia está em guerra em ambas as frentes, porque eles são 
inseparavelmente ligados. A guerra contra Yahweh, o Deus de Israel, é 
percebido imediatamente na guerra contra o Israel de Deus. O princípio 
de desafio que inspirou a antiga Babilônia motivará novamente a 
Babilônia apocalíptica. Mas este evento assegurará inevitavelmente o 
mesmo divino veredicto sobre a Babilônia do tempo do fim como 
executado em seus tipos históricos. 
 
 
Carruagens de Salvação 79 
A Queda de Babilônia no Tipo 
 
Dois profetas de Israel, Isaías e Jeremias, dedicaram capítulos 
inteiros dedicados de seus livros na predição da destruição de Babilônia. 
Ambos indicam que Babilônia desabaria de um modo misterioso: um 
secando súbito das águas de seu protetor Rio Eufrates. O Eufrates fluiu 
do norte e correu ao longo do lado ocidental da cidade interna de 
Babilônia, correndo ao redor da fortaleza norte e o palácio central (veja 
mapa detalhado na página 96). 
Assim diz o Senhor, o seu redentor, que o formou no ventre ... que 
executa as palavras de seus servos e cumpre as predições de seus 
mensageiros, “que diz acerca de Jerusalém: Ela será habitada ... que diz às 
profundezas aquáticas: Sequem-se, e eu secarei seus regatos, que diz 
acerca de Ciro: Ele émeu pastor, e realizará tudo o que me agrada; ele dirá 
acerca de Jerusalém: ‘Seja reconstruída’, e do templo: ‘Sejam lançados os 
seus alicerces’ (Isa. 44:24-28, NVI). 
 
Sua predição notável revela um oráculo de guerra anterior mais 
completo contra Babilônia: 
Caiu! A Babilônia caiu! Todas as imagens dos seus deuses 
estão despedaçadas no chão! (Isa. 21:9, NVI). 
 
O veredicto de Deus da queda da antiga Babilônia e do êxodo de 
Israel da Babilônia descansa no coração das "boas notícias" que o profeta 
prometeu a Sião nos capítulos 40 a 47 (veja Isa. 40:3, 9-11; 41:2-4, 25-
27; 46:11; 47). Isaías enfatiza o resultado providencial de Deus para o 
Seu povo: libertar Israel de Babilônia, criar um novo êxodo de redenção, 
e os conduzir na Terra Prometida de forma que eles poderiam reconstruir 
o Templo de Yahweh e poderiam restabelecer sua adoração de louvor e 
ação de graças ao seu divino Redentor. O Senhor garantiu a Seu povo da 
aliança que Ele levaria seu capturador idólatra a uma destruição súbita. 
Desça, sente-se no pó, Virgem Cidade de Babilônia. ... Eu me vingarei; 
não pouparei ninguém.” ... Você disse: ‘Continuarei sempre sendo a rainha 
Carruagens de Salvação 80 
eterna!’ ... Estas duas coisas acontecerão a você num mesmo instante, num 
único dia, perda de filhos e viuvez ... A desgraça a alcançará e você não 
saberá como esconjurá-la. ... Não há ninguém que possa salvá-la (Isa. 47:1-
3, 7, 9-15, NVI). 
 
Enquanto Israel estava na Babilônia o profeta Jeremias escreveu 
dois capítulos elaborados (50, 51) em um rolo especial para anunciar a 
certeza da queda de Babilônia. Ele pediu para um oficial judaico para ler 
isto na cidade de Babilônia, então "amarre nele uma pedra e atire-o no 
Eufrates" e anunciar: "Assim Babilônia afundará para não mais se 
erguer, por causa da desgraça que trarei sobre ela. E seu povo cairá" (Jer. 
51:63, 64, NVI). Jeremias também explicou a razão por que Babilônia 
seria destruída completamente. Era porque Deus "se vingou de seu 
templo" e a redenção do Seu Israel "pois perdoarei o remanescente que 
eu poupar" (Jer. 50:28, 20, NVI). 
Assim diz o Senhor dos Exércitos: “O povo de Israel está sendo 
oprimido, e também o povo de Judá. Todos os seus captores os prendem à 
força, recusando deixá-los ir. Contudo, o Redentor deles é forte; Senhor dos 
Exércitos é o seu nome. Ele mesmo defenderá a causa deles, e trará 
descanso à terra, mas inquietação aos que vivem na Babilônia. ... Uma 
espada contra as suas águas! Elas secarão. Porque é uma terra de imagens 
esculpidas, e eles enlouquecem por causa de seus ídolos horríveis (Jer. 
50:33-38, NVI). 
 
Assim diz o Senhor: ... 
“Você que vive junto a muitas águas e está rico de tesouros, chegou o 
seu fim, a hora de você ser eliminado” (Jer. 51:1, 13, NVI). 
 
Por isso, assim diz o Senhor: “Vejam, defenderei a causa de vocês e 
os vingarei; secarei o seu mar e esgotarei as suas fontes” (verso 36, NVI). 
 
Uma mensagem emerge com esmagadora clareza: A queda de 
Babilônia ocorrerá para libertar o Israel de Deus para que ele possa 
voltar ao Monte Sião e restaurar a adoração e glorificação de seu fiel 
Deus da aliança. Aqui nós temos a mensagem do evangelho implícita da 
Carruagens de Salvação 81 
destruição de Babilônia. Para apreciar a ênfase na destruição de 
Babilônia, deve-se ver seu propósito salvador. Babilônia tem que cair 
para deixar o Israel livre para seu novo êxodo, no caminho do Monte 
Sião em uma nova Jerusalém. Esta é a glória de Deus e a vindicação 
inexpugnável de Sua aliança com Israel. 
 
O Eco do Destino da Babilônia do Tempo do Fim 
 
O que aconteceu à antiga cidade nos dá pistas para o destino do mal 
e seus partidários durante os dias antes da segunda vinda de Cristo. O 
falecimento de Babilônia nos assegura que Deus tratará de todas essas 
forças que se Lhe opõem e perseguem o Seu povo. A mensagem da 
destruição de Babilônia é uma das mais confortantes. 
Tem a História honrado as predições? Babilônia se desmoronou de 
repente, como Daniel 5 registra. Mas o modo como de fato caiu é de 
especial significado, porque a mesma maneira de sua destruição que o 
Apocalipse eleva como um tipo que prefigura o falecimento futuro de 
Babilônia no fim da história. 
A natureza tipológica da queda da antiga Babilônia não requer que 
toda característica da profecia já deve ter achado sua realização atual em 
história. As realizações parciais das profecias velhas de destruição e 
saque de libertação o propósito mais alto de tranqüilizante as pessoas de 
Deus da maior realização Messiânica nos últimos dias. Predição verbal e 
sua realização inicial ou parcial enfatizam a segurança irrevogável da 
última consumação da mensagem profética: O reino de Satanás será 
derrotado, e o reino de Deus sempre regerá. Mesmo assim, as profecias 
hebréias nunca podem ficar antiquadas até o Messias estabeleceu o 
reinado universal dele. 
O dia apocalíptico de Yahweh com seus sinais cósmicos ainda não 
ocorreu durante a subversão de Babilônia pela Medo-Pérsia. As 
características apocalípticas nas predições hebraicas da destruição de 
Babilônia revelam que tais oráculos de guerra contêm uma perspectiva 
Carruagens de Salvação 82 
dupla: um cumprimento local de alcance limitado e uma consumação 
apocalíptica de longo alcance em um equilíbrio cósmica e universal. As 
antigas profecias de Israel da queda de Babilônia já possuem 
inerentemente a estrutura de uma perspectiva tipológica. Com mais do 
que hipérbole poética, Isaías descreveu o colapso vindouro de Babilônia 
como "o dia de Yahweh" (Isa. 13:6, BJ) e o "dia do furor da sua ira" (v. 
13, NVI). Babilônia "será destruída por Deus, à semelhança de Sodoma e 
Gomorra. Nunca mais será repovoada nem habitada, de geração em 
geração" (versos 19, 20, NVI; cf. Jer. 50:46). Naquele dia o sol, a lua, e 
as estrelas "não mostrarão a sua luz" (Isa. 13:10). Deus castigará "o 
mundo por causa da sua maldade, os ímpios pela sua iniqüidade" (verso 
11, NVI; cf. Jer. 51:47-49). 
É bastante óbvio que todos estes aspectos cósmico-universais não 
encontraram sua consumação literal pela queda da antiga Babilônia em 
539 A.C. Mas o tempo virá, assegura o livro de Apocalipse, que todas as 
antigas profecias de juízo ocorrerão em uma escala irrestrita. O antítipo 
sempre é maior que seus tipos. Interpretar uma identificação completa de 
Israel, Babilônia, e o secamento de seu Eufrates no passado com o seu 
futura cumprimento antitípico nega que a chave tipológica dada no 
Apocalipse de João, capítulo 1. Um exemplo revelador da natureza 
tipológica das promessas da aliança de Deus aparece em garantia: 
"Naqueles dias, naquela época”, declara o Senhor, “se procurará pela 
iniqüidade de Israel, mas nada será achado, pelos pecados de Judá, mas 
nenhum será encontrado, pois perdoarei o remanescente que eu poupar 
(Jer. 50:20, NVI). 
 
Que maravilhosa promessa de graça a Israel de volta da Babilônia! 
Era outro modo de expressar a promessa da "nova aliança" de Deus 
como declarado antes (Jer. 31:31-34; também veja Eze. 36:26-28). Tal 
promessa era vitalmente significante para o remanescente de Israel que 
voltou da Babilônia, para ''todos aqueles cujo coração Deus despertou" 
(Esd. 1:5, NVI). 
Carruagens de Salvação 83 
Mas ficou claro, porém, que o cumprimento inicial da promessa na 
volta do remanescente não era a glória plena e completa da nova aliança. 
O Messias pessoalmente teve que consumar esta nova aliança pela 
aspersão do Seu próprio sangue sacrifical e pelo poder de Sua graça 
perdoadora e purificadora (veja Mat. 26:26-28; Luc. 22:20). 
O Novo Testamento ensina que a fé em Cristo torna possível o 
cumprimento da promessa de Jeremias da anulação divina da 
culpabilidade de Israel e que é experimentado pelo Israel Messiânico. 
Nós podemos chamá-lo de cumprimento escatológico. O tempo da nova 
aliança veio com Cristo. NEle a aliança está presente. Com o Seu 
advento começaramos últimos dias dos profetas de Israel (veja Atos 
2:16, 17 e Joel 2:28). Porque Cristo voltará como o juiz do mundo, a 
promessa de uma consumação mais gloriosa, apocalíptica da nova 
aliança permanece. O estudioso do Antigo Testamento Hans Walter 
Wolff expressou esta tensão entre os cumprimentos presente e futuro da 
nova aliança de Jeremias como segue: 
Por enquanto e até o dia do cumprimento, nós permanecemos tanto 
justos como e pecadores simultaneamente. O perdão prometido a nós é a 
razão para cada um de nós estar cheio todas as manhãs de surpresa sobre 
o mundo e sobre si mesmo, e sobre ser permitido começar novamente na 
nova aliança em direção da nova aliança, na tensão entre o cumprimento em 
Jesus e a consumação para nós mesmos, para a comunidade do Israel, e 
para as nações (Confrontation With Prophets [Philadelphia: Fortress Press, 
1983], p. 61). 
Em resumo, a promessa de Deus de perdão para Israel era 
imediatamente efetiva em seu êxodo de Babilônia, foi afiançado pela 
cruz e ressurreição de Cristo, é oferecido agora a todos os que crêem em 
Cristo Jesus, contudo será total e plenamente percebido só no último dia, 
na segunda vinda de Cristo. 
Nós podemos observar adicionais implicações tipológicas da queda 
de Babilônia: Como notado, a Babilônia se desmoronou primeiro quando 
(de acordo com tradição histórica) o general persa Ciro desviou de 
repente o fluxo do norte do Eufrates no décimo sexto de Tishri 
Carruagens de Salvação 84 
(setembro-outubro), um tempo em que o rio estava em seu nível mais 
baixo, a um lago perto de forma que seus soldados poderiam entrar em 
Babilônia por via do leito fluvial seco. O resultado foi a rendição 
inesperada de Babilônia em 539 A.C., sem quaisquer sinais ou 
manifestações apocalípticas. Este cumprimento inicial funciona, porém, 
como uma garantia renovada da promessa de libertação com respeito à 
era messiânica. 
No tempo dos apóstolos uma nova "Babilônia" na forma de César 
em Roma opôs-se ao senhorio supremo de Cristo (veja 1 Pedro 5:13). O 
Apocalipse de João introduz a revelação chocante de que as igrejas 
gradualmente se afastariam de Cristo, da mesma maneira que a antiga 
Jerusalém tinha se afastara de Yahweh. E assim como os profetas de 
Israel chamaram Jerusalém "rameira" assim o Apocalipse chama a igreja 
cristã infiel de rameira (veja Eze. 16:15; Isa. 1:21; Apoc. 17:1, 18). 
A igreja espiritual, ou corpo de Cristo, por outro lado, nunca pode 
ser vencida. Os eleitos não serão enganados (Mat. 16:18; 24:24). A 
igreja fiel, a mulher de Apocalipse 12, acha-se a si mesma forçada a 
cortar vínculos de qualquer igreja apóstata e opressiva – a rameira de 
Revelação 17 – por via de um novo movimento de êxodo para seguir o 
Cristo. No "deserto" a Palavra de Deus a manterá viva e também a 
protegerá contra o ataque violento das águas destruidoras. 
A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido 
preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil duzentos e 
sessenta dias. ... 
Foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que ela 
pudesse voar para o lugar que lhe havia sido preparado no deserto, onde 
seria sustentada durante um tempo, tempos e meio tempo, fora do alcance 
da serpente. Então a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, para 
alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. A terra, porém, ajudou a 
mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão fizera jorrar da sua 
boca (Apoc. 12:6-16, NVI). 
O clímax da era cristã, porém, verá uma guerra universal contra o 
povo remanescente de Cristo. "Irou-se o dragão contra a mulher e foi 
Carruagens de Salvação 85 
pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os 
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (verso 17, RA). 
Este guerra final e total se tornará o "Armagedom" quando Cristo 
entrar em cena. 
 
Por que a Caiu a Antiga Babilônia 
 
Para entender o que a Bíblia diz sobre a futura queda de Babilônia 
nós temos que saber por que a antiga Babilônia se desmoronou. A queda 
de Babilônia moderna é prenunciada e prefigurada em seu tipo histórico. 
Porém, nós interpretamos mal a tipologia bíblica se assumimos que o 
tipo e o antítipo devem ser idênticos em cumprimentos étnicos e 
geográficos. Em tipologia bíblica os eventos antitípicos messiânicos são 
sempre maiores que os seus tipos hebraicos. Correspondência só existe 
em pontos teológicos básicos; quer dizer, nas relações básicas de aliança 
com Yahweh e o Seu Cristo. Tanto Davi como Cristo foram ungidos 
como rei de Israel, contudo a monarquia de Cristo é infinitamente maior 
que a de Davi. O reino de Davi só prenunciou o reino messiânico de um 
modo pequeno e defeituoso. A monarquia de Cristo também será 
grandemente superior à de Salomão em todo sua glória e sabedoria (veja 
Mat. 12:41, 42). 
O tipo histórico funciona na providência de Deus como um modelo 
nacional e local do juízo universal e redenção de Cristo. Assim é com o 
colapso político-militar da velha cidade de Babilônia e a libertação 
subseqüente de Israel. Isto pede uma análise cuidadosa da razão por que 
Babilônia caiu e de que modo foi subvertida porque os eventos históricos 
levam algumas características essenciais relativas ao Armagedom. 
Por que a antiga Babilônia foi sentenciada a cair pelo juízo de Deus 
nas profecias de Isaías, Jeremias e Daniel? Eles deram as razões como: 
oposição para Yahweh e continuada opressão de Israel, Seu povo da 
aliança, até que Babilônia alcançou o limite da provação divina: 
Carruagens de Salvação 86 
Preparei uma armadilha para você, ó Babilônia, e você foi apanhada 
antes de percebê-lo; você foi achada e capturada porque se opôs ao 
Senhor. ... Escutem os fugitivos e refugiados vindos da Babilônia, 
declarando em Sião como o Senhor, o nosso Deus, se vingou, como se 
vingou de seu templo. ... Retribuam a ela conforme os seus feitos; façam 
com ela tudo o que ela fez. Porque ela desafiou o Senhor, o Santo de Israel. 
... Assim diz o Senhor dos Exércitos: “O povo de Israel está sendo oprimido, 
e também o povo de Judá. Todos os seus captores os prendem à força, 
recusando deixá-los ir. Contudo, o Redentor deles é forte; Senhor dos 
Exércitos é o seu nome. Ele mesmo defenderá a causa deles, e trará 
descanso à terra, mas inquietação aos que vivem na Babilônia (Jer. 50:24-
34, NVI). 
 
Não pode haver nenhuma pergunta sobre a razão por que o veredicto de 
Deus condenou Babilônia. Babilônia tinha se exaltado religiosa e 
politicamente contra Deus e contra o Seu povo da aliança. Ela deportou 
Israel ao exílio e destruiu o Templo de Deus e seus serviços de adoração 
sagrados. A cidade alcançou o ponto sem retorno quando Belsazar, sob 
intoxicação, ordenou que os vasos sagradas do Templo de Jerusalém 
fossem usados em seu banquete real e orgia blasfema (veja Dan. 5:1-4). 
Neste ponto tornou-se verdadeiro que "o julgamento dela chega ao céu, 
eleva-se tão alto quanto as nuvens" (Jer. 51:9, NVI). "de repente 
apareceram dedos de mão humana que começaram a escrever no reboco 
da parede, na parte mais iluminada do palácio real", as palavras 
misteriosas, "MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM" (Dan. 5:5, 25, NVI). 
Como no desafio de Nabucodonosor (Dan. 4), assim agora no ato de 
Belsazar de insulto ao Deus de Israel, fica dramaticamente evidente que 
Yahweh é o juiz do opressor de Israel. O tribunal divino examinou o 
registro do governador ímpio de Babilônia e chegou a um veredicto. Só 
Daniel poderia interpretar os sinais misteriosos para o aterrorizado rei: 
"Tequel: Foste pesado na balança e achado em falta. ... Teu reino foi 
dividido e entregue aos medos e persas" (Dan. 5:27, 28, NVI). Yahweh 
não demorou a execução do veredicto da Babilônia. "Naquela mesma 
noite Belsazar, rei dos babilônios, foi morto" (verso 30, NVI). A 
Carruagens de Salvação 87 
Babilônia apocalíptica cairá pela mesma razão religiosa: auto-exaltação 
sobre a autoridade de Cristo e condenaçãodos verdadeiros seguidores do 
Senhor Jesus e de sua adoração no santuário de Deus. 
 
A Maneira da Queda de Babilônia 
 
Poucos expositores da profecia põem atenção na maneira precisa 
em que Babilônia caiu de acordo com a profecia. Um autor, entretanto, 
menciona que "Os profetas hebreus haviam falado claramente sobre a 
maneira como Babilônia devia cair" "Os medos e persas, havendo 
desviado do seu leito o Eufrates, estavam marchando para o coração da 
cidade desguarnecida." (E. G. White, Profetas e Reis, pág. 531). 
Esta queda notável de Babilônia por meio do desviar súbito da 
cachoeira do Eufrates – registrado pelos antigos historiadores Xenofonte 
e Heródoto – já foi aludido nas Escrituras proféticas bem antes do 
nascimento de Ciro. O profeta Jeremias tinha indicado a natureza da 
derrota da cidade de Babilônia. "Você que vive [habitas, RA] junto a 
muitas águas e está rico de tesouros, chegou o seu fim, a hora de você ser 
eliminado" (Jer. 51:13, NVI). "Secarei o seu mar e esgotarei as suas 
fontes" (verso 36, NVI). "Uma espada contra as suas águas! Elas 
secarão" (Jer. 50:38, NVI). 
Isaías foi mais detalhado em sua descrição da parte de Yahweh na 
queda de Babilônia ao apresentar suas palavras: 
Que diz às profundezas aquáticas: Sequem-se, e eu secarei seus 
regatos, que diz acerca de Ciro: Ele é meu pastor, e realizará tudo o que me 
agrada; ele dirá acerca de Jerusalém: ‘Seja reconstruída’, e do templo: 
‘Sejam lançados os seus alicerces’ (Isa. 44:27, 28, NVI). 
 
O famoso Cilindro de Ciro – um documento cuneiforme achado nas 
ruínas de Babilônia, agora no Museu britânico – confirma a súbita 
conquista de Babilônia por Ciro em 539 A.C. Declara: "Sem qualquer 
batalha, ele [Marduque] o fez [Ciro] entrar em sua cidade de Babilônia, 
Carruagens de Salvação 88 
poupando Babilônia de qualquer calamidade" (J. B. Pritchard, ed., 
Ancient Near Eastern Texts, 3rd ed. [Princeton, N. J. : Princeton 
University Press, 1969], pág. 315). 
O modo que a Babilônia caiu pode ser visto, então, como um 
cumprimento literal da profecia. "Na inesperada penetração do exército 
do conquistador persa ao coração da capital de Babilônia, através do 
canal do rio cujas águas tinham sido desviadas; na sua entrada pelos 
portões internos que por descuido tinham sido deixados abertos e 
desguarnecidos, tiveram os judeus abundante evidência do cumprimento 
literal da profecia de Isaías concernente à súbita subversão dos seus 
opressores" (White, Profetas e Reis, pág. 552). 
Nós podemos notar especialmente a ligação íntima entre a predição 
de Isaías do secamento do Eufrates e a queda conseqüente de Babilônia. 
O secamento do Eufrates prepararam o caminho para a entrada de Ciro 
em Babilônia para assumir seu governo mundial. Deus abriria as portas 
até "diante dele [Ciro], de modo que as portas não estejam trancadas: Eu 
irei adiante de você e aplainarei montes ... Por amor de meu servo Jacó, 
de meu escolhido Israel, eu o convoco pelo nome e lhe concedo um 
título de honra, embora você não me reconheça" (Isa. 45:2-4, NVI). 
O Deus de Israel deu a Ciro os títulos honrados de "ungido" e "meu 
pastor" (Isa. 45:1; 44:28), títulos que claramente sugerem que os atos de 
subversão militar e liberação de Ciro eram tipos da guerra santa de 
Cristo contra a Babilônia apocalíptica. "Ao subverter a Babilônia e 
libertar os judeus, Ciro fez para o Israel literal o que o Cristo realizará 
para todos os Seus escolhido na subversão da Babilônia mística e a 
libertação do Seu povo do domínio dela" (Apoc. 18:2-4, 20; 19:1, 2)" 
(The SDA Bible Commentary [Washington, D.C. : Review and Herald 
Pub. Assn., 1953-1957], vol. 4, p. 265). 
Tal tipologia apocalíptica só pode ser discernida quando primeiro 
reconstruímos o contexto histórico do tipo do Antigo Testamento. Então 
nós podemos captar o significado do antítipo futuro por meio de uma 
extensão dos pontos religiosos básicos do tipo hebraico para o antítipo 
Carruagens de Salvação 89 
cristão – quer dizer, para a igreja espiritual de Cristo e os opressores 
dela. 
 
Armagedom: A Destruição da Babilônia Apocalíptica 
 
Se o nome Babilônia simboliza inimigo de Deus e Cristo (Apoc. 14: 
8; 17:4, 5; 18:2), então justamente por isso nós podemos ver os cristãos 
fieis como o Israel de Deus. O resultado final deste conflito entre esta 
Babilônia universal e este universal Israel a Escritura chama de 
Armagedom e denota a destruição de Babilônia como a montanha da 
morte (Apoc. 16:16-21; veja abaixo, Capítulo VIII). 
Exegetas têm observado que a descrição da sexta praga – o súbito 
secamento do grande rio Eufrates (verso 12) – somente anuncia a 
preparação dos poderes políticos para a real batalha do Armagedom. A 
colisão do Armagedom então nós esperaríamos ocorrer durante a sétima 
praga. Mas tudo que nós ouvimos para a praga final é que Babilônia a 
grande entra em colapso e é destruída (verso 19). O Armagedom e a 
destruição da Babilônia universal são portanto idênticos. Podemos 
reconhecer na unidade da sexta e a sétima praga duas fases sucessivas do 
evento do Armagedom: o preliminar secamento do grande rio Eufrates e 
a queda subseqüente de Babilônia a grande. 
O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e 
secaram-se as suas águas para que fosse preparado o caminho para os reis 
que vêm do Oriente. ... O sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e do 
santuário saiu uma forte voz que vinha do trono, dizendo: “Está feito!” ... A 
grande cidade foi dividida em três partes, e as cidades das nações se 
desmoronaram. (versos 12-19, NVI). 
 
Ao risco de ser redundante, nós gostaríamos que o leitor mais uma 
vez considere a estrutura teológica de um tipo hebraico e seu antítipo 
cristão correspondente. A autoridade do Novo Testamento estabelece a 
ligação providencial entre um tipo do Antigo Testamento e seu antítipo 
do Novo Testamento. 
Carruagens de Salvação 90 
A tipologia cristã pode ser resumida como segue: 
Tipologia é a teologia da progressão dos atos salvíficos de Deus 
mediante Jesus Cristo. É baseada no pressuposto bíblico de que Deus 
sempre age de acordo com os princípios imutáveis de Sua natureza santa e 
de Sua vontade (Núm. 23:19; Mal. 3:6). No Novo Testamento, a tipologia é 
caracterizada tanto pela correspondência histórica quanto teológica entre o 
tipo e o antítipo. A correlação teológica consiste no fato de que os tipos do 
Antigo Testamento são todos determinados teologicamente por sua relação 
específica com Yahweh, o Deus de Israel, enquanto todos os antítipos do 
Novo Testamento são qualificados por sua relação com Cristo Jesus, o Filho 
de Deus. Pelo fato da comunhão da aliança com Deus ser estabelecida 
apenas através de Cristo, toda a tipologia no Novo Testamento converge e 
culmina em Cristo. Porque Ele cumpre e completa a história da salvação do 
Antigo Testamento, a tipologia do Novo Testamento se origina, centraliza e 
termina em Cristo. Esse foco cristológico e a perspectiva escatológica 
distinguem a tipologia de qualquer situação paralela acidental. (LaRondelle, 
The Israel of God in Prophecy, pp. 44, 45). 
 
Os estudantes de bíblia geralmente concordam que nós temos que 
entender o juízo de Deus das sete últimas pragas em Apocalipse 16-19 
da perspectiva dos juízos de Deus sobre o Egito e sobre a Babilônia. A 
primeira pergunta, então, é: Quais são os pontos teológicos básicos do 
juízo de Deus sobre o Egito e sobre a Babilônia como os inimigos de 
Israel? E como devemos aplicá-los de um modo cristocêntrico para a 
queda futura de Babilônia, ou Armagedom? 
A correspondência básica entre o propósito de Deus com as dez 
pragas sobre o Egito e com as sete pragas sobre a Babilônia apocalíptica 
parece óbvio: o salvamento do povo de Deus e o juízo de seus opressores 
religiosos-políticos. A nova responsabilidade do povo de Deus hoje é 
apenas que eles têm que fugir da Babilônia antes de suas pragas serem 
derramadas do céu:Saiam dela [da Babilônia], vocês, povo meu, para que vocês não 
participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não 
os atinjam! Pois os pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus 
se lembrou dos seus crimes (Apoc. 18:4, 5, NVI). 
Carruagens de Salvação 91 
O povo de Deus no Antigo Testamento eram o povo de Yahweh 
(veja Jer. 51:45), mas no Apocalipse eles são o povo de Cristo (Apoc. 
17:6), o povo de Deus da nova aliança. Esta transformação cristológica 
do Israel de Deus é o pivô teológico ao redor do qual revolve todo o 
simbolismo apocalíptico. Os seguidores do Cordeiro de Deus fugirão de 
Babilônia para estar em pé no Monte Sião (Apoc. 14:1). 
A aplicação cristocêntrica assim desenvolve organicamente na 
aplicação centralizada na igreja, a chamada interpretação eclesiológica. 
Como Yahweh e o Israel étnico estavam unidos como parceiros da 
aliança contra o antigo Egito e Babilônia, assim agora Cristo e Seu corpo 
universal na Terra estão unidos contra a moderna Babilônia. Para 
determinar quem é o Israel de Deus e quem é a Babilônia hoje, temos 
primeiro que estabelecer o caráter teológico de cada participante no 
enredo da queda da antiga Babilônia. 
Babilônia: funcionou como o inimigo de Yahweh e o opressor de 
Israel. 
Eufrates: como uma parte integrante de Babilônia, sustentou a 
capital como uma parede protetora, assim foi igualmente hostil 
ao Israel. 
Secamento do Eufrates: como o juízo de Yahweh sobre Babilônia, 
causou a queda súbita e funcionou como a iniciação da libertação 
de Israel. 
Ciro como general dos reis medos e persas: Yahweh "ungiu" Ciro 
para derrotar Babilônia e libertar Israel. Ciro e os reis do oriente 
leste eram assim os inimigos de Babilônia e os libertadores de 
Israel. 
Daniel e Israel em Babilônia: eles eram o povo arrependido de 
Deus, o fiel remanescente de Israel. 
Estas caracterizações religiosas são os pontos teológicos básicos da 
queda de Babilônia do Antigo Testamento. No Apocalipse, porém, a 
Babilônia representa a inimiga mortal de Cristo e de Seu Israel. O livro 
de Apocalipse agora vê a Babilônia e Israel como universalmente 
Carruagens de Salvação 92 
presente no mundo. O apelo do evangelho vai "a toda nação, e tribo, e 
língua e povo" (Apoc. 14:6), uma ênfase quádrupla que acentua 
claramente seu âmbito universal. O anúncio seguinte que "Babilônia a 
Grande" caiu baseia-se no fato de que ela "fez todas as nações beberem 
do vinho da fúria da sua prostituição!" (verso 8). O mundo inteiro fica 
finalmente sob o seu feitiço (Apoc. 13:3, 4, 7). Em harmonia com a 
presença universal de Babilônia, a Inspiração dá também ao rio de 
Babilônia, o Eufrates, um aplicação explicitamente universal: "As águas 
que você viu, onde está sentada a prostituta, são povos, multidões, 
nações e línguas" (Apoc. 17:15, NVI). Aqueles que insistem que o 
Eufrates representa só aqueles que vivem na localização geográfica atual 
do Eufrates têm que seguir a mesma interpretação com "a Babilônia". 
Porém, tais falham em aplicar a estrutura teológica da tipologia bíblica. 
O livro de Daniel contém a raiz mestra profética da extensão 
mundial de todos os eventos do tempo do fim no Apocalipse de João. A 
fórmula que acentua o cumprimento universal em Apocalipse – "toda 
tribo, língua, povo e nação" (Apoc. 5:9; cf. 7:9; 10:11; 11:9; 13:7; 14:6; 
17:15) – é encontrado basicamente no livro de Daniel com seu 
indiscutível âmbito universal de cumprimento (Dan. 3:4, 7; 4:1; 5:19; 
7:14; G.K. Beale, "The Influence of Daniel upon the Structure and 
Theology of John's Apocalypse," Journal of the Evangelical Theological 
Society 27, No. 4 [December 1984]: 413-423). João intencionalmente 
repete esta fórmula de Daniel em várias colocações dos eventos finais 
para prevenir o erro do literalismo étnico ou geográfico para sua 
terminologia e imagem do Antigo Testamento. A interpretação do anjo 
sobre o Eufrates em Apocalipse 17:15 nos protege contra o literalismo 
geográfico e nos guarda de uma recaída em qualquer aplicação de 
Oriente Médio. 
O Antigo Testamento menciona o Eufrates como o limítrofe do 
norte da terra que Deus prometeu a Israel (Gên. 15:18; Deut. 1:7). Além 
deste fluxo enorme, chamado o "mar" de Babilônia em Jeremias 51:36, 
viviam os inimigos mortais de Israel, Assíria e Babilônia. Quando a 
Carruagens de Salvação 93 
Assíria atacou Israel, Isaías retratou dramaticamente a invasão em 
termos poéticos como a precipitação de um Eufrates transbordante que 
inundou todo de Judá e ameaçou submergir o remanescente de Israel em 
Jerusalém (veja Isa. 8:7, 8). Só a intervenção divina do anjo de Yahweh 
expôs sobre o "súbito secamento" das "águas" bravas do Eufrates (veja 
Isa. 37:36). 
Sempre que Deus secou literalmente um mar ou um rio, representou 
consistentemente um juízo divino sobre os inimigos do Seu povo. O 
secando apocalíptico do rio de Babilônia, portanto, sugere o juízo final 
de Deus sobre Babilônia (Apoc. 16:12). Em realidade este juízo ocorrerá 
quando as multidões civis de todas as nações perceberem de repente que 
Deus pesou e condenou a Babilônia religiosa. Então eles retirarão 
imediatamente sua submissão, até invertendo o seu apoio uma vez leal 
em tal ódio ativo que eles destroem completamente Babilônia. Esta 
dissolução de Babilônia parece ser a essência de Apocalipse 17, porque 
ela se torna o clímax na reversão súbita de uma união leal (versos 1, 2 ) a 
um ódio mortal entre os seguidores e os líderes religiosos de Babilônia. 
"A besta e os dez chifres que você viu odiarão a prostituta. Eles a levarão 
à ruína e a deixarão nua, comerão a sua carne e a destruirão com fogo" 
(verso 16, NVI). 
O significado desta revelação divina para o cristianismo está além 
de estimação. Entendemos mais completamente ao levarmos em conta 
sua correspondência com a antiga Jerusalém. Logo antes de 
Nabucodonosor destruiu a Cidade Santa (em 586 A.C.), o profeta 
Ezequiel explicou a razão por que tal juízo tinha sido o veredicto de 
Yahweh: 
Mas você [Jerusalém] confiou em sua beleza e usou sua fama para se 
tornar uma prostituta. Você concedeu os seus favores a todos os que 
passaram por perto, e a sua beleza se tornou deles. ... “Você, mulher 
adúltera! Prefere estranhos ao seu próprio marido! ... Por isso, prostituta, 
ouça a palavra do Senhor! Assim diz o Soberano, o Senhor: Por você ter 
desperdiçado a sua riqueza e ter exposto a sua nudez em promiscuidade 
com os seus amantes, por causa de todos os seus ídolos detestáveis, e do 
Carruagens de Salvação 94 
sangue dos seus filhos dado a eles, por esse motivo vou ajuntar todos os 
seus amantes, com quem você encontrou tanto prazer, tanto os que você 
amou como aqueles que você odiou. Eu os ajuntarei contra você de todos os 
lados e a deixarei nua na frente deles, e eles verão toda a sua nudez. ... 
Depois eu a entregarei nas mãos de seus amantes, e eles despedaçarão os 
seus outeiros e destruirão os seus santuários elevados. Eles arrancarão as 
suas roupas e apanharão as suas jóias finas e a deixarão nua. Trarão uma 
multidão contra você, que a apedrejará e com suas espadas a despedaçará. 
Eles destruirão a fogo as suas casas e lhe infligirão castigo à vista de muitas 
mulheres. ... Assim diz o Soberano, o Senhor: Eu a tratarei como merece, 
porque você desprezou o meu juramento ao romper a aliança (Eze. 16:15-
59, NVI). 
 
A sentença de Deus sobre a antiga Jerusalém serve aparentemente 
como o modelo para o Seu veredicto sobre a moderna Babilônia. O fato 
de que o antigo Israel se tornou uma prostituta diante de Deus em seu 
culto religioso traz para casa a possibilidade chocante de que a igreja 
cristã formal em seu culto e relações políticas se tornará uma apóstata 
religiosa que perseguirá até o fiel. Ezequiel 16 e Apocalipse 17 ambos 
enfatizam o mesmo juízo de Deus sobre a esposa infiel – sus próprios 
amantes políticos anteriores que a destruirão. Como Jerusalém esteveexposta à sua vergonha – "nudez" simboliza culpabilidade diante de 
Deus – e as mesmas nações nas quais ela colocou sua confiança por meio 
de alianças profanas que a levaram à ruína (Eze. 16:26-28), assim uma 
cristandade caída sofrerá o mesmo destino e estará exposta como 
"despida" e trouxe à ruína por suas próprias multidões confiadas no fim 
da era cristã (Apoc. 17:15, 16). Também, como em Israel, a filha de um 
padre que tinha se tornado prostituta foi condenada "a ser queimada no 
fogo" (Lev. 21:9), assim a corporação cristã prostituída será queimada 
"com fogo" (Apoc. 17:16, 17). O juízo de Deus em Apocalipse 17 nós 
então podemos explicar como segue: "O lado político da coalizão 
religiosa-política universal. . . se torna um instrumento nas mãos de Deus 
para executar a sentença contra o lado religioso da união" (The SDA 
Bible Commentary, vol. 7, p. 859). 
Carruagens de Salvação 95 
Surge a pergunta: O que exatamente levará os poderes políticos e as 
multidões a mudar sua união tão abruptamente com a Babilônia em ódio 
total e vingança retributiva? Parece que só uma revelação especial e 
chocante de Deus para as nações teria tal impacto. Deve vir a eles logo 
antes da sexta praga e bem poderia ocorrer durante a quinta praga: "O 
quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino ficou 
em trevas" (Apoc. 16:10, NVI). "Trevas" não pode significar uma 
condição espiritual súbita, porque o reino babilônico sempre foi 
espiritualmente escuro. Esta escuridão universal na Terra é o resultado 
de um juízo divino prenunciado em uma antiga praga sobre o Egito. 
Moisés trouxe "escuridão total" sobre todo o Egito durante três dias. 
"Todavia, todos os israelitas tinham luz nos locais em que habitavam 
Ainda todos os Israelitas tiveram luz nos lugares onde eles viveram '' 
(Êx. 10:23, NVI). Se qualquer correspondência existe entre ambos juízos 
de trevas, podemos esperar novamente um sinal visível da protetora luz 
de Deus para Seu verdadeiro povo da aliança. Tal sinal da fidelidade da 
aliança de Deus convencerá os perseguidores enganados a quem 
pertencem os verdadeiros adoradores do Deus vivo e levam as multidões 
iradas a retirar sua submissão de repente da Babilônia e a destruí-la 
completamente. Assim o propósito de Deus será cumprido (Apoc. 
17:17). Um escritor pressentiu o drama dos eventos das últimas três 
pragas na moderna Babilônia do modo seguinte: 
 
Com brados de triunfo, zombaria e imprecação, multidões de homens 
maus estão prestes a cair sobre a presa, quando, eis, um denso negror, 
mais intenso do que as trevas da noite, cai sobre a Terra. Então o arco-íris, 
resplandecendo com a glória do trono de Deus, atravessa os céus, e parece 
cercar cada um dos grupos em oração. As multidões iradas subitamente se 
detêm. Silenciam seus gritos de zombaria. É esquecido o objeto de sua ira 
sanguinária. Com terríveis pressentimentos contemplam o símbolo da 
aliança de Deus, anelando pôr-se ao amparo de seu fulgor insuperável 
(E. G. White. O Grande Conflito, págs. 635, 636). 
 
Carruagens de Salvação 96 
 
 
Em resumo, Apocalipse 16 e 17 retratam o Armagedom como a 
destruição total de uma Babilônia universal. Esta é a essência teológica 
do Armagedom. A pergunta então realmente é: O que significa Babilônia 
a Grande? A resposta de Apocalipse 17 é basicamente que Babilônia 
denota a união ilícita da religião apóstata e governo político. 
Então, Babilônia moderna surge de uma aliança de religioso ou 
liderança eclesiástica e governo político. O resultado inevitável é o 
promulgação de leis que obrigam certas tradições religiosas sobre todos 
os cidadãos, independente de suas convicções de consciência. O ponto 
crítico de tal totalitarismo ocorrerá quando a sociedade proscrever os 
verdadeiras seguidores de Cristo e os ameaçar de extinção. Seus 
clamores ao céu por salvação na hora de emergência não serão 
Carruagens de Salvação 97 
despercebidos pelo Pastor do rebanho, o Mestre do universo. O juízo das 
pragas finais provoca a súbita dissolução de Babilônia, seguida pela 
libertação imediata do Israel de Deus. 
Nós podemos agora fazer a pergunta: Como se pode imaginar tão 
grande salvação no tempo do fim? Isso é o assunto de nosso próximo 
capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 98 
CARRUAGENS DE SALVAÇÃO 
 
A idéia de um salvamento final dos seguidores de Cristo pela 
intervenção divina nos negócios humanos tem suas raízes na história 
antiga de Israel da "guerra" de Yahweh e na perspectiva profética de 
Israel no Dia de Yahweh. 
O antigo Israel nunca concebeu a Deus como um ser que vivia em 
solidão nos céus. O profeta Miquéias viu Yahweh "assentado em seu 
trono, com todo o exército dos céus ao seu redor, à sua direita e à sua 
esquerda" (1 Reis 22:19). Como Criador do céu e da terra, Ele estava 
cercado de miríades de anjos santos e querubins que constituíram Sua 
hoste divina ou exército de guerreiros vitoriosos (Joel 2:11; Sal. 80:1; 
103:20; 148:2: Zac. 14:5). 
De importância especial neste respeito é o título de Deus Yahweh 
Sabaoth, freqüentemente achado nos Salmos e traduzido como "o 
SENHOR dos Exércitos" (em RA, RC, NVI) ou "o SENHOR Todo-
poderoso'' (em New International Version) (veja Sal. 24:10; 46:7, 11; 
48:8; 69:6; 84:1, 3, 12). A isto nós podemos acrescentar a designação 
maior de "Yahweh Deus de Sabaoth", traduzido como "SENHOR Deus 
dos Exércitos" e "SENHOR Deus todo-poderoso" (Sal. 59:5; 80:4, 7, 14, 
19; 84:8; 89:8). O termo hebreu para "hoste" (saba) é idêntico a 
"exército". Davi indicou pelo título que Yahweh era tanto "o Deus dos 
exércitos de Israel'' (1 Sam. 17:45) e o comandante de "suas hostes 
celestes", Seus anjos poderosos (Sal. 103:20, 21). 
Moisés louvou Yahweh porque Ele marchou vitoriosamente do Monte 
Sinai com Israel "com miríades de santos desde o sul" (Deut. 33:2; cf. 
Gál. 3:19). Débora se referiu a esta teofania histórica como a segurança 
para o novo ato de Yahweh de libertação dos reis hostis de Canaã (Juí. 
5:4, 5, 19, 20). Davi também se lembrou com orgulho a marcha triunfal 
de Yahweh no Salmo 68:7-10. Ele acentuou aquele muitos milhares de 
anjos guerreiros acompanharam a Deus. "Os carros de Deus são 
incontáveis, são milhares de milhares; neles o Senhor veio do Sinai para 
Carruagens de Salvação 99 
o seu Lugar Santo. Quando subiste em triunfo às alturas, ó Senhor Deus, 
levaste cativos muitos prisioneiros" (Sal. 68:17, 18, NVI). A Bíblia de 
Jerusalém traduz estes versos como segue: 
Os carros de Deus são milhares de miríades; 
o Senhor veio do Sinai para o santuário. 
Subiste para o alto, 
capturando cativos. 
 
Moisés e Davi descreveram o Deus de Israel como o cavaleiro 
celestial que cavalga sobre as nuvens, que vem para salvar Seu povo 
quando na sua angústia eles chamam a Ele (Deut. 33:26; Sal. 68:4, 33). 
Em seus cânticos de adoração Israel confiou na inspirada certeza: "O 
anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem, e ele os livra" 
(Sal. 34:7). Davi retratou a presente resposta de Deus as seus clamores 
por ajuda na imagem semipoética de uma teofania: 
 
Ele abriu os céus e desceu; 
 nuvens escuras estavam sob os seus pés. 
Montou um querubim e voou, 
 deslizando sobre as asas do vento. 
Fez das trevas o seu esconderijo, 
 das escuras nuvens, cheias de água, 
 o abrigo que o envolvia. 
Com o fulgor da sua presença as nuvens 
 se desfizeram em granizo e raios, 
quando dos céus trovejou o Senhor, 
 e ressoou a voz do Altíssimo. 
Atirou suas flechas e dispersou meus inimigos, 
 com seus raios os derrotou (Sal. 18:9-14, NVI). 
 
O profeta Habacuque também se referiu a Yahweh como o 
guerreiro libertador de Israel numa fascinante representação da salvação 
divina. Sua elaborada descrição de Yahweh como guerreiro cósmico 
Carruagens de Salvação 100 
tomou emprestadas algumas características domundo religioso 
contemporâneo para destacar a superioridade de Yahweh. 
Será contra os rios, Iahweh, que a tua cólera se inflama 
ou o teu furor contra o mar, 
para que montes em teus cavalos, 
em teus carros vitoriosos? 
 
Tu desnudas o teu arco, 
sacias de flechas a sua corda. 
Cavas o solo com torrentes; 
Ao ver-te as montanhas tremem; 
uma tromba d’água passa, 
o abismo faz ouvir a sua voz, 
levanta para o alto as suas mãos. 
 
Sol e lua permanecem em sua morada, 
diante do brilho do relâmpago de tua lança. 
 
Com cólera percorres a terra, 
em ira pisas as nações. 
Tu saíste para salvar o teu povo, 
Para salvar o teu ungido; 
destroçaste o teto da casa do ímpio, 
desnudando os fundamentos até à rocha. 
 
Traspassaste com teus dardos o chefe dos seus guerreiros 
que se arregimentavam para nos dispersar com gritos de alegria, 
como se fossem devorar um miserável em lugar escondido. 
 
Pisaste o mar com teus cavalos, 
o turbilhão das grandes águas! 
 (Hab. 3:8-15, BJ). 
Em seu poema litúrgico, Habacuque começa a se lembrar da antiga 
fama de Deus com relação ao êxodo histórico de Israel do Egito. Como 
resultado, ele pede que Deus restabeleça agora Seus atos de liberação 
Carruagens de Salvação 101 
para com Jerusalém. "Realiza de novo, em nossa época, as mesmas 
obras. . . ; em tua ira, lembra-te da misericórdia" (verso 2, NVI). 
Antecipando uma resposta positiva para sua súplica, ele prevê a vinda de 
uma teofania impressionante no qual Yahweh chega em esplendor 
majestoso para libertar seus oprimidos e trazer castigo a seus opressores 
(versos 3-7). Depois da descrição do aparecimento de Yahweh como 
guerreiro divino, Habacuque descreve extensivamente o ato de libertação 
(versos 8-15; veja texto acima). Esta seção começa com a pergunta 
retórica se Yahweh dirigiu o Seu ato punitivo somente contra o mar 
caótico e rios (verso 8), um eco de antigos conceitos cananitas, quando 
Ele montou os Seus cavalos e Suas "carruagens vitoriosas". O profeta 
responde que Deus veio salvar o Seu povo e o Seu ungido, esmagando de 
repente o líder da terra ímpia (verso 13). Significante é o modo no qual 
Habacuque expressa a vitória de Yahweh: "Com as suas próprias flechas 
lhe atravessaste a cabeça, quando os seus guerreiros saíram como um 
furacão para nos espalhar" (verso 14, NVI). A descrição não é mitologia 
pagã ou poesia abstrata. Yahweh Se fez conhecido na história de Israel 
como o Deus do Êxodo, como o Deus do Sinai, como o capitão dos 
exércitos de céu que conquistou Canaã. O profeta constrói sua teologia e 
sua esperança pela nova libertação de Israel na história, sobre eventos 
reais no passado de Israel. 
Donald E. Gowan aplicou esta lição para os cristãos hoje. "Nós 
conhecemos Deus pelo que ele fez, e nessa base nós cremos no que ele 
fará no futuro" (The Triumph of Faith in Habakkuk [Atlanta: John Knox 
Press, 1976], pág. 82). Parece como se Habacuque em sua referência às 
"carruagens vitoriosas" ou "carruagens de salvação" (NASB, NKJV) 
tomasse emprestado diretamente do salmo de Davi do guerreiro famoso 
(Sal. 68). Herman Gunkel até chamou este famoso salmo "um hino 
escatológico" sobre o êxodo do Israel de Deus no tempo do fim. 
De maneira interessante, algum exegetas judeus, como Rashi, viram 
no Salmo 68 uma referência à vindoura era Messiânica, uma opinião 
compartilhada pelo apóstolo Paulo em Efésios 4:8. O estudioso judeu 
Carruagens de Salvação 102 
Umberto Cassuto prefere ver o Salmo 68 como uma oração urgente de 
Davi, não diferente da de Habacuque 3, a qual ele ofereceu durante um 
tempo de agudo perigo para Israel, "pedindo que o Senhor apresse a 
libertação, que Seus fiéis da aliança esperaram com confiança. É tanto 
uma oração como uma expressão de fé" (Biblical and Oriental Studies 
[Jerusalem: The Magnes Press, The Hebrew University, 1973], Vol. I, 
pág. 279). Ele interpreta "as carruagens de Deus" do Salmo 68:17 como 
"as carruagens dos anjos que acompanham a glória da Presença Divina 
que vem de Sinai para habitar no Monte Sião '' (ibid., pág. 265). A 
versão King James Version traduziu igualmente: "As carruagens de Deus 
são vinte mil, até mesmo milhares de anjos: o SENHOR está entre eles, 
como no Sinai, no lugar santo." 
O The Seventh-day Adventist Bible Commentary observa que a 
tradução "anjos" neste texto é uma conjetura e que a frase provavelmente 
deveria ser traduzida, de acordo com um equivalente Ugarítico, como 
"guerreiros", significando "os guerreiros de Deus, a hoste angelical" (vol. 
3, pág., 791). 
Cumprimentos históricos definidos do salmo inspirado aparecem no 
ministério do profeta Eliseu. O exército dos arameus tinha cercado a 
cidade de Dotã para capturá-lo, porque ele tinha informado o rei de Israel 
da guerra secreta planejada pelo rei da Síria. Uma manha o servo de 
Eliseu descobriu para seu espanto que "uma tropa com cavalos e carros" 
tinha posto cerco a Dotã. O profeta, porém, lhe assegurou: "Não tenha 
medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles" (2 
Reis 6:16, NVI). Eliseu não pretendeu dizer que o exército de Israel era 
maior que o da Síria. Ele orou para que Deus permitisse o seu servo ver 
o exército celestial de Yahweh. "Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, 
que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de 
Eliseu" (verso 17). As carruagens de salvação de Deus e seus exércitos 
celestiais eram uma realidade invisível. 
Em outra ocasião, durante o cerco de Samaria pela Síria, o exército 
angelical de Yahweh interveio até mesmo de um modo mais espetacular. 
Carruagens de Salvação 103 
Quando a crise de Israel ficou crítica, quatro leprosos decidiram um dia 
que sua única esperança de sobrevivência seria desertar ao acampamento 
sírio. Chegando ao acampamento do inimigo, não acharam ninguém lá! 
Então eles descobriram um fato surpreendente. “Pois o Senhor tinha feito 
os arameus ouvirem o ruído de um grande exército com cavalos e carros 
de guerra, de modo que disseram uns aos outros: ‘Ouçam, o rei de Israel 
contratou os reis dos hititas e dos egípcios para nos atacarem!’ Então, 
para salvar sua vida, fugiram ao anoitecer, abandonando tendas, cavalos 
e jumentos, deixando o acampamento como estava” (2 Reis 7:6, 7, NVI). 
Eliseu experimentou a intervenção salvadora das carruagens de 
salvação de Yahweh quando "eis que um carro de fogo, com cavalos de 
fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho." (2 
Reis 2:11, RA). O grito de Eliseu, "Meu pai, meu pai, carros de Israel e 
seus cavaleiros!" (verso 12), era "uma referência clara aos membros do 
exército divino que luta por Israel" (P. D. Miller, Jr., ''The Divine 
Council and the Prophetic Call to War," Vetus Testamentum 18 [1968]: 
107). A confortante mensagem de esperança em todas estas histórias 
bíblicas são que o Deus de Israel não só fez isto mas prometeu que Ele 
enviará novamente as Suas carruagens de salvação para o Seu povo 
durante Armagedom. 
 
Libertação Final do Oriente Cósmico 
 
Não podemos entender o Armagedom em sua plenitude se nós 
vemos a queda da Babilônia do tempo do fim como um fim em si 
mesmo. O colapso de Babilônia serve a um propósito maior: "para que 
fosse preparado o caminho para os reis que vêm do Oriente" (Apoc. 
16:12, NVI). Para entender o significado teológico desta última frase, 
nós precisamos olhar mais uma vez a seu original hebraico, a queda da 
Babilônia antiga. Tanto Isaías como Jeremias predisseram que os reis 
que vinham do Oriente subverteriam Babilônia. Isaías confortou o Israel 
exilado em Babilônia com as boas notícias que Yahweh já tinha incitado 
Carruagens de Salvação 104 
do Oriente um libertador, a quem o Deus de Israel tinha designado como 
o rei sobre muitas nações: 
Quem despertou o que vem do oriente, 
e o chamou em retidão ao seu serviço, 
entregando-lhe nações 
e subjugando reis diante dele? . . .Eu, o Senhor, que sou o primeiro, 
e que sou eu mesmo com os últimos 
 
Despertei um homem, e do norte ele vem; 
desde o nascente proclamará o meu nome.... 
Desde o princípio eu disse a Sião: 
“Veja, estas coisas acontecendo!” 
A Jerusalém eu darei um mensageiro de boas novas 
 
Do oriente convoco uma ave de rapina; 
de uma terra bem distante, 
um homem para cumprir o meu propósito. ... 
Concederei salvação a Sião, meu esplendor a Israel. 
 (Isa. 41:2-4, 25-27; 46:11-13, NVI). 
É um fato notável que as predições de Isaías sobre a conquista de 
Ciro da Pérsia estão unidas com profecias Messiânicas (Isa. 42:1-7). O 
profeta compara Ciro com um Redentor maior, o Servo de Yahweh que 
seria "uma luz para os gentios, para abrir os olhos aos cegos, para 
libertar da prisão os cativos e para livrar do calabouço os que habitam na 
escuridão" (versos 6, 7). O que Ciro faria para o Israel nacional, em 
escravidão na Babilônia, o Messias realizará em grande alcance para 
todos os filhos de Deus que se sentam em escuridão e escravidão em 
qualquer lugar. Uma das predições mais confortantes para Israel era a 
certeza de que Deus chamara um general do exército persa para libertar 
Israel de Babilônia. Em sua obra de libertação Ciro serviu como um tipo 
da missão de liberação do Messias: 
Assim diz o Senhor ao seu ungido [messias]: 
a Ciro, cuja mão direita eu seguro com firmeza... 
Carruagens de Salvação 105 
Por amor de meu servo Jacó, 
de meu escolhido Israel, 
Eu o convoco pelo nome 
e lhe concedo um título de honra, 
embora você não me reconheça (Isa. 45:1-4, NVI). 
Que diz acerca de Ciro: “Ele é meu pastor, 
e realizará tudo o que me agrada; 
ele dirá acerca de Jerusalém: ‘Seja reconstruída’, 
e do templo: ‘Sejam lançados os seus alicerces’ ” 
 (Isa. 44:28, NVI). 
Isaías chama Ciro o "ungido" de Yahweh, indicando que o guerreiro 
oriental será equipado com poder para cumprir uma missão para Yahweh 
e o Seu povo. O profeta descreve o Messias vindouro em termos 
idênticos. "O Espírito do Soberano, o SENHOR, está sobre mim, porque 
o SENHOR ungiu-me para levar boas notícias aos pobres" (Isa. 61:1). 
Embora Ciro cujo nome significa pastor, não adorou o Deus de Israel, 
Yahweh o escolheu para ser "meu pastor". Ele devia servir a causa de 
Deus: redimir Israel da Babilônia, mandá-lo de volta para reconstruir 
Jerusalém, e pôr a fundação de um novo Templo. 
Jeremias acrescenta à profecia anterior de Isaías a colocação maior 
de que Deus trará "contra a Babilônia uma coalizão de grandes nações 
do norte. Elas tomarão posição de combate contra ela e a conquistarão" 
(Jer. 50:9, NVI). "Vejam! Vem vindo um povo do norte; uma grande 
nação e muitos reis se mobilizam desde os confins da terra" (verso 41). 
O Senhor incitou o espírito dos reis dos medos, 
 porque seu propósito é destruir a Babilônia.. . . 
Preparem as nações para o combate contra ela: 
 os reis dos medos (Jer. 51:11-28, NVI). 
Um olhar ao mapa dos impérios rivais no tempo de Jeremias mostra 
que o Império da Média estava localizado principalmente ao norte de 
Babilônia, enquanto a Pérsia estendia-se ao leste de Babilônia. Ciro veio 
da Pérsia, e portanto Yahweh pôde chamá-lo "do oriente", "desde o 
nascente" "de uma terra bem distante" (Isa. 41:2, 25; 46:11). Mas Ciro 
Carruagens de Salvação 106 
não marchou só. Ele era o chefe-em-chefe das forças aliadas dos reis da 
Média e Pérsia. Enquanto vindo do oriente, Ciro invadiu Babilônia desde 
o norte. Seu desvio das águas do Eufrates preparou o caminho para os 
reis do oriente entrarem na capital e assumir o seu governo mundial (cf. 
Dan. 5:28). O Apocalipse escolhe a histórica liberação de Israel da 
Babilônia por Ciro como o tipo hebraico para a subversão da Babilônia 
do tempo do fim por Cristo (Apoc. 16:19). 
A natureza tipológica dos juízos divinos no Antigo Testamento é 
reconhecida amplamente. Louis F. Were observa: "Era costume dos 
profetas guiados pelo Espírito empregar eventos locais, nacionais em 
uma 'dupla' aplicação pintando eventos mundiais com relação ao Messias 
e Sua Igreja" (The Fall of Babylon in Type and Antitype, pág. 64). 
Jesus aplicou tal aplicação dupla em Sua previsão da destruição de 
Jerusalém e do mundo em Mateus 24. A unidade teológica do Antigo e 
Novo Testamentos tem suas raízes em sua conexão tipológica. O juízo 
de Deus sobre a moderna Babilônia no Apocalipse é mais que uma 
analogia acidental com a subversão de Ciro da antiga Babilônia. Cristo 
voltará como rei celestial para consumar os tipos hebraicos e profecias 
em uma escala universal e cósmica. Ele não Se levantará de qualquer 
localização geográfica, mas do trono de Deus. Sua aproximação à Terra 
é então do Oriente astronômico ou cósmico! 
Esta dimensão já aparece em uma visão de Ezequiel. Ele viu que 
"do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel" e então entra 
no templo "pela porta que olha para o oriente" (Eze. 43:2, 4, RA). 
Igualmente, João observa em uma visão um anjo "subindo do Oriente 
[grego: heliou de anatolês de apo], tendo o selo do Deus vivo" (Apoc. 
7:2, NVI). Mandado por Deus, o anjo apocalíptico virá então da direção 
de Deus. O anjo com o selo protetor de Deus para os santos não se 
origina de algum país oriental da Terra, mas desce do oriente cósmico. 
Semelhantemente, no nascimento de Cristo os sábios da Babilônia 
vieram a Belém dizendo, "Vimos a sua estrela no oriente [en têi 
anatolêi]" (Mat. 2:2). 
Carruagens de Salvação 107 
O léxico A Greek-English Lexicon of the New Testament (W. F. 
Arndt and F. W. Gingrich, eds. [Chicago: University of Chicago Press, 
1957, p. 61]) observa que o termo singular anatolê provavelmente não é 
uma expressão geográfica – como o plural anatolôn em Mateus 2:1 – 
mas é "mais propriamente astronômico" aqui (pág. 61). Também a 
descrição do advento de Cristo em Luc. 1:78 aponta para os céus 
orientais: "do alto nos visitará o sol nascente [anatolê]". Os judeus 
descreveram o "Messias de Yahweh'' poeticamente como "o sol 
nascente" (Strack-Billerbeck, Kommentar zum NT, II:113). Cristo se 
identifica a Sua igreja como "a Brilhante Estrela" (Apoc. 22:16). Ele 
usou imagem cósmica para descrever o Seu retorno: "Assim como o 
relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a 
vinda do Filho do Homem" (Mat. 24:27, RA). 
O colapso futuro de Babilônia é "para que fosse preparado o 
caminho para os reis que vêm do Oriente [apo anatolês heliou, do 
nascimento do sol]" (Apoc. 16:12). A direção da bússola "do oriente" é 
idêntica ao de Apocalipse 7:2, e assim aponta para o Oriente cósmico ou 
a direção de Deus para a procissão dos guerreiros divinos. 
Também reveladora é a frase “para que o caminho. . . possa estar 
preparado” [Apoc. 16:12, NKJV], (hina hetoimasthei he hodos). Esta 
expressão comumente se refere à atividade redentora de Deus na história 
da salvação, com o implícita apelo para a preparação e prontidão do 
homem (cf. Luc. 2:30, 31; 1 Cor. 2:9; Rom. 9:23; João 14:2, 3). Deus 
enviou João Batista para "preparar o caminho para o Senhor" de forma 
que o povo poderia estar pronto para receber a Cristo (Mat. 3:3; cf. Isa. 
40:3; Luc. 1:17, 76). Em Sua providência, Deus também proverá o modo 
apropriado de preparação para o glorioso retorno de Cristo a nosso 
mundo para redimir Seu povo oprimido. O súbito secamento das águas 
do Eufrates e subseqüente queda de Babilônia abre o caminho para a 
vinda do Senhor como o rei legítimo, e Seus exércitos celestiais para 
tomar o comando do Planeta Terra (Apoc. 19:14). 
Carruagens de Salvação 108 
Nas palavras de C. Mervyn Maxwell, "o momento da verdade" é "o 
momento quando milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo vêem 
de repente pela hipocrisia de seus líderes espirituais e detestam o clero 
em quem eles puseram sua confiança", com o resultado imediato de 
retiradado "apoio popular do tempo do fim ao falso sistema religioso 
conhecido como 'Babilônia' " (God Cares [Mountain View, Calif.: 
Pacific Press Pub. Assn., 1985], vol. 2, pp. 442, 443). 
Muitos expositores do livro de Apocalipse identificaram os "reis do 
Oriente" em Apocalipse 16:12 com Cristo e Seus exércitos celestiais em 
Apocalipse 19:11-16 e com alegria descobriram aqui a mensagem final 
de esperança para a igreja de Jesus Cristo do tempo do fim (para uma 
revisão, veja Louis F. Were, The Kings That Come From the Sunrising 
[Berrien Springs, Mich.: First impressions, 1983, reprint] capítulo 4). 
Aqueles que crêem em Jesus como seu Salvador pessoal e O 
seguem em seu estilo de vida como o divino Senhor e Luz não têm nada 
a temer a escuridão futura. "Para os que temem o meu nome nascerá o 
sol da justiça, trazendo cura em suas asas" (Mal. 4:2, RSV). 
Alguns fizeram a pergunta: Por que o plural ("reis do Oriente") se 
pretende descrever o retorno de Cristo como libertador dos Seus fiéis? 
Maxwell sugere que Apocalipse 16:16, 17 implica que Cristo e Deus o 
Pai chegarão na cena do Armagedom “como os ‘reis do oriente’ ” (God 
Cares, vol. 2, p. 443). 
Precisamos nos lembrar que Apocalipse 16 toma para seu final duas 
pragas da descrição hebraica da queda de Babilônia por Ciro e os "reis 
do Oriente" para assegurar a igreja de Cristo da certeza da queda da 
Babilônia do tempo do fim. Segundo, Cristo provoca a destruição de 
Babilônia apocalíptica em Apocalipse em união com Seus exércitos 
celestiais. "Os exércitos dos céus o seguiam, vestidos de linho fino, 
branco e puro, e montados em cavalos brancos" (Apoc. 19:14). 
Como o comandante das legiões angelicais do céu, Cristo descerá 
dos céus orientais para empreender guerra contra os unidos "reis da 
terra" e os seus exércitos (verso 19). Os "reis do Oriente" aparecem 
Carruagens de Salvação 109 
assim em oposição aos "reis da terra", um contraste cósmico entre céu e 
terra. O resultado é uma conclusão previamente determinada, porque os 
anjos de Deus excedem infinitamente em poder os reis terrestres. 
A pergunta foi feita mais adiante por que Apocalipse 16:12 
apresenta anjos como "reis". Uma ligação semelhante foi usada pelos 
profetas de Israel quando eles endereçaram os reis hostis de Babilônia e 
Tiro como símbolos, ou representantes, de um anjo caído de Deus (veja 
Isa. 14:4, 12; Eze. 28:12-16). Parece muito apropriado que os anjos não-
caídos de Deus são apresentados como guerreiros-reis celestiais que 
virão empreender guerra contra os reis de todo o mundo (Apoc. 19:14). 
Também os "reis do Oriente" simbolicamente funcionam como o antítipo 
dos reis anteriores do oriente, sob Ciro, os salvadores de Israel da 
Babilônia. Como antítipo, os futuros reis do nascimento do sol são muito 
maiores que seu tipo do Antigo Testamento. Os anjos guerreiros não são 
"reis" em uma sentido político terrestre. Eles vêm e montam ''sobre 
cavalos brancos" e vestem branco, da mesma maneira que o próprio 
Cristo! Isto indica que Seus anjos funcionam como Ele: como as legiões 
de Deus sob Cristo, como os exércitos celestiais de Cristo, em uma 
missão divina de salvamento – a liberação do Planeta Terra. 
O livro de Daniel tinha descoberto previamente que existe uma 
guerra contínua entre anjos guardiões de vários reinos terrestres. Tais de 
anjos a Escritura classifica como "príncipes" inclusive Miguel (Dan. 
10:13. 20; 12:1). Daniel chama o vitorioso Príncipe de príncipes no 
capítulo 8 como "o Príncipe do exército" (Dan. 8:11). Cristo sugeriu que 
os anjos de Deus são organizados em disciplinadas unidades de batalha. 
"Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria 
imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?" (Mat. 
26:53, NVI). Em Sua volta todas as legiões, ou formações de batalha, de 
anjos santos acompanhará Cristo (cf. Mar. 8:38). Se um anjo de Deus 
pôde matar 185.000 soldados assírios em uma única noite (veja 2 Reis 
19:35), que poder invencível é simbolizado então por todas as hostes de 
Carruagens de Salvação 110 
anjos quando eles vierem como poderosos guerreiros de Yahweh (Joel 
3:11; Salmo 103:20, 21)! 
Portanto, não podemos esperar a última libertação da humanidade 
originando-se na sociedade humana absolutamente. Virá de fora da raça 
humana, do espaço exterior, do Cristo voltando como Senhor onipotente. 
Ele descerá dos céus orientais, junto com Suas miríades de anjos, para 
salvar todos os que Lhe pertencem por uma fé viva (veja Mat. 24:31). 
Alguns sugeriram que os exércitos de salvação de Cristo em 
Apocalipse 19 também incluem santos, como Enoque e Elias que 
ascenderam vivos ao céu antes. Nesta ligação é interessante notar que o 
Apocalipse retrata vinte e quatro "anciãos" no céu vestidos de trajes 
brancos e usando coroas douradas em suas cabeças (veja Apoc. 4:4, 10). 
Nós podemos certamente assumir que esses santos trasladados à glória 
ou já ressuscitados da morte pelo tempo de João (Mat. 27:52, 53; Efés. 
4:8), formarão parte do acompanhamento real que segue Cristo em Sua 
missão gloriosa. 
O propósito último do retorno de Cristo não é a destruição de 
Babilônia mas o levantamento do reino de Deus de paz eterna e justiça 
na Terra. Cristo foi entronizado como o soberano governante sobre nosso 
planeta ao Ele subir da morte e ascender ao trono do Pai (Atos 2:36; Mat. 
28:18; cf. Dan. 7:14). Porém, só quando soar a última trombeta para 
inaugurar o ano jubileu (cf. Lev. 25:8-10; Isa. 27:13; 1 Tess. 4:16, 17) 
Cristo virá tirar o domínio de Babilônia e entregar o governo desta Terra 
a uma humanidade redimida que O adora em Espírito e em verdade. 
O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve fortes vozes nos céus que 
diziam: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele 
reinará para todo o sempre (Apoc. 11:15, NVI). 
Então a soberania, o poder e a grandeza dos reinos que há debaixo de 
todo o céu serão entregues nas mãos dos santos, o povo do Altíssimo. O 
reino dele será um reino eterno, e todos os governantes o adorarão e lhe 
obedecerão (Dan. 7:27, NVI). 
 
 
Carruagens de Salvação 111 
ARMAGEDOM: O DIA DO JUÍZO UNIVERSAL E 
LIVRAMENTO 
 
O termo Armagedom só ocorre uma vez nas versões inglesas do 
livro de Apocalipse: "Então os três espíritos os reuniram no lugar que, 
em hebraico, é chamado Armagedom" (Apoc. 16:16, NVI). Claro que 
nós devemos entender a passagem de seu próprio contexto bíblico. O 
texto declara que o nome Armagedom é cunhado "em hebraico" o que 
aponta a uma conexão do Antigo Testamento. Normalmente os 
intérpretes traduzem o nome como "Montanha de Megido", mas isto não 
traduz a palavra atual Megido, ou Magedon (ou Mageddon), como os 
manuscritos gregos do Apocalipse lêem. De maneira interessante, a 
versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, normalmente 
transcreve o nome da cidade de Megido como Mageddo (2 Crôn. 35:22; 
Juí. 1:27; Jos. 12:21). Mas em uma ocasião parafraseia a expressão "a 
planície de Megido" como "a planície da morte" ou destruição, isto é, em 
Zacarias 12:11 (ekkoptomenou: "de ser cortado"). 
O nome Har-Magedon no original grego de Apocalipse 16:16, 
como Montanha de Destruição, indica a natureza do evento que ocorrerá 
quando os espíritos de demônios juntarem ou unirem todos os poderes 
políticos do anticristo contra Deus e o povo de Cristo. Destruição será o 
seu destino na providência de Deus. Isbon T. Beckwith conclui portanto: 
''Ele [o nome Har-Magedon] é então um nome imaginário por designar a 
cena da grande batalha entre o Anticristo e o Messias" (The Apocalypse 
of John [Grand Rapids: Baker Book House, 1979, reprint of 1919], pág. 
685). 
Robert H. Mounce vê o Armagedom igualmente como o clímax de 
história da salvação: 
Onde quer que aconteça, Har-Magedon é simbólico da subversão final 
de todas as forças de mal pela força e poder de Deus. O grande conflito 
entre Deus e Satanás, entre Cristoe o Anticristo, entre o bem e o mal, que 
se encontra atrás do curso desconcertando da história inclina-se na questão 
Carruagens de Salvação 112 
última em uma luta final na qual Deus emergirá vitorioso e levará com ele 
todos os que nele colocaram a fé (The Book of Revelation, The New 
International Commentary on the New Testament [Grand Rapids: Eerdmans, 
1977], pág. 302). 
Relativo ao fundo histórico da cidade de Megido, os expositores se 
referem principalmente à guerra histórica de Israel contra os reis hostis 
de Canaã, celebrada no Cântico de Débora (Juí. 5). Quando a posição de 
Israel era indefesa e desesperada contra as carruagens de Sísera (Juí. 
4:13), o Senhor interveio do céu por uma chuva pesada de forma que "o 
rio Quisom [um rio perto de Megido] os levou (Juí. 5:19-21). Leon 
Morris e outros vêem esta guerra vitoriosa de Yahweh ''como um 
símbolo da subversão final de todas as forças do mal por um Deus todo-
poderoso" (The Revelation of St. John, Tyndale NT Commentary [Grand 
Rapids: Eerdmans, 1973], pág. 200). Isto levanta a pergunta de quais são 
os pontos básicos das guerras de Yahweh na Bíblia hebréia (veja 
capítulos II-IV). Se o Armagedom é a guerra final de Deus contra os 
Seus inimigos jurados, então as guerras de Yahweh prévias funcionam 
como tipos ou prefigurações de Sua guerra apocalíptica. Os atos de Deus 
de juízo e salvação todas as vezes são basicamente um em natureza e 
propósito. 
O Cântico de Débora já apontou ao futuro ao concluir com uma 
passagem que contém uma perspectiva apocalíptica: 
Assim pereçam todos os teus inimigos, ó SENHOR! 
 Mas os que te amam sejam como o sol 
 quando se levanta na sua força (Juí. 5:31). 
O Armagedom diferirá de seus tipos no Antigo Testamento em que 
toda a população mundial dividir-se-á naqueles que são o povo da nova 
aliança de Deus e aqueles que são os seus inimigos decididos. 
 
O Armagedom em Seu Contexto Apocalíptico 
 
Então vi saírem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do 
falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs. São espíritos de 
Carruagens de Salvação 113 
demônios que realizam sinais miraculosos; eles vão aos reis de todo o 
mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-
poderoso. “Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece 
vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e não 
seja vista a sua vergonha.” Então os três espíritos os reuniram no lugar que, 
em hebraico, é chamado Armagedom (Apoc. 16:13-16, NVI). 
 
Esta seção registra uma visão distinta ("Então vi") que parece 
interromper o fluxo da sexta e sétima pragas. Podemos entender o 
interlúdio como uma descrição de como os espíritos de demônios 
preparam o mundo para a guerra final de Deus. Visões subseqüentes 
explicam mais especificamente que o Armagedom é a final revelação 
dos fatos entre a Babilônia do tempo do fim e o Messias (veja Apoc. 
17:14 e 19:11-21). 
João viu três espíritos de demônios emergir do dragão, da besta, e 
do falso profeta. Mounce explica que "os espíritos imundos procedem 
das bocas do triunvirato profano e sugerem a propaganda persuasiva e 
enganosa que nos últimos dias conduzirá os homens a um compromisso 
incondicional para a causa de mal '' (The Book of Revelation, pág. 299). 
Deixada sem resposta é a pergunta: O que de fato é esta universal 
“causa do mal?” O texto diz: "Vão aos reis de todo o mundo 
[oikoumenê], a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus 
todo-poderoso" (verso 14). Alguns saltaram à conclusão de que as 
palavras predizem uma guerra mundial entre um bloco Oriental de 
nações um bloco Ocidental. Tal especulação pode surgir só quando 
primeiro se disseca as palavras da Escritura completamente de sua raiz 
bíblica e contexto. Nenhuma guerra de nação contra nação está à vista 
aqui. O clímax do Apocalipse de João trata de um mal mais sério na 
visão de Deus: forças religiosas apóstatas conduzirão todos os poderes 
políticos na Terra a se unir por uma causa comum, empreendendo guerra 
contra o povo de Deus! Aqui está a trama assassina da última guerra 
demoníaca no Apocalipse. Aqui está "a causa do mal" que ativará o 
envolvimento dramático de Deus e o juízo de Sua guerra santa contra 
Carruagens de Salvação 114 
Babilônia. Guerra contra Deus é guerra contra o povo de Deus. Esta 
sempre foi a experiência do Israel de Deus na Escritura Sagrada e foi a 
razão por que Deus interveio para libertar Seu fiel povo da aliança. O 
fato de que o povo de Cristo estará no centro da guerra apocalíptica nós 
já podemos deduzir da advertência de Cristo: 
Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e 
conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e não seja vista a 
sua vergonha (Apoc. 16:15, NVI). 
Cristo convoca os Seus seguidores por este meio para permanecer 
espiritualmente despertos e estar preparados para o momento crítico no 
término da história. Só quando o crente em Cristo está espiritualmente 
vestido com a veste da justiça de Cristo pode estar firme no teste final de 
fé (cf. Apoc. 3:18). Beckwith enfoca esta questão religiosa do 
Armagedom: "O ajuntamento de todas as forças da Besta para a batalha 
abrirá aos santos a crise suprema" (The Apocalypse of John, pág. 684). 
Aparentemente os santos ainda não foram arrebatados ao céu 
durante as pragas finais sobre Babilônia. A união instigada pelo demônio 
de todos os poderes políticos e religiosos apóstatas da Terra voltam-se 
contra o fiel povo de Cristo. Nós só podemos ver seu significado à luz da 
guerra cósmica entre Deus e Satanás, entre Cristo e Seu anticristo. C. 
Mervyn Maxwell conclui que “a batalham do Armagedom não será a 
terceira guerra mundial”, porque “no ‘Armagedom’ os reis de terra são 
ajuntados por demônios para lutar não tanto um contra o outro como 
contra o Cordeiro” (God Cares, vol. 2, pág. 442). O questão final é: 
Quem regerá o universo? O grande conflito começou no céu e continuou 
então na Terra desde a queda de Adão (Apoc. 12:7-9; Gên. 3:15). Anjos 
caídos constantemente juntam ou unem os líderes políticos e militares 
para uma última meta: a destruição da igreja de Cristo. "Guerrearão 
contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos 
senhores e o Rei dos reis; e vencerão com ele os seus chamados, 
escolhidos e fiéis" (Apoc. 17:14, NVI). 
Carruagens de Salvação 115 
Esta é a explicação do anjo sobre o motivo que conduzirá nosso 
mundo à batalha do Armagedom. Ao mesmo tempo assegura aos crentes 
que Cristo triunfará espetacularmente, porque foi estabelecido Senhor 
supremo em Seu sacrifício expiatório como o Cordeiro. Os títulos que 
pertencem a Deus somente na Bíblia Hebraica – Rei de reis e Senhor de 
senhores (Deut. 10:17; Sal. 136:3; Dan. 2:47) – é transferido agora a 
Cristo ao Ele votar como guerreiro divino. (Veja o estudo de G. K. 
Beale, “The Origin of the Title ‘King of kings and Lord of lords' in 
Revelation 17:14,” New Testament Studies 31, No. 4 [1985]:618-620). 
Mas como na realidade os reis "empreendem guerra" contra o 
Cordeiro de Deus? George B. Caird explica: "O único modo pelo qual os 
reis terrestres podem empreender guerra ao Cordeiro é por meio dos seus 
seguidores. A guerra é então novamente outra referência para a grande 
perseguição" (The Revelation of St. John the Divine [New York: Harper 
and Row, 1966], pág. 220). João antes tinha indicado a perseguição 
apocalíptica do Israel de Deus por meio de novas leis estatais: "Irou-se o 
dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua 
descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o 
testemunho de Jesus" (Apoc. 12:17, RA). 
A visão de João sobre o Armagedom em Revelação 19 descobre 
completamente a resposta de Deus para a trama satânica apontada ao 
povo de Cristo. Aqui o revelador retrata Cristo como o guerreiro celestial 
montando Seu cavalo de batalha branco, que virá em resgate do Seupovo. 
Vi os céus abertos e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se 
chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça. Seus olhos são 
como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas e um nome que 
só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com um manto tingido de 
sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. Os exércitos dos céus o seguiam, 
vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos. De 
sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. “Ele as 
governará com cetro de ferro.” Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do 
Deus todo-poderoso. Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: 
Carruagens de Salvação 116 
REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. ... Então vi a besta, os reis 
da terra e os seus exércitos reunidos para guerrearem contra aquele que 
está montado no cavalo e contra o seu exército (Apoc. 19:11-19, NVI). 
 
Esta visão do segundo advento de Cristo proclama que Ele vem 
salvar a Sua igreja e executar o juízo Messiânico sobre o ímpio, como 
anunciado nas Escrituras Hebraicas (veja Sal. 2:9; Isa. 11:4). Paulo já 
tinha acentuado este duplo aspecto do retorno de Cristo ao ele escrever 
que Cristo punirá os perseguidores de Seu povo "com eterna destruição" 
no dia Ele vier ser glorificado em Seu povo (2 Tess. 1:5-10). 
O nome "Fiel e Verdadeiro" (Apoc. 19:11) é a garantia de Cristo 
que Ele votará na hora de emergência universal. Ele é fiel às Suas 
promessas da aliança e os consumirá com o esplendor e brilho inflamado 
do aparecimento de Cristo. 
 
O Armagedom Visto Por seu Antecedente Hebraico 
 
Cristo virá tanto como juiz como guerreiro. "Ele julga e guerreia 
com justiça". O antecedente específico do Antigo Testamento para a 
dupla missão do Messias é a profecia de Joel 3. Aqui Yahweh convoca 
todas as nações para reunir-se no Vale de Josafá para empreender guerra 
contra o Israel de Deus no Monte Sião. O Deus de Israel aparecerá então 
como seu juiz e como o guerreiro que lutará por Seu povo cercado: 
Ali os julgarei 
por causa da minha herança — Israel, o meu povo. ... 
O sol e a lua escurecerão, 
e as estrelas já não brilharão. 
O Senhor rugirá de Sião. . . 
Mas o Senhor será um refúgio para o seu povo, 
uma fortaleza para Israel (Joel 3:2-16, NVI). 
 
A relação de Joel 3 com Apocalipse 19 pertence ao cumprimento 
messiânico. A interpretação inspirada da profecia de Joel é uma 
Carruagens de Salvação 117 
aplicação cristológica. A visão apocalíptica de João sobre Cristo como 
juiz e guerreiro divino transforma o juízo de Yahweh contra os inimigos 
de Israel em um juízo de Cristo contra os inimigos de Seu povo. Os 
inimigos de Israel se tornam "a besta e os reis da terra" e "o falso 
profeta" (Apoc. 19:19, 20). Durante o Armagedom Cristo será um 
refúgio para o Seu povo, um lugar seguro para o Israel de Deus, onde 
quer que eles estejam no mundo. 
A interpretação de João de Joel 3 no livro de Apocalipse nos ensina 
que as profecias hebraicas do julgamento de Yahweh sobre os inimigos 
nacionais de Israel não podem mais ser aplicadas em suas restrições 
étnicas e geográficas após a cruz e a ressurreição de Cristo. O Novo 
Testamento revela que as promessas de Israel terão seu cumprimento de 
uma novo maneira por meio de Cristo e em uma escala maior, um fato 
que fica notavelmente aparente se nós observamos como Apocalipse 14 
aplica esta escritura do Antigo Testamento na moldura da pós-
ressurreição: 
Lancem a foice, pois a colheita está madura. 
Venham, pisem com força as uvas, 
pois o lagar está cheio e os tonéis transbordam, 
tão grande é a maldade dessas nações! (Joel 3:13, NVI). 
 
Apocalipse 14 aplica a imagem agrícola da cena de juízo local por 
volta de seis vezes ao juízo mundial universal. Cristo executará o juízo 
de Yahweh no Vale de Josafá em uma escala global. Ele lança a foice 
quando a colheita da Terra está madura (três vezes "terra" em Apoc. 
14:15, 16). Do mesmo modo os cachos de uvas vêm do mundo inteiro 
(também três vezes "terra" nos versos 18, 19, RSV) e é lançado no 
"grande lagar da ira de Deus" (verso 19). O "grande lagar" é em 
realidade também universal (versos 18, 19) e não mais o vale local de 
Josafá de Joel no Oriente Médio. O Monte Sião se torna no Novo 
Testamento o símbolo do lugar onde Cristo reúne o Seu povo para 
Carruagens de Salvação 118 
adoração e para Seu companheirismo salvador e santificador (veja Heb. 
12:22-24; Apoc. 14:1). 
Em resumo, o Apocalipse de João ensina a igreja que: (1) o juízo de 
Yahweh será levado a cabo por Cristo em Seu retorno em glória divina; 
(2) o povo da aliança de Yahweh que se reúnem no Monte Sião é o povo 
de Cristo; (3) o vale local de juízo se expande para a Terra inteira. 
Dito em termos teológicas, o Apocalipse ensina a aplicação 
cristológica, eclesiológica e universal do juízo profético de Joel e 
libertação. 
Apocalipse 19, porém, como todos os expositores reconhecem, 
apresenta o quadro mais completo do Armagedom. O capítulo retrata 
Cristo como o guerreiro vitorioso, descendo do céu em um cavalo de 
batalha branco (verso 11). Ele vem reivindicar nosso planeta como o Seu 
domínio legítimo: "em sua cabeça há muitas coroas" (verso 12). Nem o 
dragão com suas sete coroas (Apoc. 12:3) nem o monstro do mar com 
suas dez coroas (Apoc. 13:1) receberam de Deus a autoridade para reinar 
sobre a humanidade. Cristo volta como "Rei dos reis e Senhor dos 
senhores" (Apoc. 19:16). A Ele só o Pai autoriza a governar a Terra, e 
Ele só executará a santa vontade de Deus, porque Ele é "o Verbo de 
Deus" (verso 13). Tudo aquilo que os profetas hebreus tinham predito 
através dos séculos sobre a essência e execução do juízo de Yahweh, 
Jesus Cristo cumprirá e consumará. O livro de Apocalipse aplica quatro 
motivos antigos de juízo para o retorno de Cristo do céu: 
A. "Está vestido com um manto tingido de sangue" (verso 13). 
B. "De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as 
nações" (verso 15). 
C. "Ele as governará com cetro de ferro" (verso 15). 
D. "Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-
poderoso" (verso 15). 
 
A acumulação de motivos de juízo no Apocalipse dá à igreja a 
certeza de que o Cristo ressuscitado é o ponto focal de todas as 
Carruagens de Salvação 119 
perspectivas hebraicas de juízo, que a monarquia de Cristo é a única 
esperança para um mundo sofredor da injustiça, crueldade e perseguição 
religiosa. As quatro descrições simbólicas de Cristo como juiz-rei vêm 
de cenas do Antigo Testamento em que Yahweh ou o Seu Messias 
exerce a vingança divina nos perseguidores do verdadeiro Israel. A 
revelação de que o Cristo crucificado e ressurreto executará em realidade 
as predições hebraicas de juízo assegura a unidade orgânica do Antigo e 
Novo Testamentos e das alianças. 
 
A. "Está vestido com um manto tingido de sangue" (Apoc. 19:13 ). 
Alguns entendem a passagem como significando que Cristo entra 
em um manto manchada de sangue para simbolizar Sua abnegação por 
todos os homens. Mas nós sempre temos que relacionar em primeiro 
lugar a linguagem do quadro apocalíptico com sua raiz e fonte hebraica. 
Isaías tinha expressado o juízo de Deus em Edom, o amargo inimigo de 
Israel (veja Núm. 20:18-20; 2 Crôn. 28:17), no estilo poético seguinte: 
Quem é aquele que vem de Edom, 
que vem de Bozra, com as roupas tingidas de vermelho? 
Quem é aquele que, num manto de esplendor, 
avança a passos largos na grandeza da sua força? 
“Sou eu, que falo com retidão, poderoso para salvar.” 
Por que tuas roupas estão vermelhas. . . 
“Eu as [as nações] pisoteei na minha ira 
e as pisei na minha indignação; 
o sangue delas respingou na minha roupa, 
e eu manchei toda a minha veste. 
Pois o dia da vingança estava no meu coração, 
e chegou o ano da minha redenção'' (Isa. 63:1-4, NVI). 
 
A imagem dramática do profeta do juízo de Yahweh sobre o antigo 
inimigo de Israel aparentemente serve em Apocalipse19 como o modelo 
para a missão final de Cristo ao mundo. O Apocalipse ensina como o 
oráculo de guerra de Isaías contra Edom será cumprido em Cristo e em 
Carruagens de Salvação 120 
Seu anticristo no Armagedom. Mais importante é a mensagem que a 
graça salvadora de Deus combina com Sua. Deus tem em mente um 
duplo propósito: "o dia da vingança" também introduzirá o tempo de Sua 
redenção (Isa. 63:4). Isaías 34 e 35 operam em mais detalhe estes dois 
aspectos da guerra de Yahweh contra Edom. O dia da vingança de Deus 
sobre Edom (Isa. 34:5, 6) torna-se representativo de Sua guerra contra 
todas as nações: "a indignação do SENHOR está contra todas as nações" 
(verso 2, RA). 
Ele os destruirá totalmente, 
 ele os entregará à matança. . . . 
os montes se encharcarão do sangue deles 
 (versos 2, 3). 
A característica adicional de sinais cósmicos – o céu se enrolarão 
como um pergaminho e as estrelas cairão (verso 4) – que descrevem a 
teofania de Yahweh indica que a destruição histórica de Edom não era 
contudo o cumprimento completo do oráculo de guerra de Isaías. Sua 
perspectiva apocalíptica só será alcançada completamente no retorno do 
Messias Jesus, ao Ele executar a justiça de Deus e trazer redenção a Seu 
povo (veja Apoc. 6:12-15). Isaías enfatiza que a destruição de Edom 
ocorre por causa da redenção de Israel: "um ano de retribuição, para 
defender a causa de Sião" (Isa. 34:8). Por um lado, o território de Edom 
se tornará uma desolação, um betume ardente que "não se apagará de dia 
nem de noite; sua fumaça subirá para sempre" (versos 9, 10), enquanto 
por outro lado, Deus estabelecerá o Seu reino glorioso em Sião e 
transformará todo deserto em um jardim do Éden. Não mais doentes ou 
incapacitados aparecerão entre os resgatados do Senhor, "alegria eterna 
coroará suas cabeças" (Isa. 35:1-10). Assim nós achamos igualmente que 
seguindo imediatamente à batalha de Armagedom em Apocalipse 19, 
começam as alegrias perpétuas dos santos durante o milênio e na Terra 
feita nova (Apoc. 20-22). Aqui está o revestimento prateado ao redor da 
nuvem escura do Armagedom. 
 
Carruagens de Salvação 121 
B. "De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as 
nações" (Apoc. 19:15). 
Esta imagem nos lembra da primeira visão de João sobre Cristo, 
quando ele viu uma "espada afiada de dois gumes" vir da boca do Senhor 
(Apoc. 1:16). Tal retrato sugere uma imagem de batalha. Cristo advertiu 
a Pérgamo que Ele lutaria com a espada de Sua boca contra aqueles que 
ensinam idolatria e imoralidade na igreja (Apoc. 2:14-16). Poder-se-ia 
preferir pensar em uma justa condenação verbal da falsidade, de um 
"pronunciamento de conduta mortal" (R. H. Mounce) por Cristo, mas o 
realismo da linguagem do quadro de João sobre a volta de Cristo refere-
se a algo dito anteriormente na descrição semipoética de Isaías que o 
Messias davídico "com suas palavras, como se fossem um cajado, ferirá 
a terra; com o sopro de sua boca matará os ímpios. A retidão será a 
faixa de seu peito, e a fidelidade o seu cinturão" (Isa. 11:4, 5; cf. Isa. 
49:2). Esta perspectiva profética da guerra final do Messias contra ''o 
ímpio" declara o propósito da vinda de Cristo no Armagedom: matar o 
ímpio, especificado por João como a besta, o falso profeta, e os reis da 
terra (Apoc. 19:19, 20). 
A besta e o falso profeta são capturados e "lançados vivos no lago 
de fogo que arde com enxofre", enquanto o resto – os reis da Terra e as 
multidões enganadas – "foram mortos com a espada que saía da boca 
daquele que está montado no cavalo" (verso 21). Enquanto a besta e o 
falso profeta aparentemente simbolizam as organizações religiosas 
apóstatas cujos seguidores enfurecidos sacrificarão seus falsos pastores 
(veja capítulo VI), as multidões iradas de Babilônia estarão incapazes de 
permanecer diante do esplendor consumidor da glória da Shekinah de 
Cristo. 
A mensagem do Armagedom só desdobra a essência do ensino de 
Paulo relativo ao anticristo: "Então será revelado o perverso, a quem o 
Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá pela 
manifestação de sua vinda" (2 Tess. 2:8). Assim ambos os apóstolos 
Paulo e João proclamaram como parte da mensagem de seu evangelho 
Carruagens de Salvação 122 
que o Senhor Jesus Cristo será o cumpridor do Messias vitorioso de 
Isaías. Jesus subverterá a Babilônia anticristã e extinguirá todos os Seus 
inimigos, quer dizer, aqueles que se rebelam contra Sua supremacia. 
Isaías pintara Yahweh como o guerreiro cuja "espada" entraria em 
juízo e causaria uma "grande matança em Edom" (Isa. 34:5, 6). A 
imagem de João sobre Cristo ensina que a espada de Yahweh será 
confiada a Cristo. Ele julgará e guerreará com justiça absoluta. Os juízos 
temerosos da ira divina, para a qual todos os profetas hebreus apontaram 
e que o Novo Testamento aplica à segunda vinda de Cristo, não pode ser 
espiritualizada em uma vitória do evangelho sobre mentes más. 
O clamor simbólico dos mártires mortos pela justiça divina (Apoc. 
6:9-11) achará sua satisfação na justiça retributiva e salvadora de Deus. 
Então as multidões em céu gritarão: 
“Aleluia! 
A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus, 
pois verdadeiros e justos são os seus juízos. 
Ele condenou a grande prostituta 
que corrompia a terra com a sua prostituição. 
Ele cobrou dela o sangue dos seus servos”. 
E mais uma vez a multidão exclamou: 
“Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre" 
 (Apoc. 19:1-3, NVI). 
 
C. "Ele as governará com cetro de ferro" (Apoc. 19:15). 
Tomando isto por si só, poderíamos entender mal esta frase como 
sugerindo que Cristo regerá de uma forma impiedosa sobre os 
impenitentes. Mas uma reflexão em sua fonte, o Salmo 2, remove 
qualquer mau conceito de seu significado intencional. Neste salmo real 
Deus comissionou Seu Filho ungido a aconselhar os gentios primeiro 
(versos 10-12) e então julgar as nações rebeldes: 
Tu [o Rei Messias] as quebrarás com vara de ferro 
e as despedaçarás como a um vaso de barro (Sal. 2:9, NVI). 
 
Carruagens de Salvação 123 
Uma coisa está clara no paralelismo poético: o Messias exercerá 
Sua autoridade para reinar julgando e executando aqueles que recusam 
reconhecê-Lo como Senhor. Ele "as despedaçarás como a um vaso de 
barro". 
O Salmo 110 fala do juízo Messiânico em termos menos poéticos: 
O Senhor está à tua direita; 
ele esmagará reis no dia da sua ira. 
Julgará as nações, amontoando os mortos 
e esmagando governantes em toda a extensão da terra 
(versos 5, 6). 
 
Quase não se poderia expressar mais realistamente esta obra 
estranha do Messias. O mesmo realismo do juízo de Deus aplica-se em 
Apocalipse 19 a Cristo quando Ele vier como rei-guerreiro para conhecer 
Seus inimigos anticristãos na batalha do Armagedom. 
 
D. "Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-
poderoso" (Apoc. 19:15). 
A quarta imagem simbólica recorda o retrato da vindima da terra 
em Apocalipse 14:17-20. Lá um anjo declara que as uvas da Terra estão 
maduras, então outro anjo as ajunta e as lança "no grande lagar da ira de 
Deus" (verso 19). Aquela visão conclui com um clímax atordoante. "E o 
lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios 
dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios" (verso 20, RA). 
Novamente o significado torna-se transparente apenas se nós 
levamos em conta sua raiz mestra em Joel 3. Joel apresentou o vale ao 
redor do Monte Sião, "o Vale de Josafá" como se fosse um lagar cheio 
de maldade (verso 13), obviamente referindo-se ao ajuntamento das 
nações hostis ao Israel de Deus (versos 2, 12). O juízo de Deus "fora da 
cidade" (Apoc. 14:20) sugere como a cena de juízo de Joel será 
cumprida na realidade. "Monte Sião" é o lugar onde dois ou três se 
reúnem em nome do Deus da nova aliança (verso 1). Robert Mounce 
Carruagens deSalvação 124 
sugere que a referência profética para o juízo "fora da cidade" alude ao 
sofrimento de Cristo "fora da porta". Sua conclusão é que "aqueles que 
recusam o primeiro juízo devem tomar parte do segundo" (The Book of 
Revelation, pág. 282). 
O pisar as uvas era uma cena agrícola famosa em Israel. Os profetas 
freqüentemente a usaram para ilustrar a realidade do vindouro juízo e 
condenação, o efeito da guerra santa. 
O Senhor ruge do alto. . . Ele grita como os que pisam as uvas; grita 
contra todos os habitantes da terra. . . Naquela dia, os mortos pelo Senhor 
estarão em todo lugar, de um lado ao outro da terra. (Jer. 25:30-33, NVI). 
 
Quando o revelador descreve 1.600 estádios até o freio dos cavalos 
(verso 20), ele aponta simbolicamente para a Terra inteira. O Apocalipse 
usa quatro como o número da Terra (Apoc. 7:1; 20:8); suas 
multiplicações sugerem a superfície total de nosso mundo. Em outras 
palavras, o juízo final de Deus estende-se aos ímpios onde quer que eles 
estejam. O único lugar de segurança e proteção está no Monte Sião, quer 
dizer, onde está o Cordeiro de Deus (Apoc. 14:1-5). É dito que Cristo 
pisa o lago "do furor da ira do Deus todo-poderoso" (Apoc. 19:15). 
Mounce faz um comentário sobre a frase "João não é melindroso sobre o 
Filho que entra na execução do juízo" (ibid.). Porém, o ponto de João é 
declarar uma verdade apocalíptica que nós podemos avaliar melhor à luz 
do oráculo de guerra de Isaías contra Edom (Isa. 63:1-4; veja sob o 
subtítulo A). O ato de Cristo pisar as uvas produzirá uma torrente de 
"vinho" que Ele verte como se fosse na "taça de sua ira". Todos os 
seguidores da besta e do falso profeta têm que bebê-lo (Apoc. 14:9, 10). 
Isaías já tinha explicado a imagem ao ele dizer: 
Farei seus opressores comerem sua própria carne; 
ficarão bêbados com seu próprio sangue, como com vinho. 
Então todo mundo saberá 
que eu, o Senhor, sou o seu Salvador, 
seu Redentor, o Poderoso de Jacó (Isa. 49:26). 
 
Carruagens de Salvação 125 
O ato de Cristo em pisar as uvas quando Ele voltar à Terra é outra 
metáfora poderosa para pôr a par o destino irrevogável de Babilônia. Ela 
receberá seu Armagedom. 
 
Armagedom: a Grande Ceia de Deus para as Aves 
Vi um anjo que estava em pé no sol e que clamava em alta voz a todas 
as aves que voavam pelo meio do céu: “Venham, reúnam-se para o grande 
banquete de Deus, para comerem carne de reis, generais e poderosos, 
carne de cavalos e seus cavaleiros, carne de todos — livres e escravos, 
pequenos e grandes” (Apoc. 19:17, 18, NVI). 
 
O convite do anjo para que os pássaros de rapina compareçam à 
grande ceia de Deus encontra-se em deliberado contraste com o anterior 
convite: "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas 
do Cordeiro" (verso 9). Evidentemente Deus proverá ambos os 
banquetes – um para Babilônia no Armagedom, o outro para Israel 
reunido no Monte Sião (Apoc. 18:4; 14:11). As comidas representam 
aparentemente destinos opostos: a maior alegria de companheirismo com 
Cristo no céu acima contra a angústia indizível da separação total de 
Deus na Terra. Em outras palavras, Deus proverá vida eterna ou morte 
eterna. É a responsabilidade inevitável do homem escolher entre o 
Cordeiro e a besta, entre Cristo e o anticristo. O próximo capítulo 
prestará mais atenção à natureza deste conflito espiritual. 
O que significa que um anjo de Deus está "em pé no sol" e que ele 
convida todos os pássaros de rapina para a ceia de Deus? Sugere uma 
proclamação de importância cósmico-universal: a convocação final de 
Deus para céu e terra para tomar parte na batalha decisiva. A certeza do 
triunfo de Deus assegura aos abutres que eles receberão suas carcaças. O 
convite para o Armagedom segue o estilo Oriental antigo de entrar em 
combate: ''Venha aqui, e darei sua carne às aves do céu e aos animais do 
campo!" (1 Sam. 17:44, NVI). Moisés e os profetas até advertiram um 
Israel incrédulo: "Os seus cadáveres servirão de alimento para todas as 
aves do céu e para os animais da terra e não haverá quem os espante" 
Carruagens de Salvação 126 
(Deut. 28:26, NVI). Infelizmente, Israel como nação se separou do Deus 
vivo. Jerusalém apostatou em tal grau da aliança de Yahweh que adotou 
o costume pagão de sacrificar os primogênitos de Israel. Naquele tempo 
o profeta Jeremias trovejou que o infame Vale de Ben Hinom, a sudoeste 
de Jerusalém, seria transformado em um "Vale de Matança" e cumpriria 
a predição de Moisés sobre a maldição da aliança (veja Jer. 7:32, 33). O 
profeta Sofonias reiterou o juízo em seu apelo sonoro para que Jerusalém 
se preparasse para a morte. 
Calem-se diante do Soberano SENHOR, 
pois o dia do SENHOR está próximo. 
O SENHOR preparou um sacrifício; 
Ele consagrou seus convidados. 
No dia do sacrifício do SENHOR 
Eu punirei os príncipes 
e os filhos do rei (Sof. 1:7, 8). 
 
Enquanto é óbvio que estes oráculos de juízo proféticos acharam 
um cumprimento literal na horrível destruição de Jerusalém e 
terminaram a dinastia davídica no fatal ano 586 A.C., eles contêm, não 
obstante, uma perspectiva escatológica definida. A dimensão futura nós 
vemos desenvolvido especialmente no oráculo de guerra de Ezequiel 
contra Gogue (Eze. 38, 39). Sua intrigante predição do ataque futuro de 
Gogue contra o Israel de Deus "nos montes de Israel" (Eze. 38:8; 39:2, 
4) parece ser uma raiz mestra principal da previsão de João da batalha do 
Armagedom. 
Você virá do seu lugar, do extremo norte, você, acompanhado de 
muitas nações, todas elas montadas em cavalos, uma grande multidão, um 
exército numeroso. Você avançará contra Israel, o meu povo, como uma 
nuvem que cobre a terra. Nos dias vindouros, ó Gogue, trarei você contra a 
minha terra, para que as nações me conheçam quando eu me mostrar santo 
por meio de você diante dos olhos delas. . . . Em meu zelo e em meu grande 
furor declaro que naquela época haverá um grande terremoto em Israel. . . . 
Convocarei a espada contra Gogue em todos os meus montes. Palavra do 
Soberano, o Senhor. A espada de cada um será contra o seu irmão. 
Carruagens de Salvação 127 
Executarei juízo sobre ele com peste e derramamento de sangue; desabarei 
torrentes de chuva, saraiva e enxofre ardente sobre ele e sobre as suas 
tropas e sobre as muitas nações que estarão com ele (Eze. 38:15-22, NVI). 
Nos montes de Israel você cairá, você e todas as suas tropas e as 
nações que estiverem com você. Eu darei você como comida a todo tipo de 
ave que come carniça e aos animais do campo (Eze. 39:4, NVI). 
Filho do homem, assim diz o Soberano, o Senhor: Chame todo tipo de 
ave e todos os animais do campo: Venham de todos os lugares ao redor e 
reúnam-se para o sacrifício que estou preparando para vocês, o grande 
sacrifício nos montes de Israel. Ali vocês comerão carne e beberão 
sangue.... À minha mesa vocês comerão sua porção de cavalos e 
cavaleiros, de homens poderosos e soldados de todo tipo. Palavra do 
Soberano, o Senhor (versos 17-20, NVI). 
 
O Apocalipse estendeu a descrição daqueles mortos pelo Messias 
além da lista de nações em Ezequiel 39. No Armagedom os abutres se 
alimentarão com a "carne de todos — livres e escravos, pequenos e 
grandes" (Apoc. 19:18). A matança das multidões de Babilônia, reunidas 
para a batalha contra Deus e o Seu Messias, João agora vê como 
universal e total. O mundial inteiro estará no monte da destruição, um 
Har-Magedon. Deliberadamente o Apocalipse amplia o campo de 
batalha das previsões de Ezequiel e Joel para uma escala global. "Todo o 
povo'' na Terra será envolvido finalmente. As aves "que voam pelo céu" 
são chamadas a alimentar-se da carne de todos os guerreiros mortos que 
estavam lutando contra o Divino Governante. Cristo tinha advertido 
Jerusalém: "Onde houver um cadáver, ali se ajuntarão os abutres" (Luc. 
17:37; cf. Mat. 24:28). Jesus usou esta expressão idiomática para advertir 
a nação de Israel que a rejeição do Seu messiadolevaria à decadência 
espiritual e destruição. O cumprimento da predição de Cristo veio com a 
horrenda realidade quando Jerusalém experimentou o seu "Armagedom" 
dela em 70 A.D. William R. Kimball comenta: 
Apesar das reivindicações pretensiosas de falsos profetas, Deus não 
estava vindo para libertar e sim para julgar. A ira consumidora de Deus seria 
reunida contra a nação merecedora tão naturalmente e inevitavelmente 
Carruagens de Salvação 128 
quanto são os abutres atraídos à carne putrefata (What the Bible Says About 
the Great Tribulation [Joplin. Mo.: College Press Pub. Co., 1983], pp. 149, 
150). 
O princípio básico do juízo de Deus sobre Jerusalém permanece 
inalterado para um mundo que rejeitou a Cristo. Aqui aparece o motivo 
do apelo e advertência de Cristo quanto ao Armagedom no Apocalipse 
para o mundo hoje: o Seu Messiado! 
Muitos observaram que Apocalipse 19 não descreve uma batalha 
atual entre o céu e a Terra. Como os seres mortais poderiam oferecer 
alguma resistência contra o Guerreiro Divino quando Ele descer dos céus 
orientais? O Apocalipse revela que quando o céu realmente se abrir e a 
Terra tremer por um terremoto universal, o medo de repente paralisará 
todas as pessoas. 
Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e 
todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos 
montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-
nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque 
chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se? (Apoc. 
6:15-17, RA). 
 
Como podemos possivelmente conceber uma batalha tradicional 
sob tais circunstâncias? O Apocalipse de João portanto traz no enfoque o 
real assunto da grande controvérsia: 
Então vi a besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos para 
guerrearem contra aquele que está montado no cavalo e contra o seu 
exército. Mas a besta foi presa, e com ela o falso profeta . . . Os dois foram 
lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre (Apoc. 19:19, 20, NVI). 
 
O Armagedom é o resultado de uma apostasia universal com 
relação a Deus e a Cristo. A Terra será unida em rebelião religiosa e 
política contra Cristo e Seus verdadeiros seguidores. Qualquer conflito 
político ou militar entre nações do Oriente e do Ocidente não conhece a 
condição fundamental para o Armagedom – que todas as forças políticas 
e militares da Terra omitem suas diferenças mútuas e se unem em guerra 
Carruagens de Salvação 129 
contra o Deus da Bíblia e contra aqueles que O adoram de acordo com as 
Escrituras. Esta questão do Armagedom já era central nos salmos reais. 
De acordo com eles, o Rei Davídico empreenderá uma guerra final 
contra todos os que conspiraram contra o soberano Deus de Israel e 
decidiram destruir o povo da aliança de Deus (Salmos 2, 18, 20, 21, 110, 
e outros). Os salmos reais estão baseados na aliança davídica (veja 2 
Sam. 7:12-16) e transmitem a única esperança para o futuro do mundo: o 
reinado universal do Messias. 
 
O Salmo 2 em Sua Perspectiva do Tempo do Fim 
 
O Salmo 2 e suas aplicações do Novo Testamento tornam claro que 
a batalha final e conclusiva na Terra centraliza-se na questão religiosa da 
vontade de Deus como revelado em Sua aliança com Israel. O salmo 
começa com a surpreendente pergunta: "Por que se enfurecem as nações 
e os povos conspiram em vão?" A idéia aqui não é que alguns países 
empreendem guerra entre si, mas o de uma conspiração de nações na 
"terra" (três vezes) contra o rei teocrático no Monte Sião. 
Os reis da terra tomam posição 
 e os governantes conspiram unidos 
contra o SENHOR 
 e contra o seu ungido, e dizem: 
“Façamos em pedaços as suas correntes, 
 lancemos de nós as suas algemas!” (versos 2, 3). 
 
O motivo das nações gentílicas não é lutar por mera independência 
política e econômica. Antes, eles se uniram "contra o SENHOR e contra 
o seu ungido" (verso 2)! Eles se rebelam contra o Deus da aliança de 
Israel e o Messias por razões religiosas; eles se revoltam contra a 
soberania de Yahweh. O conflito é portanto essencialmente de natureza 
religiosa: Quem é o soberano Governante do mundo? Os líderes das 
nações expressam seu ódio contra Yahweh rejeitando suas "correntes" ou 
Carruagens de Salvação 130 
laços, uma aparente referência às leis de adoração e moralidade da 
aliança de Deus com Israel. O Novo Testamento ensina que o homem 
natural é basicamente egocêntrico e portanto por natureza em guerra com 
o Deus de amor altruísta. "A mente pecadora é hostil a Deus. Não se 
submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo" (Rom. 8:7, New International 
Version). 
O que a Escritura chama de coração carnal está em conflito 
fundamental com a lei espiritual de Deus (veja Gál. 5:16, 17 e Rom. 
7:14-25). Visto que Cristo é a incorporação da lei e do amor de Deus, a 
humanidade impenitente está em guerra com Cristo e Sua justiça. A 
guerra do Sinédrio em Jerusalém contra Cristo e Seus apóstolos poderia 
bem ser, de acordo com Gamaliel, lutar contra Deus (Atos 5:39). Cristo 
Se identifica completamente com o Seu povo. Ele perguntou a Saulo que 
recolhia os cristãos na prisão: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?" 
(Atos 9:4). 
Os apóstolos interpretaram sua comissão de pregar a Cristo como o 
Messias da profecia como uma mensagem autorizada pelo Rei celestial. 
"e [Deus] nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos 
embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por 
nosso intermédio" (2 Cor. 5:19, 20, NVI). Paulo apelou a cada cristão na 
Terra a ser "bom soldado de Cristo Jesus" (2 Tim. 2:3) e lutar "o bom 
combate fé" (1 Tim. 6:12). 
A igreja apostólica viu a rebelião contra o Messias como predita no 
Salmo 2 cumprida na conspiração de "Herodes e Pôncio Pilatos e ... o 
povo de Israel" contra Cristo Jesus e Seus apóstolos (veja Atos 4:24-28). 
Sua interpretação cristológica do Salmo 2 apóia-se na convicção 
apostólica de que o verdadeiro Israel é representado pela comunidade, ou 
corpo, de Jesus Cristo, isto é, pela igreja de Cristo. O Novo Testamento 
declara que o ungido rei de Israel no Salmo 2 achou seu cumprimento 
Messiânico na ressurreição de Cristo dos mortos (Atos 13: 32, 33) e em 
Sua entronização celestial como "Senhor e Cristo" (Atos 2:36; Heb. 1:5, 
13; 5:5). Ele reina agora atraindo todos os homens a Si por meio da 
Carruagens de Salvação 131 
pregação do evangelho, ganhando até mesmo alguns de Seus inimigos 
mais apaixonados, como Saulo de Tarso. 
O Salmo 2 alcances seu clímax no apelo de Yahweh para todos os 
gentios: "Beijem o Filho" (Sal. 2:12), quer dizer, reconheçam a 
monarquia suprema e autoridade do Messias de Israel. O ato de 
reverência e adoração receberá aprovação divina e bênção. Por outro 
lado, o Messias executará a justiça de Yahweh contra todos os 
zombadores de Sua autoridade e reinado (verso 9). 
O livro de Apocalipse alcança seu clímax na consolação de que o 
Salmo 2 será cumprido em sua perfeição quando Cristo voltar como o 
juiz divino e rei para trazer a justiça a todas as forças ímpias e anticristãs 
na Terra. "Ele as governará com cetro de ferro" (Apoc. 19:15; veja 
também Sal. 2:9). 
Em resumo, a mensagem do Novo Testamento diz que o Salmo 2 é 
progressivamente cumprido no ministério de Cristo: 
1. em Sua entronização celestial como sacerdote-rei (Sal. 2:7 ). 
2. em Seu presente reinado em superar a hostilidade do homem 
contra Sua graça e justiça (versos 10-12). 
3. em Sua vinda como o juiz e testamenteiro da justiça divina para 
todas as nações (verso 9). 
(Para um tratamento em profundidade do Salmo 2, veja meu livro 
Deliverance in the Psalms. Messages of Hope for Today, Berrien 
Springs, Mich.: First Impressions, 1983], pp. 51-60). 
Este tripla aplicação cristológica do Salmo 2 estabelece o princípio 
de que o salmo – com sua guerra apocalíptica de Yahweh – deve ser 
aplicadopor meio da cruz, da Ressurreição, da Ascensão, e da Segunda 
Vinda de Cristo. A cruz transforma os termos hebraicos e imagens em 
categorias cristológicas. A guerra contra Deus é a guerra contra o povo 
espiritual de Cristo. O Armagedom é a resposta do Céu aos gritos do 
Israel de Deus pela libertação do opressor babilônico. O Apocalipse 
apresenta só dois exércitos em contraste no confronto do Armagedom. 
De um lado estão "os reis do mundo inteiro" que seguem as autoridades 
Carruagens de Salvação 132 
religiosas apóstatas e os espíritos de demônios (Apoc. 16:14), enquanto 
do outro lado estão "os reis do Oriente" (verso 12), que vêm trazer juízo 
nesta conspiração universal contra o Israel de Deus. 
Os dois tipos de "reis" adversários levaram muitos expositores da 
Bíblia à convicção de que "os reis do Oriente" não pertencem ao mundo 
babilônico mas antes são os redentores celestiais do povo de Deus. Estes 
libertadores reais não poderiam ser líderes humanos porque "os reis do 
mundo inteiro" foram enganados para se unir à Babilônia (verso 14). No 
contexto do Armagedom João duas vezes chama Cristo "Senhor dos 
senhores e Rei dos reis" (Apoc. 17:14; 19:16); a razão disso é que Ele 
conduzirá "os exércitos do céu" (verso 14) a nosso planeta para concluir 
a guerra cósmica entre Deus e Satanás sobre sua monarquia. Será, 
portanto, "a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso" (Apoc. 
16:14). 
A batalha do Armagedom é a última praga a cair do céu sobre 
Babilônia. Aqueles que querem deixar a cidade condenada têm que fazê-
lo antes das pragas começarem a cair e antes do fim da prova humana. 
Em Sua providência Deus proveu uma chamado final para fugir da 
Babilônia no tempo do fim. Aqueles que obedecem o ultimato divino 
virão a ser o povo remanescente final de Deus. Carruagens Divinas de 
salvação os salvarão do Armagedom. Para eles o Armagedom será o dia 
de libertação! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 133 
A CRISE DO TEMPO DO FIM PARA O POVO DE DEUS 
 
Os profetas do Antigo Testamento tinham descrito o clímax da 
história humana em termos de uma conspiração universal das nações 
contra o Israel de Deus. As multidões hostis finalmente planejarão um 
golpe mortal contra a comunidade Messiânica. A perspectiva profética 
de Joel mostra o fiel remanescente de Israel que busca um último refúgio 
no Monte Sião, no santuário de Yahweh. Nesta colocação da emergência 
final, Joel anuncia a certeza de que "então todo aquele que invocar o 
SENHOR pelo nome será salvo: porque quando o SENHOR der a 
palavra ainda haverá sobreviventes no Monte Sião e em Jerusalém um 
remanescente a quem o SENHOR chamará " (Joel 2:32, NEB) 
O mesmo princípio fundamental de libertação para o remanescente 
de Israel do tempo do fim aparece também no livro apocalíptico de 
Daniel. "Naquele momento Miguel aparecerá, Miguel o grande capitão, 
que monta guarda sobre seus compatriotas; e haverá um tempo de 
angústia como nunca houve desde que eles se tornaram uma nação até 
aquele momento. Mas naquele momento o povo será liberto, todo aquele 
que está escrito no livro" (Dan. 12:1, NEB). 
Também o oráculo de Obadias sobre a guerra de Yahweh contra 
Edom termina com a esperança: "Mas no monte Sião estarão os que 
escaparam; ele será santo" (verso 17, NVI). A maioria dos profetas 
descreve a libertação final do povo de Deus em termos de uma teofania 
cósmica de Yahweh como libertador celestial. 
Sofonias caracteriza os sobreviventes em Jerusalém no dia do 
SENHOR como "os mansos e humildes, que se refugiarão no nome do 
SENHOR. O remanescente de Israel não cometerá injustiças; eles não 
mentirão, nem se achará engano em suas bocas" (Sof. 3:12, 13, NVI). 
Então o Senhor agirá "contra todos os que oprimiram vocês" (verso 19). 
A perspectiva apocalíptica usual dos profetas era que Deus proverá um 
remanescente fiel, humilhe e santo de Israel que adora Deus em Espírito 
Carruagens de Salvação 134 
e em verdade. Ele os libertará no Monte Sião quando Ele vier como 
guerreiro divino no dia do Senhor. 
O Apocalipse adota a perspectiva de uma guerra universal contra o Israel 
de Deus e a transforma nos termos de Cristo e Seus verdadeiros 
seguidores (Apoc. 12-19). O livro agora apresenta o drama do fim como 
uma guerra religiosa-política do "dragão" contra Cristo e Seu fiéis em 
todos os lugares. "E o dragão se enfureceu contra a mulher, e foi 
empreender guerra ao resto da descendência dela, quer dizer, àqueles que 
guardam os mandamentos de Deus e se mantêm fiéis ao testemunho de 
Jesus. Ele se pôs em pé sobre a praia" (Apoc. 12:17, NEB). 
João descreve o "dragão" como um monstro semelhante a besta 
com um rabo como uma serpente. Tem sete cabeças, cada um portando 
uma coroa real, e possui dez chifres (verso 3). Então ele identifica o 
dragão com "a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás" (verso 9), 
uma referência direta à serpente que enganou o homem no Paraíso, de 
acordo com o primeiro livro da Bíblia. 
A conexão inspirada entre o dragão dos últimos dias com o 
enganador da humanidade no Paraíso indica que a última luta de Satanás 
contra a humanidade é basicamente da mesma natureza religiosa como o 
primeiro conflito no Jardim do Éden. A questão será a veracidade e a 
validez permanente da vontade revelada de Deus ao homem. Do 
princípio até o fim a serpente-dragão permanece o mesmo Satanás. Ele 
sempre tem sugerido que a palavra de Deus não é digna de confiança, 
que a lei moral de Deus é muito restritiva da liberdade humana – assim 
como nos nega autonomia absoluta – e portanto deve ser mudada, e que 
a penalidade de Deus como a morte para o transgressor não é verdade 
porque a morte significa só a transição para uma esfera mais elevada de 
vida e sabedoria (veja Gên. 3:1-4; Dan. 7:25). Esta grande ilusão só 
aumentará e alcançará seu clímax no tempo do fim. 
Eles serão destruídos, porque não abriram suas mentes para amar a 
verdade, para achar salvação. Então Deus os põe sob uma ilusão que opera 
neles para crer a mentira, de forma que todos eles possam ser trazidos a 
Carruagens de Salvação 135 
juízo, todos os que não creram a verdade mas fizeram sua deliberada 
escolha pecaminosa (2 Tess. 2:10-12, NEB). 
O ódio de Satanás contra Deus invariavelmente se traduziu em ódio 
contra o povo da aliança de Deus, como mostra o registro histórico de 
Antigo e Novo Testamentos em cada página. Os livros apocalípticos de 
Daniel e João unem-se em descobrir que nosso mundo se tornou o 
campo de batalha sobre a confiabilidade da palavra de Deus. A serpente 
reivindicará até o fim que a lei de Deus é desarrazoada e que Sua ameaça 
de castigar com a morte é pura mentira (cf. Gên. 3:1-4). 
Desde que o homem tomou partido na luta espiritual entre Deus e 
Satanás, a serpente tem estado em guerra contra o povo de Deus. Ele 
busca destruir os santos da face da Terra. Seu alvo é atingir o poder de 
Deus sem ter o caráter de Deus, receber a adoração cósmica de todas as 
criaturas sem ser o Criador, governar incontestado no universo sem amar 
a criação. 
A característica das sete cabeças coroadas obviamente aponta à 
estratégia de Satanás de empregar poderes políticos e militares para 
proscrever e executar o Israel de Deus. A crise do fim chegará quando 
Satanás tem sucesso ao enganar todas as nações por meio de sinais 
sobrenaturais para uni-los em rebelião contra o Deus de Israel. Dentro da 
estrutura total do Apocalipse, os capítulos 12-14 formam seu coração 
central. Os três capítulos enfocam a guerra do dragão contra a mulher de 
Deus depois dela gerar o Messias (Apoc. 12:4-6, 14-17). O modo como 
Satanás desempenha sua guerra contra Cristo e sua igreja revela-se 
dramaticamente em Apocalipse 13, às vezes chamado o capítulo do 
anticristo. O dragão vai à praia e dá boas-vindas a uma besta que sobe 
fora do mar como seu aliado. Como o dragão, assim esta besta do mar 
tem sete cabeças, cada umacom "um nome de blasfêmia" e possui dez 
chifres, cada um com uma coroa real. O dragão então transmite à besta 
do mar "o seu poder, o seu trono e grande autoridade" (versos 1, 2). O 
fato de que uma ferida mortal, infligida a uma de suas sete cabeças, foi 
Carruagens de Salvação 136 
curada levou "o mundo inteiro" a adorar o dragão e a besta do mar, agora 
considerada invencível aos olhos de todas as pessoas (versos 3, 4). 
O Apocalipse coloca a conexão íntima entre o dragão e a besta em 
deliberado contraste com a união de Deus o Pai e Seu Filho, o Messias. 
A besta do mar e o dragão têm o mesmo número de cabeças e chifres 
(Apoc. 12:3; 13:1), sugerindo uma unidade essencial das duas criaturas. 
O dragão deu até mesmo à besta o seu trono e poder e autoridade. A cura 
milagrosa de uma ferida mortal de um de suas cabeças simboliza o poder 
do dragão para reavivar o seu agente agonizante com o único propósito 
de enviá-lo em uma missão diabólica: "Foi-lhe [a besta de mar] dado 
poder para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada 
autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação" (Apoc. 13:7, NVI). 
Reciprocamente, Deus enviou o Seu Filho em uma missão em 
harmonia perfeita com Sua vontade salvadora. Depois que o Cristo 
tivesse estado mortalmente ferido na cruz, Ele subiu do morto pelo poder 
de Deus. Então o Pai Lhe deu participação cheia no trono dele e poder e 
autoridade (Efés. 1:20-22). 
O paralelismo da besta do mar e Cristo indica que a besta representa 
o anticristo como um imitador ou caricatura de Cristo. Para complicar o 
engano, o dragão estimula outro agente para realizar o seu propósito de 
governar o mundo. Da mesma maneira que a Divindade consiste em um 
trindade – o Pai, o Filho, e o Espírito Santo – assim Satanás cria sua falsa 
trindade. Como dragão, ele emprega, portanto, um segundo poder, uma 
"besta, que sai da terra" que tem dois chifres como cordeiro mas fala 
como dragão (Apoc. 13:11). Sua missão será exaltar a besta do mar e –
por meios de milagres enganosos – levar o mundo inteiro a adorar a 
besta de mar revivida (verso 14). O Apocalipse se refere à segunda besta 
como "o falso profeta" (Apoc. 19:20; 16:13). "O falso profeta" atua 
como a falsificação do Espírito Santo. Enquanto o Espírito de Deus veio 
como o Espírito da verdade para trazer glória a Cristo (João 16:13, 14), 
o falso profeta por seus milagres engana o mundo inteiro forçando todos 
os homens a adorar uma "imagem" do anticristo (Apoc. 13:14, 15). 
Carruagens de Salvação 137 
O Apocalipse expressa a natureza coercitiva desta falsa adoração 
por meio do obrigar político de um "marca da besta" (Apoc. 19:20; 
13:16). Cristo chama Sua igreja por este meio a estar acordada às 
questões nos conselhos legislativos das nações. A consciência ligada 
pela Palavra de Deus na Escritura Sagrada é um direito humano 
inalienável como também uma responsabilidade solene a ser exercitada 
diante de Deus. A consciência humana é o último campo de batalha das 
forças do bem e do mal. A crise final da história será um dilema religioso 
e moral que cada pessoa tem que enfrentar individualmente. Deus dirige 
o seu ultimato para cada indivíduo: "Se alguém adora a besta e a sua 
imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse 
beberá do vinho da cólera de Deus" (Apoc. 14:9, 10, RA). Estar do lado 
de Cristo ou estar do lado do anticristo – essa é a questão final! “Aqui é 
onde a fortaleza do povo de Deus tem seu lugar – guardar os 
mandamentos de Deus e permanecer leal a Jesus " (Apoc. 14:12, NEB). 
O medo de boicote público e morte parece motivar muitos a tomar o 
partido dos poderes políticos governantes. Cristo nos ensinou por palavra 
e exemplo, porém, que em assuntos de adoração divina, está em jogo a 
vida eterna. Ele considerou o companheirismo com o Pai de suprema 
importância para Sua própria vida. Seu maior medo era ser abandonado 
por Deus. No Getsêmani Ele lutou com a submissão de sua própria 
vontade à do Pai chora, clamando: "Pai, se queres, afasta de mim este 
cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua" (Luc. 22:42). 
Assim Ele praticou Seu conselho: "Não tenham medo dos que matam o 
corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que 
pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno" (Mat. 10:28, NVI; 
cf. Luc. 12:5). O exemplo de Cristo dá ao crente coragem para entrar no 
conflito final de Apocalipse 13. Desmond Ford descreve as implicações 
para a última geração de cristãos: 
Este capítulo [Apocalipse 13] aponta para a crise longamente 
antecipada no término dos séculos – a crise que prenuncia o Dia do Senhor 
e o Armagedom. O Armagedom é para a igreja o que o Calvário era para 
Carruagens de Salvação 138 
Cristo – o último conflito, a face escondida de Deus, a ameaça de extinção, 
mas a máxima libertação (Crisis: A Commentary on the Book of Revelation 
[New Castle, Calif., 1982], Vol. II, pág. 578). 
Em oposição às demandas do anticristo, o Apocalipse coloca as 
eternas reivindicações de Deus ao homem: 
Ele clamou em alta voz, "Temei a Deus e rendei-lhe homenagem; 
porque chegou a hora do seu juízo! Adorai o que fez o céu e a terra, o mar e 
as fontes das águas” . . . Ainda um terceiro anjo seguiu, clamando em alta 
voz: "Aquele que adorar a besta e sua imagem e receber sua marca em sua 
fronte ou sobre sua mão, ele beberá o vinho da ira de Deus, vertido não 
diluído no cálice de sua vingança. Ele será atormentado com fogo e enxofre 
diante dos santos anjos e diante do Cordeiro" (Apoc. 14:7-10, NEB). 
Deus envia três anjos para anunciar sua advertência final a todos os 
que vivem na Terra para neutralizar a obra dos "três espíritos imundos" 
(versos 6-9; 16:13, 14). Os anjos insistem com os santos a permanecerem 
leal aos mandamentos de Deus e serem "fiéis a Jesus" (Apoc. 14:12). 
Enquanto os três espíritos satânicos influenciam as leis políticas do 
mundo inteiro "para reuni-los para a batalha" contra Deus no 
Armagedom (Apoc. 16:14, 16), os três anjos santos de Deus pleiteiam 
para que todos os crentes deixem Babilônia e se levantem com o 
Cordeiro no Monte Sião (Apoc. 14:1; 18:4). 
 
As Falsas Reivindicações do Anticristo 
 
As taças celestiais da ira em Apocalipse 16 especificam em mais 
detalhe o conteúdo do dia da ira com que o capítulo 6 terminou. A série 
de juízo das sete pragas "seu clímax na destruição da rameira'' (J. M. 
Ford, Revelation, pág. 120). Baseado no fato de que o Apocalipse como 
um todo segue o modelo do esboço de Ezequiel – apostasia, julgamento, 
e restauração final – J. Massyngberde Ford conclui que a prostituta 
Babilônia do livro de Apocalipse designa não o Império romano mas 
uma pervertida "Jerusalém" o "Israel infiel" da Era Cristã (ibid., pp. 282-
288). Em outras palavras, a Babilônia moderna não é um poder ateu mas 
Carruagens de Salvação 139 
o infiel povo do Deus da aliança que se comporta como a antiga 
Babilônia. A sugestão dela ganha peso se nós consideramos o seguinte 
testemunho bíblico: 
Cinco profetas hebreus tinham caracterizado as tribos apóstatas de 
Israel – inclusive Judá – do seu próprio tempo como uma "prostituta", 
como uma esposa adúltera de Yahweh (Osé. 2:5; 3:3; 4: 15; Isa. 1:21; 
Miq. 1:7; Jer. 2:20; 3:1, 6-10; veja especialmente Eze. 16 e 23). Mais 
que qualquer outro profeta, Ezequiel acusou Jerusalém em termos 
gráficos de ter agido como "prostituta descarada [sem vergonha]" com o 
Egito, Assíria, e Babilônia (Eze. 16:26-30). 
Por causa de suas relações de amor ilícitas, Deus julgará Israel em 
Sua ira santa reunindo os mesmos amantes contra ela. Eles despojarão 
sua nudez, roubarão suas pedras preciosas, e finalmente a cortarão em 
pedaços com suas espadas e queimarão completamente suas casas 
(versos 37-41). O antítipo apocalíptico deste juízo sobre o Israel caído é 
aplicado em Apocalipse 17 à prostituta Babilônia. "Quanto aos dez 
chifres que você viu, eles odiarãoa prostituta; eles despojarão sua nudez 
e a deixarão devastada, devorarão a sua carne e a queimarão no fogo" 
(Apoc. 17:16, NEB). 
A acusação de Deus contra Seu povo da antiga aliança era bastante 
específica: 
"Pois elas cometeram adultério e há sangue em suas mãos. 
Cometeram adultério com seus ídolos; até os seus filhos, que elas geraram 
para mim, sacrificaram aos ídolos. Também me fizeram isto: ao mesmo 
tempo contaminaram o meu santuário e profanaram os meus sábado" (Eze. 
23:37, 38, NVI). 
O santuário e o sábado eram os pilares básicos de Israel para adorar 
a Deus como Criador e Redentor. Isto fez Israel ser único em religião e 
ética. Deus ainda mede tanto a apostasia como a reforma por estas 
verdades sagradas que conectam o céu e a Terra. A máxima 
responsabilidade da adoração cúltica de Israel e vida moral baseia-se 
especificamente no sacerdócio ordenado. 
Carruagens de Salvação 140 
Dentro do simbolismo geral de Jerusalém como adúltera o enfoque 
central portanto se concentra especialmente no sacerdócio corrupto 
(ibid., pág. 285). De maneira interessante, o rolo Qumran acusou 
Jerusalém novamente de apoiar um sacerdócio ímpio que tinha iniciado 
uma apostasia litúrgica no santuário e tinha promovido injustiça social às 
custas do pobre (ibid., pág. 286). 
Várias características da prostituta apocalíptica apontam a uma 
apostasia renovada na igreja Cristã: (1) ela segura um cálice dourado em 
sua mão (Apoc. 17:4); (2) ela escreveu em sua fronte um nome de 
significado místico: "Babilônia, a grande, a mãe das meretrizes e das 
abominações da terra" (verso 5); (3) ela está "embriagada com o sangue 
dos santos", os mártires de Jesus (verso 6). 
Seu vestido colorido de púrpura e escarlata, adornado com ouro, 
pedras preciosas, e pérolas, nos faz lembrar imediatamente do sumo 
sacerdote de Israel que usava as mesmas cores e de quem peitoral tinha 
doze pedras preciosas dispostas em ouro (veja Êx. 28:5, 15-20). A 
inscrição misteriosa na fronte da rameira, "Babilônia, a grande", 
podemos ver então como a contraparte do gravura na fronte do sumo 
sacerdote: "Santidade ao SENHOR" (veja Êx. 28:36, 38). Em outras 
palavras, o quadro da adúltera de Apocalipse sugere uma paródia do 
sumo sacerdote de Israel, uma apostasia religiosa de magnitude universal 
dentro da cristandade. O anticristo tem sido chamado até mesmo de 
"sacerdote-corrupto" da Era Cristã (ibid., pág. 288). Reivindicando o 
ministério sagrado de salvação – "o cálice da salvação" no santuário (cf. 
Sal. 116:13) – ela oferece confusão religiosa e moral ao invés de seu 
cálice dourado cheio do vinho de Babilônia (cf. Apoc. 14:8). Babilônia 
insiste aparentemente na coação legal de seus dogmas religiosos pelos 
poderes do estado de forma que os dissidentes possam ser processados e 
em última instância executados (Apoc. 17:1-6). 
A antiga Jerusalém já era a assassina dos profetas de Deus (veja 
Mat. 23:29-39). Se existe uma correspondência básica da apostasia de 
Israel e a apostasia da igreja, pode-se esperar que o anticristo corrompa o 
Carruagens de Salvação 141 
método de salvação da nova aliança e seu sábado sagrado. Antecipando 
uma apostasia fundamental dentro da igreja apostólica, Paulo começou a 
admoestar os anciãos de igrejas locais para preparados para a vindoura 
distorção do evangelho apostólico: 
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos 
constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou 
com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós 
penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós 
mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os 
discípulos atrás deles (Atos 20:28-30, RA). 
 
Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos 
pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou 
evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o 
tolerais (2 Cor. 11:4, RA). 
 
O apóstolo Paulo percebeu que "a rebelião final contra Deus" seria 
desmascarada em todo seu engano só no "tempo adequado" da história e 
que só o aparecimento glorioso de Cristo a destruirá (2 Tess. 2:3-8). 
O Apocalipse de João contém o convite final de Cristo a todos os 
que vivem na Terra para deixar Babilônia e vir ao Monte Sião como o 
Israel de Deus (Apoc. 18:4; 14:1), separar-se da rameira (Apoc. 17), e se 
unir à mulher de Deus (Apoc. 12). A questão é basicamente uma questão 
de adoração leal ou desleal ao Criador (Apoc. 14:7, 9-11). O aceitar a 
marca da besta está em contraste direto ao recebimento do selo do Deus 
vivo. O conflito final gira sobre a validez permanente dos mandamentos 
originais de Deus e a fé apostólica em Jesus (Apoc. 14:12). O centro do 
último conflito religioso repousa, então, na verdadeira interpretação da 
lei moral de Deus e o evangelho de Jesus Cristo na Escritura Sagrada. 
Não é até que Deus estabeleça claramente diante do povo a questão da 
autoridade de Escritura Sagrada relativo à lei e o evangelho, “e este seja 
levado a optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que, 
então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber ‘o sinal da 
Carruagens de Salvação 142 
besta’ ” (White, O Grande Conflito, pág. 449). Esta será a controvérsia 
final da última geração no mundo inteiro (Apoc. 14:6, 9-12). 
 
Tipos Históricos do Drama Final 
 
O primeiro mártir por sua fé foi Abel. Caim irou-se contra seu 
irmão porque Deus aceitou a oferta de Abel, enquanto Ele recusou 
aceitar a de Caim. Assim "Caim atacou seu irmão Abel e o matou" (Gên. 
4:8). Este ódio fatal entre adoradores do mesmo Deus é o protótipo da 
guerra amarga do anticristo contra a verdadeira igreja de Cristo. A 
questão final se centrará novamente na adequada adoração de Deus. 
Duas narrativas do livro de Daniel iluminam especificamente a 
questão religiosa no drama apocalíptico. Nabucodonosor, rei de 
Babilônia, tinha erguido uma imagem de ouro na planície de Dura. Ele 
comandou que todos "prostrem-se em terra e adorem a imagem de ouro" 
assim que eles ouvissem o som da corneta e outros instrumentos 
musicais (Dan. 3:1-5) em sua cerimônia de dedicação. Seu decreto 
totalitário não permitiu nenhuma liberdade de consciência. "Quem não se 
prostrar em terra e não adorá-la será imediatamente atirado numa 
fornalha em chamas" (verso 6, NVI). Três funcionários governamentais 
judeus, em lealdade a Yahweh, persistentemente recusaram obedecer seu 
comando real. 
Quando o rei enfurecido os desafiou com a pergunta "Que deus 
poderá livrá-los das minhas mãos?" (verso 15, NVI), eles responderam 
com coragem exemplar: "O Deus a quem prestamos culto pode livrar-
nos, e ele nos livrará das tuas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, 
saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a 
imagem de ouro que mandaste erguer" (versos 17, 18, NVI). 
Expositores reconheceram esta história comovente de prova de 
lealdade em face da morte pelos funcionários hebreus em Babilônia e de 
sua libertação divina como um tipo significante da crise do tempo do fim 
para a igreja de Deus na Babilônia moderna. Tanto Daniel 3 (o tipo) 
Carruagens de Salvação 143 
como Apocalipse 13 (o antítipo) mencionam um decreto de morte 
emitido por legisladores relativo a uma questão religiosa. Ambos os 
livros apocalípticos descrevem uma "imagem" que Babilônia ergue como 
o máxima prova de fé para o Israel de Deus. Em ambas as situações os 
poderes governantes obrigam a falsa adoração com penalidade de morte. 
Daniel 3 dá conta da libertação surpreendente de três funcionários 
hebreus fiéis depois de eles serem condenados legalmente e executados. 
Tais salvamentos não são característicos para todos os verdadeiros 
crentes. Muitos se tornaram mártires ou exilados e não receberam "o 
tinha sido prometido" (veja Heb. 11:37-40. Apoc. 6:9-11). João viu 
muitos "que foramdecapitados por causa do testemunho de Jesus e da 
palavra de Deus. Eles não tinham adorado a besta nem a sua imagem, e 
não tinham recebido a sua marca na testa nem nas mãos" (Apoc. 20:4, 
NVI). 
A narrativa de Daniel antes serve como um tipo para indicar como 
Deus livrará os santos na crise final. Alguns serão decapitados, enquanto 
outros só serão executados judicialmente e fogem da morte presente. Os 
fiéis sobreviventes estarão com o Cordeiro como a contraparte dos 
hebreus leais que entraram na fornalha ardente junto com Um que era 
como "um filho dos deuses" (Dan. 3:25). 
A história da lealdade pessoal de Daniel para com Deus quando 
enfrentou um decreto de morte político (Dan. 6) uma vez mais assegura a 
promessa de salvamento divino para o remanescente final. Os 
funcionários governamentais persas tentaram achar acusação contra 
Daniel concernente à sua lealdade política mas não conseguiram. 
“Finalmente esses homens disseram: “Jamais encontraremos algum 
motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com 
a lei do Deus dele’ ” (verso 5, NVI). Enganando o Rei Dario, eles 
tiveram sucesso em emitir uma lei que proibia oração a qualquer um a 
não ser ao rei por 30 dias, sob pena de morte. Recusando comprometer 
sua consciência religiosa, Daniel continuou dando glória ao Deus de 
Israel três vezes ao dia. Condenado pela nova lei, ele foi lançado na cova 
Carruagens de Salvação 144 
dos leões. Mas Daniel sobreviveu à prova porque Deus enviou o Seu 
anjo dele, e "fechou as bocas dos leões" (verso 21). 
Esta conta usa o verbo salvar enfaticamente cinco vezes. Como 
Daniel foi assim achado "inocente" aos olhos de Deus, o rei mandou 
lançar os seus falsos acusadores na cova dos leões (verso 24). Em outras 
palavras, eles receberam o mesmo juízo que tramado para Daniel. Assim 
será no Armagedom ao término da história da salvação. O livro de 
Daniel termina com a gloriosa promessa que durante a angústia final a 
intervenção pessoal de Miguel libertará o verdadeiro Israel. "Naquela 
ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo. . . . Mas 
naquela ocasião [de angústia final] o seu povo, todo aquele cujo nome 
está escrito no livro, será liberto" (Dan. 12:1, NVI). O resgate final dos 
santos incluirá os mártires até mesmo porque Deus os ressuscitará do 
morto. " Multidões que dormem no pó da terra despertarão '' (verso 2). 
As narrativas de Daniel de lealdade religiosa máxima para com a lei 
sagrada de Deus e de libertação divina (Dan. 3 e 6) provê os tipos 
imediatos ou prefigurações da crise final para o povo de Deus e sua 
libertação divina (Dan. 12:1, 2). A mensagem do profeta do Antigo 
Testamento de esperança serve como o fundo para a crise do tempo do 
fim predita e o resultado providencial em Apocalipse 13 e 14. 
O livro de Ester registra outro drama épico na história de Israel que 
se encontra e termina em Apocalipse. O rei Persa Xerxes ordenou a 
todos os seus servos para curvar-se diante de Hamã, seu mais alto 
funcionário real. O judeu Mardoqueu, da tribo de Benjamim, recusou 
obedecer uma ordem que parecia pedir honra religiosa a um homem. Em 
reação, o enfurecido Hamã começou a conspirar a destruição de todo o 
povo de Deus ao longo das 127 províncias do império de Xerxes, da 
Índia a Cush [a Etiópia] (Ester 3:1-6). Hamã insistiu com o rei que 
emitisse um decreto real que permitisse a aniquilação do povo judeu 
porque eles viviam separados da cultura persa e não obedeciam as leis do 
rei: Não convém ao rei tolerá-los", ele aconselhou Xerxes (verso 8). 
Depois que ele e o rei lançassem sortes [hebraico: pur], um decreto real 
Carruagens de Salvação 145 
fixou o décimo terceiro dia do décimo segundo mês para a eliminação de 
todos os cidadãos judeus: "exterminar e aniquilar completamente todos 
os judeus, jovens e idosos, mulheres e crianças, num único dia . . . e de 
saquear os seus bens"(verso 13, NVI). 
Enquanto Hamã preparou a execução de Mardoqueu, a rainha Ester 
que era a prima de Mardoqueu, informou a Xerxes da conspiração 
maligna contra o próprio povo dela. O seu apelo foi: "Poupe a minha 
vida e a vida do meu povo; este é o meu pedido e o meu desejo. Pois eu e 
meu povo fomos vendidos para destruição, morte e aniquilação" (Ester 
7:3, 4, NVI). Quando o rei percebeu que Hamã tinha usado autoridade 
real para a própria exaltação de primeiro-ministro, ele ordenou que fosse 
enforcado na própria forca que Hamã tinha preparado para Mardoqueu 
(versos 9, 10). Então Xerxes emitiu um novo édito real, permitindo que 
todos os judeus se protegessem e destruíssem seus atacantes (Ester 8:11). 
"Para os judeus foi uma ocasião de felicidade, alegria, júbilo e honra" 
(verso 16, NVI). O esquema assassino que Hamã maquinou contra os 
judeus tinha voltado contra "a sua própria cabeça" (Ester 9:25). 
Este drama tem mais que interesse histórico. Podemos ver o decreto 
de morte do livro de Ester como outro protótipo do decreto de morte 
apocalíptico de Apocalipse 13:15-17. Enquanto os pontos teológicos 
básicos de proscrever o povo da aliança de Deus são o mesmo, o impacto 
futuro acontecerá numa escala global e o salvamento da igreja 
remanescente será infinitamente mais espetacular e glorioso. 
Nesta perspectiva tipológica lemos a Bíblia Hebraica à luz de Cristo 
e o Novo Testamento e a achamos cheia de esperança e advertência para 
a igreja hoje. A história de Israel das guerras de Yahweh e sua 
perspectiva profética no último crise apresentam os tipos e sombras da 
questão da verdadeira adoração em jogo no Armagedom. O Apocalipse 
indica como as guerras e triunfos de Yahweh no passado alcançarão o 
seu clímax cósmico-universal em Cristo como guerreiro divino. A 
história de Israel também mostra em exemplos práticos como os cristãos 
podem se preparar para o conflito final com os poderes de escuridão: 
Carruagens de Salvação 146 
pela fiel adoração de acordo com a vontade revelada de Deus, como 
Daniel praticou; por intercessões insistentes junto aos governantes 
políticos, como Ester fez; por confiança e resposta obediente à aliança de 
Deus, como os amigos de Daniel manifestaram – em poucas palavras, 
por humilde andar diariamente com Deus. A graça de Deus é suficiente, 
porque o Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza (2 Cor. 12:9). Se o 
coração humano se une a Cristo, todas as coisas são possíveis. Aquele 
que começa com o Senhor também pode terminar com Ele. Cristo 
promete que "aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mat. 24:13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 147 
O SELO FINAL DE PROTEÇÃO DIVINA 
 
A pergunta quanto a como alguém pode preparar-se para o Armagedom 
adquire uma urgência crescente. Será muito tarde preparar-se quando nós 
vermos Cristo vindo em Sua glória. Então "todos os povos da terra se 
lamentarão" com remorso amargo "por causa dele" (Apoc. 1:7). Então os 
líderes da terra clamarão aos montes e às rochas: "Caí sobre nós e 
escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do 
Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode 
suster-se?" (Apoc. 6:16, 17 - RA). 
A resposta à pergunta "quem poderá ficar de pé?" (BJ) toma toda a 
extensão de Apocalipse 7, um dos mais confortantes capítulos do livro. 
Apresenta "a teologia do remanescente" em João (J. M. Ford, Revelation, 
pág. 120). Ele vê em uma visão como Deus enviará um anjo especial 
"subindo do Oriente" para selar "as testas dos servos do nosso Deus" 
aparentemente para sua proteção contra a destruição cósmico-universal 
vindoura. "Então ouvi o número dos que foram selados: cento e quarenta 
e quatro mil, de todas as tribos de Israel" (verso 4, NVI). 
A mensagem básica é a certeza de que Deus não destruirá o mundo 
indiscriminadamente. Deus diferencia entre os que O servem e os que 
não o servem. Ele decide quem pertence a Ele e quem não. "O Senhor 
conheceos que lhe pertencem" (2 Tim. 2:19). Malaquias declara: 
Depois, aqueles que temiam o Senhor conversaram uns com os outros, 
e o Senhor os ouviu com atenção. Foi escrito um livro como memorial na sua 
presença acerca dos que temiam o Senhor e honravam o seu nome. “No dia 
em que eu agir”, diz o Senhor dos Exércitos, “eles serão o meu tesouro 
pessoal. Eu terei compaixão deles como um pai tem compaixão do filho que 
lhe obedece. Então vocês verão novamente a diferença entre o justo e o 
ímpio, entre os que servem a Deus e os que não o servem" (Mal. 3:16-18, 
NVI). 
Estudiosos chamam esta idéia de separar o Israel espiritual do Israel 
não-espiritual a teologia de um remanescente. Duas situações de crise na 
história de Israel parecem especialmente atuar como tipos proféticos do 
Carruagens de Salvação 148 
selamento apocalíptico do remanescente de Deus antes do Armagedom. 
O primeiro ocorreu no Egito. Deus ordenou que Israel pusesse o sangue 
do cordeiro de Páscoa nos batentes e vigas superiores das portas de suas 
casas. "O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês 
estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de 
destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito" (Êx. 12:13, NVI). O 
esguicho de sangue era a marca designada de Deus para Israel de que 
pertencia a Yahweh. Os que aceitaram o Seu emblema ordenado 
receberam proteção quando os juízos punitivos de Yahweh caíram sobre 
o Egito. Israel, por fé e obediência, precisou apropriar-se deste selo da 
aprovação de Deus. 
Nenhum menos significante é a visão de Ezequiel de seis 
executores angelicais da ira de Deus sobre Jerusalém depois que tivesse 
recusado se arrepender de sua apostasia e idolatria. Yahweh ordenou que 
os anjos sacrificassem os idólatras no Templo de Deus e na Cidade 
Santa. A misericórdia de Deus aparece, porém, ao mesmo tempo em Seu 
envio com antecedência de um anjo especial com um kit de escritura dos 
executores com a comissão "Percorra a cidade de Jerusalém e ponha um 
sinal na testa daqueles que suspiram e gemem por causa de todas as 
práticas repugnantes que são feitas nela" (Eze. 9:4, NVI). 
William H. Shea tira esta conclusão perceptiva: 
Assim uma diferenciação foi feita neste entre as duas classes do povo 
em Judá naquele tempo – o justo e o ímpio – o remanescente a ser salvo e 
os não remanescentes a serem destruídos. A implicação desta divisão é que 
a distinção entre os indivíduos nestes dois grupos tinha sido produzida 
enquanto Yahweh se sentou em juízo em Seu templo. A execução da 
sentença foi o resultado de decisões alcançado durante a sessão de juízo no 
templo. Este juízo dos habitantes de Judá era investigativo no sentido de 
que se tinha chegado a uma decisão em cada caso e como resultado fez-se 
uma divisão entre estas duas classes de pessoas (Selected Studies on 
Prophetic Interpretation, Daniel and Revelation Committee Series 
[Washington, D.C. : Review and Herald Pub. Assn., 1982], Vol. I, pág., 17). 
Carruagens de Salvação 149 
Os selados com o selo de Deus foram protegidos do derramamento 
da ira de Deus. Eles receberam o selo por causa de seu sincero 
arrependimento da maldade e idolatria dentro de Israel (veja Eze. 7, 8). 
Mas quanto ao resto de Israel, "em sua maldade, ela se revoltou contra as 
minhas leis e contra os meus decretos mais do que os povos e as nações 
ao seu redor. Ela rejeitou as minhas leis e não agiu segundo os meus 
decretos" (Eze. 5:6, NVI). 
Um Israel arrependido é um Israel espiritual. O juízo destrutivo de 
Deus é o Seu juízo retributivo: "Então eu, de minha parte, não olharei 
para eles com piedade nem os pouparei, mas farei cair sobre a sua cabeça 
o que eles têm feito" (Eze. 9:10, NVI). Deus manifestou Sua 
misericórdia quando em Seu juízo Ele separou o Israel de Deus de um 
Israel apóstata. Ele os reservou através de Sua própria marca especial de 
aceitação e propriedade em suas frontes. Assim, primeiro veio o 
selamento do fiel remanescente de Israel, então seguiu-se a execução de 
um Israel impenitente. 
Em seu contexto histórico o cumprimento primário desta visão 
solene foi a destruição de Jerusalém e seu Templo por Nabucodonosor 
em 586 A.C. O Apocalipse de João aplica o mais amplo cumprimento do 
tempo do fim da visão de juízo de Ezequiel no capítulo 7 como o 
selamento divino dos 144.000 verdadeiros Israelitas que sobreviverão o 
dia de ira (versos 1-8). Deus escolhe este remanescente final de Israel 
como Sua possessão especial num mundo rebelde. Eles sobreviverão ao 
Armagedom e estarão em pé sobre o Monte Sião junto com o Cordeiro 
pascoal de Deus (veja Apoc. 14:1-5). Este companheirismo define os 
144.000 israelitas como o Israel Messiânico, a igreja universal de Cristo 
Jesus, quando o sexto selo é aberto (Apoc. 6:12). 
Se vemos as 12 divisões tribais, com 12.000 israelitas de cada tribo, 
como um símbolo da igreja mundial dos 12 apóstolos de Cristo, então 
nós temos que entender também o número 144.000 igualmente como 
representante do Israel universal de Deus na crise do fim da história da 
salvação. 
Carruagens de Salvação 150 
A lista de 12 tribos em Apocalipse 7 é sem igual na Escritura e 
obviamente simbólico. Coloca Judá como o primeiro em linha, 
aparentemente para acentuar que Cristo é a cabeça do novo Israel (Apoc. 
5:5, 6). Ademais, omite a tribo de Dã e a substitui pela tribo de Manassés 
que já está incluída em José (Apoc. 7:8) para manter o número 12. A 
explicação provável da omissão simbólica é a convicção judaica e cristã 
primitiva de que Dã representava a idolatria e que de Dã emergiria 
Belial, ou o anticristo (veja Gên. 49:17; Juí. 18:30; 1 Reis 12:29). Em 
outras palavras, a omissão de Dan também tem significado messiânico. 
O número 12 e seus múltiplos ocorrem mais de 30 vezes no livro de 
Apocalipse e a palavra tribo ou tribos 15 vezes. 
O estudo de Albert Geyser conclui que as 12 tribos em Apocalipse 
representam "finalidade cósmica, porque 12 é também o símbolo de 
conclusão, cumprimento. . . A insistência do Apocalipse nisto pressupõe 
o cumprimento da promessa da aliança a Davi em 2 Sam. 7:15, as 
promessas constantes de restauração do seu reino de doze tribos pelos 
profetas, e a conclusão do esquema cósmico de Deus de renovação do 
céu e da Terra como Sua habitação, o Seu povo de Israel sob o Seu 
Messias, e para os gentios que em fé se deram a Ele" him'' (''The Twelve 
Tribes in Revelation: Judean and Judeo Christian Apocalypticism," New 
Testament Studies 28 [1982]: 388-390). 
João vê em visão a Nova Jerusalém com 12 portas tendo gravados 
os nomes das 12 tribos de Israel, enquanto seus 12 fundamentos levam 
os nomes dos 12 apóstolos do Cordeiro (Apoc. 21: 12, 14). Assim Israel 
e a igreja são declarados um povo de Deus. Douglas Ezell sente que 
também os 144.000 israelitas verdadeiros de Apocalipse 7 e 14 
representam simbolicamente todos os redimidos da humanidade: 
Como João usou o título do Antigo Testamento reservado aos israelitas 
"um reino de sacerdotes" para referir-se a todos os cristãos (veja Apoc. 1:6; 
5:9, 10), então agora ele usa os doze (tribos) multiplicado por doze (os 
apóstolos), multiplicado por dez (o número de perfeição) elevado à terceira 
potência (o número da deidade) para simbolicamente descrever todos os 
redimidos (Revelations on Revelation, p. 60). 
Carruagens de Salvação 151 
Significante é a descrição de João que ele só “ouviu o número” dos 
israelitas selados (Apoc. 7:4), enquanto assim que ele “olhou” ele viu 
“grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, 
tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, 
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos” (verso 9, RA). 
Esta conexão auto-explicativa entre o que o João ouve e o que ele vê já 
apareceu no capítulo 1, onde João “ouviu” atrás de si “uma voz forte 
como de trombeta”. Então ele "voltou-se para ver quem falava", e ele viu 
a Cristo (Apoc. 1:10,12, 13). O que o João vê tem por finalidade ser um 
esclarecimento adicional do que ele ouviu. O mesmo padrão ocorre 
novamente no capítulo 5, onde João ouviu um dos anciãos dizer: “ ‘Eis 
que o Leão da tribo de Judá . . . venceu.’ . . . Depois vi um Cordeiro, que 
parecia ter estado morto” (Apoc. 5:5, 6). O que o João vê explica o que 
ele ouviu. Portanto, muitos estudantes de Bíblia consideram a visão de 
João da multidão vitoriosa de todas as nações como a explicação divina 
do número 144.000 israelitas triunfantes no tempo do fim. Deus 
prometeu que os descendentes de Abraão seriam "como a areia do mar, 
uma multidão que não pode ser numerada" (Gên. 32:12, NKJV; veja 
também Gên. 15:5; Gál. 3:7, 29). 
João menciona duas características específicas da multidão 
incontável que ele viu: " Estes são os que vieram da grande tribulação e 
lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro." (Apoc. 
7:14, NVI). 
Primeiro, são os santos cristãos, embora sejam judeus ou gentios, 
porque crêem no sangue expiatório de Cristo como o Cordeiro de Deus. 
Segundo, todos eles sobrevivem "a grande tribulação" ou tempo de 
perseguição. A distinção entre a visão do anjo do Oriente com respeito 
ao selamento do remanescente de Israel e a visão da grande multidão é 
uma progressão histórica. O selamento dos 144.000 em Apocalipse 7 
coloca o Israel de Deus ainda na Terra, anterior à crise final de fé, 
enquanto a visão dos santos vitoriosos, com palmas em suas mãos, os 
tem na glória divina, diante do trono de Deus. Eles já "vieram da grande 
Carruagens de Salvação 152 
tribulação". Pode-se assim observar progressão na história da salvação 
em Apocalipse 7. Parece razoável concluir que a multidão vitoriosa no 
céu deve representar os santos de toda a história humana, incluindo os 
144.000 do tempo do fim, o Israel de Deus. 
Tal conclusão está em harmonia com o resto do Novo Testamento, 
porque assume que todos os filhos de Deus passam por tribulações e 
sofrimentos por Cristo (veja Heb. 11:24-26; atos 14:22; 2 Tim. 3:12; 1 
Tess. 3:3). Paulo declara até mesmo que nós somos "co-herdeiros com 
Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também 
participemos da sua glória" (Rom. 8:17, NVI). Todavia, o enfoque 
principal do livro de Apocalipse definitivamente é a tribulação final na 
história da salvação e a última geração do Israel de Deus. Parece ser o 
contexto claro no qual os 144,000 são colocados, como D. Ezell indica: 
Com o número simbólico, 144,000, e a grande multidão João pintou um 
quadro gráfico para responder à pergunta com que Apocalipse 6 terminou: 
"Porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?" 
(Apoc. 6:17) (ibid., pág. 61). 
Apocalipse 12-19 mais especificamente desenvolve o enfoque do 
tempo do fim e explica por que os 144.000 tomam o estágio central 
novamente em Apocalipse 14:1-5. Eles são os que superaram a ameaça 
final de Babilônia: o decreto de morte universal contra o Israel de Cristo. 
Eles preferiram ser leais ao Cordeiro e renderem suas vidas a Ele do que 
aceitar a marca da besta e morar em Babilônia (Apoc. 13:15-17). Os 
144.000 israelitas vieram da "grande tribulação" da última guerra 
religiosa na história mundial. Como a última legião de leais e 
consagrados de Cristo eles são simbolicamente representados como 12 
unidades de batalha de 12.000 guerreiros, semelhante à legião especial 
de Moisés de guerreiros consagrados em Números 31:1-7. 
O determinado plano de Deus é prevenir o soprar dos ventos de 
destruição no mundo até que todos os Seus escolhidos legionários 
tomem o seu posto de fé na crise final da Terra (Apoc. 7:1). Os anjos de 
destruição esperam sob a ordem restritiva: "Não danifiquem, nem a terra, 
Carruagens de Salvação 153 
nem o mar, nem as árvores, até que selemos as testas dos servos do 
nosso" (verso 3, NVI). O número simbólico dos santos selados não 
implica que a igreja remanescente de Cristo necessariamente seja um 
pequeno número. "O número 144.000 não denota uma limitação 
numérica dos que estão selados; simboliza a perfeição final do povo de 
Deus '' (E. D. Schmitz, in The New International Dictionary of New 
Testament Theology [Grand Rapids: Zondervan, 1976], vol. 2, pág. 695). 
A plenitude dos 144.000 de Israel parece ser antes uma multidão 
incontável de vencedores cristãos: 
Depois destas coisas olhei e vi uma grande multidão que ninguém 
podia contar, de todas as nações, de todas as tribos, povos e línguas, em pé 
diante do trono e diante do Cordeiro. Estavam trajando vestes brancas e 
tinham palmas nas mãos; e clamavam em grande voz: “Vitória ao nosso 
Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro” (Apoc. 7:9, 10, NEB). 
 
Em contraste direto aos que aceitaram a marca da besta, os 
membros do Israel espiritual receberam o nome do Cordeiro e de Seu Pai 
em suas frontes (Apoc. 14:1), o seu sinal de vitória messiânica. Eles 
tiveram a coragem de confessar a Cristo como o Senhor e comandante de 
suas vidas. Sua vitória sobre o anticristo é a derrota de Satanás. O povo 
de Deus só triunfou por causa de sua união com Cristo em Sua morte e 
ressurreição (Apoc. 12:11). Como vencedores do anticristo, receberão 
vestes brancas de Cristo, da mesma maneira que todos os prévios 
conquistadores de fé os receberão (Apoc. 3:4, 5, 18). 
 
As Vestes Brancas 
 
No Antigo Testamento as vestes coloridas do povo de Israel e de 
seus sumo sacerdotes portavam significado religioso (Núm. 15:37-41; 
Êx. 28). O sumo sacerdote diariamente usava vestes de linho fino 
trançado com fios de ouro e fios de tecidos azul, roxo e vermelho e um 
peitoral com pedras preciosas montadas em fixações de ouro. Na sua 
testa ele usava um prato de ouro gravado com as palavras "Santidade a 
Carruagens de Salvação 154 
Yahweh" (veja Êx. 28:36). Isaías regozijou-se na restauração de Israel 
depois do Exílio nestas palavras: ''porque me cobriu de vestes de 
salvação e me envolveu com o manto de justiça" (Isa. 61:10, RA). E 
Salmo 132:16 canta do sacerdócio de Israel: "Vestirei de salvação os 
seus sacerdotes". Mais tarde Cristo usou a veste de bodas como uma 
metáfora do perdão e aceitação divina em Sua parábola do banquete de 
bodas (Mat. 22:11). 
O livro de Apocalipse freqüentemente emprega a veste branca 
como o veste escatológica prometida a todos os seguidores de Cristo e 
vencedores. Representa pureza e justificação divina, vitória e vindicação 
divina no último juízo. Durante o quinto selo apocalíptico o veredicto de 
Deus no tribunal divino vindicará os mártires. "Então cada um deles 
recebeu uma veste branca" (Apoc. 6:11). É uma triste realidade na vida 
que os cristãos freqüentemente poluem sua veste, recebida no batismo, 
por deslealdade e indolência (Apoc. 3:4). Cristo atrai então a todos os 
Seus seguidores professos a serem vencedores e manter suas vestes 
brancas de forma que seus nomes permanecerão no livro da vida (versos 
5, 18). O último desafio e ameaça vêm durante o escatológico tempo de 
angústia, a grande tribulação de Daniel 12:1. Então Deus desperta cada 
crente para lutar a última batalha da fé num tempo de amarga 
perseguição. Apesar de fracassos prévios, o crente em Cristo pode então 
renovar a aliança com Deus e em nova consagração lavar sua veste de 
caráter. Em uma surpreendente figura de linguagem o anjo intérprete 
explica como os crentes poderão ficar em pé na provação final: “Então 
ele me disse: ‘Estes são os que atravessaram a grande provação; eles 
lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro’ ” 
(Apoc. 7:14, NEB). 
A participação do sangue vital expiatório de Cristo traz justificação 
divina, santificação, e glorificação. Mas fé salvadora é possessão de fé, 
uma fé que o cristão tem que exercer diariamente. A última bem-
aventurança do Apocalipse declara: "Bem-aventurados aqueles que 
Carruagens de Salvação 155 
lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, paraque lhes assista o 
direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas" (Apoc. 22:14). 
Jesus já tinha dito: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque 
verão a Deus" (Mat. 5:8, RA). Nenhuma outra preparação servirá aos 
santos para o Armagedom: "Eis que venho como vem o ladrão. Bem-
aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande 
nu, e não se veja a sua vergonha" (Apoc. 16:15, RA). 
Para estar firme na crise futura, o filho de Deus deve viver uma vida 
santificada consistente agora e deve ter certeza em seu coração da 
salvação presente. Já em seus dias Paulo insistia: "Agora é o tempo 
favorável, agora é o dia da salvação!" (2 Cor. 6:2, NVI). O tempo de ir a 
Cristo, render-se a Cristo como o Senhor, e aceitar Seu dom de uma nova 
relação com Deus é agora! Cristo Se oferece como o Cordeiro de Deus 
para todos os que se sentem indignos diante de um juiz santo, para todos 
os que precisam de perdão divino de pecados. O ato judicial de Deus de 
colocar o crente arrependido como justo diante dEle por Sua graça nós 
não achamos exibido em nenhuma parte mais graficamente que em uma 
visão do profeta pós-exílico Zacarias. Ele vê Josué, o sumo sacerdote, 
que representou o remanescente de Israel que tinha voltado do cativeiro 
babilônico, em pé na presença de Deus. O profeta ouve Satanás acusar 
Josué de ser indigno de salvação. Mas Deus rejeita o pedido de Satanás 
por mais castigo de Israel. No tribunal do céu a graça salvadora de Deus 
resulta na justificação daquele Israel arrependido: 
“Não é este homem um tição tirado do fogo?” Ora, Josué estava 
usando roupas imundas em pé diante do anjo; e o anjo voltou-se e disse aos 
que estavam diante dele: “Tirem suas roupas imundas”. Depois ele tornou a 
dizer a Josué: “Veja como tirei a culpa de você, e porei em você vestes 
finas” (Zac. 3:2-4, NEB). 
 
Esta maravilhosa mudança de veste branca por roupas sujas é o 
chamado para servir Deus, com a promessa adicional de glorificação 
eterna: 
Carruagens de Salvação 156 
Se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus preceitos, 
você governará a minha casa e também estará encarregado das minhas 
cortes, e eu lhe darei um lugar entre estes que estão aqui (verso 7, NVI). 
 
Enquanto o perdão de pecados e a vida santificada é a experiência 
dos verdadeiros santos em todas as idades (veja Salmo 32; Rom. 4:4-8), 
a redenção adiciona um significado intensificado para a geração final do 
povo. Eles terão que conhecer o último teste de lealdade a Cristo. 
A necessidade de um vivo companheirismo com Cristo é o mais 
urgente para a última geração de cristãos. Aos que entesouram sua 
comunhão com Cristo mais que a vida e então recusam a marca da besta 
e sua imagem, o Senhor concede o selo divino de aprovação e 
sobrevivência. Ele os reconhece assim como seus próprios e os 
salvaguarda contra a ira divina sobre Babilônia e seu Armagedom. O 
próprio Deus os vindica e os sela para a trasladação ante a última 
trombeta (cf. 1 Cor. 15:51-55; 1 Tess. 4:16, 17). 
 
O Selo de Evangelho e o Selo Apocalíptico 
 
Há um real perigo de confundir o selo apocalíptico de Deus no fim 
do tempo com o selo do evangelho que todos os cristãos recebem quando 
chegam à fé em Cristo e se unem a Ele no batismo. Cada crente 
renascido recebe o Espírito Santo em Seu batismo como o selo da 
redenção. 
Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho 
que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da 
promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que 
pertencem a Deus, para o louvor da sua glória (Efés. 1:13, 14, NVI). 
Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram 
selados para o dia da redenção (Efés. 4:30, NVI). 
Ora, é Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo. 
Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em 
nossos corações como garantia do que está por vir (2 Cor. 1:21, 22, NVI). 
 
Carruagens de Salvação 157 
De acordo com o ensino apostólico, todo crente renascido em Cristo 
recebeu o selo da propriedade de Deus em seu coração quando ele foi 
ungido com o Espírito Santo. “Pois vocês não receberam um espírito que 
os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os 
adota como filhos, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai’ ” (Rom. 
8:15). 
A unção do Espírito se refere ao batismo do crente na água e no 
Espírito (veja João 3:5; 1 João 2:20, 27; 1 Cor. 12:13). Nós observamos 
uma real semelhança aqui com o próprio batismo de Jesus, onde Deus 
colocou Seu "selo de autoridade” (João 6:27, NEB) ou "selo de 
aprovação'' (NVI) em Cristo quando o Espírito Santo desceu sobre Ele 
como uma pomba. Do céu uma voz disse: “Tu és o meu Filho amado; em 
ti me agrado” (Luc. 3:21, 22). A divina certeza de ser filho de Deus é 
oferecida agora a todo o mundo que crê em Cristo: 
Pedro respondeu: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado 
em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o 
dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e 
para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus, 
chamar” (Atos 2:38, 39, NVI). 
O Espírito de Deus "sela" o crente como herdeiro de Cristo e o 
chama a perseverar na fé até o fim (Mat. 24:13; Rom. 5:1-5). Cristo 
insiste com todos os Seus seguidores: 
Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida (Apoc. 2:10, NVI). 
Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele 
jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do 
meu Deus, a nova Jerusalém, que desce dos céus da parte de Deus; e 
também escreverei nele o meu novo nome (Apoc. 3:12, NVI). 
A profecia de Apocalipse 7:1-8 preocupa-se com uma situação de 
crise sem igual quando os fiéis “servos” de Deus (verso 3) coletivamente 
tenha que enfrentar o teste do tempo do fim de lealdade em face da 
morte, em resistir o anticristo (Apoc. 13:15-17). Eles precisam de 
proteção durante os ventos finais de luta universal e derramamento de 
sangue (Apoc. 7:1, 2) e poder a para ficar em pé no grande dia da ira de 
Carruagens de Salvação 158 
Deus (Apoc. 6:17). Os servos de Deus já estão na posse do selo espiritual 
do Espírito Santo recebido em seu batismo em Cristo. Eles estão 
portanto "em Cristo". Mas só depois que os servos de Deus do tempo do 
fim tenham sido testados relativo à marca da besta e tenham sido 
achados leais até à morte receberão dos anjos de Deus o exclusivo "selo 
apocalíptico" como a marca de aprovação divina e proteção contra as 
forças de morte e destruição. 
Justamente por isso, os cristãos que por ignorância transgrediram a 
santa lei de Deus não receberão a marca da besta até depois que tenham 
sido confrontados com o discutido sinal da supremacia de Deus e tenham 
voluntariamente rejeitado Sua lei da aliança. Este teste apocalíptico de fé 
traçará a última linha de demarcação entre o verdadeiro e o apóstata 
cristianismo diante de Deus. 
Podemos ter certeza de que Deus não deixará o mundo em 
escuridão concernente à questão final de Sua autoridade e vontade. 
Todos terão luz suficiente para tomar uma decisão inteligente. Na 
agitação final do anticristo a linha de distinção será delineada cada vez 
mais publicamente "entre os que servem Deus e os que não servem" 
(Mal. 3:18). 
Em realidade todo o caráter e espiritualidade do adorador virão à 
luz na hora de decisão apocalíptica. Apocalipse 14:1-4 enfatiza o 
compromisso total dos 144.000 verdadeiros israelitas para com Cristo. 
Eles O "seguem aonde quer que ele vá". O Apocalipse os elogia como as 
virgens e "primícias para Deus e para o Cordeiro" por causa da qualidade 
de sua adoração (cf. Rom. 11:16; 2 Cor. 11:2). 
L. F. Were descreve suas características distintivas: 
Esta companhia santa, a última da colheita do mundo, viverá através 
do período mais escuro da Terra, num tempo quando os enganosdo diabo 
serão os maiores; e, num tempo quando todo o mundo se maravilhará após 
a besta, eles permanecerão, em face da ameaça de morte, leal ao Cordeiro 
de Deus e suportarão o conflito final com Ele (144,000 Sealed! When? Why? 
[Melbourne, Australia, n.d.], pág. 76). 
Carruagens de Salvação 159 
Apocalipse 7 indica por que os 144.000 precisarão de um selo 
especial do tempo do fim: garantir sua proteção dos sete anjos que Deus 
comissionou de Seu Templo celestial para derramar as sete últimas 
pragas no mundo babilônico (cf. Apoc. 6:17; 15:1, 5-8; 16:1, 2). 
Aqui está a contraparte óbvia, ou antítipo, da mensagem de 
selamento para o antigo Israel em Ezequiel 9. Anunciou o juízo de Deus 
e misericórdia de Seu Templo terrestre em um Israel dedicado a uma 
falsa adoração (Eze. 8). Deus mostrou piedade divina todavia em que Ele 
enviou um anjo antecedente à frente como uma figura sacerdotal (Eze. 
9:2) para marcar as frontes de um remanescente arrependido com um 
sinal de aceitação divina, claramente visível aos executores angelicais 
que seguiram em sua esteira. Os posteriores eram os agentes de justiça 
retributiva, ordenados para sacrificar todos aqueles israelitas que não 
mostraram este selo do Senhor em suas frentes (cf. versos 5-10; Deut. 
13:8). Na visão de Ezequiel a destruição do teimoso e impenitente povo 
da aliança, imediatamente seguiu o selamento do remanescente. O 
Senhor da glória abandonou tal Jerusalém e tal adoração ao deixar o 
santuário (Eze. 10:18). 
A mensagem da visão do juízo de Ezequiel é crescentemente 
oportuna para a última geração do povo da aliança de Deus. Do trono de 
Deus em Seu Templo celestial serão enviados Seu juízo final e 
misericórdia. A ira do Cordeiro (Apoc. 6:17) não é exatamente uma 
metáfora que indica o resultado natural de violar as leis de Deus. É o 
juízo do tempo do fim específico de Cristo nos desdenhadores de Sua 
graça expiatória e o rejeitadores de Sua autoridade divina. O propósito 
desta previsão apocalíptica é conduzir cada incrédulo e cristão meio-
comprometido ao arrependimento genuíno diante de Deus. 
Walter Zimmerli explica seu propósito: 
Até mesmo o blasfemar do Santo pela abominação humana, quando os 
homens começam a gemer sobre as abominações da devoção auto-legada 
do povo, então um lugar de misericórdia pode ser visto dentro do queimar da 
ira divina e ao ponto de abandono pela presença divina (Ezekiel, Hermeneia 
[Philadelphia: Fortress tress, 1979], vol. I, pág., 253). 
Carruagens de Salvação 160 
Basicamente assim será novamente no juízo de um mundo que 
rejeitou a Cristo. William H. Shea mostra que "O juízo anterior do 
templo em Jerusalém reflete em microcosmo o que é previsto como 
acontecendo em escala macrocósmica na posterior sessão de juízo a ser 
citada no templo no céu" (Selected Studies in Prophetic Interpretation, 
pág. 13). 
Na visão de juízo de Ezequiel só aqueles de Israel marcados pela 
figura sacerdotal escaparão da ira de Deus. Assim será no selamento do 
tempo do fim. No juízo final, só os verdadeiros adoradores de Deus 
serão escolhidos para receber o selo apocalíptico em suas frentes. Eles 
escaparão da ira do Cordeiro (Apoc. 6:16, 17). As sete últimas pragas 
não os afetarão ou os danificarão. Este selo de Deus garante sua 
trasladação em glória imortal quando Cristo aparecer. Só os selados 
sobreviverão ao Armagedom. 
Em conclusão, podemos resumir a diferenciação bíblica entre o selo 
do evangelho e o selo do tempo do fim como segue: 
 
 
O selo de evangelho é colocado: O selo apocalíptico é colocado: 
nos corações nas frontes 
 de crentes novos dos servos de Deus 
pelo Espírito Santo pelos santos anjos 
 no sacramento do batismo durante o teste final de fé 
para lhes assegurar de sua para lhes assegurar proteção 
 adoração de Deus durante as pragas 
 e futuro herança. e Armagedom. 
 
 
 
 
 
 
Carruagens de Salvação 161 
A PRESENÇA DE ELIAS 
 
O último capítulo do Antigo Testamento contém uma promessa 
escatológica. Não só é notável porque constitui a mensagem de 
advertência final de Deus para o antigo Israel mas também porque 
contém os princípios básicos do apelo final de Deus para Seu povo da 
nova aliança, a igreja. 
Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e 
terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o 
coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com 
maldição (Mal. 4:5. 6, RA). 
O Novo Testamento interpreta o "grande e terrível Dia do 
SENHOR" ou dia de juízo, como a segunda vinda de Cristo (Heb. 9:27, 
28). Deus enviará o " profeta Elias" para salvar Seu povo daquele dia que 
queimará o ímpio numa destruição tão complete que "nem raiz nem 
ramo" permanecerá (Mal. 4:1). A recepção da mensagem de Elias é 
crucial; se é rejeitada, Deus vai ferir "a terra com maldição". Se for 
aceita, Israel será unido a Deus numa aliança que traz as bênçãos de 
Deus. 
Quem é este Elias vindouro? Ele é o mesmo profeta que se dirigiu a 
Israel durante a crise da apostasia de Baal? A mensagem aparece 
novamente no Apocalipse, o livro que prepara um povo para o segundo 
advento de Cristo? 
Ao longo da história vários mensageiros reivindicaram ser Elias. É 
importante que nós entendamos o significado desta profecia intrigante do 
retorno de Elias. A menos que o façamos, não poderemos distinguir entre 
o verdadeiro e o falso Elias no tempo do fim. 
Para Malaquias e seus contemporâneos, Elias, de Tisbe, em Gileade 
(1 Reis 17:1), era um antigo profeta. Ele viveu mais de quatro séculos 
antes de Malaquias, uns 800 anos antes de Cristo. O livro de Reis revela 
que Elias era um profeta enviado por Deus a Israel n um tempo de 
apostasia religiosa e moral. Israel tinha caído na idolatria e imoralidade 
Carruagens de Salvação 162 
da adoração de Baal, e a missão de Elias era chamar o povo de Deus a 
renovar a aliança mosaica, restabelecer a adoração sagrada de Israel com 
relação a Yahweh. Quando Deus diz a Malaquias, "Eu enviarei Elias 
novamente antes que o juízo final ocorra" nós temos que assumir que o 
povo de Deus aparentemente apostatou de novo. 
Numa leitura superficial, a promessa pareceria indicar que o próprio 
profeta votaria. O Novo Testamento indica, porém, que a profecia nos 
aponta para uma dupla repetição da mensagem de Elias em vez do 
retorno do profeta atual. Cristo interpretou a predição de Malaquias 
como a vinda de uma mensagem de reavivamento e reforma semelhante 
em espírito e natureza àquela de Elias, projetada para preparar o caminho 
para o Seu primeiro advento. No Apocalipse nós podemos procurar uma 
mensagem adicional, semelhante em espírito e natureza àquela entregue 
pelo antigo profeta, o propósito da qual é preparar o caminho para o 
segundo advento de Jesus. A mensagem de Elias, então, não aponta à 
reencarnação ou reaparição do profeta literal, mas antes é uma chamada 
de Deus para que o povo se prepare para o advento de Cristo. 
Jesus esclareceu a Seus discípulos que os rabinos estavam corretos 
ao discutir que Elias deve preceder a vinda do Messias como Seu 
precursor (Mat. 17:10). “Jesus respondeu: ‘De fato, Elias vem e 
restaurará todas as coisas. Mas eu lhes digo: Elias já veio, e eles não o 
reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram. Da mesma 
forma o Filho do homem será maltratado por eles’. Então os discípulos 
entenderam que era de João Batista que ele tinha falado” (versos 11-13, 
NVI). 
João Batista não reivindicou ser uma reencarnação do antigo 
profeta Elias (João 1:21) mas acentuou sua missão em ser a "voz" ou 
mensagem, para anunciar o aparecimento iminente do Messias. Ele 
“respondeu com as palavras do profeta Isaías: ‘Eu sou a voz do que 
clama nodeserto: “Façam um caminho reto para o Senhor” ’ ” (verso 23, 
NVI). 
Carruagens de Salvação 163 
Já antes do nascimento de João, o anjo Gabriel tinha declarado aos 
seus pais, "Fará retornar muitos dentre o povo de Israel ao Senhor, o seu 
Deus. E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer 
voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos 
justos, para deixar um povo preparado para o Senhor" (Luc. 1:16, 17). 
Gabriel cita as mesmas palavras de Malaquias 4 e os aplica para a 
missão de João. Dizendo que a mensagem de Elias é uma mensagem de 
preparação para o advento de Cristo, Gabriel interpretou a predição do 
Antigo Testamento cristologicamente. 
Assim o Novo Testamento também provê a chave para a 
compreensão da profecia de Malaquias em relação ao segundo advento 
de Cristo. Para este evento a antiga profecia aponta mais diretamente, 
como nós podemos notar por sua ênfase no "grande e terrível" dia de 
juízo que o Novo Testamento retrata como o segundo advento de Jesus. 
Os apóstolos chamam o dia de juízo como "o dia de nosso Senhor Jesus 
Cristo" (veja 1 Cor. 1:7, 8:5:5; 2 Cor. 1:14). 
 
A Mensagem de João Batista 
 
A mensagem de Elias será repetida, então, antes da segunda vinda 
de Jesus Cristo. Ela preparará uma povo para encontrar a Deus em juízo. 
Nós podemos entender melhor o propósito da última mensagem de Elias 
notando o que João Batista fez para preparar o povo para o Primeiro 
Advento. Jesus disse que João "restaurará todas as coisas" (Mat. 17:11). 
Ele estava fazendo o que Elias tinha feito, chamando o povo de volta a 
Deus e aos Seus mandamentos. 
Quando ele reprovou o Rei Herodes pela relação ilícita do rei com o 
esposa de seu irmão (Luc. 3:19), sua fiel exaltação da lei de Deus custou-
lhe a vida. Mas ele não era um legalista, porque ele pregou a Cristo 
como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29). 
É hoje necessária tal mensagem de reavivamento e restauração? 
Nunca os homens pisaram mais desafiadoramente os mandamentos de 
Carruagens de Salvação 164 
Deus. Nunca mais amplamente eles rejeitaram a Deus, nunca 
desconsideram mais Sua Palavra. Nunca o mundo tem precisado da 
mensagem de Elias mais que hoje. 
A mensagem de Elias vem somar-se ao nosso senso do retorno 
iminente de Cristo porque a mensagem tem que vir no momento certo. 
João Batista não veio séculos antes do Primeiro Advento – ele o 
introduziu. Igualmente, a proclamação da mensagem de Elias introduz o 
Segundo Advento. É uma mensagem de impacto mundial e chama o 
povo de Deus, onde quer que eles estejam, para deixar a apostasia e 
voltar à correta relação de aliança com Deus. 
Para entender o significado da mensagem para nossos dias nós 
temos que examinar mais de perto seus princípios básicos primeiro como 
foi dado por Elias. Ao fazê-lo, nós nos protegeremos de má interpretação 
básica. 
 
A Mensagem de Elias 
 
Em 1 Reis 16:30-33 nós lemos do casamento do Rei Acabe com 
"Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios". Foi proibido aos reis de Israel 
o casamento com pagãos porque com o consorte freqüentemente vinha 
uma religião pagã. E assim foi. A adoração a Baal, misturada com a 
verdadeira adoração a Yahweh, foi introduzida e imposto ao povo. 
O vigésimo terceiro capítulo de 2 Reis explica ao culto a Baal mais 
completamente, revelando-a como uma forma de adoração do sol. Sob 
este sistema o povo adorava "todo o exército de estrelas" queimando 
"incenso a Baal, ao sol e à lua, às constelações e a todos os exércitos 
celestes" (versos 4, 5). O culto a Baal em Israel, porém, era um 
amalgamação, misturando princípios da fé hebraica e os de Baal num 
sistema. O resultado foi que as 10 tribos do norte "abandonaram todos os 
mandamentos do Senhor, o seu Deus, e fizeram para si dois ídolos de 
metal na forma de bezerros e um poste sagrado de Aserá. Inclinaram-se 
Carruagens de Salvação 165 
diante de todos os exércitos celestiais e prestaram culto a Baal" (2 Reis 
17:16, NVI). 
A missão de Elias era convocar Israel da apostasia para voltarem a 
Deus e Seus mandamentos. Deus não pode ser separado de Seus 
mandamentos. É por meio deles que Ele expressa que Sua vontade. 
Rejeitar a vontade de Deus é rejeitar o próprio Deus. 
Como o sinal da apostasia religiosa de Israel, Deus reteve a chuva 
(1 Reis 17:1; veja também Deut. 11:16, 17). Durante três anos e meio 
não veio nenhuma chuva, um período desastroso para a nação. Poderia 
esperar-se que depois de um ano os israelitas caíssem de joelhos para 
descobrir o que estava religiosamente errado com eles. Ao invés disso, 
Acabe e Jezabel endureceram seus corações, e o povo sofreu 
terrivelmente. Ao término dos três anos e meio Deus mandou Elias de 
volta aos líderes apóstatas com um apelo final. 
Como o povo dos dias de Elias receberam sua mensagem? Quando 
Acabe viu Elias o que ele lhe disse foi: "É você, você o perturbador de 
Israel?" (1 Reis 18:17, RSV). 
O profeta respondeu: "Eu não perturbei Israel; mas você sim, e a 
casa de seu pai, porque você abandonou os mandamentos do SENHOR e 
seguiu os baalins" (verso 18, RSV). 
Verdadeiros centros de culto na revelação divina. O porta-voz de 
Deus desejava conduzir o povo de Deus a uma decisão de renovar sua 
lealdade para com Ele. Elias dirigiu-se ao povo e disse: “Até quando 
vocês vão oscilar para um lado e para o outro? Se o SENHOR é Deus, 
sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-no’. O povo, porém, nada 
respondeu” (verso 21). Nesta hora dramática Elias começou a 
restabelecer o altar do Senhor que estava em ruínas (verso 30). 
Aqui nós recebemos um vislumbre do que o culto a Baal tinha feito. 
Tinha rejeitado o culto de Yahweh em sua mensagem de salvação pela 
graça de Deus (veja Lev. 17:11). Elias leva 12 pedras e reconstrói o altar. 
Ao fazê-lo ele reaviva a doutrina de salvação pela graça apenas e 
Carruagens de Salvação 166 
enfatiza a unidade das 12 tribos de Israel. Certamente aqui está uma 
mensagem de unidade e de restauração da lei divina e o evangelho. 
A mensagem de João Batista continha os princípios básicos da 
mensagem de Elias. Ele chamou o povo de volta aos mandamentos de 
Deus e ao verdadeiro arrependimento pela fé no Cordeiro de Deus (João 
1:29). Eles significavam sua aceitação da mensagem por seu batismo 
para o perdão dos pecados (Luc. 3:3). Assim João cumpriu sua comissão 
de preparar o caminho para o primeiro advento de Jesus. 
E assim deve ser no tempo do fim. Como discípulos de Jesus, nós 
temos que convocar o homem moderno para voltar da apostasia, voltar 
de qualquer forma sofisticada de tal "adoração de ídolos" que podemos 
ter hoje: do baal do materialismo, de cientificismo, do oculto, de falsos 
conceitos do evangelho de Deus. A mensagem de Elias é um apelo para 
voltar do legalismo por um lado e da permissividade do outro, voltar à 
verdadeira adoração de Yahweh, voltar à lei original e ao evangelho. Isso 
tem sido o propósito de Deus em todas as idades: trazer a humanidade de 
volta à Sua aliança. E assim Deus enviou a incorporação de Sua lei e 
evangelho no Messias Jesus para andar entre nós, para que pudéssemos 
saber o que Deus se parece e buscar andar com Ele. 
 
A Mensagem de Elias para Hoje 
 
A mensagem de Elias para nossos dias aparece em Apocalipse 14:6-
20. O cenário, como predito em Malaquias 4, é o juízo. João vê uma 
“nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, alguém ‘semelhante a um 
filho de homem’. Ele estava com uma coroa de ouro na cabeça e uma 
foice afiada na mão. Um anjo chama Àquele assentado na nuvem: 
“‘Tome a sua foice e faça a colheita, pois a safra da terra está madura; 
chegou a hora de colhê-la’. Assim, aquele que estava assentado sobre a 
nuvem passou sua foice pela terra, e a terra foi ceifada” (versos 14-16, 
NVI). 
Carruagens de Salvação 167 
Aqui nós temos um retrato simbólico do segundo advento de Cristo. 
Ele vem com umacoroa – como Rei dos reis – e com um foice – como 
juiz. O último juízo, apontado por todos os profetas, que Ele cumprirá 
em breve. A imagem vem diretamente de Joel que é, por assim dizer, um 
apocalipse em cápsula do Antigo Testamento. Joel pinta Yahweh que 
desce no vale de Josafá para julgar as nações que perseguiram Seu povo 
da aliança. Em Joel 3:13 a frase aparece ''Lancem a foice, pois a colheita 
está madura." Nós temos que concluir, então, que João aplica o 
apocalipse de Joel do juízo de Yahweh como o dia do juízo de Cristo. O 
próprio Cristo tinha declarado que Seu Pai "deu todo o juízo ao Filho '' 
(João 5:22, RSV). 
Mas Cristo não votará sem primeiro emitir um chamado ao 
arrependimento, um convite para restabelecer a verdadeira adoração, um 
apelo para o preparo para a Sua vinda. E tal convite divino aparece em 
Apocalipse 14, onde três anjos tocam uma mensagem de preparação 
apocalíptica. 
Deus deu as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14 para serem 
entendido. Eles são a mensagem de Elias para nossos dias, convocando o 
povo de Deus onde quer que eles sejam, como que sejam chamados – 
católico romano, luterano, metodista, nazareno, adventista do sétimo dia, 
batista, ou outro – para voltar ao compromisso com a vontade revelada 
de Deus, à verdadeira adoração, de volta aos passos de Jesus. 
O nome da igreja que nós professamos seguir não é de máxima 
importância, porque uma igreja não salva. Se uma igreja não salva, então 
seguramente seu nome não pode salvar. O mais importante é se uma 
igreja ouve e está respondendo à mensagem de Elias, à mensagem que, 
como nos dias da apostasia de Acabe e nos dias de João Batista, chama 
todo o mundo a voltar aos "mandamentos de Deus e a fé de Jesus" 
(Apoc. 14:12, RSV). 
A mensagem de Elias hoje convoca todos os homens em lugar de 
adorar a criação a adorar o Criador. "Adorem aquele que fez os céus, a 
terra, o mar e as fontes das águas" (Apoc. 14:7, NVI). Isto aparentemente 
Carruagens de Salvação 168 
coloca o significado do quarto mandamento no centro focal: "Lembra-te 
do dia de sábado, para o santificar. . . . porque, em seis dias, fez o 
SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, 
descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o 
santificou" (Êx. 20:8-11, RA). 
Um autor expressou a oportunidade da mensagem de Elias do 
tempo do fim de Apocalipse 14 nestes palavras desafiadoras: "Na 
exaltação do humano sobre o divino, no louvor aos líderes populares, no 
culto a Mamom, e na exaltação dos ensinos da ciência sobre as verdades 
da Revelação, multidões hoje estão seguindo a Baal" (White, Profetas e 
Reis, pág. 170). 
Uma terrível advertência de juízo vai para os que escolhem adorar 
"a besta e sua imagem", que os comentaristas identificaram com religião 
apóstata, a alteração audaciosa da lei de Deus e do evangelho. Um anjo 
mensageiro declara solenemente que Babilônia – o sistema de religioso 
apóstata – "caiu, caiu" (verso 8). 
É significante que a Escritura chama o povo de Deus de volta à 
"perseverança" (RA), ou "paciência" (KJV) dos santos (verso 12). 
Perseverança é resistência. Aqui está um apelo não só para se tornar 
cristãos mas para permanecer cristãos, mesmo em face da perseguição, 
que é freqüentemente a porção daqueles que sinceramente seguem os 
mandamentos de Deus. Assim nós vemos que, como nos dias de Elias, a 
guarda dos mandamentos é um das marcas que identificam os 
verdadeiros adoradores de Deus. Uma terrível maldição virá naqueles 
que deliberadamente desafiam a Deus e Sua vontade (veja versos 9-11). 
O céu convocam todos os homens para crerem em Jesus com uma fé que 
salva e santifica. 
Esta fé exerce tal compulsão que aqueles que a possuem estão 
dispostos a seguir Jesus em todos o caminho, onde quer que Ele 
conduza. A pergunta é: Amamos a Cristo supremamente? 
 
 
Carruagens de Salvação 169 
A Presença de Elias 
 
O Apocalipse descreve o coração da última mensagem de 
advertência como segue: "Então vi outro anjo, que voava pelo céu e 
tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na 
terra, a toda nação, tribo, língua e povo" (Apoc. 14:6, NVI). Nós 
podemos resumir a mensagem inteira nesta frase inclusiva: "o evangelho 
eterno". Se não é o evangelho, o antigo evangelho, evangelho inalterado, 
o pregador não pode representar corretamente o Elias do tempo do fim. 
Ele não está orando no espírito e poder e verdade de Elias. Se uma igreja 
não está proclamando a mensagem básica do evangelho salvador da 
graça livre e soberana de Deus, se não apresenta a justificação pela fé 
sem as obras da lei, então não está cumprindo a missão professa; não 
está expondo o singular e único evangelho de Deus que julga todas as 
outras mensagens (veja o Gál. 1:6-9). 
Note que o Apocalipse aqui usa "evangelho" com relação a 
"perpétuo" (KJV), ou "eterno". João parece agregar esta qualificação 
porque os que reivindicam pregar a mensagem de Elias face ao perigo de 
oferecer um evangelho diferente. Um evangelho que enfoca tanto nas 
advertências contra Babilônia e a besta e sua marca pode condenar em 
lugar de salvar. 
O evangelho eterno salva. O único caminho do Paraíso perdido ao 
Paraíso restaurado, abarca todas as dispensações. É a mesma mensagem 
do evangelho da morte substituinte do Filho de Deus que Isaías pregou 
(Isa. 53). A mesma mensagem sobre o Cordeiro de Deus que João 
Batista pregou. O mesmo evangelho de aceitação divina do verdadeiro 
arrependimento que Jesus pregou. O mesmo evangelho de graça 
soberana que Paulo pregou. Este é o evangelho que também a última 
geração é chamada a proclamar com urgência. O horário de Deus é 
sempre perfeito. A proclamação universal do convite final de Deus para 
voltar a Ele e seguir Sua vontade revelada – a presença de Elias – pode 
Carruagens de Salvação 170 
ser considerado como o maior sinal de todos de que Cristo breve virá em 
Sua glória. 
Em Sua misericórdia Ele nos chama para reavivar nossa adoração 
do Criador, uma adoração que irradia amor divino para todos os homens, 
em Espírito e em verdade. Enquanto o evangelho de Cristo nos chama à 
obediência a Deus de todo nosso coração e de toda nossa força, é a 
própria antítese do legalismo, porque nos afasta da dependência em 
nossos esforços à total dependência em Cristo. A mensagem divina cria 
fé naqueles que a ouvem. Sendo pregada agora, ela prepara a 
humanidade para estar em pé no juízo, face-a- face com Aquele que vem 
com coroa e foice, como Rei dos reis e como justo juiz. 
Agora, enquanto Ele ainda oferece livremente a graça de Sua 
salvação, a mensagem de Elias requer nossa decisão: “Até quando vocês 
vão oscilar para um lado e para o outro? Se o SENHOR é Deus, sigam-
no; mas, se Baal é Deus, sigam-no’.” (1 Reis 18:21, NVI). A verdade 
nunca foi medida através de números. Elias esteve praticamente só 
contra os 850 profetas de Baal e Aserá apoiados pelo governo de Israel 
(versos 19, 22). Deus não está satisfeito com neutralidade num tempo de 
apostasia. Quando Ele nos dirige um apelo para fazer um novo 
compromisso com Ele e Sua palavra e com Seu reino, é tempo de 
levantar-se e ser contado entre o fiel remanescente, cujas credenciais e 
credo são a Bíblia e a Bíblia somente. 
 
A Final Revelação dos Fatos no Tipo e Antítipo 
 
O conflito espiritual entre Elias e os profetas de Baal no Monte 
Carmelo atua como um protótipo dramático da batalha final entre o bem 
e o mal como descrito em Apocalipse 16:13-16. No tempo de Elias três 
poderes estavam unidos em oposição ao profeta de Deus: Acabe, o rei de 
Israel, que representava o poder estatal do reino do norte. Jezabel, sua 
esposa pagã que veio da Fenícia e ativamente promoveu o culto de Baal 
dentro das tribos do norte de Israel. Ela "estava exterminando os profetas 
Carruagens de Salvação 171 
do Senhor" (1 Reis 18:4), e ela representava o poder perseguidor da 
religiãoapóstata obviamente dentro de Israel. E finalmente, os falsos 
profetas, um total de 850, que obedeceram as ordens de Jezabel (verso 
19). 
Não é nenhuma coincidência que João descreve os três poderes 
apocalípticos que se unem para opor-se ao Israel Messiânico de Deus no 
tempo do fim como "o dragão", "a besta”, e "o falso profeta" (Apoc. 
16:13). Esta trindade demoníaca, dirigidos por um ódio sobrenatural 
contra o verdadeiro Israel de Deus, une todos os poderes estatais do 
mundo para um golpe mortal final contra a igreja proscrita no Har-
Magedon (verso 16). 
Alguns estudiosos identificaram "Har-Magedon", ou "Monte 
Megido" com o Monte Carmelo, localizado perto do Megido, com a 
conseqüência que eles vêem Har-Magedon como o antítipo apocalíptico 
da luta final histórica no Monte Carmelo nos dias de Elias (veja E. 
Lohmeyer, Die Offenbarung des Johannes [Tübingen, 1953], p. 137; W. 
H. Shea, "The Location and Significance of Armageddon in Revelation 
16:16," AUSS 18 (1980): 157-162). 
Esta conexão tipológica ensina uma vez mais que a questão em 
jogo no Armagedom é a verdadeira ou a falsa adoração do Deus de 
Israel. Mais que isso, o resultado da confrontação final revela um 
paralelo mais notável com a vitória de Elias. Fogo do Deus de Israel no 
céu decidiu quem era o Deus vivo quando consumiu o sacrifício de Elias 
no Monte Carmelo (1 Reis 18:38). O profeta de Deus então ordenou a 
captura de todos os falsos profetas e comandou sua execução no Vale de 
Quisom (verso 40). Na batalha do Armagedom Cristo ganhará sua vitória 
de um modo semelhante. Quando Ele aproxima da cena de batalha com 
Seus exércitos celestiais, a guerra santa acha um rápido fim: 
A besta foi presa, e com ela o falso profeta que havia realizado os 
sinais miraculosos em nome dela . . . Os dois foram lançados vivos no lago 
de fogo que arde com enxofre (Apoc. 19:20, 21, NVI). 
 
Carruagens de Salvação 172 
De maior consolação para o povo de Deus, porém, é a máxima 
recompensa do próprio Elias. Depois da conclusão de sua missão, Deus o 
trasladou em glória imortal quando uma carruagem celestial com cavalos 
de fogo pendiam do céu. "E Elias foi levado aos céus num redemoinho" 
(2 Reis 2:11, NVI). Nesta experiência a recompensa de Elias é um tipo 
profético do que a última geração dos filhos de Deus receberá. 
Quando Cristo voltar em Sua glória dos céus orientais, montando 
em Seu vitorioso cavalo de batalha, miríades de anjos O acompanharão 
em seus cavalos brancos para libertar os santos de seus opressores e os 
transferir para a presença eterna de Cristo (Apoc. 19:11-14). Eles têm 
aguardado por isto durante muito tempo! Valia a pena viver e sofrer por 
isto, como o apóstolo Paulo declarou: "Considero que os sofrimentos que 
suportamos agora não se comparam com o esplendor, ainda não 
revelado, que está em reserva para nós" (Rom. 8:18, NEB).

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