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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Resenha Crítica do Artigo O Estado de Coisas Inconstitucional e a Superlotação do Sistema Carcerário Brasileiro 
Leonardo Antunes da Silva Valentim
Trabalho da disciplina Direito Constitucional Internacional
Rio de Janeiro - RJ 
2020
O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL E A SUPERLOTAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO 
Referências: Renata Miranda Lima e Samantha Ribeiro Meyer Pflug
Trata-se a complexidade da problemática realidade do sistema prisional brasileiro e o papel da atividade judicial acerca da ineficiência do sistema em garantir os direitos fundamentais à população carcerária.
De antemão, é importante que se aborde os dados da INFOPEN mencionados no artigo em questão quanto a superlotação do sistema prisional brasileiro: em 1990 a população carcerária correspondia a 90.000 pessoas. Em 2010 esse número já era 496,300 mil em cárcere. Até junho de 2016, o número de pessoas privadas de liberdade nas penitenciárias brasileiras chegou a 726.712 pessoas. Da mesma fonte, tem-se a informação de que o Brasil contém a 3ª maior população em cárcere do mundo, atrás somente dos EUA e Rússia. Esse crescimento exponencial ocorre em desalinhamento com a capacidade de lotação dos presídios, ocasionando diversas questões problemáticas no que tangem a garantia dos direitos fundamentais, consequências da superlotação.
Observando sob a ótica da dignidade da pessoa humana, princípio norteador desta discussão, é possível notar a falta de eficácia no alcance das garantias dos direitos fundamentais, onde os registros de mortes, estupros, torturas, rebeliões, condições de insalubridade, dentre outras circunstâncias que vão de encontro ao que se considera uma situação digna, são cada vez mais frequentes. Dentro desse espectro, a discussão sobre o cerceamento da dignidade da pessoa humana dentro dos presídios tem ganhado cada vez mais espaço, principalmente após o ocorrido dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão.
Após um relatório do CNJ acerca dos 59 mortos somente no ano de 2013 dentro do sistema penitenciário de Pedrinhas, seguido de imagens de decapitações realizadas pelos próprios detentos, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, instância máxima da ONU no confronto às violações aos direitos humanos, se pronunciou no sentido de criticar a postura do Brasil ante ao sistema penitenciário nacional, cobrando uma postura em relação a redução da superlotação, bem como investigações mais precisas e tempestivas dos diversos crimes ocorridos em Pedrinhas. 
Toda essa repercussão abriu caminho para uma inovação no âmbito jurídico brasileiro: a discussão acerca da declaração sobre o Estado de Coisas Inconstitucional, uma abordagem formulada na Corte Constitucional Colombiana. Trata-se de uma violação coletiva institucionalizada, a qual provoca o ativismo do judiciário na salvaguarda da constituição e garantidor a efetividade dos direitos, com aplicabilidade pela primeira vez no Brasil a partir da ADPF 347/2015, em que foi apontada a crise no sistema penitenciário brasileiro e as recorrentes violações dos direitos mais basilares da pessoa humana que ocorrem “intragrades”. 
O debate acerca deste tema possui algumas ramificações que começam na impopularidade de investimento político no sistema prisional, já que não é uma medida que a grande massa da população considera como prioridade – portanto não gera votos -, até na maneira como o judiciário aponta o direito, tendo em vista o excesso da aplicabilidade do instituto da prisão preventiva e temporária, mesmo que seja dubitável o cometimento do crime em processo penal. A Lei 12.403/2011 dispõe de uma sequência de medidas cautelares, alternativas que se mostram eficazes na diminuição do instituto da prisão antes do trânsito em julgado. Além de coibir o excesso da penalidade, a maneira de aplicar o direito valorizando as medidas cautelares contribui significativamente para a redução da superlotação carcerária.
Nota-se, portanto, um papel fundamental do ativismo judiciário na sociedade, já que de maneira recorrente, principalmente quando se trata do sistema carcerário brasileiro, os abusos e violações são institucionalizados, cabendo então a interferência do judiciário ainda que, de certo modo, caminhe de encontro ao princípio da separação dos poderes. Trata-se da ponderação moral de conflitos legislativos. Quando a intervenção do judiciário se mostra a única saída para garantir direitos inalienáveis como, por exemplo, o direito a vida, à igualdade e à segurança, ela deve ser encarada de maneira legítima, reconhecendo-se, tão logo, o estado das coisas inconstitucional. Portanto, diante do aspecto da superlotação do sistema penitenciário, cabe ao judiciário, na sua função de guardião da constituição, intervir de forma a evitar as devidas consequências que permeiam a desumanidade, visando o combate a essa diversidade que é uma infeliz realidade para o Brasil.

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