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Ensaio a ser apresentado na disciplina de História de Moçambique séc. XVI - XVIII, curso de Licenciatura em ensino de História, ISCED, como requisito parcial para a avaliação final da disciplina. HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE SÉCULO XVI - XVIII Discente: Julieta José Manhengane Tutor: Mestre, Nelson Tivane Introdução Por muito tempo, Moçambique, foi alvo de duras atrocidades protagonizadas pelo sistema colonial português, no qual esteve mergulhado, no passado. A presença dos colonos deu início à formação de alguns reinos/estados nas regiões do país. Este presente trabalho, tem em questão, compreender de uma forma clara os aspectos referentes aos estados moçambicanos, mas especificamente o estado de Báruè que foi chefiado pelos Macombes. No que tange aos objectivos, temos como objectivo geral cnhecer a história do estado de Báruè e a sua contribuição na resistência contra o colonialismo. E como objectivos específicos propõe-se: · Localizar geograficamente o estado de Báruè; · Identificar a origem do estado de Báruè; · Caracterizar a aliança política do estado de Báruè; · Mencionar as causas da decadência e revolta de Báruè · Identificar os factores que contribuiram para a derrota do estado de Báruè; No tocante a estrutura, o ensaio obedece a seguinte estrutura: localização do estado de Báruè; surgimento e desenvolvimentodo estado de Báruè, aliança política e ideológica do estado de Báruè, divisão interna do estado de Báruè, decadência do estado de Báruè e por fim a revolta de Báruè. Quanto à metodologia usada, optou-se pela consulta bibliográfica com base nos teóricos das ciências sociais e de outros campos do saber que têm se dedicado na elaboração de escritos que visam o resgate da história da africana no geral e de Mçambique em particular. O ESTADO DE BARUÉ Báruè foi um estado bastante poderoso, produto da desagregação do Estado dos Mwenemutapa, gerido sob o comando da dinastia dos Makombe. Este estado fortaleceu-se com o comércio do ouro e do marfim, o que lhe permitiu adquirir armas e munições, conseguindo desta forma, manter a sua autonomia. Localização O Estado de Báruè era limitado ao Norte pelo curso do rio Luenha, ao Sul pelo curso do rio Punguè, a Leste por uma grande linha que definia os prazos de Massangano, Tambara e Gorongoza e, a Oeste pela fronteira da Rodésia do Sul (actual Zimbabwe). Surgimento e desenvolvimento Fontes escritas convergem em afirmar que as dinastias reinantes em Báruè provieram do Estado dos Mwenemutapa, precisamente na região de Mbire, daí a ligação dos Makombe e Mwenemutapa. As guerras civis que se seguiam reduzindo o poder do Mwenemutapa ofereceram a vários chefes provinciais a possibilidade de fazer sucessão e de criar reinos/estados autónomos. Makombe, filho de Mureohe (fihha de um dos monarcas dos Mwenemutapa) submeteu os Tongas do Zambeze nesse tempo povoando as terras baixas até ao Punguè, que acabaram por absorver a aristocracia chona-caranga. Daí o seu nome ser transformado no próprio título dos reis do Báruè. Aliança Política e Ideológica O culto dos espíritos chonas, era inseparável de qualquer política anti-europeia. Uma das particularidades do Makombe Kanga é ser-lhe atribuída a herança de um médium designado Swikiro, um dos principais espíritos dos antepassados “Kabudo Kgoro”. Essa cauda de animal tinha fama de possuir o poder de transformar as balas inimigas em água. Divisão Interna do Estado O fracasso do estado de Báruè centrava na divisão do estado. Quando Samakande (irmão mais velho de Makombe) tomou o trono em 1894, o seu irmão destronou-o com ajuda de dissidentes. Dada a concorrência da direcção do reino, o surgimento de Chipitura apoderou-se das regiões de Mungari e de Mokosa, ficando o Makombe com Inhachirondo/Misongwe e Muira. Apesar das tentativas de conciliação Báruè não voltou a calma, a divisão do estado intensificou as lutas, fazendo esquecer os intervinientes do perigo real dos portugueses. Kassiche em substituição de Chipituira, fez um compromisso com os europeus efectivado em 1900 quando aceitou e concedeu a sua parte do Báruè aos portugueses. Apesar de estar dividido, o estado de Báruè transformou-se depois no símbolo da resistência anti-portuguesa na Zambézia meridional. Decadência Dado o perigo que Báruè representava para os portugueses, João de Azevedo Coutinho elaborou um plano para acabar com os dois reis do estado. Em 29 de Julho de 1902 as forças portuguesas protagonizaram ataques tão fortes que acabaram invadindo e destruíndo o Báruè levando desta forma o Estado à decadência. A revolta de Barué A revolta de Bárué insere-se dentro de um conjunto de acções com vista a evitar o declíneo do estado. Teve início em Março de 1917 e, rapidamente, alastrou-se para as formações achicunda em redor de Zumbo, Cheua (a norte do Zambéze), Tonga e Sena. Causas da revolta: a crescente opressão dos barruítas com elevadíssimos impostos; o recrutamento compulsivo da mão-de-obra e sem remuneração na construção de uma estrada, ligando Tete à Macequece, passando pela terra dos Báruè; o recrutamento de jovens para formar um exercito que tinha como missão combater os alemães que atacavam pelo norte; O aparecimento da jovem de nome Mbuya, levou à denúncia os abusos dos portugueses, e apelou à revolta popular contra os colonialistas. Os chefes de Báruè, Nongwe-Nongwe e Makosa, ultrapassaram as rivalidades, visando a formação de uma ampla coligação anti-colonial zambeziana. Serra (2000), aponta as seguintes causas derrota de Bárue: o elevado número de efectivo por parte dos portugueses; a superioridade dos armamentos, pois os portugueses já usavam a artilharia e metralhadora; conflitos e deserções entre membros da “elite” dirigentes da resistência; alguns erros tácticos por parte dos Báruè; as deserções nas fileiras Báruè após a médium espírita M’buya ter vaticinado a derrota dos Báruè por não haverem obedecido as regras ancestrais no tocante ao não pisarem os estercos dos porcos; Conclusão Desde o início, este trabalho, procurou fielmente mostrar através de factos históricos a existência de um estado bastante poderoso em Moçambique, que resistiu à devastação Nguni e às disputas com os estados militares vizinhos, apesar das constantes e sucessivas crises de sucessão. Após a realização do trabalho, pode concluir-se que a presença colonial, sobretudo portuguesa na região do Zambeze tanto como nas outras áreas encomodavam os nativos, visto que eles viam os seus direitos alienados pelos colonos. Para ultrapassar este situação, os Báruès lutaram para reprimir e expulsar os inimigos. Para isso, o macombe formou exércitos de combate, cada um com o seu objectivo. Os confrontos não foram fáceis, apesar de no inicio o êxito for totalmente dos báruès, visto que a preparação da guerra passou despercebida dos portugueses devido o conflito que eles travaram com os alemães no norte de Moçambique. A revolta de Báruè serviu como impulso para os movimentos de resistência contemporâneos em prol da liberdade. E do ponto de vista da soberania, eles anteciparam a sua reconquista e o triunfo do nacionalismo africano. Bibliografia http://diquissine.blogspot.com/2015/05/revolta-de-barue.html http://veloestudarmais.blogspot.com/2011/08/contextualizao-do-estado-de-barue.html http://www.arpac.gov.mz/images/Revista/Revista_revolta_barue.pdf http://macua.blogs.com/files/hist%C3%B3ria-pre-colonial-de-mo%C3%A7ambique.pdf