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<p>1</p><p>Basto Ângelo</p><p>Irene Jone Carimo</p><p>A Revolta de Báruè</p><p>Licenciatura em Ensino de História com Habilitações em documentação</p><p>Universidade Rouvuma</p><p>Extensão de Cabo Delgado</p><p>2023</p><p>2</p><p>Basto Ângelo</p><p>Irene Jone Carimo</p><p>A Revolta de Báruè</p><p>Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue no</p><p>Departamento de Letras e Ciências Sócias,</p><p>recomendado na cadeira de Historia de África III,</p><p>curso de Historia 2º ano, 2º semestre, leccionada</p><p>por</p><p>MA: Mouzinho Lopes Manhalo</p><p>Universidade Rovuma</p><p>Extensão de Cabo Delgado</p><p>2023</p><p>3</p><p>Conteúdo</p><p>Introdução ............................................................................................................................... 4</p><p>1. Resistência na África Austral: Revolta de Báruè................................................................ 5</p><p>1.1. Localização geográfica .................................................................................................... 5</p><p>1.2. Origem dos Makombe ..................................................................................................... 5</p><p>1.2.1. Estrutura política e administrativa dos Makombe ........................................................ 5</p><p>1.2.2. O defensor da soberania................................................................................................ 6</p><p>2. Antecedentes ....................................................................................................................... 6</p><p>2.1. Batalha de Chideu ............................................................................................................ 6</p><p>2.2. Batalha de Mafunda ......................................................................................................... 6</p><p>2.3. Batalha de Nyachirondo Mussongwe .............................................................................. 7</p><p>3. Revolta de Báruè................................................................................................................. 8</p><p>3.1. Causas da revolta ............................................................................................................. 8</p><p>3.2. Eclodir da revolta ............................................................................................................. 9</p><p>3.3. Consequências da Revolta de Báruè .............................................................................. 11</p><p>Conclusão.............................................................................................................................. 13</p><p>Referencias Bibliográficas .................................................................................................... 14</p><p>4</p><p>Introdução</p><p>O presente trabalho tem como tema a Revolta de Báruè, que por sinal significa uma</p><p>resistência que levou com que uma nação toda despertasse do jugo colonial, em partícula o</p><p>Português. Como não bastasse, essa revolta significa também como uma luz e motivação</p><p>caracterizado pela resiliência do povo do Báruè, para o resto de um continente, servindo</p><p>assim de exemplo para outras nações, estimulando os e acima de tudo mostrando o como seria</p><p>sim possível vencer o colono.</p><p>Objectivo geral</p><p> Compreender o significado da revolta de Báruè sob olhar das resistências africanas</p><p>contra a ocupação colonial.</p><p>Objectivo específico</p><p> Explicar as consequências da revolta</p><p> Estabelecer a visão da revolta para o resto da África</p><p>Metodologia</p><p>A metodologia usada para concretização deste trabalho foi a consulta bibliográfica de</p><p>manuais em formato electrónicos que se encontram devidamente citados dentro do trabalho</p><p>bem como na referência bibliográfica. Quanto a sua estrutura o trabalho conte elementos pré-</p><p>textuais (capa e capa de rosto), elementos textuais (corpo do trabalho) e pós textuais</p><p>(referencia bibliográfica).</p><p>5</p><p>1. Resistência na África Austral: Revolta de Báruè</p><p>1.1. Localização geográfica</p><p>O Estado de Báruè era limitado ao Norte pelo curso do rio Luenha, ao Sul pelo curso</p><p>do rio Punguè, a Leste por uma grande linha que defnia os prazos de Massangano, Tambara e</p><p>Gorongoza e, a Oeste pela fronteira da Rodésia do Sul (actual Zimbabwe). Báruè foi produto</p><p>da desagregação do Estado de Mutapa, império bastante poderoso que conseguiu resistir à</p><p>devastação Nguni e às disputas com os Estados Militares vizinhos, apesar de constantes e</p><p>sucessivas crises de sucessão. O Estado de Báruè foi gerido sob o comando da dinastia</p><p>Makombe.</p><p>1.2. Origem dos Makombe</p><p>De acordo com Serra (2000, p.311), fontes escritas convergem em afirmar que as</p><p>dinastias reinantes em Báruè provieram do Estado de Mutapa, precisamente na região de</p><p>Mbire, daí a ligação dos Makombe e Mwenemutapa1.</p><p>É provável que a formação dos primeiros Estados em Moçambique tenha se iniciado</p><p>na região situada a Sul do Zambeze. No início do século XVI, os imigrados de língua Shona</p><p>vindos do actual Zimbabwe impuseram sua dominação sobre a região que se estendia desde a</p><p>margem sul do Zambeze até ao rio Save. A frente deste poderoso reino encontrava-se o</p><p>Mwenemutapa, dele o Império dos Shona extraiu o seu nome. Ainda que as guerras civis que</p><p>se seguiram tenham reduzido o poder do Mwenemutapa e oferecido a vários chefes</p><p>provinciais a possibilidade de fazer sucessão e de criar reinos autónomos, a hegemonia Shona</p><p>se manteve em toda a região. Os mais potentes desses Estados Shona independentes - Báruè,</p><p>Manica, Quiteve e Changamira continuaram a dominar efectivamente a parte meridional de</p><p>Moçambique central, até o século XIX. (Ajayi, 2010, p.212)</p><p>1.2.1. Estrutura política e administrativa dos Makombe</p><p>Até finais do século XVII, os Makombe possuíam o estatuto de uma unidade política</p><p>independente do Mwenemutapa. Para a administração do território, o Mambo contava com</p><p>assistência de um conselho de anciãos e com os Nyangulo2. Os Madoda3 formavam um</p><p>1 Chefe africano.</p><p>2 Título hereditário, passado de pai para filho.</p><p>3 Designação dada aos anciões na Província de Manica.</p><p>6</p><p>conselho restrito que integrava também membros da família real. A indicação dos Madoda era</p><p>com base no prestígio e respeito que gozavam na comunidade.</p><p>1.2.2. O defensor da soberania</p><p>Makombe foi timoneiro e impulsionador da resistência à ocupação colonial, numa área</p><p>que vai do rio Zambeze ao Púnguè e dos rios Luenha ao oceano Índico. Makombe é tido</p><p>comummente como símbolo de resistência à ocupação colonial na região, por não ter</p><p>facilitado a “usurpação” das suas terras pelos colonizadores europeus por um lado, e por</p><p>outro, ter infundido no ânimo dos seus contemporâneos, os dados primários daquilo que hoje</p><p>é nacionalismo. O segundo facto relevante é a afirmação de que a chegada de Makombe à</p><p>região dos actuais distritos de Báruè, Guro e Macossa, foi seguida de uma “campanha” de</p><p>submissão à sua soberania, de todos outros grupos já aí residente.</p><p>2. Antecedentes</p><p>Antes de entrar no cerne da questão da revolta de Báruè, importa demonstrar que ela</p><p>não foi um acto espontâneo e descontextualizado. A histórica revolta de Báruè, é antes de</p><p>tudo, o culminar de um longo processo de lutas guerreiras, de vitórias descontinuadas por</p><p>alguns recuos e avanços, a saber:</p><p>2.1. Batalha de Chideu</p><p>A história oral local guarda importantes memórias desta batalha, considerada a primeira</p><p>opondo Makombe aos portugueses, ocorrida em Chideu/Dari-Dari, junto ao rio Púnguè.</p><p>De acordo com Rosário (1996, pp.30-31) a história oral narra que, a batalha foi breve.</p><p>No dia do confronto, os dois contingentes encontravam-se em Chideu. É referido que o</p><p>contingente português era comandado</p><p>por Magalhães, vulgarmente conhecido por</p><p>Mupungura, a frente de uma coluna que partira de Masekese (Manica). Conta-se que os</p><p>portugueses foram surpreendidos pelo dispositivo bélico e estratégia de combate de</p><p>Makombe.</p><p>2.2. Batalha de Mafunda</p><p>A batalha de Mafunda fundamenta-se no ardor dos portugueses, através do seu</p><p>estratega militar João de Azevedo Coutinho que pretendia eliminar todas as aringas do vale do</p><p>7</p><p>Zambeze, essencialmente as do Norte da região do Báruè, que constituíam eminentes focos de</p><p>oposição ao avanço dos portugueses na conquista de mais terras do interior, a partir de Sena.</p><p>A batalha teve lugar no dia 19 de Novembro de 1891 quando, João de Azevedo</p><p>Coutinho, subindo pelo rio Zambeze apoiado pelos prazeiros, aproximou-se da aringa de</p><p>Mafunda onde, crendo na sua superioridade militar, ordenou o seu assalto, sem aguardar pela</p><p>chegada de toda a sua artilharia. A guarnição da aringa era dirigida por um Chefe de guerra de</p><p>Massangano designado Mwanambwa-a-Kuwa, o qual contava com 4.000 homens armados</p><p>com espingardas e flechas. (Rosário, op. cit.: p.33)</p><p>As consequências da aventura de João de Azevedo Coutinho resultaram em 40 mortos e cerca</p><p>de 200 feridos, sofrida pelo contingente português.</p><p>2.3. Batalha de Nyachirondo Mussongwe</p><p>Em 1890, Manuel António de Sousa (Gouveia) tentou retirar o território da actual</p><p>província de Manica do controlo da Companhia de Moçambique. Desta conspiração resultou a</p><p>sua captura pelos agentes da British South Africa Company (BSAC) no mesmo ano de 1890, o</p><p>que deu tempo aos descendentes da família real, em Báruè e os da família Vicente da Cruz,</p><p>então refugiados na margem esquerda do rio Zambeze, para se aliarem ao Chefe autóctone</p><p>Tawara N´toko e o Chefe Angoni Chikuse.</p><p>Conseguida a junção e as alianças, prepararam de imediato, uma contra-ofensiva</p><p>militar contra o Gouveia, sob a liderança de Makombe Kanga, flho de Makombe Chipapata</p><p>que ascendera ao título de Makombe e encabeçara a contra-ofensiva. Uma das</p><p>particularidades do Makombe Kanga foi ter-lhe sido atribuída a herança de um médium ou</p><p>Svikiro. Este Svikiro tinha a virtude de transformar as balas inimigas em água. (Rosário, op.</p><p>cit. pp. 36-37).</p><p>No entanto, antes que o esquadrão de Makombe Kanga entrasse em acção, foi</p><p>antecipado por Gouveia. De facto, depois da sua soltura pelos britânicos de Cecil Rhodes,</p><p>Gouveia atacou a fortaleza de Nyachirondo Missongwe, onde a coligação chefiada por</p><p>Makombe Kanga se encontrava. Foi nesta batalha que Gouveia foi atingido mortalmente, no</p><p>dia 20 de Janeiro de 1892. (Idem).</p><p>8</p><p>A progressão dos portugueses era já um facto e tudo fazia crer que os guerreiros</p><p>nativos tinham optado pelo recuo como artimanha que permitisse, a qualquer momento, cercar</p><p>e dar o golpe fatal às colunas europeias, já que tendiam a confnar-se nas redondezas da aringa</p><p>de Nyachirondo/Mussongwe. Os guerreiros dos Makombe pretendiam aproveitar-se das</p><p>colinas laterais que fazia à via de acesso à aringa.</p><p>Ao fundo do corredor formado pelas colinas estavam estacionadas as ensacas dos</p><p>veteranos de Makombe Kanga, sob comando de Kabendere, estando nas colinas laterais, as</p><p>ensacas mais jovens fornecidas pelos chefes Kambwemba e Kavunda, então sob comando de</p><p>Mussona.</p><p>Os sipaios que abriam caminho para a coluna portuguesa foram surpreendidos pelo</p><p>fogo cruzado dos nativos, provocando baixas consideráveis, no entanto, a artilharia que os</p><p>circundava teve tempo de se desdobrar e escalar as colinas, indo surpreender, por sua vez, os</p><p>autores da emboscada. Neste combate, o comandante mais activo dos guerreiros, o</p><p>Kabendere, foi atingido mortalmente, tendo gerado pânico e incerteza entre os seus</p><p>comparsas que iam abandonando o campo de batalha, um após outro. Como corolário deste</p><p>incidente, os invasores puderam tomar de assalto a aringa intacta e repleta de víveres no dia</p><p>28 de Agosto de 1902.</p><p>3. Revolta de Báruè</p><p>O primeiro interesse dos orquestradores da revolta de Báruè era a irradiação do domínio</p><p>colonial da sua “Pátria” e repor a dignidade.</p><p>3.1. Causas da revolta</p><p>Tudo começa em 1914, quando o Governo Português decidiu mandar construir uma</p><p>estrada ligando Tete à Macequece, passando por terras de Báruè, que permitisse um maior</p><p>controlo administrativo das zonas interiores e, o recrutamento fácil de homens para lutar</p><p>contra os alemães que haviam penetrado em Moçambique pelo Norte, vindos de Tanganyika</p><p>(actual Tanzânia), no decorrer da 1ª Guerra Mundial. Esse recrutamento era feito de forma</p><p>abusiva por parte do pessoal administrativo português.</p><p>A abertura da estrada anteriormente referida, resultou no recrutamento forçado de</p><p>carregadores e trabalhadores. O seu recrutamento efectuava-se nas habituais condições de</p><p>9</p><p>exploração: coerção, ausência de salário e alimentação, violação das mulheres e raparigas</p><p>pelos sipaios e por certos brancos.</p><p>3.2. Eclodir da revolta</p><p>A revolta de Báruè iniciou a 27 de Março de 1917, quando as regiões de Chemba,</p><p>Tambara e Chiramba foram atacados e paralelamente os camponeses de Sena e Tonga se</p><p>sobrelevaram.</p><p>A primeira frente a entrar em acção foi a do Centro (comandada por Nongwe-Nongwe</p><p>e Kwedzani), denominada frente de Tete, ao tomar de assalto em 28 de Março, o Posto de</p><p>Mungari, cujo chefe já havia empreendido uma fuga, como o fzeram os brancos da Vila de</p><p>Catandica, Chemba, Tambara e Chiramba para irem se refugiar em Sena.</p><p>Encontrando uma facilidade inesperada, os revoltosos estenderam a sua acção a</p><p>Massangano, que puderam ocupar no dia 29 de Março, para no dia seguinte se apropriarem de</p><p>Tambara e de Chiramba. Em pouco menos de uma semana, os insurrectos eram “donos” de</p><p>grande parte do seu território, sem encontrar a oposição que tanto receavam.</p><p>Quanto a frente de Zumbo, a Noroeste, as suas operações iniciaram-se no dia 5 de</p><p>Abril de 1917, sob comando do Chefe Madzombwe, com assalto a missão de Miruro, já sem</p><p>missionários. Dois dias mais tarde, Mpangula, comandando os Nsenga e os Chikunda, fez a</p><p>entrada triunfal em Zumbo, cujo administrador e seu pessoal tinham optado pela fuga</p><p>precipitada.</p><p>Mpangula e seus homens lograram reforçar-se em armas (dois canhões e várias</p><p>espingardas) e em víveres abandonados pelos fugitivos. A Sueste, o assalto a Vila de Tambara</p><p>(ex-Vila Paiva de Andrade) permitiu o bloqueio de qualquer comunicação com Beira. A</p><p>makombelândia, ou seja Báruè, estava aqui sob o controlo dos autóctones, com excepção de</p><p>Sena, para onde se refugiavam todos os brancos e onde beneficiavam de forte guarnição das</p><p>Companhias Concessionárias.</p><p>De acordo com Serra (2000, p. 37), os Báruè não tinham sofrido baixas humanas, ao</p><p>contrário, beneficiaram-se de reforços vindos de sipaios desertores das Companhias e colunas</p><p>portuguesas, para além de se terem apropriado de várias armas. A sua fraqueza só pode ter</p><p>residido na falta de consenso nos objectivos e unidades no seio dos chefes africanos que</p><p>10</p><p>continuavam ou em pequenas querelas entre si ou animados no saque às propriedades</p><p>deixadas intactas pelos colonos.</p><p>No entanto, o factor de realce que determinou a não conquista</p><p>de Sena, veio depois dos chefes religiosos terem protestado,</p><p>que a área em volta do posto de Sena se encontrava o túmulo</p><p>de um grande rei de Báruè. Foi esta situação e o tempo</p><p>aproveitado pelos portugueses para a mobilização de reforços</p><p>para Sena, servindo-se tanto do rio Zambeze como da linha</p><p>férrea (idem).</p><p>Pode se dizer que os próprios insurrectos é que permitiram, dando tempo aos</p><p>portugueses para pensar numa reviravolta. Com as perdas sofridas, não lhes restava que a Vila</p><p>de Sena e Beira como centro para a preparação da contra-ofensiva que, como</p><p>acontecera em</p><p>1902, a prioridade recairia na recuperação e defesa dos interesses económicos nomeadamente:</p><p>as partes úteis da Companhia bem como extinguir o fogo das revoltas.</p><p>A partir de meados de Julho, passou a assistir-se, na parte Sul de Báruè, uma série de</p><p>batalhas particularmente em Chideu, Nyangwa e Kanga na serra de Gorongosa, onde</p><p>guerreiros de Makosa saíram-se bem contra alguns partidários do Governo Colonial,</p><p>incluindo colunas portuguesas vindas da Beira.</p><p>No Norte, os homens de Nongwe-Nongwe demonstravam a sua bravura frente às</p><p>contra-ofensivas portuguesas. Foi provavelmente em Mungari ou Massangano, em que</p><p>Makombe Nongwe-Nongwe saiu derrotado, tendo se refugiado na Rodésia do Sul, em</p><p>companhia de cerca de 9.000 pessoas e suas famílias. Foi assim que Makombe Nongwe-</p><p>Nongwe perdeu a sua preponderância e, como consequência, iniciou a desagregação da</p><p>resistência no Norte de Báruè. Apesar deste incidente, a resistência teve focos de</p><p>continuidade, sobretudo quando Makosa (sucessor de Nongwe Nongwe) autoproclamou-se</p><p>Makombe em Agosto de 1917, tendo preferido passar a viver numa região montanhosa</p><p>situada na margem direita do rio Kaeredzi, junto a fronteira da Rodésia do Sul. Esta opção foi</p><p>deduzida pela dupla vantagem:</p><p> Primeiro, como os rodesianos se tinham recusado a vigiar sua fronteira, conforme o</p><p>pedido dos portugueses, então, uma vez perto da fronteira, Makosa podia refugiar-se a</p><p>qualquer momento, em casos de crise extrema;</p><p> Segundo, todos os Makombe e seus descendentes, como grande parte da população de</p><p>Báruè incluindo os guerreiros, haviam se refugiado na Rodésia do Sul e podiam,</p><p>11</p><p>certamente, constituir uma permanente fonte de reforços em guerreiros, ou uma</p><p>retaguarda segura.</p><p>Makombe Makosa, o último soberano a usar esse título, não foi menos afoito que os seus</p><p>predecessores. Preferindo combater nas montanhas, local de difícil acesso para as artilharias</p><p>europeias. Makombe Makosa pôde neutralizar uma ofensiva portuguesa, em Outubro daquele</p><p>mesmo ano. A sua entrega à causa da libertação era tal que, por essa altura chegou a declarar</p><p>que preferia morrer a combater que voltar a estar sob o domínio português.</p><p>Os portugueses estavam ainda a festejar as suas vitórias quando Makosa, numa</p><p>estratégia de guerrilha lançou “misteriosos ataques” e os escorraçou sucessivamente dos</p><p>Postos de Massanga, Changara e Catandika, até meados de Março de 1918, com ajuda do</p><p>Chefe Samanyanga, tendo confscado muito material bélico e víveres.</p><p>A persistência das perturbações provocadas pelo Makombe Makosa para os</p><p>portugueses era assunto para tratar escrupulosamente e com relativa urgência. A expedição ao</p><p>reduto de Makosa foi decidida pelas autoridades de Tete a partir de Julho de 1918. Atacado de</p><p>surpresa, Makombe Makosa não pôde organizar uma resistência eficiente e ao fim de um</p><p>longo combate, perdeu o seu acampamento principal.</p><p>Todavia, mesmo sem os seus mais elementares meios de guerra e de subsistência,</p><p>Makosa pôde escapar, indo buscar refúgio nos montes Nyabitombwe de difícil acesso, onde se</p><p>presume que tivesse uma base secreta. Dessa base, sabe-se que volvidos alguns meses,</p><p>quando uma coluna militar escalou esse monte, Makosa e seus féis já haviam passado para a</p><p>Rodésia do Sul, na região de M´toko, onde os seus homens foram desarmados pelos</p><p>britânicos. Esta zona montanhosa e rochosa situada junto da fronteira rodesiana e ao longo do</p><p>rio Kaeredzi foi onde, como todos os outros Makombe precedentes, o Makosa (o último),</p><p>escapouse definitivamente dos portugueses. Depois de ter estancado o grande movimento</p><p>colectivo de revolta, a campanha expedicionária portuguesa começou a estabelecer um</p><p>sistema administrativo que regulasse a vida dos indígenas.</p><p>3.3. Consequências da Revolta de Báruè</p><p>Para Boahen (2010) pode-se afirmar que, do ponto de vista de soberania, uma das</p><p>consequências e relevância da Revolta de Báruè é a existência de conexão que se estabelece</p><p>entre a revolta e a antecipação da conquista e o triunfo do nacionalismo africano no geral e</p><p>moçambicano em particular, se bem que alguns autores como Pelissier (1988) e Serra (2000)</p><p>12</p><p>preferem situar a acção dos Báruè numa perspectiva pan-étnica e pré-nacionalista, cujo</p><p>movimento nunca foi totalmente interrompido de 1920 aos anos 60, fase em que a resistência</p><p>tomou formas mais discretas e teve continuidade através dos diferentes Makombe.</p><p>O período colonial constituiu, no entanto, uma fase histórica durante a qual o</p><p>nacionalismo (aparentemente) domesticado ou esmagado só se podia exprimir sob forma de</p><p>revolta, novas circunstâncias históricas vão-lhe conferir a estrutura de uma revolução. Para o</p><p>caso de Moçambique, este nacionalismo aparece rejuvenescido na década de 60, o que deu</p><p>outra dimensão as diferentes formas de revolta e de descontentamento - a revolução que</p><p>culminou com a conquista da Independência Nacional em 25 de Junho de 1975.</p><p>13</p><p>Conclusão</p><p>A Revolta de Báruè é um dos símbolos da nossa resistência contra o exército do</p><p>regime colonial português e marco decisivo de um conjunto de sucessivas afirmações de um</p><p>povo. Significa a bravura através de acções de negação e repulsa à humilhação, e exploração</p><p>do homem pelo homem, almejando por uma Paz e progresso de Moçambique. É também, a</p><p>história de toda a humanidade. A história da “Revolta de Báruè”, foi por sinal das últimas</p><p>acções de resistência estruturada contra a presença colonial. Foi a demonstração de uma</p><p>determinação e firmeza dos moçambicanos perante as várias formas de luta, para o alcance da</p><p>liberdade.</p><p>14</p><p>Referencias Bibliográficas</p><p>AJAYI, J.F. Ade (2010). História Geral de África, VI: África do século XIX à década de</p><p>1880. UNESCO, Brasília.</p><p>BOAHEN, Alberto Adu (2010). História Geral de África, VII: África sob dominação</p><p>colonial, 1880-1935. UNESCO, Brasília.</p><p>PELISSIER, René (1988). História de Moçambique – Formação e Oposição, 1854 – 1918. II</p><p>Volume, Imprensa Universitária, Editorial Estampa, Lisboa</p><p>ROSÁRIO, Domingos Artur do (1996). MAKOMBE: Subsídios à reconstituição da sua</p><p>personalidade. Livraria Universitária da UEM, Maputo.</p><p>SERRA, Carlos (2000). História de Moçambique. Agressão Imperialista, 1886 – 1930.</p><p>Livraria Universitária da UEM, Maputo.</p><p>Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue no Departamento de Letras e Ciências Sócias, recomendado na cadeira de Hitoria de África III, curso de Historia 2º ano, 2º semestre, leccionada por</p><p>MA: Mouzinho Lopes Manhalo</p><p>Introdução</p><p>1. Resistência na África Austral: Revolta de Báruè</p><p>1.1. Localização geográfica</p><p>1.2. Origem dos Makombe</p><p>1.2.1. Estrutura política e administrativa dos Makombe</p><p>1.2.2. O defensor da soberania</p><p>2. Antecedentes</p><p>2.1. Batalha de Chideu</p><p>2.2. Batalha de Mafunda</p><p>2.3. Batalha de Nyachirondo Mussongwe</p><p>2.4. Batalha de Nyachirondo Mussongwe</p><p>3. Revolta de Báruè</p><p>3.1. Causas da revolta</p><p>3.2. Eclodir da revolta</p><p>3.3. Consequências da Revolta de Báruè</p><p>Conclusão</p><p>Referencias Bibliográficas</p>

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