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CAPÍTULO 2 2. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO Olá alunos, neste capítulo descobriremos como a ciência econômica evoluiu para ajudar o homem a encontrar a forma mais eficiente de utilizar os recursos escassos para produzir bens e serviços e, assim, satisfazer necessidades individuais e coletivas. O pensamento econômico foi dividido em escolas e cada uma sua contribuiu para a evolução da economia como ciência. Cada interpretação da realidade econômica proposta pelas escolas do pensamento econômico permitiu que as relações sociais de troca de produtos, serviços e riquezas evoluíssem ao ponto de complexidade que observamos hoje. Neste capítulo entenderemos a ordem cronológica da evolução do pensamento econômico e qual foi à contribuição de cada escola para o desenvolvimento da economia como ciência. 2.1 Origens do Pensamento Econômico Segundo Souza (2014), A Economia surgiu como ciência através de Adam Smith (1723 – 1790), considerado o pai da Economia. Sua principal obra foi o livro “A Riqueza das Nações” publicado em 1776, constitui um marco na história do pensamento econômico. Até então a Economia constituía um pequeno ramo da filosofia social. Mesmo assim, os fundamentos da economia já era preocupação de estudiosos e, algumas conjecturas do funcionamento da economia foram formuladas por pesquisadores anteriores a Adam Smith. Esses foram os Mercantilistas e os Fisiocratas e, com base neles, foi que Smith propôs uma interpretação da economia que deu origem ao que hoje conhecemos como a escola Clássica. A partir de então, o pensamento econômico vem evoluindo, passando pela crítica à escola clássica elaborada por Karl Marx, pela escola Neoclássica, escola Keynesiana, chagando ao pensamento econômico contemporâneo. 2.2. A Escola Mercantilista A Escola Mercantilista surge a partir do século XVI e, juntamente com o Renascimento Científico e a reforma de João Calvino (1509 – 1564) abre novos para a Europa. Ela é a primeira escola do pensamento econômico mesmo não representando um conjunto técnico homogêneo. O Mercantilismo tinha sua preocupação centrada na acumulação de riquezas de uma nação. Fonte: http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-mercantilismo/ No início do período mercantilista, observou-se uma transformação política na Europa, com o enfraquecimento dos feudos e centralização política. É nessa época, também, que tem início as grandes navegações que transportam metais preciosos das colônias para os grandes centros da Europa como Londres, Amsterdã, Lisboa e etc. A principal ideia mercantilista era a de que a riqueza de um país deveria ser mensurada pelo seu fluxo de metais preciosos, considerando que o Governo de um país seria mais forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque desses metais. Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=746 Com o objetivo de sempre manter um bom estoque de metais precisos, os pensadores mercantilistas propunham que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Assim, a política mercantilista foi responsável por estimular guerras, exacerbar o nacionalismo e manter a presença do estado nos assuntos econômicos. E é a partir dos postulados mercantilistas que se tem origem o sistema econômico que hoje conhecemos como Capitalismo. Os principais pensadores do mercantilismo são: Malestroit, Jean Bodin, Ortiz, Montchrétien, Locke e Thomas Mun. 2.3. A Escola Fisiocrata No século XVIII, liderada por François Quesnay, a Escola Fisiocrata surge para contrapor o pensamento mercantilista. Os Fisiocratas sustentavam a ideia de que a terra era a única fonte de riqueza de uma nação. Existia, também, ideia defendida pelos Fisiocratas era a de que não havia necessidade de regulamentação do governo para as atividades econômicas. Pois estas seguiam leis naturais que eram supremas, assim os fenômenos econômicos deveriam circular livremente entre os setores. A função do soberano era servir de intermediário para que as que as leis da natureza fossem cumpridas. Fonte: http://unipvirtual.com.br/material/MATERIAL_ANTIGO/economia_mercado/modulo3/mod_3.html Os Fisiocratas foram os primeiros a dividir a sociedade em classes de acordo com aquilo que produziam. Como a Fisiocracia acreditava que somente a agricultura era capaz de agregar valor para a sociedade, eles denominavam os agricultores de Classe Produtiva e os demais de Classe Estéril. A ideia de não intervenção governamental da economia defendida pela escola Fisiocrata, em contraposição ao intervencionismo estatal proposto pelos mercantilistas, é o ponto de partida para a formulação de uma teoria que ficou conhecida como Liberalismo Econômico. 2.3. Escola Clássica A Escola Clássica da Economia é uma corrente do pensamento econômico que surgiu no século XVIII e durou até meados do século XIX influenciada pela Revolução Industrial. O marco inicial da Escola Clássica é a obra “A Riqueza das Nações” de Adam Smith. Fonte: http://illinois.edu/emailer/newsletter/27636.html Adam Smith analisa os postulados mercantilistas e fisiocratas reforçando os pontos fortes de cada escola e refutando suas falhas. Dos Fisiocratas Smith aprofundou a ideia do liberalismo econômico e criticou a preponderância da agricultura como a fonte de riqueza das nações. Em sua visão, a verdadeira fonte de riqueza de uma nação é o trabalho de todas as classes. O esforço de cada indivíduo que busca o melhor para si através do seu trabalho, resulta em benefício para a coletividade. Por isso, o Governo não deveria intervir na economia, deixando que cada cidadão decidisse o que fazer para contribuir com o desenvolvimento da nação através da oferta de sua força de trabalho. Pois, a intervenção governamental poderia obrigar um cidadão a realizar um trabalho contra sua vontade ou um trabalho para o qual ele não tivesse tanta habilidade, desperdiçando assim o seu dom natural. Isso reduziria a eficiência produtiva do cidadão e, acontecendo repetidas vezes, reduziria a eficiência produtiva da nação como um todo. Smith acreditava que a economia tinha uma capacidade intrínseca de resolver seus próprios problemas. Essa ideia ficou conhecida como “A Mão Invisível da Economia”. Smith também é o responsável por fazer a distinção entre valor de uso e valor de troca de um bem. O valor de uso representa a utilidade que o objeto possui. O valor de troca depende das variações da oferta e da procura do mercado. Aumenta com o aumento da procura e diminui com o aumento da oferta. Este mecanismo equilibra-se espontaneamente. Outros autores importantes da Escola Clássica são: Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/023/23and.htm David Ricardo (1772-1823) que propôs a Lei dos Rendimentos Marginais Decrescentes. Essa lei determina que, mantendo um fator de produção fixo, o aumento na quantidade do fator de produção variável tende a aumentar a produção até um determinado ponto em taxas decrescentes. Passando desse ponto e produção total começaria a diminuir. Fonte: http://www.historyhome.co.uk/people/malthus.htm Thomas Malthus (1776-1836) propôs que a sociedade passaria por um colapso devido à escassez de alimentos porque enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de alimentos crescia em progressão aritmética. Fonte: http://paradigmatrix.net/?p=62 Ainda bem que as inovações tecnológicas nos permitiram acelerar a produção de alimentos, caso contrário estaríamos em uma situação bastante complicada. Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1164 Jean-Baptiste Say (1767-1832) – Criou a Lei de Say. Ele Afirmou que a demanda de um produto dependerá da oferta de outro produto. Parar ter meios de troca (dinheiro) para comprar um determinado bem, o consumidor individual deve ofertar sua força de trabalho na produção de outro bem ou serviço. Outra interpretação para a Lei de Say é a de que “a oferta cria sua própria procura”. Fonte: http://www.filosofiaonline.com/filosofia/?attachment_id=938 John Stuart Mill (1806 – 1873) – Criou a Teoria Utilitarista. Segundo ele, devemosconsiderar uma ação correta a medida que o resultado dela gere felicidade e uma ação incorreta a medida que seu resultado seja o contrário da felicidade. 2.4. A Crítica ao Liberalismo da Escola Clássica O maior crítico do pensamento da Escola Clássica foi Karl Marx (1818 – 1883). Ele, em parceria com Frederich Engels (1820 – 1895), analisou o sistema capitalista liberal proposto por Adam Smith e os demais clássicos com base no que chamou de “Materialismo Dialético”. Ele entendia que a busca pela maximização do lucro daqueles que detém os meios de produção (patrões burgueses), sem a devida intervenção do Estado, acarretaria na alienação e na exploração dos trabalhadores. Marx criticava a visão capitalista de que o trabalhador era simplesmente mais uma peça na engrenagem produtiva. O aumento da complexidade na forma de produzir, resultante da Revolução Industrial e a divisão do trabalho, proposta pelos clássicos, eliminava a identificação do trabalhador com o produto, fazendo com que o trabalhador tivesse sua própria identidade como sujeito comprometida. Ele afirma que essa característica do capitalismo entra em contradição com a ideia de liberdade de escolha e de ação. Pois, o sujeito alienado, e não tendo outra forma de se sustentar a não ser vendendo sua força de trabalho. Marx profetizou que chegaria o dia em que a classe trabalhadora tomaria consciência de sua situação de oprimida e, unida, destituiria a burguesia da sua situação de poder e de detentora exclusiva dos meios de produção. A partir de então os meios de produção seriam comuns a todos e não haveriam donos para explorar a força de trabalho das pessoas. Esse sistema econômico foi chamado por Marx de Comunismo. Mas, antes de chegar ao estágio de Comunismo, Marx entendia que deveria haver uma intervenção estatal na propriedade privada. Onde o estado destituiria os meios de produção dos capitalistas burgueses e assumiria a missão de regular a força de trabalhado dos cidadãos. Esse período, denominado Socialismo seria uma fase transitória para o Comunismo. 2.5. Escola Neoclássica A Escola Neoclássica é um termo usado para designar um grupo de correntes de pensamento. Ficou conhecida, também, como a “Revolução Marginalista”. O pensamento marginalista começa a surgir no fim do século XIX. Os economistas neoclássicos de destaque são: Carl Menger (1840-1921), William Stanley Jevons (1835-1882) e Léon Walras (1834-1910), Alfred Marshall (1842-1924) entre outros. A principal contribuição dos Neoclássicos é a análise das decisões com base na maximização da utilidade em função da renda e dos custos. De acordo com Souza (2014), os economistas neoclássicos defendiam a ideia de que a utilidade de um produto determina o valor dos bens, a quantidade demandada e, então, o preço de equilíbrio do mercado de cada bem. Para chegar a essas conclusões, os neoclássicos mantiveram o conceito clássico de liberalismo e observaram que o mercado é constituído por uma grande quantidade de compradores e vendedores, onde o comportamento isolado de qualquer um deles não é capaz de alterar o comportamento do mercado seja no preço praticado ou na disponibilidade dos bens ou serviços. Alfred Marshall Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Marshall Essa ideia foi sintetizada por Alfred Marshall que chegou às seguintes premissas: · Quanto maior for a utilidade de um bem, maior será a procura por ele e, por conseguinte, maior será seu valor e seu preço; · Quanto maior for o preço do bem, maior será a quantidade desses bens que as firmas desejarão ofertar no mercado; · O Equilíbrio de Mercado é aquele em que há um preço único para compradores e vendedores, em que a quantidade demandada é igual a quantidade ofertada. São os Neoclássicos que inauguram o ramo da microeconomia. Esse campo de estudo da economia analisa o comportamento dos agentes econômicos individuais. O raciocínio marginalista foi amplamente utilizado por Keynes na formulação da macroeconomia. 2.6 O Pensamento Keynesiano Até a década de 1920, os economistas seguiam o postulado clássico de que a economia por si só era capaz de resolver seus próprios problemas. Assim, o Governo não intervia nos assuntos econômicos ficando restrito a atuar em áreas como segurança, educação, saúde e justiça. O equilíbrio do funcionamento da economia ficava a cargo da barganha entre as empresas e os consumidores. Porém, já no inicio do século XX algumas crises econômicas surgiram e a mais devastadora delas foi ocasionada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929. Essa quebra ocasionou a falência de muitas empresas e desemprego em massa. Esse problema não atingiu apenas os Estados Unidos, chegou também à Europa e países como o Brasil. A partir daí, os economistas perceberam que o bem-estar social só seria atingido com a intervenção do Estado na economia com o objetivo de assegurar o direito de propriedade a liberdade de mercado e o maior nível de emprego. Em meio a esse problema, o economista John Maynard Keynes (1883–1946) publicou o livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, onde procurou apontar soluções para a maior crise do mundo capitalista. Ele propôs o abandono à ideia clássica de não intervenção governamental na economia. Fonte: http://blog.pucp.edu.pe/item/56196/el-retorno-del-keynesianismo Ele explicou que a produção de bens tem como contrapartida a renda e esta é utilizada na aquisição de outros bens. Assim, se parte da população não pode gastar por não ter emprego, a economia ficará impossibilitada de crescer aumentando a sua produção. Nesse momento o Estado deveria intervir na economia garantindo o emprego. Com o emprego gerado pelo Estado a população aumentaria seu nível de consumo, estimulando as empresas a aumentar a oferta de produtos. E, para ofertar mais produtos, as empresas precisariam empregar mais. Assim, a ação do Estado teria um efeito multiplicador na economia. Outra constatação feita por Keynes foi a de que as pessoas não gastam em consumo o total de sua renda, dependendo do seu nível de renda. Quando a renda do consumidor é baixa ele tende a usar toda sua renda para satisfazer suas necessidades básicas através do consumo de bens e serviços. Quando a renda do consumidor é elevada a ponto de ele conseguir satisfazer suas necessidades básicas e seus desejos supérfluos com parcela de sua renda, ele tende a guardar o restante. Essa poupança realizada pelas pessoas de melhor condição financeira foi chamada por Keynes de “Vazamento da Economia”. Caso esse valor não fosse revertido em consumo, o crescimento econômico ficaria prejudicado, assim como o nível de emprego. Nesse caso, Keynes orienta os governos a estimular as instituições financeiras a emprestar o dinheiro poupado por seus correntistas para que os empreendedores invistam esse dinheiro consumindo bens e serviços, garantindo a manutenção do ciclo da atividade econômica. 2.7 O Pensamento Econômico Contemporâneo Até aqui estudamos as principais escolas do pensamento econômico. Diante da dinâmica da economia é preciso considerar o que foi ensinado por cada uma das escolas para compreender a teoria que melhor explica a situação atual da economia. Atualmente existem economias que concordam com as ideias de Keynes, existem os marxistas, existem os marginalistas e etc. Cada grupo buscando compreender as mudanças que o cenário econômico vem apresentando e utilizar sua base teórica para resolver os problemas que surgem com essas mudanças. Cada um, a seu modo, tentando melhorar a nossa qualidade de vida, através da promoção do crescimento e do desenvolvimento econômico.