Prévia do material em texto
39 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE AFONSO CLÁUDIO-ISEAC/FAAC CESAP ANDRÉA MOREIRA DE SOUZA BRESINSKI ROSELIR MOTA DA SILVA O BRINCAR E SUAS APLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL MARATAÍZES-ES 2015 ANDRÉA MOREIRA DE SOUZA BRESINSKI ROSELIR MOTA DA SILVA O BRINCAR E SUAS APLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Educação Infantil apresentado ao Centro de Estudo Avançados em Pós Graduação e Pesquisa – CESAP, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Educação Infantil/Séries Iniciais, sob a orientação do Prf.º MSc. Frederico André Gonçalves Feital. MARATAÍZES-ES 2015 ANDRÉA MOREIRA DE SOUZA BRESINSKI ROSELIR MOTA DA SILVA O BRINCAR E SUAS APLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Educação Infantil apresentado ao Centro de Estudo Avançados em Pós-Graduação e Pesquisa – CESAP, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Educação Infantil/Séries Inicial. Aprovado em _____ de____________de_____. COMISSÃO EXAMINADORA _____________________________________ Prof.º MSc. Frederico André Gonçalves Feital _____________________________________ Professor CESAP ____________________________________ Professor CESAP “A criança que não brinca não é feliz; Ao adulto que quando criança não brincou falta-lhe um pedaço no coração”. Ivan Cruz RESUMO Partindo da indagação de quais intervenções o educador poderia mediar nas brincadeiras para que os objetivos fossem alcançados com a utilização de jogos pedagógicos como estratégias educacionais propõem-se nesse estudo aprofundar-se na importância da brincadeira na educação infantil. O brincar é uma atividade automática e intrínseca às crianças, para elas a brincadeira é coisa importante e vital para contribuir com o amadurecimento da capacidade de socialização, onde são desenvolvidos os laços de relacionamentos, adquirem noções de reciprocidade, aprendem a ser criativas e imaginativas. A criança representa, brincando, desenvolvendo a linguagem e narração, as pessoas e coisas que são aquilo que a marca e a faz crescer, pessoas e coisas do cotidiano vivido por ela. O educador deve ter em mente que as dinâmicas não são relevantes somente para as crianças, o brincar também tem papel importante na vida do profissional que está diretamente se relacionando com as crianças. Com o estudo foi possível perceber que na realidade vigente muitas de nossas crianças se distanciam de momentos prazerosos de brincadeiras, e uma necessidade atual de uma reflexão sobre o que a escola tem feito para estimular as aprendizagens infantis através do lúdico sendo conduzido num contexto escolar privilegiando as vivências lúdicas. Palavras-chave: Brincar, Educação Infantil, Criança. ABSTRACT Starting from the question of which interventions the educator could mediate in play so that the objectives were achieved with the use of educational games as educational strategies, it is proposed in this study deepen the importance of play in early childhood education. The play is an automatic and intrinsic to children, for they play is important and vital thing to contribute to the maturation of socialization skills, which are developed relationships bonds, acquire notions of reciprocity, learn to be creative and imaginative. The child is playing, developing language and narration, people and things are what the brand and makes it grow, people and things of everyday life lived by it. The teacher should keep in mind that the dynamics are not only relevant for children, the play also plays an important role in the life of the individual who is directly relating with children. In the study it was revealed that in the current reality many of our children distance themselves from pleasant moments of play, and a current need for a reflection on what the school has done to stimulate children's learning through play being conducted in a school setting focusing the playful experiences. Keywords: Playing, Early Childhood Education, Child. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................7 2 OBJETIVOS.......................................................................................................11 2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................11 3 BRINCAR: A ATIVIDADE PRINCIPAL DA CRIANÇA.....................................12 3.1 BRINCADEIRAS E TECNOLOGIA.....................................................................16 3.2 TIPOS DE BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS..................................................17 4 OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL...........................................................20 4.1 A ORIGEM DOS JOGOS PÓS-MODERNAS....................................................20 4.2 OS JOGOS NA BRINCADEIRA..........................................................................21 4.2.1 JOGO SIMBÓLICO DO FAZ-DE-CONTA.........................................................22 4.2.2 INTER-RELAÇÃO ENTRE BRINCADEIRAS E MOVIMENTOS.......................24 5 O PAPEL DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................26 5.1 BRINQUEDOTECA............................................................................................28 5.2 SUCATOTECA...................................................................................................29 6 A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NAS ATIVIDADES LÚDICA......................30 6.1 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA AS BRINCADEIRAS................................................................................................32 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................34 8 REFERÊNCIAS...................................................................................................37 1 INTRODUÇÃO Na sociedade atual em que a infância é tão passageira e nossas crianças se distanciam cada vez mais do brincar em áreas livres, parques, ambientes em contato direto com a natureza, existe com isso a necessidade do brincar espontâneo e livre ser resgatado para garantir aos pequenos nesta fase da vida, onde a brincadeira é uma atividade que ocupa o maior tempo, experiências lúdicas com qualidade, prazerosas; se não deixaremos de cumprir o papel ético, social e educativo. A infância tem sido analisada já de longa data, “Em 1960, Philipe Áries publicou uma obra sobre a história da criança na Idade Média e princípio da Idade Moderna na Europa, fazendo pela primeira vez uma análise séria desta etapa da vida (CARNEIRO, 2014, p.33). Benjamin (1984 apud MÜLLER; REDIN, 2007, p.20) relata, “[...] as crianças estão ligadas ao mundo muito mais do que pensamos, captam sua essência, sentem-se atraídos pelas atividades adultas, sem deixar de criar um mundo simbólico que alimenta seu imaginário”. O brincar é uma atividade automática e intrínseca às crianças, para elas a brincadeira é coisa importante e vital para contribuir com o amadurecimento da capacidade de socialização, onde são desenvolvidos os laços de relacionamentos, adquirem noções de reciprocidade, aprendem a ser criativas e imaginativas. As atividades lúdicas possuem como características o esforço espontâneo e o prazer, essas atividades têm como finalidade o desenvolvimento integral da criança, contribuindo de forma única em sua formação física, psicológica, e social. Para Bachelard (1988 apud MÜLLER; REDIN, 2007, p. 19-20), “[...] a razão do valor que reside às experiências da vida é que a infância permanece em nós como um princípio de vida profunda, de vida sempre relacionada à possibilidade de recomeçar”. Instituições infantis que atendem crianças desde muito bebês receberam um material norteador de normas intitulado: Critériospara um atendimento em creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças com orientações tais como: Nossas crianças têm direito à brincadeira, que traz como tópico: “[...] os brinquedos estão disponíveis às crianças em todos os momentos e [...] as rotinas da creche são flexíveis e reservam períodos longos para as brincadeiras livres das crianças” (CAMPOS, 2009, p.14). Temos consciência de que para educar crianças pequenas, que ainda são vulneráveis, é necessário integrar a educação ao cuidado, mas também a educação e o cuidado à brincadeira o brincar, genuíno canal de expressão da criança tem sido tema prioritário para quem atua na educação, pois, o mesmo contribui para o desenvolvimento das aprendizagens, estabelecendo importantes interações das crianças entre si e com os adultos no cotidiano da educação infantil. Sobre as interações e trocas que temos no coletivo principalmente nos primeiros anos de vida onde as vinculações constituem uma característica especial do desenvolvimento, essa dependência segundo Wallon (2007 apud GUEDES, 2008, p. 12) “[...] vai se transformando gradualmente, á medida que a criança vai conquistando novas formas de ação”. Também Vygotski (1987 apud GUEDES, 2008, p.11) coloca a brincadeira de imitação importantíssima para que a criança “[...] apreenda a atividade do outro e realiza aprendizagem. Segundo esse pensador não se trata de mera cópia, uma vez que para imitar alguém ela precisa compreender o comportamento do outro, envolver-se intelectualmente na atividade, o que implica representá-lo e avaliar a adequação de sua imitação”. As brincadeiras, sejam elas tradicionais como as que envolvem manifestações culturais, dança e representações populares ou as contemporâneas que vão desde as que procuram aprimorar os movimentos, equilíbrio, raciocínio e outras habilidades motoras, os jogos estruturados com regras, os jogos simbólicos de faz-de-conta, são recursos inovadores para o ensino que constituem instrumentos motivadores para a aquisição de conhecimentos. Brincar para os pequenos é coisa séria e também é aprender e não perder tempo, o esforço e a concentração despendida pelas crianças em atividades lúdicas são similares ao que é despedido para aprender a andar, falar, comer e, mais tarde, ler, escrever, contar, etc. O espaço físico das instituições que atendem crianças nesta faixa etária deve ser adequado às necessidades das crianças para desenvolverem brincadeiras de qualidade e com o suporte de brinquedos suficientes para todos comprados de acordo com as especificações de cada idade. Segundo Silva (2008 apud MARICATO, 2008, p.7), As cadeiras devem ser adequadas, as cores diferentes, os brinquedos muito bem especificados para não haver peças pequenas, por exemplo. È uma fase que exige muito detalhamento, muito critério e muita clareza da função daquele espaço, que não é um depósito de crianças. No documento que regulariza o atendimento em creches – Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças - está estabelecido como política do estabelecimento: Os brinquedos, os materiais e os livros são considerados como instrumento do direito à brincadeira e não como um presente excepcional; As creches dispõem de número de educadores compatível com a promoção de brincadeiras interativas e os prédios das creches dispõem de mobiliário que facilita o uso, a organização e conservação dos brinquedos. Competem aos profissionais da educação infantil realizar intervenções nas brincadeiras, jogos, colocando com clareza as normas, regras das dinâmicas em grupos e evitando conflitos no decorrer das atividades lúdicas. (CAMPOS, 2009) Nesse sentido, Pereira, Oswald, e Assis (1993, p. 77), colocam que: [...] a divisão da sala por área com segurança e tranquilidade, que dêem atendimento equilibrado aos diferentes grupos, percorrendo a sala com intuito de acompanhar os jogos e trabalhos das crianças, conversando com elas, fazendo perguntas e problematizando as experiências ou brincadeiras que estão realizando. Assim, o espaço e os materiais são estruturados e utilizados de maneira a propiciar a construção da autonomia e da cooperação. Ao procurarmos informações sobre este tema tão presente e essencial no cotidiano das crianças, vimos o quanto é importante situar a infância contemporânea para alçar a criança ao seu lugar de protagonista que tem como cidadã, direitos assegurados inclusive em escolher qual a brincadeira quer participar com quais brinquedos e em que espaço, seja no ar livre ou em locais internos preparados para este fim e nele possa exercer autonomia e recriar a cultura lúdica de seu contexto social, objetivando assim valorizar o brincar em suas várias formas de expressões, ou seja, nos jogos, danças, expressões musicais e disponibilizar ambientes estruturados que dão qualidade para o brincar, com a participação da professora e de outras crianças. Nesse contexto, o presente trabalho traz em seu problema de pesquisa o questionamento, Quais intervenções o educador poderia mediar nas brincadeiras para que os objetivos fossem alcançados com a utilização de jogos pedagógicos como estratégias educacionais? A fim de recolher os dados que vieram dar suporte a esse trabalho de conclusão de curso, fez-se uso de pesquisa bibliográfica. Segundo Marconi (2002, p.16), “[...] a pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma interrogação. Dessa maneira, ela vai responder às necessidades de conhecimento de certo problema ou fenômeno”. A opção pela pesquisa bibliográfica ocorreu pela necessidade de realizar um estudo aprofundado sobre o que já se publicou nos últimos anos em relação ao tema abordado. Justificando assim a pesquisa em documentos oficiais e autores que tem como temática o brincar de forma responsável, respeitando o espaço lúdico dentro das instituições que contemplam crianças nos primeiros anos de vida. Reconhecendo que as práticas pedagógicas na Educação infantil devem priorizar momento de brincadeiras que direcionadas atuam embasando todo o processo educacional de maneira lúdica e agradável. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL · Analisar o papel significativo das brincadeiras na infância e suas contribuições para as práticas pedagógicas. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Reconhecer que através do brincar as crianças demonstram expressões, emoções, sentimentos, desejos e necessidades; · Conhecer algumas brincadeiras tradicionais que fazem parte da nossa cultura, valorizando as diversidades regionais; · Reconhecer a influência da tecnologia nas brincadeiras contemporâneas; · Avaliar no contexto pedagógico a postura do educador como mediador na brincadeira. 3 BRINCAR: A ATIVIDADE PRINCIPAL DA CRIANÇA Brincar é atividade, indispensável e fundamental para que a criança possa se desenvolver expressando emoções, sentimentos, desejos e necessidades. As crianças ao brincarem estão se desenvolvendo integralmente. Os bebês são estimulados a participarem de brincadeiras, envolvendo parlendas (como: Bater Palminhas, Dedo Mindinho, serra, serra, serrador) e até mesmo quando estão descobrindo seu corpo, brinca movimentando essas partes, produzindo sons como palmas e batendo em objetos próximo como chocalhos, móbiles,bola, agarram, soltam, agarram de novo e soltam de novo,batem ou chutam um objeto para fazer um barulho ou para a cena agradável continuar. O Dicionário Aurélio (2001, p.109) traz a definição de brincar como: “divertir-se infantilmente; dizer ou fazer algo por brincadeira”. Podemos dizer que brincar também diz respeito à ação lúdica, seja brincadeira ou jogo, com ou sem o uso de brinquedos ou materiais e objetos. A arte, as músicas, as palavras e até o próprio corpo pode ser usado nas brincadeiras. A ação de brincar espontaneamente é resultante de uma atividade não estruturada. Estamos passando por um momento em que é urgente regatar o significado de SER CRIANÇA e consequentemente precisamos dar maior importância e incentivo ao resgate do brincar na vida das crianças em prol de uma infância saudável. A violênciados centros urbanos, o pouco espaço das construções, aliado a vida sedentária das crianças e a dependência dos jogos eletrônicos-videogames e televisão; tem contribuído para que a Sociedade contemporânea imponha as crianças uma infância que se distância cada vez mais do brincar com a terra e elementos presentes na natureza. Pode-se considerar que o brincar está em risco se considerarmos a escassez de tempo para brincar e o desrespeito ao uso adequado de brinquedos para as brincadeiras. Como consequência da carência de momentos prazerosos de brincadeiras tem estresse na infância, perda do gosto de estudar, depressão, obesidade e lotação das clínicas de psicologia infantil. Fortuna (2014 apud BARCELLOS, 2014, p.46) ressalta: “Quando brincamos, aprendemos mais sobre nós mesmos, aprendemos a lidar com sentimentos como medo, vergonha, inveja, insegurança e ciúme, a ter desejos, metas, aspirações, a ter pensamento estratégico planejando uma jogada”. O Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil – RCNEI, reconhece o brincar como uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e autonomia coloca a representação de papeis na brincadeira um meio da criança desenvolver sua imaginação e capacidades importantes como a atenção, a imitação e a memória, amadurece também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL, 2002). A criança brinca de forma espontânea em qualquer lugar, seja na rua, em casa e na escola e para essa atividade ela utiliza-se de várias coisas, como elementos da natureza: terra, argila, galhos, pedras, água e brinquedos industrializados ou construídos com sucatas. Pela brincadeira as crianças podem se expressar, o que a possibilitará uma melhor investigação e aprendizagem sobre as pessoas e o mundo. A experiência de uma brincadeira de boa qualidade contribui de forma única para a formação integral da criança. No fascículo do RCNEI encontramos uma versão clara da atividade denominada de brincar: Brincar constitui-se, dessa forma, em uma atividade interna das crianças, baseada no desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade. Sem ser ilusão ou mentira. Também tornam-se autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e colocando em prática suas fantasias e conhecimentos, sem intervenção direta do adulto, podendo pensar e solucionar problemas de forma livre das pressões situacionais da realidade imediata.(BRASIL, 2002, p.23) Através de brincadeiras, principalmente com personagens imaginários, a criança representa papéis, atribui significados a objetos e repete dessa forma modelos. Nas brincadeiras as crianças encontram liberdade e estímulo para desenvolver sua capacidade intelectual e construir conhecimentos livremente. Se o brincar não fosse o melhor método de uma criança aprender em profundidade e extensão, ele teria de resgatado, preservado e promovido por ser o espaço da liberdade. Quem não brinca cresce amarrado. Quem brinca experimenta o mergulho profundo na alma das coisas, e se torna livre para criar soluções, inovar caminhos, inventar o futuro (FRIDMANN, 2012, p.12) Na brincadeira de colecionar, a criança nada mais faz do que através de ajuntar objetos, se junta ao outro, vivencia em grupo experiências, conceitos, valores e atitudes construídos no e com o grupo, para se aproximar do outro, para se divertir, para trocar e para aprender. As descobertas, experiências e aprendizagens dos bebês se dão de forma espontânea e naturalmente nas interações dos pequenos nas brincadeiras sejam essas interações entre crianças e os professores-adultos, crianças entre si, crianças e os brinquedos, crianças e o ambiente e as crianças e as instituições e as famílias. Sobre esta necessidade dos pequenos, movimentos a favor dos direitos da criança e do acesso à educação desde os primeiros anos de vida e também no âmbito legal, documentos como a Declaração dos Direitos da Criança de 1959 estabelece que toda criança tem direitos e devem ser respeitados, reconhecendo como um dos direitos da criança: o direito de brincar (CRUZ, 2008). A criança tem o direito de brincar, no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA Lei n° 8.069/90, encontra-se especificado este direito fundamental da criança no Art. 16 o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: IV – brincar, praticar esportes e divertir-se (BRASIL, 1991). Friedmann (2012, p. 19) destaca que brincar sempre existiu na vida dos seres vivos: O brincar já existia na vida dos seres humanos bem antes das primeiras pesquisas sobre o assunto: desde a antiguidade e ao longo do tempo histórico, nas diversas regiões geográficas, há evidência de que o homem sempre brincou, mas talvez, em decorrência da diminuição do espaço físico e temporal destinado a essa atividade, provocada pelo aparecimento das instituições escolares pelo incremento da indústria de brinquedos e pela influência da televisão, de toda a mídia eletrônica e das redes sociais, tenha começado a existir uma preocupação com a diminuição do brincar e a surgir um movimento pelo seu resgate na vida das crianças e pela necessidade de demonstrar sua importância em estudos e pesquisas. Uma das formas em que se dá a socialização nas crianças é através dos relacionamentos surgidos durante as brincadeiras. Na medida em que as brincadeiras não se originam de nenhuma obrigação, senão daquela que é livremente permitida, não parecendo buscar nenhum resultado além do prazer que a atividade proporciona. Portanto, em nível de estabelecimentos de relação entre crianças e adultos, assim como em nível da apropriação de valores culturais, as atividades lúdicas em geral, facilitam a entrada da criança em um mundo sócio-cultural. Nos momentos em que as crianças estão na brincadeira livremente mostram comportamentos como cooperação, cuidados, alianças e habilidades para resolver conflitos sozinhos, conflitos estes que possam surgir no momento de brincadeiras e demonstram suas habilidades sociais e mostram-se organizadas. Na visão de Meadows (1986 apud GOLDSCHMIED; JACKSON, 2006, p.25) “[...] o brincar é o trabalho das crianças”. Para preencher o dia a dia das crianças não existe ocupação que tenha maior importância do que as brincadeiras. As vivências lúdicas das crianças são necessárias para que através de suas experiências na infância elas possam representar o mundo dos adultos, favorecendo suas criações e descobertas. Nesse sentido é oportuno dizer que de acordo como as crianças gastam o seu tempo nas brincadeiras e de igual forma como elas conduzem esses momentos prazerosos, influenciará até nas novas gerações no seu modo de ser, pensar e agir. Enquanto DICKENS (1854 apud GOLDSCHMIED; JACKSON, 2006, p.147) também aborda o brincar dentro do trabalho “Não pode haver trabalho eficaz e satisfatório sem o brincar; não pode haver som e pensamento integral sem o brincar”. O brincar no contexto de desenvolvimento integral da criança tem várias funções, mas, para a psicologia e em especial para o pensador Vygotski a função básica do brincar é de permitir que a criança aprenda a elaborar/resolver situações conflitantes que vivencia no seu dia-a-dia. Ela usará capacidades como a observação, a imitação e a imaginação. 3.1 BRINCADEIRAS E TECNOLOGIA A tecnologia é uma realidade presente na vida das crianças, seja nos grandes centros urbanos ou nas zonas rurais, meios de comunicação como telefone celular, televisão, internet, são realidades acessíveis em circulação entre os habitantes do campo e cidade. Sem dúvida, os modos de brincar de nossas crianças são influenciados pela globalização e tecnologia que exercem forte influência nos processos de socialização, pois, possibilita as interações comunicacional e a linguagem digital. A mídia e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) invadem o cotidiano de nossas crianças e mesmo que nelas eles encontrem entretenimento são de forma prazerosas, educados na medida em que por esses meios, sejam recursos audiovisuais, telecomunicações ou informações adquiremconhecimentos. Sobre as possibilidades de uso deste recurso, Belloni e Gomes (2008, p. 736) assim se posicionam, Acreditamos que ambientes de aprendizagem ricos em TICs podem contribuir significativamente para o desenvolvimento da autonomia, tanto em termos sócio-afetivos quanto propriamente cognitivos. Tais ambientes podem ser informais, em casa. Quando as crianças fazem um uso lúdico sem intervenção do adulto, ou percebem que são mais competentes que este; ou formais, na escola, sobretudo se associando a projetos coletivos de aprendizagem de interesse das crianças. A relação da infância com a mídia é cada vez mais estreita, pois na sociedade contemporânea, as crianças já nascem imersas num mundo midiático e vivem diferentes relações com a tecnologia digital. Assim, a infância da era digital foi denominada por muitos pesquisadores como a “Geração Net” ou “Geração N” e, portanto, o mundo midiático lhe é familiar (TAPSCOOTT, 1999; CAPPARELLI, 2002; SARMENTO, 2004; FERREIRA; LIMA; PRETTO, 2005). Esses recursos tecnológicos podem ser aproveitados como instrumentos para as brincadeiras como o karaokê, jogos eletrônicos. Esses recursos podem auxiliar com atividades de gravar filmes de crianças brincando, pesquisar temas interessantes na internet; criar brincadeiras imitativas utilizando máquinas fotográficas celulares, além de televisão e rádio para auxiliar nas brincadeiras ao som de músicas e danças com coreografias A televisão pode através de grades de programação voltadas para o público infantil auxiliar as atividades lúdicas quando aproxima as crianças dos personagens de histórias, desenvolvendo de forma didática a aprendizagem, permitindo através de relações afetivas com os heróis de desenhos, vilões, atores vivos e outras crianças envolvidas nas apresentações entretenimentos e novos conhecimentos com isso é estabelecida uma relação saudável entre emissor e receptor, através do meio Por meio da brincadeira a criança se incorpora no mundo da relação com os outros, primeiro com seus pais depois com os seus parceiros, Brincar compreende as ligações emocionais diferentes que acompanham as relações humanas. Com a brincadeira, elas aprendem a conhecer uma às outras, aprendem, a saber, o que esperar de si mesmas, a se conhecer, a saber, até onde pode chegar e em que circunstâncias. Tudo é articulado com a configuração do velho (o conhecido) e o novo (o imaginado), sob a marca da tranqüilidade emocional que proporciona a consciência de que lê somente uma brincadeira. Constrói-se o conhecimento e a identidade pessoal e social. Pratica-se o mundo das intenções, os motivos, os interesses, os estados de ânimo e as expectativas dos outros. È a melhor forma de articular as iniciativas próprias com as intenções e o estado de ânimo dos outros (GARDIN, 2007 apud JUNIOR et.al., 2015, p.56) A tecnologia presente na sociedade globalizada da nossa atualidade tem influenciado no modo de brincar de nossas crianças. Nos dias atuais é possível interagir nos jogos em tablet e adquirir inúmeras informações sobre as brincadeiras na rede. Na questão das interações, são fortalecidos os laços de amizade e no relacionamento vivenciam diferentes relações com a tecnologia digital. Utilizando-se de elementos midiáticos em suas brincadeiras as crianças desenvolvem capacidades e assimilam com maior facilidade determinados conhecimentos. 3.2 TIPOS DE BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS São brincadeiras populares das cinco regiões do Brasil. São jogos e brinquedos brasileiros que estão no cenário infantil há séculos. “A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade” (SANTOS, 2012). Sua transmissão se dá por gerações através de conhecimentos baseado nas experiências e permanecem na memória infantil. O brincar neste contexto folclórico, expressa a cultura infantil por meio das diversas gerações, bem como das tradições e dos costumes nela refletidos com o passar do tempo. As brincadeiras folclóricas passam de pai para filho e carinhosamente chamadas de brincadeiras do tempo da vovó, entre tantas podemos destacar as seguintes: amarelinha, bola, bolinhas de gude,rodas (cantadas) e com palmas, elástico, pião, pipa, pula corda, nas praças, pega-pega ou esconde-esconde, carrinhos, uni-duni-tê, a milenar brincadeira de passar anel. · Brincadeiras De Construção Froebel foi o criador dos jogos de construção, quando a criança está construindo ela expressa suas representações mentais, além de manipular objetos o jogo de construção tem uma estrita relação com o jogo de faz-de-conta. A brincadeira de construção enriquece a experiência sensorial, estimula a criatividade e desenvolve a habilidade da criança. · Brincadeiras Ou Jogos De Perseguir, Procurar e Pegar São brincadeiras que demandam lugares espaçosos e liberdade de movimentos; exigem rapidez, agilidade e grande performance física. Pode-se citar em tantas a brincadeira de cabra-cega, gato e rato, bandeirinha, cara e coroa, coelhinho sai da toca e polícia e ladrão. · Brincadeiras De Correr E Pular Nessa brincadeira há movimentos de sair do lugar, percorrer uma determinada distância ou sair do chão. Ex: cavalinho de pau, chicote-queimado e elástico. · Brincadeiras ou Jogos de Agilidade, Destreza e Força São jogos com regras que promovem exercícios e práticas para o seu aperfeiçoamento e nelas a velocidade de pensamento, determina o acontecimento da brincadeira. As mais conhecidas são: dança das cadeiras, ioiô, bola ao túnel, cabo de guerra e quebra braço. · Brincadeiras De Roda Essa brincadeira tem como principal elemento a música e no envolvimento do ritmo das canções as crianças viram-se, mexem-se, falam, dançam e representam. Ex: Terezinha, ciranda, escravo de Jó. · Brincadeiras Com Danças Nas brincadeiras de manifestações populares as crianças são envolvidas e nelas constroem regras e desafios que mobilizam energia, educam, essas brincadeiras que nos permite dançar são antigas e podem ser uma ferramenta preciosa para a nossa existência. São brincadeiras que exigem presença física e mental para executá-la. Brincadeiras para entender o espaço físico, ser relacionar criativamente com o outro e nelas são cobradas repetições exaustivas e assim nos prepara para o improviso. 4 OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 4.1 A ORIGEM DOS JOGOS Os jogos têm origens muito antigas. Povos de civilizações passadas nos deixaram um registro da criação de vários jogos como: Fenícios nos deixaram a herança do jogo de trilha, um tabuleiro dividido em quatro áreas, representando cidades famosas pelo seu comércio, como Biblos, Sidon e Tiro de povos egípcios vemos o Senet um jogo que representa a passagem do mundo dos vivos para o dos mortos. Segundo Carneiro (2014, p.32) “Os gregos também nos deixaram bonecas e objetos [...] herdamos o ‘aro’, uma roda de ferro equilibrada por um bastão durante a corrida e que servia para treinar equilíbrio e delicadeza de movimentos”. O sábio indiano inventou o xadrez, conhecido como chaturanga e nele representou os quatros elementos do exército: carros, cavalos, elefantes e soldados comandados pelo rei e seu vizir. Outros povos também passaram a jogar o xadrez, como a Pérsia, a Arábia e a Europa. Um jogo de longa data e de conhecimentos de todos seria o jogo de Pedrinhas, ou Cinco Marias, chamado de “Astrágalo”, nome atribuído aos ossos das patas dos carneiros por serem quadrados, auxiliavam as jogadas (CARNEIRO, 2014). Existe registro de que o desenho no piso do Fórum Romano representasse a atividade lúdica Amarelinha, conhecida como jogo de Odres. Afonso X escreveu na Espanha o livro dos jogos que dividiu os jogos em três categorias: azar, cartas e loterias. A definição etimológica do termo jogo advém do latim ludia, ludere, que designava movimentos rápidos, mas referia-se também, à representação cênica, aos ritos de iniciação e aos jogos de azar. 4.2 OS JOGOS NA BRINCADEIRA Na utilização dos jogos pelas crianças pode ser considerado sinônimo de brincadeira, que permite aos pequenos ir dealegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade às regras e da imitação à criatividade. Nessa atividade uma particularidade do jogo é que quem constrói e faz valer as regras é a criança. O jogo educativo propicia a diversão, o prazer e até o desprazer quando escolhido voluntariamente. Rodrigues (1992) afirma que as atividades lúdicas quando bem dirigidas e orientadas constituem fontes de prazer para a realização da criança pequena, pois ela aceita melhor as coisas que não lhe são impostas de forma rígida e esquematizada. Lima (2014 apud BARCELLOS, 2014 p.46) explica que, “Através dos jogos as crianças aprendem a compartilhar regras e a lidar com a frustração da perda. A criança comunica muitas questões a partir da brincadeira”. Os jogos são recursos muito valiosos para o trabalho pedagógico, segundo os teóricos da Psicologia Genética Wallon, Piaget, Vygotski e Bruner, mostram através de pesquisas e experiências, a importância do jogo para o desenvolvimento infantil ao propiciar a descentração da criança, a aquisição de regras, a expressão de imaginário e a apropriação do conhecimento (FONTANA, 1997). O psicólogo Henri Wallon explica que na imitação existe uma participação motora do que é imitado um certo prolongamento da imitação real. Ele classifica os jogos em quatro tipos: funcionais, de ficção, de aquisição e de construção. O psicólogo suíço Jean Willian Piaget a partir de observações de seus próprios filhos e de outras crianças brincando, jogando bolinha de gude, observou como as regras eram estabelecidas. Segundo ele, a criança julga pela consequência do ato e não pela intenção, criou uma abrangente teoria sobre como o desenvolvimento cognitivo promove uma capacidade crescente de adquirir e usar conhecimentos sobre o mundo, concluiu que a brincadeira evolui e se modifica, essa evolução acompanha o desenvolvimento da inteligência e do pensamento (CARVALHO, 2007). Piaget observou ao longo da infância três sucessivos sistema de jogo: de exercícios que envolvem a repetição de sequência, jogo simbólico, que é a brincadeira de faz de conta; jogo de regras, esse marca a transição da atividade individual para a socializada. Para Piaget a regra pressupõe a interação de dois indivíduos e sua função é regular e integrar o grupo social. Lev Vygostsky, psicólogo bielorrusso contribuiu, principalmente com as ideias de que a criança exerce papel ativo na construção de seus conhecimentos. Segundo esse pensador há dois elementos importantes na brincadeira infantil: a situação imaginária e as regras. Ele deixa claro que a brincadeira, nos primeiros anos de vida é atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de desenvolvimento proximal. As Brincadeiras são aprendidas pelas crianças no contexto social, pois para ele a brincadeira é como uma atividade social da criança e através desta a criança adquire elementos imprescindíveis para a construção de sua personalidade e para compreender a realidade da qual faz parte. Para o psicólogo Bruner a origem da atividade simbólica não depende apenas de jogos de exercícios tradicionais, mas de brincadeira compartilhada. Ele defende a questão da interação da criança com meio social onde está inserido. Insiste nas trocas interativas entre a criança e a mãe como fonte de desenvolvimento cognitivo e meio para atribuir significados aos objetos ou a fenômenos. 4.2.1 JOGO SIMBÓLICO DO FAZ-DE-CONTA São brincadeiras observáveis em todas as crianças, independente de época, cultura, raça, classe social. Uma atividade que envolve um brincar imaginativo muito abrangente e pode ocorrer em qualquer lugar. Segundo Piaget (1978) o jogo simbólico surge a partir dos dois anos e começa por comportamentos pelos quais a criança imita objetos pessoas ou situações, o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças em diferentes contextos. Nessa brincadeira as crianças a partir da memória e imaginação, repetem um modelo (pode ser situações presenciadas nos pais, adultos próximos, irmãos ou até coleguinhas do seu grupo de convívio) em todo caso elas normalmente utilizam nessa brincadeira objetos aos quais atribuem significados, muitas vezes diferentes do que eles têm: caixinhas de vários tamanhos e podem representar carros, ônibus, caminhões; cabo de vassouras pode representar um cavalo e até pedaços de panos enrolados dar um significado de um bebê. Durante essas atividades, em suas representações as crianças estão realizando importantes operações mentais, que concorrem decisivamente no desenvolvimento cognitivo, estimulam a criatividade e revelam ao educador a interpretação que a criança faz da realidade. Sobre a forma como é aflorada os sentimentos da criança no universo fantasioso do faz-de-conta, Pinel (2004, p.70, grifo do autor) descreveu: A criança mergulhada no ‘faz-de-conta’, se prepara para ser o outro de si. Desde já e cedo, ela já se mostra confrontando mundos. Ela aparece, muito além da aparência, (des) velando sua vida afetiva (sentimentos, emoções e desejos), seus modos próprios de mostrar-se ser feliz; ser alegre; ser tristonha; ser tristonha; ser (in) submissa; ser sujeita autônoma; ser insatisfeita; ser opositora às humilhações e violências contra si/ outro; ser revoltada pelas injustiças vividas na sala de aula, junto a um/a professor/a incompetente, agressiva e arrogante; ser amargurada por não aprender (e sabendo/ sentindo a sua potencialidade); ser aprendiz; ser estudiosa, etc. Sobre a forma de representação fantasiosa da criança nos papéis do faz-de-conta, “[...] esse agir fantasioso surge da necessidade da criança em reproduzir o cotidiano vivido do adulto, cotidiano este que ela não pode, ainda (inter)ferir ativamente, [...] ela vai construindo seu papel, se apoderando conscientemente daquilo que é si mesma” (PINEL, 2004 p.70). Vigotski, psicólogo, privilegia em seus estudos e discussões a temática específica acerca do papel do brinquedo no desenvolvimento, valorizando o faz-de-conta. Ele coloca que essa brincadeira cria Zona de Desenvolvimento da criança e que ela é mais a memória de algo significativo que aconteceu verdadeiramente, e nem tanto uma situação totalmente nova. Na Psicanálise, Melaine KLEIN1882-1960, via uma possibilidade de explorar o inconsciente das crianças, através também, da utilização de jogos, brincadeiras, brinquedos. Nas brincadeiras – ludoterapia: terapia por meio de brinquedos, brincadeiras etc. A pequena (des) vela, ao olhar sentido sensível do psicanalista, rasgo do seu inconsciente. (PINEL, 2004) 4.2.2 INTER-RELAÇÃO ENTRE BRINCADEIRAS E MOVIMENTOS A aprendizagem através de movimentos envolve relação entre o corpo e a mente. Muitos jogos envolvem a psicomotricidade e são mediados pela linguagem oral, motora, por objetos e figuras. Através de atividades lúdicas envolvendo motricidade são desenvolvidas nas crianças a consciência corporal e espaço-temporal, para que a criança possa perceber-se a si mesma e perceber as relações com os outros e com o mundo. Segundo Freire (1998 apud AGUIAR, 1998) os conceitos como grande, pequeno, em cima, em baixo podem ser trabalhados contexto de jogos motores, de forma a ligar a tarefa da escola, mas, diretamente com as características da própria criança. O jogo facilita o aprendizado na medida em que o mesmo possibilita a criança fazer o uso de todos os sentidos. O movimento segundo Rodrigues (1992) é um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver certas formas de atenção, pôr em jogo certos aspectos da inteligência. As crianças na 1ª infância apresentam característica de acordo com a realidade social em que vive atualmente em um contexto sociocultural em que estão inseridos, elas buscam ativamente o conhecimento, para elas a ação corporal predomina sobre a ação mental, pois na verdade, a sua maior especialidade é brincar. Sobre as atividades que priorizam os movimentos, principalmente em jogos, pode-se enfatizar que elas oferecem experiências corporais. Segundoo Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.29), Os conteúdos deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças de forma que possam agir com, cada vez mais intencionalidade. Devem ser organizados num processo contínuo e integrados que envolvem múltiplas experiências corporais, possíveis de serem realizados pela criança sozinha ou em situações de interação. Os diferentes espaços e materiais, os diversos repertórios de cultura corporal expressos em brincadeiras, jogos, danças, atividades esportivas e outras práticas sociais são algumas das condições necessárias para que esse processo ocorra. Para as atividades que desenvolvem a motricidade é interessante utilizar materiais alternativos como pneus que podem ser coloridos, cortados ao meio e em tamanhos variados; caixas de papelão com os quais podem-se criar blocos lógicos, latas (de refrigerantes, leites), copos de plástico; bastões de madeira; bolas de meia com enchimentos de papel ou areia e de tamanhos variados; garrafa plásticas coloridas com anilinas, meia cheia de água ou areia e outros. Como sugestões de jogos e brincadeira que desenvolvem oportunidades de experiências motoras para as crianças, têm: os variados piques (pique-bola, pique-par, pique-cola-americano, pique corrente, pique tartaruga, etc.), batatinha frita 1, 2, e 3, morto-vivo, corridas de bolas de soprar; atividades no colchão: engatinhar, virar cambalhotas, rolar, etc. circuito psicomotor: andar em cima de cordas, pular dentro de bambolê e pneus, andar fazendo ziguezague entre cones ou pneus ou garrafas, equilibrar e rolar saquinhos de areia nos pés, lançar bolas dentro de pneus e outros. 5 O PAPEL DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL O brinquedo constitui-se no carro chefe das brincadeiras, o suporte para se brincar e por meio dele as crianças também expressam mensagens, valores e emoções. Os brinquedos têm importante papel no desenvolvimento psicológico. Nas brincadeiras como: casinha, consertar brinquedos como carros, bonecas, as crianças utilizam-se de objetos aos quais atribuem significados muitas vezes, diferentes da sua realidade, um exemplo é a brincadeira de mamãe com o bebê representado com bonecas ou de mecânico montando e desmontando carros e máquinas.Nessas atividades, as crianças estão realizando importantes operações metais, que concorrem decisivamente no desenvolvimento cognitivo. Para atrair a atenção dos pequenos por muitas décadas os brinquedos têm sido usados como aportes para as brincadeiras foram construídos entalhados pequenos animais em madeira e utilizando-se de elementos da natureza eram elaborados com folhas e frutos bonecos, animais e outros utensílios cotidianos. Deve-se levar em consideração que o brinquedo é um instrumento facilitador para que a criança possa apropriar-se dos códigos culturais estabelecidos e que permite que haja uma comunicação verbal e não verbal entre adultos e crianças. Segundo Benjamin (1984 apud REDIN; MÜLLER, 2007 p. 20), As crianças não somente recordam ou imitam o mundo dos adultos, mas dele se apropriam criativamente dando-lhe outro sentido. A imaginação, o brinquedo, a fantasia do real são dispositivos próprios do modo de ser criança que podem ser deixados vingar, dar uma nova configuração para a face da terra. Vivemos em um país onde as condições financeiras do povo não dispõem de recursos para adquirir itens básicos de sua necessidade essenciais à sua sobrevivência como alimentação e vestuário, por isso nada mais indicado do que criar condições para que a criança venha, ela própria, a construir, às vezes, o seu brinquedo, que aliás tem tudo a ver com a nossa cultura, seguindo esta ideia o brinquedo estará em um caminho correto que solicita a criança, em termo de inventividade, criatividade e expressão. Sobre a utilidade do brinquedo, o professor Teixeira (1971, p.1) escreve, Os brinquedos deviam ser os instrumentos para facilitar o prodigioso mundo infantil de aventuras, de descobertas, de atividades exploratórias, de ação e prática e, portanto, sujeita a regras e normas, que constitui o exercício fundamental da mente humana. Lembraria os brinquedos o mundo do laboratório, da pesquisa, da ação prática, do artesanato e da arte; mas, neste último campo, como no campo intelectual, a criança não compartilha da arte que requer o esforço de ‘mediatização’ criadora do artista adulto, para o que tem ele de proceder àquele distanciamento necessário à reconfiguração mediatizada do conhecimento estético. Os brinquedos, portanto, deviam ser o instrumental desse prodigioso e imaginário cientista e explorador que é a criança. Os brinquedos são cheios de mensagens e valores que dizem das culturas tradicionais, origens multiculturais e diversidades regionais. As indústrias fabricam brinquedos atendendo os desejos desse público alvo infantil tipo: vídeo games, redes sociais, celulares, computadores, bonecas, personagens infantis, super-heróis da mídia, porém os brinquedos podem ser criados pelas mãos simples e sensíveis de artesão ou até confeccionados pelas próprias crianças com materiais diversos desde sucatas até legumes e elementos da natureza. Sobre a importância de fornecer brinquedos suficientes para as demandas das brincadeiras infantis, o manual de subsídios para professores de creche – Brincadeiras e Interações nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil coloca como estratégia a aquisição de brinquedos e que “[...] valorizar o brincar significa oferecer espaços e brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa o maior espaço de tempo na infância” (BRASIL, 2012, p. 3). Certos pequenos ao ingressar em uma instituição educacional levam consigo um objeto especial, que pode ser um brinquedo favorito ou até mesmo um pedaço de tecido que tenha um apego e geralmente esse brinquedo tem um nome carinhoso. Esses objetos ou brinquedos devem ser mantidos sempre em lugares em que as crianças possam ter livre acesso a eles e os adultos que cuidam desta criança devem ter para com esses objetos pessoais o devido respeito. Na compra de brinquedos industrializados é necessário procurar os que têm o selo do INMETRO que contempla todas as especificações e exigências de segurança para as crianças respeitando as faixas etárias. A publicação Brinquedos e Brincadeira nas creches – Manual de Orientação Pedagógica (BRASIL, 2012), traz várias sugestões de brinquedos obedecendo ao critério da faixa etária, sugerindo brinquedos que podem ser usados por bebês na primeira fase da vida que abrange período de 0 a l8 meses. Para esses pequenos são indicados móbiles coloridos, sonoros, que se movimentam e criam cintilações; estruturas de exploração, brincar com pessoas com olhar, toque e carinho, brincar seguindo brinquedos acompanhando com o olhar; utilizar bola, almofadas; brincar na rede, manusear chocalhos para produzir sons ao balançar, brincar com brinquedos musicais e em seguida quando os bebês já tiverem condições de sentar ampliar o repertório de brinquedos sugerindo mordedores, brincadeiras no banho com objetos variados, tapetes sensoriais, brinquedos para pôr e tirar, de encaixar, de bater; rabiscar em papel grande com giz grosso e interagir com outros bebês nas brincadeiras. A partir do momento em que os bebês passam a engatinhar é possível brincar com outros brinquedos como: túnel com caixa, brincadeiras na água utilizando livros de plástico, brinquedos para afundar e canecas para pegar água, bater, fazer sons, cantar e pintar. Quanto às crianças que são capazes de andar amplia-se as possibilidades de brinquedos podendo brincar de encaixar, de empilhar, de bater, tirar e por objetos, empurrar brinquedos, cadeira; gostam também de brinquedos de afeto como ursinhos de pelúcia, pedaço de pano ou de cobertor e bonecas preferida. Elas que já andam adquiriram maior autonomia e podem realizar brincadeiras mais complexas. 5.1 BRINQUEDOTECA Para garantir melhor aproveitamento nas atividades lúdicaspodem-se reservar espaços com uma única intenção promover brincadeiras com brinquedos, jogos e materiais ludopedagógicos que podem ser arrumados, montados de acordo com a imaginação e criatividades das crianças. O local pode receber visitas lúdicas, grupos previamente agendados. Os brinquedos podem ser desde industrializados de tendência atuais como, robôs, bonecas, jogos de montar, eletrônicos até brinquedos mais antigos como ioiô, pião, bilboquê, bola de gude e outros. 5.2 - SUCATOTECA Neste espaço poderá ser montada oficinas de construções de brinquedos utilizando sucatas, tipo: caixas de papelão, garrafas de iogurte, tampinhas de garrafas, assim utiliza sucata para construir novos jogos, recriando brinquedos com embalagens, garantindo mais tempo de vida aos jogos bem usados e nestas construções artesanais encontrar a magia de fantasias, adereços e fantoches, que poderão ser usados como ferramentas muito importantes para o desenvolvimento da criatividade na educação. O trabalho com sucata contribui para o desenvolvimento criativo da criança. Os brinquedos criados a partir de transformações de sucatas enriquecem o jogo simbólico do dia-a-dia, servindo ainda como suporte para estimular os aspectos linguísticos e motores. É interessante destacar que todo material arrecadado para a confecção dos brinquedos e também o material de complementação como: cola branca e colorida, fita crepe, pincéis, fitilho, giz de cera e outras coisas foi juntado pelas crianças e explorado em todas as suas características antes do início da montagem do brinquedo pelas próprias crianças. 6 A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NAS ATIVIDADES LÚDICAS A Brincadeira no contexto educacional deve ser mediada pelo adulto, em situações onde ocorre entre as crianças conflitos nas várias atividades lúdicas, pois fazem parte do aprender, aceitar regras convencionadas nos jogos e as que orientam a vida social são aprendizagens a serem conquistadas. O educador deve ter em mente que as dinâmicas não são relevantes somente para as crianças, o brincar também tem papel importante na vida do profissional que está diretamente se relacionando com as crianças, pois estas auxiliam no desenvolvimento de uma boa relação com os alunos e, às vezes, consegue capturar o interesse e a atenção da criança com mais facilidade. Uma coisa necessária ao bom desenvolvimento nas atividades lúdicas é considerar os conhecimentos prévios das crianças sobre a brincadeira em questão. Para Freire (1979 apud BATISTA; SOUZA; CAMPOS, 2015, p.72), [...] o sujeito aprende por meio de sua própria ação transformadora sobre o mundo. É ele que constrói suas próprias categorias de pensamento, organiza o seu mundo e transforma esse mesmo mundo. Para que o ato de ensinar se constitua como tal, é preciso que o ato de aprender seja precedido do ato de apreender o conteúdo com que o educando se torna produtor, também, do conhecimento que lhe foi ensinado. Segundo Kishimoto (2002) o professor deve oferecer informações sobre diferentes formas de utilização de brinquedos, contribuindo para ampliação do referencial infantil, deve também, brincar e participar das brincadeiras demonstrando não só o prazer de fazê-lo, mas estimular as crianças para as tais ações. As atividades lúdicas direcionadas devem ser elaboradas pelo professor observando de acordo com a faixa etária da criança, facilitando assim alcançar os objetivos propostos em seu planejamento, oportunizando que todas as crianças participem das atividades, estimulando os tímidos e refreando os mais extrovertidos. Sobre a utilização das brincadeiras para auxiliar o trabalho pedagógico, é preciso que nesse sentido didático as atividades lúdicas precisam ser distribuídas durante o tempo em sala de aula para se alcançar os objetivos propostos, Friedmann (2012, p.46), ressalta que, É importante o educador definir, previamente, o espaço de tempo que cada atividade lúdica vai ocupar no dia-a-dia; os espaços físicos onde essas atividades se desenvolverão (dentro da sala de aula, no pátio ou em outros locais); os modos de acesso aos espaços e objetos, brinquedos ou outros materiais que tenham de ser providenciados. Tais definições devem não só respeitar as singularidades individuais e promover a inclusão das crianças, como levar em conta asa diversidades locais e culturais, as necessidades e os interesses do grupo e evidentemente, os objetivos do educador O profissional da educação que está atento aos momentos de brincadeiras das crianças, sabe que mesmo que o brincar tenha a sua linguagem independente e que nele as crianças expõem seu caráter imaginativo; existem momentos em que o professor deve intervir nas brincadeiras, para promover e enriquecer as condições oferecidas para as crianças brincarem. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil – Resolução Nº 5, de 17 de dezembro de 2009, em seu Art. 9°, indica que: “As práticas pedagógicas que compõem as propostas curriculares da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira” (BRASIL, 2013, p. 99). As quais devem ser observadas, registradas e avaliadas. O educador deve ter em foco que brincar ou brincadeira é uma atividade principal da criança, portanto, o mesmo precisa ser criativo e flexível para propor diferentes atividades, à medida que vai conhecendo melhor a criança. Segundo os princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI – as propostas pedagógicas devem priorizar os interesses da criança: A criança, centro do planejamento Curricular, é sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos quais se insere. Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta,deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e sua identidade pessoal e coletiva, produzindo cultura (BRASIL, 2013 p.86). Cabe ao professor, dependendo do tamanho das crianças, orientá-los à quando terminarem de brincar organizar de forma mais independente seu espaço de brincar, a cada rearrumação dos brinquedos e objetos cotidianos a sua imaginação é enriquecida, dando a esses artefatos novos significados e transformando a sala em outros ambientes, com essa atitude está sendo desenvolvida nessas crianças a cooperação e a responsabilidade. O desenvolvimento das atividades lúdicas deve ser planejado considerando as características do grupo de crianças, oferecendo graus de dificuldades de acordo com o desenvolvimento da faixa etária própria do grupo. Um aspecto importante a ser considerado nas atividades lúdicas é o direito da criança de poder sugerir e ter acesso aos brinquedos e às brincadeiras de sua escolha. Entre outras ações do educador ao direcionar brincadeiras com brinquedos deve-se ter o cuidado de garantir materiais e brinquedos em quantidades suficientes para que todas as crianças tenham oportunidades iguais nas brincadeiras, oferecendo alternativas para o uso dos brinquedos, ampliando o repertório da criança oferecendo variações sobre o uso do brinquedo e permitindo que a criança quando possível brinque sozinha. Quanto ao uso do brinquedo estar atento a qualidade deste que está nas brincadeiras. Ex: retirar os brinquedos quebrados ou que ofereçam riscos, tipo, brinquedos e objetos do ambiente em que haja buracos com aberturas cortantes e que ofereça riscos para a segurança das crianças. 6.1 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA AS BRINCADEIRAS As crianças brincam de forma livremente em qualquer lugar, nas áreas de paisagens, praças, parques elas têm oportunidades de expandir seus limites o tempo todo, decidem o que quer fazer naquele dia: balançar mais demorado, subir no galho mais alto, ir mais longe de bicicleta. As crianças são criativas em tentar e experimentar seus limites. Um dos benefícios das atividades ao ar livre é desenvolver a imaginação e um sentido de admiração pelo mundo o que funciona como agente motivadorpara toda a sua vida. A instituição infantil que recebe a criança nesta etapa da vida onde o brincar é tão significativo deve planejar o espaço físico respeitando as necessidades de desenvolvimento das crianças em todos seus aspectos: físicos, afetivos, cognitivos, criativos e planejar ações intencionais que favoreçam um brincar de qualidade Segundo os Indicadores de Qualidade Na Educação Infantil (BRASIL, 2009, p.48), Espaços internos limpos, bem iluminados e arejados, com visão ampla do exterior, seguros e aconchegantes, revelam a importância conferida às múltiplas necessidades das crianças e dos adultos que com elas trabalham; espaços externos bem cuidados, com jardim e área para brincadeiras e jogos, indicam a atenção ao contato com a natureza e à necessidade das crianças de correr, pular, jogar bola, brincar com areia e água, entre outras atividades. Para tornar significativo para as crianças estes espaços reservados a ludicidade no cotidiano na escola o profissional da educação infantil tem função indispensável, como colocou Müller e Redin (2007, p.17), O papel dos educadores é fundamental para isso, eles são responsáveis pela organização do espaço, dos materiais, dos brinquedos e jogos, pela oferta de literatura infantil, pela condução de um projeto, de uma pesquisa. Nessas atividades e na forma de planejá-las, estão presentes suas concepções de infância, de educação, de ensino, de aprendizagem, ou seja, de cultura. De acordo com Campos (2009) nossas crianças têm direitos ao movimento em espaços amplos e que nossos meninos e meninas, desde bem pequenos, podem brincar e explorar espaços externos ao ar livre, enfatizando também como direito de as crianças de creche correr, pular e saltar em espaços amplos, na creche ou nas suas proximidades. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o estudo foi possível perceber que na realidade vigente muitas de nossas crianças se distanciam de momentos prazerosos de brincadeiras, afastando-se cada vez mais de um de seus direitos de criança mais importante para o seu desenvolvimento, direito esse garantido por lei, estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que é o direito de brincar e que deve ser respeitado. Existe para o momento uma necessidade maior de valorizar o brincar na primeira infância, pois, a brincadeira é uma atividade inerente às crianças e que na qual os pequenos aprendem brincando. Esse ato de brincar acontece em qualquer lugar. A partir do instante em que essa criança passa a fazer parte da escola, torna-se aluno, a ludicidade muitas vezes fica à margem. Em relação ao problema inicial da pesquisa, a cerca de quais intervenções o educador poderia mediar nas brincadeiras para que os objetivos fossem alcançados com a utilização de jogos pedagógicos como estratégias educacionais, conclui-se que a melhor forma de intervenção é a mediação da brincadeira, cabe ao professor interagir com a criança para que ela utilize o brinquedo da melhor forma possível. O lúdico, em situações educacionais, proporciona um meio real de aprendizagens. No contexto escolar isso significa professores capazes de compreender em que fase os alunos estão em sua aprendizagem e desenvolvimento No que diz respeito ao papel significativo das brincadeiras na infância, percebe-se que o brincar é importante para o desenvolvimento integral das crianças, pois o mesmo envolve atividades físicas, mentais, sociais, comunicativas e emocionais, fundamentais para o desenvolvimento humano. Para Borba (2007, p.39), [...] a brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem. Representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas. Por outro lado, o brincar é um dos pilares da constituição de cultura da infância, compreendidas como significações e formas de ação social específica que estruturam as relações das crianças entre si, bem como os modos pelos quais interpretam, representam e agem sobre o mundo. Em se tratando de as crianças demonstram expressões, emoções, sentimentos, desejos e necessidades a partir da brincadeira, compreende-se que é na brincadeira, e na interação com o jogo que a criança consegue usar a imaginação, o lúdico na educação infantil proporciona a criança desenvolver os sentimentos. A brincadeira espontânea ela colabora para o desenvolvimento da identidade, assim a criança pode se conhecer melhor. Em relação às brincadeiras tradicionais, entende-se que é de suma importância que o ambiente escolar incentive esse tipo de brincadeira, já que são atividades que estimulam a cultura e a valorização das diversidades regionais, as brincadeiras folclóricas são exemplos disso e podem ser utilizadas como recurso pedagógico objetivando o desenvolvimento do aluno seja intelectual ou físico. A escola que atende a educação infantil procura oferecer um ensino com a responsabilidade na formação do indivíduo priorizando o aprendizado e a divulgação da brincadeira. Inspiramos nas palavras de Freire (2001, p.60): Sei que o ensino é a alavanca ou a transformação da sociedade, mas sei que a transformação social é feita de muitas tarefas pequenas e grandes, grandiosas e humildes! Estou incumbido de uma dessas tarefas. Sou um humilde agente da tarefa global de transformação. Muito bem, descubro isso, proclamo isso, verbalizo minha opção. A Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil, sugere como estratégia de implementação no Ensino Infantil a aquisição de brinquedos para uso das crianças, para que se haja valorização do brincar, oferecendo espaço e brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa o maior espaço de tempo na infância. Em se tratando da influência da tecnologia nas brincadeiras contemporâneas, conclui-se que a mídia e a tecnologia estão cada dia mais presente na vida da criança, com isso as brincadeiras são influenciadas por esses fatores pós-modernos, cabe ao professor saber orientar na utilização desse meio de brincadeira para que o aluno saiba utilizar com prudência e retirar desse tipo de brincadeira o que for de melhor para seu desenvolvimento uma vez que ele já está inserido em uma sociedade que consome cada vez mais a tecnologia. Sobre o processo educativo na atualidade traz implicações para a postura do profissional de educação infantil, no sentido de oferecer espaços e tempos para as brincadeiras espontâneas das crianças permitindo conhecer suas necessidades, os interesses, os repertórios e os potenciais e tornar possível o uso dos recursos lúdicos como ação educativa, focalizando, fundamentalmente, o estímulo à emancipação e a autonomia das crianças. Com o desenvolvimento deste trabalho com possível acrescentar informações a nossa especialização e principalmente foi possível perceber uma necessidade atual de uma reflexão sobre o que a escola tem feito para estimular as aprendizagens infantis através do lúdico sendo conduzido num contexto escolar privilegiando as vivências lúdicas. Um dos grandes desafios da escola seria construir o seu Projeto Político Pedagógico (PPP) contemplando as brincadeiras como ferramenta de aprendizagem, assim a mesma pode promover o lúdico de maneira pedagógica para se alcançar de forma significativo os conhecimentos para se chegar a uma forma de educar, estimulando o desenvolvimento de novas estratégias para se educar, desenvolvendo novos modos de aprender e desenvolver habilidades e capacidades cognitivas, facilitando o processo educacional infantil. 8 REFERÊNCIAS AGUIAR, J. S. Ensino e Aprendizagem de Conceitos Básicos em Crianças Pré-Escolares. In.: Jogos para o Ensino de Conceitos. São Paulo: Papirus, 1998. BARCELLOS, PAULA PEREIRA (2014) Brincadeira levada a sério In: Revista Pátio Educação Infantil, nº 39, ABRIL/JUNHO, 2014, p.45 a 47. BATISTA, R. S.; SOUZA, L. M. de; CAMPOS, C. R. C. Brincando Com Jogos Sobre Biomas e Divulgando a Ciências. In.: CAMPUS, C. R. P. Divulgação Científicae Ensino de Ciências – Debates Preliminares, 2015, p. 64-73. BELLONI, M. L. GOMES, N. G. Infância, Mídias e Aprendizagem: autodidaxia e Colaboração. Educ. Soc., v.29, n.104, 2008, p. 717 a 746. BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In.: BRASIL, MEC/SEB. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. (Org.) BEAUCHAMP, J. RANGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007, p. 33-45. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n° 8.069/90, de 13 de julho de l990. São Paulo: CBIA-SP, 1991. BRASIL. Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. RESOLUÇÃO n° 5, de l7 de dezembro de 2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: 2013. BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica. Brincadeiras e interações nas diretrizes curriculares para a Educação Infantil - Manual de orientação pedagógica: módulo l – MEC/ SEB, 2012 BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica. Critérios de compra e uso dos brinquedos e materiais para instituições de Educação Infantil Manual de orientações pedagógicas: módulo 5 – MEC/SEB, 20012. BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica. Indicadores da qualidade na Educação infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Vol.2. Brasília: MEC/SEF, 2002. 86 p. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Vol.3. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAMPOS, M. M. Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Creches. 2. ed. Brasília: MEC, SEB, 2009. 42 p. CAPPARELLI, S. Infância digital e cibercultura. In: PRADO, J. L. A. (Org.). Crítica das Práticas Midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo: Hacker Editores, 2002, p. 130-145. CARNEIRO, M. A. B. A Magnífica História Dos Jogos: Presentes Desde A Antiguidade, Os Jogos Revelam Aspectos Culturais, Sociais E Econômicos Das Sociedades Que Os Desenvolveram. In.: Carta Fundamental – A revista do Professor Ministério da Educação. 64 ed. São Paulo: Editora Confiança, 2014, p. 30-33. CARVALHO, C. C. de. Jogar aprendendo: Contribuições dos jogos no processo de letramento. In.: Psicopedagogia Online, 2007. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=994#.Vd9F-iVVikr>. Acesso em: 27 ago. 2015. CRUZ, J. L. C. Ciências – Projeto Pitanguá. 2. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2008. FERREIRA, A. B. de H. MINI AURÉLIO SÉCULO XXI ESCOLAR. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. FERREIRA, S. L.; LIMA, M. F. M.; PRETTO, N. L. Mídias Digitais e educação: tudo ao mesmo tempo agora o tempo todo. In: BARBOSA, F. A; C., C.; TOME T. (Orgs.) Mídias Digitais: Convergência Tecnológica E Inclusão Social. São Paulo: Paulinas, 2005, p. 225-255. FONTANA, R. C. O Papel da Brincadeira no Desenvolvimento da Criança. In.: Psicologia e Trabalho Pedagógico. São Paulo: Atual, 1997, p. 119-129. FREIRE, Paulo. Direitos humanos e educação libertadora. In.; FREIRE, A. M. A. (org.) Pedagogia dos sonhos possíveis: Editora UNESP, 2001. FRIEDMANN, A. O brincar na Educação Infantil: Observação, adequação e inclusão. 1ed. São Paulo: Moderna, 2012. GOLDSCHMIED, E.; JACKSON, S. Educação de 0 A 3: O Atendimento Em Creche. 2º Edição 2006. GUEDES, A. O. A comunicação com bebês e com crianças pequenas: a imitação como forma de conhecer o mundo. In.: Revista CRIANÇA. 46 ed. 2008, p. 10 – 13. KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira-Thomson Learning, 2002. JUNIOR et.al. A Contribuição dos Desenhos Animados para a Divulgação e Construção da Cultura Científica. In.: CAMPUS, C. R. P. Divulgação Científica e Ensino de Ciências – Debates Preliminares, 2015, p.52-63. MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARICATO, A. As Duas Demandas Da Educação Infantil: Quantidade E Qualidade. In: Revista CRIANÇA 46. ed. 2008, p. 5-8. MÜLLER, F.; REDIN, M. M. Sobre as crianças, a infância e as práticas escolares. In.: REDIN, E.; MÜLLER, F.; REDIN, M. M. (org.). Infâncias: Cidades e escolas amigas das crianças. Porto Alegre: Editora Mediação, 2007, p.17-22. PEREIRA, A. B.; OSWALD, M. L.; ASSIS, R. Com A Pré-Escola Nas Mãos: Uma Alternativa Curricular Para a Educação Infantil. 6 ed. 1993, p.77 PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: jogos, sonhos e imitação. 3.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. PINEL, H. Psicologia da Educação. 1.ed. Vitória, 2004. RODRIGUES, M. O Desenvolvimento Pré- Escolar e o Jogo. São Paulo: Icone, 1992. SANTOS, G. K. S. DOS. Brincar: Tradição X Tecnologia. Internet, 2012. Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/10mostra/4/524.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2015. SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da segunda modernidade. In: SARMENTO, M. J.; CERISARA, A. B. (Orgs.). Crianças e Miúdos: Perspectivas Sócio-pedagógicas da Infância e Educação. Porto: ASA Editores, 2004. TAPSCOTT, D. Geração Digital: a crescente e irreversível ascensão da Geração Net. São Paulo: Makron Books, 1999. TEIXEIRA, A. Jornal de Educação, Ano I, nº 7, julho, 1971. .