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Lições de Arquitetura, de Herman Hertzberger
Neste livro, o arquiteto holandês Herman Hertzberger transmite 
algumas lições sobre o fazer arquitetônico na atualidade. Sua leitura 
é um convite à análise do sentido da profissão do arquiteto.
"(...) A arquitetura não pode ser outra coisa senão o interesse pela vida 
cotidiana, tal como vivida por todas as pessoas; é como o vestuário, que não 
deve apenas nos vestir, mas ajustar-se bem a nós. O essencial é que, seja lá o
que se faça, onde quer que se organize o espaço e de que maneira, ele terá 
inevitavelmente certo grau de influência sobre a situação das pessoas. A 
arquitetura, na verdade, tudo aquilo que se constrói, não pode deixar de 
desempenhar algum tipo de papel nas vidas das pessoas que a usam, e a 
principal tarefa do arquiteto, quer ele goste, quer não, é cuidar para que tudo o 
que faz seja adequado a todas estas situações. Não é apenas uma questão de
eficácia no sentido de ser prático ou não, mas de verificar se o projeto está 
corretamente afinado com as relações normais entre as pessoas e se ele 
afirma a igualdade de todas as pessoas. Toda intervenção nos ambientes das 
pessoas, seja qual for o objetivo específico do arquiteto, tem uma implicação 
social. A arte da arquitetura não consiste apenas em fazer coisas belas – nem 
em fazer coisas úteis, mas em fazer ambas ao mesmo tempo. Tudo o que 
projetamos deve ser adequado a cada situação que surja; em outras palavras, 
não deve ser apenas confortável mas também estimulante – e é esta 
adequação fundamental e ativa que eu gostaria de designar como ‘forma 
convidativa’: a forma que possui mais afinidade com as pessoas." 
Fonte: Google Imagens
http://archtectureclub.blogspot.com.br/2010/09/licoes-de-arquitetura-de-herman.html
 Prefácio
“Quando discutimos nosso próprio trabalho, temos de nos perguntar o
que adquirimos de quem. Pois tudo o que descobrimos vem de algum 
lugar. A fonte não foi nossa própria mente, mas a cultura a que 
pertencemos. (...) Tudo o que é absorvido e registrado por nossa 
mente soma-se à coleção de idéias armazenadas na memória. Uma 
espécie de biblioteca que podemos consultar toda vez que surge um 
problema. Assim, essencialmente, quanto mais tivermos visto, 
experimentado e absorvido, mais pontos de referência teremos para 
nos ajudar a decidir que direção tomar: nosso quadro de referência se
expande. A capacidade para descobrir uma solução 
fundamentalmente diferente para um problema, i.e., para criar “um 
mecanismo” diferente, depende da riqueza de nossa experiência 
(...)”.
A) Domínio Público
1 – Público e Privado
Pública é uma área acessível a todos a qualquer momento; a 
responsabilidade por sua manutenção é assumida coletivamente. 
Privada é uma área cujo acesso é determinado por um pequeno grupo
ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mantê-la. (...) Não
existe uma única relação humana que nos interesse como arquitetos 
que se concentre exclusivamente em um individuo ou em um grupo 
(...), é sempre uma questão de pessoas e grupos em inter-relação e 
compromisso mútuo, i.e., é sempre uma questão de coletividade e 
indivíduo, um em face do outro. Se, porém, o individualismo 
compreende apenas parte da humanidade, o coletivismo só 
compreende a humanidade como parte; nenhum deles apreende o 
todo da humanidade, a humanidade como um todo. Os conceitos de 
“público” e “privado” podem ser vistos e compreendidos em termos 
relativos como uma série de qualidades espaciais que, diferindo 
gradualmente, referem-se ao acesso, à responsabilidade, à relação 
entre a propriedade privada e a supervisão de unidades espaciais 
especificas.
2 – Demarcações Territoriais
Um espaço pode ser concebido como público ou privado dependendo 
do grau de acesso, da forma de supervisão, de quem o utiliza, de 
quem toma conta dele e de suas respectivas responsabilidades.
As gradações de demarcações territoriais são acompanhadas pela 
sensação de acesso. As vezes é uma questão de legislação, mas, em 
geral, é exclusivamente uma questão de convenção, respeitada por 
todos.
Os termos público e privado são colocados a prova e tidos como 
inadequados, pois muitas vezes o espaço público é utilizado para 
interesses particulares, o que coloca seu caráter em questão por meio
do uso além de fortalecer a demarcação por parte do usuário dessa 
área aos olhos dos outros. Foram usados como exemplos as ruas e 
residências em Bali, os edifícios públicos, a Aldeia de Mörbisch na 
Áustria, a Biblioteca Nacional em Paris / H. Labrouste e o Edifício de 
Escritórios Centraal Beheer em Alpeldoorn. O arquiteto tem 
importante papel nas demarcações territoriais e nas possibilidades de
acesso podendo trabalhar com formas, materiais, cores e luz 
utilizadas além da articulação entre as dependências do projeto.
3 – Diferenciação Territorial
Na planta podemos observar as gradações de acesso público às 
partes de um edifício, que mostram as características dessas áreas de
modo que se possa intensificar ou atenuar a construção 
posteriormente.
4 – Zoneamento Territorial
As características de cada área dependem de quem se sente 
responsável por ela. Foram usados como exemplo o Edifício de 
Escritórios Centraal Beheer, em Alpeldoorn, a Faculdade de 
Arquitetura do MIT em Cambridge, USA, a Escola Montessori em Delft 
e o Centro Musical Vredenburg em Utrecht. Em todos esses exemplos 
a influência dos usuários poderia ser ou foi estimulada para o 
envolvimento necessário entre a estrutura organizacional e os 
mesmos.
5 – De Usuário a Morador
Um arquiteto precisa ter tato para criar condições para um maior 
envolvimento no arranjo e no mobiliamento de uma área para que, 
enfim, os usuários se tornem moradores. A Escola Montessori em 
Delft e as Escolas Apollo em Amsterdam ilustram bem essa situação. 
Como um “ninho seguro” essas escolas proporcionam aos usuários 
uma sensação de proteção, um lugar que se possa chamar de “meu”.
6 – O “Intervalo”
A soleira fornece a chave para a transição e a conexão entre áreas 
com demarcações territoriais divergentes e, na qualidade de um lugar
por direito próprio, constitui, essencialmente, a condição espacial 
para o encontro e o dialogo entre áreas de ordens diferentes, o 
público e o privado. Como exemplo temos a Escola Montessori, Delft, 
De Overloop, Lar para Idosos, Almere, De Drie Hoven, Lar para Idosos,
Amsterdam, Residências Documenta Urbana, Kassel, Alemanha e Cité
Napoléon, Paris / M. H. Veugny. Nesses espaços, a concretização da 
soleira como intervalo significa, em primeiro lugar e acima de tudo, 
criar um espaço para as boas-vindas e as despedidas, sendo de suma 
importância para o contato social.
7 – Demarcações Privadas no Espaço Público
O conceito de intervalo é a chave para eliminar a divisão rígida entre 
áreas com diferentes demarcações territoriais. A questão etsá, 
portanto, em criar espaços intermediários que, embora do ponto de 
vista administrativo possam pertencer tanto ao domínio publico 
quanto ao privado, sejam igualmente acessíveis para ambos os lados,
isto é, quando é inteiramente aceitável, para ambos os lados, que o 
“outro” também possa usá-lo. Assim temos o De Drie Hoven, Lar para 
Idosos, Amsterdam, as Residências Diagoon, Delft e as Moradias LiMa,
Berlim. Nesses espaços os moradores sentem-se mais inclinados a 
expandir sua esfera de influencia em direção a área publica, 
aprimorando a qualidade do espaço publico pelo interesse comum. Há
até mesmo uma área da rua com a qual os moradores estão 
envolvidos , onde marcas individuais são criadas por eles próprios e 
que é apropriada conjuntamente e transformada num espaço 
comunitário.
8 – Conceito de Obra Pública
O segredo é dar aos espaços públicos uma forma tal que a 
comunidade se sinta pessoalmente responsável por eles, fazendo 
com que cada membro da comunidade contribua à sua maneira para 
um ambiente com o qual possa se relacionar e se identificar. Os 
serviços prestados pelos órgãos municipais são, normalmente, tidos 
como “abstrações opressivas”; é como seas obras públicas fossem 
uma imposição vinda de cima; o homem comum sente que “não tem 
nada a ver com ele”, e, deste modo, o sistema produz um sentimento 
generalizado de alienação. As Moradias Vroesenlaan, Rotterdam / J. H.
van den Broek e o De Drie Hoven, Lar para Idosos, Amsterdam 
ilustram como as melhores intenções podem levar á indiferença. As 
coisas começam a dar errado quando as escalas se tornam grandes 
demais e quando a conservação e a administração de uma área 
comunitária não podem mais ser entregues àqueles que estão 
diretamente envolvidos. Quando a burocracia assume o controle, as 
regras tornam-se uma camisa-de-força de regulamentos. O 
crescimento do nível de controle imposto de cima para baixo está 
abrindo caminho para a agressividade, que, por sua vez, conduz a um
enrijecimento ainda maior da teia de regulamentos. O resultado é um 
círculo vicioso, a falta de comprometimento e o medo exagerado do 
caos alimentando-se mutuamente. O arquiteto pode contribuir para 
criar um ambiente que ofereça muito mais oportunidades para que as
pessoas deixem suas marcas e identificações pessoais, que possa ser 
apropriado e anexado por todos como um lugar que realmente lhes 
“pertença”. Construído com entidades pequenas e funcionais que 
proporcionem uso intenso para apelar em favor da descentralização 
das responsabilidades.
9 – A Rua
Mundo hostil de vandalismo ou agressão ou lugar de contato social 
entre os moradores? A desvalorização da rua pode ser atribuída a 
muitos fatores, entre eles o aumento do trafego motorizado e as 
melhores condições de vida da população, que tendem a passar mais 
tempo dentro de casa. No âmbito da organização espacial o arquiteto 
pode estimular as “ruas de convivência” onde os adultos podem 
interagir e as crianças brincar. Seu conceito está baseado na idéia de 
que os moradores têm algo em comum, expectativas mútuas. Assim 
as unidades de habitação também funcionam melhor quando estão 
localizadas em espaços de convivência. Isto é determinado em 
grande parte pelo planejamento e pelo detalhamento do layout da 
vizinhança. Em bairros residenciais devemos dar à rua a qualidade de 
uma sala de estar para a interação cotidiana e para as ocasiões 
especiais entre os membros da comunidade. Tão importante quanto a
disposição relativa das unidades residenciais umas em relação às 
outras é a colocação das janelas, sacadas, varandas, terraços, 
patamares, degraus das portas, alpendres... Casas e ruas são 
complementares: a qualidade de uma depende da qualidade da 
outra. 
10 – O Domínio Público
Se as casas são domínios privados, a rua é o domínio publico. A rua 
foi, originalmente, o espaço para ações, revoluções, celebrações, e ao
longo de toda a história podemos ver como, de um período para o 
outro, os arquitetos projetaram o espaço publico no interesse da 
comunidade a que de fato serviam. Este, portanto, é um apelo para 
se dar mais ênfase ao tratamento do domínio publico, para que este 
possa funcionar não só para estimular a interação social como 
também para refleti-la. 
11 – O Espaço Público como Ambiente Construído
Até o séc. XIX havia poucos edificios publicos, e mesmo estes não o 
eram de maneira integral. O acesso público a edifícios como igrejas 
sofria certas restrições, impostas pelos encarregados de sua 
manutenção ou pelos proprietários. Os verdadeiros espaços públicos 
estavam quase sempre ao ar livre. Os tipos de edifício que foram 
desenvolvidos nesse período formaram os blocos de construção para 
a cidade, mais convidativos e hospitaleiros. A (r)evolução industrial 
abriu um novo mercado de massa. A aceleração e a massificação dos 
sistemas de produção e distribuição conduziram à criação de lojas de 
departamento, exposições, mercados cobertos, estações ferroviárias 
e metrõ, e conseqüente aumento do turismo. A razão mais importante
para o intercambio social sempre foi o comercio, que em todas as 
formas de vida comunitária sempre ocorre em certas medidas nas 
ruas, onde cidade e campo se encontram e onde as noticias correm. 
12 – O Acesso Público ao Espaço Privado
Embora os grandes edifícios que tem como objetivo ser acessíveis 
para o maior numero possível de pessoas não fiquem 
permanentemente abertos implicam uma expansão fundamental e 
considerável do mundo publico. Os exemplos mais característicos 
desta mudança de ênfase são as galerias. As galerias serviam em 
primeiro lugar para explorar os espaços interiores abertos e eram 
empreendimentos comerciais por onde circulavam os pedestres, 
graças à ausência de transito. As passagens altas e compridas, 
iluminadas de cima graças ao telhado de vidro, nos dão a sensação 
de um interior: deste modo estamos do lado de “dentro” e de “fora” 
ao mesmo tempo. Na medida em que a oposição entre as massas do 
dos edifícios e o espaço da rua serve para distinguir – grosso modo – 
o mundo privado do publico, o domínio privado circunscrito é 
transcendido pela inclusão de galerias. O espaço interior se torna 
mais acessível, enquanto o tecido das ruas se torna mais unido. A 
cidade é virada pelo avesso, tanto espacialmente quanto no que 
concerne ao principio do acesso. O abandono do assentamento de 
quadras num perímetro fechado, no urbanismo do século XX, 
significou a desintegração da definição espacial nítida dada pelo 
padrão da rua. Esse novo tipo de assentamento urbano individualizou 
as fachadas, privatizou as entradas e afastou os edifícios uns dos 
outros, tornando maior a oposição entre publico e privado. Por isso os 
arquitetos modernos objetivam a melhoria dos edifícios por meio de 
um assentamento de melhor qualidade. Devemos considerar a 
qualidade do espaço das ruas e dos edifícios relacionando-os uns aos 
outros, com uma relação de reciprocidade. Embora a expressão da 
relatividade dos conceitos de interior e exterior seja uma questão de 
organização espacial, o fato de uma área tender para uma atmosfera 
mais parecida com a da rua ou com a de um interior depende da 
qualidade do espaço, de suas dimensões, da forma e da escolha dos 
materiais. É a união de interior e exterior e a conseqüente 
ambigüidade que intesificam a percepção de acesso espacial e de 
intimidade. O uso de uma área, o sentido de responsabilidade por ela 
e o cuidado dispensado a ela encontram-se todos ligados às 
demarcações territoriais e à administração. Mas a arquitetura, graças 
as qualidades evocativas de todas as imagens explicitamente 
espaciais, formas e materiais, possui a capacidade de estimular 
determinados tipos de uso.
Fonte: Lições de Arquitetura, de Herman Hertzberger
	Lições de Arquitetura, de Herman Hertzberger

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