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Nutrição do Idoso Profª Josiane F. de Mello Antropométrica; Dietética; Bioquímica. Complexa Inexiste um único indicador que reflita o estado nutricional (antropométricos, dietéticos, bioquímicos e físicos) ◦ Peso corporal, massa de gordura, massa livre de gordura, inquéritos, água, albumina, transferrina e ferro, etc. Inúmeras técnicas: desde simples medidas de peso e estatura até as sofisticadas, como a ressonância magnética. O estado nutricional reflete o grau em que as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo alcançadas, a fim de que mantenham a composição corporal e a função adequada do organismo alterações fisiológicas do envelhecimento presença de doenças utilização de múltiplos medicamentos situação socioeconômica e familiar. Pela facilidade de aplicação e por possuírem uma ótima correlação com a composição corpórea, as medidas antropométricas recomendadas na avaliação do estado nutricional de idosos são: ◦ Peso; ◦ Estatura; ◦ Circunferência da cintura; ◦ Circunferência da panturrilha; ◦ Circunferência do braço; ◦ Pregas cutâneas tricipital e subescapular; ◦ Circunferência muscular do braço. As medidas de peso e de circunferência da cintura e do braço predizem tanto a massa muscular como o tecido adiposo As pregas cutâneas do tríceps e a subescapular determinam a massa de gordura corporal. A circunferência da panturrilha e a muscular do braço são indicativos da quantidade de massa muscular Essas medidas em conjunto são utilizadas para cálculo de índices e indicadores que são importantes para a avaliação final do estado nutricional. Índices combinações de medidas Indicadores Interpretação dos índices Medida simples de ser realizada; Deve ser efetuada em todas as consultas; ◦ Na terceira idade, o peso tende a com o passar dos anos: Redução de líquido corporal; Redução da massa corporal; Redução da massa magra livre de gordura, como a redução do conteúdo mineral ósseo, grande causador da osteopenia e osteoporose. Isolada: Não tão precisa, mas permite verificar a velocidade de uma possível perda de peso no decorrer do tratamento; ◦ Somatória de todos os componentes corporais; ◦ Reflete o equilíbrio proteico e energético do indivíduo; ◦ Equipamento para aferição: balança calibrada de plataforma ou eletrônica; ◦ Técnica: Indivíduo posicionado em pé, no centro da balança, descalço e com roupas leves Peso usual ou habitual: utilizado como referência na avaliação das mudanças recentes e em casos de impossibilidade de medir o peso atual. Peso ideal ou desejável: Para estabelecer o peso ideal, utiliza-se o IMC ideal como base: • Homens = IMC ideal 22. Fórmula: 22 X altura(m)2 • Mulheres = IMC ideal 21. Fórmula: 21 X altura (m)2 • Idosos(as) = IMC ideal 24,5. Fórmula: 24,5 X altura (m)2 Adequação do peso: Indica quanto adequado ou inadequado está o peso atual em relação ao peso ideal em porcentagem de adequação. Peso ajustado: Utilizado para a determinação da necessidade energética e de nutrientes. Deve ser utilizado quando a adequação do peso encontra-se inferior a 95% ou superior a 155%. Adequação de peso (%) Estado nutricional <70 Desnutrição grave 70,1-80 Desnutrição moderada 80,1-90 Desnutrição leva 90,1-110 Eutrofia 110,1-120 Sobrepeso >120 Obesidade Fonte: Blackburn e Thorton (1979). Adequação de peso (%) = peso atual x 100 peso ideal Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual A velocidade de perda de peso significativa está associada com a diminuição de massa muscular, um importante marcador de desnutrição. É um dos critérios mais importante na avaliação do risco de desnutrição em idosos. Indicador importante para avaliar a gravidade de um problema de saúde. Perda de peso em relação ao tempo: Perda de peso (%) = (peso habitual– peso usual) x 100 ou VPP(%) Peso habitual Tempo Perda significativa de peso Perda grave de peso 1 semana 1% a 2% > 2% 1 mês 5% > 5% 3 meses 5,7% > 7% 6 meses 10% > 10% Na impossibilidade de se obter o peso do indivíduo, pode-se utilizar equações de estimativa de peso: Chumlea et al. (1985): HOMEM = [(0.98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) - 81,69] MULHER = [(1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35] Sendo: CP=circunferência da panturrilha; AJ=Altura do joelho CB=Circunferência do braço DCSE=Dobra cutânea sub escapular Rabito (2006): 0,5759 (CB) + 0,5263 (CA) + 1,2452 (CP) – 4,8689 (G) – 32,9241 Sendo: G= Gênero (Gênero masculino = 1 Gênero feminino= 2); CB=Circunferência do braço CA= Circunferência abdominal CP=circunferência da panturrilha Medida de difícil realização em idosos (alterações associadas à idade - cifoses, escolioses e a diminuição dos discos intervertebrais); Equipamento para aferição: antropômetro/estadiômetro; Técnica: sem sapatos, de costas para o marcador, com os pés unidos e em posição ereta. Em idosos, entretanto, a estatura tende a diminuir com o avanço da idade: • achatamento dos discos intervertebrais e dos arcos plantares dos pés; • enfraquecimento da musculatura das pernas; Estimativa: de 0,5 a 2cm por década, após os 60 anos. Na impossibilidade de se obter a estatura do indivíduo, pode-se utilizar equações de estimativa de estatura: Chumlea et al. (1985): HOMEM= [64,19 - (0.04 x IDADE) + (2,02 x AJ em cm)] MULHER= [84,88 - (0,24 x IDADE) + (1,83 x AJ em cm)] Sendo: AJ=Altura do joelho Rabito (2006): 63,525 – 3, 237(G) – 0, 06904 (idade) + 1, 293 (SE) Sendo: G= Gênero (Gênero masculino = 1 Gênero feminino= 2) SE= Semi envergadura/meia envergadura Reflete a quantidade de massa por metro quadrado de um indivíduo. Devido a mudanças na composição corporal ocasionadas pelo envelhecimento, a classificação do IMC de idosos é diferente da utilizada para adultos pela OMS. Atualmente, encontram-se na literatura algumas classificações para IMC de idosos, como a classificação da Opas (2002; 2003), a de Perissinotto e col. (2002) e a proposta por Lipschitz (1994), atualmente utilizada pelo SISVAN (Sistema de vigilância alimentar e Nutricional, Ministério da Saúde). Classificação do estado nutricional segundo IMC por Lipschitz 1994 IMC (kg/m2) Classificação < 22 Baixo peso 22 - 27 Adequado ou eutrófico > 27 Excesso de peso Fonte: Lipschitz (2004). Esse aumento nos escores de corte é explicado pela alteração corpórea típica do envelhecimento, quando ocorrem aumentos progressivos da massa de gordura corporal. A mudança no ponto de corte mínimo para eutrofia também permite uma intervenção dietética preventiva, evitando que o indivíduo atinja formas graves de desnutrição. Junção de massa adiposa, massa muscular e tamanho ósseo. Equipamento para aferição: fita antropométrica inelástica. Técnica: Exercer leve pressão sobre a pele. Não deixar o dedo entre a fita e a pele. Sempre que possível, medir sobre a pele nua. Oferece um índice aproximado das reservas, tanto calóricas quanto proteicas. Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: ◦ Flexionar o braço a ser avaliado (esquerdo) formando um ângulo de 90º; ◦ Localizar o ponto médio entre o acrômio e o olecrano; ◦ Solicitar ao indivíduo que fique com o braço estendido ao longo do corpo com a palma da mão voltada para a coxa; ◦ Contornar o braço com fita flexível no ponto marcado de forma ajustada evitando compressão da pele oufolga; ◦ Tem-se o cuidado de não comprimir partes moles; ◦ O resultado é comparado aos valores de referência; Olécrano Acrômio Podemos classificar a CB de acordo com a adequação da mesma, a partir da seguinte fórmula: (%) Adequação da CB = CB obtida (cm) x 100 CB percentil 50 Avalia reserva de massa muscular no idoso; CMB= CB - π [ PCT/ 10] Sendo: CB = Circunferência do Braço PCT = Prega cutanea tricipital Fornece uma medida sensível da massa muscular em idosos; Indica alterações na massa magra que ocorrem com a idade e com o decréscimo na atividade física; Muito prática e pode ser recomendada para avaliação nutricional de pacientes acamados. Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: ◦ O indivíduo deve estar sentado com a perna pendendo relaxadamente ou em pé com o peso distribuído equitativamente entre ambos os pés; ◦ O lado a ser aferido deve ser preferencialmente o esquerdo; ◦ Levantar a perna da calça para descobrir a panturilha; ◦ Colocar a fita métrica em volta da parte mais larga da panturilha e anotar a medida. ◦ Fazer medições adicionais acima e abaixo desse ponto, para assegurar- se de que a primeira medida era maior. (WHO, 1995). Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: ◦ A medida deverá ser feita na ausência de roupas na região de interesse. ◦ O indivíduo deve estar ereto, com o abdome relaxado (ao final da expiração); ◦ Os braços estendidos ao longo do corpo e as pernas fechadas. ◦ A medida deverá ser feita no plano horizontal. ◦ Posicionar-se de frente para a pessoa e localizar o ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. ◦ A fita deverá ser passada por trás do indivíduo ao redor deste ponto. ◦ Verificar se a fita está bem posicionada, ou seja, se ela está no mesmo nível em toda a extensão de interesse, sem fazer compressão na pele. ◦ Pedir a pessoa que inspire e, em seguida, que expire totalmente. ◦ A medida deve ser feita neste momento, antes que a pessoa inspire novamente; Apesar de ainda não existirem parâmetros específicos para a população idosa, essa é uma medida prática e útil no monitoramento do estado nutricional, principalmente daqueles idosos com maiores depósitos de gordura corporal na região abdominal. Última costela Cintura Crista ilíaca Aferição do contorno Equipamanto para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: ◦ A medida é realizada no plano horizontal, na altura da cicatriz umbilical, com o avaliado em pé, em posição ortostática. Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: É medido no ponto de maior protuberância posterior dos glúteos. A relação ou índice cintura/quadril está associada com o alto risco de mortalidade geral, devido: doença cardiovascular, diabetes e hipertensão, índices aumentados de lipídios e insulina. ICQ = Circunferência cintura Circunferencia quadril Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: O indivíduo deve estar em posição supina ou sentado o mais próximo possível da extremidade da cadeira; Com o joelho esquerdo flexionado em ângulo de 90°. Medir o comprimento entre o calcanhar, paralelamente à tíbia até a borda superior da patela (rótula do joelho). Equipamento para aferição: fita métrica inelástica; Técnica: Os braços devem ficar estendidos, e afere-se a distância entre os dedos médios. Utilizadas para estimar a quantidade de gordura corporal subcutânea a partir de equações; Também podem ser indicadores individuais, levando em consideração parâmetros já estipulados de dobras de acordo com o percentual para idade e gênero; ◦ Vantagens: Não invasivo, relativo baixo custo operacional, correlação com a reserva de gordura local e total. ◦ Desvantagens: Grande variabilidade existente inter e intra-avaliador e não são consistentes em situações de obesidade mórbida e edema. Equipamento: adipômetro, plicômetro ou compasso de dobras cutâneas. Realizada do lado esquerdo do corpo; É considerada uma importante medida do estado nutricional; Em associação com as medidas de outras pregas cutâneas, fornece uma estimativa do tecido adiposo subcutâneo; Técnica: ◦ Paciente em pé, de costas para o avaliador; ◦ Braços e ombros relaxados; ◦ Marcar ponto abaixo ao ângulo inferior da escápula; ◦ Segurar a prega formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos polegar e indicador da mão esquerda a 2 cm do ponto marcado, de forma que se possa observar um ângulo de 45º com a coluna vertebral; ◦ Manter a prega entre os dedos até o término da aferição. ◦ A leitura deverá ser realizada no milímetro mais próximo em cerca de 2 a 3 segundos; ◦ Utilizar a média de 3 medidas; Essa medida permite uma visualização das reservas calóricas do indivíduo; Em associação com as medidas de outras pregas cutâneas, fornece uma estimativa do tecido adiposo subcutâneo; Técnica: ◦ O local de obtenção dessa medida é o mesmo da circunferência do braço; ◦ O braço deve permanecer relaxado ao longo do corpo; ◦ Destacar a dobra 1 cm acima do ponto marcado (mesmo da CB); ◦ Pinçar a dobra com o adipômetro; ◦ Manter a prega entre os dedos até o término da aferição. ◦ A leitura deverá ser realizada no milímetro mais próximo em cerca de 2 a 3 segundos; ◦ Utilizar a média de 3 medidas; Adequação da PCT (%) = PCT obtida (cm) x 100 PCT percentil 50 A medida da força de preensão palmar pode avaliar indiretamente a redução da força muscular esquelética; É um indicador de funcionalidade, e sua medida está sendo descrita como um teste funcional sensível de depleção proteica e, consequentemente, um indicador de desnutrição. Equipamento para aferição: dinamômetro; Técnica: O indivíduo deve permanecer com o ombro aduzido em posição neutra e cotovelo fletido a 90°; Devem ser realizadas três medidas em cada braço e considerado o maior valor entre elas. Existem diversos instrumentos de Triagem Nutricional; A Mini avaliação Nutricional® (MAN) e a sua versão reduzida é o método de avaliação desenvolvido e validados para a população idosa recomendados pela Associação Internacional de Geriatria e Gerontologia (IAGG) e pela Academia Internacional de Nutrição e Envelhecimento (IANA); É um instrumento dividido em duas partes: ◦ Primeira parte – Triagem, composta por 6 questões: diminuição do apetite nos últimos 6 meses; perda de peso nos últimos 6 meses; mobilidade; presença de estresse psicológico ou doença aguda nos últimos 3 meses; problemas neuropsicológicos; e índice de massa corpórea. As questões que compõem essa avaliação reduzida apresentam boa correlação com a versão completa, alta sensibilidade, especificidade e acurácia diagnóstica para classificar os indivíduos Cada questão recebe uma pontuação conforme a resposta. Somatória máxima = 14 pontos. Se o indivíduo somar 12 pontos ou mais, é considerado fora de risco e não precisa da avaliação completa. Se somar 11 pontos ou menos, é interrogada uma possível desnutrição e deve-se continuar a avaliação; ◦ Segunda parte – Avaliação, composta por 12 questões subdivididas em 4 domínios: antropométrico (circunferências de braço e panturrilha); avaliação global (estilo de vida, medicação, presença de ulcerações na pele); questionário dietético (número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); e avaliação subjetiva (autopercepção do estado nutricional e da saúde). Cada questão recebe uma pontuação conforme a resposta. A partir da soma dos pontos das duas partes: Escore total: Classifica os idosos em três grupos: ◦ Adequado estado nutricional® – Escore > 24 pontos ◦ Risco de desnutrição® – Escore entre 17 e 23,5 pontos ◦ Desnutridos® – Escore menor do que 17 pontos. A sensibilidade da MAN é de 96%, especificidade de 98% e o valor prognóstico de desnutrição de 97%. Triagem + avaliação = escore total A partir da terceira década de vida, iniciam-se alterações na composição corporal, com perda de massa magra e aumento no tecido adiposo; Essas modificações podem explicar o aumento de peso nos adultos jovens e as perdas involuntárias a partir de 60 anos. Quando perda de peso graves: (mais de 5% do peso em 30 dias), implicam perda de massa magra, o que aumenta de forma acentuada a fragilidade do idoso e pode interferir negativamente em eventuais processos de reabilitação. Embora a desnutrição seja subnotificada em registros de óbitos, ou que seja mais comumente apontada como causa secundária de doenças pulmonares, neurológicas e imunológicas, sua relação com a morbidade e a mortalidade na velhice não pode ser negligenciada. A prevalência de desnutrição na população idosa brasileira, em seguimento ambulatorial, é de cerca de 20%. Entre os idosos hospitalizados, essa porcentagem salta para 60%. Tais dados refletem a importância de se tentar evitar ou mesmo retardar perdas de peso indesejáveis, a partir da monitoramento do estado nutricional e da utilização de técnicas dietéticas, que permitam melhorar o valor calórico e, consequentemente, a adequação da quantidade e da combinação de nutrientes essenciais para o organismo. Dentre as diversas causas de desnutrição, podemos citar: Anorexia causada por depressão; Medicações que alteram o apetite; Deficiência vitamínica, e de minerais, como o zinco (má absorção intestinal); Dificuldade de deglutição (frequente em doenças neurológicas); Problemas metabólicos, como o hipertireoidismo; Fatores sociais (isolamento e a pobreza); Condição dentária; A forma de preparo das refeições e o grau de acesso aos alimentos; A meta da intervenção nutricional na desnutrição é atingir balanço calórico positivo, ou seja, ingestão superior ao gasto calórico. Para alcançar esse objetivo, devem ser considerados todos os fatores que interferem na alimentação dos idosos. Dessa maneira, a intervenção nutricional deverá oferecer maior aporte energético e proteico pelo aumento da densidade calórica, sem contudo aumentar o volume dos alimentos quando possível e melhorar o fracionamento da dieta. Resultado de um balanço energético positivo e de longa duração (vida adulta); Há vários fatores que podem afetar o equilíbrio energético: ◦ Hábitos alimentares; ◦ História familiar; ◦ Fatores emocionais, os quais afetam a quantidade e a qualidade da ingestão alimentar Fundamental a importância em conhecer os fatores que influenciam os indivíduos idosos na sua seleção de alimentos. (renda, composição familiar, hábitos e valores culturais, religião, etnia e sexo). Assim, os cuidados com a alimentação do idoso incluem primordialmente manter o estado nutricional do indivíduo, preservando quantidades adequadas de massa magra e controles de tecido gorduroso. No processo de envelhecimento, a taxa metabólica basal diminui e a quantidade de massa magra corpórea é reduzida, combinadas com a diminuição na atividade física, tais mudanças podem resultar em diminuição das necessidades energéticas e em aumento do tecido adiposo, o que corrobora com a obesidade nessa faixa etária; A obesidade é uma forma comum de distúrbio da nutrição nos primeiros anos da velhice, diminui com a idade e é menos frequente em pessoas com mais de 75 anos; É um importante fator de risco associado às DCNT. Avaliação de dados sobre a alimentação, mediante inquéritos sobre o consumo alimentar; Objetivo: avaliar a ingestão de alimentos e nutrientes específicos; Vários métodos de inquérito alimentar,: ◦ Recordatório Alimentar de 24 h; ◦ Questionários sobre a frequência de ingestão de alimentos; ◦ História dietética; Escolha do inquérito alimentar depende do tipo de estudo que será realizado: ◦ Estudos epidemiológicos do tipo transversal, é desejável que se utilize o método de inquérito recordatório de 24 h ou de múltiplos registros; ◦ Estudos tipo caso-controle, o questionário de frequência de alimentos e a história dietética são recomendáveis; ◦ Estudos longitudinais ou de seguimento, todos os tipos de inquéritos alimentares podem ser aplicados; ◦ Estudos de intervenção ou ensaios clínicos, os registros alimentares e os questionários de frequência de alimentos são os mais indicados. IMPORTANTE: Todos os métodos, quando aplicados na população idosa, esbarram em limitações como as perdas de memória e o analfabetismo. Tendo sempre o cuidado de contornar esses limites, os inquéritos alimentares devem ser utilizados na determinação do hábito ou padrão alimentar, assim como na identificação de deficiências de ingestão de nutrientes Inclui alguns parâmetros que podem ser indicadores do estado nutricional. A realização de exames bioquímicos para idosos é fundamental para o estabelecimento adequado das condutas, e o planejamento alimentar, bem como para a avaliação da eficácia da intervenção proposta; Fornece resultados mais objetivos e confiáveis das deficiências nutricionais que devem ser confrontados com a antropometria; Solicitação de exames laboratoriais pelo nutricionita para acompanhamento nutricional (CFN Resol. 417/08 e 306/03) Exames: O hemograma completo é útil para identificação de possíveis anemias nutricionais e de depressão da imunidade, que se relaciona com a desnutrição. Proteínas plasmáticas (albumina sérica, transferrina, pré-albumina e proteína transportadora de retinol) também aparecem diminuídas em condições de desnutrição energético-protéica, por redução na biossíntese hepática. Glicose, colesterol total e frações e triglicerídeos são fundamentais para verificação do risco de doenças crônicas. Quando se tem a possibilidade de obter estas avaliações, a interpretação dos resultados exige conhecimento específico, pois a influência dos múltiplos medicamentos utilizados pelos idosos e ainda doenças inflamatórias de base promovem alterações nos resultados. Ácido úrico: Produto final do catabolismo de purinas (oriundas dos alimentos ou síntese endógena). A hiperuricemia pode se dar por produção excessiva do organismo ou deficiência da exceção renal. Concentrações elevadas geralmente estão associadas à hipertensão, diabetes, dislipidemias, etc. Cálcio Iônico: Cálcio fisiologicamente ativo no organismo. Parâmetro para verificação de distúrbios ósseos. Ocorrem alterações por conta de questões hormonais e o mesmo pode ter sua absorção intestinal reduzida, bem como excessiva excreção renal, ocasionando risco de osteoporose. Atenção pois pode estar relacionada a condições de saúde ( = hiperparatireoidismo primário, neoplasias e hipervitaminose D e = hipoparatireoidismo, hiperparatireoidismo secundário e deficiência de Vit. D). Vitamina D: Integridade intestinal, hepática e renal é fundamental para manter os níveis adequados. Se baixa, há risco de osteomalácia, osteoporose e susceptibilidade à fraturas. Fósforo: No processo de realimentação de idosos desnutridos, por conta do estímulo anabólico intenso há uma migração de fósforo circulante para o meio intracelular, reduzindo seus níveis séricos em exames. Folato: Sua deficiência gera anemia megaloblástica. Taxas reduzidas também podem levar à risco de doenças ósseas, cardio e cerebrovasculares, por conta do aumento de homocisteína. Vitamina B12: Baixos níveis estão relacionados à baixa ingestãode alimentos-fonte, gastrite ou uso de antiácidos e pode gerar anemia megaloblástica. Sua deficiência a longo prazo apresenta manifestações clínicas voltadas ao déficits cognitivos. Zinco: Essencial ao funcionamento adequado do sistema imunológico. Qualidade da dieta, integridade intestinal, mastigação, fatores antinutricionais e medicação estão relacionados à sua etiologia. Ferritina: Forma de armazenamento de Fe no organismo. É também elemento importante na avaliação de risco cardiovascular e de síndrome metabólica. Em anemias ferroprivas, seus valores séricos encontram-se baixos. Como é representante de fase aguda pode estar aumentada em inflamações e infecções (mascarando anemias); Hemograma: Útil na verificação de anemias, infecções, alergias, inflamações, leucemias, e distúrbios de coagulação. Tempo de protrombina: Avaliação de coagulopatias. Deve ser monitorado em idosos que utilizam anticoagulantes. Albumina e pré albumina: Idosos com desnutrição, doenças hepáticas e renais crônicas, má absorção ou doenças catabólicas podem apresentar hipoalbuminemia. Como a meia vida da albumina é longa, o melhor indicador do estado nutricional é a pré-albumina (meia vida 2 a 3 dias). Glicemia: Avaliação periódica é fundamental (prevalência de diabetes neste grupo). Insulina: Principal interesse – resistência à insulina. Pode haver também redução da síntese deste hormônio na terceira idade. Como consequência há hiperglicemia e surgimento de diabetes. Hemoglobina Glicada: Indicador de hiperglicemia nos últimos 2-4 meses. Idosos com diagnóstico de diabetes, devem realizar sua dosagem a cada 6 meses (controlados) e a cada 3 meses (descompensado / insucesso do tratamento). Lipidograma: Valores baixos de HDL, altos de LDL e colesterol total são fatores de predisposição à aterosclerose e consequentemente doenças cardiovasculares. Além disso colesterol sérico abaixo de 100mm/dl estão sendo considerados como marcadores de desnutrição em pacientes com doença renal. Uréia: Derivada do metabolismo intermediário de proteínas. Sua dosagem avalia função renal, porém sofre interferência de vários fatores: doenças hepáticas, dietas hiperprotéicas, etc. Creatinina: Também utilizada na verificação da função renal e suas concentrações também sofrem pouca interferência com relação à dieta. Suas concentrações se relacionam com a quantidade de massa muscular no indivíduo. Todo paciente submetido a jejum prolongado, aporte insuficiente de nutrientes e metabolismo aumentado apresenta risco elevado de desnutrição proteico-calórica; A variação hormonal desencadeada por infecção ou estresse cirúrgico promove grande influência sobre o metabolismo proteico e lipídico. Os fatores inflamatórios (interleucinas, fator de necrose tumoral e metabólitos do ácido araquidônico) atuam em conjunto com hormônios de alto poder catabólico (catecolaminas, cortisol e glucagon) com a finalidade de proteger o organismo, provocando alterações no metabolismo como hiperglicemia, hiperinsulinemia, aumento da proteólise e da lipólise e acentuando a mobilização de estoques de nutrientes. Nesses pacientes, o hipercatabolismo prevalece. O paciente grave, principalmente quando internado em regime de unidade fechada (CTI), apresenta particularidades clínicas que limitam o uso de alguns parâmetros usados na avaliação nutricional. A avaliação do risco de desnutrição ou de sua existência deve ser realizada no momento da admissão ou, na sua impossibilidade, nas primeiras 24 h. A associação de métodos permite maior eficácia diagnóstica nas condutas nutricionais. A espessura das dobras cutâneas e da circunferência do braço, utilizadas, respectivamente, para estimar a gordura corporal e a proteína muscular, deve ser usada no paciente grave como forma de monitoramento da evolução, sem considerar os valores de referência. Por vezes, o ponto anatômico correto para a realização das medidas pode estar inacessível devido a acessos venosos, monitoramento não invasivo e edema. A medida da massa corporal em pacientes em UTI com doenças hepáticas, tumores sólidos e insuficiência renal pode ser confundida com modificações no balanço hídrico devido à hiper- hidratação, edema, ascite e líquido de diálise no abdome, além do uso de diuréticos e infusão de fluidos. Avaliar os seguintes idosos acamados segundo as estimativas de Chumlea e Rabito. ◦ Qual a altura e peso estimados pelas 2 metodologias? ◦ Qual o IMC e respectiva classificação? ◦ Qual o peso ideal e peso ajustado? Idosa: C.V.N.A. Data de Nascimento: 20/11/1927 Altura do Joelho: 44 cm Circunferência da Panturrilha: 21,5 cm Circunferência do braço: 24 cm Meia envergadura: 70 cm Dobra subescapular: 15 mm Circunferência abdominal: 76 cm Idoso: P.R.G. Data de Nascimento: 20/10/1942 Altura do Joelho: 57 cm Circunferência da Panturrilha: 34,5 cm Circunferência do braço: 32 cm Meia envergadura: 100 cm Dobra subescapular: 11 mm Circunferência abdominal: 100 cm FREITAS, E.V., PY, L., NERI, A.L., CANGALO, F.A.X., GORZONI, M.L., ROCHA, S.M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. RABITO, EI, Vannuchi GB, Suen VMM, Castilho Neto LL, Marchini JS. Weight and height prediction of immobilized patients. Rev Nutr. 2006;19(6):655-61 CHUMLEA, WC, Roche AF, Steinbaungh ML. Estimating stature from knee height for persons 60 to 90 years of age. J Am Geriatr Soc. 1985;33(2):116- 20. COSTA, RF. Composição Corporal: teoria e prática da avaliação. São Paulo, Manole, 2001.