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Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 1 Prezados alunos, sejam muito bem-vindos ao Curso Proordem. Estamos iniciando mais um curso preparatório para o Exame da Ordem. É um caminho de sacrifício, de disciplina e que requer algumas renúncias, mas que compensa muito, sobretudo porque o resultado é a sua aprovação. Há três dicas essenciais: 1) Traga o Vademecum para a sala. Não use celular ou computador, porque você precisa se habituar ao Vademecum, afinal, na segunda fase, não é permitido o uso de eletrônicos, só do Vademecum mesmo; 2) Promova a leitura do material complementar antes da aula. Você saberá qual matéria será ministrada pelo professor (geralmente, seguimos a ordem contida no material complementar). Se houver dúvida, pergunte a ele. Essa é a sua oportunidade de anotar suas dúvidas e tirá-las com o professor, em sala. Quando vejo que as dúvidas do aluno não são pertinentes com a aula, peço a ele que me espere após o término da aula para que eu possa efetivamente ajuda-lo. Só peço que evitem tirar dúvidas no intervalo. Ele é essencial tanto para o aluno quanto para o professor. 3) Esta, sem sombra de dúvidas, é a dica mais importante: ABANDONE o seu celular durante a aula. Não é radicalismo! É bom senso e disciplina. Você terá menos de três meses para revisar conteúdo visto em 5 anos de graduação. Isso mesmo... Meia década em menos de três meses. Por isso, concentre-se ao máximo. Evite, ao máximo, sair da sala enquanto o professor estiver falando. Cada frase pode ser uma questão e uma questão é o que diferencia um aprovado (com 40 pontos) e um reprovado (com 39 pontos). Cuidado! Ah, se você for cirurgião e tiver pacientes em situação de risco, por favor, deixe seu celular ligado, mas no vibracall. Aos não cirurgiões, aconselho a desligar o celular, até porque, se você tiver hábito de ficar com ele em mãos, uma hora ou outra você vai perder algo importante na aula para ver coisas absolutamente irrelevantes. Lembrem-se de que a prova será no dia 20 de outubro e que você só será aprovado neste Exame se estiver pronto nesta data. Como estamos diante de um prazo já estabelecido, precisamos estabelecer algumas metas diárias. O essencial é que você venha à aula e responda, no mínimo, 40 questões diárias sobre a matéria ministrada na aula. Saliento que o simples fato de responder as 40 questões não é o essencial, uma vez que o que realmente faz a diferença é a correção, na qual você passa a identificar o erro das assertivas incorretas. Não faça o esquema “faço, corrijo, faço, corrijo”. Você deve responder todas as questões primeiro e, após isso, promover a correção, porque, deste modo, você não terá uma falsa impressão de conhecimento, decorrente do fato de você acertar um grande número de questões. Quando o aluno faz e corrige em seguida, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 2 ele certamente vai acertar as próximas. Não por que já tenha memorizado o assunto, mas por ter acabado de ler a resposta de uma questão sobre o mesmo tema. Ressalto que, para responder as questões, você deve ter um conhecimento mínimo sobre o tema. Do contrário, você partirá para o “chute”, o que não traz resultados. Se o assunto ministrado na aula é absolutamente novo para você, leia o material complementar, enviado por e-mail, sobre o tema da aula, antes de começar a resolver as questões. Eu te garanto que, após duas leituras (uma antes da aula e uma depois da aula), você conseguirá resolver as questões sem ter que recorrer ao acaso. Toda a nossa equipe envida todos os esforços necessários à sua aprovação. Ela depende, entretanto, de um esforço conjunto. Se você já fez a prova, sabe do que eu estou falando. Não há meio termo! Ou você sabe e consegue os 40 acertos, ou não. Isso depende de disciplina. Com esforço, tudo é possível. Prova disso é o fato de muitos alunos serem aprovados, mesmo nos Exames mais difíceis. Tudo depende de você. Se você realmente quiser a aprovação, implemente essas regras. Não é para amanhã, ou para semana que vem. É para hoje. Estamos a 84 dias da prova. Aproveite cada dia. Cada hora é valiosa nessa caminhada. Estamos juntos até a sua aprovação. Se ficou com alguma dúvida, me procure. Sempre fico disponível após o término da aula. Grande abraço. Professor André Dafico @andredafico andredafico@gmail.com Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 3 PARTE GERAL -PERSONALIDADE JURÍDICA: É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito. Pessoa física ou natural – momento de aquisição da personalidade jurídica – art. 2º Nascituro – é um embrião com vida intra-uterina Que direitos efetivamente tem o nascituro? • Direito à vida (inclusive proteção contra o aborto); • Direito à proteção pré-natal; • Direito de receber doação e herança; E quanto ao direito a alimentos? A jurisprudência brasileira em geral sempre foi resistente à tese. A matéria, contudo, foi pacificada com a aprovação da Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/08), que reconheceu e regulou expressamente o direito aos alimentos do nascituro. CAPACIDADE – consiste na medida de personalidade. Capacidade de DIREITO + Capacidade de FATO = CAPACIDADE PLENA Não se confunde com a LEGITIMIDADE (impedimento para a prática de determinado ato. Falta de pertinência subjetiva para a prática de determinado ato) Capacidade de direito – qualquer pessoa tem; no momento em que se adquire personalidade passa o sujeito a ter capacidade de direito. Capacidade de fato – é a aptidão para pessoalmente praticar atos na vida civil. Incapacidade absoluta – art. 3º Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 4 Não existe mais, no sistema privado brasileiro, pessoa absolutamente incapaz maior de idade. Todas as pessoas com deficiência passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a garantir sua inclusão social, em prol de sua dignidade. Para comprovar tal afirmação, vale citar o disposto no art. 6º da lei 13.146/2015, segundo o qual a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidadescom as demais pessoas. Em resumo, há, no plano familiar, uma expressa inclusão plena das pessoas com deficiência. Eventualmente, e em casos excepcionais, tais pessoas podem ser tidas como relativamente incapazes em algum enquadramento do novo art. 4º do Código Civil. Como exemplo, podemos citar a situação de um deficiente que seja viciado em tóxicos, o qual poderá ser tido como incapaz como qualquer outro sujeito. Incapacidade Relativa – art. 4º Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) O artigo 4º também foi modificado de forma considerável pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/2015). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 5 Como podemos ver pela redação do dispositivo, o inciso II não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido, que não são mais consideradas relativamente incapazes, como antes estava regulamentado. Apenas foram mantidas no diploma as menções aos ébrios habituais (entendidos como os alcoólatras) e aos viciados em tóxicos, que continuam dependendo de um processo de interdição relativa, com sentença judicial, para que sua incapacidade seja reconhecida. Também foi alterado o inciso III do art. 4º do CC/2002, sem mencionar mais os excepcionais sem desenvolvimento completo, como, por exemplo, os portadores de síndrome de Down, que não são mais considerados incapazes. A nova redação passa a enunciar as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do art. 3º como causa de incapacidade absoluta. O sistema de incapacidades deixou de ter um modelo rígido, passando a ser mais maleável, pensado a partir das circunstâncias do caso concreto e em prol da inclusão das pessoas com deficiência, tutelando a sua dignidade e a sua interação social. EMANCIPAÇÃO Regra geral, a menoridade cessa aos 18 anos completos, nos termos do artigo 5º do Código Civil. Emancipação traduz uma forma de antecipação da capacidade plena, podendo ser: voluntária, judicial e legal. 1.1 Emancipação voluntária: a emancipação voluntária, prevista no art. 5º, par. único, I, primeira parte, é aquela concedida pelos pais, ou por um deles na falta do outro (é ato isonômico e extingue o poder familiar), em caráter irrevogável, mediante instrumento público, independentemente de homologação do juiz, desde que o menor tenha 16 anos completos (o menor não tem poderes para autorizar ou não seus pais quanto à emancipação). 1.2 Emancipação judicial: prevista no art. 5º, par. único, 2ª parte. O menor é emancipado pelo juiz, ouvido o tutor, desde que tenha 16 anos completos. Quem emancipa o menor tutelado é o juiz, ouvido o tutor. 1.3 Emancipação legal: art. 5º, par. único, II a V. A primeira hipótese decorre do casamento (não se inclui a união estável. Não se deve dar interpretação extensiva, já que é causa de extinção do poder familiar, sendo norma restritiva). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 6 Exercício de emprego público efetivo. Legislador civil não usou a técnica do direito administrativo. Destarte, entende-se que o exercício de qualquer função, cargo ou emprego público efetivo (não pode ser cargo em comissão) irá causar a emancipação. Estabelecimento civil (exercício de atividade não empresarial, ex.: serviço artístico ou científico), estabelecimento comercial (exercício de atividade empresarial, ex.: compra e venda de verduras) ou pelo exercício da relação de emprego, desde que o menor com 16 anos completos tenha economia própria. (X EXAME) Gustavo completou 17 anos de idade em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de ensino médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz. Em setembro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o exercício de emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010, estabeleceu-se no comércio, abrindo um restaurante. Assinale a alternativa que indica o momento em que se deu a cessação da incapacidade civil de Gustavo. A) No momento em que iniciou o exercício de emprego público efetivo. B) No momento em que colou grau em curso de ensino médio. C) No momento em que contraiu matrimônio. D) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um restaurante. GAB : C (XII EXAME) Tiago, com 17 anos de idade e relativamente incapaz, sob autoridade de seus pais Mário e Fabiana, recebeu, por doação de seu tio, um imóvel localizado na rua Sete de Setembro, com dois pavimentos, contendo três lojas comerciais no primeiro piso e dois apartamentos no segundo piso. Tiago trabalha como cantor nos finais de semana, tendo uma renda mensal de R$ 3.000,00 (três mil reais). Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil, assinale a opção correta. A) Mário e Fabiana exercem sobre os bens imóveis de Tiago o direito de usufruto convencional, inerente à relação de parentesco que perdurará até a maioridade civil ou emancipação de Tiago. B) Mário e Fabiana poderão alienar ou onerar o bem imóvel de Tiago, desde que haja prévia autorização do Ministério Público e seja demonstrado o evidente interesse da prole. C) Mário e Fabiana não poderão administrar os valores auferidos por Tiago no exercício de atividade de cantor, bem como os bens com tais recursos adquiridos. D) Mario e Fabiana, entrando em colisão de interesses com Tiago sobre a administração dos bens, facultam ao juiz, de ofício, nomear curador especial. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 7 GAB: C (XVI EXAME) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido: A) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado. B) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial. C) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial. D) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais. GAB: A EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL (MORTE) O critério que a comunidade científica mundial tem adotado é a morte encefálica, como referencial mais seguro do momento da morte, inclusive para efeito de transplante. A morte deve ser atestada por um profissional da medicina, podendo também ser declarada por02 testemunhas, na falta do especialista. O CC, além de apontar a morte real, prevê 02 hipóteses de morte presumida, quais sejam: a) ausência (art. 6º, 2ª parte, CC); b) art. 7º, CC. A ausência se caracteriza quando uma pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar notícia ou representante que administre seus bens. A matéria (procedimento) é disciplinada a partir do art. 22, CC. (VI EXAME) Francis, brasileira, empresária, ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do aparelho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas pelas autoridades e por empresas privadas contratadas pela família da vítima, infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis e de Adilson, piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os procedimentos de buscas e averiguações, de acordo com os artigos do Código Civil que regulam a situação supramencionada, é correto afirmar que o assento de óbito em registro público Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 8 A) Independe de qualquer medida administrativa ou judicial, desde que seja constatada a notória probabilidade de morte de pessoa que estava em perigo de vida. B) Depende exclusivamente de procedimento administrativo quanto à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais. C) Depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte presumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência. D) Depende de prévia declaração judicial de ausência, por se tratar de desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia. GAB: C (XX – EXAME) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir de agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida. B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legitimidade para tal pedido. C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes. D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial. GAB: C O que é comoriência? Traduz a situação jurídica de morte simultânea. A regra da comoriência prevista no art. 8º do CC e somente deve ser aplicada quando não for possível indicar a ordem cronológica dos óbitos. Não podendo se indicar a ordem das mortes, presume-se que a situação é de falecimento simultâneo, abrindo-se cadeias sucessórias autônomas e distintas (um comoriente não herda do outro). É possível a comoriência, mesmo em se tratando de locais distintos. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 9 DIREITOS DA PERSONALIDADE São irrenunciáveis e imprescritíveis, gerando dano moral a violação a um deles. Os direitos da personalidade estão regulamentados nos artigos 11 a 21 do Código Civil. (VII EXAME) A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da personalidade no Código Civil, é correto afirmar que A) Havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não é mais possível que se reclamem perdas e danos, visto que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são intransmissíveis. B) Como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá sofrer irrestrita limitação voluntária. C) É permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo altruístico ou científico, para depois da morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer tempo. D) Em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da personalidade das celebridades e das chamadas pessoas públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade comercial, ainda que sem prévia autorização. GAB: C (XII EXAME) João Marcos, renomado escritor, adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”, empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público. Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta. A) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a direito da personalidade, no caso em exame. B) A Revista “Z”pode utilizar o referido pseudônimo em uma propaganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público, independente da sua autorização. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 10 C) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e perdas e danos. D) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, quando não há intenção difamatória. GAB: C (XXVII Exame) Ao visitar a página de Internet de uma rede social, Samuel deparou-se com uma publicação, feita por Rafael, que dirigia uma série de ofensas graves contra ele. Imediatamente, Samuel entrou em contato com o provedor de aplicações responsável pela rede social, solicitando que o conteúdo fosse retirado, mas o provedor quedou-se inerte por três meses, sequer respondendo ao pedido. Decorrido esse tempo, o próprio Rafael optou por retirar, espontaneamente, a publicação. Samuel decidiu, então, ajuizar ação indenizatória por danos morais em face de Rafael e do provedor. Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação civil brasileira, assinale a afirmativa correta. A) Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados aSamuel enquanto o conteúdo não foi retirado. B) O provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel quanto ao fato de não ter retirado o conteúdo, tendo em vista não ter havido determinação judicial para que realizasse a retirada. C) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois a difusão do conteúdo lesivo se deu por fato exclusivo de terceiro, isto é, do provedor. D) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter solicitado diretamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da vítima. Gabarito “B” AUSÊNCIA A ideia fundamental de ausência vem descrita no art. 22 do Código Civil, que tem a seguinte redação: “Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.” Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 11 Notem que a ausência reclama declaração judicial, em procedimento especial de jurisdição voluntária, ou seja, não basta o desaparecimento de uma pessoa para que se configure a ausência nos termos do Código Civil. É imprescindível que seja reconhecida judicialmente. Em regra, a ausência pressupõe o desaparecimento de uma pessoa que não deixou notícias ou procurador. Todavia, também se declara ausente aquele que, mesmo deixando mandatário, este não queira ou não possa exercer o mandato, ou, ainda, na hipótese do instrumento conferir poderes insuficientes. A sistemática do Código divide o procedimento de declaração de ausência em três fases: 1) curatela dos bens do ausente; b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. 1) Curatela dos bens do ausente (arts. 22 a 25) É a primeira fase do procedimento, voltada à proteção do patrimônio do ausente. Nessa etapa, mitiga-se a proteção de terceiros (um exemplo disso é a proibição de atos de disposição pelo curador nomeado pelo Juiz para cuidar dos bens do ausente). Tem início com a provocação de qualquer interessado ou do Ministério Público. Comprovado o desaparecimento, o Juiz declara a ausência – após oitiva do MP – e determina a arrecadação dos bens do ausente e a publicação de editais durante um ano seguido (de 2 em 2 meses), convocando o ausente para retomar a posse de seus bens (art. 745, CPC). Na mesma decisão, o Juiz nomeia um curador para os bens do ausente. Cuidado com um detalhe. A lei não exige um prazo mínimo de desaparecimento de uma pessoa para a abertura do procedimento de ausência. Basta que o interessado ou o Ministério Público demonstre o desaparecimento da pessoa de seu domicílio em caráter excepcional. Em regra, o curador será o cônjuge - ou o companheiro - do ausente, salvo na hipótese de separação judicial – que não mais existe no ordenamento pátrio em virtude das alterações promovidas pela EC 66/2010 – ou separação de fato há mais de 02 anos. Na falta do cônjuge ou companheiro, a curadoria caberá às seguintes figuras: a) aos ascendentes; b) na falta desses, aos descendentes (os mais próximos precedem os mais remotos); e c) na falta de qualquer desses últimos, a escolha do curador cabe ao juiz. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 12 Essa primeira fase, da curadoria dos bens, tem fundamental importância para se fixar a lei aplicável ao procedimento. Isso porque - assim como na sucessão por morte real – incide, quanto à declaração de ausência, o princípio da saisine, de modo que o procedimento de ausência será submetido à lei vigente no momento da declaração de ausência (o que ocorre nessa primeira fase). Após o prazo de um ano da arrecadação dos bens, segue-se à segunda fase do procedimento de declaração de ausência. 2) Sucessão provisória: Com o passar do tempo, diminui a probabilidade de retorno do ausente, razão pela qual permite a lei que se promova uma transmissão provisória e precária de seus bens. Essa segunda fase inicia-se com o pedido de abertura da sucessão provisória, que pode ser apresentado em duas hipóteses: a) após o decurso de um ano da arrecadação dos bens, se o ausente não deixou procurador; ou b) após transcorridos três anos da arrecadação dos bens, no caso do ausente ter deixado procurador (art. 26, CC) São legitimados para requerer a abertura da sucessão provisória: a) cônjuge não separado, judicialmente ou em cartório; b) herdeiros (presumidos, legítimos ou testamentários); c) os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; d) os credores de obrigações vencidas e não pagas (art. 27, CC). Se, decorrido o prazo do art. 26 (um ou três anos, a depender se deixou procurador ou não), não for requerida a abertura da sucessão provisória pelos interessados, cabe ao Ministério Público requerê-la (art. 28, § 1º, CC). A sucessão provisória será declarada por sentença. Essa sentença só produz efeitos após 180 dias de sua publicação na imprensa. Além disso, somente após o trânsito em julgado da sentença que declarar a sucessão provisória é que haverá a abertura do inventário e da partilha, bem como do testamento, se houver. Aqui, procede-se como se o ausente tivesse, de fato, falecido. Todavia, importa atentar para o seguinte: os interessados têm 30 dias, após o transito em julgado da sentença, para requerer a abertura do inventário; não o fazendo, procede-se à arrecadação dos bens do ausente na forma de declaração de herança jacente e vacante. (art. 28, § 2º, CC). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 13 O Código Civil, considerando o caráter precário da transmissão operada na fase de sucessão provisória, exigiu a prestação de garantia pelos herdeiros, a fim de se imitirem na posse provisória dos bens do ausente, sob pena de exclusão (art. 30, CC). Mas essa regra foi temperada pelo § 2º do dispositivo, que dispensa de caução os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes, cônjuge e companheiro), assim provada sua condição; também o artigo 34 abranda o rigor da exigência, ao permitir que o excluído que não prestou as garantias, desde que justifique a falta de recursos econômicos, possa requerer que lhe seja entregue a metade dos rendimentos que seriam devidos quanto ao seu respectivo quinhão. Cumpre salientar, ainda, que, quanto aos credores do ausente que tiverem requerido o pagamento dos respectivos créditos nessa segunda etapa do procedimento, ocorrerá a transmissão definitiva, nada havendo a restituir ao ausente na hipótese de retorno. Nessa fase, os bens imóveis do ausente só poderão ser alienados (ou gravados de ônus real) com autorização judicial que vise evitar a ruína. A única exceção cabível, quanto a isso, é a hipótese de desapropriação. Quanto aos frutos e rendimentos produzidos pelos bens do ausente, ocorrerá o seguinte: a) caberão integralmente aos herdeiros necessários quanto aos bens que estiverem em sua posse (descendente, ascendente e cônjuge/companheiro);b) os demais sucessores deverão capitalizar a metade dos rendimentos - para o caso de retorno do ausente; além disso, precisam de anuência do MP e prestam contas ao juiz. Todavia, não se pode olvidar que, caso o ausente retorne e fique provada que a sua ausência foi voluntária e injustificada, ele perderá a sua parte nos frutos e rendimentos em favor do sucessor. O transcurso do tempo acentua a presunção de óbito do ausente, justificando a transmissão do patrimônio em caráter definitivo. Passa-se, então, à fase seguinte do procedimento de declaração de ausência. 3) Sucessão definitiva: Nessa etapa, a preocupação central do ordenamento jurídico é tutelar os interesses dos herdeiros do ausente. A sucessão definitiva pode ser requerida pelos interessados nas seguintes hipóteses: a) Após 10 anos do trânsito em julgado da sentença de reconheceu a abertura da sucessão provisória; ou b) Se o ausente estiver desaparecido há 05 anos e já conte com, pelo menos, 80 anos de idade. (XXIX Exame) Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 14 conseguiu evadir-se da casa em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo. A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos bens para os herdeiros. B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória. C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam de mais de cinco anos. D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais de dois anos, abrindose, assim, a sucessão. Gabarito: “c”. Nessa etapa, os interessados requerem a transmissão definitiva dos bens, com o levantamento das cauções prestadas. Embora a transmissão desses bens já se opere em caráter definitivo, permitindo-se a livre disposição pelos herdeiros, o domínio está sujeito a condição resolutiva, ou seja, reaparecendo o ausente nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se encontrarem (ou os sub- rogados em seu lugar; ou, ainda, o preço obtido pelos herdeiros com a alienação de tais bens). (art. 39, CC). Com o trânsito em julgado da sentença que reconheceu a abertura da sucessão definitiva, haverá uma presunção de morte do ausente, conforme previsão do artigo 6º, 2ª parte do Código Civil. E se o ausente retornar, o que acontece? Dependerá do momento do seu regresso: 1º) Se o ausente regressa ainda na primeira fase (curadoria dos bens) – nada acontecerá, pois não decorreu qualquer efeito da sua ausência; Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 15 2º) Se regressa na segunda fase (durante a sucessão provisória) – receberá os bens no estado que deixou, podendo levantar a caução prestada pelos sucessores. Se houve depreciação ou perecimento dos bens, ou, se houve melhorias, irá indenizar os possuidores de boa-fé; 3º) Se regressa na terceira fase (já aberta a sucessão definitiva) – receberá os bens no estado em que se encontrarem ou os sub-rogados em seu lugar. 4º) Se regressa após o prazo de 10 anos que declarou aberta a sucessão definitiva – não há mais qualquer direito a recebimento de bens. Assim, sob o manto do movimento de constitucionalização das relações privadas, o Código Civil vigente se apartou do excessivo caráter patrimonialista, para tutelar outros aspectos que envolvem a pessoa desaparecida, permitindo, como um grande exemplo dessa tendência, a dissolução do casamento pela presunção de morte. Eis o teor do dispositivo inovador: “Art. 1.571. § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.” Assim, uma vez reconhecida por decisão judicial a morte presumida, restará dissolvido, automaticamente, o casamento do ausente, como efeito anexo natural da sentença declaratória. E qual seria o momento da efetiva dissolução do casamento em razão da declaração de ausência? A maioria da doutrina sustenta ocorrer na terceira e última etapa, com a abertura da sucessão definitiva. (IV EXAME) Rodolfo, brasileiro, engenheiro, solteiro, sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu domicílio há 11 (onze) meses e até então não houve qualquer notícia sobre seu paradeiro. Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma amiga, como mandatária para a finalidade de administrar-lhe os bens. Todavia, por motivos de ordem pessoal, Lisa não quis exercer os poderes outorgados por Rodolfo em seu favor, renunciando expressamente ao mandato. De acordo com os dispositivos que regem o instituto da ausência, assinale a alternativa correta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 16 A) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para Rodolfo, pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato outorgado em seu favor, já que só estaria autorizada a fazê-lo em caso de justificada impossibilidade ou de constatada insuficiência de poderes. B) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era possível e, neste caso, o juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um curador encarregado de gerir os bens do ausente, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. C) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo, decorrido 1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão requerer que se determine a abertura de sua sucessão provisória. D) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez) anos depois de passada em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória, mas, se nenhum interessado promover a sucessão definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados deverão ser doados a entidades filantrópicas localizadas no município do último domicílio de Rodolfo. GAB: C (XII EXAME) José, brasileiro, casado no regime da separação absoluta de bens, professor universitário e plenamente capaz para os atos da vida civil, desapareceu de seu domicílio, estando em local incerto e não sabido, não havendo indícios ou notícias das razões de seu desaparecimento, não existindo, também, outorga de poderes a nenhum mandatário, nem feiturade testamento. Vera (esposa) e Cássia (filha de José e Vera, maior e capaz) pretendem a declaração de sua morte presumida, ajuizando ação pertinente, diante do juízo competente. De acordo com as regras concernentes ao instituto jurídico da morte presumida com declaração de ausência, assinale a opção correta. A) Na fase de curadoria dos bens do ausente, diante da ausência de representante ou mandatário, o juiz nomeará como sua curadora legítima Cássia, pois apenas na falta de descendentes, tal curadoria caberá ao cônjuge supérstite, casado no regime da separação absoluta de bens. B) Na fase de sucessão provisória, mesmo que comprovada a qualidade de herdeiras de Vera e Cássia, estas, para se imitirem na posse dos bens do ausente, terão que dar garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. C) Na fase de sucessão definitiva, regressando José dentro dos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, terá ele direito aos bens ainda existentes, no estado em que se encontrarem, mas não aos bens que foram comprados com a venda dos bens que lhe pertenciam. D) Quanto ao casamento de José e Vera, o Código Civil atual reconhece efeitos pessoais e não apenas patrimoniais ao instituto da ausência, possibilitando que a sociedade conjugal seja dissolvida como decorrência da morte presumida do ausente. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 17 GAB: D (XIV EXAME OAB) Raul, cidadão brasileiro, no meio de uma semana comum, desaparece sem deixar qualquer notícia para sua ex-esposa e filhos, sem deixar cartas ou qualquer indicação sobre seu paradeiro. Raul, que sempre fora um trabalhador exemplar, acumulara em seus anos de labor um patrimônio relevante. Como Raul morava sozinho, já que seus filhos tinham suas próprias famílias e ele havia se separado de sua esposa 4 (quatro) anos antes, somente após uma semana seus parentes e amigos deram por sua falta e passaram a se preocupar com o seu desaparecimento. Sobre a situação apresentada, assinale a opção correta. A) Para ser decretada a ausência, é necessário que a pessoa tenha desaparecido há mais de 10 (dez) dias. Como faz apenas uma semana que Raul desapareceu, não pode ser declarada sua ausência, com a consequente nomeação de curador. B) Em sendo declarada a ausência, o curador a ser nomeado será a ex-esposa de Raul. C) A abertura da sucessão provisória somente se dará ultrapassados três anos da arrecadação dos bens de Raul. D) Se Raul contasse com 85 (oitenta e cinco) anos e os parentes e amigos já não soubessem dele há 8 (oito) anos, poderia ser feita de forma direta a abertura da sucessão definitiva. GAB: D PESSOA JURÍDICA A pessoa jurídica nasce como decorrência do fato associativo (exceto a fundação). Pessoa jurídica é o grupo humano, criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins comuns. Personificação da pessoa jurídica – art. 45, CC. O registro da pessoa jurídica é de natureza constitutiva. O CC firma a natureza constitutiva do registro da pessoa jurídica, com eficácia ex nunc. O registro da pessoa jurídica cria sua personalidade. Sociedades desprovidas de registro são denominadas despersonificadas (986, CC), também chamadas de sociedades de fato ou irregulares. O que se entende por ente despersonalizado? Tecnicamente não são pessoas jurídicas. Contudo, detém capacidade processual. Ex.: art. 75, CPC (espólio, condomínio, massa falida, etc.) Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 18 Espécies de pessoa jurídica de direito privado – art. 44 Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações; IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Ainda vigora no Brasil a corrente que sustenta a tese segundo a qual a pessoa jurídica sofre dano moral (Súmula 227 do STJ e art. 52, CC). Fundações - a fundação de direito privado decorre da afetação de um patrimônio que se personifica visando a atingir finalidade ideal (art. 62). Não decorre do fato associativo. Decorre justamente de um destacamento patrimonial. Fundação não tem finalidade econômica, mas sim finalidade IDEAL. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; Somente se constitui mediante escritura pública ou testamento. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 19 Obs.: as ONGs, por também perseguirem finalidade ideal, devem se constituir sob a forma de fundação ou associação. Requisitos para se constituir uma fundação: I – afetação de bens livres; II – constituição por escritura pública ou testamento; III – elaboração do estatuto da fundação (o ato normativo que disciplina a organização e funcionamento da fundação é o seu estatuto. Fundação não tem contrato social. O estatuto da fundação pode ser elaborado diretamente pelo seu instituidor ou, mediante delegação, por um terceiro. Subsidiariamente, nos termos do art. 65, CC, a elaboração do estatuto poderá ser feita pelo MP). Veja o artigo 66: § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. IV – aprovação do estatuto. Quem aprova o estatuto é, via de regra, o MP. Obs.: elaborado o estatuto pelo próprio MP, nos termos do art. 764 do CPC, será ele submetido à aprovação do juiz. V – registro da fundação no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. Alteração do estatuto da fundação (formalismo de alteração) – arts. 67 e 68, CC. Quorum de 2/3 + não desvirtuamento da finalidade + aprovação pelo MP no prazo máximo de 45 dias. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765- 3087 2536 20 Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. A minoria vencida, nos termos do artigo 68, tem o direito potestativo de impugnar a alteração do estatuto no prazo decadencial de 10 dias. Salvo disposição em contrário, o patrimônio da fundação é incorporado a outra fundação designada pelo juiz, de fim igual ou semelhante. (VI EXAME) Roberto, por meio de testamento, realiza dotação especial de bens livres para a finalidade de constituir uma fundação com a finalidade de promover assistência a idosos no Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens destinados foram insuficientes para constituir a fundação pretendida pelo instituidor. Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que fazer nessa hipótese, é correto afirmar que A) Os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida pública até que, aumentados com os rendimentos, consigam perfazer a finalidade pretendida. B) Os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. C) A Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar pelas fundações, destinará os bens dotados para o fundo assistencial mantido pelo Estado para defesa dos hipossuficientes. D) Os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se localizados na respectiva circunscrição. GAB: B Sociedade – é uma espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de contrato social, visando a proveito econômico e partilha de lucro. No que tange ao elemento finalístico, persegue proveito econômico (finalidade lucrativa, partilha de proveito econômico). A segunda característica da sociedade é sua constituição por contrato social, art. 981, CC). Obs.: marido e mulher podem constituir sociedade? O Código Civil, no art. 977, restringe esta autonomia privada, sob o fundamento de evitar fraude ao regime de bens. Não podem, destarte, serem sócios, quando tenham casado no regime da comunhão universal ou da separação obrigatória. Associações – são entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos, nos termos do art. 53, CC, visando finalidade não econômica (finalidade ideal). A associação tem estrutura corporativa, é um grupo de pessoas. Contudo, busca finalidade não econômica. Não há entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Não há repartição de lucro. Ex.: clube recreativo, associação de moradores. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 21 Associação – art. 54 – o ato constitutivo de uma associação é o seu estatuto, registrado no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. Seu órgão mais importante é a Assembleia Geral, cujas atribuições estão elencadas no art. 59, CC. É possível a existência de categoria diferenciada de associados. Contudo, dentro de cada categoria não pode haver discriminação entre os associados. Art. 57 – estabelece que a exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e a recurso, nos termos do estatuto (eficácia horizontal de direitos fundamentais). Este artigo 57 pode ser aplicado ao condomínio? NEGATIVO. Condomínio não se confunde com associação. Expulsando-se o condômino estar-se-ia realizando uma espécie de desapropriação privada. No caso de condômino com comportamento antissocial tem-se a alternativa de aplicação de multa progressiva. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA Em linhas gerais são três formas: a) convencional, especialmente aplicada para sociedades, se dá quando os sócios estipulam desfazer a pessoa jurídica mediante distrato; b) administrativa, quando resulta da cassação da autorização de constituição e funcionamento de determinadas pessoas jurídicas (necessidade de autorização especial para criação da sociedade); c) judicial, que se opera por meio de processo. Ex.: procedimento falimentar. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA (disregard doctrine) A doutrina da desconsideração da pessoa jurídica pretende o afastamento temporário da sua personalidade, para permitir que os credores possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo. Trata-se da suspensão episódica da personalidade. É possível aplicar a doutrina também em associações, fundações e entidades filantrópicas. O Princípio da Função Social da Empresa, que traz a ideia de que a empresa deve ter continuidade, embasa esse instituto da Desconsideração da Pessoa Jurídica, uma vez que caso se fosse utilizar do instituto da despersonificação, que é mais severo, estar-se-ia aniquilando a pessoa jurídica mediante o cancelamento do seu registro, e não é esse o interesse contemporâneo segundo o Princípio da Função Social da Empresa, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 22 trazido pela Lei 11.101/05 – Lei de Falência e Recuperação Judicial. Satisfeito o direito do credor, pretende- se que a empresa volte à atividade. Arts. 28, CDC e 50, CC. A desconsideração é matéria judicial ou administrativa? Está sob reserva de jurisdição? Os requisitos da desconsideração, na forma do art. 50, CC, são 02: I – implicitamente consagrado, é necessário que haja descumprimento de obrigação; II – demonstração do abuso por parte do sócio ou administrador, abuso este caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão de patrimônio. Obs.: exemplo grave de abuso em que há confusão patrimonial opera-se quando uma pessoa jurídica atua por meio de outra visando a se eximir de responsabilidade. Neste caso, poderá o juiz desconsiderar a primeira empresa e atingir indiretamente a que está por trás. Qual a diferença entre teoria maior e teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica? A teoria maior é a adotada pelo CC, exigindo além do descumprimento da obrigação ou insolvência, requisitos específicos caracterizadores do abuso (desvio de finalidade ou confusão patrimonial); já na teoria menor, mais fácil de ser aplicada, como no direito do consumidor e ambiental, não se exigem os requisitos caracterizadores do ato abusivo, bastando o credor demonstrar que a obrigação foi descumprida (neste caso, a única saída pode ser atingir o sócio ou administrador que está por trás) (XV EXAME OAB) Paulo foi casado, por muitos anos, no regime da comunhão parcial com Luana, até que um desentendimento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo começou a comprar bens com capital próprio em nome de sociedade da qual é sócio e passou os demais também para o nome da sociedade, restando, em seu nome, apenas a casa em que morava com ela. Acerca do assunto, marque a opção correta. A) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros de má-fé. B) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não o contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para retomar os bens comunicáveis. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVILProfessores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 23 C) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade jurídica” encontra aplicação em outros ramos do direito e da legislação, é correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos. D) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de "desconsideração inversa ou invertida", de modo a se desconsiderar o negócio jurídico, havendo esses bens como matrimoniais e comunicáveis. GAB: D DOMICÍLIO Conforme art. 70, CC, é o lugar em que fixa a residência com ânimo definitivo (animus manendi), transformando-o em centro de sua vida jurídica e social. É possível a existência de diversas residências e domicílios (art. 71, CC). O art. 72 do CC consagrou o “domicílio profissional”: trata-se de uma forma especial de domicílio restrita a aspectos da relação profissional. Não se trata de um domicílio geral, mas limitado. Somente interessa quando se estiver discutindo aspectos pertinentes à atividade profissional. Mudança de domicílio – artigos 73 e 74. Classificação do domicílio I – Voluntário: é o comum, geral, fixado por simples manifestação de vontade. Natureza jurídica do ato de fixação do domicílio voluntário: trata-se de ato jurídico em sentido estrito; II – De eleição: é aquele estipulado pelas próprias partes no contrato (art. 78, CC). A autonomia privada não pode traduzir expressão de autoridade econômica. Com isso, o exercício da autonomia negocial e da livre iniciativa suporta parâmetros constitucionais de contenção, especialmente em decorrência da função social e da boa-fé objetiva. III – Legal ou necessário: arts. 77 e 76 = incapaz (representante ou assistente), servidor público (onde exerce PERMANENTEMENTE suas funções – comissionado está fora), militar (exército, marinha e aeronáutica – Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 24 sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado), marítimo (marinha mercante – onde o barco está matriculado), preso (local onde cumpre a sentença, não mencionando o preso provisório); BENS JURÍDICOS Classificação dos bens jurídicos: 1 – Bem imóvel por força de lei: (art.80 do CC) Obs.: o direito à herança, nos termos do inciso II do artigo 80, tem natureza imobiliária, o que explica a exigência legal da escritura pública para a cessão de direitos hereditários (art. 1.793), bem como o fato de respeitável parte da doutrina sustentar a exigência de outorga uxória na cessão, nos termos do art. 1.647. O artigo 81 prevê situações em que os bens não perdem a natureza de imóveis. 2 – Bem móvel por força de lei: (art. 83 do CC) Obs.: os navios e as aeronaves são bens móveis especiais, uma vez que, por exceção, admitem hipoteca e têm registro peculiar. Art. 84 – CC. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes de demolição de algum prédio. Porém, se o material for retirado para reforma para ser, após, recolocado, não perde sua característica de imóvel. Obs.: O CDC, adotando peculiar classificação, subdivide os bens, quanto ao direito potestativo de reclamar por vício de qualidade (art. 26), em duráveis e não duráveis. (90 dias para os bens duráveis e 30 dias para os bens não duráveis). 3 - Bem principal: é o que existe por si mesmo. 4- Bem acessório: é aquele cuja existência pressupõe a do principal, acompanhando-o, segundo o princípio da gravitação jurídica. Ex: frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. Fruto é uma utilidade renovável, cuja percepção não esgota a substância da coisa principal. (laranja, cacau). É um acessório que, ao ser retirado do principal, não lhe diminui. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 25 Produto é uma utilidade que não se renova e cuja percepção esgota a coisa principal. (petróleo, carvão mineral). É um acessório que, retirado do bem principal, lhe diminui. Pertença trata-se da coisa que, sem integrar a coisa principal, acopla-se ou justapõe-se a ela, conservando a sua autonomia (art. 93 do CC). (ar condicionado). É um acessório que, ao ser colocado no principal, não se incorpora de forma definitiva. Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem, na estrutura de uma coisa com propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la (art. 96 e 97 do CC). Não existe benfeitoria natural, sendo todas com propósito humano. Trata-se do acessório que, ao ser colocado no principal, a ele se incorpora de forma definitiva. (X EXAME) Os vitrais do Mercado Municipal de São de Paulo, durante a reforma feita em 2004, foram retirados para limpeza e restauração da pintura. Considerando a hipótese e as regras sobre bens jurídicos, assinale a afirmativa correta. A) Os vitrais, enquanto separados do prédio do Mercado Municipal durante as obras, são classificados como bens móveis. B) Os vitrais retirados na qualidade de material de demolição, considerando que o Mercado Municipal resolva descartar se deles, serão considerados bens móveis. C) Os vitrais do Mercado Municipal, considerando que foram feitos por grandes artistas europeus, são classificados como bens fungíveis. D) Os vitrais retirados para restauração, por sua natureza, são classificados como bens móveis. GAB: B (XIX EXAME) Júlia, casada com José sob o regime da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual destinava metade da parte disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo a mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens destinados à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a finalidade pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens. Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos integralmente entre Ana e João. B) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre José, Ana e João. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 26 C) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha propósito igual ou semelhante ao amparo de mulheres vítimas de violência obstétrica. D) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação determinada pelos herdeiros necessários de Júlia, após a aprovação do Ministério Público. GAB: C (XXII EXAME) Ricardo realizou diversas obras no imóvel que Cláudia lhe emprestou: reparou um vazamento existente na cozinha; levantou uma divisória na área de serviço para formar um novo cômodo, destinado a servir de despensa; ampliou o númerode tomadas disponíveis; e trocou o portão manual da garagem por um eletrônico. Quando Cláudia pediu o imóvel de volta, Ricardo exigiu o ressarcimento por todas as benfeitorias realizadas, embora sequer a tenha consultado previamente sobre as obras. Somente pode-se considerar benfeitoria necessária, a justificar o direito ao ressarcimento, A) O reparo do vazamento na cozinha. B) A formação de novo cômodo, destinado a servir de despensa, pelo levantamento de divisória na área de serviço. C) A ampliação do número de tomadas. D) A troca do portão manual da garagem por um eletrônico. GAB: A FATO JURÍDICO - em sentido amplo, é todo acontecimento, natural ou humano, apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. Ele se subdivide em: fato jurídico em sentido estrito e ato jurídico em sentido amplo. Classificação: 1) Fato jurídico em sentido estrito: é todo acontecimento natural relevante para o direito. Ele pode ser: a) Ordinário: comum (nascimento, morte natural, decurso do tempo) b) Extraordinário: têm carga de imprevisibilidade ou inevitabilidade. (furacão, terremoto) 2) Ato jurídico em sentido amplo: ato jurídico, espécie de fato jurídico em sentido amplo, é toda ação humana lícita que deflagra efeitos na órbita jurídica. Ele se subdivide em: Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 27 2.1) Ato jurídico em sentido estrito: também denominado de ato não negocial, traduz um simples comportamento humano voluntário e consciente cujos efeitos estão previamente determinados em lei (não se escolhe os efeitos). Este tipo de ato pode ser exemplificado nos meros atos materiais e nos de comunicação. Ex.: atos materiais – percepção de um fruto; especificação (adquire propriedade da obra resultante da transformação da matéria prima); fixação de domicílio. 2.2) Ato-fato: embora o comportamento derive do homem e deflagre efeitos jurídicos, é desprovido de voluntariedade e consciência em direção ao resultado jurídico existente. Ex: compra de um doce por criança de 5 anos. 2.3) Negócio jurídico: é, na sua essência, de estrutura mais complexa do que o ato em sentido estrito. Isso porque, no negócio temos uma declaração de vontade emitida, segundo o princípio da autonomia privada, pela qual o agente disciplina os efeitos jurídicos possíveis escolhidos segundo a sua própria liberdade negocial. Ex.: contrato, testamento (autonomia limitada por valores constitucionais). * A diferença, portanto, entre ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico é a liberdade negocial, liberdade de se escolher os efeitos jurídicos. No ato jurídico em sentindo estrito, os efeitos são predeterminados em lei, não se tendo liberdade de escolher efeitos. Ex: adoção. (XXIII EXAME) Em ação judicial na qual Paulo é réu, levantou-se controvérsia acerca de seu domicílio, relevante para a determinação do juízo competente. Paulo alega que seu domicílio é a capital do Estado do Rio de Janeiro, mas o autor sustenta que não há provas de manifestação de vontade de Paulo no sentido de fixar seu domicílio naquela cidade. Sobre o papel da vontade nesse caso, assinale a afirmativa correta. A) Por se tratar de um fato jurídico em sentido estrito, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que não é necessário levar em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos desse fato. B) Por se tratar de um ato-fato jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é irrelevante, uma vez que, embora se leve em consideração a conduta humana para a determinação dos efeitos jurídicos, não é exigível manifestação de vontade. C) Por se tratar de um ato jurídico em sentido estrito, embora os seus efeitos sejam predeterminados pela lei, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, no sentido de verificar a existência de um ânimo de permanecer naquele local. D) Por se tratar de um negócio jurídico, a vontade de Paulo na fixação de domicílio é relevante, já que é a manifestação de vontade que determina quais efeitos jurídicos o negócio irá produzir. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 28 GAB: C *O que é reserva mental (alguns autores utilizam como reticência)? Ela se configura quando o agente emite declaração de vontade, resguardando o íntimo propósito de não cumprir o avençado. (art. 110). (VII EXAME) Mauro, entristecido com a fuga das cadelinhas Lila e Gopi de sua residência, às quais dedicava grande carinho e afeição, promete uma vultosa recompensa para quem eventualmente viesse a encontrá‐las. Ocorre que, no mesmo dia em que coloca os avisos públicos da recompensa, ao conversar privadamente com seu vizinho João, afirma que não irá, na realidade, dar a recompensa anunciada, embora assim o tenha prometido. Por coincidência, no dia seguinte, João encontra as cadelinhas passeando tranquilamente em seu quintal e as devolve imediatamente a Mauro. Neste caso, é correto afirmar que A) A manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a João ainda que Mauro tenha feito a reserva mental de não querer o que manifestou originariamente. B) A manifestação de vontade no sentido da recompensa não subsiste em relação a João, pois este tomou conhecimento da alteração da vontade original de Mauro. C) A manifestação de vontade no sentido da recompensa não mais terá validade em relação a qualquer pessoa, pois ela foi alterada a partir do momento em que foi feita a reserva mental por parte de Mauro. D) A manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a toda e qualquer pessoa, pois a reserva mental não tem o condão de modificar a vontade originalmente tornada pública. GAB: B ESCADA PONTEANA 1. Plano de existência do negócio jurídico: é o plano substantivo, analisa-se sua substância, os pressupostos existenciais ou elementos constitutivos do negócio jurídico sem o quais ele é um nada. O legislador não o codificou, apenas codificou o plano de validade e de eficácia. Para que saibamos os elementos de existência, basta pegar a primeira palavra de cada inciso do artigo 104 do Código Civil, que traz os requisitos de existência. Lembre-se! É só a primeira palavra de cada inciso. Logo, temos como requisitos de existência: Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 29 1.1. agente 1.2. objeto 1.3. forma 1.4. vontade (este não está escrito, mas é o elemento mais importante de qualquer negócio jurídico. Na falta de um desses requisitos, o negócio é inexistente. 2. Plano da Validade (Art. 104) – os pressupostos de validade traduzem requisitos de qualificação do negócio (são os adjetivos do art. 104 – capaz (I), lícito, possível, determinado ou determinável (II) e prescrita ou não defesa em lei (III). 2.1 Manifestação de vontade livre e de boa-fé; 2.2 Agente capaz e legitimado; 2.3 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável e 2.4 Forma prescrita ou não defesa em lei. Na falta de um deles, o negócio é nulo (art. 166) ou anulável (art.171 – ARI6). No que tange à forma, o art. 107 do CC consagra o princípio da liberdade como regra geral, por exceção, todavia, a forma pode ser exigida. (arts. 227 e 108). 3. Plano de eficácia - No terceiro plano (eficácia), podem ser encontrados os elementos acidentais que interferem na produção de efeitos. São eles: condição, termo e modo, também chamado de encargo, previstos nos artigos 121 a 137 do CC. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO Os defeitos do negócio jurídico ferem os pressupostos de validade do negócio jurídico. Todos eles implicam a anulabilidade do negócio jurídico (art. 171, II), a qual pode ser requerida, mediante ação anulatória, no prazo decadencial de quatro anos (art. 178). 1) ERRO - teoricamente, o erro traduz uma falsa percepção positiva da realidade, uma atuação comissiva equivocada, em prejuízo do declarante; a ignorância, por sua vez, é um estado de espírito negativo de desconhecimento. (arts. 138 e 139) Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 30 - nos termos do Art. 144 CC, o erro não invalidará o negócio se houver recomposição da situação de perda. (IV EXAME) O negócio jurídico depende da regular manifestação de vontade do agente envolvido. Nesse sentido, o art. 138 do Código Civil dispõe que “são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. Relativamente aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a alternativa correta. A) O falso motivo, por sua gravidade, viciará a declaração de vontade em todas as situações e, por consequência, gerará a anulação do negócio jurídico. B) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. C) O erro é substancial quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, ainda que tenha influído nesta de modo superficial. D) O erro de cálculo gera a anulação do negócio jurídico, uma vez que restou viciada a declaração de vontade nele baseada. GAB: B (XXIII EXAME) Em um bazar beneficente, promovido por Júlia, Marta adquiriu um antigo faqueiro, praticamente sem uso. Acreditando que o faqueiro era feito de prata, Marta ofereceu um preço elevado sem nada perguntar sobre o produto. Júlia, acreditando no espírito benevolente de sua vizinha, prontamente aceitou o preço oferecido. Após dois anos de uso constante, Marta percebeu que os talheres começaram a ficar manchados e a se dobrarem com facilidade. Consultando um especialista, ela descobre que o faqueiro era feito de uma liga metálica barata, de vida útil curta, e que, com o uso reiterado, ele se deterioraria. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) A compra e venda firmada entre Marta e Júlia é nula, por conter vício em seu objeto, um dos elementos essenciais do negócio jurídico. B) O negócio foi plenamente válido, considerando ter restado comprovado que Júlia não tinha qualquer motivo para suspeitar do engano de Marta. C) O prazo decadencial a ser observado para que Marta pretenda judicialmente o desfazimento do negócio deve ser contado da data de descoberta do vício. D) De acordo com a disciplina do Código Civil, Júlia poderá evitar que o negócio seja desfeito se oferecer um abatimento no preço de venda proporcional à baixa qualidade do faqueiro. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 31 GAB: B 2) DOLO: o dolo nada mais é que o erro provocado. A teor do art. 145 CC, para anular o negócio, o dolo precisa ser principal (substancial, que ataca a causa do negócio jurídico). Obs.: Diferentemente, o dolo meramente acidental não prejudica a validade do negócio, impondo apenas a obrigação de pagar perdas e danos (Art. 146 CC). - dolo acidental é secundário, é o dolo em que havendo, não prejudica a realização do negócio. Obs.: O que se entende por dolo negativo? Consiste na quebra do principio da boa-fé, por descumprimento do dever anexo de informação, como se dá na omissão de informação essencial à celebração do negócio (Art. 147 CC). O que é dolo bilateral? O Art. 150 CC estabelece que, em havendo dolo recíproco (bilateral), o negocio jurídico fica como está. Não é que tenha havido compensação de dolo, mas o direito deixa que as partes Dolo de terceiro. Art. 148 CC, o dolo de terceiro somente invalidará o negócio jurídico se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber. Em caso contrário, se não soubesse e nem tivesse como saber, o negócio é mantido, respondendo apenas o terceiro por perdas e danos. 3) COAÇÃO: a coação traduz violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar. Art. 158 CC. A coação deve ser sempre analisada em concreto nos termos do Art. 152. Lembre-se do termo inicial do prazo para propositura de ação anulatória (art. 178, I). Não se pode confundir coação com a ameaça do exercício regular de um direito, nem com o simples temor referencial (Art. 153 CC), que é o respeito à autoridade instituída, seja familiar, profissional, militar, ou até mesmo eclesiástica. - Coação de terceiro Art. 154 e 155. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 32 Diferença entre coação de terceiro e dolo de terceiro: Na coação de terceiro, nos termos do art. 154, se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber, o negócio seria anulado, respondendo este beneficiário, SOLIDARIAMENTE com o coator pelas perdas e danos. Essa previsão de solidariedade não existe no dolo de terceiro. Finalmente, se o beneficiário não souber nem tiver como saber, responderá apenas o coator pelas perdas e danos, mantendo-se o negócio jurídico. (XIII EXAME) Lúcia, pessoa doente, idosa, com baixo grau de escolaridade, foi obrigada a celebrar contrato particular de assunção de dívida com o Banco FDC S.A., reconhecendo e confessando dívidas firmadas pelo seu marido, esse já falecido, e que não deixará bens ou patrimônio a inventariar. O gerente do banco ameaçou Lúcia de não efetuar o pagamento da pensão deixada pelo seu falecido marido, caso não fosse assinado o contrato de assunção de dívida. Considerando a hipótese acima e as regras de Direito Civil, assinale a afirmativa correta. A) O contrato particular de assunção de dívida assinado por Lúcia é anulável por erro substancial, pois Lúcia manifestou sua vontade de forma distorcida da realidade, por entendimento equivocado do negócio praticado. B) O ato negocial celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável por vício de consentimento, em razão de conduta dolosa praticada pelo banco, que ardilosamente falseou a realidade e forjou uma situação inexistente, induzindo Lúcia à prática do ato. C) O instrumento particular firmado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. pode ser anulado sob fundamento de lesão, uma vezque Lúcia assumiu obrigação excessiva sobre premente necessidade. D) O negócio jurídico celebrado entre Lúcia e o Banco FDC S.A. é anulável pelo vício da coação, uma vez que a ameaça praticada pelo banco foi iminente e atual, grave, séria e determinante para a celebração da avença. GAB: D 4) LESÃO: art. 157. Intimamente conectado ao abuso de poder econômico, o defeito da lesão, causa de invalidade do negócio jurídico, verifica-se na desproporção existente entre as prestações do negócio, em virtude do abuso, da necessidade ou inexperiência de uma das partes. A lesão caracteriza-se por manifesta desproporção entre as prestações do negócio, em virtude da necessidade ou inexperiência de uma das partes. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 33 (XIV EXAME) Maria Clara, então com dezoito anos, animada com a conquista da carteira de habilitação, decide retirar suas economias da poupança para adquirir um automóvel. Por saber que estava no início da sua carreira de motorista, resolveu comprar um carro usado e pesquisou nos jornais até encontrar um modelo adequado. Durante a visita de Maria Clara para verificar o estado de conservação do carro, o proprietário, ao perceber que Maria Clara não era conhecedora de automóveis, informou que o preço que constava no jornal não era o que ele estava pedindo, pois o carro havia sofrido manutenção recentemente, além de melhorias que faziam com que o preço fosse aumentado em setenta por cento. Com esse aumento, o valor do carro passou a ser maior do que um modelo novo, zero quilômetro. Contudo, após as explicações do proprietário, Maria Clara fechou o negócio. Sobre a situação apresentada no enunciado, assinale a opção correta. A) Maria Clara sofreu coação para fechar o negócio, diante da insistência do antigo proprietário e, por isso, pode ser proposta a anulação do negócio jurídico no prazo máximo de três anos. B) O negócio efetuado por Maria Clara não poderá ser anulado porque decorreu de manifestação de vontade por parte da adquirente. Dessa forma, como não se trata de relação de consumo, Maria Clara não possui essa garantia. C) O pai de Maria Clara, inconformado com a situação, pretende anular o negócio efetuado pela filha, porém, como já se passaram três anos, isso não será mais possível, pois já decaiu seu direito. D) O negócio jurídico efetuado por Maria Clara pode ser anulado; porém, se o antigo proprietário concordar com a diminuição no preço, o vício no contrato estará sanado. GAB: D (VI EXAME) Considerando o instituto da lesão, é correto afirmar que A) A desproporção entre as prestações deve se configurar somente no curso de contrato. B) Os efeitos da lesão podem se manifestar no curso do contrato, desde que sejam provenientes de desproporção entre as prestações existente no momento da celebração do contrato. C) A desproporção entre as prestações surge em razão de fato superveniente à celebração do contrato. D) Os efeitos da lesão decorrem de um fato imprevisto. GAB: B Qual a diferença entre lesão e teoria da imprevisão? Tanto na lesão quanto na teoria da imprevisão há desequilíbrio entre as prestações. Porém, a lesão caracteriza-se por uma desproporção que nasce com o próprio negócio, justificando sua invalidade. Já na teoria da imprevisão, o negócio nasce válido e se Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 34 desequilibra depois, em virtude de um acontecimento superveniente. Ademais, na teoria da imprevisão não se invalida nada, havendo apenas a revisão ou a resolução do negócio. 5) ESTADO DE PERIGO: trata-se de uma aplicação do estado de necessidade ao Direito Civil. Configura- se o estado de perigo quando o agente, diante de situação de risco grave de dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa (Art. 156 CC). Caso o negócio não seja revisado ou reequilibrado, o estado de perigo é causa de anulabilidade. Perfeita aplicação da teoria temos na injustificável cobrança de cheque-caução, ou exigência de termo contratual como condição para o atendimento hospitalar de emergência. (XIX EXAME) Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um terrível acidente de carro em uma cidade com poucos recursos no interior do Ceará e que ele está correndo risco de morte devido a um grave traumatismo craniano. Diante dessa notícia, Juliana celebra um contrato de prestação de serviços médicos em valores exorbitantes, muito superiores aos praticados habitualmente, para que a única equipe de médicos especializados da cidade assuma o tratamento de seu filho. Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. A) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado de perigo, no prazo prescricional de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato B) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de dolo, tendo em vista o fato de que a equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de tal condição para fixar honorários em valores excessivos. C) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício resultante de estado de perigo, no prazo decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato. D) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de lesão, e por tal razão não será suscetível de confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo. Gabarito: “C” (XXI EXAME) Durante uma viagem aérea, Eliseu foi acometido de um mal súbito, que demandava atendimento imediato. O piloto dirigiu o avião para o aeroporto mais próximo, mas a aterrissagem não ocorreria a tempo de salvar Eliseu. Um passageiro ofereceu seus conhecimentos médicos para atender Eliseu, mas demandou pagamento bastante superior ao valor de mercado, sob a alegação de que se encontrava de férias. Os termos do passageiro foram prontamente aceitos por Eliseu. Recuperado do mal que o atingiu, para Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 35 evitar a cobrança dos valores avençados, Eliseu pode pretender a anulação do acordo firmado com o outro passageiro, alegando A) erro. B) dolo. C) coação. D) estado de perigo. GAB: “D” 6) FRAUDE CONTRA CREDORES - traduz a prática de um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor em detrimento do direito de credor preexistente. Requisitos da fraude: a) Concilium Fraudis:é a má-fé presente na fraude. b) Eventus Damni: é o prejuízo ao credor preexistente. Hipóteses legais de fraude contra credores. a) Negócios de transmissão gratuita de bens (Art. 158); b) Perdão fraudulento de dívida – remissão fraudulenta (Art. 158); c) Negócios onerosos fraudulentos (Art. 159): além dos requisitos gerais da fraude, neste caso (negócio oneroso fraudulento), o credor precisará provar ou que a insolvência era notória, ou que haveria motivo para ser conhecida pela outra parte. – requisito específico. Ex.: parentesco próximo. d) Antecipação fraudulenta de pagamento (Art. 162); e) Outorga fraudulentade garantia (Art. 163). Não se pode confundir fraude contra credores com fraude à execução. Esta última, mais grave, implica ineficácia total do ato fraudulento (art. 792, § 1º do CPC) por desrespeitar, inclusive, a administração da Justiça. Qualquer demanda contra o devedor serve para configurar fraude contra a execução, não necessariamente terá de ser uma execução. Ação Pauliana é a ação que o credor preexistente tem para impugnar a fraude contra credor. Trata-se de uma ação pessoal com prazo decadencial de 04 anos. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 36 (X EXAME) João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana, com a finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega que Marcos transmitiu gratuitamente para seu filho, por contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. Considerando a hipótese acima, assinale a afirmativa correta. A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado o contrato de doação, o benefício da anulação aproveitará somente a João, cabendo aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação individual própria. B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no negócio jurídico por vício de consentimento. C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará João obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do negócio jurídico. GAB: C SIMULAÇÃO Na simulação, celebra-se um negócio que tem aparência normal, mas que não pretende atingir o efeito que juridicamente deveria produzir. No dolo, uma das partes é enganada. Na simulação, as duas partes têm consciência da fraude. Ela é causa de nulidade (sendo reconhecida por meio de ação declaratória, que, por sua natureza, não se sujeita à prazo prescricional ou decadencial). (VIII EXAME) Em relação aos defeitos dos negócios jurídicos, assinale a afirmativa incorreta. A) A emissão de vontade livre e consciente, que corresponda efetivamente ao que almeja o agente, é requisito de validade dos negócios jurídicos. B) O erro acidental é o que recai sobre características secundárias do objeto, não sendo passível de levar à anulação do negócio. C) A simulação é causa de anulação do negócio, e só poderá ocorrer se a parte prejudicada demonstrar cabalmente ter sido prejudicada por essa prática. D) O objetivo da ação pauliana é anular o negócio praticado em fraude contra credores. GAB: C Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 37 (XXI EXAME) André possui um transtorno psiquiátrico grave, que demanda uso contínuo de medicamentos, graças aos quais ele leva vida normal. No entanto, em razão do consumo de remédios que se revelaram ineficazes, por causa de um defeito de fabricação naquele lote, André foi acometido de um surto que, ao privá-lo de discernimento, o levou a comprar diversos produtos caros de que não precisava. Para desfazer os efeitos desses negócios, André deve pleitear A) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de enfermidade ou deficiência mental. B) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de expressão da vontade. C) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de expressão da vontade. D) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de enfermidade ou deficiência mental. GAB: C (XXVII Exame) Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência, propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse totalmente paga. Realizado nesses termos, o negócio A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo. B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João. C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João. Gabarito “C” PLANO DE EFICÁCIA – ELEMENTOS ACIDENTAIS: 1 Condição (Art.121 CC): trata-se de um elemento acidental, consistente em um acontecimento futuro e incerto que subordina a eficácia do negócio jurídico. Ela se caracteriza pela futuridade e pela incerteza. Fato passado não é condição, mesmo que desconhecido. Ex.: prometer dar metade do prêmio se tiver sido o ganhador da loteria que correu ontem. A incerteza da condição refere-se à ocorrência ou não do fato. Obs.: Caso exista certeza da ocorrência do fato, ainda que não se saiba o seu momento, condição não será. Por isso, em geral, a morte, por ser certa, não Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 38 traduz condição. Excepcionalmente, caso haja período predeterminado de tempo dentro do qual a morte deva ocorrer, (Ex.: obrigo-me a dar a fazenda, se o meu tio morrer até o dia 15), em tal caso por conta da incerteza do fato, a morte é condição. a) Classificação da condição quanto ao modo de atuação (Arts. 125-127 CC): a.1) Suspensiva: é aquela que, enquanto não verificada, paralisa ou suspende o início da eficácia jurídica do negócio. É correto dizer que haverá pagamento indevido, caso o devedor o efetue antes do implemento da condição suspensiva. Isso porque, enquanto ainda não verificada a condição, não há direitos e obrigações recíprocos. (XXIX Exame) Eva celebrou com sua neta Adriana um negócio jurídico, por meio do qual doava sua casa de praia para a neta caso esta viesse a se casar antes da morte da doadora. O ato foi levado a registro no cartório do Registro de Imóveis da circunscrição do bem. Pouco tempo depois, Adriana tem notícia de que Eva não utilizava a casa de praia há muitos anos e que o imóvel estava completamente abandonado, deteriorando-se a cada dia. Adriana fica preocupada com o risco de ruína completa da casa, mas não tem, por enquanto, nenhuma perspectiva de casar-se. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Adriana pode exigir que Eva autorize a realização de obras urgentes no imóvel, de modo a evitar a ruína da casa. B) Adriana nada pode fazer para evitar a ruína da casa, pois, nos termos do contrato, é titular de mera expectativa de fato. C) Adriana pode exigir que Eva lhe transfira desde logo a propriedade da casa, mas perderá esse direito se Eva vier a falecer sem que Adriana tenha se casado. D) Adriana pode apressar-se para casar antes da morte de Eva, mas, se esta já tiver vendido a casa de praia para uma terceira pessoa ao tempo do casamento, a doação feita para Adriana não produzirá efeito. Gabarito “____”. Veja o artigo 130do CC. a.2) Resolutiva: já a condição resolutiva traduz acontecimento futuro e incerto que, quando verificado, resolve a eficácia jurídica do negócio que vinha sendo produzida 2 Termo: é um acontecimento futuro e certo que interfere na eficácia jurídica do negócio. Caracteriza- se pela futuridade e pela certeza. Diferentemente da condição suspensiva, nos termos do art. 131, o termo suspende apenas o exercício, mas não os direitos e obrigações decorrentes do negócio. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 39 3 Modo ou encargo: é um ônus que se atrela a uma liberalidade (arts. 136 e 137). Ex.: vai doar uma fazenda de 10.000.000,00 com o encargo de você construir uma capela na fazenda. Obs.: Regra geral, o encargo ilícito ou impossível é desconsiderado, mantendo-se o negócio puro. Mas se o encargo traduzir a própria finalidade do negócio, todo ele será invalidado. (XXIV EXAME) Eduardo comprometeu-se a transferir para Daniela um imóvel que possui no litoral, mas uma cláusula especial no contrato previa que a transferência somente ocorreria caso a cidade em que o imóvel se localiza viesse a sediar, nos próximos dez anos, um campeonato mundial de surfe. Depois de realizado o negócio, todavia, o advento de nova legislação ambiental impôs regras impeditivas para a realização do campeonato naquele local. Sobre a incidência de tais regras, assinale a afirmativa correta. A) Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel, pois a cláusula especial configura um termo. B) Prevista uma condição na cláusula especial, Daniela tem direito adquirido à aquisição do imóvel. C) Há mera expectativa de direito à aquisição do imóvel por parte de Daniela, pois a cláusula especial tem natureza jurídica de termo. D) Daniela tem somente expectativa de direito à aquisição do imóvel, uma vez que há uma condição na cláusula especial. GAB : D (VI EXAME) A condição, o termo e o encargo são considerados elementos acidentais, facultativos ou acessórios do negócio jurídico, e têm o condão de modificar as consequências naturais deles esperadas. A esse respeito, é correto afirmar que A) Se considera condição a cláusula que, derivando da vontade das partes ou de terceiros, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. B) Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, não vigorará o negócio jurídico, não se podendo exercer desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. C) O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e, salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento. D) Se considera não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. GAB: D Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 40 TEORIA DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO A invalidade é gênero do qual são espécies a nulidade e a anulabilidade. Na análise da invalidade, deve-se respeitar, em primeiro plano, o princípio da conservação do negócio jurídico. Sempre que o juiz puder, na medida do possível, deve conservar o negócio inválido. Ex.: na redução do negócio jurídico (Art. 184 CC) o juiz afasta a cláusula inválida, mantendo o restante do negócio. 1. Nulidade absoluta: está regulada nos Arts. 166 e 167 (simulação) CC: Características: a) A nulidade absoluta, por ser grave, poderá ser arguida por qualquer pessoa, pelo MP (quando tiver intervenção no processo), ou até mesmo ser reconhecida de ofício pelo juiz (art. 168). b) A nulidade absoluta não admite confirmação nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169 CC) c) nulidade absoluta é imprescritível. Obs.: Embora imprescritível o reconhecimento da nulidade absoluta, seus efeitos patrimoniais prescrevem. d) A sentença declaratória de nulidade absoluta produz efeitos ex tunc. 2. Nulidade relativa ou anulabilidade: está prevista no art. 171 CC, bem como em outros dispositivos do CC. O Art. 496 do CC é exemplo de anulabilidade que não está prevista no Art. 171 Características: a) O negócio anulável somente pode ser impugnado por quem tenha legítimo interesse jurídico, não podendo o juiz fazê-lo de ofício (art. 177). b) A anulabilidade deve ser impugnada dentro de prazos decadenciais declarados por lei (Arts.178 e 179): Obs.: Na forma do Art. 179 CC, toda vez que o legislador disser que é anulável, sem estabelecer prazo, este será de 02 (dois) anos (por isso, vimos a perda de eficácia da Súmula 494 do STF) c) Diferentemente do negócio nulo, o anulável, por ser menos grave, admite confirmação expressa ou tácita (arts. 172-174 CC). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 41 d) A sentença anulatória, por ser desconstitutiva, tem eficácia ex tunc (retroativa) - art. 182. Conversão do negócio jurídico inválido - art.170 CC. É uma forma de aproveitamento do negócio inválido. Trata-se de uma medida sanatória por meio da qual se aproveitam os elementos materiais de um negócio nulo, convertendo-o em outro negócio de fins lícitos. Ex.: conversão de uma compra e venda nula por vício de forma em promessa de compra e venda. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA A prescrição e a decadência são fatos jurídicos em sentido estrito. Os dois institutos referem-se à influência do tempo nos negócios jurídicos. O Direito não socorre os que dormem. Essa é a regra que fundamenta tanto a prescrição quanto a decadência. A prescrição é a perda da pretensão (art. 189), e ela sempre se refere a um direito subjetivo (direito de crédito). Os prazos prescricionais estão nos artigos 205 e 206, sendo que os demais prazos do CC são decadenciais. A decadência é a perda de um direito, de um direito postestativo. O que é um direito potestativo? É aquele que se contrapõe a um estado de sujeição (aquele que acurrala a parte). Eu quero anular um negócio formalizado mediante dolo. O que a outra parte pode fazer contra mim? Nada. Ela está encurralada. No art. 205, nós temos o prazo geral de prescrição, que é de 10 dez anos. No art. 206, nós temos os prazos especiais de prescrição (1, 2, 3, 4 e 5 anos.... tratados nos §§ do art. 206). Os demais prazos previstos no CC são decadenciais, sendo que o prazo geral de decadência é o do art. 179 (2 anos). Os prazos que estão fora do art. 205 e 206 são decadenciais. Os prazos prescricionais são contados em anos. Se eu tenho prazo em dias, é claro que o prazo é decadencial. Se eu tenho em meses, é claro que é decadencial. Se eu tenho um prazo de 1 ano e 1 dia, é decadencial. Se o prazo for em anos, ele pode ser prescricional ou decadencial. O Professor Agnelo Amorim Filho, da Paraíba, foi genial ao estabelecer critérios, que foram adotados pelo legislador de 2002. Se eu tenho uma ação condenatória (cobrança, reparação de danos), o prazo correspondente é de prescrição (note que todos os casos do art. 206 são de ação condenatória).Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 42 Se eu tenho uma ação constitutiva (positiva ou negativa), o prazo é decadencial. Ex: ação anulatória (art. 179), art. 178. Se a lei estabelecer prazo, ele será decadencial. Se a lei não estabelecer prazo, como ocorre no divórcio, a ação é imprescritível. E se a ação for declaratória, ela não se sujeita nem à prescrição nem à decadência. Ex: 169. Ela é imprescritível, porque a nulidade não convalesce pelo decurso do tempo. Se você memorizar isso, acertará qualquer questão sobre decadência e prescrição. Isso é constantemente cobrado em provas. Veja: (XXVIII Exame) Mônica, casada pelo regime da comunhão total de bens, descobre que seu marido, Geraldo, alienou um imóvel pertencente ao patrimônio comum do casal, sem a devida vênia conjugal. A descoberta agrava a crise conjugal entre ambos e acaba conduzindo ao divórcio do casal. Tempos depois, Mônica ajuíza ação em face de seu ex-marido, objetivando a invalidação da alienação do imóvel. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) O juiz pode conhecer de ofício do vício decorrente do fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem. B) O fato de Mônica não ter anuído com a alienação do bem representa um vício que convalesce com o decurso do tempo. C) O vício decorrente da ausência de vênia conjugal não pode ser sanado pela posterior confirmação do ato por Mônica. D) Para que a pretensão de Mônica seja acolhida, ela deveria ter observado o prazo prescricional de dois anos, a contar da data do divórcio. Gabarito: _______. Note que a questão dependia basicamente do conhecimento do aluno sobre prescrição e decadência. O professor Flávio Tartuce ensina 3 passos para se diferenciar a prescrição da decadência: 1) Identifique o prazo. Se ele for em dias ou meses, é claro que é decadencial. Se ele for em anos, pode ser prescricional ou decadencial. 2) Identifique o artigo. Se o prazo estiver nos artigos 205 e 206, será prescricional. Se o prazo estiver em qualquer outro artigo, será decadencial. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 43 3) Identifique a ação correspondente. Se a ação dor condenatória, o prazo será prescricional. Se a ação for constitutiva, será decadencial (se houver prazo). Se for declaratória, não há prazo, pois é imprescritível, não se sujeitando à decadência nem à prescrição. Prescrição é a perda da pretensão. Decadência é a perda de um direito subjetivo. Prazo prescricional tem início quando? Quando há lesão ao direito subjetivo. A prescrição pode ser alegada como exceção ou defesa. Elas prescrevem no mesmo prazo que a pretensão. (art. 190). Ex: um caso de compensação. Se Antonieta propõe uma ação de cobrança em meu desfavor e eu, na defesa, alego que estou compensando o que devo a ela em uma dívida que ela tem comigo desde 2001, eu tenho que verificar se essa defesa não está prescrita. Se eu não poderia cobrar de Antonieta (ataque), eu também não posso usar esse crédito prescrito em minha defesa. Ver artigos 191 a 194. Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Se o tutor do menor não propor ação para defender seus interesses, deverá indenizá-lo. Essa regra só se aplica aos relativamente incapazes, pois contra os absolutamente incapazes não corre a prescrição, nos termos do art. 198, inciso I. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Se meu pai morre, eu, na condição de herdeiro, só tenho o prazo que ainda restava para exercer a pretensão. A prescrição pode ser impedida, suspensa ou interrompida. No impedimento, o prazo não começa, e quando começa, é normal. Na suspensão, o prazo começa, para, e depois continua de onde parou. Na interrupção, o prazo começa, para, e depois começa do zero. O Código Civil mistura.... Veja os artigos 197, 198 e 199. Eles preceituam simplesmente que “não corre a prescrição”. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 44 Impedimento e suspensão envolvem situações entre pessoas (ascendentes e descendentes durante o poder familiar, entre marido e mulher durante a sociedade conjugal, pendendo a ação de evicção. Não há atos de ninguém. São situações entre pessoas. Esta é a chave. Na interrupção, há atos de pessoas. Atos do credor e atos do devedor (art. 202). Ela só pode ocorrer uma vez. Quanto à diferença entre prescrição e decadência, lembre-se que os prazos prescricionais estão previstos nos artigos 205 e 206, sendo que todos os demais são de decadência. DECADÊNCIA Em regra, a decadência não pode ser interrompida, nem suspensa, nem impedida. Essa é a regra do artigo 207. Entretanto, há exceções. O artigo 208 estabelece: Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; Então, não se esqueçam. Contra absolutamente incapaz não corre prazo prescricional nem decadencial. A decadência ela pode ser legal ou convencional. A legal decorre da lei. A convencional, do contrato. Prazo de garantia fixado em favor de Jéssica. Eu dou garantia pelo prazo de 3 meses. É um prazo de decadência convencional. A prescrição só decorre de lei. A decadência pode se originar da lei ou do contrato. Ver arts. 209 a 211. Veja, também, o artigo 745, que tem um “erro do legislador”. Ele fala de decadência, mas é prescrição. (Se a ação é de indenização, é claro que se trata de prazo prescricional, até porque a sentença, nesse caso, é condenatória). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 45 (V EXAME) O decurso do tempo exerce efeitos sobre as relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma deficiência apontada pela doutrina em relação ao Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do Código Civil italiano e português, define o que é prescrição e institui disciplina específica para a decadência. Tendo em vista os preceitos do Código Civil a respeito da matéria, assinale a alternativa correta. A) Se a decadência resultar de convenção entre as partes, o interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite. B) Se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face do principal devedor prejudica o fiadordele. C) O novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição como a extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges enquanto casados pelo regime de separação obrigatória de bens. D) Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime. GAB: A (XIX EXAME) Joaquim celebrou, por instrumento particular, contrato de mútuo com Ronaldo, pelo qual lhe emprestou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem pagos 30 dias depois. No dia do vencimento do empréstimo, Ronaldo não adimpliu a prestação. O tempo passou, Joaquim se manteve inerte, e a dívida prescreveu. Inconformado, Joaquim pretende ajuizar ação de enriquecimento sem causa contra Ronaldo. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) A ação de enriquecimento sem causa é cabível, uma vez que Ronaldo se enriqueceu indevidamente à custa de Joaquim. B) Como a ação de enriquecimento sem causa é subsidiária, é cabível seu ajuizamento por não haver, na hipótese, outro meio de recuperar o empréstimo concedido. C) Não cabe o ajuizamento da ação de enriquecimento sem causa, pois há título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo. D) A pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa prescreve simultaneamente à pretensão relativa à cobrança do valor mutuado. GAB: C Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 46 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES O direito das obrigações regula a relação jurídica pessoal entre dois sujeitos determinados, de um lado o sujeito ativo (credor) e do outro lado o sujeito passivo (devedor). Já a relação jurídica real, que é tratada no Livro do Direito das Coisas (art. 1196 e ss do CC), tem características próprias, dentre as quais está a tipicidade. Toda relação real tem previsão legal. Não se inventa direitos reais. Já a relação obrigacional não exige tipicidade. A obrigação propter rem, de natureza híbrida ou mista (real e obrigacional), é aquela que vincula pessoas (credor e devedor) e se justapõe a uma coisa, acompanhando-a. Ex.: Obrigação de pagar taxa de condomínio. Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta. a) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado. b) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado. c) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não possui direito real sobre a coisa. d) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido. Gabarito: D Em qualquer relação obrigacional as partes devem atuar segundo a cláusula geral de boa-fé, com lealdade, equilíbrio e harmonia recíprocos. Nova visão do direito civil, ligado à eticidade, boa-fé, função social do contrato. Exemplo de cooperação observa-se no instituto norte-americano do duty to mitigate the loss – dever de mitigar a perda. Por meio do “dever de mitigar”, à luz do princípio da boa-fé, na relação obrigacional, até Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 47 mesmo o credor, em cooperação com o devedor, deve atuar para mitigar a extensão do débito. Pode-se dizer como exemplo o fato do CPC buscar a execução menos grave para o devedor. O que é fonte da obrigação? É o fato jurídico que constitui a relação obrigacional. Elas sem classificam em: a) Atos negociais (contrato, promessa de recompensa, testamento); b) Atos não negociais (fato da vizinhança); c) Atos ilícitos. CLASSIFICAÇÃO BÁSICA DAS OBRIGAÇÕES: 1) Dar: A obrigação de dar tem por objeto a prestação de coisa (transferir propriedade, posse ou restituir). a) Dar coisa certa: CC, a partir do art. 233. A obrigação de dar coisa certa traduz a prestação de coisa determinada, individualizada. Responsabilidade civil pela perda ou deterioração da coisa certa (Arts. 234-236). Na teoria das obrigações, as perdas e danos pressupõem culpa do devedor. E quando não houver culpa do devedor, normalmente será extinta a responsabilidade. (XV EXAME) Donato, psiquiatra de renome, era dono de uma extensa e variada biblioteca, com obras de sua área profissional, importadas e raras. Com sua morte, seus três filhos, Hugo, José e Luiz resolvem alienar a biblioteca à Universidade do Estado, localizada na mesma cidade em que o falecido residia. Como Hugo vivia no exterior e José em outro estado, ambos incumbiram Luiz de fazer a entrega no prazo avençado. Luiz, porém, mais preocupado com seus próprios negócios, esqueceu-se de entregar a biblioteca à Universidade, que, diante da mora, notificou José para exigir-lhe o cumprimento integral em 48 horas, sob pena de resolução do contrato em perdas e danos. Nesse contexto, assinale a afirmativa correta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 48 A) José deve entregar a biblioteca no prazo designado pela Universidade, se quiser evitar a resolução do contrato em perdas e danos. B) Não tendo sido ajustada solidariedade, José não está obrigado a entregar todos os livros, respondendo, apenas, pela sua cota parte. C) Como Luiz foi incumbido da entrega, a Universidade não poderia ter notificado José, mas deveria ter interpelado Luiz. D) Tratando-se de três devedores, a Universidade não poderia exigir de um só o pagamento; logo, deveria ter notificado simultaneamente os três irmãos. GAB: A (XIX EXAME) A peça Liberdade, do famoso escultor Lúcio, foi vendida para a Galeria da Vinci pela importância de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Ele se comprometeu a entregar a obra dez dias após o recebimento da quantia estabelecida, que foi paga à vista. A galeria organizou, então, uma grande exposição, na qual a principal atração seria a escultura Liberdade. No dia ajustado, quando dirigia seu carro para fazer a entrega, Lúcio avançou o sinal, colidiu com outro veículo, e a obra foi completamente destruída. O anúncio pela galeria de que a peça não seriamais exposta fez com que diversas pessoas exercessem o direito de restituição dos valores pagos a título de ingresso. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Lúcio deverá entregar outra obra de seu acervo à escolha da Galeria da Vinci, em substituição à escultura Liberdade. B) A Galeria da Vinci poderá cobrar de Lúcio o equivalente pecuniário da escultura Liberdade mais o prejuízo decorrente da devolução do valor dos ingressos relativos à exposição. C) Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria da Vinci não poderá mandar executar a prestação às expensas de Lúcio, restando-lhe pleitear perdas e danos. D) Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da escultura para a Galeria da Vinci, razão pela qual ela deve suportar o prejuízo pela perda do bem. GAB: B (XXII Exame) Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia 1º de setembro de 2016, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 20.000,00, sendo o pagamento efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do bem seria feita 30 dias depois, em 1º de outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, domicílio do vendedor. Contudo, no Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 49 dia 25 de setembro, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro foi destruído pela enchente, com perda total. Considerando a descrição dos fatos, Joaquim A) Não faz jus à devolução do pagamento de R$ 20.000,00. B) Terá́ direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, não teve culpa. C) Terá́ direito à devolução de 50% do valor, tendo em vista que Antônio, vendedor, teve culpa. D) Terá́ direito à devolução de 100% do valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. GAB: D Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. (XXV Exame) Arlindo, proprietário da vaca Malhada, vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo deveria receber do comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para um mês após a celebração do contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Os bezerros pertencem a Arlindo. B) Os bezerros pertencem a Lauro. C) Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro. D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros. Gab: A b) Dar coisa incerta: nos termos do art. 243 CC, obrigação de dar coisa incerta é aquele indicada apenas pelo gênero e quantidade, faltando-lhe a qualidade da coisa. Na geral na teoria das obrigações, a escolha é feita pelo devedor. – Art. 244 do CC. A doutrina denomina concentração do débito ou da prestação devida o ato de escolha na obrigação de dar coisa incerta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 50 Uma pessoa se obriga a dar um gado, ainda não especializado. Uma enchente vem e mata todo o rebanho do devedor. Este não poderá alegar caso fortuito ou força maior para se eximir da obrigação. * É dogmático o pensamento no direito civil brasileiro, segundo o qual o gênero não perece nunca: antes da escolha, não pode o devedor alegar caso fortuito ou força maior para se eximir da obrigação de pagar (art. 246 CC). 2. Fazer (art. 247 e ss): A obrigação de fazer é aquela em que o interesse jurídico do credor é a própria atividade do devedor. a) Fungíveis: é aquela que admite ser cumprida não apenas pelo devedor, mas também por terceiro. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. b) Infungíveis: é personalíssima, não admitindo ser cumprida por terceiro. Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. 3. Não fazer (arts. 250 e 251 CC) - A obrigação de não fazer tem por objeto uma obrigação negativa, ou seja, um comportamento omissivo do devedor. O devedor assume uma obrigação de não realizar uma conduta (abstenção juridicamente relevante). Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL DAS OBRIGAÇÕES Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 51 1. Obrigações Solidárias: existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou obrigado a toda dívida (art. 264 CC). Na forma do Art. 265 CC, é dogma do direito obrigacional que solidariedade NÃO SE PRESUME: resulta da lei ou da vontade das partes. (XXI EXAME) Felipe e Ana, casal de namorados, celebraram contrato de compra e venda com Armando, vendedor, cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10 parcelas de R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016. Em outubro de 2016, Felipe terminou o namoro com Ana. Em novembro, nem Felipe nem Ana realizaram o pagamento da parcela do carro adquirido de Armando. Felipe achava que a responsabilidade era de Ana, pois o carro tinha sido presente pelo seu aniversário. Ana, por sua vez, acreditava que, como Felipe ficou com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele terminara o relacionamento. Armando procura seu(sua) advogado(a), que o orienta a cobrar A) A totalidade da dívida de Ana. B) A integralidade do débito de Felipe. C) Metade de cada comprador. D) A dívida de Felipe ou de Ana, pois há solidariedade passiva. GAB: C 1.1. Solidariedade Ativa (arts. 267 a 274 do CC) Na forma do art. 272 do CC, na solidariedade ativa, qualquer dos credores também pode perdoar toda a dívida, respondendo em face dos outros credores. Exemplo de solidariedade ativa por força de lei: art. 2º da Lei 8.245/91 1.2. Solidariedade Passiva (arts. 275 a 285) (XVIII EXAME) Joana e suas quatro irmãs, para comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram Ricardo para organizar a festa. No contrato ficou acordado que as cinco irmãs arcariam solidariamente com todos os gastos. Ricardo, ao requerer o sinal de pagamento, previamenteestipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada uma das irmãs informava que a outra tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, Ricardo cumpriu sua parte do acordado. Ao final da festa, Ricardo foi até Joana para cobrar pelo serviço, sem sucesso. Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 52 A) Se Ricardo resolver ajuizar demanda em face somente de Joana, as outras irmãs, ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito. B) Se Joana pagar o preço total do serviço sozinha, poderá cobrar das outras, ficando sem receber se uma delas se tornar insolvente. C) Se uma das irmãs de Joana falecer deixando dois filhos, qualquer um deles deverá arcar com o total da parte de sua mãe. D) Ricardo deve cobrar de cada irmã a sua quota-parte para receber o total do serviço, uma vez que se trata de obrigação divisível. GAB: A Obs.: Qual é a diferença entre a remissão (perdão da dívida) e a renúncia da solidariedade passiva? Na forma dos artigos 277 e 282 do CC, renunciando à solidariedade em face do um dos devedores, só poderá o credor cobra-lhe a sua parte na dívida (pois não houve perdão); quanto aos outros devedores, ainda unidos em solidariedade, terá o credor o direito de cobrar o restante da dívida. Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. (XX EXAME) Paulo, João e Pedro, mutuários, contraíram empréstimo com Fernando, mutuante, tornando- se, assim, devedores solidários do valor total de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Fernando, muito amigo de Paulo, exonerou-o da solidariedade. João, por sua vez, tornou-se insolvente. No dia do vencimento da dívida, Pedro pagou integralmente o empréstimo. Considerando a hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. A) Pedro não poderá regredir contra Paulo para que participe do rateio do quinhão de João, pois Fernando o exonerou da solidariedade. B) Apesar da exoneração da solidariedade, Pedro pode cobrar de Paulo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). C) Ao pagar integralmente a dívida, Pedro se sub-roga nos direitos de Fernando, permitindo-se que cobre a integralidade da dívida dos demais devedores. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 53 D) Pedro deveria ter pago a Fernando apenas R$ 2.000,00 (dois mil reais), pois a exoneração da solidariedade em relação a Paulo importa, necessariamente, a exoneração da solidariedade em relação a todos os codevedores. GAB: B Na solidariedade passiva, vale relembrar o art. 281 do CC, que cuida das exceções (defesas) que o devedor solidário pode manejar. Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor. No que tange à responsabilidade dos devedores solidários, o art. 279 do CC mantém a regra geral, segundo a qual pelas perdas e danos só responderá o culpado. Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. (XXIV EXAME) André, Mariana e Renata pegaram um automóvel emprestado com Flávio, comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que Renata, dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que levou à destruição total do veículo. Assinale a opção que apresenta os direitos que Flávio tem diante dos três. A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mais perdas e danos. B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro e das perdas e danos. D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro, mas só pode exigir perdas e danos de Renata. GAB: B Exemplos de solidariedade passiva: a) um contrato que explicitamente preveja solidariedade entre os devedores (contrato de locação em geral prevê que o fiador se vincula solidariamente ao devedor). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 54 b) Solidariedade passiva em virtude de lei: Art. 932 CC – responsabilidade por fato de terceiro. CUIDADO! O artigo 274 teve sua redação alterada pelo novo CPC: Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. 2. Obrigações Alternativas (arts. 252 a 256): a obrigação alternativa é aquela que tem objeto múltiplo, de maneira que o devedor se exonera cumprindo uma das prestações devidas. No que tange à impossibilidade das obrigações alternativas, quer seja total, quer seja parcial, veja a partir do art. 254 do CC. (XIX EXAME) No dia 2 de agosto de 2014, Teresa celebrou contrato de compra e venda com Carla, com quem se obrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de setembro de 2015. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a escolha do bem a ser entregue. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher qual das prestações entregará a Teresa. B) Como se trata de obrigação alternativa, Teresa pode se liberar da obrigação entregando 50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que o contrato não atribuiu a escolha ao credor. C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Teresa, ela poderá optar por entregar a Carla 25 computadores e 25 impressoras. D) Se, por culpa de Teresa, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes. GAB: B (XVII EXAME) Gilvan (devedor) contrai empréstimo com Haroldo (credor) para o pagamento com juros do valor do mútuo no montante de R$ 10.000,00. Para facilitar a percepção do crédito, a parte do polo ativo obrigacional ainda facultou, no instrumento contratual firmado, o pagamento do montante no termo avençado ou a entrega do único cavalo da raça manga larga marchador da fazenda, conforme escolha a ser feita pelo devedor. Ante os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Trata-se de obrigação alternativa. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 55 B) Cuida-se de obrigação de solidariedade em que ambas as prestações são infungíveis. C)Acaso o animal morra antes da concentração, extingue-se a obrigação. D) O contrato é eivado de nulidade, eis que a escolha da prestação cabe ao credor. Gabarito: A 3. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis Conceito: As obrigações divisíveis são aquelas que admitem cumprimento fracionado ou parcial da prestação; já as indivisíveis somente podem ser cumpridas por inteiro (arts. 257 e 258 do CC): Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Exemplo de indivisibilidade legal: pequena propriedade do módulo rural, prevista no Estatuto da Terra. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. A indivisibilidade se refere ao objeto e a solidariedade se refere aos sujeitos. Não tendo sido pactuada solidariedade ativa, o pagamento de prestação indivisível a um dos credores deverá observar o que dispõe o art. 260 do CC acima transcrito. A caução de ratificação somente é necessária na obrigação indivisível. Se a obrigação for solidária, não precisará de caução de ratificação. 4. Obrigações de Meio e de Resultado Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 56 A obrigação é denominada de meio quando o devedor se obriga a empreender sua atividade, sem garantir o resultado esperado. Já a obrigação de resultado, é aquela em que o devedor assume a realização do fim projetado. Ex.: em geral o médico assume uma obrigação de meio: empreender todos esforços e a melhor técnica para a cura do paciente. O advogado também assume obrigação de meio, uma vez que não pode garantir sucesso na demanda. 5. Obrigação Natural: é aquela em que posto figurem credor e devedor, é desprovida de coercibilidade jurídica, juridicamente inexigível. Ex.: dívida de jogo e dívida prescrita (arts. 882 e 814 CC). Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. Uma obrigação natural, embora juridicamente inexigível, gera alguma consequência jurídica? Sim, já que pode haver retenção do pagamento feito espontaneamente feito pelo devedor. Se pagou espontaneamente não poderá exigir a repetição. TEORIA DO PAGAMENTO Pagamento significa cumprimento ou adimplemento voluntário da prestação. O que é a teoria do adimplemento substancial? Resp.: Instituto desenvolvido no Direito anglo-saxônico. Segundo esta teoria, que tem sido aplicada inclusive para a alienação fiduciária, também de possível aplicação ao contrato de seguro, em respeito aos princípios da boa-fé objetiva e da equivalência material (que traduz o necessário equilíbrio entre as prestações), não se reputa justo resolver um contrato quando o devedor, posto não haja cumprido a prestação de forma perfeita, substancialmente a realizou. Ex.: carro financiado em 60 meses, pagou 58, atrasou a parcela n.º 59, não se deve deferir a liminar de busca e apreensão, pois substancialmente o devedor cumpriu o pagamento. Ex. 2.: Prêmio do seguro dividido em 05 pagamento, pagou 04 atrasou um dia o pagamento da 5ª prestação, dia em que ocorreu o sinistro. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 57 Pelo CC, a seguradora não precisará pagar a indenização, pois estava em atraso no dia do sinistro (Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.). Porém, pela teoria do adimplemento substancial, não é justo que a seguradora se furte ao pagamento, pois, houve o adimplemento substancial. Condições ou requisitos do pagamento. a) Subjetivas (quem deve pagar - art. 304 do CC - e a quem se deve pagar) - Quem deve pagar. Em primeiro plano quem deve pagar é o devedor ou se fazer representar. O terceiro também pode pagar, pelo sistema jurídico brasileiro. Mas existem dois tipos de terceiro: o interessado e o não interessado. Terceiro interessado é aquele que, mesmo não sendo parte, vincula-se à obrigação (fiador, avalista). Já o terceiro não interessado não se vincula juridicamente à obrigação, detendo apenas um interesse meta-jurídico. Quando o terceiro interessado paga, ele se sub-roga nos direitos, privilégios e garantias do credor originário. Já o terceiro não interessado que paga, duas situações podem ocorrer: se pagar em seu próprio nome não se sub-roga completamente na posição do credor, mas tem pelo menos direito ao reembolso; se pagar em nome do devedor, não tem direito a nada. Obs.: O devedor poderá se opor ao pagamento feito por terceiro, nos termos do art. 306 do CC (O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.). O artigo diz que não haverá o reembolso se o devedor tinha meios para pagar e o terceiro entrou na frente e pagou. Entende-se também que o devedor pode se opor o pagamento de terceiro, alegando que a dívida está prescrita. Stolze entende também que o devedor pode se opor ao pagamento pelo terceiro alegando direito seu da personalidade (entendimento civil-constitucional). Ex.: Inimigo fica sabendo da dívida de seu desafeto, paga, para poder tê-lo como seu devedor. - A quem se deve pagar: ao credor ou a seu representante. O sistema jurídico, todavia, admite também que o pagamento possa ser feito a um terceiro, nos termos dos arts. 308 e 309 do CC: Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. (exemplo dado em sala – IPVA) Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 58 Caso seja feito o pagamento a um terceiro, para que tenha eficácia, o credor deverá ratificá-lo ou, não o ratificando, poderá o devedor provar que o pagamento reverteu em proveito do credor. A luz dos princípios da boa-fé e da confiança, com fundamento doutrinário na teoria da aparência, admite o Art. 309 do CC o pagamento feitoao credor aparente ou putativo. b) Objetivas (objeto do pagamento; prova do pagamento; lugar do pagamento e tempo do pagamento). - Tempo do pagamento. Em regra, as obrigações devem ser cumpridas no seu vencimento. Caso não tenha vencimento certo, dispõe o art. 331 do CC que a obrigação pode ser exigida de imediato: Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. Obs.: No caso do mútuo feneratício (empréstimo de bem fungível a título oneroso) tem-se norma especial, Art. 592, II, não se estipulando o vencimento, o prazo mínimo do pagamento é de 30 dias. O CC estabelece no Art. 333 situações especiais de vencimento antecipado das dívidas. - Lugar do pagamento. A regra geral do direito brasileiro é no sentido de que o pagamento deverá ser feito no domicílio do devedor. Excepcionalmente, nos termos do art. 327 do CC, o pagamento poderá ser feito no domicílio do credor, casa em que a dívida é portável. Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. Obs.: PEGA!! O p.u. do art. 327 do CC, estabelece que, havendo dois ou mais lugares para pagamento, a escolha é feita pelo credor (Atenção! Quebra a tradição do CC que normalmente defere as escolhas ao devedor). Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. (venire contra factum proprium – proíbe comportamento contraditório, quebra a boa-fé objetiva). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 59 - Prova do pagamento. Tecnicamente o ato jurídico que comprova o pagamento denomina-se quitação, nos termos do art. 319 do CC. Recibo é o documento da quitação, é o que materializa a quitação. Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Presunções de pagamento: mesmo não havendo quitação formal, presume-se que o devedor pagou. Essas presunções são relativas, juris tantum, portanto, admitem prova em contrário: - Objeto do pagamento. (arts. 313-316 do CC). Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. (ninguém tem direito de pagar parcelado, se isso não foi acertado) Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. (o credor não está obrigado a receber cheque ou cartão). Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. Embora o Art. 316 disponha a respeito do aumento progressivo de prestações, alguns autores como Mario Delgado, para tentar salvá-lo, sustentam que o codificador apenas previu a atualização monetária das prestações. Para Pablo Stolze, esse artigo é de legalidade duvidosa, pois, em verdade, permite o aumento do próprio débito em sua base. Obs.: A CF, em seu art. 7º, VI, veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. O art. 1.710 do CC, por sua vez, proíbe a vinculação do salário mínimo para o cálculo de pensão alimentícia. Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 60 Essa norma caiu em desuso. O próprio STF de longa data tem admitido essa vinculação (RE 170.203). FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO. 1. Pagamento com sub-rogação (substituição): trata-se de uma forma especial de pagamento, disciplinada a partir do art. 346 do CC, por meio da qual a dívida é cumprida por terceiro que se sob-roga no direito do credor originário. É uma forma de extinção da obrigação, pois o credor originário sai da relação obrigacional. Nasce outra relação a partir daí, envolvendo, agora, novo credor e devedor antigo. Preste atenção: O que diferencia a cessão de crédito do pagamento com sub-rogação, é que a primeira pode ser gratuita e a segunda não. Efeitos do pagamento com sub-rogação: Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Obs.: o art. 350 do CC limita o direito do novo credor ao valor efetivamente pago. Se o fiador paga a dívida com desconto, não poderá cobrar do devedor principal o valor sem o desconto, somente pode cobrar o que efetivamente pagou. Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Obs.: Caso o fiador na locação efetue o pagamento ao credor originário, sub-rogando-se na posição dele, não poderá com isso pretender penhorar, em ação de regresso, bem de família do devedor: a norma que admite a constrição do seu imóvel residencial (Art. 3º, VII Lei 8.009/90) não comporta interpretação extensiva. Além do que é nova relação jurídica que se forma, agora, com novo credor e devedor antigo. Espécies de pagamento com sub-rogação: – Legal (art. 346) Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 61 III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. (Ex.: fiador) – Convencional (art. 347) Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. 2. Imputação do pagamento: trata-se de um meio de determinação de pagamento em que uma das dívidas é indicadapara ser solvida, havendo outras da mesma natureza, entre as mesmas partes. (se há mais de uma dívida, e o devedor pagar somente uma delas, terá que indicar qual está pagando). As regras são as seguintes: A imputação será feita pelo devedor (art. 352 do CC). Se o devedor não imputar, a imputação será feita pelo credor (art. 353 do CC). Caso não tenha havido imputação feita pelo devedor ou pelo credor, aplicam-se subsidiariamente as regras da imputação legal (arts. 354 e 355 do CC). Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. Obs.: Se todas as dívidas, na imputação legal, forem vencidas ao mesmo tempo e igualmente onerosas, o CC não indica como será feita a imputação. Assim, na falta de regra, o juiz decidirá por equidade em cada caso concreto. 3. Dação em pagamento: trata-se de uma forma de pagamento satisfativa do interesse do credor. Regulada a partir do art. 356 do CC, a dação em pagamento opera-se quando o credor, na mesma relação obrigacional, aceita receber prestação diversa da que lhe é devida. Requisitos da dação em pagamento (in solutum): a) existência de uma dívida vencida; b) consentimento do credor; c) cumprimento de uma prestação diversa; Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 62 d) animus solvendi. (XVIII EXAME) Vitor e Paula celebram entre si, por escritura particular levada a registro em cartório de títulos e documentos, contrato de mútuo por meio do qual Vitor toma emprestada de Paula a quantia de R$ 10.000,00, obrigando-se a restituir o montante no prazo de três meses. Em garantia da dívida, Vitor constitui em favor de Paula, por meio de instrumento particular, direito real de penhor sobre uma joia de que é proprietário. Vencido o prazo estabelecido para o pagamento da dívida, Vitor procura Paula e explica que não dispõe de dinheiro para quitar o débito. Propõe então que, em vez da quantia devida, Paula receba, em pagamento da dívida, a propriedade da coisa empenhada. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Paula. A) Para ter validade, o acordo sugerido por Vitor deve ser celebrado mediante escritura pública. B) O acordo sugerido por Vitor não tem validade, uma vez que constitui espécie de pacto proibido pela lei. C) Para ter validade, o acordo sugerido deve ser homologado em juízo. D) O acordo sugerido por Vitor é válido, uma vez que constitui espécie de pacto cuja licitude é expressamente reconhecida pela lei. GAB: D Evicção da coisa dada em pagamento – art. 359 Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. Ex.: devedor de um veleiro, propõe ao credor dar-lhe em pagamento um carro e não o veleiro. O credor aceita. Após, o credor perde o carro em virtude de direito de outrem anteriormente existente (evicção). Nesse caso, restabelecer-se-á a obrigação originária (veleiro). Porém, se o veleiro já tiver sido vendido a terceiro de boa-fé, a obrigação principal não será restabelecida, resolvendo-se em perdas e danos. (V EXAME) A dação em pagamento é: A) Modalidade de obrigação facultativa, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. B) Modalidade de adimplemento direto, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 63 C) Causa extintiva da obrigação, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. D) Modalidade de obrigação alternativa, na qual o credor consente em receber objeto diverso ao da prestação originariamente pactuada. GAB: C 4. Novação: disciplinada a partir do art. 360 do CC, dá-se a novação quando, mediante estipulação negocial, as partes criam uma OBRIGAÇÃO NOVA destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. Sempre decorre da autonomia da vontade das partes, não existindo novação legal. (recomeça nova contagem de prazos, tem de se tirar o nome do devedor dos cadastros de proteção ao crédito, pois tem-se novo negócio jurídico, no qual o devedor ainda não está em mora.) Requisitos da novação: a) Existência de uma obrigação anterior: nos termos do art. 367 do CC, vale lembrar que obrigação extinta ou nula não poderá ser novada, mas a obrigação simplesmente anulável pode! A obrigação anulável, por ser menos grave, pode ser confirmada e novada. Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas. b) Deve haver a criação de uma obrigação nova, substancialmente diversa da primeira. Deve, pois, concorrer um elemento novo (aliquid novi). É muito importante pontuar que a novação pressupõe a criação de uma obrigação nova, com a consequente quitação da primeira dívida. Assim, se as partes apenas renegociam a mesma obrigação (pactuando um parcelamento ou reduzindo uma multa), novação não há! c) ânimo de novar - o CC, assim como a esmagadora maioria dos códigos do mundo, não exige a declaração expressa da intenção de novar. O STJ, já firmou entendimento (Ag.Rg. no Ag. 801.930/SC, bem como Súmula 286 - A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores.) no sentido de que mesmo tendo havido renegociação da mesma dívida ou novação, é possível a impugnação a posteriori de cláusula inválida e a revisão do contrato. O princípio do non venire contra factum proprium não pode chancelar ilegalidades. Assim, parte renegocia sua dívida com o banco e depois verifica uma cláusula ilegal, poderá sim revisar o contrato. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 64 Espécies de novação: a) Objetiva: art. 360, I, CC. Na novação objetiva, as mesmas partes criam obrigação nova destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. b) Subjetiva: Art. 360, II e III, CC, poderá ser ativa ou passiva. b.1) Ativa: neste caso, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. b.2) Passiva: opera quando um novo devedor sucede ao antigo, considerando criada a partir daí uma obrigação nova. Esta novação subjetiva passiva, pode se dar de duas maneiras: por delegação ou por expromissão. b.2.1) Na delegação, o antigo devedor participa do ato novatório, aquiescendo. b.2.2) Na expromissão, diferentemente, art. 362 do CC, a novação subjetiva passiva realiza-se sem o consentimento do devedor originário. O credor simplesmente comunica o devedor antigo que a obrigação está sendo extinta e que a obrigação está sendo assumida por novo devedor. Art. 362.A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição. Efeitos da novação: a novação tem um efeito liberatório do devedor, inclusive no que tange aos acessórios e garantias da obrigação primitiva, nos termos dos arts. 364 e 366. Diferentemente do que ocorre com o pagamento com sub-rogação, art. 349 (comparar). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 65 Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. Obs.: Interpretando o art. 365 do CC, cumpre advertir que, em havendo novação feita por um dos credores solidários, os outros credores terão o direito de exigir daquele que novou, as suas respectivas partes no crédito. Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados. 5. Remissão: a remissão traduz o perdão da dívida, disciplinada a partir do art. 385 do CC. Ela tem condão bilateral, pois o devedor deve aceitá-la. Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. 6. Confusão: a confusão se opera quando na mesma pessoa agregam-se as condições de credor e devedor (art. 381 do CC). Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 66 Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. 7. Compensação: opera-se, nos termos do art. 368 do CC, se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra. Espécies de compensação: a) Legal: se opera, por manifestação do interessado, quando reunidos os requisitos da lei (art. 369 do CC), devendo o juiz declará-la. A compensação é matéria de defesa, preliminar de mérito indireta. a.1) Requisitos da compensação legal: I – reciprocidade de dívidas; Obs.: Vale anotar que este requisito sofre certa mitigação por forca do art. 371 do CC, que admite a possibilidade de um terceiro compensar uma dívida que não é dele (fiador). O fiador, quando demandado pelo credor, pode alegar compensação um crédito que o devedor principal tem com o credor. Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado. II – Para que haja compensação legal é preciso que haja liquidez das dívidas, tem de ser certas. III – Para que haja compensação legal as dívidas devem ser exigíveis, ou seja, vencidas. Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. IV - Para que haja compensação legal é preciso que as dívidas sejam da mesma natureza, ou seja, homogêneas. Obs.: Ainda que sejam do mesmo gênero, as coisas fungíveis, objeto das duas prestações recíprocas, se diferirem na qualidade, a compensação legal não será possível. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 67 Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato. Obs.: à luz do princípio da eticidade, mesmo que tenha sido concedido prazo de favor, é possível a alegação de compensação, nos termos do art. 372 do CC. Ex.: “A” deve a “B”, venceu a dívida, “A” pediu mais um prazo e “B” concedeu (prazo de favor). Nesse meio tempo “B”, por algum motivo, se torna devedor de “A”. “A” ingressa com a ação, mesmo não tendo vencido o prazo de favor, “B” poderá alegar compensação. Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação. Obs.: Regra geral, as causas das dívidas não interferem na compensação, com as exceções do art. 373. Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo; II - se uma se originar de comodato, depósito (para evitar quebra de confiança) ou alimentos; *Obs.: Em regra, é aceitável o entendimento segundo o qual não pode haver compensação de débitos alimentares. Porém, o STJ excepcionalmente tem admitido a compensação, para evitar enriquecimento sem causa (REsp.: 202.179-GO e REsp.: 982.857-RJ/2008). III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. O STJ, no AgRg. 353.291-RS, deixou claro que, dada a sua impenhorabilidade como regra, o salário não pode ser objeto de compensação automática pelo banco. b) Convencional: se opera, em virtude do ajuste entre as partes, independentemente dos requisitos de lei. c) Judicial: diferentemente das duas anteriores pode ser feita de ofício pelo juiz. Trata-se da compensação que se opera por ato judicial no bojo do processo. Ex.: Art. 86 do CPC: Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 68 TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES I – Cessão de crédito: trata-se de uma forma de transmissão no polo ativo da relação obrigacional, por meio da qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o crédito ao cessionário, mantida a mesma relação obrigacional com o devedor (cedido). Art. 286 do CC.Não se confunde com a novação subjetiva ativa, pois preserva-se o mesmo negócio jurídico, mesmos prazos e valores. Apesar de haver um ponto de contato com o pagamento com sub-rogação, diferencia pelo fato de que a cessão de crédito pode ser gratuita. O ponto de contato somente se dá quando a cessão de crédito é onerosa. Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Exemplo em que a lei impede a cessão de crédito: art. 1.749, III. Pode também ser proibida a cessão de crédito por convenção das partes. Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. (XIII EXAME) A transmissibilidade de obrigações pode ser realizada por meio do ato denominado cessão, por meio da qual o credor transfere seus direitos na relação obrigacional a outrem, fazendo surgir as figuras jurídicas do cedente e do cessionário. Constituída essa nova relação obrigacional, é correto afirmar que A) Os acessórios da obrigação principal são abrangidos na cessão de crédito, salvo disposição em contrário. B) O cedente responde pela solvência do devedor, não se admitindo disposição em contrário. C) A transmissão de um crédito que não tenha sido celebrada única e exclusivamente por instrumento público é ineficaz em relação a terceiros. D) O devedor não pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente no momento em que veio a ter conhecimento da cessão. GAB: A O devedor precisa autorizar a cessão de crédito? Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 69 NÃO! O sistema brasileiro não concede esse poder ao devedor. No entanto, a luz do princípio da boa-fé objetiva, e com amparo no dever de informação, a teor do Art. 290 CC, é preciso que o devedor seja comunicado da cessão feita, como consequência lógica do próprio ato de cessão, especialmente para que saiba a quem pagar e contra quem se defender (arts. 292 e 294 do CC) Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. (XII EXAME) Bruno cedeu a Fábio um crédito representado em título, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), que possuía com Caio. Considerando a hipótese acima e as regras sobre cessão de crédito, assinale a afirmativa correta. A) Caio não poderá opor a Fábio a exceção de dívida prescrita que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra Bruno, em virtude da preclusão. B) Caso Fábio tenha cedido o crédito recebido de Bruno a Mário e este, posteriormente, ceda o crédito a Júlio, prevalecerá a cessão de crédito que se completar com a tradição do título cedido. C) Bruno, ao ceder a Fábio crédito a título oneroso, não ficará responsável pela existência do crédito ao tempo em que cedeu, salvo por expressa garantia. D) Conforme regra geral disposta no Código Civil, Bruno será obrigado a pagar a Fábio o valor correspondente ao crédito, caso Caio torne-se insolvente. GAB: B II – Cessão de débito (assunção de dívida, não havia no CC/16): na cessão de débito, o devedor, com expresso consentimento do credor, transmite o débito a terceiro, mantida a mesma relação obrigacional. Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 70 Obs.: Com a assunção da dívida, a regra é de que o devedor primitivo está exonerado, no entanto, se o novo devedor era insolvente e o credor de nada sabia, a obrigação do antigo devedor se restabelece. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação. Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. (Ex.:dolo) TEORIA DO INADIMPLEMENTO (EXTREMAMENTE IMPORTANTE) Inadimplemento traduz descumprimento da obrigação, desdobrando-se em: inadimplemento absoluto culposo ou fortuito e inadimplemento relativo (mora). I – Inadimplemento Absoluto: traduz o descumprimento total da obrigação. Ele pode ser: a) Fortuito: deriva de fato não imputável ao devedor, decorrente de caso fortuito ou força maior (art. 393 do CC). Em geral, a conseqüência do descumprimento fortuito é a extinção da obrigação sem perdas e danos. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Veja o artigo 399 também. b) Culposo: deriva de fato imputável ao devedor (culpa ou dolo), impondo-se a obrigação de pagar perdas e danos sem prejuízo de eventual tutela jurídica específica (art. 389 do CC). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 71 Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. O que se entende por perdas e danos? As perdas e danos, nos termos do art. 402 do CC, consistem no prejuízo efetivo sofrido pelo credor (dano emergente), compreendendo também o que aquilo que ele razoavelmente deixou de lucrar (lucro cessante). Pagar perdas e danos, portanto, significa indenizar a vítima, restituindo ao status quo ante. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. OBS: A moderna doutrina tem entendido que o descumprimento de deveresanexos decorrentes da boa-fé objetiva (informação, lealdade...) determina responsabilidade civil OBJETIVA - VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO (Enunciado 24 da I Jornada de D. Civil). 24 – Art. 422: Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. II – Inadimplemento relativo ou mora: ocorre a mora, espécie de inadimplemento relativo, quando o pagamento não é feito no tempo, lugar e forma convencionados. a) Espécies de mora: Havendo mora do credor e do devedor, deverá o juiz, na medida do possível, compensá-las, ficando tudo como está. a.1) Mora accipiendi ou credendi (do credor) – art. 394 e 400. Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 72 Ex.: vendido um boi, no dia combinado o devedor do animal o leva e o credor, injustificadamente, se nega a receber, só recebendo depois de alguns dias. Se a arroba do boi variar nesse tempo de mora do credor, o devedor terá o direito de receber pelo melhor preço nesse período. a.2) Mora solvendi ou debendi (do devedor). Conceito: a mora do devedor, em linhas gerais, traduz o retardamento culposo no cumprimento da obrigação. Requisitos: I – Existência de dívida liquida e certa; II – Vencimento da dívida ou sua exigibilidade: quando a obrigação tem vencimento certo, a constituição em mora do devedor opera-se de pleno direito, segundo o aforisma dies interpellat pro homine – o dia interpela pelo homem. Neste caso fala-se que a mora é ex re (art. 397, caput). Todavia, caso o credor necessite constituir em mora o devedor, interpelando-o, a mora será ex persona (Art. 397, p.u.). Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. (X Exame) Luis, produtor de soja, firmou contrato de empréstimo de um trator com seu vizinho João. No contrato, Luis se comprometeu a devolver o trator 10 dias após o término da colheita. Restou ainda acordado um valor para a hipótese de atraso na entrega. Considerando o caso acima, assinale a afirmativa correta. a) Caracterizada a mora na devolução do trator, Luiz responderá pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito ou de força maior, salvo se comprovar que o dano ocorreria mesmo se houvesse cumprido sua obrigação na forma ajustada. b) Por se tratar de hipótese de mora pendente, é indispensável a interpelação judicial ou extrajudicial para que João constitua Luis em mora. c) Luis, ainda que agindo dolosamente, não terá responsabilidade pela conservação do trator na hipótese de João recusar-se a receber o bem na data ajustada. d) Não caracteriza mora a hipótese de João se recusar a receber o trator na data avençada para não comprometer o espaço físico de seu galpão, vez que é necessária a comprovação de sua culpa e a ausência de justo motivo. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 73 Gabarito: A III – Culpa - Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. IV – Viabilidade do cumprimento tardio da obrigação. Na forma do p.u. do art. 395 do CC, à luz do Enunciado 162 da III Jornada de D. Civil, se a prestação, objetivamente considerada, não for mais de interesse do credor, não há que se falar em simples mora e sim em inadimplemento absoluto da obrigação, resolvendo-se em perdas e danos. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. 162 - Art. 395: A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor. (XXII EXAME) Festas Ltda., compradora, celebrou, após negociações paritárias, contrato de compra e venda com Chocolates S/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 1.000,00, a serem entregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso houvesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu entregar as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo que a comemoração já́ havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates S/A não aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justificava sua cobrança e que o produto vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e a multa é uma cláusula penal compensatória. B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor da prestação principal, é abusiva. C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título de multa. D) Festas Ltda. só́ pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de Defesa do Consumidor. GAB: A Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 74 Efeitos da mora do devedor: I – Responsabilidade civil pelos prejuízos causados ao credor em virtude da mora (art. 395, caput). II – Responsabilidade civil do devedor pela integridade da coisa devida, em outras palavras, perpetuatio obligationis (art. 399 do CC). Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. Nos termos do art. 399, firma-se a regra geral, segundo a qual, durante a mora, o devedor responde pela integridade da coisa, mesmo havendo caso fortuito ou força maior. Poderá, todavia, alegar, em defesa: que não teve culpa no atraso do pagamento ou que mesmo que houvesse desempenhado oportunamente a prestação, o dano ainda assim sobreviria. (XVI EXAME) Joana deu seu carro a Lúcia, em comodato, pelo prazo de 5 dias, findo o qual Lúcia não devolveu o veículo. Dois dias depois, forte tempestade danificoua lanterna e o para choque dianteiro do carro de Joana. Inconformada com o ocorrido, Joana exigiu que Lúcia a indenizasse pelos danos causados ao veículo. Diante do fato narrado, assinale a afirmativa correta. A) Lúcia incorreu em inadimplemento absoluto, pois não cumpriu sua prestação no termo ajustado, o que inutilizou a prestação para Joana. B) Lúcia não está em mora, pois Joana não a interpelou, judicial ou extrajudicialmente. C) Lúcia deve indenizar Joana pelos danos causados ao veículo, salvo se provar que os mesmos ocorreriam ainda que tivesse adimplido sua prestação no termo ajustado. D) Lúcia não responde pelos danos causados ao veículo, pois foram decorrentes de força maior. GAB: C CLÁUSULA PENAL: também denominada pena convencional, consiste em um pacto acessório por meio do qual as partes visam a antecipar a indenização devida em caso de inadimplemento absoluto ou relativo (função precípua economicidade, pré-liquidação virtual de indenização – antecipação de indenização). Segundo Cristiano Chaves, a cláusula penal tem uma função secundária intimidatória. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 75 Obs.: Tecnicamente, a multa tem uma função precípua sancionatória e não de ressarcimento. Cláusula penal tem natureza indenizatória, compensatória; já a multa é punição. A disciplina da cláusula penal é feita a partir do art. 408 do CC, desdobrando-se em duas espécies fundamentais: a) Cláusula penal compensatória (arts. 408 e 410 do CC). Obs.: Lembra-nos Guilherme Gama que, por exceção, o jogador de futebol que resolva exercer o direito de desistir do contrato, mesmo não estando tecnicamente descumprindo obrigação, poderá ser compelido a pagar cláusula penal (Art. 28, Lei 9.615/98). (XVII EXAME) Carlos Pacheco e Marco Araújo, advogados recém-formados, constituem a sociedade P e A Advogados. Para fornecer e instalar todo o equipamento de informática, a sociedade contrata José Antônio, que, apesar de não realizar essa atividade de forma habitual e profissional, comprometeu-se a adimplir sua obrigação até o dia 20/02/2015, mediante o pagamento do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no ato da celebração do contrato. O contrato celebrado é de natureza paritária, não sendo formado por adesão. A cláusula oitava do referido contrato estava assim redigida: “O total inadimplemento deste contrato por qualquer das partes ensejará o pagamento, pelo infrator, do valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)”. Não havia, no contrato, qualquer outra cláusula que se referisse ao inadimplemento ou suas consequências. No dia 20/02/2015, José Antônio telefona para Carlos Pacheco e lhe comunica que não vai cumprir o avençado, pois celebrou com outro escritório de advocacia contrato por valor superior, a lhe render maiores lucros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Diante da recusa de José Antônio a cumprir o contrato, a sociedade poderá persistir na exigência do cumprimento obrigacional ou, alternativamente, satisfazer-se com a pena convencional. B) A sociedade pode pleitear o pagamento de indenização superior ao montante fixado na cláusula oitava, desde que prove, em juízo, que as perdas e os danos efetivamente sofridos foram superiores àquele valor. C) A sociedade pode exigir o cumprimento da cláusula oitava, classificada como cláusula penal moratória, juntamente com o desempenho da obrigação principal. D) Para exigir o pagamento do valor fixado na cláusula oitava, a sociedade deverá provar o prejuízo sofrido. GAB: A O valor da cláusula penal não poderá ultrapassar, sob pena de enriquecimento sem causa, o valor da obrigação principal – Art. 412 CC. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 76 Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. O credor, nos termos do art. 410 do CC, tem a alternativa de exigir a obrigação descumprida (v.g. via tutela especifica) ou executar a cláusula penal. Se o prejuízo do credor ultrapassar o valor estipulado na cláusula penal, é possível a ele pedir indenização suplementar? O p.u. do Art. 416 do CC estabelece que a indenização suplementar é possível se houver previsão contratual. Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. b) Cláusula penal moratória (Art. 411 do CC). A doutrina tem dito que a cláusula penal moratória é pactuada para o caso de mora ou de descumprimento de alguma cláusula isolada do contrato. (Limite de cláusula penal moratória no CDC é 2%). Hipóteses de redução da cláusula penal. Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. Obs.: A cláusula penal que estipule a perda de todas as prestações pagas passou a ser passível de revisão, segundo as características do caso concreto após a entrada em vigor do CDC (REsp.: 399.123/SC e REsp.: 435.608/PR) A doutrina moderna, a exemplo de Flávio Tartuce, tem sustentado que, à luz do princípio da função social, o juiz deve, de ofício, reduzir o valor excessivo da cláusula penal. ARRAS Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 77 Arras confirmatórias – são aquelas em que não há o direito de arrependimento previsto no contrato. Se houver desistência por parte de quem deu arras, perderá as mesmas em favor da outra parte. Se a desistência for da parte que recebeu as arras, ela terá que devolver a quantia em dobro, com atualização monetária, segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários advocatícios. Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Se a parte que deu arras desistir, ele perde as mesmas. É suficiente reparar o dano ou é cabível indenização? Nas confirmatórias, a parte inocente pode pedir uma reparação de danos suplementar, se provar que o prejuízo foi superior ao valor das arras. Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. Arras penitenciais – são aquelas presentes em um contrato onde consta cláusula de arrependimento. Nesta hipótese, não há direito a indenizaçãosuplementar, independentemente do valor do prejuízo. Se a parte que deu arras desistir, ela vai perde-las, mas elas corresponderão a verdadeira indenização. Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. (XVIII EXAME) Renato é proprietário de um imóvel e o coloca à venda, atraindo o interesse de Mário. Depois de algumas visitas ao imóvel e conversas sobre o seu valor, Renato e Mário, acompanhados de corretor, realizam negócio por preço certo, que deveria ser pago em três parcelas: a primeira, paga naquele ato a título de sinal e princípio de pagamento, mediante recibo que dava o negócio por concluído de forma irretratável; a segunda deveria ser paga em até trinta dias, contra a exibição das certidões negativas do vendedor; a terceira seria paga na data da lavratura da escritura definitiva, em até noventa dias a contar do fechamento do negócio. Antes do pagamento da segunda parcela, Mário celebra, com terceiros, contratos de promessa de locação do imóvel por temporada, recebendo a metade de cada aluguel antecipadamente. Renato, ao tomar conhecimento de que Mário havia celebrado as promessas de locação por temporada, percebeu que o imóvel possuía esse potencial de exploração. Em virtude disso, Renato arrependeu-se do Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 78 negócio e, antes do vencimento da segunda parcela do preço, notificou o comprador e o corretor, dando o negócio por desfeito. Com base na hipótese formulada, assinale a afirmativa correta. A) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode ser exigido, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se. B) O vendedor perde o sinal pago para o comprador, porém nada mais lhe pode ser exigido pelo comprador. Contudo, é devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se. C) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal dado, não sendo devida a comissão do corretor, já que o negócio foi desfeito antes de aperfeiçoar-se. D) O vendedor perde o sinal pago e o comprador pode exigir uma indenização pelos prejuízos a que a desistência deu causa, se o seu valor superar o do sinal dado, sendo devida a comissão do corretor, não obstante o desfazimento do negócio antes de aperfeiçoar-se. Gabarito: D Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 79 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Contrato é um acordo de vontades, de natureza patrimonial. É um negócio jurídico e como tal, segundo o disposto no artigo 107 do Código Civil, não exige formal especial, a não ser quando a lei exigir. Ex: Todo dia de manhã, quando você vai à padaria, você celebra um contrato de compra e venda. Se você estaciona seu carro no estacionamento no shopping, ou na faculdade, você celebra um contrato de depósito. Quando nós pegamos o ônibus, nós celebramos um contrato de transporte. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Se eu quiser comprar um apartamento cujo valor seja superior a 30 salários mínimos, será necessário escritura pública, mas seu eu pegar uma caneta emprestada, agora, verbalmente, terei celebrado um contrato de mútuo. Faz parte da nossa sociedade celebrar contratos, de modo a permitir a consecução de objetivos comuns, por meio de acordo de vontades. Embora a lei não exija forma especial para os negócios jurídicos, nada impede que o negócio jurídico seja formalizado mediante forma mais elaborada que a lei exige. O acordo é um acordo de vontades, sempre de natureza patrimonial. Qual é a natureza jurídica do contrato? Ele é um negócio jurídico. Qual é mesmo a diferença entre ato jurídico e negócio jurídico? Se alguém me disser que ato jurídico é unilateral e negócio jurídico é bilateral, vou brigar! A diferença está no fato de você poder ou não escolher os efeitos que serão produzidos. Ato jurídico (em sentido amplo) – é a ideia de conduta humana que gera efeitos jurídicos, externando uma vontade. É o gênero do qual são espécies o ato jurídico stricto sensu e o negócio jurídico. Ato jurídico (strictu sensu) – é uma espécie de ato jurídico lato sensu, assim como o negócio jurídico, mas seus efeitos não dependem da minha vontade, uma vez que estão previamente previstos em lei. Ex: se eu adoto uma criança, eu não posso escolher os efeitos que advirão dessa minha conduta. Essa criança será meu filho (já que não há distinção entre parentesco civil e parentesco natural). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 80 Negócio jurídico – as partes escolhem os efeitos que decorrerão de sua manifestação de vontade. É um acordo de vontades. Ele pode ser unilateral ou bilateral. Unilateral é aquele que se forma com apenas uma declaração de vontade, como, por exemplo, o testamento. Bilateral, por sua vez, é aquele que se aperfeiçoa com duas manifestações de vontade. É aqui que estão os contratos. Portanto, lembre-se, todo contrato é um negócio jurídico bilateral (porque sempre há duas vontades). Voltemos ao conceito de contrato. É um negócio jurídico bilateral, de conteúdo patrimonial. O contrato (que é sempre um negócio jurídico bilateral – duas vontades) pode ser unilateral, bilateral, ou plurilateral. Quando eu falo em contrato em contrato bilateral, eu falo em duas manifestações de vontade e em duas prestações. No contrato de compra e venda, por exemplo, o comprador tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor a obrigação de entregar a coisa. Quando eu falo em contrato unilateral, não significa que haja apenas uma vontade, afinal, como já visto, todo contrato é um negócio jurídico bilateral, pressupondo, portanto, duas vontades. Haverá duas manifestações de vontade, mas apenas uma prestação. Ex: doação. Apenas o doador tem obrigação, qual seja, entregar o bem ao donatário. Quais são os efeitos de se diferenciar se o contrato é unilateral ou bilateral. EX: Carla e José celebraram um contrato de compra e venda. Se José não cumpre a prestação dele, ou seja, não paga o preço, Carla também não cumprirá a dela, ou seja, não entregará a coisa. Para total surpresa de Carla, José entra com ação judicial, pedindo a entrega da coisa, o que ela pode alegar em defesa? Você é o advogado. O que fazer? Alegue que o contrato é bilateral e, portanto, sinalagmático. A prestaçãode uma parte é causa da condição da outra parte. Se José não cumpriu a parte dele, eu não posso exigir que Carla cumpra a dela. Trata-se da exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), prevista no artigo 476 do CC. Em que contrato cabe alegação de contrato não cumprido? Nos contratos bilaterais, porque eles são sinalagmáticos, ou seja, a prestação de uma das partes é condição da prestação da outra. Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 81 Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Logo, a primeira grande diferença entre contrato unilateral e contrato bilateral é que, neste, você pode alegar a exceção do contrato não cumprido. O contrato bilateral tem uma cláusula resolutória tácita, implícita. No exemplo do José e da Carla, por exemplo, um não precisa esperar o outro cobrar para ele poder se defender e dizer que não vai cumprir. Diante do inadimplemento, pode-se pedir a resolução do contrato (término do contrato por fato superveniente – inadimplemento). Esta é a segunda diferença. A terceira diferença é a equivalência econômica – como uma prestação é causa da prestação do outro, deve existir um mínimo de equivalência econômica entre elas. Se eu compro um apartamento avaliado em 200 mil reais por 150, 180, 200, 230, 250, tudo bem, afinal, normal ser um pouco acima ou abaixo do valor de mercado. Entretanto, se eu compro um apartamento de 200 mil reais por 3 mil reais, isso não é mais compra e venda. Isso é simulação de doação. Passemos à segunda classificação: os contratos podem ser onerosos (traz vantagens para ambos os contratantes) ou gratuitos (oneram apenas uma das partes, proporcionando vantagem à outra, sem qualquer contraprestação). A primeira diferença está na hermenêutica contratual. Vejamos o artigo 112: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Toim vai à casa de seu padrinho e fica sabendo que vai ganhar um carro, porque seu padrinho acabou de comprar um novo. Ele fica todo animado por causa do sonzão que há no carro. Quando recebe o carro, ele verifica que o padrinho tirou o som. Ele pode pleitear judicialmente que o padrinho lhe entregue o som, já que como ele doou o carro, e todo carro tem som, o som faz parte do carro? Claro que não, uma vez que o artigo 112 se refere apenas aos negócios onerosos, e a doação é um negócio gratuito. Nos contratos onerosos, interprete nos termos do artigo 112. Já nos contratos gratuitos, interprete de forma mais restrita, de acordo com a literalidade. Se o negócio é gratuito, e disse “carro”, é carro... nada de som.... Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 82 Quando o negócio é gratuito, a interpretação deve ser restrita (art. 114). Quando ele for oneroso, você deve interpretá-lo nos termos do art. 112, buscando a real intenção dos contratantes. Irresponsabilidade pela evicção e vício redibitório. O alienante, quando aliena um bem, implicitamente, responde por evicção e vicio redibitório. Isso só acontece nos contratos onerosos. Nos gratuitos, não. Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. Fraude contra credores – é um vício social, inserido como defeito do negócio jurídico que torna o ato anulável. Joaquim, por exemplo, deve 300 mil reais e, visando não pagar as dívidas, doa todo seu patrimônio para sua mãe, mas continua usufruindo dos bens. O que os credores podem fazer? Eles podem alegar fraude contra credores, pedindo a anulação dessa doação, para que os bens doados continuem como garantia dos credores. O que vocês não podem esquecer sobre fraude contra credores é que não são apenas os negócios gratuitos que podem ser anulados. Se eu doar bens perto da minha insolvência, é claro que os credores vão questionar. A mesma coisa pode acontecer com relação aos negócios onerosos. Se eu vender, recebendo o preço pela coisa, os credores podem pedir a anulação. Qual é o nome da ação para anular atos praticados em fraude contra credores? Ação pauliana. Tanto nos contratos onerosos quanto nos gratuitos, os credores quirografários podem propor ação visando a anulação desses atos. Só que há uma diferença fundamental. Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. Nos contratos gratuitos, os credores conseguirão anular o negócio jurídico mediante simples prova da insolvência em momento anterior ou concomitante à formalização do negócio jurídico, porque o donatário não vai perder nada. Ele só vai deixar de ganhar. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 83 Nos contratos onerosos, ao contrário, os credores só conseguirão anular se conseguirem provar que o comprador estava de má-fé, ou seja, deve-se comprovar o consilium fraudis, o conluio entre o alienante e o adquirente, além, é claro, da situação de insolvência. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Em dois casos, presume-se de forma absoluta (não admite prova em contrário) o concilium fraudis: 1) Quando a insolvência do devedor for notória; 2) Quando houver outro motivo para ser conhecida... Ex: ela é mãe, sogra, sócio do devedor... Contrato comutativo x aleatório Comutativo é o contrato em que as partes conseguem antever os efeitos que serão produzidos por aquele contrato. No aleatório (vem de alea, que significa risco, sorte) , as partes não conseguem antever os efeitos que serão produzidos, porque é um contrato de risco. Ex: contrato de jogo, de aposta. Quando você vai na CEF e compra um bilhete, você não sabe o que vai acontecer, afinal, você pode ganhar ou perder. O contrato de seguro é um contrato aleatório (embora haja divergência doutrinária). Eu não sei se vou bater ou não o carro. O contrato comutativo não tem risco intrínseco, há segurança. Ex: compra e venda. Mas e se a parte não pagar? Eu cobro judicialmente. Efeito dessa classificação: irresponsabilidade por evicção e vício redibitório nos contratos aleatórios. Nos contratos aleatórios, você assume o risco, ou seja, para que o alienante respondapor vício redibitório e pela evicção, o contrato deve ser oneroso e comutativo. Os contratos aleatórios podem ser naturalmente aleatórios ou atipicamente aleatórios. Os naturalmente são os que assim são por sua própria natureza. Ex: jogo, aposta. Já os acidentalmente são aqueles que, em regra, são comutativos, mas que, em razão de uma circunstância excepcional, se tornam aleatórios. O contrato de compra e venda, por exemplo, é tipicamente comutativo, mas, em duas situações, ele se torna aleatório: venda de coisa futura (eu posso chegar na sua fazenda e comprar toda a sua plantação de laranja. Pago o preço, pode vir mais ou menos do que eu estou comprando) e venda de coisa exposta a risco (eu vou Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 84 comprar cerâmica da África, que será transportada de navio. Se chegar metade quebrada, eu assumi o risco e tenho que pagar tudo. Mas se o contratante, de má fé, colocou cerâmica quebrada, você pode anular o contrato, alegando omissão dolosa – art. 147 - CC). Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. Eu posso comprar sua safra de laranja. Eu pago e espero as laranjeiras cresceram. Eu paguei 100 mil reais, esperando 200 mil laranjas. Podem vir 50, 100, 400. O adquirente pode assumir o risco na existência ou na quantidade. Se ele assumir o risco na existência (emptio spei – venda de esperança), mesmo que não venha nenhuma laranja, o negócio estará consumado e o alienante ficará com o preço pago. Ele só poderá deixar de pagar se provar que o adquirente agiu com dolo ou culpa. Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Se o adquirente, todavia, assumir o risco apenas na quantidade (emptio rei speratae – venda de coisa esperada), ele pagará se vier em quantidade menor que a esperada, mas ficará dispensado de pagar se não viver nada. Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 85 Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Consensual x real Contrato consensual é o formado pelo acordo de vontade das partes. É a regra. Contrato real é o que se forma com a tradição, com a entrega do bem. Há apenas 3 contratos reais: mútuo (art. 587), comodato (art. 579) e depósito (art. 627 e ss). Há divergência sobre o contrato estimatório (venda em consignação – deixa o bem para vender... se não vender, devolve) Diferença de comodato e mútuo: Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. Bem fungível é aquele que pode ser substituído por outro de mesmo gênero, quantidade e qualidade. Diferença: No contrato de mútuo, eu transfiro a propriedade do bem. Você pode fazer o que quiser, até destruir. Ex: empréstimo de dinheiro. No contrato de comodato, há transferência da posse, não de propriedade, ou seja, o mesmo bem deve ser devolvido. O contrato de mútuo é real, ou seja, o empréstimo bancário não está formalizado quando você assina o documento com o gerente, mas quando o dinheiro efetivamente cai na sua conta. Contrato real (direito obrigacional é o direito pessoal, de natureza patrimonial. Eu estou vinculado a uma pessoa.) X direito real (me vincula a um bem, a uma coisa – art. 1.225). Os direitos reais são oponíveis erga omnes, ao passo que, na seara contratual, a regra é o princípio da relatividade, segundo o qual o contrato, em regra, gera efeitos entre as partes, não atingindo terceiros. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 86 Propriedade é um direito real, que nasce da formalização de um contrato de compra e venda. Ex: hipoteca (dar em garantia bem imóvel) e penhor (dar em garantia bem móvel). Na hipoteca, o imóvel permanece comigo, mesmo tendo ele sido dado em garantia (porque, como há registro, o credor hipotecário fica tranquilo, afinal, todos sabem da existência da hipoteca). No penhor, o bem móvel fica com a CEF (porque, como se trata de bem móvel, não existe registro. Se o credor pignoratício não ficasse com o bem, como ele poderia ficar tranquilo?) Eu posso vender um bem hipotecado? Claro que pode. Aliás, a lei até prevê a nulidade da cláusula que proíba a venda de bem hipotecado. Se eu não pagar, todavia, o banco vai tomar a casa, porque ele tem um direito real de hipoteca, que é oponível erga omnes. Então, o Banco pode retomar a casa, se eu não pagar, inclusive do terceiro que comprou o bem hipotecado. Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado. Efeito: o contrato real é unilateral. Um contrato de mútuo é unilateral ou bilateral? Eu vou ao banco e peço um empréstimo. Parece que é bilateral, porque o banco deposita o dinheiro na minha conta e eu tenho a obrigação de pagar as prestações, certo? Não...CUIDADO!!! Como o mútuo é um contrato real, ou seja, que se formaliza com a tradição, o ato de banco de depositar o dinheiro na minha conta não é uma consequência do contrato, mas um elemento constitutivo do contrato. Quando ele deposita, o contrato está formalizado, ou seja, só quem tem obrigação sou eu, que tenho que pagar as prestações. Portanto, é um contrato unilateral.Lembra que todo contrato bilateral é oneroso e, ainda, que o unilateral é presumidamente gratuito (ex: doação)? Pois é, há EXCEÇÕES´, ou seja, situações em que o contrato, embora unilateral, é oneroso: Mútuo feneratício (contrato de empréstimo a juros). O mútuo feneratício é unilateral (porque só tem prestação para quem tem que pagar as prestações) e oneroso (os dois perdem e os dois ganham – o mutuário perde, porque pagou juros, e ganhou, porque ficou com o dinheiro por um tempo; já o mutuante, ganhou os juros, mas perdeu a disponibilidade temporária do bem). FORMAÇÃO DO CONTRATO Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 87 O contrato se forma em fases. A primeira fase é denominada de pontuação, também chamada de punctação, sendo a fase das tratativas, das negociações preliminares. Se uma das partes desistir, não há dever de reparar eventuais danos. A segunda fase é a de proposta, também chamada de policitação ou oblação. Em regra, o contrato se forma com o acordo de vontade das partes. É certo que para o contrato ser válido, às vezes, ele precisa de uma forma especial. Em regra, todavia, é de forma livre. Quando eu pergunto se você quer comprar minha casa e você diz que sim, o contrato de compra e venda está formalizado. Para que ele seja válido, é necessário o registro da Escritura, mas o contrato está pronto com o acordo de vontades, ou seja, de uma aceitação após uma proposta. Quem faz a proposta é o proponente (policitante). Quem aceita é o aceitante (oblato). É normal que haja uma série de ajustes entre as partes. As famosas contrapropostas. Esta fase de propostas e contrapropostas é chamada de policitação ou oblação. A proposta obriga o proponente. Se eu faço uma proposta, eu crio em você uma justa expectativa de contratar. Logo, se você aceitar e dizer que não quer mais, que se arrependeu, você pode pedir a execução forçada do contrato, ou indenização em perdas e danos. É o aspecto vinculatório da proposta. Proposta obriga o proponente. Há exceções: art. 427 - A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Se vier expressa a não obrigatoriedade da proposta, o proponente não fica vinculado, porque não cria a justa expectativa de contratar. A depender da natureza do negócio – venda com quantidade limitada em estoque. Se acabou o estoque, você não está obrigado a cumprir a proposta. A depender das circunstâncias – art. 428 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 88 III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. O contrato pode ser classificado como “entre presentes” (proposta e aceitação se dão em tempo real – presença física, telefone, ou por meio de comunicação semelhante (Messenger) e “entre ausentes (proposta e aceitação não são em tempo real. Ex: carta, e-mail....) Se eu faço uma proposta entre presentes, eu estou vinculado à proposta por quanto tempo? Pelo prazo que o proponente estabelecer. E se não estabelecer prazo? Se a aceitação não for imediata, a proposta deixa de ser vinculatória. Se eu faço uma proposta entre ausentes (por e-mail) e não estabeleço prazo, a proposta deixa de ser obrigatória se passar tempo razoável para proposta ir e a aceitação chegar. Para resolver essa incerteza, estabeleça prazo. Faça a proposta por carta, com AR, estabelecendo prazo de 5 dias contados do recebimento. Se eu faço uma proposta entre presentes, não é possível eu me retratar antes de a proposta chegar até você, até porque tudo acontece em tempo real. Entre ausentes, é possível que o proponente se arrependa antes da proposta chegar. Por exemplo, a empresa manda uma proposta via carta, e manda a retratação por SEDEX 10. Não foi criada a justa expectativa de contratar. Se a retratação chegar antes ou junto com a proposta, ela deixa de ser obrigatória. Entre ausentes, o contrato só se aperfeiçoa quando a resposta é recebida pelo proponente, sem a retratação do aceitante. A terceira fase é a do contrato preliminar, que nem sempre existe. Se houver contrato preliminar, ele deve conter todos os requisitos do contrato definitivo, exceto no que se refere à forma. Ex: compromisso de compra e venda. A quarta e última fase do contrato é a do contrato definitivo, com o preenchimento de todas as condições. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 1) Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. (ex: se o contrato trouxer duas formas de pagamento, prevalecerá o que for mais interessante ao aderente). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 89 Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. (pode existir cláusula que desfavoreça o aderente.... o que não pode é “não nos responsabilizamos por objetos deixados no interior do veículo”... quando eu formalizo um contrato de depósito, que tem como premissa a transferência da posse de um bem, cabendo ao depositário devolvê-lo ao depositante, assim como o pegou”. Logo, a responsabilidade faz parte do negócio, não podendo haver cláusula que a suprima. O fundamento para se cobrar uma indenização, em caso de eventual dano ao veículo, neste caso, é o 424). O aderente é mais fraco que o proponente, porque este estabelece unilateralmente as cláusulas deste contrato. (VIII EXAME) Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele representa o acordo de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta. A) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não expressamente regulamentados por lei. B) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não. C) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato e os contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios esses ligados ao voluntarismo e ao individualismo que informam o nosso Código Civil. D) Seráobrigatoriamente declarado nulo o contrato de adesão que contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias. GAB: B 2) O novo Código Civil tornou implícito nos contratos a cláusula rebus sic stantibus, quando ele adotou a teoria da imprevisão (teoria da onerosidade excessiva) – se eu celebro com você um contrato equilibrado e, depois, acontece um fato superveniente e imprevisível, que torne o cumprimento desse contrato algo muito oneroso, eu posso pedir a resolução (fim) desse contrato. Ex: o contrato de leasing (contrato de arrendamento mercantil (aluguel), em que você paga mensalidades e no final, você pode adquirir a propriedade pagando um valor residual) tinha valor atrelado ao dólar. Quando o dólar subiu demais, houve uma desproporção absurda. Houve um fato superveniente e imprevisível que o Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 90 tornou excessivamente oneroso para uma das partes. Se isso ocorrer hoje, pode-se pedir a resolução desse contrato. O CC, ao inovar com a teoria da imprevisão, adotou a cláusula rebus sic stantibus (lá da Idade Média), com duas diferenças: não precisa vir expresso no contrato, já que é uma causa implícita. Não se aplica só em guerra, mas a qualquer causa superveniente e imprevisível que desequilibre o contrato. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Todo contrato se sujeita à teoria da imprevisão? Não. O contrato, quanto ao momento de execução, pode ser de 3 tipos: de execução instantânea (é aquele contrato que eu cumpro minha prestação no momento da conclusão do contrato), de execução continuada (eu cumpro minha prestação de forma continuada, pagando em quotas periódicas de prestação (Prestação é o objeto da obrigação), ou de execução diferida (eu pago em uma vez, no futuro. Ex: pago tudo daqui a 90 dias). Nesses 3 contratos eu me submeto à teoria da imprevisão? Claro que não, afinal, o próprio artigo diz “nos contratos de execução continuada ou diferida”. Nos contratos de execução instantânea, pode acabar o mundo que nada muda no contrato, já que o pagamento foi feito a vista. (VIII EXAME) Utilizando‐se das regras afetas ao direito das obrigações, assinale a alternativa correta. A) Quando o pagamento de boa‐fé for efetuado ao credor putativo, somente será inválido se, em seguida, ficar demonstrado que não era credor. B) Levando em consideração os elementos contidos na lei para o reconhecimento da onerosidade excessiva, é admissível assegurar que a regra se aplica às relações obrigacionais de execução diferida ou continuada. C) Possui a quitação determinados requisitos que devem ser obrigatoriamente observados, tais como o valor da dívida, o nome do pagador, o tempo e o lugar do adimplemento, além da assinatura da parte credora, exigindo‐se também que a forma da quitação seja igual à forma do contrato. D) O terceiro, interessado ou não, poderá efetuar o pagamento da dívida em seu próprio nome, ficando sempre sub‐rogado nos direitos da parte credora. GAB: B Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 91 Se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa – eu pago 72 parcelas de 500 reais e então eu perco o emprego e arrumo um novo em que eu ganho a metade. Nesse caso, eu posso pedir a resolução do contrato com base na teoria da onerosidade excessiva ou da imprevisão? Para eu conseguir a resolução do contrato com base na teoria da onerosidade excessiva, não basta que tenha ficado ruim para mim, uma vez que a lei exige que a outra parte tenha uma vantagem excessiva. Por isso que a lei diz “com extrema vantagem pra outra”. Assim, no caso da perda do emprego, não caberá a resolução do contrato. No caso do leasing, em que o dólar pulou de 50 para 90 mil, houve vantagem extrema para a outra parte, por isso que foi possível a resolução do contrato. O acontecimento deve ser extraordinário e imprevisível: algo bem parecido com esse requisito foi visto por vocês, na parte geral, quando tratamos dos defeitos do negócio jurídico. Tanto na lesão quanto na teoria da onerosidade excessiva, existe uma prestação muito alta. A diferença é que na lesão (e no estado de perigo), o contrato já nasce viciado. Na teoria da onerosidade excessiva, o contrato nasce perfeito, mas ele se vicia em razão de um fato superveniente. Na lesão, o problema é de invalidade do contrato. Pede-se a anulação. Na onerosidade excessiva, o contrato é válido. O que se pede é a resolução. Na lesão, como é inválido, nenhum efeito é produzido. Ato inválido não gera efeitos (cuidado com o pensamento de que ato nulo retroage, atingindo tudo, e que ato anulável não retroage, atingindo só dali para frente. Isso é ultrapassado, afinal, existe o artigo 182 do CC). Na onerosidade excessiva, dá-se a resolução do contrato, ou seja, embora esteja findo o contrato, gerou efeitos válidos. A sentença, embora não seja de invalidade, retroage, e mata os efeitos praticados a partir da citação, o que permite concluir que os efeitos produzidos até a citação são válidos. É possível evitar a resolução do contrato? Claro que sim. Veja o artigo 479 (em plena sintonia com o princípio da conservação do negócio jurídico): Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 92 EVICÇÃO E VÍCIO REDIBITÓRIO Alienar um bem é transferir-lhe a propriedade. Se eu alieno um bem a você, eu respondo por defeitos materiais (vício redibitório) e por defeitos jurídicos (evicção). O motor do meu carro está arrebentado, então, eu coloco uma massa lá para tampar o buraco e ele funciona. Em seguida, eu vendo o carro e o comprador, dois dias depois, não consegue ligar o carro. Trata-se de vício redibitório. Evicção é a perda judicial de um bem, em virtude de um problema jurídico. Por exemplo, o alienante falsifica seu documento e vende um imóvel seu, como se fosse você. Ao descobrir isso, você ingressa com uma ação, pleiteando a retomada do bem. O juiz vai deferir, e o adquirente vai cobrar do alienante. Para o alienante responder por evicção, há dois requisitos: contratos onerosos e contratos comutativos. Nos gratuitos e nos aleatórios, o alienante não responde nem por evicção, nem por vício redibitório. VÍCIOS REDIBITÓRIOS Vício redibitório é o defeito oculto em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que torna o bem impróprio para o uso a que se destina, ou que lhe diminua o valor. A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente, mediante devolução do preço, e, se o alienante conhecia o defeito, com satisfação de perdas e danos (arts. 441 e 443) – Ação redibitória Art. 441. Acoisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. (não há responsabilidade por vício redibitório em contratos gratuitos e em contratos aleatórios). Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. (IX EXAME) Em 12.09.12, Sílvio adquiriu de Maurício, por contrato particular de compra e venda, um automóvel, ano 2011, por R$ 34.000,00 (trinta e quatro mil reais). Vinte dias após a celebração do negócio, Sílvio tomou conhecimento que o veículo apresentava avarias na suspensão dianteira, tornando seu uso Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 93 impróprio pela ausência de segurança. Considerando que o vício apontado existia ao tempo da contratação, de acordo com a hipótese acima e as regras de direito civil, assinale a afirmativa correta. A) Sílvio terá o prazo de doze meses, após o conhecimento do defeito, para reclamar a Maurício o abatimento do preço pago ou desfazimento do negócio jurídico em virtude do vício oculto. B) Mauricio deverá restituir o valor recebido e as despesas decorrentes do contrato se, no momento da venda, desconhecesse o defeito na suspensão dianteira do veículo. C) Caso Silvio e Maurício estabeleçam no contrato cláusula de garantia pelo prazo de 90 dias, o prazo decadencial legal para reclamação do vício oculto correrá independentemente do prazo da garantia estipulada. D) Caso Silvio e Mauricio tenham inserido no contrato de compra e venda cláusula que exclui a responsabilidade de Mauricio pelo vício oculto, persistirá a irresponsabilidade de Maurício mesmo que este tenha agido com dolo positivo. GAB: B O adquirente, todavia, tem a opção de ficar com a coisa e reclamar abatimento no preço. (ação quanti minoris ou estimatória) Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Ex: eu compro uma máquina que produz 100 camisetas por hora. Depois de uma semana de uso, ela passa a produzir 80 camisetas por hora. Há um vício que diminuiu o valor da coisa. Há duas formas de se reclamar de um vício redibitório: a) Ação redibitória – o adquirente quer redibir (desfazer) o contrato, pegando o dinheiro de volta. b) Ação quanti minoris (ou estimatória) – o adquirente pede o abatimento do preço, com a devolução parcial do preço pago. Ele quer ficar com a máquina, mas não quer pagar o valor cobrado. Se houve uma desvalorização de 20 mil, ele quer esse valor de volta. Como é preciso estimar, apurar o prejuízo, veio o nome da ação. CUIDADO! É opção do adquirente, ou seja, se o vício reduziu o valor da coisa, o adquirente pode optar pela ação redibitória. Não precisa ser a quanti minoris. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 94 (XXIII EXAME) Juliana, por meio de contrato de compra e venda, adquiriu de Ricardo, profissional liberal, um carro seminovo (30.000km) da marca Y pelo preço de R$ 24.000,00. Ficou acertado que Ricardo faria a revisão de 30.000km no veículo antes de entregá-lo para Juliana no dia 23 de janeiro de 2017. Ricardo, porém, não realizou a revisão e omitiu tal fato de Juliana, pois acreditava que não haveria qualquer problema, já que, aparentemente, o carro funcionava bem. No dia 23 de fevereiro de 2017, Juliana sofreu acidente em razão de defeito no freio do carro, com a perda total do veículo. A perícia demostrou que a causa do acidente foi falha na conservação do bem, tendo em vista que as pastilhas do freio não tinham sido trocadas na revisão de 30.000km, o que era essencial para a manutenção do carro. Considerando os fatos, assinale a afirmativa correta. A) Ricardo não tem nenhuma responsabilidade pelo dano sofrido por Juliana (perda total do carro), tendo em vista que o carro estava aparentemente funcionando bem no momento da tradição. B) Ricardo deverá ressarcir o valor das pastilhas de freio, nada tendo a ver com o acidente sofrido por Juliana. C) Ricardo é responsável por todo o dano sofrido por Juliana, com a perda total do carro, tendo em vista que o perecimento do bem foi devido a vício oculto já existente ao tempo da tradição. D) Ricardo deverá ressarcir o valor da revisão de 30.000km do carro, tendo em vista que ela não foi realizada conforme previsto no contrato. GAB: C Essas regras aplicam-se aos contratos bilaterais e comutativos, decorrendo do paralelismo que devem guardar as prestações nos contratos bilaterais, assegurando ao interessado a fruição normal das utilidades advindas da coisa adquirida. Como os contratos comutativos são espécies de contratos onerosos, não incidem as referidas regras sobre os gratuitos, como a doação pura, pois o beneficiário da liberalidade, nada tendo pago, não tem porque reclamar. Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. Há responsabilidade, entretanto, nas doações onerosas, até o limite do encargo (441, parágrafo único) e nas doações remuneratórias, uma vez que nelas não há liberalidade pura, mas onerosidade até o valor dos serviços remunerados. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 95 Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto. REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS Não é qualquer defeito ou falha existente em bem móvel ou imóvel recebido em virtude de contrato comutativo que dá ensejo à responsabilização do alienante por vício redibitório. Defeitos de somenos importância ou que possam ser removidos são insuficientes para justificar a invocação da garantia, pois não tornam a coisa imprópria ao uso a que se destina, nem diminuem o seu valor econômico. São, portanto, requisitos: a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo (ou de doação onerosa (modal, ou com encargo, é aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever) ou remuneratória (aquela feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário) b) Que os defeitos sejam ocultos – se os defeitos são facilmente verificáveis com um rápido exame e diligência normal, não há caracterização de vício redibitório. Se o defeito for aparente, suscetível de ser percebido por um exame atento feito por um adquirente cuidadoso no trato dos seus negócios, não constituirá vício oculto capaz de justificar a propositura da ação redibitória, por se presumir queo adquirente já os conhecia e que não os julgou capazes de impedir a aquisição, renunciando, assim, à garantia legal da redibição. Ex: um indivíduo que compra um carro com defeito grave no motor não poderá requerer a redibição se a falha pudesse ser facilmente verificada com um rápido passeio ao volante ou a subida de uma rampa, e ele dispensou fazer o test drive. c) Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até a ocasião da reclamação – o alienante não responde por defeitos supervenientes (pois presume-se que eles são resultantes do mau uso pelo comprador), mas somente pelos contemporâneos à alienação, ainda que venham a se manifestar só posteriormente. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 96 d) Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente – se o comprador os conhecia, presume-se que renunciou à garantia. CUIDADO! A expressão “vende-se no estado em que se encontra” tem a finalidade de alertar os interessados de que não se acham em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior. e) Que os defeitos sejam graves – só são considerados graves os que prejudicam o uso da coisa ou lhe diminuem o valor. Se o defeito for aparente, há vício redibitório? Na relação civil, não, mas na relação de consumo, sim. Se eu for numa loja comprar uma geladeira, eu não aplico o CC, mas o CDC, pois é uma relação de consumo. O consumidor está protegido de defeitos ocultos e vícios aparentes. No CDC, há uma proteção do fornecedor. Se eu compro um bem com defeito, o fornecedor é obrigado a trocar? Não. O CDC dá ao fornecedor 30 dias para ele consertar o bem. Se ele não fizer isso em 30 dias, daí o consumidor pode escolher uma das opções do artigo 18 do CDC: Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Quando se aplica o CC e não o CDC? Para que se aplique o CDC, é necessário ser uma relação de consumo. Para ser fornecedor, é necessário habitualidade e profissionalismo. Se eu vendo meu carro usado, eu não sou empresário, não sou fornecedor. Não é relação de consumo. O consumidor deve ser o destinatário final para que se aplique o CDC. Se eu compro pra revender, não é relação de consumo. Nesse caso, aplica-se o CC. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 97 Mesmo se o alienante agiu com boa-fé, ele responderá por vício redibitório? Sim, pois é uma garantia implícita, ou seja, nem precisa ser prevista no contrato, já que ela decorre de lei. A diferença é que na boa-fé, o alienante só deve devolver o valor pago e as despesas contratuais. Já o alienante de má-fé responde por essas despesas, mais perdas e danos (prejuízo decorrente de não ter conseguido realizar um trabalho naquele dia, por exemplo). Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Na doação, responde o doador por vício redibitório? Claro que não, uma vez que é um contrato unilateral. Entretanto, em se tratando de doação onerosa (doação com encargo – ato unilateral imperfeito), o doador responde. Art. 441 - Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Qual é o prazo para se reclamar de vícios redibitórios? Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar- se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Há um equívoco de redação do CC aqui. Na redibição, o prazo é decadencial (pois é direito potestativo), mas na quanti minoris o prazo é prescricional, por se tratar de um direito a uma prestação. Qual é o termo inicial do prazo? Como o defeito é oculto, eu só posso arguí-lo a partir do momento em que eu descubro o defeito. O prazo começa a contar da data da entrega efetiva (exceto se o adquirente já estava na posse do bem antes mesmo de adquiri-lo, hipótese em que o prazo será reduzido de metade, contato da alienação). Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 98 CUIDADO! A lei não estabeleceu qual é o prazo mínimo de posse para que o prazo seja reduzido à metade. Então, se eu ligo para você, dizendo que não vai dar para eu ir a sua casa pra te entregar o carro e a gente assinar o contrato, mas que, pra você não ficar sem carro, eu vou mandar alguém entregar o carro agora e, no fim do dia, eu passo lá pra gente assinar o contrato, os prazos já serão reduzidos, pois no momento da celebração do contrato você já estava na posse do bem. Nesse ponto, o CC foi mal, porque abre oportunidade para comportamentos contrários à boa-fé. Se o defeito oculto, por sua natureza, for de difícil percepção, o prazo se inicia com a ciência do defeito. O prazo máximo para se descobrir é de 180 dias, se móvel, e de 1 ano, se imóvel. Então, em se tratando de defeito de difícil percepção, tem-se: a) Para móveis: prazo de 180 dias para descobrir e, depois, 30 dias; b) Para imóveis: prazo de 1 ano para descobrir e, depois, um ano. Se você der garantia convencional, o prazo legal só começa a contar depois que ela terminar. Se o vício surgir no curso da garantia convencional, o prazo para reclamar se esgota nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento. Isso significa que, mesmo ainda havendo prazo para a garantia, o adquirente é obrigado a denunciar o defeito nos trinta dias seguintes ao em que o descobriu, sob penade decadência do direito. (XXVIII Exame) Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos. Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício. B) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamar abatimento no preço, em sendo o vício sanável. C) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 99 D) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição. Gabarito: A. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Essa obrigação imposta ao adquirente, de denunciar desde logo o efeito da coisa ao alienante decorre do dever de probidade e boa-fé insculpido no art. 422 do CC. SITUAÇÕES PONTUAIS: 1) Coisas vendidas conjuntamente Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. Só a coisa defeituosa pode ser restituída e seu valor deduzido do preço, salvo se formarem um todo inseparável (imagine uma coleção de livros raros, ou um par de sapatos, por exemplo). Se o defeito de uma comprometer a universalidade ou conjunto das coisas que formem um todo inseparável, pela interdependência delas, o alienante responderá integralmente pelo vício. 2) Inadimplemento contratual A entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas inadimplemento contratual, respondendo o devedor por perdas e danos. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Ex: desfalque ou diferença na quantidade de mercadorias; compra de material de determinado tipo e recebimento de outro. Em caso de inexecução do contrato, o lesado tem o direito de exigir o seu cumprimento ou pedir a resolução, com perdas e danos. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 100 3) Erro quanto às qualidades essenciais do objeto Não configura vício redibitório, impedindo a utilização das ações edilícias. Neste caso, será possível pedir a anulação do negócio jurídico por erro (defeito dos negócios jurídicos). O vício redibitório tem natureza objetiva (vício oculto da coisa), ao passo que o erro quanto às qualidades essenciais do objeto é subjetivo, pois reside na manifestação de vontade. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; Ex: se você quer comprar um relógio de ouro e compra um qualquer, achando que é de ouro só por ser dourado, há erro quanto às qualidades essenciais do objeto. Se, no entanto, o relógio de ouro, mas não funciona por causa de um defeito de uma peça interna, a hipótese é de vício redibitório. 4) Coisa vendida em hasta pública. O CC de 1916 tinha regra expressa. Dizia o art. 1106: Se a coisa for vendida em hasta pública, não cabe a ação redibitória, nem a de pedir abatimento no preço”. Como o novo CC não trouxe tal regra, o adquirente lesado, em qualquer caso, mesmo no de venda em hasta pública, propor ação edilícia se constatar vício redibitório. EVICÇÃO Evicção é a perda ou desapossamento de um bem, por força de decisão judicial ou, excepcionalmente, administrativa, em razão de um defeito jurídico anterior à alienação. Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, a qual a atribui a coisa a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. O alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também a garantir-lhe o uso e gozo. A evicção resta caracterizada quando o adquirente perde, total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior. O fundamento da evicção é o princípio da garantia, o mesmo em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 101 Há um conjunto de garantias a que todo alienante está obrigado, por lei, na transferência da coisa ao adquirente. Deve fazer boa a coisa vendida, tanto no sentido de que ela possa ser usada para os fins a que se destina, como no de resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiro e o risco de vir a ser privado da coisa ou de sua posse e uso pacífico, pela reivindicação promovida com sucesso por terceiro, ressarcindo-o caso se consume a evicção. Quem compra o bem e o perde é denominado “evicto” e o legítimo proprietário é o “evictor”. Ex: Alisson é estelionatário e uso de documentos falsos para vender um imóvel que é de André. Se Maria compra esse imóvel e André verifica que houve transferência da propriedade sem sua anuência, ele vai pedir o bem e o juiz concederá. Maria vai ficar no prejuízo? Não. Ela vai cobrar de Alisson. A evicção impõe ao alienante o dever de indenizar o adquirente, mas e se ele sumir? Que alternativa sobra ao adquirente? Sentar e chorar. A evicção é a perda da coisa por decisão judicial ou administrativa, certo? Pensemos em um exemplo de evicção caracterizada pela perda da coisa por decisão administrativa. André furta (ou rouba) o carro de Alisson e, em seguida, vende este carro pra Kathy. Kathy, depois uns dias, está andando elegantemente pela cidade quando é parada em uma blitz, na qual o policial verifica, após consulta ao site do DETRAN, que o carro é roubado. A providência que ele adota é encaminhar o carro e o condutor à Delegacia de repressão a Furtos e roubos. Lá, o delegado vai ligar para o verdadeiro dono e vai entregar o carro. Trata-se de exemplo de perda da coisa por decisão administrativa. STJ : Quando a evicção decorrer de um ilícito criminal, a perda da coisa pode se dar em virtude de decisão administrativa.Lembre-se! A regra geral é que a perda da coisa se dê em virtude de decisão judicial. VENDA DE COISA LITIGIOSA O evicto só poderá cobrar do alienante os direitos que da evicção lhe resultam se estiver de boa-fé. Se o evicto comprou o bem sabendo que a coisa era alheia ou litigiosa, ele não poderá demandar indenização em face do alienante. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 102 Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Se a coisa for alheia, haverá evicção. Se a coisa for litigiosa, haverá venda de coisa litigiosa. CPC - Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes. § 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. § 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário. Essa responsabilidade decorrente da evicção pode ser excluída? Ou reforçada? Ex: Eu quero vender uma blusa. Juliano pergunta onde eu comprei e eu digo que foi num brechó de Aparecida de Goiânia. Ele diz que não quer comprar porque tem medo de se tratar de coisa roubada e gerar problemas pra ele. Eu, por ser muito amigo da dona do Brechó, Kathy, digo a Juliano que ele pode comprar sem medo porque, se ele perder o bem, eu devolvo, em dobro, o valor que ele pagar. NESSE CASO ESTÁ SENDO REFORÇADA A GARANTIA DA EVICÇÃO. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Pode-se diminuir também. No exemplo do brechó, por exemplo, eu, por não confiar na dona do brechó, posso vender por um preço bem baixo e ficar responsável, em caso de evicção, por devolver metade do valor pago. É possível a exclusão? O art. 448 diz que sim... Mas não é bem assim. Nem sempre é possível... Vocês concordam comigo que é, no mínimo, perigosa, uma cláusula que exclua inteiramente a responsabilidade pela evicção? Cuidado com a boa-fé. Para que esta causa de exclusão seja válida, há dois requisitos cumulativos: 1) O evicto deve ter sido informado do risco da evicção 2) O evicto deve ter assumido o risco da evicção Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 103 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Para facilitar, utilize as seguintes fórmulas, criadas por Washington de Barros Monteiro: 1) Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento e assunção do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante 2) Cláusula expressa de exclusão da garantia + desconhecimento do risco ou não assunção do risco, se dele informado = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo evicto (adquirente da coisa evicta) (XII EXAME) José celebrou com Maria um contrato de compra e venda de imóvel, no valor de R$100.000,00, quantia paga à vista, ficando ajustada entre as partes a exclusão da responsabilidade do alienante pela evicção. A respeito desse caso, vindo a adquirente a perder o bem em decorrência de decisão judicial favorável a terceiro, assinale a afirmativa correta. A) Tal cláusula, que exonera o alienante da responsabilidade pela evicção, é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. B) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, se Maria não sabia do risco, ou, dele informada, não o assumiu, deve José restituir o valor que recebeu pelo bem imóvel. C) Não obstante a cláusula de exclusão da responsabilidade pela evicção, Maria, desconhecendo o risco, terá direito à dobra do valor pago, a título de indenização pelos prejuízos dela resultantes. D) O valor a ser restituído para Maria será aquele ajustado quando da celebração do negócio jurídico, atualizado monetariamente, sendo irrelevante se tratar de evicção total ou parcial. GAB: B Não havendo a referida cláusula de exclusão da garantia pela evicção, a responsabilidade do alienante será plena, podendo o evicto pleitear, nos termos do artigo 450 do CC, nos casos de evicção total: Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 104 III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Em relação ao preço da coisa, havendo evicção total ou parcial, respectivamente, será o do valor da coisa à época em que ocorreu a perda total ou proporcional ao desfalque sofrido em se tratando de evicção parcial. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Essa norma veda o enriquecimento sem causa, pois leva em conta o momento efetivo da perda. EVICÇÃO PARCIAL Eu compro um bem e o perco pela evicção. Mas e se eu perder apenas parte do bem? Imagine que eu compre de Juliano cem cabeças de gado (100 mil reais, sendo mil cada uma), sendo que dessas 100, 80 eram roubadas de Alisson e são perdidas pela evicção. Eu perdi as 80, mas fiquei com 20, e aí? Você deve verificar se esta perda é considerável ou é irrisória. Se for considerável, o evicto pode optar pela rescisão do contrato (devolução do dinheiro em virtude do desfazimento do negócio), ou pelo abatimento proporcional do preço (pedindo indenização de oitenta mil, que corresponde ao valor das 80 vacas perdidas em virtude da evicção). Se a perda for irrisória, como por exemplo, se eu tivesse perdido 5 das 100 vacas que havia comprado de Juliano, eu não posso pedir rescisão do contrato. A única opção do evicto é pedir indenização correspondente às 5 vacas perdidas. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. O grande problema é justamente saber o que é evicção parcial considerável. Esta regra também está em sintonia com a vedação do enriquecimento sem causa. Em regra, afirma-se que é aquela que supera a metade do valor do bem, entretanto, também pode se levar em conta a essencialidade da parte perdida em relação às finalidades sociais e econômicas do contrato. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVILProfessores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 105 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS! Ex: parte menor da fazenda perdida é justamente a sua parte produtiva. A evicção aqui é parcial, mas considerável, cabendo a rescisão contratual. CUIDADO! O artigo 456 e seu parágrafo único foram revogados pelo novo CPC. A matéria relativa à denunciação ficou inteiramente tratada no novo Código, em seu artigo 125: Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Os direitos obrigacionais gerados pelo contrato, ao contrário dos direitos reais, que tendem à perpetuidade, caracterizam-se pela temporalidade. Não há contrato eterno. A extinção, em regra, dá-se pela execução, seja ela instantânea, diferida ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do contrato. Comprova-se o pagamento pela quitação fornecida pelo credor, observados os requisitos exigidos no artigo 320 do CC: Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Algumas vezes, todavia, o contrato pode ser extinto sem ter alcançado sua finalidade, ou seja, sem que as obrigações tenham sido cumpridas. Várias causas acarretam essa extinção, sendo algumas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato e outras supervenientes. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 106 Causas anteriores ou contemporâneas: I – nulidade absoluta e relativa (166 e 171) II – cláusula resolutiva (expressa ou tácita) III – direito de arrependimento (convencionado) CLÁUSULA RESOLUTIVA Cada contraente, na execução do contrato, tem a faculdade de pedir a resolução do contrato se o outro não cumpre as obrigações avençadas. Essa faculdade pode resultar de convenção (cláusula resolutiva expressa, também chamada de pacto comissório expresso), ou de presunção legal (cláusula resolutiva tácita ou implícita). A cláusula resolutiva tácita é presumida em todo contrato sinalagmático, permitindo ao lesado pelo inadimplemento pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. O contratante pontual tem, ante o inadimplemento da outra parte, a alternativa de resolver o contrato ou de exigir da parte inadimplente o cumprimento do contrato mediante a execução específica. Em quaisquer das hipóteses, ele fará jus à indenização por perdas e danos. (XXV Exame) Em 05 de dezembro de 2016, Sérgio, mediante contrato de compra e venda, adquiriu de Fernando um computador seminovo (ano 2014) da marca Massa pelo valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi integralizado à vista, no mesmo dia, e foi previsto no contrato que o bem seria entregue em até um mês, devendo Fernando contatar Sérgio, por telefone, para que este buscasse o computador em sua casa. No contrato, também foi prevista multa de R$ 500,00 caso o bem não fosse entregue no prazo combinado. Em 06 de janeiro de 2017, Sérgio, muito ansioso, ligou para Fernando perguntando pelo computador, mas teve como resposta que o atraso na entrega se deu porque a irmã de Fernando, Ana, que iria trazer um computador novo para ele do exterior, tinha perdido o voo e só chegaria após uma semana. Por tal razão, Fernando ainda dependia do computador antigo para trabalhar e não poderia entregá-lo de imediato a Sérgio. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 107 A) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) ou a cláusula penal de R$ 500,00, não podendo ser cumulada a multa com a obrigação principal. B) Sérgio poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem) simultaneamente à multa de R$ 500,00, tendo em vista ser cláusula penal moratória. C) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a execução específica da obrigação (entrega do bem), não a multa, pois o atraso foi por culpa de terceiro (Ana), e não de Fernando. D) Sérgio somente poderá exigir de Fernando a cláusula penal de R$ 500,00, não a execução específica da obrigação (entrega do bem), que depende de terceiro (Ana). Gab: B (veja cláusula penal moratória). Teoria do adimplemento substancial O adimplemento substancial do contrato tem sido reconhecido pela doutrina como impedimento à resolução unilateral do contrato. Se a parte, embora inadimplemente, tiver quase que integralmente as obrigações pactuadas, não será possível a resolução unilateral. O fundamento lógico de tal teoria funda-se no fato de que o descumprimento insignificante da avença não se mostra apto a possibilitar a extinção do contrato, pois isso violaria a preservação das relações contratuais e, consequentemente, a função social dos contratos. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. (XXVII Exame) Renata financiou a aquisição de seu veículo em 36 parcelas e vinha pagando pontualmente todas as prestações. Entretanto, a recente perda de seu emprego fez com que não conseguisse manter em dia a dívida, tendo deixado de pagar, justamente, as duas últimas prestações (35ª e 36ª). O banco que financiou a aquisição, diante do inadimplemento, optou pela resolução do contrato. Tendo em vista o pagamento das 34 parcelas anteriores, pode-se afirmar que a conduta da instituição financeira viola o princípio da boa-fé, em razão do(a) A) dever de mitigar os próprios danos. B) proibição de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). C) adimplemento substancial. D) dever de informar. Gabarito “C” Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem –Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 108 Cláusula resolutiva expressa: O CC prevê a cláusula resolutiva expressa sem qualquer limitação, seja quanto à natureza do contrato, seja quanto à parte beneficiada. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Tanto no caso de cláusula resolutiva expressa quanto no da tácita, a resolução deve ser judicial, ou seja, depende de pronunciamento do Judiciário. No primeiro, todavia, a sentença tem efeito declaratório (ex tunc), já que a resolução se caracteriza no momento do inadimplemento. Em se tratando de cláusula resolutiva tácita, a sentença tem efeito desconstitutivo, dependendo, portanto, de interpelação judicial. No processo, será examinada a validade da cláusula, bem como a importância do inadimplemento. DIREITO DE ARREPENDIMENTO O arrependimento, quando expressamente previsto no contrato, autoriza qualquer uma das partes a rescindir o ajuste, mediante declaração unilateral da vontade, sujeitando-se à perda do sinal (arras penitenciais – art. 420) ou à sua devolução em dobro sem, no entanto, pagar indenização suplementar. Lembrem-se que as arras penitenciais (ao contrário das arras confirmatórias – art. 418) só se caracterizam quando ficar estipulado entre as partes o direito ao arrependimento. O direito de arrependimento deve ser exercido no prazo convencionado ou antes da execução do contrato se nada foi estipulado a esse respeito, pois o inadimplemento importará renúncia tácita àquele direito. O CDC concede ao consumidor o direito de desistir do contrato, no prazo de 7 dias, sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial, especialmente quando for por telefone ou em domicílio, com direito à devolução do que pagou, sem a obrigação de indenizar perdas e danos. Esse é um caso especial de arrependimento, com desfazimento do contrato por ato unilateral do consumidor, cujo fundamento é a impossibilidade de reflexão necessária. Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 109 CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO I) Resolução (extinção do contrato): a) Por inexecução voluntária ou involuntária b) Em razão de declaração judicial quanto à caracterização de onerosidade excessiva II) Resilição (extinção pela vontade): a) De ambas as partes – distrato b) Unilateral (denúncia, revogação (ou renúncia) e resgate) EXTINÇÃO POR FATOS POSTERIORES À CELEBRAÇÃO O contrato pode ser extinto por fatos anteriores ou contemporâneos à sua celebração (como a nulidade e a anulabilidade, a cláusula resolutiva e o direito de arrependimento), bem como por fatos posteriores. Haverá resolução quando a extinção do contrato se der por descumprimento. Ela se caracteriza quando um dos contraentes não consegue cumprir a prestação avençada, em razão de situações supervenientes, que impedem ou prejudicam a sua execução. a) RESOLUÇÃO POR INEXECUÇÃO VOLUNTÁRIA (art. 389) É aquela que decorre do comportamento culposo de um dos contraentes, com prejuízo ao outro. Produz efeitos ex tunc, extinguindo o que foi pactuado. O inadimplente fica obrigado ao pagamento de: - perdas e danos; e - da cláusula penal, convencionada para o caso de total inadimplemento da prestação (cláusula penal compensatória – art. 410 – descumprimento total da obrigação), ou para evitar o retardamento (cláusula penal moratória). Se o contrato for de trato sucessivo, os efeitos do inadimplemento serão ex nunc¸ já que a resolução não produz efeitos em relação ao passado, não se restituindo as prestações já cumpridas. CUIDADO! Se uma parte manifestou sempre tolerância por uma certa margem de atraso ou de pagamento de valor inexato, pouco inferior ao convencionado, “isto pode ter relevância para excluir a possibilidade de resolução do contrato por falta de cumprimento integral”. Trata-se de aplicação do princípio da boa-fé. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 110 b) RESOLUÇÃO POR INEXECUÇÃO INVOLUNTÁRIA A resolução do contrato pode também decorrer de fato não imputável às partes, como sucede nas hipóteses de ação de terceiro ou de acontecimentos inevitáveis, alheios à vontade dos contratantes, denominados de caso fortuito ou força maior. A inexecução involuntária caracteriza-se pela impossibilidade superveniente de cumprimento do contrato. Ela deve ser objetiva (não se referir à pessoa do devedor), total (se for parcial ou de pequena proporção, o credor pode ter interesse em que, mesmo assim, o contrato seja cumprido) e definitiva (afinal, a impossibilidade temporária implica a suspensão do contrato). O inadimplente não fica, no caso de inexecução involuntária, responsável pelo pagamento de perdas e danos, salvo se expressamente obrigou-se a ressarcir “os prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior” ou estiver “em mora”. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. Só haverá responsabilidade por caso fortuito ou força maior nas seguintes situações: 1) Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso (art. 399); 2) Havendo previsão no contrato para a responsabilização por esses eventos por meio da cláusula de assunção convencional (art. 393), cuja validade é discutível nos contratos de consumo e de adesão; 3) Em casos específicos, como o do art. 583 do CC, referente ao contrato de comodato. “Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 111 a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.” A resolução opera de pleno direito, portanto, cabe a intervenção judicial para proferir sentença declaratória,obrigando o contratante a restituir o que recebeu. O efeito é retroativo, da mesma forma que a resolução por inexecução voluntária. A diferença é que aqui, não responde o devedor por perdas e danos. Resolução por onerosidade excessiva: A teoria da imprevisão teve origem na Idade Média, mediante a constatação de que fatores externos podem gerar, quando da execução da avença, uma situação diversa da que existia no momento da celebração, onerando excessivamente o devedor. Desenvolve-se com o nome de rebus sic stantibus e consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. No Brasil, a teoria recebeu a denominação de teoria da imprevisão. PS: Desculpem-me pelo tamanho. Infelizmente, a matéria é extensa e quis facilitar, colocando os artigos. No que tange aos contratos em espécie, vou listar alguns artigos que merecem ser lidos com atenção, por conter algumas peculiaridades de cada uma das espécies contratuais. Compra e venda – 482, 485, 489, 492, 496, 499, 504, 507, 513, 518, 520, 522, 525 e 526. Troca e Estimatório – 533, 536 e 537 Doação – 539, 544, 547, 549, 550, 553, 555, 555 a 564 Comodato – 579, 583, 584 e 585 Mútuo – 587, 589, 592 Depósito – 627, 628, 629, 632, 640, 644 Mandato – 655, 658, 661, 666, 667, 675, 682 a 691 Transporte – 734, 735, 736, 740, 742 Fiança – 819, 820, 822, 823, 825, 827, 828, 831, 836, 837, 838, 839. Para vocês treinarem após a leitura, seguem algumas questões já cobradas no Exame: (XI EXAME) Visando ampliar sua linha de comércio, Mac Geral & Companhia adquiriu de AC Industrial S.A. mil unidades do equipamento destinado à fabricação de churros. Dentre as cláusulas contratuais firmadas pelas partes, fez-se inserir a obrigação de Mac Geral & Companhia realizar o transporte dos Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 112 equipamentos, exclusivamente e ao preço de R$100,00 por equipamento, por meio de Rota Transportes Ltda., pessoa estranha ao instrumento contratual assinado. Com relação aos contratos civis, assinale a afirmativa incorreta. A) AC Industrial S.A. poderá exigir de Mac Geral & Companhia o cumprimento da obrigação firmada em favor de Rota Transportes Ltda. B) Ao exigir o cumprimento da obrigação, Rota Transportes Ltda. deverá efetuar o transporte ao preço previamente ajustado pelas partes contratantes. C) Somente Rota Transportes Ltda. poderá exigir o cumprimento da obrigação. D) AC Industrial S/A poderá reservar-se o direito de substituir Rota Transportes Ltda., independentemente de sua anuência ou de Mac Geral & Companhia. GAB: C (XI EXAME) A Lanchonete Mirim celebrou contrato de fornecimento de bebidas com a Distribuidora Céu Azul, ficando ajustada a entrega mensal de 200 latas de refrigerante, com pagamento em 30 dias após a entrega. Para tanto, Luciana, mãe de uma das sócias da lanchonete, sem o conhecimento das sócias da sociedade e de seu marido, celebrou contrato de fiança, por prazo indeterminado, com a distribuidora, a fim de garantir o cumprimento das obrigações assumidas pela lanchonete. Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta. A) Luciana não carece da autorização do cônjuge para celebrar o contrato de fiança com a sociedade Céu Azul, qualquer que seja o regime de bens. B) Pode-se estipular a fiança, ainda que sem o consentimento do devedor ou mesmo contra a sua vontade, sendo sempre por escrito e não se admitindo interpretação extensiva. C) Em caso de dação em pagamento, se a distribuidora vier a perder, por evicção, o bem dado pela lanchonete para pagar o débito, remanesce a obrigação do fiador. D) Luciana não poderá se exonerar, quando lhe convier, da fiança que tiver assinado, ficando obrigada por todos os efeitos da fiança até a extinção do contrato de fornecimento de bebidas. GAB: B (XIII EXAME) Pedro, menor impúbere, e sem o consentimento de seu representante legal, celebrou contrato de mútuo com Marcos, tendo este lhe entregue a quantia de R$400,00, a fim de que pudesse comprar uma bicicleta. A respeito desse caso, assinale a afirmativa incorreta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 113 A) O mútuo poderá ser reavido somente se o representante legal de Pedro ratificar o contrato. B) Se o contrato tivesse por fim suprir despesas com a própria manutenção, o mútuo poderia ser reavido, ainda que ausente ao ato o representante legal de Pedro. C) Se Pedro tiver bens obtidos com o seu trabalho, o mútuo poderá ser reavido, ainda que contraído sem o consentimento do seu representante legal. D) O mútuo também poderia ser reavido caso Pedro tivesse obtido o empréstimo maliciosamente. GAB: A (XIV EXAME) Marina comprometeu-se a obter para Mônica um negócio de compra e venda de um imóvel para que ela pudesse abrir seu curso de inglês. Marina encontrou uma grande sala em um prédio bem localizado e informou a Mônica que entraria em contato com o vendedor para saber detalhes do imóvel. A partir da hipótese apresentada, assinale a opção correta. A) Marina marca uma reunião entre o vendedor e Mônica, mas o negócio não se realiza por arrependimento das partes. Sem pagar a comissão, Mônica dispensa Marina, que reclama seu pagamento, explicando que conseguiu o negócio e que não importa se não ocorreu a compra da sala. B) Passado o prazo contratual para a obtenção do negócio, o próprio vendedor entra em contato com Mônica para celebrar o negócio, liberando-a, portanto, de pagar a comissão de Marina. C) Como a obrigação de Marina é apenas de obtenção do negócio, a responsabilidade pela segurança e pelo risco é apenas do vendedor, sendo desnecessário que Marina se preocupe com esses detalhes. D) A remuneração de Marina deve ser previamente ajustada entre as partes; caso contrário, Mônica pagará o valor que achar suficiente. GAB: A (XVI EXAME) Maria entregou à sociedade empresária JL Veículos Usados um veículo Vectra, ano 2008, de sua propriedade, para ser vendido pelo valor de R$ 18.000,00. Restou acordado que o veículo ficaria exposto na loja pelo prazo máximo de 30 dias. Considerando a hipótese acima e as regras do contrato estimatório, assinale a afirmativa correta. A) O veículo pode ser objeto de penhora pelos credores da JL Veículos Usados, mesmo que não pago integralmente o preço. B) A sociedade empresária JL Veículos Usados suportará a perda ou deterioração do veículo, não se eximindo da obrigação de pagar o preço ajustado, ainda que a restituição se impossibilite sem sua culpa. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 114 C) Ainda que não pago integralmente o preço a Maria, o veículo consignado poderá ser objeto de penhora, caso a sociedade empresária JL Veículos Usados seja acionada judicialmente por seus credores. D) Maria poderá dispor do veículo enquanto perdurar o contrato estimatório, com fundamento na manutenção da reserva do domínioe da posse indireta da coisa. GAB: B (IV EXAME) Jonas, maior e capaz, confiou em depósito a Silas, também maior e capaz, por instrumento particular, dois automóveis de sua propriedade para serem conservados por seis meses, estabelecendo, como remuneração, o pagamento de certa quantia em dinheiro a Silas. Findo o prazo, caberia a Silas restituir os automóveis na residência de Jonas. Na vigência do depósito, Silas decidiu, certo dia, utilizar um dos automóveis para ir ao trabalho e, quando já regressava, foi abalroado, sem culpa sua, por seu vizinho Francisco, em uma moto, amassando a porta lateral direita. Transcorrido o prazo ajustado, Silas providenciou a entrega dos dois automóveis no local estipulado. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Jonas: A) Não deve pagar a Silas as despesas relativas à manutenção dos dois automóveis durante o período ajustado. B) Deve cobrar diretamente de Francisco as despesas referentes ao conserto da porta lateral direita. C) Deve arcar com as despesas referentes à restituição dos dois automóveis no local estipulado. D) Poderá reter integralmente o valor da contraprestação em dinheiro devido a Silas, tendo em vista a ocorrência do acidente com um dos automóveis. GAB: C (IV EXAME) Gustavo tornou-se fiador do seu amigo Henrique, em razão de operação de empréstimo bancário que este tomou com o Banco Pechincha. No entanto, Gustavo, apreensivo, descobriu que Henrique está desempregado há algum tempo e que deixou de pagar várias parcelas do referido empréstimo. Sem o consentimento de Gustavo, Henrique e o Banco Pechincha aditaram o contrato original, tendo sido concedida moratória a Henrique. Com base no relato acima e no regime legal do contrato de fiança, assinale a alternativa correta. A) Por ter a fiança o objetivo de garantir o débito principal, sendo acessória a este, deve ela ser de valor igual ao da obrigação principal e ser contraída nas mesmas condições de onerosidade de tal obrigação. B) Gustavo não poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança até o efetivo pagamento do débito principal. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 115 C) A concessão da moratória pelo Banco Pechincha a Henrique, tal como narrado, não tem o condão de desobrigar o fiador. D) Se o Banco Pechincha, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra Henrique, poderá Gustavo promover-lhe o andamento. GAB: D (V EXAME) Em instrumento particular, subscrito por duas testemunhas, um menor de 16 anos, sem bens, não estabelecido com economia própria nem exercendo atividade laborativa e sendo apenas estudante do curso secundário, tomou por empréstimo a uma vizinha, sua amiga, a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para participar de uma campanha de doação de fundos para seu time de futebol, autorizando que a referida mutuante entregasse, em nome do mutuário, a referida importância diretamente ao clube esportivo, o que foi feito. Não foi fixado prazo para pagamento do mútuo, nem houve previsão de juros, exigindo, entretanto, a credora, a fiança de dois amigos do mutuário, solteiros, maiores e capazes. Recusando-se a pagar o empréstimo, foram procurados o pai e a mãe do mutuário, os quais se negaram a ratificar o empréstimo e se negaram a honrá-lo, sob o argumento de que não o haviam autorizado. Em face disso, assinale a alternativa correta. A) Esse mútuo não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. B) Presumem-se devidos os juros pelo mutuário e por seus fiadores. C) Esse mútuo é uma obrigação que apenas vincula o menor e, assim, quando vencido e não restituído, poderá ser cobrado apenas do mutuário, não sendo exigível dos fiadores, perante os quais é absolutamente ineficaz. D) Não é válida, no caso, a negativa dos pais em honrar o empréstimo, que poderá ser cobrado deles, mas sem juros. GAB:A (VI EXAME) Marcelo, brasileiro, solteiro, advogado, sem que tenha qualquer impedimento para doar a casa de campo de sua livre propriedade, resolve fazê-lo, sem quaisquer ônus ou encargos, em benefício de Marina, sua amiga, também absolutamente capaz. Todavia, no âmbito do contrato de doação, Marcelo estipula cláusula de reversão por meio da qual o bem doado deverá se destinar ao patrimônio de Rômulo, irmão de Marcelo, caso Rômulo sobreviva à donatária. A respeito dessa situação, é correto afirmar que: A) Diante de expressa previsão legal, não prevalece a cláusula de reversão estipulada em favor de Rômulo. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 116 B) No caso, em razão de o contrato de doação, por ser gratuito, comportar interpretação extensiva, a cláusula de reversão em favor de terceiro é válida. C) A cláusula em exame não é válida em razão da relação de parentesco entre o doador, Marcelo, e o terceiro beneficiário, Rômulo. D) Diante de expressa previsão legal, a cláusula de reversão pode ser estipulada em favor do próprio doador ou de terceiro beneficiário por aquele designado, caso qualquer deles, nessa ordem, sobreviva ao donatário. GAB: A (VII EXAME) O policial militar Marco Antônio é proprietário de uma casa de praia, localizada no balneário de Guarapari/ES. Por ocasião de seu exercício profissional na cidade de Vitória/ES, a casa de praia foi emprestada ao seu primo Fabiano, que lá reside com sua família há mais de três anos. Ocorre que, por interesse da administração pública, Marco Antônio foi removido de ofício para a cidade de Guarapari/ES. Diante de tal situação, Marco Antônio decidiu notificar extrajudicialmente o primo para que este desocupe a referida casa no prazo improrrogável de 30 dias. Considerando a situação hipotética, assinale a alternativa correta. A) O contrato firmado verbalmente entre Marco Antônio e Fabiano é o comodato e a fixação do prazo mínimo de 30 dias para desocupação do imóvel encontra‐se expressa em lei. B) Conforme entendimento pacífico do STJ, a notificação extrajudicial para desocupação de imóvel dado em comodato verbal por prazo indeterminado é imprescindível para a reintegração da posse. C) A espécie de empréstimo firmado entre Marco Antônio e Fabiano é o mútuo, pois recai sobre bem imóvel inconsumível. Nesta modalidade de contrato, a notificação extrajudicial para a restituição do bem, por si só, coloca o mutuário em mora e obriga‐o a pagar aluguel da coisa até sua efetiva devolução. D) Tratando‐se de contrato firmado verbalmente e por prazo indeterminado, Marco Antônio pode colocar fim ao contrato a qualquer momento, sem ter que apresentar motivo, em decorrência da aplicação das regras da chamada denúncia vazia. GAB: D (IX EXAME) Marcelo firmou com Augusto contrato de compra e venda de imóvel, tendo sido instituindo no contrato o pacto de preempção. Acerca do instituto da preempção, assinale a afirmativa correta. A) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo se reserva ao direito de recobrar o imóvel vendido a Augusto no prazo máximo de 3 anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida DaficoRamos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 117 B) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo impõe a Augusto a obrigação de oferecer a coisa quando vender, ou dar em pagamento, para que use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. C) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo reserva para si a propriedade do imóvel até o momento em que Augusto realize o pagamento integral do preço. D) Trata-se de pacto adjeto ao contrato de compra e venda em que Marcelo, enquanto constituir faculdade de exercício, poderá ceder ou transferir por ato inter vivos. GAB: B (IX EXAME) Tiago celebrou com Ronaldo contrato de compra e venda de dez máquinas de costura importadas da China. Restou acordado que o pagamento se daria em trinta e seis prestações mensais e consecutivas com reajuste a cada doze meses conforme taxa Selic, a ser efetuado no domicílio do credor. O contrato estabeleceu, ainda, a incidência de juros moratórios, no importe de 2% (dois por cento) do valor da parcela em atraso, e cláusula penal, fixada em 10% (dez por cento) do valor do contrato, em caso de inadimplência. Após o pagamento de nove parcelas, Tiago foi surpreendido com a notificação extrajudicial enviada por Ronaldo, em que se comunicava um reajuste de 30% (trinta por cento) sobre o valor da última parcela paga sob o argumento de que ocorreu elevada desvalorização no câmbio. Tiago não concordou com o reajuste e ao tentar efetuar o pagamento da décima parcela com base no valor inicialmente ajustado teve o pagamento recusado por Ronaldo. Considerando o caso acima e as regras previstas no Código Civil, assinale a afirmativa correta. A) Caso Tiago consigne o valor da décima parcela por meio de depósito judicial, poderá levantá- lo enquanto Ronaldo não informar o aceite ou não o impugnar, desde que pague todas as despesas. B) Na hipótese de Tiago consignar judicialmente duas máquinas de costura com a finalidade de afastar a incidência dos encargos moratórios e da cláusula penal, este depósito será apto a liberá-lo da obrigação assumida. C) O depósito consignatório realizado por Tiago em seu domicílio terá o poder liberatório do vínculo obrigacional, isentando-o do pagamento dos juros moratórios e da cláusula penal. D) Tiago poderá depositar o valor referente à décima parcela sob o fundamento de injusta recusa, porém não poderá discutir, no âmbito da ação consignatória, a abusividade ou ilegalidade das cláusulas contratuais. GAB: A Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 118 (X EXAME) De acordo com o Código Civil, opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em nome deste, praticar atos ou administrar interesses. Daniel outorgou a Heron, por instrumento público, poderes especiais e expressos, por prazo indeterminado, para vender sua casa na Rua da Abolição, em Salvador, Bahia. Ocorre que, três dias depois de lavrada e assinada a procuração, em viagem para um congresso realizado no exterior, Daniel sofre um acidente automobilístico e vem a falecer, quando ainda fora do país. Heron, no mesmo dia da morte de Daniel, ignorando o óbito, vende a casa para Fábio, que a compra, estando ambos de boa-fé. De acordo com a situação narrada, assinale a afirmativa correta. A) A compra e venda é nula, em razão de ter cessado o mandato automaticamente, com a morte do mandante. B) A compra e venda é válida, em relação aos contratantes. C) A compra e venda é inválida, em razão de ter o mandato sido celebrado por prazo indeterminado, quando deveria, no caso, ter termo certo. D) A compra e venda é anulável pelos herdeiros de Daniel, que podem escolher entre corroborar o negócio realizado em nome do mandante falecido, revogá-lo, ou cobrar indenização do mandatário. GABARITO: B (XVII EXAME) Flávia vendeu para Quitéria seu apartamento e incluiu, no contrato de compra e venda, cláusula pela qual se reservava o direito de recomprá-lo no prazo máximo de 2 (dois) anos. Antes de expirado o referido prazo, Flávia pretendeu exercer seu direito, mas Quitéria se recusou a receber o preço. Sobre o fato narrado, assinale a afirmativa correta. A) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é ilícita e abusiva, uma vez que Quitéria, ao se tornar proprietária do bem, passa a ter total e irrestrito poder de disposição sobre ele. B) A cláusula pela qual Flávia se reservava o direito de recomprar o imóvel é válida, mas se torna ineficaz diante da justa recusa de Quitéria em receber o preço devido. C) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de preferência, a impor ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa, mas somente quando decidir vendê- la. D) A disposição incluída no contrato é uma cláusula de retrovenda, entendida como o ajuste por meio do qual o vendedor se reserva o direito de resolver o contrato de compra e venda mediante pagamento do preço recebido e das despesas, recuperando a coisa imóvel. GAB: D Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 119 (XVIII EXAME) Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta de José, entende-se que A) O adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário José. B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de encerrado o prazo da locação celebrada com José. C) É possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à restituição da coisa em favor de Otávio. D) É possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituo possessório em favor de Otávio. GAB: C (XXI EXAME) João e Maria casaram-se, no regime de comunhão parcial de bens, em 2004. Contudo, em 2008, João conheceu Vânia e eles passaram a ter um relacionamento amoroso. Separando-se de fato de Maria, João saiu da casa em que morava com Maria e foi viver com Vânia, apesar de continuar casado com Maria. Em 2016, João, muito feliz em seu novo relacionamento, resolve dar de presente um carro 0 km da marca X para Vânia. Considerando a narrativa apresentada, sobre o contrato de doação celebrado entre João, doador, e Vânia, donatária, assinale a afirmativa correta. A) É nulo, pois é hipótese de doação de cônjuge adúltero ao seu cúmplice. B) Poderá ser anulado, desde que Maria pleiteie a anulação até dois anos depois da assinatura do contrato. C) É plenamente válido, porém João deverá pagar perdas e danos à Maria. D) É plenamente válido, pois João e Maria já estavam separados de fato no momento da doação. GAB: D (XXI EXAME) Tiago celebrou contrato de empreitadacom a sociedade Obras Já Ltda. para a construção de piscina e duas quadras de esporte em sua casa de campo, pelo preço total de R$ 50.000,00. No contrato ficou estabelecido que a empreiteira seria responsável pelo fornecimento dos materiais necessários à execução da obra. Durante a obra, ocorreu uma enchente que alagou a região e parte do material a ser usado na obra foi Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 120 destruída. A empreiteira, em razão disso, entrou em contato com Tiago cobrando um adicional de R$ 10.000,00 para adquirir os novos materiais necessários para terminar a obra. Diante dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, ainda que a destruição do material não tenha ocorrido por culpa do devedor. B) Tiago não terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, porém a empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra, tendo em vista a ocorrência de um fato fortuito ou de força maior. C) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00, tendo em vista que a destruição do material não foi causada por um fato fortuito ou de força maior. D) Tiago terá que arcar com o adicional de R$ 10.000,00 e a empreiteira não está mais obrigada a terminar a obra, ante a ocorrência de um caso fortuito ou de força maior. GAB: A (XXII EXAME) João e Maria, casados e donos de extenso patrimônio, celebraram contrato de fiança em favor de seu filho, Carlos, contrato este acessório a contrato de locação residencial urbana, com duração de 30 meses, celebrado entre Carlos, locatário, e Marcelo, proprietário do apartamento e locador, com vigência a partir de 1º de setembro de 2015. Contudo, em novembro de 2016, Carlos não pagou o aluguel. Considerando que não houve renúncia a nenhum benefício pelos fiadores, assinale a afirmativa correta. A) Marcelo poderá́ cobrar diretamente de João e Maria, fiadores, tendo em vista que eles são devedores solidários do afiançado, Carlos. B) Marcelo poderá́ cobrar somente de João, tendo em vista que Maria não é fiadora, mas somente deu a outorga uxória. C) Marcelo poderá́ cobrar de Carlos, locatário, mas não dos fiadores, pois não respondem pela dívida do contrato de locação. D) Marcelo poderá́ cobrar de João e Maria, fiadores, após tentar cobrar a dívida de Carlos, locatário, tendo em vista que os fiadores são devedores subsidiários. GAB: D (XXIII EXAME) Cássio, mutuante, celebrou contrato de mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses. Foi combinado que a entrega do dinheiro seria feita no parque da cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 121 no caminho de casa. Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o pagamento da quantia emprestada, mas este respondeu que não seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua vontade. Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpa do devedor, Felipe. C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, Felipe. GAB: A (XXIII EXAME) Brito contratou os serviços da corretora Geru para mediar a venda de um imóvel em Estância. O cliente ajustou com a corretora verbalmente que lhe daria exclusividade, fato presenciado por cinco testemunhas. A corretora, durante o tempo de vigência do (contrato seis meses), anunciou o imóvel em veículos de comunicação de Estância, mas não conseguiu concretizar a venda, realizada diretamente por Brito com o comprador, sem a mediação da corretora. Considerando as informações e as regras do Código Civil quanto ao pagamento de comissão, assinale a afirmativa correta. A) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o contrato de corretagem foi celebrado por prazo determinado. B) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque a corretagem foi ajustada com exclusividade, ainda que verbalmente. C) A corretora não faz jus ao pagamento da comissão, porque o negócio foi iniciado e concluído diretamente entre as partes, sem a sua mediação. D) A corretora faz jus ao pagamento da comissão, porque envidou todos os esforços para o êxito da mediação, que não se concluiu por causa alheia à sua vontade. GAB: C Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 122 RESPONSABILIDADE CIVIL A responsabilidade civil pode ser contratual ou extracontratual. A contratual foi estudada no Direito das Obrigações, por ocasião da análise dos artigos 389, 393 e 399, todos do Código Civil. Nos artigos 927 a 954 do Código Civil, estudaremos a responsabilidade civil extracontratual, que se aplica nos casos onde não há relação contratual. (XIX Exame de Ordem) Joaquim celebrou, por instrumento particular, contrato de mútuo com Ronaldo, pelo qual lhe emprestou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a serem pagos 30 dias depois. No dia do vencimento do empréstimo, Ronaldo não adimpliu a prestação. O tempo passou, Joaquim se manteve inerte, e a dívida prescreveu. Inconformado, Joaquim pretende ajuizar ação de enriquecimento sem causa contra Ronaldo. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. a) A ação de enriquecimento sem causa é cabível, uma vez que Ronaldo se enriqueceu indevidamente à custa de Joaquim. b) Como a ação de enriquecimento sem causa é subsidiária, é cabível seu ajuizamento por não haver, na hipótese, outro meio de recuperar o empréstimo concedido. c) Não cabe o ajuizamento da ação de enriquecimento sem causa, pois há título jurídico a justificar o enriquecimento de Ronaldo. d) A pretensão de ressarcimento do enriquecimento sem causa prescreve simultaneamente à pretensão relativa à cobrança do valor mutuado. Gabarito “c”. (OAB – 2006) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. a) A fixação judicial do valor da indenização a título de danos morais está vinculada estritamente ao valor do prejuízo efetivamente experimentado e demonstrado pela vítima. Para a adequada fixação do dano moral, há de se levar em conta o poder econômico das partes e o caráter educativo da sanção. b) Não se admite a cumulação de indenização por danos morais e estéticos, em parcelas quantificáveis autonomamente, decorrentes do mesmo fato, por configurar um indevido bis in idem (duas vezes sobre a mesma coisa), porque no dano estético está compreendido o dano moral. c) Contratada a realização de uma cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume uma obrigação de resultado, sujeitando-se à obrigação de indenizar pelo não- cumprimentodo resultado pretendido pela outra Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 123 parte contratante, ou decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade, de modo que o insucesso importa em responsabilidade civil pelos danos materiais e morais que acarretar. d) Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, desaparece a responsabilidade do agente causador, deixando de existir a relação de causa e efeito entre o ato e o prejuízo experimentado pela vítima. A assertiva “b” é a única que, por lógica, já excluímos, até mesmo porque já vimos inúmeros casos de cumulação. Leiam a parte dispositiva da sentença proferida na ação promovida pelo velejador Lars Grael: À vista do exposto, e tudo ponderado, JULGO PROCEDENTES os pedidos, para condenar os Réus a pagar ao Autor: 1) a importância de R$500.000,00 (quinhentos mil reais) a título de indenização pelo dano moral, considerando as circunstâncias particulares do caso, uma vez que o Autor é um campeão olímpico, verdadeiro herói nacional, que teve sua carreira decepada no seu ápice, no sentido literal e figurado; 2) Danos emergentes no valor de R$1.970.980,34 (hum milhão, novecentos e setenta mil, novecentos e oitenta reais e trinta e quatro centavos, além dos honorários médicos no valor de R$24.200,00 (vinte e quatro mil e duzentos reais) e despesas hospitalares no valor de R$9.056,40 (nove mil e cinqüenta e seis reais e quarenta centavos); 3) lucros cessantes, considerando toda a carreira do Autor, a serem encontrados em liqüidação de sentença, por arbitramento, conforme documentação adunada aos autos; 4) R$50.000,00 (cinqüenta mil reais) referentes ao tratamento fisioterápico e à compra, adaptação e manutenção das próteses, até o falecimento do Autor, levando- se em conta que sua sobrevida foi estimada em 35 anos, e serão necessários 7 aparelhos com funções distintas (diárias e náuticas), além de R$120,00 (cento e vinte reais) por cada muleta canadense da qual o Autor necessitará fazer uso permanente, enquanto viver. Serão necessários 12 pares, conforme laudo pericial; 5) Pensão mensal e vitalícia no valor de R$7.338,70 (sete mil, trezentos e trinta e oito reais e setenta centavos); Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 124 6) Constituição de capital, na forma do art. 602, da Lei de Ritos, com o escopo de garantir o pagamento das pensões e das despesas com o tratamento e os aparelhos a serem usados pelo Autor; 7) Todas as parcelas deverão ser corrigidas monetariamente e acrescidas dos juros de mora desde a data do evento; Por fim, condeno-os ao pagamento das custas e despesas processuais, inclusive remuneração dos peritos, e dos honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Só de analisar essa sentença, vimos que a responsabilidade civil abrange muito mais que uma simples verba. Ademais, a cumulação já é tão velha, que está até sumulada. SÚMULA 387 STJ: "É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral". Quanto à assertiva “a”, o problema está no fato de a indenização não ser fixada com base no poder econômico e na natureza pedagógica da indenização, mas na extensão do dano. Isso é o que consta no artigo 944 do CC Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. A assertiva “d” está incorreta também, uma vez que a culpa concorrente não exclui o dever de indenizar. Lembre-se que a culpa exclusiva da vítima faz desaparecer o dever de indenizar, mas a culpa concorrente apenas reduz o valor da indenização, de acordo com o grau da culpa. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. (OAB – VI Exame Unificado – 2012) Mirtes gosta de decorar a janela de sua sala com vasos de plantas. A síndica do prédio em que Mirtes mora já advertiu a moradora do risco de queda dos vasos e de possível dano aos transeuntes e moradores do prédio. Num dia de forte ventania, os vasos de Mirtes caíram sobre os carros estacionados na rua, causando sérios prejuízos. Nesse caso, é correto afirmar que Mirtes a) poderá alegar motivo de força maior e não deverá indenizar os lesados. b) está isenta de responsabilidade, pois não teve a intenção de causar prejuízo. c) somente deverá indenizar os lesados se tiver agido dolosamente. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 125 d) deverá indenizar os lesados, pois é responsável pelo dano causado. Não há como alegar caso fortuito nem força maior, afinal, o resultado era bem previsível. Prova disso é que a síndica já tinha advertido a moradora. Então, não dá nem pra pensar na assertiva “a”. A assertiva “b” também não prosperar, afinal, o dolo não é exigido para a responsabilidade civil. Prova disso é que fica obrigado a reparar, nos termos do artigo 927, aquele que comete ato ilícito, cuja definição está no artigo 186, que diz que: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. O fundamento da assertiva “c” é o mesmo da “b”. A assertiva “d” está correta, uma vez que, nos termos do artigo 938 do CC: Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. A responsabilidade nesse caso é objetiva (independe de dolo ou culpa). Ela é presumida na pessoa do proprietário. A jurisprudência consagrou a teoria da causalidade alternativa, que estabelece que, na dúvida, responde todo mundo. Logo, se não fosse possível identificar de qual janela caiu o vaso, os donos dos veículos atingidos poderiam ingressar com ação em face do próprio condomínio. (OAB – 2008) Maria, menor com 14 anos de idade, filha de Henrique e de Mônica, pintou flores coloridas em um carro da Polícia Rodoviária Federal que estava estacionado em frente a sua casa. O reparo do dano causado ao veículo custou R$ 5.000,00 (cinco mil reais) aos cofres públicos. Assinale a alternativa correta: a) Maria não poderá ser responsabilizada pelo prejuízo porquanto é incapaz de deveres na ordem civil. b) A responsabilidade civil é inafastável, por isso Maria será responsável pelo prejuízo ainda que tenha de se privar do necessário a sua sobrevivência. c) Os pais de Maria somente poderão ser responsabilizados pelo prejuízo caso seja provado que tiveram culpa pelo dano. d) Os pais de Maria responderão objetivamente pelo prejuízo se dispuserem de meios suficientes para tanto. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 126 A assertiva “a” está errada, porque o incapaz respondepelos danos por ele causados. Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. A assertiva “b” está incorreta também, porque estabelece que o incapaz responde sempre. Não é bem assim... A indenização não pode privar nem o incapaz, nem seus representantes legais, dos bens necessários à subsistência. Art. 928 - Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. A assertiva “c” também está incorreta, uma vez que o dever de indenizar não depende de culpa dos pais da incapaz, uma vez que eles estão respondendo pelo fato de exercerem o poder familiar, sendo representantes da menor. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. A assertiva “d” é a correta, uma vez que a responsabilidade dos pais é, por não depender de dolo ou culpa, objetiva. No que se refere à possibilidade, está certo, conforme já visto no parágrafo único do artigo 928. No mesmo sentido: (XII EXAME) Pedro, dezessete anos de idade, mora com seus pais no edifício Clareira do Bosque e, certa manhã, se desentendeu com seu vizinho Manoel, dezoito anos. O desentendimento ocorreu logo após Manoel, por equívoco do porteiro, ter recebido e lido o jornal pertencente aos pais do adolescente. Manoel, percebido o equívoco, promoveu a imediata devolução do periódico, momento no qual foi surpreendido com atitude inesperada de Pedro que, revoltado com o desalinho das páginas, o agrediu com um soco no rosto, provocando a quebra de três dentes. Como Manoel é modelo profissional, pretende ser indenizado pelos custos com implantes dentários, bem como pelo cancelamento de sua participação em um comercial de Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 127 televisão. Tendo em conta o regramento da responsabilidade civil por fato de outrem, assinale a afirmativa correta. A) Pedro responderá solidariamente com seus pais pelos danos causados a Manoel, inclusive com indenização pela perda de uma chance, decorrente do cancelamento da participação da vítima no comercial de televisão. B) Somente os pais de Pedro terão responsabilidade objetiva pelos danos causados pelo filho, mas detêm o direito de reaver de Pedro, posteriormente, os danos indenizáveis a Manoel. C) Se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes para pagar a indenização, e Pedro tiver recursos, este responderá subsidiária e equitativamente pelos danos causados a Manoel. D) Os pais de Pedro terão responsabilidade subjetiva pelos danos causados pelo filho a Manoel, devendo, para tanto, ser comprovada a culpa in vigilando dos genitores. GAB: C (OAB – V Exame Unificado – 2011) João trafegava com seu veículo com velocidade incompatível para o local e avançou o sinal vermelho. José, que atravessava normalmente na faixa de pedestre, foi atropelado por João, sofrendo vários ferimentos. Para se recuperar, José, trabalhador autônomo, teve que ficar internado por 10 dias, sem possibilidade de trabalhar, além de ter ficado com várias cicatrizes no corpo. Em virtude do ocorrido, José ajuizou ação, pleiteando danos morais, estéticos e materiais. Com base na situação acima, assinale a alternativa correta. a) José não poderá receber a indenização na forma pleiteada, já que o dano moral e o dano estético são inacumuláveis. Assim, terá direito apenas ao dano moral, em razão do sofrimento e das cicatrizes, e ao dano material, em razão do tempo que ficou sem trabalhar. b) José terá direito apenas ao dano moral, já que o tempo que ficou sem trabalhar é considerado lucros cessantes, os quais não foram expressamente requeridos, e não podem ser concedidos. Quanto ao dano estético, esse é inacumulável com o dano moral, já estando incluído neste. c) José terá direito a receber a indenização na forma pleiteada: o dano moral em razão das lesões e do sofrimento por ele sentido, o dano material em virtude do tempo que ficou sem trabalhar e o dano estético em razão das cicatrizes com que ficou. d) José terá direito apenas ao dano moral, em razão do sofrimento, e ao dano estético, em razão das cicatrizes. Quanto ao tempo em que ficou sem trabalhar, isso se traduz em lucros cessantes, que não foram pedidos, não podendo ser concedidos. Questão extremamente fácil, se vocês lembrarem o teor da súmula 387 do STJ, que vimos pouco acima. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 128 Sobre danos materiais, vamos aprofundar um pouco mais, até mesmo para que você possa compreender porque a assertiva “d” está incorreta. Quando falamos em responsabilidade civil, pensamos logo na teoria do dano. O que é dano? Qual o conceito mais adequado? Dano é a lesão a um bem jurídico, que pode ser patrimonial ou moral. Dano patrimonial se caracteriza quando uma pessoa é ofendida em seus atributos econômicos, financeiros. Quando se fala em dano patrimonial, lembramos da ideia de perdas e danos. Dano patrimonial é gênero que compreende duas espécies: danos emergentes (prejuízos efetivamente sofridos pela vítima em razão da lesão, ou seja, é tudo aquilo que saiu do bolso do lesado em virtude da ofensa) e lucros cessantes (é tudo aquilo que o lesado razoavelmente deixou de aferir em virtude da lesão). Um exemplo é o motorista de táxi que tem seu carro abalroado por um motorista bêbado. O taxista tem seu carro destruído e fica internada por dois meses, não podendo dirigir por um ano em virtude da gravidade das lesões sofridas. Como advogado do taxista, o que você pediria? A título de danos emergentes, pede-se as despesas com hospital, medicamentos e o valor do conserto do veículo. Já os lucros cessantes abrangem tudo que o taxista deixou de guiar na condição da taxista pelo período em que teve de ficar afastado. Há hipóteses em que a vítima poderá pleitear apenas lucros cessantes; em outras, apenas danos emergentes. Os nossos Tribunais são muito rígidos na fixação do lucro cessante, porque o artigo 402 do Código Civil assevera que: Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Entenda esse “razoavelmente” como “certamente”, ou seja, o magistrado só concede lucros cessantes quando o lesado comprova de forma clara que se o dano não tivesse ocorrido, ele certamente experimentaria um ganho econômico. Nenhum Tribunal concede lucros cessantes com base em uma possibilidade de ganho, com base em meras conjecturas. Ex: José da Silva é camelô e inicia uma briga com um fiscal, porque este assevera que fará a apreensão dos bens que José pretende vender. Neste momento, o fiscal empurra o camelô, ele cai no chão, quebra a perna e Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVILProfessores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 129 tem sua barraca destruída. José pode pleitear as despesas com hospital, com a destruição da barraca (danos emergentes), mas jamais poderá pleitear lucros cessantes, uma vez que ele não convencerá qualquer juiz de que seu ganho era certo, sobretudo por se tratar de atividade ilegal. Ainda sobre o José, lá da questão que estamos resolvendo, vale lembrar esses dois artigos: Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. (foi pra isso que o juiz mandou constituir capital lá na parte final da sentença do Lars Grael). Pare de preguiça e volte lá para ler, sob pena de oração de cura ao fim da aula. Essa verba se submete à cláusula rebus sic stantibus, ou seja, se houver melhoria das condições econômicas do ofensor e um agravamento da situação econômica da vítima, ou de seus familiares, nada impede que haja uma revisão, pelo magistrado, dos valores anteriormente fixados a título de lucros cessantes. (OAB – 2008) A respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. a) O dano emergente compreende aquilo que a vítima efetivamente perdeu e o que razoavelmente deixou de ganhar com a ocorrência do fato danoso. Na reparação desse dano, procura-se fixar a sua extensão e a expectativa de lucro, objetivando-se a recomposição do patrimônio lesado. b) Na responsabilidade subsidiária, uma das pessoas tem o débito originário e a outra tem apenas a responsabilidade por esse débito. Por isso, existe uma preferência na ordem de excussão: primeiro, são demandados os bens do devedor; não tendo sido encontrados ou sendo eles insuficientes, inicia-se, então, a excussão de bens do responsável em caráter subsidiário, por toda a dívida. c) A legítima defesa putativa é causa excludente de responsabilidade civil pelo prejuízo causado, porque o ofensor acredita encontrar-se diante de uma injusta agressão. Nesse caso, por não constituir ato ilícito, apesar de causar dano aos direitos de outrem, não acarreta o dever de indenizar. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 130 d) A responsabilidade civil de dono de animal pelos danos que este venha a causar a terceiros depende da comprovação de ter havido falta de vigilância ou de cuidado com o animal, sendo indiferente a culpa da vítima. A assertiva “a está incorreta, uma vez que o valor que a vítima deixa de ganhar caracteriza-se como lucros cessantes. A assertiva d” está incorreta, afinal, é clara a redação do artigo 936 do CC: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Logo, o dono do animal responde pelos danos por ele causados, só não respondendo se provar que o dano decorreu de força maior, ou de culpa da vítima. O que poderia deixar dúvida é a alternativa “b” e a “c”. A assertiva “b” está correta. A assertiva “c” está incorreta. Ela exige que você saiba diferenciar a legítima defesa da legítima defesa putativa. A legítima defesa é uma causa excludente da ilicitude. Logo, se o ato não é ilícito, é claro que não o dever de indenizar. Seu raciocínio está brilhante. Lembre-se, todavia, que isso só vale para a legítima defesa. A legítima defesa putativa não é uma causa excludente de ilicitude, logo, permanece o dever de indenizar. (OAB – 2009) De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito da responsabilidade civil, assinale a opção correta. a) O dono de edifício responderá pelos danos causados pela ruína do prédio, estando o lesado dispensado de provar que a ruína decorreu de falta de reparos e que a necessidade dessas reparações é manifesta. b) No caso de responsabilidade civil em virtude de ofensa à saúde, o ofendido não tem direito de ser indenizado das despesas dos lucros cessantes. c) Somente há responsabilidade do empregador pelos danos que seus empregados, no exercício de suas funções, causarem a terceiros, se ficar demonstrado que o empregador infringiu o dever de vigilância. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 131 d) O Código Civil consagra a responsabilidade civil objetiva das empresas pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. A assertiva “a” está incorreta, afinal, contraria expressamente o que dispõe o CC: Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. O artigo não deixa dúvidas de que o lesado deve comprovar que o dano foi provocado pela ruína e que ela adveio da falta de reparos, os quais eram manifestamente necessários. Embora a maioria da doutrina entenda que a responsabilidade é objetiva, ignore. O que eles vão te cobrar é o texto da lei, e este não deixa dúvidas de que se trata de responsabilidade subjetiva, sendo necessária a comprovação de dolo ou culpa. A assertiva “b” está incorreta. Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. A assertiva “c” também está incorreta. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; Trata-se de responsabilidade objetiva, o que pode ser comprovada pelo artigo 933: Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. A assertiva correta é a “d”, a qual se encontra de acordo com o CC: art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Aproveitando o artigo 932, inciso III, acima mencionado, veja como isso foi cobrado no XXV Exame: Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 132 João, empresário individual, é titular de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um shopping center movimentado. No estabelecimento,trabalham o próprio João, como gerente, sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora. Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizatória por danos morais em face de João. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediatamente por conduta sua. B) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilando em relação à conduta de Márcia. C) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verificação de culpa concorrente de terceiro. D) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva de terceiro. Gab: D (OAB – 2010) Acerca da responsabilidade civil por fato de outrem, assinale a opção correta. a) O simples afastamento do filho menor da casa dos pais exime-os da responsabilidade pelos atos lesivos que ele venha a praticar. b) Para responsabilizar os pais por atos lesivos causados por filho menor, a vítima necessita demonstrar a culpa in vigilando desses pais. c) Em razão da inexistência de relação de preposição, empresa locadora de veículos não possui responsabilidade sobre danos que o locatário cause a terceiros no uso do carro locado. d) O empregador é responsável por dano causado por empregado seu, ainda que praticado com desvio de atribuição, caso o ofendido não tenha conhecimento desse desvio. A assertiva “a” está incorreta, pois os pais são responsáveis pelos atos lesivos praticados por seus filhos menores, nos termos do que dispõe o art. 932, I, do Código Civil: “São também responsáveis pela reparação civil: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.” Se os pais, a partir do CC/2002, têm responsabilidade objetiva em relação aos filhos menores, que motivos podem invocar para exonerar-se dessa responsabilidade? Isso só pode ocorrer se e quando os pais perderem, jurídica e justificadamente, o poder de direção sobre o filho menor, cabendo-lhes o ônus dessa prova. Logo, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 133 resta claro que o simples afastamento do filho da casa paterna, por si só, não elide a responsabilidade dos pais. A assertiva “b” está incorreta, uma vez que o artigo 933 não deixa dúvidas quanto ao fato de a responsabilidade ser objetiva. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. A assertiva “c” está incorreta, pois embora falte relação de preposição entre locador e locatário, haverá responsabilidade solidária da locadora, conforme enunciado da Súmula 492/STF: “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.” Logo, a assertiva correta é a “d”. O Código Civil preceitua que: “Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.. A responsabilidade do empregador é objetiva. Ele responde pela conduta do empregado, ainda que tenha sido promovida em desvio de atribuição, se o prejudicado não tinha conhecimento de que ele estava em desvio, ou seja, a menos que o prejudicado tenha conhecimento desse excesso ou desvio, o patrão é responsável pela reparação do dano, até porque o terceiro não tem obrigação nem condições de saber os limites das funções do empregado, reputando-se legítimos, em face da teoria da aparência, todos os atos praticados na esfera de suas aparentes atribuições. (OAB – III Exame Unificado – 2011) Ricardo, buscando evitar um atropelamento, realiza uma manobra e atinge o muro de uma casa, causando um grave prejuízo. Em relação à situação acima, é correto afirmar que Ricardo a) não responderá pela reparação do dano, pois agiu em estado de necessidade. b) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em estado de necessidade. c) responderá pela reparação do dano, apesar de ter agido em legítima defesa. d) praticou um ato ilícito e deverá reparar o dano. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 134 Não há dúvidas de que ele agiu em estado de necessidade, o que exclui a ilicitude da conduta. Nesse caso, é necessário fazer uma interpretação sistemática de 3 artigos do Código Civil: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Analisando apenas estes dois artigos, chega-se facilmente à conclusão de que não há dever de indenizar, afinal, a conduta não é ilícita. Entretanto, veja o que dispõe o artigo 929: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.” Esse artigo estabelece que, mesmo nas hipóteses do inciso II do artigo 188 (condutas lícitas), haverá dever de indenizar, desde que o culpado do perigo não seja o lesado. Logo, Ricardo terá que indenizar o dono do muro, embora não tenha praticado ato ilícito, podendo, todavia, propor ação de regresso em face do causador do perigo. (OAB – I Exame Unificado – 2010) Assinale a opção correta com relação à responsabilidade civil: a) O dano deve ser certo, por essa razão não é possível a indenização por dano eventual, decorrente da perda de uma chance. b) Tratando-se de responsabilidade subjetiva contratual, a responsabilidade do agente pode subsistir mesmo nos casos de força maior e de caso fortuito, desde que a lei não coíba a sua previsão. c) De acordo com o regime da responsabilidade civil traçado no Código Civil brasileiro, inexistem causas excludentes da responsabilidade civil objetiva. d) A extinção da punibilidade criminal sempre obsta a propositura de ação civil indenizatória. A assertiva “a” está incorreta, uma vez que o causador do dano é responsabilizado quando priva alguém de obter uma vantagem ou impede a pessoa de evitar prejuízo. Não se trata de prejuízo direto à vítima, mas de uma probabilidade. A adoção da teoria da perda da chance exige que o Poder Judiciário bem saiba diferenciar o ‘improvável’ do ‘quase certo’, bem como a ‘probabilidade de perda’ da ‘chance de lucro’, para Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 135 atribuir a tais fatos as consequências adequadas. Mera possibilidade,apesar do dano potencial ou incerto, no âmbito da responsabilidade civil, em regra, não é indenizável. Teoria da perda de uma chance Ex: Heloane é uma estudante de concurso que obteve aprovação nas 3 fases do concurso para ingresso no Ministério Público do Estado de Goiás. No dia da prova oral, ao atravessar a Avenida Fued Sebba, Heloane é atropelada por Renan, motorista bêbado, que lhe causa uma fratura exposta, ficando ela impedida de se submeter ao exame. Na condição de advogado de Heloane, você pediria, a título de lucros cessantes, todos os salários que ela receberia, como Promotora de Justiça, pelos próximos 30 anos? Não, uma vez que não há qualquer certeza de que ela seria aprovada no concurso. Ela, então, não poder pleitear lucros cessantes. Entretanto, ela perdeu a chance de se tornar Promotora de Justiça. Isso tem valor econômico... Quando alguém, injustamente, frustra essa chance, deve restituir financeiramente a perda dessa chance. O caso mais famoso no Brasil é o da baiana Ana, que respondeu à pergunta dos 500 mil reais no programa “Show do Milhão” e, ao ver a pergunta que valia 1 milhão de reais, desistiu, indo embora apenas com os 500 mil. A pergunta era: “Qual o percentual estabelecido na Constituição Federal de terras para os indígenas?” Ao chegar em casa e ver que a Constituição não fixava esse percentual, ela ingressou com ação de indenização em face do SBT, pedindo os outros 500 mil reais. O Juiz da Bahia concedeu os 500 mil reais. O TJ/BA confirmou a sentença monocrática. Entretanto, o STJ reformou a decisão, sob o fundamento que não havia garantia alguma de que ela acertaria a pergunta. Isso não é lucros cessantes. O STJ, entretanto, entendeu que ela perdeu uma chance. Logo, ela recebeu 125 mil reais, o que corresponde a 25% do valor (como eram quatro assertivas, a chance dela responder à correta era de 25%). Outro exemplo: você ingressa com uma ação de indenização, pedindo 100 mil reais. O pedido é julgado improcedente e você, embora queira recorrer, não pode em virtude de seu advogado ter perdido o prazo Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 136 recursal. Você pode pleitear esses 100 mil reais do seu advogado? Claro que não. O TJ/RS tem feito o seguinte cálculo: De cada 10 ações, quantas foram revertidas em segundo grau? Vinte por cento. Então, o que você pode pedir de seu advogado é vinte por cento do valor pleiteado, ou seja, vinte mil reais. Trata-se da teoria da perda de uma chance. A assertiva “b” está correta, uma vez que as partes são livres para contratar tudo o que não for vedado em lei, desde que seja cumprida a função social do contrato (art. 421) e respeitada a boa-fé objetiva (art. 422). Além disso, já vimos que a parte contratante pode assumir a responsabilidade, mesmo em se tratando de caso fortuito ou força maior (cláusula de assunção de risco – art. 393). Quanto à assertiva “c”, insta salientar que o parágrafo único do artigo 927 não falou nada em excluir da responsabilidade objetiva as excludentes. Logo, a ela aplicam-se as mesmas excludentes, quais sejam: Há 3 excludentes de nexo causal: a) Caso fortuito ou força maior – o parágrafo único do artigo 393 do Código Civil, quando se refere ao caso fortuito e à força maior, refere-se a eles como sinônimos. Caso fortuito ou força maior é um evento externo à conduta do agente, de natureza inevitável. A maior característica deles é a sua inevitabilidade. O traço distintivo deles não é a imprevisibilidade (isso é secundário), mas a inevitabilidade, a irresistibilidade. A distinção importante, hoje, é entre fortuito interno e fortuito externo. Fortuito interno é um fato que guarda relação com a atividade do causador do dano. Ex: acidente de ônibus decorrente de falha no freio, ou pelo fato de o motorista ter tido um infarto. É um dano que vem de dentro para fora. Nesse caso, a empresa responde pelos danos causados. Fortuito externo é um fato que não guardam conexão com a atividade do causador do dano. Ex: acidente de ônibus decorrente de forte chuva de granizo, ou de um assalto. Esses fatos vieram de fora para dentro. Nesse caso, o transportador não responde. O artigo 734 resume bem a diferença entre fortuito interno e o externo. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 137 Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. Força maior deve ser compreendida como fortuito externo. Se eu for assaltado dentro do banco, ele tem o dever de me indenizar? Sim... pois se trata de fortuito interno. É um risco inerente à atividade bancária. Todo banco deve garantir segurança aos seus clientes. Entretanto, se eu for assaltado num caixa eletrônico, que fica num lugar isolado, trata-se de um fortuito externo, não havendo, portanto, dever de indenizar. Isso ocorre pois a segurança geral é dever do Estado e não da instituição financeira. Mas se, nesse caixa eletrônico, um estelionatário utiliza seus dados e dá um golpe, o banco responde, pois, tratando-se de uma fraude realizada por meio eletrônico, o banco deveria estar preparado para evitá-la. Nesse caso, houve um fortuito interno, o que não exclui o dever de indenizar. b) Fato exclusivo da vítima – Ex: rapaz que, desiludido, bebe muito e atravessa rápido a rua e morre. A família ingressará com ação de indenização em face do motorista, o qual, se comprovar que o acidente ocorreu em virtude do comportamento negligente da vítima, não terá que indenizar e poderá, ainda, cobrar os danos causados pelo impacto da cabeça do falecido em seu carro. O fato exclusivo da vítima rompe o nexo causal, não havendo, portanto, dever de indenizar. Cuidado! Se o motorista, no exemplo acima, estava em velocidade compatível, fala-se em fato exclusivo da vítima. Se ele, todavia, estava em velocidade bastante superior à regulamentar, apesar de a vítima ter culpa, ele também teve, o que leva à caracterização de fato concorrente (ou autoria plural ou causalidade múltipla). Em caso de fato concorrente (duas condutas concorrendo para o mesmo resultado), não há exclusão do nexo causal, mas apenas redução do valor da indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 138 Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transportador, constantes no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou impeçam a execução normal do serviço. Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá eqüitativamentea indenização, na medida em que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano. c) fato de terceiro – um bêbado bate na traseira do meu carro, o qual é projetado em direção a um poste, no qual há um eletricista trabalhando. Quando a família do eletricista pleitear indenização em face de mim, eu alegarei fato de terceiro. Se fosse um táxi, nesse acidente, que, ao ser projetado, faz com que a passageira quebre a perna. O motorista do táxi poderia deixar de indenizar alegando fato de terceiro? Não, pois ele é um transportador e, em virtude disso, ele assumiu uma obrigação contratual (embora verbal) de te levar em segurança até o seu destino. Qualquer coisa que aconteça no trajeto, caracteriza inadimplemento contratual do taxista. Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Nesse caso, o taxista deve indenizar a passageira, mas terá direito de regresso em face do causador do dano. Se o taxista perde o controle do carro em virtude de forte chuva e em razão da existência de buracos na pista, trata-se de fortuito externo, que exclui o nexo causal, não havendo, portanto, dever de indenizar. Estando a estrada em péssimo estado de conservação, pode-se alegar responsabilidade civil do Estado. O preso que suicida na cadeia impõe ao Estado o dever de indenizar? Se porventura, um preso mata o outro, o Estado responde, pois tinha dever de guarda sobre os presos. Mas e no caso de suicídio? O STJ entende que o Estado deve indenizar em caso de suicídio, pois o Estado tem o dever de vigiar o preso, inclusive contra si próprio. Nesse caso, o dever de indenizar decorreu do fato de o preso ter se utilizado de uma faca que entrou de forma clandestina no presídio. Se um preso foge do presídio e, logo em seguida, mata um taxista, o Estado responde? Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 139 Sim, pois a fuga do preso (decorrente da omissão do Estado) foi a causa direta e imediata da morte do taxista. Aquele dano só ocorreu em virtude de uma conduta omissiva do Estado. Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. (teoria do dano direto e imediato) Se este preso fugiu da prisão e, quinze dias depois, ele pratica um assalto e mata um comerciante, o Estado responde? Não, pois não houve dano direto. Houve um rompimento do nexo causal. Depois de quinze dias, ele já se juntou a comparsas, ele teve tempo de preparar, ou seja, o Estado não responde. A assertiva “d” está incorreta, pois apenas a decisão criminal que reconhece a inexistência do fato ou que exclui a autoria obsta a propositura de ação civil indenizatória contra a mesma parte, e a extinção da punibilidade pode se dar por diversas razões. Art. 935, CC. "A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal." (OAB – 2009) Em virtude de acidente de trânsito ocorrido em 10/1/2006, um indivíduo foi condenado a pena privativa de liberdade, tendo a sentença penal transitado em julgado em 15/2/2009. Nessa situação hipotética, I é possível a vítima cumular as indenizações por danos morais e materiais, conforme jurisprudência do STJ. II a vítima do acidente pode ajuizar ação reparatória civil pelos danos sofridos, visto que sua pretensão ainda não está prescrita. III a pretensão de reparação civil prescreve em três anos. IV o indivíduo culpado pelo acidente e a vítima podem, antes de decorrida a prescrição, pactuar que o prazo prescricional para a pretensão civil seja de cinco anos. Estão certos apenas os itens a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 140 d) II, III e IV. A assertiva I está correta, já vimos isso na Súmula 37 do STJ. A assertiva II gera um pouco de dúvida. Se você se lembrar que o prazo de prescrição da pretensão de reparação civil é de 3 anos, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V do CC, você pode achar que está prescrito, afinal, o acidente ocorreu em janeiro de 2006. Entretanto, você não pode se esquecer das regras sobre prescrição e decadência. O artigo 200 do Código Civil estabelece que: Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Como o próprio enunciado trouxe a informação de que o trânsito em julgado deu-se em 2009, é claro que não estava prescrito, uma vez que o prazo de 3 anos começa a ser contado do trânsito em julgado. A assertiva III está correta, pelos motivos já expostos. A assertiva IV também está contida nas regras sobre prescrição e decadência (AS QUAIS EU PEDI PRA MEMORIZAR, LEMBRAM-SE?). Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Não se esqueça que o prazo de decadência pode ser alterado por vontade das partes, mas o da prescrição, nunca. (OAB – 2008) No que concerne ao ato ilícito e à responsabilidade civil, assinale a opção correta. a) A responsabilidade por ato de terceiro é objetiva e permite estender a obrigação de reparar o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização. b) A concorrência de culpas do agente causador do dano e da vítima por acidente de trânsito, por exemplo, no caso de colisão de veículos, acarreta a compensação dos danos, devendo cada parte suportar os prejuízos sofridos. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 141 c) Quando inúmeras e sucessivas causas contribuem para a produção do evento danoso, todas essas causas são consideradas como adequadas a produzir o acidente e a gerar a responsabilidade solidária para aqueles que o provocaram. Nessa situação, cabe à vítima escolher a quem imputar o dever de reparar. d) Os atos praticados em legítima defesa, no exercício regular de um direito ou em estado de necessidade, que provoquem danos morais ou materiais a outrem, embora sejam considerados como atos ilícitos, exoneram o causador do dano da responsabilidade pela reparação do prejuízo causado. A assertiva “a” está correta, uma vez que a responsabilidade por ato de terceiro, prevista nas hipóteses do artigo 932, é objetiva e permite estender a obrigação de reparar o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização. Ex: pais e filhos, empregados e patrões. A assertiva “b” está incorreta, uma vez que a culpa concorrente não exclui o dever de indenizar, mas apenas reduz o valor da indenização. O art. 945 estabeleceque “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”. A assertiva “c” está incorreta, uma vez que o princípio do dano direto e imediato - ou da casualidade adequada - determina que ninguém pode ser responsabilizado pelo que não tiver dado causa, e que somente se considera causa o evento que produziu direta e concretamente o resultado danoso. A assertiva “d” está errada, pois a legítima defesa, bem o exercício regular de direito, não constituem atos ilícitos, nos termos do artigo 188 do CC. Entretanto, mesmo não sendo ilícitos, podem, excepcionalmente, gerar dever de indenizar, como ocorre, por exemplo, na hipótese prevista no artigo 932. (OAB – IX Exame Unificado – 2012) No dia 23 de junho de 2012, Alfredo, produtor rural, contratou a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda., com a finalidade de pulverizar, por via aérea, sua plantação de soja. Ocorre que a pulverização se deu de forma incorreta, ocasionando a perda integral da safra de abóbora pertencente a Nilson, vizinho lindeiro de Alfredo. Considerando a situação hipotética e as regras de responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. a) Com base no direito brasileiro, Alfredo responderá subjetivamente pelos danos causados a Nilson e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. será responsabilizada de forma subsidiária. b) Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. responderão objetiva e solidariamente pelos danos causados a Nilson. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 142 c) Não há lugar para a responsabilidade civil solidária entre Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. pelos danos causados a Nilson, dada a inexistência da relação de preposição. d) Trata-se de responsabilidade civil objetiva, em que a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. é o responsável principal pela reparação dos danos, enquanto Alfredo é responsável subsidiário. Aquele que contrata serviços prestados por outrem assume a condição de preponente, e, como tal, deverá responder de forma solidária e objetiva pelos danos causados a terceiros pelo seu preposto (art. 932, inc. III, c/c art. 942, p. único, do CC). O artigo 932 estabelece casos de responsabilidade objetiva. E a questão da solidariedade? É solidária ou não? Basta verificar o artigo 942, parágrafo único, que diz que há responsabilidade solidária. Logo, Alfredo e a sociedade Simões Aviação Agrícola Ltda. responderão objetiva e solidariamente pelos danos causados a Nilson. (OAB – VIII Exame Unificado – 2012) João dirigia seu veículo respeitando todas as normas de trânsito, com velocidade inferior à permitida para o local, quando um bêbado atravessou a rua, sem observar as condições de tráfego. João não teve condições de frear o veículo ou desviar-se dele, atingindo-o e causando-lhe graves ferimentos. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. a) Houve responsabilidade civil, devendo João ser considerado culpado por sua conduta. b) Faltou um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja, a conduta humana, não ficando configurada a responsabilidade civil. c) Inexistiu um dos requisitos essenciais para caracterizar a responsabilidade civil: o dano indenizável e, por isso, não deve ser responsabilizado. d) Houve rompimento do nexo de causalidade, em razão da conduta da vítima, não restando configurada a responsabilidade civil. A assertiva “a” está incorreta, pois, no caso, não houve nexo causal entre a conduta de João e o resultado danoso, o qual foi provocado pela conduta da vítima. Para que haja a responsabilidade civil subjetiva (que é a regra), devemos ter, obrigatoriamente, quatro requisitos: a) conduta (comissiva ou omissiva), b) resultado, c) nexo causal e d) dolo ou culpa. As assertivas “b” e “c” também estão incorretas, mas por afirmar que não houve conduta, nem dano. Claro que houve conduta e dano, tanto que as lesões decorreram do impacto com o veículo. O que fica rompido, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 143 tanto em se tratando de caso fortuito ou força maior, culpa exclusiva da vítima, ou fato de terceiro, é o nexo causal. Por isso que está correta a assertiva “d” (OAB – VII Exame Unificado – 2012) Em relação à responsabilidade civil, assinale a alternativa correta. a) A responsabilidade civil objetiva indireta é aquela decorrente de ato praticado por animais. b) O Código Civil prevê expressamente como excludente do dever de indenizar os danos causados por animais, a culpa exclusiva da vítima e a força maior. c) Empresa locadora de veículos responde, civil e subsidiariamente, com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro alugado. d) Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial implica em sucumbência recíproca. A assertiva “a” está incorreta, uma vez que a responsabilidade civil indireta se caracteriza quando a lei imputa tal responsabilidade a um terceiro, que não seja o causador dos danos. São as hipóteses previstas no art. 932 do CC, em que o pai responde por seus filhos menores, o empregador responde por seus empregados e as instituições de ensino respondem por atos de seus educandos, dentre outras circunstâncias. A assertiva “b” está correta, uma vez que estabelece o art. 936 do CC, “o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”. A assertiva “c” está incorreta, uma vez que a Súmula 492 do STF preconiza que “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado”. Logo, há responsabilidade solidária e não subsidiária, como asseverado no enunciado. A assertiva “d” também está incorreta, haja vista o teor da Súmula 326 do STJ: “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca”. CUIDADO! COM O NOVO CPC, NÃO MAIS SUBSISTE A SÚMULA 326 DO STJ. CUIDADO! DANO MORAL Dano moral não é a mágoa, o sofrimento, a dor que decorre de uma lesão. Isso são eventuais consequências de um dano moral. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 144 Há pessoas que não tem dano moral algum e choram, sofrem. Da mesma forma, há outras que sofrem dano moral e nem tem qualquer sofrimento. Um exemplo é uma paciente que está em coma no hospital e é estuprada pelo enfermeiro. Ela teve dano moral, mas não teve sofrimento, pois sequer tem consciência do ato que foi praticado em seu desfavor. Mesmo que ela não consiga manifestar um sentimento de dor, de humilhação, ela teve seus atributos da personalidade violados? Claro que sim... Então, houve dano moral. Dano moral é uma lesão à dignidade da pessoa humana (princípio fonte da CF). Segundo esse princípio, todo ser humano deve ser respeitado em sua essência, em suaexistência. A dignidade da pessoa humana é violada quando ela não é tratada como pessoa. O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser dividido em quatro sub-princípios: a) liberdade b) igualdade c) solidariedade d) integridade psicofísica Se houver lesão a qualquer desses direitos, resta caracterizado o dano moral. Indenização (ou ressarcimento) é o termo que se utilizada para danos patrimoniais. Não tem como ressarcir ou indenizar dano moral, uma vez que ela não pode ser reduzida a valores. O termo adequado, nesse caso, é “compensação” ou “satisfação” de danos morais, uma vez que o pagamento não elimina o dano, mas apenas tenta compensá-lo. O valor fixado pelo Juiz é uma espécie de satisfação, de compensação, que serve apenas para anestesiar a lesão a seus direitos da personalidade. Reparação é um termo que serve tanto para o dano patrimonial como para o dano moral. O descumprimento de uma obrigação contratual pode gerar dano moral? Se eu compro seu apartamento em 10 parcelas e não pago uma parcela, cabe dano moral? Claro que não, uma vez que o descumprimento de uma prestação não gera lesão à dignidade da pessoa humana. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 145 CUIDADO! Excepcionalmente, o descumprimento de cláusula contratual pode ensejar reparação por dano moral. Ex: plano de saúde que se nega a oferecer uma prótese cardíaca. Essa questão extrapolou a esfera obrigacional e atingiu o direito à saúde da pessoa, ou seja, houve lesão à dignidade da pessoa humana, sendo cabível reparação por danos morais. A Súmula 37 do STJ estabelece que é possível a cumulação de dano material e dano moral. O artigo 948 é claro nesse sentido ao estabelecer que “sem excluir outras reparações”. Logo, no exemplo do atropelamento, é claro que a família pode pedir, além do dano material, dano moral pela perda do ente querido. É possível cumular dano material, dano moral e dano estético? A princípio, havia uma certa resistência dos Tribunais, uma vez que se entendia que o dano moral abrangeria a violação à integridade psico-física, não havendo razão para se falar em dano estético. Entretanto, isso não prevalece hoje, uma vez que já há julgados do STJ admitindo a cumulação de dano moral com dano estético. Ex: Lars Grael, em virtude da perda de perna, fez jus a danos materiais, morais (dano interno) e estéticos (dano externo). Uma pessoa jurídica pode pleitear reparação pelo dano moral? Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. A pessoa jurídica, embora não tenha honra subjetiva, ela tem honra objetiva (credibilidade, reputação no mercado), então, ela não pode sofrer injúria ou calúnia, mas pode sofrer difamação. Há parte da doutrina que entende que, apesar da súmula, a pessoa jurídica não pode sofrer dano moral, porque ela não é pessoa humana, não sendo possível, portanto, falar em dignidade da pessoa humana. É possível que uma pessoa pleiteie reparação por dano moral sofrido por outra pessoa? Sim. Trata-se do dano moral reflexo ou por ricochete. Ex: Garrincha (tamanho do pênis referido na biografia). As filhas dele propuseram ação pleiteando reparação por danos morais. Entendeu-se que as filhas têm legitimidade para propor ação, uma vez que houve lesão ao nome do falecido, à sua honra. As filhas são chamadas de lesadas indiretas. Lembre-se que os direitos da personalidade do Garrincha não são transmissíveis (posto que personalíssimos, portanto, intransmissíveis), mas as filhas podem, em nome próprio, defender o nome do pai. Artigo 12, parágrafo único do CC: Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 146 Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Há possibilidade de dano moral coletivo? Sim. Ex: navio cargueiro derrama óleo na Baía de Guanabara. O MP, na ação civil pública, pode pleitear a reparação por esse dano moral coletivo (art. 1º da Lei n.º 7.347/85), uma vez que o meio ambiente equilibrado é um direito fundamental transgeracional. Se condenada, a Petrobrás pagará multa ao fundo de recomposição dos bens lesados. (art. 13 da lei n.º 7.347/85). Essa multa tem natureza pedagógica, punitiva e inibitória. Outro exemplo: o MPT tem pleiteado dano moral coletivo em caso de estabelecimento de condições análogas à condição de escravo. O valor da multa é revertido ao FAT. Há previsão legal de dano moral coletivo no inciso VI do artigo 6º do CDC. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DO DANO MORAL Quanto ao dano patrimonial, não há muitas dúvidas, afinal, é apenas somar os valores relativos aos danos emergentes e aos lucros cessantes. O problema surge em relação ao dano moral. Quanto ao dano patrimonial, aplica-se o artigo 944 do CC: Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização. Quanto ao dano moral, não há um artigo específico. Por isso, estende-se a aplicação do artigo 944 à compensação por danos morais. O juiz deve se valer de dois critérios: a) extensão do dano – é a importância do bem jurídico ofendido. Na sociedade brasileira, como em qualquer Estado de Direito, há uma escala de valores. No primeiro plano, encontra-se a vida. Em seguida, a liberdade; depois, a honra.... Além do juiz observar a extensão do dano, ele deve levar em consideração a condição pessoal da vítima (como era a vítima antes e depois da lesão), afinal, cada ser humano lida com uma lesão de forma diferente. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 147 O dano moral é presumido quanto a sua existência, não quanto a sua extensão. No curso do processo, deve-se observar a singularidade dos ofendidos. Ex: imaginemos que todos nós, na sala de aula, perdemos uma mão. Se nós perdemos a mão, presume-se a existência do dano moral, afinal, todos nós tivemos nossa dignidade violada. Entretanto, se um dos alunos for um pianista famoso, o valor da indenização dele deverá ser maior, porque o dano dele foi maior, em virtude de sua situação pessoal. Ex: inscrição do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito. O simples fato de ter o nome inscrito sem a notificação já gera o dano moral. Se a pessoa for muito correta, ela receberá uma indenização maior que a pessoa que é normalmente inadimplente, pois o dano dela é maior. O devedor contumaz, aquele que tem seu nome inscrito no SERASA pela centésima vez, nem faz jus ao dano moral, segundo decisões do STJ. A condição pessoal não significa situação econômica. Isso não tem qualquer relação com a fixação do dano. Logo, não há diferença entre atropelar o Bill Gates ou o Zé das Couves. O dano moral é o mesmo. O que varia é o valor dos lucros cessantes. Para pagar o Bill Gates, será necessário trabalhar quinze gerações. (OAB – XIII Exame– 2014) Felipe, atrasado para um compromisso profissional, guia seu veículo particular de passeio acima da velocidade permitida e, falando ao celular, desatento, não observa a sinalização de trânsito para redução da velocidade em razão da proximidade da creche Arca de Noé. Pedro, divorciado, pai de Júlia e Bruno, com cinco e sete anos de idade respectivamente, alunos da creche, atravessava a faixa de pedestres para buscar os filhos, quando é atropelado pelo carro de Felipe. Pedro fica gravemente ferido e vem a falecer, em decorrência das lesões, um mês depois. Maria, mãe de Júlia e Bruno, agora privados do sustento antes pago pelo genitor falecido, ajuíza demanda reparatória em face de Felipe, que está sendo processado no âmbito criminal por homicídio culposo no trânsito. Com base no caso em questão, assinale a opção correta. a) Felipe indenizará as despesas comprovadamente gastas com o mês de internação para tratamento de Pedro, alimentos indenizatórios a Júlia e Bruno tendo em conta a duração provável da vida do genitor, sem excluir outras reparações, a exemplo das despesas com sepultamento e luto da família. b) Felipe deverá indenizar as despesas efetuadas com a tentativa de restabelecimento da saúde de Pedro, sendo incabível a pretensão de alimentos para seus filhos, diante de ausência de previsão legal. c) Felipe fora absolvido por falta de provas do delito de trânsito na esfera criminal e, como a responsabilidade civil e a criminal não são independentes, essa sentença fará coisa julgada no cível, inviabilizando a pretensão reparatória proposta por Maria. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 148 d) Felipe, como a legislação civil prevê em caso de homicídio, deve arcar com as despesas do tratamento da vítima, seu funeral, luto da família, bem como dos alimentos aos dependentes enquanto viverem, excluindo- se quaisquer outras reparações. A assertiva correta é a “a”, conforme previsão do artigo 948 do Código Civil. A assertiva “b” está incorreta, uma vez que o inciso II do artigo 948 do Código Civil prevê a fixação de alimentos em favor de quem o falecido teria obrigação legal de prestá-los. A assertiva “c” está incorreta, uma vez que, além de haver independência entre as instâncias cível e penal, só interfere no cível quando restar comprovado na esfera penal a inexistência da materialidade ou negativa de autoria. No caso, como a absolvição deu-se por falta de provas, nada impede a propositura de ação na esfera cível. A assertiva “d” está incorreta, uma vez que não há previsão legal de concessão de alimentos aos dependentes enquanto viverem. (XXI Exame da Ordem) Tomás e Vinícius trabalham em uma empresa de assistência técnica de informática. Após diversas reclamações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se vingar dele, criando um perfil falso em seu nome, em uma rede social. Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais, fotografias e informações diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu turno, alimenta o perfil durante duas semanas com postagens ofensivas, até que os dois são descobertos por um terceiro colega, que os denuncia ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação indenizatória por danos morais em face de Tomás e Vinícius. A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta. a) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem responder solidariamente pelo dever de indenizar. b) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano. c) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor fixado a título de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua responsabilidade. d) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por Vinícius, devendo, portanto, receber duas indenizações autônomas. Gabarito “a”. Veja o artigo 942 do Código Civil. A resposta está lá... Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 149 Seguem algumas questões já cobradas no Exame: (VI EXAME) A sociedade de transporte de valores “Transporte Blindado Ltda.”, na noite do dia 22/7/11, teve seu veículo atingido por tiros de fuzil disparados por um franco atirador. Em virtude da ação criminosa, o motorista do carro forte perdeu o controle da direção e atingiu frontalmente Rodrigo Cerdeira, estudante de Farmácia, que estava no abrigo do ponto de ônibus em frente à Universidade onde estuda. Devido ao atropelamento, Rodrigo permaneceu por sete dias na UTI, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Com base no fato narrado, assinale a assertiva correta. A) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa proprietária do carro forte com base na teoria do risco proveito, decorrente do risco da atividade desenvolvida. B) Não há na hipótese em apreço a configuração da responsabilidade civil da empresa de transporte de valores, uma vez que presente a culpa exclusiva de terceiro, qual seja, do franco atirador. C) Não há na hipótese a configuração da responsabilidade civil da empresa proprietária do carro forte, uma vez que presente a ausência de culpa do motorista do carro forte. D) Configura-se hipótese de responsabilidade civil objetiva da empresa proprietária do carro forte com base na teoria do empreendimento. GAB: A (XI EXAME) Pedro, engenheiro elétrico, mora na cidade do Rio de Janeiro e trabalha na Concessionária Iluminação S.A. Ele é viúvo e pai de Bruno, de sete anos de idade, que estuda no colégio particular Amarelinho. Há três meses, Pedro celebrou contrato de financiamento para aquisição de um veículo importado, o que comprometeu bastante seu orçamento e, a partir de então, deixou de arcar com o pagamento das mensalidades escolares de Bruno. Por razões de trabalho, Pedro será transferido para uma cidade serrana, no interior do Estado e solicitou ao estabelecimento de ensino o histórico escolar de seu filho, a fim de transferi-lo para outra escola. Contudo, teve seu pedido negado pelo Colégio Amarelinho, sendo a negativa justificada pelo colégio como consequência da sua inadimplência com o pagamento das mensalidades escolares. Para surpresa de Pedro, na mesma semana da negativa, é informado pela diretora do Colégio Amarelinho que seu filho não mais participaria das atividades recreativas diuturnas do colégio, enquanto Pedro não quitar o débito das mensalidades vencidas e não pagas. Com base no caso narrado, assinale a afirmativa correta. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 150 A) O Colégio Amarelinho atua no exercício regular do seu direito de cobrança e, portanto, não age com abuso de direito ao reter o histórico escolar de Bruno, haja vista a comprovada e imotivada inadimplência de Pedro. B) As condutas adotadas pelo Colégio Amarelinho configuram abuso de direito, pois são eticamente reprováveis, mas não configuram atos ilícitos indenizáveis. C) Tanto aretenção do histórico escolar de Bruno, quanto a negativa de participação do aluno nas atividades recreativas do colégio, configuram atos ilícitos objetivos e abusivos, independente da necessidade de provar a intenção dolosa ou culposa na conduta adotada pela diretora do Colégio Amarelinho. D) Para existir obrigação de indenizar do Colégio Amarelinho, com fundamento no abuso de direito, é imprescindível a presença de dolo ou culpa, requisito necessário para caracterizar o comportamento abusivo e o ilícito indenizável. GAB: C (XV EXAME) Devido à indicação de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da faixa de pedestres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável distância entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, distraiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo. Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmativa correta. A) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causados deve ser repartida entre todos os envolvidos. B) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este deverá indenizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo. C) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo. D) Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa. GAB: C (XVI EXAME) Daniel, morador do Condomínio Raio de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a permissão de animais de estimação, realizou um sonho antigo e adquiriu um cachorro da raça Beagle. Ocorre que o animal, muito travesso, precisou dos serviços de um adestrador, pois estava destruindo móveis e sapatos do dono. Assim, Daniel contratou Cleber, adestrador renomado, para um pacote de seis meses de sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito com o resultado, resolve levar o Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 151 cachorro para se exercitar na área de lazer do condomínio e, encontrando-a vazia, solta a coleira e a guia para que o Beagle possa correr livremente. Minutos depois, a moradora Diana, com 80 (oitenta) anos de idade, chega à área de lazer com seu neto Theo. Ao perceber a presença da octogenária, o cachorro pula em suas pernas, Diana perde o equilíbrio, cai e fratura o fêmur. Diana pretende ser indenizada pelos danos materiais e compensada pelos danos estéticos. Com base no caso narrado, assinale a opção correta. A) Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e solidária de Daniel e Cleber, aquele por culpa na vigilância do animal e este por imperícia no adestramento do Beagle, pelo fato de não evitarem que o cachorro avançasse em terceiros. B) Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e extracontratual de Daniel, havendo obrigação de indenizar e compensar os danos causados, haja vista a ausência de prova de alguma das causas legais excludentes do nexo causal, quais sejam, força maior ou culpa exclusiva da vítima. C) Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério subjetivo, em razão da ocorrência de força maior, isto é, da chegada inesperada da moradora Diana, caracterizando a inevitabilidade do ocorrido, com rompimento do nexo de causalidade. D) Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e contratual apenas de Daniel em relação aos danos sofridos por Diana; subjetiva, em razão da evidente culpa na custódia do animal; e contratual, por serem ambos moradores do Condomínio Raio de Luz. GAB: B (XX EXAME) Maria, trabalhadora autônoma, foi atropelada por um ônibus da Viação XYZ S.A. quando atravessava movimentada rua da cidade, sofrendo traumatismo craniano. No caminho do hospital, Maria veio a falecer, deixando o marido, João, e o filho, Daniel, menor impúbere, que dela dependiam economicamente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. A) João não poderá cobrar compensação por danos morais, em nome próprio, da Viação XYZ S.A., porque o dano direto e imediato foi causado exclusivamente a Maria. B) Ainda que reste comprovado que Maria atravessou a rua fora da faixa e com o sinal de pedestres fechado, tal fato em nada influenciará a responsabilidade da Viação XYZ S.A.. C) João poderá cobrar pensão alimentícia apenas em nome de Daniel, por se tratar de pessoa incapaz. D) Daniel poderá cobrar pensão alimentícia da Viação XYZ S.A., ainda que não reste comprovado que Maria exercia atividade laborativa, se preenchido o critério da necessidade. GAB : D Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 152 XXII EXAME) André é motorista da transportadora Via Rápida Ltda. Certo dia, enquanto dirigia um ônibus da empresa, se distraiu ao tentar se comunicar com um colega, que dirigia outro coletivo ao seu lado, e precisou fazer uma freada brusca para evitar um acidente. Durante a manobra, Olívia, uma passageira do ônibus, sofreu uma queda no interior do veículo, fraturando o fêmur direito. Além do abalo moral, a passageira teve despesas médicas e permaneceu por semanas sem trabalhar para se recuperar da fratura. Olívia decide, então, ajuizar ação indenizatória pelos danos morais e materiais sofridos. Em referência ao caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da transportadora, e apenas demandar André́ se não obtiver a reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é subsidiária. B) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André́, simultânea ou alternativamente, pois ambos são solidariamente responsáveis. C) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora, mas esta terá́ direito de regresso em face de André́, se for condenada ao dever de indenizar. D) André́ e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados diretamente por Olívia, mas aquele que vier a pagar a indenização não terá́ regresso em face do outro. GAB: B (XXV Exame) Marcos caminhava na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura do braço direito, que foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o membro imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente. À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa. B) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato. C) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente. D) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele. GABARITO:A Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 153 (XXVII Exame) Perpétua e Joaquim resolveram mover ação de indenização por danos morais contra um jornal de grande circulação. Eles argumentam que o jornal, ao noticiar que o filho dos autores da ação fora morto em confronto com policiais militares, em 21/01/2015, publicou o nome completo do menor e sua foto sem a tarja preta nos olhos, o que caracteriza afronta aos artigos 17, 18, 143 e 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Esses artigos do ECA proíbem a divulgação da imagem e da identidade de menor envolvido em ato infracional. Diante dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. A) O jornal agiu com abuso no direito de informar e deve indenizar pelos danos causados. B) O jornal não incorreu em ilícito, pois pode divulgar a imagem de pessoa suspeita da prática de crime. C) Restou caracterizado o ilícito, mas, tratando-se de estado de emergência, não há indenização de danos. D) Não houve abuso do direito ante a absoluta liberdade de expressão do jornal noticiante. Gabarito “A” (XXIX Exame) Márcia transitava pela via pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada por sua amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos de uma rua transversal e, ao se aproximar, verificou que um casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e munido de uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de agressão física. De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a bicicleta contra Ricardo, o que foi suficiente para derrubá-lo e impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente ferido. A bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o reparo seria mais caro do que adquirir uma nova, de modelo semelhante. De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta. B) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas não terá qualquer direito de regresso. C) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta. D) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá direito de regresso em face de Janaína. Sobre esta última, seguem meus comentários: A alternativa A está incorreta, uma vez que Lúcia poderá ser indenizada pelos danos causados a sua bicicleta, que serão arcados por Márcia. A alternativa B também está incorreta, porque Márcia terá ação de regresso contra Janaína, caso indenize Lúcia, pelos danos causados à bicicleta. A alternativa C está incorreta, já que Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 154 quem deverá indenizar os danos causados é Márcia, que terá ação de regresso contra Janaína. A alternativa correta é a D, uma vez que Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia e terá direito de regresso contra Janaína, pois o dano foi causado em sua defesa, conforme dispõe o art. 930, parágrafo único do CC. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 155 DIREITO DE FAMÍLIA CASAMENTO O casamento consiste em umas das formas de constituição de uma entidade familiar. Por meio dele, as pessoas contraem determinadas obrigações, previstas no artigo 1.566 do Código Civil, as quais não podem ser elididas pela vontade das partes, ou seja, não é possível abrir mão desses deveres. Pergunta-se: se constar uma cláusula no pacto antenupcial por meio da qual os cônjuges dispensem o cumprimento de algum desses deveres? Tal cláusula será nula, conforme artigos abaixo. Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. O casamento é um ato civil, podendo ser feito no religioso, conforme se vê: Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem – Unidade Goiânia www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 156 mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. § 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. A partir de que idade as pessoas podem se casar? A idade núbil no Brasil é de 16 anos, sendo que, por serem relativamente incapazes, os cônjuges dependem de ambos os pais, ou seus representantes legais. Se o pai autoriza e a mãe não? Neste caso, será necessário suprimento judicial. Não se esqueça de que, nesse caso, o casamento será realizado sob o regime da separação obrigatória de bens, nos termos do artigo 1.641 do CC: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Cuidado com a nova redação do artigo 1.518: Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Hoje, os curadores não mais podem revogar a autorização, até mesmo porque, com o advento da Lei 13.146/15 (Estatuto da pessoa com deficiência), o casamento de pessoas com deficiência mental ou intelectual é válido. CUIDADO! O artigo 1520 do Código Civil tem nova redação: Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. Curso preparatório para a 1ª fase do XXX Exame de Ordem DIREITO CIVIL Professores André de Almeida Dafico Ramos e Samantha Khoury Crepaldi Dufner Curso Proordem