Prévia do material em texto
Citologia Cervical Anatomia e morfologia Epitélio escamoso: quatro camadas de células diferenciadas basais, parabasais, intermediárias e superficiais. Possui receptores para hormônios ovarianos. Reveste os pequenos lábios da vulva, a vagina e a parte externa do colo uterino. Camada profunda 1 – camada basal Células basais: fileira única de células, tamanho 13 a 20 micra, redonda ou ovalada; citoplasma denso, intensamente basofílico (azul ou verde; RNA e ribossomos, núcleo); citoplasma, relativamente grande, redondo ou oval, cromatina uniforme finamente granulosa; grande capacidade de reprodução; raramente se descamam. Principal área de atividade mitótica � renovação do epitélio a cada 4 dias. Hiperplasia de células basais do epitélio escamoso � aumento anormal no nº de células. Células parabasais: duas ou mais camadas de células, 16 a 28 micra; redonda ou ovalada; citoplasma basofílico (azul ou verde) densoo; núcleo menos volumoso que a basal. Alta relação N/C (HSIL), redondo ou oval, cromatina finamente granular, bem distribuída, uniforme, mais mitoses que a camada basal, encontrada em epitélio atrófico (apresenta dois tipos de camadas – basal e parabasal) ou em caso de erosão (quando se retira tecido). 1 – células basais; 2 células parabasais Células intermediárias: mais espessa de todas, 30 a 40 micra; poligonal com borda citoplasmática pouco nítida, isoladas ou em grupos; citoplasma basofílico (azul ou verde), mais delgado (menos corado); núcleo pequeno e centralizado, redondo ou oval; cromatina em grânulos finos e uniforme. Membrana nuclear bem definida, não se dividem; depósito de glicogênio (estrogênico – estimula síntese do glicogênio no citoplasma). 2 – células intermediárias Céulas intermediárias – variante: estímulo hormonal persistente (gravidez, anovulatórios) *** núcleo centralizado é característico de células escamosas *** Células superficiais: menos espessa; 40 a 60 micra; poligonal com borda citoplasmática bem nítida. Geralmente isoladas; citoplasma eosinofílico (rosa – vermelho, proteína), pode ser basofílico; núcleo picnótico e centralizado, não se dividem; aparece, somente, por estímulo do estrógeno (estradiol). *** células superficiais são as únicas que pode ter citoplasma basofílico ou eosinofílico, por causa dos níveis diferentes de estradiol *** Junção Escamosa Colunar (JEC): classificação: 0, -1, -2, -3, -4; ectopia ou aversão (mácula rubra); entropia. *** falta de hormônio sexual produz entropia *** Epitélio colunar Endocérvice: mucosa que reveste internamente o canal cervical; constituído de epitélio colunar simples (cilíndricas) e células de reserva (redondas). Célula endocervical: 8 a 20 micra, superior mais larga (placa terminal com cílios); núcleo basal, redondo ou oval (** não confundir com parabasal ou histiócitos **); citoplasma basofílico ou eosínofílico finamente vacuolado; dividem-se em secretoras (mucíparas) e ciliadas. Núcleo: anisocariose moderada, com pouco pleomorfismo, ovais; cromatina finamente granular, cromocentros, nucléolos (célula glandular). Geralmente agrupadas: paliçada, favo de mel, colmeia etc. Favo de mel Endocervical isolada Endocervical paliçada Células de reserva: colunares menores, indiferenciadas, nucléolo arredondado ou poligonal, cromatina densa e citoplasma delicado e escasso (alta relação N/C); localizam-se abaixo das células endocervicais “células de recuperação”; agrupadas. Não são visualizadas em circunstâncias normais. Células endometriais: presentes no corpo do útero; degeneram facilmente; grupos pequenos com muita sobreposição nuclear, podem aparecer até o 10º ou 12º dia do ciclo menstrual; dois grupos: mucíparas e ciliadas. Elementos Mesoteliais anormais Eritrócitos Histiócitos Histiócitos Histiócitos gigantes multinucleado Histiócito gigante mulmtinucleado Muco: produção depende do estrogênio, máximo na ovulação (mais fluidez, transparência e filância e menos viscosidade) � espermatozoides. Aquosidade 90 – 95% para 98 – 99% filância máxima (formação de fio 12 cm) e cristalização em samambaia � método de Billings. Linfócitos Neutrófilos 1 – neutrófilos Espermatozoides Parasita Hormonal e Inflamatório Indução celular hormonal. Células do epitélio cérvico – vaginal possuem receptores (no terço final da vagina). Ação hormonal responde pela diferenciação do epitélio. Eixo hipotálamo – hipofisário Mecanismo de feedback (para produção hormonal). LH � ovulação (liberar óvulo) Metade para o final LH e progesterona (fase regressiva) (ciclo menstrual) Começa para a metade (15 dias) � fase proliferativa, folicular e estrogênio, Estrogênio no endométrio � provoca formação de muitas camadas � menstruação. Estrogênio – muco hidrófilo (espermatozoides passar facilmente) Fases hormonais Feto e RN: trófico até 4 – 15 dias de vida. (quatro camadas mãe). Infância: pré-puberdade 15º dia de vida: tipo atrófico (duas camadas). A partir dos quatro anos o processo gradativo de amadurecimento. Início da puberdade (13 amos) Ciclos hormonais Fase pré-menopausa: geralmente hipotrófico (pouco trofismo) – três camadas (progesterona). Menopausa: geralmente atrófico, hipotrófico ou misto (células maduras). Esfregaço atrófico: fundo granular por destruição celular. Fase menstrual (1 ao 5) Esfregaço hemorrágico. Maioria células intermediárias. Restos celulares. Leucócitos. Histiócitos. Célula endometrial. Fase estrogênica (6 ao 14) Rico em células intermediárias e superficiais. Aumento do número de células superficiais eosinofílicas. Desaparecimento de leucócitos, histiócitos e hemácias. Esfregaço limpo. Muco pouco espesso. Flora bacteriana escassa. Fase ovulatória Células superficiais eosinofílicas isoladas (por causa dos desmossomos) e planas. Brusca modificação (sinal de ovulação) tintorial para a eosinofílica. Grânulos querato-hialinos (proteína fibrosa) escuro nas células superficiais. Leucócitos raros. Muco inaparente (dissolvido pelo álcool). Flora escassa. Fase lútea / progesterônica ou regressiva (16 ao 28 dia) Células epiteliais reduzidas (reduz folículo Células intermediárias abundantes (progesterona). Muco e leucócitos, presença de glicogênio; degeneração celular; citólise – lactobacilos (flora) – tornar ambiente hostil. Aspecto de “sujo” para evitar bactéria. Efeito proliferativo mais tênue que o estrogênio (40 camadas) – 30 camadas. Fase pré-menopausa Menstruações irregulares, progressão para fase infértil; esfregaço hipotrófico; ausência de células superficiais (raras); presença de células intermediárias e profundas. Fase pós-menopausaAusência de maturação celular; predomínio de células profundas; reduzido número de camadas; epitélio + delgado; hipotrófico misto – 2 camadas. Gravidez � parecido com pré-mesntrual. Elevado número de células intermediárias; abundância de vacúolos de glicogênio. Esfregaço com estrogênio indica aborto. Normalmente esfregaço com progesterona; células naviculares. Pode apresentar células deciduais (placenta). Citologia hormonal Diferente dosagem hormonal � dosa a quantidade, mas não vê os efeitos na mulher. Na citologia hormonal mede a quantidade e visualiza os efeitos na mulher. Vantagens: eficiente, rápido e não Aplicação: estabelecer condição hormonal; avaliar função ovariana na puberdade; estimar a ovulação; avaliar função placentária na obstetrícia; acompanhar TRH. Regras: parede vaginal – terço superior; ausência de inflamação; ausência de cetólise, irradiação e cirurgias. *** coleta na parede � hormonal; coleta oncótica � no colo *** Índices IC (índice cariopicnótico – nível de estrogênio), IE (nível de estrogênio), IM ou Frost (P/I/S). ♥ IC - índice cariopicnótico: porcentagem de células com número cariopicnóticos (células superficiais). ♥ IE - índice de eosinofilia: porcentagem de células eosinofílicas e basofílicas ♥ IM -índice de maturação: porcentagem de células P/I/S citológicos Trofismo Quatro padrões citológicos (atrófico, hipotrófico, normotrófico e hipertrófico) Células profundas: atróficas 100 P / 0 I / 0 S; Células intermediárias: hipotrófico 0 P / 70 I / 30 S; Meio a meio, intermediárias e superficiais: normotrófico 0 P / 50 I / 50 S; Fluxo vaginal normal Constituído de: ♥ Secreções de glândulas vestibulares, células epiteliais descamadas, líquido do endométrio e muco cervical; ♥ Quantidade varia com o ciclo menstrual; ♥ Predomínio de bacilos de Doderlein, pH 3,5 a 4,5 (degrada glicogênio em ácido lático) ♥ Secreção clara, inodora, viscosa, homogênea e sem neutrófilos; ♥ Mucosa vaginal: rosa-pálida. Microbiota ♥ Glândulas vestibulares, cavidade uterina para cima; ♥ Estéreis em condições normais; ♥ Barreira mecânica, Ig e fagócitos locais ♥ Genitais externos; Microbiota vaginal normal ♥ Lactobacillus spp � principal � predomina ♥ Diphteroídes; ♥ Gardenerella vaginalis; ♥ Fusobacterium spp. Obs: pode causar infecções caso haja deregulação da flora. Aumento de secreções pode não ser patológico. Pode ser patológico e não infeccioso ou e atológico e infeccioso. Bacilos de Doderlein ou lactobacillus spp ♥ BGP, imóveis, aeróbios ou anaeróbios facultativos. ♥ 136 cepas – Lactobacillus acidophilus ♥ Papanicolaou: bacilos delgados ♥ pH vaginal 3,5 a 4,5 ♥ Vaginose citolítica (colonização do bacilo, causa lise das células intermediárias), lembra os sintomas de candida), fase luteínica, gravides e tto hormonais (aumento de progesterona) Fase pré-menstrual ♥ Higiene inadequada e muitas relações sexuais; ♥ Não causam vaginite; ♥ Transformam o glicogênio intracelular em ácido lático e peróxido de hidrogênio. Vaginose citolítica ♥ Prurido, dispareunia (dor no ato sexual) e disúria; ♥ Baixo leucócitos, evidência de citólise; ♥ Leucorreia – pH 3,5 e 4,5; ♥ Secreção branco-leitoso, bolhosa, com ausência de outros agentes etiológicos. As vezes crônica. ♥ Tto: aumento do pH vaginal (50 a 60g de bic de sódio em um litro de água morna) – duchas 2 a 3 vezes na semana. Queilócitos – HPV ♥ Alterações celulares ou critérios citomorfológicos da inflamação ♥ Hipercromares � azul mais forte/escuro ♥ Cariovixis � núcleo fragmentado ♥ Picnose, cariovixis e cariolise � associado a apoptose ♥ Células intermediária – eosinófila � pseudo eosinofílica � normalmente ela é basofílica. Paraceratose atípica � vírus, neoplasias Triagem – citologia oncológica HPV Inclusões em vacúolos citoplasmáticos (chlamydia) � bactéria Patognômico de HPV � coilocitose Exame citopatológico de citologia cervical Dinâmica de citologia cérvico-vaginal, citopatologia, citologia oncótica, citologia esfoliativa, colpocitologia, papanicolaou, exame preventivo. Finalidade principal: lesões precursoras do ca de colo de útero (inicial, prevenção); verificação hormonal. Não é diagnóstico definitivo (biópsia, feita após exame citológico alterado); teste de triagem (parte tecido); não é exame bacteriológico. Importância: prevenção; cura; papanicolaou (baixo custo, razoável sensibilidade). Falso negativo � 2/3 são de erros de coleta; 1/3 são de erro do citologista Índice de positividade: ♥ Ca de colo uterino – 40 a 86%; ♥ Ca de mama – PAF – 71 a 95%; ♥ Ca de pulmão – 58 a 87%; Técnicas Citologia convencional apresenta desvantagens na coleta. Líquido (Citologia em Meio Líquido - CML) – vantagem: reduzir inconvenientes; melhorar sensibilidade; preservar células; filtração ou centrifugação por gradiente de densidade. Coleta de material Tipos: ♥ Tríplice: V C E – desuso; ♥ Dupla: C E – 1996, MS; lâmina única (ect vert e endo horiz) Etapas da coleta: ♥ Preenchimento do formulário (todos os dados); ♥ Identificação da lâmina (lápis, iniciais, nº, data) ♥ Coleta e fixação Dados: idade, DUM (data da última menstruação); exame anterior e resultado; cirurgia; radioterapia; uso de DIU, TRH, ACO, gravidez, exame físico – leucorreia; aspecto do colo. Pré-requisitos Fora do período menstrual; abstinência sexual de 24h; não fazer ducha ou usar cremes vaginais dois dias de antecedência; preferencialmente no meio do ciclo (esfregaço limpo). Procedimento Preparar a paciente; usar EPI; dispor de material na mesa (identificar); virgem – swab ou escova. Grávida – só coleta ectocérvice com espátula. Coleta – avaliação hormonal Condições: Parede vaginal – terço superior Jamais colher material de fundo de saco vaginal (acúmulo de células). Se houver secreção no colo, retirar o excesso; fixar imediatamente (20s), no álcool ou spray. Fixação: Objetivo: preservar caracteres citomorfológicos, afinidade tintorial e preservar contra o ressecamento. ♥ Úmida: álcool 96GL (92,8 INPM) – imersão 15 a 30 min) opção de secar ao ar. Cobertura: sol. alcóolica de polietilenoglicol a 2%. Spray/gotas. Fixa + filme protetor 7 a 10 dias. Coloração de Papanicolaou Coloração policrômica; mecanismo de coloração das células: não completamente entendido; ocorre em fases. Fases: Hematoxilina de Harris: coloração do núcleo; Orange G: coloração de hemácias e queratina; EA36: coloração citoplasmática. Leitura da lâmina Campos intersectados, objetiva 10x, detalhes na 40x; o que parece pode não ser; o que não parece pode ser; reconhecer uma imagem depende de conhece-la; critérios morfológicos bem estabelecidos devem ser amplamente divulgados e empregados na rotina laboratorial; critérios morfológicos devem se basear em literatura confiável; subjetividade. Laudo ♥ Tipo de amostra (convencional,CML), adequação da amostra; ♥ Epitélio representado na amostra (escamoso, glandular, metaplásico); ♥ Descrição microscópica; ♥ Organismos; ♥ Interpretação / resultado (classificação). Classificação Papanicolaou: Classe 1: normal; classe 2: inflamatório; classe 3: displasia leve, moderada ou acentuada; classe 4: carcinoma “in situ”; classe 5: carcinoma invasivo. OPAS – Richart Normal; Inflamatório; NIC (Neoplasia Intra-epitelial Cervical); NIC II; NIC III e carcinoma invasivo. Bethesda NILM (Negativo Intraepitelial de Lesão de Malignidade) ASC US (células escamosa atípica), ASC H, AGC (célula glandular atípica); LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau) HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau); carcinoma invasor. Rastreabilidade ♥ Público alvo: mulheres ativas sexualmente dos 25 aos 64 anos. ♥ Periodicidade: 3 em 3 anos, após 2 negativos com intervalo de um ano; ♥ Colposcopia e histopato – lesões detectadas. Colposcopia ♥ Ácido acético 1 a 5% - leucoacéticas, mais brancas e brilhantes. ♥ Teste de Schiller – sol de lugol (interagem com carboidratos / glicogênio – células intermediárias). o Negativo: iodo positivo, escuro e uniforme; o Positivo: iodo negativo; áreas não se coram. Citologia cervical é mais útil que a colposcopia para detectar displasias ou câncer. Revisão Células intermediárias, superficiais e clue cells Epitélio hipertrófico e Actinomyces spp Candida spp (hifas) Trichomonas vaginalis Epitélio normal Aumento nuclear; alt coloração; Chlamydia trachimatis Coilocitose (HPV) Epitélio atrófico Células endocervicais Hiperceratose (escamas) Paraceratose Leptothrix vaginalis Histiócitos Flora lactobacilar e citólise Células endocervicais HSV Candida spp Vaginose bacteriana