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20/04/2015 
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SOCIEDADE: Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um 
sistema semiaberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros 
indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de 
relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade 
interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a 
um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada. 
 A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma “associação 
amistosa com outros”. Societas é derivado de socius, que significa 
“companheiro”, e assim o significado de sociedade é intimamente 
relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade 
que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um 
objetivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinônimo 
para o coletivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais 
que lidam com o bem-estar cívico. 
Existem duas teorias sobre a origem da sociedade: 
1 - Homem Animal Político: Zoon Politikon (Animal 
Político) é uma expressão utilizada pelo filósofo 
grego Aristóteles de Estagira (384 a.C – 322 a.C), 
discípulo de a Platão, para descrever a natureza 
do homem – um animal racional que fala e pensa 
(zoon logikon) – , em sua interação necessária na 
cidade-Estado (pólis). Para Aristóteles, o homem é 
um animal político na medida em que se realiza 
plenamente no âmbito da pólis. Segundo 
Aristóteles, a “cidade ou a sociedade política” é o 
“bem mais elevado” e por isso os homens se 
associam em células, da família ao pequeno grupo 
social (mestres, guerreiros, artesãos, etc.), e a 
reunião desses agrupamentos resulta na cidade e 
no Estado (“Política”, cap.I, Livro Primeiro). 
Aristóteles não vê os homens como 
“naturalmente” virtuosos; eles possuem, na 
realidade, os predicados necessários para, na 
condição de animal político, obter a felicidade e o 
bem comum. O seu sentido de completude. 
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2 - O Contrato Social: Thomas Hobbes 
(1588- 1679) analisa a natureza humana 
dentro da sua teoria hipotética sobre o 
prisma realista. 
Ele não estuda a essência dos homens, 
mas sim, as condições objetivas dos 
homens no seu estado natural. A 
convivência dos homens sem um Estado 
que os tutele, acarreta uma igualdade 
aproximada que leva à “guerra de todos 
contra todos”. Neste estado de natureza 
todos os homens têm direito a todas as 
coisas. E, sabendo que os bens são 
escassos, quando duas pessoas desejarem 
um só objeto indivisível, estas são livres 
para lutar com todas as armas para 
satisfazer seu desejo. 
“Todos são iguais no ‘medo 
recíproco’, na ameaça, que 
paira sobre a cabeça de 
cada um, da ‘morte 
violenta’. Os homens 
‘igualam-se’ neste medo da 
morte.” 
Thomas Hobbes: De Cive, p. 
27. 
ESTADO: é uma instituição 
organizada política, social e 
juridicamente, ocupando um 
território definido, normalmente 
onde a lei máxima é uma 
Constituição escrita, e dirigida por 
um governo que possui soberania 
reconhecida tanto interna como 
externamente. Um Estado soberano 
é sintetizado pela máxima “Um 
governo, um povo, um território”. 
O Estado é responsável pela 
organização e pelo controle social. 
TERRITÓRIO: São as faixas de terra, as águas 
interiores, os rios internos, que nascem e 
morrem em território brasileiro, as ilhas, o mar 
territorial e toda a faixa de ar atmosférico. Além 
disso, o Brasil tem a Zona Econômica Exclusiva 
(soberania até as 200 milhas náuticas). As 
fronteiras entre os demais Estados são 
delimitadas por acordos bilaterais entre os 
países. Podem ser fronteiras artificiais ou 
naturais. Podem ser delimitados ainda por efeito 
de ocupação, (ver teoria geopolítica do Gral. 
Trespassos). 
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LEI: é uma norma ou conjunto de 
normas jurídicas criadas através 
dos processos próprios do ato 
normativo e estabelecidas pelas 
autoridades competentes para o 
efeito. 
Na formação do Estado as leis 
podem ser NATURAIS (sem 
necessidade de estar escrita) ou 
leis POSITIVAS (formadas a partir 
da lei Magna, a Constituição). 
SOBERANIA: refere-se à entidade que 
não conhece superior na ordem externa 
nem igual na ordem interna. 
É um poder (faculdade de impor aos 
outros um comando ao qual eles ficam 
a dever obediência), perpétuo (não 
pode ser limitado no tempo), e 
absoluto (não está sujeito a condições 
ou encargos postos por outrem, não 
recebe ordens ou instruções de 
ninguém e não é responsável perante 
nenhum outro poder). 
POVO: é a parcela da 
população do Estado 
considerada sob o aspecto 
jurídico, é o grupo humano 
integrado numa ordem estatal 
determinada. É o conjunto de 
indivíduos submetidos às leis. 
São os súditos das leis ou os 
cidadãos de um mesmo Estado 
e sua aceitação como elemento 
essencial para a constituição e 
existência do Estado é 
unânime. 
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Em ciência política, chama-se forma de governo 
(ou sistema político) o conjunto de instituições 
políticas por meio das quais um Estado se 
organiza a fim de exercer o seu poder sobre a 
sociedade. Cabe notar que esta definição é 
válida mesmo que o governo seja considerado 
ilegítimo. 
Tais instituições têm por objetivo regular a 
disputa pelo poder político e o seu respectivo 
exercício, inclusive o relacionamento entre 
aqueles que o detêm (a autoridade) com os 
demais membros da sociedade (os 
administrados). 
A forma de governo adotada por um Estado não 
deve ser confundida com a forma de Estado 
(unitária ou federal) nem com seu sistema de 
governo (presidencialismo, parlamentarismo, 
monarquia representativa, dentre outros). 
De acordo com a doutrina de Maquiavel, considerada como a 
negação de toda moral, surge o conceito de política 
maquiavélica. 
 Figurado. Pérfido, sem escrúpulos: habilidade maquiavélica. 
 Figurado. Que possui astúcia: projeto maquiavélico. 
Mas por que este conceito perdura?... 
 Pela importância do pensamento deste 
ímpar homem.... 
Nicolau Maquiavel (1469-1527), é um dos mais importantes 
pensadores de todos os tempos, especialmente para o 
campo da política, por um motivo bastante simples: ele foi 
o primeiro a dissociar a política da moral. A característica 
mais marcante da obra maquiaveliana reside justamente 
no fato de que Maquiavel, ao pensar e escrever sobre 
política, rejeitou completamente o idealismo dos clássicos 
e rompeu definitivamente com a velha moral católica. 
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Enquanto Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e Thomas 
Morus, por exemplo, procuraram estabelecer as 
características de um Estado “ideal”, Maquiavel seguiu no 
sentido oposto: ao invés de se preocupar com o que o 
Estado deveria ser, procurou desenvolver uma teoria a 
partir do que o Estado era de fato. 
Essa “análise retrospectiva” dos fatos históricos levou 
Maquiavel à constatação de que, ao longo de toda ela, os 
homens mostraram-se sempre os mesmos: ingratos, 
volúveis, simuladores, covardes e ávidos por lucro. 
Por essa razão, um governante (“príncipe” na terminologia 
maquiaveliana) que pretendesse comandar o Estado 
deveria possuir duas características imprescindíveis: força 
e inteligência. A primeira, para conquistar o poder; a 
segunda, para mantê-lo. 
Os expedientes utilizados pelo príncipe para a 
manutenção da ordem no Estado, ao contrário do que 
haviam preconizado todos os pensadores anteriores a 
Maquiavel, não deveriam ser previstos em nenhuma lei 
ou norma moral; ao contrário, era cada situação que 
determinaria o que seria certo ou errado, moral ou 
imoral, bom ou mal. Maquiavel inaugura, assim, a 
“moral de circunstância”,que era completamente 
avessa à velha moral católica. 
Maquiavel não foi apenas um intelectual que teorizou a respeito de 
política, mas um político que viveu na prática a luta de poder no 
período em que Florença, tradicionalmente sob a influência da família 
Médici, que encontrava-se por uma década governada pelo republicano 
Soderini. Ao ocupar a Segunda Chancelaria do governo, Nicolau 
Maquiavel desempenhou inúmeras missões diplomáticas na França, na 
Alemanha e nos diversos Estados italianos, quando entrou em contato 
direto com reis, papas e nobres. 
Nessas ocasiões conheceu o condottiere César Bórgia, empenhado na 
ampliação dos Estados Pontifícios, e, observando sua maneira de agir, 
viu nele o modelo de príncipe de que a Itália precisava para ser 
unificada. Após a deposição de Soderini, os Médici voltaram à cena 
política e Maquiavel caiu em desgraça, recolhendo-se para ocupar-se 
com as obras que o consagraram. 
Escreveu peças de teatro (como a famosa comédia), poesia e ensaios 
diversos, dentre os quais se destacam O príncipe e Comentários sobre 
a primeira década de Tito Lívio. 
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Desde o final do século XIV, em 
Portugal, e durante o século "XV, na 
França, Espanha e Inglaterra, 
começaram a surgir as monarquias 
nacionais, com o fortalecimento do rei 
e, portanto, a centralização do poder. 
Desse modo configurou-se o Estado 
moderno, com prerrogativas de 
governo central, tais como o 
monopólio de fazer e aplicar leis, 
recolher impostos, cunhar moeda, ter 
um exército, e ser o único a deter o 
monopólio legítimo da força e o 
aparato administrativo para prestar 
serviços públicos. 
Luis XIV de França o “O Rei 
Sol” (1638-1715) 
 
Se lhe atribui a famosa 
frase, dignificadora do 
Absolutismo: 
“L’etat c’est Moi” 
mas não há prova nenhuma 
disso. 
Maquiavel observava com 
apreensão a falta de 
estabilidade política da Itália, 
dividida em principados e 
repúblicas onde cada um 
dispunha de sua própria milícia, 
geralmente formada por 
mercenários. Nem mesmo os 
Estados Pontifícios deixavam de 
formar seus exércitos. 
Escrito em 1513 e dedicado a Lourenço de Médici, O Príncipe 
provocou inúmeras interpretações e controvérsias. 
À primeira vista, essa obra parece defender o absolutismo e o mais 
completo imoralismo: 
 
“É necessário a um príncipe, para se manter, que 
aprenda a poder ser mau e que se valha a ou deixe de 
valer-se disso segundo a necessidade.” 
 
Da leitura apressada de sua obra decorre o mito do maquiavelismo, 
que tem atravessado os séculos. 
 
Como vimos antes, na linguagem comum, chamamos 
pejorativamente de maquiavélica a pessoa sem escrúpulos, 
traiçoeira, astuciosa, que, para atingir seus fins, usa de mentira e de 
má-fé e nos engana com tanta sutileza que não percebemos a 
manipulação. Como expressão dessa conduta, costuma-se 
vulgarmente atribuir a Maquiavel a famosa máxima: "Os fins 
justificam os meios". 
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No entanto, essa interpretação é excessivamente simplista e 
deformadora do pensamento maquiaveliano, porque se 
encontra fora do contexto mais amplo da obra. 
Para restaurar sua teoria convém analisar com atenção o 
impacto das inovações nas concepções políticas de seu 
tempo, ainda muito impregnadas da visão religiosa medieval. 
Para nos contrapormos à análise pejorativa do 
maquiavelismo, convém examinar as características de duas 
obras: O Príncipe, a mais conhecida, e Comentários sobre a 
primeira década de Tito Lívio, em que Maquiavel desenvolve 
ideias republicanas. 
A aparente contradição entre as duas obras é interpretada 
como a análise de duas circunstâncias diferentes da ação 
política: em um primeiro momento, representado pela ação 
do príncipe na Itália dividida, o poder deve ser conquistado 
e mantido, e para tanto justifica-se o poder absoluto; 
posteriormente, alcançada a estabilidade, é possível e 
desejável a instalação do governo republicano. 
Além disso, as ideias já democráticas aparecem 
veladamente também no capítulo IX de O Príncipe, quando 
Maquiavel discorre sobre a necessidade de o governante ter 
o apoio do povo, sempre melhor do que o apoio dos grandes, 
que podem ser traiçoeiros. 
O que estava sendo timidamente esboçada era a ideia de 
consenso, que adquiriu importância fundamental nos 
séculos seguintes. 
Para descrever a ação do Príncipe, 
Maquiavel usa as expressões italianas virtù 
e fortuna. 
 
Virtù significa virtude, no sentido grego de 
força, valor, qualidade de lutador e 
guerreiro viril. Príncipes de virtù são 
governantes especiais, capazes de realizar 
grandes obras e provocar mudanças na 
história. 
Não se trata, portanto, do príncipe 
virtuoso, bom e justo, segundo os 
preceitos da moral cristã, mas sim 
daquele que tem a capacidade de 
perceber o jogo de forças da política, 
para então agir com energia a fim de 
conquistar e manter o poder. 
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Fortuna, em sentido comum, significa 
acúmulo de bens, riqueza. Sua origem 
é a deusa romana Fortuna, que 
representa a abundância, mas também 
é aquela que move a roda da sorte. 
Especificamente, fortuna significa 
ocasião, acaso, sorte. Para agir bem, 
o príncipe não deve deixar escapar 
a ocasião oportuna. 
De nada adiantaria ser virtuoso, se o 
príncipe não soubesse ser precavido 
ou ousado e aguardar a ocasião 
propícia, aproveitando o acaso ou a 
sorte das circunstâncias, como 
observador atento do curso da 
história. 
No entanto, a fortuna de pouco serve sem a virtù, pois pode 
transformar-se em mero oportunismo. 
Por isso Maquiavel distingue entre o Príncipe de virtù, que é 
forçado pela necessidade a usar da violência visando ao bem 
coletivo, e o tirano, que age por capricho ou interesse 
próprio. 
 
 
Maquiavel subverteu a abordagem tradicional da teoria política feita 
pelos gregos e medievais, e por isso é considerado o fundador da 
ciência política, ao enveredar por novos caminhos "ainda não 
trilhados", como ele mesmo diz. 
Pode-se dizer que a política de Maquiavel é realista, ao se basear em 
"como o homem age de fato". 
A observação das ações dos governantes seus 
contemporâneos e dos tempos antigos, sobretudo de Roma, 
leva -o à constatação de que eles sempre agiram pelas vias 
da corrupção e da violência. 
Partindo do pressuposto de que a natureza humana é capaz 
do mal e do erro, analisa a ação política sem se preocupar 
em ocultar "o que se faz e não se costuma dizer". 
A esse realismo alia-se a tendência utilitarista, pela qual 
Maquiavel desenvolve uma teoria voltada para a ação eficaz e 
imediata. Para ele, a ciência política só tem sentido se propiciar o 
melhor exercício da arte política. 
Trata-se do começo da ciência política: da teoria e da 
técnica da política, entendida como disciplina autônoma, 
porque desvinculada da ética pessoal e da religião, além de 
ser examinada na sua especificidade própria. 
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Para Maquiavel, a moral política distingue-se 
da moral privada, uma vez que a ação política 
deve ser julgada a partir das circunstâncias 
vividas e tendo em vista os resultados 
alcançados na busca do bem comum. 
Com isso, Maquiavel distancia-se da política 
normativa dos gregos e medievais, porque não 
busca as normas que definem o bom regime, 
nem explicita quais devem ser as virtudes do 
bom governante. 
Em alguns casos, como o de Platão, a 
preocupação em definir como deve ser o bom 
governo levou à construção de utopias, o que 
merece a crítica de Maquiavel. 
A nova ética analisa as ações não mais em função de uma 
hierarquia de valores dada a priori, mas sim em vista das 
consequências,dos resultados da ação política. Não se trata 
de amoralismo, mas de uma nova moral centrada nos 
critérios da avaliação do que é útil à comunidade: se o que 
define a moral é o bem da comunidade, constitui dever do 
príncipe manter-se no poder a qualquer custo, por isso às 
vezes pode ser legítimo o recurso ao mal - o emprego da 
força coercitiva do Estado, a guerra, a prática da espionagem 
e o método da violência. 
O pensamento de Maquiavel nos leva à reflexão sobre a 
situação dramática e ambivalente do governante: se aplicar 
de forma inflexível o código moral que rege sua vida pessoal 
à vida política, sem dúvida colherá fracassos sucessivos, 
tornando-se um político incompetente. 
Essas ponderações poderiam levar as pessoas a considerar que 
Maquiavel defende o político imoral, os corruptos e os 
tiranos. Não se trata disso. A leitura maquiaveliana sugere a 
superação dos escrúpulos imobilistas da moral individual, 
mas não rejeita a moral própria da ação política. 
Na nova perspectiva, para fazer política é preciso 
compreender o sistema de forças existentes de fato e 
calcular a alteração do equilíbrio provocada pela 
interferência de sua própria ação nesse sistema: como vimos, 
o desafio está em compreender bem a relação fortuna-virtù. 
 
No ostracismo* político, após a queda de Soderini, Maquiavel 
se ocupa com a elaboração dos Comentários sobre a primeira 
década de Tito Lívio, e só interrompe esse trabalho por 
alguns meses para escrever O príncipe. 
 
 Surge o Maquiavelo republicano... 
Ostracismo. Afastamento das funções públicas. O termo vem do costume, na Grécia Antiga, de se votar a 
exclusão de um cidadão das decisões públicas, escrevendo seu nome em uma casca de ostra untada com 
cera. 
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Ao explicitar suas ideias democráticas, desmente as interpretações 
tendenciosas da tradição que reforçaram o mito do maquiavelismo. 
Nessa obra analisa os riscos da corrupção, que faz prevalecer os 
interesses particulares sobre os coletivos, e reconhece na lei o 
instrumento eficaz para forçar as pessoas a respeitarem o bem 
comum. 
 
Outra novidade de sua teoria republicana é a elaboração da moderna 
concepção de ordem, não a ordem hierárquica, que cria a harmonia 
forçada, mas a que resulta do conflito. Trata-se de uma mudança 
radical de enfoque, uma vez que as utopias costumam valorizar a paz 
de uma sociedade sem antagonismos, o que significa não reconhecer a 
realidade do mundo humano em constante confronto. 
Ou seja, Maquiavel percebe que o conflito é um fenômeno inerente à 
atividade política, e que esta se faz justamente a partir da conciliação 
de interesses divergentes. A liberdade resulta de forças em luta, num 
processo que nunca cessa, já que a relação entre as forças 
antagônicas é sempre de equilíbrio tenso. 
Maquiavel elogia a Roma Antiga ao afirmar que as divergências entre 
aristocratas e povo não provocaram a decomposição da República, mas a 
fortaleceram. Reitera que o Estado deve criar mecanismos para que o 
povo expresse seus desejos, bem como estabelecer formas de controle 
de seus excessos. 
No entanto, o pensamento de Maquiavel tem um sentido próprio, na 
medida em que expressa a tendência fundamental de sua época: em um 
primeiro momento, a defesa do poder absoluto do Estado - capaz de 
unificar a Itália - , e a valorização da política secular, não atrelada à 
religião. 
Talvez por isso se ressinta de um certo politicismo, ou seja, de 
hipertrofia da política, de cujas consequências últimas nem ele próprio 
suspeitasse. Embora não tivesse usado o conceito de Razão de Estado, já 
se esboçava a doutrina que iria vigorar no século seguinte, quando o 
governante absoluto, em circunstâncias críticas e extremamente graves, 
a ela recorre permitindo-se violar normas jurídicas, morais, políticas e 
econômicas.

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