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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa Especial de Extensão - PROEX 
(1) Introdução. 
 
A FADIRE é uma Instituição de Ensino Superior comprometida com três 
questões da mais elevada prioridade nacional: desenvolvimento regional, 
inclusão profissional e redução das desigualdades sociais; o próprio nome que 
ostenta identifica este ideário superior: Faculdade de Desenvolvimento e 
Integração Regional. 
De que Região estamos falando? 
Inicialmente a que fica nas cercanias de Santa Cruz do Capibaribe 
(Pernambuco), onde sua Sede está excepcionalmente estabelecida, porém, no 
PROEX que aqui iremos enunciar ficará claro que sua administração pensa em 
todas as regiões onde seus Cursos de Extensão possam levar qualidade de 
vida e ativar suas três prioridades operacionais no mister de Instituição de 
Ensino Superior. 
 
(2) O Que é o PROEX/FADIRE? 
 
O PROEX/FADIRE – Programa de Extensão da Faculdade de 
Desenvolvimento e Integração Regional – é um Sistema de 
Desenvolvimento de Cursos de Extensão de Nível Superior aberto à 
Comunidade em Geral, que visa interligar não só a prática acadêmica junto à 
população, mas possibilitar o atendimento das múltiplas necessidades da 
população possibilitando a formação do profissional-cidadão. 
A consolidação da prática da Extensão permite a constante busca do 
equilíbrio entre as demandas socialmente exigidas e as inovações que surgem 
do trabalho acadêmico. Os Cursos de Extensão são “portais” para a 
identificação e desenvolvimento de opções de inserção da sociedade brasileira 
no Ensino Superior e, efetivamente, o desenvolvimento da visão crítica e 
produtiva decorrente deste nível de formação. 
(3) Quem Pode Participar do PROEX/FADIRE? 
 
Qualquer pessoa pode participar do PROEX/FADIRE, desde que seja 
aprovado em um Exame Seletivo promovido pela FADIRE com esta finalidade. 
Uma vez aprovado, o Estudante deverá celebrar o contrato 
“individualizado”, sob a mediação da representação autorizada pela FADIRE 
e todo processo de gestão operacional é contemplado pela FADIRE conforme 
especificações contratuais. 
 
(4) Minuta do PROEX. 
 
O PROEX surgiu devido às demandas existentes na cidade de Santa 
Cruz do Capibaribe – PE e em regiões vizinhas. 
Considerando que a FADIRE tem sede localizada em um dos maiores 
polos de confecção de Pernambuco, é importante ressaltar também a 
crescente necessidade de sua população em qualificação profissional, ou seja, 
pela busca dos indivíduos pelo conhecimento de nível superior, aperfeiçoando-
se nas mais diversas áreas. 
Os Cursos de Extensão que são ofertados pela FADIRE, oriundos do 
PROEX, tem o caráter de aproveitamento – de acordo com a legislação vigente 
e a regulação interna da Instituição – possibilitando aos Estudantes, dentro de 
certas regras, o acesso em uma Faculdade credenciada pelo MEC no regime 
de aproveitamento de disciplinas/módulos. 
Assim, ao cumprir as exigências legais, o Estudante aprovado poderá 
realizar aproveitamento de disciplinas em Cursos de Graduação conforme os 
critérios de relação do Curso de Extensão feito e a Graduação pretendida pelo 
Estudante – no caso da FADIRE: Ciências Contábeis, Administração, Design 
de Moda, Pedagogia. 
Os Cursos de Extensão são definidos por módulos independentes e com 
término específico, garantindo que o aluno aproveite com eficácia todo o 
PROEX. 
Os Cursos são oferecidos semestralmente, contemplando conteúdos 
teóricos e práticos, voltados para cada área específica, possuindo uma carga 
horária mínima a ser cumprida. 
Os Cursos estão formatados no modo semipresencial, utilizando material 
apostilado para suporte das aulas. O conhecimento prático e os estágios serão 
realizados de acordo com a natureza dos Cursos a partir de convênios 
celebrados com a FADIRE, na forma da legislação vigente para cada área de 
conhecimento. Sendo os Cursos direcionados aos portadores de ensino médio 
e a graduados. 
Cada Curso possui duração de 300 a 400 horas semestral, 
correspondendo a disciplinas e atividades complementares. As aulas serão em 
regime semipresencial, com encontros quinzenais, de acordo com o calendário 
acadêmico. 
O processo avaliativo é de responsabilidade de cada professor e detém 
autonomia para fazê-lo, de acordo com as normas pré-estabelecidas pelo 
PROEX. 
 
(5) Bases Legais. 
 
O PROEX/FADIRE está fundamentado nas seguintes bases legais: 
 
1- A FADIRE é uma Instituição de Ensino Superior autorizada a operar 
no Brasil em conformidade com a Portaria 3806/04 (17/11/2004) 
a. O Curso de Bacharelado em Administração está autorizado 
pela Portaria MEC 114/06 de 12/01/2006 publicada no D.O.U. 
em 13/01/2006. 
 
2- Edital do PROEX 
a. O PROEX é regido pela Resolução FADIRE/PROEX 2/2011, 
10 de Maio de 2011, que está em harmonia com o Decreto 
5773, Artigo 12º, Inciso “I”1 onde a FADIRE, na qualidade de 
Instituição de Ensino Superior, exerce os atos inerentes à sua 
condição administrativa e operacional. 
b. O PROEX se fundamenta na Lei 9394/96, Artigo 44º, Inciso 
“IV”2 que afirma que o Curso de Extensão é de nível superior; 
i. Após a leitura deste Edital o Estudante deve aceitar a 
celebração do contrato de desenvolvimento do PROEX, 
nos termos das normas de boa-fé elencadas em Contrato 
Social Privado, conforme determina o Código Civil 
Brasileiro3 nos Artigos 421 e 422 (Lei 10406 de 
10/02/2002); 
ii. A primeira questão a ser aceita pelo Interessado é que 
há Exame Seletivo e, somente depois de satisfazê-lo, 
poderá haver a inscrição. O ensino médio será 
obrigatório. 
c. As Regras Gerais determinam: 
i. O Calendário das aulas; 
ii. Durante 6 meses o conteúdo que é denominado Módulo 
possui 6 Disciplinas; 
iii. Conforme o semestre/módulo é encerrado, o Estudante 
aprovado recebe o Certificado de Conclusão do referido 
módulo – (Certificado PROEX/Fadire); 
 
1
 Art. 12º, Inciso “I”: “As instituições de educação superior, de acordo com sua organização e 
respectivas prerrogativas acadêmicas, serão credenciadas como: I – faculdades;” 
2
 A Lei 9394/96, Artigo 44º Inciso “IV” – “A Educação Superior abrangerá os seguintes Cursos e 
Programas: (...) IV- de Extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em 
cada caso pelas instituições de ensino.”. 
3 Lei 10406/02, Art. 421 e 422 - “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social do contrato. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé.”. 
iv. Quando o Estudante alcançar 7 semestres ou 7 módulos, 
terá realizado 42 disciplinas. 
d. Após esta fase o Estudante fará um “Exame Vestibular” para 
Bacharelado em Administração que lhe permitirá acessar esta 
Graduação, mas tem que ser aprovado neste vestibular; 
i. Em seguida, todas as 42 disciplinas são aproveitadas 
conforme acordado em Contrato, com um documento 
onde o Estudante requererá na forma do Artigo 47, 
parágrafo 2º da Lei 9394/964, o aproveitamento de 
conhecimentos anteriores; 
1. Este aproveitamento dos módulos/disciplinas está 
amparado na Resolução CFE 05/79, alterada pela 
Resolução CFE 01/94 e Parecer CES/CNE 247/99 
– que garante a legitimidade dos direitos dos 
Estudantes quanto ao seu capital acadêmico para 
fins de aproveitamento posterior. 
 
ii. Falta ao Estudante, para “fechar” a sua formação, o 8º 
Semestre, onde as tarefas são TCC e Estágio que 
poderão ser feitos em sua própria Cidade. 
e. Concluídosatisfatoriamente o 8º Semestre o Estudante poderá 
obter a Diplomação no Bacharelado em Administração. 
 
4
 Lei 9394/96, Artigo 47º, § 2º – Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, 
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca 
examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos 
sistemas de ensino. 
 
(6) Oportunidade Inédita! 
 
O PROEX/FADIRE possibilita àqueles que se inscrevem nele 7 
Semestres de Certificados de nível superior que agregam valor instrumental à 
sua vida profissional e no 8º Semestre, dentro das regras estabelecidas 
contratualmente, permite o acesso do Estudante na Graduação correspondente 
ao Curso que estiver pleiteando dentro das opções oferecidas. O nosso 
Estudante estuda enquanto trabalha e se diploma com o maior perfil de estágio 
possível no ensino superior. 
 
 
 
 
__________________________________ 
Lei 9394/96, Artigo 47º, § 2º – Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, 
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca 
examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos 
sistemas de ensino. 
 
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 
 
EMENTA: 
Apresentam o panorama histórico da filosofia e suas relações com as teorias 
educacionais. 
COMPETÊNCIA: 
Analisar a situação educacional relacionando-a ao pensamento filosófico construído ao 
longo da história da humanidade. 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
CHAUÍ, Marilena e outros – Primeira Filosofia, São Paulo, Martins Fontes, 1988 
MARX, Karl – Miséria da Filosofia, Porto, Publ. Escorpião 
MONDIN, B. – Introdução à Filosofia, São Paulo, Paulinas, 1981 
MORENTE,M. G. – Fundamentos de Filosofia, São Paulo, E. Mestre Jou, 1970 
NOGARE, P. de Dalle – Humanismos e Anti-Humanismos em Conflitos, 
Petrópolis, Vozes, 1985 
REALE, M. – Introdução à Filosofia, vols. I, II e III, São Paulo, Saraiva, 1989 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
MORIN, E. – O Enigma do Homem, Rio de Janeiro, Zahar, 1979 
MENDONÇA, Eduardo Prado de – O Mundo de Filosofia, Rio de Janeiro, Agir, 
1979 
PRADO, C. Jr. – O que é Filosofia, São Paulo, Brasiliense, 1982 
RUSSELL, Bertrand – Introdução à Filosofia Matemática, Rio de Janeiro, Zahar, 
1981 
SEVERINO, Antônio Joaquim – Filosofia, São Paulo, Cortez (Coleção Magistério 
2ª Série Formação Geral) 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
A presente apostila tem como objetivo levar ao 
aluno (a) do Programa Especial de Extensão um 
conjunto de anotações para um melhor 
acompanhamento das aulas de Filosofia da 
Educação. 
O Programa Especial de Extensão espera que seus 
alunos busquem por caminhos renovadores para o 
processo educacional. Espera-se assim mais alunos 
juntos no esforço para fazer educação, cada vezes 
menos tradicional, e cada vezes mais uma 
educação transformadora, proporcionando a 
humanização e desenvolvimento do potencial de 
cada ser humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
O papel da educação é possibilitar ao ser humano olhar para 
o mundo ao seu redor para poder dar-lhe um sentido. Por isso 
existe uma relação de reciprocidade entre filosofia e educação. É 
partir da visão de mundo que o ser humano já possui, que ele inicia 
o seu procedimento educacional, que por sua vez, vai possibilitar-
lhe nova leitura de mundo. 
Desse modo, elencaremos as visões de mundo e/ou 
interpretações de mundo: 
- Idealismo: A realidade é essencialmente espiritual. O mundo 
físico é colocado em segundo plano. O ser humano é antes uma 
idéia abstrata, um ser espiritual, um ser provisório e passageiro. 
 
- Realismo: O mundo material é tão real quanto o mundo espiritual 
e existe independente deste. O ser humano é um composto de 
uma parte espiritual e outra material. A parte espiritual é superior 
seja porque foi criada diretamente por Deus, seja porque foi 
criada por Deus através da força que ele colocou na natureza, seja 
porque representa um desenvolvimento espontâneo desta última. 
 
- Existencialismo: É a interpretação da realidade cuja preocupação 
fundamental é a pessoa existencial. Concentra-se nas coisas que 
estão aí, realçando o papel do ser humano na sua situação do 
momento. 
 
1. CONCEPÇÕES ANALÍTICAS: São aquelas concepções da 
realidade que de 
modo insistente se interessam pela verificação e classificação da 
linguagem. 
 
2. CONCEPÇÕES DIALÉTICAS: São aquelas concepções que 
consideram o ser 
humano como parte de uma realidade total que é essencialmente 
mutável, sendo, por isso, também ele essencialmente mutável. 
Incluem-se nelas: 
 
 Pragmatismo: É a visão de mundo que afirma ser a realidade 
aquilo que nossos sentidos experimentam. O ser humano é um 
indivíduo autônomo que pode e deve traçar o seu destino. 
 
 Dialética: É a leitura que vê a realidade como sendo 
essencialmente dinâmica e em contínua transformação. O ser 
humano vive com essa realidade mutável, aceita-a, pois sabe o 
porquê da mudança e tem consciência de poder influir nela. 
 
É pela filosofia que podemos indagar sobre a intenção de 
transformar o modo como observamos e pensamos, agimos e 
interagimos; os filósofos sempre se consideraram a si mesmos 
como os educadores definitivos da humanidade. Mesmo quando 
pensavam que a filosofia deixa tudo como está, pensavam que 
interpretar o mundo corretamente — compreendê-lo e compreender 
a nossa posição nele — nos libertaria da ilusão, conduzindo-nos a 
contemplação da ordem divina, progresso científico ou criatividade 
artística que nos são mais apropriadas. Mesmo a filosofia "pura" — 
metafísica e lógica — é implicitamente pedagógica. Tem a intenção 
de corrigir a miopia do passado e do instante. 
A reflexão filosófica acerca da educação, de Platão a Dewey, 
tem sido assim naturalmente dirigida para a educação dos 
governantes, daqueles que se presume preservarem e transmitirem 
a cultura da sociedade, o seu conhecimento e os seus valores. 
Todas as épocas históricas são marcadas por uma disputa pelo 
poder, como o poder da autoridade da tradição ou do poder 
manifesto, como o poder do conhecimento filosófico, espiritual ou 
científico, como o poder da criatividade artística, da produtividade 
mercantil ou tecnológica. Só muito recentemente na história das 
democracias liberais é que a política educativa foi formulada e 
direcionada para indivíduos presumivelmente autônomos, que 
determinam os seus próprios objetivos e que estruturam as suas 
próprias vidas. Em lado algum é a filosofia da educação mais 
importante, em lado algum é a própria educação mais crucial — e 
em lado algum é mais esquecida — do que numa democracia 
participativa liberal, cujos compromissos igualitários transformam 
cada indivíduo simultaneamente em legislador e em súbdito. 
As disputas no centro da discussão contemporânea da política 
educativa (Quais são as orientações e os limites da educação 
pública numa sociedade pluralista e liberal? Como podemos 
garantir da melhor maneira uma distribuição equitativa das 
oportunidades educativas? Deverá a qualidade da educação ser 
supervisionada por padrões nacionais e exames? Deverá as 
escolas públicas levar a cabo a educação moral e religiosa?) 
restabelecem as controvérsias que marcam a história da filosofia, 
de Platão à epistemologia social. 
Partindo de discussões fecundas e responsáveis da políticaeducativa remetem inevitavelmente para questões filosóficas, que 
as sugerem e enquadram: essas questões são articuladas e 
examinadas de maneira mais precisa na teoria moral e política, na 
epistemologia e na filosofia da mente. Quais são as finalidades 
próprias da educação? (Preservar a harmonia da vida cívica? 
Salvação individual? Criatividade artística? Progresso científico? 
Capacitar indivíduos para que façam escolhas sábias? Preparar 
cidadãos para entrar numa força de trabalho produtiva?). Quem 
deve deter a responsabilidade primordial de formular a política 
educativa? (Filósofos, autoridades religiosas, governantes, uma 
elite científica, psicólogos, pais ou autarquias locais?). Quem deve 
ser educado? (Todos por igual? Cada um segundo o seu potencial? 
Cada um segundo as suas necessidades?). Como é que a estrutura 
do conhecimento afeta a estruturação e a sucessão das 
aprendizagens? (Será que é a experiência prática, ou a matemática, 
ou a história, que deve fornecer o modelo de aprendizagem?). Que 
interesses devem guiar a escolha de um currículo? Como devem as 
dimensões intelectual, espiritual, cívica, moral, artística, psicológica 
e técnica da educação estarem relacionadas entre si? 
Dado as concepções das finalidades e orientações da 
educação, que permanece ativamente inserida e expressa nas 
nossas crenças e nas nossas práticas. Fornece-nos a compreensão 
mais nítida das questões que nos preocupam e nos dividem. A 
maior parte das teorias do conhecimento — seguramente as de 
Descartes e de Locke — tinham, entre outras coisas, a intenção de 
reformar as práticas pedagógicas. A maior parte das teorias éticas 
— certamente as de Hume, Rousseau e Kant — tinham a intenção 
de reorientar a educação moral. O alcance prático das teorias 
políticas — as de Hobbes, Mill e Marx — não se limita apenas à 
estrutura das instituições, também chega à educação dos cidadãos. 
Sistemas metafísicos gerais — os de Leibniz, Espinosa e Hegel — 
fornecem modelos de investigação e, como consequência, 
estabelecem orientações e padrões para a educação de espíritos 
esclarecidos. Alguns filósofos — Locke, Rousseau, Bentham e Mill, 
por exemplo — fizeram dos seus programas educativos uma 
característica nuclear dos seus sistemas filosóficos. Outros — 
Descartes, Espinosa e Hume — tinham boas razões para não 
tornarem explícito o significado educativo dos seus sistemas. 
Se a política educativa é cega sem a orientação da filosofia, a 
filosofia é vazia se desprovida de uma atenção crítica ao seu 
significado educativo. Uma filosofia da educação robusta e vital 
incorpora inevitavelmente o todo da filosofia; e o estudo da história 
da filosofia obriga à reflexão sobre as suas implicações para a 
educação. 
Quem não ouviu pelo menos uma vez falar em Filosofia? Na 
história do pensamento, que a humanidade vem construindo ao 
longo do tempo, muitos foram os pensadores que deram uma 
definição ou um conceito para a Filosofia. Por vezes, esses 
conceitos foram complexos, por vezes simples; por vezes 
rebuscados e quase incompreensíveis. Diante deles muitas 
pessoas se sentem entediadas e, em vez de enfrentar o problema, 
preferem descartá-lo, dizendo que a Filosofia é um “jogo inútil e 
estéril de palavras”, ou que é “muito difícil e só serve e interessa a 
pessoas especiais e muito inteligentes”. Esse descrédito pode ser 
resumido numa frase, mais ou menos popular, que diz: “a filosofia é 
uma ciência com a qual ou sem a qual o mundo continua tal e qual”. 
Ou seja, podemos passar muito bem com ou sem a filosofia. 
Na história do pensamento, é que a humanidade vem 
construindo ao longo do tempo, os pensadores que deram uma 
definição ou um conceito para a Filosofia. Por vezes, esses 
conceitos foram complexos, por vezes simples. Diante deles muitas 
pessoas se sentem entediadas e, em vez de enfrentar o problema, 
preferem descartá-lo, dizendo que a Filosofia que é “muito difícil e 
só serve e interessa a pessoas especiais e muito inteligentes”. 
Esse descrédito pode ser resumido numa frase, mais ou menos 
popular, que diz: “a filosofia é uma ciência com a qual ou sem a 
qual o mundo continua tal e qual”. Ou seja, podemos passar muito 
bem com ou sem a filosofia. 
 A Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir 
de um esforço que o ser humano vem fazendo de compreender o 
seu mundo e dar-lhe um sentido, um significado compreensivo. 
Corpo de conhecimentos, em filosofia, significa um conjunto 
coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade. 
Conhecimentos estes que expressam o entendimento que se tem 
do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações. 
 Quando lemos um texto de filosofia, nos apropriamos do 
entendimento que o seu autor teve do mundo que o cerca, 
especialmente dos valores que dão sentido a esse mundo. Valores 
esses que, por vezes, são aspirações que deverão ser buscadas e 
realizadas, se possível. O filósofo sistematiza as aspirações dos 
seres humanos que dão sentido ao dia-a-dia, à luta, ao trabalho, à 
ação. Ninguém vive o dia-a-dia sem um sentido: para o seu 
trabalho, para a sua relação com as pessoas, para o amor, para a 
amizade, para a ciência, para a educação, para a política etc. 
A filosofia é esse campo de entendimento que nos faz refletir 
sobre a cotidianidade dos seres humanos, desde os simples 
encontros com as pessoas, até a complexa reflexão sobre o sentido 
e o destino da humanidade. 
 Nesse sentido, Georges Politzer definiu a filosofia “como uma 
concepção geral do mundo da qual decorre uma forma de agir”. No 
caso, a Filosofia é a expressão de uma forma coerente de 
interpretar o mundo que possibilita um modo de agir também 
coerente, conseqüente, efetivo. Da mesma forma, para Leôncio 
Basbaum, 
“a filosofia não é, de modo algum, uma simples abstração 
independente da vida. Ela é, ao contrário, a própria 
manifestação da vida humana e a sua mais alta 
expressão. Por vezes, através de uma simples atividade 
prática, outras vezes no fundo de uma metafísica profunda e 
existencial, mas sempre dentro da atividade humana, física ou 
espiritual, há filosofia (...) A filosofia traduz o sentir, o pensar e 
o agir do homem. Evidentemente, ele não se alimenta da 
filosofia, mas, sem dúvida nenhuma, com a ajuda da filosofia”. 
 Todos têm uma forma de compreender o mundo, especialistas 
e não-especialistas, escolarizados e não-escolarizados, analfabetos 
e alfabetizados. Esta é uma necessidade “natural”, do ser humano, 
pois que ninguém pode agir no “escuro”, sem saber para onde vai e 
por que vai. Só se pode agir a partir de um esclarecimento do 
mundo e da realidade. Esse fato é tão verdadeiro que encontramos 
modos de compreensão da realidade tanto no profissional de 
filosofia (o filósofo), quanto em qualquer pessoa que viva e reflita 
sobre ela, seu sentido, significado, valores etc... A prova disso está 
aí: de um lado, pelos sistemas filosóficos que encontramos na 
história do pensamento filosófico escrito da humanidade e, de outro 
lado, pela forma popular de compreender a vida que, normalmente, 
não tem registro escrito, a não ser nos poetas populares, nos 
trovadores etc. 
 Certamente que a orientação valorativa (axiológica) da 
existência nem sempre pode significar filosofia. Quando se diz que 
todos têm uma “filosofia de vida”, quer dizer que nos orientamos por 
valores, embora nem sempre esses valores estão conscientes, 
explícitos. Esse direcionamento diário inconsciente pode decorrer 
de massificação, do senso comum, que adquirimos e acumulamos 
espontaneamente, sem uma reflexão crítica sobre o sentido e o 
significadodas coisas, das ações e portanto não é filosofia. 
Certamente que outras pessoas, as gerações, formaram esse 
“senso” com o qual cumprimos o dia-a-dia, sem muitas vezes nos 
perguntarmos se ele é válido ou não, se o aceitamos efetivamente 
ou não, por isso o filosofar deve desenvolver-se sobre ele. 
 O que importa ter claro, é o fato de que a filosofia nos 
envolve, não temos como fugir dela, pois como o ar que respiramos, 
está permanentemente presente. Se nós não escolhemos qual é a 
nossa filosofia, qual é o sentido que vamos dar à nossa existência, 
a sociedade na qual vivemos nos dará, nos imporá a sua filosofia. 
E como se diz que o pensamento do setor dominante da sociedade 
tende a ser o pensamento dominante da própria sociedade, 
provavelmente aqueles que não buscam criticamente o sentido para 
a sua existência assumirão esse pensamento dominante como o 
seu próprio pensamento, a sua própria filosofia. Quem não pensa é 
pensado por outros! Deste modo, a filosofia se manifesta como o 
corpo de entendimento que cria o ideário que norteia a vida humana 
em todos os sues momentos e em todos os seus processos. Esse 
corpo de entendimento é a compreensão da existência. 
 A Filosofia, em síntese, não é tão-somente uma interpretação 
do já vivido, daquilo que está objetivando, mas também a 
interpretação de aspirações e desejos do que está por vir, do que 
está para chegar. Os filósofos captam e dão sentido à realidade 
que está por vir e a expressam como um conjunto de idéias e 
valores que devem ser vividos, difundidos, buscados. Eles têm uma 
“sensibilidade”, um “faro” mais atento para perceber o que já está se 
manifestando na realidade, ainda que de uma maneira tênue. O 
filósofo não é um profeta, mas pode ser capaz de ler nos 
acontecimentos do presente o significado do que está por vir, o que 
está a se desenvolver. O seu pensamento torna-se, assim, 
expressão da história que está acontecendo e enquanto está 
acontecendo, e compreensão do que vai acontecer. Deste modo, o 
pensamento filosófico manifesta-se tanto como condicionado pelo 
momento histórico quanto como condicionante do momento 
histórico subseqüente, como impulsionador da ação, visando a 
concretização de determinadas aspirações dos homens, de um 
povo, de um grupo ou de uma classe. 
 Neste sentido, a filosofia é uma força, é o sustentáculo de um 
modo de agir. É uma arma na luta pela vida e pela emancipação 
humana. A filosofia, não é só um instrumento para a compreensão 
do mundo e interpretação dos seus fenômenos. É também um 
instrumento de ação e arma política. Esse fato é tão verdadeiro que 
a filosofia tem gerado, ao longo da história humana, atitudes 
contraditórias e paradoxais. Governos que, de um lado, alijam a 
filosofia como subvertedora da ordem, de outro, contratam 
especialistas para criarem um pensamento, uma forma de conceber 
o mundo que garanta a sua forma de administrar politicamente o 
povo e a nação. 
 Não há como negar a filosofia sem fazer filosofia, porque para 
se negar o valor da filosofia dentro do mundo é preciso ter uma 
concepção do mundo que sustente esta negação. Os maus 
políticos, efetivamente, agem assim. Preferem a massificação do 
povo, por isso impedem o desenvolvimento do pensamento 
filosófico. Mas “filosofam” para sustentar sua ação deletéria contra 
a Filosofia. Vale lembrar os esforços dos governos totalitários na 
perspectiva de criar “uma filosofia capaz de justificar o sentido de 
sua política e propagá-la como filosofia total do universo” (Leôncio 
Basbaum). 
 Em síntese, a filosofia é uma forma de conhecimento que, 
interpretando o mundo, cria uma concepção coerente e sistêmica 
que possibilita uma forma de ação efetiva. Essa forma de 
compreender o mundo tanto é condicionada pelo meio histórico, 
como também é seu condicionante. Ao mesmo tempo, é uma 
interpretação do mundo e é uma força de ação. 
 Lembramos aqui a força do pensamento dos socialistas 
utópicos, como Robert Owen, Saint-Simon; dos socialistas 
científicos, como Marx e Engels; dos revolucionários, como Lênin, 
Mao Tse Tung, Amílcar Cabral etc. O pensamento filosófico 
constituído não é “limpo”, neutro, mas sim embebido de história e 
de seus problemas, de seus interesses e aspirações. 
 
 O “filosofar” 
 Já vimos que quando não temos um corpo filosófico que dê 
sentido e oriente a nossa vida, assumimos o que é comum e 
hegemônico na sociedade; assumimos o “senso comum”, que é o 
conjunto de valores assimilados espontaneamente, na vivência 
cotidiana. Mas, como é que se constitui a filosofia, como se 
constrói esse corpo de entendimentos, que poderemos assumir 
criticamente como aquele que queremos para o direcionamento de 
nossas experiências. Em primeiro lugar, temos que superar os 
preconceitos sobre a dificuldade e a especialidade da filosofia, pois 
ela não é inútil e nem tão difícil. Logo, contrariando muitos 
governantes e políticos, podemos e devemos nos dedicar ao 
filosofar. 
 Filosofar é simples, porém não é algo mecânico, pois na 
mesma medida em que estamos inventariando os valores vigentes, 
estamos criticando-os e reconstruindo-os. Esses momentos não são 
separados, pois um nasce de dentro do outro. Estudando as 
correntes teóricas e históricas da filosofia veem que certos 
entendimentos da modernidade têm vínculos com a Idade Média, e 
certos valores, que vivemos hoje, tiveram seus prenúncios na Idade 
Moderna. Da mesma forma, quando iniciamos um processo de 
crítica dos valores enquanto estão vigentes, mas também enquanto 
entre eles iniciam-se os prenúncios de certas aspirações e anseios 
dos seres humanos. Assim, por exemplo, Herbert Marcuse, um 
filósofo alemão contemporâneo, criticou os valores da sociedade 
industrial e propôs os valores de uma nova sociedade preocupada 
com uma vida menos unidirecionada para a produtividade 
econômica e mais voltada para a vida plena, com sentimentos, 
emoções, amor, vida etc. Como e por que Marcuse conseguiu se 
posicionar dessa forma? Porque nasceu e viveu após a Revolução 
Industrial, podendo inventariar e criticar os seus valores. E também 
por ter vivido num momento histórico em que os seres humanos 
estão exaustos desses valores e aspirando por outros que lhes 
garantam mais vida. Marcuse entrou na corrente do contexto em 
que viveu, mas isso não quer dizer que ele seja um puro reprodutor 
dessa época, mas sim que ele captou o “espírito” dessa época. 
 Para filosofar é preciso não só olhar o dia-a-dia, mas ler e 
estudar o que disseram os outros pensadores, os outros filósofos, 
que poderão nos auxiliar, tirando-nos do nosso nível de 
entendimento e dando-nos outras categorias de compreensão. O 
nosso exercício do filosofar será um esforço de inventário, crítica e 
reconstrução de conceitos, auxiliados pelos pensadores que nos 
antecederam. Eles têm uma contribuição a nos oferecer, para nos 
auxiliar em nosso trabalho de construir nosso entendimento 
filosófico do mundo e da ação. 
 
 
PARA APROFUNDAMENTO 
 
 LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da Educação. São Paulo: 
Cortez, 1994. 
 
 
FILME 
 
 
A guerra do fogo; 1981, França/Canadá 
 
 
 
 
 Hoje, geralmente se define a Filosofia em oposição ao 
conceito de ciência, entendido como pesquisa empírica da 
realidade. Houve tempos em que a filosofia foi definida em 
oposição à teologia, como na Idade Média; e em outras épocas a 
filosofia se opunha ao conceito de mito, como entre os gregos do 
século V a. C. 
 Etimologicamente, a palavra “filosofia” formou-se pela junçãode Filos-filia” que significa “amigo” e “Sophia” que é “sabedoria, 
saber”, e surge na Grécia do século VI a. C., nos escritos de 
Pitágoras, que não querendo definir-se como “sábio”, prefere 
autodenominar-se “Filos-sophos” - ou seja “amigo do saber”, aquele 
que busca a sabedoria, “amante da sabedoria”, para ele uma 
denominação mais fiel à sua postura de tentar compreender a 
realidade de seu tempo. 
 A filosofia consiste, então, em um conhecimento 
sistematizado sobre o mundo da natureza, sobre a condição 
humana pessoal e social, sobre a sociedade, sobre a cultura. 
Alcançado de maneira sistemática e disciplinada, indo além do 
saber comum, desconexo, fragmentado, o nível do senso comum, 
geralmente preconceituoso e limitado, sobre a realidade pessoal, 
social e da natureza. 
 No entanto a filosofia tem incomodado a muitos. A história 
registra muitas tentativas e empreitadas em destruí-la, desqualificá-
la, negá-la. Os tiranos, os mistificadores, os dominantes e todos os 
interessados na alienação e mediocridade do povo preferem um 
consciência de rebanho, de fácil manipulação, cativa e obediente, a 
um questionamento sistemático e profundo sobre a realidade. Não 
foram poucos os filósofos que pagaram com a vida ou a perda da 
liberdade a ousada postura de filosofar sobre o seu tempo. 
A proposta original da Filosofia é estabelecer uma crítica a 
uma determinada concepção de mundo, alinhavar alguma 
significação para a existência humana, pessoal e social e se tornar 
uma teoria de alcance eficaz no permanente processo de mudança 
e construção social da realidade. 
 Não existe pensamento filosófico uniforme. Existem diversas 
tendências, métodos, escolas e tradições diferentes. Determinada 
tendência filosófica perdura enquanto existirem as condições 
históricas que lhe deram origem. Cabe a cada homem exercitar o 
seu “ser filósofo”, pôr-se em busca de uma apreensão significativa 
da cultura, de uma crítica leitura da realidade e de uma ação 
engajada no mundo. 
 
A reflexão filosófica GIRA em torno de três grandes perguntas ou 
questões: 
 Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que 
dizemos e fazemos o que fazemos? 
 O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos 
dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? 
 Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que 
dizemos, fazemos o que fazemos? 
 
 
 
 
 
 
 
 LEIA MAIS... 
 NUNES, César Aparecido. 
Aprendendo Filosofia. Campinas: 
Papirus, 1993. 
 
 
 Com efeito, o aprofundamento na compreensão dos 
fenômenos se liga a uma concepção geral da realidade, exigindo 
uma reinterpretação global do modo de pensar essa realidade. 
Então, a lógica formal, em que os termos contraditórios mutuamente 
se excluem, inevitavelmente entra em crise, postulando a sua 
substituição pela lógica dialética, em que os termos contraditórios 
mutuamente se incluem (princípio de contradição, ou lei da unidade 
dos contrários). Por isso, a lógica formal acaba por enredar a 
atitude filosófica numa gama de contradições freqüentemente 
dissimuladas através de uma postura idealista, seja ela crítica (que 
se reconhece como tal) ou ingênua (que se autodenomina realista). 
A visão dialética, ao contrário, nos arma de um instrumento, ou 
seja, de um método rigoroso (crítico) capaz de nos propiciar a 
compreensão adequada da realidade e da globalidade na unidade 
da reflexão filosófica. 
 A importância da filosofia 
 
 Vivemos em um mundo pragmático, isto é, voltado para as 
coisas práticas da vida, interessado na aplicação imediata dos 
conhecimentos. Nesse sentido a filosofia não encontra muitos 
adeptos e, ao contrário, é freqüentemente repudiada como sendo 
uma teoria inútil e, conseqüentemente, perda de tempo. 
 Entretanto, a filosofia é necessária. Por meio da reflexão é 
possível que se tenha mais de uma dimensão, ou seja, aquela que 
é dada pelo agir imediato no qual o homem prático se encontra 
mergulhado. É a filosofia que permite o distanciamento para a 
avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles 
se destinam, levantando, conseqüentemente, o problema dos 
valores. É a filosofia que reúne o pensamento fragmentado da 
ciência e o reconstrói na sua unidade. 
 A filosofia impede a estagnação e sempre se confronta com o 
poder, não devendo sua investigação estar alheia à ética e à 
política. Nesse sentido tem a função de desvelar a ideologia, ou 
seja, as formas pelas quais é mantida a dominação. Aliás, 
atentando para a etimologia do vocábulo grego correspondente à 
verdade (a-létheia, a-letheúein, “desnudar”), vemos que na verdade 
põe a nu aquilo que estava escondido; aí reside a vocação do 
filósofo: o desvelamento do que está encoberto pelo costume, pelo 
convencional, pelo poder. 
 
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: CONCEITOS E ARTICULAÇÕES 
 
 A educação é um típico “que fazer” humano, ou seja, um tipo 
de atividade que se caracteriza fundamentalmente por uma 
preocupação, por uma finalidade a ser atingida. A educação dentro 
de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, 
mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação 
social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de conceitos 
que fundamentem e orientem os seus caminhos. A sociedade 
dentro da qual ela está deve possuir alguns valores norteadores de 
sua prática. Não é nem pode ser a prática educacional que 
estabelece os seus fins. Quem o faz é a reflexão filosófica sobre a 
educação dentro de uma dada sociedade. 
 As relações entre Educação e filosofia parecem ser quase 
“naturais”. Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento 
dos jovens e das novas gerações de uma sociedade, a filosofia é a 
reflexão sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes 
jovens e esta sociedade. Percorrendo a História da Filosofia e dos 
filósofos, vamos verificar que todos eles tiveram uma preocupação 
com a definição de uma cosmovisão que deveria ser divulgada 
através dos processos educacionais. 
 Filosofia e Educação são dois fenômenos que estão 
presentes em todas as sociedades. Uma como interpretação 
teórica das aspirações, desejos e anseios de um grupo humano, a 
outra como instrumento de veiculação dessa interpretação. A 
Filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na 
qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses 
elementos podem caminhar. 
 Nas relações entre Filosofia e educação só existem realmente 
duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que se faz e assim 
se realiza uma ação educativa consciente; ou não se reflete 
criticamente e se executa uma ação pedagógica a partir de uma 
concepção mais ou menos obscura e opaca existente na cultura 
vivida do dia-a-dia e assim se realiza uma ação educativa com 
baixo nível de consciência. 
 O educando, quem é, o que deve ser, qual o seu papel no 
mundo; o educador, quem é, qual o seu papel no mundo; a 
sociedade, o que é, o que pretende; qual deve ser a finalidade da 
ação pedagógica. Estes são alguns problemas que emergem da 
ação pedagógica dos povos para a reflexão filosófica, no sentido de 
que esta estabeleça pressupostos para aquela. 
 Assim sendo, não há como se processar uma ação 
pedagógica sem uma correspondente reflexão filosófica. Se a 
reflexão filosófica não for realizada conscientemente, ela o será sob 
a forma do “senso comum”, assimilada ao longo da convivência 
dentro do grupo. Se a ação pedagógica não se processar a partir 
de conceitos e valores explícitos e conscientes, ela se processará,queiramos ou não, baseada em conceitos e valores que a 
sociedade propõe a partir de sua postura cultural. 
 Quando não se reflete sobre a educação, ela se processa 
dentro de uma cultura cristalizada e perenizada. Isso significa 
admitir que nada mais há para ser descoberto em termos de 
interpretação do mundo. É propriamente a reprodução dos meios 
de produção. Inconscientemente, adaptamo-nos a essa 
interpretação do mundo e ele permanecerá como a única para nós, 
se não nos pusermos a filosofar sobre ela, a questioná-la, a buscar-
lhe novos sentidos e novas interpretações de acordo com os novos 
anseios que possam ser detectados no seio da vida humana. 
 Filosofia e educação, pois, estão vinculadas no tempo e no 
espaço. Não há como fugir a essa “fatalidade” da nossa existência. 
Assim sendo, parece-nos ser mais válido e mais rico, para nós e 
para a vida humana, fazer esta junção de uma maneira consciente, 
como bem cabe a qualquer ser humano. É a liberdade no seio da 
necessidade. 
 A Pedagogia inclui mais elementos que os puros 
pressupostos filosóficos da educação, tais como os processos 
socioculturais, a concepção psicológica do educando, a forma de 
organização do processo educacional etc.; porém, esses elementos 
compõem uma Pedagogia à medida que estão aglutinados e 
articulados a partir de um pressuposto, de um direcionamento 
filosófico. A reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom à 
pedagogia, garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, 
direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orientá-
la para o futuro. Assim, não há como se ter uma proposta 
pedagógica sem pressuposições (no sentido de fundamentos) e 
proposições filosóficas, desde que tudo o mais depende desse 
direcionamento. Para lembrar exemplos corriqueiros, a “Pedagogia 
Montessori”, a “Pedagogia Piagetiana”, a “Pedagogia da Libertação” 
do professor Paulo Freire, e todas as outras sustentam-se em um 
pensamento filosófico sobre a educação. Se nem sempre esses 
pressupostos estão tão explícitos, é preciso explicitá-los, desde que 
eles sempre existem. Por vezes, eles estão subjacentes, mas nem 
por isso inexistentes. O estudo e a reflexão deverão “obrigá-los” a 
aparecer, desde que só a partir da tomada de consciência desses 
pressupostos é que se pode optar por escolher uma ou outra 
pedagogia para nortear nossa prática educacional. 
 
PARA APROFUNDAMENTO 
 
LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 
1994, p.30-33. 
 ARANHA, Maria Lúcia de A. Filosofia da Educação. São Paulo: 
Moderna, 1989, p.43. 
FILMES 
 
Sociedade dos Poetas mortos; 1989 
O destino. 1997 – Egito/França 
Tempos modernos; 1936 – EUA 
 
 
 
 
 Texto para reflexão 
A MENINA QUE LÊ 
 
 Certamente a menina lê. A corda frouxa entre a 
mão direita e o pescoço do boi - ou será um búfalo? - 
sugere que não há esforço e, menos ainda, perigo, 
embora o animal seja imenso e ela pequena. A 
quietude do olhar do bicho não deixa dúvidas: apesar 
do longo chifre, ele é manso e, mais do que apenas 
domesticado, é doméstico. Não fosse assim, quem o 
entregaria aos cuidados de uma menina pequena e 
descalça, que lê enquanto trabalha e caminha? Pois, 
pelo menos enquanto atravessam a trilha ao longo do 
canal, parece nem ser necessário prestar atenção ao 
caminho e ao trabalho e, por isso, é possível ler. 
 O olhar dela é atento e como conhece de cor o 
caminho e a mansidão do bicho, pode concentrar a 
atenção em ler e, assim, aprender o que não sabe. 
Criança e camponesa possivelmente pobre, estaria a 
menina apenas vendo as figuras de uma revista em 
quadrinhos que também lá no Vietnã, em 1977, fazia 
as delícias das crianças de um país devastado por 
guerras de libertação? Parece que não. O verso quase 
branco das folhas sugere um caderno ou, quem sabe? 
Uma cartilha. A menina lê. Diversa dos dois outros 
meninos, que montados num segundo boi apenas 
viajam e fazem do trabalho o prazer do passeio, a 
menina parece, atenta, estudar e faz do trabalho o 
intervalo do ensino. A tarde é calma, a guerra, parece, 
acabou. E crianças e bois podem conviver em paz. 
 Puxando por uma corda um boi, ser da natureza, 
mas bicho manso e cativo, logo a meio caminho entre 
ela e o mundo humano da cultura, a menina lê. 
Mergulha a atenção em um universo misteriosamente 
humano que, ininteligível a qualquer outro ser da 
natureza, transforma sinais em símbolos; sinais, como 
o berro que um boi dá a outro, ou como a água do 
canal que reflete as árvores e indica que é dia e há 
luz. Transforma sinais em símbolos, que é o que se lê; 
símbolos que permitem aos homens trocarem entre si 
mensagens, falar de idéias e discutir valores que 
tornam, ao mesmo tempo, a sua vida social e 
humana. 
 Atenta aos estudos mais do que ao trabalho, a 
menina mergulha, talvez sem saber, no universo do 
significado. Aos poucos se apossa do instrumento do 
simbolismo que lhe permite viver em um contexto 
superior ao dos outros seres, realizado pelo trabalho 
humano e tornado significativo pelo saber. 
 (Texto de Carlos Rodrigues Brandão adaptado por Franklin M. Viilela) 
 
 
 A filosofia da educação 
 
 Todos os povos têm uma educação, pela qual transmitem a 
cultura, seja de maneira informal ou por meio de instituições. De 
qualquer forma, não é sempre que o homem reflete especificamente 
sobre o ato de educar. Muitas vezes a educação é dada de 
maneira espontânea, a partir do senso comum, repetindo costumes 
que são transmitidos de geração em geração. 
 Ora, se a filosofia é uma reflexão radical, rigorosa e de 
conjunto, que se faz a partir dos problemas propostos pelo nosso 
existir, é inevitável que entre esses problemas estejam os 
referentes à educação. Portanto caberá ao filósofo acompanhar 
reflexiva e criticamente a ação pedagógica, de modo a promover a 
passagem de uma educação assistemática (guiada pelo senso 
comum) para uma educação sistematizada (alçada ao nível da 
consciência filosófica). 
 A fundamentação teórica é necessária para que seja 
superado o espontaneísmo, permitindo que a ação seja mais 
coerente e eficaz. Aliás, é bom lembrar que o conceito de teoria 
não se separa do conceito de prática, que é o seu fundamento. Isto 
significa que a teoria não deve estar desligada da realidade, mas 
deve partir do contexto social, econômico e político de onde vai 
atuar. 
 Só assim é possível definir os valores e os objetivos que 
orientam a ação, pois não se pode teorizar sobre a educação em si, 
o homem em si, o valor em si. A partir da análise do contexto 
vivido, o filósofo irá indagar a respeito de que homem se quer 
formar, e quais são os valores emergentes que se contrapõem a 
outros valores já decadentes. 
 Por isso o filósofo também avalia os currículos, as técnicas e 
os métodos a fim de julgar se são adequados ou não aos fins 
propostos. Por outro lado, esse acompanhamento reflexivo impede 
que se caia no tecnicismo, um risco que existe sempre que os 
meios são supervalorizados. 
 Ao ter sempre presente o questionamento do que seja 
educação, a filosofia não permite que a pedagogia se torne 
dogmática, nem que a educação se transforme em adestramento ou 
qualquer outro tipo de pseudo-educação. Por isso a filosofia da 
educação é importante para denunciar as formas ideológicas que 
utilizam a educação como instrumento de dominação. 
A Filosofia da Educação não terá como função fixar “a priori” 
princípios e objetivos para a educação; também não se reduzirá a 
uma teoria da educação enquanto sistematizaçãodos seus 
resultados. Sua função será acompanhar reflexiva e criticamente a 
atividade educacional de modo a explicitar os seus fundamentos, 
esclarecer a tarefa e a contribuição das diversas disciplinas 
pedagógicas e avaliar o significado das soluções escolhidas. Com 
isso, a ação pedagógica resultará mais coerente, mais lúcida, mais 
justa; mais humana, enfim. 
Este estudo busca as raízes históricas da Filosofia da 
Educação no Brasil a partir do início do século XX. Neste período se 
delineiam, no discurso dos educadores, as primeiras preocupações 
com a Filosofia da Educação e se completa com a inserção desta 
disciplina nos cursos de formação de professores. 
O período em que se delineiam as primeiras preocupações 
com a Filosofia da Educação data do final do século XIX e início do 
século XX. Compõe-se de discussões e de um repensar sobre uma 
filosofia direcionada para a educação concretizando-se na inserção 
da disciplina Filosofia da Educação nos cursos de formação de 
professores. Os textos produzidos neste período divulgam a 
temática e deixam entrever um rico material de sentido filosófico 
seja nas obras de literatura, de poética, de direito, de religião, ou 
mesmo, nos assuntos políticos. Ainda considerando este período 
destacam-se as preocupações econômicas e a sua vinculação com 
os rumos que o país deve tomar diante das transformações 
internacionais, principalmente, as da Europa, o que ocasiona na 
arena nacional uma efervescência de ideias que ora confluem para 
pontos que se assemelham, ora para pontos totalmente 
discordantes sobre o desenvolvimento nacional. A educação, na 
trajetória dos acontecimentos, se pronuncia na voz dos educadores 
que procuram, também, uma forma de transformação que possa 
acompanhar os novos tempos. 
Nesta perspectiva, o estilo do filosofar brasileiro no âmbito 
educacional se caracteriza e se constitui sob a ótica de dois 
segmentos: o tradicional que incorpora um modelo filosófico 
influenciado pelo pensamento de determinados autores de modelos 
clássicos da filosofia ocidental e o progressista que reconhece as 
condições históricas que estão se apresentando e que requer uma 
educação inovadora. 
Este contexto, assim apresentado, em que a filosofia vai se 
pronunciando como reflexão crítica sobre a vida dos cidadãos da 
Polis é registrado por Aristófanes em sua sátira As Vespas. Esta 
peça teatral era apresentada ao público e fazia menção aos 
processos que se interpunham de cidadão para cidadão. As 
defesas ou acusações pronunciadas e julgadas publicamente 
tinham na argumentação e na contra argumentação as ferramentas 
necessárias aos cidadãos para “vencer” o processo. Neste sentido, 
naquele momento, era nas discussões, no seu desenvolvimento 
argumentativo e na contra argumentação, que se encontrava o 
interesse e a motivação para a reflexão filosófica. O contexto vivido 
por Platão permitiu-lhe definir, por meio destas argumentações 
reflexivas, a essência da filosofia como a que poderia auxiliar o 
homem na sua formação. Portanto, desde a antiguidade, com os 
primeiros filósofos gregos, a filosofia apresentou-se como elemento 
reflexivo, crítico e argumentativo que, teoricamente e ao mesmo 
tempo praticamente, permitia o encaminhamento de uma pedagogia 
para o viver. 
E, neste mesmo século, é que a pedagogia vai adquirindo 
consistência e é assumida como uma disciplina com status de 
ciência. Nesta passagem, em que o status científico da pedagogia é 
reconhecido, definindo o seu significado e a sua função, emergem 
questões pertinentes à relação existente entre a Pedagogia, a 
Filosofia e a Educação. 
Esta mesma discussão fazia parte do cenário europeu desde 
o início do século XVIII e se fortaleceu no século XIX, quando os 
trabalhos de Rousseau, de Kant, de Hegel, de William James e 
mais tarde de Dewey, entre outros, foram elaborados no confronto 
dos pressupostos teóricos do racionalismo científico e da 
metafísica. 
No surgimento de novas propostas de análise, de crítica e de 
reflexão filosófica, Kant (1724-1804) tendo em vista o idealismo 
alemão formula sua concepção colocando na base dos seus 
pressupostos teóricos a constituição do homem pela educação na 
sua razão prática. O conhecimento acerca do agir e do fazer 
humano em relação aos seus semelhantes, era fundamental na sua 
obra filosófica sobre o problema do conhecimento empírico (a 
posteriori) e do conhecimento puro (a priori) em “A crítica da razão 
pura” (1781) e sobre o problema da moral em “A crítica da razão 
prática” (1788). As idéias de Kant, de Hegel e do evolucionismo 
deslumbravam os educadores, principalmente os de formação 
filosófica de inclinação católica. 
Outros pensadores manifestaram suas concepções no mesmo 
século, XVIII –XIX, que repercutiram sobremaneira no século 
seguinte. Fichet, por sua vez, expôs a sua tese correlacionando a 
educação e a política na formação do homem e destacou o apoio 
que a educação deveria necessariamente buscar na filosofia, 
quando nos seus pressupostos reforçava a ideia de que um sistema 
filosófico contém em si uma teoria educacional. 
A Filosofia e a História da Educação, no Brasil, nas décadas 
de 20 e de 30, ao afirmarem-se nos currículos das instituições de 
formação docente, assumiram dupla função: quando preservavam 
os fundamentos morais, apoiados nos princípios da metafísica, da 
teologia cristã e quando seus conteúdos eram remodelados pelas 
novas tendências, apoiados nos princípios e preceitos científicos 
veiculados pela escola nova. 
Sedimenta-se tendo os pressupostos filosóficos dos 
pensadores antes citados, Kant, Rousseau, William James e Dewey 
e, ainda, pela filosofia Tomista. Kant, influenciado por Rousseau e 
por Hume, tinha seus fundamentos apoiados na conduta do homem 
no seu agir e fazer como denunciantes dos problemas morais, e 
anunciava a autonomia e a liberdade do homem ao alcançar o 
“esclarecimento”, momento em que deixava a sua ignorância e 
desvencilhava-se da necessidade da direção de outro homem e 
ficava livre do seu aprisionamento à “menoridade”. Rousseau, por 
sua vez, revelava na sua obra Emílio ou Da Educação. 
A filosofia tradicional, que procura conservar os preceitos da 
religião cristã, e a filosofia progressista ou liberal, que procura 
desenvolver a formação para um homem moderno, de princípios 
democráticos, de responsabilidade sobre as suas ações, 
encontram-se explícitas nos discursos sob os pontos de vista de 
concepções contraditórias. 
Considerando a Filosofia da Educação brasileira nas suas 
raízes pode-se afirmar que ela se apresenta sob os aspectos de 
interferência internacional, quando os autores clássicos (de tradição 
teológica ou defensores dos aspectos tradicionais) e os autores 
contemporâneos contrapõem as suas concepções; e, por outro 
lado, quando se apresenta sob os aspectos coordenados pelo 
cenário nacional, ao manifestar as contraposições e as 
aproximações entre concepções tradicionais e progressistas, em 
momentos diferentes. 
 
Texto para reflexão 
 
EDUCAÇÃO: MAIS DO QUE ENSINO, NADA DE 
DOUTRINAÇÃO 
 
 O ser humano desejoso de cada vez humanizar 
mais um mundo que se apresenta como grosseiro, 
bruto, violento, entrega-se, muitas vezes 
apressadamente, ao trabalho, sem aproveitar o 
recurso de uma reflexão adequada. Acaba, por isso, 
assumindo posturas inadequadas e sua ação fica a 
desejar. Isso acontece freqüentemente no trabalho 
educacional, onde a confusão entre educação, 
ensino e doutrinação pode acabar em desperdício de 
energia, prejudicando uma mais eficaz ação 
pedagógica. O texto a seguir, de Maria Lúcia Arruda 
Aranha,mostra que a ação de educar tem uma 
abrangência maior que a de ensinar e que a 
doutrinação é uma camuflagem que impede a 
verdadeira educação. 
 
 O homem faz cultura por meio do seu 
trabalho, com o qual transforma a natureza e a si 
mesmo. O aperfeiçoamento dessas atividades só é 
possível mediante a educação, fator fundamental e 
essencial para a humanização do homem. 
 Nas sociedades primitivas a educação se acha difusa, 
integrada no próprio funcionamento da sociedade como tal. 
Conforme os agrupamentos humanos se tornam mais complexos, 
surgem organizações encarregadas da transmissão da herança 
cultural, como a escola. No entanto, a educação mais 
formalizada não substitui totalmente a educação informal que 
permeia o tempo todo as relações entre os homens. 
 É preciso, porém, não entender a educação 
como simples transmissão da herança cultural dos 
antepassados, mas como processo pelo qual também 
se torna possível a gestação do novo e a ruptura com 
o velho. É evidente que isto ocorre de maneira 
variável, conforme sejam as sociedades estáveis ou 
dinâmicas. Assim, as comunidades primitivas 
resistem à mudança, devido ao caráter mágico e 
religioso de suas convicções. O mesmo ocorre nas 
antigas civilizações do Egito, China, Índia, que 
eram tradicionalistas. O mesmo acontece, ainda 
hoje, em países como o Afeganistão. 
 Além disso, é preciso estabelecer algumas 
nuanças. Por exemplo, há diferenças entre 
educação, ensino e doutrinação. Educação é um 
conceito genérico, mais amplo, que supõe o processo 
de desenvolvimento integral do ser humano, ou seja, 
da sua capacidade física, intelectual e moral, 
visando não só a formação de habilidades, mas 
também do seu caráter e da sua personalidade 
social. Já o ensino se refere à transmissão de 
conhecimentos e que são indispensáveis à educação. 
A doutrinação, por sua vez é uma pseudo-educação 
que não respeita a liberdade do educando, 
impondo-lhe conhecimento e valores. É o processo 
usado pelos governos totalitários que querem 
submeter todos a uma só maneira de pensar e agir, 
destruindo o pensamento divergente. 
 Quanto à educação e ensino, é preciso fazer 
um reparo: são dois polos do processo de 
humanização que se completam. Não é possível 
separá-los tão nitidamente. A formação integral do 
ser humano (educação) não pode acontecer sem que 
esse homem seja informado (ensino) sobre o mundo 
em que vive. È a partir da consciência da sua própria 
experiência e da experiência da humanidade que o 
homem tem condições de se tornar um ser moral e 
político. 
 De outro lado, toda informação (ensino), 
mesmo fornecida sem a aparente intenção de 
formação, ao ser assimilada pelo educando, 
interfere na sua concepção de mundo (educação). E 
com freqüência uma informação, pretensamente 
neutra, mascara um conteúdo ideológico. 
 (ver Mª Lúcia Arruda Aranha – Filosofia da Educação) 
 
 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
 
 O caminho mais adequado para o entendimento de um termo 
é buscar a sua origem e a sua formação. Para uma compreensão 
maior e mais clara das palavras tendência e pedagógica, é preciso 
buscar o seu significado original. 
 TENDÊNCIA: Tem sua origem no latim, exatamente no plural de 
tendens, isto é, em tendentia, que literalmente significa aquilo 
que deve tender para, aquelas coisas que devem se inclinar 
para. Quer dizer: tendentia são aquelas coisas que possuem 
uma força interna que as inclina, que as direciona para um 
determinado caminho. Deste significado etimológico surgiram os 
diversos significados que se encontram nos dicionários: 
inclinação, propensão; vocação, pendor; força que determina o 
movimento de um corpo (na física); intenção, disposição. 
 PEDAGÓGICO: É uma palavra derivada de pedagogo, por sua 
vez formada por dois termos gregos: paidion (= criança) e 
agogós (= escravo) e significava o escravo que acompanha a 
criança, que em última análise era o responsável pela educação 
da criança. Conseqüentemente, pedagógico passou a significar 
aquilo que é relativo à educação. 
 TENDÊNCIA PEDAGÓGICA: Tendo em vista os significados 
isolados dos dois termos, pode-se dizer que Tendência 
Pedagógica é a inclinação que direciona o processo 
educacional; ou a força determinadora do caminhar do processo 
educacional; ou ainda, de modo mais concretamente expressivo, 
aquilo que determina a escolha das técnicas e do conteúdo do 
trabalho educacional 
 
. 
Segundo Libâneo, este apresenta as diversas tendências 
pedagógicas divididas em dois grandes grupos, as pedagogias 
liberais e as pedagogias progressistas, que, podem ser assim 
apresentadas: 
 
 
PEDAGOGIAS LIBERAIS 
 
 
PEDAGOGIAS 
PROGRESSISTAS 
 
Pedagogia Conservadora ou 
Tradicional 
Pedagogia Renovada 
Progressivista 
Pedagogia Renovada Não-Diretiva 
Pedagogia Tecnicista 
 
 
Pedagogia Libertadora 
Pedagogia Libertária 
Pedagogia Crítico-Social dos 
Conteúdos 
 
 
As Pedagogias Liberais se preocupam mais diretamente 
com o indivíduo, enquanto as Pedagogias Progressistas se 
interessam antes de mais nada pelo ambiente social em que vive o 
educando, como se pode perceber pelo que segue. 
1. Quanto às Pedagogias Liberais, é preciso atentar para o 
seguinte: 
 O termo liberal não tem o sentido de avançado, ou 
democrático, pois a pedagogia é uma manifestação própria da 
sociedade capitalista. 
 A pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por 
função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis 
sociais, de acordo com as aptidões individuais, através do 
desenvolvimento da cultura individual. 
 A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das 
diferenças individuais, embora difunda a idéia de igualdade de 
oportunidades. 
 A pedagogia liberal iniciou-se na forma conservadora 
(tradicional) e evoluiu para as formas renovadas e tecnicista. 
 A versão conservadora se caracterizou por: 
 acentuar o ensino humanístico de cultura geral; 
 por apresentar os conteúdos, a relação professor x aluno e 
os procedimentos didáticos sem nenhuma referência ao 
cotidiano do educando; 
 por dar importância decisiva à palavra do professor, aos 
regulamentos e ao cultivo exclusivamente intelectual. 
 As versões renovadas se caracterizam por: 
  partir da afirmação de que a cultura é o 
desenvolvimento das 
 aptidões individuais; 
  defender que o ensino deve desenvolver as 
capacidades individuais, 
 embora para a vida em sociedade; 
  propor a auto-educação, o que significa: 1) aceitar 
que o aluno é o 
 sujeito do conhecimento; 2) reconhecer que é mais 
importante a aquisição 
 de processos de aprendizagem do que a aquisição de 
conteúdos; e 
 3) valorizar mais a iniciativa do aluno que a 
interferência do adulto 
e, conseqüentemente, do professor. 
 A versão tecnicista se caracteriza por: 
 visar exclusivamente um saber-fazer técnico-científico; 
 dar mais importância ao setor de planejamento do que ao 
professor; 
 buscar antes preparar mão-de-obra para o mercado 
(empresas) do que formar cidadãos. 
2. Quanto às Pedagogias Progressistas, cumpre atentar para o 
que segue: 
 O termo progressista é usado aqui para designar as 
tendências que, partindo da análise crítica das realidades 
sociais, sustentam as finalidades políticas da educação. 
 Visto que não podem institucionalizar-se em uma sociedade 
capitalista, as pedagogias progressistas, premidas pela 
necessidade de transformação da sociedade, acabam 
fazendo da educação um instrumento deluta política dos 
professores. 
 As pedagogias progressistas têm como principais expressões 
as versões denominadas libertadora, libertária e crítico-social 
dos conteúdos. 
 As versões libertadora e libertária se caracterizam por: 
  defender posturas pedagógicas anti-autoritárias; 
  valorizar a experiência vivida como base da relação 
educativa; 
  dar mais valor ao processo de aprendizagem grupal 
do que aos 
 conteúdos de ensino; 
  enfatizar a prática educativa como prática social 
junto ao povo e, 
 por isso, valorizar muito as modalidades de educação 
popular não formal. 
 A versão progressista crítico-social dos conteúdos se 
caracteriza por: 
  buscar ser uma síntese do tradicional, do renovado e do 
progressista; 
  por atribuir maior importância à transmissão dos 
conteúdos do que 
 as versões libertadora e libertária; 
  buscar não omitir nem impedir a atividade e a 
participação do aluno no 
 processo pedagógico. 
 
 
 
PEDAGOGIA LIBERAL E PEDAGOGIA PROGRESSISTA 
 
 Enquanto a Pedagogia Liberal se preocupa fundamental e 
essencialmente com o indivíduo e seu desenvolvimento individual, a 
Pedagogia Progressista coloca como fundamento necessário e 
essencial para um verdadeiro e eficaz trabalho educacional a 
preocupação com os elementos sociais que envolvem a vida do 
educando. 
 
 
QUADRO DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
 
PEDAGOGIAS LIBERAIS - QUADRO 1 
 
 
TRADICIONAL 
 
TECNICISTA 
 
 
 
PAPEL DA 
ESCOLA 
Adaptação. Preparar, moral e 
intelectualmente, os alunos para 
assumirem sua posição na 
sociedade. O compromisso da 
escola é com a cultura. Os 
problemas sociais pertencem à 
sociedade. 
Modelar o comportamento humano. Integrar 
os alunos ao sistema social global. Produzir 
indivíduos "competentes" para o mercado 
de trabalho. 
 
CONTEÚDO DE 
ENSINO 
Conhecimentos e valores 
tradicionais acumulados pelas 
gerações adultas. 
Informações, princípios científicos, leis etc. 
estabelecidos e ordenados em seqüência 
lógica e psicológica por especialistas. Visa 
um saber-fazer-técnico-científico. 
 
 
MÉTODO 
Expositivo - 5 passos formais de 
Herbert: 
a) preparação; 
b) apresentação; 
c) associação; 
d) generalização; 
e) aplicação. 
Método científico (Spencer). Metodologia 
tecnicista e abordagem sistêmica 
abrangente. Tecnologia educacional: 
instrução programada, planejamento, 
audiovisuais, programação de livros 
didáticos, avaliação científica etc. 
 
RELAÇÃO 
Autoritária: o professor transmite 
e o aluno ouve passivamente. 
(Educação centrada no professor: 
Técnica-diretiva, com relações estruturadas 
e objetivas e com papéis definidos. O 
professor, gerente, administrador, é um elo 
PROFESSOR 
X 
ALUNO 
Magister dixit.) de ligação entre a verdade científica e o 
aluno, ser responsivo. Ambos são 
espectadores frente à verdade objetiva. 
(Ensino centrado no controle das condições 
que cercam o aprendiz, nas análises das 
condições de vida). 
 
 
 
PRESSUPOST
OS 
DE 
APRENDIZAGE
M 
A capacidade de assimilação da 
criança é idêntica à do adulto 
(menos desenvolvida). Ensinar é 
repassar conhecimentos. A 
aprendizagem é receptiva e 
mecânica. A retenção da matéria 
se dá pela repetição. Avaliação 
oral e escrita (provas, exames...). 
Reforço mais negativo que 
positivo, punição. 
Aprender é modificar o desempenho face a 
objetivos preestabelecidos. O ensino é um 
processo de condicionamento através do 
reforço das respostas desejáveis. Aumentar 
o controle das variáveis que afetam o 
aprendiz. Motivação: externa, estímulos, 
reforço. (Embasamento teórico: Skinner, 
Gagné, Bloom, Mager.) 
 
 
 
 
MANIFESTAÇÃ
O NA PRÁTICA 
ESCOLAR 
Viva e atuante em nossas escolas 
tradicionais, religiosas ou leigas 
que adotam orientação clássico-
humanista ou humano científica 
(esta, mais predominante em 
nossa história educacional). 
Os marcos da implantação e o modelo 
tecnicista são: a Lei 5.692/68, que 
reorganiza o ensino superior, e a Lei 
5.692/71, que fixa Diretrizes e Bases para o 
ensino de 1º e 2º Graus, embora sua 
influência remonte ao Programa Brasileiro 
Americano de Auxílio ao Ensino Elementar - 
PABAEE (meados de 1950). Os professores 
da escola pública, apesar da legislação, não 
assimilaram a pedagogia tecnicista, pelo 
menos em termos de ideário, ainda que 
tenham aplicado a sua metodologia. O 
exercício profissional continua mais para 
uma postura eclética baseada nas 
pedagogias tradicional e renovada. 
 
 
PEDAGOGIAS LIBERAIS - QUADRO 2 
 
 
RENOVADA PROGRESSIVISTA 
 
RENOVADA NÃO-DIRETIVA 
 
PAPEL DA 
Adequar as necessidades 
individuais ao meio social. 
Retratar, o quanto possível, a vida. 
Formar atitudes. Criar um clima favorável ao 
autodesenvolvimento e realização pessoal. 
(Preocupação maior com problemas 
ESCOLA Promover integração por 
experiência. 
psicológicos que com problemas 
pedagógicos ou sociais.) 
 
CONTEÚDO DE 
ENSINO 
Experiências vivenciadas, desafios 
cognitivos e situações 
problemáticas. "Aprender a 
aprender". O processo de 
aquisição do saber é mais 
importante que o próprio saber. 
Processos de desenvolvimento das relações 
e das comunicações. Facilitação de meios 
para que os alunos busquem, por si mesmos, 
os conhecimentos. Incentivo à pesquisa 
baseada nos interesses. 
 
MÉTODO 
 
Ativo - "Aprender fazendo"; 
experimental; de solução de 
problemas; de projetos; centro de 
interesse; trabalho em grupo; 
pesquisa; estudos dos meios 
natural e social. 
Terapêutico - Os métodos pedagógicos são 
dispensados, prevalecendo o esforço do 
professor para facilitar a aprendizagem dos 
alunos. Técnicas de sensibilização. 
Processos para melhorar o relacionamento 
interpessoal. 
 
RELAÇÃO 
PROFESSOR 
X 
ALUNO 
Democrática: o professor, 
facilitador, deve auxiliar o 
desenvolvimento do aluno que, 
por sua vez, participa e respeita as 
regras do grupo. (Educação 
centrada na vivência) 
Relações Humanas: o professor é um 
"facilitador" que deve "ausentar-se" em 
respeito ao aluno (Educação centrada no 
aluno) 
 
 
PRESSUPOSTO
S 
DE 
APRENDIZAGE
M 
Aprender é uma atividade de 
descoberta. Respeito às 
disposições internas e aos 
interesses dos alunos. O ambiente 
deve ser um meio estimulador, 
propiciando a auto-aprendizagem. 
Motivação: interna e externa. 
Avaliação: fluida, expressa pelo 
reconhecimento do professor dos 
esforços e êxitos dos alunos. 
Aprender é modificar suas próprias 
percepções. Valorização do "eu" e da auto-
realização. Motivação interna. Auto-avaliação. 
 
 
 
MANIFESTAÇÃ
O NA PRÁTICA 
ESCOLAR 
Aplicação reduzida, por ser nossa 
prática pedagógica basicamente 
tradicional. Algumas escolas 
adotam os métodos de 
Montessori, Decroly, Dewey ou o 
ensino baseado na psicologia 
genética de Piaget (educação pré-
escolar). Também as escolas 
"experimentais", "escolas 
comunitárias", e a "escola 
secundária moderna", na versão 
de Lauro de Oliveira Lima. 
As idéias de Carl Rogers influenciaram 
muitos educadores, principalmente 
orientadores educacionais e psicólogos 
escolares que se dedicam ao 
aconselhamento. A escola de Summerhill, do 
educador inglês A . Neill, também teve 
alguma influência entre nós. 
 
 
PEDAGOGIASPROGRESSISTAS - QUADRO 1 
 
 
 
LIBERTADORA 
 
LIBERTÁRIA 
 
 
 
 
PAPEL DA 
ESCOLA 
Através de situação "não formal", 
professores e alunos, mediatizados 
pela realidade que apreendem e da 
qual extraem o conteúdo de 
aprendizagem, atingem um nível de 
consciência crítica a fim de buscarem 
uma transformação social. Rejeição 
da educação "bancária" (tradicional) 
e da educação renovada (libertação 
psicológica), ambas domesticadoras. 
Transformação na personalidade dos 
alunos num sentido libertário e 
autogestionário. Criar mecanismos 
institucionais de mudanças que preparem 
os alunos para atuarem em instituições 
"externas". Resistir à burocracia que retira 
a autonomia da escola. 
 
 
CONTEÚDO DE 
ENSINO 
"Temas geradores", extraídos da 
problematização da prática de vida 
dos educandos. (Educação com 
caráter político.) 
Não há conteúdo propriamente dito 
predeterminado, mas do interesse do 
aluno, conhecimento que resulta das 
experiências vividas pelo grupo 
(mecanismos de participação crítica), 
levando à descoberta de respostas às 
necessidades e às exigências da vida 
social. 
 
 
MÉTODO 
Diálogo. 
Discussão em grupo ("grupo de 
discussão") 
Autogestão (vivência grupal). 
Experiências vividas. 
Contatos: discussões, assembléias, 
cooperativas e outras formas de 
participação e expressão pela palavra; 
organização e execução do trabalho. 
 
RELAÇÃO 
PROFESSOR 
X 
ALUNO 
Não diretividade. 
Educador e educando como sujeitos 
do ato de conhecimento. O professor 
é um animador que caminha "junto" 
num trabalho de "aproximação de 
consciência". 
Não diretiva. 
O professor é um orientador, um 
conselheiro e um catalizador que se 
mistura ao grupo para uma reflexão em 
comum. 
 
 
 
PRESSUPOSTO
S 
DE 
APRENDIZAGE
M 
Aprender: ato da realidade concreta. 
Passos da aprendizagem: 
codificação-decodificação, e 
problematização da situação. 
Aproximação crítica da realidade do 
educando. Chegar ao conhecimento 
pelo processo de compreensão, 
reflexão e crítica. Auto-avaliação. 
Uso prático do saber. 
Aprendizagem informal, via grupo. 
Motivação: interesse em crescer dentro da 
vivência grupal. 
Não há avaliação. 
 
 
 
 
MANIFESTAÇÃ
O NA PRÁTICA 
ESCOLAR 
As idéias de Paulo Freire têm 
influenciado sindicatos e 
movimentos populares. Alguns 
grupos atuam não apenas no nível da 
prática popular, como também por 
meio de publicações, independentes 
das idéias originais da pedagogia 
libertadora. 
Apesar de ter sido formulada, 
teoricamente, para a educação de 
adulto ou para a educação popular, 
em geral, muitos professores vêm 
tentando colocar em prática a 
pedagogia libertadora em todos os 
graus de ensino formal. 
Abrange quase todas as tendências 
antiautoritárias em educação: a anarquista, 
a psicanalista, a dos sociólogos e a dos 
professores progressistas. Entre outros, 
podemos citar os seguintes autores 
libertários: Lobrot, C. Freinet, Vasques, 
Oury, Miguel Gonzales Arroyo e Ferrer y 
Guardia. Maurício Tragtenberg, apesar de 
um enfoque menos pedagógico e mais 
crítico das instituições, em favor de um 
projeto autogestionário, destaca-se como 
estudioso e divulgador da tendência 
libertária. 
 
 
PEDAGOGIAS PROGRESSISTAS - QUADRO 2 
 
 
CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS 
 
 
 
 
PAPEL DA 
ESCOLA 
Transmissão de conteúdos vivos, concretos, indissociáveis das 
realidades sociais. 
Instrumento de apropriação do saber, a serviço dos interesses populares. 
A educação é "uma atividade mediadora no seio da prática social global". 
(D. Saviani). 
Preparar o aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-
lhe um instrumental (conteúdos e socialização) para uma participação 
organizada e ativa na democratização da sociedade. 
 
 
CONTEÚDO DE 
ENSINO 
Conjunto de conhecimentos prontos, selecionados entre os bens 
culturais da humanidade (saber universal autônomo) reavaliados face às 
realidades sociais, com funções formativas e instrumentais. 
Postura da pedagogia "dos conteúdos" - obter o acesso do aluno aos 
conteúdos , ligando-os à experiência concreta deles - é a continuidade; ao 
mesmo tempo, proporcionar elementos de análise crítica que ajudem o 
aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões difusas da 
ideologia dominante - é a ruptura. 
 
 
MÉTODO 
Métodos participativos baseados em uma relação direta da experiência do 
aluno, confrontada com o saber trazido de fora (subordinação ao 
conteúdo). Vai-se de uma ação à compreensão e desta à ação, até a 
síntese, unindo a teoria à prática. 
 
RELAÇÃO 
PROFESSOR 
X 
ALUNO 
Relação de interação diretiva (provimento de condições ideais de trocas). 
O professor é um mediador, intervencionista. 
O aluno participa do processo confrontando sua experiência com os 
conteúdos expressos pelo professor. 
 
 
 
PRESSUPOSTO
S 
DE 
APRENDIZAGE
M 
Prontidão. Todo conhecimento novo deve apoiar-se numa estrutura 
cognitiva já existente (aprendizagem significativa). Capacidade para 
processar informações. 
Avaliação: comprovação do progresso do aluno em direção a noções 
mais sistematizadas. 
 
 
 
 
MANIFESTAÇÃ
O NA PRÁTICA 
ESCOLAR 
Inúmeros professores da rede escolar pública que se ocupam de uma 
pedagogia de conteúdos articulada com a adoção de métodos que 
favoreçam a participação dos alunos, muitas vezes, sem saber, avançam 
na democratização efetiva do ensino para as camadas populares. No 
Brasil, destaca-se Saviani que vem desenvolvendo investigações 
relevantes, no sentido de colocar a educação "a serviço da transformação 
das relações de produção", "da democratização da sociedade brasileira, 
atendendo aos interesses das camadas populares". Podemos citar a 
experiência pioneira do educador russo Makarenko. Entre os autores 
atuais, estão: B. Charlot, Suchodolski, Manacorda e, especialmente, G. 
Snyders. 
 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO SÉCULO 20 
 
 A educação tem se tornado, cada vez mais, uma preocupação 
dos grupos dirigentes de todos os povos. Isto aparece claramente 
no século 20. Os administradores públicos e privados e os 
estudiosos dos mais diversos ramos têm escrito expressando idéias 
as mais diversas e, às vezes, contraditórias sobre esta atividade tão 
importante para os caminhos da sociedade. Entre os educadores as 
principais reflexões sobre a educação se encontram em teorias 
como Escola Nova, Tecnicismo, Desescolarização da Sociedade, 
Crítico-Reprodutivismo e Progressismo, estudadas a seguir. 
A ESCOLA NOVA 
 
1. INTRODUÇÃO: No final do século 19 e começo do século 20, 
com o desenvolvimento de novas ciências (biologia, sociologia, 
psicologia) surge a necessidade de adequar a educação a um 
mundo em transformação. Aparece, então a Escola Nova, que 
se apresenta como um esforço para superar a pedagogia da 
essência pela pedagogia da existência, se constituindo, assim, 
em uma pedagogia de caráter predominantemente psicológico. 
Quer dizer: o educando é antes sujeito que objeto da educação. 
2. 
CARACTERÍSTICAS GERAIS: A Escola Nova representou uma 
verdadeira inovação no campo da educação. Suas propostas 
atingem os vários itens que constituem a prática educativa. 
Assim: 
 Na relação professor-aluno: é alunocêntrica (o aluno é ativo 
e o elemento mais importante do processo), enquanto o 
professor é um facilitador que deve despertar o interesse do 
aluno e provocar a sua curiosidade. Quanto ao conteúdo: é mais importante o modo de aprender 
do que o próprio aprender; é mais válido aprender a 
aprender do que aprender! 
 Quanto à metodologia: de modo geral, propõe que as 
atividades sejam centradas no aluno, valorizando a sua 
espontaneidade e as suas iniciativas; se preocupa com a 
individualização das atividades e introduz alguma socialização 
ao promover os trabalhos em grupo, muito embora sempre em 
função do desenvolvimento individual; em algumas escolas 
específicas, que privilegiam a pedagogia da ação, são criados 
setores pedagógicos típicos, como horta, laboratório, oficina, 
imprensa; os jogos são vistos não como opostos ao trabalho, 
mas como facilitadores da aprendizagem. 
 Quanto à avaliação: insiste em que esta é um processo 
válido para o aluno e se constitui em uma das etapas da 
aprendizagem; não deve contemplar apenas o intelectual, 
mas também a aquisição de habilidades e a formação de 
atitudes; a competição tende a ser substituída pela 
cooperação. 
 Quanto à disciplina: tem o seu valor relativizado na medida 
que a escola prepara para a autonomia; por isso, há um 
afrouxamento quanto à importância das normas e uma 
abertura no sentido de estimular a responsabilidade e a 
capacidade de crítica; busca uma disciplina que seja antes 
uma aceitação (vontade) que uma pura submissão a ordens 
impostas. 
3. CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS: A Escola Nova é uma 
expressão típica da sociedade liberal que aparentemente dá 
chances iguais a todos de acordo com suas possibilidades 
intelectuais, mas que na realidade reproduz o sistema, 
privilegiando a elite. A ênfase na qualidade e em processos 
dispendiosos torna a escola cada vez mais elitista. A crítica 
inadequada ao autoritarismo da Escola Tradicional resultou na 
ausência de disciplina. Uma das suas piores conseqüências foi o 
puerilismo, supervalorização da criança (aluno) e minimização 
do papel do professor. Além disso, a proposta escolanovista 
propiciou a confusão entre ensino, pesquisa e aprendizagem. 
4. PRINCIPAIS EDUCADORES: A Escola Nova foi criada por 
DEWEY (1859-1952), educador norte-americano. No mundo são 
escolanovistas Kilpatrick, Claparède, Decroly, Montessori, 
Lubienska. No Brasil, Fernando de Azevedo, (1894-1974) Anísio 
Teixeira (1900-1971) e Lourenço Filho (1897-1970). 
 
ESCOLA TECNICISTA 
 
1. INTRODUÇÃO: A crítica da escola tradicional, aliada à não 
aceitação das propostas escolanovistas, fez surgir a idéia de 
que a escola, para se tornar eficaz, deveria assumir o modelo 
empresarial, isto é, deveria seguir o modelo de racionalização e 
produção da empresa capitalista. É a tendência tecnicista que, 
iniciada nos Estados Unidos, é introduzida no Brasil através de 
diversos acordos bilaterais, inicialmente sigilosos. Sua 
implementação foi buscada com maior insistência a partir de 
1964 e aparece com maior evidência nas leis 5540/68 e 5692/71. 
 
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS: O tecnicismo se mostra através 
das seguintes notas: 
 O objetivo da escola é preparar mão-de-obra qualificada 
para a indústria. 
 O conteúdo das diversas disciplinas deve ser o conjunto de 
informações e conhecimentos "científicos" (de preferência das 
"ciências exatas") a serem transmitidos aos alunos. 
 O método é o taylorista, que supõe uma divisão rígida das 
tarefas, uma ênfase no planejamento racional com 
estabelecimento de objetivos institucionais muito claros e 
insubstituíveis e com valorização exagerada dos meios 
técnicos (audiovisuais). 
 A avaliação visa exclusivamente verificar se os objetivos 
propostos estão sendo atingidos. 
 A relação professor-aluno é fria, dispensando-se as 
discussões e os debates; o professor é um técnico que 
transmite informação técnica objetiva. 
 
3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS: A tendência tecnicista tem seus 
fundamentos teóricos sobretudo no positivismo e no 
"behaviorismo". 
4. CRÍTICAS: O tecnicismo foi e continua sendo de difícil 
implantação pois os professores ou foram (e muitos ainda são) 
de formação tradicional ou já estão imbuídos de pensamento 
escolanovista ou mesmo progressista. Além disso, o tecnicismo: 
 Burocratiza o ensino, insistindo em objetivos detalhados para 
cada passo do programa. 
 O professor se torna um mero executor de textos vindos do 
setor do planejamento. 
 Camufla e fortalece estruturas de poder com sua pretensa 
despolitização (neutralidade técnica), pois substitui a 
participação democrática pela decisão de poucos (os técnicos 
do setor de planejamento). 
 
 
DESESCOLARIZAÇÃO DA SOCIEDADE 
 
1. INTRODUÇÃO: A desescolarização da sociedade é uma 
proposta de Ivan Illich (1926) que, fazendo coro com as 
críticas à escola tradicional e à escola nova, propõe a eliminação 
da escola. 
 
2. CRÍTICAS À ESCOLA: Illich faz as seguintes considerações: 
 A escola está em crise e a solução dos seus problemas não 
está na promoção de reformas dos métodos e currículos, nem 
na crítica ao seu elitismo; a solução está na destruição da 
escola. 
 A escola é uma das instituições criadas para proteger e 
dirigir as ações humanas e que, por isso, infantiliza o ser 
humano que se torna sempre mais dependente de 
especialistas. 
 A escola escraviza mais do que a família, pois se apoia em 
uma estrutura organizada, fortemente hierarquizada, em 
rituais de provas e exames e no mito do diploma. 
 A existência da instituição escolar se baseia na premissa falsa 
de que a criança só aprende (pra valer) na escola. 
 A escola é uma promessa que não se cumpre: vive o 
paradoxo de que querer preparar para o mundo, ao mesmo 
tempo que corta os contatos da criança com ele. 
 A escola só fornece a aprendizagem da hierarquia (dos que 
estão acima). 
 A escola é cúmplice do mito do progresso, da competência, 
do consumo, perpetuando as desigualdades sociais. 
 
3. A PROPOSTA - SOCIEDADE SEM ESCOLAS: Illich propõe, 
para desescolarizar a sociedade, o que segue: 
 destruir o culto à máquina; 
 substituir o sistema escolar pelo sistema de convivialidade: 
redes de comunicações culturais que facilitem o encontro de 
pessoas interessadas no mesmo assunto; 
 abolir o poder de uma pessoa proibir outra de participar de 
qualquer tipo de reunião; 
 afirmar o direito de qualquer pessoa promover qualquer tipo 
de reunião. 
 
4. CRÍTICAS À PROPOSTA DE DESESCOLARIZAÇÃO: O 
grande mérito de Illich está em levantar a questão da validade da 
escola. Há, porém, alguns reparos: 
 A sua crítica se refere, sem dúvida, a uma escola de 
característica tradicional. 
 As instituições não são necessariamente um mal para a 
sociedade. 
 O mito da competência e a especialização, quando não 
redundam em forma de poder e de manipulação, podem 
ajudar o ser humano a sair da privação e da penúria. 
 O projeto de Illich possui uma dimensão individualista. 
 O ideal de convivialidade repousa na convicção ingênua de 
supor que o sistema de redes escapa às pressões e às 
contradições de interesses estabelecidos. 
 
 
TEORIAS CRÍTICO - REPRODUTIVISTAS 
 
1. CONCEITUAÇÕES: 
1.1. REPRODUTIVISMO: O conceito reprodutivismo surgiu, no 
âmbito educacional, em função da contradição entre a postura 
ingênua que afirmava ser a educação um instrumento de 
equalização dos membros de uma comunidade e o verdadeiro 
papel exercido por ela dentro da sociedade. No primeiro caso, a 
escola seria um fator de democratização e universalização do 
saber, contribuindo para desfazer injustiças sociais e tornando 
iguais as chances de desenvolvimento de indivíduos de classes 
diferentes. Narealidade, a escola tem exercido um papel de 
mera reprodutora. É reprodutivista, pois, ao invés de 
democratizar, reproduz as diferenças sociais perpetuando o 
status quo e, portanto, é uma instituição altamente 
discriminadora e repressiva (Aranha, 128). Assim, entende-se 
como reprodutivismo a caracterização da escola que a 
considera reprodutora das diferenças sociais e perpetuadora 
das injustiças sociais. 
1.2. CRÍTICO-REPRODUTIVISMO: É aquele grupo de tendências 
pedagógicas que analisam o trabalho da escola e concluem que 
a mesma exerce uma função reprodutora da sociedade, com 
suas injustiças. Fazem-lhe, pois, uma crítica severa e enfocam 
as várias modalidades de sua instrumentalização, que podem 
ser concentradas em três linhas de instrumentalização. 
 Escola  instrumento de violência simbólica. 
 Escola  aparelho ideológico de estado (AIE). 
 Escola  instrumento da divisão dualista da sociedade 
(Escola Dualista) 
 
2. ESCOLA ENQUANTO INSTRUMENTO DA VIOLÊNCIA 
SIMBÓLICA: Para entender a posição dos autores que 
consideram a escola um instrumento de violência, é preciso, 
antes, atentar para o significado de violência. 
2.1. NOÇÃO DE VIOLÊNCIA: Violência segundo os dicionário é o 
ato de violentar. Violentar, por sua vez, é forçar, coagir, 
constranger. A partir dessa noção descobriu-se que existem 
várias formas de violência, que podem ser reduzidas a duas: 
 Violência material: é a violência física, praticada com meios 
materiais, através da coerção, com ameaça de castigo, ou 
através da imposição da força física. A violência material é 
sempre explícita! 
 Violência simbólica: é a violência que se exerce mediante o 
uso de forças simbólicas, isto é, mediante aquelas forças 
que levam as pessoas a pensarem e a agirem sem se darem 
conta de que estão sendo conduzidas. As forças simbólicas 
agem sobretudo através das idéias transmitidas pela 
comunicação cultural (teatro, televisão, cinema, jornais, 
revistas etc.), pela doutrinação política e religiosa, pelas 
práticas esportivas e pela educação escolar. A violência 
simbólica é sempre implícita! 
2.2. A VIOLÊNCIA DA ESCOLA: Bourdieu e Passeron, 
educadores franceses da atualidade, analisaram o papel da 
escola e chegaram à conclusão de que a escola é, de fato, uma 
reprodutora de um determinado tipo de sociedade, usando para 
isso da violência simbólica. Seus estudos levaram às 
seguintes conclusões: 
 A escola é um reflexo da sociedade, pois não é uma ilha 
separada do seu contexto social, que marca os indivíduos de 
maneira inevitável e quase irreversível. 
 A escola reproduz os privilégios já existentes na sociedade, 
favorecendo os já socialmente favorecidos. 
 A escola não democratiza; reafirma os privilégios; isto aparece 
claramente quando se vê que freqüentam o universo escolar 
dois tipos de pessoas (crianças sobretudo): 
 crianças vindas das classes privilegiadas: por 
receberem uma educação familiar (informal) muito próxima 
daquela que receberão na escola, estão prontas para tirar 
proveito da escola, estão prontas para o sucesso. 
 Crianças vindas das classes desfavorecidas: sua 
educação familiar (informal) está muito longe daquela que 
tentarão passar-lhes na escola e, assim, estão destinadas ao 
não aproveitamento, estão preparadas para o insucesso. 
 O insucesso escolar é geralmente mascarado e mistificado, 
recorrendo-se ao conceito de desigualdades naturais. 
 A ideologia dos dotes dissimula a imposição da cultura da 
classe dominante sobre a cultura da classe dominada. 
 
3. ESCOLA ENQUANTO APARELHO IDEOLÓGICO DE ESTADO: 
Esta visão da escola tem como principal pensador Louis 
Althusser. Para ele, na sociedade capitalista, a escola, ao 
mesmo tempo que ensina um saber prático que proporciona a 
qualificação da força de trabalho, reproduz a ideologia da 
classe dominante, pois só assim será feita reprodução 
qualificada da força de trabalho adequada ao sistema capitalista. 
A escola torna-se instrumento de dominação ideológica e por 
isso é um dos elementos do aparelho ideológico de estado 
(AIE). Isso se torna mais claro com o entendimento da função da 
ideologia na vida social. 
3.1. FUNÇÃO DA IDEOLOGIA: A sociedade capitalista é 
constituída por duas classes sociais antagônicas: a dominante, 
detentora dos meios de produção, e a dominada, a força de 
trabalho. Aquela domina esta através da ideologia, que 
mascara a exploração e transforma os valores da classe 
dominante em valores universais, dificultando o 
desenvolvimento do pensar próprio da classe dominada. A 
classe dominante usa instrumentos de dominação para 
conservar os seus privilégios. 
3.2. INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO: O Estado , na 
sociedade capitalista, tem a função de resguardar os interesses 
da classe dominante e reprimir os anseios da classe dominada. 
Para o exercício dessa função possui dois tipos de aparelhos: 
repressivos uns, ideológicos outros. 
 Aparelhos Repressivos de Estado (ARE): são aqueles 
aparelhos que funcionam por meio de algum tipo de violência. 
Inclui a administração pública, a polícia, os tribunais, as 
prisões. 
 Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE): são aqueles que 
utilizam da ideologia para defender e preservar os objetivos 
da classe dominante. Distribuem-se por diversos setores das 
atividades humanas: AIER, AIEE, AIEF, AIEJ, AIEP, AIES, 
AIEI, AIEC. 
 Aparelho Ideológico de Estado da Escola (AIEE): entre os 
AIEs. O AIEE tem um papel preponderante, pois a escola não 
possibilita chances iguais a todos. Ao contrário, determina de 
antemão a reprodução das classes sociais, pois, de um lado, 
inculca a idéia de que uns são destinados a dominar; de 
outro, reprime as aspirações de ascensão daqueles que 
foram sempre dominados. 
 
4. A TEORIA DA ESCOLA DUALISTA: É um modo específico de 
ver o trabalho escolar muito próximo da teoria da escola 
enquanto AIE. Baudelot e Establet, os dois educadores 
franceses que estabeleceram as bases da Teoria Dualista, fazem 
as seguintes considerações: 
 Não existe uma escola única, isto é, uma escola que vise 
trabalhar os educandos para que todos possam atingir um 
mesmo nível educacional. Existem duas escolas que se 
diferenciam quanto ao número de anos de estudos, quanto 
aos itinerários e aos fins do processo educacional. Estas duas 
escolas são heterogêneas e antagônicas. 
 As duas escolas aparecem mais claramente como duas 
grandes redes de escolaridade: 
  Rede SS (secundária superior): visa levar os aluno à 
universidade. 
 Rede PP (primária profissionalizante): acaba no primeiro 
grau e visa levar o aluno imediatamente ao trabalho 
(manual). 
 A divisão da escola em duas redes reafirma a divisão entre 
trabalho intelectual (rede ss) e trabalho manual (rede pp), 
porque nessa dicotomia repousa a possibilidade material da 
manutenção da estrutura social capitalista. 
 A escola tem duas funções: 
  Determinar a orientação dos alunos para uma ou outra 
rede. 
  Inculcar a ideologia burguesa para conter e dominar os 
anseios de uma nova ideologia fundada nos anseios dos 
proletários. 
 
5. CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS BRASILEIROS: Alguns 
pensadores brasileiros fizeram uma crítica do nosso processo 
educacional que os aproxima dos crítico-reprodutivistas citados. 
São eles: Bárbara Freitag, Maria de Lourdes Deiró Nosella e Luis 
Antônio Cunha. 
 
6. CRÍTICA ÀS TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVISTAS: Os 
autores crítico-reprodutivistas fazem uma análise válida quando 
levantam a problemática da função da escola em uma sociedade 
dividida em classes. Sua crítica, porém, pode conduzira um 
pessimismo imobilista, pois esquecem que as contradições 
precisam ser percebidas para possibilitar o surgimento de novas 
propostas, o que acontece com as cha madas tendências 
progressistas. Esquecem também os crítico-reprodutivistas que o 
saber, por pequeno que seja é sempre sementeira. Vale dizer: a 
escola também pode ser um campo de luta e de rompimento, de 
onde podem surgir novas propostas para a vida social. 
 
 
AS TEORIAS PROGRESSISTAS 
1. INTRODUÇÃO - As Teorias Progressistas surgiram como reação 
e superação do Crítico-reprodutivismo. Este fez uma crítica 
severa da Escola Tradicional e da Escola Nova e descobriu o 
caráter ideológico da educação. Mas, fez também surgir uma 
sensação de impotência, pois ateve-se a uma postura 
negativista. As Teorias Progressistas surgem, por conseguinte, 
como a busca de novos caminhos. É um movimento muito 
recente e não é fácil determinar as suas linhas fundamentais, 
pois a própria denominação progressismo, criada por Georges 
Snyders, não é aceita por todos que nela poderiam ser inseridos. 
 
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS - Apesar das diversidades 
presentes nas propostas dos seus educadores, o Progressismo 
apresenta muitos pontos comuns a todas elas: 
2.1. Busca superar as Teorias Crítico-reprodutivista propondo a 
construção de uma pedagogia social crítica. 
2.2. Afirma a necessidade de uma consciência da existência de 
relações sociais de opressão, para a busca de uma nova ação 
pedagógica. 
2.3. Propõe uma crítica constante de alguns elementos do 
processo educacional, visando uma função mais adequada para 
os mesmos: 
 Escola:  seu verdadeiro significado está em ser 
um local de 
 socialização do saber; 
  é um elemento de continuidade, mas também de 
ruptura; 
  tem um papel transformador quando 
enfatiza como um 
 dos meios para uma vida social melhor organizada a 
 alfabetização. 
  Saber:  não deve ser abstrato, e sim integrado à prática 
social global; 
  deve possibilitar a superação da dicotomia teoria x 
prática. 
  Trabalho:  deve ser parte integrante do processo 
educacional, 
 pois homem se forma pelo trabalho e deve ser 
formado para o 
 trabalho; 
 a educação precisa levar, também através de 
atividades 
práticas (oficinas), a compreender o fazer, o que 
fará surgir 
a consciência crítica do mundo físico e social; 
 a educação para o trabalho tem também o 
objetivo de 
possibilitar a superação da dicotomia cultura 
erudita x cultura popular. 
  Professor:  é um elemento chave no processo 
educacional; 
  sua formação tem importância especial e 
precisa despertar 
 a consciência da educação como 
prática social 
 transformadora; 
  sua ação deve estender-se para além da 
sala de aula, 
 afirmando a validade da ação política em 
favor da escola 
 pública. 
 
3. RISCOS DAS PROPOSTAS PROGRESSISTAS - Conquanto 
sedutoras, as propostas pedagógicas progressistas incluem 
alguns perigos: 
  Politicismo Pedagógico: O Progressismo parte do 
princípio de que não 
 existe educação apolítica. Os polos educação e 
política são 
 complementares e indissociáveis, o que é inegável. 
No entanto, a 
 ênfase dada à necessidade da ação política pode levar 
ao descuido do 
 trabalho propriamente pedagógico, tornando 
prioritária, e mesmo 
 exclusiva, a ação político-partidária do professor. 
  Assistencialismo: Por causa das muitas e variadas 
carências das 
 camadas populares é grande a tentação de se recorrer 
à chamada 
 educação compensatória, que desvia a ação da escola 
para atividades 
 que são próprias de outros órgãos do Estado, como é 
o caso, por 
 exemplo, da merenda escolar. 
  Falsa democracia na sala de aula: Ao acentuar 
posturas que são 
 anti-autoritárias, ao estimular a superação do 
individualismo a partir do 
 diálogo (trabalhos em grupo) e ao incentivar a prática 
constante da 
 corresponsabilidade, o Progressismo pode levar à 
exclusão do papel de 
 líder organizador, que deveria caracterizar o Professor. 
 
4. PRINCIPAIS EDUCADORES PROGRESSISTAS - Os 
pensadores progressistas são muito numerosos, o que 
testifica busca contínua do aperfeiçoamento do trabalho 
educacional. Aqui vamos apresentá-los divididos da seguinte 
maneira: 
  Pioneiros e estrangeiros em geral: 
  MAKARENKO (1888 - 1939): Educador russo (soviético) 
fundador de 
 uma colônia para recuperação de menores infratores; 
autor da obra 
 Poema Pedagógico, defende a importância do 
coletivo no trabalho 
 pedagógico. 
  PISTRAK: Educador russo-soviético, buscou 
estabelecer os 
 fundamentos da escola do trabalho. 
 Antônio GRAMSCI: Intelectual italiano, discutiu a 
questão das 
relações entre os trabalhadores intelectuais e os 
trabalhadores manuais. 
 SUCHODOLSKI: Estudou a diferença entre as 
pedagogias 
essencialista e existencialista. 
 CHARLOT: Estudou a questão dos processos idelógicos da 
educação. 
 Outros: CELESTIN, FREINET, SNYDERS, GIROUX, 
MANACORDA, LOBROT. 
  Brasileiros: se apresentam em diversas subtendências: 
  PEDAGOGIA LIBERTADORA: Defende uma 
educação para a 
 conscientização da necessidade de libertar-se de uma 
situação de vida 
 opressora. PAULO FREIRE é seu principal pensador. 
  PEDAGOGIA LIBERTÁRIA: Propõe uma escola que se 
caracterize 
 pela autogestão não-diretiva, para formar grupos de 
influência política 
 que construam uma sociedade mais igualitária. 
TRAGTENBERG e M. G. 
 ARROYO. 
  PEDAGOGIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS: 
Vê a escola 
 como o local de aquisição dos conteúdos acumulados, 
que devem ser 
 apropriados de forma crítica e também socializados a 
fim de servirem 
 aos interesses de toda a população, sem 
privilégios, visando a 
 democratização da sociedade. SAVIANI, LIBÂNEO e C. R. 
CURY. 
  PEDAGOGIA DO CONFLITO: A educação é um processo 
dialético. 
 GADOTTI. 
Bibliografia 
 
ARANHA, Mª Lúcia Arruda - Filosofia da Educação, 2ª ed., S. Paulo, Moderna, 
1997 
CHAUI, Marilena - Convite à Filosofia, S. Paulo, Á tica, 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues - A Educação como Cultura, S. Paulo, 
Brasiliense, 1985 
ELIADE, Mircea – Mito e Realidade, São Paulo, Editora Perspectiva, 1972 
FREIRE, Paulo – Pedagogia da Autonomia, São Paulo, Paz e Terra, 1997 
-------------------- -- Educação Como Prática da Liberdade, 17ª Ed., São Paulo, 
Paz e Terra, 1986 
HUISMAN, D. e VERGEZ, André – Curso Moderno de Filosofia, 4ª Ed., Rio de 
Janeiro, Freitas Bastos, 1972.LANGER, Susanne K. – Filosofia em nova chave, São Paulo, Perspectiva, 
1971 
LUCKESI, Carlos C. - Filosofia da Educação, S. Paulo, Cortez, 1990. 
MARITAIN,Jacques - Rumos da Educação, Rio de Janeiro, Agir, 1959. 
MARTINS, José Salgado - Preparação à Filosofia, Porto Alegre, Globo, 1973. 
MORIN, Edgar – Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro, 2ª 
edição, São Paulo, Cortez Editora, 1999. 
--------------------- - A Cabeça Bem-Feita, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000. 
PINTO, Álvaro Vieira – Sete Lições Sobre Educação de Adultos, 9ª Ed., São 
Paulo, Cortez, 1994. 
SAINT-EXUPERY, Antoine de – Terra dos Homens, 16ª Ed., Rio de Janeiro, 
José Olympio, 1972. 
SANTO, Ruy C. do Espírito – O Renascimento do Sagrado na Educação, 
Campinas, Papirus, 1998 
SAVIANI, Dermeval - Educação: do senso comum à consciência filosófica, S. 
Paulo, Cortez, 1985

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