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Elas são a Teoria da Comunicação de Jakobson (1960), e a Teoria Interacionista Sociodiscursiva, de Bronckart (1999). A Teoria da Comunicação baseia-se em três pilares. O primeiro é a intenção, pois todo processo de comunicação ocorre em virtude de uma finalidade do emissor, isto é, falamos ou escrevemos porque queremos informar, orientar, emocionar, persuadir, enfim, o evento de comunicação não acontece ao acaso. O segundo pilar relaciona-se aos seis elementos da comunicação, conforme esquema abaixo. O terceiro pilar são as funções da linguagem, onde dependendo da intenção do emissor, ele enfatizará sobre um dos seis elementos criando assim, seis funções da linguagem. olá! no caso em questão você esqueceu de colocar a charge e a tabela que se referem a questão, mas mesmo assim vou tentar te dar uma ajudinha. a comunicação é uma das formas mais primitivas da sociedade. ela diz respeito até mesmo a forma como a nossa sociedade foi construída. Segundo o sociólogo Luhammn a comunicação que faz os homens, e não o contrário. nesse aspecto o enunciado da questão traz bem esse conceito a tona, revelando os pilares da comunicação que devem ser respeitados para que esta seja feita de forma eficiente, tendo em vista que é através dela que toda sociedade é construída. espero ter ajudado! Leia mais em Brainly.com.br - https://brainly.com.br/tarefa/18751134#readmore São necessários? A falta de algum dos três principais pilares da comunicação é irrelevante? Você já passou por alguma situação onde algum pilar tenha faltado e isso comprometeu determinada situação vivida? CONHEÇA OS TRÊS PILARES DA COMUNICAÇÃO E ESCREVA MELHOR Bernardo Pina Desenvolvimento Pessoal, Destaque 11 Já faz algum tempo que venho tentando achar idéias para conseguir transmitir um pouco do que sei sobre como se comunicar eficientemente, mas só ontem, em uma conversa com um colega de trabalho, tive uma luz quando ele comentou sobre os três pilares da comunicação, definindo exatamente tudo o que eu tinha em mente com apenas três perguntas: O que você quis dizer? O que de fato foi dito? O que entenderam com o que você disse? Como muitos podem saber, esses três entendimentos podem ser completamente diferentes um do outro e não tomar cuidado com isso pode atrapalhar muito a vida de todos nós. O que você quis dizer, nosso primeiro pilar, é o que de fato você pensou em dizer quando se comunicou com alguém. O problema é que nem sempre o que falamos representa exatamente o que quisemos falar. As vezes o nosso cérebro pensa mais rápido do que fala e omitimos algumas informações cruciais para o entendimento do que queríamos repassar. É por isso que o segundo pilar da comunicação é o que de fato foi dito. Se falamos algo diferente do que pensamos, já temos uma abertura suficiente para uma segunda pessoa entender algo diferente. Parece brincadeira, mas pensar nas palavras a serem ditas para explicar o seu ponto pode fazer todo o diferencial para o seu ouvinte entender ou não o que você disse. Parando para pensar, transmitir uma idéia através de um texto é bem mais complicado do que falar e um dos grandes fatores que colaboram para isso é a falta da linguagem corporal. Fazer o outro entender o que você está dizendo sem ele te olhar e te ouvir é mais difícil do que parece. É por esses e outros motivos que eu sempre digo que qualquer pessoa alfabetizada consegue escrever, mas são poucas que realmente conseguem realmente se fazer entender para todos os leitores. É aí que entra o que entenderam com o que você disse. Temos que ter em mente que nem todo mundo que vai ouvir/ler o que dizemos tem o mesmo tipo de raciocínio do nosso e é por isso que utilizar uma linguagem simples muitas vezes é fundamental para um bom entendimento de um público grande. “Mas então o que eu posso fazer para melhorar a minha comunicação?” Existem algumas dicas básicas que você deveria sempre observar quando for explicar uma idéia para alguém, seja falando ou escrevendo. Separei alguns dos principais pontos e os coloquei logo abaixo. Procure pensar e falar mais calmamente! É natural que algumas vezes entremos em um ritmo sequencial de pensamentos tão rápido que não conseguimos repassar tudo o que pensamos seja falando ou seja escrevendo. Comece a observar quando você fica muito “elétrico”, muito ativo e tente se acalmar. Assim você irá diminuir também o seu ritmo de pensamento e você terá uma maior probabilidade de conseguir transmitir mais eficientemente o que você quiser; Uma das técnicas de escrita mais úteis que eu aprendi até hoje é: escreva, deixe o texto de molho por um dia e o releia antes de publicar. Assim é bem possível que no futuro consigamos enxergar problemas que não conseguíamos ver na hora que estávamos escrevendo o texto; Se você está falando com alguém, faça uso da linguagem corporal (sem exageros); Se você está frente-a-frente com alguém, logo após você ter exposto as suas idéias observe a linguagem corporal do seu ouvinte para você tente ver se ela entendeu ou não o que você disse; Se você não conseguiu saber se a pessoa entendeu ou não simplesmente observando a sua linguagem corporal, peça a ela verbalmente um feedback. Resumir o processo complexo de comunicar alguma coisa com eficácia pode parecer um tanto presunçoso, pois aqueles que trabalham nas áreas de comunicação e marketing conhecem bem os diferentes tipos de desafios que enfrentamos para levar uma determinada mensagem ao nosso público, com todas as variáveis possíveis de se imaginar. Variáveis essas que vão desde a técnica utilizada, o momento no espaço/tempo em que a mensagem foi difundida e as próprias singularidades de cada indivíduo envolvido. Ainda assim, fazer uma boa comunicação possui três pilares básicos que vão solidificar todo o processo e tornar as variáveis, de certa forma, mais controláveis. Esse é um processo que não segue religiosamente uma ordem, mas vamos trabalhar aqui o raciocínio de definir e entender o público-alvo, escolher o conteúdo e adaptar a linguagem. Público-alvo Os grandes veículos de massa, na sua maioria, precisam ou devem utilizar uma fórmula simples e didática de passar determinada informação, que seja familiar para qualquer pessoa, de culturas muito distintas entre si. Isso se deve ao fato de o público-alvo ser extremamente amplo e plural. Mas esse movimento está mudando pouco a pouco, e essa é uma realidade que não reflete as necessidades das organizações, as quais, normalmente, possuem uma segmentação de público, seja ele consumidor, parceiro ou apenas alguém que se relacione institucionalmente. Em qualquer caso, se você busca estabelecer uma comunicação de qualidade, entender as características dos seus “stakeholders” é requisito básico. Então, o processo todo pode estar na dependência de se fazer pesquisas, qualitativas e quantitativas, inicialmente para identificar quem possui interesse na marca ou produto (caso ainda não saiba) e depois para observar suas singularidades. As possibilidades são infinitas de segmentação, por isso, caso não tenha como fragmentar sua comunicação, foque seus esforços para ter ao menos uma persona que caracterize o seu público. Para personificar isso, comece por dados básicos como classe social, faixa etária, sexo, interesses, onde essas pessoas estão buscando informações (mídias tradicionais, sites, plataformas sociais etc.). Depois, de acordo com as características e objetivos do negócio, as pesquisas podem ser utilizadas para recolher dados específicos, sempre com foco em definir e entender seu público-alvo. Conteúdo Aqui, partimos do pressuposto que você já sabe quem são seus “stakeholders”. Vencida essa etapa, temos em mãos as informações básicas sobre o que eles querem (tipo de conteúdo), como eles querem (texto, imagem, som, vídeo, infográfico etc.) e onde eles querem receber e interagir (plataformas). Mas mesmo com tudo isso perfeitamente mapeado, sua estratégia apenas estarácompleta e terá chances reais de sucesso se aquilo que você produz tiver relevância. O seu conteúdo, essencialmente, precisa ser relevante. Não importa se é uma mensagem publicitária ou um editorial, se é uma ação nas redes sociais ou uma ativação física, o conteúdo por trás disso tem que entregar valor. Hoje, qualquer pessoa é uma produtora de conteúdo, qualquer um tem acesso a diferentes fontes, e isso reforça a necessidade de buscar ser relevante, de ser autoridade naquele conteúdo. Caso contrário, você ou sua organização serão apenas mais um falando, mesmo que estejam com a mensagem certa no lugar certo. Linguagem De nada adianta ter um conteúdo sem que as pessoas entendam a mensagem, sem que haja, de fato, comunicação. O entendimento daquilo que se quer passar está na adequação da linguagem. Na academia, tratamos disso estudando a semiótica, os signos, os símbolos, o significado, o significante etc. Esses conceitos servem para estarmos cientes da importância de se utilizar uma linguagem condizente com a realidade dos nossos “stakeholders”. Fazendo analogias básicas, podemos dizer que um sinal de fumaça no horizonte pode ser “apenas fumaça” para um cidadão qualquer (um símbolo). Já para um bombeiro, a fumaça pode automaticamente significar “fogo”, “perigo”, “trabalho” etc (um signo). Um programador de TI consegue enxergar toda a estrutura de um site, por exemplo, apenas observando uma série de códigos, que não significam absolutamente nada para quem desconhece essa linguagem. Palavras, imagens, sons e qualquer outro tipo de elemento utilizado para transmitir uma mensagem têm o poder de assumir diferentes significados, e nós, profissionais de comunicação e marketing, precisamos lembrar disso ao realizarmos o nosso trabalho. Somos “fabricantes” e ao mesmo tempo “tradutores” da mensagem. 1-------------------------------------------------------------------------------- Comunicação, linguagem e discurso >> Os preceitos básicos das TEORIAS DA LINGUAGEM: teoria da comunicação e teoria do interacionismo sociodiscursivo. >> As FORMAS DE COMUNICAÇÃO verbal, não verbal e escrita, bem como suas interações. >> Os TIPOS TEXTUAIS e suas características e estruturas específicas. 2 leitura e produção textual Nós, seres humanos, temos necessidade essencial de nos comunicar uns com os outros, externar nossos sentimentos, ideias e intenções, interagir, estabelecer relações interpessoais anteriormente inexistentes, influenciar o outro. Para isso, usamos a linguagem, melhor dizendo, as linguagens. Convencionalmente, consideramos linguagem todo e qualquer sistema de códigos que serve de meio de comunicação entre os indivíduos. Desde que se atribua um valor ou significado a determinado sinal, passa a existir uma linguagem. Visto que se trata de todo e qualquer sistema de sinais, podemos considerar, então, que esses sistemas podem ser verbais, quando usamos a palavra; ou não verbais, quando usamos quaisquer outros signos, sejam eles gestos, expressões faciais, desenhos, cores, luzes, vestimentas e inúmeros outros. Como elemento fundamental do sistema verbal, temos a língua, a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la, nem modificá-la e que existe em virtude de uma espécie de contrato estabelecido entre os membros de uma comunidade. A língua é, portanto, um sistema simbólico que possibilita ao sujeito a participação social. Ao efetivar essa participação, o homem produz a fala. Nela, o sujeito utiliza, além das convenções do seu idioma e do seu repertório vocabular, uma série de recursos não verbais, como expressões, tons e ritmos de voz, sotaques e regionalismos que tornam a fala um fenômeno individual e único. Os nossos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) para a educação básica consideram linguagem como uma ação interindividual orientada por uma finalidade específica. De acordo com esse documento, os homens e as mulheres interagem pela linguagem tanto em uma conversa informal, entre amigos, ou na redação de uma carta pessoal, como na produção de uma crônica, uma novela, um poema, um relatório profissional. Esses modos de interação modificam-se, dependendo das condições e da situação comunicativa, da formação dos interlocutores, da idade, da região onde vivem, das áreas em que atuam. Uma conversa informal que se produz hoje, por exemplo, não é a mesma de cem anos atrás. Essa mesma conversa tende a se diferenciar se mudarem os interlocutores. Uma conversa entre crianças difere-se de uma conversa entre advogados, ou entre mães de família, ou entre pessoas idosas etc. Se é pela linguagem que nos comunicamos, temos acesso às informações, expressamos e defendemos pontos de vista, partilhamos ou construímos visões de mundo, podemos dizer, sem sombras de dúvidas, que a linguagem é um instrumento de poder. Por esse motivo, a escola tem a função e a responsabilidade de garantir a seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania. Cabe à escola promover Comunicação, linguagem e discurso 3 sua ampliação, de forma que, progressivamente, durante a educação básica, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações. Como esse desafio, muitas vezes, não tem sido vencido, as instituições de ensino superior têm disponibilizado a seus alunos disciplinas como esta, no intuito de contribuir para o efetivo uso da língua, especialmente, da norma culta. Teoria da comunicação São várias as teorias que cercam a comunicação e a linguagem. Dentre elas, destacamos duas que, acreditamos, contribuirão efetivamente para o exercício da leitura do texto em profundidade. Elas são a teoria da comunicação, de Jakobson (1960), e a teoria Interacionista Sociodiscursiva, de Bronckart (1999). A teoria da comunicação baseia-se em três pilares. O primeiro é a intenção, pois todo processo de comunicação ocorre em virtude de uma finalidade do emissor, isto é, falamos ou escrevemos porque queremos informar, orientar, emocionar, questionar, criticar, persuadir, aproximar, enfim, o evento de comunicação não acontece ao acaso. O segundo pilar relaciona-se aos seis elementos da comunicação, já que todo processo de comunicação é constituído por um emissor, um receptor, uma mensagem, um código, um canal e um referente. Emissor Receptor Mensagem Canal de comunicação Referente Código Figura 1.1 ▶ Esquema da teoria da comunicação. Fonte: Baseado em Jakobson (1960). 4 leitura e produção textual De acordo com a Figura 1.1, o emissor é o produtor da mensagem, quem se responsabiliza pelo dito. Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, um órgão público etc. O receptor ou destinatário é o elemento a quem se destina a mensagem, pode ser uma pessoa, um grupo, uma instituição, um auditório, uma multidão, que irá ler ou ouvir o que o emissor tem a dizer. A mensagem é o objeto da comunicação e é constituída pelo conteúdo das informações. O código é o conjunto de sinais e regras de linguagem do qual o emissor lança mão para estruturar sua mensagem. Esses sinais podem ser verbais, não verbais ou mistos. O canal é o veículo por meio do qual a mensagem chegará ao receptor. É a via de circulação da mensagem. O referente ou contexto é constituído pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem remete. Refere-se ao fato ocorrido; onde, como e quando ocorreu; quem estaria envolvido e em que circunstâncias ocorreu o fato. Como exemplo geral dos elementos da comunicação, podemos considerar este livro: ▶ Emissor sou eu, a autora. ▶ Receptor é você, o leitor. ▶ Mensagem proporcionar a você, leitor, reflexões sobre os processos e elementos que compõem o ato comunicativo, no intuito de levá-lo ao desenvolvimento da sua competênciacomunicativa. ▶ Código utilizamos, aqui, a língua portuguesa escrita formal e culta. ▶ Canal de comunicação é este livro veiculado por meio impresso e digital. ▶ Referente falamos aqui sobre a língua portuguesa, suas características, regras, convenções, modos e uso etc. O terceiro pilar da teoria da comunicação são as funções da linguagem. Jakobson defendeu que em todo ato de comunicação, dependendo da intenção do emissor, ele vai enfatizar um dos seis elementos, dando origem a uma função da linguagem. Assim, temos as seis funções da linguagem. Comunicação, linguagem e discurso 5 Quadro 1.1 ▶ FUNÇÕES DA LINGUAGEM Elemento da comunicação enfatizado Nome da função da linguagem Justificativa Exemplo Emissor Emotiva ou expressiva Enfatiza a 1a pessoa, o próprio emissor, seus sentimentos, suas opiniões. Sinto-me bem agora! Considero essa obra muito estranha! Receptor Conativa ou apelativa Enfatiza a 2a pessoa, tenta convencê-lo de algo, persuadi-lo. Corra agora pra loja! A promoção é por tempo limitado! Mensagem Poética Ocorre quando o emissor valoriza o modo de registrar a mensagem, utilizando recursos literários e tornando-a, por isso, atrativa. “O amor é um contentamento descontente.” (Camões) Código Metalinguística Passa a existir quando a linguagem fala dela mesma. É o código falando do código. Lua. SF. Do latim luna. Único satélite natural da Terra. Love = amor Canal Fática Visa estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação e serve para testar a eficiência do canal. Alô, alô, astronautas na Lua, vocês conseguem me ouvir? Referente Referencial ou denotativa Aponta para os fatos, as informações e o sentido real das coisas e dos seres. A chuva causou transtornos para os moradores do Morro do Chapéu, onde cinco barracões desmoronaram. A teoria da comunicação auxilia o leitor na tarefa de explorar o texto, entender a intenção de quem fala, os elementos que a constituem e a função a que se presta. Essa teoria, apesar de essencial e de ter significado um avanço nos estudos da linguagem, ainda é insuficiente para se fazer uma leitura profunda de um texto. Para isso, recorreremos ao interacionismo sociodiscursivo. 6 leitura e produção textual Texto como atividade de linguagem: interacionismo sociodiscursivo Sem desconsiderar os ensinamentos de Jakobson (1960), Bronckart (1999) propõe que demos mais atenção às questões contextuais que constituem o texto, a fim de que possamos sair da superficialidade do dito e partir para o que está por trás dele. Vamos considerar a linguagem ou o discurso como uma atividade de interação dos sujeitos com o mundo, daí o nome da teoria: interacionismo sociodiscursivo. O interacionismo sociodiscursivo (ISD) é um posicionamento epistemológico, inscrito no movimento do interacionismo social, cujo objetivo principal é estudar o papel da linguagem e suas relações com o pensamento. É na linguagem (oral ou escrita) que se constrói a interpretação do agir. Podemos compreender a linguagem como um meio de interação e de construção da interpretação do agir e que caracteriza um modo de agir. Nessa perspectiva, é necessário ir além da identificação dos seis elementos da comunicação e dar maior atenção ao que não está dito, mas que pode ser apreendido pelo que o discurso revela. É necessário não apenas identificar o emissor ou o receptor, mas buscar entender os sujeitos sócio-históricos que existem nesses elementos. Em virtude disso, produtores e leitores de textos, diante de uma ação discursiva, devem questionar: ▶ Quem fala no texto? Essa voz que aqui é lançada representa que papel social? Quem é esse sujeito social, histórico, psicológico? O que ele faz? O que se sabe a respeito dele? ▶ Fala para quem? Que expectativas esse público-alvo pode ter perante o que você já conhece dele? ▶ Fala o quê? Qual é a materialidade do texto que está sendo apresentado? O que o texto diz literalmente? ▶ Por quê? Com que intenções explícitas ou subliminares? Que pistas verbais ou não verbais evidenciam a intenção? A literalidade do texto é fiel à intenção do autor? ▶ Como fala? Com que recursos e estratégias? Que gênero textual foi utilizado? Está adequado à intenção do sujeito emissor? Está comprometido com a linguagem conotativa ou denotativa? Usou recursos literários, persuasivos ou outros? ▶ Que efeitos são possíveis de acontecer? Perante o que você conhece do seu interlocutor, o que você acha que é previsível? ▶ Em que contexto (restrito e amplo) esse texto está inserido? O contexto restrito refere- -se ao que circunda o próprio momento da produção do texto e o amplo refere-se às Comunicação, linguagem e discurso 7 questões políticas, sociais, históricas, jurídicas que interferem ou dizem respeito ao que se diz no texto. O conhecimento de mundo do leitor é fundamental no aprofundamento dessa questão. ▶ Com que outros textos ele dialoga? As vozes que aparecem no texto remetem a outros textos? Que outros textos você consegue reconhecer? Essas análises, ora mais voltadas a quem produz, ora a quem recebe ou receberá o texto, ultrapassam a mera identificação e tornam-se essenciais a quem pretende desenvolver sua competência comunicativa. Atenção à comunicação verbal escrita A finalidade de quem escreve é interagir com o leitor de modo a atingir sua intenção e atender às expectativas de quem lê. Em um ambiente corporativo, a escrita tem um valor denotativo, muitas vezes, documental. Em virtude disso, ela merece mais cuidado, e demanda do autor algumas atenções especiais, como a norma culta, a clareza da escrita, a coesão e a coerência do texto, a adequação da linguagem e do gênero ao interlocutor e ao objetivo do texto, entre outros cuidados. Para essa tarefa, algumas ações habituais associadas à organização costumam auxiliar muito. Vejamos algumas delas: ▶ Ao anotar algum recado, tenha atenção e organização enquanto anota; ▶ evite papéis soltos: números de telefones anotados em qualquer papel em branco ou em beiradas de cadernos são sinônimo de desorganização e atrapalham o andamento do trabalho; ▶ organização é hábito: tenha um caderno além da agenda com horários para que seja seu diário, anote tudo que precise somente neste caderno, com data sempre atualizada, e terá um amigo fiel que lhe ajudará a lembrar de situações que, muitas vezes, não são registradas nas agendas ou no computador; ▶ anotações nas mãos, nem pensar! Não existe coisa mais deselegante, pois o seu interlocutor sabe que aquele lembrete irá apagar; ▶ ao redigir um recado, e-mail ou solicitação é preciso ter cuidado com as normas de escrita. Lembre-se de que a obrigação de se fazer entender é de quem inicia a interação! A organização é um ponto primordial no seu desempenho, pois além de evitar desperdício de tempo, torna o seu trabalho mais ágil e mais eficiente! 8 leitura e produção textual Domínios, gêneros e portadores discursivos Domínios discursivos representam os discursos institucionais e são marcados por elementos que se reúnem para caracterizá-los, como os domínios jornalístico, religioso, literário etc. Esses domínios são formados por um conjunto de textos que servem a determinados campos de atividades ou campos comunicativos, que se realizam, segundo Marcuschi (2002), por meio de gêneros textuais. Gênero textual [também designado gênero discursivo, gênero do (de) discurso] é uma forma concretamente realizada e encontrada nos diversos textos. Isto se expressa em designações diversas, construindo em princípio listagens abertas, como: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, instruções de uso, outdoor,entre outros, que são produções histórica e socialmente situadas e relativamente estáveis. Sua definição não é linguística, mas de natureza sociocomunicativa (MARCUSCHI, 2002). Portador textual (ou discursivo) é o suporte textual e tem a ver centralmente com a ideia de um portador do texto, mas não no sentido de um meio de transporte ou suporte estático, mas sim como um lugar no qual o texto se fixa, repercutindo sobre o gênero que suporta. O portador, para Marcuschi (2002), comporta três aspectos: é um lugar físico ou virtual, tem formato específico e serve para fixar e mostrar o texto. Um jornal, por exemplo, é portador de notícia, entrevistas, reportagens; um outdoor pode ser portador de anúncios, de declarações; e os livros podem ser portadores de poemas, contos, crônicas e muitos outros gêneros textuais. No domínio discursivo jornalístico encontram-se os gêneros jornalísticos portadores de ampla circulação social. Eles têm como objetivo divulgar e comentar fatos e pontos de vista sobre produções culturais e acontecimentos de interesse social, os quais são relatados, comentados ou provocados. Nesse domínio, destacam-se vários gêneros: ▶ Notícias e reportagens se estruturam como relatos (narração de acontecimentos que responde às perguntas: O quê? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê?). ▶ Artigos de opinião, editoriais e ensaios partem de fatos, mas não têm como objetivo fazer relato, mas sim, comentar esses fatos, defendendo pontos de vista frente a eles. ▶ Cartas do leitor, assim como resenhas, também são textos do mundo comentado. O primeiro comenta matérias publicadas pelo jornal ou revista, o segundo comenta diferentes produções culturais: esporte, peças teatrais, discos, filmes, livros etc. ▶ Entre os gêneros provocados temos, por exemplo, entrevistas e debates, que são criados pela instituição jornalística. Comunicação, linguagem e discurso 9 Os gêneros que compõem o domínio jornalístico são, basicamente: notícias, entrevistas, reportagens, artigos de opinião, editoriais, resenhas, ensaios, cartas à redação e ao editor. Domínio discursivo publicitário é composto por textos que aparecem em portadores de ampla circulação social: jornais, revistas, folhetos, cartazes, outdoors, tendo como objetivo persuadir o leitor a consumir produtos, ideias e serviços. Eles são geralmente curtos, construídos como textos verbais e não verbais (com imagens, diagramação especial, fotos), com uma silhueta estreitamente dependente do portador e do objetivo. São exemplos de gêneros discursivos publicitários: as propagandas, os anúncios, os classificados, os panfletos, os folders, as cartas publicitárias etc. Domínio discursivo instrucional aparece em portadores destinados a circular dentro de um segmento social específico, como cartazes, folhetos, livretos. Eles têm como objetivo tornar o recebedor capaz de fazer alguma coisa. São construídos como uma sequência de informações e procedimentos que visam esclarecer como realizar determinada atividade para obter um resultado prático. São exemplos desse domínio discursivo os manuais de instruções, receitas culinárias e medicinais, regras de jogos, bulas, contas a pagar, formulários etc. Domínio discursivo literário trata-se dos gêneros literários que aparecem, especialmente, em livros, mas podem também ser veiculados por jornais e revistas; não se ligam a nenhum objetivo imediato e pré-definido, mas buscam o prazer estético e funcionam, com frequência, como forma de entretenimento e ampliação cultural. Possuem forma, estrutura, linguagem e extensão altamente diversificada, mas são sempre marcados como textos que não fazem referência objetiva ao “mundo real”. Podem ter uma estrutura narrativa ou épica (contos, lendas, fábulas, apólogos, parábolas, romances, epopeias), lírica ou dramática (peças de teatro) ou conceitual. São exemplos de gêneros discursivos literários: contos (de fadas, caipiras, urbanos, policiais), crônicas, lendas, fábulas, apólogos, parábolas, novelas, romances, epopeias, poemas, peças de teatro, filmes, histórias em quadrinhos etc. Domínio discursivo acadêmico/científico/pedagógico tem como portadores usuais os livros e as revistas de divulgação científica, tendo como objetivo básico instruir, ensinar, produzir e divulgar saberes, ou seja, levar o leitor a assimilar conhecimentos e valores instituídos. Têm estrutura basicamente referencial e conceitual, apresentando sutis diferenças entre os três campos: pedagógico (mais direcionado à rotina de sala de aula); 10 leitura e produção textual acadêmico (produções de menor rigor, solicitadas na academia pelos professores); e científico (que se desenvolvem como um argumento completo, maior rigor e um princípio a partir de provas universalmente válidas). Os verbetes de dicionários são construídos como definições e os das enciclopédias como síntese explicativa dos conhecimentos básicos relacionados ao assunto. Os principais exemplos do domínio discursivo acadêmico/científico/pedagógico são verbetes de dicionários, enciclopédias, teses, monografias, artigos, ensaios, relatórios de experimentações, avaliações, apostilas, slides de aulas, anotações de aulas etc. Domínio discursivo documental e jurídico engloba textos que aparecem em portadores socialmente reconhecidos: tipos específicos de papéis timbrados e formulários, para terem validade devem ser assinados por pessoas investidas de certo tipo de poder, que têm como instituir a realidade, isto é, o que eles dizem passa a valer socialmente a partir do próprio ato de dizê-lo. Possuem estrutura, espacialização e linguagem fortemente marcadas por regras rígidas e fórmulas estereotipadas. Sua validade depende de fatores como data, assinatura, local de emissão e publicação. Embora ambos os domínios tenham validade documental, é possível distinguir um do outro, já que aqueles de domínio jurídico são textos que compõem as etapas de um processo judicial, sendo seus autores investidos de representação jurídica. Os gêneros são: petição, sentença, lei, recurso, decisão judicial, parecer etc. Os gêneros com teor documental têm valor de verdade, de provas, mas os seus autores não precisam estar vinculados ao poder judicial para emiti-los. São exemplos disso cartas formais, procurações, requerimentos, atas, ofícios, declarações, abaixo-assinados, requerimentos, contratos etc. Atente-se que um requerimento, por exemplo, por ser documental, pode servir a um processo jurídico. Domínio discursivo íntimo e pessoal tem como objetivo a expressão pessoal e a comunicação interpessoal. Não há interesse em que tenham ampla circulação social e aparecem em portadores específicos: cartões, cartas, telegramas, cadernos, cadernetas de anotações. Define, na própria estrutura, um emissor e um recebedor específicos. São textos datados e, normalmente, presos a acontecimentos circunstanciais da vida dos envolvidos. São exemplos: bilhetes, cartões, cartas, telegramas, diários, fofocas, recados, mensagens eletrônicas etc. Domínio discursivo religioso tem como objetivo a invocação de entidades sobrenaturais, a disseminação de uma doutrina de fé, a catequização. Aparece em livros considerados Comunicação, linguagem e discurso 11 sagrados, em livros orientadores dos rituais e destinados ao ensino da doutrina. Os textos religiosos estruturam-se em fórmulas fixas, como os mantras, ladainhas, que são considerados infalíveis e sagrados. Frequentemente, eles têm um sentido obscuro, baseiam-se na repetição de sons, ritmos e fórmulas institucionalmente estabelecidas. Podem assumir, como os sermões, um caráter persuasivo. São exemplos: rezas, ladainhas, sermões, textos sagrados, orações etc. Vimos que os domínios discursivos são compostos por inúmeros textos que servem a um ramo de atividades sociais. Esses textos, por sua vez, são modelos relativamente estáveis, pré-existentes na sociedade,dos quais lançamos mão no momento em que queremos comunicar. Pesquise mais sobre este tema em Marcuschi (2002). Tipos textuais Os tipos textuais são sequências discursivas que compõem todos os textos, ou seja, são partes constitutivas do texto. Essas partes/sequências podem assumir a função de descrever, narrar, relatar, persuadir sujeitos ou fazê-los agir. Assim sendo, um mesmo texto pode ter vários tipos textuais. Uma reportagem, por exemplo, pode iniciar do relato de um acontecimento. Em seu desenvolvimento, pode caracterizar pessoas, objetos, espaços; discutir situações históricas, expor dados, enfim, em um mesmo texto, pode-se encontrar descrição, narração, dissertação e injunção. Exploremos, portanto, cada uma dessas tipologias textuais. Descrição Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. (MELO NETO, 1975) 12 leitura e produção textual Este texto apresenta características do Severino, como ele é, como é visto: cabeça grande, pernas finas, sangue com pouca tinta etc. Essa é a função da descrição: revelar o que foi observado em alguém, em algum objeto, em algum lugar. A descrição pretende que o leitor do texto possa perceber o que está sendo descrito, criando uma imagem mental, por meio de um retrato verbal que não se resume a enumerar adjetivos e fazer comparações, mas captar o traço distintivo, particular, o que diferencia aquele ser descrito de todos os demais de sua espécie. Nesse tipo textual, o fator tempo é considerado estático, já que o que se pretende é descrever uma espécie de fotografia. A descrição e os cinco sentidos O processo de caracterização requer habilidade de quem descreve para sensibilizar quem lê. Por isso, este trabalho se baseia na percepção, nos cinco sentidos: Visão Tato Audição Paladar Olfato Ao descrever a rua em que você mora, por exemplo, você utiliza: ▶ Visão: como você percebe a rua? Como é a sua forma? E as cores? E as casas? Que formas e cores têm? ▶ Audição: que sons ela tem? É ruidosa ou silenciosa? Que tipo de ruídos a caracteriza? ▶ Olfato e paladar: que cheiros existem nela? Estes cheiros podem nos lembrar alguns sabores? ▶ Tato: o chão, as árvores, as paredes possuem superfícies ásperas, lisas, quentes, frias etc.? Como você pode perceber, descrever é uma atividade que educa e desenvolve os nossos sentidos, a nossa sensibilidade. Com essa prática, o nosso corpo fica mais sensível, mais “percebedor”; e nossa expressão, mais apurada. Podemos destacar três tipos de descrições: de pessoa, de ambiente e de objeto. 1. Descrição de pessoa: leia a descrição de Lúcia, personagem de José de Alencar: A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância. O vestido que moldava era cinzento com Comunicação, linguagem e discurso 13 orlas de veludo castanho e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que parecem vão desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa aparição. – Já vi esta moça! Disse comigo. Mas onde?... (ALENCAR, 1988) Observe que Lúcia é retratada não só em sua beleza física: “talhe esbelto e de suprema elegância, um desses rostos suaves, puros e diáfanos”, “mimosa aparição”, mas também por características psicológicas: “doce melancolia”, “ingênua castidade”, que revelam seu jeito de ser ou seu possível comportamento. Um texto descritivo deve apresentar aspectos físicos e psicológicos do personagem. Veja como se destacam as características psicológicas no trecho a seguir: Meu pai era um sonhador, minha mãe uma realista. Enquanto ela mantinha os pés firmemente plantados na terra, ele se deixava erguer no balão iridescente de sua fantasia, recusando ver a realidade, oferecendo a lua a si mesmo e aos outros, desejando sempre o impossível... (VERÍSSIMO, 1987). Observe que há uma comparação entre as duas personagens quanto ao temperamento, inclinações e personalidade, retratando, assim, os aspectos emocionais dos pais. 2. Descrição de ambiente: leia o texto No sossego: Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretanto, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com a sua sorte. A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de degrau, formando a subida para a maior altura de uma pequena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas montanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas e sujas cortava-a paralelamente à testada da casa; mais adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara de sua linha capinada; um carreiro, com casas, de um e de outro lado, saía da esquerda e ia ter à estação, atravessando o regato e serpeando pelo plaino. A habitação de Quaresma tinha assim um amplo horizonte, olhando para o levante, a “noruega”, e era também risonha e graciosa nos seus muros caiados. Edificada com a desoladora indigência arquitetônica, das nossas casas de campo, possuía, porém, vastas salas, amplos quartos, todos com janelas, e uma varanda com uma colunata heterodoxa. Além desta principal, o sítio do “Sossego”, como se chamava, tinha outras construções: a velha casa da farinha, que ainda tinha o forno intacto e a roda desmontada, e uma estrebaria coberta de sapê. (BARRETO, 1998?) 14 leitura e produção textual Logo no início, o autor destaca a quietude do lugar, um sítio. Situa a casa em uma pequena elevação, com uma colina nos fundos e uma cerca de bambus à frente, e, mais adiante, uma planície indo até às montanhas, cortada por um regato e por uma linha de trem. Além da casa principal, havia outras construções próximas, compondo a paisagem desse sítio. Você pode perceber, os elementos no plano da descrição externa, com ambiente aberto: localização, pano de fundo e frente, e tudo o que estiver próximo do observador. Quando se trata de descrição interna, ou seja, de ambientes fechados, o autor se preocupa em dizer sobre o tamanho do lugar, a cor, a disposição dos objetos nele, a luz, o formato, a textura, enfim, todos os seus componentes. 3. Descrição de objeto: Observe a descrição de uma pequena joia, por José de Alencar: Ao sair vi um adereço de azeviche muito simplesmente lavrado, e por isso mesmo ainda mais lindo na sua simplicidade. Tênue filete de ouro embutido bordava a face polida e negra da pedra. Há certos objetos que um homem dá à mulher por um egoístico instinto do belo, só para ver o efeito que produzem nela. Lembrei-me que Lúcia era alva, e que essa joia devia tomar novo realce com o brilho da cútis branca e acetinada. Não resisti; comprei o adereço, e tão barato, que hesitei se devia oferecê-lo. (ALENCAR, 1988) Nessa breve descrição, o autor diz sobre o material de que é feita a joia (azeviche), o seu formato delicado (“tênue filete de ouro embutido”) e a sua cor (“bordava a face polida e negra da pedra”). Comenta ainda a utilidade da joia (“para ver o efeito”) e o seu preço (“e tão barato”). Esses são os aspectos principais a serem observados na descrição de um objeto. Pode-se também acrescentar o seu tamanho e peso, se ele tem cheiro e a sua origem. Operações da descrição Ao descrever, o autor realiza quatro operações essenciais. São elas: A) Nomeia e identifica seres, objetos, pessoas (Aline, Belo Horizonte, deputado, aluno, diretor). B) Localiza esses seresno tempo e no espaço, por meio de expressões de localização espacial e temporal (em Minas Gerais, no Século XXI). C) Quantifica-os de modo preciso ou impreciso (espaço para 50 alunos, várias tentativas, poucos...). D) Qualifica-os objetiva ou subjetivamente (objetiva: branco, quente; subjetiva: belo, interessante, extraordinário). Comunicação, linguagem e discurso 15 Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descritivo. O que ocorre mais comumente é encontrar trechos descritivos inseridos em um texto narrativo ou dissertativo. Diante disso, para efeito de atividades avaliativas, é necessário o exercício de parágrafos descritivos, como forma de enriquecer o texto narrativo ou como argumento do texto dissertativo. É importante lembrar que, além da descrição de pessoa, ambiente e objeto, você pode ainda caracterizar situações, fatos, problemas. Narração Narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinadas personagens, em local e tempo definidos. Por outras palavras, é contar uma história, que pode ser real ou imaginária. Ao contrário da descrição, que é estática, a narração é eminentemente dinâmica, pois predominam os verbos. Na narração, o importante está na ação. Em “o que aconteceu?”. Ao investirmos nos estudos da narração, importa-nos, principalmente, explorar os elementos da narração, a estrutura da narrativa e os tipos de discurso. Vamos a eles! ▶ Elementos da narração Todo texto narrativo conta um fato que se passa em determinado tempo e lugar. A narração só existe na medida em que há ação praticada pelos personagens. Um fato, em geral, acontece por uma determinada causa e desenrola-se envolvendo certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário, portanto, mencionar o modo como tudo aconteceu detalhadamente, isto é, de que maneira o fato ocorreu. Um acontecimento pode provocar consequências, as quais devem ser observadas. Assim, os elementos básicos do texto narrativo são: 1. Fato: o acontecimento narrado. Esse acontecimento pode ser real, que gerará gêneros como notícia, ata, boletim de ocorrências; ou fictício, dando origem a textos como contos, fábulas, histórias em quadrinhos etc. 2. Tempo: define quando o fato ocorreu. Esse tempo pode ser cronológico, quando for textualmente definido, como ontem, no ano X, na primavera, ao cair da tarde, ou psicológico, quando o autor não revela a que tempo passado pertence o fato. 3. Lugar: é onde ocorre o fato. Esse espaço pode ser interno/fechado ou externo/aberto, dependendo das intenções do autor. Caso ele queira construir uma atmosfera de liberdade, por exemplo, o lugar pode ser uma praia; caso seja uma atmosfera de opressão, sufocamento, ele pode optar por uma narrativa em um quarto escuro. 16 leitura e produção textual 4. Personagens: revela quem participou do ocorrido. Os personagens podem ser classificados por sua importância (principal, secundário, terciário...); por sua função (protagonistas ou antagonistas) ou por sua estrutura. Quanto à estrutura, os personagens podem ser: ▶ planos, quando suas ações são previsíveis. É o caso, por exemplo, da princesa dos contos de fada, cujas ações de bondade e ética são previstas para ela; ▶ circulares ou redondos, quando suas ações são imprevisíveis. Ocorre, por exemplo, com um personagem de índole maldosa, que precisa fazer o bem a alguém; ▶ típicos, quando se trata de personagens com características marcadas em todos daquela categoria, como é o caso de um cangaceiro, o seu modo de vestir, falar, agir. 5. Modo: incide sobre como se deu o acontecimento, em que circunstâncias ocorreu, suas causas e suas consequências. Relaciona-se, diretamente, ao enredo, à trama do texto. 6. Narrador: é quem conta a história. Ele pode ser de dois tipos: ▶ Narrador de 1a pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Trata-se do narrador-personagem, ou da narração subjetiva. Exemplo: Andava pela rua quando, de repente, tropecei num pacote embrulhado em jornais. Agarrei-o vagarosamente, abri-o e vi, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. ▶ Narrador de 3a pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Neste caso temos o narrador-observador, ou a narração objetiva. Exemplo 1: João andava pela rua quando de repente tropeçou num pacote embrulhado em jornais. Agarrou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. Exemplo 2: Pedro estava parado na paragem do autocarro, quando viu, a seu lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua, quando tropeçou num pacote embrulhado em jornais. Pedro, então, observou que o moço o agarrou com todo o cuidado, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. Comunicação, linguagem e discurso 17 O narrador de 1a pessoa não precisa ser necessariamente a personagem principal. Pode ser somente alguém que, estando no local dos acontecimentos, presenciou-os. ▶ Estrutura da narração Uma vez conhecidos os elementos da narrativa, resta saber como organizá-los para elaborar uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúmeras formas de dispô-los. Todavia, apresentamos uma estrutura, baseada nos estudos de Labov (1972), que pode ser utilizada para qualquer narrativa. Clímax Ação complicadora Expectativa Coda Complicação Desfecho Figura 1.2 ▶ Esquema estrutural da narrativa. Fonte: Baseado em Labov (1972). Embora nem todas as narrativas contemplem todas as partes constantes da estrutura laboviana, entende-se que, na introdução, faz-se uma orientação para o leitor sobre os elementos da narrativa: espaço, tempo, lugar, personagens; o ambiente é, normalmente, de rotina. Em seguida, há uma ação complicadora, que pretende quebrar a rotina anterior e provocar o desenrolar dos acontecimentos, de modo a prender a atenção do leitor ou ouvinte. Esse desenvolver da história recebe o nome de complicação, a qual conduz ao seu A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de Língua Portuguesa The theory of communication by Jakobson: Its marks in Portuguese Language teaching Paula Gaida Winch* Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Brasil) Silvana Schwab Nascimento* Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/Brasil) RESUMO Este artigo visa entender se e como a Teoria da Comunicação, de Roman Jakobson, está presente nas atividades de cunho oral do livro didático de Português Projeto Radix - 7º ano. Constatou-se que, na maioria das atividades, o texto oral tem por base o texto escrito, sendo o texto oral espontâneo pouco abordado. A oralidade é pensada, especialmente, a partir do fator constitutivo do ato de comunicação verbal - o canal; sendo mais recorrente a função fática. Observou-se que apesar da teoria da comunicação não estar nos referenciais desse livro, ela se encontra nele, implicitamente e sob outras denominações. Palavras-chave: Teoria da comunicação. Livro didático de português. Expressão oral Estudos da Língua(gem) 220 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento ABSTRACT This paper aims to understand if and how the Theory of Communication, by Roman Jakobson, is in oral activities from Portuguese textbook – Projeto Radix, 7th grade. It was pointed out that, in most of the activities, the oral text has as basis the written, dealing a few with spontaneous oral text. The oral expression is thought, specially, from the constitutive factor of act of verbal communication – the contact; being the phatic function the most appealing. In general, it was perceived that, despite the theory of communication not be in textbook theoretical references, it is there, implicitly and with other terminology. Keywords: Theory of Communication. Portuguese Textbook. Oral expression. 1 Considerações iniciais A inserçãodos estudos de Roman Jakobson no ensino de Língua Portuguesa (LP) data de final da década de 1960, a partir da vinda do linguista ao Brasil, mais especificamente, a São Paulo, em 1968. Sua vinda consistiu em um acontecimento de grande repercussão, deixando consideráveis contribuições ao contexto social brasileiro, conforme relata Boris Schnaiderman: A obra de Jakobson é agora inseparável de nossa cultura, muita coisa que se fez e se pensou nesses anos ter a ver com a existência deste sábio jovial e irreverente, deste homem de ciência e artista, ‘o poeta da linguística’, como o definiu Haroldo de Campos. Todos nós, que tivemos contato com ele, saímos enriquecidos, marcados inconfundivelmente pela sua presença (SCHNAIDERMAN, 1985, p. 3-4). A partir desse acontecimento, a Teoria da Comunicação, proposta por Jakobson, começou a circular, de modo mais intenso, na esfera acadêmica, nos documentos legais, passando a constituir um dos aspectos organizadores do ensino de LP. Elementos dessa teoria começam a ser inseridos no ensino de LP, em especial, em materiais A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 221 didáticos (BLIKSTEIN, 2000). A preocupação, na década de 1970, em desenvolver a habilidade dos alunos de comunicar-se e expressar-se, fruto do pragmatismo e utilitarismo que havia se instaurado no ensino naquela época, também pode ter favorecido a recepção dessa teoria. Atualmente, no ensino de LP, percebemos documentos legais que se mostram ainda receptivos à Teoria de Jakobson. Retomamos essa questão, posteriormente, no item “Documentos legais que orientam o ensino de LP”. Diante dessa receptividade atual, visamos, neste artigo, entender como elementos constituintes da Teoria da Comunicação, de Jakobson, podem, ou não, estar ainda presentes, implícita ou explicitamente, em material didático elaborado atualmente para ensino de LP. Portanto, organizamos o artigo de modo que, primeiramente, tratamos da Teoria da Comunicação e de seus elementos; após, expomos aspectos presentes nos documentos legais vigentes que possibilitam articular a Teoria em questão com o ensino de LP. Por fim, apresentamos a análise de atividades contidas em um livro didático atual buscando compreender a presença ou não da Teoria de Jakobson nesse material. 2 Teoria da Comunicação, de Roman Jakobson Jakobson, no âmbito do Círculo Linguístico de Praga, dedicou-se ao estudo de temáticas variadas, dentre elas, as funções das unidades linguísticas ou, como são mais conhecidas, as funções da linguagem. O linguista buscava compreender a finalidade com que a língua é utilizada, ou seja, a sua função na comunicação estabelecida entre o remetente (falante/codificador) e o destinatário (ouvinte/decodificador). Seu principal objetivo era definir o lugar da função poética em relação às demais funções da linguagem. Para estabelecer as funções da linguagem, Jakobson tomou por referência três funções básicas da língua propostas por Karl Buhler - função expressiva; função conativa; função de representação -, e também os fatores constitutivos do ato de comunicação verbal. Como fatores constitutivos, o linguista apresenta: 1) remetente (codificador); 2) mensagem; 3) destinatário (decodificador); 4) contexto (ao qual se faz 222 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento referência durante a comunicação e deve ser de possível compreensão ao destinatário); 5) código (deve ser parcial ou totalmente comum ao remetente e ao destinatário); e, 6) contato (canal físico a partir do qual se estabelece a comunicação; envolve também uma conexão psicológica entre remetente e destinatário). Conforme explica Jakobson, “cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem” (JAKOBON, 2010, p. 157). Vale ressaltarmos que uma mensagem apresenta mais de uma função da linguagem, sendo que uma prevalece e as demais são secundárias. A mensagem organiza-se tendo como referência a função predominante. Nas palavras do teórico, embora distingamos seis aspectos básicos da linguagem, dificilmente lograríamos contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante (JAKOBON, 2010, p. 157). Descrevemos, abaixo, as funções da linguagem, conforme propostas por Jakobson, de acordo com o fator constitutivo do ato de comunicação verbal priorizado em cada uma delas. A função emotiva ou expressiva tem por objetivo central expressar emoções, sentimentos, estados de espírito, visando uma expressão direta de quem fala em relação àquilo que está falando. Jakobson menciona que “o estrato puramente emotivo da linguagem é apresentado pelas interjeições” (JAKOBON, 2010, p. 157). Em outras palavras, “a função emotiva, evidenciada pelas interjeições, colore, em certa medida, todas as nossas manifestações verbais, ao nível fônico, gramatical e lexical” (JAKOBSON, 2010, p. 157-158). Essa função centra-se na primeira pessoa do discurso, ou seja, no próprio remetente. A função conativa tem sua atenção centrada no destinatário. Essa função “encontra sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no imperativo” (JAKOBON, 2010, p. 159). A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 223 No que se refere à função referencial, denotativa ou ainda cognitiva, ela é empregada quando o remetente tem por finalidade traduzir a realidade para o destinatário. Assim, ela centra-se no contexto, referindo-se a algo, a alguém ou a um acontecimento, de maneira clara e objetiva, sem manifestar opiniões explícitas ao receptor. Há a predominância do discurso na terceira pessoa, ou seja, a pessoa de que se fala, o ele. Quanto à função poética, Jakobson menciona que, nesta função, a ênfase recai sobre o processo de elaboração da própria mensagem ou, nas suas palavras: “O pendor [Einstellung] para a mensagem como tal, o enfoque da mensagem por ela própria, eis a função poética da linguagem” (JAKOBON, 2010, p. 163, grifo no original). O emissor constrói seu texto de maneira especial, realizando um trabalho de seleção e combinação de palavras, de ideias e imagens, de sons e ritmos. Quanto à função fática, Jakobson a considera como aquela cujo foco é o contato/canal e seu único propósito é prolongar a comunicação. Para ele, Há mensagens que servem fundamentalmente para prolongar ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona (“Alô, está me ouvindo?”), para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (“Está ouvindo?” ou, na dicção shakespeariana. “Prestai-me ouvidos!”- e no outro extremo do fio, “Hum-hum!”) (JAKOBON, 2010, p. 161) Na função metalinguística, o foco está no próprio código. Essa função desempenha papel importante na nossa linguagem cotidiana, quando o remetente e/ou destinatário têm necessidade de verificar se estão usando o mesmo código. Por exemplo, em um diálogo, quando o remetente diz - “-E leva bomba.”, o destinatário pode questionar - “- Não estou compreendendo. O que quer dizer?” E o remetente responde: “-Levar bomba é ser reprovado no exame.”. A função desta última sentença equacional é metalinguística (JAKOBON, 2010, p. 162). 224 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento 3 Documentos legais que orientam o ensino de LP Tomamos como documentos legais que regulamentam ou orientam o ensino de LP, os seguintes: (1) os Parâmetros Curriculares Nacionais dos terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental (atual 6º ao 9º ano) – Língua Portuguesa – PCN-LP (BRASIL, 1998) ; e, dada a importância e aconsiderável adoção de livros didáticos de Português (LDP) no ensino de LP no contexto atual, (2) o Guia de livros didáticos – PNLD 2011- ou Guia 2011 (BRASIL, 2011), também destinado aos 6º, 7º, 8º e 9º anos. Esse Guia provém de um edital que fornece orientações e critérios para a elaboração do LDP e apresenta as coleções didáticas que podem ser escolhidas pelos professores das escolas de educação básica, justificando-se, assim, seu papel relevante no ensino de LP. Em ambos os documentos citados acima – PCN-LP e Guia 2011 –, consideramos que o aspecto, mencionado neles, que apresenta grande possibilidade de ser/estar articulado com os elementos da Teoria de Jakobson é a oralidade, bastante ressaltada nos dois documentos. Tradicionalmente, no ensino de LP, vinha sendo atribuída pouca importância ao ensino da língua na modalidade oral no espaço escolar, devido acreditar-se que “a aprendizagem da língua oral, por se dar no espaço doméstico, não é tarefa da escola” (BRASIL, 1998, p. 24). Além dessa menção, sobre a pouca importância direcionada para o desenvolvimento da oralidade, também é apresentada, nos PCN-LP, a maneira como a oralidade tem sido abordada em sala de aula: “as situações de ensino vêm utilizando a modalidade oral da linguagem unicamente como instrumento para permitir o tratamento de diversos conteúdos” (BRASIL, 1998, p. 24). Contudo, encontramos, neste mesmo documento, uma sinalização de mudança prevista no tratamento atribuído à oralidade, nas aulas de LP, a partir da definição que é dada ao ensino da língua oral: Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar da língua portuguesa e A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 225 de outras áreas (exposição, relatório de experiência, entrevista, debate, etc.) e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, entrevista, etc.) (BRASIL, 1998, p. 67-68). Nessa definição, a nosso ver, sugerem-se alterações na forma de compreender e desenvolver o ensino da oralidade nas aulas de LP, a saber: a) ensino da oralidade visto como uma forma de capacitar o aluno a atuar em seu meio social como cidadão; b) distinção entre trabalhar expressão oral e propor trabalho envolvendo a capacidade de falar; c) preocupação em o aluno saber organizar sua fala, saber expressar-se oralmente nas diferentes situações comunicativas em que possa vir a inserir-se. No Guia 2011, há apontamentos nessa direção ao fazer referência às 16 coleções didáticas aprovadas, via PNLD 2011, para o segmento do 6º ao 9º ano: “Ao contrário do que ocorria até muito recentemente, todas as coleções tomam a oralidade como objeto de ensino-aprendizagem, em lugar de se restringir a diferentes formas de mobilizá-la no trabalho com outros conteúdos” (BRASIL, 2011, p. 31-2, grifo no original). Essa colocação reafirma a maior importância atribuída à oralidade, entendida como objeto de ensino, e vai ao encontro da definição de ensino de língua oral, apresentada nos PCN-LP, comentada anteriormente. No Guia 2011, a necessidade de as coleções didáticas proporem atividades para desenvolver a expressão oral dos alunos está bem pontuada mediante a forma como os conteúdos devem estar organizados a partir de quatro eixos de ensino: (1) leitura; (2) produção de textos escritos; (3) oralidade; e (4) conhecimentos linguísticos. Conforme apontado em trabalho anterior (WINCH, 2011), ao compararmos a organização do ensino de LP proposta pelos PCNLP, a partir de três práticas - (1) prática de escuta e de leitura; (2) prática de produção de textos orais e escritos; (3) prática de análise linguística - baseadas em Geraldi (1984), com a organização do ensino de LP proposta pelo Guia 2011, a partir dos quatro eixos de ensino, percebemos que 226 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento há um desdobramento no que se refere à produção escrita e à produção oral do aluno, o que podemos entender como forma de dar maior ênfase ao fato de que, na escola, a oralidade também deve ser trabalhada e na mesma proporção que a escrita, a leitura e os conhecimentos linguísticos. Ela não é um apêndice do trabalho com a escrita (WINCH, 2011, p. 6). Essa busca por uma conquista de maior espaço para o ensino da oralidade no âmbito das aulas de LP permite-nos considerar que há possibilidade de os elementos da Teoria da Comunicação, proposta por Jakobson, serem adotados como um dos aspectos que subsidia as atividades a serem propostas tendo como foco o desenvolvimento da expressão oral por parte dos alunos. Em outras palavras, os documentos legais vigentes possibilitam a inserção da Teoria da Comunicação no ensino de LP, conforme observamos que ocorria na década de 70. No item a seguir, análise de atividades de um livro didático de Português (LDP), procuramos entender se hoje há ainda espaço para a Teoria de Jakobson no LDP. Caso afirmativo, como se apresenta? Como ela é incorporada? Que marcas temos dessa teoria no LDP atual? 4 Análise de atividades de um livro didático de Português (LDP) Para seleção do LDP a ser analisado, buscamos, no Guia 2011, informações sobre os LDP aprovados, via PNLD 2011, para posterior escolha pelos professores nas escolas de educação básica. Nesse Guia, encontramos alguns critérios, comuns aos livros de todas as disciplinas e outros específicos aos de LP, que foram utilizados para avaliação das coleções didáticas inscritas pelas editoras. Nele, há também comentários e descrições referentes a cada uma das 16 coleções aprovadas no âmbito do Programa. Esses comentários organizam-se a partir dos seguintes tópicos: a) visão geral; b) quadro esquemático; c) leitura; d) produção de textos escritos; e) oralidade; f) conhecimentos linguísticos. A partir de uma comparação, realizada por Winch (2011) entre os quadros esquemáticos referentes a cada uma das 16 coleções, percebemos que a oralidade só é mencionada como ponto forte, na A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 227 avaliação da Coleção – Projeto Radix, de Ernani Terra e Floriana Toscano Cavallete (2009). Assim, selecionamos, para constituir nosso corpus de pesquisa, um volume dessa coleção destinado ao ensino de LP para o 7º ano do ensino fundamental. A análise do LDP em questão partiu de um olhar orientado pelos seguintes aspectos: a) estrutura do livro didático bem como dos capítulos que o compõe; b) atividades propostas visando ao desenvolvimento da oralidade por parte dos alunos; c) abordagem atribuída à oralidade no LDP em questão e as possíveis marcas da Teoria proposta por Jakobson. a) Estrutura do LDP – Projeto Radix, 7º ano do ensino fundamental O livro Projeto Radix – 7º ano organiza-se em oito módulos, sendo os módulos ímpares – 1, 3, 5 e 7 – constituídos por dois capítulos; e, os módulos pares – 2, 4, 6 e 8 – por um capítulo, perfazendo um total de 12 capítulos. Nas páginas iniciais do livro, há uma síntese referente à estrutura do livro, na qual são explicitadas as seções que constituem os capítulos bem como uma descrição de cada uma delas. Cada capítulo, em geral, apresenta as seguintes seções: Para Começar; Hora do Texto (duas seções por capítulo); Expressão Oral; Expressão Escrita (duas seções por capítulo); Estudo do Vocabulário; Gramática no texto; Para além do texto; A Linguagem dos Textos; e Produzindo Texto. Vale destacarmos, para fins de contagem das sessões que compõem o livro, que por expressão escrita entende-se “atividades de interpretação e reflexão sobre cada texto apresentado, ampliando a sua compreensão [no caso, compreensão por parte do aluno]” (TERRA;CAVALLETE, 2009, p. 3). A produção de texto escrito, propriamente dita, está inserida na seção “Produzindo Texto”, tendo 12 seções ao total no livro. No que diz respeito ao desenvolvimento da oralidade, foco da presente pesquisa, em todos os capítulos, há uma seção voltada para a oralidade. Em um conjunto de dez capítulos, a oralidade é tratada na seção “Expressão Oral”, em um capítulo (Capítulo 2) ela é tratada na seção “Expressão Oral e Escrita” e em outro (Capítulo 5), na seção “Para além do texto”. 228 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento A partir desses indicativos numéricos - 12 seções voltadas à produção escrita e 12 ao desenvolvimento da oralidade – percebemos que há uma equivalência quanto ao espaço destinado, no livro, para o desenvolvimento da escrita e para o da oralidade, o que parece atender ao tratamento que se espera que seja atribuído à oralidade nos documentos oficiais, tais como Guia 2011 e PCN-LP. A seção “Expressão Oral” é descrita como: “Trabalho com gêneros orais, em especial os de uso público, como debate, entrevista, seminário, dentre outros com a adequação da linguagem a cada situação discursiva” (Ibid., p. 2). Observamos que essa descrição se assemelha muito à forma como a oralidade é referenciada nos PCNLP, quando esse indica que: “cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral no planejamento e realização de apresentações públicas: realização de entrevistas, debates, seminários, apresentações teatrais etc” (BRASIL, 1998). Constatamos, assim, que os autores utilizam fragmentos do próprio documento legal como forma de evidenciar que o LDP proposto está em consonância com a orientação expressa no documento. Antes de iniciarmos a análise das seções voltadas à oralidade, vale mencionarmos que, ao final do livro, há um total de 120 páginas sob a denominação Assessoria Pedagógica, nas quais há orientações ao professor. Essa parte do material apresenta: a) pressupostos teóricos; b) comentários sobre linguagem; c) explicações sobre a composição do livro, incluindo a seção “Expressão Oral”; d) considerações sobre avaliação, sobre a distribuição dos conteúdos no livro; e) orientações para realizar pesquisa na internet; e f) referências bibliografias que podem auxiliar o professor a usar o livro. b) Atividades propostas visando ao desenvolvimento da oralidade Conforme já mencionamos, há um total de 12 atividades que visam desenvolver a expressão oral por parte dos alunos. Metade desse conjunto de atividades caracteriza-se por ter como base um texto escrito. Fazemos uma síntese delas, colocando entre parênteses a página em A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 229 que se encontram no LDP analisado: (1) leitura expressiva de canções populares, sob a forma de jogral (p. 12); (2) trabalho com texto referente a noticiário, no qual há passagem do texto escrito para o oral (p. 69); (3) leitura expressiva de poemas – declamação em coro- (p. 104); (4) leitura dramatizada de um diálogo, contido no livro, entre pai e filho (p. 152); (5) dramatização/encenação teatral apoiada em texto escrito (p. 176); (6) narração de uma partida de futebol pelo rádio, sendo os alunos orientados a realizar ensaios antes da apresentação para a turma (p. 192). Notamos que as atividades acima descritas não constituem uma situação na qual o uso da língua, na modalidade oral, ocorra de forma espontânea, mas sim a partir de um texto escrito. Em contrapartida, algumas atividades apresentam o que poderíamos designar como um certo uso espontâneo da língua oral por parte do aluno. Utilizamos “certo uso espontâneo”, por se tratar de atividades que têm como origem textos curtos, no código escrito, mas, nas quais o aluno tem certa liberdade, no decorrer da atividade, de expressar-se oralmente sem ter que utilizar como referência um texto que não é de sua autoria, ou seja, ele produz seu texto ao mesmo tempo em que usa a língua na modalidade oral. As atividades são: (1) entrevista realizada a partir de perguntas pré-elaboradas, contendo orientações para que outras perguntas sejam elaboradas no decorrer da entrevista (p. 37); (2) e (3) dois debates, nos quais há indicação de expressões a serem utilizadas (p. 50; p. 120); e, (4) enquete, a ser realizada mediante duas questões pré-formuladas (p. 136). Ao longo dessas atividades, é possível ao aluno expressar-se de forma mais natural: elaborando perguntas, no caso da entrevista; seus próprios argumentos nos debates; e, suas respostas pessoais à enquete. Há também atividades nas quais o aluno tem maior liberdade para se expor oralmente, não tendo como ponto de partida um texto, na modalidade escrita, apresentado no livro. Nesse sentido, encontramos a apresentação oral, com o objetivo de o aluno mostrar os resultados obtidos em uma pesquisa realizada por ele (p. 95) e a solicitação de que o aluno relate um fato qualquer do noticiário do dia ou algo que tenha 230 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento observado recentemente que poderia se tornar tema de uma crônica (p. 163). Nas atividades mencionadas, o aluno é o próprio autor de seu texto e é possibilitado a ele reformulá-lo ou, até mesmo, elaborá-lo ao mesmo tempo em que está realizando a apresentação do trabalho de pesquisa ou relatando um fato. Em suma, dentre as doze atividades que trabalham com a modalidade oral da língua, constatamos que: a) 06 abordam o desenvolvimento da oralidade a partir do texto escrito, prevendo que o aluno planeje e ensaie o uso da língua oral, antes de seu uso efetivo (no caso, apresentação para a turma); b) 04 propiciam certa liberdade ao aluno para criar seu texto oral e reelaborá-lo, se necessário, durante o uso da língua oral; e, c) 02 possibilitam/orientam o aluno a produzir seu próprio texto e reelaborá-lo de modo concomitante à utilização da língua em sua modalidade oral. c) Abordagem atribuída à oralidade e as possíveis marcas da Teoria de Jakobson Em um grande número de atividades que compõe as seções Expressão Oral (05), pudemos observar que a preocupação centra-se no canal ou no contato, o qual servirá como meio para se estabelecer a comunicação entre remetente(s) e destinatário(s). O aluno é constantemente orientado sobre como ele deve adequar “sua fala” a determinada situação comunicativa. Logo, há predomínio da função fática. Percebemos isso nas seguintes atividades: a) leitura expressiva, no formato de jogral, de canções populares em grupo (p. 12); b) declamação em coro de um poema (p. 104); c) leitura dramatizada de diálogo entre pai e filho (p. 152); d) encenação teatral, na qual se ressalta que o aluno deve estar atento à gesticulação, ao tom da voz, à postura, à movimentação no espaço reservado (p. 176); e) narração de uma partida de futebol pelo rádio, sendo salientada a diferença entre a narração pela televisão e pelo rádio, já que no rádio não se conta com a imagem como recurso facilitador da compreensão (p. 192). A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 231 Em 03 das doze atividades de cunho oral, notamos a predominância da função referencial, visto que a comunicação está voltada ao contexto, ou seja, faz referência a elementos externos à língua, tendo por objetivo informar. Essas atividades são: a) apresentação oral dos resultados de pesquisa realizada pelos alunos, tendo a função fática, que reside na preocupação quanto ao modo como o aluno vai organizar a apresentação, como função secundária (p. 95); b) enquete sobre hábitos envolvendo questão ecológica (p. 136); c) relato de um fato para um colega que ele tenha assistido na televisão ou que tenha vivenciado em seu cotidiano (p. 163). Em 02 atividades – debates emsala de aula –, temos a predominância da função conativa. Nos debates (p. 50, p. 120), os alunos são orientados a posicionar-se, a expressar seus sentimentos em relação ao tópico que está sendo discutido, tendo em vista que os colegas também venham a expressar, a emitir uma avaliação positiva ou negativa sobre o mesmo tópico. Assim, temos o destinatário como fator constitutivo do ato de comunicação verbal predominante, e, consequentemente a função conativa. Como função de linguagem secundária, centrada nas emoções expressadas pelo remetente, temos a função emotiva. Em 02 atividades, a função metalinguística prevalece. Nelas, a ênfase recai no código a ser utilizado pelo aluno, sendo fornecidas, a ele, orientações sobre as diferenças entre código oral e código escrito. Essa função reside em mudanças no código utilizado, tendo em vista as adaptações necessárias para passagem do texto na modalidade escrita para a oral, sem alterar o sentido da mensagem a ser transmitida. Essa função predomina nas seguintes atividades: a) transcrição da entrevista, após realizada pelos alunos, do código oral para o código escrito (p. 37); b) preparação de uma transmissão oral, via jornal televisivo ou jornal de rádio, de um texto escrito (p. 152). A partir da análise dessas 12 atividades voltadas para o desenvolvimento da expressão oral, observamos que há predomínio da função fática – foco no canal (05), função referencial – foco no contexto 232 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento (03); função conativa – foco no destinatário (02), função metalinguística – foco no código (02). A função emotiva é pouco trabalhada nas atividades propostas, ocupando uma posição secundária e servindo como auxiliar na construção da função conativa. A função poética não está presente nas referidas atividades, visto ser destinado um espaço reduzido ou quase inexistente para o aluno produzir seu próprio texto na modalidade oral, ou seja, a mensagem do ato de comunicação verbal. A título de exemplo, a primeira atividade que constitui a seção Expressão Oral do LDP analisado (TERRA; CAVALETTE, 2009, p. 12-13) trata-se da leitura expressiva de canções populares, na qual os fatores constitutivos do ato de comunicação verbal são facilmente identificados. Os remetentes são os alunos organizados em um grupo; o destinatário, sobre a denominação de público, refere-se aos demais alunos da turma; a mensagem são as duas canções populares: Apresentador do cantador, de Wilson Freire, e Apresentação dos músicos, de Antonio Nóbrega e Wilson Freire. Quanto ao canal/contato, há orientações como “não ler nem muito depressa, nem devagar demais” e também há orientação para que o aluno “olhe para o público em momentos estratégicos a fim de estabelecer uma boa comunicação com ele” (TERRA; CAVALETTE, 2009, p. 13). Assim, essa comunicação não seria desenvolvida somente mediante o texto oral, mas também envolveria uma conexão psicológica, estabelecida pelo olhar, conforme Jakobson menciona ser necessário durante o ato de comunicação verbal. Observamos que há uma preocupação com o fato de que aqueles que escutam, os demais alunos, compreendam a mensagem: “Não se esqueça de que há um público ouvindo e que deve entender o texto e apreciá-lo.”; semelhante à preocupação presente na Teoria de Jakobson, quando expõe que o contexto, ao qual se está referindo na comunicação, deve ser possível de compreensão por parte do destinatário (decodificador). A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 233 5 Algumas constatações A partir da análise realizada, entendemos que as atividades visando o desenvolvimento da expressão oral por parte dos alunos estão “abandonando” o papel de instrumento que era relegado a elas, tradicionalmente, em que serviam apenas para facilitar o trabalho com a escrita e com outros conteúdos. Parece que a oralidade está sendo pensada como um conteúdo a ser trabalhado e com o intuito de se obter uma produção final, ou seja, a utilização da língua na modalidade oral pelo aluno, seja apresentando resultados de uma pesquisa, seja debatendo e argumentando com os colegas, ou desenvolvendo leitura expressiva de poemas e canções populares. Contudo, ainda está muito presente a ideia de que o trabalho com a oralidade deve partir de um texto na modalidade escrita, o qual é ensaiado várias vezes, assemelhando-se a um treinamento. É destinado pouco espaço para explorar o texto oral espontâneo. Entendemos o texto oral espontâneo a partir do modo como ele é descrito pelos autores do LDP em análise, no âmbito da Assessoria Pedagógica, na qual consta o título – “Algumas características do texto oral espontâneo”. Consoante os autores, Em geral, o texto oral é produzido no momento da fala e na presença de um interlocutor. Desse modo, o falante não dispõe de um tempo anterior para elaborar seu texto. A presença do interlocutor também interfere em sua produção, pois o texto oral se realiza na interação de um locutor com o outro [o interlocutor reage, intervém]. O texto oral é, portanto, essencialmente, de natureza interacional (TERRA; CAVALETTE, 2009, p. 70). Essa natureza interacional é tratada de forma restrita nas atividades de desenvolvimento da oralidade presentes no livro. Nessas, predomina a “mistura” entre tratamento da escrita e da oralidade e a escrita serve como suporte para a utilização do código oral pelo aluno. Assim, a expressão oral assume, no livro, um caráter de previsibilidade, 234 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento sendo possível ao aluno treinar o uso da língua oral. Utilizamos o termo treinar, pois se trata de uma questão de repetir, ensaiar e reproduzir um texto criado por outro. Em linhas gerais, observamos que há muitas marcas da Teoria de Jakobson no material didático analisado, ainda que de modo implícito e sem a utilização da denominação apresentada em sua Teoria. A maioria das atividades de cunho oral apresentadas no livro ocorre a partir do fator constitutivo do ato de comunicação verbal – o canal ou contato. Portanto, a função fática apresenta-se como a função da linguagem mais recorrente. A partir dessas considerações, salientamos o quão marcante foi e continua sendo a Teoria da Comunicação proposta por Jakobson no que diz respeito ao ensino da Língua Portuguesa o que, consequentemente, vai se refletir nos documentos e materiais didáticos utilizados para aprimorar o ensino dessa língua. No material didático analisado, observamos que os elementos da Teoria da Comunicação estão implícitos nas propostas de atividades cujo foco é a expressão oral. Referências BLIKSTEIN, I. Entrevista. História das Ideias Linguísticas. Relatos, n.6, 2000. Entrevistadores: Diana Luz Pessoa de Barros, Eduardo Guimarães, Eni P. Orlandi e José Luiz Fiorin. Disponível em: <http:// www.unicamp.br/iel/hil/publica/relatos_06. html#entrevista>. Acesso em: 10 jan. 2013. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Guia de livros didáticos - PNLD 2011: Língua Portuguesa. Brasília/BR: Ministério da Educação, 2010. 152 p. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/pnldguia-do-livro-didatico/2349-guia-pnld-2011>. Acesso em: 21 mar. 2011. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Brasília: MEC/SEF, 1998. 106 p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011. A teoria da comunicação de Jakobson: suas marcas no ensino de língua portuguesa 235 GERALDI, J. W. Unidades básicas do ensino de Português. In: _____. (Org.). In: O texto na sala de aula. 2.ed., Cascavel: ASSOESTE, 1984. p. 49-69. JAKOBSON, R. Linguísticae comunicação. 22.ed. Tradução de Izidoro Blikstein; José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 2010. SCHNAIDERMAN, B. Uma viagem dos diálogos. In: JAKOBSON; R.; POMORSKA, K. Diálogos. Tradução do francês de Elisa Angotti Kossovitch. São Paulo: Cultrix, 1985. p. 1-7. Edição original em francês: 1980. TERRA, E.; CAVALLETE, F. T. Projeto Radix: português, 7º ano. São Paulo: Scipione, 2009. Manual do Professor. (Coleção Projeto Radix). WINCH, P. G. Leitura, produção textual, oralidade e conhecimentos linguísticos: possíveis avanços entre PCN-EF e PNLD 2011. In: SEMINÁRIO SOBRE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE/ ESCOLA, 2.; SEMINÁRIO SOBRE IMPACTOS DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS NAS REDES ESCOLARES, 2., 2011, Santa Maria. Anais... Santa Maria: UFSM, 2011. CD-ROM. Recebido em setembro de 2012. Aprovado em dezembro de 2012. SOBRE AS AUTORAS Paula Gaida Winch é Doutoranda em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria/RS (PPGLetras/UFSM). É Mestre em Educação e Licenciada em Letras Português – Inglês e respectivas literaturas pela UFSM. Tem experiência na área de Ensino e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de língua materna, oralidade, linguística e metodologia científica em trabalhos acadêmicos. Email: pgwinch@yahoo.com.br; pgwinch@hotmail.com 236 Paula Gaida Winch e Silvana Schwab Nascimento Silvana Schwab do Nascimento é Doutoranda em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria/RS (PPGLetras/UFSM). É Mestre em Letras pela UFSM, Licenciada em Letras Português e respectivas literaturas. Atualmente é professora substituta no Curso de Letras da UFSM. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: língua portuguesa, gramática, leitura e produção de texto e linguística