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EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PROFESSORES Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira Dr. José Augusto Victória Palma Dra. Ângela Pereira Teixeira Victória Palma Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza 2 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de; PALMA, Ângela Pereira Teixeira Victória; PALMA, José Augusto Victória; SOUZA, Vânia de Fátima Matias de. Educação física no ensino fundamental - anos finais e ensino médio. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira; Ângela Pereira Teixeira Victória Palma; José Augusto Victória Palma; Vânia de Fátima Matias de Souza. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. 180 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Educação Física . 2. Planos de Aulas . 3. componente curricular 4. EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Agnaldo Lorca Ventura, Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, Ilustração Marta Sayuri Kakitani, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Janes Fidélis Tomelin Diretoria Executiva de Ensino Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino autores Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira Pós-doutor em EducaçãoFísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS - 2014), doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP - 1999), mestrado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM - 1988) e graduado em Educação Física pela Universidade do Norte do Paraná (1979). Atualmente, é professor Associado nível C da Universidade Estadual de Maringá. Integrante do Programa de Pós-Graduação Associado UEM-UEL em Educação Física, com orientações em nível de mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Educação Físi- ca, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino e Metodologia da Pesquisa, atuando, principalmente, nos seguintes temas: formação profi ssional, currículo, atividade física e saúde, educação física escolar, atividade física e obesidade. Consultor Ad hoc do Ministério da Educação/SESu/INEP para comissões de ava- liação institucional e de autorização e reconhecimento de cursos em educação física. Atuação como Consultor do Ministério do Esporte na Secretaria Nacional de Esporte, Lazer e Inclusão Social (SNELIS) como Coordenador Pedagógico Nacional dos Programas de Esporte Educacional. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/5845836567219056>. Dr. José Augusto Victória Palma Doutorado e Mestrado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1997 e 2001) e graduado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (1975). Foi Professor do Quadro Próprio do Magistério no Estado do Paraná na Educação Básica (1979-1992). Atualmente, é Professor Associado nível C da Universidade Estadual de Londrina, na qual atua na graduação em Educação Física-Licenciatura desde 1979. É docente, também, no curso de pós-graduação lato-sensu Educação Física na Educação Básica. Atu- almente é Chefe do Departamento de Estudos do Movimento Humano do Centro de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina gestão 2016/2018 Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/6372133976406968>. autores Dra. Ângela Pereira Teixeira Victória Palma Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2001), mes- tre em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (1997) e graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (1983). Atualmente, é Professora Associada nível C da Universidade Estadual de Londrina, atuando na graduação em Licenciatura em Educação Física e no Programa de Mestrado em Educação na Linha Docência: saberes e práticas. Estudos com ênfase na Formação de Professores de Educação Física, atuando, principalmente, nos seguintes temas: educação física, formação intervenção profi ssional docente, construtivismo e organização curricular. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/8821173290289293> Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2014). Mestre em Educação Física pela UEM (2009). Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafi pa/2000) e graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2000). Pro- fessora Adjunta do Departamento de Educação Física da UEM. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física Escolar (GEEFE/CNPq). Tem expe- riência na área de Educação, com ênfase em Educação Física Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: infância, estágio supervisionado, formação profi ssional e políticas públicas. Currículo Lattes disponível em: <http://lattes. cnpq.br/7642081335847897>. apresentação do material EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO O ensino da Educação Física não se coloca como uma tarefa fácil, apesar de muitos acharem que se trata apenas de um momento descontraído e sem vínculo com o processo formativo geral da escola. Esse engano é fruto do processo histórico vivido pela área e que se consolidou no imaginário social ao longo desse percurso vivido pela Educação Física. A busca pelo rompimento desse imaginário vem se desenvolvendo desde o início da década de oitenta do século passado. E é nesse sentido que o material que selecionamos para você, neste livro, visa contribuir. Para tanto, propusemo-nos a apresentar um pouco desses equívocos e de como estamos superando o estágio da “prática pela prática”. Será muito importante tê-lo(a) nessa tarefa de valorizar, dar sentido e significado à Educação Física Escolar, pois defendemos que ela é de suma importância para o processo formativo e informativo de todos que estão no processo educacional, da Pré-Escola ao Ensino Médio, período em que temos participação legal e legítima. Para auxiliá-lo(a) nesse intento, organizamos este material apresentando como se deu a superação da atividade para componente curricular, como se apresenta uma organização curricular baseada em conceitos significativos e como devemos nos preocupar com o processo avaliativo em Educação Física. Ainda como forma de contribuição nessa tarefa de fundamentação e suporte da área, nos preocupamos em demonstrar como utilizar a ferramenta dos mapas conceituais como estratégia didática e, por fim, exemplificamos vários modelos de planos de aulas de apoio para as experimentações que terão ao longo do curso em seus estágios e práticas pedagógicas. Não se esqueça: nossa participação no setor educacional, enquanto educadores físicos, é de suma importância, mas precisamos continuamente demonstrar isso por meio de uma organização curricular consistente, de procedimentos metodológicos integrados e interdisciplinares, de recursos didáticos em nossas aulas e, também, de acordo com os processos avaliativos que aplicaremos. Você tem muitas dessas ferramentas nesse livro, faça bom uso dele! UNIDADE I EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DE SIMPLES ATIVIDADE PARA COMPONENTE CURRICULAR 16 A Educação Física como atividade física: mitos e verdades 20 A Busca pela Superação da Prática pela Prática 24 A Educação Física como Componente Curricular: compromissos pedagógicos 28 O objeto de referência na organização e sistematização dos conteúdos na Educação Física Escolar 31 Considerações fi nais 37 Referências 38 Gabarito UNIDADE II A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 44 A criança e o adolescente que frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio 48 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Física - Ensino Funda- mental (Anos Finais) e Ensino Médio 52 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física para Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio 56 A organização dos conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio 62 Conteúdos Básicos da Educação Física 66 Considerações fi nais 72 Referências 73 Gabarito UNIDADE III ASPECTOS AVALIATIVOS DA/PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 78 O que avaliar e como avaliar 80 Por que e para que avaliar em educação física sumário sumário 82 Avaliação em educação física e possíveis instrumentos avaliativos em edu- cação física 93 Considerações fi nais 98 Referências 99 Gabarito UNIDADE IV MAPA CONCEITUAL DOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ESTRATÉGIA INTE- RESSANTE E ÚTIL 104 Mapa Conceitual enquanto Estratégias de Ensino na Educação Física Escolar 108 Mapas Conceituais e sua importância didática 110 Como organizar mapas conceituais utilizando o núcleo movimento e saúde para a Educação Física Escolar do Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensi- no Médio 118 Considerações fi nais 124 Referências 125 Gabarito UNIDADE V PLANOS DE AULAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 130 Estruturação de Plano de Aulas para Ensino Fundamental (Anos Finais) e para o Ensino Médio132 Apresentação de exemplos de planos de aulas para o ensino da educação física 173 Considerações fi nais 178 Referências 178 Gabarito 179 CONCLUSÃO GERAL Professor Dr. Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr. José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A Educação Física como atividade física: mitos e verdades • A Busca pela Superação da Prática pela Prática • A Educação Física como Componente Curricular: compromissos pedagógicos • O objeto de referência na organização e sistematização dos conteúdos na Educação Física Escolar Objetivos de Aprendizagem • Compreender o processo histórico da Educação Física Escolar. • Identifi car avanços no entendimento da Educação Física no contexto escolar. • Reconhecer o compromisso pedagógico do professor de Educação Física. • Entender o objeto de referência da disciplina Educação Física no processo ensino-aprendizagem. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DE SIMPLES ATIVIDADE PARA COMPONENTE CURRICULAR unidade I INTRODUÇÃO N a história da organização curricular, as disciplinas escolares estão presentes. Elas foram criadas com o propósito de dis- ciplinarização e ordem dos conteúdos que eram ensinados. Com o passar dos anos e com ampliação dos estudos sobre or- ganização curricular, a escola continua se utilizando das disciplinas com o mesmo sentido, disciplinarizar e ordenar os conteúdos para efeitos do processo ensino-aprendizagem. Temos observado que, na história, a disciplinarização na Educação Física, mais do que ordenar práticas motoras, também disciplinava cor- pos; surge, assim, a compreensão popular da área em educação do físico. No caso da educação brasileira, a inserção da Educação Física, em seu contexto, apresenta finalidades e propósitos bastantes definidos que lembram a disciplinarização das ações motoras e o rendimento esportivo como referência. Romper com essa concepção instituída requer ousadia, e coloca o professor em situação de risco, porque ele deixará de seguir o manual preestabelecido. Desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, o entendimento da Educação Física no contexto escolar ganha outros con- tornos conceituais, auxiliando o professor na ressignificação da compre- ensão da área e na organização do seu plano pedagógico. O que pretendemos, nesta unidade, é mostrar um pouco do processo his- tórico dessa educação e argumentar em favor do entendimento da área como um componente curricular com bases socioculturais e também científicas. Conduzimos nossos argumentos na perspectiva histórico-cultural de educação e, decorrente disso, estabelecer que nosso objeto de conheci- mento, fonte de organização dos conteúdos para a Educação Física, será o movimento humano com sentido e significado, tornando-se uma prá- tica corporal significativa e uma instância privilegiada para aprendiza- gens, indicando procedimentos didático-pedagógicos que a caracterizam como um dos componentes curriculares da Área de Linguagens. 16 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A história da educação brasileira e da Educação Fí- sica na escola sempre estive vinculada a um pensa- mento orientado pela dimensão social e política de nação que se apresentava no momento. Esse pensa- mento de nação teve sua origem em formas de pen- sar e ideias europeias (ROMANELLI, 1980; SOA- RES, 1992). Por isso, a primeira ideia de Educação Física é a de que ela é uma área de atividades físicas. Foi a partir da Lei de Diretrizes Base Educação Nacional 5.692/71, que a disciplina Educação Física na escola, como atividade física, ganha força na le- galização como obrigatória nos currículos escolares (BRASIL, 1971a). Inicialmente, com a necessidade de se ter os jovens preparados para as demandas socioculturais, e principalmente econômicas, os ob- jetivos para a disciplina de Educação Física se or- Educação Física como Atividade Física: Mitos e Verdades EDUCAÇÃO FÍSICA 17 ganizaram em torno da prática de atividades físicas, para desenvolver alunos mais rápidos, fortes, hábeis e preparados para a força de trabalho. Essa forma de pensar a disciplina Educação Física foi a que mais influenciou a concepção da área nos cinquenta anos finais do século XX. Esse modelo de pensamento está preconizado no paradigma industrial, tendo como dimensões normativas a racionalidade e a tec- nicidade (BERTRAND; VALOIS, 1994). Tendo essas dimensões como orientadoras, a Escola e a Educação Física Escolar devem atender a uma verdade única definida por especialistas, tecnó- logos ou universitários e não pelos docentes ou pela escola. O que se define como aquilo que será ensi- nado apresenta uma estrutura hierárquica que deve ser seguida, do mais simples para o mais complexo, da parte para o todo, sendo que o todo passa a ser a soma das partes e não a sua inter-relação. O ensino, nessas dimensões, reduz-se às formas e estratégias de comunicação com destaque à utiliza- ção cada vez mais sofisticada de tecnologias da co- municação. Consideram, ainda, que a avaliação da aprendizagem tem que ser medida pela sua eficácia, de caráter somativo, considerando inúteis as ativi- dades reflexões, análises e abstrações, tendo como eficaz a retroação imediata das suas experiências, ou seja, se for útil, será verdadeiro. Com a orientação dessas dimensões, o objeto de referência para a Educação Física Escolar é o traba- lho físico corporal, sendo, também, o que definia o planejamento das aulas, a organização do horário e espaços escolares de sua efetivação, a divisão de turmas pelo sexo. Essa divisão com esta forma de pensar Educação Física era necessária, pois meni- nos e meninas apresentam aptidão física diferentes e respondem corporalmente de forma diferente aos esforços a que são solicitados. Outra característica do modelo que utiliza o tra- balho físico corporal é a distribuição das aulas na semana, sendo três aulas semanais em dias interca- lados, pois, observando um princípio do treinamen- to físico-esportivo, é necessário para a recuperação física dos praticantes; transforma a ação pedagógica em mera tarefa instrumental, altamente sistematiza- da, organizada em uma rotina mecânica. Ao ser concebida como atividade física, seu ob- jetivo maior era preparação de pessoas sadias, como movimentos eficientes para o mundo do trabalho e, com isso, contribuir com o processo de industriali- zação que se iniciou após 1964. Essa situação retrata um fazer pedagógico preocupado em aplicar ativi- dades recreativas e/ou ligadas ao desenvolvimento de habilidades físico-motoras de cunho esportivo, muitas vezes, objetivando o condicionamento físico e a aptidão física (PALMA, 2001). Por ser uma instituição social, a Escola visa a realização de determinados fins. Para conse- gui-los, a instituição adota procedimentos que se popularizou chamar de “estratégias pedagógi- cas”. Estas, também denominadas de tendências pedagógicas, estão permeadas por pressupostos teórico-metodológicos oriundos da forma de conceber o mundo, a educação escolarizada, a di- nâmica social etc. As práticas educativas que acontecem no inte- rior da escola estão estruturadas por meio dos pres- supostos de uma ou outra tendência. A Educação Física brasileira, ao estar inserida no contexto esco- lar, por força de lei desde o início dos anos de 1930, também apresenta, na maioria de suas ações, os pressupostos de tendências educacionais, principal- mente aquelas que Saviani (1987; 1992) considera como não críticas, tais como: tradicional, tecnicista e crítico-reprodutivista. 18 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Observamos que a EducaçãoFísica escolar bra- sileira está fortemente caracterizada, em seu proces- so histórico, como área de atividade. Por ser área de atividades, ela apresenta como conteúdo a ser trans- mitido apenas as próprias atividades, e os seus fins e objetivos se confundem com o higienismo e o com- petitivismo, na tendência tradicional e tecnicista de educação. Para Castellani Filho (1988), ao se carac- terizar como área de atividades, a Educação Física passa a ser entendida como: [...] ação não expressiva de uma reflexão teó- rica, caracterizando-se dessa forma, no “fazer pelo fazer” [...] uma mera experiência limitada em si mesma, destituída do exercício da siste- matização e compreensão do conhecimento, existente apenas empiricamente (CASTELLA- NI FILHO, 1988, p. 108). Podemos afirmar que a Educação Física, desde 1971, ao ser expressa na Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional 5.692/71 e no Decreto 69.450/71, apresenta-se e se identifica como área de atividades e sua concepção está fundamentada nos pressupostos da pedagogia tecnicista de educação, cujo paradig- ma e dimensões apresentamos anteriormente. Ainda, atualmente, em muitas situações de aula, encontramos presente, nas ações de professores em sala de aula, características procedimentais, tais como estas que nos permite essa afirmação: • Atitudes formais e autoritárias na relação com os alunos. • Educação Física como cumprimento mecâni- co e rigoroso do exercício. • Corpo como objeto a ser melhorado em seu rendimento. • Aula igual a sessão de aprendizado e treina- mento esportivo. • Incentivo ao sentido individualista e compe- titivo das relações sociais. • Educação Física como produto acabado e seu propósito educacional vinculado ao atendi- mento de necessidades socioeconômicas. • Movimento gestual codificado (gesto téc- nico desportivo) como meta para ser efeti- vado e de acordo com o modelo da eficiên- cia biomecânica. • Planejamento da aula organizada por ativida- de e em dias alternados, pois é orientada pelo princípio do treinamento esportivo com gra- duação de intensidade e esforço, e com dura- ção pré-definida de acordo com a exigência motora e física. Tendo esse processo histórico como referência, po- demos considerar que, no ensino da Educação Física, a atividade com fim nela mesma se apresenta forte- mente arraigada. O mito que queremos demonstrar é que ela, por ser atividade pela atividade, não pode atender às demandas de um processo educacional crítico-reflexivo com sentido emancipatório. A que- bra do mito somente se tornará possível devido aos avanços nos estudos e pesquisas tanto da área da educação quanto da Educação Física. Aqui, é importante refletirmos em que medida essa concepção atende aos anseios e necessidades socioeducacionais e de que forma, sendo atividade, contempla a sua raiz, ou seja, ser um espaço de for- mação de atletas e de condicionamento físico. Nem um e nem outro! Tendo a estrutura física, material e de espaço de tempo disponibilizada para a escola, essas premissas não passam de mito – como sempre foram. Adota- mos, por longo período de tempo, o discurso de que a nossa Educação Física Escolar servia para a forma- ção de atletas e que atendia aos propósitos higienis- tas. Ledo engano! EDUCAÇÃO FÍSICA 19 No máximo, a Educação Física Escolar, nessa concepção, estimulou alguns poucos, por suas habi- lidades constitutivas inatas à prática do esporte-per- formance. No mais, ocupou um espaço educacional com práticas isoladas e sem conexão com os propó- sitos educacionais da escola. Para superar o mito de que a Educação Física na escola formava atletas, a partir do início dos anos 80, houve uma verdadei- ra revolução nos aspectos pedagógicos atribuídos à Educação Física Escolar, culminando no seu re- conhecimento como Componente Curricular na LDBEN 9.394/96. Contudo, a tarefa não para por aí, na verdade, ela tem início nesse ponto. Vamos nos preparar, pois temos muito por fazer para que essa área do conhe- cimento seja legítima no processo educacional e so- cial de forma geral. No item seguinte, procuraremos apresentar como a disciplina tem buscado superar o modelo pedagógico dominante. 20 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Muitas propostas para o ensino da Educação Física foram apresentadas desde os anos de 1980. Todas elas com intenções nitidamente renovadoras, des- tacando sempre que se posicionavam na busca de romper por superação a concepção e o modelo didá- tico-pedagógico estruturado no ideário da pedago- gia tecnicista de educação e, consequentemente, de Educação Física. Essas propostas também procura- ram apresentar uma base teórico-metodológica com o objetivo de estruturar o campo epistemológico para que a Educação Física pudesse ser compreendi- da como área de conhecimento nos Centros Univer- sitários. Essas propostas, denominadas de aborda- gens ou teorias da Educação Física, apresentaram-se com o objetivo de transformação da concepção da disciplina Educação Física. Inicialmente, um movimento que se destaca com propósito de superação da prática pela prática foi a A Busca Pela Superação da Prática Pela Prática EDUCAÇÃO FÍSICA 21 psicomotricidade. Esta tem sua base teórica funda- mentada na psicologia e na relação e interdependên- cia do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvi- mento motor. A Educação Física passa a se justificar como educação pelo movimento, rompendo com a Educação do movimento. Assim, o foco principal deixou de ser a execução do movimento, passando para a compreensão do movimento. Destacamos, também, nessa direção de supe- ração, a teoria do comportamento motor e apren- dizagem motora, denominada de Educação Física desenvolvimentista, que tem como objetivo o de- senvolvimento motor. Outra teoria que segue essa mesma preocupação de superação foi denominada de Educação Física Construtivista, que objetiva que o estudante compreenda o movimento que faz. Tendo como premissa que o homem e o seu contexto sociocultural se influenciam mutuamen- te, numa interação dialógica e intencional, outras propostas surgem, e as que merecem destaque são: Educação Física Revolucionária, Educação Física Crítico Superadora, Educação Física Crítico-So- cial dos Conteúdos, Educação Física Crítico-E- mancipatória, Concepções Abertas no Ensino da Educação ou Aulas Abertas, Cultura Corporal de Movimento, Abordagem Sistêmica, Movimento Culturalmente Construído. Ainda propondo uma ruptura com o modelo re- ducionista e mecânico da Educação Física, o filósofo português Manuel Sérgio, em 1987, elaborou uma teoria que denominou de Teoria da Motricidade Humana. Sua proposta tem muita influência na área acadêmica e no contexto escolar atualmente. Aparecem em todas essas propostas que o movi- mento humano, intencional e contextualizado, deve ser, para a Educação Física escolar, o seu primeiro referencial como concepção da área e orientador da organização curricular e das ações didático-pedagó- gicas. Dessa forma, esse referencial se coloca como contraponto, questionando as influências das ciên- cias biológicas e do esporte no ensino da Educação Física (PALMA et al., 2010). Outra premissa central dessas propostas é a de que a área deve responder aos anseios e necessidades socioculturais que consideram como papel da escola e das disciplinas escolares: participarem da constru- ção de um cidadão crítico. A intenção dessas pro- postas é fazer com que a Educação Física na escola tematize práticas culturais expressas pelo movimen- to intencional e deixe de ser uma prática cega, com fim nela mesma, mecânica e ritualística. Encontramos como bases teóricas de sustenta- ção dessas propostas os seguintes fundamentos: a pedagogia humanista, a epistemologia genética,a teoria histórico-cultural e o marxismo. Essas bases não estão juntas em todas as propostas, mas apare- cem ora em uma, ora em outra. Com certeza, tais considerações provocaram e ainda provocam uma crise de identidade para a área escolar, pois, ao se propor um novo entendimento para a Educação Física na escola, logo se diz que se rompe com a antiga forma de pensar que, como já salientamos, encontra-se fortemente arraigada no imaginário sociocultural que se tem sobre a área. A Educação Física tem procurado redimensio- nar sua identidade na escola e, nesse processo, a re- visão de suas ações no contexto escolar é imprescin- dível, uma vez que a escola se constitui no espaço de maior incidência de manifestações educacionais de uma sociedade. O que se espera é que a prática pedagógica dos professores na escola, estruturada em uma ou ou- tra abordagem, tenha como fundamento um agir comunicativo e dialógico. Considere o contexto e 22 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO sua problematização como espaços de diálogo, de- bates, tensões, reflexões e ressignificações tanto do movimento humano quanto das práticas corporais originadas desse ser humano de que se fala; que o ensinar e o aprender, integrados numa síntese su- perior de compreensão, sejam momentos favorece- dores de construções autônomas e significativas de conhecimentos. Como exemplo, apresentaremos uma situação que poderá auxiliar na compreensão dessa forma de pensar. A situação não diz respeito a uma aula, em específico, ainda que possa ocorrer, mas a um con- junto de aulas ou momentos organizados para efeito de ensino-aprendizagem. Uma das turmas de sexto ano estudava o conte- údo equilíbrio corporal como integrante do conjun- to de estruturas perceptivo-motoras que compõem uma habilidade motora. No primeiro momento da aula, o(a) profes- sor(a), como preparação e introdução ao novo con- teúdo, informa aos estudantes que, como já havia dito na aula anterior, o conteúdo a ser estudado seria aquele. Procura saber o que os estudantes conhecem sobre o tema da aula; cria situações para que eles identifiquem aquilo que haviam dito como equilí- brio corporal. No segundo momento, já como tratamento di- dático do conteúdo, o(a) professor(a) utilizou o jogo amarelinha, possibilitando aos estudantes vivencia- rem situações de equilíbrios e desequilíbrios corpo- rais para reconhecerem e entenderem a importân- cia do equilíbrio corporal durante uma operação motora (ação intencional). As regras do jogo foram decididas pelo grupo. Durante as passagens pelas casas, o professor fazia intervenção solicitando aos estudantes que procu- rassem analisar as posições que tomavam para a realização dos saltos – principalmente quanto à po- sição dos braços, ponto de fixação da visão, perna que favorecia a manutenção do equilíbrio – e que procurassem trocar as pernas de apoio para fazer a comparação dessa manutenção. Muitas crianças desequilibraram-se várias vezes ao tentarem passar pela amarelinha, que deveria ser saltada com uma perna só pelas casas. O(a) profes- sor(a), que se considera como portador(a) de atitu- des construtivistas em suas aulas, aproxima-se delas e diz: “por que, muitas vezes, nós temos dificuldades em manter o equilíbrio corporal com uma perna só apoiada no solo? Indiquem outras posições que nosso equilíbrio corporal não fique prejudicado”. No terceiro momento, continuando como tra- tamento didático, mas buscando a consolidação e aprimoramento de conhecimentos dos estudantes, o(a) professor(a) apresenta os tipos de equilíbrios corporais que o ser humano desenvolve e procura relacioná-los com os conhecimentos que os alunos apresentaram no primeiro momento e com as res- postas dadas por eles aos questionamentos feitos no segundo momento. Como quarto momento, ainda visando a con- solidação e aprimoramento mas com foco na apli- cação dos conhecimentos e se configurando, tam- bém, como momento avaliativo, o(a) professor(a) dá ao grupo a seguinte tarefa: pesquisar no cotidia- no e apresentar na sala situações em que encontra- ram os tipos de equilíbrios que foram estudados. Pede, também, para os alunos proporem jogos que apresentem os tipos de equilíbrios e que indiquem qual deles predomina na maioria das ações. Em momento oportuno, o(a) professor(a) fará a dis- cussão com a sala, tendo como referência os tra- balhos feitos pelos estudantes em decorrência das tarefas a eles atribuídas. EDUCAÇÃO FÍSICA 23 Observe que a prática aconteceu, mas, no exem- plo, o jogo “amarelinha” é considerado uma “ativida- de ou estratégia de ensino” para “auxiliar” no estudo do conteúdo proposto que era equilíbrio corporal. Todo o tempo o(a) professor(a) buscava contextu- alizar a temática e procurava, com os estudantes, os pontos de relação com o assunto. As aulas foram organizadas com critérios di- dáticos bem definidos e em um continuum lógico, tanto das ações do(a) professor(a) como dos estu- dantes. A avaliação, entendida como necessária, é integrante dos momentos de ensino e não uma situação particular, datada para acontecer e com fi- nalidade nela mesma. “Nos últimos anos, o interesse em refletir sobre as teorias da Educação e da Educação Física, a forma como o ser humano apren- de e desenvolve seus conhecimentos tem sido cada vez mais crescente. Este processo é decorrente da própria história da área da Educação Física no campo educacional que norteou a construção e reconstrução da sua identidade que, independente do momento histórico, sempre esteve vinculada às con- cepções que organizam a vida em sociedade. [...] O desafio dos professores da área é utilizar sua autonomia para realizar uma investigação científico-pedagógica que inclua as multidi- mensões da realidade, para compreender e operar o real compromisso “político” com nossa sociedade”. Fonte: Palma, Oliveira e Palma (2010, p. 37-44). SAIBA MAIS 24 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A Educação Física como Componente Curricular: Compromissos Pedagógicos EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Ao se propor um compromisso pedagógico para o ensino da Educação Físi- ca na escola, é necessário compreendê-la, literalmente, como um Componente Curricular, considerando-a com propósitos educacionais bastantes claros e di- ferentes da tendência/abordagem que predominou quando de sua inserção na escola, como observado em seu processo histórico. Devemos ter claro que as aulas não podem atender conteúdos e ações ao acaso e sem propósitos formativos e informativos relacionados. Os alunos não podem chegar às aulas sem saber o que terão e tampouco, saírem dela sem levar nada. É imperioso que o professor entenda essa nova concepção, pois dela depreende a necessidade de uma forte fundamentação teórica, organização de objetivos e conteúdos, procedimentos metodológicos integrados e processos avaliativos que fortaleçam essa relação de ensino e aprendizagem. Os alunos precisam sair das aulas com experiências positivas e significativas relacionadas ao mundo motor e também das relações dele com as ações sociais dos cotidianos. Essa posição exigirá do professor uma postura profissional enga- jada e comprometida com a escola e com a Educação Física. Começaremos destacando que consideramos necessário repensar a relação professor/estudante. Ela deve ser definida e assumida como horizontal (relação estudante com estudante) e bilateral (relação estudante e professor). Essa relação é permeada por tensões geradas pelo processo de confrontação do conhecimen- to espontâneo e popular dos estudantes com os saberes escolares apresentados pela disciplina. Esse processo de confrontação permite trocas entre eles, pois, aos delimitarmos que a relação é dialógica, será o diálogoo mediador de todo ato interativo. Assim, ambos, professor e estudante, assumem muitos compromissos, ainda que apresentem necessidades e interesses distintos. Ao estabelecer que a construção do conhecimento resulta da interação entre o sujeito que aprende e o meio sociocultural no qual o saber se situa e é produzi- do, o professor terá como função a mediação entre eles. Nessa forma de compre- ensão, o papel do professor é insubstituível no processo ensino-aprendizagem, contudo, acentua, também, o envolvimento do estudante que participa, na busca da verdade, confrontando seus conhecimentos - espontâneos, imediatos e con- textualizados - com os saberes e conteúdos (científicos, organizados e sistemati- zados) do professor e da escola. 26 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Esse processo, ainda que tenso, é interativo e, ao mesmo tempo, propositivo, permeado por procedimentos de ação-reflexão-abstração-ação. A segunda ação, realizada pelo sujeito, já se configura como uma ação pensada e reelaborada a partir das indicações extraídas na experiência quando da realização da primeira ação. É um processo interativo porque coloca pessoas agindo em níveis de rela- cionamento e reciprocidade nos interesses e propósitos. Também é propositivo, pois, ao dialogarem e agirem, sugerem situações que buscam atender aos interes- ses e às necessidades colocadas. Deve favorecer que o estudante assuma um comprometimento ao tomar consciência de sua historicidade. Entendemos que a conscientização é a pas- sagem de uma consciência puramente natural, espontânea e ingênua para uma consciência reflexiva; de uma consciência dogmática para uma consciência crí- tica (FREIRE, 1979; 2002). A conscientização implica e consiste num contínuo e progressivo desvela- mento da realidade. A esse processo, que resulta em crescimento, podemos dar o nome de aprendizagem. Fundamentados em Palma et al. (2010, p. 22-23), adota- remos como premissas para o nosso compromisso educacional e didático-peda- gógico no ensino da Educação Física escolar que: • ao estudante seja possibilitada a compreensão e elucidação crítica da realidade; • ao adotar o modelo disciplinar da divisão dos saberes, tratá-los como constitutivos de uma totalidade complexa e multidimensional, focando na interdisciplinaridade; • a totalidade se refere ao modo de integração e interatividade das par- tes, e estas devem ser percebidas conjuntamente e em constante inter- -retroatividade; • o ponto central do sucesso e orientador do ato educativo e para a constru- ção do conhecimento está na interação professor-estudante-saberes; • a dicotomia professor-estudante deve ser abolida; • o estudante é um sujeito ativo com possibilidades de aprender sempre; • na organização do currículo, o patrimônio cultural, direito de todos, será referência principal para a escolha dos saberes que serão ensinados; • adotar a contextualização, a interdisciplinaridade e a ludicidade como princípios fundamentais na organização e desenvolvimento curricular; EDUCAÇÃO FÍSICA 27 • considerar a influência mútua do sujeito e do meio na construção do pro- cesso educacional; • considerar a aula como encontro de humanos e em situação de intera- tividade; • quando o estudante construir um conhecimento de forma ativa e crítico- -reflexiva sua consciência sobre a realidade será também crítica; • a aprendizagem passa ser um direito e não uma obrigação para o estudante; • a aprendizagem será uma passagem do conhecimento espontâneo e pes- soal que o estudante já possui para um saber mais elaborado e esclarecido; • a tomada de consciência social está intimamente relacionada com a auto- nomia cognitiva e a liberdade para pensar; • a fonte de poder e de ação no contexto sociocultural estão vinculados à construção do conhecimento acontecido de forma ativa e significa- tivamente; • considerar sempre o ensinar e o aprender integrados e que, numa síntese superior de compreensão, sejam momentos favorecedores de construções autônomas e significativas de conhecimentos; • a docência é uma ação profissional com compromissos sociais, cujo traba- lho exigirá postura ética; • a base da docência se caracteriza como um trabalho intelectual crítico e criativo, e nunca espontaneísta e ou descompromissado. Consideramos, também, que cabe ao professor, por meio da orientação, abrir perspectivas ao estudante. No exercício da mediação, o professor atuará para que os conteúdos sejam constantemente analisados, tanto do ponto de vista do aluno, como da sociedade e dele próprio. Ao criar tais condições, dialogicamente falan- do e agindo, o professor proporcionará aos estudantes situações para superarem a consciência ingênua, espontânea, podendo, assim, perceberem as contradições da sociedade e do grupo em que vivem. Podemos afirmar que tal processo é gerador de tensões entre o novo e o an- tigo, o geral e o particular, o público e o privado, entre o científico e o popular. Essas tensões geradoras de perturbações cognitivas provocarão a busca de um novo reequilíbrio, agora em uma síntese superior, situação esta que resultará em novas aprendizagens. 28 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Temos evidenciado que a Escola, como institui- ção social, tem tarefas que lhe são próprias e, en- tre elas, destaca-se a contribuição com o processo educativo das pessoas, sendo seu fazer sistemati- zado, o que remete ao entendimento de que tudo que acontece em seu interior deve ser orientado por esse objetivo. Logo, um componente curri- cular, ao propor seus conteúdos para efeito de ensino-aprendizagem, ao organizá-los e sequen- ciá-los, deverá ter enunciado como seu objetivo geral o mesmo que a escola estabelece para si. Por isso colocamos como necessário compreender a Educação Física na escola como um Componente Curricular. O Objeto de Referência na Organização e Sistematização dos Conteúdos na Educação Física Escolar EDUCAÇÃO FÍSICA 29 Uma disciplina escolar, ou matéria escolar que tem uma história, tem uma razão de ser para estar no contexto educacional escolarizado. A Educação Fí- sica também tem sua história como já estudamos. Entretanto, o que estamos a considerar agora é que ela, em sua gênese histórica, foi construindo e es- tabelecendo para si conteúdos e saberes, que lhes são próprios. Isso nos coloca a seguinte afirmação: no contexto escolar, esses saberes não são ensina- dos por nenhuma outra área ou matéria escolar. O que pode acontecer é o estabelecimento de movi- mentos integradores denominados, muitas vezes, de ações interdisciplinares. Quando estudamos a história das disciplinas escolares, dois autores se destacam: Chervel (1990) e Goodson (1990). Eles consideram que a matéria escolar advém de duas perspectivas principais: a sociológica e a filosófica, sendo por elas derivada e, portanto, organizada. Os autores apontam que as matérias escolares são decorrentes de trabalhos e pesquisas acadêmicas que acontecem em um am- biente universitário, fato que geralmente lhes dão créditos quando analisadas por leigos. Sustentam, ainda, essa aceitabilidade, discursos provenientes de agências governamentais ou midiáticas. Por isso, tem sido muito aceito na sociedade que o que se deve ensinar nas escolas deve se originar das disciplinas intelectuais ou formas de conhecimento, criadas e sistematizadas por uma comunidade de es- tudiosos que atuam, normalmente, em departamen- tos universitários. Fatores externos e internos podem ser identifi- cados como responsáveis pelo surgimento ou desa- parecimento de disciplinas escolares. Para Chervel (1990), os internos se relacionam às próprias condi- ções de trabalho na área; já os externos podem estar relacionados à política educacional, ou ao contexto econômico,social e político que determinam as con- dições de trabalho. Tanto os fatores internos como os externos dependem de interesses de grupos dominantes na sociedade e da forma como vêem a educação, as finalidades educacionais específicas da escola e da sociedade. Chervel (1990) destaca a reciprocidade de influ- ências entre as disciplinas escolares e a cultura da sociedade, pois quando elas objetivam contribuir na formação dos alunos por meio da transmissão dos saberes, voltam-se, também, à formação de hábitos, atitudes, habilidades, valores e convicções. Para nós, isso somente será possível pelo ensino de saberes que, na escola, recebem o nome de saberes/conteú- dos escolares. Adotaremos, com fundamento em Saviani (1992), que uma disciplina escolar pode ser carac- terizada como um conjunto de saberes organizados para serem ensinados e aprendidos na educação escolar. E estes, quando apreendidos pelos estu- dantes, tornam-se conhecimentos entendidos “[...] como aquilo que adquirimos nos livros, nas aulas, nas conversas, mas com o objetivo de alcançar o entendimento da realidade [...]; é a elucidação da O Movimento humano é sempre uma condu- ta, como voltar-se a algo para a sua compre- ensão. Consiste sempre em uma totalidade de relações que envolvem situações concretas de sentido/significados para quem individual ou coletivamente o pratica. (Elenor Kunz) REFLITA 30 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO realidade” (LUCKESI, 1991, p. 122). Logo, o conte- údo de uma matéria escolar é o conhecimento que ela transmite aos seus alunos. Como já assumimos, a escola e, logo, as ma- térias escolares assumem a responsabilidade de transmitir conhecimentos que se apresentem ao educando como alguma coisa significativa e exis- tencial e “[...] só poderá vir a ser um conhecimen- to significativo e existencial na vida dos cidadãos se ele chegar a ser incorporado pela compreen- são, exercitação e utilização criativa” (LUCKESI, 1991, p. 26). Palma et al. (2010) destaca a respeito dos saberes para serem ensinados na educação básica: [...] os temas ou assuntos, com os quais os alu- nos estão envolvidos, devem ser vividos por eles como espaços de ação acessíveis ao seu fa- zer, quer seja prático, quer seja conceitual. Nes- se processo, o que se objetiva é a construção de competências e habilidades de fazer – refletir – abstrair - operar do aluno. [...] O conhecimento escolar/saber escolar/con- teúdo escolar é um recorte do conhecimento sistematizado, produzido historicamente pelas pessoas nas relações sociais e com a nature- za, que passa a ser dosado e sequenciado para efeitos de ensino-aprendizagem na escola, ao longo de um tempo determinado (PALMA et al. 2010, p. 49). Os conhecimentos sistematizados e ensinados na disciplina de Educação Física foram produzidos cul- turalmente ao longo do tempo e se tornam objetos de ensino com a sua ressignificação promovida no interior da escola. Ainda para os autores, quando concebem a Edu- cação Física na escola como componente curricular assumem que: Ao considerar a Educação Física como ma- téria do currículo escolar, entendemos que ela não pode ter tarefas diferentes dos demais componentes do contexto, muito embora apresente particularidades (saberes) que são próprias da área. Portanto, ela deve ser con- siderada como uma matéria escolar que obje- tiva o ensino de conhecimentos[...] ( PALMA et al., 2010, p. 49). Surge a necessidade de delimitarmos qual o refe- rencial para a organização, sistematização dos con- teúdos/saberes escolares que tratará a Educação Física escolar. Essa delimitação se torna impres- cindível, pois o professor terá o seu referencial na organização do planejamento e também garantirá a identidade conceitual da disciplina no contexto escolar. Esse referencial é que nos tornará únicos no ensino desse saber. Adotaremos os pressupostos de Palma et al. (2010, p. 49) de que a Educação Física “[...] deve ser considerada como uma matéria escolar que objetiva o ensino de conhecimentos, sendo o mo- vimento culturalmente construído seu referencial primário”. Esses saberes serão detalhados nos capí- tulos que se seguem. Caro(a) aluno(a), as discussões tecidas ao lon- go desta unidade possibilitam que você tenha os conhecimentos prévios para pensar a Educação Física com foco em inovações e práticas pedagó- gicas coerentes aos seus objetivos. Então, vamos aos estudos! 31 considerações finais A escola, com um papel que lhe é próprio, está inserida em um contexto social dinâmico, complexo e em constantes transformações. Conce- bemos que a prática educacional que acontece na escola se concretiza pela realização de todos os envolvidos, principalmente nas ações dos professores, que consideramos como profissionais da docência. Vimos que tanto aspectos legais, necessidades e interesses socioculturais as- sumem papéis fundamentais no processo de organização da educação escolari- zada e das áreas de conteúdos que compõem a escola. Uma disciplina escolar, conhecida como matéria ou conteúdo escolar, também tem esse papel para cum- prir, por ser inerente ao processo educacional escolarizado, atendendo, assim, às demandas que lhe advém do meio externo. As práticas educativas escolares no interior das disciplinas são denomina- das de aulas e sempre são fundamentadas em pressupostos de uma tendência ou teoria educacional. Ao professor cabe saber a qual propósito atendem quando ensina. Vimos pela história que a Educação Física atendeu à várias tendências que têm, subjacentemente, condicionantes sociais e políticos que se configuram em concepções de mundo, sociedade e de homem. Atualmente, a disciplina Educação Física, pelas Resoluções do Conselho Na- cional de Educação, assume seu espaço e suas responsabilidades como um dos componentes curriculares da grande Área de Linguagens. Destacamos, como ob- jetivo geral, que ela deverá desenvolver um ensino que resulte em aprendizagens significativas para quem aprende. Para isso, necessitou ressignificar seu objeto de referência na organização dos conteúdos, suas práticas, seus fundamentos teóri- cos e, principalmente, suas finalidades socioeducativas. Essa ressignificação conceitual-prática-atitudinal, entretanto, não se limita aos espaços escolares da educação básica, estamos certo que essa necessidade e preocupação também acontece no processo no qual são formados os professores para exercerem a docência. 32 atividades de estudo 1. A Educação Física na escola foi entendida, pelo seu processo histórico, como uma área de atividades. Foi instituída por força de lei como obrigatória nos currículos escolares. Inicialmente, com a necessidade de se ter os jovens pre- parados para as demandas socioculturais e econômicas. Assim, os objetivos para a disciplina Educação Física se organizaram em torno da prática de ativi- dades físicas. Considerando o texto apresentado, responda as questões a seguir. a) Qual a principal característica apresentada pela Educação Física quan- do centra sua prática na aplicação de atividades físicas? b) Qual o objetivo que se destaca quando se propunha que a Educação Física atuasse como uma área de atividades físicas? c) Em quais ciências a Educação Física se fundamenta para a organiza- ção das aulas quando se entende que ela é um componente curricular como uma área de atividades físicas? 2. As propostas atuais para Educação Física no contexto educacional escolari- zado têm propósitos educacionais bastante claros e diferentes da tendência/ abordagem que predominou quando de sua inserção na escola. Como obser- vado, algumas proposições já estão em curso. Neste sentido, responda as questões a seguir. a) O que se tem proposto para a Educação Física para que supere a abor- dagem tecnicistapredominante em suas aulas? b) Qual a característica que deve ter a Educação Física para que a socieda- de não a considere mais como uma área de atividades? c) Qual o referencial teórico e prático que a Educação Física deve utilizar para a organização das aulas quando se entende que ela é componen- te curricular pertencente a área de Linguagens? 33 LEITURA COMPLEMENTAR A Educação Física na escola seguiu e segue diferentes orientações na organização de seu planejamento. Um dos pressupostos que se destaca é a concepção de cor- po. O texto indicado a seguir foi extraído do Artigo “A constituição das teorias pedagógicas da educação física”, de autoria do Valter Bracht. Educação “corporal” no âmbito da educação física Neste primeiro item, desejamos apresentar as categorias e as problematizações básicas que orientaram nossas refl exões sobre o tema. Elas são derivadas de questões como: do ponto de vista educativo, o que tem signifi cado a educação “corporal”? Que tipo de educação “corporal” a escola e a educação física vêm realizando? Por que sur- ge o interesse pela educação “corporal” (também na es- cola) e quais suas determinações sócio-históricas. A utilização de aspas na expressão educação “corporal” fornece uma pista de uma das questões que pretende- mos colocar. A tradição racionalista ocidental tornou possível falar confortavelmente da possibilidade de uma educação intelectual, por um lado, e de uma edu- cação física ou corporal, por outro, quando não de uma terceira educação, a moral – expressão da razão cindida das três críticas de I. Kant, fi lósofo que, não obstante, segundo Welsch (1988), preocupou-se intensamente com as mediações entre as diferentes dimensões da ra- cionalidade. Essas educações teriam alvos, objetos bem distintos: o espiritual ou mental (o intelecto), por um lado, e o corpóreo ou físico, por outro, resultando da soma a educação integral (educação intelectual, moral e física). É claro, o alvo era ou é o comportamento huma- no, mas infl uenciá-lo ou conformá-lo pode ser alcança- do pela ação sobre o intelecto e sobre o corpo. Também na melhor tradição ocidental, a educação “corporal” vai pautar-se pela idéia, culturalmente cristalizada, da su- perioridade da esfera mental ou intelectual – a razão como identifi cadora da dimensão essencial e defi nidora do ser humano. O corpo deve servir. O sujeito é sempre razão, ele (o corpo) é sempre objeto; a emancipação é identifi cada com a racionalidade da qual o corpo estava, por defi nição, excluído. A esse respeito, assim se expressa Santin (1994, p. 13): A racionalidade foi proclamada como a especifi cidade exclusiva e única das dimensões humanas. O humano do homem fi cou enclausurado nos limites da racionalidade. Ser racional e ter o uso da razão constituíram-se nos úni- cos pressupostos para assegurar os plenos direitos de pertencer à humanidade. Ou, como afi rma Gil (1994) em seu brilhante Monstros, referindo-se à visão de corpo-máquina: Deu-se uma transferência dos poderes do corpo para o espírito: de nada serve ao corpo estar substancialmente unido ao espírito (e, assim, tornar-se vivo e indivisível), é este último que defi ne a sua natureza humana. Dora- vante, o único defeito do corpo é poder levar a alma a enganar-se. (p. 169) Nas teorias do conhecimento da modernidade, que têm sua expressão máxima no chamado método cien- tífi co (a ciência moderna), o corpo ou a dimensão cor- pórea do homem aparece como um elemento pertur- bador que precisa ser controlado pelo estabelecimento de um procedimento rigoroso (por exemplo: Francis Bacon e os idola). 34 LEITURA COMPLEMENTAR Tanto as teorias da construção do conhecimento como as teorias da aprendizagem, com raras exceções, são desencarnadas – é o intelecto que aprende. Ou então, depois de uma fase de dependência, a inteligência ou a consciência fi nalmente se liberta do corpo. Inclusive as teorias sobre aprendizagem motora são em parte cognitivistas. O papel da corporeidade na aprendiza- gem foi historicamente subestimado, negligenciado. Hoje é interessante perceber um movimento no sen- tido de recuperar a “dignidade” do corpo ou do corpó- reo no que diz respeito aos processos de aprendiza- gem. Isso acontece, curiosamente, por intermédio dos desenvolvimentos nas ciências naturais (ver a respeito Assmann 1996). Mas claro que esse entendimento de ser humano tem bases concretas na forma como o homem vem pro- duzindo e reproduzindo a vida. Nesse sentido, o cor- po sofre a ação, sofre várias intervenções com a fi na- lidade de adaptá-lo às exigências das formas sociais de organização da produção e da reprodução da vida. Alvo das necessidades produtivas (corpo produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades morais (corpo deserotizado), das neces- sidades de adaptação e controle social (corpo dócil). O défi cit de dignidade do corpo vinha de seu caráter secundário perante a força emancipatória do espírito ou da razão. Mas esse mesmo corpo, assim produzido historicamente, repunha a necessidade da produção de um discurso que o secundarizava, exatamente por- que causava um certo mal-estar à cultura dominante. Ele precisa, assim, ser alvo de educação, mesmo por- que educação corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, e sim humano. Edu- car o comportamento corporal é educar o comporta- mento humano. Mas vejamos na trajetória das diferentes construções históricas da educação física (EF) como esse entendi- mento de corpo e de educação corporal se concretizou. Antes é imprescindível fazer uma observação quanto a um equívoco que grassa no âmbito da educação física. Trata-se do entendimento de que a educação corporal ou o movimento corporal é atribuição exclusiva da edu- cação física. Sem dúvida, à educação física é atribuída uma tarefa que envolve as atividades de movimento que só pode ser corporal, uma vez que humano. No entanto, a educação do comportamento corporal, porque huma- no, acontece também em outras instâncias e em outras disciplinas escolares. [...] Mas é importante observar que na instituição esco- lar o termo disciplina envolve um duplo aspecto: por um lado, a dimensão das relações hierárquicas, observância de preceitos, normas, da conduta do corpo; por outro, os aspectos do conhecimento propriamente dito. Portanto, a escola promove a “educação corporal”. Nos dizeres de Faria Filho (1997, p. 52): “Assim como a escola ‘escolari- zou’ conhecimentos e práticas sociais, buscou também apropriar-se de diversas formas do corpo e constituir uma corporeidade que lhe fosse mais adequada”. Esse aspecto reveste-se de importância, uma vez que o trata- mento do corpo na EF sofre infl uências externas da cul- tura de maneira geral, mas também internas, ou seja, da própria instituição escolar. Fonte: Bracht (1999, on-line). 35 material complementar Complexidade da educação física escolar: questões atuais e desa- fi os para o futuro Renata Osborne (org.) Carlos Alberto Figueiredo da Silva (org.) Roberto Ferreira dos Santos (org.) Editora: Ed. Lamparina Sinopse: A educação física escolar enfrenta muitos problemas no contexto edu- cacional brasileiro e possui diversos desafi os para o futuro e, por isso, deve ser pensada como uma disciplina complexa e multifacetada. Essa coletânea de arti- gos propõe a sua análise de forma holística, e não de maneira isolada ou alienada. Os autores reunidos nesse livro abordam questões sociais, culturais e ambientais, perpassando por refl exões e discussões sobre a precariedade da infraestrutura daeducação física escolar, o crescimento e o desenvolvimento infantil, a educação integral, a educação inclusiva e inovações curriculares para a disciplina. Tratam, ainda, de esportes, como o basquetebol, o futebol e o atletismo, da importân- cia da prática de jogos esportivos com crianças, do potencial educativo das lutas marciais e do lazer pedagógico. Esse é um olhar que busca desconstruir a ideia de uma educação física voltada simplesmente para o incentivo à competitividade e ao chamado “esporte de rendimento”. Isto é, a educação física escolar deve ser trabalhada em conjunto com outras disciplinas e contribuir de maneira prioritária para a formação de crianças e jovens, não apenas na parte física, mas, principal- mente, na construção da cidadania. Indicação para Ler Ser e Ter Nicholas Philibert Ano: 2002 Sinopse: o documentário mostra a rotina de uma escola no interior da França em que crianças de várias idades dividem a mesma sala de aula, modelo educativo comum na região. Além de ressaltar a infl uência do educador na formação dos alunos, “Ser e Ter” abre a mente para as diversas possibilidades de educação. Indicação para Assistir 36 material complementar Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de edu- cação física Autora: Lusirene Costa Bezerra Duckur Ano: 2004 Editora: Autores Associados Sinopse: essa obra apresenta uma discussão a respeito de ferramentas teórico- -metodológicas para práticas pedagógicas em educação física escolar. Foi realiza- da uma análise bibliográfi ca procurando referências para a refl exão da prática pe- dagógica que busca a formação de indivíduos autônomos. Seu objetivo é discutir caminhos que possam ser percorridos com base em um fazer pedagógico, toman- do como ponto de partida o papel da educação física no contexto sociocultural, visando identifi car avanços e possíveis equívocos entre as dimensões da preconi- zação da teoria e a prática propriamente dita, entendida como uma necessidade emergente. O livro tenciona colaborar diretamente para a prática pedagógica de inúmeros professores e professoras que atuam nas escolas, especialmente os de educação física. Indicação para Ler O programa Salto para o Futuro é voltado para a formação continuada de professores da Educação Bási- ca e os demais profi ssionais da educação. Os programas trazem reportagens e buscam apresentar boas práticas educacionais nas escolas brasileiras. Disponível em: <https://mega.nz/#F!B99XnRbb!PBlQFm58xw4gXJYuVT5wcQ>. Indicação para Acessar 37 referências BERTRAND, Y.; VALOIS, P. Paradigmas educacio- nais: escola e sociedades. Lisboa: Horizontes Peda- gógicos, 1994. BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógi- cas da educação física. Cadernos Cedes, v. 19, n. 48, ago., 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/ccedes/v19n48/v1948a05.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2018. BRASIL. Decreto nº 69.450, de 1º de novembro de 1971. Regulamenta o artigo 22 da Lei número 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e alínea c do ar- tigo 40 da Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968 e dá outras providências. Brasília, Presidência da Re- pública, 1971. Disponível em: <http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/decreto/d69450.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. ______. Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, Presidência da Repú- blica, 1971a. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. ______. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, Presidência da República, 1996. Disponí- vel em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/ L9394.htm>. Acesso em: 18 abr. 2018. CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Pa- pirus, 1988. CHERVEL, A. 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A divisão das turmas por sexo, com essa forma de pensar Educação Física, era necessária, pois meninos e meninas apresentam aptidão física diferen- tes e respondem corporalmente de forma diferente aos esforços a que são solicitados. b) O objetivo maior era preparação de pessoas sadias, como movimentos efi cientes para o mundo do trabalho e para o atendimento às deman- das do esporte. c) Ciências biológicas. 2. a) O foco principal para a superação deixou de ser a execução do movi- mento, passando para a compreensão do movimento. b) Propor um compromisso pedagógico para o ensino da Educação Fí- sica na escola como um Componente Curricular, com conteúdos que lhes são próprios e considerando-a com propósitos educacionais bas- tante claros. c) Estabelecer que o objeto de conhecimento, fonte de organização dos conteúdos para a Educação Física, será o movimento humano com sen- tido e signifi cado, tornando-se uma prática corporal signifi cativa e uma instância privilegiada para aprendizagens, indicando procedimentos didático-pedagógicos que a caracterizam como um dos componentes curriculares da Área de Linguagens. UNIDADEUNIDADE II Professor Dr Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A criança e o adolescente que frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio • As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Física - Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Física para Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • A organização dos conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • Conteúdos Básicos da Educação Física Objetivos de Aprendizagem • Identifi car os elementos necessários para a organização curricular da Educação Física na escola. • Reconhecer a importância do processo de organização curricular na escola. • Compreender os aspectos legais da organização curricular na escola e na Educação Física. • Conhecer o objeto de referência na organização dos conteúdos da Educação Física. • Distinguir as dimensões dos conteúdos no plano de organização curricular em Educação Física. A EDUCAÇÃO FÍSICA E A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR unidade II INTRODUÇÃO Quando se pensa em escola e na sua especificidade,que se concentra nos processos de en- sinar e aprender, logo vem à mente a forma como tudo isso se organiza. Para todo esse processo organizacional, denominamos de organização curricular. As matérias escolares, para garantir sucesso no ensino, organizam os currículos de acordo com alguns elementos básicos: os papéis e as finalidades da matéria, a forma de distribuição dos conteúdos pelas etapas e níveis da educação básica, o tempo destinado ao ensino desses saberes, os procedimentos didático-pedagógicos adequados, o perfil dos estudantes de acordo com suas idades e níveis que se encontram matriculados. Nesta unidade, nosso objetivo será destacar que os estudantes das séries finais do ensino fundamental e ensino médio estão no processo educacional há algum tempo, o que nos indica que tanto os objetivos como o conteúdo que será objeto de ensino e as respectivas metodologias que deverão ser utilizadas ganham contornos de com- plexidade e aprofundamento. Assim, com essas informações, também tivemos que nos preocupar com os ob- jetivos que se pretende alcançar decorrente da relação pedagógica que se estabelece. Nossa proposta de organização dos conteúdos e sua necessária ação didático-peda- gógica segue os indicadores expressos por Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Essas Diretrizes são documentos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e tem força de lei quando se pensa em organização curricular, e são resultados do que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional, também conhecida como LDBEN. Nosso objeto de referência para a organização curricular dos conteúdos que apresentamos como sugestão nesta unidade e que serão objetos de en- sino para a Educação Física nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio é o movimento culturalmente construído. Nossa proposta divide esse Tema Geral em oito Unidades Didáticas. Cada Unidade Didá- tica, por ser um conjunto de saberes que se interrelacionam, foi dividida em Temas, sendo que cada Tema tem seus assuntos singulares. Buscamos auxiliar a compreensão explicando o que se pensa em cada um dos as- suntos apresentados como Tema. 44 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO O ingresso nos anos fi nais do ensino fundamental e todo o seu percurso são, muitas vezes, caracteriza- dos como momentos de ruptura para os estudantes. Estes já não se sentem mais crianças, mas, ao mes- mo tempo, não ingressaram na fase da adolescência. Assim, estão na transição entre o fi nal do período infantil e início da adolescência, compreendendo as idades entre 11 e 14 anos. Todas as características, biológicas, fi siológi- cas, físicas, emocionais, sociais e cognitivas dessa fase devem ser consideradas, pelo professorado, no momento de construir as práticas pedagógicas. Elas terão grande infl uência no momento da aprendiza- gem. Isso fará com que o professor se preocupe em organizar um ensino adequado para atingir os obje- tivos da escola. A Criança e o Adolescente que Frequentam o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Várias teorias nos oferecem fundamentos sobre o processo de desenvolvimento do ser humano e, no nosso caso especial, fundamentos para o processo educacional escolarizado. ORGANIZAÇÃO DOS OBJETIVOS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDA- MENTAL (ANOS FINAIS) E ENSINO MÉDIO Por se tratar de um grupo de pessoas que já passou cinco anos ou mais no processo educacional escola- rizado, os objetivos para a Educação Física deverão levar em consideração as experiências de aprendiza- gem vivenciadas pelos estudantes. Considerar, tam- bém, que se trata de um continuum dos anos iniciais do ensino fundamental. Indicamos para a organização dos objetivos que sejam observados a complexidade do que será en- sinado, sua contemporaneidade e a relação que es- tabelece com o cotidiano do estudante, portanto, a sua contextualização, colocando os conhecimentos em situação para que, dessa forma, as aprendizagens adquiram sentido aos estudantes. Palma et al. (2010, p. 20) consideram que “[...] as aprendizagens são os objetivos do desenvolvimen- to curricular [...]”, e que aprender, tendo o contexto como ponto de referência, em uma situação de edu- cação escolarizada é a: [...] reelaboração, reconstrução e recriação, de forma ativa e crítica, de um conhecimen- to/saber pelo aluno, quando este estabelece uma constante interação com o meio. [...] implica processos próprios, individuais, de elaboração e reelaboração, de construção e reconstrução, de criação e recriação de um conhecimento de forma ativa e crítica (PAL- MA, et al., 2010, p. 20). Evidenciamos que o ato de aprender é próprio do ser humano. Aprender passa a ser a condição de analisar, relacionar e contextualizar os objetos do conhecimento que, no caso da escola, são os con- teúdos escolares com a estrutura cognitiva que a pessoa tem. Tendo os autores Palma et al. (2010) como refe- rência, e estes fundamentados em Libâneo (1994): [...] os objetivos pertinentes ao processo ensi- no-aprendizagem são antecipações de resul- tados e de processos que se espera alcançar com as situações de ensino-aprendizagem que acontecem na relação pedagógica. São pontos de partida, indicando premissas gerais (LIBÂ- NEO, 1994 apud PALMA et al. 2010, p. 59). Outra indicação importante é sobre os enuncia- dos dos objetivos. Eles devem conter orientações mínimas e necessárias para a relação pedagógica, sendo que: [...] os objetivos de uma disciplina escolar de- vem ser originados pelos objetivos definidos pelo sistema educacional escolarizado. O que não se trata de copiar ou inventar objetivos, mas defini-los em função de pressupostos onto- lógicos, epistemológicos e gnosiológicos (PAL- MA et a.l, 2010, p. 59). Neste capítulo, apresentaremos, como sugestão, uma proposta de organização curricular. Em uma organi- zação curricular, os objetivos gerais, como antecipa- ção dos resultados, tornam-se fundamentais. Adotaremos como orientadores nesta nossa proposta uma adaptação dos objetivos gerais para os estudantes enunciados por Palma et al. (2010). São eles: 46 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Como parte integrante da cultura, as práticas corporais têm um papel a cum- prir no contexto escolar. No quadro anterior, procuramos destacar que cada uma dessas práticas, assumirão, juntamente com a escola, um propósito que denomi- namos de objetivos. Esses objetivos, como antecipação de resultados e indicação de processos que deverão ser adotados para o ensino, constituem-se peça funda- mental na organização curricular. Quadro 1 - Exemplos de Objetivos para o ensino da Educação Física a partir das Unidades didáticas UNIDADE DIDÁTICA OBJETIVOS CORPOREIDADE Ampliar os conhecimentos sobre o movimentar-se, estu- dando as estruturas físico-anatômicas envolvidas no movimento, as reações orgânicas às atividades e com possibilidades diferentes de ação. JOGOS E BRINCADEIRAS Reconhecer os jogos como integrantes do repertório cultural de movimentos, estudando e vivenciando diver- sas formas e modalidades. ESPORTE Reconhecer os esportes como integrantes do repertório cultural de movimentos, estudando e vivenciando diver- sas formas e modalidades. EXPRESSÃO E RITMO Ampliar os conhecimentos sobre as formas de expres- sões rítmico-culturais do movimento, reconhecendo e respeitando as características de cada uma delas, forta- lecendo a convivência social. EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE Estabelecer relação entre movimento humano e saúde, compreendendo a importância da atividade física na adoção de um estilo de vida ativo. GINÁSTICA Compreender a ginástica no contexto das práticas cul- turais e corporais, caracterizando sua origem,objetivos, estudando e praticando seus diversos tipos e formas de manifestação. LUTAS Compreender as lutas no contexto das práticas culturais e corporais, identificando aquelas que estão presentes na cultura brasileira, e estabelecendo diferença entre lutas, artes marciais e brigas. PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA Compreender, conceituar e caracterizar as práticas corporais de aventura como integrantes da cultura, es- tudando e praticando os tipos mais adequados ao seu contexto tanto na natureza como no meio urbano. Fonte: adaptado de Palma et al. (2010). EDUCAÇÃO FÍSICA 47 48 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO No parágrafo primeiro do artigo 9º da Lei 9.394/96 fi ca determinado que na estrutura edu- cacional brasileira há que se ter o Conselho Na- cional de Educação (CNE) com funções normati- vas e de supervisão. Em 1996, no Brasil, foi promulgada a Lei n° 9.394/96 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Na- cional (BRASIL, 1996). Essa Lei revogou a anterior nº 5.692, de 1971. Contudo, como a maioria das leis a LDBEN, teve alguns parágrafos alterados pela Lei 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, (BRASIL, 2017). As Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação FísicaPara a Educação Física Ensino Fundamental (Anos Finais)Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 49 a elaboração, planejamento, implementação e ava- liação dos Projetos Pedagógicos das escolas. Apresentaremos resumidamente o que trata es- sas Resoluções sobre o Ensino da Educação Física nos dois níveis: ensino fundamental, anos finais, e ensino médio. A LDBEN 9.394/96 define a Educação Física como componente curricular obrigatório. Nessas Resoluções, ampliando o entendimento de compo- nente curricular, ela é considerada como integrante do currículo como área de conhecimento, um conte- údo curricular pertencente à área de LINGUAGENS, como descreve o artigo 15 da Resolução 07/2010- CNE/CEB (BRASIL, 2010a, on-line): Art. 15 Os componentes curriculares obrigató- rios do Ensino Fundamental serão assim orga- nizados em relação às áreas de conhecimento: I – Linguagens: a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) Educação Física; [...] Reforça esse conceito a Resolução CNE/CEB 02/2012 (BRASIL, 2012): Art. 8º O currículo é organizado em áreas de conhecimento, a saber: I - Linguagens; Parágrafo único. Em termos operacionais, os componentes curriculares obrigatórios decor- rentes da LDB que integram as áreas de conhe- cimento são os referentes a: I - Linguagens: a) [...]; b) [...]; c) [...]; d) [...]; e) Educação Física. Ainda, o item IV do artigo 9º define a necessidade do estabelecimento de diretrizes para todas as eta- pas da educação básica - educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Essas diretrizes terão como função nortear a construção, implementação e avaliação dos currículos e seus conteúdos míni- mos, de modo a assegurar formação básica comum. Desta forma, o CNE promulgou Resoluções que definem as Diretrizes para a Educação Básica, tanto para a Educação Infantil quanto para o Ensino Funda- mental de nove anos e também para o Ensino Médio. Para o ensino fundamental de nove anos, temos a Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010 (BRA- SIL, 2010a). Para o Ensino Médio, o CNE definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais pela Resolução nº 2, de 30 de janeiro 2012 (BRASIL, 2012). Essas duas Resoluções não foram alteradas pela Lei 13.415 de 2017; elas e suas respectivas diretrizes estão articula- das com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica – Resolução nº 4, de 13 de ju- lho de 2010 (BRASIL, 2010b) – e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos que deverão orientar A Lei também define a necessidade de diretri- zes para as modalidades de Educação Básica: Educação no Campo, a Educação Indígena, a Quilombola, Educação Especial, para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos estabelecimentos penais, para a Educa- ção Profissional Técnica de Nível Médio, para a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Ambiental, a Educação em Direitos Humanos e para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Bra- sileira e Africana. Fonte: os autores. SAIBA MAIS 50 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Funda- mental (grifo nosso), possibilitando o prosse- guimento de estudos; § 4º A cultura é conceituada como o processo de produção de expressões materiais, símbolos, re- presentações e significados que correspondem a valores éticos, políticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade. Art. 6º O currículo é conceituado como a pro- posta de ação educativa constituída pela seleção de conhecimentos construídos pela sociedade expressando-se por práticas escolares que se desdobram em torno de conhecimentos rele- vantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos es- tudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades e condições cognitivas e só- cio-afetivas (BRASIL, 2012, on-line grifo nosso). A Educação Física no ensino médio deverá con- siderar que esta etapa é, também, uma etapa de aprofundamento e consolidação da aprendizagem. Destaca-se, aqui, que, no enunciado dos objetivos, a ênfase será a preparação do estudante para assu- mir seu papel na sua sociedade como protagonista comunitário. Logo, nesta etapa, as formas culturais de manifestação do movimento, quando se tornam objeto de ensino terão uma dimensão mais aprofun- dada de estudo. Essas Resoluções compõem parte da organiza- ção política e didático-pedagógica da escola brasi- leira. Toda escola, pertencente a qualquer sistema de ensino – público ou particular – tem de seguir as orientações dessas Resoluções. Apresentaremos, no item seguinte, os Pressupostos para a Educação Física que constam na Base Nacional Comum Cur- ricular (BNCC). Como forma de justificar os objetivos e conteúdos preconizados e anunciados por nós para o ensino da Educação Física na Educação Básica que constam nesta unidade, as Resoluções em destaque conside- ram que a escola: a. No nível fundamental: Art. 4º [...] Parágrafo único. As escolas que ministram esse ensino deverão trabalhar considerando essa etapa da educação como aquela capaz de assegurar a cada um e a todos o acesso ao conhecimento e aos elementos da cultura im- prescindíveis para o seu desenvolvimento pes- soal e para a vida em sociedade, assim como os benefícios de uma formação comum, inde- pendentemente da grande diversidade da po- pulação escolar e das demandas sociais (BRA- SIL, 2010a, on-line grifo nosso). Destacamos que, para atender a essa concepção de escola e de seu papel na sociedade, a Educação Fí- sica elencará princípios educativos gerais que serão identificados como objetivos de aprendizagem, cujo foco está na introdução do estudante na sociedade como sujeito cultural pelo acesso aos bens culturais disponíveis. Assim, as formas culturais que têm o movimento como elemento essencial em sua mani- festação serão os saberes que terão destaque na or- ganização do ensino. b. No nível médio: Art. 4º As unidades escolares que ministram esta etapa da Educação Básica devem estruturar seus projetos políticos-pedagógicos considerando as finalidades previstas na Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional): EDUCAÇÃO FÍSICA 51 52 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A Base Nacional Comum Curricular (Bncc) da Educação FísicaPara Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diver- sifi cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela (BRASIL, 1996). Em 1996, a LDBEN 9.394, como lei maior da educa- ção nacional, foi promulgada para que o país tives- se um referencial legal no momento de se pensar a escola brasileira. Essa Lei fi xa padrões mínimos de referências quando se quer organizar os currículos escolares. Dessa forma, estabelece que: EDUCAÇÃO FÍSICA 53 É nesse artigo, no parágrafo 3º, que a Educação Fí- sica é citada como componente curricular. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a que se re- fere a LDBEN 9.394 também é referenciada na Lei nº 13.005, de 25 junho de 2014, que aprovou o Pla- no Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2014). O PNE tem várias metas e, em algumas delas, a BNCC mereceu destaque: Meta 2.2) pactuar entre União, Estados, Distri- to Federal e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que confi- gurarão a base nacional comum curricular do ensino fundamental; Meta 3.3) pactuar entre União, Estados, Distri- to Federal e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que confi- gurarão a base nacional comum curricular do ensino médio; Meta 7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagó- gicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada ano do ensino fundamen- tal e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local (BRASIL, 2014, grifos nossos). Um grande movimento nacional foi desencadeado no ano de 2017. Foi apresentada, ao CNE, a Base Nacional Comum Curricular para a Educação Básica, mas ape- nas para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio ainda está em processo de cons- trução, fato que foi provocado pela Lei 13.415 de 2017, que alterou a LDBEN 9.394, de 1996 e teve, como maior destaque, a Reformulação do Ensino Médio. A BNCC, para a educação infantil, não qualifica a Educação Física como um dos componentes cur- riculares. O mesmo acontece com os componentes considerados clássicos, como matemática, portu- guês, história, dentre outros. A BNCC para a educação infantil estabelece uma organização com cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se desenvolver: • Eu, o outro e o nós. • Corpo, gestos e movimentos. • Traços, sons, cores e formas. • Oralidade e escrita. • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Analisando como os campos de experiências defi- nem e organizam os objetivos de aprendizagens e desenvolvimento e por se constituírem como aco- lhedores tanto das experiências e saberes das crian- ças como de conhecimentos inerentes ao patrimô- nio cultural, destacamos os seguintes campos como propícios para que os saberes da Educação Física sejam contemplados: O artigo 26 da LDBEN 9394/96, quando se refere à Educação Física, foi modificado pela lei Lei nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003, contudo foi mantida a sua definição como “componente curricular”. Também na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, a Edu- cação Física é mantida como componente curricular obrigatório na BNCC para o ensino médio. Como a Resolução CNE-CEB 02/2012 não foi alterada, ela continua como conheci- mento na área de Linguagens. Fonte: os autores. SAIBA MAIS 54 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO • O eu, o outro e o nós. • Corpo, gestos e movimentos. • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Em nosso entendimento, tais campos estabelecem relação direta com o corpo em ação e em movimen- to: em ação dentro de uma determinada cultura de movimento, constituindo-se como movimentação intencional e com signifi cado para quem faz. No ensino fundamental, e em atendimento à Re- solução CNE-CEB 07/2010, a Educação Física con- fi gura-se como um dos conhecimentos componen- tes da Área de Linguagens. A temática central, para efeito de ensino-apren- dizagem, são as práticas corporais tematizadas, como um conjunto de conhecimentos, em suas di- versas codifi cações, expressas culturalmente em seis unidades temáticas: • Brincadeiras e jogos. • Esportes. • Lutas. • Práticas corporais de aventura. • Danças. • Ginásticas. Como conhecimentos organizados e disponíveis no rol do patrimônio sociocultural, cada unidade temá- tica tem oito dimensões de conhecimento, sem atri- buição de juízo de valor que estabeleça hierarquia ou surgimento no momento do ensinar-aprender: • Refl exão sobre a ação. • Fruição. • Uso e apropriação. • Experimentação. • Construção de valores. • Análise. • Compreensão. • Protagonismo comunitário. Conforme o desenvolvimento da criança e do ado- lescente, o estudante das séries fi nais do ensino fundamental e ensino médio têm possibilidades de abstração e compreensão alargadas e diferentes for- mas de acesso às fontes de informações. Portanto, destacamos, aqui, a necessidade de aprofundamento e complexifi cação dos conteúdos a serem ensinados/ aprendidos. No próximo item, quando tratarmos da organi- zação dos conteúdos, essa indicação se fará presente. EDUCAÇÃO FÍSICA 55 56 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO A Organização dos Conteúdos para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 57 Na Unidade I, apresentamos o nosso objeto de re- ferência para a organização e sistematização dos conteúdos: o movimento culturalmente construí- do. Esse objeto de referência será nosso objeto de ensino, sendo assim entendido como conteúdo e aquilo que orientará a organização de nosso Plano Geral de Ensino. Os conteúdos devem ser entendidos como aqui- lo que se pretende ensinar e aquilo que se espera que o estudante aprenda. Em nosso primeiro capítulo também indica- mos que quando se propõe um conjunto de saberes como objeto de ensino (conteúdos), um dos pro- cedimentos que deve ter prioridade é a coerência com os objetivos educacionais. Decorrente disso, colocar a Educação Física no status de componen- te curricular na escola é colocá-la a serviço de um Projeto Educacional que transcende aos propósitos exclusivos da área Apresentaremos, como já destacado na Unida- de I, que o nosso objeto de referência para a or- ganização dos conteúdos será o movimento cul- turalmente construído. Entendemos que, assim, teremos a garantia de que a Educação Física possa ser considerada como disciplina/matéria escolar, com saberes considerados válidos, necessários e interessantes para atender às demandas colocadas pelos objetivos educacionais do Projeto Político- -Pedagógico da Escola. A Educação Física como componente curricular, aqui entendida como disciplina escolar, possui um conjunto de saberes que lhe são próprios e que, na sua sistematização em Unidades Didáticas, passam a receber a denominação de saberes escolares (SA- VIANI, 1992). As unidades didáticas são o conjunto de temas inter-relacionados que compõem o plano de ensino. Cada unidade didática contém um tema central do programa detalhado em tópicos (LIBÂNEO, 2009, p. 233). Libâneo (2009, p. 234), ainda considera que: [...] uma unidade didática tem como caracterís- ticas: formar um todo homogêneo em torno de uma ideiacentral; ter relação significativa entre os tópicos a fim de facilitar o estudo; ter caráter de relevância social, no sentido de que os con- teúdos se tornem vivos, na experiência social concreta dos alunos. As unidades didáticas propostas para o Ensino Fun- damental (anos finais) e Ensino Médio, decorrentes do objeto de referência, estão denominadas como: • Corporeidade. • Expressão e ritmo. • Esporte. • Jogos e brincadeiras. • Práticas corporais de aventura. • Educação para a saúde. • Ginástica. • Lutas. Cada Unidade Didática foi dividida em tópicos denominados de Temas. Os temas, em subtópicos denominados de assuntos. Uma dúvida muito co- mum apresentada pelos professores em início de carreira, e até de professores experientes, é: “o que ensinar em cada conteúdo”? O professor sabe que deve ensinar sobre esporte, consegue escolher en- tre tantas possibilidades, mas ao iniciar o planeja- mento do ensino vem a dúvida, “o quê” do esporte devo me preocupar para ensinar? 58 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Você notará, no quadro da sistematização dos con- teúdos, as UNIDADES, TEMAS e ASSUNTOS. Per- ceberá, também, que os assuntos, na terceira coluna, repetem-se na maioria das vezes, independentemen- te da unidade e do tema. Para facilitar o planejamento, apresentaremos esses assuntos em um formato que lembra um ro- teiro didático. Para você ter certeza que está ensinando sobre aquele assunto proposto no roteiro, iremos descre- ver quais são as preocupações que o professor deve ter para dar conta do ensino destes. CARACTERÍSTICA DO QUE SE ESTÁ A ENSINAR O professor, ao ensinar as características de um de- terminado tema/conteúdo, deve favorecer ao estu- dante que analise sobre vários ângulos e aspectos o tema/conteúdo proposto, identificando e qualifican- do, neste, suas propriedades. O estudante terá que compreender forma, textura, som, peso, tamanho e em quais situações podem ser utilizados o tema/ conteúdo em destaque. Exemplos: a. Característica da ação de “chutar”, do tema habilidades manipulativas com os pés: “ato de golpear com os pés um objeto estático ou em movimento” (PALMA et al., 2010, p. 123). b. Característica do futebol: “esporte coletivo disputado em um campo, geralmente grama- do, cujo objetivo é fazer a bola atravessar o gol adversário” (PALMA et al., 2010, p. 128). Quais os elementos essenciais para serem considerados na construção de um currículo, uma vez que ele é um elemento constituti- vo do processo da organização da escola e ponto de ligação entre ela, o sujeito e a sociedade? (adaptado de Ilma Veiga). REFLITA A escola de Educação Básica é o espaço em que se ressignifica e se recria a cultura herda- da, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se aprende a valorizar as raízes pró- prias das diferentes regiões do País. A partir dessa concepção, qual a função da Educação Física no contexto escolar? REFLITA DEFINIÇÃO DO QUE SE É ENSINANDO A definição do tema/conteúdo permite diferenciá-lo de outros conceitos associados. É importante desta- car que a definição se dá sempre dentro de um con- texto apresentado. Exemplo: a. Definição do tema/conteúdo peteca: a peteca é um brinquedo possível de ser golpeado de diversas formas. b. Definição de resistência corporal: “capacida- de do organismo de suportar e resistir à fadi- ga” (PALMA et al., 2010, p. 168). ORIGEM E HISTÓRIA DO QUE SE ESTÁ ENSINANDO Origem é o começo absoluto, é o ponto de partida daquilo que está a ensinar. A origem remete, ainda, ao lugar que esse tema/conteúdo nasceu. A história é EDUCAÇÃO FÍSICA 59 a busca para conhecer o tema/conteúdo por meio da investigação; é conhecer os fatos ocorridos e a evo- lução que o tema/conteúdo passou no decorrer da história. Exemplo: a. Tema/conteúdo Sumô: “origem no Japão há mais de 2.000 anos; os primeiros cam- peonatos profissionais tiveram início em 1927; chega no Brasil no século XX” (PAL- MA et al., 2010, p. 146). TIPOS DO QUE SE ESTÁ ENSINANDO Tipos se caracterizam pelo conjunto de particulari- dades que distingue tema/conteúdo. Normalmente, é uma classificação para favorecer a compreensão do objeto maior ou mais geral daquilo que se está a en- sinar. Exemplo: a. Tema/conteúdo arte circense: tipos de equi- librismo – monociclo, perna de pau, corda bamba, entre outros. 4.5 EQUIPAMENTOS PARA A PRÁTICA DO QUE SE ESTÁ ENSINANDO Conjunto dos objetos necessários para a prática de uma atividade; pode ser equipamentos para a práti- ca em si ou para segurança do praticante. Exemplo: a. Tema/conteúdo arborismo: “capacete, cadei- rinha de rapel, mosquetão e polias” (PALMA et al., 2010, p. 152). FUNDAMENTOS DO QUE SE ESTÁ ENSI- NANDO Todas as modalidades esportivas, coletivas e in- dividuais têm movimentos específicos que, de uma maneira ou outra, acabam identificando o esporte (técnica). Possuem, também, formas mais adequadas de execução, tendo como refe- rência a performance ou a sua eficiência técnica (mecânica) ou de utilização na ação global, vi- sando eficácia (tática). É importante que o estudante compreenda e consiga identificar os fundamentos – técnicos, mecânicos ou táticos - e, principalmente, qual é o momento adequado para utilizá-los em uma situação de jogo. Ao ensinar os fundamentos de determinada modalidade esportiva, espera-se que o professor consiga promover, nos estudantes, a compreensão de quais movimentos/fundamen- tos podem ser generalizados para outros esportes. Dessa maneira, ainda que o aluno não tenha estu- dado na escola um determinado esporte coletivo ele possa, compreendendo as generalizações, con- seguir jogar. Exemplo: a. Tema/conteúdo de skate: impulsão, remada, breque, ollie, Tail drop e Fakie. b. Razão de se defender (em esportes de ataque defesa) ou de executar passes (referentes a es- portes que utilizam progressão do objeto que definirá o ponto). REGRAS DO QUE SE ESTÁ ENSINANDO Princípio que serve como padrão; norma que pre- cisa ser acatada por todos os envolvidos. As regras favorecem ao praticante jogar com as mesmas con- dições de igualdade, alterando apenas as habilidades motoras de cada jogador. As regras estão presentes desde uma brincadeira doméstica e familiar até em uma partida de uma modalidade esportiva olímpica. É importante salientar que algumas regras podem se alterar de um campeonato/evento esportivo para outro. Exemplo: 60 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO to que está dançando, confi gurando-se como uma espécie de uniforme ou identifi cação/caracterização do grupo; ou individualmente, quando a atividade for individual. Exemplo: a. Na dança hip hop: o grupo de pessoas que praticam, normalmente, utilizam roupas lar- gas e coloridas, usam bonés virados para trás ou de lado, tudo isso para melhorar o visual e mensagem da dança. a. No futebol, somente o goleiro pode utilizar as mãos para controlar a bola e, mesmo as- sim, dentro de um limite denominado de grande área. b. No tênis de campo, uma das formas de se marcar ponto é quando a bola toca no solo do adversário duas vezes. ASPECTOS CULTURAIS E SOCIAIS DO QUE SE ESTÁ ENSINANDO Aqui, o professor deve ensinar o que se distancia da técnica. Os aspectos culturais e sociais dos conteú- dos são a razão para a prática; é o que o identifi ca em uma cultura. Exemplo: a. Algumas modalidades esportivas são pratica- das mais por mulheres do que por homens, exemplo: ginástica rítmica. b. A popularidade de um determinado espor- te é maior em um país do que em outros. Exemplo: o futebol americano, nos Estados Unidos; o beisebol, em Cuba; e o futebol, no Brasil. Aqui, podem ser ensinados, ainda, os aspectos mercadológicos envolvidos na prá-tica esportiva. c. O esporte e o estilo de vida e, com isso, sua infl uência na qualidade de vida. d. Benefícios da prática de uma atividade física em diferentes situações, referentes ao idoso e ao defi ciente físico. VESTIMENTA ADEQUADA PARA A PRÁTI- CA DE UMA ATIVIDADE FORMALIZADA O estilo da vestimenta adequada para a prática da atividade ensinada deve ser igual para todos os par- ticipantes e, normalmente, identifi ca aquilo que se está praticando. A vestimenta é o conjunto de peças de roupas e sapatos para a equipe usar no momen- EDUCAÇÃO FÍSICA 61 62 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Como já apresentado, um conteúdo escolar é aquilo que se ensina em uma determinada matéria. Pode ser também entendido como saber escolar ou objeto de ensino. A sistematização dos saberes escolares, também conhecidos como conteúdos escolares, favorece o planejamento do trabalho docente pelas etapas e séries escolares. Uma das formas de apresentação dessa organização que possibilita um entendimento geral do planejamento é o formato de quadro. No quadro a seguir, apresentaremos os conteú- dos organizados em UNIDADES DIDÁTICAS. Estas organizadas em TEMAS; e estes, em ASSUNTOS. ENSINO FUNDAMENTAL II – 6º ao 9º ANOS ENSINO MÉDIO – 1º ao 3º ANOS Conteúdos Básicos da Educação Física EDUCAÇÃO FÍSICA 63 Quadro 2 - Demonstrativo dos conteúdos para o ensino da Educação Física para o ensino fundamental (anos finais) e ensino médio UNIDADE DIDÁTICAS TEMAS ASSUNTOS CORPOREIDADE Habilidades locomotoras e não loco- motoras. Habilidades manipulativas, (mãos, pés, joelhos, queixo, objetos de tamanhos, formas e texturas diferentes). Estrutura perceptiva e capacitativo-mo- tora (coordenação motora, equilíbrio corporal, lateralidade corporal, organi- zação e estruturação espaço–temporal, força muscular, resistência corporal, velocidade e flexibilidade). Característica do que está a ensinar. Definição do que está a ensinar. Tipos de habilidades motoras. Fatores de restrição das habilidades motoras. Características da pessoa habilidosa. Influências da alimentação e do treinamento no desenvolvimento das habilidades motoras. EXPRESSÃO E RITMO Dança (folclórica, rua, nacional, regional, internacional, clássica, afro-brasileira, salão, criativa, individual). Folguedos populares (cavalhada, bumba meu boi, folia de reis e maracatu). Caracterização do que está a ensinar. Origem étnica/história, enredo. Diferentes nomenclaturas da dança folclórica. Instrumentos e vestimentas da dança folclórica. Coreografia básica. Letras da música (desvalorização da mulher, violência, apologia às drogas e ostentação). Influência da mídia. Papel social da dança (deficientes, idosos). ESPORTE Coletivo (basquete, futebol de campo, futsal, voleibol, handebol, rugby, bad- minton, gol boll, voleibol sentado). Individual (tênis de mesa, tênis, esgrima). Caracterização do que está a ensinar. Origem/história. Sistema técnico e tático. Regras. Fundamentos. Influência da mídia. Gênero e o esporte. Grandes eventos esportivos pelo mundo. JOGOS E BRINCADEIRAS Peteca. Ioiô. Jogos de tabuleiro. Bilboquê. Jogos eletrônicos. RPG. Definição/origem do jogo. Diferentes nominações. Caracterização do jogo que está a ensinar. Ensino do jogo e suas variações. Impactos dos jogos para a melhora/piora da qualidade de vida. Equipamentos. Jogo e os aspectos sociais e culturais. Regras. Reelaboração do jogo. 64 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA Arborismo. Corridas de Orientação. Parkour. Skate. Escalada esportiva. Definição/origem das práticas corporais. Diferentes nominações. Caracterização das práticas corporais que está a ensinar. Ensino das práticas corporais e suas variações. Impactos das práticas corporais para a me- lhora/piora da qualidade de vida. Práticas corporais e os aspectos sociais e culturais. Cuidados com a natureza e as práticas cor- porais. Regras. Equipamentos de segurança para a prática. EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE Aptidão Física, Saúde e Qualidade de Vida (composição corporal, aptidão física, atividade física, exercício físico, do- enças crônicas degenerativas, controle alimentar, reeducação alimentar, exer- cício físico e gasto energético, ginástica de academia, musculação na academia, corpolatria, saúde e qualidade de vida, metabolismo corporal, saúde e o mundo do trabalho, capacidade funcional e o mundo do trabalho, mal estar na profis- são e culto a beleza). Definição/origem do que está a ensinar. Conceito de Aptidão Física, Saúde e Qualida- de de Vida e diferentes nominações. Caracterização do que está a ensinar. Ensino do conteúdo e suas variações. Impactos das práticas do exercício físico para a melhora/piora da qualidade de vida. Exercício físico e os aspectos sociais e culturais. Equipamentos de segurança para a prática. Periodização da prática de exercício físico. Local adequado para a prática de exercício físico. GINÁSTICA Arte circense (equilibrismo, malabaris- mo, acrobacias) Característica do que está a ensinar. Definição do que está a ensinar. Tipos do que está a ensinar. Classificação do que está a ensinar. Fatores de restrição do que está a ensinar. Equipamentos para a prática do que está a ensinar. Objetivo da prática pelo sujeito (saúde, estéti- ca, apresentação, lazer, competição). LUTAS Karate. Taekwondo. Sumô. Kendo. Caracterização do que está a ensinar. Origem e história do que está a ensinar. Modalidades do que está a ensinar. Fundamentos do que está a ensinar. Regras. Construção de armas e equipamentos adap- tados para a escola. Vestimenta adequada para a prática das lutas. Aspectos culturais e sociais das lutas. Fonte: adaptado de Palma et al. (2010). EDUCAÇÃO FÍSICA 65 Tivemos, nessa organização dos conteúdos bási- cos apresentada, a preocupação em mostrar que a Educação Física, como integrante da área de Lin- guagens, tem como referência o movimento cultu- ralmente construído e as suas respectivas práticas corporais: esporte, atividades de aventura, lutas, ginástica, jogos e brincadeiras, atividades de ex- pressão e ritmo. Relacionamos, também, o que se deve ensinar para que se compreenda o conceito de corporeidade e a relação que pode ser estabelecida, desse corpo e das práticas corporais como o tema Educação para a Saúde. 66 considerações finais Quando se pensa na organização curricular, não se pode ficar restrito sobre o que ensinar, enunciando apenas os saberes que se espera ensinar. Há que se ter, também, como princípios, por que ensinar, como ensinar e, principalmente, para que ensinar e para quem se ensina. Vimos que uma organização curricular atende a pressupostos externos, mui- tas vezes, vinculados às necessidades e interesses de uma sociedade ou de um grupo social. Destacamos, também, que uma das premissas organizadora do cur- rículo é a cultura. O aluno, quando vem para a escola, já conviveu alguns anos com essa cultura, portanto não é desconhecedor dela, principalmente o aluno que está nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Uma matéria escolar, responsável pela contribuição com o processo educa- cional que está no âmbito escolar, tem responsabilidades didático-pedagógicas e também civis perante sua comunidade. A sua organização deve atentar para as orientações derivadas dos órgãos reguladores e definidores da política edu- cacional que, no nosso caso, é o Congresso Nacional e o Conselho Nacional de Educação. Quando se pensa em organizar os conteúdos e sua sistematização, recomen- da-se também ter em mente para quem estão sendo direcionados aqueles sabe- res. Conhecer as características socioculturais, cognitivase afetivas dos alunos é imprescindível. Outra recomendação é que se tenha claro o referencial epistemológico do qual se deriva esses saberes. Aqui, apresentamos as práticas corporais perten- centes ao universo do movimento culturalmente construído. Reafirmamos nosso compromisso com o enunciado claro dos objetivos, constituídos como direitos de aprendizagem, quando se pretende ensinar Educação Física. Ao apresentar as Unidades Didáticas, seus Temas e Assuntos, quisemos fa- cilitar a compreensão do quanto complexo e dinâmico é nosso objeto de estu- do. Para tanto, procuramos argumentar sobre a responsabilidade que temos com nossos objetivos em um processo educacional. 67 atividades de estudo 1. Os currículos sistematizam os conhecimentos que foram construídos pela humanidade ao longo de sua história, e é função da escola socializar esses conhecimentos. Quando se propõe a organizar um currículo para uma maté- ria escolar, deve-se considerar alguns princípios. Nesse sentido, apresente os princípios a serem observados para a organização curricular. 2. Os objetivos educacionais são pontos de partida no processo de ensino aprendizagem, eles determinam o ponto de chegada desse processo. Uma das necessidades em um processo de ensino-aprendizagem são os objetivos educacionais. Considerando estas informações e a leitura da Unidade II, responda as questões a seguir: a) O que representam os objetivos educacionais em processo de organi- zação do ensino escolar? b) O que deve ser observado em suas escolhas? c) Quais as vantagens em seu enunciado? 3. Organizar o currículo de uma matéria escolar em Unidades Didáticas auxi- lia a sistematização dos conteúdos pelas etapas de escolarização e o plane- jamento de aulas. Sobre as Unidades Didáticas, responda as questões a seguir. a) O que são Unidades Didáticas no processo de organização curricular? b) Qual a origem das Unidades Didáticas que compõem o currículo? c) Como estabelecer prioridade das Unidades Didáticas na sistematização dos conteúdos em uma organização curricular? 68 LEITURA COMPLEMENTAR O processo educacional brasileiro é legislado por uma Lei federal e por Resoluções emitidas pelo Conselho Nacional de Educação. Antes de promulgarem uma Re- solução, o referido conselho emite um parecer sobre a minuta que está em pauta. O trecho a seguir foi extraído do Parecer CNE/CEB Nº 7/2010, aprovado em 7 de abril de 2010. Referências conceituais Os fundamentos que orientam a Nação brasileira estão defi nidos constitucionalmente no artigo 1º da Constitui- ção Federal, que trata dos princípios fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana, do plura- lismo político, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Nessas bases, assentam-se os objetivos nacio- nais e, por consequência, o projeto educacional brasilei- ro: construir uma sociedade livre, justa e solidária; ga- rantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- mas de discriminação. Esse conjunto de compromissos prevê também a defe- sa da paz; a autodeterminação dos povos; a prevalência dos direitos humanos; o repúdio ao preconceito, à vio- lência e ao terrorismo; e o equilíbrio do meio ambiente, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações. As bases que dão sustentação ao projeto nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e a escola pela garantia a todos os estu- dantes de um ensino ministrado com base nos se- guintes princípios: I. Igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola; II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e di- vulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógi- cas; IV. Respeito à liberdade e aos direitos; V. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimen- tos ofi ciais; VII. Valorização do profi ssional da educação escolar; VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma da legislação e normas dos sistemas de ensino; IX. Garantia de padrão de qualidade; X. Valorização da experiência extraescolar; XI. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Além das fi nalidades da educação nacional enunciadas na Constituição Federal (artigo 205) e na LDB (artigo 2º), que têm como foco o pleno desenvolvimento da pessoa, a preparação para o exercício da cidadania e a qualifi ca- ção para o trabalho, deve-se considerar integradamente o previsto no ECA (Lei nº 8.069/90), o qual assegura, à criança e ao adolescente de até 18 anos, todos os direi- 69 LEITURA COMPLEMENTAR tos fundamentais inerentes à pessoa, as oportunidades oferecidas para o desenvolvimento físico, mental, mo- ral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. São direitos referentes à vida, à saúde, à ali- mentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssio- nalização, à cultura, à dignidade, ao respeito mútuo, à liberdade, à convivência familiar e comunitária (artigos 2º, 3º e 4º). A Educação Básica é direito universal e alicerce indispen- sável para a capacidade de exercer em plenitude o di- reito à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em meio a transformações corporais, afeti- voemocionais, socioemocionais, cognitivas e sociocultu- rais, respeitando e valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se, portanto, exigências do projeto educacional. Da aquisição plena desse direito depende a possibilidade de exercitar todos os demais direitos, defi nidos na Cons- tituição, no ECA, na legislação ordinária e nas inúmeras disposições legais que consagram as prerrogativas do cidadão brasileiro. Somente um ser educado terá condi- ção efetiva de participação social, ciente e consciente de seus direitos e deveres civis, sociais, políticos, econômi- cos e éticos. Nessa perspectiva, é oportuno e necessário considerar as dimensões do educar e do cuidar, em sua insepara- bilidade, buscando recuperar, para a função social da Educação Básica, a sua centralidade, que é o estudan- te. Cuidar e educar iniciam-se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças a partir de zero ano, que devem ser estendidas ao Ensino Fundamental, Médio e posteriores. Cuidar e educar signifi ca compreender que o direito à educação parte do princípio da formação da pessoa em sua essência humana. Trata-se de considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos – crianças, adolescentes, jovens e adultos – com respeito e, com atenção adequada, de estudantes com defi ciência, jovens e adultos defasados na relação idade-escolarida- de, indígenas, afrodescendentes, quilombolas e povos do campo. Educar exige cuidado; cuidar é educar, envolvendo aco- lher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da escola, da natureza, da água, do Planeta. Educar é, enfi m, enfrentar o desafi o de lidar com gente, isto é, com cria- turas tão imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo de uma existência inscrita na teia das relações humanas, neste mundo complexo. Educar com cuidado signifi ca aprender a amar sem dependência, desenvolver a sensibilidade humana na relação de cada um consigo,com o outro e com tudo o que existe, com zelo, ante uma situação que requer cautela em busca da formação hu- mana plena. [...]. Fonte: Brasil (2010c, on-line). 70 material complementar Educação física e a organização curricular Angela Pereira Palma; Amauri A. A. B. Oliveira; José Augusto Palma Ano: 2010 Editora: EDUEL – Londrina/PR. Sinopse: essa obra é resultado de estudos sobre a temática do ensino da Educa- ção Física na escola, em suas dimensões históricas, fi losófi cas, políticas, institu- cionais e pedagógicas, abordadas em suas possibilidades educacionais. Trata-se de um trabalho que tem por objetivo provocar discussão sobre esse assunto e contribuir para fechar uma das lacunas presentes no Ensino da Educação Física na educação básica - a organização curricular. Indicação para Ler Educação Física e o conceito de cultura Jocimar Daolio Ano: 2004 Editora: Autores Associados Sinopse: ‘cultura corporal’, ‘cultura de movimento’, ‘cultura física’, ‘cultura moto- ra’... A ‘cultura’ tornou-se, nos últimos anos, a principal categoria conceitual da área de educação física no Brasil. Neste livro, com base na perspectiva da antro- pologia social, é analisado o tratamento dado à ‘cultura’ por alguns dos principais autores e obras da educação física brasileira contemporânea. Indicação para Ler 71 material complementar Educação Física Escolar: desafi os e propostas 1 Autor: Evando Carlos Moreira (org) Ano: 2009 - 2ª. ed. Editora: Fontoura Sinopse: na 2ª edição, ampliada e revisada, do livro Educação Física Escolar: de- safi os e propostas 1, estão contemplados elementos que não estavam presentes na primeira edição, fato que possibilita a ampliação de possibilidades de refl exão e compreensão dos diferentes aspectos da Educação Física Escolar. São também oferecidos subsídios aos professores para que possam reavaliar sua condição docente e suas práticas pedagógicas, percebendo a incompletude tanto de sua formação quanto de sua atuação profi ssional. Ao leitor é oferecido uma “viagem na diversidade”, ideias e ideais em congruência para um revigoramento da Educa- ção Física, oferecendo elementos que permitam compreender conceitos atuais e importantes para o trabalho docente no âmbito escolar. Discussões sobre projeto político-pedagógico, planejamento e organização do en- sino, consideração e valorização da história cultural das sociedades, abordagem de diferentes conteúdos, bem como sua aplicação da escola, além de refl exões sobre assuntos muitas vezes adormecidos, tais como a Educação Física no ensino médio noturno, a exclusão realizada de diversas formas, e a inclusão como ele- mento essencial para o desenvolvimento humano e social por meio das práticas pedagógicas, são assuntos abordados nessa obra. Indicação para Ler 72 referências BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, Presidência da República, 1996. Disponí- vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L9394.htm>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensi- no Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. 2010a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dm- documents/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010. De- fine Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica, 2010b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dm- documents/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Parecer nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretri- zes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, Seção 1, p. 10. 2010c. Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_do- cman&view=download&alias=5367-pceb007-10&- category_slug=maio-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Resolução nº 2, de 30 de janeiro 2012. De- fine Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o Ensino Médio. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Bási- ca, 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ index.php?option=com_docman&view=downloa- d&alias=9864-rceb002-12&Itemid=30192>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, Presidência da Repú- blica, 2014. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005. htm>. Acesso em: 19 abr. 2018. ______. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação na- cional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regula- menta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio- nais da Educação, a Consolidação das Leis do Tra- balho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, Presidência da República, 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>. Acesso em: 19 abr. 2018. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2009. 29ª impressão. PALMA, A. P. T. V.; OLIVEIRA, A. A. B.; PALMA, J. A. V. Educação Física e organização curricular: educação física, ensino fundamental, ensino médio. 2. ed. Londrina: Eduel, 2010. SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica - Primei- ras Aproximações. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1992. VEIGA, I. P. A. (Org). Projeto Político-pedagógico da escola: uma construção possível. 23. ed. Campi- nas: Papirus, 2007. 73 gabarito 1. Os currículos devem ser organizados de acordo com alguns elementos bási- cos: os papéis e as finalidades da matéria, a forma de distribuição dos conte- údos pelas etapas e níveis da educação básica, o tempo destinado ao ensino desses saberes, os procedimentos didático-pedagógicos adequados, o perfil dos estudantes de acordo com suas idades e níveis que se encontram matri- culados. 2. a) Os objetivos são antecipações de resultados e de processos que se espera alcançar com as situações de ensino-aprendizagem que acon- tecem na relação pedagógica. b) Na organização dos objetivos, deve ser observado a complexidade do que será ensinado, sua contemporaneidade, a relação que estabelece com o cotidiano do estudante, portanto, a sua contextualização. c) Eles indicam premissas gerais e contêm orientações mínimas e neces- sárias para a relação pedagógica. 3. a) São um conjunto de temas inter-relacionados desenvolvidos a partir de um tema central que pode ser detalhado em tópicos. b) A origem das Unidades Didáticas está no OBJETO DE REFERÊNCIA no qual a matéria organiza seu currículo. c) Um dos procedimentos que deve ter prioridade na organização e siste- matização das Unidades Didáticas é a coerência com os objetivos edu- cacionais. Professor Dr. Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr. José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O que avaliar e como avaliar • Por que e para que avaliar em educação física • Avaliação em educação física e possíveis instrumentos avaliativos em educação física Objetivos de Aprendizagem • Compreender a avaliação em Educação Física como integrante da dinâmica do processo ensino-aprendizagem. • Reconhecer a necessidade da avaliação da Educação Físicano processo educacional escolarizado. • Identifi car os elementos que devem ser observados na composição do processo de avaliação quando se ensina Educação Física. • Conhecer propostas de instrumentos para o desenvolvimento de processos avaliativos para Educação Física Escolar. ASPECTOS AVALIATIVOS DA/PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR unidade III INTRODUÇÃO Avaliar é considerado, por nós, como um dos mais importantes e interessan- tes processos. A avaliação sempre esteve presente e deve continuar presente em qualquer área da atividade humana, por isso está sendo destacada em nosso curso. Aqui, apresentaremos nossa concepção de avaliação de aprendi- zagens em uma situação educacional com perspectiva crítico emancipatória. Os pressupostos que apresentaremos também se estruturam em um entendimento de Educação Física como componente curricular. Tivemos, ainda, a preocupação de indicar, como exemplo, alguns instrumentos que podem auxiliar nessa tarefa. Destacamos que a avaliação, na escola e em uma disciplina escolar em particular, cumpre objetivos de extrema importância, pois seus pro- cedimentos visam sempre contribuir com a melhoria do trabalho que se realizou ou que se pretende realizar. Essa melhoria será decorrente das informações que serão fornecidas pelo ato avaliativo. Ao apresentar nossa concepção de avaliação, adotaremos como pres- suposto de que ela não consistirá em medição, classificação ou exercita- ção de poder por parte do docente. Argumentamos para a necessidade da adoção de atitudes que indiquem e desenvolvam atitudes de superação de uma concepção e de modelos avaliativos que promoviam tanto a discri- minação como a motivação para a evasão escolar. Caberá, ao professor, em sua prática didática-pedagógica cotidiana, na relação que estabelece com os seus estudantes, encontrar elementos que forneçam subsídios para uma avaliação coerente e adequada. Um dos refe- renciais para que isso aconteça estará presente nos objetivos que estão pro- postos para serem alcançados e nos conteúdos programados para o ensino. Dentre os instrumentos que o professor encontrará à sua disposição, também terá autonomia para escolher aqueles que considerar melhor ou mais adequado, no momento da relação pedagógica; e aquele ou aqueles que oferecer situações de realização dos diagnósticos, quer para as apren- dizagens como para o ato de ensinar. 78 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Todas as ações do professor, seja na seleção dos conteúdos ou na eleição de procedimentos e técnicas de ensino e procedimentos de avaliação, estarão condicionadas pelos pressupostos teórico-metodológicos que aparecem ex- plícito ou implicitamente em sua prática (LIBÂNEO, 2009). Para Palma et al. (2010, p. 205): [...] avaliação escolar precisa ser extraída do projeto pedagógico da escola. Afi nal, é nele que estará defi nida a perspectiva educacional norteadora das ações educativas. Sendo assim, deve-se avaliar tanto a ação docente (o ensi- no), quanto a ação discente (a aprendizagem). Segundo Hoff man (2008), ainda que encontremos avanços no conceito e com- preensão da avaliação da aprendizagem, a polêmica em torno dela continua mui- to grande. Para a autora, a avaliação é refl exão e a capacidade do ser humano em O que Avaliar e como Avaliar EDUCAÇÃO FÍSICA 79 EDUCAÇÃO FÍSICA pensar seus atos, analisá-los, julgá-los, interagindo com o mundo e com as outras pessoas, que infl uenciam e sofrem infl uências no pensar e agir. Dessa forma, a avaliação deve ser refl etida e discutida, em conjunto (pois isoladamente não se consegue despir de valores), na escola, por todos os seus participantes, professores, estudantes e comunidade, para assim ressignifi cá-la. Para Hoff man (2008), os caminhos da avaliação devem ser construídos pelo confronto das ideias, repensando e discutindo valores, princípios e métodos. Destaca, também, que o professor é partícipe do sucesso ou do fracasso do estu- dante, visto que a avaliação mediadora tem por fi nalidade a evolução da aprendi- zagem dos educandos, tendo o professor enorme responsabilidade sobre ela. Os estudantes estão sempre em processo de desenvolvimento. O desenvolvimento é um caminho à frente, descobrindo novas maneiras de aprender e novos jeitos de ser (HOFFMAN, 2008). 80 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Um dos grandes desafios que se coloca para a Edu- cação Física com sentido emancipatório crítico-re- flexivo é a superação de formas e entendimentos do que seja avaliar. Essa superação passa, principal- mente, pela concepção e compreensão da disciplina no contexto da educação escolarizada. Nesse senti- do, Palma et al. (2010, p. 206), consideram que: Por que e Para que Avaliar em Educação Física EDUCAÇÃO FÍSICA 81 [...] superar os entendimentos classificatórios e discriminatórios da avaliação é passar a conside- rá-la como um conjunto de trabalhos e/ou ativi- dades, para verificar como o aluno está abstraindo um determinado conteúdo proposto, observando o quanto ele avançou e melhorou em seus concei- tos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganização e a continuidade do trabalho do professor. Avaliar, muito mais do que aplicar instrumentos de verificação de aprendizagem, implica em excitar os estudantes na busca da construção de novos conhe- cimentos. Isso favorece a abertura de um espaço de diálogo, orientação, informação, observação, expli- cação, correção, questionamento, aconselhamento, crítica, resposta e escuta. Porém, quando olhamos em específico para o ensino das Práticas Corporais: de que forma o estudante deve ser avaliado? A primeira resposta, e com certeza a mais direta e uniforme, deveria ser: o estudante é avaliado de acordo com os objetivos que foram determinados no planejamento de ensino, no Projeto Pedagógi- co, e que tem como orientação os objetivos gerais da disciplina e da educação escolarizada, portanto, aquilo que é definido em seu propósito educativo. Freire (1982) concebe que o que se avalia é a prática educativa e não uma parte dela. Hoffman (2008) afirma que se deve fazer uma análise qualitativa que contemple múltiplas dimen- sões: objetivos, conteúdos, atividades, sendo o estu- dante o centro dessa análise. Tendo como premissa básica e orientadora de que os objetivos sugerem pontos que devem ser atingidos, consideramos que a avaliação tem a res- ponsabilidade de fazer esta verificação. Avaliar é um processo de análise, de discussão, de reavaliação e de reorganização do projeto pedagógico. Ao ser integrante do projeto edu- cacional, deve partilhar dos princípios funda- mentais a ele vinculados. A avaliação é idea- lizada para verificar o aluno individualmente, situação que redimensiona o valor numérico, da quantificação classificatória e excludente para o sentido qualitativo, isto é, o que é obser- vado é a compreensão do conteúdo pelo aluno. Superar os entendimentos classificatórios e discriminatórios da avaliação é passar a con- siderá-la como um conjunto de trabalhos e/ou atividades, para verificar como o aluno está abs- traindo um determinado conteúdo proposto, observando o quanto ele avançou e melhorou em seus conceitos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganização e a continuidade do trabalho do professor. Para avaliar construtivamente, é necessário que os objetivos e conteúdos que serão abordados estejam claros para o professor (PALMA et al., 2010, p. 205 - 206). Quando propomos que a avaliação deva ser efetiva- da a partir da adoção de um ensino crítico-reflexivo com perspectiva emancipatória, estamos deixando claro que é integrante do projeto educacional, para possibilitar a análise, a discussãoe a reorganização desse projeto, não sendo mais um instrumento bu- rocrático e empacotado na Escola e com fim nele mesmo. Ela deverá verificar a eficácia da prática peda- gógica desenvolvida pelo professor e não, exclusi- vamente, o aproveitamento do estudante, ou seja, o quanto ele aprendeu apenas no sentido quantitativo. Sendo assim, a avaliação passa a ter um sentido e função diagnóstica, construtiva e não classificatória. 82 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Consideramos que a avaliação para a disciplina Edu- cação Física na escola, como integrante de um proje- to educacional mais amplo e com sentido emancipa- tório, estabelecerá que os critérios avaliativos sejam decorrentes da forma pela qual o estudante apreen- de a realidade e de como atua sobre ela. A avaliação em Educação Física acontecerá so- bre os objetivos e conteúdos que foram propostos e os conceitos produzidos a partir das abstrações acontecidas e terá como orientação as práticas defi - nidas pela metodologia de ensino. Com esse enten- dimento, ela deverá: • Verifi car como o estudante utiliza os concei- tos apresentados pelo professor e os relaciona com a sua vida. • Observar se o estudante demonstra satisfação na realização das manifestações corporais, den- tro de suas limitações e capacidade de execu- ção, não impondo um padrão a ser alcançado. • Identifi car se o estudante demonstra assimi- lação conceitual e procedimental das práticas corporais e se estas efetuaram transforma- ções atitudinais na forma de comportar-se frente às atividades, ao grupo a que pertence e socialmente de forma geral. Avaliação em Educação Física e Possíveis Instrumentos Avaliativos em Educação Física EDUCAÇÃO FÍSICA 83 A avaliação deve verifi car se o estudante tem auto- nomia para solucionar problemas que surgem nas atividades e, ainda, identifi car se ele reúne elemen- tos sufi cientes para adoção de uma cultura de vida ativa. Não pode centrar-se nas respostas prontas e decoradas ou na execução perfeita de movimentos específi cos, estereotipados, de modalidades esporti- vas. Essa característica refl exiva superadora é vital para um processo avaliativo signifi cativo. Quando o professor estabelecer como foco a dimensão conceitual, o que se espera é que o es- tudante busque aprofundamento sobre o tema, re- lacione outras referências que facilitem o processo de assimilação do conteúdo, podendo existir uma exposição dos temas em forma de painéis, maque- tes ou mesmo a visitação a locais que possam acres- centar outras informações relevantes ao assunto. Na dimensão procedimental está a forma de avaliação que mais tem sido utilizada pela Educa- ção Física em seu processo histórico. Assim como as outras dimensões, quando se avalia se o estudante sabe sobre o que faz, são necessários a utilização de instrumentos que tornem a observação por parte do professor a mais adequada possível. O fato de verifi car o “saber fazer” pode pare- cer simples, ou seja, quem realiza a atividade de maneira efi ciente assimilou a técnica, e quem não realiza não assimilou. Porém, ao se tratar do ensino do Esporte, esse entendimento precisa observar a capacidade que cada estudante tem, dentro das suas próprias condi- ções, de resolver as situações que surgem no decor- rer da aula. Nossa proposta é que haja uma mudança Falar em avaliar implica reportar-se a um olhar que distingue, que rompe com a indife- rença. Quando se afi rma que algo é bom, é preciso indagar o que se quer dizer com isso – bom por que, para quem? REFLITA Para isso, sugerem-se algumas possibilidades de avaliação, mesmo entendendo que elas são modelos prontos e que devem ser entendidas como ponto de partida para pensar novas maneiras de avaliar. 84 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO de concepção daquilo que se avalia corriqueiramen- te nas aulas: sair da dimensão do rendimento dese- jado para o rendimento possível. Os estudantes são muito diferentes entre si, mas com possibilidades de aprendizagem muito pareci- das, seja no aspecto físico, cognitivo ou social, vis- to que as experiências de vida estão relacionadas à cultura do meio em que vivem. Portanto, faz-se necessário observar na dimensão do que é possível para cada estudante. Outro aspecto que deve ser considerado diz res- peito à capacidade que o alunado adquire para utili- zar-se dos elementos das práticas corporais para sua vida, ou seja, a avaliação dessa dimensão deve verifi- car se o estudante apresenta satisfação, prazer, gosto pela atividade, o que poderá indicar a adoção dessa prática para o cotidiano. Deve-se observar se o estudante é capaz de transformar as manifestações corporais experimen- tadas de acordo com sua necessidade, ou seja, uma determinada atividade, desenvolvida durante a aula, reúne elementos de dificuldades e que podem com- prometer a prática. Como ele lida com essa situação, adapta-se a ela ou adapta à sua condição? A capacidade de transformar a prática é de suma importância, pois, muitas vezes, a condição futura não permitirá que as experiências vivenciadas sejam as mesmas fora do ambiente de prática em si, neces- sitando modificações. Nessa dimensão procedimental, pode-se avaliar o estudante dentro de um parâmetro evolutivo e in- dividual, utilizando situações problema nas quais o estudante resolva-as a partir de sua condição. Outra possibilidade de avaliação é solicitar que ele crie no- vas formas de “movimentar-se” a partir das experi- ências que teve, identificando, assim, a capacidade de transformação da prática. Por fim, sugerir que os estudantes pesquisem so- bre as atividades físicas e práticas corporais e suas transformações ao longo da história, bem como or- ganizem atividades que retratem essas mudanças, levando o grupo a participar das atividades como estas eram praticadas antigamente e atualmente. Contudo, não queremos dizer que não se deva cobrar envolvimento, dedicação e comprometimen- to com as práticas corporais, muito ao contrário! Os alunos, por intermédio de reflexões, deverão ter a competência de avaliar suas possibilidades e o quan- to se envolveram para superar estágios anteriores. O professor deve disponibilizar meios e procedimen- tos que possibilitem avanços, independentemente dos estágios dos alunos. Nesse quesito, a partir dos diagnósticos (a avaliação prévia), o professor terá parâmetros gerais de seus alunos e, com isso, balizar as observações e evoluções, respeitando as condi- ções gerais de cada um de seus alunos. O ensino e a aprendizagem devem se tornar sig- nificativas para os alunos e estes devem ter clareza de suas ações, envolvimento e avanços obtidos. Os processos avaliativos precisam propiciar aos alunos essas reflexões, e disponibilizar aos professores indi- cativos do envolvimento e apreensão dos alunos so- bre os conteúdos selecionados e ensinados ao longo do período. A terceira dimensão, atitudinal, deve ser avaliada por meio de observação do grupo diante das ativida- des. Por se tratar de uma dimensão que abrange valores humanos de convivência, verificar como os estudantes vivem e percebem essa dimensão é fundamental. Para isso, reflexões sobre o comportamento do grupo e com o próprio grupo, de preferência, é uma forma eficaz de avaliação, ou seja, discute-se com os estudantes o que cada um traz de contribuição para as relações humanas. EDUCAÇÃO FÍSICA 85 O erro, o individualismo, a falta de respeito, den- tre outras atitudes, devem ser tratadas pelo grupo, porém isso não deve ser exposto de forma constran- gedora, mas sim para apresentar as fragilidades do ser humano que precisa buscar constantemente seu aprimoramento. Essas possibilidades de reflexão podem e devem ser retiradasda prática corporal, uma vez que ela é muita rica em valores. O jogar com o outro ou con- tra o outro precisa ser discutido, bem como a impor- tância de todos nas aulas. As ações sóciocomportamentais estão direta- mente ligadas à dimensão atitudinal, contudo, res- salta-se que não se trata apenas das relações do alu- no consigo mesmo e com os outros, mas também o comportamento em relação aos conteúdos ensina- dos e a postura que adotam a partir deles. Um exemplo acerca dessa relação se dá por meio do trato nas aulas de Educação Física com foco na mudança do padrão de vida ativo por meio de práti- cas corporais diárias, tais como: alimentação adequa- da, retirada do refrigerante da dieta diária após ter vivenciado o tema vida saudável nas aulas representa uma atitude positiva frente ao conteúdo ensinado. Essa é uma resposta muito positiva e que, por vezes, foge ao controle e/ou possibilidade de o professor verificar, mas se adotar procedimentos avaliativos que utilizem entrevistas, questionários, relatórios e/ ou seminários, poderá muito facilmente ver o reflexo das aulas no comportamento atitudinal dos alunos. Deve-se entender que as práticas corporais são possibilidades para o exercício da convivência futura, ou seja, a presença do outro é essencial. Uma avalia- ção eficiente não é aquela que emite conceitos de valor numérico, de acordo com o que o estudante é capaz de responder objetivamente, mas sim aquela que conse- gue identificar se o estudante realmente compreendeu a importância do conteúdo, bem como sua utilização para a vida. Ressaltam Palma et al. (2010, p. 206): [...] avaliar, ainda, significa rever ou interpretar o “erro” de outra forma: o conhecimento é cons- truído pelas inter-relações que o aluno vai rea- lizando ao longo da vida. Então, o erro compõe o processo de aprendizagem e tem fundamental importância nesse processo de construção. Os erros devem ser considerados pelo professor como aspectos a serem levantados junto com os alunos para a verificação de contradições, confli- tos e não coerência entre as respostas dos alunos. Assim, a avaliação deve ser um olhar sobre a ação docente e um repensar sobre essa ação, pois, segun- do Hoffman (2004), as conquistas e as decepções do estudante também são responsabilidades do profes- sor. Dessa forma, as mudanças no trato pedagógico dos conteúdos podem ocorrer. “A avaliação escolar precisa ser extraída do projeto pedagógico da escola. Afinal, é nele que estará definida a perspectiva educacional norteadora das ações educativas. Superar os entendimentos classificatórios e discriminató- rios da avaliação é passar a considerá-la como um conjunto de trabalhos e/ou atividades, para verificar como o aluno está abstraindo um de- terminado conteúdo proposto, observando o quanto ele avançou e melhorou em seus concei- tos. Objetiva, ainda, possibilitar a reorganização e a continuidade do trabalho do professor. Avaliar, ainda, significa rever ou interpretar o “erro” de outra forma: o conhecimento é cons- truído pelas inter-relações que o aluno vai reali- zando ao longo da vida. Então, o erro compõe o processo de aprendizagem e tem fundamental importância nesse processo de construção”. Fonte: Palma et al. (2010, p. 205-206). SAIBA MAIS 86 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Sugere-se que o professor também se deixe avaliar pelo estudante, ouvindo o que pensa em forma de discussões abertas com o grupo, aplicação de ques- tionários que buscam identificar se a disciplina vem satisfazendo os desejos do grupo, ou mesmo entre- vistas que ofereçam maiores possibilidades de expli- citação de algo. Mesmo ocupando mais tempo, essa forma de avaliação traz resultados mais precisos e preciosos. O professor precisa reconhecer possíveis desvios ou equívocos apontados pelo alunado, sem considerar como algo pessoal, antipatia, perda de poder ou controle, mas como sugestões para melhoria do seu “ser professor”. Por fim, é preciso ter claro que o processo ava- liativo não deve ser colocado como punição ou con- trole disciplinar da turma. Ele é o fator decisivo para a correção dos caminhos da disciplina e das ações desenvolvidas. Os dados resultantes das avaliações são importantes na medida em que representam o quanto de acerto se tem obtido com os objetivos traçados, as estratégias metodológicas adotadas e os procedimentos gerais traçados. Como sugestão para a avaliação em Educação Física, apresentamos alguns instrumentos que au- xiliarão o professor quando elaborar seu processo avaliativo: • Ficha de acompanhamento individual. • Ficha de autoavaliação. • Folha de atividades com questionamentos aos estudantes. Lembramos que a utilização de um ou mais instru- mentos está diretamente vinculado àquilo que foi definido no plano e propósito educativo, conside- rando os objetivos enunciados e os conteúdos en- sinados. Para ajudá-lo a sistematizar e organizar uma ação avaliativa, trouxemos a você um exemplo de uma ficha de acompanhamento individual, nela será possível identificar as questões motoras, conceituais e atitudinais desenvolvidas individualmente pelos alunos. EDUCAÇÃO FÍSICA 87 EXEMPLO DE FICHA DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL DO ESTUDANTE PELO PROFESSOR Nome do aluno:__________________________________________________ Série:_____________________________________________________________ Aspectos a serem observados N PV AV MV S Identifica e verbaliza sua ação motora Compreende a razão do êxito/não-êxito de sua ação motora Reconhece a importância do conteúdo estudado Verbaliza a antecipação de sua ação motora Compreende as propostas sugeridas pelo professor/grupo Contribui com outras possibilidades motoras para o atendi- mento aos problemas propostos Colabora na elaboração e na reelaboração das regras Aceita as sugestões formuladas Argumenta e defende suas sugestões pessoais Respeita seus colegas, independentemente dos aspectos físicos, sociais, culturais ou de gênero Compreende o conteúdo proposto Enfrenta desafios N nunca MV muitas vezes PV poucas vezes S sempre AV algumas vezes Fonte: Palma et al. (2010, p. 210). 88 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO EXEMPLO DE PLANILHA PARA A AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO SOBRE UM DETERMINADO CONTEÚDO UNIDADE DIDÁTICA: ESPORTE Tema: esporte coletivo - basquetebol Nome do aluno:__________________________________________________________________ Série:_____________________________________________________________________________ Aspectos a serem observados N PV AV MV S Sei aplicar as principais regras do jogo Identifico as regras do jogo Cumpro as regras do jogo Reconheço os momentos de utilização do fundamento do drible Utilizo adequadamente o arremesso Utilizo oportunamente o passe Aceito as decisões do árbitro Aceito os erros dos meus colegas Desenvolvo o espírito de grupo Coloco-me em condições de ajudar os colegas Utilizo adequadamente o espaço de jogo Executo bem o saque Sou capaz de admitir os meus erros Integro-me bem no grupo Aceito o resultado do jogo N nunca MV muitas vezes PV poucas vezes S sempre AV algumas vezes Fonte: Palma et al. (2010, p. 210). O exemplo da planilha de autoavaliação do aluno objetiva levá-lo a perceber seus avanços, potencialidades e limites em cada conteúdo tratado nas aulas de Educação Física. Veja o exemplo: EDUCAÇÃO FÍSICA 89 Outra forma de trabalho importante é a Folha de Atividades, este é um exemplo de ativida- des que irá ajudar a fixação dos conteúdos trabalhados em aula. PROPOSTADE FOLHA DE ATIVIDADES UNIDADE: ESPORTE TEMA: ESPORTE COLETIVO - BASQUETEBOL ASSUNTO: CARACTERIZAÇÃO – REGRAS – SISTEMA TÁTICO Nome do aluno:__________________________________________________________________ Série:_____________________________________________________________________________ AVALIAÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA RESOLVA CRUZADINHA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 90 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Horizontais 2- Sistema de marcação em que um jogador fica responsável por marcar um único adversário. 5- Denominação figurativa do setor do campo para o lance livre. 8- Sistema utilizado pela equipe para conseguir marcar o ponto. 9- Nome da composição do grupo de jogadores. 10- Sistema de marcação no qual cada jogador fica responsável por um setor. Verticais 1- Sistema utilizado pela equipe para evitar que a outra marque ponto. 3- Objeto esférico manipulado pelos jogadores. 4- Situação na qual as equipes estão em movimento. 6- Normas que todos os jogadores devem respeitar durante o jogo. 7- Número máximo de jogadores por equipe para iniciar o jogo. 8- Todos os jogadores devem possuir para manipular bem a bola. Fonte: adaptado de Palma et al. (2010, p. 210). EDUCAÇÃO FÍSICA 91 Você ainda poderá utilizar nas suas aulas questionários para que possam oportunizar a reflexão de seus alunos acerca dos saberes e conhecimentos tratados nas aulas de Educação Física. Veja o exemplo a seguir: MODELO DE QUESTIONAMENTOS AOS ESTUDANTES 1. Em uma situação de um jogo de basquetebol, um estudante-jogador, Marcos, ao pegar a bola, percorre uma distância driblando, em seguida, segura a bola nas mãos e dá 3 passos em direção a cesta e, no quarto passo, arremessa, conseguindo concluir sua jogada com sucesso. O árbitro: a. Apita, marcando ponto para a equipe de Marcos. b. Apita e sinaliza que não foi marcado ponto. Justifique sua escolha: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 2. Qual a importância das regras de convivência construídas em grupo? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 92 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 3. Enumere as colunas correspondentes ao enunciado: a. Forma de organizar o jogo para atingir os objetivos. b. Esporte Coletivo, jogado em uma quadra com marcações. c. Situação em que o time está com a posse de bola no campo do adversário. d. Situação em que o time não está com a posse de bola e está marcando os adversários. e. Devem ser pensadas coletivamente antes do jogo. ( ) Defesa. ( ) Estratégias de jogo. ( ) Tática. ( ) Características do Basquete. ( ) Ataque. Fonte: os autores. Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade, na qual trouxemos discussões e refle- xões acerca da estruturação das aulas de Educação Física de forma a levá-lo(a) e auxiliá- -lo(a) na estruturação de sua atuação docente no campo escolar. 93 considerações finais Sendo o ato de avaliar uma das práticas humanas que merecem destaque, vimos que, na educação escolarizada, ela atinge dimensões de alta complexidade, pois se atenta a destacar e atribuir juízos de valores para práticas também humanas: a aprendizagem e o ato de ensinar. E na educação escolar, ela se torna uma prática social com compromissos definidos, mas quando o assunto avaliação é colocado em destaque, parece que se cria obstáculos para o desenvolvimento de um ótimo ensino, tal a sua complexidade. O tema ou assunto avaliação ainda parece estar em um terreno delicado, pois quando se avalia, pode ser observada as fragilidades do processo. Avaliar em um processo educacional deve assumir um compromisso com o avanço para atender os objetivos e direitos de aprendizagem; ela indicará proce- dimentos para dinamizar ou corrigir o processo. Pelo referencial utilizado, a avaliação tem exigido muito empenho e tempo da comunidade educacional e científica, pois, além de informar sobre o que se fez, ela indica procedimento para novas ações, mostrando efeitos positivos ou não. Quando se pensa avaliação em Educação Física, deve-se ter em conta, em primeiro lugar, a sua característica como componente curricular com conteúdos para serem ensinados e aprendidos, logo ela, a avaliação, torna-se importante e necessária. Vimos que são vários os instrumentos que podem ser utilizados na avaliação pela disciplina Educação Física. Temos indicado que todos eles possuem uma orientação não apenas técnica, mas pedagógica e com alto grau de cientificidade. A escolha por um ou outro instrumento ou por todos eles dependerá dos objeti- vos que se estabeleceu e para os conteúdos que se havia programado. Como pode ser observado nesta unidade, procuramos auxiliá-lo(a) na cons- trução de um entendimento de avaliação formativa e mostrar que, ainda que con- siderada complexa, é possível realizar um ótimo trabalho avaliativo. 94 atividades de estudo 1. A avaliação é considerada importante em qualquer setor de atividade huma- na. Por isso ela também está presente no processo educacional escolarizado. Responda: a) Para que se avalia na escola e em Educação Física? b) O que se avalia em uma disciplina escolar quando ela fica responsável pelo ensino de um saber? c) Como de define os instrumentos de avaliação em uma disciplina escolar? 2. Os processos avaliativos precisam propiciar reflexões aos alunos e disponi- bilizar, aos professores, indicativos do envolvimento e apreensão dos alunos sobre os conteúdos selecionados e ensinados ao longo do período. As dimen- sões conceitual, atitudinal e procedimental são importantes instrumentos na elaboração dos processos avaliativos na Educação Física, neste sentido, dis- corra sobre cada umas dessas dimensões. 3. Leia a situação descrita a seguir: No início da aula, o professor lembra a turma que havia indicado que naquele dia faria uma avaliação. O conteúdo que estava sendo ensinado era o basque- tebol, e teve como tema de ensino os fundamentos técnicos e, dentre eles, o arremesso à cesta. Assim, ele solicita aos estudantes, individualmente, para executarem o movimento de arremesso à cesta, conforme os princípios bio- mecânicos que ele ensinou. De acordo com ensinado pelo professor, quando se executa o arremesso, levando em conta a biomecânica do movimentos, ele pode ser mais eficiente. O Professor quer observar, na avaliação, se os estu- dantes sabem: a) se posicionar corporalmente no movimento de arremesso em sua totalidade; b) a forma de segurar a bola antes do arremesso; e c) a posição da mão de arremesso na parte final do fundamento técnico, após a soltura da bola. Considerando a situação descrita, assinale a dimensão em que o professor está focando sua avaliação: a) Dimensão conceitual. b) Dimensão atitudinal. c) Dimensão procedimental. d) Dimensão didático-pedagógica. e) Nenhuma das alternativas. 95 LEITURA COMPLEMENTAR Caro(a) aluno(a), disponibilizamos a você esta “Leitura complementar”, com o objetivo de acres- centar maior conhecimento sobre os conteúdos que já foram apresentados nesta unidade e ao longo do material de “Educação Física no Ensino Fundamental e anos fi nais e Ensino Médio”. Avaliação na Educação Física escolar: singularidades e diferenciações de um componentecurricular Este estudo tem por objetivo apresentar um diálogo com três professoras de Educação Fí- sica das séries iniciais do ensino fundamental, dedicando especial atenção para as práticas avaliativas. Defi ne como instrumento de pesquisa a entrevista semiestruturada e como base interpretativa a análise de conteúdo. Os dados apresentam possibilidades de avaliar nas aulas de Educação Física a partir de diferentes instrumentos de registro, levando em consideração a especifi cidade desse componente curricular. Aponta caminhos para se pro- jetar a avaliação, ultrapassando os discursos acadêmicos que fundamentam suas análises em diagnósticos de denúncias. INTRODUÇÃO A avaliação educacional, sob diversos enfoques, tem sido objeto de intensos debates no Brasil desde a década de 1930. Nos últimos anos, a refl exão sobre essa temática intensi- fi cou-se, assumindo concepções epistemológicas diversas, bem como objetos de estudo. No que tange especifi camente à Educação Física, é possível afi rmar que as pesquisas no campo da avaliação começam a expressar suas refl exões em meados da década de 1970, infl uenciadas pelos trabalhos de Bloom, Pophan, Scriven, Stake, Stuffl ebeam e Tyler. Contudo, trabalhos do tipo estado da arte, como os de Santos (2002), Alves e Soares Junior (2007) e, recentemente, Macedo (2011), têm demonstrado um reduzido número de pesqui- sas sobre avaliação na Educação Física. Santos (2002) e Macedo (2011), ao tomarem como fonte os periódicos e congressos científi cos da área no período de 1930 a 2010, evidenciam a existência de quarenta artigos que tratam dessa temática, sendo que desses apenas sete mergulham no cotidiano escolar. Embora os autores, no campo da Educação em geral, como Hoff mann (2001), Perrenoud (1999) e, especifi camente na Educação Física, Resende (1995) e Souza Júnior (2004), sinaliza- rem avanços teóricos nos discursos acadêmicos sobre avaliação educacional, os trabalhos acabavam por denunciar as mazelas das práticas pedagógicas cotidianas. 96 LEITURA COMPLEMENTAR É oportuno salientar que esse não é um problema específi co dos estudos no campo da avaliação educacional, nem, tampouco, um problema específi co da Educação Física. Percebermos que é preciso, conforme destacou Alves e Oliveira (2002), evidenciar mais do que a tendência de descrever a escola em seus aspectos negativos dizendo o que não há nelas ou o que não corresponde ao modelo de análise adotado. Faz-se neces- sário apresentar possibilidades de intervenção na/para a Educação Física que vão além da continuidade/insistência em gerar diagnósticos de denúncia. A questão posta por essa opção se projeta no sentido de perceber o que de fato a escola faz, porque faz e com quem faz. Buscamos, com isso, compreender não apenas as ações prescritivas como produtoras de conhecimento escolar, mas, sobretudo, os saberes da prática, criados e recriados diariamente nos espaços e tempos escolares, pelos praticantes que os constituem. Diante disso, nos aproximamos de uma perspectiva de pesquisar com, e não apenas sobre o professor e a escola. Buscamos contrariar esta última perspectiva por meio da indicação da produção de dados, de diálogos compartilhados e de um retorno àqueles que fazem a escola e possibilitam o desenvolvimento da pesquisa acadêmica, assumindo a escola como espaço de produção de conhecimento e os agentes sociais como praticantes6 dessas produções. Temos como objetivo, neste trabalho, ao dar visibilidade às práticas avaliativas produzidas por três professoras de Educação Física das séries iniciais do ensino fundamental, indicar caminhos e possibilidades concre- tas para atuação profi ssional. O estudo está estruturado em duas partes. Na primeira apresentamos o referencial teórico-metodológico adotado, dedicando-nos à identifi cação das professoras, tipos de instrumentos e análise de dados. Posteriormente, apresentamos as práticas avaliativas das professoras, dialogando com os estudos no campo da avaliação, tanto da Educação como da Educação Física. Para ter acesso ao material completo, acesse o link disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32892013000400006&lang=pt>. Fonte: Santos e Maximiano (2013, on-line). 97 material complementar A avaliação na (da) educação física escolar Luiz Eduardo Pinto Tourinho Dantas e Edison de Jesus Manoel Editora: CRV Sinopse: a avaliação é uma das ações principais de quem conduz o processo ensi- no-aprendizagem na educação física escolar. Ainda que seja prerrogativa do pro- fessor, a avaliação não pode ser um ato arbitrário. Avaliação deve ser partilhada pelo professor com seus estudantes e vice-versa. Avaliação é, assim, construção e é dessa forma que o presente livro busca tratá-la. Indicação para Ler Práticas Pedagógicas Refl exivas em Esporte Educacional: Unidade Didática como Instrumento de Ensino e Aprendizagem. Adriano Autores: Rossetto Jr.; Caio Martins Costa e Fabio Luiz D´Angelo Editora: Phorte. Sinopse: esse livro retrata o trabalho desenvolvido por professores que se dedi- cam a planejar, aplicar e avaliar a qualidade do seu ensino. São apresentadas 11 unidades didáticas na temática do esporte educacional que integram aspectos relacionados à seleção de objetivos, expectativas, estratégias, atividades, indica- dores e instrumentos de avaliação. Indicação para Ler A Educação Proibida 2012 Sinopse: por meio de 45 experiências educativas fora dos padrões tradicionais, que foram analisadas em 90 entrevistas com pessoas de oito países diferentes, o docu- mentário A Educação Proibida se propõe a questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação. Além de apresentar vias alternativas para como crianças e adolescentes estão sendo educados, o fi lme demonstra as fa- lhas do modelo de educação vigente, que produz cidadãos doutrinados pelo sistema e que proíbe qualquer ato que não esteja conforme a norma estabelecida por ele. Indicação para Assistir 98 referências FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. HOFFMANN, J. Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. Porto Alegre: Me- diação, 2008. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2009. 29 impressão. PALMA, Â. P. T. V.; OLIVEIRA, A. A. B.; PALMA, J. A. V. Educação Física e or- ganização curricular: educação física, ensino fundamental, ensino médio. 2. ed. Londrina: Eduel, 2010. SANTOS, W.; MAXIMIANO, F. L. Avaliação da Educação Física Escolar: singu- laridades e diferenciações de um componente curricular. Rev. Bras. Ciênc. Es- porte. Porto Alegre, v. 35, n. 4, out./ dez. 2013. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32892013000400006&lang=pt>. Acesso em: 24 abr. 2018. 99 gabarito 1. a. A avaliação, na escola e em uma disciplina escolar em particular, cum- pre objetivos de extrema importância, pois seus procedimentos visam sempre contribuir com a melhoria do trabalho que se realizou ou que se pretende realizar. b. Ela deverá verificar eficácia da prática pedagógica desenvolvida pelo pro- fessor e não, exclusivamente, o aproveitamento do estudante, ou seja, o quanto ele aprendeu apenas no sentido quantitativo. Sendo assim, a avaliação passa a ter um sentido e função diagnóstica, construtiva e não classificatória. c. A utilização de um ou mais instrumentos está diretamente vinculado àquilo que foi definido no plano e propósito educativo, considerando os objetivos enunciados e os conteúdos ensinados. 2. Na dimensão procedimental: avaliar o estudante dentro de um parâ- metro evolutivo e individual, utilizando situações problemas nas quais o estudante resolva-as a partir de sua condição. Outra possibilidade de avaliação é solicitar que ele crienovas formas de “movimentar-se” a par- tir das experiências que teve, identificando assim, a capacidade de trans- formação da prática. Na dimensão atitudinal: por se tratar de uma dimensão que abrange valores humanos de convivência, verificar como os estudantes vivem e percebem essa dimensão como fundamental. Reflexões sobre o compor- tamento do grupo e com o próprio grupo é uma forma eficaz de avalia- ção, discute-se com os estudantes o que cada um traz de contribuição para as relações humanas. Na dimensão conceitual: o que se espera é que o estudante busque aprofundamento sobre o tema, relacione outras referências que facili- tem o processo de assimilação do conteúdo, podendo existir uma exposi- ção dos temas em forma de painéis, maquetes ou mesmo a visitação a lo- cais que possam acrescentar outras informações relevantes ao assunto. 3. A alternativa correta é c. Professor Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira Professor Dr. José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Angela Pereira Victoria Palma Professora Dra Vânia de Fátima Matias de Souza Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Mapa Conceitual enquanto Estratégias de Ensino na Educação Física Escolar • Mapas Conceituais e sua importância didática • Como organizar mapas conceituais utilizando o núcleo movimento e saúde para a Educação Física Escolar do Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio Objetivos de Aprendizagem • Apresentar a estruturação de mapas conceituais. • Demonstrar os mapas conceituais como ferramenta para o processo de estruturação e discussão didática com alunos. • Compreender a relevância da estruturação dos mapas conceituais para o planejamento e organização das aulas. MAPA CONCEITUAL DOS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA: UMA ESTRATÉ- GIA INTERESSANTE E ÚTIL unidade IV INTRODUÇÃO O Planejamento se coloca como peça fundamental a qualquer ação que venhamos a desenvolver. Na educação, em especial, ele é ponto chave. O ato de planejar é contínuo, não se esgota no início do ano, ele preci- sa ser cuidado em todo o seu desenvolvimento. Os aspectos relacionados ao sucesso ou insucesso de cada etapa precisam ser monitorados. Procurando avançar um pouco mais e oferecer alguns encaminha- mentos que possam subsidiar essa tarefa, abordaremos, aqui, os mapas conceituais. Eles servem como ferramenta interessante e que facilita, a todos os professores e alunos, a visualização geral do que se espera ensi- nar ao longo do período escolar. Dessa forma, as possibilidades de acompanhamento ficam facili- tadas e visualmente mais claras, nas quais os alunos e professores po- derão controlar o andamento de todas as etapas e aspectos abordados durante o ano. É de suma importância que professores e alunos, de posse dos temas anuais, dediquem-se à construção conjunta dos mapas, pois, dessa forma, é possibilitada a visualização do grau de dependência de um tema ao ou- tro e de uma unidade à outra. O fato de se observar essa relação facilita que todos enxerguem o “porquê” de se colocar determinados conteúdos ao longo do ano e na disciplina. Para esse exercício de uso de mapas conceituais, vamos partir dos nú- cleos propostos por Palma, Oliveira e Palma, (2010). Notem que nos dois primeiros exemplos não foram colocadas as ligações entre os temas, ape- nas vinculações. Não deixe de estimular os alunos a criarem as ligações dos temas de acordo com o entendimento que adotarem. Para o terceiro exemplo, que reúne todos os temas dos três anos, foram apresentadas sugestões de ligações, mas elas podem ser alteradas de acordo com o en- tendimento do grupo e as vivências que irão adquirir. 104 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Mapa Conceitual Enquanto Estratégias de Ensino na Educação Física Escolar EDUCAÇÃO FÍSICA 105 As ações desenvolvidas nas aulas de Educação Fí- sica Escolar devem estar atreladas às concepções teóricas, proposições metodológicas ou delinea- mentos didático-pedagógicos descritos no Proje- to Político Pedagógico da Escola, e que, portanto, irão orientar as escolhas e a organização dos con- teúdos e saberes que serão tratados em cada nível ou série do ensino. Nesse sentido, os conteúdos, as estratégias de ensino, o processo avaliativo e as demais ações que envolvem o processo de ensino e aprendizagem, utilizadas pelo professor de Edu- cação Física, devem seguir as premissas e orienta- ções da perspectiva eleita como sendo o referencial para suas aulas. Nesse sentido, entender a relevância da organi- zação e planejamento das aulas de acordo com as séries e níveis de ensino, seguindo as orientações do Projeto Político Pedagógico da Escola, contribuem para que a ação docente tenha como fio condutor de sua prática cotidiana o trato com os conteúdos e saberes escolares que motivem o aluno a participar, a criar, a recriar e inovar nas aulas. Isto porque, a partir de um processo sistematizado de organização das aulas, o professor de Educação Física estrutura sua aula adequando os conteúdos, métodos de ensi- no, os procedimentos didático-pedagógicos e a for- ma de trabalho adequando os conteúdos escolares às necessidades e interesse dos alunos. Vale ressaltar que os conteúdos escolares são definidos, de acordo com Coll et al. (2000, p. 65), como sendo uma “seleção de formas ou saberes cul- turais, conceitos, explicações, raciocínios, habilida- des, linguagens, valores, crenças, sentimentos, atitu- des, interesses, modelos de conduta”. No entanto, de acordo com Libâneo (1994), é preciso cuidar para que apenas os saberes do cotidiano, as necessidades dos alunos sejam trazidas para o universo escolar, isto porque, segundo o autor, nem sempre esses sa- beres e formas culturais são elementos validados para o universo da educação formal. Nesse sentido, a abrangência dos conteúdos nas aulas de Educação Física devem ter como foco o desenvolvimento de ações atitudinais, procedimentais e conceituais que possibilitem, ao aluno, na aula, compreender as rela- ções entre as práticas escolares e sua relevância para o cotidiano. Tendo essa perspectiva, os conteúdos eleitos para o desenvolvimento das aulas devem estar sis- tematizados a partir de ações pedagógicas que pos- sibilitem esse desenvolvimento do aluno. Afinal, de acordo com Zabala (1998, p. 98), os conteúdos de ensino “são o conjunto de conhecimentos, habilida- des, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atua- ção social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida”. As aulas de Educação Física Escolar, constituem- -se, em um momento, em possível de incorporar os componentes da cultura corporal de movimento na sua prática cotidiana, afinal, a Educação Física, en- quanto componente curricular da Educação básica, possibilita o acesso ao conhecimento e aos saberes historicamente produzidos no campo da cultura corporal de movimento, possibilitando, ao aluno, produzir, criar, recriar e transformar os elementos da aula em ações instrumentalizadas, por meio do jogo, da dança, dos esportes, das ginásticas, das lu- tas, das atividades de aventura, das atividades físicas voltadas à saúde e aptidão física. A apropriação de novos conhecimentos deve ocorrer a partir das vivências e experimentações corporais, em que o professor de Educação Física mediará os conteúdos que representam a cultura corporal de movimento, por meio de ações didá- 106 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO tico-pedagógicas inovadoras, atreladas à compre- ensão de que o aluno deve usufruir dessa cultura, tornando-as significativas e incorporando-as em seu cotidiano. Afinal, os conteúdos são os meios pelos quais o alunodeve analisar e abordar a realidade de forma que, com isso, possa ser construída uma rede de significados em torno do que se aprende na escola e do que se vive. Desse modo, junto com considerações importantes como a relevância social do conteúdo é apontada a preocupação em se trabalhar com os conteúdos escolares nas três dimensões: atitudinal, conceitual e proce- dimental (BRASIL, 1998, p. 112). Partindo da compreensão da Teoria da Aprendiza- gem Significativa, proposta por Ausubel (1980, p. 67), na qual se considera que “toda aprendizagem é um processo em que o aprendiz relaciona a nova informação com o conhecimento prévio que há no seu cognitivo” e que ao se iniciar o processo de ensi- no e aprendizagem deve-se ter como ponto de parti- da o que o aluno já sabe ou conhece. O processo de aprendizagem se torna mais simples e de fácil com- preensão e assimilação ao utilizar os Mapas Concei- tuais como estratégias para desenvolver as aulas de Educação Física, é uma ação que possibilita os cami- nhos para efetivar a aprendizagem significativa nas aulas de Educação Física Escolar. Afinal, de acordo com Tavares (2007, p. 81), a função mais importante da escola é dotar o ser humano de uma capacidade de estruturar internamente a informação e transformá-la em conhecimento. A escola deve propiciar o aces- so à meta-aprendizagem, o saber aprender a aprender. Nesse sentido, o mapa conceitual é uma estratégia facilitadora da tarefa de apren- der a aprender. Tendo esses pressupostos, traremos, a seguir, ele- mentos que irão ajudá-lo a estruturar e operaciona- lizar a estrutura de um Mapa Conceitual dos saberes e conteúdos da Educação Física Escolar para as Sé- ries Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. EDUCAÇÃO FÍSICA 107 108 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Mapas Conceituais e sua Importância Didática EDUCAÇÃO FÍSICA 109 Os mapas conceituais se constituem como represen- tações gráficas que indicam o conceito de determi- nado fenômeno que se deseja relacionar e direcio- nar a um determinado conhecimento (MOREIRA, 1988). O mapa conceitual vem sendo utilizado ao longo dos anos e teve sua aplicação identificada em pesquisas na década de 80, nos trabalhos de Moreira (1980), Faria (1985), Novak e Gowin (1986), poden- do ser empregado como estratégia para organização dos conteúdos, de estudos/pesquisas, para apresen- tar itens curriculares. Estudos realizados por Tavares (2007) Oliveira, De Oliveira Frota e Da Conceição Martins (2013) relatam que o uso de mapas conceituais em pro- cessos de ensino-aprendizagem promovem a parti- cipação dos alunos, uma vez que eles visualizam o desenvolvimento e as relações entre os conteúdos e acabam por ativar lembranças de conhecimentos já adquiridos, o que facilita a compreensão e atribui- ção de significado ao novo conteúdo proposto e ao desenvolvimento de saberes. Resgata-se, aqui, com base em Pimenta (2005), que os saberes se remetem às experiências dos su- jeitos do processo educativo (aluno e professor), que são os conhecimentos acumulados ao longo da vida e que passaram por reflexão e análise, a partir do confronto com teorias, práticas e com momen- tos de avaliação de resultados, constituindo o seu jeito de ser. O professor, por sua vez, adiciona, aos seus sa- beres de experiência, saberes pedagógicos, referen- tes às áreas do conhecimento, direcionando as ações por meio de referencial teórico, científico, técnico, tecnológico e cultural, o que pode garantir aos alu- nos a apropriação do conhecimento e reflexos no seu desenvolvimento. Assim, conforme a autora, o saber do professor se fundamenta em saberes específicos, pedagógicos e de experiência que se mobilizam para investigar a própria prática e, nesse sentido, constituir seus sabe- res docentes. O mapa conceitual se apoia fortemente na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, que defende que o ser humano or- ganiza o seu conhecimento por meio de uma hierarquização dos conceitos. Nesse senti- do, o mapa se coloca como uma estrutura esquemática para representar um conjunto de conceitos. Ele serve para organizar os conhecimentos, permitindo mostrar como estes se estruturam nas proposições de seus criadores, que assim podem visualizar e ana- lisar a sua extensão. Ele pode ser entendido como uma repre- sentação visual utilizada para partilhar significados, pois explicita como o autor entende as relações entre os conceitos enunciados. Nesse sentido, busque fazer a leitura do artigo das professoras Souza e Boruchovitch (2010), pois elas demonstram de forma bastante simplificada e clara como trabalhar os Mapas Conceituais em diversas situações. Isso será muito importante para você, pois exercitar e colocar os alunos para pensarem na articulação e ligação dos te- mas facilita sobremaneira o entendimento geral da disciplina. Fonte: adaptado de Souza e Boruchovitch (2010). SAIBA MAIS 110 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Para organizar os Mapas Conceituais com foco nas aulas de Educação Física para o Ensino Médio, traremos, a seguir, exemplos cuja ação didático- -pedagógica centra-se no trato com o núcleo Mo- vimento e a Saúde proposto por Palma, Oliveira e Palma (2010). Os mapas organizados tiveram a preocupação de gradualmente apresentarem os avanços ano a ano do núcleo. Para tanto, disponibilizamos as planilhas com os temas referentes aos três anos do Ensino Médio e, na sequência de cada um dos anos, como os mapas podem ser organizados com acréscimos graduais ano a ano. Como Organizar Mapas Conceituais Utilizando o Núcleo Movimento e Saúde para a Educação Física Escolar do Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 111 Quadro 1 - Planilha com o Tema, Subtemas e Assuntos dos conteúdos do núcleo Movimento e a Saúde para o Ensino Médio para o 1° ano O MOVIMENTO E A SAÚDE – 1º ANO TEMA SUBTEMA ASSUNTO APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA Resistência Cardiorrespiratória Força Muscular Resistência Muscular Flexibilidade Composição corporal ATIVIDADES GÍMNICAS E ACADEMIA Tipos de ginástica na academia Objetivos da ginástica de academia CORPOLATRIA Significado de corpo ao longo da história Significado de corpolatria SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA Relação do exercício físico com a quali- dade de vida Consequências do treinamento de alto nível na qualidade de vida Doenças psicossomáticas, exercícios físicos e a qualidade de vida Fonte: os autores. Figura 1 - Exemplo de Mapa Conceitual para o 1° ano com o tema Movimento e Saúde Fonte: os autores. 112 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Caro(a) aluno(a), a legenda indicada é referente ao Mapa 1 para auxiliá-lo na compreensão das conexões pedagógicas estabelecidas. O MOVIMENTO E A SAÚDE – 2º ANO TEMA SUBTEMA ASSUNTO APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA MUSCULAÇÃO E ACADEMIA Característica da musculação Faixa etária de praticantes Objetivos da Musculação ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO Contribuições dos suplementos nutricionais GASTO ENERGÉTICO E EXERCÍCIO FÍSICO Significado de gasto energético Consumo de calorias e perda de peso Consumo de calorias e exercício físico METABOLISMO CORPORAL Significado de metabolismo Fatores que influenciam o metabolismo Significado de metabolismo basal CORPOLATRIA Significado de corpolatria Características de um corpólatra Relação com a mídia SAÚDE E O MUNDO DO TRABALHO Movimentos repetitivos no trabalho Papel do alongamento Ginástica laboral Malefícios do estresse X Atividade Física Fonte: os autores. Os Mapas Conceituaissão uma ferramenta pedagógica muito importante. Nesse sentido, quem deve organizar o Mapa Conceitual, quando ele deve ser organizado e em qual momento deve ser avaliado? REFLITA Quadro 2 - Planilha com o Tema, Subtemas e Assuntos dos conteúdos do núcleo Movimento e a Saúde para o Ensino Médio para o 2° ano EDUCAÇÃO FÍSICA 113 Figura 2 - Exemplo de Mapa Conceitual para o 1° ano com o tema Movimento e Saúde Fonte: os autores. 114 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Tendo organizado os temas do 3° ano do Ensino Médio, tem-se a organização do mapa conceitual. No Mapa 3, apresentado como forma complementar e fundamental, foram colocados os pontos de ligações de influência entre as temáticas. É claro que todos os tópicos se interrelacionam, mas, para que haja uma visualização mais clara dessa relação, foram colocados os pontos para chamar a atenção. Essa tarefa deve ser feita em todos os mapas e pode servir como um bom exercício junto aos alunos. Para tanto, deixe que os alunos façam essas conexões no início dos trabalhos e depois voltem a rever se as conexões indicadas realmente se estabeleceram. Quadro 3 - Planilha com o Tema, Subtemas e Assuntos dos conteúdos do núcleo Movimento e a Saúde para o Ensino Médio para o 3° ano O MOVIMENTO E A SAÚDE – 3º ANO TEMA SUBTEMA ASSUNTO APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA MUSCULAÇÃO NA ACADEMIA Tônus muscular e hipertrofia muscular Fatores limitantes da prática Ergogênicos ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO Atividade física na gestação GASTO ENERGÉTICO E EXERCÍCIO FÍSICO Consumo de calorias e exercício físico Diferença entre emagrecer e perder peso Consumo de calorias e Frequência Cardíaca METABOLISMO CORPORAL Aceleração do metabolismo Diminuição do metabolismo CORPOLATRIA Distúrbios alimentares e beleza CAPACIDADE FUNCIONAL E O MUNDO DO TRABALHO Conceito de capacidade funcional Componentes da capacidade funcional Índice de capacidade para o trabalho Fonte: os autores. EDUCAÇÃO FÍSICA 115 Para que haja brechas de participação dos alunos, é importante que o professor tenha esse mapa organi- zado inicialmente e que o disponibilize aos alunos indicando que estes avaliem, apresentem sugestões e que coloquem pontos que gostariam de maior des- taque. Com isso, o professor poderá continuamente Figura 3 - Os conteúdos do 3° ano do Ensino Médio Fonte: os autores. enriquecer as aulas e aprofundar as temáticas, de- monstrando as relações existentes entre os temas e suas ligações com o interesse e cotidiano dos alunos. Essa exemplificação serve para que todos pos- sam ver a utilidade dessa ferramenta e aplicá-la em ações de planificação com os alunos. Como pode ser 116 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Validade, flexibilidade, significado, possibilidade de elaboração pessoal, utilidade, viabilidade, in- teresse e adequado às necessidades sociais e cul- turais. Mais detalhadamente, podemos entender como segue: Validade — esse critério requer que os conteúdos selecionados sejam não só dignos de confiança, mas também representativos e atualizados. Suponhamos, por exemplo, uma escola situada numa região peri- férica, em que o futebol é o grande atrativo. Nesse caso, será muito importante apresentá-lo como uma alternativa e também como pode ser aprimorado pelos praticantes da localidade. Isso serve de atrativo para que os alunos se envolvam mais rapidamente com a disciplina. Flexibilidade — os conteúdos já selecionados devem possibilitar modificações, adaptações, reno- vações e enriquecimentos. Com relação ao exemplo anterior, os conteúdos podem ser dotados de regras e práticas diferentes, de acordo com o local; deve-se, inclusive, estimular que as regras sejam refletidas e alteradas de acordo com os interesses e constituições das turmas. Significado — esse critério requer que o conteú- do esteja relacionado às experiências dos participan- tes. Um conteúdo terá significação para o participan- te quando, além de despertar o seu interesse, levá-lo, por iniciativa própria, a aprofundar o interesse. Se a escola se localiza numa região em que a prática da Peteca é constante, trabalhar essa temática e suas va- riações terá significado para os participantes. Possibilidade de elaboração pessoal — esse cri- tério refere-se à recepção, assimilação e transforma- ção da informação pelo próprio aluno. De acordo com esse critério, ele poderá associar, comparar, compreender, selecionar, organizar, criticar e avaliar o novo conteúdo. Se os alunos têm a prática da Pete- observado, o mapa ganhou complexidade ao longo dos anos. A visualização geral da temática poderá facilitar o entendimento dos alunos e também do professor sobre a matéria e suas possibilidades de arranjos ao longo dos anos com outras temáticas da disciplina e também das demais áreas de formação. É de suma importância que o professor demons- tre aos alunos que os temas não são colocados alea- toriamente e que todos possuem relações e encade- amentos de aprofundamentos, isso quer dizer, não deixe de apresentar como os conteúdos ensinados nas aulas possuem vinculação com o cotidiano. Por exemplo: se o tema Percepção Espacial (PE) foi tra- balhado, questione de que forma a PE está vinculada com o nosso cotidiano. Para esse tema, muitas ações se vinculam, tais como: perceber a distância de um carro para poder atravessar a rua, como se posicio- nar em um jogo para poder receber a bola, distribuir adequadamente os desenhos em uma folha de papel, dirigir, andar de bicicleta, dentre tantas outras ações. Para essa tarefa, não deixe de repassar com os alunos os critérios de seleção de conteúdos desta- cados por Pilleti (1997); nesse sentido, você encon- trará, na Figura 4, os elementos necessários para a organização e seleção dos conteúdos da sua aula. Figura 4 - Selecionando conteúdos Fonte: os autores. Adequado às necessidades sociais e culturais Adequado às necessidades sociais e culturais Signi�caçãoSigni�cação UtilidadeUtilidade InteresseInteresse FlexibilidadeFlexibilidade ViabilidadeViabilidade Possibilidade de Elaboração Possibilidade de Elaboração ValidadeValidade CRITÉRIOSCRITÉRIOS EDUCAÇÃO FÍSICA 117 bilidade de desenvolvimento dos conteúdos. Como prever uma prática de natação se não existir piscina e/ou outro recurso para essa prática. O que não in- viabiliza o professor de apresentar vídeos, textos e informações gerais sobre a natação. Interesse — uma das funções dos conteúdos é manter e desenvolver o interesse do aluno em atin- gir os seus objetivos, podendo, assim, resolver os seus problemas e atender às suas necessidades pes- soais. Os conteúdos selecionados devem refletir os interesses dos alunos. Mais uma vez, deve-se ter o cuidado para que isso não represente um laissez- -faire, ou seja, o deixar fazer sem um compromisso maior com a proposta pedagógica geral da disci- plina. Aqui vale a competência docente em criar o interesse nos alunos por meio de aulas dinâmicas e bem estruturadas. Adequado às necessidades sociais e culturais — os conteúdos devem refletir os amplos aspectos da cultura, tanto do passado quanto do presente, as- sim como as possibilidades e necessidades futuras. Os melhores conteúdos são aqueles que atendem às necessidades sociais e individuais dos alunos, enten- dendo que ele está inserido numa sociedade que lhe faz exigências de toda a ordem e lhe impõe obriga- ções e responsabilidades. Mas esse mesmo aluno é um indivíduo com necessidades pessoais e com ob- jetivos particulares que precisam estar contempla- dos no seu processo formativo. Caro(a) aluno(a), a construção dos Mapas Conceituais tornam-se uma possibilidadede am- pliar a efetivação das ações didático-pedagógicas nas aulas de Educação Física; por esse motivo, tor- nam-se uma excelente ação para consolidar uma prática pedagógica adequada às necessidades e ex- pectativas tanto dos alunos quanto do Projeto Pe- dagógico da escola. ca como algo significativo, terão condições de com- preender, comparar, transformar, organizar e criti- car o conteúdo. Essa condição de elaboração pessoal parte da premissa de que os alunos precisam ter um ponto de partida para tal. Utilidade — refere-se ao uso dos conhecimen- tos em situações novas. Esse critério estará presente quando conseguirmos harmonizar os conteúdos se- lecionados para trabalho com as exigências e carac- terísticas do meio social em que os alunos convivem. Os conhecimentos sobre a confecção de pipas só te- rão utilidade para os alunos se puderem utilizá-los no ambiente em que vivem e adaptá-lo às suas necessi- dades. Por isso, os dados levantados pelo diagnóstico são importantes, pois facilitarão futuras inferências à utilidade dos conteúdos selecionados. É importan- te o professor saber demonstrar como os conteúdos trabalhados possuem utilidade no cotidiano dos alu- nos. Isso agrega valor ao que é trabalhado nas aulas. Viabilidade — segundo esse critério, deve-se se- lecionar conteúdos que possam ser aprendidos den- tro das limitações de tempo e recursos disponíveis, assim como das capacidades físico-motoras e cogni- tivas dos alunos. Não adianta selecionar uma infini- dade de informações e práticas sobre Tênis de Cam- po, por exemplo, se por falta de tempo, condições e vínculo não for possível transmiti-las aos partici- pantes ou se o conteúdo que se pretende apresentar estiver fora do contexto da escola e dos horizontes dos participantes, da mesma forma que suas possi- bilidades físico-motoras, uma vez que na Educação Física essa condição precisa ser muito bem cuidada para estimular positivamente os alunos. Alerta-se apenas para que o fato de os alunos não conhece- rem certas práticas ou conteúdos, estes não devam ser trabalhados. Muito pelo contrário, o alerta é para se cuidar da devida preparação e estimativa de via- 118 considerações finais Como você pode perceber, os mapas conceituais se colocam como uma ferra- menta muito útil na apresentação, estruturação, organização e demonstração do que se tem para o tema ou temas da disciplina ao longo do ano ou do ciclo de ensino. Essa ferramenta pode ser utilizada para uma organização temática curricular ou, então, para um tema em específico e suas ramificações e ligações a outros conhecimentos que o complementam. Ter a organização em mãos possibilita se- gurança e encaminhamentos didáticos mais ajustados aos propósitos gerais es- tabelecidos. Os mapas servem como uma bússola que guiará e demonstrará as possibilidades de cada um dos temas e suas conexões. É importante salientar que os Mapas Conceituais não se restringem ao traba- lho com alunos do Ensino Médio. Eles são uma ferramenta que pode ser utilizada desde o início do Ensino Fundamental, obviamente que resguardada à complexi- dade exigida para cada etapa de desenvolvimento. O cuidado e dedicação para o uso dos Mapas Conceituais poderá despertar, nos alunos, a assunção da corresponsabilidade com a matéria, facilitando o en- volvimento de todos com as ações planejadas. Mas destaca-se que, para o sucesso da ação, ter os mapas expostos e disponíveis para a contínua verificação e avalia- ção do realizado coloca-se como fundamental. Por fim, tendo a devida clareza dos encaminhamentos por intermédio dos Mapas Conceituais, alunos e professores poderão continuamente recorrer a eles para se situar e, de acordo com o interesse, amplitude e aprofundamento conse- guido, provocarem novas ramificações e conexões. Bom trabalho! considerações finais 119 atividades de estudo 1. Os Mapas Conceituais são estratégias de conteúdo para se ter uma imagem da organização conceitual, das relações hierárquicas entre conceitos, para diagnosticar os conceitos prévios dos alunos, como feedback, e na obser- vação da evolução da aprendizagem (MOREIRA, 1988). A partir do exposto, responda as questões a seguir. a) O que são Mapas Conceituais? b) Para que servem os Mapas Conceituais? c) De que forma os Mapas Conceituais estimulam o processo de ensino- -aprendizagem? d) De acordo com as orientações para a confecção dos mapas, deve haver uma preocupação central com o começo, meio e fim? e) A partir dos mapas conceituais apresentados, elabore um plano de aula para o Ensino Médio. 120 LEITURA COMPLEMENTAR Como construir um mapa conceitual. 1. Identifi que os conceitos-chave do conteúdo que vai mapear e ponha-os em uma lista. Limite entre 6 e 10 o número de conceitos. 2. Ordene os conceitos, colocando o(s) mais geral(is), mais inclusivo(s), no topo do mapa e, gradualmente, vá agregando os demais até completar o diagrama de acor- do com o princípio da diferenciação progressiva. Algumas vezes é difícil identifi car os conceitos mais gerais, mais inclusivos; nesse caso é útil analisar o contexto no qual os conceitos estão sendo considerados ou ter uma ideia da situação em que tais conceitos devem ser ordenados. 3. Se o mapa se refere, por exemplo, a um parágrafo de um texto, o número de con- ceitos fi ca limitado pelo próprio parágrafo. Se o mapa incorpora também o seu co- nhecimento sobre o assunto, além do contido no texto, conceitos mais específi cos podem ser incluídos no mapa. 4. Conecte os conceitos com linhas e rotule essas linhas com uma ou mais palavras- -chave que explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as palavras-cha- ve devem sugerir uma proposição que expresse o signifi cado da relação. 5. Setas podem ser usadas quando se quer dar um sentido a uma relação. No en- tanto, o uso de muitas setas acaba por transformar o mapa conceitual em um diagrama de fl uxo. 6. Evite palavras que apenas indiquem relações triviais entre os conceitos. Busque relações horizontais e cruzadas. 7. Exemplos podem ser agregados ao mapa, embaixo dos conceitos corresponden- tes. Em geral, os exemplos fi cam na parte inferior do mapa. 8. Geralmente, o primeiro intento de mapa tem simetria pobre e alguns conceitos ou grupos de conceitos acabam mal situados em relação a outros que estão mais relacionados. Nesse caso, é útil reconstruir o mapa. 121 LEITURA COMPLEMENTAR 9. Talvez neste ponto você já comece a imaginar outras maneiras de fazer o mapa, outros modos de hierarquizar os conceitos. Lembre-se que não há um único modo de traçar um mapa conceitual. À medida que muda sua compreensão sobre as relações entre os conceitos, ou à medida que você aprende seu mapa também muda. Um mapa conceitual é um instrumento dinâmico, refl etindo a compreensão de quem o faz no momento em que o faz. 10. Não se preocupe com “começo, meio e fi m”, o mapa conceitual é estrutural, não sequencial. O mapa deve refl etir a estrutura conceitual hierárquica do que está mapeado. 11. Compartilhe seu mapa com colegas e examine os mapas deles. Pergunte o que signifi cam as relações, questione a localização de certos conceitos, a inclusão de alguns que não lhe parecem importantes, a omissão de outros que você julga fun- damentais. O mapa conceitual é um bom instrumento para compartilhar, trocar e “negociar” signifi cados. Fonte: Moreira (2013, p. 54). A partir dessas informações e nos nossos estudos, organize um mapa conceitual ten- do por base os conhecimentos de uma modalidade esportiva (Basquetebol, Handebol, Voleibol, Futebol) ou esporte de aventura (Rapel, Escalada, Montain Bike), você pode praticar o exercício de organização de mapas conceituais. Isso, sem dúvida, irá facilitar a organização do seu ensino dosesportes. 122 material complementar A teoria da Aprendizagem signifi cativa Autor: Marco Antonio Moreira Editora: UNB Sinopse: esse é um livro para professores, para pesquisadores em ensino que estejam buscando um referencial teórico para estudos em sala de aula e para desenvolvedores de materiais instrucionais. A teoria da aprendizagem signifi cati- va é uma teoria de aprendizagem de corpos organizadores de conhecimento em situação formal de ensino, presencial ou não, e é isso que tentam fazer os profes- sores. Mas o livro, além de esclarecer o que é aprendizagem signifi cativa e quais são as condições para que ocorra, sugere, também, estratégias facilitadoras - os mapas conceituais, os diagramas V e os organizadores prévios - e um modelo para organização do ensino à luz dessa teoria. A teoria da aprendizagem signifi cativa é apresentada desde a perspectiva de David Ausubel, mas incorpora contribuições de Joseph Novak, D.B. Gowin e do próprio autor. Indicação para Ler Escola da Vida Ano: 2005 Sinopse: o Sr. D. (Ryan Reynolds) é o novo professor da cidade, ele é bonito, sim- pático e adorado por todos os alunos da Escola Fallbrook Middle. Ele também faz sucesso com os colegas mestres, com exceção de Matt Warner (David Paymer), o professor de biologia do colégio. Werner está determinado a ganhar o Prêmio de Professor do Ano, mas teme perder sua chance para o novo, e admirado, educador. Indicação para Assistir 123 material complementar O material didático da disciplina de Psicologia da Aprendizagem, produzido pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo, traz informações relevantes sobre os mapas conceituais. Professor res- ponsável: Valéria Arantes Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aF0UbIdN1Eg>. Acesso em: 23 abr. 2018. No texto trabalhado pelas professoras Nadia e Evely (apresentado no Saiba Mais dessa Unidade), sobre a Estratégia de ensino/aprendizagem e ferramenta avaliativa, é demonstrada a forma como se pode utilizar os Mapas Conceituais em várias situações de ensino e em vários níveis escolares, pois utilizam de temas simples e acessíveis, com ligações com baixa exigência. Isso demonstra um pouco da potencialidade dessa ferramen- ta didática. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a10>. Acesso em: 23 abr. 2018. Indicação para Acessar 124 referências AUSUBEL, D. P. Psicologia Educacional. Rio Janeiro: Ed. Interamericana Ltda, 1980. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacio- nais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1998. COLL, C. et al. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MOREIRA, M. A. Mapas conceituais como instrumentos para promover a dife- renciação conceitual progressiva e a reconciliação integrativa. Ciência e Cultura, v. 32, n. 4, p. 474-479, 1980. ______. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Porto Alegre, Insti- tuto de Física – UFRGS, 2013. Disponível em: <http://www.faatensino.com.br/ wp-content/uploads/2014/04/Aprendizagem-significativa-Organizadores-pr%- C3%A9vios-Diagramas-V-Unidades-de-ensino-potencialmente-significativas. pdf#page=41>. Acesso em: 23 abr. 2018. ______. O que é afinal aprendizagem significativa? Revista Galaico Portuguesa de Sócio-Pedagogia e Sócio-Linguistica, n. 23, p. 87-95, 1988. NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B.; VALADARES, C. Aprender a aprender. Campi- nas: Autores Associados, 1996. OLIVEIRA, M. M.; DE OLIVEIRA FROTA, P. R.; DA CONCEIÇÃO MARTINS, M. Mapas conceituais como estratégias para o ensino de Educação Ambiental. Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID), n. 9, 2013. PALMA, A. P. T. V.; OLIVEIRA, A. A. B.; PALMA, J. A. V. Educação Física e or- ganização curricular: educação física, ensino fundamental, ensino médio. 2. ed. Londrina: Eduel, 2010. PILETTI, C. Didática Geral. 21. ed. São Paulo: Ática, 1997. PIMENTA, S. G. Formação de Professores: identidade e saberes da docência. In: PIMENTA, S. G. (Org.) Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2005. SOUZA, N. A.; BORUCHOVITCH, E. Estratégia de ensino/aprendizagem e fer- ramenta avaliativa. Educação em Revista. Belo Horizonte. v. 26, n. 03, p. 195-218. Dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a10>. Acesso em: 23 abr. 2018. TAVARES, R. Construindo mapas conceituais. Ciências & Cognição, v. 12, p. 72-85, 2007. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 125 gabarito 1. a. Os mapas conceituais se constituem como representações gráficas que indicam o conceito de determinado fenômeno que se deseja relacionar e direcionar a um determinado conhecimento. b. Servem como estratégia para organização dos conteúdos, de estudos/pes- quisas, para apresentar itens curriculares, entre outros. c. O uso de mapas conceituais em processos de ensino-aprendizagem pro- move a participação dos alunos, uma vez que eles visualizam o desen- volvimento e as relações entre os conteúdos e acabam por ativar lem- branças de conhecimentos já adquiridos, o que facilita a compreensão e atribuição de significado ao novo conteúdo proposto e ao desenvolvi- mento de saberes. d. Não! Não se preocupe com “começo, meio e fim”, o mapa conceitual é es- trutural, não sequencial. O mapa deve refletir a estrutura conceitual hierár- quica do que está mapeado. e. Essa questão é um exercício para elaboração de um plano de aula; para tanto, aluno(a), não se esqueça de apresentar o tema da aula, os objeti- vos, os recursos utilizados bem, como o procedimento metodológico da sua aula. Professor Dr. Amauri Aparecido Bassoli Oliveira Professor Dr. José Augusto Victoria Palma Professora Dra. Ângela Pereira Teixeira Victoria Palma Professora Dra. Vânia de Fátima Matias de Souza Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Estruturação de Plano de Aulas para Ensino Fundamental (Anos Finais) e para o Ensino Médio • Apresentação de exemplos de planos de aulas para o ensino da educação física Objetivos de Aprendizagem • Compreender a prática pedagógica docente em sala de aula de Educação Física. Conceituar a organização e estruturação de planos de aula no contexto ensino- aprendizagem em Educação Física. • Compreender a estrutura didática pedagógica da aula de Educação Física, vinculando as estruturas didático- pedagógicas da aula de Educação Física com os objetivos enunciados. PLANOS DE AULAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL, ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO unidade V INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), conforme veremos, os planos de aulas podem ser estru- turados de várias formas, de acordo com as características didático-pedagógi- cas adotadas pela escola; e, ao longo das discussões apresentadas, temos busca- do apresentar-lhe orientações que podem lhe ajudar nessa construção. Ao ler os livros de esportes, observou-se que há uma organização com Tema, Objetivo, Roda Inicial, Desenvolvimento e Roda Final. Já o livro de Didática traz a organi- zação baseada em Tema, Objetivos e Momentos de Preparação e Introdução da Matéria, Tratamento Didático da Matéria, Consolidação, Aprimoramento e Apli- cação dos Conhecimentos e Habilidades e, por fim, Avaliação dos Resultados. Ambas as estruturas dão conta de uma organização que visa sempre a par- ticipação dos alunos e a sequência lógica de desenvolvimento dos temas. Ao se pensar o plano de aula, deve-se ter em mente que as temáticas é que determina- rão o tempo de desenvolvimento, ou seja, um tema poderá exigir a utilização de mais de um encontro. Com isso, o plano passará a ser de duas, três ou mais aulas. Há que se considerar, ainda, o ritmo dos alunos e o interesse provocado, o que se coloca como muito importante nessa organização e estruturação.Tendo-se os mapas conceituais estabelecidos e a organização prévia das au- las, pode-se estimar um quantitativo de aulas, mas isso não será fixo, uma vez que os interesses em determinados conhecimentos poderão exigir mais tempo. De toda forma, é muito importante que haja a visualização do todo que se tem para o ano e/ou período, como forma de delimitação e organização do tempo e profundidade dos conhecimentos a serem ensinados e vivenciados nas ações das aulas. Os planos de aulas organizados nesta unidade são exemplificações de como podem ser pensado os temas sugeridos ano a ano do Ensino Fun- damental (anos finais) e Ensino Médio. São exemplificações temáticas de cada um dos anos nas etapas escolares correspondentes, com possibilida- des de serem utilizados em um, dois, ou mais encontros com os alunos, a depender do nível de interesse, conhecimento e potencialidades de cada grupo constituído. 130 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Todos já devem ter estudado e percebido sobre a ne- cessidade e a importância de se planejar. E quando se fala em processo ensino-aprendizagem no con- texto de uma educação escolarizada, o planejamento também é importante e necessário. Neste momento, apresentaremos o planejamento de aulas dos con- teúdos que consideramos valiosos quando se busca ensinar os conteúdos da Educação Física. Toda aula é uma forma básica de organização didática. Ela se confi gura como um processo de relação pedagógica entre as pessoas envolvidas (professor e estudante) e o conteúdo, que é objeto de ensino. As aulas que apresentaremos são recortes dos conteúdos que foram apresentados e explicados na Unidade II. Elas foram estruturadas didatica- mente em momentos. Cabe-nos considerar que um conteúdo/assunto terá mais de uma aula para sua efetivação como objeto a ser apreendido pelo estudante. Estruturação de Plano de Aulas para Ensino Fundamental (Anos Finais) e para o Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA 131 O que consideramos como aula (tema) também de- verá ser compreendido como um continuun, ou seja, processo que seguirá uma sequência lógica e orga- nizada dos conhecimentos a serem tratados, logo, essa ação poderá ser composta por mais de uma aula para o ensino de um mesmo conteúdo. O que definirá o desenvolvimento e a sequência dos pro- cedimentos de ensino são os objetivos definidos e o ritmo de aprendizagem dos estudantes. Na organização didática das aulas apresentadas, fizemos adaptações dos passos preconizados por Li- bâneo (2009) que, ainda que apresentados separada- mente, são funções pertinentes à dinâmica da aula que estão intimamente relacionadas e integradas. Denominamos de MOMENTOS aquilo que o autor Libâneo (2009) definiu como passos. São eles: • Preparação e introdução da matéria. • Tratamento didático da matéria (nova ou continuação). • Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades. • Avaliação dos resultados. Reforçamos que em uma aula todos os momentos idealizados podem estar presentes, mas não ne- cessariamente. Dependendo do desenvolvimento da aula, algumas vezes, e em decorrência do tem- po dela, o professor se limitará a um dos momen- tos/passos, ficando para o encontro seguinte a sua continuidade. Esse fato será apresentado em nossos exemplos, pois, como já evidenciado, o que definirá o desenvolvimento e sequência dos procedimentos de ensino – momentos – são os objetivos definidos, o conteúdo programado e o ritmo de aprendizagem dos estudantes. Os alunos não são coisas. [...] É preciso incor- porá-los no projeto pedagógico. [...] É preciso que eles se sintam participantes, sintam que são, efetivamente, a razão de a escola existir. (Selma G. Pimenta) REFLITA “É importante salientar que a organização das unidades temáticas se baseia na com- preensão de que o caráter lúdico está pre- sente em todas as práticas corporais, ainda que essa não seja a finalidade da Educação Física na escola. Ao brincar, dançar, jogar, praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura, para além da ludicidade, os estudantes se apropriam das lógicas intrín- secas (regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc.) a essas manifestações, assim como trocam entre si e com a sociedade as representações e os significados que lhes são atribuídos. Por essa razão, a delimitação das habilidades privilegia oito dimensões de conhecimento: experimentação, uso e apropriação, fruição, reflexão sobre a ação, construção de valo- res, análise, compreensão, protagonismos comunitário. Vale ressaltar que não há nenhuma hierar- quia entre essas dimensões, tampouco uma ordem necessária para o desenvolvimento do trabalho no âmbito didático. Cada uma delas exige diferentes abordagens e graus de complexidade para que se tornem relevantes e significativas”. Fonte: Brasil (2017, p. 177-180). SAIBA MAIS 132 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Tendo compreendido a necessidade de organização de uma estrutura planejada de forma sistematizada e adequada às necessidades de cada período de ensino da Educação Física, a seguir você encontrará 10 exemplos de Planos de Aulas para o ensino de conteúdos da Educação Física. Para facilitar sua compreensão e seus estudos, indicamos para cada um dos planos, no Quadro 1, as referências para as Unidades Didáticas - Tema e ano de escolarização. Apresentação de Exemplos de Planos de Aulas para o Ensino da Educação Física EDUCAÇÃO FÍSICA 133 Quadro 1 - Demonstrativo dos Planos de Aulas com indicação das Unidades Didáticas e ano de escolarização Plano UNIDADE DIDÁTICA - TEMA Ano de escolarização 01 Corporeidade - Estruturas Perceptivas e Capacitati- vo - Motoras - Equilíbrio Corporal 6º Ano 02 Expressão e Ritmo - Dança de Rua 7º Ano 03 Esporte - Esportes Coletivos de Invasão com bola 8º ano 04 Esporte - Esporte Coletivo de Invasão com bola - Basquetebol 9º ano 05 Jogos e Brincadeiras – Peteca 6º ano 06 Práticas Corporais de Aventura – Corrida de Orien- tação Ensino Médio 07 Práticas Corporais de Aventura – Skate 9º ano 08 Educação para Saúde - Atividade Física, Exercício Físico, Controle alimentar Ensino Médio 09 Ginástica – arte circense (equilibrismo, malabaris- mo, acrobacias) 7º ano 10 Lutas – Capoeira Ensino Médio Fonte: os autores. Lembrando que as sugestões de conteúdos para serem ensinados e a localização em uma determinada série foram baseados na obra Palma et al. (2010). Você, ao fazer seu planejamento, pode reorganizar os conteúdos para outra série, se enten- der que deve depois de conhecer seus estudantes. Quando a educação [...] é ética, o ensino é sempre técnico, não porque ele forma, mas porque é um lugar de intervenção intencional e sistematica- mente organizado. (Charles Hadji) REFLITA 134 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 134 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO – 01 UNIDADE DIDÁTICA: CORPOREIDADE ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 6º ANO Tema: • Estruturas Perceptivas e Capacitativo - Motoras - Equilíbrio Corporal Assuntos: • Caracterização das estruturas perceptivas e capacitativo-motoras. • Caracterização do equilíbrio corporal. • Fatores infl uenciadores no equilíbrio corporal. • Classifi cação do equilíbrio corporal – estático e dinâmico. Objetivos: • Compreender a relação posição corporal-equilíbrio corporal. • Conhecer os elementos controladores do equilíbrio corporal. • Identifi car a presença do equilíbrio corporal em ações do cotidiano. • Compreender a importância dos segmentos corporais/visão na ma- nutenção e recuperação do equilíbrio corporal. • Conhecera classifi cação de equilíbrio corporal (estático e dinâmico). Primeiro Momento - Preparação e Introdução da Matéria A aula tem início com o professor informando à turma sobre o conteúdo que será ensinado e fazendo algumas perguntas, tais como: • Quem de vocês possui equilíbrio corporal? • Na posição que estão, neste momento, estão em equilíbrio corporal? • O que faz vocês terem certeza que estão em equilíbrio corporal nes- sa posição corporal? Pedir que alterem a posição corporal, por exemplo, que fi quem em um pé só; sentados; fazer um aviãozinho e novamente questioná-los se estão em equilíbrio. EDUCAÇÃO FÍSICA 135 EDUCAÇÃO FÍSICA 135 É importante esclarecer que a todo instante, nas diversas posições cor- porais, precisamos de equilíbrio. O aluno deve entender que não somen- te nas tarefas motoras em que o equilíbrio corporal está mais evidente – como fi car parado em um pé só – que ele está presente. • Em qual parte do corpo está localizado o equilíbrio corporal? • Qual a importância da visão no equilíbrio corporal? Solicitar aos alunos que escrevam no caderno de Educação Física um pe- queno texto, de quatro ou cinco linhas sobre o que pensam constituir o equilíbrio corporal. Pedir que alguns alunos leiam seu texto em voz alta para toda sala, a cada texto, o professor deve aproveitar para aprofundar o conteúdo equilíbrio corporal. Segundo momento - Tratamento Didático da Matéria Neste conteúdo, o professor deve evidenciar a percepção do aluno em re- lação ao seu equilíbrio corporal no momento de fazer uma tarefa motora. Colocar no espaço de aula paralelamente uma corda grossa, um banco sueco, a trave de equilíbrio baixa e um colchonete. Todos os alunos devem passar por todos os materiais, duas vezes. Após terem realizado a tarefa, perguntar: com qual dos materiais eles perceberam que desequilibram mais, qual a razão de termos mais ou menos difi culdade nas tarefas motoras? Aqui, deseja-se que o estudante perceba a infl uência do tamanho da base corporal para realizar as ações. Se for necessário, refaça as ações solicitando que fi quem atentos às difi culdades e facilidades. Pedir aos alunos que se desloquem no espaço, andando, correndo len- to/rápido, saltitando de um ponto a outro do espaço e parar rapidamente em um lugar determinado. Solicitar aos alunos que elaborem hipóteses das possíveis ocorrências, em relação ao equilíbrio corporal, quando tive- rem de parar de repente na marca determinada. Solicitar que eles apre- sentem as razões das facilidades e difi culdades em parar de repente, le- vando em consideração o equilíbrio corporal. Realizar as mesmas ações com as mãos presas ao longo do corpo ou atrás e, na sequência, realizar as mesmas ações com os olhos vendados. Ampliar as discussões com os alunos sobre as percepções do equilíbrio corporal. 136 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 136 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Terceiro momento - Consolidação, Aprimoramento e Aplicação dos Conhecimentos e Habilidades Relembrar o conteúdo que estamos estudando e explicar aos alunos que o equilíbrio tem classifi cação, que a todo instante está presente nas pequenas e grandes ações motoras, mas de formas diferentes. Os tipos de equilíbrio são estático e dinâmico. Explicar cada tipo de equilíbrio e solicitar aos alunos que deem exemplos de cada um. Traga algumas situações de ações motoras mais específi cas, nas quais os tipos de equi- líbrio estão presentes: amarelinha, andar sobre linhas, estátua, pular sela, entre outros. Quais estruturas do corpo favorecem o sujeito estar em equilíbrio corporal? Solicite que os alunos fi quem em duplas: um colega parado e o outro tenta deslocá-lo do lugar empurrando-o nas costas ou om- bros, após três experiências de deslocamentos troca-se as posições; para cada momento de desequilíbrio, as posições de apoio das pernas devem ser mudadas. O colega que está sendo empurrado procura adotar posições para que suporte a tentativa de desequilíbrio – solicitar que falem sobre as formas de suporte adotadas e por que razões se sentiram com mais ou menos equilíbrio corporal. Ainda em duplas, fazer um risco no chão ou escolher uma das riscas da quadra de mais ou menos 5 metros de comprimento para caminhar sobre ela. Um colega deverá girar/rodopiar com a cabeça apoiada em um bastão e depois deverá caminhar sobre a linha, o outro anotará o trajeto do cole- ga que irá caminhar na linha. Alternar as posições dos alunos. Levantar hipóteses sobre o que acontecerá no momento da caminha- da. Porque fi camos tontos quando giramos com a cabeça baixa em um bastão. Traga imagem e vídeo para que os alunos possam visualizar a fi - siologia do ouvido interno. Aprofunde sobre as questões que favorecem a percepção do equilíbrio corporal e o deslocamento do líquido endolinfa. EDUCAÇÃO FÍSICA 137 EDUCAÇÃO FÍSICA 137 Quarto momento - Avaliação dos Resultados Solicite que os alunos retomem o texto escrito no primeiro dia do conte- údo equilíbrio corporal e que acrescentem mais elementos a ele. Peça para que alguns dos alunos leiam em voz alta para os demais e você deve aproveitar novamente esse momento para ampliar os conceitos de todos sobre o conteúdo e destacar o que foi ensinado nas aulas. Divida a turma em pequenos grupos e peça que cada grupo cons- trua uma atividade que exija o equilíbrio e suas variações. As atividades podem ser as mais diversas possíveis, mas todos deverão vivenciá-las. Para tanto, cada grupo irá apresentar aos demais e depois orientar que todos vivenciem as atividades ao menos uma vez. A turma apresenta e realiza todas as atividades sob a coordenação de cada um dos grupos. Outra possibilidade será a de solicitar que os grupos construam uma história em quadrinhos contando a história de uma criança que tinha muita difi culdade com o equilíbrio corporal nas ações diárias e quais estratégias ela usava para resolver a difi culdade com o equilíbrio. Cada grupo deverá apresentar para a turma a sua história e poderá colocar no mural da escola. Observações Reforçando: as aulas não devem ser apenas um momento de vivências motoras, elas precisam proporcionar a aquisição dos conhecimentos rela- cionados ao tema. Os alunos devem ter domínio dos aspectos conceituais relacionados ao tema e dominá-los, pois deles dependem o avanço para outras temáticas e aprofundamentos futuros. Dessa forma, além de pro- mover a compreensão sobre estruturas perceptivas e capacitivo-motoras e sobre o equilíbrio corporal, é imprescindível que o aluno compreenda e perceba sua sensação de equilíbrio corporal, em qual posição corporal a sensação aumenta ou diminui com relação ao equilíbrio. Mais uma vez, destacamos: as aulas não têm a intenção de desenvolver o equilíbrio corpo- ral dos alunos. Por isso, a inquietação e promoção da percepção do próprio equilíbrio é o que deve ser enaltecidos em todos os momentos das aulas. 138 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 138 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO – 02 UNIDADE DIDÁTICA: EXPRESSÃO E RITMO ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 7º ANO Tema: • Dança de Rua Assuntos: • Caracterização de dança de rua. • Origem étnica/história dança de rua. • Vestimentas da dança de rua. • Coreografi a básica. Objetivos: • Caracterizar as danças de rua. • Conhecer a origem das danças de rua. • Conhecer a origem da dança hip-hop. • Identifi car e conhecer os quatro elementos culturais que compõem o movimento hip-hop: grafi tes, mestre de cerimônia (MC), disc-jó- quei (Dj’s) e breaking. • Construir uma coreografi a da dança de rua – hip-hop. Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria A aula teminício com o professor informando à turma sobre o conteúdo que será ensinado e fazendo algumas perguntas, tais como: • Quem gosta de dançar? • Vocês gostam de dançar que estilo musical? • Onde gostam de dançar? • Vocês dançam sozinhos ou em par? • Quais estilos de dança vocês conhecem? Recomenda-se, ao professor, anotar no quadro os estilos apresentados pelos estudantes. Exemplo: se a dança é individual, local que pode ser pra- ticado, estilo da música, fi nalidade que foi criada a dança, vestimenta, en- tre outros. Depois da introdução do conteúdo dança, o professor apresenta que EDUCAÇÃO FÍSICA 139 EDUCAÇÃO FÍSICA 139 entre os vários estilos de dança, que foi escrito no quadro com giz, passa- remos a estudar a dança de rua, mais especifi camente o hip-hop. Das respostas apresentadas pelos estudantes sobre a dança de rua, o professor deve ampliar a discussão, por exemplo: • O que diferencia a dança de rua de outros estilos de dança? • Quantas pessoas podem dançar ao mesmo tempo? • Qual a natureza das danças de rua? • O que normalmente as letras das músicas apresentam? • Qual o objetivo do desafi o entre dois dançarinos de rua? É importante que solicite, aos estudantes, registrarem no caderno as ano- tações do quadro. Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor toma para si o encaminhamento das discussões apresentan- do sobre a dança de rua – hip-hop –, a origem da dança, curiosidades, arti- gos e vídeos sobre os passos mais conhecidos do hip-hop. Solicitar aos estudantes que procurem na internet passos, deslocamen- tos, música e vestimenta sobre a dança de rua. 140 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 140 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Provocar um debate com os estudantes sobre cada ponto (passos, deslo- camentos, música, vestimenta) da tarefa solicitada no segundo momento, aproveitando ao máximo as experiências dos alunos. Passar alguns vídeos com apresentação do hip-hop; a seguir, discutir com a turma quais passos e quais deslocamentos são fundamentais e que caracterizam a dança hip-hop. Depois de cuidadosamente escolher a música junto com os alunos - cuidado com as letras de música com apelo sexual ou que incite a agres- são à mulher; se houver oportunidades aproveite para discutir sobre essas questões sociais -, coloque os estudantes para dançar. Na sequência, divida a turma em grupos menores e solicite uma frase coreográfi ca para começar a aprender a dança hip-hop. É interessante so- licitar que os estudantes anotem, no caderno de Educação Física, a sequ- ência coreográfi ca para dar continuidade nas aulas seguintes. Continuar com a montagem e elaboração dos passos do hip-hop, com o propósito de possibilitar os desafi os entre os pequenos grupos. Propor aos que estão aguardando a ser desafi ados, que sejam os juízes dos que estão se apresentando. Solicite dos estudantes nova anotação no caderno de Educação Física e melhore os passos criados até o momento, propondo uma temática para a coreografi a. Repetir os desafi os entre os pequenos grupos. Solicitar que os estudantes voltem a fazer nova pesquisa na internet so- bre os elementos culturais que compõem o movimento hip hop: grafi tes, mestre de cerimônia (MC), Dj’s e breaking, e provocar um debate com ele sobre esses elementos culturais. EDUCAÇÃO FÍSICA 141 EDUCAÇÃO FÍSICA 141 Faça as seguintes perguntas para ajudar no aprofundamento dos estu- dantes sobre a temática: • O que são cada elemento do hip-hop? • No que esses elementos contribuem para a cultura da dança de rua? • Qual a diferença entre grafi te e pichação? • Qual a opinião dos estudantes sobre o prefeito de São Paulo ter mandando pintar algumas das paredes com grafi te? • Qual a linguagem dos grafi teiros para marcar seus grupos? • Qual é o papel do mestre de cerimônia e do disc-jóquei? É importante que os estudantes anotem todas as discussões e conclusões no caderno. O professor poderá, ainda, trazer vídeos sobre os elementos do hip-hop. Quarto momento - Avaliação dos resultados Os estudantes devem entregar, ao professor, o roteiro com a temática criada pelos pequenos grupos para elaboração da coreografi a. Solicitar, ainda, a sequência dos passos da coreografi a. Em folhas de papel kraft, entregar aos pequenos grupos tintas colori- das para que possam fazer um grafi te a partir da coreografi a criada por eles. O professor irá observar se o tema criado na coreografi a vai ao en- contro do grafi te. É importante, ao término do conteúdo, socializar no mural da escola toda a produção dos estudantes. 142 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 142 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO - 03 UNIDADE DIDÁTICA – ESPORTE ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 8º ANO Tema: • Esportes Coletivos de Invasão Assuntos: • Características Estruturais e Funcionais. • Experiências possíveis ao jogador. Objetivos: • Conceituar esportes coletivos de quadra de invasão. • Compreender a lógica estrutural e funcional dos esportes coletivos de quadra de invasão. • Identifi car os invariantes funcionais, os princípios operacionais (ata- que-defesa), bem como as possibilidades de operacionalização de experiências pelo jogador nos esportes coletivos de quadra com bola e que tenha como uma das características a invasão. • Participar em jogos coletivos de invasão, experimentando todas as funções operacionais. Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria O professor deve informar à turma sobre o conteúdo que será ensinado. Dividir a turma em dois grupos EDUCAÇÃO FÍSICA 143 EDUCAÇÃO FÍSICA 143 Individualmente Para o trabalho individual, o aluno deverá: Refl etir sobre o que lhe vem à mente quando o assunto é esporte? O que lhe vem à mente quando o assunto é ensino de esporte em aulas de Educação Física? Na sequência, peça aos alunos que escrevam 4 palavras e destaquem as duas mais importantes. Escreva as razões pelas quais escolheu as qua- tro palavras e as duas destacadas. Em Grupos Apresente para o seu grupo as quatro palavras, as duas destacadas e as razões da escolha delas. O grupo escolherá quatro palavras para resolver o mesmo problema que foi colocado individualmente e comporá um texto argumentativo pela escolha. Este texto e as quatro palavras serão apresentadas para a turma toda. Segundo Momento - Tratamento didático da matéria Elabore uma apresentação de slides sobre o esporte em aulas de Edu- cação Física e sobre a caracterização dos esportes coletivos de invasão com bola com alguns exemplos de esportes que se encaixam nessa categoria. A cada ponto apresentado, faça relação com o texto argumentativo construído pelos estudantes no momento anterior para favorecer a am- pliação dos conhecimentos sobre a temática. Terceiro Momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Dividir a turma em grupos e cada grupo deverá propor um jogo coletivo de quadra com bola para praticar. O professor defi nirá a tarefa para os estudantes: Jogaremos 05 minutos cada um dos esportes e após cada jogo escre- vam (em grupo) as características que identifi caram na prática daquele es- porte, exemplo: Principais ações dos jogadores, nível técnico das ações, principais re- gras que tivemos que adotar ou que tivemos que observar para que o jogo tivesse equidade para as duas equipes, atitudes adotadas pelas equipes para as diversas situações de jogo, entre outros. 144 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 144 EDUCAÇÃO FÍSICA NOENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Observações • Esportes coletivos de invasão com bola constituem uma classe de modalidade esportiva cuja disputa é baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço comum, com o objetivo de pontuar, por meio de ações individuais, grupais e coletivas. Exemplo: basque- tebol, futebol, rugby, entre outros. • O assunto proposto CARACTERIZAÇÃO DOS ESPORTES COLETIVOS DE INVASÃO, como conteúdo de ensino para a aula, deve ser enten- dido como introdução ao tema ESPORTES COLETIVOS da unidade ESPORTES, por se tratar de um assunto de abrangência e comum a todos os esportes coletivos que utilizam quadra, bola e que pos- suem confronto entre duas equipes. Após todos os jogos, os estudantes apresentarão, escrevendo no qua- dro, as características que identifi caram. Após as transcrições, analisar, com os estudantes, estabelecendo as convergências e divergências das características de cada esporte. Quarto momento - Avaliação dos resultados Elaborar uma atividade escrita que conste perguntas para observar a qua- lidade de compreensão dos estudantes sobre a caracterização dos espor- tes coletivos de quadra e se eles entenderam sobre as convergências e divergências entre os diversos esportes coletivos de quadra com bola. EDUCAÇÃO FÍSICA 145 EDUCAÇÃO FÍSICA 145 PLANO - 04 UNIDADE DIDÁTICA – ESPORTE ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 9º ANO Tema: • Esporte Coletivo de Invasão com bola - Basquetebol Assunto: • Fundamentos Técnicos – passe e recepção Objetivos: • Caracterizar o esporte coletivo de invasão com bola basquetebol. • Caracterizar o passe no basquetebol. • Conhecer as principais vantagens do passe no sistema tático da equipe. • Vivenciar os diversos tipos de passes e recepção. • Reconhecer, em situação de jogo, os momentos de utilização dos tipos de passes e recepção. 146 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 146 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria A aula tem início com o professor situando os estudantes em relação ao esporte coletivo de invasão com bola, levantando alguns exemplos de es- porte coletivo de invasão com bola e de quadra. Informa à turma sobre o conteúdo que será ensinado e propõe algu- mas perguntas, tais como: • O que é passe em um esporte coletivo? • Que signifi cado podemos dar ao passe? • Quando podemos dizer que o passe é importante? • Quando podemos dizer que houve passe? Existe passe errado? Recomenda-se, ao professor, anotar no quadro de giz as respostas dos estudantes. Exemplos: • É “tocar” a bola para o colega; é fazer bola chegar a um companheiro; • Quando o companheiro da continuidade na jogada; • Quando o companheiro domina a bola. Das respostas dadas pelos estudantes, o professor pode e deve ampliar a discussão, por exemplo: • Por que utilizamos a expressão “tocar”, como sinônimo de passe, se na maioria das vezes nós a enviamos sem bater nela, como é o caso do basquetebol? Tem momentos do jogo que você escolhe o com- panheiro para passar a bola? Qual critério utilizou para a escolha? • A amizade pode ser um deles? • Que ações são próprias da equipe que ataca? • E da equipe que defende? • Essas ações podem ser classifi cadas? • Que ação do companheiro de equipe se relaciona diretamente com o passe sem a qual o passe não acontece? Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor toma para si o encaminhamento das discussões, apresentando o conceito e defi nição dos fundamentos passe e recepção, bem como o sig- nifi cado que os estudantes têm em uma situação de jogo coletivo. Procurar fazer isso sempre articulando com a discussão do momento anterior. EDUCAÇÃO FÍSICA 147 EDUCAÇÃO FÍSICA 147 Apresentar os diversos tipos de passes e como podem ser executados tendo como referência o objetivo, situação de jogo e a forma mecânica mais efi ciente. Repetir a situação com as formas de recepção. Centralizar sua apresentação no passe de peito e recepção com as duas mãos. Dividir a turma em duplas, cada uma com uma bola de basquetebol, de preferência, solicitar que executem, parados e em deslocamentos, passes: de peito com as duas mãos em diversas trajetórias (direto, picado, para- bólico). E que também procurem receber a bola utilizando as duas mãos. Solicitar aos estudantes que prestem atenção na ação motora ao executar as duas tarefas, passe e recepção. Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Colocar os estudantes para jogar partidas de basquetebol com duração de 05 a 10 minutos. O professor defi nirá a tarefa para os estudantes: jogaremos, e após cada jogo escrevam (em grupo) os tipos de passes que mais se repetiu du- rante o jogo e se, de fato, podem ser considerados passes. Quais as situações, que aconteceram durante o jogo, que podem ser destacadas como favorecedoras dos passes realizados? Analisar quais formas de recepções aconteceram durante o jogo e se foram favorecidas pelos passes efetuados. Mais uma vez, analisar quais foram as ações mo- toras para efetuar as tarefas. Quarto momento - Avaliação dos resultados Depois de dar um tempo para os estudantes terminarem a tarefa solicita- da no momento anterior, que foi analisarem quais foram as ações moto- ras realizadas para efetuar os passes e a recepção da bola de basquete, os estudantes apresentarão oralmente para toda a turma e o professor aproveitará cada produção dos grupos e ampliará a compreensão dos es- tudantes sobre o conteúdo estudado. 148 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 148 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO - 05 UNIDADE DIDÁTICA: JOGOS E BRINCADEIRAS ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 6º ANO Tema: • Peteca Assunto: • Caracterização de Jogos e Brincadeiras. • Caracterização da peteca. • Origem e história da peteca. • Ensino do jogo peteca e suas variações. • Impactos do jogo peteca para a melhora/piora da qualidade de vida. • Construção de uma peteca alternativa. Objetivos: • Caracterizar os jogos e brincadeiras. • Caracterizar o jogo de peteca. • Estudar a origem do jogo de peteca. • Praticar os fundamentos do jogo de peteca. • Construção de uma peteca alternativa. • Identifi car os impactos da prática do jogo de peteca para melhora/ piora qualidade de vida. EDUCAÇÃO FÍSICA 149 EDUCAÇÃO FÍSICA 149 Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria A aula tem início com o professor fazendo algumas perguntas, tais como: • O que é um jogo? • Qual a diferença entre jogo popular, brincadeira e esporte? • Um jogo popular para tornar-se esporte precisa de quê? • Qual a diferença da prática de um desses temas, entre lazer e mundo do trabalho? Depois dessa conversa inicial, o professor divide a turma em 3 grupos e distribui papel kraft, revistas, colas, canetas, lápis coloridos e tesouras. A tarefa dos grupos será encontrar fi guras nas revistas e montar um cartaz mostrando: • Grupo 1) as características do jogo popular. • Grupo 2) características da brincadeira. • Grupo 3) característica do esporte. Depois da tarefa terminada, cada grupo apresentará para toda a sala. O professor abre um debate com os estudantes depois das apresenta- ções, levantando as características que convergem e divergem entre os temas estudados. Depois da introdução do conteúdo, o professor solicita para que os alunos, no caderno de Educação Física, escrevam a sua própria defi ni- ção de jogo popular. Na sequência, o professor apresenta algumas de- fi nições de jogo de autores que estudam a temática. O professor pode levantar com os estudantes e anotando no quadroquais os jogos popu- lares e brincadeiras que eles conhecem. De todas que foram listadas pelos estudantes, o professor apresen- ta que a peteca que será estudada com mais profundidade nas aulas seguintes. Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor toma para si o encaminhamento das discussões apresen- tado sobre a peteca, apresentando a origem, história, curiosidades, ar- tigos e vídeos sobre os fundamentos do jogo de peteca. É importante que o professor aproveite o momento para ampliar a discussão sobre a cultura indígena brasileira e a infl uência e contribui- ção cultural no jogo/esporte por meio da peteca. 150 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 150 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Em seguida, questionar os estudantes sobre o jogo de peteca como lazer e o jogo de peteca quando praticado como um esporte ou, ainda, o jogo de peteca como atividade física aeróbica e qual a relação com a me- lhora/piora da qualidade de vida. Estudar os fundamentos e as regras essenciais do jogo de peteca e le- vantar as semelhanças entre o voleibol e o badminton. Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Provocar um debate com os estudantes sobre cada ponto estudado até o momento. Passar outros vídeos com apresentação de pessoas jogando peteca como forma de lazer e como esporte e chamar a atenção dos deslocamen- tos dos jogadores, das ações em quadra, da altura adequada da peteca, a forma de colocar a peteca em jogo, as regras essenciais, entre outros. Dividir a turma em duplas e entregar uma peteca. Solicitar aos estudan- tes que experimentem o golpear a peteca, ora com a mão dominante e ora com a mão não dominante – ações motoras devem ser realizadas para o êxito da ação. EDUCAÇÃO FÍSICA 151 EDUCAÇÃO FÍSICA 151 O importante, aqui, é solicitar que os estudantes experimentem to- dos ao mesmo tempo e compreendam as ações motoras necessárias para o jogo. O professor deverá chamar a atenção dos alunos para os deslocamen- tos corporais em direção à peteca, a região da mão que a peteca deve bater, a força empregada na ação e chamar atenção ainda sobre o gasto enérgico ao jogar peteca. Depois de um certo tempo, dividir a turma em pequenos grupos e entregar uma peteca e um pedaço de elástico (para fazer a divisão entre os campos) para cada grupo, solicitar que antes de passar a peteca para o campo do oponente, necessita realizar passes entre os parceiros do mesmo time. Depois de preparar o material escolhido (podendo ser vários deles para fazer uma comparação com qual material fi ca melhor), solicitar aos estu- dantes que, no caderno de Educação Física, façam um desenho da peteca e um planejamento para a confecção. Em seguida, solicitar aos estudantes que façam sua própria peteca e colocá-los para jogar com elas. Levantar, com os estudantes, se a peteca fi cou adequada para o jogo, se algum aluno quer fazer modifi cação do seu material, aumentando “as penas” por exemplo, ou o peso. Quarto momento - Avaliação dos resultados O professor traz para a sala de aula os cartazes que foram confecciona- dos pelos grupos no primeiro momento e solicita que os estudantes fa- çam uma análise das construções e se eles gostariam de alterar, excluir ou acrescentar alguma fi gura dos cartazes, levando em consideração todo o processo de ensino e aprendizagem sobre a peteca. O professor observa a participação de todos, refazendo as pergun- tas iniciais para avaliar o progresso qualitativo na aprendizagem dos estudantes. Outro momento de avaliação é solicitar que os estudantes retomem o caderno de Educação Física e refaçam seu texto sobre jogo popular e façam modifi cações neste. Assim, ao corrigir os cadernos, o professor po- derá avaliar o progresso dos estudantes nesse aspecto do conteúdo. 152 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 152 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO – 06 UNIDADE DIDÁTICA – PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – ENSINO MÉDIO Tema: • Corrida de Orientação Assuntos: • Defi nição de práticas corporais de aventura. • Tipos de práticas corporais de aventura. • Aspectos organizacionais das práticas corporais de aventura. • Defi nição e caracterização de corrida de orientação. Objetivos: • Conceituar práticas corporais de aventura. • Conhecer os diferentes tipos de práticas corporais de aventura. • Conhecer sobre a corrida de orientação. • Relacionar a corrida de orientação como integrante das práticas cor- porais de aventura. • Planejar, executar e participar de uma corrida de orientação. EDUCAÇÃO FÍSICA 153 EDUCAÇÃO FÍSICA 153 Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria A aula tem início com o professor informando à turma sobre o conteúdo que será ensinado e fazendo algumas perguntas, tais como: • Quem sabe o que signifi ca práticas corporais? • E práticas corporais de aventura? • Há diferenças entre práticas corporais de aventura, esportes radi- cais, esportes na natureza e esportes urbanos? • Vamos levantar, juntos, as características de cada uma dessas práticas? • No que as práticas corporais de aventura se diferem dos esportes tradicionais? Quem já participou de alguma atividade de aventura? Ela foi planejada? • Em qual local foi realizada? Quais as sensações que tiveram? Recomenda-se, ao professor, anotar as respostas dos estudantes no qua- dro. Somente passe para outra pergunta após ter esgotado a possibilidade de respostas com a turma. • Quais os cuidados que o praticante deve tomar quando pratica um esporte de aventura? • Onde são praticados os esportes de aventura? • Quais são os esportes de aventura que vocês conhecem? Vão desde uma simples caminhada por trilhas em parques até atividades que exigem equipamentos caros de segurança e conhecimento prévio do praticante, tais como: escalada, motocross, surf, skate, trekking, slickline, entre outros. O professor divide os estudantes em grupos mais ou menos com o mesmo número de membros. Dois dos grupos deverão listar todas as práticas corporais de aventura praticados na natureza e outros dois dos grupos deverão listar todas as práticas corporais de aventura praticados no meio urbano. Os quatro grupos deverão completar a tarefa listando, ainda: equipa- mentos para a prática, característica da modalidade, local que se pratica, algumas regras, quais são os impactos na natureza quando se pratica es- sas práticas corporais, entre outros. Os grupos apresentam para os demais da sala, o professor vai listando no quadro o que achar pertinente para abrir o debate na sequência das apresentações. 154 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 154 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Quando aparecer a modalidade corrida de orientação, o professor pode dizer que entre tantas práticas corporais que foram listadas, a es- colhida para se aprofundar, nas próximas aulas, foi corrida de orientação. O professor deve evidenciar como tornar sustentável as práticas corpo- rais de aventura na natureza sem prejudicar o meio ambiente. Solicitar aos estudantes que anotem o conteúdo no caderno de Educação Física. Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor toma para si o encaminhamento das discussões, apresentan- do o conceito de práticas corporais de aventura. Seu signifi cado e impor- tância no processo educacional escolarizado. Destacará, também, os diversos tipos de práticas corporais de aventura e os princípios organizacionais necessários para a preparação e desenvol- vimento delas. O professor pode construir um texto básicosobre a história e origem das práticas corporais de aventura para ser entregue e discutido com os estudantes, pode dividir em categorias de local onde são praticados: água, ar e terra ou, ainda, meio urbano e na natureza. O professor divide novamente os estudantes em quatro grupos e so- licita que eles façam uma pesquisa pelo bairro, em torno da escola, ma- peando quais os lugares que podem ser realizadas a prática corporal de aventura - corrida de orientação. Depois do tempo estabelecido para esta tarefa, podendo ser de 07 a 10 dias, o professor abre um novo momento de apresentação para os grupos e abre as discussões necessárias para aproveitamento da tarefa. Depois de mapear todos os lugares sugeridos pelos estudantes, jun- to com eles, escolhem um dos lugares para realização de uma corrida de orientação. EDUCAÇÃO FÍSICA 155 EDUCAÇÃO FÍSICA 155 A tarefa para essa atividade é que os estudantes devem identifi car e escrever, ao olhar deles, quais são os requisitos necessários para parti- cipar em uma corrida de orientação, tais como: noções de orientação e navegação; orientação espacial com e sem bússola; elaboração, leitura e interpretação de mapas; bússola e o que poderia fazer de melhorias no trajeto percorrido para a corrida de orientação. Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Divisão da turma em três grupos: cada grupo, sob a supervisão do profes- sor, deverá preparar uma corrida de orientação. O Grupo 1 fará a corrida preparada pelo Grupo 3; o Grupo 3 fará a corrida preparada pelo Grupo 2; e o Grupo 2 fará a corrida preparada pelo Grupo 1. Essa atividade, provavelmente, deverá ser agendada em horário dife- rente das aulas de Educação Física. Quarto momento - Avaliação dos resultados Após o término da corrida, cada grupo fará análise, por escrito, da corrida que participou no que diz respeito aos itens: organização do mapeamento, detalhamento do percurso, emoção do percurso, difi culdades encontra- das, entre outros. Depois abrir uma discussão na sala para aprofundar o assunto estudado e observar a compreensão dos estudantes. 156 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 156 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO – 07 UNIDADE DIDÁTICA – PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – ENSINO FUNDAMENTAL II – 9º ano Tema: • Skate Assuntos: • Caracterização das práticas corporais de aventura. • Defi nição/origem do skate. • Ensino das manobras fundamentais do skate e suas variações. • Impactos da prática do skate para a melhora/piora da qualidade de vida. • Prática do skate e os aspectos sociais e culturais. • Regras. • Equipamentos de segurança para a prática. Objetivos: • Caracterizar as práticas corporais de aventura. • Caracterizar o esporte skate. • Estudar a origem e a história do skate. • Praticar os fundamentos do skate. • Identifi car os impactos da prática do skate para melhora/piora quali- dade de vida. EDUCAÇÃO FÍSICA 157 EDUCAÇÃO FÍSICA 157 Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria O professor inicia a aula com o conteúdo novo e pergunta aos estudantes quem sabe dizer o que são práticas corporais de aventura. • Há diferenças entre práticas corporais de aventura, esportes radi- cais, esportes na natureza e esportes urbanos? • Levantar junto com os estudantes as características de cada uma dessas práticas. • No que as práticas corporais de aventura se diferem dos esportes tradicionais? Quais os cuidados que o praticante deve tomar quando pratica um esporte de aventura? • Onde são praticados os esportes de aventura? • Quais são os esportes de aventura que vocês conhecem? São consi- derados desde uma simples caminhada por trilhas em parques até como atividades que exigem equipamentos caros de segurança e conhecimento prévio do praticante, tais como: escalada, motocross, surf, skate, trekking, slickline, entre outros. O professor vai listando no quadro conforme os estudantes vão verbali- zando. Quando aparecer a modalidade skate, o professor pode dizer que entre tantas práticas corporais que foram listadas, a que foi escolhida para se aprofundar, nas próximas aulas, é o skate. Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor pode construir um texto básico sobre a história, origem, mo- dalidades do skate para ser entregue e discutido com os estudantes. O professor divide a turma em três grupos e solicita aos estudantes que le- vantem lugares que possam praticar o skate, podendo ser dentro da esco- la ou em torno dela. Depois de cada grupo verbalizar o seu mapeamento, em conjunto, de- cidirão o local mais apropriado, levando em consideração a segurança, es- paço e obstáculos. Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Provocar um debate com os estudantes sobre cada ponto estudado até o momento, fazendo relação entre o tema práticas corporais de aventura e o skate. 158 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 158 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Solicitar que os estudantes façam pesquisas sobre quais os tipos de skate que existe, as regras essenciais, fundamentos, manobras e equipa- mentos de segurança para praticar o skate, tanto para iniciantes como para praticantes mais experientes; pesquisar, também, sobre as vestimen- tas dos skatistas. Fazer, ainda, um levantamento das manobras possíveis de serem estu- dadas durante as aulas (equilíbrio, remada, breque e ollie). Depois de aproveitar todas as contribuições dos estudantes em um de- bate, perguntar quem tem skate e se poderá trazer para a escola, bem como os equipamentos de segurança (capacete, cotoveleira e joelheira). O professor pode reunir vários skates emprestados de várias salas diferen- tes ou, ainda, emprestar de uma escolinha de skate da cidade. No início das atividades práticas, o professor solicita aos estudantes que mostrem o que sabem fazer com o skate. Ele deve criar estratégias que promovam, nos estudantes, a compreensão de como fi car equilibrado no skate. • Qual é a melhor perna para fi car na frente no skate? Por quê? E com a perna não dominante, qual a sensação de equilíbrio você tem? • Qual deve ser a posição dos joelhos e por quê? • Como os braços podem colaborar com a sensação de equilíbrio? • Como fazer o skate se movimentar (remada)? • Como fazer para o skate parar (breque)? • Qual movimento necessário para o skate fazer curvas? Quarto momento - Avaliação dos resultados Após algumas aulas de prática de skate, propor aos alunos para organizar um dia de skate na escola. Dividir a turma em pequenos grupos que fi ca- rão responsáveis pela: • Divulgação do evento. • Construção de cartazes sobre a temática práticas corporais de aven- tura e o skate. • Selecionar músicas do universo do skatistas. • Convidar um praticante que tenha bastante afi nidade com o skate para fazer uma demonstração. • Enfeitar o espaço. Tudo isso será discutido no conjunto e, a cada momento, o professor irá avaliando o conhecimento dos estudantes sobre o skate. EDUCAÇÃO FÍSICA 159 EDUCAÇÃO FÍSICA 159 PLANO – 08 UNIDADE DIDÁTICA: EDUCAÇÃO PARA SAÚDE ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – ENSINO MÉDIO Tema: • Atividade Física, Exercício Físico, Controle alimentar Assuntos: • Caracterização da educação para a saúde. • Caracterização de atividades físicas e exercícios físicos e controle ali- mentar. • Impactos das práticas do exercício físico para a melhora/piora da qualidade de vida. • Periodização da prática de exercícios físicos. Objetivos: • Caracterizar a educação para a saúde. • Estudar o conceito e caracterizaçãode atividades físicas e exer- cícios físicos. • Reconhecer a diferença entre atividades físicas e exercícios físicos. • Mapear os exercícios físicos para a melhora/piora da qualidade de vida e o controle alimentar. 160 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 160 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO • Identifi car os fatores de restrição para a prática dos exercícios físicos. • Construir materiais alternativos para a prática de exercícios físicos. • Elaborar um boletim informativo com todo conhecimento e curiosi- dade sobre o tema. Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria O tema educação para a saúde é muito amplo e envolve uma gama de possibilidades de assuntos a serem ensinados aqui; como exemplo, elen- camos alguns assuntos, mas, ao iniciar o assunto, é importante o pro- fessor dialogar com os estudantes a respeito dos mitos e a abrangência sobre a temática. A infl uência da mídia sobre os produtos alimentícios, os suplementos alimentares, a necessidade de praticar exercícios físicos com regularidade, entre outros. Como é uma temática muito atual e há interesse da maioria das pesso- as, a proposta do término do desenvolvimento do conteúdo é que, juntos, possamos construir um boletim informativo para ser distribuído para a comunidade escolar e servirá, ainda, como processo avaliativo do conheci- mento produzido pelos estudantes. Para viabilizar a elaboração do boletim informativo, é importante di- vidir a turma em três grupos e distribuir um tema para cada grupo. Os temas são: • Saúde e qualidade de vida. • Atividade física, exercício físico. • Controle alimentar. Cada grupo deverá anotar tudo que achar importante, encontrar curiosi- dades, artigos relacionados à temática, anotar as dúvidas do seu tema e encontrar fi guras para ilustrar o boletim. Dessa forma, conforme o conteúdo vai se desenvolvendo, o boletim será construído simultaneamente. O professor explica que faremos uma atividade introdutória do assunto “educação para saúde”, por meio de um mapa conceitual ou uma representação gráfi ca. O mapa conceitual pode ser no formato hierarquizado, teia de aranha ou fl uxograma. EDUCAÇÃO FÍSICA 161 EDUCAÇÃO FÍSICA 161 O professor pede para que os estudantes escrevam palavras, no cader- no de Educação Física, quando a temática “Educação para saúde” é men- cionada, envolvendo três grandes temas: a) saúde e qualidade de vida; b) atividade física, exercício físico; e c) controle alimentar. O estudante escolherá quatro palavras para cada tema solicitado. Cada estudante construirá três mapas conceituais, em folhas de sulfi te, separa- damente para cada tema com as palavras escolhidas por ele. Cada mapa terá um tema central. Depois, o professor solicita aos estudantes ligarem os conceitos um ao outro com fl echas na direção que estes se aproximam em grau de im- portância e, por último, deve encontrar, ainda, palavras conectoras que liguem um conceito ao outro. O objetivo da atividade é que cada estudante possa representar grafi camente, no mapa conceitual, suas ideias sobre os assuntos: a) saúde e qualidade de vida; b) atividade física, exercício físico; e c) con- trole alimentar. O professor deve recolher os mapas conceituais e observar o conheci- mento prévio do estudante, servindo como avaliação diagnóstica e prepa- rar os próximos momentos. 162 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 162 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Segundo momento - Tratamento didático da matéria O professor devolve aos estudantes apenas a folha do mapa conceitual sobre saúde e qualidade de vida. Aqui, a intenção é quebrar os paradigmas dos estudantes sobre os equívocos conceituais de cada temática. Solicitar aos estudantes que apresentem seus conceitos colocados no mapa, o professor vai escrevendo no quadro as palavras que poderão ser aproveitadas para o aprofundamento da temática. O professor deve promover um aprofundamento sobre saúde e qua- lidade de vida, qual é o conjunto de ações que um sujeito deve ter para manter uma qualidade de vida, isto é, refl etir sobre alimentar-se bem, dor- mir bem, hábitos de higiene, lazer, saneamento básico, moradia adequa- da, prática de exercícios físicos, perigo dos excessos e atenção aos produ- tos industrializados. Solicitar uma pesquisa sobre conceito de saúde e qualidade de vida. Elaborar, no caderno, um pequeno texto sobre esses conceitos. A cada nova estratégia, o professor promoverá o aprofundamento dos conceitos estudados, lembrando que, para se ter qualidade de vida, é necessário, além dos itens já levantados, envolve, ainda, o físico, emocional, psicológi- co e a boa relação com a família e amigos. O texto poderá servir como base para fazer parte do boletim informativo. Como avaliação até presente momento, solicitar que os estudantes vol- tem no mapa conceitual sobre saúde e qualidade de vida, com outra cor de caneta, e inclua mais conceitos que anteriormente não haviam pensado. O professor conseguirá observar, com esse procedimento, a qualidade da aprendizagem dos estudantes em cada etapa de ensino do conteúdo. Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades O professor volta a fazer uma retrospectiva do conteúdo abordado até aqui, lembrando que deseja que os estudantes compreendam o conjunto de assuntos que envolvem a temática “a educação para a saúde”. Agora, é a vez do professor devolver aos estudantes o mapa conceitual sobre atividades físicas, exercícios físicos. A partir dos conceitos colocados no mapa pelos estudantes, vá obser- vando a compreensão deles sobre os termos: atividades físicas, exercícios físicos, levantando as características de cada termo. EDUCAÇÃO FÍSICA 163 EDUCAÇÃO FÍSICA 163 Solicite os estudantes recortar das revistas fi guras de pessoas realizan- do atividades físicas e exercícios físicos. No caderno de Educação Física, elaborar uma lista, respeitando as características das atividades físicas e dos exercícios físicos. Sempre ao término das tarefas, socializar com toda a turma a construção individual. Agora chegou o momento dos estudantes experimentarem uma sequ- ência de exercícios físicos. Vamos sugerir três possibilidades: • Caso a escola não tenha os materiais necessários, o professor pode- rá construir junto com os estudantes, com materiais alternativos, tais como: caixas de madeira, para substituir o step; cabos de vassoura; banco de madeira; pneus de vários tamanhos e pesos; garrafas pets com areia de tamanhos e pesos variados; cordas de espessuras dife- rentes; elásticos; entre outros. • Visitar uma academia ao ar livre no bairro e estudar cada equipa- mento e quais exercícios físicos podem ser vivenciados. • Solicitar um espaço na academia tradicional no bairro e levar os es- tudantes para experimentarem os aparelhos. O professor poderá aproveitar esse momento e chamar a atenção so- bre os cuidados necessários para a prática de exercícios físicos, com o uso de equipamentos de segurança e com o próprio aparelho que se está utilizando. É necessário dialogar com os estudantes a periodização necessá- ria para a prática de exercícios físicos, dependendo das fi nalidades do praticante. Como avaliação até presente momento, solicitar que os estudantes voltem no mapa conceitual sobre atividades físicas, exercícios físicos, com outra cor de caneta, e inclua mais conceitos que anteriormente não haviam pensado. O professor conseguirá observar com esse procedimento a qualidade na aprendizagem dos estudantes. Quarto momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades O professor volta a fazer uma retrospectiva doconteúdo abordado até aqui. Estudamos, nos momentos anteriores, que a qualidade de vida e saú- de estão intimamente ligadas à prática de exercícios físicos. 164 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 164 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Agora, é a vez do professor devolver aos estudantes o mapa conceitual sobre controle alimentar. A partir dos conceitos colocados no mapa pelos estudantes, levante os conceitos que podem ser aproveitados para apro- fundamento da compreensão da correta seleção dos alimentos e como infl uenciam na manutenção de um peso corpóreo saudável. Entregue, aos estudantes, um texto explicativo sobre controle alimen- tar e a manutenção do peso corpóreo saudável. Levante com os estudan- tes a qualidade e quantidade dos alimentos necessários para um sujeito saudável. Amplie as discussões com as seguintes questões: • Qual a importância da alimentação no dia a dia? • A alimentação pode contribuir para o rendimento na prática de exer- cícios físicos? • Como deve ser a ingestão de alimentos em relação ao gasto energético? Como avaliação até presente momento, solicitar que os estudantes voltem no mapa conceitual sobre controle alimentar, com outra cor de caneta, e inclua mais conceitos que anteriormente não haviam pensado. O professor conseguirá observar com esse procedimento a qualidade na aprendizagem dos estudantes. Quinto momento - Avaliação dos resultados Agora é hora de organizar os textos para a elaboração do boletim informati- vo, para ser distribuído, para toda a comunidade escolar, o produto das au- las. Foi um período longo de aprendizagem, muitas etapas foram vencidas. Coletivamente, é necessário que o grupo faça um planejamento, dis- cussão, negociação de: • Quantas unidades serão impressas do boletim. • Como será a entrega à comunidade. • Como fi carão os títulos de cada tema, tamanho da fonte. • Quantas e quais fi guras ilustrarão o boletim. • Como serão as legendas das fi guras. • Quais textos entrarão no boletim. Cada grupo deve apresentar sua parte para que os demais possam enten- der como fi cará o boletim. Caberá ao professor fazer a ligação entre as três temáticas e dar o acabamento ao boletim. EDUCAÇÃO FÍSICA 165 EDUCAÇÃO FÍSICA 165 PLANO – 09 UNIDADE DIDÁTICA: GINÁSTICA ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – FUNDAMENTAL II – 7º ANO Tema: • Arte circense (equilibrismo, malabarismo e acrobacias) Assuntos: • Caracterização da arte circense. • Modalidades da arte circense (equilibrismo, malabarismo e acrobacias). • Construção de materiais alternativos para a prática dos movimentos circenses. Objetivos: • Caracterizar a arte circense (equilibrismo, malabarismo e acrobacias). • Identifi car os tipos de modalidades do equilibrismo, malabarismo e das acrobacias. • Reconhecer os movimentos equilibrismo, malabarismo e acrobacias constituintes do circo. • Construir materiais alternativos para a prática equilibrismo, malaba- rismo e acrobacias. Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria Nesse momento, iniciaremos a exploração do conteúdo artes circenses e a relação com a ginástica para todos, já estudada em outros momentos. Pode-se levantar as questões: • Quem já foi ao circo? • Como deve ser a vida de quem nasce e cresce no circo? • Como será que é de tempos em tempos morar em uma cidade dife- rente? Como será que os fi lhos dos artistas vão para a escola? • Quais são os números que têm no circo? • Como o circo teve início? • Quais as diferenças entre o circo do século passado e agora? 166 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 166 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO O professor pode passar vídeos representando o circo tradicional e outro com o circo contemporâneo. Ele pode construir um pequeno texto sobre a história e origem do circo e as modalidades praticadas para colar no ca- derno dos estudantes. Ler o texto e discutir para haver aprofundamento do conteúdo. O professor solicita para os estudantes, pode ser realizada em sala ou em casa, elaborar um texto com o tema circo, e deve escrever, nesse texto, sobre: equilibrismo, malabarismo e acrobacias; na sequência, promover a leitura coletiva do texto produzido para os demais colegas. Passar vídeos para os estudantes observarem sobre os movimentos corporais para realizar o equilibrismo, malabarismo e acrobacias. Aproveitar o conteúdo dos vídeos para aprofundar o assunto estudado, solicitar aos estudantes que tragam, para a próxima aula, três lenços de TNT Segundo momento - Tratamento didático da matéria Providenciar, com antecedência, o material necessário para a confecção das bolinhas de malabares (painço/comida de passarinho, bexiga nº 9, fu- nil). Cada estudante fará 3 bolinhas. Antes de explorar os movimentos com as bolinhas, solicitar que os es- tudantes experimentem os movimentos com os lenços de tal forma que estes não caiam no chão. Jogar o lenço para cima e dar um giro no próprio eixo, jogar para trás e pegar, jogar para cima e pegar por baixo das pernas, ir acrescentando os lenços gradativamente e repetindo as ações motoras. Depois tentar com as bolinhas, inclua as bolinhas aos poucos, primeiro com duas bolinhas e uma mão (D) e (E), depois duas bolinhas e duas mãos e, por último, 3 bolinhas e 2 mãos. Solicitar aos estudantes que tragam outros materiais que possam servir para praticar o malabaris, tais como: chapéu, maçã e arcos. Desafi ar os estu- dantes para ver quem consegue fazer o movimento com mais de 3 objetos. EDUCAÇÃO FÍSICA 167 EDUCAÇÃO FÍSICA 167 Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Provocar um debate com os estudantes sobre outro número que chama muita atenção dos espectadores no circo – as acrobacias. Se desejar, pode- rá passar um vídeo sobre as acrobacias. Levantar os movimentos possíveis de serem realizados individual e coletivamente, com e sem material, e os cuidados que os parceiros devem ter um com outro. • Acrobacias individuais: cambalhota, estrela, parada de mãos e de cabeça, mortal e ponte. • Acrobacias coletivas: cambalhota dupla. No solo (pirâmides huma- nas, rolamentos, paradas de mão e com bicicleta), e as acrobacias aéreas (trapézio, corda, cama elástica e tecido). Vocês sabem o que quer dizer nas acrobacias os termos: porto e volante? • Porto ou Base: é a pessoa que suporta o outro colega ou ajuda no lançamento. Normalmente é o sujeito mais forte. • Volante: é a pessoa que é sustentada ou projetada pelos demais praticantes. Geralmente, encontra-se no topo da pirâmide. Sua exi- gência física é menor, mas ele deve possuir boa técnica para minimi- zar o desgaste dos colegas. É o integrante que chama mais a atenção do público Hora de experimentar algumas posições de acrobacias: • Atividade das cadeiras: dispostos em círculos sentados nas cadei- ras, um deve deitar no colo do outro, avisar que não pode erguer a cabeça senão o conjunto cai, aos poucos retirar as cadeiras da base e deixá-los com apoio só nas pernas. • Meia altura: o porto deverá estar em pé com as pernas afastadas e levemente fl exionadas e o volante em pé atrás do porto. O volante inicia o movimento colocando as mãos no ombro do porto e os pés entre a coxa e o quadril, os joelhos fi cam encostados nas costas da base para dar mais equilíbrio. 168 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 168 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO • Bandeira: o porto deverá estar em pé com as pernas afastadas e levemente fl exionadas e o volante também em pé na frente do por- to. O volante inicia o movimento segurando nos pulsos do porto e colocando umdos pés entre a coxa e o quadril dele, depois deverá inserir o outro pé. Após o porto, esticará os braços e inclinar leve- mente as costas para trás e o volante levemente inclina o corpo para trás para que um contrabalance o peso do outro. • Aviãozinho: o porto está deitado de costas no chão com as per- nas estendidas para cima de forma que forme um ângulo de 90 graus entre as pernas e o chão, segurando as mãos do volante que estará em pé apoiado sobre o quadril pelos pés do porto. Para saírem do chão, o volante dá um pequeno pulo e o porto estica as pernas, o volante deve estar olhando para frente e com o corpo reto. • Florzinha: o porto está deitado de costas no chão com as pernas fl exionadas de forma que forme um ângulo de 90 graus entre as pernas e o chão, e os braços estendidos para cima para segurar os ombros do volante, este deverá estar com as mãos no joelho do porto e os ombros na mão dele. O volante deverá tirar os pés no chão e fi car na posição de como estivesse fazendo uma para- da de cabeça. Solicitar que os estudantes fi quem em grupos de 5 membros e montem uma sequência de movimentos de uma pirâmide humana, escrever no ca- derno, construir as etapas para a montagem da apresentação. Depois de alguns momentos de treinamento, os estudantes irão apresentar para os demais da turma ou até para todos da escola. Continuado com o desenvolvimento do conteúdo, provocar um debate com os estudantes sobre outro número que chama muita atenção dos espectadores no circo – os equilibristas. Se desejar, poderá passar vídeos sobre os equilibristas. Levantar, com os estudantes, quais são os materiais possíveis de serem equilibrados no próprio corpo (pratos, tecidos e bastões) e quais equipa- mentos podem contribuir para o espetáculo (corda bamba, bola, bambu e monociclos). EDUCAÇÃO FÍSICA 169 EDUCAÇÃO FÍSICA 169 Levantar quais ações podem ser realizadas na escola para experimentar o equilibrismo. O professor pode amarrar entre duas árvores duas cordas, de forma que uma é para colocar os pés e a outra mais acima ser segurada com as mãos. Aproveitar a atividade para promover nos estudantes a percepção do equilíbrio corporal, qual é a melhor forma de fi car com corpo sobre a cor- da para obter melhor resultado. Distribuir bastões para todos os estudantes e solicitar vários movimen- tos, tentando equilibrar o objeto em várias partes do corpo, sem locomoção e com locomoção, palma da mão, ponta do dedo, ombro, queixo e cabeça. Providenciar os seguintes materiais para a construção da tábua rola rola: garrafa pet de 500 ml, tábua de madeira de 40X25cm, lixa de ferro 30X25cm, cola, colar as lixas na tábua para evitar que as crianças escorre- guem; equilibrar a tábua na garrafa pet e solicitar que as crianças experi- mentem a sensação do equilíbrio sobre o aparelho, primeiro com a ajuda de outro colega e, conforme for sentindo segurança, sozinho. Quarto momento - Avaliação dos resultados Solicitar que os estudantes retomem o texto elaborado no primeiro mo- mento e acrescente outros elementos que não haviam pensado no início do conteúdo. Solicitar aos estudantes que façam uma pequena história em quadri- nhos sobre os artistas de circo e sobre os números possíveis em um espe- táculo de circo. Explorar as histórias dos estudantes. 170 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 170 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO PLANO – 10 UNIDADE DIDÁTICA – LUTAS ETAPA DE ESCOLARIZAÇÃO – ENSINO MÉDIO Tema: • Caracterização da Luta Capoeira Assuntos: • Caracterização e conceito de lutas. • Origem e história das lutas. • Lutas e o processo civilizatório. • Diferenças conceituais entre as lutas e artes marciais. • Lutas na cultura brasileira. • Fundamentos Técnicos da capoeira. • Instrumentos e músicas utilizadas na roda de capoeira. EDUCAÇÃO FÍSICA 171 EDUCAÇÃO FÍSICA 171 Objetivos: • Compreender as lutas no contexto das práticas culturais e corporais. • Conhecer a terminologia aplicada às diferentes lutas. • Reconhecer a diferença entre lutas, artes marciais e brigas. • Identifi car, entre as diferentes lutas, aquelas que são presentes na cultura brasileira. • Conhecer a luta capoeira. • Identifi car a luta capoeira como manifestação da cultura brasileira. • Executar movimento básicos de ataque e defesa da capoeira. Primeiro momento - Preparação e introdução da matéria A aula tem início com o professor informando à turma sobre o conteúdo que será ensinado lutas - capoeira, e faz algumas perguntas, tais como: • Alguém sabe o que é luta? • Como surgem as lutas? • Em que elas se fundamentam? • Qual a diferença entre luta e briga? • Alguém sabe o que é a luta Capoeira? • Qual a sua história? Por que tem esse nome? • Qual a sua fundamentação fi losófi ca? • Quais são os instrumentos utilizados na roda de capoeira? Recomenda-se, ao professor, anotar no quadro as respostas dos estudan- tes, e que somente passe para outra pergunta após ter esgotado a possibi- lidade de respostas com a turma, ampliando a discussão. O professor apresentará: aspectos históricos, conceituando-o como cultura, dança, luta e arte; tipos de capoeira: angola e regional; movimen- tos básicos da capoeira; música na capoeira; e roda de capoeira. Segundo momento - Tratamento didático da matéria Aprofundar o conhecimento com relação aos golpes básico da capoeira, apresentando vídeos e discutindo, com os estudantes, a ação motora de cada golpe. 172 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO 172 EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS E ENSINO MÉDIO Terceiro momento - Consolidação, aprimoramento e aplicação dos conhecimentos e habilidades Colocar os estudantes para executarem os movimentos básicos da capoei- ra (ginga, armada, aú, benção, meia lua de frente, martelo, reversão) indi- vidualmente e depois em duplas. O professor defi nirá, a cada aula, quais os movimentos básicos serão estudados, sempre retomando os movimentos estudados na aula ante- rior. Depois que os movimentos básicos foram compreendidos pelos estu- dantes, solicitar fi quem em duplas e, após cada luta, escrever, no caderno de Educação Física, os tipos de movimentos que mais aconteceram e por que motivo foram opção para a execução, apontando momento favorece- dores e desfavorecedores. O professor deverá escolher algumas letras de música e estudá-las com os estudantes, traga a letra impressa para ser colada no caderno de Educação Física e levante os preconceitos delas. Visite alguns sites de letras de músicas/ladainhas de capoeira. Depois de estudar algumas letras e instrumentos, propor a roda de capoeira com todos os estudantes, fazendo os movimentos básicos de esquiva e de ataque. Quarto momento - Avaliação dos resultados O professor propõe que os alunos escrevam sua compreensão sobre os conceitos da capoeira. Que escrevam as características da capoeira angola e da capoeira regional/contemporânea. Escolha três movimentos básicos ensinados durante o desenvolvimento das aulas e solicite que escrevam quais os movimentos motores são necessários para realizá-los. Solicite, ainda, que escrevam no que o conteúdo capoeira contribui para melhorar a participação, interesse e respeito aos colegas de classe. 173 considerações finais V imos que, em qualquer atividade humana, o planejamento é algo ex- tremamente necessário e importante e no processo educacional esco- larizado. O planejamento pode ser qualificado como planejamento di- dático-pedagógico, cujas finalidades e propósitos são eminentemente educacionais, visando sempre a construção de conhecimentos – aprendizagens – pelos estudantes. O que o professor planeja, didática e pedagogicamente, é o ensino dos con- teúdos.As aprendizagens acontecem internamente no sujeito ao qual o ensino é dirigido, sendo assim, o sujeito aprendente, o estudante, é que disporá de total controle sobre ele. O ensino da Educação Física na escola seleciona seus conteúdos no conjunto de saberes socioculturais ligados ao movimento culturalmente construídos. Ti- vemos como um dos critérios de seleção aqueles que representavam maior rele- vância social e um todo mais homogêneo em torno do tema central. Essa seleção sempre foi feita pensada no processo de ensino-aprendizagem. O planejamento apresentado considerou o Tema Central e dele se origina- ram os saberes escolares como Unidades Didáticas. Para cada uma das Unidades Didáticas foram indicados os Temas. E cada Tema teve seus Assuntos elencados. Os Assuntos foram os motivadores do planejamento de cada aula exemplificada. Apresentamos, para cada aula, a sua estruturação didático-pedagógica, or- ganizada em funções que denominamos de momentos. Ainda que os momentos estejam, didaticamente apresentados separados, eles pertencerem à dinâmica da aula, estão intimamente relacionados e integrados. Esses momentos não necessitam ter uma sequência fixa, e seu aparecimento em uma mesma aula não se torna obrigatório, pois o que define a necessidade de surgimento e a sua operacionalização serão os objetivos de aprendizagem defi- nidos, o conteúdo programado e o ritmo com que os estudantes constroem suas aprendizagens. 174 atividades de estudo 1. Uma aula necessita de organização didático-pedagógica para que o ensino possa ter sucesso. Nesse processo, é fundamental a mediação do profes- sor, seu domínio do conhecimento e os meios para trabalhá-los com eficácia. Nesse sentido, a relação existente em uma sala de aula envolve: a) Apenas entre os conteúdos que serão ensinados. b) Entre pais e professores. c) Entre pessoas – professor e estudante e, de ambos, com o conteúdo que é objeto de ensino. d) Entre materiais de estudo e sala de aula. e) Entre os alunos de séries diversas. 2. O que consideramos como aula também poderá ser compreendida como um continuun (série de acontecimentos sequenciais e ininterruptos). A razão de ser de uma aula, de compreender um continuun se deve ao fato de: a) A aula ser plurididática. b) Para o ensino daquele conteúdo ser necessário mais de uma aula. c) Todo o conteúdo ser ensinado numa mesma aula. d) O ensino ser dito como intercomplementar. e) O conteúdo ser significativo. 3. Recomenda-se, ao Professor de Educação Física, ou de qualquer outra maté- ria, que, ao preparar uma aula, ela seja estruturada em momentos. Por mo- mentos, consideramos: a) Tempo decorrido do relógio. b) Tempo decorrido da aula. c) Funções pertinentes à dinâmica da aula que estão intimamente relacio- nadas e integradas. d) Funções que se apresentam desvinculadas da dinâmica da aula. e) Funções relacionadas à dinâmica da escola. 4. Toda aula é uma forma básica de organização didática. Ela se configura como um processo de relação pedagógica entre as pessoas envolvidas (professor e estudante) e o conteúdo que é objeto de ensino. Neste contexto, assinale V para a alternativa Verdadeira ou F para a alternativa Falsa. ( ) Quando de organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um Assunto relacionado com um Tema de uma Unidade Didática, o que definirá o desenvolvimento e sequência dos procedimentos de ensino – momentos – são os objetivos definidos, o conteúdo programado e o ritmo de aprendizagem dos estudantes. 175 atividades de estudo ( ) Quando se organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um Assunto relacionado com um Tema de uma Unidade Didática, o que definirá o desenvolvimento e sequência dos procedimentos de ensino – momentos – são os interesses dos estudantes para aquele assunto. ( ) Quando se organiza, no ensino da Educação Física, o planejamento de aula de um Assunto relacionado com um Tema de uma Unidade Didática, o que definirá o desenvolvimento e sequência dos procedimentos de ensino – momentos – são os indicadores percentuais que se consegue em uma escala linear de variáveis estatísticas nominais. Assinale a alternativa correta: a) V; V; V. b) V; F; V. c) V; F; F. d) F; F; V. e) F; F; F. 5. Recomenda-se que uma aula de Educação Física seja planejada, didática e pe- dagogicamente, em momentos. Esses momentos como funções pertinentes à dinâmica da aula estão intimamente relacionados e integrados. I - São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos: princípio, meio e fim. II - São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos: preparação e introdução da matéria, tra- tamento didático da matéria. III - São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos: principal, secundária e terciária. IV - São consideradas funções na organização didático-pedagógica de uma aula os seguintes momentos: consolidação, aprimoramento e aplica- ção dos conhecimentos e habilidades, avaliação dos resultados. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) II e IV estão corretas. c) III e IV estão corretas. d) I e IV estão corretas. e) II, III e IV estão corretas. 176 LEITURA COMPLEMENTAR Cuidados com o plano de aula! O Plano de Aula é um roteiro imprescindível para o su- cesso da aula! O professor não pode deixar de ter a or- ganização da aula estabelecida. Nesse sentido, coloca-se como vital ter claro o tema e, consequentemente, o ob- jetivo da aula. Aqui vale o destaque que, em muitas situ- ações, o tema da aula transcende a um ou mais encon- tros. Tudo vai depender da abrangência e profundidade com que se pretende trabalhar. Estabelecidos o tema e objetivo da aula, estima-se o tem- po necessário para o seu desenvolvimento. A partir disso, o professor deverá organizar os conteúdos que serão en- sinados para atender ao tema proposto. A sequência dos conteúdos e graus de profundidade vinculam-se à turma e seu nível de desenvolvimento – ano escolar. Tendo essa defi nição, o professor deverá escolher quais as estraté- gias adotará para o ensino dos conteúdos previamente selecionados. As estratégias devem ser as mais variadas possíveis, indo da metodologia expositiva à metodologia participativa, na qual os alunos assumem a co-responsa- bilidade com o desenvolvimento das atividades. Chegar até à ação participativa é um processo gradativo. O professor precisa fi car atento para, continuamente, estimular os alunos a assumirem a condução de suas ações, sem que fujam do foco estabelecido para a aula e atividade. Por fi m, o professor deve ter a clareza de que a aula necessita de um fechamento, ou seja, é o momento de se avaliar se os objetivos foram atingidos e como os alunos perceberam as ações. As respostas dos alunos se colocam como ancoragem ao encadeamento de novas ações nas aulas subsequentes. Nesse sentido, a organização prevê que a aula tenha uma estrutura básica, ou seja, que haja a roda inicial na qual se apresentam adequadamente o tema e os obje- tivos da aula e situe os alunos em relação à sequência da disciplina. O desenvolvimento com uma sequência de ações que possam subsidiar o tema sem fugir dele e que consiga atender em profundidade pedagógica sufi ciente. Por fi m, a roda fi nal na qual se retoma o tema e os obje- tivos idealizados para a devida verifi cação de atendimen- to. Nesse momento de encerramento da aula, os alunos devem declarar o entendimento e as percepções gerais sobre a aula. Fonte: os autores. 177 material complementar Práticas Corporais e a Organização do Conhecimento Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira;Suraya Darido; Fernando Gonzalez (Organi- zadores) Editora: Eduem Sinopse: a Coleção de Prática Corporais do Ministério do Esporte disponibiliza para a comunidade da área uma série de planos em diversas modalidades como forma suporte pedagógico ao Professor de Educação Física. A organização desse material vai além dos planos, possibilitando refl exões sobre as práticas corporais e como organizá-las em programas e projetos sociais, da mesma forma que pos- sibilita adaptações ao meio escolar sistematizado. Nela, o professor tem muitas opções pedagógicas organizadas e que servem de bons exemplos para o desen- volvimento da Educação Física Escolar. Indicação para Ler Educação Física: contribuições à formação profi ssional Jorge Sergio Perez Gallhardo (Coord) Ano: 2011 - 5. ed. Editora: Unijuí-RS Sinopse: esse livro discute o desenvolvimento das habilidades motoras na infância. A primeira parte apresenta dados históricos da Educação Física no Brasil e aspectos da biologia humana, além de abordar as características neurocomportamentais e socioculturais da infância. A segunda parte oferece uma proposta metodológica com orientação didático-pedagógica para profi ssionais e estudantes de Educação Física, Pedagogia e Magistério. O livro também interessa a animadores sociocultu- rais e demais profi ssionais dedicados ao desenvolvimento físico da criança. Indicação para Ler 178 referências gabarito BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Base Nacio- nal Comum Curricular: educação é a base. Disponível em: <http://basenacio- nalcomum.mec.gov.br/images/BNCCpublicacao.pdf>. Acesso em: 31 maio 2017. HADJI, C. Pensar e agir a educação: da inteligência do desenvolvimento ao de- senvolvimento da inteligência. Porto Alegre, Artmed, 2001. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2009. MATEUS, I. B. B. Didática. Centro Universitário de Maringá. Núcleo de Educa- ção a Distância. Reimpressão revista e atualizada, Maringá, 2014. PALMA, A. P. T. V.; OLIVEIRA, A. A. B.; PALMA, J. A. V. Educação Física e or- ganização curricular: educação física, ensino fundamental, ensino médio. 2. ed. Londrina: Eduel, 2010. PIMENTA, S. G. De professores, pesquisa e didática. Campinas, São Paulo: Pa- pirus, 2002. 1. C. 2. B. 3. C. 4. C. 5. B. EDUCAÇÃO FÍSICA 179 Caro(a) aluno(a)! Chegamos ao final de mais uma etapa e espera- mos que tenha sido elucidativa para você. É muito importante que, ao final dela, você se sinta confor- tável academicamente para defender a Educação Fí- sica Escolar, podendo se posicionar adequadamente frente às demandas exigidas pela escola. Os temas abordados tiveram a função de esclare- cer sobre nosso percurso histórico e o nosso estado da arte pedagógico. Ainda temos muitas frentes de trabalho para que possamos ter tranquilidade peda- gógica. Muito que fazer para a conquista da legiti- midade acadêmico-pedagógica, mas, por outro lado, precisamos considerar que avançamos significativa- mente nas últimas décadas. Educação é assim mesmo, tem um ritmo lento, é morosa nas mudanças e nas alterações em seu cotidiano escolar. É preciso entender essa moro- sidade, mas não podemos deixar de buscar as ne- cessárias e primordiais alterações que possam con- tribuir com a conquista de nossa legitimidade no setor educacional. conclusão geral A persistência junto à devida competência pe- dagógica são peças chave para que possamos conso- lidar a área e o profissional da Educação Física. Os temas trabalhados aqui tiveram a função precípua de instrumentalizá-los para que possam desenvolver conscientemente a Educação Física Escolar. Houve a preocupação de resgatar um pouco de nosso processo histórico, dos conteúdos relevantes que precisam ser abordados nas etapas educacionais correspondentes, a demonstração do processo ava- liativo que supera o acerto de contas e serve como balizador das revisões e correções de rumo, assim como estratégias didáticas com os mapas conceituais e a organização de planos de aula qualificados. O domínio desses temas poderá auxiliá-los subs- tancialmente no exercício profissional na escola. Não deixem de realizar as reflexões indicadas e visitar os sites, assim como acessar o material bibliográfico indicado. É muito importante que você seja curioso e que mantenham a busca pelo conhecimento con- tinuamente. A curiosidade é a mola propulsora do sucesso de todos nós, não podemos perdê-la!