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1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A CONCEPÇÃO E O
DESENVOLVIMENTO DA SENSIBILIDADE ESTRUTURAL
Na engenharia estrutural existem basicamente duas fases: a fase de concepção do
projeto, e a fase do desenvolvimento propriamente dito. O objetivo principal é obter soluções
adequadas, simples e econômicas para o problema proposto, exigindo do engenheiro experiência
e sensibilidade para encontrar estas respostas.
Deve-se lembrar que:
“A engenharia é a arte de tratar de maneira simples e adequada o complexo. A qualidade de um
projeto se mede pela adequação da sua solução, pelo seu método construtivo, pela qualidade do
detalhamento com vistas à facilidade executiva, e pelo seu dimensionamento através de
modelos que simulem corretamente a estrutura, propiciando um grau de segurança adequado”
1.1 ANÁLISE CONCEITUAL
A análise conceitual é formada por várias etapas, como:
- visualização do caminhamento das cargas nos diversos elementos estruturais;
- desenho esquemático em escala adequada;
- indicação das cargas atuantes;
- análise dos diversos caminhos que as cargas atuantes devem percorrer até chegar à
fundação. Isto depende da disposição e rigidez dos vários elementos que compõe a estrutura,
lembrando-se que a estrutura que permite o menor caminhamento das cargas até a fundação é
a mais econômica;
- visualização da seqüência construtiva.
1.2 PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Nesta etapa é feita uma análise simplificada em seções críticas, para que se
tenha idéia das ordens de grandeza envolvidas. Depois de definidas as dimensões dos
elementos estruturais, é feito um cálculo detalhado da estrutura envolvendo muitas vezes
programas computacionais. Aconselha-se não prosseguir o cálculo se houver muita discrepância
entre o pré-dimensionamento e o definitivo, pois é nesta fase que muitos engenheiros se
sentem confiantes demais por disporem de um programa teoricamente muito eficaz, podendo
acontecer muitos erros.
1.3 REGRAS ÚTEIS
Lembrando-se que projetar não é calcular, e sim prever e resolver problemas, deve-se:
- entender o projeto como um todo (arquitetura, implantação, estrutura, elétrico, hidráulico,
etc);
- prever os problemas ao longo de todas as etapas construtivas, ou seja, procurar uma solução
de fácil execução;
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- separar o principal do secundário;
- pensar! Pensar no problema, levantar todos os aspectos possíveis, gerar um modelo
simplificado levando em conta os aspectos essenciais, etc.
1.4 MEMORIAL DE CÁLCULO, DESENHOS E ESPECIFICAÇÕES
O produto final de um projeto estrutural é constituído por memorial de cálculo,
desenhos e especificações.
O memorial de cálculo é um documento de auxílio e esclarecimento de dúvidas
sobre um determinado projeto, contendo descrição da concepção, do cálculo e do
detalhamento do mesmo. Ele deve ser auto-explicativo, claro (bom entendimento) e conter
todos os dados que irão para o desenho final, uma vez que é o documento fundamental para o
controle da qualidade.
A estrutura da memória de cálculo deve conter:
a) índice: utilização de regras para os diversos itens (letras maiúsculas, minúsculas, números) e
paginação;
b) conteúdo:
- hipóteses preliminares (carregamentos, características dos materiais empregados,
características do solo de fundação, condicionantes construtivas, método executivo, etc);
- memorial justificativo e descritivo (descrever a obra e justificar a solução adotada em
comparação com outras alternativas);
- sistema estrutural (desenho esquemático);
- implantação e geometria;
- cálculo principal (lajes, vigas, pilares, fundação, detalhes gerais);
- desenhos gerados (anexos);
Por outro lado, as informações dos desenhos e especificações devem também ser
completas, claras, -em escalas apropriadas, consistentes entre si e corretas.
1.5 QUALIDADE NO PROJETO ESTRUTURAL
A NBR 6118:2003 procura inserir novos conceitos de qualidade dentro do projeto
estrutural, muito além do que simplesmente a garantia da estabilidade da obra. Assim, uma
estrutura deve apresentar requisitos relativos à sua capacidade resistente, bom
desempenho em serviço (não pode haver fissuração excessiva, deformações inconvenientes
e vibrações indesejáveis) e durabilidade.
A vida útil de projeto deve ser de 50 anos, e a qualidade passa pela sistematização
segundo padrões internacionais de qualidade, proporcionalmente ao porte e ao risco da
construção em análise. Isto exige constante atualização do nível de conhecimento do
projetista e cuidados com os processos de automatização envolvidos no projeto.
Todas as normas técnicas internacionais apresentam uma grande preocupação
com a qualidade, englobando economia na execução da obra, melhor aproveitamento da
tecnologia dos materiais, da metodologia da análise numérica, da garantia de durabilidade e
vida útil das construções e da segurança, não apenas imediata das estruturas, mas também a
longo prazo, evitando-se acidentes desnecessários. O projeto deve ser compatível desde o
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atendimento ao projeto arquitetônico até o ajuste com as instalações, apresentando uma
garantia de uma execução correta daquilo que foi projetado.
Ainda dentro dos conceitos de qualidade de um projeto estrutural, evitando
envelhecimento prematuro da estrutura e garantindo sua durabilidade, devem ser observados:
a) drenagem eficiente;
b) formas arquitetônicas e estruturais adequadas;
c) garantia de concreto com qualidade apropriada;
d) garantia de cobrimentos de concreto apropriados para proteção da armadura;
e) detalhamento adequado das armaduras;
f) controle de fissuração;
g) uso de revestimentos protetores nas peças sob condições ambientais agressivas;
h) definição de um plano de inspeção e manutenção preventiva;
i) análise cuidadosa e atenta do projeto arquitetônico;
j) contatos com os proprietários para saber dos objetivos da obra, durabilidade
estimada, padrão de revestimentos e acabamentos;
k) conhecimento do construtor e suas obras anteriores;
l) lançamento de um sistema estrutural compatível com a arquitetura, com o projeto de
instalações, com a tecnologia executiva disponível, etc;
m) pré-dimensionamento da estrutura com verificação da compatibilidade dos esforços e
deformações do sistema criado;
n) desenvolvimento do projeto propriamente dito, incluindo detalhamento de cada
elemento da estrutura, combinando os resultados obtidos das análises e dos programas
utilizados com a experiência profissional;
o) desenhos claros e detalhados;
p) implementação nos desenhos de informações complementares (resistência dos
materiais utilizados, módulos de elasticidade, hipóteses consideradas, etc);
q) supervisão da execução da obra pelo projetista, com visitas eventuais à obra nas
fases críticas da execução dos projetos, como por exemplo antes das concretagens.
Deve-se lembrar ainda que as condições deequilíbrio e de compatibilidade
devem ser sempre respeitadas, e podem ser estabelecidas com base na geometria
indeformada da estrutura (teoria de primeira ordem), ou com base na geometria
deformada (teoria de segunda ordem), nos casos em os deslocamentos alterem de
maneira significativa os esforços internos.
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2. INTRODUÇÃO AO CONCRETO ARMADO
2.1 COMPOSIÇÃO DO CONCRETO ARMADO
O concreto armado é composto de concreto simples mais um material de boa resistência à
tração, como por exemplo, aço ou bambu, que devem estar convenientemente colocados
(armadura passiva). O concreto por sua vez, é formado por um material aglomerante
(cimento Portland, cimento de pega rápida, etc), materiais inertes (agregados graúdos ou
miúdos), água e eventualmente aditivos.
2.2 VANTAGENS DO USO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
As principais vantagens em se utilizar estruturas de concreto armado são:
- facilidades e rapidez na construção, principalmente no caso de se utilizar peças pré-
moldadas;
- economia em função do baixo custo dos materiais e da mão-de-obra envolvida;
- adaptabilidade a qualquer forma construtiva, em função da boa trabalhabilidade;
- processos construtivos bastante conhecidos em qualquer lugar do país;
- boa resistência a diversas solicitações, incluindo-se a resistência ao fogo e ao choque;
- materiais de fácil obtenção;
- conservação fácil e de baixo custo, desde que a estrutura tenha sido
convenientemente projetada e construída;
- boa transmissão de esforços, em função da obtenção de estruturas monolíticas (concretagem
in loco)
- boa aderência entre os materiais.
2.3 DESVANTAGENS DO USO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
Da mesma forma, as principais desvantagens são:
- encarecimento das fundações (peso próprio elevado);
- reformas e demolições trabalhosas;
- exigências construtivas (escoramento, concreto bem executado, cura, etc);
- baixa resistência à tração do concreto, havendo a necessidade de colocação de
armadura corretamente posicionada;
- problemas de fissuração e de corrosão das armaduras.
2.4 NORMAS BRASILEIRAS REFERENTES AO CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO
As principais normas brasileiras relacionadas ao projeto estrutural são:
NBR 6118/2003 – Projeto de estruturas de concreto – procedimento (revisão da NBR 6118/80,
sendo conhecida como nova NB1);
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NBR 6120/1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – procedimento;
NBR 6123/1987 – Forças devido ao vento em edificações – procedimento;
NBR 8681/2003 – Ações e segurança nas estruturas – procedimento;
NBR 7187/1987 – Cálculo e execução de pontes de concreto armado;
NBR 14931/2003 – Execução de estruturas de concreto – procedimento.
Também relacionadas ao concreto armado tem-se as seguintes normas:
NBR 7808 – Símbolos gráficos para projetos de estruturas;
NBR 5732/1991 – Cimento Portland comum – especificação;
NBR 5733/1991 – Cimento Portland de alta resistência inicial – especificação;
NBR 5735/1991 – Cimento Portland de alto forno – especificação;
NBR 5736/1991 – Cimento Portland pozolânico – especificação;
NBR 5738/1994 – Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto
– método de ensaio;
NBR 5739/1994 – Concreto – ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos – método de
ensaio;
NBR 6004/1984 – Arames de aço – ensaio de dobramento alternado – método de ensaio;
NBR 6122/1996 – Projeto e execução de fundações – procedimento;
NBR 6152/1992 - Materiais metálicos – determinação das propriedades mecânicas à
tração – método de ensaio;
NBR 6153/1988 – Produto metálico – ensaio de dobramento semi-guiado – método de ensaio;
NBR 6349/1991 – Fios, barras e cordoalhas de aço para armaduras de protensão – ensaio de
tração – método de ensaio;
NBR 7190/1977 – Projeto de estruturas de madeira – procedimento;
NBR 7222/1994 – Argamassa e concreto – determinação da resistência à tração por
compressão diametral de corpos de prova cilíndricos – método de ensaio;
NBR 7477/1982 – Determinação do coeficiente de conformação superficial de barras e fios de
aço destinados a armaduras de concreto armado – método de ensaio;
NBR 7480/1996 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado –
especificação;
NBR 7482/1991 – Fios de aço para concreto protendido – especificação;
NBR 7483/1991 – Cordoalhas de aço para concreto protendido – especificação;
NBR 7484/1992 – Fios, barras e cordoalhas de aço destinados a armaduras de
protensão – ensaios de relaxação isotérmica – método de ensaio;
NBR 8522/1984 – Concreto – Determinação do módulo de deformação estática e
diagrama – tensão - deformação – método de ensaio;
NBR 8548/1984 – Barras de aço destinadas a armaduras para concreto armado com emenda
mecânica ou por solda – determinação da resistência à tração – método de ensaio;
NBR 8953/1992 – Concreto para fins estruturais – classificação por grupos de resistência –
classificação;
NBR 8965/1985 – Barras de aço CA 42S com características de soldabilidade destinadas a
armaduras para concreto armado – especificação;
NBR 9062/1985 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado – procedimento;
NBR 11578/1991 – Cimento Portland composto – especificação;
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NBR 11919/1978 – Verificação de emendas metálicas de barras de concreto armado – método
de ensaio;
NBR 12142/1992 – Concreto – determinação da resistência à tração na flexão em corpos de
prova prismáticos método de ensaio;
NBR 12519/1991 – Símbolos gráficos de elementos de símbolos, símbolos qualitativos e outros
símbolos de aplicação geral;
NBR 12654/1992 – Controle tecnológico de materiais componentes do concreto –
procedimento;
NBR 12655/1996 – Concreto: preparo, controle e recebimento – procedimento;
Obs.:
- como toda norma está sujeita a revisões, deve-se verificar qual é norma vigente (vide
www.abnt.gov.br ou entre em contato com algum órgão representante da ABNT);
- desde que seja devidamente justificado, pode-se também utilizar alguns regulamentos
internacionais, sendo os principais:
• Builiding Code Requirements for Reinforced Concrete (ACI – American
Concrete Institute);
• CEB-FIP Model Code (Comitê Euro-Internacional du Beton);
• EUROCODE.
- como sugestão para consulta nesta disciplina, indica-se o site
www.lmc.ep.usp.br/pesquisas/TecEdu.
2.5 UNIDADES
Na disciplina de CAR-I serão utilizadas unidades do Sistema Internacional (SI), e
em virtude do grande problema que alguns profissionais ainda tem ao lidar com diversos
sistemas de unidades, mostra-se a seguir as equivalências mais comuns com o sistema MKS:
1 N = 0,1 kgf
1 kN = 100 kgf = 0,1tf
1 kN.m = 100 kgf.m = 0,1 tf.m
1 Mpa = 10 kgf/cm2 = 1000kN/m2 = 100 tf/m2 = 0,1 kN/cm2
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3 PROPRIEDADES DO CONCRETO
3.1 CLASSES DE CONCRETO
Os concretos utilizados para fins estruturais subdividem-se em grupos de
acordo com a resistência característica à compressão ( ckf ). Assim, têm-se concretos C15,
C20, C25, C30, C35, C40, C45 e C50, onde os números indicadores da classe representam por
exemplo concretos com
ckf = 15 Mpa, 20 Mpa, e assim por diante. O valor mínimo da
resistência à compressão deve ser de 20 Mpa para concretos apenas com armadura
passiva (concreto armado) e 25 Mpa para concretos com armadura ativa (concreto
protendido). O valor de 15 Mpa pode ser usado apenas em fundações e eventualmente em obras
provisórias (obras com até quatro pavimentos, vãos de no máximo 4 m, sem utilização de laje
plana, e desde que o proprietário esteja de acordo).
3.2 CONCRETO ARMADO E CONCRETOPROTENDIDO
O concreto armado é obtido por meio da associação entre concreto simples e uma
armadura convenientemente posicionada, chamada de armadura passiva, de tal modo que os
dois materiais resistam de forma solidária aos esforços solicitantes. Por sua vez, o concreto
protendido é obtido por meio da associação entre o concreto simples e a armadura ativa, para a
qual é aplicada uma força de protensão com a finalidade principal de neutralizar as tensões de
tração. A armadura neste caso é composta de cabos (armadura ativa) e barras (armadura
passiva).
3.2 MASSA ESPECÍFICA
Para concretos simples pode-se adotar para massa específica o valor de 2400
kg/m3 e para o concreto armado o valor de 2500 kg/m3. Para concretos leves (que utilizam
argila expandida, escórias, EPS, vermiculita, etc) pode-se adotar valores entre 1200 e
1600 kg/m3 e para concretos pesados (usados por exemplo para blindagens de material de
radiação) o valor de 3300 a 4000 kg/m3.
3.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO
As principais propriedades do concreto fresco dizem respeito à trabalhabilidade,
consistência e homogeneidade. Na moldagem da estrutura torna-se particularmente importante
a consideração do processo de cura, que deve começar logo após o adensamento e o início da
pega. Estes itens foram devidamente estudados na disciplina de MCC, e não serão aqui
abordados.
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3.4 CARACTERÍSTICAS REOLÓGICAS
As características reológicas a serem consideradas para o concreto são:
3.4.1 RETRAÇÃO - é a diminuição de volume que ocorre na peça de concreto, mesmo
que não estejam atuando solicitações ou efeitos de temperatura, provocando fissuras e
esforços adicionais. Basicamente, a retração pode ser de três tipos:
- retração química – quando ocorre evaporação da água quimicamente não associada durante o
processo de endurecimento do concreto;
- retração capilar – ocorre por evaporação parcial da água capilar e perda da água adsorvida,
fazendo com que apareçam tensões superficiais e fluxos de água nos capilares;
- retração por carbonatação: é o tipo de retração que ocorre quando há diminuição de
volume com o processo
A retração será tanto maior quanto mais seco for o ambiente, menos espessa for a
peça em questão, e maior for o fator água-cimento. Para proteger quanto aos danos
devido à retração deve-se proceder uma boa “cura”, evitando peças de grande
comprimento e usando juntas de dilatação ou de concretagem apropriadas. Para casos
correntes das obras de concreto armado, com peças de dimensões usuais entre 10 cm e 100 cm
e umidade ambiente não inferior a 75%, pode-se adotar o valor de deformação específica axial
devido à retração como
ε cs = 15 x 10-5
Para casos especiais deve-se consultar a norma.
3.4.2 EXPANSÃO - é o aumento de volume de peças de concreto submersas, quando o fluxo
de água é de fora para dentro da peça.
3.4.3 DEFORMAÇÃO IMEDIATA E FLUÊNCIA DO CONCRETO (“creep”) – deformação
lenta pode ser entendida como sendo a deformação que acontece logo após a aplicação do
carregamento, devido à acomodação dos cristais que formam o material. A fluência
corresponde a um acréscimo de deformação com o tempo ( ccε ), com a permanência da carga
aplicada. Após a acomodação dos cristais com a aplicação das cargas, há uma diminuição do
diâmetro dos capilares e conseqüentemente um acréscimo da tensão superficial nestes
capilares, provocando a fluência. A consideração da deformação lenta e da fluência tem
muita importância para projetos de estruturas de concreto protendido, sendo proporcional à
deformação imediata 0cε :
cocc εϕε .=
onde ϕ é o coeficiente de fluência.
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A deformação lenta é parcialmente reversível, sendo que parte desta deformação
é eliminada quando do descarregamento. Os fatores que mais influenciam a deformação
lenta são:
- condições ambientais (maior umidade relativa do ar, então menor deformação lenta);
- espessura da peça (maior espessura, então menor deformação lenta);
- fator água cimento (maior a/c, maior deformação lenta);
- idade do concreto quando do carregamento (idade menor, então deformação lenta maior).
A partir destes fatores é possível calcular o coeficiente de fluência “ϕ ”, para
casos em que não é necessária muita precisão:
Umidade (%) 40% 55% 75% 90%
Esp. Equivalente 20 60 20 60 20 60 20 60
0t = 5 dias
4,4 3,9 3,8 3,3 3,0 2,6 2,3 2,1
0t = 30 dias
3,0 2,9 2,6 2,5 2,0 2,0 1,6 1,6
0t = 60 dias
3,0 2,6 2,2 2,2 1,7 1,8 1,4 1,4
Espessura Equivalente = )(.2 cm
u
Ac
Sendo:
cA - área da seção transversal da peça em contato com a atmosfera;
u - perímetro da seção transversal da peça em contato com a atmosfera;
ot - tempo antes do primeiro carregamento.
Na prática, para casos de estruturas “simples” em que o número de pavimentos é
menor ou igual a 4 (quatro), o valor da sobrecarga de utilização é de no máximo 3 KN/m2, o
pé direito não excede 4 m, os vão são no máximo de 6m e os balanços são de no máximo 2 m,
pode-se usar para concreto armado ao ar livre o valor médio do coeficiente de fluência de
5,2=ϕ .
3.4.4 TEMPERATURA - aumentos ou diminuições de temperatura podem provocar
variações nas dimensões das peças de concreto. Para minimizar estes problemas, deve-se
usar juntas de dilatação ou de concretagem, minimizar a inércia dos pilares na direção da
deformação imposta ou aumentar o comprimento livre dos pilares nos níveis inferiores. Tem-se
que:
tct ∆= αε , onde ctε é a deformação específica axial devido à temperatura;
Co510−=α , onde α é o coeficiente de dilatação térmica do concreto.
A variação da temperatura ∆t a ser considerada é (segundo NBR 6118/80):
11
- CtC oo 1510 ±≤∆≤± se a menor dimensão da peça for ≤ 50 cm;
- ∆≤± Co5 t Co10±≤ se a menor dimensão da peça for ≥ 70 cm, considerando peças
maciças ou ocas com os espaços vazios inteiramente fechados;
- para dimensões entre 50 e 70 cm os valores acima devem ser interpolados;
- ∆ t = 0 para peças permanentemente envolvidas por terra ou água, ou para peças com
comprimento de até 30m.
A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da
diferença entre temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.
Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição
significativamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa
distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre
os valores de temperatura adotados, desde que a variação de temperatura considerada entre
uma face e outra da estrutura não seja inferior a cinco graus centígrados.
Obs.: estas recomendações não são válidas para muros, paredes estruturais ou pilares
robustos rigidamente ligados às fundações. Cuidados especiais também devem ser
tomados no caso de projetos de chaminés, fornos, etc, onde há um grande gradiente
térmico.
3.5 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS
As principais características mecânicas do concreto a serem consideradas são a
resistência à compressão, resistência à tração e módulo de elasticidade, propriedades
estas que são determinadas por ensaios normatizados pela ABNT.
3.5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
A resistência à compressão é a característica mais importante do concreto, e é obtida
em ensaios de cilindros moldados segundo a NBR 5738/1994 e NBR 5739/1994. Esta
resistência,quando não for indicada a idade, refere-se à idade de 28 dias. Admite-se que para
o dimensionamento, pode-se admitir uma relação linear entre tensões e deformações,
adotando-se o módulo de elasticidade secante, e podendo-se empregar no estado limite
último o diagrama simplificado tensão-deformação específica, conforme figura a seguir:
Segundo este diagrama, tem-se que:
3,5%
o
2%
o
cσ
0,85f
cd
cε
12
Se 0 ≤ 0%2<cε => ( )[ ]2002,0/1185,0 ccdc f εσ −−=
Se
o
%2 cε≤ 0%5,3≤ => cdc f85,0=σ
Observações gerais:
a) define-se como ckf a resistência característica do concreto à compressão, valor este obtido
pela estatística do rompimento de corpos de prova;
b) define-se como
cdf a resistência de cálculo do concreto à compressão (resistência
de projeto ou resistência última do concreto), para verificações em data t igual ou superior a
28 dias, como sendo
c
ck
cd
ff
γ
=
onde cγ é o coeficiente de segurança do concreto, tomado normalmente como 1,4.
Quando a verificação se faz em data t inferior a 28 dias, a expressão de cdf deve
ser modificada (consultar norma).
c) a resistência medida no concreto depende de modo geral da forma dos corpos de
prova e duração da solicitação;
d) o coeficiente 0,85, estudado pelo eng. Hubert Rüsch, que reduz a resistência de cálculo do
concreto leva em conta a superposição de três fatores, cuja ordem de grandeza é dada a
seguir:
- perda de resistência sob carga mantida igual a 0,72;
- ganho de resistência com o tempo entre 28 dias e o final de vida da estrutura (para cimento
CPI) igual a 1,23;
- coeficiente que corrige a influência da forma do corpo de prova padrão (15x30) e a
resistência na estrutura, igual a 0,96.
Assim, como 0,72 x 1,23 x 0,96 = 0,85, justifica-se o valor descrito.
O exposto acima também implica que a resistência do concreto para fins de segurança
deve ser tomada na idade de referência de 28 dias, não cabendo a consideração do ganho de
resistência após esta data, esmo que existam teorias de que após um período de dois anos e
meio, haja um ganho de 23%.
3.5.2 MÓDULO DE ELASTICIDADE DO CONCRETO
Para melhor entendimento deste item, torna-se necessário a descrição dos dois
métodos de cálculo do módulo de elasticidade, relativos aos diagramas tensão x
deformação:
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- módulo de elasticidade tangente ou inicial: é dado pela declividade de uma reta tangente à
curva em sua origem, sendo que sua obtenção é fornecido pela NBR 8522/1984:
- módulo secante: é conhecido através da declividade de uma reta traçada da origem, a um
ponto da curva correspondente a 40% da tensão relativa a carga de ruptura.
Quando não forem feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto
usado na idade de 28 dias, o valor do módulo de elasticidade inicial do concreto, a ser
especificado em projeto e controlado na obra, pode ser estimado usando-se a expressão:
E
ci = 5600 fck (Mpa)
O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de
projeto, especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de
estados limites de serviço, deve ser calculado pela expressão:
E cs = 0,85 E ci (Mpa)
3.5.3 COEFICIENTE DE POISSON - o coeficiente de Poisson (ν) do concreto, que é a
relação entre a deformação unitária transversal e longitudinal, é desprezado na maioria dos
cálculos usuais mas é utilizado por exemplo na análise de túneis e barragens. Para os casos em
que as tensões de compressão são menores que 0,5
cf e as tensões de tração são menores que
ctf , o seu valor pode ser tomado como 0,2.
3.5.4 MÓDULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL - para as mesmas condições do
item anterior, o módulo de elasticidade transversal do concreto é dado por
G c = 0,4 E cs (Mpa)
3.5.5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO CONCRETO - apesar do concreto ser um material
pouco resistente à tração, a consideração desta resistência pode estar relacionada com a
capacidade resistente da peça, como no caso de esforço cortante, e ser importante na
consideração da fissuração. A curva da tensão x deformação específica para a tração é
14
semelhante à curva de compressão, não existindo nenhuma relação direta entre elas. Para
efeito de cálculo e considerando-se concreto não fissurado, pode-se utilizar o diagrama
abaixo, onde
ctkf é a resistência característica do concreto à tração.
A partir de ensaios apropriados (NBR 7222/1994 e NBR 12142/1991), pode-se
medir a resistência à tração indireta ( spctf , ) e a resistência à tração na flexão ( fctf , ). A
resistência à tração direta ( ctf ) pode ser considerada igual a spctf ,9,0 ou fctf ,7,0 , e na falta
de ensaios apropriados, pode-se utilizar o valor da resistência à tração direta média
(
ctnf ), que pode ser calculada por meio da expressão:
)(3,0 3/2 Mpaff ckctm =
Dependendo da situação a ser utilizada, deve-se levar em conta os seguintes limites:
- resistência característica superior do concreto à tração:
ctmsup, 3,1 ff ctk =
- resistência característica inferior do concreto à tração:
ctmctk ff 7,0inf, =
Obs.: de modo simplificado pode-se considerar que a resistência do concreto à tração é em
torno de 10% da resistência à compressão.
3.6 OBSERVAÇÕES QUANTO À COMPOSICÃO DO CONCRETO
De acordo com os ensinamentos vistos na disciplina de MCC-I e MCC-II e sugestões da
norma NBR 6118/2003, deve-se dar preferência a certos tipos de cimento Portland, adições e
aditivos mais adequados para resistir à agressividade ambiental, em função da natureza
15
dessa agressividade. Do ponto de vista da maior resistência à lixiviação são preferíveis os
cimentos com adições tipo CP III e CP IV; para minimizar o risco de reações álcali-agregado
são preferíveis os cimentos pozolânicos tipo CP IV; para reduzir a profundidade de
carbonatação são preferíveis os cimentos tipo CP I e CP V; para reduzir a penetração
de cloretos são preferíveis os cimentos com adições de tipo CP III e CP IV assim como adição
extra de microssílica e cinza de casca de arroz.
A tabela abaixo fornece a resistência do concreto em Mpa em função da relação a/c
para vários tipos de cimento, considerando agregados de origem granítica com diâmetro
máximo de 25 mm, batimento “slump” entre 50 e 70 mm e concreto com aditivo plastificante
normal:
RELAÇÃO A/C TIPO DE
CIMENTO 0.65 0.60 0.55 0.50 0.45
CP I 32 28 32 37 41 47
CP II 32 24 28 31 35 39
CP II 40 28 32 36 41 46
CP III 32 23 27 31 36 41
CP III 40 27 32 37 42 49
CP IV 32 24 28 32 36 41
CP V –
ARI/RS
30 33 38 42 46
CP V - ARI 33 38 42 47 53
16
4. PROPRIEDADES DO AÇO
4.1 DENOMINAÇÃO
O aço é uma liga metálica composta principalmente de ferro e de pequenas quantidades
de carbono, podendo ser acrescido de outros materiais como Pb, Si, Mg, S, P ou Cr, e
apresentando boa resistência e ductilidade. A principal diferença entre aço e ferro diz
respeito ao teor de carbono: o aço possui um teor inferior a 2,04% e o ferro, possui um teor
entre 2,04% e 6,7%. O aço estrutural utilizado na construção civil possui teores de
carbono da ordem de 0,08% a 0, 5%.
A armadura que é colocada dentro do concreto livre de tensão (sem ser previamente
alongada) é chamada de armadura passivas e o concreto neste caso é chamado de concreto
armado. Esta armaduraé constituída de fios e barras (vide NBR 7480/1996), e na sua
designação é usado o prefixo CA (concreto armado). Para estruturas de concreto
protendido, o aço é denominado CP.
Classificam-se como barras os produtos de diâmetro nominal igual ou superior a 5,0 mm
obtidos por laminação a quente, sem posterior deformação a frio, e como fios os produtos com
dimensão nominal igual ou inferior a 10,0 mm obtidos por trefilação ou outro processo
equivalente, como por exemplo estiramento. As barras são classificadas nas categorias CA-25
e CA-50, e os fios na categoria CA-60. É importante salientar que a revisão da normalização
NBR 7480/1996, omite a classificação dos aços em classe “A” (barras obtidas por laminação à
quente sem posterior deformação à frio) e “B” (barras e fios obtidos por deformação à frio),
mas realça a existência de duas classes de aços.
A nomenclatura dos aços usados em estruturas de concreto armado, é dada em função
da sua tensão de escoamento ykf dada em kgf/mm2. Assim, para um aço CA-50, a tensão de
escoamento é de 50 kgf/mm2.
Deve-se lembrar que o aço mais utilizado nas obras correntes é o CA-50, cujas
barras são obtidas por laminação a quente de tarugos de lingotamento contínuo.
As barras de aço (CA50) são fornecidas normalmente com comprimentos de
12m, em feixes amarrados de 1000kg ou 2000kg, e devem ser fabricadas segundo
especificações da NBR 7480, sendo considerados diâmetros nominais maiores ou iguais a
5,0 mm e obtidos exclusivamente por laminação a quente.
O aço CA-60 é obtido por trefilação de máquina, e se caracteriza pela alta
resistência, o que proporciona estruturas de concreto armado mais leves, e pelos
entalhes, que aumentam ligeiramente a aderência do aço ao concreto. Estes aços são
normalmente empregados para fabricação de lajes, tubos concreto, lajes treliçadas,
estribos de vigas e pilares, estruturas pré-moldadas de pequena espessura, etc.. São
fornecidos em bitolas finas e em rolos com peso aproximado de 170 kg, barras de 120 m de
comprimento, em feixes amarrados de 1000 kg, em estocadores e bobinas de 1500kg para uso
industrial fornecido em bitolas finas, e é mais usado em lajes e estribos de vigas e pilares.
O aço CA-25, por ser bastante dúctil, é normalmente usado quando se requer grandes
diâmetros ou quando o detalhamento exige dobramentos sucessivos.
Sempre que houver perigo de confusão no canteiro de obras, é proibido o emprego
simultâneo de diferentes categorias de aço. Entretanto, esse emprego é permitido desde
que uma das categorias seja empregada na armadura longitudinal e a outra na armadura
17
transversal das vigas e pilares. A armadura deve ser identificada quanto ao produtor, a
categoria do material e o seu respectivo diâmetro nominal, através de marcas em relevo ou
etiquetas.
4.2 BITOLAS COMERCIAIS
As barras de aço CA 50 são fornecidas normalmente com comprimento de 12
metros, em feixes amarrados de 1000 kg ou 2000 kg, e devem ser fabricadas segundo
especificações da NBR 7480/1996, sendo considerados diâmetros nominais maiores ou
iguais a 5,0 mm e obtidos exclusivamente por laminação a quente. Os fios são aço CA-60.
18
Obs.: apesar de normalizado, o diâmetro de 22 mm não é comercializado!!!
Para efeito de detalhamento, serão consideradas as seguintes bitolas e respectivas
áreas:
BITOLA (MM) TIPO DE AÇO AREA ( 2cm )
5,0 CA-60 0,2
6,3 CA-50 0,315
8,0 CA-50 0,5
10,0 CA-50 0,8
12,5 CA-50 1,25
16,0 CA-50 2,0
20,0 CA-50 3,15
25,0 CA-50 5,0
32,0 CA-50 8,0
4.3 PROPRIEDADES GERAIS
4.3.1 TIPOS DE SUPERFÍCIE – os fios e as barras podem ser lisos ou providos de saliências
ou mossas. As barras lisas não possuem saliências suficientes em sua superfície, portanto
elas têm pouca aderência ao concreto quando comparadas com as nervuradas. As
propriedades mecânicas exigidas para barras e fios de aço destinados para as armaduras de
concreto armado são especificadas na tabela a seguir:
Ensaio de tração (valores mínimos)
Categoria Limite de
Escoamento
LE (Mpa)
Limite de
resistência
LR (Mpa)
Alongamento em
10 φ (%)
CA-25
(barra lisa)
250
1,20 LE
18
CA-50
(barra de alta
aderência)
500
1,10 LE
8
CA-60
(barra entalhada)
600
1,05 LE
5
Obs.: na tabela anterior, define-se limite de resistência (LR) como sendo a força máxima
suportada pelo material na qual ele se rompe, ou seja, é o ponto máximo da resistência de uma
barra, valor este que é obtido pela leitura direta na máquina de tração.
Para ensaios de dobramento, os corpos de prova são submetidos a um dobramento de
180º em pino de diâmetro padronizado, sendo considerado aprovado quando não apresenta
quebra ou fissura na região dobrada. Este ensaio tenta reproduzir as condições em que os
19
materiais serão utilizados nas obras. Os diâmetros dos pinos exigidos pelo ensaio são indicados
na tabela abaixo, conforme Anexo B da NBR 7480 e são:
Diâmetro Mínimo do Pino por Categoria
Bitola a dobrar CA 25 CA 50 CA60
φ < 20 2φ 4φ 5φ
φ ≥ 20 4φ 6φ -
Quando da execução de armaduras nas obras, a utilização da Norma NBR 7480 e os
pinos anteriormente citados não é correta, já que ela só é aplicada para liberação do produto
nos laboratórios das usinas ou no controle tecnológico de obras. Então, neste caso deve-se
adotar como referência as recomendações da NBR 6118 onde são determinadas as condições a
obedecer no projeto, na execução e no controle de obras de concreto armado. De acordo com
esta norma os diâmetros dos pinos a serem utilizados no dobramento de barras devem ser:
Diâmetro Mínimo do Pino por Categoria
Bitola a dobrar CA 25 CA 50 CA60
φ < 20 4φ 5φ 6φ
φ ≥ 20 5φ 8φ -
O dobramento em obra é realizado em uma mesa de dobra, normalmente uma bancada
de madeira conforme esquematizado abaixo:
20
4.3.2 MASSA ESPECÍFICA - pode-se assumir para massa específica do aço para concreto
armado o valor de 7850 kg/m 3 .
4.3.3 COEFICIENTE DE DILATAÇÃO TÉRMICA – pode-se utilizar o mesmo valor
utilizado para o concreto, que é de α = 10 5− o C 1− para intervalos de temperatura entre –20
graus a 150 graus.
4.3.4 MÓDULO DE ELASTICIDADE – para qualquer tipo de aço admite-se que o módulo de
elasticidade é E s = 210 Gpa = 210.000 Mpa.
4.3.5. DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA – as características dos
aços são verificadas mediante ensaios de resistência à tração, dobramento e aderência. Para
os cálculos no estado limite último e no estado limite de serviço, a normalização recomenda
que se empregue o diagrama simplificado abaixo, considerando-se comportamentos iguais na
compressão e na tração. O valor ukε representa o valor da deformação na ruptura, e para
aços sem patamar de escoamento o valor de ykf é o valor da tensão correspondente à
deformação permanente de 2%o.
O valor máximo da deformação à tração é tomado como 10%o (alongamento de
ruptura), e o valor máximo da deformação à compressão é de 3,5 %o (encurtamento de
ruptura), para que haja coerência com o encurtamento máximo do concreto. Assim:
Diagrama εσx característico:
sσ
sε
f yck
f yk
yckε
-3,5% o
10%o yk
ε
21
Diagrama εσx de cálculo:
São definidos:
ykf = resistência característica de escoamento do aço à tração;
ydf = resistência de cálculo de escoamento do aço à tração;sγ = coeficiente de segurança do aço, normalmente tomado como 1,15.
Tem-se então:
sykyd ff γ/=
Sendo ykε a deformação que dá início ao escoamento, tem-se:
sykyk Ef /=ε
sendo que no dimensionamento, a favor da segurança, deve-se tomar os valores minorados de
resistência:
sydyd Ef /=ε
e onde sE é o módulo de elasticidade longitudinal do aço. Na compressão, considera-se que o
comportamento é igual à tração, ou seja:
yckyk ff =
ydf = ycdf
Pelos diagramas apresentados, observa-se o comportamento elástico (reta inclinada) e
o comportamento plástico (reta “paralela”) do aço.
sσ
sε
f ycd
f yd
ycdε
-3,5% o
10% o
ydε
22
4.4 PROTEÇÃO DA ARMADURA
Qualquer barra de armadura deve ter cobrimento nominal de concreto pelo
menos igual ao seu diâmetro, e de acordo com a agressividade do meio ambiente ao
qual a estrutura está exposta, referido à superfície da armadura externa, em geral a
face externa do estribo, devendo-se prever uma espessura de sacrifício ou um
revestimento protetor em regiões sob condições ambientais muito agressivas.
Para garantir o cobrimento mínimo ( minc ) o projeto e a execução devem
considerar o cobrimento nominal ( nomc ), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de
execução ( c∆ ). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os
cobrimentos nominais, estabelecidos na tabela abaixo para c∆ = 10mm , que é o valor
mínimo de c∆ a ser considerado nas obras correntes. No caso de haver em obra um
adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas
durante a execução, pode ser adotado um valor c∆ = 5mm, mas esta exigência deve
estar bem explicitada nos desenhos de projeto.
Classe de agressividade ambiental PEÇA ESTRUTURAL.
Cobrimento nom. p/
c∆ =10 mm
Classe I Classe II Classe
III
Classe IV
LAJE 20 25 35 45
VIGA/PILAR 25 30 40 50
CONC.
PROTENDIDO
35 35 45 55
Tem-se que o cobrimento nominal (a ser especificado em projeto) é
cccnom ∆+= min barraφ≥
No caso de feixes de barras, além de se considerar os valores acima, deve-se verificar:
c nom feixeφ≥ = nφ = nφ
onde φ é o diâmetro da barra utilizado e n é o número de barras do feixe.
Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de
contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de
revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos
asfálticos, e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser simplificadas para
cobrimento maior ou igual ao diâmetro da barra, com cobrimento mínimo de 15 mm.
Para faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento
de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes
química e intensamente agressivos o cobrimento nominal deve ser de pelo menos 45 mm.
Deve-se lembrar ainda que a dimensão máxima característica do agregado
graúdo, utilizado no concreto, não pode superar 20% da espessura nominal do cobrimento, ou
seja:
23
d max ≤ 1,2 c nom
Quanto à agressividade ambiental, esta pode ser classificada conceitualmente de
acordo com o apresentado a seguir:
CLASSE DE
AGRESSIVIDADE
AMBIENTAL (CAA)
AGRESSIVIDADE
RISCO DE DETERIORAÇÃO
DA ESTRUTURA
I Fraca Insignificante
II Média Pequeno
III Forte Grande
IV Muito forte Elevado
Esta classificação da agressividade do meio ambiente às estruturas pode ser
avaliada simplificadamente segundo as seguintes condições:
Micro clima
Ambientes internos Ambientes externos e obras em geral
Macro clima Seco(1) com
UR ≤ 65%
Úmido ou
ciclos(2) de
molhagem e
secagem
Seco(3) com
UR≤ 65%
Úmido ou ciclos(4)
de molhagem e
secagem
Rural I I I II
Urbana I II I II
Marinha II III - III
Industrial II III II III
Especial (5) II III ou IV III III ou IV
Respingos de
Maré
- - - IV
Submersa ≥3m - - - I
Solo - - Não agressivo Úmido e agressivo
II, III ou IV
Obs.:
(1) Salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos,
residências e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e
pintura.
(2) Vestiários, banheiros, cozinhas, lavanderias industriais e garagens.
(3) Obras em regiões secas, como o nordeste do país, partes protegidas de chuva em
ambientes predominantemente secos.
(4) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
(5) Macro clima especial significa ambiente com agressividades bem conhecida, que
permitirá definir a classe de agressividade III ou IV nos ambientes úmidos. Se o ambiente
for seco, a classe de agressividade será sempre II, nos ambientes internos e III nos externos.
24
Obs.: No caso de alta contaminação por cloretos, a estrutura deve ser enquadrada na
classe IV. Para projetos no litoral, pode-se de maneira geral utilizar CAA = II para peças no
interior, e CAA = III para peças expostas à intempérie.
Para garantir a qualidade dos componentes e elementos estruturais de concreto
armado segundo a classe de agressividade, deve-se utilizar o fator água/cimento e classe de
concreto abaixo relacionado:
Classe de agressividade Concreto tipo CA
I II III IV
Fator
água/cimento em
massa
≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
Classe de concreto ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
Consumo de
cimento por metro
cúbico de concreto
(kg/m3)
≥ 260
≥ 280
≥ 320
≥ 360
Uma outra observação muito importante é que se pode especificar dois recobrimentos
diferentes para uma peça estrutural, dependendo se esta peça é interna ou externa, ou seja,
menos ou mais sujeita à agressividade.
25
5. COMPORTAMENTO CONJUNTO DO AÇO E DO CONCRETO
5.1 ADERÊNCIA
O concreto e o aço atuam em conjunto, formando o concreto armado, devido à
aderência (bond, em inglês) entre estes dois materiais, que impede o deslizamento entre eles,
permitido assim a transferência de esforços. A verificação da aderência se faz usualmente
através da tensão de aderência no estado limite último.
O comportamento da aderência é influenciado pelo diâmetro da barra, tipo e disposição
das nervuras, posição das barras durante a concretagem, fator água-cimento, adensamento e a
idade do carregamento.
A aderência pode ser de três tipos:
- aderência por adesão: surge como sendo uma resistência à separação do material concreto
e do material aço, devido às ligações físico-químicas, na interface das barras com a pasta,
geradas durante as reações de pega do cimento. Para pequenos deslocamentos relativos entre
a barra e a massa de concreto que a envolve, essa ligação é então destruída. Por exemplo, para
separar o bloco de concreto de uma placa de aço conforme figura abaixo é necessário que se
aplique uma força de intensidade 1bF .
- aderência por atrito: quando se tenta arrancar uma barra de um bloco de concreto, a força
de arrancamento 2bF é maior que a força mobilizada pela aderência à adesão ( 1bF ). Isto ocorre
devido ao atrito entre a barra e o concreto, surgindo também tensões de aderência ( bτ )
distribuídas ao longo da barra, em oposição à esta força 2bF .
- aderência mecânica: esta aderência surge devido à conformação superficial que existe nas
barras. Nas barras de alta aderência, por exemplo,as saliências mobilizam forças localizadas,
aumentando significativamente a aderência.
26
5.2 TENSÃO DE ADERÊNCIA
A tensão de aderência depende de inúmeros fatores, como rugosidade da barra,
posição da barra dentro da peça durante a concretagem, diâmetro da barra usado, resistência
do concreto, porosidade do concreto, etc.
Segundo a figura dada anteriormente, a expressão da tensão de aderência fica sendo:
b
s
bd l
Rf
..φpi=
sendo:
sR - força atuante na barra
φ - diâmetro da barra
bl - comprimento de ancoragem
5.3 POSIÇÃO DAS BARRAS DURANTE A CONCRETAGEM
De acordo com a posição das barras durante a concretagem pode-se dizer que existem
regiões favoráveis ou desfavoráveis quanto à aderência:
a) para o caso de concretagens sobre formas fixas considerar-se-á em região de boa
aderência os trechos onde o concreto é cuidadosamente vibrado e adensado. Segundo a
norma, consideram-se as seguintes posições das barras:
- com inclinação maior que 45 graus sobre a horizontal (figura a);
- horizontais ou com inclinação menor que 45 graus sobre a horizontal, desde que:
27
- para peças com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face inferior da peça ou da
junta de concretagem mais próxima (figuras b e c), e para peças com h ≥ 60 cm, localizadas no
mínimo 30 cm abaixo da face superior da peça ou da junta de concretagem mais próxima
(figura d);
- em regiões de má aderência consideram-se os trechos das barras em posições diferentes das
citadas.
b) no caso de se usar formas deslizantes, considera-se zona de boa aderência apenas os
trechos de barras com inclinação maior que 45 graus sobre a horizontal. Todos os demais são
de má situação.
5.4 RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA
A tensão de aderência de ruptura é o valor registrado por ocorrência da macro-
ruptura, identificada no momento em que a armadura perde a capacidade de ancorar-se no
concreto.
A resistência de aderência de cálculo entre a armadura passiva e o concreto, deve ser
obtida segundo a seguinte expressão:
ctdbd ff ... 321 ηηη=
onde:.
- ctdf = valor de cálculo da resistência à tração do concreto (igual a inf,ctkf / cγ )
- 1η = 1,0 para barras lisas (CA 25);
- 1η = 1,4 para barras dentadas ou barras entalhadas (CA-60);
- 1η = 2,25 para barras nervuradas de alta aderência (CA-50);
- 2η = 1,0 para situação de boa aderência e 2η = 0,7 para má aderência;
- 3η = (132 -φ )/100 onde φ é dado em mm para φ > 32 mm e 3η = 1,0 para φ ≤ 32 mm.
28
5.5 ANCORAGEM DAS ARMADURAS
A ancoragem das armaduras é necessária para que seja feita a transferência de
esforços para o concreto, e assim seja possível a interrupção da armadura em um determinado
ponto da peça estrutural. Esta ancoragem pode ser feita por aderência ou por dispositivos
mecânicos, sendo que estes últimos devem ser usados somente com controle rigoroso.
5.5.1 COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BASICO PARA BARRAS TRACIONADAS –
define-se bl como sendo o comprimento mínimo necessário para que a barra não seja
“arrancada” da peça de concreto, ou seja, o comprimento reto necessário para ancorar a força
limite ydss fAR .= . Admite-se que ao longo deste comprimento de ancoragem a resistência de
aderência é uniforme e igual a bdf .
O comprimento de ancoragem básico pode ser calculado igualando-se a força última de
aderência:
ydsbdb fAfl .... =φpi
Como
4/. 2φpi=sA
obtém-se então:
l b =
bd
yd
f
f
4
φ
5.5.2 COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO PARA BARRAS TRACIONADAS -
quando da escolha da armadura a ser utilizada em função das bitolas disponíveis no mercado,
utiliza-se normalmente uma quantidade de armadura diferente (na maior parte dos casos, uma
armadura ligeiramente superior) àquela efetivamente calculada. Desta forma há uma diminuição
da tensão nas barras, e o comprimento de ancoragem básico pode ser modificado usando-se o
comprimento de ancoragem necessário, dado pela expressão:
l necb, = 1α . bl .
efts
calcs
A
A
,
, ≥ min,bl
onde:
1α = 1,0 para barras sem gancho;
1α = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho
≥ 3φ ;
A calcs , = área de armadura calculada para resistir ao esforço solicitante;
29
eftsA , = área de armadura existente (efetiva).
O valor mínimo da ancoragem ( min,bl ) deve ser o maior valor entre 0,3 bl , 10φ e 10 cm.
O valor de l
necb , pode ser calculado simplificadamente para diversos tipos de concreto.
Assim, considerando aço CA-50, barras nervuradas ( 1η =2,25), sem gancho ( )11 =α , diâmetros
não superiores a 32 mm ( 3η =1) tem-se:
min,
,
,
,
.. b
efets
cals
necb lA
A
Kl ≥= φ
onde o valor da constante K pode ser obtido pela tabela a seguir:
VALORES DE K PARA DIVERSOS FCK (MPA)-
Aço CA-50
15 20 25 30 35 40 45 50
Boa Ader. 53 44 38 34 30 28 25 24
Má Ader. 76 62 54 48 43 40 37 34
Obs.: em casos especiais de redução do comprimento de ancoragem, e no caso de
utilização de feixes de barras, deverá ser consultada a NBR 6118/2003.
5.5.3 ANCORAGEM DE BARRAS COMPRIMIDAS – a ancoragem de barras comprimidas
acontece basicamente no caso de existir armadura dupla em vigas ou no caso de pilares. As
barras de armadura que estão exclusivamente compridas ou que tenham alternância de
solicitações (tração e compressão) devem ser ancoradas em trecho reto, sem gancho,
conforme figura abaixo:
bd
ycd
b f
f
l
4
´
φ
=
30
No caso de utilizar armadura diferente da calculada, tem-se:
cm
l
l
A
A
K
A
A
ll
b
b
usados
cals
usados
cals
bnecb
20
15
6,0
´
min,'
,
'
,
'
,
'
,´´
,
φφ ≥≥==
Quando se compara o comportamento da ancoragem de barras tracionadas e
comprimidas, deve-se lembrar que quando o concreto está comprimido numa região de
ancoragem, o mesmo apresenta maior integridade (menos fissuração), fazendo com que os
comprimentos de ancoragem de barras comprimidas possam teoricamente ser menores. Um
segundo aspecto a ser considerado é o efeito de ponta (observado na figura anterior), fator
este que se reduz significativamente com o tempo, por causa do efeito de fluência do
concreto. Como na prática é possível desprezar estes dois fatores, calcula-se a ancoragem de
barras comprimidas da mesma forma que para barras tracionadas, porém, não se utilizando
ganchos para armaduras comprimidas. Para as barras comprimidas, considera-se sempre zona
de boa aderência.
5.5.4 ANCORAGEM NOS APOIOS – este item será melhor estudado no capítulo referente
ao detalhamento da armadura longitudinal de vigas.
5.5.5 UTILIZAÇÃO DE GANCHOS – a ancoragem por aderência acontece por meio de um
comprimento reto ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho. O gancho é
obrigatório no caso de barras lisas, mas no caso de existirem barras que estejam comprimidas
ou que tenham alternância de esforços (tração e compressão) o uso de ganchos não deve
existir. Não se recomenda o uso de ganchos para barras em feixes ou com diâmetro superior a
32 mm, e no caso de barras lisas os ganchos devem ser semi-circulares.
Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração podem
ser:
- semi-circulares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2φ (caso a);
- em ângulo de 45 graus (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a 4 φ (caso
b);
- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8φ (caso c).
O diâmetro dos pinos de dobramento deve ser pelo menos igual aos valores da tabela a
seguir:
31
BITOLA
(mm)
CA-25 CA-50 CA-60
<20 4φ 5φ 6φ
≥ 20 5φ 8φ -
No caso de estribos com diâmetro tφ , os ganchos podem ser:
- semi-circulares ou em ângulo de 45 graus (interno) com ponta reta de comprimento igual a
5 tφ , porém não inferior a 5 cm;
- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 tφ , porém não inferior
a 7 cm (não é permitido para barras ou fios lisos).
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser no mínimo, igual aos valores abaixo:
BITOLA DO
ESTRIBO tφ (mm)
CA-25
CA-50
CA-60
≤10 3 tφ 3 tφ 3 tφ
10<φ < 20 4 tφ 5 tφ -
≥20 5 tφ 8 tφ -
Obs.:
- com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência devem
ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio concreto, considerando-se este
caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3φ e a distância entre as
barras ancoradas também for maior ou igual a 3φ ;
- nas regiões situadas sobre apoios diretos, a armadura de confinamento não é necessária
devido ao aumento da aderência por atrito com a pressão do concreto sobre a barra;
- a NBR 6118/2003 permite também a ancoragem de estribos através de barras transversais
soldadas (vide norma);
- na disciplina de CAR-I será utilizado o detalhamento com gancho semi-circular, com 5 cm
para cada lado.
5.6 EMENDAS DAS BARRAS
Como as barras de armadura são fornecidas em comprimentos entre 10m e 12m, muitas
vezes torna-se necessário emendá-las. Estas emendas podem ser de diversos tipos:
- por traspasse (transferência indireta);
- por luvas com preenchimento metálico ou rosqueadas (transferência direta, sem
participação do concreto);
- por solda (idem);
- por outros dispositivos devidamente justificados.
32
Na disciplina de CAR-I será somente estudada a emenda por traspasse, devendo-se
recorrer à norma para as outras situações.
5.6.1 EMENDAS POR TRASPASSE - este tipo de emenda não é permitido para barras
isoladas de bitola maior que 32 mm e nem para tirantes e pendurais. No caso de feixes, o
diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não poderá ser superior a 45 mm.
As emendas são supostas na mesma seção transversal de acordo com a figura abaixo:
A proporção máxima de barras tracionadas emendadas numa mesma seção está indicada
na tabela a seguir:
TIPO DE CARREGAMENTO TIPO DE BARRA
SITUAÇÃO
ESTÁTICO DINÂMICO
Em uma camada 100% 100%
ALTA ADERÊNCIA Em mais de uma
camada
50% 50%
φ < 16 mm 50% 25% BARRA LISA
φ ≥ 16 mm 25% 25%
5.6.2 COMPRIMENTO DE TRASPASSE PARA BARRAS TRACIONADAS, ISOLADAS –
quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre 0 e 4φ , o
comprimento do trecho de traspasse para barras tracionadas deve ser
otl = otα . ≥necbl ,
cm
lbot
20
15
..3,0
φ
α
onde otα é o coeficiente função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção,
segundo a tabela abaixo:
Porcentagem de barras emendadas na mesma seção –
valor de otα
≤20 % 25% 33% 50% >50%
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
33
Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4φ , ao comprimento
calculado anteriormente deve ser acrescida a distância livre entre barras emendadas. A
armadura transversal na emenda deve ser justificada, considerando o comportamento conjunto
concreto-aço.
5.6.3 COMPRIMENTO POR TRASPASSE DE BARRAS COMPRIMIDAS, ISOLADAS –
neste caso, todas as barras podem ser emendadas numa mesma seção, e em se tratando de
barras comprimidas, não faz diferença se as mesmas estão posicionadas em zona de boa ou de
má aderência, podendo-se então adotar:
cm
l
ll
b
necbo
20
15
6,0 '
'
,
' φ≥=
ou seja, o comprimento de emenda tem o mesmo valor da ancoragem de compressão, não
havendo necessidade de majoração.
5.6.4 EMENDAS DE BARRAS CONSTRUTIVAS (CRITÉRIO PRÁTICO) - no caso de se
precisar emendar barras que tenham somente funções construtivas, ou seja, que estejam fora
de regiões de tração ou de compressão (armadura dupla), pode-se adotar o maior valor entre
15 vezes o diâmetro da barra utilizada ou 20 cm.
l consto, ≥ 15φ ou 20 cm.
Obs.:
- barras exclusivamente comprimidas ou de distribuição (construtivas), podem ser todas
emendadas na mesma seção;
- como exemplo de barras construtivas, tem-se barras de armadura de pele, barras
superiores de vigas bi-apoiadas sem armadura de compressão (função somente de porta-
estribos) etc;
- pilares que estão eventualmente sujeitos a esforços de tração (por exemplo, devido ao
vento), não podem ter armadura emendada por traspasse.
5.6.5 EMENDAS DE FEIXES DE BARRAS - no caso de se ter que emendar feixes de
barras, deve-se utilizar as prescrições da norma, tomando-se cuidado com a utilização de
armadura transversal nas emendas por traspasse.
34
6. ESTADOS LIMITES
Diz-se que uma estrutura ou parte dela atinge um estado limite quando, de modo
efetivo ou convencional, se torna inutilizável ou quando deixa de satisfazer às condições
previstas para sua utilização. Os critérios de segurança a serem verificados no projeto
estrutural são os indicados na NBR 8681:2003 (Ações e Segurança em Estruturas). O método
dos estados limites é fundamentado em análises estatísticas com relação às ações e às
resistências.
6.1 ESTADO LIMITE ÚLTIMO (ELU)
O estado limite último (ELU) está relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de
ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura. Trata-se de uma situação na
qual espera-se que uma estrutura nunca atinja, tanto é que se faz o uso de diversos
coeficientes de segurança, sendo as resistências dos materiais minoradas e os esforços
solicitantes majorados.
A segurança das estruturas de concreto deve ser verificada em relação aos seguintes
estados limites últimos:
- estado limite último de perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;
- estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou
em parte, devido às solicitações normais e tangenciais;
- estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou
em parte, considerando os efeitos de segunda ordem (flambagem);
- estado limite último provocado por solicitações dinâmicas.
6.2 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO (ELS)
É aquele relacionado à durabilidade da estrutura, aparência, conforto do usuário e a
boa utilização funcional da mesma, seja em relação aos usuários, às máquinas e aos
equipamentos utilizados. Este assunto será melhor discutido no capítulo final desta apostila.
De forma geral, no caso de estruturas de concreto armado, devem ser considerados:
- estado limite de formação de fissuras (ELS-F) – é atingido quando a tensão de tração
máxima na seção transversal for igual a fctf , ;
- estado limite de abertura de fissuras, quando as fissuras se apresentam com aberturas
iguais aos máximos especificados para a utilização normal da estrutura (ELS-W);
- estado limite de deformações excessivas, quando as deformações atingem limites
estabelecidos para a utilização normal da construção (ELS-DEF);
- estado limite de vibrações excessivas, quando as vibrações atingem os limites
estabelecidos para a utilização normal da construção (ELS-VE);
Para estruturas de concreto protendido verifica-se também o estado de descompressão
(ELS-D), o estado de descompressão parcial (ELS-DP) e o estado de compressão excessiva
(ELS-CE).
35
7 AÇÕES
Na análise estrutural devem ser consideradas as influências de todas as ações que
possam produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura, levando-se em conta os
possíveis estados limites últimos e de serviço. Deve-se lembrar que ações são definidas comocausas que provocam esforços ou deformações nas estruturas, sendo que, de modo geral, as
forças são chamadas de ações diretas e as deformações impostas são chamadas de ações
indiretas.
7.1 AÇÕES PERMANENTES
São as que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda a vida da
construção, podendo crescer no tempo tendendo a um valor limite constante. Estas ações
devem ser consideradas com seus valores representativos mais desfavoráveis para a segurança
da estrutura, e podem ser:
- ações permanentes diretas – constituídas pelo peso próprio da estrutura, dos elementos
construtivos fixos (paredes, esquadrias, etc )e das instalações permanentes. Os empuxos de
terra e outros materiais granulosos quando considerados não removíveis, também devem ser
considerados como uma ação permanente.
- ações permanentes indiretas – são constituídas pelas deformações impostas por retração do
concreto, fluência do concreto, deslocamentos de apoio (para estruturas hiperestáticas e
muito rígidas), imperfeições geométricas (globais ou locais) ou protensão.
7.2 AÇÕES VARIÁVEIS
São aquelas que não são constantes durante a vida da construção, e podem ser:
- ações variáveis diretas - são as ações acidentais previstas para o uso da construção (peso
de equipamentos, depósitos provisórios, de pessoal, etc), pela ação do vento (obrigatório
segundo a NBR 6123) e da água (chuva). As ações acidentais correspondem a ações verticais
de uso da construção, ações móveis considerando inclusive o impacto vertical, impacto lateral,
força longitudinal de frenagem ou aceleração e força centrífuga. Estas forças devem estar
dispostas nas posições mais desfavoráveis, sem que se esqueça de levar em conta o processo
construtivo.
- ações variáveis indiretas – são aquelas relativas à variação da temperatura (uniforme ou não
uniforme), ações dinâmicas.
Obs.: as ações dinâmicas devem ser verificadas quando a estrutura está sujeita a choques ou
vibrações, verificando-se a possibilidade de ressonância e/ou fadiga.
36
7.3 AÇÕES EXCEPCIONAIS
São as ações que tem duração extremamente curta e uma probabilidade muito baixa de
ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas em algumas
situações, como por exemplo a ocorrência de um terremoto junto à construção de uma represa.
7.4 COMBINAÇÕES DE AÇÕES
As combinações de carregamento devem ser feitas de diferentes maneiras, de forma
que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. A verificação
quanto à segurança da estrutura deve ser feita em função de combinações últimas e
combinações de serviço. Em todas as combinações, as ações permanentes devem ser tomadas
em sua totalidade, e para as ações variáveis devem ser tomadas apenas as parcelas que surtam
efeitos desfavoráveis para a segurança.
As ações incluídas em cada uma das combinações devem ser consideradas com seus
valores representativos, multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação.
7.4.1 COMBINAÇÕES ÚLTIMAS – as combinações últimas podem ser classificadas como:
- combinações últimas normais – aparecem as ações permanentes e as ações variáveis
principais, admitindo-se que elas atuem com seu valor característico ( kF ) e as demais ações
variáveis, consideradas como secundárias, atuem com seus valores reduzidos de combinação
( ). ko Fψ :
eqkoeeqqikojkqqegkeggkgd FFFFFF ..)..(.. 1 ψγψγγγ ++++= ∑
Onde:
dF – valor de cálculo das ações para combinação última;
gkF – ações permanentes diretas;
ekF - ações indiretas permanentes (pode ser a retração egkF , ou uma carga permanente como a
temperatura eqkF );
qkF – ações variáveis diretas, das quais kqF 1 é escolhida como principal (pode ser por exemplo
uma carga acidental ou a carga devido ao vento);
ψγ , - definidos no item a seguir.
Para a disciplina de CAR-I será utilizada simplificadamente a expressão:
qkqgkgd FFF .. γγ +=
37
Obs.: - quando for o caso, deverão ser consideradas combinações onde o efeito favorável das
cargas permanentes seja reduzido pela consideração de um fator apropriado, conforme será
visto no próximo item.
- combinações últimas especiais ou de construção – aparecem as ações permanentes e as
ações variáveis especiais, quando existirem, atuando com valor característico, e as demais
ações variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores
reduzidos de combinação. A diferença é que oψ pode ser substituído por 2ψ , quando a atuação
da ação principal kqF 1 tiver duração muito curta.
eqkoeeqqjkojkqqegkeggkgd FFFFFF ..)..(.. 1 ψγψγγγ ++++= ∑
- combinações últimas excepcionais – neste caso, também oψ pode ser substituído por 2ψ ,
quando a atuação da ação principal excqF 1 tiver duração muito curta. Da mesma maneira, sempre
devem figurar as ações permanentes e a ação variável excepcional, quando existir, comseus
valores representativos, e as demais ações variáveis, com probabilidade não desprezível de
ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combinação. Nesse caso, se enquadram,
entre outros, sismo, incêndio e colapso progressivo. A combinação é dada por:
eqkoeeqqikojqexcqegkeggkgd FFFFFF ...... 1 ψγψγγγ ++++= ∑
7.4.2 COMBINAÇÕES DE SERVIÇO (UTILIZAÇÃO) – as combinações últimas de serviço
(ou utilização) são classificadas de acordo com seu tempo de permanência na estrutura:
- combinações quase-permanentes – podem atuar durante grande parte do período de vida da
estrutura, e são mais utilizadas na verificação do estado limite de deformações excessivas.
Nestas combinações todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase-
permanentes qkF.2ψ :
∑∑ += kqjjkgiserd FFF ,2,, .ψ
em que serdF , é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço.
- combinações freqüentes – se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura,
e são mais utilizadas na verificação dos estados limites de compressão excessiva, abertura de
fissuras e vibrações excessivas. Nestas combinações, a ação variável principal 1qF é tomada
com seu valor freqüente kqF 12 .ψ e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus
valores quase permanentes qkF.2ψ :
38
∑∑ ++= kqjjkqkgiserd FFFF ,2,11,, .. ψψ
onde kqiF , é o valor característico das ações variáveis principais diretas.
- combinações raras – neste caso, as ações podem atuar no máximo algumas vezes durante o
período de vida da estrutura, e são mais utilizadas na verificação dos estados limites de
formação de fissuras e descompressão. Nestas combinações, a ação variável principal 1qF é
tomada com seu valor característico kqF ,1 e todas as demais ações são tomadas com seus
valores frequentes qkF.1ψ :
∑∑ ++= kqjjkqkgiserd FFFF ,1,1,, .ψ
7.5 SOLICITAÇÕES
Define-se solicitação como sendo qualquer esforço (momento fletor, força normal, força
cortante, torção) ou um conjunto de esforços decorrente das ações e aplicado a uma ou mais
seções de um elemento de estrutura. As solicitações de cálculo são obtidas para a combinação
de ações considerada, de acordo com a análise estrutural e para cada estado-limite a ser
considerado, ou seja, as ações é que são majoradas, para então serem determinadas as
solicitações.
7.6 COEFICIENTES DE MAJORAÇÃO E DE MINORAÇÃO
Numa análise estrutural de dimensionamento, visando a segurança final, costuma-se
majorar os esforços e minorar as resistências, ou seja, “existe mais carga do que realmente
existe”, e os materiais “agüentam menos do que realmente agüentam”. Assim:
7.6.1 MAJORAÇÃO DAS AÇÕES - no dimensionamento de uma peça de concreto armado,
considerando o estado limite último, deve-se trabalhar com cargas majoradas. Assim:
kFd SS .γ=
onde:dS = esforço de cálculo (momento fletor, esforço cortante, esforço normal, etc);
Fγ = coeficiente de ponderação (segurança) das solicitações ;
kS = esforço característico (real) atuante na peça (momento fletor, esforço cortante, esforço
normal, torção, etc)
O coeficiente de ponderação Fγ de majoração das cargas deve ser tomado como
Fγ = 1Fγ . 2Fγ . 3Fγ
39
onde:
1Fγ - considera a variabilidade das ações;
2Fγ - considera a simultaneidade de atuação das ações;
3Fγ - considera os desvios gerados nas construções e as aproximações feitas em projeto do
ponto de vista das solicitações.
Os valores de Fγ = 1Fγ . 3Fγ , podem ser obtidos pela tabela:
Valores do coeficiente Fγ = 1Fγ . 3Fγ
Permanentes
diretas
Variáveis
diretas
Protensão
Recalque de
apoio e
retração –
permanente
indireta
Ações
D F G T D F D F
Normais 1,4 1,0 1,4 1,2 1,2 0,9 1,2 0
Especiais ou de
construção
1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0,9 1,2 0
Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 1,2 0,9 0 0
Da tabela anterior, tem-se:
D – ação desfavorável;
F – ação favorável;
T – ação temporária;
G – ação geral.
Por outro lado, o valor de 2Fγ é tomado como:
2Fγ = 0ψ , 1ψ ou 2ψ
com a seguinte definição:
0ψ - fator de redução de combinação para estado limite último;
1ψ - fator de redução de combinação freqüente para estado limite de serviço;
2ψ - fator de redução de combinação quase permanente para estado limite de serviço.
Os valores do coeficiente 2Fγ , isto é, dos fatores de combinação ( 0ψ ) e de redução
( 1ψ e 2ψ ) para as ações variáveis diretas, estão tabelados abaixo:
40
Ações
0ψ 1ψ 2ψ
Cargas acidentais de edifícios:
-Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que
permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas
concentrações de pessoas (edifícios residenciais);
- Locais em que há predominância de pesos de equipamentos que
permanecem fixos por longos períodos de tempo, ou de elevada
concentração de pessoas (edifícios comerciais e de escritórios);
- Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens;
0,5
0,7
0,8
0,4
0,6
0,7
0,3
0,4
0,6
Vento:
- Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral
0,6
0,3
0
Temperatura:
- Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local
0,6
0,5
0,3
Para verificações no estado limite de serviço, o coeficiente de ponderação das ações
é dado pela expressão:
Fγ = 1 x 2Fγ
Devendo-se adotar:
2Fγ = 1 para combinações raras;
2Fγ = 1ψ para combinações freqüentes;
2Fγ = 2ψ para combinações quase permanentes.
Os valores de 1ψ e 2ψ referentes às combinações de serviço são dados na tabela
anterior.
7.6.2 MINORAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS - de um modo geral, diz-se que a resistência de
cálculo df de um material é dada pela expressão:
f d =
m
kf
γ
onde f k é a resistência característica inferior e mγ é o coeficiente de ponderação (minoração)
da resistência do material, definido como
mγ = m321 .. γγγ mm
Onde:
1mγ – considera a variabilidade da resistência efetiva dos materiais envolvidos;
41
2mγ – considera a diferença entre a resistência do material no corpo de prova e na estrutura;
3mγ – considera os desvios gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do
ponto de vista das resistências.
No caso da resistência de cálculo do concreto, quando a verificação se faz em data t
igual ou superior a 28 dias, adota-se:
cdf = ckf / cγ
Obs.: quando o concreto é verificado antes dos 28 dias, cuidados especiais devem ser tomados
(vide norma).
No caso da resistência de cálculo do aço (tensão de escoamento), deve-se utilizar:
ydf = ykf / sγ
Os valores de
cγ e sγ são indicados na tabela abaixo:
COMBINAÇÕES CONCRETO ( cγ ) AÇO ( sγ )
Normais 1,4 1,15
Especiais ou de construção 1,2 1,15
Excepcionais 1,2 1,0
No caso de execução de peças em condições desfavoráveis (transporte, adensamento
manual, concretagem deficiente por concentração de armadura), o coeficiente cγ deve ser
multiplicado por 1,1, e nos casos em que se deseja fazer uma verificação em data inferior a 28
dias, deve-se analisar a norma para outros valores dos coeficientes de segurança.
Para elementos estruturais pré-moldados e pré-fabricados, deve ser consultada a
NBR 9062.
7.7 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA
Diz-se que uma estrutura é segura quando ela atende as condições construtivas e
analíticas de segurança, ou seja, quando existem condições para que a estrutura suporte todas
as ações possíveis de ocorrer na sua vida útil, e sem que se atinja algum estado limite
anteriormente descrito. Desta forma, a estrutura deve obedecer aos critérios de
detalhamento, controle de materiais e execução da obra conforme normas específicas.
Também se deve estabelecer que as resistências não podem ser menores que as solicitações
(para todos os estados limites). Assim:
dR ≥ dS
ou
42
kR ≥ kS
Para a verificação da segurança, usam-se métodos probabilísticos (probabilidade de
ruína) e métodos semi-probabilísticos (utilização de números empíricos e introdução de dados
estatísticos e probabilísticos), que não serão estudados neste curso.
43
8 INTRODUÇÃO AO DIMENSIONAMENTO DE VIGAS (FLEXÃO
SIMPLES)
8.1 DENOMINAÇÃO
Diz-se que viga é um elemento estrutural linear (elemento de barra), com
comprimento longitudinal de pelo menos três vezes a maior dimensão da seção transversal, e
onde o esforço solicitante de flexão é preponderante (momento fletor e força cortante),
podendo eventualmente ocorrer esforços devido à torção.
As vigas têm como finalidade servir de apoio para as lajes, suportar paredes ou
servir de apoio para outras vigas ou pilares que porventura nela “nasçam”, absorvendo as ações
a elas transmitidas e distribuindo-as para os seus apoios. A importância das vigas se dá
também pelo fato de formarem pórticos rígidos juntamente com os pilares, sendo estes
pórticos importantes para garantir a segurança estrutural do edifício, pois eles, além de
absorverem a ação do vento, contribuem para garantir a estabilidade global do edifício.
Obs.: denomina-se viga parede um elemento de superfície plana sujeito
principalmente a ações contidas em seu plano, em que o vão é menor que três vezes a maior
dimensão da seção transversal.
8.2 DIMENSÕES DE VIGAS ( hxbw )
A seção transversal de uma viga não deve apresentar largura ( wb ) menor que 12 cm
(15 cm para vigas parede), podendo-se utilizar 10 cm no caso em se verificar adequadamente as
condições de alojamento das armaduras, interferência com as armaduras de outros elementos
estruturais e um correto lançamento e vibração do concreto. De preferência, a base da viga
deve ser definida de modo que fique embutida na parede, considerando-se também o
revestimento (0,5cm a 1,5cm). Cuidados também devem ser tomados com relação às aberturas
(janelas, portas) e com a posição das vigas invertidas (para cima da laje). Para vigas em contato
com o solo (vigas baldrame), sugere-se que a largura das mesmas não seja menor que 15 cm.
As paredes podem ser de tijolos cerâmicos ou de blocos de concreto, sendo que
estes possuem normalmente espessuras de 9 cm, 14 cm ou 19 cm, devendo-se sempre
consultar o construtor para saber qual o tipo de vedação que vai ser realmente utilizado.
Com relação à fixação da altura da viga, pode-se adotar um critério para anteprojeto
supondo que no caso de vãos internos a altura seja da ordem de L/13 a L/11 do vão livre, e no
caso de vãos externos L/11 a L/9 do vão livre. Nas vigas contínuas devãos comparáveis
(relação entre vãos adjacentes entre 2/3 e 3/2), costuma-se adotar uma altura única estimada
através de 1/10 do vão médio, e no caso de haver somente cargas distribuídas pode-se utilizar
1/15 do vão médio. No caso de vãos muito diferentes entre si, pode-se adotar altura própria
para cada vão como se fossem independentes, tomando-se o cuidado de não se adotar alturas
muito pequenas para os momentos negativos. No caso de apoios indiretos (viga apoiada em
outra viga), recomenda-se que a viga apoiada tenha altura menor ou igual ao da viga de apoio.
Caso contrário, deve-se utilizar uma armadura de suspensão (será visto na disciplina de ESE).
44
Aconselha-se usar valores de alturas múltiplas de 5 cm, com um mínimo usual de 25 cm.
Esta altura mínima induz a utilização de vãos maiores ou iguais a 2,5 m. Em geral, não devem
ser utilizados vãos superiores a 6m, face aos valores usuais de pé direito (em torno de 2,8 m)
que permitem espaço disponível, para a altura da viga, em torno de 60 cm.
Por causa de problemas de cimbramento, também não se recomenda a utilização de
valores muito diferentes para a altura das vigas de um determinado pavimento, procurando
manter as vigas de fachada com uma altura constante. Em vigas com vãos muito grandes ou com
carregamentos excessivos, recomenda-se a verificação das suas flechas.
8.3 AÇÕES EM VIGAS
Com relação às ações que ocorrem nas vigas, pode-se citar o peso próprio, as reações
de apoio das lajes, as ações permanentes de alvenarias que eventualmente nelas se apóiam,
todas consideradas como sendo uniformemente distribuídas. Em alguns casos, quando ocorrer
viga apoiada em viga ou pilar nascendo em viga, deve-se considerar uma carga concentrada.
parlaje qRppq ++=
concw hbpp γ..=
alvparparwpar hbq γ..=
Observações:
- no caso das reações devido às lajes que se apóiam nas vigas, deve-se lembrar que
normalmente o carregamento deve ser separado entre permanente e variável;
- na consideração da carga devido às paredes, normalmente não se considera nenhum
desconto quando se tem portas e janelas de pequena dimensão. Porém, quando a área
destes “vazios” for maior que 1/3 da área total, deve-se fazer o desconto da abertura,
porém incluindo-se o peso dos caixilhos, vidros, etc;
- para peso específico das paredes pode-se considerar:
- alvenaria de tijolo furado: 3/13 mkN=γ
- alvenaria de tijolo maciço: 3/18 mkN=γ
- blocos de alvenaria estrutural (depende do fabricante): 3/16 mkN=γ ;
- para carregamentos “fora do eixo” da viga deve-se considerar os efeitos de torção.
8.4 ANÁLISE LINEAR DAS VIGAS
Para se fazer uma análise simplificada linear de uma viga de concreto armado,
admite-se que os materiais tenham comportamento elástico-linear, sendo que as
características geométricas podem ser determinadas pelas seções brutas de concreto. O
módulo de elasticidade secante e o coeficiente de Poisson devem ser tomados conforme visto
em capítulos anteriores.
45
8.5 VÃO EFETIVO DE UMA VIGA
O vão efetivo (vão de cálculo, vão teórico) de uma viga pode ser calculado entre eixos
de apoio, podendo-se no cálculo da viga em si usar os valores abaixo:
l ef = l 0 + a 1 + a 2
h
t
a
3,0
2/1
1 ≤ h
t
a
3,0
2/2
2 ≤
No caso de vigas em balanço, considera-se como vão livre a distância entre a
extremidade livre e a face externa do apoio, e vão teórico como sendo a distância até o centro
do apoio.
Para a análise dos pilares e do equilíbrio conjunto deve considerar que as cargas
sejam transportadas até o eixo dos apoios, ou seja, a consideração de vão efetivo menor que o
vão entre eixos de apoios, só se aplica ao cálculo da viga em si.
46
Simplificadamente, e como consideração na disciplina de CAR-I, utiliza-se como vão
efetivo a distância entre os eixos dos apoios.
8.6 APROXIMAÇÕES PERMITIDAS PARA VIGAS CONTÍNUAS DE ESTRUTURAS
USUAIS DE EDIFÍCIOS
As vigas contínuas podem ser consideradas simplesmente apoiadas nos pilares, para o
estudo das cargas verticais, com os seguintes cuidados:
a) não considerar momento fletor positivo menor do que aquele obtido se houvesse
engastamento perfeito da viga nos apoios internos;
b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida na direção
do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode ser considerado
momento negativo de valor absoluto menor do que o de engastamento perfeito nesse apoio;
c) quando não se fizer o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga,
deve ser considerado, nos apoios externos, momento fletor igual ao momento de engastamento
perfeito multiplicado por:
na viga:
supinf
supinf
rrr
rr
viga ++
+
no tramo superior do pilar:
supinf
sup
rrr
r
viga ++
no tramo inferior do pilar:
supinf
inf
rrr
r
viga ++
onde r i é a rigidez do elemento i no nó considerado, conforme figura abaixo:
47
Quando for o caso, o engastamento perfeito da viga deve ser substituído por uma
articulação, devendo-se utilizar as fórmulas vistas na disciplina de TES-II, conforme as
tabelas 28 e 28A.
Nas fórmulas anteriores, tem-se:
infr - índice de rigidez do pilar inferior:
2/inf
inf
inf L
I
r =
supr - índice de rigidez do pilar superior:
2/sup
sup
sup L
I
r =
vigr - índice de rigidez da viga:
vig
vig
vig L
I
r =
infsup , II - momento de inércia, na direção considerada, dos pilares superior e inferior;
vigI - momento de inércia da viga;
infsup , LL - altura do pilar superior e inferior;
vigL - vão da viga.
Seja o seguinte esquema:
48
Observa-se por esta figura que deve haver um “engastamento parcial” tanto na viga
como no pilar, uma vez que o concreto do nível “i” tem idade diferente do concreto do nível
“i+1” ou do nível “i-1”, não havendo portanto um engastamento total no nó considerado.
8.7 ESTÁDIOS NO CONCRETO ARMADO
Considerando que uma determinada viga pode estar mais ou menos solicitada, a
mesma pode apresentar seções que estejam na fase elástica sem fissuras, ou então,
apresentar seções que já estejam fissuradas. Seja então um trecho de viga biapoiada,
considerada em seções próximas ao apoio, e próximas ao centro do vão. Dependendo do
comportamento elástico ou plástico que a seção transversal apresenta, diz-se que foi atingido
um determinado estádio. Assim, as fases (ou estádios) que uma seção transversal pode
apresentar são:
8.7.1 ESTÁDIO I (ESTADO ELÁSTICO) – para peças sujeitas a um momento fletor de
pequena intensidade, tanto a parte comprimida como a parte tracionada obedecem a lei de
Hooke (fase elástica), podendo-se trabalhar com uma seção homogeneizada
),.( cssEsEc EEAA == αα . As solicitações são pequenas, e o dimensionamento não é
econômico, uma vez que leva a grandes dimensões de seções transversais. Pode ser utilizado no
caso de dimensionamento de estruturas especiais de blindagem ou reservatórios, onde não se
NIVEL i
NIVEL i+1
L vig H
inf
H
sup
NIVEL i-1
49
admite nenhuma fissura. Nesta situação, o comportamento do concreto pode ser admitido
elástico-linear, sendo que o concreto resiste às tensões de tração.
8.7.2 ESTÁDIO II (ESTADO DE FISSURAÇÃO) – para a atuação de um momento fletor de
intensidade maior, a resistência do concreto à tração é ultrapassada e aparecem fissuras,
sendo que a parte comprimida continua obedecendo à lei de Hooke.A resistência do concreto à
tração deve ser desprezada. Neste estádio são feitas as verificações das peças em serviço,
como abertura de fissuras e verificação de deformações. Com o aumento do carregamento, o
estádio II termina com o inicio da plastificação do concreto comprimido.
8.7.3 ESTÁDIO III – esta fase é considerada a fase final de ruptura do concreto, quando
tanto a parte comprimida como a parte tracionada da peça se encontram na fase plástica,
sendo que o atual dimensionamento de peças de concreto armado é realizado nestas
considerações (“cálculo na ruptura” ou “cálculo no estádio III”). No estádio III a ruptura é por
compressão com desagregação do concreto. Em seções adequadamente dimensionadas, a
ruptura é precedida por um quadro de deformações que permite detectar a iminência de sua
ocorrência. Diz-se que a ruptura é dúctil ou com aviso (quando a ruptura é brusca tem-se a
ruptura frágil ou “sem aviso”).
50
Simplificadamente pode-se dizer que os Estádios I e II correspondem às situações
de serviço, com a atuação de ações reais. Por outro lado, o Estádio III corresponde ao estado
limite último, com ações majoradas e resistências minoradas.
O cálculo de dimensionamento das estruturas de concreto armado será feito no
estado limite último (estádio III), pois o objetivo principal é projetar estruturas que resistam
aos esforços sem chegar ao colapso, e de forma econômica. As situações de serviço são
importantes, porém muitas vezes o próprio cálculo no estado limite último e o bom
detalhamento da armadura conduz às verificações destas, que deverão ser feitas quando
necessário.
8.8 HIPÓTESES BÁSICAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO
ARMADO SUJEITAS A FLEXÃO SIMPLES:
a) as seções transversais se mantém planas após a deformação (hipótese de Navier-
Bernoulli);
b) a deformação das barras aderentes, em tração ou compressão, é a mesma do concreto em
seu entorno, ou seja, garante-se solidariedade perfeita entre o concreto e a armadura;
c) as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, podem ser desprezadas;
d) o dimensionamento para o esforço de momento pode ser feito separadamente do esforço
cortante, ou seja, será considerado um caso de flexão pura;
e) a distribuição de tensões no concreto se faz de acordo com um diagrama parábola-
retângulo, com tensão máxima igual a 0,85f
cd , permitindo-se a substituição desse diagrama
pelo diagrama retangular de altura y = 0,8x, onde x é profundidade da linha neutra, com a
seguinte tensão:
- 0,85f cd no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não
diminuir a partir desta para a borda comprimida;
- 0,80f cd no caso contrário.
Graficamente:
51
Pela figura anterior, define-se:
h – altura da viga
d – altura útil da viga (distância do cg da armadura de tração até a face mais comprimida);
x – distância da linha neutra;
y – distância da linha neutra simplificada (y = 0,8x);
IIIM - momento último, correspondente ao estádio III, doravante chamado de dM ;
ccR - força resultante de compressão no concreto;
sR - força resultante de tração na armadura.
f) a tensão nas armaduras é obtida a partir dos diagramas tensão deformação, com valores de
cálculo, definidos no item 4.3.5;
g) o estado limite último é caracterizado quando a distribuição das deformações na seção
transversal pertencer a um dos domínios definidos na figura a seguir:
52
Entende-se que um domínio de deformação é atingido quando o aço e/ou o concreto
atingem os seus limites de deformação, ou seja:
- o aço atinge o alongamento último e a ruína é por deformação plástica excessiva
( ‰10=sε ). Isto pode ocorrer em casos de tração (uniforme ou não uniforme) e em
casos de flexão (simples ou composta);
- o concreto atinge o encurtamento último e a ruína é por ruptura do concreto ( ‰5,3
na flexão ou ‰0,2 na compressão simples).
Pela figura anterior, observa-se que da reta a para os domínios 1 e 2, o diagrama de
deformações gira em torno do ponto A, o qual corresponde à ruína por deformação plástica
excessiva da armadura de tração. Nos domínios 3, 4 e 4a, o diagrama de deformações gira em
torno do ponto B, relativo à ruptura do concreto na borda comprimida, com encurtamento de
‰5,3 . Finalmente, verifica-se que do domínio 5 para a reta b, o diagrama gira em torno do
ponto C, correspondente à deformação de ‰0,2 e distante 3/7 h da borda mais comprimida.
As retas e os domínios apresentados na figura definem:
a) Reta “a” - correspondente ao alongamento constante e igual a 1%, o que pode acontecer em
casos de tração simples com armaduras simétricas, ou em casos de tração excêntrica com
diferenças de armaduras, mas com alongamentos uniformes da seção.
53
b) Domínio 1:
• o início se dá com o%10=sε e o%10=cε , com −∞=x => reta “a” (tração
centrada/uniforme);
• o término acontece com o%10=sε e 0=cε , com 01 == xx (tração excêntrica);
• o estado limite último é caracterizado pela deformação plástica excessiva da armadura
tracionada ( o%10=sε );
• a reta da deformação gira em torno do ponto A ( o%10=sε );
• a linha neutra é externa à seção transversal;
• a seção resistente composta pela armadura, sem participação do concreto, uma vez que
o mesmo encontra-se totalmente tracionado, servindo apenas para “proteger” a
armadura;
• casos de tração excêntrica e tração centrada.
c) Domínio 2:
• o início se dá com o%10=sε e 0=cε , e com x=0;
• o término acontece com o%10=sε e o%5,3 =cε , com dxx 259,02 ==
• a linha neutra é interna à seção transversal (tração e compressão);
• o estado limite último é caracterizado pela deformação plástica excessiva da armadura
tracionada ( o%10=sε );
• a reta de deformação gira em torno do ponto A ( o%10=sε );
• o concreto não atinge a ruptura na região comprimida (Ec<3,5);
• a seção resistente é composta pela armadura tracionada e pelo concreto comprimido;
• casos de flexão simples e flexão composta.
54
d) Domínio 3:
• o início se dá com o%10=sε e o%5,3=cε , e com dxx 259,02 == ;
• o término acontece com yds εε = e o%5,3=cε , com dxx 628,03 ==
• a linha neutra é interna à seção transversal (tração e compressão);
• o estado limite último é caracterizado pela ruptura do concreto comprimido após o
escoamento da armadura ( o%5,3=cε );
• a reta de deformação gira em torno do ponto B ( o%5,3=cε );
• a seção resistente é composta pela armadura tracionada e pelo concreto comprimido,
situação esta que é desejável, porque ambos os materiais atingem o máximo de suas
resistências;
• as peças que chegam ao ELU são chamadas de “subarmadas”;
• casos de flexão simples (seção “subarmada”) e flexão composta.
e) Domínio 4:
• o início se dá com yds εε = e o%5,3=cε , e com dxx 628,03 == ;
• o término acontece com 0=sε e o%5,3=cε ;
• a linha neutra é interna à seção transversal (tração e compressão) com x variável entre
dxex =43 ;
• o estado limite último é caracterizado pela ruptura do concreto comprimido, sem que
haja escoamento da armadura ( o%5,3=cε ), caracterizando uma ruptura frágil, sem
aviso;
• a reta de deformação gira em torno do ponto B ( o%5,3=cε );
• a seção resistente é composta pela armadura tracionada, pela armadura comprimida e
pelo concreto comprimido;
• as peças que chegam ao ELU são chamadas de “superarmadas” e são anti-econômicas;
• casos de flexão simples (seção “superarmada”) e flexão composta.
55
f) Domínio 4a:
• o início se dá com 0=sε e ‰5,3=cε , e com dxx == 4 ;
• o término acontece com 0<sε (compressão) e ‰5,3=cε ;
• a linha neutra é interna à seção transversal, com x variável entre d e h;
• o estado limite último é caracterizado pela ruptura do concretocomprimido
( ‰5,3=cε );
• a reta de deformação gira em torno do ponto B ( ‰5,3=cε );
• a seção resistente é composta pela armadura e pelo concreto, ambos comprimidos;
• casos de flexão composta com pequena excentricidade.
g) Domínio 5:
• o início se dá com 0<sε (compressão) e ‰5,3=cε , com hxx a == 4 ;
• o término acontece com ‰0,2=sε (compressão) e ‰0,2=cε ;
• a linha neutra é externa à seção transversal, com +∞≤≤ xx5 => reta “b”;
• o estado limite último é caracterizado por ‰5,3=cε (flexo-compressão) e
‰0,2=cε (na compressão uniforme);
• a ruptura é frágil, sem aviso, pois o concreto se rompe com encurtamento da armadura;
• a reta de deformação gira em torno do ponto C, distante (3/7)h da borda comprimida);
• a seção resistente é composta pela armadura e pelo concreto, ambos comprimidos;
• casos de flexão composta com pequena excentricidade e de compressão uniforme
(centrada).
56
h) reta “b” - esta reta define uma deformação uniforme de compressão, onde o encurtamento
atinge 0,2%, e a profundidade da linha neutra tende ao infinito.
57
9 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL DE VIGAS
O dimensionamento da armadura longitudinal pode ser feito através das tabelas tipo
“k”, partindo-se do conhecimento dos valores dos momentos fletores calculados, das dimensões
das vigas e da resistência dos materiais utilizados (f ck do concreto e tipo de aço).
A armadura longitudinal, além de absorver as tensões normais de tração oriundas da
ação do momento fletor, tem também a função de servir de armadura de montagem para os
estribos, contribuindo para evitar o surgimento de fissuras nas dobras dos mesmos, pois estes
pontos apresentam altas concentrações de tensão.
Quando o concreto resiste aos esforços de compressão, diz-se que a viga apresenta
armadura simples (somente armadura longitudinal de tração A s ), mas quando esta compressão
é excessiva e o concreto não resiste sozinho, deve-se usar uma armadura longitudinal
suplementar de compressão ( 'sA ) e para este caso tem-se armadura dupla.
- armadura simples: - armadura dupla:
9.1 ALTURA ÚTIL (d)
Define-se altura útil como sendo a distância do CG (centro de gravidade) da
armadura de tração até a face mais comprimida da seção considerada, sendo esta a altura a
ser utilizada no dimensionamento. Assim:
2/"
"
ltcd
dhd
φφ ++=
−=
onde:
c – recobrimento da viga;
tφ - diâmetro da armadura transversal (estribo);
lφ - diâmetro longitudinal.
A s
A s ’
A s
58
Obs.: no caso de existirem duas camadas ou mais, deve-se cuidar para tomar a distância em
relação ao centro de gravidade desta composição de armadura.
Como a princípio não se tem o valor da armadura longitudinal de tração, e
consequentemente sua posição dentro da viga, sugere-se que para o dimensionamento sejam
considerados os seguintes valores, baseados basicamente na classe de agressividade ambiental
(considerando estribo de 5,0 mm):
CAA c (cm) d”(cm)
I 2,5 4
II 3,0 4,5
III 4,0 5,5
IV 5,0 6,5
9.2 DOMÍNIOS PARA DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
Uma vez que o concreto tem sua resistência à tração desprezada e este esforço é
resistido pela armadura, para o dimensionamento à flexão deve-se garantir que a posição da
linha neutra deve estar entre 0 e d, ou seja, o dimensionamento é feito nos domínios 2, 3 e 4,
uma vez que no domínio 1 tem-se uma seção totalmente tracionada, e nos domínios 4a e 5 tem-
se uma seção totalmente comprimida, o que não é o caso de uma flexão.
9.3 FORMULÁRIO TIPO k (SEÇÃO RETANGULAR)
9.3.1 DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO SIMPLES – ARMADURA SIMPLES
Seja a figura abaixo:
59
%
%
a) Cálculo da posição da LN (x) e linha neutra simplificada (y):
x
scd
cd
scd
cd
x
scd
cd
scdcdscd
xy
dkxdx
dx
ε
xd
ε
x
k8,08,0k sendo .d ky.d0,8.ky .8,0
k sendo . .
yyx
x
=
+
==∴=∴=
+
==∴
+
=
+
=→
−
=
εε
ε
εε
ε
εε
ε
εεε
b) Cálculo do braço de alavanca:
2
8,01
2
1 sendo ..
2
1
22
Xy
zz
yy kkkdkd
kdk
dydz −=−==
−=−=−=
c) Cálculo da altura útil (d) e do fator k m :
ydsst
wcdcc
fAR
ybfR
.
...85,0
=
=
Das equações de equilíbrio:
stcc
stdccd
RRF
zRMzRMM
=→=Σ
=→=→=Σ
0
..0
cdwzycdzywcdwd fdbkkfdkdkbfzybM .....85,0......85,0....85,0 2===
Sendo
mk =
zycd kkf ...85,0
1
60
Sendo
m
w
d k
db
M
2
.
= então:
d
w
m M
dbk
2
.
=
e
w
md
b
kMd .= .
d) Cálculo da área da seção da armadura ( sA ):
.
ou
A ..
.
.
s d
Mk
Afz
M
zfAM
fAR
zRM
da
s
yd
d
ydsd
ydsst
std
==∴=
=
=
onde
ydz
a fkk .
1
=
e) Deformações:
<≤=
≤≤=
=<≤
yds
syd
s
εεε
εεε
εε
0,‰5,3: 4 Domínio
‰10‰,5,3:3 Domínio
‰10‰,5,30:2 Domínio
cd
cd
cd
Observações:
1) A situação ideal de dimensionamento corresponde à peça trabalhando com o máximo de
aproveitamento da capacidade dos materiais (aço e concreto), ou seja, eles atingem
simultaneamente o estado limite último:
259,0
105,3
5,3
‰10
‰5,3
=
+
=
=
=
x
s
cd
k
ε
ε
Neste caso, a peça se encontra no limite dos domínios 2 e 3.
61
2) Para kx ≤ 0,259 (peças subarmadas) a ruptura se iniciará pelo aço (Domínio 2);
3) Para 0,259 ≤ kx ≤0,625, aço CA50, a peça será normalmente armada (Domínio 3);
4) O Domínio 4 (peças superarmadas) corresponde a ruptura sem aviso prévio (ruptura pelo
concreto) e temos neste caso um dimensionamento bastante antieconômico, uma vez que o aço
estará trabalhando aquém de seu limite de cálculo (fyd). Nestes casos, é muito mais
conveniente, não somente sob o prisma teórico como pelo prático, adotar uma armadura na
zona comprimida e passar a trabalhar no domínio 3.
5) Uma característica largamente utilizada nas estruturas de concreto armado, é a
redistribuição de momentos negativos. Segundo os calculistas que se utilizam desta prática, o
fato de se redistribuir os momentos torna a estrutura mais econômica e com melhores
condições de exeqüibilidade (menos ferros negativos nos apoios deixam a estrutura de
execução mais fácil nas ligações com os pilares). Esta redistribuição, que nada mais é do que a
redução dos momentos negativos das vigas junto aos apoios, e a devida compatibilização dos
momentos positivos e momentos dos pilares, tem um tratamento especial na NBR 6118/2003,
sendo que:
- existem limites para esta redistribuição;
- a redistribuição nas vigas, tem que, obrigatoriamente, se refletir nos pilares.
A norma obriga que sejam verificadas as condições de ductilidade da viga em função do
valor da redistribuição de momentos, sendo este um ponto bastante polêmico, porque inúmeras
empresas de projeto, tradicionais, praticam esta redistribuição livremente, conforme a
sensibilidade do engenheiro estrutural, e sem nenhuma conseqüência aparente. Para dar
condições a uma certa redistribuição de momentos negativos é preciso assegurar a capacidade
de rotação da viga naquela seção onde foi feita a redistribuição (ductilidade). Para isto, são
impostas condições de ductilidade à viga cuja conseqüência imediata é a limitação da
profundidade da linha neutra (x) na seção de altura (d). Os limites absolutos para estes valores
de x/d impostos pela norma são os seguintes:
50,0/ ≤= dxk x para concretos com Mpafck 35≤ ;
40,0/ ≤= dxk x para concretoscom Mpafck 35> .
O limite da relação x/d objetiva:
- aumentar a ductilidade da seção, e conseqüentemente, manter afastada a possibilidade da
ruptura frágil;
- melhorar a capacidade da estrutura em redistribuir esforços para suportar esforços
extraordinários, através da formação de rótulas plásticas;
- diminuir possíveis flechas no ELS.
Obs.: as tabelas referentes ao calculo da armadura A s para seção retangular encontram-se em
anexo, devendo-se usar “kN” como unidade de força e “cm” como unidade de comprimento.
62
9.3.2 DIMENSIONAMENTO NO DOMÍNIO 3 COM ARMADURA DE COMPRESSÃO
(ARMADURADA DUPLA):
Seja a figura:
%
Da figura anterior, define-se:
R
sc
= força resultante das tensões de compressão na armadura longitudinal;
R
st = força resultante das tensões de tração na armadura longitudinal.
a) Encurtamento Relativo na Armadura Comprimida:
scds
cd
s
x
dx
x
dx
'
deformação x tensãoDiag.
.
'
'
''
σεε
ε
ε
→
−
=⇒
−
=
b) Posição da LN:
Da tabela: limlimlim ,, zyx kkk , correspondendo aos limites dos domínios 3 e 4 (momentos
positivos) ou ao limite x/d = 0,5 ou 0,4 para momentos negativos:
d
d
d
.kz
.ky
.k x :Logo
zl
yl
xl
=
=
=
c) Momentos:
21 ddd MMM +=
63
ml
w
d k
dbM
2
1
.
= → momento máximo que a peça resiste com armadura simples (“o concreto
resiste sozinho”), observando a relação máxima de x/d prescrita na norma;
zlylcd
ml kkfk 85,0
1
= e
2
1 ylzl
k
k −=
Logo,
12 ddd MMM −= → momento que exige a introdução de armadura dupla.
Armadura tracionada:
21 ststst RRR +=
ydsydsyds fAfAfA ... 21 += � 21 sss AAA +=
ml
w
d k
db
M
2
1
.
=
d
Mk
A dals
1
1
.
=
)'.(.)'.( 22 ddfAddRM ydsscd −=−= � )'.(
2
2 ddf
M
A
yd
d
s
−
=
)'.(''
)'.(''
'.' )'.(
:Comprimida Armadura
2
2
2
dd
M
A
ddAM
A RcomoddRM
s
d
s
ssd
ssscscd
−
=
−=
=−=
σ
σ
σ
O valor da tensão de compressão do aço
s'σ corresponde à deformação
,
sε , de acordo
com os diagramas tensão x deformação do aço utilizado. Assim, da expressão
64
cds
x
dx
εε .
'
,
−
=
sendo
dKx xl .=
determina-se o valor de 'sσ pelas relações
Se ''' . sssycds E εσεε =⇒<
Se ycdsycds f=⇒≥ '' σεε
ydycd ff =
Obs.: considerando que o valor de 'sA é menor do que o valor de sA , os valores de d’ podem ser
tomados como sendo iguais aos de d” – 0,5 cm.
9.4 VERIFICAÇÕES PARA A ARMADURA LONGITUDINAL DE FLEXÃO
Depois de calculada e escolhida a armadura longitudinal para os momentos extremos
(positivos e negativos) de cada tramo, deve-se verificar os seguintes parâmetros:
9.4.1 ARMADURA MINIMA DE FLEXÃO (TRAÇÃO) - a armadura mínima de tração para
vigas deve ser determinada pelo dimensionamento da seção sujeita a um momento fletor
mínimo, respeitando-se uma taxa mínima absoluta de 0,15%:
sup,min, ..8,0 ctkod fWM =
Onde:
0W - módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto relativo à fibra
mais tracionada, incluindo-se a seção T se houver;
sup,ctkf - resistência característica superior do concreto à tração ( ctmctk ff 3,1,sup = ).
Considerando-se aço CA 50, cγ = 1,4 e sγ = 1,15, as taxas mínimas ,%)( minρ a serem
verificadas são:
65
Fck (Mpa)
Forma da seção
20 25 30 35 40 45 50
Retangular
( 035,0min =ω )
0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
T (mesa comprimida)
( 024,0min =ω )
0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada)
( 031,0min =ω )
0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
Circular ( 070,0min =ω ) 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
Assim, tem-se para armadura longitudinal mínima:
cs AA .minmin ρ= , com hbA wc =
Obs.: - para seções tipo T, a área da seção a ser considerada deve ser aquela caracterizada
pela alma acrescida da representada pela mesa colaborante;
- a norma NBR 6118 não prevê a consideração de armadura mínima de compressão ( 'sA ),
devendo-se tomar o cuidado de verificar a quantidade mínima de armadura para servir de
porta-estribo (no mínimo duas barras quando se tem estribo simples, e no mínimo quatro
barras quando se tem estribo duplo, com diâmetro pelo menos igual ao do estribo);
- para armadura principal é aconselhável que se use pelo menos duas barras de 8,0 mm.
9.4.2 ARMADURA MÁXIMA DE FLEXÃO - para assegurar condições de ductilidade e evitar
possíveis nichos de concretagem devido a um acúmulo de armadura, não se deve tolerar que a
área total da armadura longitudinal (armadura tracionada + armadura comprimida) numa seção
de concreto fora da zona de emendas ultrapasse 4% desta, ou seja:
dbA ws .%.4max ≤
Obs.: nas fórmulas anteriores, considerando maior praticidade, pode-se considerar a altura “h”
ao invés da altura útil “d”.
9.4.3 ESPAÇAMENTO ENTRE BARRAS LONGITUDINAIS (DISTÂNICIA ENTRE
FACES)
O espaçamento mínimo entre faces de barras longitudinais deve ser garantido para
atender boas condições de execução do concreto (lançamento, adensamento, vibração, etc), e
seus valores são:
- espaçamento horizontal (e h ): o maior valor entre 20 mm, diâmetro da barra, do feixe ou
da luva ou 1,2 vezes o diâmetro máximo do agregado;
66
- espaçamento vertical (e v ): o maior valor entre 20 mm, diâmetro da barra, do feixe ou da
luva ou 0,5 vezes o diâmetro máximo do agregado.
Observações:
a) para feixes de n barras deve-se considerar o diâmetro do feixe ( nn φφ = ), e no caso
de emendas por traspasse pode-se também aplicar os valores acima, garantindo o
espaçamento mínimo ao longo de todo o trecho;
b) quando existirem mais de 2 camadas de armadura, deve-se lembrar de deixar espaço
para o posicionamento do vibrador (largura maior ou igual ao diâmetro do vibrador + 2
cm), considerando um raio de ação de 30 cm;
c) de acordo com o tamanho da brita empregada no concreto, tem-se o diâmetro máximo
do agregado segundo a tabela abaixo, lembrando-se que o diâmetro mais utilizado
corresponde à brita 1:
BBRRIITTAA 0 1 2 3
agred max, (mm) 4,8 a 9.5 9,5 a 19 19 a 25 25 a 38
d) os valores mínimos de espaçamentos devem ser obedecidos também nas regiões em que
houver emendas por transpasse de barras
9.4.4 NÚMERO DE BARRAS POR CAMADA: conhecidos os valores mínimos exigidos para o
espaçamento vertical e horizontal entre as barras que compõem a armadura, pode-se estipular
o número máximo de ferros por camada:
)(
)(
h
h
e
ea
n
+
+
≤ φ
onde a representa a distância interna entre os ramos dos estribos, φ o diâmetro da armadura
longitudinal usada, c o recobrimento (da armadura da viga, e tφ o diâmetro da armadura
transversal (estribo simples), devendo-se analisar convenientemente no caso de se usar estribo
duplo ou triplo:
a = b w – 2.(c + tφ )
9.4.5 CONSIDERAÇÃO DO CG DA ARMADURA: os esforços na armadura de tração ou de
compressão podem ser considerados concentrados no centro de gravidade das armaduras
correspondentes se a distância deste centro à face interna do estribo, medida normalmente a
esta, for menor que 10% de h. Desta forma, admite-se que o valor de “d” anteriormente
arbitrado corresponde ao valor real de “d” obtido com a armadura calculada e escolhida.
67
9.5 VIGAS “T”
Em um pavimento formado por lajes e vigas interligadas, pode-se afirmar que esses
elementos trabalham de modo dependente.Portanto, quando a viga apresenta deformação, uma
parte da laje se deforma juntamente com a viga, havendo uma distribuição de esforços
internos, tensões, deformações e deslocamentos na estrutura, de uma forma mais realista.
Pode-se então afirmar que uma viga T constituída de alma (parte vertical) e mesa (parte
horizontal) resiste a esforços maiores que as vigas de seção retangular, pois há um aumento
considerável da rigidez.
Ao se analisar um corte feito em qualquer seção de uma laje com diversas vigas, vê-
se que este piso pode ser associado a um conjunto de vigas T, trabalhando lado a lado. Vale
ressaltar que não é toda a superfície da laje que trabalha em conjunto com a viga, mas sim
apenas uma faixa de laje denominada de largura colaborante.
A largura colaborante b f , onde se pode considerar uma distribuição uniforme de
tensões, deve ser dada pela largura da viga b w acrescida de no máximo 10% da distância “a”
entre pontos de momento fletor nulo, para cada lado da viga em que houver laje colaborante
(somente para lajes maciças).
A distância “a” (distância entre pontos de momento fletor nulo) pode ser estimada,
em função do comprimento L do tramo da viga considerado, como se apresenta a seguir:
- viga simplesmente apoiada ...........................................a = 1,00 L
- tramo com momento em uma só extremidade..........a = 0,75 L
- tramo com momentos nas duas extremidades .........a = 0,60 L
- tramo em balanço .......................................................... a = 2,00 L
No cálculo da largura colaborante b f é necessário também definir os limites b 1 e
b 3 , conforme figura a seguir:
68
Onde:
b w - largura real da nervura da viga;
b a - largura fictícia da nervura (se tiver mísula);
b 2 - largura entre duas nervuras fictícias sucessivas;
b 1 - largura de contribuição da laje quando existe uma outra viga com a mesma laje
contribuindo;
b 3 - largura de contribuição da laje quando a mesma termina em balanço;
b 4 - comprimento do balanço.
Obs.: cuidados especiais devem ser tomados quando a laje apresentar aberturas ou
interrupções na região da mesa colaborante.
9.4.1 DIMENSIONAMENTO DE SEÇÃO T COM ARMADURA SIMPLES - num
dimensionamento da armadura longitudinal com contribuição das lajes, é importante saber onde
a LN está posicionada (cortando a mesa, ou cortando a alma). Assim, o momento máximo
resistido pelas abas com largura de contribuição b f será:
)
2
.(...85,0 fffdl
h
dhbfcdM −=
a) caso em que a LN corta a mesa (y ≤ h f ): neste caso, o momento atuante M d é menor que
o momento limite anteriormente calculado ( dlM ), e o dimensionamento pode ser feito com
as fórmulas de seção retangular, porém com seção resistente igual a dxb f .
b) caso em a LN corta a alma (y > h f ): neste caso, o momento atuante M d é maior que o
momento limite anteriormente calculado ( dlM ), e deve-se calcular separadamente a
contribuição da mesa e da alma da seção T.
69
=
+
70
Da figura anterior tem-se que:
21 ddd MMM +=
21 sss AAA +=
)2/.(85,0.).(. 111 fcdfwfccd hdfhbbzRM −−==
)2/.(.. 1111 fydsstd hdfAzRM −==
Desta forma:
)2/.(
1
1
fyd
d
s hdf
M
A
−
= , que é a armadura referente às abas da mesa comprimida.
12 ddd MMM −=
Com o valor de 2dM , calcula-se uma armadura 2sA com uma seção retangular xdbw ,
sendo que a armadura total de tração será a soma das parcelas anteriores:
21 sss AAA +=
podendo-se ainda assim determinar uma armadura dupla, com certeza muito menor do que
aquela calculada somente para a seção retangular original.
71
9.4.2 OBSERVAÇÕES PARA VIGA T: nas vigas de seção T ou seção caixão, as partes das
mesas tracionadas ou comprimidas situadas fora da alma devem ser ligadas a ela através de
uma armadura de costura para garantir o cisalhamento e uma maior solidariedade entre a mesa
e a nervura. Esta armadura horizontal é determinada com o auxílio da analogia de treliça,
admitindo-se bielas de compressão inclinadas a 45 graus devendo se constituir em armadura
com área mínima de 1,5 cm2/m. Quando a armadura da laje for posicionada na face inferior e
superior da mesa, esta substitui o fechamento do estribo, na região de momentos negativos. A
armadura de costura é distribuída uniformemente na parte superior e inferior da laje. Caso
exista uma armadura de tração na laje, superior a 50% da armadura de costura necessária, ela
é suficiente como armadura de costura, na zona tracionada, bastando colocar na zona
comprimida da laje, a parcela restante da armadura de costura.
No caso da mesa estar tracionada, caso freqüente em momentos negativos, não se
considera a colaboração da mesa e calcula-se a viga como retangular xhbw .
72
10 ARMADURA TRANSVERSAL DE VIGAS
10.1 TIPOS DE RUPTURA
Como as vigas de concreto armado possuem um comportamento bastante complexo
em vista de não serem de material homogêneo e isótropo, deve-se fazer uma análise dos
diversos tipos de ruptura que podem acontecer:
a) ruptura por flexão - é uma ruptura dúctil, com as fissuras originando-se
aproximadamente ortogonais à armadura de flexão, numa região em que a tensão de
tração atinge seu máximo, superando a resistência à tração do concreto. Nas vigas
dimensionadas nos domínios 2 ou 3, a ruína ocorre após o escoamento da armadura,
ocorrendo abertura de fissuras e deslocamentos excessivos (flechas), que servem
como “aviso” da ruína. Nas vigas dimensionadas no domínio 4, a ruína se dá pelo
esmagamento do concreto comprimido, não ocorrendo escoamento da armadura nem
grandes deslocamentos, o que caracteriza uma “ruína sem aviso”;
b) ruptura por falha de ancoragem no apoio - em decorrência do efeito de arco, a
armadura longitudinal é altamente solicitada no apoio. No caso de ancoragem
insuficiente, pode ocorrer o colapso na junção da diagonal comprimida com o banzo
tracionado, junto ao apoio. A ruptura por falha de ancoragem ocorre bruscamente,
usualmente se propagando e provocando também uma ruptura ao longo da altura útil da
viga;
c) ruptura por esmagamento da biela – quando a tensão principal de compressão supera a
resistência à compressão do concreto em uma determinada seção, principalmente no
caso de seções muito pequenas, pode ocorrer uma ruptura por esmagamento do
concreto. A ruptura da diagonal comprimida determina o limite superior da capacidade
resistente da viga à força cortante;
d) ruptura da armadura transversal – a ruptura da armadura transversal equivale a uma
ruína por cisalhamento, quando existe deficiência da armadura transversal. Nesta
situação a peça tende a se dividir em duas partes;
73
e) ruptura do banzo comprimido devido ao cisalhamento – este tipo de ruptura acontece
por ineficiência da armadura transversal, fazendo com que ela entre em escoamento
provocando fissuras inclinadas, que podem invadir a região que está sujeita à
compressão por flexão. Com o surgimento destas fissuras, há uma diminuição da altura
comprimida e conseqüentemente da seção a ser resistida pelo concreto, a qual pode
então sofrer esmagamento;
f) ruína por flexão localizada da armadura longitudinal - quando existem grandes
aberturas de fissuras de cisalhamento, a armadura transversal pode sofrer
deformações bastante significativas. O deslocamento relativo das seções adjacentes
pode então acarretar uma flexão localizada da armadura longitudinal, provocando mais
um tipo de ruína devido ao cisalhamento;
74
10.2 MODELOS DE TRELIÇA
Os modelos de treliça (bielas e tirantes) servem para a análise, dimensionamento e
detalhamento das vigas de concretoestrutural, baseando-se no equilíbrio estático e nas
tensões de escoamento (aço) e ruptura (concreto). O modelo de treliça generalizada foi
aperfeiçoado por Fritz Leonhardt a partir do modelo simplificado da treliça de Ritter-Mörsch,
considerando-se que:
- o elemento é linear de material homogêneo, trabalhando em regime elástico, estendendo-
se até o concreto fissurado;
- o comportamento da viga é análogo ao de uma treliça isostática;
- o banzo inferior tracionado corresponde à armadura longitudinal de flexão As;
- o banzo superior comprimido representa a zona comprimida de concreto situada acima da
linha neutra (LN);
- os montantes tracionados representam os estribos que formam a armadura transversal
para resistir a força cortante;
- as diagonais de concreto inclinadas de 45 graus são as bielas comprimidas.
Seja um trecho de viga fissurada, onde é mostrada uma seção através de fissura:
Da figura anterior, tem-se:
θ - ângulo de inclinação das bielas de concreto;
75
α - ângulo de inclinação das barras transversais de aço, em relação ao eixo longitudinal da
peça ( o45 o90≤≤ α );
s – espaçamento entre as barras transversais;
αα σ,A - área e tensão de uma barra transversal;
z – braço de alavanca interna (z d9,0≅ );
sV - força cortante solicitante.
Ainda da figura anterior, e analisando-se o equilíbrio estático das forças verticais,
tem-se que a força cortante resistida pela armadura transversal é:
ασαθ αα sen)cot(cot Agg
s
zVs +=
A partir desta equação, serão definidas todas as equações relativas ao
dimensionamento e às verificações da armadura transversal.
10.3 VERIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
A resistência de uma peça numa determinada seção transversal é verificada para um
determinado esforço cortante )( sdV através da verificação simultânea da condição de
integridade da biela comprimida ( 2RdV ) e da verificação da armadura ser capaz de absorver o
esforço considerado ( 3RdV ), ou seja, deve-se verificar a integridade das diagonais tracionadas.
Assim:
2Rdsd VV ≤
e
swcRdsd VVVV +=≤ 3
onde:
sdV - força cortante solicitante de cálculo, na seção considerada;
V 2Rd - força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de
concreto, de acordo com o modelo adotado (I ou II);
3RdV - é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
cV - é a parcela correspondente aos mecanismos internos resistentes, ou seja, é a parcela da
força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de treliça sem consideração da
armadura transversal. Esta parcela é considerada devido ao fato de que regiões onde as
fissuras não existem podem contribuir na resistência ao esforço cortante, aliviando os
esforços a serem resistidos pela armadura transversa.
swV - é a parcela absorvida exclusivamente pela armadura transversal (não resistida pelo
mecanismo complementar de treliça), de acordo com o modelo adotado (I ou II).
76
- modelo de cálculo I – adota o modelo da treliça clássica, com bielas comprimidas a 45
graus, e a parcela da força cortante resistida pelos mecanismos complementares da treliça
(
cV ) é tomada constante e independente de sdV ;
- modelo de cálculo II – adota o modelo de treliça generalizada, com bielas comprimidas
variando entre 30 e 45 graus, e a parcela de força cortante resistida pelos mecanismos
complementares da treliça ( cV ) sofrendo redução com o aumento de sdV .
Obs.: ao se aplicar os mesmos esforços para os modelos I e II, os resultados apresentados
pela NBR 6118:2003 são diferentes, o que está gerando diversos questionamentos.
Na disciplina de CAR-I será utilizado o modelo de cálculo I, segundo o qual:
dbfV wcdVRd ....27,02 α=
e
250
1 ckV
f
−=α , com f ck dado em Mpa.
O termo anterior ( Vα ) é o coeficiente de efetividade do concreto.
Ainda para o modelo I aqui adotado, tem-se:
dbfV wctdc ...6,0=
Sendo
cctkctd ff γ/inf,=
Para facilitar os cálculos, pode-se utilizar os valores da tabela abaixo:
ckf (Mpa) 20 25 30 35 40 45 50
Vα 0,92 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82 0,80
ctdf (Mpa) 1,11 1,29 1,47 1,62 1,78 1,92 2,06
10.4 DETERMINAÇÃO DA ARMADURA TRANSVERSAL
Considerando o modelo I de cálculo da armadura transversal e tomando sdRd VV =3 ,
pode-se dizer que a parcela do esforço cortante a ser resistida pela armadura, descontando-se
a parcela correspondente aos mecanismos complementares ao de treliça é:
csdsw VVV −= (valor de cálculo, majorado pelos fatores de segurança)
77
e ainda:
)cos.(sen.9,0).( αα += ywdswsw fd
s
A
V
Para combater as tensões inclinadas de tração que surgem numa viga devido à parcela
que não pode ser resistida pelos mecanismos complementares de treliça (fissura inclinada),
deve-se usar uma armadura transversal, composta por estribos retos e/ou inclinados,
combinados ou não com barras dobradas.
Barra dobrada Estribo reto Estribo inclinado
Então, no caso de se usar estribos verticais, a armadura transversal pode ser
calculada através da expressão
ywd
swse
fd
V
s
A
.9,0
=
Para barras dobradas com ângulo de inclinação de 45 o , a armadura transversal é
dada por
2..9,0 ywd
swsd
fd
V
s
A
=
Pela fórmula anterior, observa-se que a utilização de estribos inclinados é mais
eficaz que na utilização de estribos retos, porém exigindo um pouco mais de trabalho em
termos de mão-de-obra.
Nas fórmulas anteriores ywdf é a tensão de escoamento de cálculo no aço da
armadura transversal, limitada a 70% de seu valor no caso de barras dobradas resistindo à
78
força cortante, tendo-se para limite máximo dessa tensão o valor de 435 MPa, valor este
correspondente à tensão de escoamento de cálculo do aço CA 50. O valor de 0,9d equivale
aproximadamente à distância entre o banzo superior e inferior da treliça generalizada e swV
corresponde à parcela (de cálculo) a ser combatida pela armadura transversal.
Na escolha entre estribos verticais e barras dobradas, deve-se ainda levar em
conta:
a) barras dobradas:
- a execução é mais difícil;
- não podem ser utilizados sem a presença de estribos verticais;
- o controle de fissuração fica prejudicado, porque os diâmetros das barras são
maiores.
b) estribos verticais:
- a execução e a montagem são mais fáceis;
- a aderência e o controle de fissuração são mais favorecidos, por causa da melhor
distribuição e dos menores diâmetros envolvidos;
- os estribos auxiliam na montagem da armadura longitudinal;
- os estribos podem reduzir sozinhos a todo o esforço cortante;
10.5 ARMADURA TRANSVERSAL MÍNIMA
Mesmo para solicitações muito pequenas de cisalhamento, deve-se prever uma
armadura transversal mínima, dada pela taxa geométrica
ywk
ctm
w
sw
sw f
f
bs
A
2,0
sen..
≥=
α
ρ
onde:
swA - representa a área da seção transversal dos estribos;
S - espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal da peça;
α - inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural
)9045( oo ≤≤ α ;
b w - largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção;
ctmf - resistência do concreto à tração direta média:
3/23,0 ckctm ff = (Mpa);
ywkf - tensão característica de escoamento da armadura transversal, limitada a 500 Mpa.
No caso de se usar somente estribos verticais ( o90=α , sen o90 = 1), tem-se
w
ywk
ctmse bf
f
s
A
.2,0
min
≥
79
Considerando-se ainda que a expressão acima pode ser escrita em função deum
termo constante K, pode-se utilizar a seguinte tabela:
w
se bK
s
A
.
min
≥ ( mcm /2 )
fck
(Mpa)
15 20 25 30 35 40 45 50
K 0,073 0,088 0,103 0,116 0,128 0,14 0,152 0,163
Obs.: a norma anterior (NBR 6118:1980) considerava um único valor de K=0,14
independentemente do valor do ckf !
10.6 DETERMINAÇÃO DA ARMADURA TRANSVERSAL AO LONGO DE UM VÃO DE
VIGA
Como existe uma variação de esforço cortante ao longo do vão de uma viga, pode-se
também variar a armadura transversal no vão, de acordo com a intensidade destes esforços.
Depois de se localizar no diagrama o esforço minkV correspondente à armadura transversal
mínima e a cV (cuidado que este valor é de cálculo, e o diagrama de esforço cortante é
característico !!), pode-se dividir o “restante” do vão da viga em trechos de comprimento ia
entre 50 cm a 100 cm (ou L/10, onde L é comprimento do trecho considerado), e calcular para
cada trecho um cortante ikV médio e uma armadura transversal correspondente. Seja então a
viga bi-apoiada abaixo:
80
Usando-se somente estribos retos, tem-se que o esforço cortante último capaz de
ser absorvido pela armadura transversal mínima é
ywd
se
d fd
s
A
V .9,0.
min
min
=
Este último valor calculado corresponde ao cortante mínimo de cálculo, portanto, para
localizar o valor correspondente característico, deve-se dividir pelo coeficiente de segurança.
Assim:
4,1/minmin dk VV =
Obs.: deve-se observar ainda o esforço cV , capaz de ser resistido pelos mecanismos
internos, e localizar este esforço no diagrama quando necessário.
A armadura correspondente a cada esforço cortante médio dos trechos (para
esforços cortantes majorados) pode ser calculada como
ywd
i
sw
i
se
fd
V
s
A
.9,0
=
81
Observa-se que o trecho “s” é considerado como um trecho unitário (1m = 100 cm),
fornecendo assim uma armadura transversal dada em cm 2 /m.
Obs.: nas regiões dos apoios, deve-se considerar as forças cortantes atuantes nas faces, mas a
favor da segurança e para simplificar os cálculos, serão utilizados os valores relativos aos
eixos dos apoios.
10.7 PRESCRIÇÕES REGULAMENTARES PARA A ARMADURA TRANSVERSAL
Tendo sido calculada a armadura transversal juntamente com a verificação da
resistência da peça, deve-se escolher uma bitola e um espaçamento correspondentes. Os
estribos que são calculados para resistir aos esforços cortantes devem ser fechados através
de ramos horizontais envolvendo a barra da armadura longitudinal de tração. Para o
fechamento, pode-se considerar que o gancho é semi-circular com 5 cm para cada lado, e o
detalhamento pode ser numa escala 1:20 ou 1:25, devendo incluir a numeração, o diâmetro e o
comprimento do estribo. Por exemplo, para uma viga 15x50, com recobrimento de 3 cm, o
detalhamento de um estribo simples (dois ramos) pode ser feito como:
No arranjo das armaduras, não se deve esquecer que a armadura, além de atender a
sua função estrutural, deve também ser verificada quanto às condições de execução,
principalmente quanto ao lançamento e adensamento do concreto, evitando-se o acúmulo de
armadura, e consequentemente evitando a segregação dos agregados e ocorrência de vazios no
interior da peça.
Os aspectos a serem verificados são:
10.7.1 DIÂMETRO DO ESTRIBO: o diâmetro do estribo a ser utilizado deve atender:
mme 5≥φ (barras)
mme 2,4≥φ (telas, com precauções contra a corrosão da armadura)
10/we b≤φ
Obs.: estribos de barras lisas não poderão ter diâmetro superior a 12 mm.
N34 (116)φ 5,0 44
9
82
10.7.2 ESPAÇAMENTO LONGITUDINAL ENTRE OS ESTRIBOS: o espaçamento
longitudinal entre estribos deve permitir a penetração do vibrador para um adequado
adensamento do concreto, obedecendo-se aos seguintes limites máximos, tendo-se em conta a
magnitude da força cortante dV comparada a 0,67 2RdV :
- se 267,0 Rdd VV ≤ �
cm
d
s
30
6,0
max ≤
- se 267,0 Rdd VV > �
cm
d
s
20
3,0
max ≤
Para valores práticos, muitos calculistas preferem trabalhar com espaçamentos
múltiplos de 2,5 cm ou 5 cm, ou seja, espaçamentos de 10, 12,5, 15, 17,5 .... ou 10, 15, 20,
25...preferencialmente.
No caso de usar barras dobradas, o espaçamento máximo longitudinal é de
)cot1(6,0max αgds += , onde α é a inclinação da barra dobrada.
10.7.3 ESPAÇAMENTO TRANSVERSAL ENTRE RAMOS SUCESSIVOS DE ESTRIBOS: o
espaçamento transversal entre ramos sucessivos dos estribos vai determinar a utilização de
estribos simples, duplos ou triplos. Assim, deve-se obedecer:
- se 22,0 Rdd VV ≤ �
cm
d
s t 80max,
≤
- se 22,0 Rdd VV > �
cm
d
st 35
6,0
max, ≤
Obs.: pela NBR 6118:1980 utilizava-se estribo duplo para cmbw 40≥ , estribo triplo para
cmbw 60≥ , e assim por diante, independentemente do valor do esforço cortante na seção em
questão.
Como exemplo de detalhamento de estribo duplo, para uma viga com dimensões
45x70cm, recobrimento de 3 cm, tem-se:
26
64
(2x)N23(190)φ 5
83
10.7.4 OBSERVAÇÕES GERAIS PARA O DETALHAMENTO – quando se faz o detalhamento
da armadura transversal, deve-se observar que para não haver sobreposição de armadura os
estribos devem estar dispostos entre faces (internas) de apoios, e que no caso de aplicação de
uma carga concentrada, esta posição deve estar conveniente armada com estribos, pelo lado do
diagrama de esforço cortante que possui maior valor.
10.8 SEQUÊNCIA PARA DETERMINAÇÃO DA ARMADURA TRANSVERSAL DAS VIGAS
a) traçado do diagrama de esforço cortante (característico);
b) verificação dos critérios de resistência, e caso não satisfaça, alterar a seção transversal
da peça;
c) cálculo da armadura mínima correspondente a minseA ;
d) cálculo do esforço cortante característico mínimo ( minkV ), capaz de ser absorvido pela
armadura mínima e por mecanismos internos de treliça (
cV ), e localização destes esforços
no diagrama de esforço cortante;
e) divisão do diagrama de esforços cortantes para cortantes maiores que o mínimo em
trechos de 50 a 100 cm, podendo-se desprezar trechos menores que 50 cm;
f) determinação de c
i
d
i
sw VVV −= para cada trecho determinado anteriormente;
g) cálculo da armadura transversal correspondente ( mcm /2 ) para cada trecho;
h) escolha da bitola e espaçamento, com verificações dos espaçamentos transversais e
longitudinais máximos;
i) detalhamento da armadura transversal.
10.9 CONSIDERAÇÃO DAS CARGAS PRÓXIMAS AOS APOIOS
Quando tivermos um apoio direto (carga e reação de apoio aplicadas em faces
opostas de uma viga, comprimindo-a) pode-se fazer uma redução de esforço cortante, nos
casos em a carga concentrada estiver aplicada a uma distância a ≤ 2d do eixo teórico do apoio.
Pode-se também reduzir a força cortante oriunda de carga distribuída, como sendo o valor do
cortante numa seção situada a uma distância d/2 da face do apoio. A redução só é válida para o
cálculo da armadura transversal, não podendo ser feita para verificação da tensão (verificação
da resistência à compressão na biela de concreto). Para apoios indiretos essas reduções não
são permitidas.
Redução devido à carga concentrada: este tipo de redução é bastante
utilizado por exemplo, no caso de vigas de transição em edifícios, onde, normalmente, para
melhorar a questão de vagas de garagem, torna-se necessário mudar o posicionamento de algum
pilar, fazendo-o “nascer” na viga em questão. Na disciplina de CAR-I permite-se considerar
hd ≅ .
84
rkk
red
k VhaVV ).
2
1( −−=
Na expressão acima rkV é a parcela do esforço cortante no apoio considerado,
devido somente à carga concentrada kR .
Redução devido à carga distribuída: esta redução só se justifica para alturas de
viga e valores de carga distribuída relativamente grande, sendo dificilmente usada em
situações normais de carregamentos em edifícios.
kV red
kV
d/2
d
85
10.10 CONSIDERAÇÃO DE ESTRIBOS E BARRAS DOBRADAS
Já vimos que a armadura transversal (A
sw ) pode ser constituída por estribos (retos
ou inclinados, com ângulo maior ou igual a 45 graus, envolvendo a armadura longitudinal) ou pela
composição de estribos e barras dobradas. No caso de se utilizar uma composição de estribos
e barras dobradas, estas últimas não poderão absorver mais do que 60% do esforço total
resistido pela armadura.
dddesw VVV +=
⇒≤ swdd VV .6,0 esforço transversal (cortante) de cálculo resistido por barras
dobradas;
⇒−= ddswde VVV esforço transversal (cortante) de cálculo resistido por estribos.
86
11 DETALHAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL DE VIGAS
Para se detalhar a armadura longitudinal (tração ou compressão) de uma viga, deve-se
seguir uma seqüência baseada em conceitos anteriormente vistos, e em conceitos a serem
explicados neste capítulo. O arranjo das armaduras deve atender não só à sua função
estrutural como também às condições adequadas de execução, particularmente com relação ao
lançamento e adensamento do concreto. Os espaços devem ser projetados para a introdução do
vibrador de modo a impedir a segregação dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do
elemento estrutural.
11.1 DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR
Segundo o modelo I de cálculo, a NBR 6118:2003 indica que quando a armadura
longitudinal de tração for obtida considerando o equilíbrio de forças na seção normal ao eixo
do elemento estrutural, os efeitos provocados pela fissuração oblíqua podem ser substituídos
no cálculo pela decalagem do diagrama de força no banzo tracionado, e que pode ser
substituída aproximadamente pela decalagem do diagrama de momentos fletores:
αα gg
VV
V
da
csd
sd
l cot)cot1.().(2 max,
max,
−+
−
=
Sendo:
dal 5,0≥ nos casos gerais;
dal 2,0≥ nos casos de se usar estribos inclinados a 45 graus.
Na fórmula anterior, α é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação
ao eixo longitudinal da peça (45o ≤≤ α 90o ), sendo que cV corresponde à parcela dos
mecanismos internos resistentes, conforme visto no capítulo anterior:
dbfV wctdc ...6,0=
No caso de se usar armadura transversal (estribos) normal ao eixo peça, tem-se que:
d
VV
V
da
csd
sd
l 5,0).(2 max,
max, ≥
−
=
O deslocamento do diagrama de momento fletor é fundamentado no comportamento
previsto para resistência da viga à força cortante, em que se considera que a viga funcione
como uma treliça, com banzo comprimido e diagonais (bielas) formadas pelo concreto, e banzo
tracionado e montantes constituídos respectivamente pela armadura longitudinal e pelos
87
estribos. Nesse modelo há um acréscimo de esforço na armadura longitudinal de tração, que é
considerado através de um deslocamento la do diagrama de momentos fletores de cálculo.
11.2 ANCORAGEM DAS BARRAS
Para se determinar o comprimento das barras longitudinais tracionadas nas vigas,
deve-se, após se ter traçado o diagrama de momento fletor e ter deslocado-o de um valor a l ,
dividir os pontos correspondentes aos máximos momentos positivos e negativos do diagrama em
tantos segmentos quantos forem as barras necessárias para absorver o momento fletor. A
partir da extremidade da barra de tração considerando o diagrama deslocado (ponto onde a
barra não é teoricamente mais necessária, podendo transferir esforços para o concreto),
considera-se a ancoragem l b , lembrando-se que a ancoragem pode ser diminuída na relação
susadoscal AA / .
88
Em outras palavras, o trecho da extremidade da barra de tração, considerado como de
ancoragem, tem início na seção teórica onde sua tensão sσ começa a diminuir, ou seja, o
esforço da armadura começa a ser transferido para o concreto. A barra deve prolongar-se pelo
menos 10φ além do ponto teórico de tensão sσ nula, não podendo em nenhum caso ser inferior
ao comprimento de ancoragem necessário.
Assim, na armadura longitudinal de tração das peças fletidas, o trecho de ancoragem
da barra terá início no ponto A do diagrama de forças dMR dsT = deslocado. Se a barra não
for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B, no mínimo 10φ . Se a barra
for dobrada, o início do dobramento poderá coincidir com o ponto B da figura anterior.
Observações:
1) Em vigas de um só vão, em que L/d ≥ 8, isto é, vigas de grandes vãos e pequena altura,
submetidas a cargas uniformemente distribuídas, em geral não compensa o escalonamento da
armadura longitudinal, pois praticamente todas as barras estão muito próximas do apoio, não
havendo então necessidade de escalonamento, pois neste caso não há economia significativa de
aço. A armadura longitudinal deve ser distribuída uniformemente ao longo do comprimento da
viga.
2) O uso de barras dobradas não é viável economicamente, devendo ser utilizadas somente
quando o espaçamento entre os estribos for muito pequeno (e ≤ 7 cm), porém, é uma boa
89
alternativa no caso de vigas bastante solicitadas, como é o caso de vigas de pontes por
exemplo.
11.3 ANCORAGEM NOS APOIOS EXTREMOS
De acordo com a NBR 6118/2003, a armadura longitudinal detração junto aos apoios
deve ser calcul para satisfazer a mais severa das seguintes condições:
a) no caso de ocorrência de momentos positivos, a armadura obtida através do
dimensionamento da seção;
b) em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de compressão, deve-se ter uma
armadura capaz de resistir a uma força de tração stR dada por:
d
Va
R dlst
.
=
onde V d é a força cortante a ser ancorada no apoio.
A armadura necessária para resistir a esse esforço, com tensão yds f=σ , é dada por:
yd
st
necs f
RA =
,
Então, o valor da ancoragem no apoio é
efs
necs
bnecb A
A
ll
,
,
1, ..α=
onde
efsA , é a quantidade de armadura efetivamente existente no apoio considerado, levando-
se em conta o diagrama de momento fletor deslocado.
V d
R st
90
Mesmo que através do diagrama deslocado algumas barras não cheguem até a linha de
apoio, deve-se prolongar para os apoios extremos e intermediários uma parte da armadura de
tração calculada no vão ( vaosA , ), a saber:
A ≥apoios, vaosA ,3/1 se M apoio for nulo ou negativo e de valor absoluto apoioM vaoM5,0≤
vaosapoios AA ,, 4/1≥ se M apoio for negativo e de valor absoluto apoioM > 0,5M vao .
De modo geral, isto significa que obrigatoriamente deve-se levar 1/3 da armadura
calculada no vão para os apoios externos, e 1/4 da armadura calculada no vão para os apoios
internos.
Além de se verificar a armadura mínima que se deve levar até o apoio, deve-se cuidar
para que se leve o número mínimo de “ferros porta-estribos”. Assim, para estribo simples
deve-se ter no mínimo dois ferros em todo o comprimento da viga. Para estribo duplo, deve-se
ter pelo menos quatro ferros servindo de porta-estribo em todo o comprimento considerado.
As barras de armadura calculadas segundo a equação anterior, e verificando os
valores de taxa mínima (lembrando-se que no caso de estribos simples deve-se levar até o
apoio pelo menos duas barras para servirem de porta-estribos,no caso de estribos duplos pelo
menos quatro barras, e assim por diante), devem ser ancoradas a partir da face do apoio, com
comprimentos iguais ou superiores ao maior dos seguintes valores:
- min
, bnecb ll ≥
- )5,5( φ+r
- 6 cm.
Quando existir uma ligação viga-pilar de extremidade, o momento existente deve ser
resistido por uma armadura devidamente ancorada:
91
Segundo a NBR 6118/2003, quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho,
medido normalmente ao plano do gancho, de pelo menos 7 cm e as ações acidentais não
ocorrerem com grande freqüência com seu valor máximo, o valor de necbl , pode ser
desconsiderado, prevalecendo as duas últimas condições ( cmr 6),5,5( φ+ ).
Conforme já visto nos itens anteriores, pode-se utilizar ganchos nas extremidades
das barras da armadura longitudinal de tração, com as seguintes opções:
efet
s
nec
s
bb A
All
nec
..1α= .
Também conforme visto anteriormente, o diâmetro dos pinos de dobramento deve
obedecer:
92
11.4 ANCORAGEM NOS APOIOS INTERMEDIÁRIOS
De acordo com a figura geral do deslocamento do diagrama de momento fletor e da
ancoragem da barras visto no item 11.2, tem-se que se o ponto A de início de ancoragem estiver
na face do apoio interno (viga ou pilar) ou além dele e a força
stR diminuir em direção ao
centro do apoio, o trecho de ancoragem deve ser medido a partir dessa face, com a força
stR dada no item 11.3. Quando o prolongamento das barras a partir do diagrama de momentos
fletores não atingir a face do apoio, as barras prolongadas até o apoio devem ter o
comprimento de ancoragem marcado a partir do ponto A e, obrigatoriamente, devem
ultrapassar um valor de 10φ da face de apoio.
Quando houver qualquer possibilidade da ocorrência de momentos positivos nessa
região, provocados por situações imprevistas, particularmente por efeitos de vento e eventuais
recalques, as barras deverão ser contínuas ou emendadas sobre o apoio.
Também se deve tomar muito cuidado no caso de existir armadura dupla (fibras
inferiores excessivamente comprimidas), quando a armadura não pode então apresentar
nenhuma descontinuidade, preferindo-se então passar barras de forma contínua neste apoio.
φ10≥
93
Na prática, em edifícios residenciais é comum que se faça o detalhamento abaixo,
suficiente para a maioria dos casos de ancoragem no meio do vão (medidas em cm):
11.5 ARMADURA DE PELE (ARMADURA DE COSTELA, ARMADURA LATERAL)
Deve-se usar uma armadura de pele para todas as vigas com altura superior a 60 cm.
A armadura de pele evita a formação de fissuras ao longo da altura da viga, evita o
desprendimento do cobrimento de concreto, e minimiza os problemas decorrentes da retração
e da variação da temperatura. Deve-se usar uma armadura mínima lateral de
almacpeles AA ,, %.10,0= em cada face da alma da viga e composta por barras de alta aderência
(CA-50, 25,21 ≥η ), com espaçamentos não maiores que 20 cm ou d/3. Como recomendação, o
espaçamento entre as barras não deve ultrapassar o valor de φ15 , onde φ é o diâmetro da
barra de flexão utilizada.
11.6 DETALHAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES - BARRAS CURVADAS E NÓS DE
PÓRTICO
O raio interno de curvatura de uma barra da armadura longitudinal dobrada, para
resistir à força cortante ou em nó de pórtico, não deve ser menor que 5φ para aços CA25,
7,5φ para CA50 e 9φ para CA60. Se houverem barras de tração curvadas no mesmo plano e o
espaçamento entre elas for inferior ao dobro do mínimo permitido, o valor mínimo do diâmetro
da curvatura será multiplicado pelo número de barras nessas condições.
Quando houver tendência à retificação de barra tracionada em regiões em que a
resistência a esses deslocamentos seja proporcionada por cobrimento insuficiente de
concreto, a permanência da barra em sua posição deve ser garantida por meio de estribos ou
grampos convenientemente distribuídos. Deve ser dada preferência à substituição da barra
por outras conforme a figura a seguir:
10 10
94
11.7 MODELO DE DESENHO DA VIGA E DA ARMADURA
Em geral, as vigas devem ser desenhadas numa escala horizontal 1:50 e numa escala
vertical adequada (1:20 ou 1:25), num traço 0,4. As linhas de chamada podem ser desenhadas
num traço 0,2 e a armadura num traço 0,6. A armadura deve ser desenhada dentro da viga, e
“tirada” para que se possa detalhá-la adequadamente.
Obs.:
- alguns escritórios de cálculo “preferem” desenhar tanto os ferros superiores quanto
inferiores numa posição logo abaixo do desenho da viga. Outros escritórios costumam
desenhar os ferros superiores acima da viga, e os ferros inferiores abaixo da viga;
- não é necessário colocar as cotas horizontais, uma vez que as mesmas são redundantes,
por já terem sido apresentadas na folha de forma;
- é comum que se comece a numeração pelos estribos das vigas, para depois se numerar
seqüencialmente a armadura longitudinal (para cada viga, da esquerda para a direita, de
cima para baixo).
95
12 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO
Como visto em itens anteriores, deve-se verificar basicamente duas condições de
estado limite de serviço: deformação e fissuração (formação e aberturas). A verificação de
uma estrutura quanto ao estado limite de serviço vem ao encontro de que o projeto estrutural,
além de oferecer segurança contra a ruína, deve também prever um bom desempenho em
serviço e uma durabilidade adequada.
Para retratar melhor a realidade, é aconselhável que seja realizada uma análise que
leve em consideração o comportamento não-linear dos materiais empregados, uma vez que o
concreto e o aço possuem comportamentos diferentes.
Nos estados limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente no estádio I
(sem fissuras) e parcialmente no estádio II (com fissuras). Desta forma, considerar toda a
estrutura apenas no estádio I (mais rígida) pode resultar em valores contra a segurança. Ao
contrário, considerar toda a estrutura apenas no estádio II pode resultar em valores
exagerados. Esta questão será levada em conta na formulação a ser vista nos próximos itens.
12.1 ESTADO LIMITE DE DEFORMAÇÕES
Segundo a NBR 6118/2003, na verificação das deformações de uma estrutura deve-
se considerar uma combinação quase-permanente de ações e rigidez efetiva das seções, uma
vez que se têm materiais de diferentes características.
A combinação quase-permanente (peça trabalhando em serviço) é dada por:
∑∑ += kqjjkgiserd FFF ,2,, .ψ
serdF , - valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
gikF - valor característico das ações permanentes de serviço;
2ψ - fator de redução de combinações quase permanente para ELS;
qikF - valor característico das ações variáveis principais diretas.
Para edifícios, onde em geral a única ação variável atuante é a carga de uso, tem-se
ψ2 = 0,3:
qkgkserd FFF .3,0, +=
12.1.1 FLECHAS MÁXIMAS ADMISSÍVEIS
Deformações ou flechas excessivas em vigas podem ser responsáveis por sensações
desagradáveis para os usuários de uma estrutura e causar outros problemas. Por isto, deve-se
considerar os valores limites dados pela NBR 6118/2003, para as combinações de
carregamento mais desfavoráveis:
96
97
De forma geral, considerando-se aceitabilidade sensorial, tem-se:
Flecha total (devido ao carregamento total com efeito do tempo) ≤ L/250
Flecha devida somente às cargas acidentais ≤ L/350
Nas fórmulas anteriores L é o vão do elemento considerado, supondo-o suportado nas
extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão equivalente a
ser considerado deve ser o dobro do comprimento do balanço. No caso de lajes, L é o menor
vão.
Se poracaso estes limites são ultrapassados, pode-se adotar as seguintes soluções:
- aumentar a idade para aplicação da carga (aumentar 0t ), mantendo o escoramento por mais
tempo ou retardando a execução de revestimentos, paredes, etc.
- adotar uma contra flecha, com valor aproximado da flecha imediata mais metade da flecha
diferida ao longo do tempo:
2
tempo
ohacontraflec
a
aa +=
Porém, esta solução ocasiona problemas de regularização de pisos, devendo ser
utilizada com bastante cuidado, não podendo também ocasionar um desvio do plano maior que
L/350.
12.1.2 DETERMINAÇÃO DAS FLECHAS IMEDIATAS
O cálculo das flechas imediatas ( 0f ) é feito de acordo com as fórmulas da
resistência dos materiais (comportamento elástico), e considerando separadamente o
carregamento permanente ( permof , ) e o carregamento devido à sobrecarga ( scof , ), e adaptadas
para uma rigidez equivalente eqEI )( . Dependendo das condições de apoio e do tipo de
carregamento atuante, tem-se:
- Viga bi-apoiada com carregamento uniformemente distribuído:
eqEI
qlf )(384
5 4
0 =
- Viga bi-apoiada com carregamento concentrado único no centro:
eqEI
Plf )(48
3
0 =
- Viga contínua (engastada-apoiada) com carregamento uniformemente distribuído:
98
eqEI
qlf )(384
2 4
0 =
- Viga bi-engastada com carregamento uniformemente distribuído:
eqEI
qlf )(384
4
0 =
- Viga em balanço com carga uniformemente distribuída e carga concentrada na
extremidade:
eqeq EI
ql
EI
Plf )(8)(3
43
0 +=
12.1.3 RIGIDEZ EQUIVALENTE
Ao contrário dos ensinamentos da resistência dos materiais clássica onde a seção
transversal de uma estrutura em estudo é composta por um material homogêneo, tem-se que
em estruturas de concreto armado a seção é formada por dois materiais com características
bem diferentes: concreto com boa resistência à compressão e aço com boa resistência tanto à
compressão e à tração. Além disto, j
É importante salientar que as flechas não são calculadas, mas sim estimadas,
devendo-se evitar análises puramente elásticas. Por esta razão, no cálculo das flechas deve ser
considerada a rigidez efetiva das seções da peça estrutural, ou seja, deve-se considerar a
presença da armadura, a existência de fissuras e as deformações ao longo do tempo.
Aproximadamente, para o cálculo da flecha imediata em vigas de concreto armado pode-se
utilizar a fórmula de Branson (termo entre colchetes, referente a eqI ), na qual é feita uma
interpolação direta das rigidezes entre os estádios I e II puro (totalmente fissurado),
resultando numa rigidez equivalente:
( ccsII
a
fis
c
a
fis
cseq IEIM
M
I
M
M
EEI ≤
−+
=
33
1.)
onde se tem:
csE - o módulo de elasticidade secante do concreto ( ckcics fxxEE .560085,085,0 == );
fisM - momento de fissuração da peça, que define a separação entre o Estádio I (quando não
existem fissuras) e o Estádio II (quando aparecem fissuras), devendo seu valor ser reduzido à
metade no caso de utilização de barras lisas:
t
cct
fis y
IfM ..α=
99
sendo:
α - fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão com a resistência
à tração direta, assumindo os valores:
2,1=α para seções T ou duplo T;
5,1=α para seção retangular.
ctf - resistência à tração direta do concreto, sendo que no estado limite de deformação
excessiva pode ser tomado o valor de ctmf , e no estado limite de formação de fissuras, a ser
estudado no próximo item, deve-se usar o valor de inf,ctkf , ou seja:
3/23,0 ckctmct fff == (Mpa) para deformações excessivas;
ctmctkct fff 7,0inf, == (MPa) para formação de fissuras.
cI - o momento de inércia da seção bruta de concreto;
ty - a distância do centro de gravidade à fibra mais tracionada;
aM - momento fletor na seção crítica do vão considerado, para a combinação quase
permanente de ações;
III - momento de inércia da seção fissurada no Estádio II, calculado com cssE EE /=α . O
fator Eα considera a homogeneização da seção, pela substituição da área de aço por uma área
correspondente de concreto, uma vez que os dois materiais possuem propriedades diferentes;
12.1.3 LINHA NEUTRA E INÉRCIA NO ESTÁDIO II
No estádio II o concreto tracionado pode ser desprezado, pois ele está fissurado,
conforme pode ser visto na figura a seguir, que retrata o caso de uma seção retangular com
armadura simples:
100
Neste capítulo serão vistas somente as fórmulas de III para os casos de seção
retangular, onde IIx representa a distância da linha neutra no referido estádio:
- para seção retangular com armadura simples:
2
3
).(.
3
.
IIsE
IIw xdAxbI
II
−+= α
++−=
sE
w
w
sE
II A
db
b
A
x
.
..211.
α
α
- para seção retangular com armadura dupla:
2'2
3
).(.).(.
3
.
txAxdAxbI IIsEIIsEIIwII −+−+= αα
)..(2)()( '
2''
ss
w
E
w
ssE
w
ssE
II AtAdbb
AA
b
AA
x ++
+
+
+
−=
ααα
onde t representa a distância do cg da armadura de compressão até a face mais comprimida.
Obs.:
- para casos de seção T, com ou sem armadura dupla, deve-se procurar a bibliografia adequada;
- nas fórmulas anteriores, em se tratando de uma situação em serviço, o valor de “d”
corresponde ao valor real da altura útil.
12.1.4 CÁLCULO DA FLECHA DIFERIDA NO TEMPO
Para o cálculo da flecha em vigas de concreto armado, percebe-se que há um aumento
nas deformações do concreto quando as mesmas estão submetidas a cargas de longa duração,
como as cargas permanentes. A flecha adicional diferida no tempo pode ser calculada de
maneira aproximada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator fα dado pela expressão:
'.501 ρ
ξ
α
+
∆
=f
Onde:
)501( 'ρ+ - fator que considera a redução da deformação pela presença de armadura de
compressão;
101
db
A
w
s
.
'
'
=ρ - taxa geométrica da armadura de compressão no trecho considerado;
ξ - coeficiente que leva em conta o aumento da deformação e é função da duração da carga
dado pela expressão aproximada:
)()( 0tt ξξξ −=∆
32,0).996,0.(68,0)( tt t=ξ para t ≤ 70 meses
)(tξ = 2 para t > 70 meses.
O quadro a seguir indica a correspondência entre t , dado em meses e )(tξ :
t 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥ 70
)(tξ 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
t - tempo, em meses, quando se deseja calcular o valor da flecha diferida;
0t - idade, em meses, quando se aplicou a carga de longa duração.
O valor da flecha total pode então ser obtido através da expressão:
0).1( faf ftotal +=
sendo que este valor deve respeitar os limites impostos anteriormente. Deve-se lembrar
também, que no cálculo da parcela relativa à sobrecarga, deve-se utilizar os valores dados em
norma relativos à incidência deste carregamento (é um carregamento que ora está atuando, ora
não ...).
12.2 ESTADO LIMITE DE FISSURAÇÃO
Normalmente todas as estruturas de concreto armado apresentam fissuras, e estas
aberturas devem ficar dentro de limites que não comprometam as condições de serviço e
durabilidade das mesmas, sendo basicamente importante para as questões de estética e
estanqueidade. As fissuras são praticamente inevitáveis em estruturas de concreto onde
existam tensões de tração, e sofrem influências difíceis de serem consideradas, recebendo
influência direta da forma de execução da obra e da proteção da armadura(recobrimento).
Para evitar problemas de fissuração o projetista deve detalhar corretamente a armadura de
flexão, e se for o caso, deve inclusive aumentá-la.
Para a fissuração, deve-se considerar dois estados-limites: estado limite de
formação de fissuras (ELS-F) e estado limite de abertura de fissuras (ELS-W), que tem
interesse maior no cálculo de estruturas usuais.
102
12.2.1 ESTADO LIMITE DE FORMAÇÃO DE FISSURAS (ELS-F)
O estado limite de formação de fissuras é a situação em que se inicia a formação de
fissuras, correspondendo ao momento de fissuração calculado com inf,ctkct ff = . Tendo sido
calculado o valor de fisM , compara-se com o momento fletor obtido para combinação rara de
serviço:
kqjjkqkgiserd FFFF ,1,1,, .ψ∑++∑=
Onde:
serdF , - valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
gikF - valor característico das ações permanentes de serviço;
kqF 1 - valor característico das ações variáveis principais diretas;
1ψ - fator de redução de combinação freqüente para ELS.
Para edifícios, onde em geral a única ação variável atuante é a carga de uso, tem-se:
kqkgkserd FFFF =+=,
Portanto
fisrarad MM =,
No caso de se ter fisrarad MM >, , diz-se que há formação de fissuras, e em caso
contrário, não.
12.2.2 ESTADO LIMITE DE ABERTURA DE FISSURAS (ELS-W)
Este estado limite corresponde à situação em que as fissuras se apresentam com
aberturas iguais aos máximos especificados, sendo que em estruturas usuais, este é o estado
limite de maior interesse.
Na verificação de abertura de fissuras deve ser considerada combinação freqüente
de ações:
∑∑ ++= kqjjkqkgiserd FFFF ,2,11,, .. ψψ
Para edifícios em geral, em que a carga de uso é a única ação variável, tem-se:
qkgkserd FFF .1, ψ+= com 1ψ =0,4.
103
A abertura máxima característica kω das fissuras, desde que não exceda valores da
ordem de 0,2 mm a 0,4 mm, sob a ação das combinações freqüentes, não tem importância
significativa na corrosão das armaduras passivas.
Como a fissuração é um processo nocivo às armaduras, deve-se verificar a segurança
em relação aos estados limites de aberturas através do cálculo da grandeza da abertura das
fissuras (ω ) para cada parte da região de envolvimento crA de um elemento (armadura).
Para efeito de estimativa, a grandeza da abertura da fissura kω , determinada para
cada parte da região de envolvimento, pode ser considerada como sendo o menor valor entre as
duas expressões abaixo:
ctm
si
si
si
i
i
k fE
σσ
η
φ
ω
.3
..
.5,12
=
+= 454..
.5,12 risi
si
i
i
k E ρ
σ
η
φ
ω
sendo
riisi ρφσ ,, , siE definidos para cada área de envolvimento em exame.
São definidos:
criA - área da região de envolvimento protegida pela barra iφ ,sendo constituída por um
retângulo cujos lados não distam mais do que φ5,7 do eixo da barra da armadura;
siE - módulo de elasticidade do aço da barra iφ considerada;
riρ - taxa de armadura passiva em relação a área da região de envolvimento dada por
cri
si
ri A
A
=ρ
siσ - tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada, calculada no Estádio
II, que admite comportamento linear dos materiais e despreza a resistência à tração do
concreto, podendo ser usada a relação Eα entre os módulos de elasticidade do aço e do
concreto igual a 15 (
cssE EE /=α );
iη - coeficiente de conformação superficial da armadura considerada ( 1ηη =i para armadura
passiva)
1η = 1,0 para barras lisas (CA 25);
1η = 1,4 para barras dentadas (CA 60);
1η = 2,25 para barras nervuradas (CA 50).
ctmf - resistência média do concreto à tração ( ctmf 3/23,0 ckf= , em Mpa).
Como desenho esquemático do concreto de envolvimento da armadura tem-se:
104
Para se calcular o valor de
siσ , pode-se utilizar:
- pelo cálculo refinado:
II
IIfreqdE
sII
II
freqd
E
s
cs I
xdM
xd
I
M ).(.).( ,, −=⇒−== ασ
α
σ
σ
- pelo cálculo aproximado: pode-se adotar z=0,80d, com IIxx =2
s
freqd
s Ad
M
..80,0
,
=σ
12.2.3 ABERTURA MÁXIMA DE FISSURAS
Os valores limites de abertura característica das fissuras são definidos na NBR
6118:2003, e são função da classe de agressividade ambiental segundo a tabela a seguir:
105
Os valores fornecidos na tabela anterior referem-se a valores limites
característicos para garantir uma proteção adequada das armaduras quanto à corrosão, sendo
que fissuras reais podem eventualmente ultrapassar estes valores.
12.2.4 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DEVIDO À FISSURAÇÃO
Caso haja problemas de fissuração, pode-se adotar as seguintes providências:
- diminuir o diâmetro da barra (melhor escolher uma maior quantidade de barras de “pequeno”
diâmetro do que uma menor quantidade de barras de “grande” diâmetro);
- aumentar o número de barras mantendo o diâmetro, o que vai fazer com que a tensão diminua;
- aumentar a seção transversal da peça.
Segundo a NBR 6118:2003, pode-se dispensar a avaliação da grandeza da abertura de
fissuras, e considerar atendidas as condições de estado limite de fissuração (aberturas
máximas da ordem de 0,3 mm para peças de concreto armado), se um elemento estrutural
respeitar as condições de recobrimento, de armadura mínima e as restrições de
dimensionamento da tabela abaixo. Considera-se que maxφ é o diâmetro máximo da armadura
considerada e maxs é o espaçamento máximo da mesma. A tensão sσ deve ser determinada no
estádio II:
Tensão de
barra
Valores máximos
)(Mpasσ )(max mmφ )(max cms
160 32 30
200 25 25
240 16 20
280 12,5 15
320 10 10
360 8 6
Observações:
- nos componentes e elementos estruturais sob classes de agressividade muito forte (IV), a
limitação de abertura de fissuras em valores menores que 0,3 mm não se constitui medida
suficiente para prevenir a deterioração da estrutura, pois a penetração de agentes agressivos
106
ao concreto até atingir a armadura, se dá por outros mecanismos que não exclusivamente
através de fissuras;
- deve-se lembrar ainda que o revestimento da superfície de concreto com chapisco, emboço e
reboco de argamassa de cimento, ou revestimento cerâmico, não atua necessariamente como
barreira protetora da armadura, uma vez que na tradição brasileira, costuma-se lavar as
fachadas e pisos com ácido muriático (ácido clorídrico comercial), que é altamente agressivo às
armaduras;
- é conveniente que toda a armadura de pele iφ da viga, na sua zona tracionada, limite a
abertura de fissuras na região criA correspondente, e que seja mantido um espaçamento
menor ou igual a 15φ .
107
13. CONSIDERAÇÃO DE FUROS E ABERTURAS EM VIGAS
Na construção dos edifícios podem ser necessárias aberturas em vigas com o
objetivo de permitir a passagem de tubulações e dutos de instalações elétrica, hidráulica ou de
climatização. A presença de aberturas nas vigas de concreto armado requer atenção especial,
devido à redução de resistência e da rigidez da viga e ao surgimento de fissuração excessiva
na região da abertura em função das altas concentrações de tensões, devendo-se fazer
arranjo especial de armadura na região da abertura.
Normalmente os furos têm dimensões pequenas em relação às peças, enquanto as
aberturas apresentam dimensões relativamente grandes. Furos muito próximos um do outro
devem ser tratados como aberturas. Para reforço, deve-se usar armadura complementar
disposta no contorno e nos cantos das aberturas.
No caso em que os furos atravessam as vigas na direção da altura, tem-se que:
- as aberturas, como furos para passagem de tubulação vertical nas edificações, não
devem ser superiores a 1/3 dalargura dessas vigas nas regiões desses furos;
- deve ser verificada a redução da capacidade portante ao cisalhamento e à flexão na
região da abertura;
- a distância mínima de um furo à face mais próxima da viga deve ser no mínimo igual
a 5 cm e duas vezes o cobrimento previsto para esta face. A seção remanescente nessa
região, tendo sido descontada a área ocupada pelo furo, deve ser capaz de resistir aos
esforços previstos no cálculo, além de permitir uma boa concretagem;
- no caso de ser necessário um conjunto de furos, os furos devem ser alinhados e a
distância entre suas faces deve ser de no mínimo 5 cm ou o diâmetro do furo e cada intervalo
deve conter pelo menos um estribo;
- no caso de peças submetidas à torção, esses limites devem ser ajustados de forma
a permitir um funcionamento adequado.
108
No caso de furos que atravessam vigas na direção de sua largura, não será necessário
verificar os furos quando forem respeitadas simultaneamente as seguintes condições:
- a abertura em zona de tração deve ficar a uma distância da face do apoio de no mínimo
2h, onde h é a altura da viga;
- a dimensão da abertura deve ser no máximo 12 cm e h/3;
- a distância entre as faces de aberturas, em um mesmo tramo, deve ser no mínimo 2h;
- os cobrimentos devem ser suficientes e não deve haver seccionamentos das armaduras.
Deve-se lembrar que as aberturas circulares são mais favoráveis que as retangulares,
sendo que os vértices dessas devem ser o mais arredondado possível para evitar efeitos de
concentração de tensões. Para o dimensionamento de vigas com aberturas maiores que as
estipuladas por norma, e para canalizações embutidas segundo o eixo longitudinal de um
elemento linear, deve-se verificar literatura apropriada.
No caso de aberturas em vigas, contidas no seu plano principal, como furos para
passagem de tubulação vertical nas edificações, estes não devem ser superiores a 1/3 da
largura dessas vigas nas regiões desses furos. l
109
ANEXOS
110
ANEXO I – TABELA DE DIMENSIONAMENTO PARA SEÇÃO RETANGULAR (KN, cm)
Km Ka Ky Kx Kz
fck50 fck45 fck40 fck35 fck30 fck25 fck20 fck15 CA25 CA50 CA60
0,010 0,013 0,995 33,107 36,785 41,383 47,295 55,178 66,213 82,767 110,356 0,046 0,023 0,019
0,020 0,025 0,990 16,637 18,486 20,796 23,767 27,728 33,274 41,592 55,457 0,046 0,023 0,019
0,030 0,038 0,985 11,148 12,386 13,935 15,925 18,579 22,295 27,869 37,159 0,047 0,023 0,019
0,040 0,050 0,980 8,403 9,337 10,504 12,005 14,006 16,807 21,008 28,011 0,047 0,023 0,020
0,050 0,063 0,975 6,757 7,508 8,446 9,653 11,262 13,514 16,893 22,524 0,047 0,024 0,020
0,060 0,075 0,970 5,660 6,289 7,075 8,086 9,433 11,320 14,150 18,867 0,047 0,024 0,020
0,070 0,088 0,965 4,877 5,418 6,096 6,967 8,128 9,753 12,191 16,255 0,048 0,024 0,020
0,080 0,100 0,960 4,289 4,766 5,362 6,127 7,149 8,578 10,723 14,297 0,048 0,024 0,020
0,090 0,113 0,955 3,833 4,258 4,791 5,475 6,388 7,665 9,581 12,775 0,048 0,024 0,020
0,100 0,125 0,950 3,467 3,853 4,334 4,954 5,779 6,935 8,669 11,558 0,048 0,024 0,020
0,110 0,138 0,945 3,169 3,521 3,961 4,527 5,282 6,338 7,922 10,563 0,049 0,024 0,020
0,120 0,150 0,940 2,920 3,245 3,650 4,172 4,867 5,841 7,301 9,734 0,049 0,024 0,020
0,130 0,163 0,935 2,710 3,011 3,388 3,872 4,517 5,420 6,775 9,034 0,049 0,025 0,020
0,140 0,175 0,930 2,530 2,811 3,163 3,614 4,217 5,060 6,325 8,433 0,049 0,025 0,021
0,150 0,188 0,925 2,374 2,638 2,968 3,392 3,957 4,748 5,935 7,914 0,050 0,025 0,021
0,160 0,200 0,920 2,238 2,487 2,797 3,197 3,730 4,476 5,595 7,460 0,050 0,025 0,021
0,170 0,213 0,915 2,118 2,353 2,647 3,025 3,530 4,235 5,294 7,059 0,050 0,025 0,021
0,180 0,225 0,910 2,011 2,235 2,514 2,873 3,352 4,022 5,028 6,704 0,051 0,025 0,021
0,190 0,238 0,905 1,916 2,129 2,395 2,737 3,193 3,831 4,789 6,386 0,051 0,025 0,021
0,200 0,250 0,900 1,830 2,033 2,288 2,614 3,050 3,660 4,575 6,100 0,051 0,026 0,021
0,210 0,263 0,895 1,753 1,947 2,191 2,504 2,921 3,505 4,382 5,842 0,051 0,026 0,021
0,220 0,275 0,890 1,682 1,869 2,103 2,403 2,804 3,365 4,206 5,608 0,052 0,026 0,022
0,230 0,288 0,885 1,618 1,798 2,023 2,312 2,697 3,237 4,046 5,394 0,052 0,026 0,022
0,240 0,300 0,880 1,560 1,733 1,950 2,228 2,600 3,119 3,899 5,199 0,052 0,026 0,022
0,250 0,313 0,875 1,506 1,673 1,882 2,151 2,510 3,012 3,765 5,020 0,053 0,026 0,022
0,260 0,325 0,870 1,456 1,618 1,820 2,080 2,427 2,913 3,641 4,854 0,053 0,026 0,022
0,270 0,338 0,865 1,410 1,567 1,763 2,015 2,351 2,821 3,526 4,702 0,053 0,027 0,022
0,280 0,350 0,860 1,368 1,520 1,710 1,954 2,280 2,736 3,420 4,560 0,053 0,027 0,022
0,290 0,363 0,855 1,329 1,476 1,661 1,898 2,214 2,657 3,321 4,428 0,054 0,027 0,022
0,300 0,375 0,850 1,292 1,435 1,615 1,845 2,153 2,584 3,230 4,306 0,054 0,027 0,023
0,310 0,388 0,845 1,258 1,397 1,572 1,796 2,096 2,515 3,144 4,192 0,054 0,027 0,023
0,320 0,400 0,840 1,225 1,362 1,532 1,751 2,042 2,451 3,064 4,085 0,055 0,027 0,023
0,330 0,413 0,835 1,195 1,328 1,494 1,708 1,992 2,391 2,989 3,985 0,055 0,028 0,023
0,340 0,425 0,830 1,167 1,297 1,459 1,668 1,945 2,335 2,918 3,891 0,055 0,028 0,023
0,350 0,438 0,825 1,141 1,268 1,426 1,630 1,901 2,282 2,852 3,803 0,056 0,028 0,023
0,360 0,450 0,820 1,116 1,240 1,395 1,594 1,860 2,232 2,790 3,720 0,056 0,028 0,023
0,370 0,463 0,815 1,092 1,214 1,365 1,561 1,821 2,185 2,731 3,641 0,056 0,028 0,024
0,380 0,475 0,810 1,070 1,189 1,338 1,529 1,784 2,140 2,676 3,567 0,057 0,028 0,024
0,390 0,488 0,805 1,049 1,166 1,312 1,499 1,749 2,098 2,623 3,497 0,057 0,029 0,024
0,400 0,500 0,800 1,029 1,144 1,287 1,471 1,716 2,059 2,574 3,431 0,058 0,029 0,024
0,410 0,513 0,795 1,011 1,123 1,263 1,444 1,684 2,021 2,527 3,369 0,058 0,029 0,024
0,420 0,525 0,790 0,993 1,103 1,241 1,418 1,655 1,986 2,482 3,309 0,058 0,029 0,024
0,430 0,538 0,785 0,976 1,084 1,220 1,394 1,626 1,952 2,440 3,253 0,059 0,029 0,024
0,440 0,550 0,780 0,960 1,066 1,200 1,371 1,600 1,920 2,400 3,199 0,059 0,029 0,025
0,450 0,563 0,775 0,945 1,049 1,181 1,349 1,574 1,889 2,361 3,148 0,059 0,030 0,025
0,460 0,575 0,770 0,930 1,033 1,163 1,329 1,550 1,860 2,325 3,100 0,060 0,030 0,025
0,470 0,588 0,765 0,916 1,018 1,145 1,309 1,527 1,832 2,290 3,054 0,060 0,030 0,025
0,480 0,600 0,760 0,903 1,003 1,129 1,290 1,505 1,806 2,257 3,010 0,061 0,030
0,490 0,613 0,755 0,890 0,989 1,113 1,272 1,484 1,781 2,226 2,968 0,061 0,030
111
0,500 0,625 0,750 0,878 0,976 1,098 1,255 1,464 1,757 2,196 2,928 0,061 0,031
0,510 0,638 0,745 0,867 0,963 1,084 1,239 1,445 1,734 2,167 2,890 0,062
0,520 0,650 0,740 0,856 0,951 1,070 1,223 1,427 1,712 2,140 2,854 0,062
0,530 0,663 0,735 0,846 0,940 1,057 1,208 1,409 1,691 2,114 2,819 0,063
0,540 0,675 0,730 0,836 0,928 1,045 1,194 1,393 1,671 2,089 2,785 0,063
0,550 0,688 0,725 0,826 0,918 1,033 1,180 1,377 1,652 2,065 2,754 0,063
0,560 0,700 0,720 0,817 0,908 1,021 1,167 1,362 1,634 2,042 2,723 0,064
0,570 0,713 0,715 0,808 0,898 1,010 1,155 1,347 1,617 2,021 2,694 0,064
0,580 0,725 0,710 0,800 0,889 1,000 1,143 1,333 1,600 2,000 2,666 0,065
0,590 0,738 0,705 0,792 0,880 0,990 1,131 1,320 1,584 1,980 2,640 0,065
0,600 0,750 0,700 0,784 0,871 0,980 1,120 1,307 1,569 1,961 2,614 0,066
0,610 0,763 0,695 0,777 0,863 0,971 1,110 1,295 1,554 1,943 2,590 0,066
0,620 0,775 0,690 0,770 0,856 0,963 1,100 1,283 1,540 1,925 2,567 0,067
OBSERVAÇÕES:
Kx = 0,4 situação limite entre armadura simples e dupla para momento negativo com fck maior que 35 Mpa
Kx = 0,5 situação limite entre armadura simples e dupla para momento negativo com fck menor ou igual a 35 Mpa
Kx = 0,625 situação limite entre armadura simples e dupla para momento positivo para qualquer fck
112
ANEXO II– TABELA DE ARMADURA (cm2)Fonte: apostila prof. Libânio (São Carlos/SP)Obs.:verificar sempre o
recobrimento da armadura em função da classe de agressividade
113
ANEXO III– TABELA DE ARMADURA (cm2/m) Fonte: apostila Prof. Libânio – São
Carlos/SP