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Vias biliares e Vesiculopatias Profa. Me Jaqueline Minatti Anatomicamente a VESÍCULA BILIAR encontra-se incorporada ao fígado, através dos DUCTOS BILIARES, e, por esse motivo, as disfunções do trato biliar são ligadas às Hepatopatias. • Doenças hepáticas: - hepatite viral aguda > HAV, HBV, HCV, etc - hepatite fulminante > ENCEFALOPATIA - hepatite crônica - Esteatohepatite não-alcoólica > OBESIDADE , ERROS ALIMENTARES - Hepatite alcoólica > ETANOL - Cirrose - Doenças hepáticas colestáticas / Vesiculopatias - Distúrb. hereditários > Hemocromatose - Fe, Wilson - Cu, Fibrose cística - Outras (ex.: câncer hepático) Anato-funcional do trato biliar: Anato-funcional do trato biliar: Esfíncter de Oddi Distúrbios hepato-biliar • Afetam milhões de pessoas , causando sofrimento e morte. • Podem causar sepse, câncer, pancreatites e outras situações fatais. • O trato biliar pode apresentar variadas doenças, mostrando sinais e sintomas similares. • Os tratamentos incluem dietoterapia, medicação e cirurgia / transplante hepático. Triagem inicial - Exames bioquímicos: Nome do Exame: Como interpretá-lo: AST (antiga TGO) Aminotransferases, ou transaminases, são enzimas responsáveis pela transferência de um grupo amina, de um aminoácido para um hidrocarboneto, para formar um aminoácido diferente. Entre as aminotransferases destacam-se a AST (aspartato aminotransferase ou TGO), cuja atividade tem sido usada na avaliação da função hepática. A ALT (alanina aminotransferase ou TGP) e a é mais sensível para a detecção de lesão do hepatócito que para doença obstrutiva (em que a GGT é mais sensível) e mais específica que a AST na avaliação de lesão hepática. ALT (antiga (TGP) Gama GT (GGT) A gama-glutamil transferase (ou tranpeptidase) é útil no diagnóstico das doenças obstrutivas hepáticas e sensível ao uso de álcool. Usada no diagnóstico das icterícias de origem obstrutiva, colestase intra- hepática e pancreatite, auxilia a interpretação de resultados alterados da fosfatase alcalina. É mais útil no diagnóstico das obstruções biliares que as transaminases. Pode estar elevada com o uso de alguns fármacos (ex.: fenitoína, fenobarbital). Valores de GGT elevados em pacientes com tumores malignos podem indicar metástase hepática. Nome do Exame: Como interpretá-lo: Fosfatase alcalina Principalmente ligada a membranas canaliculares do fígado; concentrações aumentadas sugerem colestase (apesar de ser inespecífico). Albumina Principal proteína sintetizada no fígado; a síntese diminuída ocorre na disfunção hepática. Bilirrubina sérica total Quando aumentada, pode indicar superprodução de bilirrubina (hemólise) ou defeito na captação e conjugação hepática. Bilirrubina sérica indireta É a bilirrubina não conjugada; aumentada na hemólise. Bilirrubina sérica direta É a bilirrubina conjugada; aumentada com a excreção diminuída de bilirrubina, doença hepatobiliar, colestase intra- ou extra-hepática, icterícia pós-operatória benigna. Bilirrubina urinária Mais sensível que a bilirrubina sérica total. Triagem inicial - Exames bioquímicos: Bile e Vesícula Biliar: • A Bile é formada nos hepatócitos (secretado pelo fígado), armazenada e concentrada na Vesícula Biliar e liberada para a luz duodenal por estímulo de CCK. “Células I” intestinais (duodeno e jejuno) secretam CCK quando da presença de conteúdo lipídico e proteico nas porções iniciais do delgado. • É um Líquido grosso e viscoso formado a partir dos constituintes: - Sais biliares - Colesterol - Bilirrubina (pigmento da bile) Como é formada a Bile: • A BILIRRUBINA é derivada da liberação de hemoglobina da destruição de eritrócitos. É transportada para o fígado, onde é conjugada e excretada através da Bile. Conjugação significa adicionar 2 moléculas de ácido glicurônico, tornando a bilirrubina hidrossolúvel / direta / conjugada. • Os SAIS BILIARES são produzidos pelos hepatócitos a partir do colesterol. São essenciais para a digestão e absorção das gorduras, vits. Lipossolúveis e alguns minerais. Após serem excretados na Bile, os sais biliares são reabsorvidos, caem no sistema porta, geram pool de sais biliares. A Bile também contém imunoglobulinas importantes à integridade da mucosa intestinal. A Bile é via excretória primária para COBRE e MANGANÊS. Bile e Vesícula Biliar: • Principal função da Vesícula Biliar: concentrar, armazenar e excretar Bile no momento necessário da digestão. • Durante o processo de concentração, água e eletrólitos são reabsorvidos pela mucosa da vesícula biliar. Estudo: • Descreva como é formada a bile, descrevendo em sequencia os ductos e estruturas que ela percorre até chegar no duodeno. Principais patologias... Colestase • É uma condição na qual pouca ou nenhuma Bile é secretada. Também diz-se Colestase quando o fluxo da Bile está obstruído por algum motivo. • Pode ocorrer em pacientes SEM nutrição oral ou enteral por período prolongado. • A prevenção inclui estimulação da motilidade intestinal e biliar e das secreções gastrointestinais por meio de alimentação oral ou enteral mínima. Se não for possível, e terapia medicamentosa será necessária. Colelitíase ou Litíase Biliar • Formação de cálculos biliares na ausência de infecção da vesícula. Pode ser sintomático (maioria) ou assintomático. • Aos cálculos são formados a partir: 1) Colesterol + Bilirrubina + Cálcio (NÃO PIGMENTADOS) 2) Polímeros de Bilirribina + Cálcio (PIGMENTADOS) (1) Fatores de risco: - Mulheres - Idade avançada - Histórico familiar - Obesidade / DM - Doença óssea - Dieta Hiperlipídica - Medicamentos: antilipidêmicos / anticoncepcionais (2) Fatores de risco: - Idade avançada - Anemia falciforme / Talassemia - Cirrose - Alcoolismo Coledocolitíase • Presença de cálculos no Ducto Biliar Comum. • O cálculo pode permanecer períodos dentro do ducto sem causar nenhum problema, e até ser eliminado no duodeno sem nenhum problema. • Mas geralmente causa severas complicações: - obstrução do fluxo biliar - inflamação da vesícula - dor e cólicas - prejuízo da digestão de gorduras, fezes acólicas - esteatorréia - pancreatite aguda Tratamento do cálculo biliar: • Colecistectomia: remoção cirúrgica da vesícula biliar. • Após a cirurgia, o trato biliar se adapta, gerando dilatação como uma pseudo-vesícula. • Cuidados nutricionais: - pré-cirúrgico: Dieta alcalinizante Dieta hipolipídica para estimular menor a contração da vesícula, reduzir riscos de complicações, apadtar o pcte para o pós-cirúrgico. - pós-cirúrgico: Retorno da alimentação com os sons gastro-intestinais Dieta hipolipídica com evolução individual Pode ser útil o uso de pools enzimáticos (lipases) Dieta alcalinizante Colecistite • É a inflamação da vesícula biliar geralmente causada pelo retorno da Bile frente a presença de cálculos que obstruem o fluxo normal da bile. • Sintomas: dor, náuseas, vômitos, flatulência, Icterícia. • Pode ser Calculosa (causada por cálculos) ou Acalculosa (colestase, diminuida responsividade à CCK); • Aguda ou Crônica: Colecistite • Aguda: as paredes da vesícula se tornam inflamadas, distendidas. • Crônica: longo período com crises leves e repetidas de colecistite aguda. As paredes da vesícula tornam-se espessadas, perde a capacidade de concentrar adequadamente a Bile. • Fatores de risco: - Dieta hiperlipídica - Mulheres - Após 40 anos - Presença de cálculos biliares Tratamento da Colecistite • É necessário tratamento cirúrgico (Colecistectomia), caso contrário há riscos de necrose. • Os cuidados nutricionais são os mesmos que na colelitíse.Colangite aguda • É a inflamação dos ductos biliares. O tratamento inclui antibióticos e drenagem biliar percutânea (consiste na desobstrução dos ductos com acesso através da pele). Colecistectomia pode ser necessário. Obs.: A cronificação do processo causa inflamação fibrosante dos ductos (Colangite Esclerosante), como visto anteriormente. Estudo: • Faça o esquema fisiopatológico da litíase biliar, apontando possíveis causas e consequências. • Qual a dietoterapia para a Colecistectomia? SLIDES COMPLEMENTARES: • Doenças importantes, porém menos comuns. Cirrose biliar primária • É considerada uma hepatopatia colestática, crônica, de origem autoimune, onde há progressiva destruição dos ductos biliares pequenos e intermediários intra-hepáticos. • Os ductos biliares intra-hepáticos maiores e a árvore biliar extra-hepática está preservada. • 90% dos casos – mulheres. • Evolução: cirrose, hipertensão portal, necessidade de transplante ou morte. • Sinais e sintomas: enzimas hepáticas elevadas, prurido, fadiga. Cirrose biliar primária • Complicações: - osteopenia - hipercolesterolemia - deficiência de vitaminas lipossolúveis • Tratamento nutricional: - Imunonutrição (encontrar a causa: alergias, alterações intestinais, carências nutricionais: Zn, w-3, Vit. D, Vit. E, Vit. A) - Fitoterapia ? (Ex. unha de gato) - Controle das complicações Osso: fontes de Ca, Mg, Vit. D, Boro, Selênio, Vitamina K Colesterol: redução de saturadas, transaturadas; w-3 Reposição de vitaminas lipossolúveis, 30 min sol/dia Colangite esclerosante • É considerada uma hepatopatia colestática, crônica, de origem duvidosa, relacionada à autoimunidade e às doenças inflamatórias intestinais, onde há inflamação e fibrose dos ductos biliares intra- e extra-hepáticos. • Acomete mais homens (70 a 90% com DII, ex. colite ulcerativa) • Evolução: hipertensão portal, insuficiência hepática, colangiocarcinoma (CA de vias biliares). • Sinais e sintomas: esteatorréia, deficiência de vitaminas lipossolúveis, osteodistrofia hepática (má-absorção de Ca e Vit. D), hiperparatireoidismo secundário, raquitismo. Colangite esclerosante • Complicações: má-digestão e má-absorção intestinal de nutrientes, problemas ósseos e de paratireóide. • Nenhum tratamento retarda a progressão da doença. • Conduta nutricional: paleativa - dieta hipolipídica - Imunonutrição (encontrar a causa: alergias, alterações intestinais, carências nutricionais: Zn, w-3, Vit. D, Vit. E, Vit. A) - reposição de nutrientes? - Fitoterapia ? (Ex. unha de gato) Referência para estudo: • Mahan, Escott-Stump. Krause: alimentos, nutrição e dieterapia. 2010.