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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO DIRETORIA DE GESTÃO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS Disciplina Estudos Literários: Literaturas de Língua Portuguesa II Data ___/___/______ Professor Polos: Sapezal Discentes Vinicius de Moraes é um poeta lírico brasileiro que acabou tornando-se extremamente conhecido após a sua atuação na música popular brasileira, no começo de sua carreira seus poemas eram voltados para temas de cunho amoroso com um fundamento erótico no qual avulta a figura feminina. Embora não tenha abandonado o erotismo, sua poesia foi se transformando e adquirindo uma abordagem social, refletindo sobre os acontecimentos do presente. Inspirado no ataque nuclear dos Estados Unidos sobre a cidade de Hiroshima no Japão durante a segunda guerra mundial, o poeta escreveu o poema A Rosa de Hiroxima, publicado no livro Antologia Poética, em 1954 – Rio de Janeiro, que traz de forma reflexiva esse acontecimento que destruiu toda uma população. O poema é dividido em duas partes, na primeira o autor destaca as consequências do bombardeio para a população de Hiroshima, dentre as quais podemos identificar “mudas telepática”, “cegas inexatas” e “rotas alteradas”, como sendo a dificuldade de se comunicar; o futuro incerto para aquelas pessoas e quanto as mulheres que tiveram suas rotas alteradas, entende-se como o impacto causado pela radiação que deixou marcas em seus sistema reprodutivo, elas já não poderiam gerar um filho sem que houvessem danos à criança. Uma característica presente no poema é a presença de rimas de palavras com classes gramaticais diferentes, substantivos e adjetivos (Ex: Crianças/telepáticas), além disso, as rimas combinam em gênero e número, com substantivos e adjetivos no feminino e plural, com isso tem se a ideia de que por estar no feminino, o poeta faz alusão a fragilidade da população diante da tragédia acometida, e o plural pela quantidade de pessoas que sofreram com esse ataque. Quanto as figuras de linguagem utilizadas no poema, é possível perceber o uso da metáfora, anáfora, assonância, aliteração e comparação. Na obra Vinicius faz o uso de apenas dois verbos, pensem e (não) esqueçam, ambos estão no modo imperativo, podemos supor que o uso desses verbos é feito como meio de tocar o leitor, em forma de apelo e não como ordem, o que é o caso mais comum ao se utilizar verbos no modo imperativo. No apelo, o autor pede para que pensemos na dor e no sofrimento das crianças, meninas e mulheres, que tiveram suas vidas afetadas por esse ataque, e que não nos esqueçamos “da rosa da rosa” que pode ser entendida como uma metáfora para se referir a bomba pois as fotos que se tem da explosão são parecidas com a figura de uma rosa. Outro uso do substantivo está nos versos onde se lê “A anti-rosa atômica/ Sem cor sem perfume/ Sem rosa, sem nada”, nestes versos é possível compreender que diferentemente da rosa natural, que é símbolo de vida e beleza, a rosa de Hiroshima é radioativa, tem cirrose, é estupida e inválida, se referindo às doenças, às mortes, destruição e feridas causadas pela bomba. A devastação ambiental e social deixou marcas, e apesar de hoje a cidade ter se recuperado, o nível de radiação ali presente ainda é considerável. Sendo assim, entende-se que o poema de Vinicius de Moraes faz uma crítica ao bombardeio que causou uma destruição em massa na cidade de Hiroshima, deixando além de morte e sofrimento, feridas que demoraram a cicatrizar. Página 1/2