Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, 
ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE PRESIDENTE 
PRUDENTE - DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO NA MODALIDADE DO HOME OFFICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
THIAGO ZAMINELI DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente - SP 
2016 
 
 
 
 
 
FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, 
ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE PRESIDENTE 
PRUDENTE - DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO NA MODALIDADE DO HOME OFFICE NO 
BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
THIAGO ZAMINELI DE LIMA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado a Faculdade de Ciências 
Jurídicas Administrativas e Contábeis de 
Presidente Prudente, Curso de Direito, 
Universidade do Oeste Paulista, como parte 
dos requisitos para a sua conclusão 
 
 
Orientador: 
Alan Rodrigo Bicalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente - SP 
2016 
 
 
THIAGO ZAMINELI DE LIMA 
 
 
 
 
 
DA FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO NA MODALIDADE DO HOME OFFICE NO 
BRASIL 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado a Faculdade de Ciências 
Jurídicas Administrativas e Contábeis de 
Presidente Prudente, Curso de Direito, 
Universidade do Oeste Paulista, como parte 
dos requisitos para a sua conclusão 
 
Presidente Prudente, 21 de Outubro de 
2016 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________ 
Prof. Dr. Alan Rodrigo Bicalho 
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste 
Presidente Prudente-SP 
 
 
_______________________________________________ 
Prof. Dra. Elizabeth Emiko Katayama Bicalho 
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste 
Presidente Prudente-SP 
 
 
_______________________________________________ 
Prof. Dra. Ana Augusta W. Ebaid 
Universidade do Oeste Paulista – Unoeste 
Presidente Prudente-SP 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho à minha família, em especial a minha mãe 
Reodete Fereira de Lima Zamineli e ao meu pai Orlando Zamineli de Lima, que me 
ensinaram os valores que tenho hoje, pelo incentivo e confiança, à minha noiva 
Carla Aparecida da Silva Xavier por oferecer motivação, amor, carinho e apoio no 
sentido de que fosse possível a realização desse curso e desse trabalho. A razão do 
meu crescimento pessoal, emocional, profissional e tudo que conquistei até hoje e 
realizarei no futuro, é fruto de tudo o que fizeram por mim. Meu muito obrigado. 
Ao meu orientador Professor Dr. Alan Rodrigo Bicalho, pela grande 
pessoa que é, por ter aceitado o projeto de última hora, por ser um excepcional 
professor, sempre disposto a ajudar. Sendo pessoa decisiva para a realização deste 
trabalho, pelo comprometimento, pela cooperação e dedicação, enfim, por tornar o 
Direito do Trabalho tão instigante para se aprender e exercer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
Primeiramente a Deus por guiar a minha vida, por ajudar em todos os 
momentos e por dar a sabedoria necessária para a realização de mais um sonho. 
Ao corpo docente do curso de Direito da Unoeste, pelo 
profissionalismo, e aos funcionários do Núcleo de Prática Jurídica 
Aos amigos que acompanharam a minha evolução nesse curso, em 
especial aos amigos como Franclin Rodrigues, João Emilio Zola Neto, Julio Cesar 
Lopes Viana, Julio Vieira da Silva FIlho, Rachel de Lima Ferreira, Maria Luisa Santos 
Lopes, Jeniffer Sabrina Silva dos Santos sempre presentes durante os estudos. 
Foram horas de aprendizado e momentos de reflexão; aos demais amigos e 
parceiros de turma sempre presentes contribuindo para argumentações e 
pensamentos jurídicos. Aos colegas de turma que foram ficando pelo caminho. 
As minhas irmãs Rosangela Zamineli de Lima, Alessandra Zamineli de 
Lima e Suzilene Zamineli de Lima, por terem incentivado e motivado para a 
conclusão de mais um curso. Agradeço a todos por proporcionar meu crescimento 
intelectual e jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu 
direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os 
sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de 
entidades dignas de existência na comunhão internacional.” (Rui Barbosa) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Da flexibilização do trabalho na modalidade do home office no Brasil 
O presente trabalho, intitulado “Da flexibilização do trabalho na modalidade do home 
office no Brasil” - teve como objetivo principal, um levantamento de como funciona a 
modalidade de trabalho home office aqui no Brasil, e seus termos adotados no Brasil 
como o teletrabalho e o trabalho em domicílio, explicando as suas peculiaridades, 
assim como um pouco da sua história do trabalho, da flexibilização do trabalho, 
como funciona ela modalidade no estrangeiro, as vantagens e desvantagens para a 
empresa e para o trabalhador. Trago também, como as normas brasileiras estão se 
adequando a respeito desse tema, como estão sendo julgados os litígios dessa 
modalidade e se existe, e como funcionam as formas de controle do empregador 
sobre o empregado e o trabalho realizado. Concluo o presente trabalho, externando 
minha opinião, que essa modalidade de trabalho trás vantagens para as empresas, 
com redução de custos operacionais e para o trabalhador, que não perde tempo 
com a locomoção até a empresa e ainda pode estar mais perto da sua família, trago 
a questão das normas brasileiras, que, já houve sim uma evolução no ambito do 
home office, mas ainda tem que evoluir muito para garantir um amparo completo 
para o trabalhador, que é o polo hiposuficiente. 
Palavras-chave: Home office. Teletrabalho. Trabalho em Domicílio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Of the flexibilization of the work in the modality of the home office in Brazil 
 
This work, entitled "of the flexibilization of the work in the modality of the home office 
in Brazil" - had as main objective, a survey of how the home work modality office 
here in Brazil, and the terms adopted in Brazil as telecommuting and work at home, 
explaining the its peculiarities, as well as some of their history of work, flexible 
working, how does it form abroad, the advantages and disadvantages for the 
company and the worker. I bring also, as Brazilian standards are adjusting on this 
subject, as are disputes of this type tried and whether and how they work forms of 
employer control over the employee and the work done. I conclude this paper, 
expressing my opinion that this type of work back benefits to businesses, reducing 
operating costs and the worker, who does not waste time with getting out to the 
company and can still be closer to his family, bring the issue of Brazilian standards, 
that there have been rather an evolution in the home office boundaries, but has yet to 
evolve much to ensure full protection for the worker, which is the hub hiposuficient. 
 
Keywords: Home Office. Telecommuting. Home Work 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
CLT 
EC 
OIT 
ONG 
RO 
TRT 
TST– Consolidação das Leis Trabalhistas 
– Emenda Constitucional 
– Organização Internacional do Trabalho 
– Organização Não Governamental 
– Recurso Ordinário 
– Tribunal Regional do Trabalho 
– Tribunal Superior do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 
2 DO DIREITO DO TRABALHO .......................................................................... 
2.1 Evolução histórica do direito do trabalho ...................................................... 
12 
12 
2.2 Da relação empregatícia ............................................................................... 
2.2.1 Continuidade .............................................................................................. 
2.2.2 Subordinação ............................................................................................. 
2.2.3 Onerosidade ............................................................................................... 
2.2.4 Pessoalidade .............................................................................................. 
2.2.5 Trabalho por pessoa física ......................................................................... 
15 
15 
15 
15 
15 
16 
3 DA FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 17 
3.1 Do teletrabalho .............................................................................................. 19 
3.2 Do teletrabalho e do trabalho em domicílio.................................................... 21 
3.3 Do empregado em domicílio ......................................................................... 
3.3.1Tendências das legislações estrangeiras quanto ao trabalho em domicílio 
3.3.2 Vantagens e desvantagens do trabalho em domicílio ................................ 
4 CONTROLE DA JORNADA DE TRABALHO ................................................... 
5 DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (FORO).................................... 
21 
24 
24 
27 
32 
5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 33 
6 REFERÊNCIAS................................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O objetivo do presente trabalho foi analisar a flexibilização do trabalho 
na modalidade do home office, que nada mais é, do que o teletrabalho, foi levantada 
a visão do trabalhador e do empregador, acerca das vantagens e desvantagens 
dessa modalidade de trabalho, assim como o enquadramento nas normas 
trabalhistas através da atualização desta. 
O tema em tela é extremamente atual e vem ganhando mercado no 
Brasil, a alguns anos, por isso, foi necessário trazer um levantamento histórico 
desse tipo de trabalho e sua moderna aplicação, diante das mudanças que estão 
ocorrendo nas empresas, que estão impactando nos processos de trabalho, nas 
instalações e no local de trabalho, que está sendo descentralizado. 
O estudo realizado foi exploratório, descritivo e explicativo do “home 
office”, das relações de trabalho e embasou-se na literatura sobre o tema, nas 
críticas relacionadas a esta e uma elucidação de como está a sua aplicação no 
Brasil. O método de abordagem utilizado foi o hipotético-dedutivo, desenvolvido a 
partir da interpretação da legislação do Direito do Trabalho vigente e pesquisas 
bibliográficas. 
A metodologia de estudo aplicada foi a busca de publicações, livros, 
sites na internet e demais fontes de pesquisa, com o objetivo de coletar informações 
e enriquecer o trabalho. Apresenta-se como forma de organização, em capítulos, 
títulos e subtítulos, assim o primeiro capítulo trouxe a introdução do tema, as 
motivações e o método utilizado. 
No segundo capítulo é trazida uma breve explanação sobre o Direito do 
Trabalho e um levantamento histórico desse ramo jurídico, onde mostro toda a 
transformação pela qual passou até chegar ao Direito do Trabalho que conhecemos 
hoje, além de detalhes a respeito da relação empregatícia, ou seja, é necessário que 
a relação preencha esses requisitos para que seja caracterizada a relação 
empregatícia. 
No terceiro capítulo, são apresentadas explicações acerca da 
flexibilização do trabalho, com as principais mudanças nas relações de trabalho e 
emprego, conceituando o teletrabalho, o trabalho em domicílio, principais diferenças 
11 
 
entre ambos e as vantagens e desvantagens para o empregado e empregador, 
abordando ainda, as principais tendências das legislações estrangeiras. 
O quarto capítulo é destinado à forma de monitoramento do trabalho 
realizado e do trabalhador, os horários que este executa suas funções laborais, 
quais clientes ele atendeu, e alguns julgados para acompanhar o comportamento e 
aceitação dessa modalidade, e como está sendo feita a fiscalização. 
No quinto capítulo, faço uma exposição acerca da competência 
relacionada ao foro, para julgar questões inerentes ao home office, infelizmente 
ainda não temos em nossa legislação, normas específicas para o home office, por 
isso devemos fazer uma aplicação por analogia. 
E por fim, no sexto capítulo, a conclusão do presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2 DO DIREITO DO TRABALHO 
 
O direito do trabalho é o ramo jurídico especializado que regula as 
relações laborativas na sociedade contemporânea (DELGADO, 2016, p. 41). 
O ramo jurídico que estamos analisando já recebeu diferentes nomes 
desde o início de sua existência no século XIX, ele já foi chamado de Direito 
Industrial, Direito Operário, Direito Corporativo, Direito Sindical e Direito Social, mas 
nenhum desses termos foi adotado permanentemente devido a vários problemas de 
insuficiência quanto a sua hegemonia consagrando assim o título Direito do Trabalho 
(DELGADO, 2016, p. 44). 
Porém devemos reconhecer que expressão direito do trabalho não é 
perfeita, ou seja, a palavra trabalho refere-se um objeto muito mais amplo, que seria 
toda a forma de trabalho, como por exemplo o trabalho autônomo, enquanto o nosso 
direito do trabalho regula basicamente o trabalho empregaticiamente contratado 
onde há relação de subordinação, se observou que a expressão direito empregatício 
seria um termo mais correto (DELGADO, 2016, p. 46). 
 
2.1 Evolução histórica do direito do trabalho 
 
Antigamente o homem produzia o que era útil para seu próprio 
consumo e para atender às suas necessidades e de sua família, interagindo com a 
natureza e os outros homens que agiam como ele, era um tempo de mediações de 
ordem primária e de comportamento instintivo (CARVALHO, 2011, p. 15). 
Nesta época o escambo foi se desenvolvendo e se tornando popular 
progredindo com alguma complexidade até que se iniciou um processo de 
conversão do valor de uso para um valor de troca, pois o valor transferido não era 
mais o valor da utilidade que proporcionavam, passava a ter um valor alto, 
valorizado pelo trabalho humano, ou seja, já nessa época se começava a agregar ao 
produto, o valor da mão de obra utilizado na produção, mais adiante também 
passou-se a agregar o valor do lucro, que era o valor que o empresário precisava 
para assistir e para justificar o seu investimento na produção. 
13 
 
A exploração da mão de obra humana não surgiu com a Revolução 
Industrial havia surgido um pouco antes com a utilização do trabalho escravo etambém através do uso da mão de obra de prisioneiros de guerras. 
O direito do trabalho surgiu através de uma ruptura sócio política e 
econômica que caracterizaram o fim da era moderna tumultuando o século XVIII, 
onde haviam condições adversas do trabalho humano, em que o industrial deveria 
assegurar aos trabalhadores que trabalhavam para ele apenas uma remuneração 
que se garantisse a sua subsistência, contudo, nessa época não era possível uma 
acumulação de riqueza. 
No agonizante século XVIII, os trabalhadores perceberam que existia 
uma influência da primeira revolução industrial com relação à oferta de trabalho e se 
recusaram a ser submissos às normas inspiradas nos princípios da revolução 
burguesa, especialmente com relação à igualdade e liberdade, que era posta num 
plano artificial das abstrações jurídicas semelhantes, os empresários que exigiam 
inclementemente condições injustas de trabalho (CARVALHO, 2011, p. 16). 
Os fenômenos sociais que motivaram o surgimento do Direito do 
Trabalho foram a Revolução Industrial, o trabalho penoso que era desenvolvido na 
Indústria Têxtil no fim do século XVIII a concentração de trabalhadores nas cidades 
(CARVALHO, 2011, p. 21). 
Houve uma reação dos trabalhadores da Inglaterra reivindicando uma 
condição mínima de trabalho, que pudessem ser impostas ao Industrial capitalista, 
foi quando Ned Ludd comandou os trabalhadores no chamado luddismo, foi o 
movimento criado por ele em que se atribuíam às máquinas a culpa pelos males que 
afligiam os trabalhadores. Ludd endereçou uma carta a um certo empresário de 
Hudersfield em 1812, dizendo que se até uma próxima semana as máquinas não 
fossem retiradas, ele mandaria destruí-las através de seus representantes, e se 
qualquer dos seus homens fossem feridos de alguma forma, eles já tinham ordem 
para matar o tal empresário. 
Em 1832, o parlamento inglês aprovou o “Reform Act”, uma lei eleitoral 
que privaria os operários do direito ao voto, com isso os trabalhadores reagiram 
formulando suas reivindicações através da “Carta do Povo”, um documento com 
quase 300 mil assinaturas de conteúdo político fundando assim o movimento 
conhecido como cartismo (CARVALHO, 2011, p. 22). 
14 
 
Em 1848, surgiu na França o maior movimento dos trabalhadores com 
uma influência massiva, para que na Alemanha se iniciasse uma revolução obreira 
também, diferente da Inglaterra a França era um país de vocação agrária em que o 
pequeno agricultor sofria com os grandes impostos destinados a custear a 
burocracia e a casta militar. 
Na França havia pouca tolerância às greves e ao associativismo, com 
isso o trabalhador francês adquire uma consciência de classe que promoveu a 
divulgação da doutrina marxista com reflexos positivos do Direito do Trabalho 
(CARVALHO, 2011, p. 22). 
A industrialização na Alemanha teve um impulso somente na segunda 
metade do século XIX com o reconhecimento do altíssimo poder político e 
econômico da Inglaterra, o progresso industrial da Alemanha produziu um intenso 
movimento dos trabalhadores, muito semelhante a revolução cartista ocorrida na 
Inglaterra (CARVALHO, 2011, p. 22). 
Como podemos observar, o direito do trabalho surgiu em um momento 
histórico de crise como uma resposta política aos problemas sociais que vinham 
ocorrendo entre os trabalhadores e os industriais, e através dos dogmas do 
capitalismo, tendo um marco no contexto mundial no século XIX quando se tentou 
solucionar uma crise social gerada após a Revolução Industrial que nasceu sobre o 
império da máquina, que veio para reduzir o esforço físico e reduzir a atenção 
mental, facilitando assim uma exploração do trabalho das mulheres e das crianças, 
considerados como “meias forças” de trabalho, levando assim a força de trabalho do 
homem adulto a um plano secundário. 
O estado resolveu intervir regulamentando o trabalho diante de toda 
essa agitação dos trabalhadores e das lutas sociais que ocorreram no Continente 
Europeu criando assim um novo Ramo do Direito com critérios próprios não 
encontrados em outros ramos normas contendo princípios peculiares do direito do 
trabalho entre os quais o da proteção centralizando uma garantia de condições 
mínimas de trabalho por outro princípio que é o da irrenunciabilidade (BARROS, 
2011, p. 63) 
 
2.2 Da relação empregatícia 
 
15 
 
Os requisitos da relação empregatícia são: a continuidade, a 
subordinação, a onerosidade, a pessoalidade e a alteridade (MARTINS, 2016, p. 
175) 
 
2.2.1 Continuidade 
 
Deve haver continuidade do trabalho prestado aquele que prestar 
serviço eventual não é considerado empregado. Existem contratos que findam com 
uma única prestação, como por exemplo o contrato de compra e venda, o que não 
ocorre no contrato de trabalho, onde há entre as partes uma relação sucessiva que 
perdura no tempo. 
 
2.2.2 Subordinação 
 
O trabalhador exerce suas atividades dirigidas pelo empregador, ao 
qual tem dependência, e por consequência é subordinado, já o trabalhador 
autônomo, exerce suas atividades com autonomia, assumindo os riscos do seu 
negócio, não havendo assim, a subordinação. 
 
2.2.3 Onerosidade 
 
O empregador deve pagar salários ao empregado, pelos serviços 
prestados, ou seja, contrato de trabalho é oneroso e não gratuito. 
 
2.2.4 Pessoalidade 
 
O contrato de trabalho é realizado com pessoa certa e determinada, 
denominado intuitu personae, desta forma, o empregado não pode ser substituído 
por outra pessoa, pois caso isso ocorra, a pessoa substituta criará o vínculo 
empregatício. 
 
16 
 
2.2.5 Trabalho por pessoa física 
 
Os bens jurídicos protegidos pelo Direito do Trabalho são inerentes a 
pessoa física, não podendo assim, ser usufruídos por pessoas jurídicas. A prestação 
de serviços considerada no Direito do Trabalho diz respeito às pactuadas por 
pessoa física, ou seja, o trabalhador deve ser sempre uma pessoa natural. 
O Direito do Trabalho vem evoluindo muito, partiu da produção 
somente para o consumo, passando por produtos manufaturados visando lucro, a 
industrialização, preocupação com a tutela do trabalhador em suas diversas formas 
de trabalho, lembrando que ara existir a ligação empregatícia, devem ser 
preenchidos os requisitos supracitados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
3 DA FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
As relações individuais de trabalho vêm sofrendo várias modificações 
últimos anos, a partir da crise econômica de 1970 desencadeado pelo alto preço do 
petróleo, aumentou uma necessidade de competitividade entre os países orientais e, 
relacionado a isso, está uma necessidade de combater o desemprego, essas 
mudanças desencadearam uma discussão sobre a flexibilização do emprego que 
variam de acordo com o desenvolvimento de cada país (BARROS, 2011, p. 64). 
A flexibilização trabalhista vem sendo historicamente uma reivindicação 
empresarial, pois geram menores custos sociais e um maior controle do fator 
trabalho, sob esse prisma, temos uma flexibilidade das normas trabalhistas que 
poderão ser atingidas mantendo ainda uma segurança das garantias mínimas do 
empregado. 
A flexibilização do trabalho teve dois momentos históricos importantes, 
o primeiro conhecido como o direito do trabalho de emergência que corresponde a 
um processo temporário, e o segundo, conhecido com a instalação da crise que 
corresponde às reivindicações patronais permanentes (BARROS, 2011, p. 65). 
Alguns países como Espanha e Argentina vem sendo lembrados como 
exemplos de tentativas de flexibilização de suas leis trabalhistas com o intuito de 
diminuir o desemprego, a principalmudança foi na forma de contratação dentro de 
prioridade ao prazo determinado ou contratos provisórios evitando os contratos por 
prazo indeterminado 
Essas alterações tiveram efeito contrário do desejado tendo a Espanha 
feito uma reforma em sentido contrário em 1997 com a “reforma pelo emprego” 
passando a priorizar a contratação por prazo indeterminado que o mesmo tipo de 
contrato que vigora aqui no Brasil 
Marly Cardone nos aponta as seguintes modalidades de flexibilização 
a) quanto ao modo de prestar trabalho, b) quanto à modalidade (interna e externa), 
c) quanto ao tempo, d) quanto ao salário. 
Quanto ao modo de prestar trabalho, com o desenvolvimento da 
informática surgiram diversas modalidades, entre elas o teletrabalho que sai dos 
limites da divisão clássica do trabalho para o aparecimento de novas modalidades 
que permitem o trabalho em domicílio, essa nova situação de trabalho em domicílio 
18 
 
está entre subordinado e autônomo, essa modalidade tem uma qualificação de 
trabalhadores muito elevada, com um grande poder contratual ao ponto de imprimir 
à própria prestação de serviço algumas características típicas do trabalho autônomo, 
alguns autores entendem se tratar de uma para a subordinação da situação dos 
representantes comerciais contratados na forma da lei 4886/65 (MARTINS; MESSA, 
2009, p. 164). 
Quanto à mobilidade, ela será interna ou externa, a externa vai implicar 
na liberdade de admissão e demissão e na outra hipótese, na interna, refere-se a 
movimentação convencional do empregado, seja no sentido horizontal, vertical 
inclusive in pejus, que nos remete há uma ampla aplicação dos jus variandi como 
poder do empregador. 
Com relação ao próximo aspecto que mais nos interessa, diz respeito 
ao tempo, falamos da abordagem dos contratos quanto a sua duração, ou seja, se 
será de prazo determinado, prazo temporário, por tempo indeterminado e também 
com relação à duração do trabalho, que será por um período, será em dias 
alternados, part-time(trabalho por tempo parcial) ou com relação ao horário de 
trabalho flexível que hoje pode ser do trabalho individualizado, o teletrabalho 
também entra nessa relação, a telecomputação entre outros, e o centro de trabalho 
remoto (MARTINS; MESSA, 2009, p. 164). 
A flexibilização é uma postura do legislador no sentido de permitir que 
relações entre empregado e empregador possam ter soluções de uma forma diversa 
do contrato de trabalho comum, e assim eventuais problemas que possam surgir da 
flexibilização, terão uma solução diversa das regras tradicionais da CLT. 
A flexibilização e a terceirização são prejudiciais ao trabalho aos 
trabalhadores porque ambas as formas de tratamento da mão de obra, da prestação 
de serviço, oferece vantagens ao capital, se não fosse dessa forma ao empregador 
não adiantaria nada não utilizaria desse tipo de mão de obra senão, para 
economizar para a empresa, é evidente que isso é uma forma de desvantagem para 
o trabalhador que atua nesse tipo de trabalho que são fenômenos atuais de grandes 
concentrações de capitais e de leis de mercado e onde vivemos. 
Foi por causa dessas mudanças na nossa realidade que a Constituição 
Federal cuidou da flexibilização da relação de emprego através do artigo 7º, I do 
texto constitucional que assegura nesses casos de flexibilização a irredutibilidade do 
salário, salvo se houver alguma convenção ou acordo coletivo dizendo o contrário o 
19 
 
inciso VIII do mesmo artigo se refere à duração diária do trabalho que deve ser de 
oito horas, e o limite semanal de 44 horas onde é facultativo a compensação e 
redução da jornada de trabalho de acordo com convenção coletiva de trabalho. O 
inciso XIV do mesmo artigo assegura uma jornada de 6 horas em turnos 
ininterruptos de revezamento salvo negociação coletiva. 
A redução de custos pode ser feita sim desde que seja de forma lícita 
ou seja buscando uma redução das despesas possíveis sob pena de infringir a lei, é 
nesse sentido que a terceirização e flexibilização são condenadas quando são 
buscadas de forma ilícita precarizado as condições de trabalho (MANUS, 2015, p. 
117). 
 
3.1 Do teletrabalho 
 
O avanço da tecnologia dos Tempos Modernos permite o trabalho à 
distância denominado teletrabalho onde o labor ocorre preponderantemente fora do 
estabelecimento do empregador que ocorre geralmente na própria residência do 
empregado, embora o empregador mantenha com o empregado um contato 
somente através de recursos eletrônicos e de informática 
Como o trabalho em domicílio incide as regras constantes no artigo 6º 
da CLT? No teletrabalho são desenvolvidos atividades que exigem um 
conhecimento mais especializado como auditoria, tradução, digitação, diferenciando-
se do trabalho em domicílio que geralmente tenho trabalho mais comum com 
atividades manuais. 
Segundo a doutrina o trabalho à distância não se restringe ao trabalho 
realizado na residência do empregado, este termo também pode ser aplicado em 
centro de trabalho que estão situados fora do estabelecimento do empregador que 
são considerados unidades de fornecimento de trabalho à distância (GARCIA, 2016, 
p. 249). 
 
Na realidade, pode-se dizer que o trabalho a distância é gênero, tendo 
como uma de suas espécies o teletrabalho. Em termos doutrinários, o 
trabalho em domicílio, de certa forma, também seria uma modalidade de 
trabalho a distância. (GARCIA, 2016, p. 249). 
 
20 
 
A reengenharia do processo produtivo através da informática, da 
globalização, e outros fatores geram uma reestruturação da prestação de serviço 
transferindo os trabalhadores para unidades menores por motivos econômicos 
tecnológicos ou industriais aumentando a produção e diminuindo a quantidade de 
trabalhadores, dessa forma foram surgindo os tipos de trabalho que os 
computadores e a televisão criaram como o teletrabalho que se realiza na residência 
do trabalhador (NASCIMENTO, 2011, p. 74). 
A legislação brasileira não distingui entre o trabalho realizado no 
estabelecimento do empregador o executado na residência do empregado desde 
que haja uma caracterização da relação de emprego conforme o artigo 6º da CLT, 
assim o trabalho em domicílio é compatível com a subordinação conforme o referido 
artigo nesse sentido também é a doutrina italiana mas com algumas ressalvas, que 
deve haver uma caracterização perfeita da subordinação admitindo-se que há uma 
dependência econômica para que o emprego para que o vínculo de emprego exista. 
Para Sinagra os trabalhadores em domicílio são economicamente 
dependentes do empregador para qual trabalha. De Litala acha que o trabalhador 
em domicílio é uma figura intermediária entre o trabalhador autônomo e o 
subordinado. Agostini afirma que todos os trabalhadores em domicílio são 
empregados subordinados a menos que sejam empregadores. 
Por outro lado existe uma corrente que sustenta a autonomia dessa 
relação jurídica como Greco, que afirma que o trabalhador em domicílio não se 
adapta ao esquema do trabalhador subordinado. Di Marcantônio considerando que o 
trabalhador em domicílio não tem horário, não se sujeita a controle, dirige com 
critérios técnicos próprios o seu trabalho e assumi certo risco, deve ser um 
trabalhador autônomo muito mais do que subordinado. Riva Sanseverino pensa que 
o trabalhador em domicílio enquadra-se na figura do trabalhador autônomo seja 
quando se põe numa relação direta com o consumidor, seja quando desenvolve a 
sua atividade a disposição de um ou mais empregadores. 
No Brasil não temos essas discussões porque para a doutrina, o 
trabalhador em domicílio é considerado empregado desde que haja os requisitos da 
relação de emprego. 
Nos Estados Unidos, é sabidoque essa prática não se configura 
relação de emprego por se entender desnecessário o fato do trabalhador ter que se 
dirigir até a empresa para qual exerce atividade, visto que, como ele trabalha em sua 
21 
 
residência, existe a possibilidade dele organizar seus horários segundo as suas 
próprias necessidades e conveniências, e há ainda a possibilidade de empreender 
numa atividade que tenha diversos beneficiários, nesse sentido já encontramos 
fatores suficientes que descaracterizam o vínculo de emprego, critérios estes que 
aqui no Brasil também poderão prevalecer. 
Com o avanço tecnológico presente na sociedade pós-industrial, a 
modificação do processo produtivo através de novas formas de atividades 
descentralizadas, sem a concentração de trabalho em unidade, ou seja, em uma 
sede, poderá abrir novas perspectivas para o trabalho executado em domicílio, e 
que a cada vez mais deixa de se alinhar na diretriz do artigo 6º da CLT para de 
querer formas próprias que as pessoas resolvem desenvolver por sua conta e risco 
(NASCIMENTO, 2011, p. 1011). 
Houve um aumento muito grande desse tipo de trabalho no Brasil nos 
últimos anos. 
Pesquisas realizadas em 2009 pela ONG Market Analysis, com 345 
trabalhadores em nove capitais, incluindo São Paulo, mostra que o serviço 
virtual já é adotado por 23% dos funcionários do setor privado. As 
microempresas são as que mais se utilizam do teletrabalho. Já são 10,6 
milhões de teletrabalhadores no País - em 2001 eram apenas 500 mil. 
(NASCIMENTO, A.; NASCIMENTO, S., 2014, p 1062). 
 
3.2 Do teletrabalho e do trabalho em domicílio 
 
Alguns autores afirmam que o teletrabalho é nada mais do que o 
renascimento do trabalho domicílio ele é o fruto de uma moderna tecnologia 
começou a ser difundida na década de 80 embora já se falava nesse assunto em 
meados de 1970. 
O trabalho em domicílio tradicional é caracterizado pela realização de 
tarefas manuais simples, diferenciando-se do teletrabalho que traz um tipo de 
trabalho mais complexo, onde os profissionais necessitam de qualificação, e tem em 
sua essência tecnologias de comunicação como a informática e a telecomunicação 
interligando o trabalhador em domicílio com a sede da empresa (BARROS, 2011, p. 
258). 
 
3.3 Do empregado em domicílio 
 
22 
 
O trabalho em domicílio surge nos primórdios do século XVI na Europa 
quando as mulheres perderam várias atividades que pertenciam somente a elas 
como a confecção de velas, de materiais preciosos, de cerveja, trabalhos em seda, 
porém esse tipo de trabalho perdeu um tanto da sua importância a partir do século 
XIX, quando os trabalhos foram deslocados das casas para as fábricas, como o 
caso da confecção de algodão e lã. A partir dessa época, com o surgimento da era 
industrial, onde o maquinário das indústrias substituíram a mão de obra pesada, 
masculina, por uma mão de obra mais “dócil”, que é a mão de obra da mulher e da 
criança, assim foi a industrialização no século XIX no mundo europeu, caracterizado 
por eles pela exploração dessas chamadas meias forças (BARROS, 2011, p. 253). 
Inicialmente o trabalho em domicílio era exclusivo do setor industrial, 
com o passar dos anos foi passando para o setor de serviços com a preparação da 
publicidade americana, grafia a revisão de originais, tradução de textos e a 
informática, caso o trabalhador se utilize de um terminal que o mantenha em contato 
com a empresa, esse trabalho será chamado de teletrabalho. 
Para ser empregado em domicílio o trabalho precisa ser apresentado 
por conta do empregador e não de forma autônoma e deve haver onerosidade e 
subordinação conforme estabelece o artigo 83 da CLT “executado na habitação do 
empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere” 
(GARCIA, 2016, p. 248). 
Havendo os elementos essenciais da prestação laboral presentes no 
art. 3º da CLT (pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade), o 
liame empregatício não estará desconfigurado se o trabalhador executar seu 
trabalho em seu domicílio, escritório, oficina, etc.. 
O teletrabalho não é só aquele realizado em domicílio, teletrabalho é 
todo o trabalho realizado fora da sede da empresa, podem ser em locais como os 
centros satélites, que são pequenos estabelecimentos interligados com a sede da 
empresa por meio eletrônico informatizado ou telemático. 
Esta nova realidade mundial estreia em nosso país, onde a cada dia, 
mais e mais pessoas passam a fazer do seu domicílio a sua base profissional com 
uma relação direta de emprego, que são o teletrabalho ou home office (MELLO, 
1999, p. 12). 
Em outros países o trabalho em domicílio é objeto de um contrato 
especial, aqui no Brasil não existe uma distinção entre o trabalho realizado no 
23 
 
estabelecimento do empregador e aquele realizado no domicílio conforme artigo 6º 
da Constituição Federal, o direito do trabalho pátrio abrange suas normas ao 
empregado em domicílio desde que este preste serviços de natureza não eventual 
ao empregador mediante salário e uma subordinação jurídica que são os 
pressupostos da relação empregatícia (CARVALHO, 2011, p.254) 
O empregador tendo permitido que o trabalhador execute suas 
atividades laborais em seu domicílio não significa que ele renunciou ao poder 
diretivo controle continua sendo exercido pelo empregador sobre o resultado final do 
produto dessa forma o empregado em domicílio deve seguir as ordens do 
empregador. 
Quanto a possibilidade de o trabalhador ser dirigido por meio 
telemático, que são através dos dispositivos móveis como computadores portáteis, 
celulares, tablets, para prestação de trabalho de ordem recebida do empregador, 
com isso gera mudanças significativas, como por exemplo, o estabelecimento 
empresarial deixa de ser a referência espacial necessária à prestação de serviço, o 
empregado pode até nem conhecer a sede da empresa, o horário de funcionamento 
da sede da empresa e o comparecimento a sede da empresa não são mais dados 
tão relevantes da jornada de trabalho pois o tempo e a disposição do empregado 
não dependem do contato pessoal mas sim com sistema virtual de comunicação. O 
fato de o empregador colocar ao alcance do trabalhador o uso de meios informáticos 
não deixa livre para que ele pratique atos invasivos a privacidade, ou seja, o 
empregador não pode acessar o computador do trabalhador via acesso remoto para 
investigar o que ele está fazendo, investigar sua vida pessoal através de sua 
webcam e até se ele está trabalhando ou não (CARVALHO, 2011, p. 118). 
Mesmo trabalhando em casa o empregado em domicílio tem direito a 
horas extras apesar de haver uma grande dificuldade em comprovar o valor devido 
em razão de trabalhar em sua própria residência, que em tese, pode trabalhar no 
horário mais adequado. Assim, o direito pode ser assegurado, desde que seja 
devidamente caracterizado e provado o efetivo labor sobrejornada (GARCIA, 2016, 
p. 248). 
O trabalho em domicílio tem atraído bastante mão de obra de mulheres 
com responsabilidades domésticas e familiares, conseguindo conciliar o tempo de 
trabalho com a atenção aos filhos e a casa (BARROS, 2011, p. 256). 
24 
 
As mulheres também estão trabalhando em domicílio nas atividades da 
Indústria têxtil, de vestuário e do tabaco em decorrência da perda de seus empregos 
devido a rápida industrialização no Brasil, Índia, México e Nigéria. Já no setor 
agrícola muitas mulheres trabalham em domicílio na Índia para aumentar a renda 
suas famílias segundo estatísticas fornecidas pela OIT. 
Nos trabalhos realizados pelas mulheres os homens não trabalham em 
domicílio, mas agem como intermediários na contratação de serviços e se 
encarregam da distribuiçãoda matéria-prima e do recolhimento dos trabalhos 
executados pelas mulheres. 
 
3.3.1 Tendências das legislações estrangeiras quanto ao trabalho em domicílio 
 
A legislação que regulamenta o trabalho em domicílio ainda é 
insuficiente na maioria dos países 
Alguns países como Bangladesh, Egito, Hong Kong, Índia, Panamá, 
Turquia, Cingapura e África do Sul, ainda consideram o trabalho em domicílio como 
autônomo em face desses aspectos peculiares inerentes à relação de trabalho. 
Alguns países regulam o trabalho em domicílio e uma legislação 
própria como a Alemanha, Argentina, Áustria, Cuba, Hungria, Índia, Itália, Japão, 
Marrocos, Noruega, Países Baixos, Peru, Polônia, Portugal, Rússia, São Marino, 
Suíça e Uruguai, outros trazem seu código trabalhista um artigo próprio, que é o 
caso da Bolívia, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, França, 
Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, República Dominicana e 
Venezuela, outros, numa legislação Geral do trabalho que é o caso do Brasil e 
Finlândia, e aos países que a exclui de certos institutos jurídicos como Dinamarca, 
Malta e Suécia (BARROS, 2011, p. 257) 
 
3.3.2 Vantagens e desvantagens do trabalho em domicílio 
 
As principais vantagens que o trabalho em domicílio oferecem, são um 
ganho de tempo nas atividades laborais, uma vez que o trabalhador perde muito 
25 
 
tempo se deslocando entre a casa e o trabalho, com isso ele tem horários mais 
flexíveis e uma maior disponibilidade de tempo para o labor. 
Como uma principal desvantagem, como o trabalhador trabalha em seu 
domicílio, geralmente isolado, o que dificulta uma fiscalização das suas condições 
de trabalho pelo órgão do ministério do trabalho emprego e até do sindicato de 
categoria (BARROS, 2011, p. 256). 
A doutrina vem apresentando várias vantagens para o empregador 
acerca do trabalho em domicílio, entre as quais estão na redução do espaço de 
trabalho, redução do mobiliário, diminuição dos custos com aquisição de locais que 
são, por exemplo aluguéis, manutenção, transportes, etc., contudo, também 
proporciona uma melhor atenção aos clientes com através da conexão informática e 
telemática, aumenta a produtividade do empregado, porque ele estará trabalhando 
em seu próprio domicílio, desaparecendo o absenteísmo, ele não perde tempo se 
deslocando do domicílio à empresa e vice versa, não perde tempo no trânsito, 
trabalhando em seu domicílio aumenta a motivação do trabalhador, ele fica mais 
satisfeito no exercício da sua atividade laboral, isso tudo sem contar fenômenos 
meteorológicos que atrapalham no deslocamento do trabalhador, se tiver uma chuva 
forte ele pode chegar atrasado, atrapalhando o seu desempenho, os acidentes de 
trajeto que deixam de existir nessa modalidade de trabalho, diminuindo assim custos 
com afastamentos de trabalhadores, sem contar com eventuais greves das redes de 
transporte público, da qual o trabalhador estaria submetido se dependesse dele para 
se deslocar até a empresa(BARROS, 2011, p. 259) 
Com relação às desvantagens nessa modalidade de trabalho, o 
empregador necessita de um investimento expressivo com equipamentos que se 
tornam obsoletos com rapidez, ou seja, com os equipamentos de computação que 
ficam ultrapassados numa velocidade incrível, juntamente a isso, deve haver uma 
estrutura informática extremamente livre de erros, e eventuais problemas, para 
facilitar a transmissão e recepção desses dados em tempo integral, necessita de 
uma equipe de manutenção presente em tempo integral na empresa, também 
dificulta de certa forma uma direção e um controle dos trabalhos dos trabalhadores, 
como essa forma de trabalho é em sua grande maioria com dados informáticos, 
existe, por mais seguro que seja o sistema, uma certa ameaça a confidencialidade 
da informação. 
26 
 
Se o trabalhador conseguir distinguir entre o tempo de trabalho e o 
tempo livre, essa será a principal vantagem para o trabalhador em domicílio em vista 
da flexibilidade de horário que facilita uma conciliação das atividades profissionais 
com os encargos de ordem familiar, melhorando assim a sua qualidade de vida. 
Uma outra grande vantagem é que o trabalho em domicílio funciona 
também como meio de reinserção no mercado de trabalho de pessoas como as 
donas de casa, de pessoas com deficiência física, trabalhadores com uma idade 
avançada, ex presidiários, ampliando assim, as oportunidades, contribuindo também 
para o aspecto social. 
Existe uma desvantagem nesse tipo de trabalho que na verdade é uma 
preocupação, no sentido de que o trabalhador fica isolado em seu domicílio, 
impossibilitando assim que ele se socialize, socialização esta, que geralmente 
acontece no trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o meio de 
trabalho acaba propiciando uma integração entre os trabalhadores fazendo com que 
eles possam discutir problemas familiares, trocas de ideias, entre outros. 
Outra preocupação que se tem é no sentido de uma dificuldade do 
trabalhador, quanto ao exercício do seu direito de greve, porque ele trabalha à 
distância, e isso dificulta na prática, o seu exercício, outra questão relevante é com 
relação a eliminação da carreira, onde se entende que nessa modalidade de 
trabalho não há promoção. 
Outro ponto importante a ser levado em consideração, é a respeito da 
fiscalização, esta só poderá ser feita pelo fiscal com autorização do trabalhador, sob 
pena de violar o seu domicílio, nos Estados Unidos, mais precisamente em Los 
Angeles, para contornar esse tipo de problema já é exigido dos trabalhadores que 
designem um cômodo para ser destinado a sua atividade laboral, este cômodo deve 
ter passagem direta para parte externa domicílio para quê o fiscal do trabalho tenha 
acesso sem que viole o domicílio do trabalhador (BARROS, 2011, p. 260). 
O trabalho vem se modificando, se adaptando, hoje muitas profissões 
deixaram de existir, e outras são inventadas a cada dia, contudo, o trabalho em 
domicílio e o teletrabalho, representam claramente essa grande evolução e 
simplificação do trabalho. 
 
 
 
27 
 
4 CONTROLE DA QUALIDADE DE TRABALHO 
 
O fato de estarem ou não trabalhando, não seria o foco do problema 
pois elas podem estar no escritório convencional e não estar trabalhando, o mais 
importante no home office é saber escolher as pessoas corretas para esse tipo de 
trabalho, estabelecer metas claras, as pessoas escolhidas devem receber um 
treinamento para que façam o trabalho de uma forma programada, independente de 
estarem no escritório convencional ou em seu domicílio, bons empregados sempre 
vão produzir e mostrar resultados não importando o local onde atua ou quando isto 
ocorre (MELLO, 1999, p. 41). 
Existem várias formas de se controlar o trabalho prestado. uma delas é 
através do princípio do controle de Taylor, no qual o trabalho era controlado para se 
ter certeza de que o mesmo estava sendo realizado de acordo com as normas e 
diretrizes passados pela organização. 
Outra forma de controle bastante difundido é o controle através da 
supervisão, em que a preocupação não está apenas nos resultados mas também 
dos meios utilizados. 
Existe também, a forma de controle de qualidade, na qual o 
empregador se atém apenas se os resultados serão alcançados não se 
preocupando com os meios utilizados (TROPE, 1999, p. 46). 
Alice Monteiro de Barros nos trás algumas possíveis formas de controle 
do trabalho executado pelo trabalhador em domicílio como também controle de sua 
jornada de trabalho, é possível até saber quando foi acessado pela última vez o 
teclado, conforme segue: 
 
A internet permite, inclusive, aferir o tempo de conexão do terminal do 
empregado,bem como quando foi acessado pela última vez o teclado. Esse 
controle revela, sem dúvida, a subordinação jurídica que, poderá estar 
presente ainda quando a execução do serviço seja desconectada (off line). 
Tudo irá depender da análise do programa de informática utilizado. 
(BARROS, 2011, p. 261). 
 
A autora ainda cita o nome e como funciona o referido software ao qual 
a doutrina faz referência 
 
28 
 
A doutrina faz referência a um programa operativo específico (software 
aplicativo), que permite registrar o tempo de trabalho, bem como pausas, 
erros, falsas manobras, cadência de trabalho e recebimento de 
instruções[...]. (BARROS, 2011, p. 261). 
 
A seguir alguns julgados acerca do home office 
Temos esse Acórdão da 4ª Turma da 5ª região, em que a modalidade 
de trabalho home office é equiparada à dos empregados que exercem atividades 
externas, no caso em tela, o reclamante era monitorado pela empresa através de 
relatórios diários contendo os horários dos atendimentos dos seus clientes, o 
preposto da empresa declarou que o reclamante tinha que fazer um controle de 
todos os incidentes encontrados pelo reclamante em cada posto visitado através de 
um documento chamado check list e neste documento ele poderia colocar horário de 
entrada e saída em cada posto visitado, declarou ainda, que o reclamante deveria se 
conectar a uma central de computação da reclamada antes de sair para cada visita e 
depois de retornar para cada visita, deixando explícito que a reclamada controlava 
sim o horário do reclamante. 
 
HORA EXTRA - REGIME HOME OFFICE - A situação do empregado em 
regime home office se equipara à dos empregados que exercem atividade 
externa, não se submetendo às regras pertinentes à duração de jornada, 
desde que não tenham horário de trabalho controlado pelo empregador. 
(TRT-5 - RO: 90006420065050029 BA 0009000-64.2006.5.05.0029, 
Relator: NÉLIA NEVES, 4ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 24/04/2008) 
 
Nesse Acórdão da 2ª Turma da 5ª região, uma testemunha arrolada 
pela reclamada teria relatado que a jornada de trabalho do reclamante era 
fiscalizado pelo empregador, o reclamante informa que ele trabalhava das 7:30 às 
19:00 no regime de contratação de home office, ou seja, teria que trabalhar em sua 
casa com equipamentos da empresa, e que estava subordinado a reclamada. 
 
GERENTE DE VENDAS. TRABALHO EM DOMICÍLIO. HOME OFFICE. 
AUSÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO. O gerente de vendas que labora em sua 
residência, não estando subordinado a nenhum outro empregado no Estado 
da Bahia, sem qualquer fiscalização na sua jornada está enquadrado na 
exceção prevista no inciso II do art. 62 da CLT, não fazendo jus, portanto, 
às horas extras e verbas reflexas. 
(TRT-5 - RO: 388004920055050005 BA 0038800-49.2005.5.05.0005, 
Relator: DALILA ANDRADE, 2ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 
16/01/2007) 
 
29 
 
No presente Recurso Ordinário da 4ª Turma da 3ª região, a reclamada 
comprova que não é possível fiscalizar os trabalhos prestados pelo reclamante e 
que este somente deveria comparecer na sede da empresa, duas vezes por ano, e 
diz não haver diferenças entre o trabalhador do sistema Home office com o 
trabalhador que exerce suas funções no interior da empresa: 
 
O sistema de trabalho conhecido como home office é juslaboralmente bem 
aceito e já está até regulamentado, por meio da Lei 12.551/11, que alterou o 
artigo 6º/CLT. O atual padrão normativo visa equiparar os efeitos jurídicos 
da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida 
por meios pessoais e diretos. Nessa ordem de idéias, não se distingue entre 
o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no 
domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam 
caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Os meios 
telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se 
equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos 
de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. 
 
HOME OFFICE - AUSÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO E CONSEQUENTE 
CONTROLE DE JORNADA - INCIDÊNCIA DE EXCEÇÃO LEGAL. O 
sistema de trabalho conhecido como home office é juslaboralmente bem 
aceito e já está até regulamentado, por meio da Lei 12.551/11, que alterou o 
artigo 6º/CLT. O atual padrão normativo visa equiparar os efeitos jurídicos 
da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida 
por meios pessoais e diretos. Nessa ordem de ideias, não se distingue entre 
o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no 
domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam 
caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Os meios 
telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se 
equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos 
de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Demonstrada na 
vertente hipótese a ausência de fiscalização da jornada praticada, além de 
livremente organizadas pelo trabalhador as atividades externas realizadas, 
ou em sistema de home office praticadas, incide a exceção expressa no art. 
62, inciso I, da CLT. Executado o labor fora do alcance de controle do 
empregador, não faz jus o obreiro às horas extras postuladas. (TRT-3 - RO: 
00727201301803001 0000727-42.2013.5.03.0018, Relator: Convocado 
Vitor Salino de Moura Eca, Quarta Turma, Data de Publicação: 21/09/2015) 
 
O presente Acórdão do TST em decorrência de Agravo de Instrumento 
em Recurso de Revista em face de decisão publicada antes da vigência da Lei 
13.015/2014 versa sobre a impossibilidade de controle do horário do trabalhador 
pelo sistema home office por parte do empregador, onde o TRT deu provimento para 
deferir o pagamento de horas extras. 
 
 
30 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE 
DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 
HORAS EXTRAS. TRABALHO EXTERNO. CONTROLE INDIRETO DE 
JORNADA. Agravo de instrumento a que se dá provimento para determinar 
o processamento do recurso de revista, em face de haver sido demonstrada 
possível afronta ao artigo 62, I, da CLT. RECURSO DE REVISTA EM FACE 
DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 
HORAS EXTRAS. TRABALHO EXTERNO. CONTROLE INDIRETO DE 
JORNADA. A exceção prevista no artigo 62, I, da CLT não depende apenas 
do exercício de trabalho externo, mas também da impossibilidade de 
controle de horário pelo empregador. No caso, o Tribunal Regional registrou 
que: o autor trabalhava em home office por opção da ré, que fechou a filial 
em Curitiba em 2005; os técnicos, que trabalhavam em idêntica condição, 
recebiam hora extra, quando acionados no plantão; não havia poderes 
especiais na gerência; a testemunha da ré admitiu a possibilidade de 
exceder o horário, caso algum cliente ligasse, a existência de folga 
compensatória, caso atendesse fora do expediente, e as horas trabalhadas 
a mais eram informadas. Indubitável, portanto, que o empregador exercia o 
controle indireto sobre os horários cumpridos pelo empregado. Somente 
quando se revelar inteiramente impossível o controle, estará afastado o 
direito ao pagamento de horas extraordinárias, em razão da liberdade de 
dispor do seu próprio tempo, a exemplo do que ocorre, mesmo nesses 
casos, com o intervalo para refeição, cujo gozo é presumido, diante a 
autorização legal para dispensa do registro. Recurso de revista de que se 
conhece e a que se dá provimento. (TST - RR: 12179720115090008, 
Relator: CláudioMascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 08/04/2015, 
7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015) 
 
Neste julgado da 2ª Turma da 14ª Região, a reclamante trabalhava na 
modalidade de trabalho home office e, segundo a reclamada, a própria obreira é 
quem controlava seus horários. 
 
TRABALHO EM ATIVIDADE EXTERNA. INCOMPATIBILIDADE COM 
CONTROLE DE JORNADA. HORAS EXTRAS. A impossibilidade de 
controle de jornada do empregado pela empresa, decorrente do método de 
trabalho adotado por ela, faz incidir a exceção prevista no art. 62, I da CLT, 
não se cogitando da possibilidade de condenação em horas extras. 
ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. NEXO DE CAUSALIDADE. CULPA. 
INEXISTÊNCIA DE PROVA. A teoria da responsabilidade subjetiva exige, 
como pressupostos para sua aplicação, a ocorrência de dano, ação ou 
omissão voluntária e nexo de causalidade entre o dano e a conduta. Não 
havendo nos autos comprovação acerca da existência de culpa por parte da 
empregadora no acidente automobilístico sofrido pela obreira, ou ao menos 
a prova de que o acidente ocorreu quando a obreira exercia atividades para 
a empresa recorrida, não há que se falar em indenização. DESPEDIDA 
IMOTIVADA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. A simples despedida 
vazia do empregado não é capaz de, por si só, gerar o direito ao 
recebimento de indenização por danos morais. A responsabilidade civil do 
empregador ao pagamento de indenização pressupõe a comprovação da 
existência de dano propriamente dito (prejuízo material ou sofrimento 
moral); prática de ato ilícito ou com abuso de poder (dolo ou culpa) e nexo 
de causalidade entre o ato praticado pela empregadora e o dano sofrido 
pelo empregado. Inexistindo prova acerca da existência de dano moral 
causado a obreira que guarde nexo de causalidade com a conduta da 
empresa recorrida (dispensa sem justa causa) é indevida a condenação ao 
pagamento de indenização por danos morais. CONTRATO DE TRABALHO. 
31 
 
SISTEMA HOME OFFICE. INDENIZAÇÃO. INCABIMENTO. O contrato de 
trabalho firmado sob a modalidade home office, onde o empregado executa 
seu mister em sua própria residência, com gerenciamento próprio de horário 
e de realização das suas atribuições, não comporta indenização reparadora 
pelo uso de sua residência, tendo em vista que desde a contratação já havia 
consenso mútuo de como se aperfeiçoaria a modalidade contratual 
avençada, inexistindo na espécie qualquer ilicitude perpetrada pelo 
empregado (TRT-14 - RO: 2300 RO 0002300, Relator: JUIZA FEDERAL DO 
TRABALHO CONVOCADA ARLENE REGINA DO COUTO RAMOS, Data 
de Julgamento: 27/05/2010, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: 
DETRT14 n.096, de 28/05/2010) 
 
O controle da jornada de trabalho em si não é o ponto mais importante, 
o ponto principal aqui é a fiscalização para que a relação seja honesta, em outras 
palavras, para que haja uma confiança mútua entre o empregador e empregado, 
confiança em lato sensu, deve vigorar o princípio da boa fé. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
5 DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (FORO) 
 
O foro competente em razão do lugar é onde o trabalhador presta 
serviços ao empregador nos termos do art. 651, caput, da CLT (com as adaptações 
impostas pela EC n. 24/99), a competência das varas do Trabalho “é determinada 
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao 
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro lugar ou no estrangeiro” 
(LEITE, 2016, p. 345) 
A regra mencionada no artigo supracitado, foi pensada para facili tar o 
acesso do trabalhador à justiça, e também à instrução processual, sendo que as 
provas são encontradas no local da prestação do serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
10 CONCLUSÃO 
 
A evolução das normas trabalhistas acerca do home office são 
evidentes, mas ainda é deficiente, pois, ao invés de termos mais uma lei para 
regular essa modalidade de trabalho, em meio a tantas leis, o brasileiro deve se 
basear no princípio da boa fé, assim como em outros países, para melhor “controlar” 
as atividades laborais dessa modalidade de trabalho que vem crescendo 
exponencialmente no Brasil e no mundo ano a ano. 
Trata-se, a meu ver, de uma evolução do trabalho moderno, onde as 
empresas podem reduzir seus custos operacionais e estruturais, sem mencionar 
uma queda com afastamentos por acidentes de trabalhos e de trajeto, além de o 
trabalhador ter uma melhora significativa na sua qualidade de vida, pois, mesmo 
separando o trabalho do lazer, estará com sua família em tempo integral. 
As empresas criarão cada vez mais formas de controlar os 
trabalhadores e os resultados, principalmente no tocante aos horários de início e 
término da execução efetiva do trabalho, esse é o ponto mais crítico dessa 
modalidade de trabalho. 
Contudo, conclui-se que a sociedade mundial, como um todo, está em 
plena e constante modificação, cabe ao Direito do Trabalho moderno, acompanhar 
essas mudanças constantes do mundo globalizado, para poder dar amparo ao 
trabalhador, que é o polo hipossuficiente dessa relação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARROS, A. M. de. Curso de Direito do Trabalho / Alice Monteiro de Barros. 7. ed. 
São Paulo: LTr, 2011. 
 
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Lei nº 5.452/1943. Disponível em: 
www.planalto.gov.br. Acesso em: 18 out. 2016. 
 
CARVALHO, A. C. L. de. Direito do Trabalho [recurso eletrônico]: curso e discurso / 
Augusto Cesar Leite de Carvalho. Aracaju: Evocati, 2011. 
 
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo: LTr, 2016. 
 
GARCIA, B., G. F. (03/2016). Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. [Vital Source 
Bookshelf Online]. Retrieved from 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530969998/. 
 
LEITE, C. H. B. Curso de Direito Processual do Trabalho / Carlos Henrique 
Bezerra Leite. 14. ed. de acordo com o novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015. 
São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
MANUS, P. (07/2015). Direito do Trabalho. 16. ed. [Vital Source Bookshelf Online]. 
Retrieved from https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597000122/. 
 
MARTINS, P. S., MESSA, F. A. (09/2009). Empresa e Trabalho - Estudos em 
homenagem a AMADOR PAES DE ALMEIDA. 1. ed.. [Vital Source Bookshelf 
Online]. Retrieved from 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502139275/. 
 
MARTINS, S. P. Direito do Trabalho / Sergio Pinto Martins. 32. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016. 
 
MELLO, A. Teletrabalho (telework): o trabalho em qualquer lugar e a qualquer 
hora… / Alvaro Mello. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed.: ABRH-Nacional, 1999. 
 
TROPE, A. Organização Virtual: impactos de teletrabalho nas organizações / 
Alberto Trope. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1999. 
 
NASCIMENTO, A. M. Curso do Direito do Trabalho: história e teoria geral do 
trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho / Amauri Macaro Nascimento. 
26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
 
NASCIMENTO, A. M., NASCIMENTO, S. M. Curso de Direito do Trabalho: história 
e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho / 
Amauri Mascaro Nascimento. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

Mais conteúdos dessa disciplina