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1. Fase inicial(Pré-rigor): REVISÃO DE PATOLOGIA ESPECIAL: SISTEMA RESPIRATÓRIO Em uma necropsia veterinária, a avaliação do rigor mortis pode fornecer informações cruciais sobre o tempo de morte de um animal. Disserte acerca das etapas do rigor mortis. Além disso, explique qual é o primeiro órgão a entrar em rigor mortis, e por que isso acontece. Logo após a morte, os músculos estão relaxados, e o ATP ainda está disponível, permitindo que os músculos mantenham um estado de relaxamento. Nesta fase, ainda não há sinais de rigidez. 2. Fasededesenvolvimento(Rigorpleno):ConformeoATPédepletado,ocálciose acumula no citoplasma das células musculares, promovendo a ligação dos filamentos de actina e miosina, resultando na rigidez dos músculos. Essa rigidez começa geralmente nas pequenas articulações e músculos faciais, progredindo para os membros e o tronco, completando-se em torno de 12-24 horas após a morte. 3.Fasederesolução(Resoluçãodorigor):Após24-72horas,ocorreadegradação enzimática das proteínas musculares, resultando na perda gradual da rigidez e relaxamento dos músculos. Este processo é influenciado por fatores como temperatura e presença de bactérias. É caracterizado pelo achatamento dorso ventral da traquéia devido a uma alteração de seus semianéis cartilaginosos, que formam arcos muito abertos, e ao relaxamento da musculatura lisa que os sustenta. Como consequência, há diminuição do diâmetro do lúmen traqueal, podendo ocorrer dificuldade respiratória e maior suscetibilidade a colapsos respiratórios, devido à protrusão da musculatura lisa para o lúmen traqueal durante exercício ou estresse intenso. Essa condição ocorre com maior frequência em cães de raças miniaturas, resultando em dispneia ocasional e intolerância ao exercício. Colapso traqueal: - Pneumonialobar - Broncopneumonia: - Pneumoniaintersticial Sua porta de entrada é hematógena, embora a via broncogênica também ocorra na pneumonia intersticial. Distribuição das lesões: Porções dorsocaudais Aspecto macroscópico: a pneumonia intersticial se caracteriza por áreas de consolidação difusas por todo o pulmão, principalmente nas porções dorsocaudais. A sua porta de entrada é por meio da via aerógena ou broncogênica. Distribuição das lesões: Cranioventral. Aspecto macroscópico: áreas de consolidação cranioventrais, envolvendo difusamente os lobos, em geral a totalidade de um ou mais lobos, que se apresentam de coloração ou uniforme, com espessamento da pleura e alargamento dos septos interlobulares, devido à exsudação de fibrina e ao edema. É comum a presença de áreas de necrose. Aspecto microscópico: Microscopicamente, a inflamação inicial ocorre na junção bronquíoloalvéolo; nessa fase, bronquíolos e alvéolos adjacentes são rapidamente preenchidos por líquido de edema rico em proteína, fibrina, neutrófilos, eritrócitos e alguns macrófagos. Com o passar do tempo, as lesões mais crônicas são caracterizadas por maior quantidade de macrófagos e proliferação de pneumócitos tipo II. Agente/condições envolvidas: Agentes bacterianos Considera-se como porta de entrada a via aerógena ou broncogênica, a distribuição das lesões ocorre na região cranioventral. Aspecto macroscópico: Áreas de consolidação ou hepatização (a consistência da área lesionada fica semelhante à do fígado) cranioventrais, de coloração vermelho escura ou acinzentada, localizada nas porções cranioventrais, sempre seguindo a orientação lobular. Podem ocorrer coalescência e comprometimento de todo o lobo. Ao corte, observa-se superfície úmida, quando o processo é supurado (exsudato mucopurulento ou purulento nas vias respiratórias), ou superfície ressecada, quando o exsudato é do tipo fibrinoso. Aspecto microscópico: Microscopicamente, a inflamação inicial ocorre na junção bronquíoloalvéolo; nessa fase, bronquíolos e alvéolos adjacentes são rapidamente preenchidos por líquido de edema rico em proteína, fibrina, neutrófilos, eritrócitos e alguns macrófagos. Com o passar do tempo, as lesões mais crônicas são caracterizadas por maior quantidade de macrófagos e proliferação de pneumócitos tipo II. Agente/condições envolvidas: Agentes bacterianos Hipoplasia traqueal: É uma alteração rara, caracterizada por redução do diâmetro luminal de toda a traqueia. Ao contrário do que ocorre no colapso traqueal, nos casos de hipoplasia não há achatamento da traqueia, que permanece com conformação cilíndrica normal, mas com evidente redução em seu diâmetro. Ocorre em cães, particularmente na raça Bulldog Tipos de Pneumonia Aspecto microscópico: Os septos alveolares estão espessos devido à proliferação celular e à infiltração de células inflamatórias. Sob o ponto de vista microscópico, a pneumonia intersticial é predominantemente proliferativa, enquanto a broncopneumonia e a pneumonia lobar são predominantemente exsudativas Agente/condições envolvidas: As causas de pneumonia intersticial são variadas, incluindo causas infecciosas (como vírus, bactérias, protozoários e larvas de helmintos), químicas e tóxicas. Pode ser uma complicação de outras formas de pneumonia, principalmente quando ocorre necrose extensa do parênquima. O mais comum é a pneumonia gangrenosa resultante de aspiração de material estranho contaminado com bactérias saprofíticas e putrefativas, ou seja, a pneumonia gangrenosa é uma consequência frequente e importante da pneumonia por aspiração. Nos bovinos, ocasionalmente, pode ser resultado da penetração direta de corpos estranhos perfurantes nos casos de reticuloperitonite traumática. Macroscopicamente, observam-se áreas de coloração amarelada ou esverdeada escura com odor pútrido e formações cavitárias repletas de material necrótico. Essas formações cavitárias podem se romper, provocando piotórax e, em alguns casos, pneumotórax putrefativo, devido à atividade de bactérias produtoras de gás. O modelo típico de pneumonia granulomatosa é a tuberculose pulmonar. Essa doença acomete todas as espécies de animais domésticos, porém é mais prevalente em bovinos. O principal agente etiológico nos bovinos é o Mycobacterium bovis, embora o M. tuberculosis seja capaz de causar infecção em bovinos que são expostos a pessoas infectadas. Eventualmente, outras espécies do gênero Mycobacterium podem causar lesões granulomatosas em bovinos, mas a infecção, nesses casos, é autolimitante. Macroscopicamente, as pneumonias granulomatosas se apresentam sob a forma de nódulos de tamanhos variáveis distribuídos pelo parênquima pulmonar (granulomas). No caso da tuberculose, as porções centrais dos nódulos contêm material necrótico caseoso e, às vezes, mineralizado. Microscopicamente, a pneumonia granulomatosa caracteriza-se pela abundância de macrófagos com aspecto epitelioide e, frequentemente, células gigantes multinucleadas. Esses achados estão associados a quantidades variáveis de infiltrado linfocitário e fibrose. Aspecto macroscópico: o aspecto é de uma broncopneumonia, comumente confundida com as lesões observadas na pneumonia enzoótica suína.Ocorre irritação das mucosas traqueal e brônquica, com intensa hiperemia e, às vezes, hemorragia da mucosa. Aspecto microscópico: Histologicamente, é observada grande quantidade de macrófagos espumosos e epitelioides e algumas células gigantes com estruturas citoplasmáticas em imagem negativa no lúmen alveolar em preparações coradas com hematoxilina e eosina Agente/condições envolvidas: Aspiração de leite por bezerros alimentados em baldes; aspiração de conteúdo ruminal; aspiração de vômito; aspiração de exsudato inflamatório; aspiração de material oleoso; e aspiração de mecônio durante o período perinatal - Pneumonia gangrenosa - Pneumonia por aspiração - Pneumonia granulomatosa - Pneumonia tromboembólica A pneumonia tromboembólica é consequência da fixação de êmbolos sépticos (bacterianos) provenientes de processos inflamatórios e infecciosos em outros órgãos, que atingem os pulmões por via hematogênica. As causas mais frequentes em cão, suíno e bovino são as endocardites valvulares e, nos ovinos, a linfadenite caseosa. Macroscopicamente,observam-se múltiplos abscessos pulmonares de tamanhos variados, e alguns se apresentam como pequenos pontos amarelados ou esbranquiçados correspondentes a microabscessos, localizados principalmente nas regiões dorsolaterais dos pulmões, embora a distribuição frequentemente seja aleatória. A consolidação, nesses casos, geralmente tem distribuição multifocal BRONQUITES - Bronquite: É a inflamação dos grandes brônquios. Suas causas podem ser variadas, incluindo infecções virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias, além de gases tóxicos, corpos estranhos e alergênios. A classificação da bronquite, baseada na evolução e no tipo de exsudato, segue o mesmo padrão de outras áreas do sistema respiratório, podendo ser catarral, mucopurulenta, purulenta, fibrinopurulenta ou fibrinosa. O desfecho da bronquite depende do tipo e da duração do agente causador. Em muitos casos, há uma recuperação completa, com regeneração do tecido e sem fibrose. Embora geralmente os efeitos sejam leves, a bronquite pode evoluir para complicações mais sérias, como broncopneumonia, broncoestenose ou bronquiectasia. A bronquite crônica, na maioria das vezes, é caracterizada por um processo inflamatório ativo e prolongado. Visivelmente, a característica principal é o acúmulo excessivo de muco ou exsudato mucopurulento nos brônquios. A mucosa dos brônquios torna-se mais espessa, podendo apresentar edema e vermelhidão. Em casos crônicos, podem surgir projeções polipoides no interior dos brônquios. - Bronquiolite: Essa condição afeta principalmente animais que vivem em ambientes com muita poeira, razão pela qual alguns a consideram uma doença ocupacional em cavalos. O risco de desenvolver a doença aumenta com a idade, sendo mais comum em equinos com mais de 5 anos. Nesses casos, a exposição constante a partículas de poeira parece levar ao desenvolvimento de bronquite crônica, que causa obstrução parcial e intermitente das vias aéreas, especialmente nos bronquíolos. Geralmente, há uma infiltração de linfócitos ao redor dos brônquios e bronquíolos, com acúmulo de neutrófilos dentro do lúmen e, ocasionalmente, eosinófilos, além de hipersecreção de muco. Também ocorre hipertrofia e hipercontração da musculatura lisa dos brônquios, devido à estimulação direta por mediadores inflamatórios ou indiretamente pelo sistema nervoso autônomo. A origem da doença está ligada a um processo de hipersensibilidade causado por antígenos inalados, principalmente fungos termofílicos e actinomicetos presentes em feno mofado, poeira e endotoxinas bacterianas. Como resultado, ocorre hipóxia, o que reduz a capacidade do animal de tolerar exercícios ou trabalho. O esforço respiratório crônico, devido à obstrução parcial das vias aéreas, leva ao desenvolvimento de enfisema alveolar e à hipertrofia dos músculos oblíquos abdominais, algo que pode ser observado externamente. Tipos de Rinites As causas de rinite incluem: vírus, que se constituem na causa primária mais frequente; bactérias, como Bordetella bronchiseptica e Pasteurella multocida toxigênica; fungos; Rhinosporidium seeberi; e alergênios. Quanto ao tipo de exsudato, as rinites podem ser classificadas em: serosa; catarral; catarralpurulenta; purulenta; hemorrágica; fibrinosa; fibrinonecrótica; e granulomatosa. - Rinite serosa é a forma mais comum, caracterizada por exsudato translúcido e líquido com número muito reduzido de células inflamatórias e epiteliais. A mucosa nasal geralmente apresenta-se edemaciada e hiperêmica. Essa condição, em geral, causa desconforto - Broncoestenose: A broncoestenose é o estreitamento do lúmen dos brônquios. Essa condição pode ser causada por bronquite, compressões externas ou contração da musculatura lisa dos brônquios. No caso da bronquite, o estreitamento ocorre devido ao inchaço da mucosa, causado por edema e pela infiltração de células inflamatórias, resultando em uma diminuição do diâmetro do lúmen. Além disso, o acúmulo de exsudato no interior dos brônquios também pode contribuir para o estreitamento. Compressões externas, como linfonodos aumentados por tuberculose ou outras condições, ou a presença de nódulos inflamatórios ou neoplásicos no pulmão ou mediastino, também podem causar broncoestenose. Por fim, a contração da musculatura lisa da parede brônquica pode provocar esse estreitamento. As consequências da broncoestenose dependem do grau de obstrução. Quando a obstrução é parcial, ocorre enfisema, pois o ar consegue entrar nos alvéolos durante a inspiração ativa (movimentos respiratórios que envolvem contração muscular), mas não é totalmente expulso durante a expiração, que é um movimento passivo. Isso leva à retenção de ar nos alvéolos, causando a ruptura de suas paredes. Já nos casos de obstrução total, o ar não consegue chegar aos alvéolos, mesmo com a inspiração ativa, resultando no colapso alveolar e atelectasia da parte do pulmão afetada. hiperemia ativa e congestão pulmonar. A hiperemia ativa no pulmão, que é caracterizada por aumento do fluxo sanguíneo para os capilares alveolares, geralmente está associada aos processos inflamatórios agudos. Já a congestão passiva ocorre devido à estase sanguínea nos capilares alveolares do pulmão; a causa mais comum desta última é a insuficiência cardíaca esquerda ou bilateral, com a consequente hipertensão na pequena circulação. Congestão pulmonar também pode ocorrer nos casos de traumas ou outras lesões agudas graves na região do hipotálamo, que resultam em vasoconstrição periférica com aumento abrupto do aporte sanguíneo para os pulmões. Independentemente de sua causa primária, a principal consequência da congestão é o desenvolvimento de edema pulmonar devido ao aumento da pressão hidrostática nos capilares alveolares. Macroscopicamente, os pulmões não se encontram totalmente colapsados, têm coloração vermelho escura, e, ao corte, por ele flui grande quantidade de sangue. Excetuando- se os casos de congestão e de pneumonia hipostática, discutidos a seguir, geralmente a congestão passiva no pulmão é bilateral respiratório e espirro. Dentro de algumas horas ou poucos dias, a rinite serosa é modificada devido a alterações na secreção glandular, infecção bacteriana e aumento do conteúdo celular e proteico do exsudato. - Nocasodarinitecatarral,oexsudatoapresentaaspectomaisviscoso,umavezqueérico em muco. A hiperemia e o edema na mucosa nasal tendem a ser mais acentuados do que na rinite serosa. - A rinite catarralpurulenta ou mucopurulenta geralmente é uma evolução da rinite catarral. Nesse caso, há maior concentração de leucócitos no exsudato. Essa condição é frequentemente observada em casos de cinomose. - Arinitepurulentaestáassociadaaoacúmulodegrandequantidadedeneutrófilose células epiteliais de descamação, o que confere aspecto de pus ao exsudato. Essa condição geralmente está associada a infecção bacteriana. Podem ocorrer erosão e hiperplasia regenerativa do epitélio ou mesmo extensas áreas de ulceração da mucosa. - Em alguns casos, o processo inflamatório está associado à hemorragia, com grande quantidade de sangue compondo o exsudato inflamatório. Nesses casos, a rinite é classificada como rinite hemorrágica. - A rinite fibrinosa, também classificada como pseudodiftérica ou pseudomembranosa, corresponde a um processo inflamatório caracterizado pelo acúmulo de uma camada ou placa de fibrina, que também contém células inflamatórias e restos celulares, aderida à mucosa ainda íntegra. - Rinite fibrinonecrótica, também classificada como diftérica, é caracterizada por placa de fibrina aderida à mucosa ulcerada. Portanto, quando a membrana diftérica é removida, observa-se ulceração da mucosa. - Rinitegranulomatosaéumprocessoinflamatóriocrônico,emgeralassociadoa alterações proliferativas, como fibrose. A lesão causada por esse organismo caracteriza-se macroscópicamente por pólipo único ou bilateral, séssil ou pedunculado, assemelhando-se àcouveflor,decoloraçãorosadaequesangrafacilmente.