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DIREITO PENAL - CARREIRAS POLICIAIS RESUMOS ILUSTRADOS MARCELOMAPAS Gostaria de te parabenizar por adquirir esse material. O nosso material é feito com muita dedicação para te ajudar a alcançar os seus objetivos nos estudos. Espero que você goste! Olá, tudo bom? Esse material destina-se exclusivamente a exibição privada. É proibida toda forma de divulgação de reprodução, distribuição ou comercialização do conteúdo. Qualquer compartilhamento seja por google drive, torrent, mega, whatsapp, redes sociais ou quaisquer outros meios se classificam como ato de pirataria, conforme o art. 184 do Código Penal. Entretanto, acreditamos que você é uma pessoa de bem e que jamais faria uma coisa dessas. Agradecemos a sua compreensão e desejamos um ótimo estudo. Resumosmapasdireito Marcelo.mapaseresumos@gmail.com Homicídio .............................................................................................................................................................................04 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação.....................................................................08 Infanticídio............................................................................................................................................................................09 Aborto....................................................................................................................................................................................10 Das Lesões Corporais ......................................................................................................................................................13 Dos crimes Contra a Honra ............................................................................................................................................17 Constrangimento Ilegal....................................................................................................................................................21 Ameaça..................................................................................................................................................................................22 Crime de Perseguição ou “Stalking”............................................................................................................................23 Crime de Violência psicológica contra a mulher......................................................................................................25 Contágio................................................................................................................................................................................26 Sequestro e Cárcere Privado.........................................................................................................................................26 Redução de Condição análoga à de Escravidão......................................................................................................28 Inviolabilidade de Domicílio.............................................................................................................................................28 Furto ......................................................................................................................................................................................30 Roubo ....................................................................................................................................................................................35 Extorsão................................................................................................................................................................................37 Estelionato...........................................................................................................................................................................40 Peculato................................................................................................................................................................................40 Excesso de Exação............................................................................................................................................................41 Estupro..................................................................................................................................................................................41 Escusas Absolutórias.......................................................................................................................................................42 Corrupção Ativa..................................................................................................................................................................42 Corrupção Passiva.............................................................................................................................................................42 Prevaricação........................................................................................................................................................................43 Concussão............................................................................................................................................................................43 SUMÁRIO Se doloso, será o tribunal do júri. COMPETÊNCIA É o dolo (direto ou eventual), consciente vontade de realizar o tipo penal. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES HOMICÍDIO QUANDO SE INICIA A VIDA EXTRAUTERINA? O crime de homicídio tem como limite mínimo o começo do nascimento, marcado pelo início das contrações expulsivas. Produz resultado naturalístico, ou seja, se consuma com a morte da vítima CRIME MATERIAL ELEMENTO SUBJETIVO HOMICÍDIO SIMPLES Art. 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço). HOMICÍDIO SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO AUTOR- Crime comum, praticado por qualquer pessoa. VÍTIMA - SER HUMANO VIVO. Diminuição de pena ou homicídio privilegiado - DE 1/6 a 1/3 RELEVANTE VALOR SOCIAL Diz respeito aos interesses de toda uma coletividade, logo, o motivo deve ser nobre e altruístico. Ex.: Indignação contra um traidor da pátria RELEVANTE VALOR MORAL De interesse pessoal, atrelado aos sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Ex.: Apressar a morte de paciente desenganado pela medicina. SOB O DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO Aqui o sujeito ativo, logo em seguida a injusta provocação da vítima, reage, de imediato, sob intenso choque emocional, capaz de anular sua capacidade de autocontrole durante o cometimento do crime. Ex.: O agente está no caixa de uma loja aguardando para efetuar o pagamento quando o vendedor chega o acusando injustamente de furto, o agente perde totalmente o controle de suas emoções e acaba matando o vendedor. 4 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES HOMICÍDIO HOMICÍDIO Homicídio Qualificado - Reclusão de 12 a 30 anos § 2º Se o homicídio é cometido: I - Mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe (qualificadora subjetiva) Motivo torpe - quando a razão do delito for vil, ignóbil, repugnante, abjeta. Ex.: O matador profissional que mata para receber recompensa II - por outro motivo fútil (qualificadora subjetiva) Motivo fútil - quando há real desproporção entre o delito e sua causa moral. A pessoa mata por bobeira, coisa insignificante. Ex.: O agente mata a vítima por ela não ter lhe dado R$ 2,00 quando lhe foi solicitado. III - com emprego de (qualificadora objetiva): Veneno; Fogo; Tortura; Meio Cruel; Explosivo; Asfixia; Perigo comum; Meio insidioso; Este inciso qualifica o homicídio cruel,de 16 a 24 anos (sem multa); Resultado morte: reclusão, de 24 a 30 anos (sem multa). 38 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO EXTORSÃO EXTORSÃO Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima - SEQUESTRO RELÂMPAGO REQUISITOS: A vítima deve ter a sua liberdade de locomoção CERCEADA POR CERTO TEMPO, durante o qual fica submetida ao poder do agente. A restrição da liberdade deve ser usada como FORMA DE COMPELIR A VÍTIMA A SATISFAZER A PRETENSÃO DO AGENTE: o pagamento de resgate a ser efetivado pela própria vítima. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ATENÇÃO: TRATA-SE DE CRIME HEDIONDO Como identificar A EXTORSÃO mediante sequestro? O especial fim de agir é essencial para a identificação deste tipo penal, que não tem outra finalidade especial a não ser o cerceamento do direito ambular da vítima. Como identificar A EXTORSÃO mediante sequestro? Além disto, a vantagem obtida pelo agente é prestada por 3º pessoa, diversa daquela que tem sua liberdade cerceada. BEM JURÍDICO TUTELADO: Crime pluriofensivo: protege o patrimônio, a liberdade individual, além da integridade física. SUJEITOS DO CRIME: Sujeito ativo e passivo: crime comum. Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo – quando o prejuízo patrimonial recai sobre ela. CRIME PERMANENTE - Sua consumação se inicia quando ocorre a privação da liberdade da vítima, perdurando durante todo o tempo de cerceamento. CRIME FORMAL - não se exige que o agente alcance a vantagem pretendida, basta agir com tal intenção. CRIME PLURISSUBSISTENTE – admite tentativa. Enquanto não houver submissão da vítima ao poder do agente, será apenas tentativa. 39 CONTRA IDOSO - Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES ESTELIONATO DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO EXTORSÃO SEQUESTRO QUALIFICADO Se o sequestro dura + de 24 horas; Contra menor de 18 ou maior de 60 anos; Praticado por bando ou quadrilha (três ou mais pessoas); PENA DE 12 a 20 anos de Reclusão Se do fato resulta lesão de natureza grave - PENA DE 16 a 24 anos de Reclusão; Se resulta a morte: PENA DE 24 a 30 anos de Reclusão DELAÇÃO PREMIADA § 4 º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. EXTORSÃO INDIRETA Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. EMITIR CHEQUES SEM PROVISÃO FUNDOS FRUSTAR PAGAMENTO STF: Se o individuo emite cheque com a certeza de inexistência de fundos, não há de se falar em ilícitos Criminal. SÚMULA 246 PECULATO Art. 312- Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de quem tem a posse em razão do cargo, ou desviá-ló, em proveito próprio ou alheio. PALAVRAS-CHAVE DINHEIRO; VALOR; QUALQUER OUTRO BEM MÓVEL, PÚBLICO OU PARTICULAR. - APROPRIAR-SE DE: 40 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES EXCESSO DE EXAÇÃOPECULATO FURTO O agente tem posse e detenção do bem, se vale DA FACULDADE que lhe proporciona a qualidade de funcionário público para realizar a subtração APROPRIAÇÃO O agente tem a posse do bem e comporta-se como se dono fosse. SUJEITO ATIVO - Somente o funcionário público e as pessoas a ele equiparadas. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Reparação do dano deve ser feita antes do trânsito em julgado da sentença criminal. NÃO EXCLUI A SANÇÃO ADMINISTRATIVA. Caso não seja feita a reparação de início e somente POSTERIORMENTE, haverá a redução da pena pela metade. CULPOSO - O funcionário concorre culposamente. DESVIO - Peculato próprio - O agente tem a posse e lhe dá destino diverso. O particular que contribuiu, ou concorre para que seja praticado essa prática defeituosa, também responderá pelo peculato, pois as circunstâncias de caráter pessoal não se comunica, salvo elementares do crime Art. 316 - Exigir o funcionário tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou quando, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. EXIGÊNCIA INDEVIDA Quando não há autorização legal; Valor já quitado; Quantia que excede a prevista em lei. COBRANÇA VEXATÓRIA OU GRAVOSA NÃO AUTORIZADA EM LEI A contribuição é devida. O meio gravoso ou vexatório não está na lei. CONSUMAÇÃO: Ocorre quando com o emprego do meio vexatório ou gravoso/ cobrança ou exigência feita. TENTATIVA - Admite-se ESTUPRO Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. ATIVOS QUEM PRATICA O ATO; PASSIVO QUEM SOFRE O CONSTRANGIMENTO. 41 Vantagem indevida a funcionário. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES CORRUPÇÃO ATIVAESTUPRO CONSUMAÇÃO - Consuma-se com ato de libertinagem. QUALIFICADORAS Resulta lesão corporal grave ou gravíssima. Vítima é menor de 18 anos ou maior de 14 anos - Pena de 8 a 12 anos de Reclusão. Resulta em morte - Pena de 12 a 30 anos de reclusão. EXCUSAS ABSOLUTÓRIAS IMUNIDADES ABSOLUTAS - ART.181, CP Com isenção de penas; Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; De ascendente ou descendentes, seja parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. RELATIVAS - ART.182, CP Somente mediante representante; Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; De irmão, legítimo ou ilegítimo; De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. PALAVRAS-CHAVE OFERECER; PROMETER; TENTATIVA - Sim, admite-se a tentativa. Acontece quando o funcionário retarda ou omite o ato de ofício, ou pratica ato que inflige seu dever funcional. Aumento 1/3 CORRUPÇÃO PASSIVA Art.317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. PALAVRAS-CHAVE SOLICITAR RECEBER CLASSIFICAÇÃO IMPRÓPRIO - É a prática de ato legítimo, lícito e justo. PRÓPRIO - O funcionário público deixa de praticar ou pratica ato de ofício para beneficiar alguém. 42 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES CONCUSSÃO CORRUPÇÃO PASSIVA CONSUMAÇÃO - Ocorre o ato de solicitar, receber ou aceitar a promessa de vantagem indevida. AUMENTO 1/3 Retarda ou deixa de praticar ato de ofício que lhe competia desempenhar ou termina praticando. PREVARICAÇÃO Art.319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa da lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. PALAVRAS-CHAVE Retardar; Deixar de praticar; Praticar. Ato de ofício para satisfazer INTERESSE ou SENTIMENTO PESSOAL CORRUPÇÃO PASSIVA Quando o ato for acordado anteriormente entre o funcionário PÚBLICO E PARTICULAR; Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-lá, mas em razão dela, vantagem indevida. PALAVRAS-CHAVE A última cede as exigências ante o temor de represálias. Exigir; Ordenar; reivindicar; Impor. PENA - De 2 a 12 anos de reclusão, e multa. CONSUMAÇÃO Admite-se quando há mera exigência da vantagem indevida. 43que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou que possa resultar perigo comum, capaz de atingir número indeterminado de pessoas. IV - À traição (qualificadora subjetiva); Dissimulação; (qualificadora Objetiva) Emboscada; Recurso que Dificulte ou; torne impossível a defesa da vítima. Ex.: Atirar na vítima pelas costas ou durante o sono. V- Para assegurar : (Qualificadora subjetiva) de outro crime A Execução; A ocultação; A Impunidade; Vantagem FEMINICÍDIO VI - Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. (qualificadora objetiva) O feminicídio, é uma violência de gênero, é a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino. O art. 121, § 2º-A, do CP foi acrescentado para esclarecer quando a morte da mulher deve ser considerada em razão da condição do sexo feminino: Violência doméstica e familiar; menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 5 Órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares, guardas civis e agentes de trânsito (art. 144). DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES HOMICÍDIO HOMICÍDIO A Lei 13.104/15 acrescentou o art. 121, § 7º, do CP, o qual prevê um AUMENTO DE PENA QUE ELEVA DE 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade) a pena do FEMINICÍDIO se o crime for praticado: Durante gestação; Até três meses após o parto; Contra maior de 60 anos; Contra pessoa com deficiência ou que tenha doenças degenerativas que acarretem vulnerabilidade física ou mental; Na presença física ou virtual de descendentes ou ascendentes da vítima; Em descumprimento da medida protetiva (Incisos I, II e III, do art. 22 da lei 11.340/2006). HOMICÍDIO FUNCIONAL (QUALIFICADORA SUBJETIVA): Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição: Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica (art. 142). HOMICÍDIO FUNCIONAL (QUALIFICADORA SUBJETIVA): Integrantes do sistema prisional: Diretor da penitenciária, agentes penitenciários, guardas, e etc; Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública: polícia da União. Contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau de algum dos agentes acima mencionados. No homicídio funcional não se aplica: Membros do judiciário e seus servidores; Polícia legislativa da câmara dos deputados; ex-autoridades ou ex-agentes; Membros do ministério público e seus servidores. VIII - Com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido (qualificadora objetiva). IMPORTANTE: A Lei nº 14.344/2022 (Lei Henry do Borel) inseriu uma nova qualificadora do crime de homicídio: IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Além desta qualificadora, foram inseridas duas causas de aumento de pena. 6 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES HOMICÍDIO HOMICÍDIO DOIS TERÇOS § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. ATENÇÃO Dentro das qualificadoras, existe a classificação entre qualificadoras objetivas (que dizem respeito ao meio de execução e ao modo de execução) e as qualificadoras subjetivas ( que se liga a motivação do crime). Sendo a qualificadora do homicídio classificada como objetiva, há a possibilidade de aplicação em conjunto com outra qualificadora de natureza subjetiva, ou mesmo cumulação com alguma hipótese de homicídio privilegiado. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Nos delitos dolosos, aumenta a pena do homicídio (simples, privilegiado ou qualificado) quando praticado: Contra pessoa menor de 14(quatorze) anos; Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos. AUMENTO DE 1/3 (UM TERÇO) Nos delitos dolosos, aumenta a pena do homicídio (simples, privilegiado ou qualificado) quando praticado: Por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança. Ex.: pessoas armadas que matam pra devolver a paz de sociedades carentes. Por grupo de extermínio. Ex.: grupo de justiceiros que matam marginais; AUMENTO DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ 1/2 (METADE) Diz-se culposo o homicídio quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, a morte de alguém. 7 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES HOMICÍDIO AUMENTO DE 1/3 (UM TERÇO) ATÉ 1/2 (METADE) Se a morte foi prevista - culpa consciente; Se a morte foi previsível - culpa inconsciente. Causas de aumento de pena no homicídio culposo - Aumento de 1/3 (UM TERÇO) Omissão de socorro; Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; Não procurar diminuir as consequências do comportamento; Se o agente foge para evitar a prisão em flagrante. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO A OU AUXÍLIO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. SUJEITO ATIVO: Crime comum - pode ser cometido por qualquer pessoa, e admite- se o concurso de pessoas. SUJEITO PASSIVO: Apenas pessoa capaz pode ser sujeito passivo - maiores de 14 anos. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO A OU AUXÍLIO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO AÇÃO PENAL: Sempre será Ação penal pública incondicionada. VOLUNTARIEDADE: Somente é punido o dolo, não se admite a figura culposa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime formal - Não exige o resultado naturalístico, o mero induzimento, instigação ou auxílio já consumam o crime. Admite a tentativa. ATENÇÃO: O suicídio e a automutilação não são puníveis, uma vez que a lesividade não ultrapassa a esfera individual. A conduta do agente, tanto no induzimento, instigação e auxílio à automutilação, quanto ao suicídio, DEVE ser dirigida a uma ou mais pessoas DETERMINADAS, ainda que o crime tenha ocorrido por meio eletrônico. Ex.: ideias suicidas em espetáculos, obras literárias endereçadas ao público em geral, não configuram este crime, serão atípicas. 8 Auxílio ao suicídio ou á automutilação: Auxiliar é participar materialmente, é dar o meio para o suicídio. A conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real (§ 4º do art. 122 do CP); DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO A OU AUXÍLIO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO Induzimento ao suicídio ou á automutilação: induzir é criar na mente da vítima o desejo do suicídio, é criar a ideia, um pensamento até então inexistente. Instigação ao suicídio ou á automutilação: Instigar é estimular, é reforçar uma ideia preexistente, é insistir na ideia da vítima. QUALIFICADORAS Prevê o § 1º do art. 122 do CP que: Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a punição será a reclusão de 1 a 3 anos. Prevê o § 2º do art. 122 do CP que: Se o suicídio se consumar ou se da automutilação resultar morte, a pena será de reclusão, de 2 a 6 anos. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA A pena é duplicada se (§ 3º do art. 122 do CP): I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO A OU AUXÍLIO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO A pena é duplicada - § 3º do art. 122 II – se a vítima é menor (Menor de 18 anos e maior que 14 anos) ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. A pena é aumentada até o dobro se: Aumenta a pena em metade Se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual (§ 5º do art. 122 do CP). Se o crime de que trata o § 1º resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiênciamental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato... ... ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (Pena – reclusão, de dois a oito anos). 9 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO A OU AUXÍLIO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO Se o crime de que trata o § 2º é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato... ... ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 do CP (Pena: reclusão, de seis a vinte anos). INFANTICÍDIO Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Crime próprio: somente a mãe, a parturiente; A morte pode ser causada de forma livre, por ação (ex.: morte por asfixia) ou omissão (ex.: faltar com a amamentação), por meios diretos ou indiretos. Durante o parto ou após o parto Antes do parto, a morte do feto será aborto, e se não se verificar, pelo menos, logo após, será homicídio. O DELITO SÓ É PUNIDO A TÍTULO DE DOLO, NÃO PODE SER CRIME CULPOSO. O CRIME É MATERIAL E A TENTATIVA É ADMITIDA. DOUTRINA Para alguns doutrinadores, é tido como homicídio privilegiado. INFANTICÍDIO Concurso de pessoas: Mãe e terceiro praticam atos executórios conjuntamente: Ambos coautores de infanticídio; Mãe, auxiliada por terceiro, pratica atos executórios: Mãe - autora e terceiro - partícipe; Terceiro, induzido pela mãe, pratica atos executórios sozinho: divergência → 1ª corrente: ambos respondem por homicídio. → 2ª corrente: ambos respondem por infanticídio. ABORTO O aborto é a interrupção da gravidez, a qual resulta na morte do feto, embrião ou óvulo. Qual o momento inicial da gravidez? Para a doutrina penal majoritária, a gravidez tem início com a NIDAÇÃO, que é a fixação do óvulo fecundado no útero. ESPÉCIES DE ABORTO ABORTO NATURAL: Interrupção espontânea da gravidez, não há crime; ABORTO ACIDENTAL: Provocado por quedas, acidentes, traumatismos e etc. Não há crime; 10 CONSUMAÇÃO: Crime material; Se consuma com a morte do feto. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES ABORTO EXCEÇÃO: No caso de anencefalia o STF jpa decidiu que pode haver aborto. ABORTO PERMITIDO: São os abortos necessário e sentimental, quando a lei faculta o seu acontecimento (art. 128 do CP). ESPÉCIES DE ABORTO Necessário: É praticado por médico, em casos de perigo de morte da gestante e quando não há outro meio para salvá-la. Sentimental: É praticado por médico, com o consentimento da gestante (ou representante legal) em casos de estupro. ABORTO CRIMINOSO: Temos três tipos penais, que explicaremos mais adiante. Espécies de aborto proibitivos ABORTO EUGÊNICO - Aborto praticado para evitar o nascimento de criança com gravidade de enfermidade, no caso de má formação do feto. ABORTO MISERÁVEL - Realizado para evitar a condição de miserabilidade da mãe e da família. ABORTO "HONORIS CAUSA" - Realizado para esconder gravidez. ABORTO ABORTOS CRIMINOSOS Autoaborto e aborto consentido: Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. BEM JURÍDICO TUTELADO: Vida humana intrauterina; SUJEITOS DO CRIME: SUJEITO ATIVO: Crime de mão própria, realizado somente pela gestante. Admite participação, mas não coautoria. SUJEITO PASSIVO: O FETO. VOLUNTARIEDADE: Crime de dolo necessário, em todas as modalidades, ou seja, NÃO EXISTE A MODALIDADE CULPOSA. ADMITE TENTATIVA CONDUTAS: AUTOABORTO: A gestante realiza o aborto em si mesma (com ou sem auxílio de terceiro). ATENÇÃO: A mãe responderá pelo art. 124, enquanto o terceiro participante responderá nas penas do art. 126 do CP. 11 Atenção! Essas causas de aumento somente se aplicam aos crimes definidos nos arts. 125 e 126 (“dois artigos anteriores”). DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES ABORTO ABORTO ABORTOS CRIMINOSOS Autoaborto e aborto consentido: ABORTO CONSENTIDO: A gestante se limita a consentir que terceira pessoa realize o aborto, não pratica nenhum ato executório. A gestante responde pelo art. 124. Métodos contraceptivos - Exercício regular do direito - Art. 23, CP Art. 125 - Provocar aborto, SEM o consentimento da gestante: Pena – Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos. SEM consentimento; Crime comum - Praticado por qualquer pessoa; Dupla subjetividade passiva: Feto e gestante. Art. 126 - Provocar aborto, COM o consentimento da gestante: Pena – Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. COM consentimento; obs.: se antes da interrupção da gravidez a gestante desistir do intento criminoso, responderá por aborto não consentido o terceiro que insistir em provocá-lo; Crime comum - praticado por qualquer pessoa; Sujeito passivo: apenas o Feto. ATENÇÃO: O art. 126, parágrafo único, do CP desconsidera a vontade positiva da gestante quando menor de 14 anos, alienada ou débil mental, ou se o seu consentimento foi obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Nestas hipóteses, aplica-se ao terceiro provocador a pena do art. 125 do CP (reclusão, de 3 a 10 anos), ficando a gestante isenta de sanção penal. MAJORADO/AUMENTADO: A) Se, em consequência do aborto ou das manobras abortivas, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave (art. 129, §§ 1º e 2º, do CP); B) Se, por qualquer dessas causas (aborto ou meios empregados), lhe sobrevém a morte; 12 Crime de Ação livre: Admite qualquer meio executório, desde que aptos a causar a lesão. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DAS LESÕES CORPORAIS A LESÃO PODERÁ SER: Leve ⇾ Art. 129, caput; Grave ⇾ Art. 129, §1º; Gravíssima ⇾ Art. 129, §2º; Seguida de morte ⇾ Art. 129, §3º; Culposa ⇾ Art. 129, §6º. Bem jurídico tutelado: Integridade corporal; Saúde fisiológica; Saúde Mental. Sujeito ativo: Crime comum - Qualquer pessoa. Sujeito passivo: Regra - crime comum - qualquer pessoa. Exceções: Art. 129, §1º, IV Art. 129, §2º, V Exceções: Art. 129, §9: pessoa que se enquadre como ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou mantenha relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade com o agente do ato delituoso. Art. 129, §12: autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF, no exercício das funções ou em decorrência dela, bem como seus familiares descritos no parágrafo. DAS LESÕES CORPORAIS ATENÇÃO! é desnecessário que haja violência física. A atuação sobre o psiquismo da vítima pode produzir danos ao seu funcionamento orgânico ou mental. O crime pode ser doloso ou culposo. LESÃO CORPORAL LEVE: Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena: detenção, de três meses a um ano. Crime de menor potencial ofensivo; Admite-se os institutos despenalizadores; Ação penal pública condicionada a representação; Substituição de pena - §5º do art. 129 - No caso de lesões leves, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa em duas hipóteses: I - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção; II - se as lesões são recíprocas. 13 Debilidade: Diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função da vítima (se for total, é gravíssima.) DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DAS LESÕES CORPORAIS DAS LESÕES CORPORAIS LESÃO CORPORAL GRAVE: I- Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: Ocupações habituais - Significa qualquer atividade do dia a dia, desde que seja lícita. Por se tratar de crime que deixa vestígios, é indispensável a realização de exame de corpo de delito. II - Perigo de vida: Lesão que coloque em risco a vida da vítima; Se trata de crime preterdoloso, pois caso esse risco seja doloso o crime será de tentativa de homicídio; Exemplo de perigo de vida: Traumatismocranioencefálico; III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função: Membros são os braços, antebraços e mãos; coxas, pernas e pés. IV – Aceleração do parto: Parto prematuro; O agente precisa saber da gravidez; Crime preterdoloso; Não confundir quando a lesão causa aborto, pois, nessa hipótese, será lesão corporal gravíssima. § 2º Se resulta: LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA I- Incapacidade permanente para o trabalho: Aqui a vítima não pode mais trabalhar; Diferente do que era tratado na lesão grave, está ligado a uma atividade remunerada. II - Enfermidade incurável: Não há cura ou tratamento certo segundo a medicina. III – Perda ou inutilização do membro, sentido ou função: A vítima, neste caso, perde a função por inteiro; Ex.: cegueira dos dois olhos. A perda de um braço ou de uma perna também poderá gerar a lesão corporal gravíssima; Diante de órgãos duplos, a lesão deverá atingir os dois para ser gravíssima. IV – Deformidade permanente: Para o STJ, a qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores (Inf. 562). 14 §3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. Pena: reclusão, de quatro a doze anos. O crime for praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de serviço de segurança; O crime for praticado por grupo de extermínio. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DAS LESÕES CORPORAIS DAS LESÕES CORPORAIS LESÃO CORPORAL COM RESULTADO MORTE (QUALIFICADORA) V – Aborto: Deve ser preterdoloso; Caso haja dolo antecedente e consequente, haverá o crime de aborto mesmo; O agente deve saber que a vítima está grávida. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA Também chamada de “homicídio preterdoloso”. "Agente não quis o resultado" - A morte, aqui, é sempre culposa; crime preterdoloso por excelência; Não admite tentativa. LESÃO CORPORAL DOLOSA PRIVILEGIADA §4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social (interesses de toda uma coletividade) ou moral (interesse pessoal) ou sob o domínio de violenta emoção (sob intenso choque emocional, capaz de anular sua capacidade de autocontrole), logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. LESÃO CORPORAL DOLOSA PRIVILEGIADA MEIOS DE PROVAS Corpo de delito; Testemunhal (Art.167, CPP); Art. 158, do CPP AUMENTO DE PENA NA Lesão corporal dolosa (§7º do art. 129) - Aumenta-se a pena de 1/3, quando: O crime for praticado contra menor de 14 anos; O crime for praticado contra maior de 60 anos 1. 2. LESÃO CORPORAL CULPOSA - §6º - Se a lesão é culposa: Pena: detenção, de dois meses a um ano. Crime de menor potencial ofensivo; Ação penal pública condicionada a representação; Aqui, POUCO IMPORTA o grau da lesão, se é leve, grave ou gravíssima. Importa o elemento subjetivo: culpa. 15 PERDÃO JUDICIAL - §8º DO ART. 129. O perdão judicial é admitido em casos de lesão corporal culposa, nas mesmas hipóteses em que se admite no crime de homicídio culposo. No §11, temos uma majorante caso a violência doméstica e familiar ocorra contra pessoa portadora de deficiência (aumento de 1/3). DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DAS LESÕES CORPORAIS DAS LESÕES CORPORAIS AUMENTO DE PENA NA Lesão corporal CULPOSA (§8º do art. 129) - A lesão corporal culposa será majorada de 1/3, quando: O crime resultar de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; O agente deixar de prestar imediato socorro à vítima; O agente não procura diminuir as consequências do seu ato; O agente foge para evitar prisão em flagrante. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR (ART. 129, §§ 9º, 10, 11) Embora a Lei Maria da Penha se direcione à proteção da mulher, ela alterou os §§9º, 10 e 11 do artigo 129, que protegem AMBOS OS SEXOS, desde que as lesões ocorram no âmbito familiar ou doméstico Art. 129, §9º - Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - 03 meses a 03 anos. Este parágrafo trata da LESÃO LEVE qualificada em razão de violência doméstica ou familiar. Caso a LESÃO SEJA GRAVE, GRAVÍSSIMA OU SEGUIDA DE MORTE, o agente não responderá pelo §9º, mas sim pelo resultado qualificador, com a causa de aumento (1/3) do §10º do art. 129. Lesão Corporal Contra Autoridade ou Agente de Segurança Pública: § 12 - Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional... ... da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. Lesão Corporal Praticada Contra Mulher: § 13 - Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).” 16 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DAS LESÕES CORPORAIS Aqui se pune duas situações distintas: A Lesão corporal praticada contra mulher no contexto de violência doméstica e familiar; E a Lesão corporal praticada contra mulher em razão de menosprezo ou discriminação ao seu gênero. DOS CRIMES CONTRA A HONRA a HONRA É UM bem jurídico estabelecido E RESGUARDADO PELA CARTA MAGNA, EM SEU art. 5º, inciso X. CONCEITO: Honra é um conjunto de atributos inerentes à personalidade, relacionados a aspectos de valor individual e social, tanto de ordem moral, quanto intelectual e física. Injúria - Honra Subjetiva Difamação - Honra objetiva Calúnia - Honra objetiva HONRA OBJETIVA E SUBJETIVA: HONRA OBJETIVA HONRA SUBJETIVA Reputação que determinado indivíduo ostenta perante a sociedade; Os delitos que ofendem a honra objetiva se consumam quando terceira pessoa toma conhecimento da imputação; Em regra, admitem retratação. Conceito que alguém tem de si mesmo, relacionada à dignidade, autoestima; A consumação se dá quando a própria vítima toma conhecimento do que foi falado; Não admitem retratação (o prejuízo à autoestima já ocorreu com a ofensa). DOS CRIMES CONTRA A HONRA CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA Art. 138 do CP: Na CALÚNIA, o agente imputa, falsamente, um fato determinado, previsto como crime. Pena: detenção, 6 meses a 2 anos, e multa. Ex.: Joana diz que foi Claúdia quem furtou o notebook da aluna Fernanda durante a aula, no dia tal. Art. 139 do CP: Na DIFAMAÇÃO, o agente imputa um fato desonroso, mas não criminoso, que pode ser verdadeiro ou falso. Pena: detenção, 3 meses a 1 ano, e multa. Ex.: Luiz diz que viu José, que é casado, entrando no motel com outra mulher. Art. 140 do CP: Na INJÚRIA, o agente atribui uma qualidade negativa à vítima. Pena: detenção, 1 a 6 meses, ou multa.Pode envolver tanto aspectos físicos (ex.: dizer que a vítima é orelhuda ou feia) quanto morais (ex.: dizer que a vítima é burra). CALÚNIA A calúnia pode ser feita na presença ou na ausência do ofendido, por qualquer forma (palavras, gestos, escritos, desenhos etc.); Somente se configura o crime se a imputação for falsa 17 DIFAMAÇÃO DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A HONRA CALÚNIA DOS CRIMES CONTRA A HONRA Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Sujeito passivo – Qualquer pessoa, inclusive INIMPUTÁVEIS, pessoas desonradas, pessoa jurídica (em caso de crime ambiental), mortos. Crime formal - Apenas a calúnia escrita admite tentativa; A honra é um bem jurídico disponível, de modo que o consentimento (anterior ou contemporâneo à ofensa) da vítima exclui a ilicitude da conduta. Propagação ou divulgação da calúnia O art. 138, §1º, doCódigo Penal estende a aplicação do tipo penal àquele que toma conhecimento da imputação e, sabendo-a falsa, contribui para difundi-la, alastrá-la. EXCEÇÃO DA VERDADE: Aplicado em regra; A calúnia é a falsa imputação de fato criminoso determinado a alguém; A lei confere ao sujeito que está sendo acusado da prática de calúnia a possibilidade de se defender demonstrando a veracidade daquilo que foi falado; ATENÇÃO! Há três hipóteses nas quais a exceção da verdade é proibida: 1- se, o fato imputado como crime se proceder por ação privada, e o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; 2- se o fato é imputado ao Presidente da República ou a chefe de governo estrangeiro. 3- se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Pode ser feita na presença ou na ausência do ofendido, por qualquer forma (palavras, gestos, escritos, desenhos etc. Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Sujeito passivo – Qualquer pessoa, inclusive o inimputável, a pessoa desonrada e a pessoa jurídica. A jurisprudência cível é pacífica no sentido de que a pessoa jurídica possui reputação a zelar, fazendo jus à indenização por danos morais quando sofre abalo em sua imagem; Não se pune criminalmente a difamação contra os mortos; Admite-se a tentativa. EXCEÇÃO DA VERDADE A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 18 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A HONRA INJÚ RIA DOS CRIMES CONTRA A HONRA O crime se consuma a partir do conhecimento da ofensa pela vítima (ainda que ela não se sinta ofendida), não importando que ela chegue ao conhecimento de terceira pessoa. Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Sujeito passivo – Qualquer pessoa capaz de compreender a injúria – pois, embora não se exija que a pessoa se sinta ofendida, o tipo clama essa possibilidade, já que o que se protege aqui é a honra subjetiva. A pessoa jurídica não pode ser vítima de injúria, pois só possui honra objetiva. Crime formal - Admite-se a tentativa apenas na injúria escrita. NÃO se admite exceção da verdade. PERDÃO JUDICIAL : É aplicável apenas para o crime de injúria (art. 140, §1º, CP). Será possível nas seguintes hipóteses: 1- Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 2- No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria; INJÚ RIA REAL (Art. 140, §2º, CP): É a modalidade de injúria em que o agente, para ofender a vítima, não emprega palavra, mas violência ou vias de fato consideradas humilhantes. Ex.: Cuspe no rosto, tapa na cara etc. - Crime de menor potencial ofensivo. INJÚRIA RACIAL OU PRECONCEITUOSA (ART. 140, §3º, CP): A Lei 14.532/2023, publicada em 11/01/2023 trouxe uma alteração na redação do art. 140, §3º, do CP, uma vez que antes desta lei, a injúria racial era composta de sete modalidades (raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência da vítima), agora a nova tipificação do crime reduziu as modalidades de injúria preconceituosa. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a: religião; ou à condição de pessoa idosa; ou com deficiência: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Crime prescritível e afiançável; Ação Pública condicionada à representação. E as outras modalidades? As outras modalidades foram transferidas para a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Lei do Crime Racial), equiparadas ao crime de racismo. 19 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7716.htm DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A HONRA DOS CRIMES CONTRA A HONRA INJÚ RIA REAL INJÚRIA RACIAL OU PRECONCEITUOSA (ART. 140, §3º, CP): Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de: raça, cor, etnia, ou procedência nacional. Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Ex.: “Você é um negro safado!” Crime imprescritível e inafiançável; Ação Penal Pública incondicionada. Essas modalidades, apesar de continuarem a ser crime de injúria, não são mais tratadas pelo art. 140 do CP, mas sim pela Lei n.º 7.716/89 (Lei do crime racial). ATENÇÃO: AÇÃO PENAL - REGRA GERAL Segundo o art. 145, os crimes contra a honra, se procedem mediante queixa, ou seja, são crimes de ação penal privada. EXCEÇÕES: Injúria que resulte em lesão corporal leve: Ação penal pública condicionada à representação do ofendido; Injúria que resulte em lesões grave, gravíssima ou seguida de morte: Ação penal pública incondicionada; Se forem contra a honra do Presidente da República ou de chefe de governo estrangeiro: Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça; EXCEÇÕES: Contra a honra de funcionário público: conforme o STF, de acordo com a Súmula 714, haverá legitimidade concorrente, ou seja, poderá se dar por ação penal privada ou por pública condicionada à representação do ofendido. Injúria preconceituosa/racial: Ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido (art.141): CAUSAS DE AUMENTO: Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; Contra funcionário público, em razão de suas funções; Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; 20 Assim, à luz do disposto no art. 5.º, inciso II, da CF/88, somente a lei pode obrigar alguém a adotar determinado comportamento, ou então proibi-lo de agir ao seu livre arbítrio. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A HONRA CAUSAS DE AUMENTO: Contra criança, adolescente, contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria; Atenção! Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro (Art. 141, §1°, CP – Lei 13.964/2019) Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena. (Art. 141, §2°, CP – Lei 13.964/2019) CONSTRANGIMENTO ILEGAL Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. Pena: Detenção de três meses a um ano, ou multa. O crime de constrangimento ilegal tutela a liberdade pessoal e a autodeterminação. CONSTRANGIMENTO ILEGAL O CRIME PODE OCORRER EM DUAS HIPÓTESES: 1º - Quando a vítima é compelida a fazer algo (conduta comissiva ou positiva). Ex.: beber um copo de cerveja, andar sem sapatos em via pública etc; 2º - Quando a vítima é compelida a deixar de fazer algo (conduta omissiva ou negativa). Ex: não fumar em local permitido. Sujeito ativo – crime comum. Doentes mentais e crianças de tenra idade: não podem ser vítimas deste delito. SERÃO objeto do crime. Sujeito passivo – crime comum - Qualquer pessoa, desde que dotada de capacidade de autodeterminação. Criança ou Adolescente: se o menor de 18 anos estiver sob a guarda do agente e for submetido a vexame ou constrangimento, haverá crime previsto no art. 232 do ECA. Idoso: se o idoso for coagido, de qualquer modo, a doar, contratar, testar ou outorgar procuração, haverá o delito previsto no art. 107 do Estatuto do idoso. EX.: O agente apontou arma de fogo para criança portadora de síndrome de Down, visando a constranger os pais. 21 Ação penal pública condicionada à representação (inclusive no âmbito da Maria da Penha); Para a execução do crime se reúnem mais de 3 pessoas (exige-se, no mínimo, 4 pessoas). DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES AMEAÇACONSTRANGIMENTO ILEGAL Consumidor: utilizar, na cobrança de dívidas, ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, haverá crime previsto no art. 71 do CDC. Presidente da República, Presidente do Senado, Presidente da Câmara ou Presidente do STF: caso esse constrangimento ilegal se dê por motivos políticos,haverá um crime contra a segurança nacional. Não se admite a modalidade culposa;Trata-se de crime material e instantâneo; admite tentativa. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA As penas aplicam-se CUMULATIVAMENTE e EM DOBRO, quando: Se houver emprego de arma (doutrina majoritária entende que consiste em qualquer tipo de instrumento com potencialidade lesiva, ex. faca de cozinha). CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CRIME A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; A coação exercida para impedir suicídio. Art. 147, CP - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Crime de menor potencial ofensivo; Crime de forma livre; Crime comum; A AMEAÇA PODE SER: Explícita: clara e induvidosa; Implícita: de forma velada Direta:o mal prometido atinge a própria vítima da ameaça; Indireta: o mal prometido será causado em terceira pessoa; Incondicional: não depende, para efetivar-se, de acontecimento futuro; Condicional: depende, para efetivar-se, de um acontecimento futuro. Crime formal - Admite a tentativa; Sujeito ativo – crime comum; Sujeito passivo – qualquer pessoa, desde que seja: 22 Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA AAMEAÇA Pessoa certa; determinada; capaz de entender o mal prometido. NÃO podem ser sujeito passivo, por não apresentarem condições de tomar consciência do mal: Pessoas indeterminadas; As crianças de pouca idade; Doentes mentais; Absolutamente embriagados (a não ser que a ameaça se reflita sobre outras pessoas, capazes de adverti-los); Pessoas jurídicas (a não ser que recaia sobre os componentes); Pessoas incapazes, no caso concreto, de entenderem a ameaça (exemplo: um surdo em relação a uma ameaça verbal). Não há necessidade de ser a ameaça proferida na presença da vítima. Basta que chegue ao seu conhecimento. LIBERDADE INDIVIDUAL CRIME DE PERSEGUIÇÃO OU “STALKING” A Lei 14.132/2021 inseriu o artigo 147-A ao Código Penal, tipificando a conduta de perseguição, também conhecida pelo termo em inglês “stalking”. Bem jurídico tutelado: É a liberdade pessoal, bem como a integridade física da vítima. Sujeitos do crime: Ativo – crime comum; Passivo – crime comum. Tipo objetivo: “Perseguir” - molestar, assediar, importunar. E a lei exige, que a perseguição se dê reiteradamente, ou seja, trata-se de crime habitual. Crime de forma livre, em outras palavras, a perseguição pode se dar por qualquer meio. Ex.: em redes sociais e por meio de mensagens eletrônicas. 23 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL CRIME DE PERSEGUIÇÃO OU “STALKING” DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL Ameaçar a integridade física ou psicológica da vítima: A perseguição pode ocorrer por meio de reiteradas ameaças, inclusive enviadas por meio digital, contra a vítima, afetando a sua liberdade individual. Restringir-lhe a capacidade de locomoção: A simples limitação na capacidade de locomoção já é suficiente para configurar o crime. Ex.: O perseguidor se coloca a frente da casa da vítima, fazendo com que esta opte pelo recolhimento ao lar. De qualquer forma, invadir ou perturbar sua esfera de liberdade ou privacidade: Esfera de liberdade: busca-se proteger outras liberdades constitucionais diversas da liberdade de locomoção, como a liberdade religiosa, a de manifestação do pensamento, etc. Esfera de privacidade: se refere ao âmbito em que se desenvolve a vida interior do indivíduo, alcançando seu círculo íntimo de relações interpessoais (amizades, vínculos familiares e românticos). Os paparazzi, que perseguem as celebridades em busca de flagras, podem, ser acusados desse crime? SIM, a depender do caso concreto. Quando os paparazzi registram as celebridades que estejam em locais públicos, não há crime. O crime pode ser configurado se o paparazzi extrapola o trabalho normal e promove uma perseguição reiterada sobre determinado artista ameaçando a sua integridade física ou psicológica, restringindo a sua capacidade de locomoção ou invadindo, perturbando a sua esfera de liberdade ou privacidade. Concurso de crimes: Em havendo o uso de violência, haverá a incidência do concurso material de crimes, em que as sanções penais serão aplicadas em conjunto, conforme o disposto no § 2º do art. 147-A. Causas de aumento de pena: A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: Contra criança, adolescente ou idoso; Mediante o concurso de 2 ou mais pessoas; 24 Bem jurídico tutelado: O delito de violência psicológica tutela o direito fundamental “a uma vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Convenção de Belém do Pará, Decreto n. 1.973/1996, art. 3º). DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL CRIME DE PERSEGUIÇÃO OU “STALKING” DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL Causas de aumento de pena: Mediante o emprego de arma - qualquer instrumento dotado de potencialidade lesiva e que possa ser usado para ataque ou defesa. Contra mulher por razões da condição de sexo feminino - O que são as razões de condição de sexo feminino: (a) Violência doméstica e familiar contra a mulher; (b) Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. CRIME DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. CRIME DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER Sujeitos do crime: Ativo – crime comum; Passivo – crime próprio (sexo feminino). Inclui-se a mulher transgênero, ainda que não tenha se submetido a cirurgia de redesignação sexual ou alterado o nome e sexo no registro civil. Tipo objetivo: “Causar dano emocional à mulher” que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento; “Causar dano emocional à mulher” visando degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Tipo Subjetivo: O dolo é o elemento necessário para a prática do crime, o agressor, com consciência e vontade, ameaça, constrange, humilha, manipula, isola, chantageia, ridiculariza, limita o direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação. Ação penal: A ação penal é pública incondicionada, não dependendo o Ministério Público do pedido- autorização da vítima. 25 Detenção. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL CONTÁGIO CONCEITO Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágios e moléstia vulnerária, de que sabe ou deve saber que estar contaminado. PENA AIDS Algumas correntes enquadram nessa conduta. INTENÇÃO DE TRANSMITIR Se a intenção é transmitir a moléstia a pena é de reclusão. AÇÃO PENAL Somente se procede mediante representação. DOLO DO AGENTE LESÃO LEVE - Contágio de moléstia grave; LESÃO GRAVE/GRAVÍSSIMA OU SEGUIDA DE MORTE Perigo de contágio de moléstia grave será absorvido e considerado crime meio. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO Art. 148, CP - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena: Reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Bemjurídico tutelado - Liberdade de locomoção. Prevalece hoje que é bem DISPONÍVEL. Ex.: reality show BBB. SUJEITOS DO CRIME Ativo: crime comum; Passivo: crime comum; Paralíticos, paraplégicos e tetraplégicos: podem ser vítimas de sequestro ou cárcere privado, mesmo que, para movimentarem-se, necessitem de auxílio de aparelhos ou de terceiros. TIPO OBJETIVO: A ação incriminada consiste na privação da liberdade de alguém. Os meios são o sequestro e o cárcere privado. SEQUESTRO Há privação da liberdade, mas sem confinamento. Ex.: O sequestrado está em uma chácara ou em uma ilha e tem liberdade de andar por elas. 26 O CRIME É PERMANENTE E MATERIAL. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO CÁRCERE PRIVADO Há um confinamento, é mais restrito, ficando o sequestrado preso em um cômodo de uma casa, por exemplo. TIPO SUBJETIVO: O dolo, ou seja, Não se admite a modalidade culposa. Por se tratar de crime permanente, cuja consumação se protrai no tempo, caso surja lei penal mais gravosa enquanto o agente permanece cometendo o delito, é permitida a sua aplicação (Súmula 711 do STF). SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO No sequestro ou cárcere privado a privação da liberdade da vítima prolonga-se no tempo. CONSTRANGIMENTO ILEGAL No constrangimento ilegal a privação da liberdade da vítima é momentânea, somente para que esta faça ou deixe de fazer alguma coisa. Ex.: vítima compelida a dar fuga a um criminoso em seu automóvel. Qualificadoras - Reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos: Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente; Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos; Se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; Se a privação da liberdade dura mais de quinze dias; Se o crime é praticado com fins libidinosos. SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos: Se resulta à vítima, em razão de maus- tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral. REDUÇÃO DE CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVIDÃO Art. 149 - Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo- o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Bem jurídico tutelado: Tutela-se, a liberdade individual da vítima, a integridade corporal, a saúde e a dignidade humana do trabalhador. 27 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL REDUÇÃO DE CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVIDÃO SUJEITOS DO CRIME: Sujeito ativo – crime comum; Sujeito passivo – crime comum. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é "reduzir", que significa sujeitar, submeter, subjugar a vítima a viver como viviam os escravos. Tipo subjetivo: É o dolo. Não é punida a modalidade culposa. Trata-se de crime material e permanente. Admite-se a tentativa. É desnecessária a imposição de maus-tratos, e também não se exige a comprovação do sofrimento suportado pelo sujeito passivo. Basta o cerceamento da sua liberdade individual. CONDUTAS EQUIPARADAS: § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I - Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; CONDUTAS EQUIPARADAS: II – Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. REDUÇÃO DE CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVIDÃO Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. CONDUTAS EQUIPARADAS: Causas de aumento de pena - Aumenta- se de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Art. 150 - Entrar ou permanecer, em casa alheia ou em uma de suas dependências, de forma: CLANDESTINA - oculta, sem ser visto; ASTUCIOSA - Por meio de engano, fraude; FORÇADA - Contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito. Pena: Detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Quem de direito - É a pessoa que pode controlar a entrada e a saída do domicílio: FAMÍLIA; REPÚBLICA DE ESTUDANTES - Quaisquer deles; CONDOMÍNIO - Síndico (Para as áreas comuns). 28 CRIME COMUM CRIME COMETIDO Á NOITE - Vai do anoitecer ao alvorecer; LUGAR ERMO - Local afastado do centro urbano; VIOLÊNCIA - Contra pessoa (Lesão corporal). Qualquer compartimento habitado; Aposento ocupado de habitação coletivos (Repúblicas, Quarto de hotel, casa, apartamento, barracos, etc); Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade: Escritório, consultório, oficina. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Pode ser perpetrado por qualquer pessoa (Incluindo proprietário da casa alugada, que ingressa na residência sem anuência do indivíduo). CRIME DOLOSO O agente deve ter a intenção de entrar na casa ou ali permanecer, contra a vontade de Morador. INEXISTE A MODALIDADE CULPOSA. CRIME MENOR potencial ofensivo, ainda que na forma qualificada - QUALIFICADORAS: EMPREGO DE ARMAS - Seja ela própria ou imprópria. A arma de brinquedo não qualifica o crime, bem como simulação de uso de arma; POR DUAS OU MAIS PESSOAS - O que dificulta a defesa da vítima para impedir a entrada ou permanência em seu domicílio. PENA: Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente a violência. INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO NORMA PENAL PERMISSIVA (PODE ENTRAR): Durante o dia - com observância das formalidades, para efetuar prisão ou outra diligência; A qualquer hora do dia ou da noite, no caso de flagrante. AUTORIZADOS Flagrante delito; Desastre (Ex.: explosão de botijão de gás); Prestar socorro ao morador (Ex.: enfarto ou queda); Durante o dia por determinação judicial (18 as 6 horas). COMPREENDE A EXPRESSÃO "CASA": NÃO COMPREENDE A EXPRESSÃO "CASA": HOSPEDARIA - Local destinado a receber hóspedes, (Hotel, Motel, etc). ESTALAGEM - Local também destinado a receber hóspedes, em menor proporção, como é o caso da pensão. 29 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO NÃO COMPREENDE A EXPRESSÃO "CASA": QUALQUER OUTRA HABITAÇÃO COLETIVA (Campina, etc); BARES E RESTAURANTES; CASA DE JOGOS E OUTRAS DO MESMO GÊNERO (Teatros e cinemas). DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO SIMPLES Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Objeto jurídico: Conforme a doutrina majoritária, os bens tutelados são a propriedade, a posse e a detenção legítimas. Objeto material: “Coisa alheia móvel”. “Móvel”: Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Logo, imóveis não são objetos de furto. SUJEITO PASSIVO - Proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos). Se o ladrão1 subtrai do ladrão2 objeto furtado por este, responde por algum crime, já que a posse do segundo é ilegítima? R.: Sim, responde normalmente por furto. Porém, o sujeito passivo não será o ladrão2, mas o proprietário legítimo do bem (lesado do crime de furto pelo ladrão1). SUJEITO ATIVO - Qualquer pessoa, menos o proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos), já que nestes casos faltaria a elementar “alheia”. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO SIMPLES Caso o proprietário de um bem subtraia coisa sua que esteja sob a legítima posse de terceiro, a exemplo de um bem que está empenhado por dívida, cometerá crime de furto? R.: Conforme a doutrina majoritária, NÃO. Justamente por ser coisa própria, faltando a elementar “alheia”. Pode ser caracterizado o crime previstono art. 346 do CP, qual seja, defraudação de penhor. Elemento subjetivo: Exige dolo genérico + dolo específico: Exige dolo genérico: furto é crime exclusivamente doloso. Exige dolo específico: para si ou para outrem “animus rem sibi habendi”, que é o dolo de assenhoramento definitivo da coisa. NÚCLEO DO TIPO: “subtrair” - Consiste na retirada da coisa com consequente diminuição patrimonial para o sujeito passivo. 30 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO NOTURNO DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO SIMPLES CONSUMAÇÃO: O furto se consuma com a inversão da posse do bem (STF-HC 114.329). Teoria da amotio: a consumação se dá quando há a inversão da posse, ou seja, quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, ainda que por uma brevidade de tempo. Não há necessidade de deslocamento da coisa, nem de que haja a posse mansa e pacífica do bem. TENTATIVA: É ADMISSÍVEL. FURTO DE USO São necessários os seguintes requisitos para ser enquadrado como furto de uso: ✓ Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída; ✓ Ausência do animus de assenhoramento. ✓Coisa não consumível (se for coisa consumível, nunca será possível restituir as mesmas coisas nos mesmos moldes ao sujeito passivo); ✓ Restituição imediata e integral à vítima. Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. § 1º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é praticado durante o repouso noturno. DURANTE O REPOUSO NOTURNO: Não há horário definido. Deve ser verificado o costume da localidade (“costume interpretativo”). Pode ser noite e não se verificar o repouso noturno. ex.: avenida movimentada de bares em SP às 23h: embora seja noite, não há repouso noturno. Nunca será durante o dia, mesmo que a vítima esteja dormindo. 1. 2. 3. Natureza jurídica: Causa de diminuição de pena. Requisitos: primariedade do agente + pequeno valor da coisa. Primariedade do agente: Pelas regras de reincidência do art. 62 a 65 do CP, é primário: Aquele que não apresenta condenação irrecorrível anterior; Aquele que, depois de 5 anos da extinção da pena a que foi condenado pela prática de outro delito, vier a cometer um furto. (Maus antecedentes). 31 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO NOTURNO FURTO PRIVILEGIADO: Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena: Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Pequeno valor: a jurisprudência tem admitido em casos que a coisa tem valor de até 1 salário mínimo. Furto privilegiado cometido durante o repouso noturno: o furto cometido durante o repouso noturno é causa de aumento de pena compatível com o privilégio. Furto privilegiado-qualificado: Súmula 511, STJ: No caso de crime de furto qualificado, tratando-se de réu primário, se o objeto subtraído for de pequeno valor e a qualificadora for de ordem objetiva, será permitido o reconhecimento de furto privilegiado. FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA: § 3º - é equiparada à coisa móvel a energia elétrica, ou ainda qualquer outra energia capaz de ter valor econômico. (“Gato”) x Estelionato para o consumo com fraude no medidor: No FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA, o agente não está autorizado a consumir a coisa – há uma ligação clandestina. No ESTELIONATO, o agente está autorizado a consumir a coisa, mas utiliza a fraude para que o medidor não mostre seu real consumo, para pagar menos. Furto Qualificado (art. 155, §4º, CP) - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; No rompimento o obstáculo é danificado, mas continua existindo. Na destruição o obstáculo desaparece. O rompimento deve ser sobre uma coisa exterior à coisa subtraída. 32 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO QUALIFICADO - ART. 155, §4º, O reconhecimento da qualificadora de rompimento de obstáculo exige a realização de exame pericial, o qual somente pode ser substituído por outros meios probatórios quando inexistirem vestígios. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; Abuso de confiança – única qualificadora de ordem subjetiva O agente tem uma relação especial de confiança com a vítima; O agente se aproveita dessa confiança para subtrair a coisa. FRAUDE MATERIAL Aqui o agente utiliza artifício. Ex.: O agente, em um restaurante, se utiliza de um falso uniforme de garçom para subtrair pertences da mesa de clientes. FRAUDE INTELECTUAL O agente utiliza-se de conversa enganosa, para enganar a vítima e subtrair seus bens. Ex.: Se o agente coloca um produto caro numa caixa de produtos baratos, enganando o caixa acerca do conteúdo que está levando. FURTO QUALIFICADO - ART. 155, §4º Mediante escalada – Aqui o sentido de “escalada” é o de transpor um difícil obstáculo. o furto qualificado pela escalada exige uma via de acesso anormal + esforço incomum. Mediante Destreza - Habilidade incomum que permite ao agente subtrair o bem que está junto ao corpo da vítima sem que esta note. Ex.: batedor de carteiras. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: Cometido com emprego de chave falsa; Qualquer instrumento, com ou sem a forma de chave, que se destine a abrir fechaduras (ex.: arame, grampo, prego, mixa, cópia da chave verdadeira, etc.). Cometido mediante concurso de duas ou mais pessoas; Para a doutrina majoritária, autores e partícipes são contabilizados, inclusive os inimputáveis. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa, se o crime é cometido: Com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum; (CRIME HEDIONDO) 33 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO QUALIFICADO - ART. 155, §4º, FURTO QUALIFICADO - ART. 155, §4º - B Trata-se de qualificadora de ordem objetiva, motivo pelo qual se comunica aos coautores e partícipes do crime (art. 30, CP). Com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum; (CRIME HEDIONDO) É imprescindível que o emprego do explosivo cause perigo comum, ou seja, deve haver o risco ou a probabilidade de dano à vida, à integridade física ou patrimônio de um número indeterminado de pessoas. Art. 155, §4-B: Furto mediante fraude cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático (Lei 14.155/2021). A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se: Se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análago. Exemplo: O agente invade o computador da vítima, lá instala um malware (programa malicioso), descobre sua senha e subtrai valores de sua conta bancária. O furto qualificado mediante fraude terá uma CAUSA DE AUMENTO de pena variável, a ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso: Aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; Aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso (igual ou superior a 60 anos) ou vulnerável (pessoa menor de 14 anos e pessoa sem discernimento causado por enfermidade ou deficiência mental). FURTO QUALIFICADO (§5º, §6º e §7º): A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, se: Se a subtração é de veículo automotor que venha a ser transportado para outroEstado ou para o exterior. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa, se: Se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 34 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO FURTO QUALIFICADO (§5º, §6º E §7º) ROUBO 1) Animal domesticável; 2) Destinado à reprodução; 3) Tem que estar vivo no momento da subtração (ainda que mate ou divida em partes no local da substração). SÃO REQUISITOS DA QUALIFICADORA: A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa, se: Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego ROUBO Art.157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência á pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Pena: Reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. ROUBO PRÓPRIO (CAPUT) VIOLÊNCIA PRÓPRIA - Subtrair, mediante grave ameaça ou violência: é a imposição de força física sobre o corpo da vítima, independentemente de dano. VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA - depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: qualquer outra forma que reduz a capacidade de resistência da vítima. Ex.: sonífero, etc. ROUBO PRÓPRIO (CAPUT) TENTATIVA - é cabível quando o agente emprega violência à pessoa ou grave ameaça mas, por circunstâncias alheias a sua vontade, não consegue se apoderar do bem. ROUBO IMPRÓPRIO - ART. 157, §1º, CP Art.157, CP - (...) - §1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. REQUISITOS: 1) A subtração acontece em momento anterior ao constrangimento (a subtração, em si, é feita sem violência ou grave ameaça); 2) Relação de imediatidade entre a subtração e o constrangimento; 3) Violência ou grave ameaça como meios executórios (Roubo impróprio só é admitido com violência própria); 4) Intenção especial de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa; 35 O ladrão deve permanecer com a vítima por tempo superior ao necessário para execução do roubo, seja para assegurar o objeto do roubo, seja para escapar da ação policial. Aqui a substância explosiva é o objeto material do crime de roubo. Ex.: sujeito que, mediante violência ou grave ameaça, subtrai uma banana de dinamite DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ROUBO IMPRÓPRIO - ART. 157, §1º, CP REQUISITOS: 5) segundo o STJ (REsp 1.025.162) não cabe tentativa, pois trata-se de crime unissubsistente. PRÓPRIO IMPRÓPRIO Utiliza a violência/grave ameaça antes ou durante a subtração do bem. Admite a violência imprópria (redução da capacidade de resistência da vítima) Utiliza a violência/grave ameaça após a subtração, com o objetivo de assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa.Não admite a violência imprópria, somente a violência própria. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade: 1/3 até a 1/2 Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego: ROUBO - CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca. Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou exterior. Se há concurso de duas ou mais pessoas: A causa de aumento será aplicada ainda que um dos indivíduos seja inimputável (pela menoridade ou outra circunstância) ou desconhecido. Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância: O transporte desses valores deve ser a serviço de alguém. Se a vítima estiver transportando seus próprios valores não se aplica. Além disto, “valores” não se refere exclusivamente a dinheiro. O STJ já reconheceu como transporte de grande quantidade de cosméticos, por exemplo. 36 DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAUSAS DE AUMENTO DE PENA - 2/3 Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo: Esta majorante se aplica unicamente a arma de fogo de uso permitido. Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum: Para incidir esta majorante a pessoa não deve estar armada, portando somente os artefatos explosivos, além disto, é imprescindível que do seu emprego cause perigo comum. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. CUIDADO, NÃO CONFUNDA! Hoje temos três hipóteses que devem ser diferenciadas: 1) Roubo praticado mediante o emprego de arma branca: causa de aumento de 1/3 a ½. 2) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso permitido: causa de aumento de pena de 2/3. 3) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: aplica- se em dobro a pena prevista no caput. EXTORSÃO Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. BEM JURÍDICO TUTELADO: Crime pluriofensivo: protege o patrimônio, a liberdade individual, além da integridade física. COMO IDENTIFICAR A EXTORSÃO? O agente depende da colaboração da vítima / o agente busca vantagem mediata. SUJEITOS DO CRIME: Sujeito ativo: crime comum. Sujeito passivo: A pessoa atingida pela violência ou grave ameaça; A pessoa que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo; A pessoa que suporta o prejuízo patrimonial. CONSUMAÇÃO: o crime se consuma no momento em que a vítima se sente constrangida a adotar o comportamento determinado pelo agente, ainda que ele não obtenha a vantagem econômica indevida. Tentativa: É cabível por tratar-se de crime plurissubsistente. 37 ATENÇÃO: TRATA-SE DE CRIME HEDIONDO. DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIODOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO EXTORSÃO CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: ATENÇÃO! Ao contrário do que acontece no roubo, aqui se ADMITE a aplicação das causas de aumento de pena à extorsão qualificada. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até 1/2 (metade). Cometido por duas ou mais pessoas: Computa-se o inimputável e eventuais agentes não identificados; A jurisprudência admite o concurso de crimes entre extorsão majorada pelo concurso de pessoas e corrupção de menores ou associação criminosa, por se tratarem de bens jurídicos distintos. Mediante o uso de arma: Engloba arma de fogo e arma branca; Lembrando que, quanto à arma de fogo, deve-se analisar a potencialidade lesiva. (ex.: arma desmuniciada e arma de brinquedo). EXTORSÃO EXTORSÃO QUALIFICADA PELA LESÃO CORPORAL GRAVE OU MORTE: § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §3º do artigo anterior. LOGO, se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, além da multa; Se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima - SEQUESTRO RELÂMPAGO §3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. Resultado Lesão Corporal grave: reclusão,