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Cromatografia líquida Você vai entender os princípios da cromatografia líquida, sua classificação, o uso do diagrama de blocos e as características principais de cada componente do sistema cromatográfico. Além disso, vai compreender a fase estacionária, os modos cromatográficos, os detectores convencionais e a espectrometria de massas. Profa. Monica Padilha 1. Itens iniciais Propósito A cromatografia líquida (CL) é a técnica mais utilizada na indústria farmacêutica para o desenvolvimento e controle de qualidade de fármacos. Para obter sucesso na operação de um equipamento e no desenvolvimento ou na otimização de um método analítico, é indispensável que os profissionais atuantes na área conheçam os princípios da técnica, assim como os fundamentos que sustentam a separação por CL. Objetivos Reconhecer as diferenças entre CL, CLAE e CLUE, além da função dos principais componentes dos equipamentos. Identificar as características da fase estacionária, os principais modos cromatográficos e os métodos de detecção utilizados. Introdução Você já ouviu falar em cromatografia? Você, como farmacêutico, certamente, vai se deparar com essa técnica em algum momento de sua carreira. Aqui, vamos aprender a reconhecer as diferenças entre as cromatografias clássica, de alta e de ultra eficiência, além de vermos quais são os componentes principais desses equipamentos e a função de cada um deles. Vamos ainda identificar as características principais da fase estacionária, os modos cromatográficos existentes, como a cromatografia por exclusão e a troca iônica. Por último, trataremos dos detectores, que são mais utilizados na cromatografia líquida, e de suas características. A cromatografia é a técnica analítica mais utilizada na indústria farmacêutica, além de ser utilizada em diversos outros setores, como pesquisa, indústria petroquímica, alimentos, ambiental e outras. Vamos aprender sobre essa técnica! • • Mikhail Semenovich Tswett. Cromatografia líquida em coluna no laboratório. 1. Princípios e instrumentação da CLAE Entendendo a cromatografia líquida Evolução da cromatografia líquida A cromatografia líquida (CL) é uma técnica cromatográfica em que a fase móvel (FM) é um líquido e a fase estacionária (FE) é um sólido ou um líquido retido sobre um sólido. Na CL, o analito interage com a FM e com a FE. Para a análise por CL, a amostra deve ser solúvel na FM. A separação ocorre devido a diferentes interações do analito com a FM e a FE. A cromatografia líquida (CL) foi inicialmente descrita pelo botânico russo Mikhail Semenovich Tswett, que, no início do século XX, separou pigmentos coloridos presentes em extratos de folhas verdes de plantas utilizando um tubo de vidro preenchido com carbonato de cálcio. Tswett, apesar da existência de outros relatos na mesma época, foi o primeiro a compreender e interpretar o processo cromatográfico, sendo considerado o pai da cromatografia moderna. Décadas depois dos trabalhos de Tswett, enormes avanços foram concretizados, possibilitando a evolução da cromatografia líquida para uma técnica com maior eficiência, a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE, em inglês, high performance liquid chromatography, HPLC) e, posteriormente, com a redução do tamanho da partícula de fase estacionária, a cromatografia líquida de ultra eficiência (CLUE, em inglês, ultra high performance liquid chromatography, UHPLC). Na cromatografia líquida clássica, praticada até o início da década de 1970, a coluna cromatográfica era um tubo de vidro aberto, recheado com material adsorvente. Trabalhavam a pressões ambientes ou baixas pressões. As dimensões da coluna dependiam da quantidade de amostra utilizada. Após a ativação do material adsorvente, ou seja, a estabilização da coluna com a passagem da fase móvel (FM) com fluxo constante, a amostra era aplicada cuidadosamente no topo da coluna. As frações eluídas são coletadas manualmente, em intervalos de tempo pré- determinados. A detecção em cada fração coletada é feita por técnicas auxiliares, como a espectrofotometria ou a gravimetria, entre outras. Para compreender melhor a cromatografia clássica, confira a imagem! Cromatografia líquida clássica. A principal diferença entre a CLC e a CLAE está no diâmetro das partículas do material adsorvente. Compare e entenda! Com as dimensões reduzidas das partículas de fase estacionária em CLAE, apenas o uso da pressão atmosférica é insuficiente para promover o deslocamento da fase móvel utilizada no sistema. Por isso, nessa técnica, há a necessidade da utilização de bombas cromatográficas para a eluição da fase móvel, atingindo pressões muito superiores à pressão atmosférica. Consequentemente, a instrumentação de um cromatógrafo líquido de alta eficiência foi desenvolvida para permitir mais eficiência da técnica beneficiando resolução, quantificação, detecção e sensibilidade, com redução no tempo de análise. Comentário Com a evolução na tecnologia de confecção de novas fases estacionárias com partículas porosas, esféricas e de diâmetros reduzidos, ocorrida a partir dos anos 1960, a CLAE é novamente impulsionada na busca de aumentar sua capacidade de separação e poder de resolução. Posteriores avanços nessa técnica foram impulsionados pelo desenvolvimento contínuo de novas partículas de FE, capazes de gerar colunas mais seletivas e estáveis, tanto química quanto mecanicamente – objetivo que é perseguido até os dias atuais. Com a redução do tamanho das partículas de FE, a pressão requerida para impulsionar a FM pelo sistema era muito superior às pressões de trabalho compatíveis com os sistemas de CLAE, ou seja, pressões na faixa de 5000 PSI. PSI É uma medida de pressão, assim como atm. 1 PSI equivale à aproximadamente 0,068 atm. Nesse momento, houve uma corrida por parte das empresas de instrumentação analítica que buscavam desenvolver bombas capazes de trabalhar com pressões ainda maiores, até cerca de 15.000 PSI, dando CLC Inicialmente, utilizava partículas irregulares, com diâmetros variáveis, de 40 a 50 µm, enquanto hoje se utilizam partículas menores, na faixa de 30 a 40 µm. CLAE Atualmente, utiliza micropartículas com diâmetros de 3; 5 ou 10 µm, preferencialmente esféricas. origem à cromatografia líquida de ultraeficiência (CLUE, em inglês, ultra performance liquid chromatography, UPLC). Por volta dos anos 2000, análises por CLAE, com colunas de partículas esféricas porosas de 2,5 , geravam cerca de 1600 pratos teóricos por centímetro de comprimento. Poucos anos depois do estabelecimento de partículas de 2,5 , foram desenvolvidas partículas esféricas porosas de . A utilização de partículas de 1,7 , com o consequente aumento de pressão no sistema, garante maior capacidade de resolução e eficiência, além de proporcionar análises mais rápidas, sendo possível diminuir o tamanho das colunas. As colunas com diâmetros de partículas inferiores a só podem ser utilizadas em sistema CLUE. A imagem a seguir apresenta uma comparação hipotética entre cromatogramas obtidos com CL, CLAE e CLUE, evidenciando a diferença na quantidade de amostra, no tamanho de partícula de FE, na eficiência cromatográfica, no tempo de análise e na pressão do sistema. Confira! Cromatogramas hipotéticos obtidos por CL, CLAE e CLUE. Na sequência, vamos entender como a separação cromatográfica ocorre. Princípios da separação cromatográfica A separação cromatográfica é baseada na migração diferencial e nos processos de alargamento de banda. A migração diferencial é resultado das diferentes interações do analito e demais componentes de uma amostra com a FM e a FE. A migração diferencial é dependente de dois fatores, e as modificações em algum desses fatores leva a mudanças na seletividade dos processos cromatográficos. Veja quais são esses fatores! Natureza das fases Móvel e estacionária. Temperatura da coluna Do forno da coluna. Os processos de alargamento de banda, presentes na CLAE, ocorrem devido aos processos de difusão por turbilhonamento, difusão longitudinal Detector seletivo: absorbância no UV-VIS IR UV VIS Detectores universais Detector de índice de refração Espectrometria de massas: modos de aquisição Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Verificando o aprendizado 2. Seleção de colunas e métodos de detecção Fase estacionária Conteúdo interativo Dica Comentário Óxidos metálicos Alumina Titânia Zircônia Fases estacionárias com polímeros imobilizados Coluna: o coração do sistema cromatográfico Conteúdo interativo Atenção Atenção Modos cromatográficos: fases reversa e normal Cromatografia de fase reversa Cromatografia de fase normal Modos cromatográficos: fases reversa e normal Conteúdo interativo Modos cromatográficos: troca iônica e exclusão Conteúdo interativo Cromatografia de troca iônica Atenção Cromatografia de exclusão (CE) Comentário Modos cromatográficos: interação hidrofílica e quiral Conteúdo interativo Cromatografia de interação hidrofílica Comentário Cromatografia quiral Atenção Verificando o aprendizado 3. Conclusão Considerações finais Explore + Referências e transferência de massa do analito entre FM e FE. A retenção do analito na fase estacionária pode ser explicada por um processo de competição ou pela interação. Entenda! Em ambos os modelos, a interação do soluto com a FE é constante e a retenção é diretamente dependente da composição da FM. Portanto, na CLAE, a retenção depende das afinidades entre soluto e FM, soluto e FE, e FM e FE. As forças intermoleculares regem as associações do soluto com FM e FE. As interações que mais refletem o que acontece na CLAE são as ligações de hidrogênio, a força de Van der Waals, as atrações eletrostáticas e as interações por elétrons π e hidrofóbicas. A FE utilizada na CL pode ser sólida ou líquida, e o modo de interação entre a FE e o analito pode ser classificado da seguinte forma: Adsorção Em se tratando de FE sólida. Partição Em se tratando de FE líquida. É importante ressaltar que algumas separações utilizam simultaneamente os dois modos de interação. Quando a interação do analito com a FE sólida ocorre na superfície, o processo é denominado adsorção; quando o analito se difunde no interior da FE líquida, o processo é denominado partição. O que é e para que serve a cromatografia líquida? Confira, neste vídeo, a evolução da cromatografia líquida e as diferenças entre a cromatografia clássica, líquida de alta eficiência e líquida de ultra eficiência, assim como suas vantagens e desvantagens. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Componentes da CLAE: sistema e fase móvel Confira, neste vídeo, quais são os componentes da CLAE e as características da fase móvel. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. O sistema O diagrama de blocos de um cromatógrafo líquido de alta eficiência é constituído por reservatório de fase móvel, bomba, injetor, forno para coluna, coluna, detector e um sistema informatizado de registro e controle. Na competição O soluto disputa com a FM pelos sítios de interação (afinidade) na FE, e não há, portanto, interação entre analito e FM. Na interação A FM é depositada sobre a FE e o soluto interage com o filme líquido de FM sobre a superfície da FE. Nesse caso, a retenção depende de interações da FM com a FE. Existem sistemas mais completos, com módulos auxiliares, cujo objetivo é aumentar a praticidade e o rendimento de obtenção de resultados. Os módulos auxiliares são gabinete e recipiente para solvente, desgaseificador em linha, injetor automático, coletor de fração, sistema automático de preparação e tratamento de amostra, e sistema de controle, aquisição e manipulação de dados (computador). Confira! Reservatório de FM. Bomba. Injetor. Coluna. Detector. Sistema de registro e controle. Fase móvel O reservatório de FM é um frasco de vidro borossilicato (garrafa), graduado com capacidade variável, podendo chegar a 4 litros, que fica disposto em um gabinete localizado na parte superior do equipamento. Esse frasco possui um sistema de rosca com anel antigota em polipropileno e diâmetro de boca de 45 mm. É comum que o gabinete tenha capacidade para quatro frascos, que são preenchidos por um líquido ou por uma mistura de líquidos (geralmente, solventes orgânicos, água ultrapurificada e/ou solução-tampão). Módulo de reservatório de FM e garrafas de FM em destaque. Esses frascos alimentam, cada um, uma tubulação de polipropileno que conduz o líquido existente dentro do frasco para a bomba presente no cromatógrafo (pelas linhas independentes de alimentação denominadas A, B, C e D). O líquido contido na garrafa poderá ser um dos componentes da fase móvel ou a própria FM. O solvente que compõe a fase móvel deve possuir pureza adequada e deve estar livre de material particulado ou bolhas de ar. Em CLAE, é obrigatório o uso de solventes orgânicos com grau de pureza compatível com o detector utilizado. Para detectores convencionais, utiliza-se o solvente grau HPLC. A água utilizada para compor a fase móvel também deve ser água ultrapurificada, água do tipo I. Tanto o solvente orgânico quanto a água devem ser filtrados adequadamente e suas misturas desgaseificadas antes do uso. A fase móvel deve ser desgaseificada para evitar a formação de bolhas de ar quando são utilizadas mistura de água ultrapura com solvente orgânico. A desgaseificação pode ser feita fora de linha (off-line) em ultrassom por aproximadamente 15 minutos, ou em linha (on-line) por aspersão de um gás inerte, geralmente hélio, ou por sistema de desgaseificação integrado. Em geral, as fases aquosas, compostas por água ultrapurificada ou solução-tampão, são filtradas em sistemas apropriados, com membranas de nylon ou de acetato de celulose. Os solventes orgânicos são filtrados com membranas de Teflon hidrofóbico ou de celulose. Para evitar que materiais particulados entrem no sistema, são usadas membranas para filtração. Os diâmetros dos poros das membranas mais utilizadas são de 0,22 ou . Confira na imagem o sistema para filtração de FM e o filtro que deve ser colocado. Sistema para filtração de FM. O filtro específico deve ser colocado na parte superior do funil antes da montagem do sistema. A fase móvel é impulsionada pela ação de uma bomba cromatográfica, que impulsiona o líquido através de um fluxo constante. Dentro da garrafa de solvente existe um filtro na entrada da linha de condução. Esses filtros podem ser de aço inox 316 e de polietileno de alta densidade. Eles devem ser lavados sempre que houver troca de solventes ou de soluções em uma mesma garrafa de fase móvel ou quando for possível perceber a formação de bolhas a partir desse filtro. Na CLAE, um tópico que merece atenção é a fase móvel. Você sabia que o sucesso ou o fracasso da sua análise pode estar diretamente relacionado ao modo com que você prepara a fase móvel? A qualidade da fase móvel, a preparação, o uso e a conservação são de fundamental importância para o sucesso da análise. A presença de partículas, microrganismos (fungos) ou gases dissolvidos interferem direta ou indiretamente na limpeza e permeabilidade dos filtros do sistema, na vida útil das colunas principais e das colunas de guarda e na resposta e no desempenho dos detectores. Atenção É preciso ter bastante cuidado ao realizar o preparo de fases móveis compostas pelas misturas metanol e água ou acetonitrila e água. A mistura metanol/água é exotérmica e, portanto, ocorrerá o aquecimento da solução, com contração do volume total da mistura e formação de bolhas. Essa mistura deve passar por desgaseificação e só deve ser colocada no equipamento quando atingir a temperatura ambiente. Se formos preparar uma fase móvel contendo acetonitrila e água, ocorrerá a expansão do volume total e resfriamento da solução, por tratar-se de uma mistura endotérmica. Nesse caso, também é indispensável a retirada das bolhas e o uso da solução apenas é permitido após atingir a temperatura ambiente. Uma importante prática que deve ser adotada em relação aos reservatórios de solvente do CLAE é a rotulagem. A etiqueta dos frascos deve conter informações detalhadas sobre a composição da FM, o valor de pH (quando aplicável), a data de preparação, o prazo de validade e o nome do responsável pelo preparo. Componente: bomba Confira, neste vídeo, a importância da bomba para o sistema cromatográfico. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Você sabia que o preço do equipamento é muito influenciado pelo tipo de bomba? Pois bem, a bomba é o componente do equipamento responsável por impulsionar a fase móvel para o sistema. Ela deve ter precisão e exatidão que garantam a confiabilidade do fluxo cromatográfico, normalmente no intervalo de a , sendo usual . As bombas para CLAE utilizam tubulações de aço inox, poli(éter-éter-cetona) (em inglês polyether ether ketone, PEEK) ou titânio para suportar as altas pressões do sistema. As bombas podem ser dos tipos seringa ou recíproca, de pistão simples ou de pistão duplo, confira! Bombas tipo seringa São bombas com ausência de pulso e deslocamento contínuo do fluxo, com capacidade de até 500 mL. Elas são pouco utilizadas, pois a bomba deve ser desligada para acréscimo ou troca de solvente para a fase móvel, e o retorno para as condições iniciais de fluxo é lento. Além disso, não permite gradiente. Bombas recíprocas São as bombas mais utilizadas em CLAE, também conhecidas como bombas de pistão reciprocante. O pistão, movido por um motor, é responsável pelo movimento de aspirar a fase móvel da garrafa de solvente para sua câmara e empurrar o conteúdo dessa câmara em direção à coluna. Esse movimento cíclico gera fluxo pulsante, que é eliminado pelo sistema de amortecimento de pulso ou dois pistões sincronizados para aspirar e empurrar o fluxo, minimizando o pulso proveniente desse movimento. O espaço entre a parede da câmara e o pistão é vedado pelo selo do pistão. Na entrada e na saída da câmara, há duas esferas, que estão contidas nas válvulas de retenção (check valves). Cada pistão possui duas check valves que permitem a passagem do fluxo em um só sentido, direcionando a entrada ou a saída da FM da câmara. Normalmente, os pistões e as check valves são de safira, inertes à fase móvel utilizada. Para entender melhor o sistema de bomba recíproca, observe as imagens a seguir. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ver mais detalhes da imagem abaixo. Sistema contendo amortecimento de pulso. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ver mais detalhes da imagem abaixo. Sistema com dois pistões sincronizados. Bombeamento isocrático ou por gradiente As bombas podem operar no modo isocrático ou gradiente. O modo de operação está relacionado à mudança na composição da fase móvel ou do fluxo durante a corrida cromatográfica. No modo isocrático, não existe mudança durante a corrida cromatográfica. No modo gradiente, ocorre variação da composição da fase móvel ao longo da corrida. Atenção Geralmente, o modo gradiente é utilizado na busca de separação de diversas substâncias em uma mistura complexa. Nesse caso, como ocorre variação da polaridade da FM ao longo do tempo, a possibilidade de obtenção de resolução adequada para uma abordagem qualitativa e quantitativa aumenta também. É importante ressaltar que, após a corrida, a condição inicial da análise é reestabelecida, e é necessário um tempo para estabilização entre uma corrida e outra. O modo isocrático é mais vantajoso para análises de rotina, por não ser necessário condicionar a coluna entre as injeções das diversas amostras. Entretanto, em 90% dos casos envolvendo misturas complexas a separação das substâncias não ocorre com resolução adequada, não sendo possível sua utilização. A imagem a seguir mostra a aplicação de um gradiente para efetuar a adequada separação de uma mistura contendo cinco componentes. Antes de avançarmos, observe os três cromatogramas a seguir! Cromatograma A - Simulação de cromatogramas da mesma amostra em modo isocrático e gradiente. Cromatograma B - Simulação de cromatogramas da mesma amostra em modo isocrático e gradiente. Cromatograma C - Simulação de cromatogramas da mesma amostra em modo isocrático e gradiente. No cromatograma (a), a separação foi feita no modo isocrático com a fase móvel composta por 70% de solvente forte B, e é possível observar que há coeluição e tempos de retenção baixos nos quatro primeiros picos. Para aprimorar a resolução e prolongar os tempos de retenção, pode ser necessário reduzir a concentração do solvente mais forte na fase móvel. Solvente forte O termo solvente forte refere-se ao solvente com maior força de eluição. No cromatograma (b), então, foi utilizado modo isocrático com 30% de B, e é possível observar que a resolução entre os primeiros picos melhorou. Entretanto, o pico 5 apresentou um tempo de retenção elevado, prejudicando o formato do pico e aumentando significativamente o tempo de análise. Esse acréscimo no tempo de retenção resultou em um sinal de base mais alargado, com perda de simetria e sensibilidade. Nesse contexto, uma alternativa apropriada para alcançar a separação eficaz de todos os componentes da mistura no menor tempo de análise possível seria manter a proporção de 30% de B até antes da eluição do quarto componente, e gradualmente, variar a proporção de B até atingir 70% de B, condição na qual o último pico é eluído mais rapidamente da coluna (c). Nesse caso, a amostra foi eluída com FM contendo 30% de B por 8 minutos e, em seguida, houve um aumento na concentração de 10% de B por minuto na FM até que a concentração de 70% fosse obtida e mantida por 3 minutos para obtenção de um cromatograma com boa resolução e baixo tempo de retenção. Você imagina o que uma simples bolha de ar pode causar ao CLAE? Em CLAE, uma bolha de ar ou um contaminante do solvente podem gerar picos inesperados no cromatograma, denominados picos espúrios. Gradientes de baixa pressão favorecem a formação de bolhas de ar durante a mistura de solventes da FM, principalmente em misturas exotérmicas, como a mistura água- metanol. A formação das bolhas causa aumento de ruído e perdas de sensibilidade e de repetitividade, além de poderem ser responsáveis pela formação de caminhos preferenciais na fase estacionária. Gradientes de baixa pressão O emprego de uma única bomba restringe a aplicação do gradiente de baixa pressão, no qual a combinação de um ou mais solventes provenientes dos recipientes das garrafas de fase móvel é realizada no compartimento de mistura (misturador ou mixer) localizado antes da bomba. Componentes: injetor, forno, detector e coletor de fração Injetor Os sistemas de injeção, manual ou automático, têm como objetivo a introdução da amostra na coluna. Quanto mais larga for a banda inicial de amostra, quando introduzida na coluna, mais largo será o pico dos compostos separados no final da coluna, prejudicando a eficiência da separação cromatográfica. Para proceder com a injeção manual, utilizam-se válvulas de injeção, conhecidas como válvulas de seis vias. Esses injetores possuem volume de injeção fixados pelo volume da alça de amostragem (loop) utilizada, que pode ser instalada e removida com facilidade e rapidez, de modo que o volume de amostra introduzida na coluna possa ser trocado de uma análise para outra. O loop usualmente é feito de um tubo de aço inoxidável, mas com diâmetro interno um pouco maior dos empregados nas conexões do equipamento. A alça de amostragem tem volume conhecido e é conectada externamente à válvula de injeção. Em escala analítica, esses volumes variam normalmente de 5 a 50 µL. São utilizadas seringas de injeção com agulhas obrigatoriamente de ponta reta para evitar danos ao selo do injetor (rotor seal). As seringas devem ter o volume maior que o volume do loop utilizado na análise, para que, no momento da injeção, se garanta que todo o loop será rinçado e preenchido com o material a ser injetado. Confira esses dispositivos nas imagens! Válvula de injeção . Alguns modelos de loop (volumes diferentes). Válvula de seis vias abertas e rotor seal. No momento da mudança da posição do braço da válvula para injeção (inject), ocorre a injeção de fato, com o deslocamento do fluxo da fase móvel em direção à alça e o direcionamento de seu conteúdo para a coluna. Atenção O ato de mover o braço da válvula da posição load para a posição inject deve ser realizado com a agulha da seringa inserida na válvula e em um movimento contínuo. O giro da válvula deflagra o início da contagem de tempo da análise e a aquisição dos sinais vindos do detector para a composição do cromatograma. Confira nas imagens a seguir a seringa de CLAE, com ponta reta e a seringa na válcula de injeção manual! Seringa de CLAE, com ponta reta. Seringa na válvula de injeção manual. Os injetores automáticos dos sistemas de CLAE são módulos confeccionados para armazenar uma ou mais bandejas com capacidade de cerca de 100 amostras condicionadas em vials (frascos de injeção), com capacidade de 2 mL. Confira nas imagens! Módulo de um injetor automático. Diferentes modelos de vials de 2 mL. Forno É um módulo que não é essencial ao funcionamento do CLAE. Sua função é armazenar a coluna de modo a manter a temperatura dela estável, o que reflete no aumento da repetitividade das análises. Confira o módulo do forno fechado e aberto com as colunas! Módulo do forno fechado. Módulo do forno aberto. A completa solubilização da amostra na fase móvel é um importante fator em CLAE. Geralmente, os fornos cromatográficos variam desde a temperatura ambiente até aproximadamente 60ºC. O aumento de temperatura diminui a viscosidade da fase móvel, diminuindo ligeiramente a pressão do sistema e o tempo de retenção dos picos cromatográficos, podendo alterar a seletividade da análise. Detectores São responsáveis pela análise qualitativa e quantitativa da amostra e devem ser compatíveis com as características físico-químicas do analito. Os detectores em CLAE são classificados em dois tipos: Detectores seletivos São utilizados de acordo com as características da amostra. Detectores universais Não dependem da natureza da amostra. Para uma melhor compreensão, podemos definir os detectores universais como aqueles que respondem a qualquer composto da amostra que não seja a fase móvel, como o índice de refração, ou o espectrômetro de massas, no modo varredura linear ou SCAN. Em relação aos detectores seletivos, devemos considerar aqueles que respondem a um grupo de componentes presentes no efluente da coluna, como o de absorbância no UV-VIS ou o espectrômetro de massas no modo monitoramento de íons selecionados ou monitoramento de reações múltiplas. Coletor de fração Permitem o direcionamento do fluxo de saída do detector para tubos de armazenamento. Essa coleta é feita em intervalos de tempo estipulados pelo analista. Confira! Exemplo de coletor de fração. Componentes: injetor, forno, detector e coletor de fração Acompanhe, neste vídeo, as etapas importantes na análise cromatográfica. Vale conferir! Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Sistemas de detecção: detectores seletivos e universais Conheça, neste vídeo, os fatores que influenciam a detecção de substâncias separadas por cromatografia. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Detectores mais utilizados São os responsáveis pela identificação e quantificação de um ou mais analitos em misturas complexas. Espera-se que os sistemas de detecção apresentem sensibilidade, seletividade, exatidão, precisão, faixa linear e custo. Os principais detectores utilizados em CLAE são: Absorbância no UV-VIS Índice de refração Fluorescência Espalhamento de luz por evaporação Infravermelho Eletroquímica Espectrometria de massas Ressonância magnética nuclear Abordaremos em detalhes os detectores de absorbância no UV-VIS e o índice de refração. Detector seletivo: absorbância no UV-VIS • • • • • • • • Trata-se de um espectrofotômetro UV-VIS, com uma célula de fluxo, acoplado ao cromatógrafo. O analito na célula de detecção fica exposto à radiação eletromagnética em comprimentos de onda pré-determinados. Caso seja utilizado detector de comprimento de onda fixo, deve-se optar pelo uso do comprimento de onda de máxima absorção por parte do analito, para se trabalhar com a maior sensibilidade possível, fundamental na análise quantitativa. Dessa forma, este tipo de detector é seletivo para moléculas contendo grupamentos cromóforos. Um cromóforo é definido como um sistema que contém os elétrons responsáveis pela absorção da radiação. As substâncias que apresentam absorção adequada no UV são todas as que possuem uma ou mais ligações duplas (elétrons π), assim como as que possuem elétrons não compartilhados ou não ligados, como as olefinas, os compostos aromáticos e os compostos contendo grupos como =C=O; =C=S; -N=O; -N=N- e outros. A absortividade aumenta com o aumento da insaturação e com a conjugação. As três regiões mais importantes do espectro eletromagnético para uso na análise de compostos orgânicos são as seguintes: IR Infravermelho. UV Ultravioleta. VIS Visível. O uso do infravermelho para detecção em CL tem sido bastante limitado porque a maioria dos solventes empregados como fase móvel apresentam várias bandas de absorção nessa região, interferindo na análise. A flexibilidade da escolha do solvente na região ultravioleta (UV) e visível (VIS) é muito maior, tornando a região de maior interesse em CL. A tabela a seguir contém uma relação dos solventes mais empregados como fase móvel em CL e o comprimento de onda máximo que deve ser empregado (comprimento de onda de corte). A partir desse valor, o solvente apresenta absorção nessa região do espectro, o que pode comprometer a análise. Confira! Solvente Comprimento de onda (nm) Água 190 Acetonitrila 200 Acetona 330 Benzeno 278 Tetracloreto de carbono 263 Clorofórmio 245 Ciclohexano 200 Ciclopentano 200 Acetato de etila 256 Hexano 200 Metanol 205 Solvente Comprimento de onda (nm) Pentano 200 Tetraidrofurano 212 Tolueno 284 Tabela: Comprimentos de onda de corte para solventes utilizados em CLAE. Monica Padilha Os espectrofotômetros de comprimento de onda variável utilizam lâmpadas de emissão contínua, com monocromadores que determinam o comprimento de onda incidente na amostra. Assim, podemos utilizar o comprimento de onda mais adequado para a análise. As lâmpadas mais comuns são as de deutério, que emitem, na região do ultravioleta, de 190 a 380 nm e de tungstênio, que emitem, na região do visível, de 380 a 780nm. Alguns desses sistemas de detecção permitem a coleta de dados em até quatro canais, ou seja, permitem a aquisição de dados para a geração de até quatro cromatogramas da análise em comprimentos de onda diferentes. A imagem a seguir mostra o perfil cromatográfico de uma amostra que teve o adoçante sacarina identificado pelo detector UV-Vis. Perfil cromatográfico de uma amostra de refrigerante diet de limão, com ênfase na identificação espectral detalhada do adoçante sacarina no espectro. Os detectores com arranjo de diodos (DAD, em inglês, diode array detector) são espectrofotômetros que fornecem a curva espectral de cada ponto do cromatograma, dentro da faixa de emissão da lâmpada, além dos cromatogramas obtidos em todo o intervalo selecionado pelo analista. Detectores universais Detector de índice de refração Trata-se de um detector universal. O índice de refração é uma característica física definida de determinado composto, e a escolha do eluente com índice de refração diferente dos compostos a serem analisados faz com que qualquer composto possa ser avaliado com esse detector. Lembre-se que refração é a mudança na direção de uma onda de um feixe luminoso ao atravessar a fronteira entre dois meios com diferentes índices de refração. O detector de índice de refração é composto por uma célula de vidro dividida em duas câmaras, de amostra e de referência. O fluxo de fase móvel que sai da coluna de CLAE passa através da câmara de amostra, enquanto a câmara de referência é preenchida apenas com fase móvel. Quando o eluente que passa pela célula de amostra não contiver o analito, o conteúdo das duas câmaras é o mesmo. Nessa situação, quando um feixe de luz incide sobre as câmaras, o feixe observado não sofre desvio. Quando o eluente contiver quaisquer componentes diferentes dos da fase móvel, ocorrerá um desvio do feixe devido à diferença nos índices de refração nos dois líquidos e o sinal do fotodiodo duplo será desbalanceado. A partir da medida dessa diferença entre os dois detectores, identifica-se a presença dos componentes de uma amostra. Como a detecção é obtida pela comparação entre as câmaras de amostra e referência, só é possível utilizar esse detector no modo isocrático. Confira as imagens! Exemplo de detector de IR. Esquema da célula de detecção. Por ser um detector universal, a grande vantagem do detector de índice de refração reside no fato de que responde a todos os solutos. No entanto, essa característica é contrabalançada por ele ser pouco sensível, além da necessidade de reequilibrar o detector cada vez que se produz uma pequena mudança na composição da fase móvel. Essa é uma grande limitação desse detector, uma vez que impossibilita seu uso com gradiente de eluição, onde a composição da fase móvel muda durante a análise para efetuar a separação. Espectrometria de massas: modos de aquisição Atualmente, o mais importante e versátil detector para a análise de traços (concentrações na faixa de e ) de compostos orgânicos em misturas complexas é o espectrômetro de massas (EM). O acoplamento da CL com o espectrômetro de massas com fonte de ionização do tipo electrospray (ESI) possibilita a análise de uma série de compostos que até então estavam sendo negligenciados por falta de capacidade analítica. Trata-se de compostos polares e com mais que de massa molecular. O dalton (símbolo: Da) é uma unidade de medida de massa utilizada em bioquímica e física molecular para expressar massas atômicas e moleculares em uma escala mais conveniente. O dalton é equivalente a 1/12 da massa de um átomo de carbono-12, que é usado como padrão. É um detector universal que fornece a massa molar dos analitos e permite a elucidação estrutural das substâncias. É um detector destrutivo, não sendo permitido coletar os analitos após a detecção. O espectrômetro de massas também pode ser usado como um detector seletivo e específico, fixando-se o monitoramento de um íon molecular ou de fragmentos específicos do analito. A imagem a seguir apresenta um sistema de CLAE acoplado a um detector de massas em série. Observe! Cromatógrafo líquido acoplado a espectrômetro de massas. Na CLAE/EM, ocorre a ionização dentro da fonte de íons, que, após serem gerados, são direcionados ao analisador de massas. Na sequência, confira as próximas etapas do processo. 1 Etapa 1 Uma vez no analisador de massas, os íons são separados com auxílio de diferentes campos (elétricos, magnéticos ou uma combinação de ambos), de acordo com a relação entre a massa da espécie e sua respectiva carga elétrica (relação massa/carga ou ). 2 Etapa 2 Do analisador de massas, os íons são direcionados para um detector, geralmente um multiplicador de elétrons, o qual gera uma corrente elétrica que será analisada por um software. 3 Etapa 3 O software produzirá em seguida um gráfico da razão contra a abundância do fragmento, gerando o que conhecemos como espectro de massas. Se a análise for em série, como ocorre no triplo quadrupolo, é incluída uma nova etapa de fragmentação do íon precursor e separação dos íons produtos, antes da chegada do íon precursor ao multiplicador de elétrons. Nessa configuração, o espectrômetro de massas funciona como um detector específico, monitorando apenas as transições formadas a partir da fragmentação do íon precursor, gerando íons produtos, o que se denomina monitoramento de reações múltiplas (MRM). A ESI ocorre à pressão ambiente, e é extremamente suave, gerando íons intactos, denominados íons pseudomoleculares ( ou ). Há também a possibilidade de formação de adutos, associações entre os íons moleculares e espécies iônicas, como , e , provenientes de modificadores adicionados à fase móvel. Verificando o aprendizado Questão 1 A cromatografia líquida é uma técnica analítica amplamente utilizada para separar, identificar e quantificar componentes presentes em uma mistura líquida. Essa técnica é especialmente valiosa em química analítica, bioquímica, farmacologia e em muitos outros campos. Com relação à cromatografia líquida, assinale a opção correta. A O poder de resolução da técnica cromatográfica aumenta quanto menor as partículas da fase estacionária e maior a pressão no sistema. B A cromatografia líquida de alta eficiência tem maior poder de resolução que a cromatografia líquida de ultraeficiência. C O controle da temperatura do forno, é fundamental nas separações com o uso dessa técnica. D A cromatografia líquida de ultraeficiência apresenta baixa resolução. E A cromatografia líquida de alta eficiência apresenta separações rápidas e com baixo poder de resolução. A alternativa A está correta. Na cromatografia líquida, o poder de resolução é influenciado positivamente pela diminuição do tamanho das partículas da fase estacionária e pelo aumento da pressão no sistema. Partículas menores proporcionam maior área superficial para interação, enquanto a pressão elevada favorece uma separação mais eficiente e rápida dos analitos. Questão 2 Um ponto importante para garantir o sucesso da análise por cromatografia líquida é o preparo da fase móvel. Para garantir que ela esteja adequada para uso, é correto afirmar que A a fase móvel pode ser preparada com solvente grau analítico quando se utiliza cromatografia no modo normal. B a fase móvel deve ser filtrada, deve estar livre de bolhas ou partículas em suspensão e deve ser preparada com solvente de pureza adequada. C a fase móvel não precisa ser filtrada se for preparada com água ultrapura. D a fase móvel pode apresentar bolhas se for utilizado o modo gel exclusão. E a fase móvel pode conter partículas em suspensão, pois o filtro inserido dentro do recipiente de solvente não deixa que essas partículas entupam a coluna. A alternativa B está correta. A fase móvel, independentemente do modo cromatográfico que esteja sendo utilizado, deve ser sempre filtrada, não pode conter qualquer tipo de partícula em suspensão e deve ser preparada com solvente grau HPLC ou de pureza superior. A adoção de práticas diferentes dessas, podem comprometer o bom funcionamento do equipamento, além de danificá-lo. 2. Seleção de colunas e métodos de detecção Fase estacionária Acompanhe, neste vídeo, a composição da fase estacionária e as suas principais características. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. É constante o investimento em tecnologia voltada ao desenvolvimento de colunas para CLAE e CLUE com maior poder de separação e menor tempo de análise. O material mais utilizado no desenvolvimento de novas partículas de FE é a sílica, devido principalmente à estabilidade química e térmica, à alta pureza e à porosidade. Podemos descrever a sílica gel como um polímero inorgânico, em que átomos de silício são conectados entre si por átomos de oxigênio, formando grupos siloxanos (O-Si-O) em seu interior, em um arranjo tetraédrico. Na superfície da sílica, há diversos grupos silanóis (Si-OH) distribuídos aleatoriamente, formando os silanóis livres, silanóis vicinais e silanóis geminais, podendo apresentar ligações de hidrogênio nas extremidades. Confira a estrutura química da sílica na imagem! Estrutura química da sílica. Os fabricantes de colunas de CLAE/CLUE modificam a superfície da sílica em reações com ligações covalentes entre o silanol residual e diversos reagentes, gerando as fases estacionárias química ligadas. Nesse tipo de fase, a sílica é o suporte sólido, tendo sua superfície quimicamente modificada, o que garante a esse material potencial para ser utilizado em diversos modos cromatográficos. A organossilanização deve ocorrer em condições anidras, ou seja, a reação covalente dos grupos silanóis com um agente silanizante, gerando uma superfície modificada quimicamente, apta para ser usada como fase estacionária. Dica Colunas que possuem suporte de sílica, ou que têm a própria sílica como fase estacionária, devem ser utilizadas com pH da fase móvel situado entre 2 e 8. A sílica é um ácido fraco, com pKa próximo a 9. Logo acima de pH 8, a sílica torna-se solúvel e, abaixo de pH 2, a ligação entre a superfície modificada e o suporte de sílica é quebrada pela hidrólise da ligação siloxano. É importante destacar as características da sílica que mais afetam sua utilização como fase estacionária, confira! Formato. Tamanho da partícula. Diâmetro do poro. Área superficial. Acidez. Presença de metais. Percentual de grupos silanóis na superfície. Resistência mecânica. Estabilidade. Em relação ao formato da partícula, é importante ressaltar que as partículas de sílica esféricas apresentam resultados mais eficientes do que as partículas irregulares devido à melhor compactação da fase estacionária, diminuindo a irregularidade nos caminhos gerados entre as partículas no processo de empacotamento da coluna e aumentando a superfície de contato com o analito. As sílicas do tipo microsphere totalmente porosas estão disponíveis em vários diâmetros de partícula e de poro. Possuem diâmetro de partícula de 3 a 10 µm e diâmetros de poros entre 7 e 12 nm (narrow pore) e de 15 a 100nm (wide pore). As sílicas micropeliculares possuem um núcleo sólido revestido com uma camada de fase estacionária. Poros com maior diâmetro, de 400 a 800 nm, são encontrados em partículas de perfusão, muito utilizadas para análise de proteínas. Confira! • • • • • • • • • Sílica micropelicular. A diminuição do diâmetro da partícula de sílica aumenta a superfície de contato, a pressão necessária para fluir a FM e a eficiência das separações cromatográficas. Os diâmetros de partícula de sílica de 3 a 5 µm são normalmente utilizados para colunas com 10 a 15 cm de comprimento. Os diâmetros de 7 a 10 µm são para colunas de 25 a 60 cm de comprimento. O percentual de grupamentos silanóis livres, assim como a presença de metais, aumenta a acidez da sílica. Os centros ácidos da sílica, os silanóis, são responsáveis pela reatividade do material. As sílicas ácidas são classificadas como sílicas tipo A, enquanto as básicas são as sílicas tipo B. Quanto menor a presença de metais, mais pura a sílica e mais cara a coluna confeccionada a partir dessa sílica de alta pureza. Comentário As sílicas possuem características que contribuem para o aumento da estabilidade química e térmica e para redução no tempo das análises. As sílicas de alta pureza e híbridas contribuem para o aumento dessa estabilidade e para a redução de acidez. Com a necessidade de manter as características da sílica e proporcionar análises mais rápidas, foram desenvolvidas as sílicas denominadas superficialmente porosas e monolíticas. A sílica de alta pureza (tipo B) possui teor reduzido de metais (Zn, Al, Ni, Fe, Na, K, Mg, Ca, La, Ti, Zr, Cu e Cr) em torno de 0,1 a 0,3%. Conforme dito, a proximidade de impurezas metálicas intensifica a acidez dos grupamentos silanóis. A contaminação com metais também pode levar a interações indesejadas com solutos devido à formação de quelatos, interações essas diferentes da prevista a partir do grupo funcional introduzido na reação de organossilanização. A presença de metais gera outros mecanismos de retenção, promovendo a formação de cauda ou a perda de simetria do pico cromatográfico, principalmente para os analitos básicos. As colunas com sílica do tipo B, por terem teor reduzido de metais, são ideais para a separação de substâncias básicas. A acidez é acentuada pela presença de grupamentos silanóis livres (sílica tipo A), aumentando a retenção e a cauda de solutos básicos. Idealmente, os silanóis livres devem ser capeados ou com radicais silila ou por impedimento estérico, por capeamento com o radical isobutila, ou pelo capeamento promovido pelo uso de trietilamina na FM (especificamente quando estamos trabalhando com a cromatografia de fase reversa que será vista mais adiante). As sílicas híbridas são geradas pela mistura de monômeros puros, formando partículas com grupos organossilanos incorporados na sua estrutura e superfície, resultando em partículas de sílica com ligações silício-hidrogênio (Si-H), silício-metil (Si-CH3) e com pontes de etano (Si-CH3-CH3-Si). Confira, a seguir, a estrutura química das sílicas híbridas. Estrutura química das sílicas híbridas. Colunas confeccionadas com sílica híbrida possuem maior resistência mecânica, alta eficiência e maior estabilidade química, suportando valores de pH na faixa de 1 a 12 e gerando sinais simétricos para compostos básicos. Essa tecnologia foi direcionada para a confecção de partículas com 1,7 µm de diâmetro, usadas especialmente em cromatografia líquida de ultraeficiência (CLUE). Devido à diminuição do diâmetro das partículas, a CLUE trabalha com bombas cromatográficas que suportam altas pressões (até 15.000 psi). Óxidos metálicos Alumina, titânia e zircônia são os óxidos metálicos mais utilizados como fase estacionária quimicamente ligadas para colunas. Dependendo do valor de pH da FM, eles se comportam como trocadores iônicos anfóteros, catiônicos ou aniônicos. O uso como suporte é comprometido com a dificuldade de modificação química ou organofuncionalização da superfície. Vejamos um pouco sobre cada um desses óxidos metálicos! 1 Alumina Foi o primeiro óxido metálico utilizado como FE. Apesar da estabilidade química superior à sílica, suportando FMs com uma faixa de pH de 1 a 12, a alumina possui desempenho cromatográfico inferior. 2 Titânia Foi o material menos explorado e, apesar do desempenho semelhante à zircônia, há pouca informação sobre o seu uso como FE. 3 Zircônia Apresenta alta estabilidade química e térmica, suporta valores de pH na FM entre 1 e 14 e temperaturas de até 200ºC. Obs.: Alumina, titânia e zircônia estão disponíveis com pouca variedade em colunas comerciais. Fases estacionárias com polímeros imobilizados As colunas com polímeros imobilizados como FEs podem ser utilizadas com valores de pH de fase móvel extremos, variando de 1 a 13 unidades. Dessa forma, podem ser utilizadas na separação de ácidos e bases fortes que não possam ser levados à forma neutra no intervalo de trabalho das colunas de sílica, que são restritas a valores de pH entre 2 e 8. São colunas de poliestireno com alta porosidade produzidas com diversos diâmetros de poro, atendendo a separações de moléculas de diversos tamanhos. Dependendo do tamanho do poro, podem ser utilizadas para análises de macromoléculas. Normalmente, são utilizados em modos cromatográficos com a fase móvel contendo água (polar). A fase de poliestireno cruzado com divinilbenzeno apresenta alta resistência mecânica e boa repetitividade. Coluna: o coração do sistema cromatográfico Confira, neste vídeo, uma coluna cromatográfica e os cuidados que ela necessita. Entenda como é feita a escolha da coluna a ser utilizada e as principais diferenças entre colunas preparativas e semipreparativas. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Na cromatografia líquida, a coluna é considerada o coração do sistema cromatográfico, uma vez que é nela que a separação ocorre efetivamente. Geralmente, o material do tubo externo que compõe a coluna é o aço inoxidável polido. Existem colunas feitas com tubos poliméricos de PEEK ou de titânio. Após preparo dos tubos, os tubos são lavados para eliminação de gorduras e secos para receberem a fase estacionária apropriada. Atenção O cuidado com o preparo do tubo e o uso de fases estacionárias de alta qualidade com partículas uniformes de pequeno tamanho permitem o empacotamento e a produção de colunas de elevada eficiência. Os materiais utilizados são resistentes a altas pressões e inertes à fase móvel. A FE é mantida dentro da coluna entre dois filtros internos (frits) postos nas extremidades do tubo. Os frits são feitos de aço inoxidável sinterizado, com poros de para fases estacionárias de diâmetro de e de para partículas menores. O tipo de material de recheio e as dimensões das colunas são bastante variáveis. As características do material de preenchimento das colunas estão relacionadas ao modo cromatográfico. Idealmente, devemos utilizar as colunas de guarda logo após o injetor, com o objetivo de proteger a coluna principal de um possível entupimento, proveniente de micropartículas e contaminantes dos solventes ou amostras mal filtrados ou não filtrados. O uso da coluna de guarda aumenta o tempo de vida útil da coluna principal. As colunas de guarda possuem o mesmo tipo de fase estacionária da coluna principal, com comprimento (inferior) e diâmetro interno variando de acordo com a coluna principal a ser protegida. Confira a imagem! Coluna de guarda à esquerda e coluna principal à direita (elipse maior). As colunas analíticas devem gerar cromatogramas repetitivos, eficiência de separação e poder de resolução adequado, apresentando sinais simétricos, com formato gaussiano. Para isso, a fase estacionária deve ser homogeneamente compactada, evitando a formação de caminhos preferenciais. Atenção Deve-se ter bastante cuidado ao manipular as colunas. Quedas, pancadas ou qualquer tipo de choque físico precisam ser evitados. Não devemos expor as colunas a elevações ou quedas bruscas de temperatura. O fluxo da fase móvel também não deve ser aumentado de maneira brusca, assim como, ao final de uma análise, o fluxo deve ser reduzido vagarosamente. As colunas semipreparativas possuem comprimento de até , com diâmetro interno de 4,6 a e diâmetro de partícula de . São utilizadas para isolamento/coleta de pequenas frações do material eluído, com injeção de amostras na ordem de mg. As colunas preparativas possuem comprimento de até 300 mm e diâmetro interno de até 50mm. São utilizadas para isolamento de compostos em maior escala do que os obtidos por colunas semipreparativas. O objetivo é isolar o analito para posterior identificação e quantificação. Modos cromatográficos: fases reversa e normal Os modos cromatográficos são classificados de acordo com a natureza das interações do soluto com a FM e a FE. Quando a fase estacionária é um sólido, a cromatografia é denominada de cromatografia líquido-sólido (CLS). Quando é utilizado um líquido como FE, a cromatografia realizada é denominada de cromatografia líquido-líquido (CLL). Independentemente da característica física da fase estacionária (líquida ou sólida), os modos cromatográficos podem ser classificados em cromatografia de fase reversa, de fase normal, de interação hidrofílica, de troca iônica, de exclusão, de imunoafinidade e quiral, dentre outros. Cromatografia de fase reversa É o modo cromatográfico mais utilizado em CLAE e CLUE. A FM é geralmente composta por uma mistura de fase aquosa e solvente(s) orgânico(s). A força de eluição dos solventes mais utilizados em CFR é: água trocadoras de ânions Apresentam em suas estruturas grupos iônicos positivos, imobilizados sobre a superfície da fase. Colunas trocadoras de cátions Apresentam em suas estruturas grupos iônicos negativos, imobilizados sobre a superfície da fase estacionária. É utilizada na purificação de substâncias de tamanhos diferentes. A separação é função do diâmetro dos poros da fase estacionária, promovendo uma seleção por tamanho de acordo com a entrada ou não do analito nos poros da FE. As moléculas maiores são excluídas dos poros da fase estacionária, pois elas eluem mais rapidamente. Em seguida, eluem as moléculas de tamanho intermediário, que são parcialmente excluídas e, finalmente, as menores, que entram no poro, ficando mais tempo retidas e, com isso, apresentam maior tempo de retenção. A seguir, podemos ver nas imagens (a) e (b) a ilustração dos poros da fase estacionária excluindo moléculas de maior tamanho. Na imagem (c), vemos a separação de proteínas baseada em seus tamanhos, com aquelas de maior tamanho tendo menor tempo de retenção. Imagem A - FE com poros e substâncias de diferentes tamanhos. Imagem B - Poros da fase estacionária excluindo moléculas de maior tamanho. Imagem C - Separação de proteínas baseada em seus tamanhos. A CE também é utilizada para estimar a massa molecular de proteínas, de acordo com a ordem de eluição. Ela pode ser classificada como filtração em gel ou permeação em gel, quando a FM é aquosa ou orgânica, respectivamente. O analito deve ser solúvel na fase móvel, que deve possuir a menor viscosidade possível. A própria sílica gel ou diversos tipos de polímeros é utilizada como fase estacionária. Já as interações entre analito e FE são indesejáveis. E a função da FE na CE é somente disponibilizar os poros para a separação por exclusão por tamanho. Ao entrar em contato com a FM, a FE incha, formando um gel. Em seguida, a FE preserva suas ligações cruzadas, que geram os poros disponíveis para a separação e que são preenchidos pela própria FM. Os géis devem ter inércia química, baixo teor de íons e alta estabilidade química, térmica e mecânica, sendo capazes de suportar pequenas variações de pH na FM, pequenas variações de temperatura e não sofrer deformações com a passagem do fluxo de FM. Comentário O gel de dextrano (nome comercial Sephadex) é muito utilizado como fase estacionária. O dextrano é um polissacarídeo de unidades de glicose, quimicamente estável e disponível com variados graus de ligações cruzadas. Além do dextrano, também são utilizados como FEs, géis de poliacrilamida, ágar e agarose, entre outros. Modos cromatográficos: interação hidrofílica e quiral Confira, neste vídeo, as principais características e diferenças entre a cromatografia líquida de interação hidrofílica e quiral. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Cromatografia de interação hidrofílica O conceito HILIC foi inicialmente introduzido por Apert, em 1990, como uma abreviação para hydrophilic interaction liquid chromatography (cromatografia líquida por interação hidrofílica), referindo-se a uma categoria de fase estacionária empregada na separação de solutos polares, que é o mais recente e promissor modo de cromatografia líquida desenvolvido. Esse tipo de fase tem origem em algumas dificuldades encontradas na separação de amostras polares em cromatografia de fase reversa (CFR) e em cromatografia de fase normal (CFN). Na CFR, os analitos muito hidrofílicos eluem rapidamente, e a pouca afinidade pelas fases estacionárias mais comuns em CFR pode levar à coeluição com substâncias não retidas, impedindo a análise cromatográfica. Na CFN, as amostras de elevada polaridade podem também ser difíceis de analisar devido à dificuldade de solubilização na FM apolar. Comentário A cromatografia líquida de interação hidrofílica (CIH, na sigla em português), de um modo geral, é bastante parecida com a cromatografia líquida em fase normal. Nesse tipo de separação, são empregadas fases estacionárias hidrofílicas (como em fase normal), e fases móveis contendo água, tampão e uma concentração elevada de solvente orgânico miscível com água, típicas de fase reversa. A cromatografia com interação hidrofílica combina os mecanismos de adsorção e partição entre a fase móvel e a fase estacionária. O mecanismo de separação em CIH proposto no trabalho original de Apert preconiza a formação de uma camada de água difusa na superfície polar da FE, em contraposição a uma FM deficiente em água, promovendo a formação de equilíbrios entre essa camada de água, a superfície da FE e a FM, criando um sistema de extração líquido-líquido, no qual o princípio de separação se baseia. Compostos polares não ionizados e ionizáveis podem ser separados pela CIH, uma vez que a FM utilizada pode ser de uma solução contendo altas proporções de solventes orgânicos, como acetonitrila ou metanol, e baixas quantidades de água ou podem ser utilizados tampões. Geralmente, a fase móvel utilizada na CIH para separação de compostos não ionizáveis consiste em uma solução com acetonitrila e uma pequena proporção de água. De modo geral, qualquer solvente polar aprótico que seja miscível com água pode ser usado como fase móvel em CIH. Solvente polar aprótico Tipo de solvente que é polar, mas não tem a capacidade de formar ligações de hidrogênio. A polaridade nesses solventes ocorre devido à diferença de eletronegatividade entre os átomos que compõem a molécula, resultando na formação de um dipolo. Uma vantagem da CIH, quando comparada à CFN está na possibilidade de trabalhar no modo gradiente. Geralmente, o gradiente é iniciado com pequena quantidade de água e elevada quantidade de solvente orgânico, diminuindo a quantidade de solvente orgânico ao longo do gradiente e aumentando a quantidade de água. A CIH é amplamente utilizada na análise de moléculas pequenas, especialmente as polares, destacando-se na análise de compostos de caráter básico. Moléculas de tamanho intermediário ou maiores, como toxinas, aminoácidos, peptídeos, carboidratos e proteínas também têm sido analisadas por essa técnica. Em relação às fases estacionárias utilizadas em CIH, pode-se utilizar sílica pura, especialmente quando for sílica do tipo C. Esse tipo de sílica possui, em sua superfície, grupos não polares de Si – H (hidreto de silício) no lugar dos grupos polares Si – OH, comuns nos outros tipos de sílica (tipos A e B), o que a torna menos polar. A sílica do tipo C pode ser utilizada na CIH na separação de compostos de caráter ácido e básico. O hidreto é menos polar que a hidroxila e apresenta pouca atração pela água, aumentando a reprodutibilidade da retenção em fases móveis orgânicas e aquosas. Podem ser também utilizadas fases quimicamente ligadas, como fases apresentando grupos amida ligados à sílica e fases apresentando grupo diol ligados à sílica. Cromatografia quiral A CLAE começou a ser utilizada na resolução de racematos (ou misturas racêmicas) por volta dos anos 1960, após o uso do processo de derivatização de enantiômeros com reagentes quirais, que formam diastereoisômeros dos analitos. Esses diasteroisômeros apresentam variação na seletividade em fase reversa e na fase normal. Nos anos 1980, a resolução de misturas racêmicas se tornou mais rápida com o desenvolvimento de fases estacionárias quirais, a princípio desenvolvidas por Pirkle. A separação de enantiômeros em fases estacionárias quirais envolve a formação reversível de um diastereoisômero quando os enantiômeros da amostra interagem com a FE. Reagentes quirais adicionados à fase móvel permitem que o mesmo efeito possa ser obtido, quando se utiliza uma fase estacionária não quiral. O uso de aditivos quirais à fase móvel que reagem com o analito quiral durante o processo cromatográfico também promove a formação de diastereoisômeros por um processo de derivatização quiral. Pode-se usar, por exemplo, uma amina quiral (R ou S) solúvel na fase móvel para a separação de misturas racêmicas de ácidos carboxílicos. Atenção A cromatografia quiral é utilizada para resolução de misturas racêmicas, através da separação enantiomérica, com o uso de fase estacionária quiral, fase móvel quiral com colunas aquirais, de fase reversa ou fase normal, derivação quiral do analito, precedida da análise cromatográfica, e assim formando um diastereoisômero para posterior análise cromatográfica em colunas aquirais, geralmente, de fase reversa. O método de escolha para resolução de racematos é a utilização de colunas quirais, por ser o método mais rápido, com menos etapas envolvidas. As colunas utilizadas possuem fases estacionárias quirais em suporte de sílica. A seleção enantiomérica pode ocorrer pelos seguintes agentes, confira! Mecanismos de interação eletrostática. Atrações por elétrons π. Ligações hidrogênio. Efeitos estéricos. Afinidade por cavidade quiral. Interações dipolo-dipolo. São várias fases estacionárias quirais comerciais, disponíveis no mercado. São, geralmente, colunas com alto custo e com reprodutibilidade e estabilidade variáveis. Dentre os mais variados tipos de FE quiral desenvolvidos, os mais utilizados são: as fases estacionárias de Pirkle, os derivados de polissacarídeos adsorvidos em sílica gel, como os carboidratos, as colunas de proteínas e as fases estacionárias de ciclodextrinas. Verificando o aprendizado Questão 1 Na cromatografia líquida, a coluna de guarda desempenha um papel essencial na proteção da coluna principal, garantindo a integridade do processo analítico. Considerando a importância da coluna de guarda em cromatografia líquida, escolha a alternativa que descreve corretamente uma característica fundamental dessa coluna. A A coluna de guarda é dispensável em cromatografia líquida, sendo seu uso opcional para análises mais simples. B A coluna de guarda é frequentemente preenchida com a mesma fase estacionária da coluna principal. C • • • • • • A coluna de guarda deve ser posicionada após a coluna principal para garantir uma separação eficiente. D A coluna de guarda é utilizada apenas em cromatografia gasosa, não sendo aplicável em cromatografia líquida. E A coluna de guarda é projetada para suportar altas pressões, mas não desempenha um papel significativo na retenção de contaminantes. A alternativa B está correta. A escolha de uma fase estacionária semelhante à da coluna principal na coluna de guarda é crucial para garantir uma retenção eficiente de impurezas específicas. Isso assegura que contaminantes com características semelhantes aos analitos de interesse sejam retidos, preservando a qualidade e a integridade da análise cromatográfica. Questão 2 A cromatografia líquida é uma técnica analítica poderosa, oferecendo uma variedade de modos que permitem a separação eficiente de diferentes compostos. Analise as afirmativas a seguir sobre modos cromatográficos em cromatografia líquida. I. Na cromatografia de exclusão, os componentes mais volumosos eluem mais rapidamente da coluna. II. A cromatografia de fase reversa utiliza uma fase estacionária mais polar que a fase móvel. III. A cromatografia de troca iônica baseia-se na interação entre íons da amostra e íons presentes na fase estacionária. Assinale a(s) alternativa que apresenta a(s) afirmação(ões) corretas. A I, apenas. B II, apenas. C III, apenas. D I e II. E I e III. A alternativa E está correta. Na cromatografia de exclusão, os componentes mais volumosos são eluídos mais rapidamente, sendo essa uma característica fundamental desse modo cromatográfico. Na cromatografia de fase reversa, utiliza-se sempre uma fase estacionária mais apolar que a fase móvel. A cromatografia de troca iônica é baseada na interação entre íons da amostra e íons presentes na fase estacionária, sendo eficaz na separação de íons inorgânicos. 3. Conclusão Considerações finais Neste conteúdo, exploramos a evolução da cromatografia líquida, iniciando pela cromatografia líquida clássica (CL), em que a fase móvel atuava pela ação da gravidade, passando pela líquida de alta eficiência (CLAE) e chegando à líquida de ultraeficiência (CLUE). Vimos os princípios da separação que regem o fenômeno e destacamos a função de cada componente que compõem o equipamento, além de termos visto os cuidados que devem ser tomados com cada um deles. Um enfoque especial foi dedicado à fase estacionária, elucidando como o tamanho das partículas desempenha um papel crucial no sucesso da análise. Exploramos, ainda, a coluna cromatográfica, discutindo seus diversos modos de operação, tais como fase reversa, fase normal, troca iônica, gel de exclusão e interação hidrofílica. Foram apresentados ainda os detectores convencionais mais usados, bem como o espectrômetro de massas. Explore + Para aprofundar seus conhecimentos, confira algumas indicações! Leia o artigo Quantificação de canabinoides em extratos medicinais de cannabis por cromatografia líquida de alta eficiência, de Virgínia M. Carvalho e colaboradores, para compreender a importância dessa técnica na indústria e pesquisa farmacêutica. Veja como a CLAE auxilia na pesquisa de contaminantes em amostras de água lendo o artigo Uso da cafeína como indicador de poluição por esgoto doméstico em corpos d’água urbanos, de João Miguel Merces Bega. Referências ALPERT, A. J. Hydrophilic-interaction chromatography for the separation of peptides, nucleic acids and other polar compounds. Journal of Chromatography A, v. 499, p. 177-196, 1990. ARAÚJO, H.; IRIS, A. Análise Instrumental - Uma Abordagem Prática. Rio de Janeiro: LTC, 2021. CIENFUEGOS, F.; VAITSMAN, D. S. Análise Instrumental. Rio de Janeiro, 2000. CHRISTIAN, G. D.; DASGUPTA, P. K.; SCHUG, K. A. Analytical Chemistry. 7. ed. New Jersey: Wiley, 2014. COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S. (Eds). Fundamentos de Cromatografia. Campinas: Unicamp, 2006. LOURENÇO, T. C.; CASSIANO, N. M.; CASS, Q. B. Fases estacionárias quirais para cromatografia líquida de alta eficiência. Química Nova, v. 33, n. 10, p. 2155-2164, 2010. MALDANER, L.; JARDIM, I. C. S. F. O estado da arte da cromatografia líquida de ultraeficiência. Química Nova, v. 32, n. 1, p. 214-222, 2009. NETO, A. J. S. Uma visão técnica para a compreensão e resolução de problemas em sistemas de cromatografia líquida. 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Princípios e instrumentação da CLAE Entendendo a cromatografia líquida Evolução da cromatografia líquida Comentário Princípios da separação cromatográfica Natureza das fases Temperatura da coluna Adsorção Partição O que é e para que serve a cromatografia líquida? Conteúdo interativo Componentes da CLAE: sistema e fase móvel Conteúdo interativo O sistema Fase móvel Atenção Componente: bomba Conteúdo interativo Bombas tipo seringa Bombas recíprocas Conteúdo interativo Conteúdo interativo Bombeamento isocrático ou por gradiente Atenção Você imagina o que uma simples bolha de ar pode causar ao CLAE? Componentes: injetor, forno, detector e coletor de fração Injetor Atenção Forno Detectores Detectores seletivos Detectores universais Coletor de fração Componentes: injetor, forno, detector e coletor de fração Conteúdo interativo Sistemas de detecção: detectores seletivos e universais Conteúdo interativo Detectores mais utilizados