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Cultura das comunidades sinalizantes
Características das línguas de sinais e das comunidades surdas. Traços culturais das comunidades surdas:
literatura, humor e arte surda. Variações linguísticas, regionalismo e padronização das línguas de sinais.
Prof.ª Antonielle Martins
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender os conceitos relacionados às línguas de sinais e à perspectiva da comunidade surda para tornar
o mundo um lugar mais acessível.
Objetivos
Apontar equívocos e senso comum a respeito das línguas de sinais e comunidades surdas.
Reconhecer aspectos importantes das culturas surdas, como arte, literatura e humor.
Identificar as variações linguísticas e as contradições dos processos de padronização das línguas de 
sinais.
Introdução
Apresentaremos conceitos relativos às línguas de sinais e à cultura das comunidades surdas. 
As comunidades surdas são minorias linguísticas com artefatos culturais riquíssimos, marcadas pela
peculiaridade linguística. 
As línguas de sinais são de modalidade visoespacial que, por meio das mãos, em articulação com o corpo e a
face, produzem sinais e discursos complexos. Organizada espacialmente diante da pessoa que produz a
língua, por meio de um sistema linguístico regrado, tem o mesmo status de qualquer outra língua. 
No Brasil, temos a Língua de Sinais Brasileira (Libras), reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002,
como meio legal de expressão e comunicação da comunidade surda brasileira. Além dela, temos no país
línguas de sinais indígenas e de comunidades surdas locais. 
A popular Lei de Libras é regulamentada pelo Decreto nº 5.626, de 24 de abril de 2005, que institui a disciplina
de Libras como componente curricular obrigatório nos cursos de licenciatura, fonoaudiologia e pedagogia,
bem como disciplina optativa nos demais cursos de instituições de ensino superior. Portanto, esse decreto
tem o intuito de disseminar a Libras e possibilitar que você curse essa disciplina e tenha contato com
aspectos interessantes do povo surdo. 
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1. Línguas de sinais e comunidades surdas
Linguagem de sinais é a língua dos surdos-mudos?
Vamos começar nossos estudos com alguns questionamentos: 
A língua de sinais é universal?
Ela é a mesma em todos os países?
Todo surdo é mudo?
São exatamente essas questões – ou fatos que podem ser considerados interessantes a respeito das línguas
de sinais e das comunidades surdas – que veremos ao longo desse estudo. 
Aqui temos dois equívocos frequentes de pessoas que não conhecem as comunidades surdas e as línguas de
sinais. Primeiro, o correto é língua e não linguagem de sinais.
Linguagem
Linguagem é uma capacidade humana. Nossa habilidade de produzir, desenvolver e compreender
gestos, músicas, artes em geral, além de língua, é possibilitada pela capacidade da linguagem. Já a
língua é um conjunto organizado de elementos que possibilitam a comunicação. A língua surge
naturalmente nas sociedades e nos grupos humanos. As línguas ainda podem ter diferentes
modalidades, como a oral-auditiva, no caso das línguas orais, ou visoespacial, no caso das línguas de
sinais. Portanto, a Libras é uma língua natural utilizada pela comunidade surda no Brasil.
As línguas de sinais (QUADROS; KARNOPP, 2004) possuem todos os níveis linguísticos existentes nas línguas
orais, ou seja, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e pragmática. Portanto, é tão língua quanto a língua
oral, apenas expressada e percebida por outra modalidade.
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Atenção
Além de ser incorreto, do ponto de vista teórico, usar o termo “linguagem de sinais” é pejorativo, já que
diminui a língua de sinais, como se por meio dela não fosse possível expressar conceitos abstratos e
complexos, levando à ideia equivocada de que a Libras é apenas mímica, pantomima e gestos. 
O segundo equívoco é o termo “surdo-mudo”. Trata-se de um termo antigo, ainda muito difundido por meio de
canais de comunicação. Veja mais sobre isso a seguir:
Portanto, o termo correto é apenas “Surdo”, e com frequência escrito com a primeira letra maiúscula,
demarcando uma concepção cultural das pessoas surdas em oposição a uma abordagem clínica e
normatizadora que tem o objetivo de consertar os corpos surdos (SKLIAR, 1999). Temos aqui uma concepção 
sociológica, não clínica, do indivíduo surdo. 
Os Surdos possuem uma língua, que no caso brasileiro é a Língua Brasileira de Sinais (Libras),
adquirida naturalmente, da mesma forma que pessoas ouvintes aprendem a língua portuguesa.
No entanto, no caso das crianças surdas, temos uma peculiaridade, já que cerca de 95% dos bebês surdos
nascem em famílias ouvintes que não sabem língua de sinais e têm pouca ou nenhuma informação a respeito
das possibilidades de educação bilíngue para crianças surdas.
O bilinguismo surdo
Os indivíduos Surdos são uma minoria linguística e aprendem a língua de sinais de forma natural quando
entram em contato com seus pares, isto é, com a comunidade surda sinalizadora. A língua da comunidade
ouvinte, que é majoritária, é aprendida como segunda língua – no caso dos Surdos brasileiros, a língua
portuguesa. 
No entanto, por conta da falta de informações a respeito das possibilidades linguísticas de uma criança surda,
os pais tendem a optar primeiramente por intervenções clínicas e tecnologia assistiva, e com frequência
proibir a língua de sinais. 
Comentário
É um equívoco cometido por alguns profissionais da área da saúde afirmar que a aquisição de uma língua
de sinais prejudica a fala. Esse argumento já foi refutado diversas vezes, já que a aquisição de uma
língua não atrapalha, de modo algum, a aprendizagem de outra. 
Mudo 
A mudez ou afonia é a incapacidade total ou
parcial de produzir fala, uma deficiência que
nada tem a ver com a surdez.
Surdo 
Um surdo ou um deficiente auditivo
pode aprender a falar frequentando um
fonoaudiólogo e fazendo fonoterapia,
se assim desejar.
Agora, observe a seguinte pergunta:
A linguagem de sinais resume-se ao alfabeto manual?
A resposta é não! 
Você já viu uma lista do alfabeto com a respectiva soletração manual ou datilologia em Libras e pensou que,
caso decorasse aquelas configurações, conseguiria se comunicar plenamente com os Surdos? 
Você pode ter respondido sim ou não. E não há problemas nisso porque falta conhecimento sobre a relação
entre o alfabeto e a língua de sinais. 
O alfabeto manual, ou a soletração digital, é apenas um dos recursos utilizados por sinalizantes das línguas de
sinais. É um código que representa as letras do alfabeto como um empréstimo linguístico. Portanto, soletrar
não é um meio com um fim em si mesmo. 
Atenção
Um ponto importante ressaltado por Gesser (2009) é que a soletração digital, tanto na sua forma
produtiva (do ponto de vista de quem articula) quanto na receptiva (do ponto de vista de quem lê),
pressupõe que a pessoa seja alfabetizada. Assim, como as crianças surdas que ainda não são
alfabetizadas se comunicariam? O Surdo/ouvinte não alfabetizado (leitura/escrita) na língua oral da
comunidade ouvinte majoritária teria a mesma dificuldade que um indivíduo iletrado para utilizar esse
recurso. 
Veja o alfabeto manual e aproveite para treinar seu nome em Libras: 
Alfabeto manual.
Para a maioria das palavras e dos representantes no mundo real, existe uma forma de expressão em língua de
sinais que não requer o uso da soletração digital. No entanto, esse recurso é importante em alguns casos
específicos na língua de sinais.
Casos específicos
Eis algumas situações em que o alfabeto manual se torna importante: Para expressar nomes próprios e
de locais específicos;Quando o sinalizante não conhece o sinal apropriado;Para intercomunicação entre
línguas orais e de sinais, quando o objetivo é superar barreiras durante a comunicação;Para um ouvinte
alfabetizado aprender alguma língua de sinais;Na sinalização de siglas como CPU, USB;Para
terminologias específicas.
O alfabeto manual não é uma língua, e sim um código de representação das letras alfabéticas. É, portanto, um
empréstimo linguístico da língua portuguesade sinais é apenas mímica/gestos e icônica?
	Língua
	Iconicidade
	Comentário
	A língua de sinais é ágrafa?
	França
	Estados Unidos
	Alemanha
	Brasil
	Desmitificando a Libras e os Surdos
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Mitos sobre Surdos e Libras
	Conteúdo interativo
	Gramática da Língua de Sinais
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Aspectos das culturas surdas
	Cultura surda
	Visualidade
	Linguístico
	Família
	Comunidade surda
	Associações e organizações
	Literatura surda
	Artes visuais
	Criações e transformações materiais
	6/9 a 11/9
	23/9
	26/9
	30/9
	Identidades surdas
	De transição
	Flutuantea
	Inconformada
	Híbrida
	Surda
	Comentário
	Subgrupos da comunidade surda
	Religiosidade
	Identidade de gênero e orientação sexual
	Esportes
	A literatura surda
	Patinho surdo
	Cinderela surda
	Tibi e Joca
	Humor surdo
	Exemplo
	O Walffle
	Na aula de mergulho
	O desafio da inclusão
	Exemplo 1
	Exemplo 2
	Exemplo 3
	Saiba mais
	Narrativas surdas
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Cultura Surda
	Conteúdo interativo
	Identidade Surda
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Padronização das línguas de sinais
	Língua e sociedade
	Exemplo
	Saiba mais
	Dialeto
	Resumindo
	Norma culta
	Exemplo
	Atenção
	Sinal 1
	Sinal 2
	Sinal 3
	Exemplo
	Comentário
	Atenção
	Padronização de sinais
	Dica
	Atenção
	Padronização imposta “de cima para baixo”
	Padronização natural
	Processo de padronização da língua
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Variação linguística
	Conteúdo interativo
	Padronização de sinais
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Explore +
	Referênciasou de outra língua oral da comunidade ouvinte. Por
consequência, o alfabeto manual também não é universal, sendo, por exemplo, o alfabeto manual da Língua
Britânica de Sinais (BSL) completamente diferente do alfabeto manual da Libras. 
Sinal NUNCA SOLETRADO e sinal NUNCA LEXICALIZADO
Temos ainda um processo em que um sinal começa com a soletração manual e depois se transforma em um
sinal lexicalizado. Podemos citar como exemplo o sinal de NUNCA. 
A Libras não é a língua portuguesa sinalizada
Nenhuma língua de sinais segue a mesma estrutura da língua oral. 
A língua de sinais tem estrutura própria, e é autônoma, ou seja, independente de qualquer língua oral em
sua concepção linguística.
(GESSER, 2009)
Do ponto de vista da sociolinguística, o fato de a comunidade surda estar inserida e cercada pela comunidade
ouvinte majoritária faz com que as línguas de sinais estejam em contato direto com as línguas orais – portanto,
é natural ocorrerem empréstimos linguísticos. 
Isso acontece com qualquer língua com que se esteja em contato. Quantos empréstimos da língua inglesa nós,
brasileiros, usamos no nosso cotidiano? Várias, correto? 
Portanto, mesmo que existam empréstimos linguísticos, como a soletração manual, isso não quer dizer que as
línguas de sinais tenham suas raízes históricas nas línguas orais. As línguas de sinais emergem naturalmente
em suas comunidades surdas. 
A língua de sinais é universal?
Certamente uma das crenças mais frequentes em relação à língua de sinais é que ela seria universal, que
todos os surdos ao redor do mundo se comunicariam com a mesma língua. Sabemos que as línguas orais
variam geograficamente. 
Então, por que com as línguas de sinais seria diferente? 
Seria muito interessante aprender uma língua de sinais e ser
capaz de se comunicar com todos os surdos do mundo, não
é mesmo?
Mas isso não acontece. As línguas de sinais variam muito,
até mesmo dentro de um país ou estado, como veremos
adiante.
Segundo Sofiato (2011), podemos citar como exemplos: 
Surdos brasileiros
Língua de Sinais Brasileira (Libras)
Surdos franceses
Língua de Sinais Francesa (LSF)
Surdos norte-americanos
Língua de Sinais Americana (ASL)
Um fato interessante é que a Libras tem forte influência da LSF e nenhuma influência da Língua Gestual
Portuguesa (LGP), de Portugal. Desse modo, podemos apenas determinar parentescos e influências entre as
línguas. A influência da LSF na Libras é apontada em vários trabalhos acadêmicos, conforme Sofiato (2011) e
Martins (2017). 
Os registros históricos sobre a educação de surdos no Brasil mostram que ela está presente desde a vinda do
Surdo francês Eduard Huet para fundar a primeira escola para surdos do país, o Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), em 1857. 
A influência da LSF sempre esteve presente na Libras. Aliás, também teve forte influência na ASL por meio de
Edward Miner Gallaudet, que foi até a França observar como os surdos franceses eram ensinados. Em
homenagem a Gallaudet, temos a única universidade específica para surdos no mundo, a Gallaudet University,
onde a ASL é a língua de instrução. 
As línguas de sinais são línguas naturais das comunidades
surdas, ricas e complexas, tão variáveis quanto as línguas
orais. Como afirma Gesser (2009), em qualquer lugar em
que existam surdos existe língua de sinais, e o que é
universal é o impulso para comunicação dos indivíduos, não
a língua em si.
Seria possível nos cinco continentes termos apenas uma
língua de sinais? 
É bem possível, na verdade, que as línguas de sinais tenham
uma quantidade maior de variação que lembre-se que, com
a mudança das línguas orais, já que não possuem registro gráfico difundido. 
A língua de sinais tem gramática?
Sim! As línguas de sinais são naturais da comunidade surda e possuem estrutura e gramática próprias. 
Os estudos linguísticos das línguas de sinais começaram com William Stokoe na década de 1960. Stokoe,
considerado o pai da Linguística das línguas de sinais, fez análise linguística da ASL por meio das publicações
seminais como: 
Estrutura da língua de sinais: um esboço dos sistemas de comunicação visual dos surdos americanos
(STOKOE, 1960);
Um dicionário de línguas de sinais americanas sobre princípios linguísticos (STOKOE; DOROTHY;
CRONEBERG, 1965).
Essas obras foram fundamentais para o reconhecimento do status linguístico das línguas de sinais, permitindo
desenvolvimentos teóricos e metodológicos de análise de línguas de sinais, de sua estruturação interna e
gramática. 
A língua de sinais, como afirmou Stokoe, tinha os mesmos parâmetros linguísticos das línguas orais, sendo
eles: fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática. 
Apesar das diferenças de modalidade de realização e percepção entre as línguas orais e as de
sinais, estas seguem princípios de organização estrutural semelhantes aos das línguas orais.
Stokoe analisou sinais da ASL em suas unidades mínimas e propôs três parâmetros constitutivos
independentes, como indicados a seguir. 
Configuração de mão
Forma que a mão e os dedos apresentam
durante a articulação do sinal.
Localização
Lugar no corpo ou no espaço em que o sinal é
articulado.
Movimento
Maneira como a mão se move no decorrer da
articulação do sinal.
Posteriormente, mais dois parâmetros foram propostos por Battison (1974) e Friedman (1975): a orientação da
palma e os aspectos não manuais. 
Esses cinco parâmetros, portanto, são itens de composição fonético-fonológica das línguas de sinais, e a
presença deles forma o sinal. É interessante lembrarmos que, enquanto nas línguas orais as expressões faciais
demarcam sentimentos e intensidades, nas línguas de sinais temos expressões faciais gramaticais. 
Observe o sinal a seguir com os indicativos das unidades mínimas e lembre-se de que, com a mudança de
apenas um parâmetro, o significado do sinal é completamente diferente. 
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• 
Sinal DESCULPA
Sinal TELEFONE
No Brasil, os primeiros trabalhos sobre Libras são de Ferreira-Brito (1995) e, posteriormente, Quadros e
Karnopp (2004). Temos também, lançado mais recentemente, um dicionário de Libras (CAPOVILLA et al.,
2017), com cerca de 14.500 entradas registradas. 
A língua de sinais é apenas mímica/gestos e icônica?
Mais uma vez, a resposta é não! As línguas de sinais são naturais, complexas, recombinativas, arbitrárias e
também icônicas em certo grau. 
Para compreendermos melhor, vamos retomar os conceitos de língua e iconicidade: 
Língua
Para Saussure (1969), considerado o pai da Linguística, a língua, ou signo linguístico, é uma
convenção entre os membros de uma comunidade e estabelece significado e significante. Um som,
por si só, não possui nenhum significado. No entanto, se ele existe dentro de uma língua, esse som
passa a ter significado por meio de uma convenção. Portanto, para Saussure, a relação entre a forma
do referente e a forma das unidades básicas da língua falada, ou seja, palavras e morfemas, é
essencialmente arbitrária. Isso significa dizer que não há necessariamente uma relação natural entre a
língua (imagem acústica ou som) e o sentido a que ela remete (significante, representante no
universo). 
Iconicidade
Iconicidade é a propriedade linguística contrária à arbitrariedade e se caracteriza pela semelhança,
em certos signos linguísticos, entre a forma (do sinal ou da palavra) e a “coisa” representada no
universo. Iconicidade também existe nas línguas orais e ocorre, por exemplo, em onomatopeias, como
“atchim” e “tique-taque”, e palavras onomatopaicas, como “sussurrar” e “zumbido”. 
Segundo Taub (2001), que é uma importante pesquisadora das línguas de sinais, a iconicidade é
comum nas línguas orais e nas sinalizadas, e está presente em todos os níveis da estrutura linguística,
incluindo desde morfologia e sintaxe até itens lexicais singulares. 
Mas e a língua de sinais? É só icônica? 
Veja os seguintes sinais retirados do Dicionário da língua de sinais do Brasil, o maior dicionário impresso de
língua de sinais do mundo! 
Sinal CASA
Certamente, mesmo sem ser fluenteem Libras, você consegue reconhecer esses sinais. 
Agora observe este: 
Sinal ARBRITÁRIO
Segundo Martins (2017), se as línguas de sinais fossem constituídas apenas de elementos icônicos, mímicos,
pantomímicos e pictóricos, o significado deveria ser imediatamente compreendido por observadores
ingênuos. Se esse fosse o caso, as línguas sinalizadas não teriam o mesmo status das línguas faladas.
Comentário
Ainda segundo a autora, a iconicidade de um sinal não decorre simplesmente da semelhança entre a
forma e o significado desse sinal, mas de um processo sofisticado em que os recursos fonéticos dos
sinais permitidos pela língua são construídos em analogia com a imagem associada ao referente. Esse
processo envolve uma quantidade substancial de trabalho conceitual, que inclui seleção de imagem,
mapeamento conceitual e esquematização de itens para se enquadrar nas regras da língua. A
iconicidade só existe por meio de esforços mentais dos seres humanos, e depende das nossas
associações conceituais naturais e culturais. 
A arbitrariedade da relação entre significante e significado é que permite a recombinação generativa entre as
unidades mínimas abstratas que compõem a assim chamada “fonologia” das línguas de sinais. Em sinais
icônicos transparentes, algum aspecto da forma física do sinal se assemelha à imagem sensória concreta do
referente desse sinal. Assim, sinais icônicos transparentes podem representar analogicamente apenas
referentes mais concretos. 
Sinal CASA
Há um paradoxo interessante sobre a iconicidade das línguas de sinais. Klima e Bellugi (1979) e Martins (2017)
conduziram estudos explorando sistematicamente como a iconicidade poderia facilitar a compreensão de
sinais por ouvintes ingênuos nessa língua. Temos duas observações, em parte, contraditórias entre si: 
Esses estudos revelam que a maioria absoluta dos sinais é muito opaca, apesar de ser vista, quase sempre,
como bastante icônica. Interessante, não é mesmo?
A língua de sinais é ágrafa?
Mais uma vez: não! 
Então as línguas de sinais possuem uma escrita única e difundida? 
Também não. Vejamos: 
A escrita é uma representação da língua falada ou sinalizada por meio de símbolos gráficos;
portanto, o sistema de escrita é um conjunto de símbolos.
Até pouco tempo atrás, as línguas de sinais eram consideradas uma língua sem escrita. 
1 
Quando expostos a sinais e a informações dos
significados desses sinais, e solicitados a
atribuir uma nota para avaliar o grau de
iconicidade desses sinais, observadores
ingênuos tendem a atribuir notas elevadas, e
a buscar, nos sinais, aspectos que justifiquem,
em maior ou menor grau, a sua forma a partir
de seu significado.
2 
Quando expostos aos mesmos sinais,
mas na ausência de informação acerca
dos significados desses sinais, e
solicitados a adivinhar-lhes o significado,
esses mesmos observadores ingênuos
tendem a atribuir a esses sinais
significados díspares e inadequados.
Veja a seguir mais sobre a origem da escrita de sinais no mundo: 
França
A primeira tentativa de escrita de sinais de que se tem registro é a do francês Roch-Ambroise Auguste Bébian,
que publicou uma obra chamada Mimographie.
Roch-Ambroise Auguste Bébian
O professor da Guadalupe Roch-Ambroise Auguste Bébian (1789-1839) é uma figura essencial na
história da surdez. Considerado por seus contemporâneos surdos como o primeiro professor ouvinte que
dominava perfeitamente a linguagem de sinais, Bébian foi também professor dos pioneiros do
movimento associativo de surdos, o primeiro teórico de um modelo bilíngue para escolas para surdos e o
primeiro a demonstrar que os signos dos surdos podem ser escritos a partir da análise de suas formas.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, há o sistema de notação de William Stokoe (1960) – sim, o mesmo que fez a descrição
fonético-fonológica das línguas de sinais. Também nos Estados Unidos temos o sistema de escrita de línguas
de sinais mais difundido, o Signwritting (SW), baseado em um sistema para grafar coreografias. 
Grafia do sinal CASA em SW
Os sistemas são como alfabetos e podem ser usados para grafar qualquer língua de sinais. Na imagem
anterior, temos um exemplo da grafia do sinal casa em SW. Preste atenção na transparência do sistema.
Alemanha
Na Alemanha, há o Sistema de Notação de Hamburgo (HamNoSys) desde a década de 1980.
Brasil
No Brasil, temos a Escrita das Línguas de Sinais (ELiS), o primeiro sistema de transcrição criado no país por
Mariângela Estelita Barros.
Escrita das Línguas de Sinais
ELiS é a sigla para Escrita das Línguas de Sinais. Esse sistema de escrita foi criado por mim, em 1998, em
dissertação de mestrado. Anos depois, durante meu doutorado, realizei verificação teórica e prática do
sistema, em pesquisa que contou com a participação de vários surdos adultos, fluentes em Libras,
alunos do curso de Letras/Libras.
Desmitificando a Libras e os Surdos
No vídeo a seguir, a professora Antonielle Martins nos ajuda a desmitificar a Libras e os Surdos. Vamos
assistir! 
Conteúdo interativo
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Mitos sobre Surdos e Libras
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Gramática da Língua de Sinais
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Vimos no começo do primeiro módulo que linguagem se refere a um processo de comunicação por meio de
mecanismos que transmitem todo tipo informações. Portanto, qualquer conjunto de sinais/signos pode ser
considerado linguagem – uma placa de carro, músicas, gestos e assim por diante. Estudamos que o correto é
língua de sinais, não linguagem de sinais.
Qual das sentenças abaixo é uma justificativa correta para essa afirmação?
A
As línguas de sinais são padronizadas.
B
As línguas de sinais têm estrutura complexa e são naturais.
C
A linguagem leva em conta a complexidade das línguas.
D
As línguas de sinais ainda não são reconhecidas.
E
A língua de sinais é universal, ou seja, todos os Surdos ao redor do mundo se comunicariam com a mesma
língua.
A alternativa B está correta.
Diferentemente de linguagem, o conceito de língua remete especificamente a um código verbal, um
conjunto de léxico que corresponde a significados dentro de um grupo social. As línguas de sinais possuem
todos os níveis linguísticos existentes nas línguas orais, ou seja, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e
pragmática – portanto, são línguas naturais e complexas.
Questão 2
Chamamos de “surdo oralizado” o indivíduo com perda auditiva que se comunica oralmente e faz leitura
orofacial. É comum pessoas que nasceram ouvintes perderem a audição com o tempo. Temos os “surdos
sinalizantes”, que se comunicam por meio da Libras. Já o termo “surdo-mudo” é antiquado, ainda muito
utilizado por pessoas que não conhecem a comunidade surda.
Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.
I) Mudez é uma consequência da surdez.
II) Surdos podem ser oralizados com fonoterapia.
III) A mudez ou afonia é a incapacidade total ou parcial de produzir fala.
Das afirmativas anteriores:
A
Somente III é verdadeira.
B
Somente I é falsa.
C
Somente II é verdadeira.
D
II e III são falsas.
E
I e II são verdadeiras.
A alternativa B está correta.
Afonia ou mudez não tem nenhuma relação com a surdez. A pessoa ter deficiência auditiva ou surdez não
significa que ela seja muda. Na verdade, é muito raro que uma pessoa surda seja também muda. O que
acontece é que, por conta da falta de feedback auditivo, surdos congênitos precisem de treinamento
clínico para articular a fala e fazer leitura orofacial, caso desejem.
2. Aspectos das culturas surdas
Cultura surda
Apesar de ser bastante utilizado, o termo “cultura” nem sempre é bem compreendido, pois sua abrangência
por vezes não é clara. 
Em geral, o senso comum atribui prestígio somente à cultura
erudita, reconhecendo o seu valor estético, ea trata como
única forma válida de cultura, como se fosse mais
desenvolvida.
No entanto, cultura abrange o conjunto de hábitos,
conhecimentos e crenças de um povo.
Em nosso estudo, vamos partir do que é cultura para a
Sociologia, já que essa ciência tem como premissa que “é
por meio da cultura que buscamos soluções para nossos problemas cotidianos, interpretamos a realidade e
produzimos novas formas de interação social” (SILVA et al., 2017, p. 60). 
Pensamos em cultura como o produto da interação de indivíduos que compartilham valores,
experiências e visões semelhantes. Não é possível afirmar que há culturas inferiores ou superiores,
visto que tal conceituação é advinda de preconceitos e visões de mundo há muito ultrapassados.
Acreditamos numa visão sociológica, em que todos os artefatos culturais tenham valor.
A fim de que isso possa ser explorado, é necessário que respeitemos valores, tradições, costumes e práticas
dos povos, sem exceção, e deixemos de lado estereótipos e classificações sem fundamento. Esse conjunto de
conhecimentos e ações é transmitido de geração a geração através de interações que podem ocorrer nas
atividades do cotidiano ou em festividades especiais. 
Partindo desse pressuposto, lançamos uma questão: 
Existe uma cultura surda?
Pode ser questionado que o fato de os Surdos utilizarem a mesma língua não lhes assegure nem proporcione
outra cultura além daquela do local em que vivam. Contudo, os Surdos contam com uma história de lutas e
conquistas que os une como sujeitos com características subjetivas bastante específicas decorrentes de sua
experiência de interação com o mundo pela visualidade e pela língua de sinais. 
A cultura surda traz em si elementos importantes que a identificam, constituem-na e a colocam no rol
das diferentes culturas que perfazem o panorama das posições da modernidade tardia. Os espaços das
culturas são regidos por tramas de poder. Cada cultura é, em si mesma, autoridade.
(PERLIN, 2006, p. 138)
Para Gladis Perlin, primeira doutora surda do Brasil na área dos estudos surdos (deaf studies), subárea dos
estudos culturais, existe sim uma cultura dos surdos que é fruto da sua forma de ver o mundo. Veja alguns
desses aspectos a seguir. 
Visualidade
A vivência surda é muito visual. A visão é o principal sentido de contato com o mundo, de apreensão e
significação das informações.
Linguístico
As línguas de sinais, de modalidade visoespaciais, são as línguas naturais para as pessoas surdas. A
língua de sinais é tão complexa quanto qualquer outra. Não se trata de uma versão em sinais de uma
língua oral como o português, nem de simples gestos ou mímica. Em salas de aula, eventos públicos
ou mesmo na televisão, deve ser feita a tradução entre a língua oral e a de sinais por um intérprete.
Família
Ligada ao nascimento de filhos surdos em lares ouvintes e de filhos ouvintes em lares surdos, ou
mesmo de filhos surdos em lares surdos. Nesse âmbito, muitas questões ligadas à aceitação, à
superproteção e à concepção sobre a surdez são discutidas.
Comunidade surda
Composta por Surdos e por ouvintes militantes da causa, como professores, familiares, intérpretes,
amigos, entre outros.
Associações e organizações
Centros cuja importância se manifesta, por exemplo, na possibilidade de o Surdo interagir com outras
pessoas surdas, o que favorece a construção da sua identidade, a possibilidade de aprender a língua
de sinais, as lutas sociais do segmento por vezes abraçadas nessas organizações etc.
Literatura surda
A literatura para Surdos é a arte que abarca produções literárias em língua de sinais produzidas ou
adaptadas por pessoas surdas.
Artes visuais
Englobam o teatro surdo e as artes plásticas.
Criações e transformações materiais
Exemplificadas pelas soluções alternativas para as pessoas surdas, como campainhas luminosas,
telefones adaptados, dispositivos de vibração (relógios, celulares) em substituição ao despertador
etc.
Existem vários aspectos que demarcam a existência da cultura surda. O mês de setembro, chamado de 
Setembro Azul, é um marco importante para comunidade surda, já que contém várias datas importantes como
veremos a seguir:
Setembro Azul
O Setembro Azul é destinado a reflexões sobre as conquistas da comunidade surda, bem como à
conscientização sobre acessibilidade linguística. Nessa época do ano, ocorrem festas, congressos e
manifestações por mais escolas bilíngues para surdos e mais acessibilidade linguística.
6/9 a 11/9
Esses dias relembram um triste marco histórico
para a comunidade surda, o Congresso de
Milão, de 1880, onde as línguas de sinais foram
proibidas e a educação de surdos passou a ser
oralista.
23/9
Dia Internacional das Línguas de Sinais.
26/9
Dia Nacional do Surdo, data escolhida por conta
da fundação da primeira escola de surdos do
país, o Instituto Nacional de Educação de
Surdos (INES).
30/9
Dia do Tradutor, dia de homenagear os
intérpretes de Libras, profissionais de extrema
importância para a acessibilidade dos surdos.
Identidades surdas
A comunidade surda não é homogênea; existe outro conceito muito presente trazido por Perlin (2006) que
merece nossa atenção: as identidades surdas. Segundo ela, não existe apenas uma forma de ser surdo e de
se entender como tal. Vejamos a seguir quais são essas identidades. 
De transição
Refere-se aos Surdos que, após alguns anos vivendo sem conhecimento sobre a língua de sinais nem
contato com a comunidade surda, aprendem a comunicar-se em uma língua visoespacial.
Flutuantea
Refere-se aos Surdos que se expressam através da maneira de ser ouvinte, vivem e interagem na
sociedade buscando ser ouvintes.
Inconformada
Refere-se aos casos em que o Surdo não se enxerga como bem compreendido pelos ouvintes,
criando assim um sentimento de subalternidade.
Híbrida
Nesta identidade, incluímos os Surdos que nasceram ouvintes e perderam a audição ainda na
infância. Essas pessoas utilizam a comunicação através da língua oral e também da língua de sinais.
Surda
São os Surdos que utilizam a língua de sinais, participam da comunidade surda e têm orgulho de sua
história, sua cultura e suas manifestações sociais.
É fato que entendemos que as pessoas surdas de identidade surda são aquelas que se sentem à vontade com
a sua diferença e, por isso, apresentam a surdez não como perda da audição. Também é fato que jamais
poderemos nos referir às demais identidades como menores ou inferiores. 
Comentário
A comunidade surda é heterogênea; os indivíduos Surdos são atravessados por diversas questões.
Surdos podem ser filhos de pais Surdos ou ouvintes, podem usar aparelho auditivo ou ter implante
coclear, podem ser oralizados ou não, e assim por diante. 
Subgrupos da comunidade surda
Existem outras características que também unem os Surdos em subgrupos menores dentro da comunidade
surda. Podemos citar diversas relações de identificação que extrapolam a questão do ser surdo em um mundo
ouvinte. 
Como exemplo de agrupamentos de surdos com outras características, estão: 
Religiosidade
Podemos citar os surdos espíritas, testemunhas de Jeová, católicos e evangélicos.
Identidade de gênero e orientação sexual
Comunidades surdas que se encontram em associações e que também participam de paradas de
diversidade. Nesses subgrupos, as questões relativas às necessidades específicas desses sujeitos
são apresentadas e debatidas.
Esportes
A prática de esportes também é muito presente nas comunidades surdas pelo mundo, estimulando a
organização de jogos intermunicipais, estaduais, nacionais e internacionais. A XXIV Surdolimpíadas de
Verão, um evento internacional, acontecerá no Brasil, na cidade de Caxias do Sul-RS, entre os dias 5 e
21 de dezembro de 2021.
As manifestações culturais surdas são criações coletivas ou individuais relacionadas ao sistema artístico
ouvinte e suas produções. Nisso, vemos o fato de que as expressões poéticas configuram um grande
polissistema, constituído por sistemas menores independentes como o da arte surda. 
A literatura surda
Outro exemplo de uma atividadeprodutiva surda é a literatura surda, que costuma utilizar adaptações de
contos famosos para a cultura surda, apresentando personagens surdos. Nesses contos, a experiência visual
é enfatizada, bem como a valorização da língua de sinais e da surdez. Existem também produções originais
produzidas por autores surdos e que não são adaptações. 
Essa literatura serve como meio de identificação e representatividade para seus leitores – apresentando
histórias em que a narrativa sobre a surdez não é vista como uma perda, mas sim uma diferença, ajuda a
construir no imaginário uma visão positiva de si. Os autores se utilizam também de estratégias da semiótica
para destacar o uso das mãos e a visualidade, pois o objetivo é marcar a presença da visualidade e da Libras
como empoderadoras, não como deficit. 
É possível afirmar que os Surdos são seres biculturais, já que, além da cultura surda, experienciam a
cultura de seu país, da comunidade ouvinte majoritária. Por meio das mais diversas relações sociais,
todos compartilhamos da cultura de nosso país – na música, na dança, nas tradições e nos mais
variados produtos culturais.
Isso também inclui as pessoas surdas que interagem nesse grande sistema cultural brasileiro. 
O polissistema literário brasileiro inclui o sistema literário
surdo, que busca protagonizar a experiência vivida por
pessoas que nasceram no país e compartilham com os
ouvintes de muitos traços culturais. Portanto, não se limita
apenas a adaptar contos, mas a ajudar a interagir e a
transformar através de um diálogo entre a tradição e a
necessidade de ver-se representado.
Veja, a seguir, alguns exemplos de obras infantis para a
literatura surda. 
1Patinho surdo
Fala de um patinho que nasceu em um lugar com patinhos ouvintes. O ápice da história é o momento
em que ele encontra patos surdos e aprende a “Língua de Sinais da Lagoa”. Esse livro é uma
adaptação que relaciona a experiência prévia à língua de sinais com a ideia de exclusão,
apresentando a possibilidade de aceitação e pertencimento. 
(KARNOPP; ROSA, 2005) 
2
Cinderela surda
Nessa adaptação, a Cinderela e o príncipe são surdos e, em vez de perder o sapatinho de cristal, a
personagem principal perde uma das luvas. A escolha da luva se dá para fazer uma referência às
mãos, amplamente utilizadas pelos surdos para se comunicar. 
(HESSEL; ROSA; KARNOPP, 2005) 
3
Tibi e Joca
Uma produção original, que conta a história de um surdo nascido em uma família de ouvintes até o
seu encontro com a língua de sinais. 
(BISOL, 2001) 
Humor surdo
Dentro do sistema da literatura surda, podemos também falar do humor surdo e das piadas com personagens
surdos. Essas anedotas são muito frequentes em encontros de surdos, tanto nos formais (congressos/fóruns
de educação) como nos informais (associações de surdos). 
Fica clara a ideia de surdez constituída como diferença, não como limitação. Ao trazer o humor para as suas
vidas, os contadores tratam de si mesmos com leveza e possibilitam que os interlocutores, da mesma forma,
consigam compreender que não existe luto por serem surdos. Veja o exemplo de uma piada para crianças: 
Exemplo
Um homem trabalhava em uma floresta. Ele cortava árvores. E procurava árvores grandes para cortar.
Quando encontrava alguma, usava seu machado para cortá-las. E então ele gritava: – Madeira! – E a
árvore caía no chão. Um dia ele encontrou uma árvore enorme, e começou a cortá-la. Ele gritou para
árvore, mas a árvore não caiu. Ele chamou um médico que entendia de árvores, que, após examiná-la,
percebeu que ela era surda. Então o lenhador chamou um intérprete, que falou para a árvore, em Libras:
– Madeira. – E ela caiu! 
Nas piadas, outro fator que fica evidente é o “ganho surdo”, devido à possibilidade de comunicar-se em uma
língua desconhecida para a maioria e a perda sofrida pelos ouvintes por não se comunicarem por meio dela.
São denominados “ganhos surdos” (do inglês deaf gain) as relações que se dão com o mundo através da
visualidade e os benefícios que isso pode trazer. Aqui a desvantagem não é do surdo, e sim do ouvinte, que
desconhece os aspectos culturais relativos à visualidade. 
Na anedota surda, podem ser trazidas a diferença e as
experiências difíceis vivenciadas pelos surdos como meio
para o humor. Inclusive o elemento religioso é representado
em sátiras de cura da surdez. Rir de si mesmo, do sagrado e
do outro é uma forma de criar uma relação de proximidade.
Vejamos exemplos de humor surdo nas piadas a seguir. 
O Walffle
Em um café, dois amigos conversam sentados a uma mesa,
enquanto na outra, um rapaz acompanhado por uma garota
come seu lanche fazendo um enorme barulho com os talheres e também ao mastigar! 
Ao fim do lanche, o rapaz faz vários sinais com as mãos, em libras, dizendo “Este foi o melhor waffle que comi
na vida!”. 
A garota, ao compreender a mensagem, diz em voz baixa e constrangida: “Todos aqui notaram!”.
“Todos aqui notaram!”
O humor se dá no fato do ganho surdo quanto a não se perturbar pelo barulho dos talheres no prato:
enquanto os ouvintes estão claramente incomodados, o surdo nem se deu conta e somente desfrutou da
refeição.
Na aula de mergulho
Professor: Seu marido é surdo? Não tenho certeza se poderemos fazer isso.
Esposa: O que você quer dizer?
Professor: Eu preciso me comunicar com ele embaixo d’água e ele não pode ouvir!
Esposa: Como você se comunica embaixo d’água com pessoas que podem ouvir?
Professor: Bem, nós usamos sinais manuais para... não, peraí!
Professor: Dã! Desculpa! 
O desafio da inclusão
Com o passar dos anos (BAUMAN; MURRAY, 2014), diversos questionamentos surgiram sobre por que lutar
pelo direito à diferença para se contrapor às práticas educacionais e médicas com visão negativa da surdez –
pela valorização da diferença, pela necessidade de lutar e pela preservação do que é visto como falta pela
maioria. 
Nessa busca por uma autocompreensão da subjetividade surda, foi possível observar diversos ganhos com a
aquisição da língua de sinais, por exemplo: 
Crianças surdas: Percepção de ganho com sua experiência visual;
Crianças ouvintes de famílias ouvintes: Vantagens cognitivas, como a possibilidade de desfrutar de
mais de uma cultura, e ter acesso a duas modalidades de língua.
Toda a materialidade concernente à compreensão do que significa ser surdo e o que isso gera é fruto do
trabalho de Paddy Ladd quanto aos deaf studies no Reino Unido e seu trabalho de “descolonizar” os trabalhos
de pesquisa sobre a surdez: 
• 
• 
A pesquisa de Paddy Ladd inaugura um amplo e multifacetado campo teórico investigativo que se
propõe dar protagonismo à mentalidade surda (deaf way) e sua história de resistência.
(TERCEIRO; FERNANDES, 2019) 
Na continuidade de visões sobre os ganhos surdos, há alguns autores que citam os seguintes exemplos: 
Exemplo 1
A possibilidade de não ouvir barulhos e conversas em locais tumultuados.
Exemplo 2
A questão da visão periférica, aguçada em indivíduos surdos.
Exemplo 3
As diferentes perspectivas sobre o mundo.
Ao falarmos de ganhos surdos, não estamos jamais tentando diminuir ou negar as dificuldades encontradas
pelas pessoas surdas por viverem em uma sociedade predominantemente ouvinte. Sabe-se que a falta de
comunicação enfrentada por muitos surdos com suas famílias pode causar-lhes muitos problemas, até mesmo
na vida adulta. 
A visão de diferença e não de deficiência é capaz de nos ajudar a perceber que existem, sim, alguns ganhos
na experiência da visualidade, e até mesmo no fato de não ser exposto a tudo que os ouvintes são sem
poderem escolher. 
O que se propõe aqui não é falar apenas sobre a Libras ou o que será preciso em relação às práticas
educativas necessárias ao atendimento bilíngue. Na verdade, visamos a uma inclusão que atenda a todas as
problemáticas das diferença dos sujeitos. Tem-se uma língua, uma cultura e diversas identidades que
necessitam ser contempladas. 
Atualmente, os mais variados grupos sociais estão lutando por sua representatividade na arte, na mídia e no
meio acadêmico – e isso incluios surdos. O processo de autonomia, contrário ao de assujeitamento, requer
manifestações de todas as ordens porque, nesse momento, não se quer ocultar e sim mostrar as
especificidades concernentes a cada um. Com o advento da tecnologia e das mídias sociais, temos um gama
de produções surdas, com protagonismo surdo. 
Saiba mais
Podemos citar dois canais interessantes no YouTube: Porta dos Surdos e o canal do youtuber Leo
Venturino. São excelentes fontes para aprender Libras! 
Narrativas surdas
No vídeo a seguir, a professora Antonielle Martins nos apresenta um pouco da sua vivência com as culturas
surdas. Vamos assistir! 
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Cultura Surda
Conteúdo interativo
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Identidade Surda
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A comunidade surda não é homogênea. Os surdos são atravessados por várias outras questões sociais e
individuais. As questões individuais estão fortemente relacionadas à idade da perda auditiva, a processos de
escolarização, à utilização ou não de aparelhos auditivos, e assim por diante. Os surdos se identificam entre si
especialmente por conta da língua em comum – no caso dos surdos brasileiros, a Libras. A partir do que nos
apresenta Gladis Perlin, assinale a alternativa correta da correspondência identidade-característica.
I) Identidade de transição
II) Identidade inconformada
III) Identidade híbrida
IV) Identidade surda
( ) Surdos que não se sentem compreendidos por ouvintes e têm sentimento de subalternidade.
( ) Surdos que depois de um tempo vivendo sem língua de sinais encontram a comunidade surda.
( ) Surdos que perderam a audição e se comunicam em língua de sinais e língua oral.
( ) Surdos que utilizam língua de sinais e se orgulham da comunidade surda.
A
I, IV, III, II
B
IV, III, II, I
C
III, IV, I, II
D
II, I, III, IV
E
I, II, III, IV
A alternativa D está correta.
De acordo com Gladis Perlin, temos algumas identidades surdas passíveis de classificação. Surdos
oralizados ou sinalizadores podem, por vezes, sentir-se inferiores aos ouvintes, configurando-se como uma
identidade inconformada. Pessoas podem perder a audição depois de já terem a língua oral adquirida e
optar por aprender a língua de sinais também, o que Perlin chama de identidade híbrida. Surdos podem
demorar algum tempo para entrar em contato com a comunidade surda e passar por um período de
identidade de transição. Outros surdos se sentem felizes com o fato de serem surdos e têm orgulho da
língua de sinais.
Questão 2
Pela ótica da Sociologia e de pesquisadores da área dos estudos surdos, a comunidade surda se configura em
uma minoria linguística, com histórias de lutas e conquistas que se une enquanto sujeitos com características
específicas decorrentes de sua experiência de interação com o mundo. Sobre os artefatos culturais surdos,
analise as alternativas a seguir.
I) A literatura surda serve como um meio de identificação e representatividade para os seus leitores.
II) É possível afirmarmos que os surdos são seres biculturais.
III) Humor não faz parte da cultura surda, pois é pejorativo.
IV) A literatura surda tem produções originais ou adaptações de clássicos.
Qual alternativa está correta?
A
I, II, IV
B
I, II, III, IV
C
I, II, III
D
I, IV
E
II, IV
A alternativa A está correta.
Vimos que o traço mais importante da cultura surda está relacionado à língua de sinais e ao histórico de
luta das comunidades surdas. É possível afirmar que os surdos são seres biculturais – já que, além da
cultura surda, experienciam a cultura de seu país, da comunidade ouvinte majoritária – e seres bilíngues. A
literatura surda, bem como o humor surdo, são artefatos culturais importantes que valorizam a diferença
surda e as línguas de sinais.
3. Padronização das línguas de sinais
Língua e sociedade
Para compreendermos a variação linguística e a padronização, precisamos nos atentar para a língua em suas
relações com a sociedade. Essas relações são estudadas pela Sociolinguística. E você sabe o essa área
significa? 
Sociolinguística é o ramo da Linguística que estuda a língua como um fenômeno social, tendo como
seu expoente os estudos de William Labov (2008)
Labov, desde meados dos anos 1960, levantou discussões acerca da pluralidade e heterogeneidade da língua
nos seus estudos seminais. Como língua e sociedade são fortemente correlacionadas, a língua varia no
espaço geográfico, no decorrer do tempo, e nos diferentes espaços sociais, bem como nas diferentes
situações comunicativas.
Exemplo
Percebemos no cotidiano essas variações por meio dos sotaques de indivíduos de outros estados, de
uma palavra que uma pessoa mais velha utiliza e que não conhecemos, da formalidade de um tribunal do
júri, e assim por diante. 
Anteriormente, vimos que as línguas de sinais não são universais e variam geograficamente – surdos
franceses utilizam a Língua de Sinais Francesa (LSF), surdos norte-americanos utilizam a Língua Americana de
Sinais (ASL), e assim por diante, certo? Este é o primeiro tipo de variação que notamos: existem línguas
diferentes no mundo. 
Pensamos primeiramente nas “grandes línguas” associadas a grandes civilizações ou impérios. Isso nos
remete à relação de língua e poder político. 
O mandarim é língua nativa de quase 1 bilhão de pessoas. Para termos uma ideia, se juntarmos o mandarim às
outras sete línguas mais faladas no mundo (inglês, espanhol, hindi/urdu, árabe, russo, bengali e português),
chegaremos a uma porcentagem entre 40% e 45% da população mundial. 
Assim:
45% falam oito línguas;
Outros 50% falam trezentas línguas;
A minoria, 5%, fala mais de 6 mil línguas restantes.
Antes da tecnologia da escrita e das grandes civilizações,
cada grupo ou tribo tinha a sua própria língua; portanto,
havia muito mais línguas no mundo, mesmo com uma
população bem menor. 
Isso também acontece com as línguas de sinais. Segundo
pesquisa publicada por Johnston (2006), a população de surdos nativos e sinalizadores na Austrália está
diminuindo muito. Isso por conta do controle da rubéola, do mapeamento genético, do implante coclear e das
políticas de inclusão. Com essa medida, a comunidade surda australiana pode diminuir a ponto de a Língua de
Sinais Australiana (Auslan) desaparecer. 
• 
• 
• 
Saiba mais
Antes da colonização portuguesa do Brasil, imagina-se que havia aproximadamente 1.175 línguas
indígenas. Atualmente, temos cerca de 180 e dezenas estão ameaçadas de extinção. 
No Brasil, temos um fenômeno frequente que chamamos de regionalismo. Por se tratar de um país continental
– cuja riqueza cultural é impressionante, constituída pela mistura de várias nacionalidades da Europa, África e,
ainda, dos povos autóctones, sem falar da gama de empréstimos linguísticos, especialmente da língua inglesa
–, o regionalismo é muito frequente, sendo o dialeto uma de suas formas de expressão. 
Por exemplo, qual palavra está correta: macaxeira, aipim ou mandioca?
Todas. Mas, caso você utilize a palavra macaxeira no sul do Brasil, pode não ser compreendido. 
O fato de variarem dentro da mesma língua mostra o quanto as línguas naturais são orgânicas e vivas. A língua
circula entre as pessoas e não pode estar “presa” em dicionários e gramáticas. Quando essa variação vai além
do “sotaque” e de algum léxico, é chamada de: 
Dialeto
Dialetos são variedades de uma língua falada por comunidades geograficamente definidas. O dialeto
às vezes é entendido como uma forma menos importante e complexa da língua, como uma língua
inferior. No entanto, para a Linguística, o dialeto é apenas uma variante regional, uma variedade da
língua com a mesma complexidade da língua-padrão. Portanto, linguisticamente falando, cada dialeto
é uma língua, mesmo que política ou socialmente o dialeto esteja sempre vinculadoou subordinado a
uma língua-padrão. 
Segundo Amorim e Di Santi (2019), a concepção de uma língua-padrão surge na tentativa de unificação
política dos Estados centrais modernos com o objetivo de apagar a diversidade linguística regional e social
dos cidadãos com seus dialetos. 
A padronização da língua está especialmente relacionada à tecnologia da escrita e se dá por meio da
elaboração de instrumentos normativos, como as gramáticas e os dicionários. 
Resumindo
Portanto, devemos compreender que, quando nos referimos à norma padrão, não nos referimos
exatamente a uma variedade da língua, e sim a um abstrato construto histórico-social e cultural usado
como referência para que se promova um processo de uniformização da língua. 
Partindo da perspectiva da norma padrão, temos a:
Norma culta
Tida como a variedade de uso corrente entre falantes que vivem em meio urbano e com escolaridade
superior, com forte influência da mídia. É um termo mais abrangente que língua-padrão, pois refere-se
não só ao padrão que é para além do regional, mas também às variedades cultas informais de cada
região. Assim, norma culta pode ser tanto formal quanto informal. 
A língua-padrão pode ser considerada a variável linguística mais difundida, aquela língua utilizada nos
telejornais, por exemplo, geralmente entendida por todos os falantes da língua. É a variante da língua utilizada
neste texto, frequentemente a forma usada na educação formal e a mais amplamente utilizada pela mídia. 
Apesar de existir a chamada norma culta ou língua-padrão, quando ela está na “boca do povo”, a língua falada
não deve ser tida como certa ou errada, caso contrário isso se configura, frequentemente, como preconceito
linguístico. Sabemos que cada indivíduo tem sua história e seu contexto cultural, e o objetivo principal da
língua é a comunicação. 
Você já percebeu que mesmo sem conhecimentos metalinguísticos a respeito de sintaxe ou
morfologia da língua portuguesa conseguimos formar frases compreensíveis?
Sabemos também, de forma automática e intuitiva, que o tipo de linguagem que usamos para nos comunicar
com nossos avós, médicos ou em situações que demandem mais formalidade é diferente da forma que nos
comunicamos com nossos amigos do bairro. Esse processo por vezes é automático e saudável; afinal, ficaria
estranho chamar um amigo de senhor, não é mesmo? 
Portanto, alternar entre padrões linguísticos é adequado e devemos atentar para a pertinência de cada um
deles. 
E nas línguas de sinais, como ocorrem as variações linguísticas. 
A Libras varia tanto quanto as línguas orais,
certo? A grande maioria dos estudantes de
Libras, já desde o início, costuma ouvir que
existem regionalismos nessa língua. Muitos
ficam desapontados pelo fato de não haver
uma língua de sinais única, uniforme e utilizada
em todos os países; outros compreendem que
isso está presente nela como está em seu
próprio idioma.
No caso do Brasil, com sua vasta extensão
territorial, seria ainda mais difícil pensarmos em
uma uniformidade linguística. Assim como no português brasileiro, a Libras possui características vinculadas à
sua regionalidade decorrente de aspectos geográficos e culturais. Visto que aqui existem diversas culturas,
em estados com hábitos bem singulares, não é possível evitar a variação linguística, nem “contorná-la”. De
Norte a Sul, existem danças, tradições, culinária e outros artefatos culturais que não pertencem ao folclore de
outras partes do país, o que influencia também o léxico da região. 
A variação linguística em Libras é um assunto muito complexo e apresenta diversas questões que devem ser
analisadas. Compreender as variações linguísticas da língua de sinais requer uma visão histórica sobre os
surdos enquanto minoria linguística, já que a Libras é uma língua de resistência da comunidade surda
(MACHADO; WEININGER, 2018). 
Esses são exemplos de variações lexicais regionais da Libras. Enquanto o primeiro sinal “Branco” é utilizado
em São Paulo, o segundo é utilizado em vários estados, e o último somente no Rio Grande do Sul. 
Existe um sinal melhor do que o outro? 
Não! Mas existe um sinal que é amplamente utilizado, que nesse caso é o segundo sinal. 
Os processos de variação linguística são naturais e estão presentes em todas as línguas, tanto orais como de 
sinais. 
Exemplo
Quando aprendemos inglês, sempre nos apresentam as variações norte-americana e britânica como se
fossem somente essas as opções. Porém, mesmo dentro do que chamamos norte-americano ou
britânico, há várias diferenças de sotaque e léxico. 
Em razão do exposto, precisamos compreender que, do ponto de vista linguístico, os regionalismos, os
dialetos e as variações não são consequências da “falta de instrução”. 
Todas as variedades de uma língua têm o mesmo valor, nenhuma é melhor do que a outra. 
Já do ponto de vista social e político, há uma variedade considerada melhor, que é a variedade padrão de uma
língua e a norma culta. Quando alguém vai aprender inglês ou qualquer outra língua estrangeira, normalmente
quer aprender a variedade padrão. 
O respeito à diversidade linguística deve estar presente nas conversas, nos momentos de troca e nas práticas
de ensino. A linguagem apresenta-se em diferentes momentos, dentro de situações comunicativas e, por isso,
todas as suas manifestações são válidas. 
Atenção
Todas as outras formas de variações linguísticas presentes nas línguas orais acontecem também nas
línguas de sinais. Podemos citar as variações linguísticas entre os surdos nas associações de surdos e
os surdos acadêmicos, bem como as variações entre surdos jovens e surdos mais velhos e em diferentes
situações comunicativas. 
Vimos que os processos de padronização da língua estão atrelados especialmente à tecnologia de escrita em
dicionários, obras didáticas e obras literárias. Apesar dos sistemas de notação (escrita) das línguas de sinais,
nenhum deles é difundido. Assim, podemos ter uma variabilidade ainda maior no léxico das línguas de sinais
do que nas línguas orais. 
Sinal 1
Sinal 2
Sinal 3
Tomemos como exemplo a palavra “abacaxi”, registrada no Dicionário da Língua de Sinais do Brasil
(CAPOVILLA et al., 2017): 
Ela apresenta seis sinais referentes! 
O excesso de variação lexical pode gerar alguns desafios, especialmente em relação a questões
terminológicas específicas. Vejamos o exemplo a seguir. 
Se temos seis sinais de Libras diferentes para “membrana plasmática” e precisamos traduzir a prova
do ENEM a fim de torná-la acessível aos surdos, qual dos sinais devemos utilizar? O ENEM é uma
prova nacional. Por essa razão, alguma padronização da língua se faz necessária.
Processos de padronização pressupõem no mínimo uma gramática prescritiva com as regras e estruturas da
linguagem, que recomenda uma em prol de outra, e um dicionário padrão que apresente o vocabulário. 
No caso da Libras, podemos citar duas obras de extrema importância, que não almejam padronização
linguística em si, mas apresentam léxico representativo da Libras e descrições linguísticas pertinentes: 
Dicionário da língua de sinais do Brasil (CAPOVILLA et al., 2017), e Língua de sinais brasileira: estudos
linguísticos. (QUADROS; KARNOPP, 2004). 
Exemplo
Inúmeras inovações tecnológicas vêm impulsionando a propagação do conhecimento produzido pelos
grupos de pesquisas. Podemos citar as pesquisas no campo da linguagem da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), as quais influenciam as demais pesquisas no Brasil. 
Os termos utilizados nas produções acadêmicas muitas vezes não possuem sinal – os sinais criados em salas
de aula ou por pesquisadores podem integrar o léxico da Libras. Essas iniciativas podem gerar discussões
sobre tentativas de padronização. 
Podemos perguntar: os sinais criados em outras localidades devem ser descartados? 
Não! Mas, quando uma entidade com maior alcance cria sinais e divulga as suas produções, isso faz com que
a escolha lexical seja feita pelos termos criados por ela. 
Comentário
Além da tecnologia, a participação em eventos fazcom que aconteça a difusão dos sinais,
principalmente para aquelas áreas em que a terminologia é muito específica. Para os surdos e
profissionais intérpretes, a procura por glossários terminológicos específicos acontece sempre que um
aluno surdo ingressa em uma área de estudos para a qual ainda não existem sinais oficiais. 
Com as novas políticas de inclusão, muitos surdos ingressaram em universidades e cursos técnicos e
profissionalizantes. Assim, a necessidade de traduzir as aulas ocorre, fazendo com que os intérpretes
procurem aprender a terminologia. Atualmente, pela facilidade de difusão do conhecimento, muitos grupos
compartilham seus termos locais, possibilitando que essa lacuna seja preenchida por seus colegas surdos/
intérpretes de outras regiões. 
Apesar de não existir qualquer restrição quanto à utilização de sinais locais, os surdos e ouvintes sempre
optam pela utilização de sinais produzidos em contextos acadêmicos. Dessa forma, as apresentações
poderão ser mais bem compreendidas por pessoas de estados diferentes e criar certa uniformidade, pelo
menos em relação à área de estudo.
Atenção
Os pesquisadores têm se atentado à relevância de evitar a dominação da língua portuguesa sobre a
língua de sinais. Como muitos sinais apresentam marcas ligadas ao alfabeto manual, por exemplo, são
realizadas novas discussões, e novos termos são criados. 
A relação binária “ouvinte ou surdo” e “língua oral ou língua de sinais” gera muitos conflitos decorrentes do
desejo surdo de protagonizar a sua própria história. Por isso, os sujeitos surdos têm o papel principal na
produção de terminologia. 
Tradutores e professores surdos, bem como intérpretes de LS, utilizam sinais dialetais próprios, sendo
que a padronização é mais facilmente percebida só com o uso de sinais mais direcionados
especificamente a determinada área de conhecimento (por exemplo: morfologia, fonologia, sintaxe etc.),
por causa dos conteúdos eminentemente linguísticos dos textos-base.
(AVELAR, 2008, p. 374)
Padronização de sinais
Apesar da busca por uma padronização dos sinais, mesmo em produções acadêmicas na plataforma
educacional virtual, o uso de sinais regionais não deve deixar de ser utilizado (AVELAR, 2008). No entanto,
acontece um movimento “natural” de pesquisar e utilizar aqueles sinais específicos aos conteúdos da área de
tradução. 
Assim como nas línguas orais, a opção consciente ou não pela utilização de sinais gera algumas dificuldades
para os tradutores-intérpretes de Libras, profissionais imprescindíveis para a acessibilidade linguística das
pessoas surdas, que por vezes desconhecem o signo apresentado. 
Dica
Em situações como a que acabou de ler, a solução é solicitar o auxílio de colegas durante a tradução.
Outra solução é pesquisar e registrar as diferenças dialetais, como uma estratégia de antecipação ao
que poderia representar um problema. 
Já vimos que língua e sociedade se relacionam fortemente, certo? E que poderes políticos e sociais
atravessam essas relações. Podemos então questionar: 
Como deveria acontecer um processo de padronização das línguas de sinais, já que são consideradas línguas
minoritárias? 
Processos de padronização são questionáveis e conduzem normalmente à discussão do que é a norma de
uma língua. Eles, por vezes, servem para controlar a variação dialetal inerente aos sistemas linguísticos. 
Outro questionamento inerente aos processos de padronização das línguas de sinais são os interesses
políticos que permeiam o processo. 
A quem interessa esse processo? Quem lidera esse processo? 
Hanna Eichmann (2009), por meio de entrevistas com professores surdos e análises teóricas, faz uma crítica
aos processos de padronizações que por vezes são impostos e liderados por ouvintes. 
Atenção
Segundo os resultados da pesquisa, os principais interessados nesse processo de padronização das
línguas de sinais são os ouvintes, especialmente aqueles aprendizes de língua de sinais como segunda
língua, já que os surdos, em sua maioria, não têm nenhuma dificuldade de compreender as variações
linguísticas. 
A autora faz a distinção entre dois tipos de processos de padronização linguística, como podemos ver a
seguir.
Padronização imposta “de cima para baixo”
Carrega a noção de intenção, intervenção deliberativa em uma língua, formando uma variante que
incorpora as características de uma língua-padrão. Desse modo, uma língua-padrão não surgiria
naturalmente, mas de forma intencional. 
Padronização natural
Carrega a noção de processo espontâneo pelo fato de as línguas se transformarem naturalmente com
o tempo. 
Pela ausência de um código escrito difundido, as línguas de sinais possuem uma grande variação,
especialmente a lexical. Sendo assim, os processos de padronização são naturais e por vezes passíveis de
intervenções. Quando feitos como intervenção, devem ser examinados com cuidado e procedidos com muito
respeito aos direitos linguísticos e ao protagonismo dos surdos em relação à própria língua. 
Processo de padronização da língua
No vídeo a seguir, a professora Antonielle Martins comenta sobre limites e possibilidades linguísticos da língua
de sinais. Vamos assistir! 
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Variação linguística
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Padronização de sinais
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Estudamos que a língua-padrão pode ser considerada a variável linguística mais difundida e entendida por
todos os falantes da língua. No entanto, variações linguísticas ocorrem em todas as línguas e são fenômenos
naturais que mostram sua organicidade; no Brasil, o regionalismo é muito comum.
Assinale a afirmativa correta sobre o tema.
A
O regionalismo é mais frequente na língua inglesa.
B
Dialetos são variedades de uma língua falada por comunidades geograficamente mal definidas.
C
A língua varia no espaço geográfico, no decorrer do tempo e nos diferentes espaços sociais, bem como nas
diferentes situações comunicativas.
D
As línguas possuem relação superficial com a sociedade.
E
O regionalismo, apesar de comum, é um fenômeno determinado por determinadas regiões visando manter a
uniformidade.
A alternativa C está correta.
Vimos no texto que variação linguística é objeto de estudo da Sociolinguística, tendo como seu expoente os
estudos de William Labov. Nos estudos seminais do autor, fica claro que língua e sociedade são fortemente
correlacionadas. Por conta dessa correlação, a língua varia no espaço geográfico, no decorrer do tempo, e
nos diferentes espaços sociais, bem como nas diferentes situações comunicativas. O regionalismo é um
fenômeno natural, muito comum no Brasil por conta da riqueza cultural e extensão geográfica.
Questão 2
O estudo de Eichmann (2009) faz críticas pertinentes aos processos de padronizações que por vezes são
impostos e liderados por ouvintes. A autora diferencia dois tipos de padronização linguística. Sobre essa
diferenciação, analise as afirmações:
I. As línguas se transformam naturalmente com o tempo; sendo assim, há uma padronização espontânea. 
II. Padronizações podem ser impostas de “cima para baixo”.
III. Nos processos de padronização, o protagonismo surdo deve ser respeitado.
IV. A única padronização possível acontece naturalmente. 
Está correto o que se afirma em:
A
I, II e IV.
B
I, II, III.
C
III e IV.
D
I e IV.
E
IV somente.
A alternativa B está correta.
A afirmação IV está incorreta pois a ausência de código escrito difundido das línguas de sinais faz com que
alguma padronização deliberada se faça necessária – como vimos no exemplo do ENEM, uma prova que
atinge todo o país e necessita de escolhas lexicais adequadas. Portanto, quando os códigos escritos são
inseridos deliberadamente em certo contexto, devem ser procedidos com cuidado e respeitoaos direitos
linguísticos e ao protagonismo dos surdos em relação à própria língua.
4. Conclusão
Considerações finais
Nos conteúdos aqui apresentados, compreendemos os conceitos relativos às comunidades surdas e às
línguas de sinais. No caso dos surdos brasileiros, a língua utilizada é a Língua de Sinais Brasileira (Libras).
Vimos que as línguas de sinais não são universais, mas línguas complexas que surgem naturalmente nas
comunidades surdas. As línguas de sinais possuem gramática própria e todos os níveis linguísticos existentes
nas línguas orais, ou seja, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e pragmática. Portanto, possuem o mesmo
status das línguas orais e sua peculiaridade mais importante é o fato de serem línguas visoespaciais, isto é,
expressas pelo corpo no espaço e compreendidas visualmente. Estudamos que é uma língua recombinativa e
arbitrária, apesar de ter presente a iconicidade. 
Entramos em contato com o universo da cultura surda, com artefatos culturais riquíssimos como a literatura
surda, o humor surdo e assim por diante. As identidades surdas são diversas e heterogêneas, atravessadas
pela cultura ouvinte. Nesse sentido, temos uma percepção sociológica dos indivíduos surdos e não clínica e
normatizadora, que se preocupa apenas com reabilitação e grau de perda auditiva. 
Por conta da enorme variabilidade das línguas de sinais, o que as torna complexas, vivas e orgânicas,
estudamos também o desafio dos processos de padronização das línguas de sinais. 
Esperamos que a história da comunidade surda inspire você a lutar por uma sociedade mais acessível e
inclusiva, e que o conteúdo aqui disponibilizado lhe seja útil caso receba um aluno surdo em sala de aula ou
encontre uma pessoa surda na sua trajetória de vida. 
Explore +
Compare diferentes línguas de sinais do mundo por meio da plataforma Spreadthesign na web. O banco de
dados reúne 400.000 sinais de diferentes línguas de sinais ao redor do mundo.
 
Para compreender melhor os desafios das pessoas surdas, assista ao vídeo Os surdos têm voz, estrelado pelo
artista surdo Leonardo Castilho.
 
Você pode conhecer um pouco mais sobre o francês Eduart Huet no vídeo Manuário – E. Huet, da TV INES.
Pesquise na web.
 
Você pode conhecer um pouco mais sobre o educador norte-americano E. M. Gallaudet no vídeo Manuário –
Gallaudet, da TV INES. Pesquise na web.
 
Você pode conhecer um pouco mais sobre o educador norte-americano William Stokoe no vídeo Manuário –
William Stokoe, da TV INES, pesquise na web.
 
Conheça o org/brazil/ e descubra as múltiplas possibilidades do sistema de escrita da língua de sinais.
 
Para saber mais sobre sociolinguística, leia o livro de graduação de Letras/Libras da UFSC escrito pelo
professor Leland McCleary.
 
A inclusão escolar não atende às especificidades linguísticas das crianças surdas. Assim, a comunidade surda
brasileira luta por escola bilíngue específica para surdos. Para saber mais sobre políticas linguísticas e
educação de surdos, leia o artigo Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a Política Nacional de
Educação Especial e o Decreto nº 5.626/05, de Ana Claudia Balieiro Lodi.
Referências
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	Cultura das comunidades sinalizantes
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Línguas de sinais e comunidades surdas
	Linguagem de sinais é a língua dos surdos-mudos?
	Atenção
	O bilinguismo surdo
	Comentário
	Atenção
	A Libras não é a língua portuguesa sinalizada
	A língua de sinais é universal?
	Surdos brasileiros
	Surdos franceses
	Surdos norte-americanos
	A língua de sinais tem gramática?
	Configuração de mão
	Localização
	Movimento
	A língua

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