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Luiz Pires

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Uma introdução à geografia física
7ª Edição
Robert W. Christopherson
A diversidade é uma característica marcante da Terra viva. A diversidade de organismos na biosfera é uma resposta à interação da 
atmosfera, hidrosfera, litosfera, todas alimentadas pela energia solar. Este é o escopo da geografi a física, refl etido na estrutura em 
partes de Geossistemas.
Parte I - O nosso planeta e as nossas vidas são alimentados por energia radiante do Sol. A atmosfera da Terra 
age como um fi ltro efi ciente. Os desiguais aportes diários de energia controlam balanços de energia atmos-
férica e da superfície, dando origem aos padrões globais de temperatura e de circulação de vento e correntes 
oceânicas.
Iceberg e gaivotas kittiwake perto da ilha Isispynten, Oceano Ártico
Parte II - A Terra é o “planeta água”. Nós vemos a dinâmica da atmosfera – a poderosa interação de umidade 
e energia, de estabilidade e instabilidade, e a variedade de formas de nuvens –, como os padrões atmosféricos 
diários, o ciclo hidrológico, os recursos hídricos e o clima. Imagens de um Oceano Ártico sem gelo nos lembra 
da importância da ciência da mudança climática em geografi a física.
Céu claro e refl exo da montanha na baía Hornsund sem gelo marinho, no sudoeste de Spitsbergen, Svalbard
Parte III - A Terra é um planeta dinâmico modifi cado por agentes físicos ativos. Dois sistemas organizam es-
ses agentes: o sistema endógeno engloba os processos internos e fl uxos de calor e material para a crosta, que 
responde pelo movimento, pela deformação e ruptura, algumas vezes, em episódios dramáticos. O sistema 
exógeno (processos externos) envolve o ar, a água e o gelo que esculpem, modelam e reduzem a paisagem.
Arenito intemperizado no Parque Estadual Valley of Fire, sul de Nevada, EUA
Parte IV - A Terra é o lar da única biosfera conhecida, um complexo de sistemas interativos abióticos (não 
vivos) e bióticos (vivos) que sustentam uma enorme diversidade de vida. Hoje enfrentamos questões cruciais 
na preservação dessa diversidade. A resiliência da biosfera, tal como a conhecemos, é testada em um expe-
rimento em tempo real. Um antigo ecossistema fl orestal de musgos, samambaias, urzes e gramíneas exube-
rantes cobrem o chão da fl oresta e o afl oramento de rocha na Escócia central.
Foto da Terra, cortesia da NASA. Todas as outras fotos © Bobbé Christopherson.
Uma introdução à geografia física
7ª Edição
Robert W. Christopherson
www.grupoa.com.br
GEOGRAFIA
U
m
a introdução à geografia física
C
hristopherson
Planeta Terra, fotografado de 
aproximadamente 37.000 km, 
em dezembro de 1972.
100370 Geosssistema.indd 1100370 Geosssistema.indd 1 14/10/2011 11:17:1114/10/2011 11:17:11
Ao longo da baía de Hudson, Manitoba, Canadá, em novembro, estes dois machos lutam amigavelmente como uma forma de exer-
cício, com abundantes ataques simulados. Espetacularmente, os dois ursos estão apoiados em suas patas traseiras e dão socos 
em seu parceiro de luta; em seguida, entram em corpo a corpo e voltam ao chão, cada um tendo sua vez como agressor. Há clipes 
feitos pelo autor no CD que acompanha este livro que mostra ursos polares. A mudança climática está reduzindo a extensão do gelo 
marinho, o que diminui a disponibilidade de alimentos para os ursos. As previsões apontam para um Oceano Ártico livre de gelo em 
menos de uma década; devastador para os ursos polares, uma vez que eles dependem do gelo. [Foto de Bobbé Christopherson.]
C556g Christopherson, Robert W. 
 Geossistemas [recurso eletrônico] : uma introdução à 
 geografia física / Robert W. Christopherson ; tradução: 
 Francisco Eliseu Aquino ... [et al.] ; revisão técnica: Francisco 
 Eliseu Aquino, Jefferson Cardia Simões, Ulisses Franz 
 Bremer. – 7. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : 
 Bookman, 2012. 
 Editado também como livro impresso em 2012.
 ISBN 978-85-407-0106-9 
 1. Geografia. 2. Geografia física. I. Título.
CDU 911.2
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
454 Parte III A Interface Terra-Atmosfera
que o Mississippi. Atualmente, esse distributário de rota 
alternativa carrega cerca de 30% da vazão total do Mis-
sissippi. Se o Mississippi pudesse contornar New Orleans 
completamente, isso seria uma bênção, pois eliminaria a 
ameaça de enchentes. No entanto, essa mudança seria um 
desastre financeiro, já que um importante porto dos Esta-
dos Unidos seria obstruído com sedimentos e a água mari-
nha penetraria em recursos de água doce.
No momento, barreiras artificiais impedem que o Atcha-
falaya atinja o Mississippi no ponto mostrado; sem as com-
portas, os dois rios realmente se conectam. O Projeto de 
Controle do Velho Rio (1963) tem três estruturas e um blo-
queio a aproximadamente 320 km da foz do Mississippi para 
manter esses rios em seus canais (Figura 14.28e; a foto de 
abertura do capítulo traz uma versão maior). Muitas enchen-
tes atingiram o Mississippi inferior no passado, como a de 
2003 (Figura 14.28g), ou as marés meteorológicas e inunda-
ções causadas pelos furacões Cindy, Katrina e Rita em 2005. 
Outra grande enchente é apenas questão de tempo e pode fa-
zer com que o canal fluvial mude de volta para o Atchafalaya. 
Um estudo de caso na Notícias 14.4 sobre Bayou Lafourche, 
antigo e importante distributário do Mississippi até 1904, 
ilustra muitas dessas questões.
Rios sem deltas O Rio Amazonas, curso d’água com 
maior vazão da Terra, ultrapassa os 175.000 m3/s em vazão 
e carrega sedimentos para partes distantes do Atlântico pro-
fundo. Ainda assim, o Amazonas não possui um delta ver-
dadeiro. Sua foz, com 160 km de largura, formou um depó-
sito subaquático em uma plataforma continental inclinada. 
Como resultado, a foz do Amazonas é trançada em um am-
plo labirinto de ilhas e canais (veja a Figura 14.1).
Outros rios também não têm formações deltaicas se não 
produzirem sedimentos significativos ou se sua vazão for so-
bre fortes correntes erosivas. O Rio Colúmbia do noroeste 
dos Estados Unidos não tem um delta porque as correntes 
longe da costa removem os sedimentos antes que eles possam 
se acumular em um delta.
Enchentes e gerenciamento fluvial
Stream Processes, 
FloodplainsANIMAÇÃO
Ao longo da história, as civilizações colonizaram planícies de 
inundação e deltas, principalmente desde a revolução cultu-
ral de 10.000 anos atrás, quando foi descoberta a fertilidade 
dos solos da planície de inundação. Os primeiros povoados 
eram construídos longe da área de enchentes, ou sobre ter-
raços fluviais, porque a planície de inundação era dedicada 
exclusivamente à agricultura. Porém, conforme o comércio 
cresceu, a competição por locais próximos aos rios aumentou, 
pois essas localizações eram importantes para o transporte. 
Foram construídos portos e docas, assim como pontes sobre 
rios. Como a água é uma matéria-prima industrial básica usa-
da para resfriar e para diluir e remover resíduos, locais indus-
triais à margem de rios e mares tornaram-se desejáveis. Essas 
atividades humanas de competição sobre terras vulneráveis 
sujeitas a enchentes colocam vidas e propriedades em risco 
durante as inundações.
O abuso e o uso equivocado das planícies de inundação 
fluvial causaram uma catástrofe na Carolina do Norte em 
1999. Entre setembro e outubro, os furacões Dennis, Floyd 
e Irene levaram vários metros de precipitação ao estado, 
sendo que cada tempestade caiu sobre o solo já saturado. 
Cerca de 50.000 pessoas ficaram desabrigadas e pelo me-
nos 50 morreram, enquanto mais de 4000 residências foram 
perdidas e a mesma quantidade sofreu sérios danos (Figura 
14.29a). A estimativa em dólares para o desastre ultrapassou 
US$ 10 bilhões.
Os porcos em granjas excedem em número os humanos 
na Carolina do Norte. Mais de 10 milhões de porcos, sendo 
que cada um produz 2 toneladas de resíduos por ano, esta-
vam localizados em cerca de 3000 fábricas agrícolas. Essas 
operações geralmente sem regulamentação coletam quase 20 
Notícias 14.3
O delta do Nilo está desaparecendo
As pessoas ao longo do RioNilo depen-
dem de seu fluxo regular e enchentes 
anuais há milênios. Heródoto obser-
vou, no século 5 a.C., como as pessoas 
cultivavam os campos nas regiões de 
planície de inundação e do delta. De-
pois de fazerem a colheita, recuavam 
da área de volta para suas residências. 
Elas esperavam as enchentes anuais que 
traziam silte e nutrientes frescos para a 
plantação do ano seguinte. Esse ciclo 
de fertilidade continuou até a conclu-
são da Represa Alta de Assuã, em 1964. 
Essa estrutura causou uma redução no 
fornecimento de sedimentos ao delta, 
e parcialmente, como consequência, a 
linha costeira continua a recuar ativa-
mente. Heródoto afirmou em A His-
tória, Livro II: “Na parte chamada de 
Delta, parece-me que, se o Nilo cessar 
de inundar... para todo o sempre, os 
egípcios sofrerão”.
J. Stanley, oceanógrafo do Instituto 
Smithsonian, propôs uma explicação in-
trigante para a recessão do delta do Nilo, 
indo além dos impactos da Represa Alta 
de Assuã. Ao longo dos séculos, mais de 
9000 km de canais foram construídos no 
delta para aumentar o sistema distributá-
rio natural. À medida que a vazão do rio 
entra na rede de canais, a velocidade do 
fluxo é reduzida, a competência e a capa-
cidade fluviais diminuem e a carga de se-
dimentos é depositada bem antes de onde 
o delta toca o Mar Mediterrâneo. Os flu-
xos fluviais não chegam mais ao mar de 
forma eficiente.
O delta do Nilo está retrocedendo 
da costa a uma taxa alarmante de 50 a 
100 m por ano. A água marinha está 
penetrando cada vez mais no conti-
nente, tanto pela água superficial como 
pela água subterrânea. A ação e a rea-
ção humanas a essa situação progressi-
va determinarão, com certeza, o futuro 
do delta. Se Heródoto pudesse ver o 
delta que ele descreveu do jeito que se 
encontra hoje!
Christopherson_Book.indb 454Christopherson_Book.indb 454 29/09/11 14:0929/09/11 14:09
Capítulo 14 Sistemas e Geoformas Fluviais 455
Notícias 14.4
O que uma vez foi Bayou Lafourche – análise de uma foto
Bayou Lafourche foi o principal distri-
butário do Rio Mississippi entre a Guer-
ra Civil e 1904, quando uma represa foi 
construída, interrompendo o fluxo e 
criando perdas hídricas no bayou e es-
tagnação dos antigos marismas. O bayou 
foi fechado para navegação em 1930. Em 
1955, tentativas foram feitas para rever-
ter as perdas nesse bayou por meio da 
restauração de algum fluxo de água com 
bombas. Enquanto isso, as perdas totais 
no delta continuavam.
Bayou é um termo genérico para di-
versos traços hídricos no sistema do Rio 
Mississippi inferior, inclusive riachos 
e hidrovias secundárias. Esses cursos 
d’água por vezes estagnados e espira-
lados passam por marismas e pântanos 
costeiros, permitindo que as águas da 
maré acessem terras baixas deltaicas.
O impacto humano na extensão de 
175 km do delta de Bayou Lafourche 
tem sido grave e espelhado por impac-
tos semelhantes no sul da Louisiana. De 
fato, a maior parte da área costeira da 
Louisiana, que representa cerca de 40% 
dos marismas costeiros nos Estados Uni-
dos, está profundamente alterada e per-
turbada pela construção de represas e di-
ques, por alterações de fluxo, exploração 
de petróleo e gás, poços, bombeamento, 
oleodutos e dragagem para necessidades 
industriais, de navegação e exploração e 
transporte de madeira. Cerca de 65 km2 
dessa terra baixa na costa da Louisiana 
são submersos pelo Golfo do México 
por ano. Esses marismas são ecologica-
mente importantes e ajudam a proteger 
a costa contra marés de tempestade e 
tempestades tropicais.
A Figura 14.4.1 ilustra parte do 
Bayou Lafourche em 2003. As cidades 
90� 89�
29�
30�
91�92�93�94�
New
OrleansMorgan
City
Lago
Pontchartrain
Alexandria
Louisiana
Projeto de
Controle do
Velho RioR
io
 M
is
si
ss
ip
pi
R
io A
tchafalaya
Golfo do México
40 80 QUILÔMETROS0
(a)
(b)(b)(b)
Lago
Catfish
Baía
L'Ours
Rodovia 1
Rodovia 1
LA
3235
LA
3235
Comporta
Larose
Bayou
Lafourche
Bayou
Lafourche
Dique de
proteção
contra
furacões
Dique de
proteção
contra
furacões
Aeroporto
South Lafourche
Galliano
Golden
Meadow
Comporta
Leon
Theriot
1,5 3 Km0
Bayou
Lafourche
Figura 14.4.1 Um complexo de diques de proteção contra furacões no 
delta do Mississippi.
(a) Desenvolvimento de assentamentos, fazendas e indústrias em um sis-
tema de diques de proteção contra furacões de 65 km. Bayou Lafourche 
é a hidrovia adjacente à rodovia, com bloqueios nas extremidades norte e 
sul do sistema de diques para vedar o interior em épocas de marés de tem-
pestade. (b) Um mapa dessa região geral. [Foto de Bobbé Christopherson.]
(continua)
Christopherson_Book.indb 455Christopherson_Book.indb 455 29/09/11 14:0929/09/11 14:09
456 Parte III A Interface Terra-Atmosfera
milhões de toneladas de esterco em aproximadamente 500 
lagoas abertas, muitas estabelecidas em planícies de inunda-
ção fluvial. O aguaceiro do furacão forçou essas lagunas na 
direção de terras úmidas, cursos d’água e, por fim, Pamlico 
Sound e o oceano – uma “zona morta” em expansão de uma 
catástrofe ambiental (Figura 14.29b). Tem havido pouco pro-
gresso para resolver essas questões a respeito de água/planí-
cie de inundação desde esses eventos em 1999.
Enchentes catastróficas continuam a ser uma ameaça, prin-
cipalmente em países pobres. O exemplo mais persistente é o de 
Bangladesh: um dos países mais densamente povoados da Terra, 
mais de 3/4 de sua área terrestre é uma planície de inundação 
e sua vasta planície aluvial se estende por uma área de 130.000 
km2, quase igual ao Estado do Amapá.
A gravidade das enchentes em Bangladesh é consequên-
cia de atividades econômicas humanas, combinadas com in-
tensos episódios de precipitação. O desmatamento excessivo 
nas partes a montante das vertentes do Rio Ganges-Brahma-
putra aumentou o escoamento. Com o tempo, o aumento da 
carga de sedimentos carregados pelo rio foi depositado na 
Baía de Bengala, criando novas ilhas (veja a Figura 14.26). 
Essas ilhas, um pouco acima do nível do mar, tornaram-se 
locais de novos povoados agrícolas. Como resultado, cerca 
de 150.000 pessoas morreram nas enchentes e na maré de 
tempestade de 1988 e 1991. (Para mais informações sobre 
enchentes no mundo todo, acesse http://www.dartmouth.
edu/~floods/Resources.html/ ou um resumo diário de en-
chentes em http://www.nws.noaa.gov/oh/hic/current/fln/
fln_sum.shtml.)
Falhas de engenharia em 
New Orleans, 2005
Se tudo estiver bem, a cidade de New Orleans está quase intei-
ramente abaixo do nível do rio, mas seca, com seções da cidade 
abaixo do nível do mar em elevação. Enchentes graves são uma 
certeza para assentamentos existentes e planejados, a menos 
que ocorra alguma intervenção ou realocação urbana. A cons-
trução de várias estruturas de controle de enchente e os inten-
sos esforços de recuperação feitos pelo Corpo de Engenharia 
do Exército dos Estados Unidos aparentemente apenas poster-
garam o perigo,conforme demonstrado pela enchente recen-
te. Os eventos de 2005, após a passagem do Furacão Katrina, 
permanecerão por muitos anos como uma das maiores falhas 
Notícias 14.4
de Galliano e Golden Meadow e uma 
população total de mais de 10.000 pes-
soas são protegidas da elevação da 
água, das flutuações de marés e dos fu-
racões no complexo cercado de diques. 
O sistema de proteção contra furacões 
de 65 km, altura aproximada de 4 m e 28 
m de largura na base foi iniciado no final 
da década de 1970. Vemos o sistema de 
levantamento topográfico por lotes divi-
dindo as terras em ângulos retos em 
Bayou Lafourche e na Rodovia 1, alguns 
lotes com plantações de cana-de-açúcar. 
As comportas nas duas extremidades 
desse enclave são fechadas quando há 
ameaça iminente de enchente. Os níveis 
de água na área protegida diminuíram 
desde que o enclave de diques foi con-
cluído e os fluxos de água superficial fo-
ram reduzidos.
O furacão Katrina carregou barcos 
de pesca de camarão e outras embar-
cações para dentro do continente e os 
depositou sobre os escombros de estru-
turas quebradas,bloqueando estradas e 
campos. Quase um mês depois, o fura-
cão Rita cercou o composto de diques 
com 2,4 m de água, mas durante os dois 
eventos o sistema de diques suportou a 
carga. Porém, o vento causou danos, que 
são evidenciados pelos tecidos azuis que 
cobrem os telhados quebrados. As em-
presas ainda operavam com geradores 
elétricos meses depois do fenômeno. 
Um parque com vários trailers oferece 
abrigo temporário.
Com a subsidência do delta e a ele-
vação dos níveis do mar, o aumento da 
altura dos diques é um processo contí-
nuo. A construção em andamento, co-
nhecida como “levantamento” do dique, 
está adicionando mais um metro de altu-
ra em uma tentativa de manter a prote-
ção contra marés de tempestade por 100 
anos – cerca de 90% desse projeto estava 
concluído em 2005. A verdadeira iro-
nia é que os antigos pantanais costeiros 
eram um divisor entre as marés de tem-
pestade do Golfo e as terras do interior, 
mas hoje, devido a todas as interrupções 
humanas, há muitas águas abertas entre 
Golden Meadow e o antigo litoral ao 
longo das margens do delta.
Apenas alguns projetos de mitiga-
ção e restauração de marismas estão 
sendo realizados. Um deles é em Port 
Fourchon, no extremo sul da antiga cos-
ta (sul da foto na Figura 14.4.1). Trata-se 
de um importante porto e heliporto de 
baldeação para a indústria de petróleo e 
gás, onde operários se encontram para 
trabalhar em sondas de perfuração no 
Golfo do México (Figura 14.4.2).
O furacão Katrina colheu enormes 
petroleiros, equipamentos e detritos e 
os jogou no continente. Grand Isle, a 
leste do porto na Costa do Golfo, sofreu 
uma destruição tremenda. Algo em tor-
no de 80% das residências, comércio e 
acampamentos de pesca foram destruí-
dos. Muitas das casas construídas sobre 
palafitas simplesmente desapareceram 
após o Katrina. E semanas mais tarde, o 
furacão Rita passou a oeste e danificou 
ainda mais muitas dessas áreas.
Enquanto isso, Galliano atualmente 
está 122 cm acima do nível do mar. As 
terras do delta do Mississippi estão afun-
dando lentamente, e o nível do mar ainda 
sobe. A história continua a se desenrolar.
Figura 14.4.2 Port Fourchon.
Port Fourchon é o centro de serviço para 
a indústria petrolífera em alto-mar, com 
aproximadamente 6.000 trabalhadores 
usando o porto como entreposto para 
as sondas de perfuração longe da cos-
ta. [Foto de Bobbé Christopherson.]
Christopherson_Book.indb 456Christopherson_Book.indb 456 29/09/11 14:0929/09/11 14:09
http://www.dartmouth/
http://www.nws.noaa.gov/oh/hic/current/fln/
Capítulo 14 Sistemas e Geoformas Fluviais 457
de engenharia cometidas pelo governo. Quatro quebras de di-
ques e pelo menos 40 fendas nos diques (revestimento superior) 
permitiram a inundação de uma grande cidade, o que confirma 
essa conclusão. A água poluída permaneceu por dias.
A Figura 14.30a e b do satélite Landsat-7 são ima-
gens comparativas de New Orleans na costa do Lago 
Pontchartrain em 24 de abril e 30 de agosto de 2005. O mapa 
localizador ajuda a posicionar o dique/paredes contra inun-
dações, áreas que estão abaixo do nível do mar e as quatro 
principais rachaduras. As extensas enchentes são as áreas mais 
escuras da cidade, onde alguns bairros ficaram submersos em 
até 6,1 m. Quando a imagem foi feita (b), New Orleans esta-
va aproximadamente 80% abaixo d’água.
Seis investigações por engenheiros civis, cientistas e 
órgãos políticos concluíram que, em termos de conceito, 
projeto, construção e manutenção, o sistema de “proteção” 
apresentava falhas. Muitas das estruturas falharam antes de 
atingir seus limites de falha de projeto. Afinal, o furacão Ka-
trina perdeu força à medida que se deslocou para terra fir-
me. Diversas paredes contra inundações e estacaria não es-
tavam ancoradas na profundidade projetada, como no Canal 
da Rua 17 (Figura 14.31). Essa profundidade inadequada de 
ancoragem enfraqueceu inerentemente partes do sistema. 
São inexplicáveis os resultados de 2007, obtidos por enge-
nheiros civis que inspecionaram o conserto e a colocação de 
diques e paredes contra inundações, de que a composição 
dos materiais de enchimento é baixa demais em argilas e alta 
demais em areia. Em 2007, o trabalho em New Orleans não 
estava concluído, e elementos das seções terminadas pare-
cem inadequados e posicionados para desastres repetidos.
Enquanto contemplamos isso, devemos considerar a ele-
vação contínua do nível do mar, associada à subsidência nessa 
parte da Costa do Golfo. No Capítulo 16, um novo mapa 
retrata uma elevação de 1 m no nível do mar prevista para 
essa área. A geografia física tem muito o que estudar, analisar 
e concluir a respeito dessa situação enigmática sobre a qual 
vamos ler ao longo de nossas vidas.
Classificação do risco de 
planícies de inundação
Uma enchente é um alto nível de água que transborda os 
bancos naturais do rio ao longo de qualquer parte do curso 
d’água. Tanto as enchentes quanto as planícies de inundação 
que elas podem ocupar são classificadas estatisticamente de 
acordo com os intervalos de tempo esperados entre enchentes, 
com base em dados históricos. Desta forma, você ouve falar 
em “enchentes de 10 anos”, “enchentes de 50 anos”, e assim 
por diante. Uma enchente de 10 anos é o maior nível de inunda-
ção com probabilidade de ocorrer uma vez a cada 10 anos. Isso 
também significa que essa inundação tem apenas 10% de pro-
babilidade de acontecer em qualquer ano determinado e pode 
ocorrer cerca de 10 vezes a cada século. Para qualquer planície 
de inundação, essa frequência indica uma ameaça moderada.
Uma enchente de 50 anos ou de 100 anos tem conse-
quências maiores, e talvez mais catastróficas, mas sua ocor-
rência em um determinado ano é menos provável. Essas 
classificações de probabilidade de níveis de enchentes são ma-
peadas para uma área, e as planícies de inundação definidas 
que resultam são, a seguir, classificadas de “planície de inun-
dação de 50 anos” ou “planície de inundação de 100 anos”.
(a)
(b)
95
26
95
40
95
17
17
MS Alabama
Geórgia
Flórida
SC
NC
Tennessee
Illinois
Ohio
WV
Virgínia
Kentucky
MD DE
O c e a n o
A t l â n t i c o
Charleston
Colúmbia
Savannah
Raleigh
Hampton
Charlotte
Jacksonville
35�
30�
85� 80� 75�
70�
90�
15/9
17/10
30/8-3/9
Irene, 13/10 a 18/10
Floyd, 7/9 a 17/9
Dennis, 24/8 a 5/9
150 300 QUILÔMETROS 0
Figura 14.29 Desastre da planície de inundação na Carolina 
do Norte em 1999.
(a) Três furacões inundaram a Carolina do Norte com vários 
metros de chuva em setembro e outubro de 1999, sendo que o 
furacão Floyd foi o pior. (b) Centenas de milhares de animais fo-
ram mortos nas enchentes, que também carregaram centenas de 
lagoas de matéria fecal animal para pantanais, cursos d’água e o 
oceano. Muitas dessas granjas e lagoas estavam localizadas em 
planícies de inundação. [(b) Foto de Mel Nathanson, Raleigh News & 
Observer.]
Christopherson_Book.indb 457Christopherson_Book.indb 457 29/09/11 14:0929/09/11 14:09
458 Parte III A Interface Terra-Atmosfera
Essas estimativas estatísticas são probabilidades de que 
eventos ocorram aleatoriamente durante qualquer ano do pe-
ríodo especificado. Naturalmente, podem passar duas décadas 
sem uma enchente de 50 anos, ou um nível de enchente de 50 
anos pode ocorrer em três anos seguidos. As enchentes com 
maiores níveis da história do vale do Rio Mississippi em 1993 
excederam facilmente a probabilidade de enchente de 1000 
anos, assim como a catástrofe de 2005. Leia o Estudo Especí-
fico 14.1 para obter mais informações sobre danos causados 
por planícies de inundação e estratégias de gerenciamento.
Medição de fluxo de corrente
Os padrões de enchentes em uma bacia de drenagem são tão 
complexos quanto o tempo meteorológico, pois ambos são 
igualmente variáveis e incluem um nível de imprevisibilida-
de. A medição e a análise do comportamento de cada grande 
vertente e curso d’água permite que os engenheiros e as par-
tes interessadas desenvolvam a melhor estratégia possível de 
gerenciamentode enchentes. Infelizmente, dados confiáveis 
muitas vezes não estão disponíveis para pequenas bacias ou 
para as paisagens variáveis de áreas urbanas.
A chave para evitar ou gerenciar enchentes é possuir 
medições extensas de fluxo de corrente, a vazão de um curso 
d’água, e qual é seu desempenho durante um evento de pre-
cipitação (Figura 14.32a). Assim que a seção transversal de 
um curso d’água é inteiramente medida, apenas o nível da 
corrente é necessário para estimar a vazão (usando o cálcu-
lo: vazão = largura × profundidade × velocidade). Uma escala 
hidrométrica (um poste marcado com níveis de água) é colo-
cado em um curso d’água, conforme mostrado na figura, para 
medir o nível da corrente. Outro método envolve um poço 
de tranquilização no banco do curso d’água com um medidor 
para mensurar o nível da corrente. Um medidor móvel de 
corrente pode ser usado para amostrar a velocidade da cor-
rente em várias localizações.
Aproximadamente 11.000 estações de medição de cor-
rente estão em uso nos Estados Unidos (uma média de mais 
de 200 por estado). Destas, 7000 são operadas pela Pes-
quisa Geológica dos Estados Unidos (USGS) e têm gra-
vadores contínuos de estágio (nível) e vazão (acesse http://
water.usgs.gov/pubs/circ/circ1123/). Muitas dessas es-
tações automaticamente enviam dados de telemetria para 
(a) 24 de abril de 2005
(b) 30 de agosto de 2005
Rio Mississippi
Lago Pontchartrain
0 2 4 QUILÔMETROS
Universidade de
New Orleans
French
Quarter
Quartel da
Guarda Nacional
Nono Distrito
Canal Industrial
Canal da
Avenida
Londres
Canal da
Avenida
Orleans
Canal da
Rua 17
Aeroporto
Internacional
de New Orleans
Dique/parede contra inundações
Área abaixo do nível do mar
Diques rompidos durante o Katrina
Universidade
de Tulane
Superdomo
da Louisiana
Centro de Convenções
Porto Interno
Canal de
Navegação
Figura 14.30 New Orleans antes e depois do desastre.
Imagens do Landsat-7 feitas em (a) 24 de abril de 2005 e (b) 30 de 
agosto de 2005 claramente mostram as localizações dos canais e 
os trechos inundados da cidade; compare com o mapa localiza-
dor. Diversas quebras e rompimentos nos diques deixaram 80% 
da cidade debaixo d’água por mais de uma semana. [Landsat-7, 
Bandas 7, 5 e 3, cortesia da Galeria de Imagens do USGS Landsat.]
Canal da Rua 17
Figura 14.31 Quebra e rompimento dos diques.
O bairro Lakeview está submerso (à direita) pela água vinda da fa-
lha no dique do Canal da Rua 17, enquanto o bairro Metairie está 
praticamente seco (à esquerda). Você pode ver os escombros co-
lhidos ao norte da ponte, onde vigas de aço foram colocadas em 
uma tentativa de conter o fluxo. Destroços de naufrágios são visí-
veis na foto. [Cortesia do programa de fotografias aéreas da NOAA.]
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Capítulo 14 Sistemas e Geoformas Fluviais 459
Medições detalhadas de fluxos de cor-
rente e registros de enchentes têm sido 
feitas rigorosamente nos Estados Unidos 
há somente cerca de 100 anos, em espe-
cial desde a década de 1940. Em qual-
quer localização selecionada de um de-
terminado curso d’água, a enchente 
máxima provável (EMP) é uma enchente 
hipotética de tal magnitude que pratica-
mente não existe a possibilidade de ser 
excedida. Como a coleta e concentração 
de precipitação produzem enchentes, os 
hidrólogos falam de um corolário, a pre-
cipitação máxima provável (PMP) para 
uma determinada bacia de drenagem, 
que é uma quantidade de precipitação 
tão grande que nunca será excedida.
Os engenheiros hidrológicos usam 
esses parâmetros para estabelecer uma en-
chente projetada contra a qual adotar me-
didas de proteção. Para áreas urbanas pró-
ximas a riachos, os mapas de planejamento 
incluem linhas topográficas para uma 
planície de inundação de 50 ou 100 anos; 
tais mapas foram elaborados para a maio-
ria das áreas urbanas dos Estados Unidos. 
A enchente projetada geralmente é usada 
para reforçar restrições de planejamento e 
requisitos especiais de seguradoras. O zo-
neamento restritivo que usa essas designa-
ções de planície de inundação é uma ma-
neira eficiente de evitar potenciais danos.
Essa ação política nem sempre é pos-
ta em vigor, e o cenário por vezes é algo 
assim: (1) precauções mínimas de zone-
amento não são cuidadosamente fisca-
lizadas; (2) ocorre um desastre causado 
por uma enchente; (3) as pessoas ficam 
indignadas por terem sido surpreendi-
das; (4) surpreendentemente, o comér-
cio e os proprietários de residências são 
resistentes a leis e fiscalização mais rígi-
das; (5) por fim, outra enchente refresca 
a memória e promove mais reuniões e 
questões de planejamento. Por mais es-
tranho que pareça, há poucos indícios de 
que nossa percepção de risco melhore à 
medida que o risco aumenta. (A organi-
zação de gestores de planícies de inun-
dação em http://www.floods.org/ é 
uma fonte de informações.)
Canais de derivação como 
estratégia de planejamento
Uma estratégia de planejamento em al-
guns grandes sistemas fluviais é desen-
volver planícies de inundação artificiais; 
(a)
(b)
(c)
Figura 14.1.1 Barragem e canais de derivação para desviar águas de enchentes.
(a) O vertedouro Bonnet Carré (uma barragem) no Mississippi inferior, Distrito de 
New Orleans, é aberto em caso de enchente para deixar a água fluir para o Lago 
Pontchartrain e contornar New Orleans ao sul. (b) A barragem de Sacramento espera 
as águas da enchente do Rio Sacramento, que serão direcionadas por meio de um 
canal para a Derivação Yolo, visível à distância em (c). Quando não está inundado, o 
canal de derivação é usado para fins agrícolas. [Fotos de Bobbé Christopherson.]
Estudo Específico 14.1
Estratégias de planícies de inundação
Stream Processes, 
Floodplains
ANIMAÇÃO
(continua)
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http://www.floods.org/
460 Parte III A Interface Terra-Atmosfera
isso é feito por meio da construção de 
canais de derivação para aceitar enchen-
tes sazonais ou ocasionais. Quando não 
está inundado, o canal de derivação 
pode servir de terra agrícola, geralmen-
te se beneficiando da eventual inunda-
ção que reabastece o solo. Quando o rio 
atinge o estágio de enchente, grandes 
portões, chamados de barragens, são 
abertos, permitindo que a água entre 
no canal de derivação. Essa rota alter-
nativa libera o canal principal do fardo 
de carregar toda a vazão.
Ao longo do Mississippi inferior ao 
norte de New Orleans, o vertedouro 
Bonnet Carré é uma dessas barragens, 
em operação na foto (Figura 14.1.1a). 
Em caso de enchente com alto nível de 
água, há uma passagem pela qual a 
água flui para um canal de derivação 
entre dois diques de orientação para aliviar o fluxo de vazão da enchente. O 
canal de derivação desvia a enchente 
em 9,7 km para o Lago Pontchartrain, 
como já fez sete vezes desde 1937, a 
fim de proteger New Orleans. Para ob-
ter mais detalhes, acesse http://www.
mvn.usace.army.mil/pao/bcarre/
bcarre.htm.
No Vale de Sacramento, Califór-
nia, tais barragens levam a canais de 
derivação para fazer com que a água 
da enchente passe pelas áreas metro-
politanas. Na Figura 14.1.1b, vemos a 
barragem de Sacramento e, na Figura 
14.1.1c, o canal de derivação está cheio 
de água da enchente. Mais adiante a 
jusante no delta de Sacramento-San 
Joaquin, diques artificiais e bombas 
tentam manter as terras agrícolas secas 
que, na verdade, estão abaixo do nível 
do rio (Figura 14.1.2). Para piorar as 
coisas, a área na foto aérea está afun-
dando em razão da oxidação de turfa 
no solo, da retirada de águas subter-
râneas e da compactação. Uma dessas 
ilhas do delta inundou em uma quebra 
de dique em 2004.
Considerações de reservatórios
Represas e reservatórios (um confina-
mento de água atrás de uma represa) são 
métodos comuns de controle de fluxo 
de corrente em uma vertente. Para fins 
de conservação, uma represa contém 
picos de fluxo sazonais para distribuição 
durante períodos de baixo nívelde água. 
Desta forma, os fluxos de corrente são
Figura 14.1.2 Uma ilha de delta.
Diques circundam essa ilha de delta e suas fazendas. A parte 
central da ilha está abaixo do nível do rio. Observe o antigo 
canal de água e um cotovelo de rio na terra. [Foto de Bobbé 
Christopherson.]
(a)
(b)
Figura 14.1.3 Extremos de reservatórios.
Fotografias comparativas do reservatório de New Hogan, região 
central da Califórnia, durante condições meteorológicas (a) secas 
e (b) úmidas. Os reservatórios ajudam a regular a variabilidade do 
escoamento. [Fotos do autor.]
Estudo Específico 14.1
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http://mvn.usace.army.mil/pao/bcarre/
Capítulo 14 Sistemas e Geoformas Fluviais 461
regulados para garantir fornecimentos 
de água durante o ano todo. As repre-
sas também são construídas a fim de 
controlar enchentes e conter fluxos 
em excesso para liberação posterior 
em níveis de descarga mais modera-
dos. A adição de produção de energia 
hidrelétrica a essas funções de conser-
vação e controle de enchentes pode 
definir um projeto de conservação 
moderno com vários objetivos. De 
todos os tipos, há aproximadamente 
45.000 grandes represas no mundo e 
inúmeras represas menores. O site do 
Comitê Mundial de Represas é http://
www.dams.org/.
A função do confinamento do re-
servatório é oferecer capacidade de 
armazenamento flexível em uma ver-
tente para regular fluxos fluviais, prin-
cipalmente em uma região com preci-
pitação variável. A Figura 14.1.3 
mostra um reservatório durante con-
dições de seca e em uma época de 
tempo mais úmido 6 anos mais tarde.
Infelizmente, os diversos benefí-
cios da construção de reservatórios são 
contrapostos por algumas consequên-
cias negativas. A área a montante de 
uma represa torna-se permanentemen-
te inundada. Em regiões montanhosas, 
isso pode significar perda de corredei-
ras de água branca e de seções recrea-
tivas de um rio. Em áreas agrícolas, o 
irônico resultado final pode ser que um 
hectare de terra agrícola seja inundado 
a montante para preservar um hectare 
de terra agrícola a jusante. Além disso, 
represas construídas em climas quen-
tes e áridos perdem uma quantidade 
substancial de água para a evaporação, 
em comparação com as correntes de 
curso livre que substituem. Reservató-
rios no sudoeste dos Estados Unidos 
podem perder de 3 a 4 m de água por 
ano; quanto maior a área de superfície, 
maior a perda. A sedimentação também 
pode reduzir a capacidade efetiva de 
um reservatório e encurtar o tempo de 
vida de uma represa.
Uma consideração final 
sobre enchentes
O benefício de qualquer dique, canal de 
derivação ou outro projeto para preve-
nir destruição causada por enchentes é 
medido em desastres evitados e é utili-
zado para justificar o custo da instalação 
de proteção. Desta forma, danos cada 
vez maiores levam à justificativa de es-
truturas de controle de enchentes cada 
vez melhores. Todas essas estratégias es-
tão sujeitas à análise de custo-benefício, 
mas o viés é uma séria desvantagem, pois 
tal análise geralmente é preparada por 
uma agência ou departamento com um 
interesse especial na construção de mais 
projetos de controle de enchentes.
Conforme sugerido em um artigo 
intitulado “Settlement Control Beats 
Flood Control”*, publicado há mais 
de 50 anos, existem outras maneiras 
de proteger as populações do que com 
projetos enormes, caros e, por vezes, 
ambientalmente destruidores. O zo-
neamento rígido da planície de inun-
dação é uma abordagem. No entanto, 
as planícies de inundação planas e fa-
cilmente desenvolvidas próximo a rios 
agradáveis são objetos de desejo para a 
construção de residências e, portanto, 
enfraquecem as resoluções políticas 
(Figura 14.1.4). Uma estratégia razoá-
vel de zoneamento deixaria a planície 
de inundação para fins agrícolas ou de 
recreação passiva, como um parque 
ribeirinho, campo de golfe ou reserva 
vegetal ou de vida selvagem, ou para 
outros usos que não são prejudicados 
por enchentes naturais. Esse estudo 
conclui que “as perdas urbanas e in-
dustriais seriam amplamente obviadas 
[evitadas] por diques de contenção 
e zoneamento e, assim, anulariam a 
maior parte dos benefícios avaliados 
que justificam grandes represas”.
(b)
(a)
Figura 14.1.4 Moradia e construção em uma planície de inun-
dação.
(a) Próximo a Harpers Ferry, Iowa, as residências estão localiza-
das em um banco de areia florestado no Rio Mississippi. (b) Um 
novo aterro está sendo feito no rio para estender a terra visando 
maior desenvolvimento. O rio está em um nível alto de água na 
foto. [Fotos de Bobbé Christopherson.]
* Walter Kollmorgen, Economic Geography 29, 
no. 3 (julho de 1953): 215.
Christopherson_Book.indb 461Christopherson_Book.indb 461 29/09/11 14:0929/09/11 14:09
http://www.dams.org/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra. 
 
	Enchentes e gereciamento fluvial
	Falhas de engenharia em New Orleans, 2005
	Classificação do risco de planícies de inundação
	Medição de fluxo de corrente
	Estudo específico 14.1 Estratégias de planícies de inundação

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