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2025 CRIMES CONTRA ADM JUSTIAA - Art 338 a 357

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Bruna Buba

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
 RESENHA: Os crimes contra a administração da justiça podem ser praticados por qualquer pessoa. Atingem especialmente as atividades de investigação policial ou do Ministério Público e as relativas ao curso do processo. O processo por ser cível ou criminal. 
A matéria está toda nas lâminas e serão destacados os pontos mais relevantes do capítulo, tais como o art. 338, expulsão de estrangeiro; art. 339, denunciação caluniosa; art. 340, comunicação falsa de crime; art. 342, falso testemunho ou falsa perícia; art. 343, corrupção de testemunha; art. 344, coação no curso do processo; art. 345, exercício arbitrário das próprias razões; art. 347, fraude processual; 348, favorecimento pessoal; art. 355, patrocínio infiel; art. 356, sonegação de papel ou objeto de valor probatório; art. 357, exploração de prestígio; art. 359-A até 359-H – são os crimes contra as finanças públicas – haverá destaque para o art. 359-D.
É importante que o aluno possa distinguir essas figuras penais de outras do Código Penal, como por exemplo, o art. 339 com o art. 138; o art. 359-D com o art. 315, etc. A parte final, o capítulo dos crimes contra as finanças públicas, apresenta um quadro de alta complexidade e difícil compreensão, inclusive nos tribunais. Tanto que a ex-presidente Dilma foi acusada de um crime que é praxe ao longo da história republicana brasileira. Este aspecto receberá crítica e que se pede aos alunos observar.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
 I - REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:  Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
        ### DEPORTAÇÃO, EXTRADIÇÃO, EXPULSÃO
Lei de migração – Lei nº 13.445/2017
Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
§ 1o  Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
II - DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:   Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Dar causa significa motivar, originar, dar início à ação da autoridade no sentido de instaurar de qualquer um dos seguintes procedimentos: a) investigação policial (abrange o inquérito e o termo circunstanciado); b) processo judicial (só inicia com denúncia do MP ou queixa-crime do ofendido); c) investigação administrativa (inquérito, sindicância, processo administrativo disciplinar); d) inquérito civil (é promovido pelo MP a partir de portaria, para servir de suporte à ação civil pública – Lei nº 7347/85); e) ação de improbidade (é uma ação civil para responsabilizar funcionário público, nos termos da Lei nº 8.429). 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Em qualquer uma das hipóteses é necessário que o agente tenha imputado a prática de crime ou contravenção penal a alguém, que tem certeza ser inocente. A Lei nº 10.028/2000 ampliou as hipóteses que configuram o crime do art. 339. 
O crime é essencialmente doloso. Assim, não constitui denunciação caluniosa comunicar fato criminoso à polícia apontando pessoa como mera suspeita.
Confronto: não confundir o crime de calúnia do art. 138 com a denunciação caluniosa, porque ambos têm objetividades jurídicas distintas. A princípio, o art. 339 absorve o 138 se estão fundadas num único fato. Assim, simplesmente registrar ocorrência contra alguém por prática de crime, sabendo que é inocente, constitui apenas o art. 339, mas propalar, divulgar, o fato registrado para macular a honra do suspeito, configura também calúnia. 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
 III - COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado:  Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
 - o agente não incrimina ninguém, apenas aciona a máquina pública (por meio escrito ou verbal) para adotar qualquer providência em relação a um ilícito penal que não ocorreu. Ex. o agente perdeu os documentos e registra ocorrência por crime de roubo de documentos; o agente recebeu cheque sem fundos e para recuperar o bem vendido registra ocorrência por roubo do bem objeto da venda. Também pode ser identificado o crime na hipótese de trote, provocando o deslocamento de policiais para atender ocorrência sobre fato que não houve.   
IV - AUTO-ACUSAÇÃO FALSA
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem:  Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
 - Significa imputar a si, atribuir a si a prática de um crime que não houve ou que foi praticado por terceiro. A conduta deve ocorrer perante qualquer autoridade pública competente para tomar providências. O crime é formal e independe de qualquer procedimento da autoridade. Não importa se o agente está movido por gesto de nobreza ou lealdade. Ex. pai assume crime praticado por filho, ou funcionário assume crime praticado por chefe.  
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
IV - FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:  Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.  
Trata-se de crime de ‘mão própria’, que só pode ser praticado pelas pessoas indicadas no tipo. Todavia o STF e STJ têm admitido participação (não co-autoria) no crime de falso testemunho . Testemunha não se confunde com vítima, nem com informante. O compromisso prestado pela testemunha não é essencial para a prática do crime. Nucci defende a posição de que somente a testemunha compromissada pratica este crime. A testemunha não está obrigada a revelar fatos para se incriminar, conforme garantia constitucional do ‘nemo tenetur se detegere’. Pessoas que podem eximir-se da obrigação de depor (art. 206 Código de Processo Penal) não cometem este crime STJ.
  Três são as condutas típicas no art. 342: fazer afirmação falsa, que é dizer algo inverídico (falsidade positiva); negar a verdade, que consiste em negar algo que é verdadeiro; ou calar a verdade, que consiste em não responder o que lhe é perguntado ou omitir informação que tem conhecimento. 
O crime pode ser praticado em sede de inquérito policial, processo judicial, em processo administrativo ou em juízo arbitral. Não ocorre o crime em sede de sindicância ou inquérito civil. Se o crime for cometido no plenário do júri, cabe aos jurados decidir sobre seu reconhecimento. O crime é formal . A consumaçãoocorre no momento da mentira, todavia é possível modificar a versão antes do encerramento do depoimento. No caso de falsa perícia a consumação ocorre com a entrega do laudo pericial.     
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
FORMA MAJORADA
Art 342 § 1º- As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
São 3 as hipóteses de majoração da pena: a) se o crime é praticado mediante suborno (= corrupção de testemunha); b) se o objetivo é produzir prova em processo penal; c) ou em processo civil em que é parte órgão público. 
Quem suborna a testemunha/perito responderá pelo art. 343 e a consumação se dá no momento em que a vantagem é oferecida, dada ou prometida à testemunha. 
Já a testemunha só responde pelo crime se prestar depoimento falso, com pena majorada.
RETRATAÇÃO
Art. 342 § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
Trata-se de causa de extinção da punibilidade, todavia deve-se observar que a benesse só é cabível se o agente efetuar a retratação no mesmo processo em que mentiu
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
 FALSO TESTEMUNHO e possibilidade de coautoria ADVOGADO:
STF - RE 102228, RHC 62159, RE 107862, RHC 59616, RHC 67000
STJ - RHC 1501-SP (RSTJ 31/165), RHC 1824-SP (RSTJ 45/425), HC 1759-SP
STJ [...] 2. É pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que o crime de falso testemunho é de natureza formal, consumando-se no momento da afirmação falsa a respeito de fato juridicamente relevante, aperfeiçoando-se quando encerrado o depoimento, podendo, inclusive, a testemunha ser autuada em flagrante delito. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 603.029/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 29/05/2017)
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
V - “CORRUPÇÃO DE TESTEMUNHA”
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Suborno de testemunha ou perito: São três as condutas típicas: dar vantagem (se a testemunha solicitou), oferecer ou prometer qualquer vantagem à testemunha. O crime é conhecido como suborno de testemunha. 
O perito, tradutor, contador ou intérprete do art. 343 não é funcionário público nos termos do art. 327, eis que são profissionais particulares que a autoridade nomeia para desempenhar um ‘munus publicum’, isto é um encargo e não uma função pública. Assim, se o agente suborna um perito do IML, funcionário público de carreira, haverá o crime do art. 333 com pena majorada pelo § único, porque pratica ato infringindo dever funcional. Se subornar um contador nomeado pelo Juiz do Trabalho para perícia numa ação trabalhista, haverá o crime do art. 343. O perito ou testemunha subornados respondem pelo art. 342, § 1º. Trata-se de crime formal e a consumação ocorre com a realização de um dos 3 verbos nucleares. 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
MAJORANTE 
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
VI - COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Trata-se de empregar violência física ou fazer ameaça grave contra autoridade, parte ou qualquer pessoa que venha a intervir em processo judicial ou administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral. O crime de ameaça (art. 147) contra essas pessoas fica absorvido pelo art. 344. O crime é formal não se exigindo o favorecimento. Se a ameaça à testemunha for posterior ao seu depoimento em juízo, o crime será do art. 147. Se for após o depoimento policial, a testemunha vai depor novamente, então haverá o crime
    
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VII - EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:  Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
O crime tutela o prestígio da justiça, conforme regra constitucional, toda a lesão a direito poderá ser objeto de apreciação pelo poder judiciário. Significa que o agente exerce uma arbitrariedade, sem valer-se da via judicial para solucionar seus conflitos de interesse. Nos casos de autotutela não haverá o crime, por tratar-se de exercício regular de direito. Assim, é permitido o uso da força física para não perder a posse nos casos de esbulho possessório, também se adapta à hipótese a retenção das benfeitorias. Comete o crime do art. 345 quem subtrai bem de terceiro com o objetivo de ressarcir-se de prejuízo causado por este em negócio mal sucedido. Exemplo: professor estava há tempo sem receber salário, resolveu ‘pegar’ vários aparelhos eletrônicos de valor, pertencentes ao estabelecimento de ensino.
Episódio recente no RS envolveu diretor de empresa estatal, que anunciava os lucros obtidos em solenidade, ocasião em que foi ameaçado com arma e seqüestrado para pagar credores. A ameaça para exigir o pagamento está compreendida no art. 345, todavia o seqüestro (art. 148) é delito autônomo e não pode ser absorvido pelo crime de exercício arbitrário das próprias razões;
O crime é de ação penal privada, salvo se houver emprego de violência.
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
VIII - ‘exercício arbitrário das próprias razões’
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
É uma forma peculiar de justiça pelas próprias mãos, quando o bem pertencente ao sujeito ativo está nas mãos de terceiro, quer por decisão judicial, quer por contrato. Assim, o locador que corta a luz e a água do imóvel do locatário, bem como faz obras, destruindo paredes do imóvel locado, quer para forçá-lo a desocupar o imóvel, quer por motivo injustificado, pratica este crime do art. 346. Não confundir com o crime de apropriação indébita qualificada, quando o agente é depositário judicial do próprio bem.
IX - FRAUDE PROCESSUAL
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:  Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
A conduta significa modificar ou adulterar o estado de lugar, o estado de coisa ou o estado de pessoa, com o objetivo de enganar juiz ou perito durante processo judicial civil ou administrativo. O crime é formal e se consuma com a prática do verbo nuclear. O processo deve estar em curso, com citação determinada pelo juiz. Exemplificando: exame de DNA determinado por juiz, o agente manda outra pessoa em seu lugar; alteração do local onde ocorrerá perícia, quando o objetivo é enganar o perito, etc.
 Forma majorada: se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.A majorante incide ainda que o processo penal não tenha sido iniciado, diversamente do ‘caput’ em que o processo deve estar em andamento. Exemplo: solenidade de reconhecimento o agente manda seu irmão; modificar o local de crime para provocar equívocos dos peritos. 
Confronto: se a conduta foi praticada por ocasião de acidente de trânsito com vítimas, o crime será o do art. 312 do CTB.
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X - FAVORECIMENTO PESSOAL
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:  Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
O sujeito ativo não pode ser co-autor nem partícipe do crime ocorrido, portanto deve ser terceiro, pode ser inclusive advogado. A conduta consiste em ajudar a escapar, a ocultar-se de qualquer autoridade pública, desde que o indivíduo tenha praticado um crime. O crime do art. 348 é doloso e comissivo. Exemplo: sujeito cometeu crime e se refugia numa casa com o consentimento e apoio do morador, para que não seja capturado pela polícia. 
Escusa absolutória: - se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. É uma causa pessoal de isenção de pena baseada em questão humanitária, e pode ser aplicada ao companheiro (interpretação ‘in bonam partem’).
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
XI - FAVORECIMENTO REAL
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:  Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Trata-se de crime em que o agente não pode ser partícipe ou co-autor do crime que origina a coisa, nem o receptador da coisa. Não há escusa absolutória no caso de parentes, porque envolve coisas, objeto de crime. Há muita semelhança com a receptação (art. 180), mas se distingue desta pelo elemento subjetivo. Na receptação o agente visa a obter vantagem econômica, enquanto no favorecimento real o agente apenas quer ajudar, beneficiar o criminoso. Ex. filho subtrai objetos em loja e a mãe o ajuda a ocultá-los em sua casa; o agente assalta um banco e esconde o dinheiro na casa de um amigo. Se o agente subtrai um veículo e o esconde numa garagem com pagamento de diárias e o proprietário tem conhecimento da origem de veículo, haverá crime de receptação dolosa (art. 180).
 Confusão com o crime de lavagem de dinheiro – Lei 9613 – verbos são ocultar o dissimular...
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder: Pena - detenção, de um mês a um ano.
 REVOGADO EXPRESSAMENTE PELA LAA – Lei nº 13869
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XII - FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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XIII - EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:  Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.
  Trata-se de crime próprio de pessoa presa, que foge ou tenta fugir da prisão mediante violência. A fuga sem violência não é fato típico, mas constitui falta grave na execução da pena (art. 50, II, da LEP), portanto não se trata de direito do preso de fugir (STF). A consumação do crime se dá no momento em que o agente emprega violência, independe se consegue ou não fugir. Fugir através de túnel escavado pelo próprio preso não constitui crime, apenas falta disciplinar.
   
XIV - ARREBATAMENTO DE PRESO
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:  Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência.
Significa ‘arrancar’ ou tirar a força o preso do poder da autoridade que o mantém sob custódia, com o fim de impor-lhe maus-tratos (castigos, agressões). O crime é formal e pode ser praticado por qualquer pessoa. Se o motivo do crime é simplesmente proporcionar a fuga do preso, o crime será o do art. 351. Se houver tortura, poderá haver concurso com os crimes da Lei nº 9455. O crime do art. 353 é de difícil ocorrência, mas pode se caracterizar nas hipóteses em que um criminoso é detido pela polícia e pessoas querem linchá-lo ou espancá-lo. Então tá.
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XV - MOTIM DE PRESOS
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão:  Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
A lei não diz, mas se entende que devem ser pelo menos 3 presos, que se rebelam, se revoltam, para causar confusão ou para protestar. A reivindicação pode ser legítima e ainda assim haverá o crime, porque ocorre perturbação da disciplina e da ordem carcerária. Se ocorrer incêndio ou destruição de bens públicos, haverá concurso material de crimes.
XVI - PATROCÍNIO INFIEL
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
É a conduta (por ação ou omissão) do advogado ‘traíra’, traidor, enganador. O crime não depende de prévia análise da OAB, eis que a conduta também pode constituir infração disciplinar. Exemplo. O advogado de uma das partes ‘faz acordo por fora’ com a parte contrária, prejudicando seu cliente. É uma canalhice. 
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XVII - PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO
Art. 355, Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
Significa defender ao mesmo tempo e simultaneamente, e na mesma causa, partes contrárias. O fato está previsto no Código de Ética e Disciplina da OAB – art. 18. Não se caracteriza o crime, quando ocorre acordo entre as partes mediante um único advogado.
 
XVIII - SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Trata-se de crime próprio de advogado, relacionado com autos de processo ou documento de valor probatório, que foram retirados do cartório regularmente, mediante protocolo. Ex. advogado retira autos de processo de execução e arranca o título executivo. Na conduta de deixar de restituir autos, o crime só ocorrerá se o advogado foi intimado em cobrança de autos e intencionalmente não os restitui. A consumação ocorre depois de decorrido o prazo estipulado para a devolução (STF). 
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XIX - EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:   Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único- As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
O crime tem semelhança com o art. 332, a diferença reside na pessoa a ser influenciada. Trata-se de conduta do agente que tira proveito de possível influência que possa exercer sobre pessoas que atuam em processo judicial (solicitando ou recebendo vantagem de alguém). O crime é formal, porque não exige qualquer resultado, basta o pretexto para solicitar ou receber a vantagem. Se o agente não tem nenhuma possibilidade de influenciar as pessoas do art. 357, mas seu objetivo é apenas tirar proveito patrimonial de uma situação, o crime será o do art. 171 (estelionato). 
Forma majorada: as penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. 
Cuidado: Se o agente efetivamente vai subornar as pessoas mencionadas no art. 357, praticará, também, o crime do art. 333 ou 343 (conforme o caso) em concurso material. No art. 357 o agente atua apenas contra pessoa ‘interessada’, obtendo dela a vantagem, embora a vítima seja a Administração da Justiça. Exemplo: esposa de juiz propõe a réu que responde a processo crime, que pode conseguir a absolvição desde que pague um valor ‘x’ para ela.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
XIX - EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO
STJ:
2. Dispõe o art. 357 do Código Penal que, para a configuração do delito de exploração de prestígio, deve o agente "solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha".
3. Na linha da jurisprudência desta Corte, "o crime de exploração de prestígio é, por assim dizer, uma 'subespécie' do crime previsto no art. 332 do Código Penal (tráfico de influência). É a exploração de prestígio, a venda de influência, a ser exercida especificamente sobre pessoas que possuem destacada importância no desfecho de processo judicial (APn n. 549/SP, Corte Especial, relator Ministro Felix Fischer, DJe 18/11/2009). ... (PExt no RHC 55.940/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe 04/02/2019)
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Violência ou fraude em arrematação judicial
        Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:   Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência.
- Matéria inteiramente regulada pela lei dos crimes licitatórios
        
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito
        Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
        Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
= crime de desobediência – art. 330. NÃO JÁ JULGADO NO STJ SOBRE O TEMA
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
I - CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: 
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; 
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. 
Os crimes contra as finanças públicas são tema recente, não abrangem crimes de peculato nem corrupção. Portanto, o funcionário público administra mal o dinheiro público, em desacordo com as normas legais ou constitucionais, mas não obtém qualquer vantagem para si ou para terceiro. É UM MAU GESTOR DE DINHEIRO PÚBLICO
Conceito de operação de crédito é fornecido pelo art. 29, III, da Lei Complementar 101/2000: é o “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”. Se o agente for Presidente da república – ver Lei nº 1079; prefeito municipal, ver Dec-Lei 201/67.
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
O objeto jurídico é a proteção da regularidade das finanças públicas e da probidade administrativa.
O art. 52 da Constituição Federal determina que “compete privativamente ao Senado Federal: (...) V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
II - INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR 
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
III - ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA 
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
IV - ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA 
        Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
 ### Art. 315 emprego irregular de verba (existe o $, mas é gasto de forma diversa da lei orçament)
V - PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA 
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
        
VI - NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR 
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.  
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 VII - AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:  Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
        
VIII - OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO 
 Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
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