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Introdução à Citopatologia
O conceito da Citopatologia e sua origem como meio de diagnóstico. A construção histórica da
Citopatologia e sua consolidação como meio de diagnóstico. Características do principal teste
citopatológico, o exame de Papanicolau: fundamentos, procedimentos e técnicas.
Profa. Helena Horta Nasser
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender o histórico da Citopatologia e a consolidação dessa ciência como ferramenta essencial no
diagnóstico e na prevenção de doenças. Destaca-se nesse contexto, o teste de Papanicolau, uma importante
ferramenta na prevenção e no diagnóstico de doenças do colo do útero. Entender os fundamentos, os
procedimentos e as técnicas do teste Papanicolau e interpretar os resultados encontrados.
Objetivos
Compreender o histórico e a evolução da Citopatologia.
 
Identificar os fundamentos do teste de Papanicolau.
 
Descrever os procedimentos e as técnicas do teste de Papanicolau.
Introdução
Nossa jornada do estudo sobre a Citopatologia, uma ciência envolvente e que requer muita observação, tem
como ponto de partida conhecer a origem dessa ciência.
 
Estabelecida como meio de diagnóstico, a Citopatologia tem seu termo derivado do grego kytos (células), 
pathos (doença) e logia (ciência). Sendo um ramo da Medicina e da Biologia, ela se dedica à análise e ao
estudo de doenças pela verificação das alterações celulares. O teste de Papanicolau, ou citologia
cervicovaginal, foi o primeiro exame citopatológico desenvolvido. A partir dele, foram feitas adaptações para
análise de outros órgãos.
 
A Citopatologia é multidisciplinar, integrando as áreas da Bioquímica, Histologia, Biologia Celular, Biologia
Molecular, Fisiologia, Oncologia, entre outras. Os profissionais de saúde com especialização nesse campo são
responsáveis pela coleta de material; os laboratórios, por seus laudos e pareceres, dentro de cada
competência profissional.
 
Qual a importância dos exames citopatológicos no diagnóstico e na prevenção de doenças? Que tipo de
células pode ser coletado para realização desses exames? Como diferenciar uma estrutura celular originada
de alterações fisiológica ou patológica?
 
Diversas dúvidas são geradas acerca desse tema. Vamos juntos explorar a origem e a concretização dessa
ciência como um meio de diagnóstico e entender a importância do teste de Papanicolau para a saúde pública.
• 
• 
• 
Antony Van Leeuwenhoek.
1. Histórico e evolução da Citopatologia
Contextualizando
O marco para a criação da Citologia foi a
invenção do microscópio óptico, instrumento
que possibilitou a descoberta das células
séculos depois. O primeiro protótipo foi criado
em 1592 por dois fabricantes de óculos
holandeses, Jeiniere da Cruz e Zacharias
Jansen. Ao observarem um objeto colocado no
final de um tubo revestido de muitas lentes,
verificaram que seu tamanho ficava maior do
que se fosse visualizado com uma lupa.
 
No entanto, apenas no século XVII foram
realizadas as primeiras visualizações
microscópicas de materiais biológicos. O
também holandês Antony Van Leeuwenhoek
(1632-1723) aperfeiçoou o microscópio de Galileu Galilei (1564-1642), criando um modelo primitivo com
apenas uma lente, mas capaz de aumentar em 300 vezes um objeto de maneira nítida. A partir de seu
microscópio, observou bactérias com tamanho de 1 a 2 micra, equivalente a 0,001 mm, estudou os glóbulos
vermelhos e verificou a presença de espermatozoides.
 
Em 1665, Robert Hooke acrescentou mais uma lente no microscópio de Van Leeuwenhoek, permitindo uma
maior ampliação dos objetos. Ao analisar pedaços de cortiça, Hooke notou pequenas cavidades poliédricas ou
poros, que foram denominados de células.
Robert Hooke. (B) Com seu microscópio modificado, visualizou as células de cortiça
e fez descobertas publicadas em seu livro Micrographia.
No decorrer do século XVII, as invenções de Van Leeuwenhoek e Hooke possibilitaram a observação de
objetos até então invisíveis aos olhos humanos, o que levou ao descobrimento das células. Entretanto, apenas
no século XVIII, a célula foi definida como unidade básica dos organismos vivos animais, por Theodor
Schwann (1839), e vegetais, por Matthias Schleiden (1838).
 
Doutor George Papanicolaou (1883-1962).
A partir dessas descobertas, foi definida a teoria de Schleiden e Schwann sobre a célula ser a menor unidade
da vida.
 
Nos anos subsequentes, com avanços nas técnicas de citoquímica, coloração e o surgimento da microscopia
eletrônica, foi possível desvendar a morfologia e a fisiologia das células, a maneira como elas são reguladas, a
sua integração e a compreensão do funcionamento de suas estruturas.
Mas quando será que a Citologia passou a ser
utilizada como meio de diagnóstico? Foi em
1843, quando Sir Julius Vogel observou a
presença de células malignas em um líquido
drenado de um tumor mandibular. Ao decorrer
desse século, outros pesquisadores registraram
os aspectos morfológicos de células malignas
obtidas de aspirados de tumores, urina e
escarro. Entretanto, nessa época, a
Citopatologia não teve enormes progressos
nem era considerada uma ciência, e sim um
instrumento para observação dos patologistas
mais curiosos.
 
Apenas no século XX, a Citopatologia passou a
ser reconhecida como ciência, após os estudos desenvolvidos pelo Doutor George Papanicolaou. Em 1917, ele
buscou avaliar as alterações celulares na mucosa vaginal, ocasionada pela variação hormonal, a partir de
esfregaços vaginais de animais de laboratório e mulheres. Em suas pesquisas, ele também identificou a
presença de células malignas. Foi responsável pela criação da técnica de análise cervicovaginal, conhecida
como teste de Papanicolau.
Em seu artigo “Novo diagnóstico do Câncer”, de 1928, Papanicolaou defendeu que esse método, além de
possibilitar uma maior compreensão do câncer na região cervicovaginal, poderia ser adaptado para a
identificação de cânceres em outras regiões do corpo. No mesmo ano, o Patologista Aurel Babes publicou o
estudo “Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços”, apresentando todas as alterações celulares
encontradas no câncer cervical. Ele também reafirmou a importância dessa técnica como método de
prevenção devido à sua capacidade de identificar células pré-malignas.
Câncer do colo uterino
Segundo o Instituto Nacional do Câncer: “O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação
desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e
podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de
carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma
epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos
casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos casos).
Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano
(HPV). É uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir
para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e
dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.” (INCA, 2020) 
Entretanto, o teste de Papanicolau só se estabeleceu como ferramenta de diagnóstico e prevenção do câncer
de colo uterino ao final da Segunda Guerra Mundial. Em sua monografia “Diagnóstico de câncer uterino pelo
esfregaço vaginal”, no ano de 1943, Doutor Herbert Traut apresentou uma nova técnica citopatológica de
diagnosticar o câncer uterino e as lesões precursoras (método Pap Test). Anos depois, em 1954, Papanicolaou
publicou um atlas de citologia esfoliativa, com observações sobre as características celulares em condições
patológicas e fisiológicas de amostras obtidas a partir da mucosa vaginal e de outros sítios, como o escarro e
a urina.
Citologia esfoliativa
Segundo Lucena e colaboradores (2011), a citologia esfoliativa: “Analisa as características e as
alterações possíveisdo trato genital feminino para identificar os tipos celulares encontrados nos esfregaços
cervicovaginais normais. Sobre a anatomia e a histologia do trato genital, é correto afirmar que:
A O trato genital feminino anatomicamente pode ser dividido em órgãos internos e externos. São órgãos
internos útero, ovários, trompa de falópio, vagina e vestíbulo.
B
A vagina é um órgão tubular musculomembranoso, com comprimento que varia de 7 a 9 cm que se
estende do óstio externo do útero até o vestíbulo da genitália externa, e é revestida pelo epitélio colunar
simples.
C
O útero é um órgão fibromuscular divido em duas áreas: o corpo e o colo do útero. O colo do útero é
formado por duas camadas, a endocérvice (endocérvix) e ectocérvice (ectocérvix). A ectocérvice é a
porção externa do colo uterino, está localizada na parte externa do orifício cervical e é revestida pelo
tecido epitelial escamoso estratificado não queratinizado.
DO canal cervical (endocérvice) é revestido pelo epitélio colunar simples com raras células que possuem
estruturas ciliares secretoras de muco. Esse tipo de epitélio também é encontrado revestindo a vagina.
A alternativa C está correta.
O trato genital feminino pode ser divido em órgãos internos (útero, ovários, trompa de falópio, vagina),
externos (órgãos erécteis, clitóris e bulbo vestibular), formações labiais (pequenos e grandes lábios) e
glândulas anexas (uretrais, parauretrais e vestibulares maior e menor). O útero é um órgão fibromuscular
divido em duas áreas: o corpo e o colo do útero. O colo do útero é formado por duas camadas, a
endocérvice (endocérvix) e ectocérvice (ectocérvix). A ectocérvice é a porção externa do colo uterino, está
localizada na parte externa do orifício cervical e é revestida pelo tecido epitelial escamoso estratificado não
queratinizado, mesmo epitélio encontrado na vagina. Revestindo o canal cervical, encontramos o epitélio
colunar simples com raras células que possuem estrutura ciliares secretoras de muco.
Questão 2
Estudamos sobre a coleta das amostras dos esfregaços cervicovaginais, ressaltando as normas e os
procedimentos. Tendo isso em mente, observe as seguintes afirmativas.
 
Para a realização do esfregaço cervicovaginal, recomenda-se a coleta da endocérvice e da ectocérvice. No
entanto, a coleta tríplice também é bastante realizada (endocérvice, na ectocérvice e fundo da vagina).
 
A espátula de Ayre é utilizada para a coleta de amostras da ectocérvice e vaginal; a escovinha, para a coleta
de material da endocérvice. Ambos procedimentos são feitos por raspagem após uma rotação delicada para
não haver traumas nos tecidos.
 
Para a coleta do exame, a paciente não precisa de nenhuma orientação ou preparo, ou seja, o tratamento com
cremes vaginais na noite anterior não inviabiliza a coleta, uma vez que esse tipo de substância não interfere
no resultado.
 
Estão corretas as afirmativas:
A I, II
B I, III
C II, III
D II
A alternativa A está correta.
A coleta dos esfregaços cervicovaginais deve seguir algumas normas para garantir a qualidade da amostra
e evitar que contaminantes atrapalhem a interpretação das lâminas. Assim, a paciente deve ser orientada a
realizar o exame quando não estiver menstruada, após 48 horas de qualquer tratamento na região vaginal,
assim como não usar lubrificantes, duchas vaginais e ter atividades sexuais. Atualmente, recomenda-se a
coleta da endocérvice e da ectocérvice, mas a tríplice também é bastante realizada. A espátula de Ayre é
utilizada para a coleta de amostras da ectocérvice e vaginal, enquanto a escovinha recolhe material da
endocérvice. Essas amostras são obtidas por raspagem após uma rotação delicada para não haver traumas
nos tecidos.
3. Procedimentos e técnicas do teste de Papanicolau 
Contextualizando
Já discutimos o histórico e a importância dos exames citopatológicos e abordamos os fundamentos do exame
cervicovaginais. Para isso, foi necessário analisarmos toda a anatomia, a histologia do trato genital feminino,
as células encontradas em esfregaços cervicovaginais normais e os tipos celulares encontrados nas
diferentes fases hormonais da mulher ao longo da vida.
 
Além disso, apreendemos um pouco sobre quando devem ser coletados os esfregaços vaginais, o modo de
preparação da paciente e a realização da coleta das amostras. Agora vamos compreender os procedimentos e
as técnicas, passando pela confecção das lâminas e fixação dos esfregaços, coloração e leitura dos
resultados. Vamos juntos apreender esses procedimentos?
Confecção e fixação dos esfregaços citológicos
O esfregaço obtido em cada sítio de coleta deve ser distendido sobre uma lâmina de vidro de maneira
delicada, para evitar a destruição, o esmagamento e a alteração da morfologia celular. Os esfregaços devem
ser uniformes e finos para evitar sobreposição celular, o que dificultaria a leitura e análise das lâminas. Deve-
se também tomar cuidado para não contaminar as lâminas, e consequentemente sua leitura, com algodão,
gaze ou talco das luvas.
Atenção
Todo o material utilizado para a coleta deve ser estéril e descartável, mesmo o bico de pato. Para o
exame, usa-se lâminas novas com a extremidade fosca, para ser identificada com as iniciais do nome da
mulher e o seu número de registro na unidade. A identificação é feita com lápis preto nº 2 ou grafite, pois
o uso de caneta hidrográfica ou esferográfica pode levar à perda da identificação do material. Verificar
se a lâmina está limpa e desengordurada, caso necessário, limpá-la com gaze. 
Na coleta tríplice, o material obtido pode ser disposto em duas lâminas: uma com o material proveniente da
ectocérvice e da endocérvice, e outra lâmina com o material da vagina. Ele também pode ser disposto em uma
única lâmina. Quando for coletado somente material da ectocérvice e da endocérvice, apenas uma lâmina será
confeccionada.
 
Confira a seguir a vantagem e as desvantagens do número de lâminas confeccionados durante a análise!
Independentemente do número de lâminas confeccionadas, os materiais da ectocérvice e da endocérvice
devem ser colocados em sentidos opostos: um na horizontal, e o outro na vertical. Isso facilita a diferença dos
Uma lâmina 
Uma única lâmina permite uma rápida
análise microscópica, mas requer cuidados
na coleta e durante a fixação do material para
evitar seu dessecamento.
Duas lâminas 
Já duas lâminas possibilitam uma maior
área de disposição celular, uma fixação
mais rápida e uma avaliação mais
isolada das células, porém o tempo de
leitura da lâmina é maior.
sítios de coleta. As amostras da ectocérvice são depositadas próximo à área fosca da lâmina, assim como
vemos na imagem a seguir.
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Representação da deposição do material em uma coleta tríplice, sendo em (A) o
material proveniente da endocérvice, em (B) o material da ectocérvice e em (C) o
material do fundo do saco posterior da vagina. (D) confecção de uma lâmina com
material obtido da ectocérvice, espalhado na parte superior da lâmina com a
espátula de Ayre no sentido vertical e da endocérvice com a escovinha na parte
inferior no sentido horizontal.
Um esfregaço de qualidade deve ter células do epitélio da ectocérvice, da endocérvice e da zona de
transformação, além da presença de células metaplásicas, ou endocervicais, representativas da JEC.
Fixação dos esfregaços citológicos
Após a confecção das lâminas, os esfregaços devem ser imediatamente fixados para impedir o dessecamento
do material, visando preservar a sua integridade, suas afinidades tintoriais e permitir a permeabilidade do
corante nas células. A fixação deve acontecer com o esfregaço ainda úmido, por no mínimo 15 minutos.
 
Caso esse esfregaço não seja fixado no tempo correto, algumas alterações podem ser observadas, como
aumento nuclear com perda da integridade da cromatina, aumento da eosinofilia citoplasmática e amostra
turva e opaca. Essas alterações podem ainda tornar a amostra insatisfatória para análise.
 
Na imersão direta,os fixadores utilizados são o álcool etílico ou equivalente com graduação entre 70-95% ou
uma solução alcoólica de polietilenoglicol a 2% (Carbowax), que cria um filme opaco sobre a lâmina e impede
o ressecamento do material.
Fixação do esfregaço por imersão direta no fixador. Após confecção da lâmina, essa
é acondicionada em um frasco com o fixador. As lâminas são acondicionadas e
encaminhadas ao laboratório.
Contudo, a solução de fixação mais usada é o álcool a 95%, pois apresenta baixo custo e toxicidade, além de
desnaturar as proteínas e os ácidos nucleicos, tornando-os estáveis e solúveis.
 
Podem ainda ser utilizados sprays (álcool isopropílico e glicol). A vantagem desses fixadores de cobertura em
relação ao etanol é a facilidade de transporte das amostras que podem ser acondicionadas em caixas.
Coloração de Papanicolaou e Coloração de Shorr
Após a coleta, confecção e fixação dos esfregaços cervicovaginais, o material deve ser encaminhado para o
laboratório, onde será identificado com o pedido médico e cadastrado, antes de o procedimento técnico ser
realizado. Para o exame de citologia cervicovaginal, as lâminas são coradas pela coloração de Papanicolaou
ou Corante de Shorr. Nessas duas técnicas, são utilizados vários tipos de corantes (policrômicas), permitindo
a diferenciação de células cianófilas e/ou eosinófilas. Vamos agora conhecer cada uma dessas colorações.
Curiosidade
No laboratório, podemos dividir didaticamente o processamento dessa amostra em três etapas (pré-
analítica, analítica e pós-analítica). A etapa pré-analítica consiste em receber o material no laboratório e
verificar sua identificação correta e o acompanhamento do pedido médico. O material deve ser
cadastrado antes de ser realizado o processamento técnico. A fase analítica consiste na leitura da
lâmina e na emissão de diagnóstico. A fase pós-analítica é a passagem para a digitação dos laudos e
entrega dos resultados ao paciente. 
Coloração de Papanicolaou
A coloração de Papanicolaou é a mais difundida nos laboratórios de citologia. Tem como principal objetivo a
coloração adequada do núcleo e dos componentes citoplasmáticos, além de possibilitar a verificação da
maturação celular e da atividade celular. O mecanismo pelo qual ocorre a coloração ainda não é bem
elucidado, mas se acredita que acontece pela penetração dos corantes nas células e pela afinidade química.
As células apresentam estruturas ácidas, que têm a capacidade de atrair cátions (presentes nos corantes
básicos), e as estruturas básicas, que atraem os radicais aniônicos do corante (presentes nos corantes
ácidos).
 
A coloração de Papanicolaou é realizada em várias etapas e composta de diferentes corantes:
 
Um corante nuclear Hematoxilina de Harris.
 
Dois citoplasmáticos: Orange G EA (eosina, verde brilhante e pardo de Bismark).
 
O corante EA tem afinidade com estruturas basofílicas/ácidas (cianofílicas) e acidófilas/básicas (eosinofílicas).
Sua finalidade é a coloração de grânulos oxifílicos do citoplasma de células escamosas menos maduras e de
células glandulares, além de corar o citoplasma de Trichomonas vaginais.
 
As características dos corantes da coloração de Papanicolaou estão descritas a seguir:
Corante pH Afinidade Coloração
Hematoxilina Básico
Estruturas ácidas (basofílicas/cianófilas)
interagindo com ácidos nucleicos (Fosfatos ligados
ao DNA). Parede celular de lactobacilos e outras
bactérias. Rege sutilmente com o citoplasma das
células escamosas.
Azul-escuro
Orange G Ácido
Componentes básicos (acidófilos/eosinofílicos) do
citoplasma das células escamosas diferenciadas,
incluindo proteínas pré-queratínicas das células
superficiais eosinofílicas. Cora parcialmente hifas
fúngicas e hemácias.
Amarelo ou
alaranjado
Verde – luz Básico
Citoplasma células escamosas parabasais e
intermediárias, células colunares e histiócitos.
Verde-azul
• 
• 
Corante pH Afinidade Coloração
Eosina Ácido
Citoplasma das células superficiais, nucléolos,
mucina endocervical e cílios.
Rosa
Pardo de
Bismark
Básico Citoplasma Pardo
Tabela: Características dos corantes da coloração de Papanicolaou.
Helena Horta Nasser.
Ao longo dos anos, essa coloração foi modificada, alterando as concentrações das soluções utilizadas e o
tempo de contato da amostra em cada passo. Mas a coloração de Papanicolaou consiste ainda em cinco
etapas (hidratação, coloração nuclear, desidratação, coloração citoplasmática e diafanização). Vamos
conhecê-las!
Hidratação
Nessa etapa, o material é hidratado para a reposição global de água das células a partir de uma série
de banhos alcóolicos decrescentes. A lâmina fixada em álcool 95% passa em banhos sucessivos a
partir do álcool 80 até o 50% e depois duas vezes em água destilada. Essa etapa permite a interação
das células com o primeiro corante, o qual é a base de água.
Coloração Nuclear
Nessa etapa, a lâmina é corada com a Hematoxilina e lavada com água destilada para remover o
excesso de corante.
Coloração citoplasmática
Nessa etapa, a lâmina é corada com Orange G e banhada em álcool 95%. Logo após, é corada com EA
e novamente banhada duas vezes seguidas em álcool 95% e uma vez em álcool absoluto (100%).
Diafanização
Nessa etapa, é fundamental que o material seja altamente desidratado. Para isso, é colocado no xilol,
um agente clarificante e solvente que possibilita criar uma condição de transparência necessária para
a visualização das células. O xilol pode ser substituído por secagem em estufa a 60°C durante 20
minutos. “O xilol, que também pode ser denominado xileno, é um líquido incolor, insolúvel em água e
miscível em etanol, éter e outros solventes orgânicos, de odor característico, nocivo e inflamável. (...).
Trata-se de um composto orgânico volátil que pode provocar tosse, dores de cabeça, dificuldades
respiratórias, perda de memória em curto prazo, depressão no sistema nervoso central, irritação
ocular e dermatites.” (COSTA, K.N.S., 2007, 50-56). O Xilol deve ser manipulado em capela de
exaustão e com uso dos equipamentos de proteção individuais.
Coloração de Shorr
A coloração de Shorr corresponde a uma adaptação da coloração de Papanicolaou. Consiste em uma das
etapas de coloração do núcleo pela hematoxilina, e é a única etapa para a coloração do citoplasma.
 
Também apresenta as fases de hidratação, desidratação e diafanização, semelhante à coloração de
Papanicolaou.
 
As vantagens dessa coloração são: menor tempo e custo de coloração e uma maior estabilidade e
durabilidade do corante, sendo indicada para os serviços com rotinas grandes.
Montagem das lâminas
Após as etapas de coloração e diafanização, as lâminas devem ser imediatamente preparadas para a leitura
em microscópio óptico.
 
1. Nessa etapa, é aplicada uma resina (bálsamo do Canadá ou o Entellan) que permite a adesão entre lâmina e
lamínula.
 
2. Para isso, após o último banho em xilol (etapa de diafanização), com a lâmina ainda úmida, são colocadas
de três a quatro gotas da resina sobre o material.
 
3. Em seguida, a lamínula é depositada. Como a lâmina ainda está úmida, o xilol e a resina se misturam,
garantindo que se espalhem uniformemente.
 
Essa preparação evita a descoloração com o tempo e as chances de dessecação.
 
No entanto, a montagem deve ser rápida e feita logo após a diafanização. Isso evita a entrada de ar entre a
lâmina e a lamínula, assim como a formação de bolhas ou artefatos (presença de pigmentos castanhos
cobrindo o esfregaço) que dificultam a leitura.
 
Essa preparação evita a descoloração com o tempo e as chances de dessecação.
 
No entanto, a montagem deve ser rápida e feita logo após a diafanização. Isso evita a entrada de ar entre a
lâmina e a lamínula, assim como a formação de bolhas ou artefatos (presença de pigmentos castanhos
cobrindo o esfregaço) que dificultam a leitura. Após a etapa de diafanização, sobre as lâminas ainda úmidas
(xilol), é aplicada uma resina e, logo em seguida, uma lamínula. Observe na imagem!
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Montagem das lâminas. 
Agora, veja exemplos de esfregaços cervicovaginais corados pela coloração de Papanicolaou!
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Exemplos de esfregaços cervicovaginais corados pela coloração de Papanicolaou,
mostrando artefatos decorrentes de falhas na montagem das lâminas com a
presença de pigmentos castanhos sobre as células epiteliais (seta A) e bolhas
(seta B).
Roteiro na avaliação dos esfregaços cervicovaginais
Após o processamento técnico das lâminas, é feita a avaliação dos esfregaços cervicovaginais. Em um
primeiro momento, é fundamental confirmar a identificação do paciente e o número de registro do laboratório,
além de analisar o pedido médico para verificar os achados clínicos e se o paciente tem exames anteriores.
 
Em seguida, deve-se observar a adequabilidade da amostra, se é satisfatória ou não segundo a Nomenclatura
Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (Ministério da Saúde - INCA, 2006) adaptado do 
Sistema Bethesda. A ausência dos componentes da zona de transformação (células glandulares endocervicais
e/ou metaplásicas escamosas) não interfere na classificação do esfregaço, mas pode ser relatada ao médico
em uma observação.
 
Para essa avaliação, a primeira leitura deve ser feita na lâmina de modo geral, visualizando uma grande área.
Dessa maneira, é escolhida a objetiva de 4x (aumento de 40x) para avaliar a qualidade da fixação e a
coloração do espécime, o fundo (área ocupada entre as células), a celularidade (quantidade de células), a
composição celular (tipos de células) e a sua distribuição. Em seguida, a lâmina é analisada totalmente na
objetiva de 10x (aumento de 100x). É recomendado que a leitura dos esfregaços citológicos seja iniciada pela
parte mais alta da preparação à esquerda, correndo a lâmina no sentido vertical, sobrepondo uma parte de
cada área previamente examinada. A objetiva de 40x (aumento de 400x) só será utilizada quando for
necessário observar alguma estrutura celular com um maior detalhe.
Sistema Bethesda
Foi criado em 1988, com objetivo de desenvolver um sistema de descrição dos esfregaços de
Papanicolaou, que representaria a interpretação citológica de um modo claro e relevante para o uso
clínico e padronizaria no mundo os resultados dos exames citopatológicos.
Representação de como deve ser realizada a leitura das lâminas durante a análise
dos exames citopatológicos.
No vídeo a seguir, iremos assistir a uma breve contextualização sobre Sistema Bethesda e a Nomenclatura
Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas.
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Roteiro para a avaliação dos esfregaços cervicovaginais
Para avaliação dos esfregaços cervicovaginais, devem ser verificados o fundo da lâmina (área do esfregaço
entre as células), a arquitetura da célula (sua organização na lâmina) e a morfologia celular (o citoplasma, a
forma da célula e o estudo do núcleo).
 
Vamos agora verificar esses pontos, fazendo um link sobre o significado clínico de cada achado.
Fundo
Verificar a presença de substância mucoide, purulenta, hemorrágica ou fibrinoide (necrótica). Podem
apresentar restos citoplasmáticos e núcleos desnudos, que são observados na atrofia (denominado de
esfregaço autolítico). A leitura do fundo pode fornecer informações úteis para a interpretação da doença.
Exemplo: a evidência de necrose sob a forma de fibrina e detritos celulares associados ao encontro de células
anormais confirmam o diagnóstico de câncer invasivo.
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Características do fundo encontrado nos esfregaços cervicovaginais.
Arranjo celular
As células podem estar isoladas ou agrupadas; nesse último caso, são divididas em: monocamadas, paliçada,
sincicial ou tridimensional, em “roseta” ou acinar ou glandular, bola ou esfera e papilar.
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Vamos conhecer as peculiaridades desses agrupamentos!
Monocamada
Células que mostram espaçamento regular entre si e apresentam limites citoplasmáticos bem
definidos, com polaridade celular conservada. Geralmente, associada às condições benignas.
Em paliçada
Células glandulares cilíndricas (colunares), quando vistas lateralmente, são tipicamente distribuídas
em fila (arranjo em tira ou paliçada). Os núcleos são localizados na base das células, sendo a porção
apical representada pelo citoplasma. Acontece em condições normais ou lesões benignas.
Sincicial ou tridimensional
Conjunto desorganizado de células com espaçamento irregular entre si, resultando na sobreposição
dos núcleos. Nesse caso, os limites citoplasmáticos são indistintos e há perda de polaridade celular.
Acontece nas neoplasias malignas. A perda da polaridade celular geralmente tem origem em tecidos
anormais com crescimento excessivo.
Em “roseta”, acinar ou glandular
Conjunto onde as células se dispõem em torno de um espaço central. É encontrado nos
adenocarcinomas (neoplasias malignas de origem glandular).
Em bola ou esférico
Agrupamento tridimensional de células. O limite do conjunto celular é bem demarcado, liso. Comum
nos adenocarcinomas. Pode ser encontrado em condições normais (arranjos de células endometriais
descamadas fisiologicamente nos primeiros dias do ciclo menstrual).
Papilar
Arranjo tridimensional com projeções. Na porção central, as células se amontoam; na periferia,
assumem uma disposição mais perpendicular, o que confere uma borda mais delimitada.
Característico de alguns tipos de adenocarcinoma (neoplasia maligna de origem glandular).
Estudo do citoplasma
Possibilita verificar a origem, função, atividade metabólica e o grau de diferenciação celular a partir da análise
do tamanho, da forma, da função, da diferenciação, da coloração e da textura citoplasmática.
Vamos conhecer mais os aspectos estudados no citoplasma!
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Exemplos do citoplasma das células encontradas nos esfregaços cervicovaginais.
Vamos conhecer mais os aspectos estudados no citoplasma!
Tamanho
Para determinar o tamanho da célula devemos compará-la com uma hemácia, um linfócito ou um
neutrófilo. Por exemplo, em relação a um linfócito, células pequenas têm metade do seu tamanho,
células médias são 3-6 vezes maiores e células grandes até 10 vezes maiores.
O tamanho da célula depende da sua origem e função. Em processos malignos, as células podem se
apresentar maiores ou menores e pode haver variação do tamanho em um mesmo tipo celular
(anisocitose).
Formas
Podem apresentar formas poligonais (como nas células intermediárias e superficiais da ectocérvice),
cuboides (células epiteliais com função secretora que apresentam mesma altura e largura) ou
colunares (com altura menor que a largura). Podem aparecer apenas com um único tipo celular
(monomórficas), ou com várias formas (pleomorfismo celular), normalmente encontradas nos
processos malignos.
Função
Características citoplasmáticas que remetem às funções celulares. Por exemplo, a presença de cílios
(comum nas células de endocérvice).
Diferenciação
Células com maior grau de diferenciação celular apresentam bordas mais bem definidas (como
acontece nas células escamosas maduras), diferentemente do que acontece nas células malignas.
Coloração citoplasmática
Remetem ao grau metabólico da célula, com a fixação em etanol e a coloração com Papanicolaou e
Shorr:
O citoplasma das células epiteliais escamosas é rosa (eosinofílico) ou azul-esverdeado
(cianofílico). Nas células intermediárias e parabasais, o citoplasma é cianofílico (células
metabolicamente ativas). As células parabasais apresentam um azul mais escuro do que as
intermediárias.
As células com citoplasma laranja-brilhante (orangeofilia) são queratinizadas ou com tendência
à queratinização, muitas vezes associadas às lesões pré-cancerosas ou malignas do colouterino.
Textura
Homogêneo, granular (que refletem produtos de secreção) ou vacuolizado (acúmulo de glicogênio).
Podem aparecer também outros pigmentos como a hemossiderina (resultante da degradação das
hemácias em casos de hemorragia).
Estudo do núcleo
A maioria das células que serão encontradas nos esfregaços cervicovaginais são nucleadas, com exceção das
hemácias e das escamosas superficiais queratinizadas. Em relação ao núcleo da célula, verificamos o
tamanho, a posição, a quantidade, a forma, as bordas nucleares e o estudo da cromatina.
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abaixo.
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Estudo do núcleo das células encontradas nos esfregaços cervicovaginais.
Vamos agora verificar cada aspecto do núcleo!
Tamanho
Pode ser avaliado individualmente (área nuclear absoluta) ou em função do tamanho da célula
(relação nucleocitoplasmática, ou área nuclear relativa). Células superficiais maduras apresentam
núcleo pequeno; as imaturas, núcleo maior. Células malignas apresentam núcleos volumosos e com
tamanhos variados.
Posição do núcleo
Pode estar no centro (como observado nas células parabasais) ou mais próximo da periferia
(excêntricos), como acontece nas células malignas.
Quantidade de núcleo
Normalmente, apresentam apenas um núcleo, mas podem ser binucleadas ou multinucleadas em
algumas condições. Por exemplo, histiócitos com capacidade de fagocitose em mulheres pós-
menopausa ou células epiteliais infectadas pelo vírus da Herpes.
Forma
Acompanha a forma da célula. Por exemplo, células arredondadas apresentam núcleos arredondados,
células ciliares cuboides e colunares apresentam núcleo oval.
Bordas nucleares
A membrana nuclear não é visível ao microscópio óptico, apenas o depósito da cromatina (membrana
cromatínia). Essa membrana pode ser irregular (locais mais densos do que outros quando há acúmulo
de cromatina em uma área maior que a outra) ou possuir uma borda mais lisa e regular, com acúmulo
uniforme de cromatina em todo o núcleo.
Estudo da cromatina
As condensações regionais da cromatina constituem os cromocentros, que variam de tamanho e
número, podendo ser confundidos com nucléolos. Nas células normais, a maioria dos núcleos
apresenta cromatina granular uniformemente distribuída, sem muita afinidade pelo corante nucelar.
Quando ocorre degeneração celular, a cromatina pode se tornar condensada, opaca, caracterizando o
chamado núcleo picnótico.
Nucléolo
Reflete o grau de síntese proteica pela célula. O nucléolo é corado de vermelho ou laranja. Células
normais apresentam nucléolo pequeno, central, esférico e pode ser múltiplo. Em células de reparação,
o nucléolo está proeminente. Em células malignas, ele apresenta um formato irregular.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Nesse último módulo, aprendemos sobre a confecção e fixação dos esfregaços cervicovaginais, e a
importância dessa etapa na avaliação do material. Acerca desse procedimento, analise as afirmativas a seguir:
 
I. A maneira como as amostras são distendidas na lâmina não interfere na interpretação dos resultados.
II. No momento da confecção dos esfregaços, as amostras da endocérvice e da ectocérvice devem ser
colocadas em uma mesma lâmina e distribuídas em sentidos opostos, uma em sentido horizontal e a outra em
sentido vertical.
III. Após a confecção, as lâminas devem ser imediatamente fixadas para manter a integridade do material e
evitar dessecamento.
IV. Como fixadores, podem ser utilizados álcool em qualquer concentração, mas o álcool 95% é o mais
utilizado. A fixação com álcool ocorre por imersão.
 
Estão corretas as afirmativas
A I, II e III.
B I, II e IV.
C II e IV.
D II e III.
A alternativa D está correta.
As amostras devem ser distendidas sobre uma lâmina de vidro desengordurada e limpa de maneira
delicada, a fim de evitar a destruição, o esmagamento e a alteração da morfologia celular. Os esfregaços
devem ser uniformes e finos para evitar sobreposição celular, o que dificultaria a leitura e a análise das
lâminas. Na confecção das lâminas, as amostras da ectocérvice e da endocérvice devem ser colocadas em
sentidos opostos: uma em sentido horizontal, e outra em sentido vertical. Após confeccionadas, as lâminas
devem ser imediatamente fixadas para impedir o dessecamento do material, visando preservar a sua
integridade, suas afinidades tintoriais e permitir a permeabilidade do corante nas células. Os fixadores
utilizados são o álcool etílico entre 70-95%, sendo o álcool 95% o mais utilizado. A fixação com o álcool
ocorre pela imersão.
Questão 2
Apreendemos que a coloração de Papanicolaou é a mais difundida nos laboratórios de citologia. Ela tem como
principal objetivo a coloração adequada do núcleo e dos componentes citoplasmáticos, bem como verificar a
maturação e a atividade celular. Sobre a coloração de Papanicolaou, marque a alternativa correta.
A
A coloração do citoplasma remete ao grau metabólico da célula, com a fixação em etanol e a coloração
pelo Papanicolaou, as células intermediárias e parabasais apresentam citoplasma rosa (eosinofílico) ou
azul-esverdeado (cianofílico) e o citoplasma das células epiteliais escamosas é cianofílico (células
metabolicamente ativas).
B
A coloração do citoplasma remete ao grau metabólico da célula, com a fixação em etanol e a coloração
pelo Papanicolaou; as células intermediárias e parabasais apresentam citoplasma cianofílico (células
metabolicamente ativas) e o citoplasma das células epiteliais escamosas apresenta cor rosa (eosinofílico)
ou azul-esverdeado (cianofílico).
CA coloração de Papanicolaou é realizada em várias etapas e com diferentes corantes. É composta de um
corante nuclear, o Orange G, e dois corantes citoplasmáticos, a hematoxilina de Harris e o EA.
D
As etapas da coloração de Papanicolaou são a hidratação, coloração nuclear, desidratação, coloração
citoplasmática e diafanização. A diafanização é o nome dado para montagem e preparo da lâmina antes
da verificação no microscópio óptico.
A alternativa B está correta.
A coloração de Papanicolaou é realizada em várias etapas e com diferentes corantes. É composta de um
corante nuclear, a hematoxilina, e dois corantes citoplasmáticos, a Orange G e o EA. As etapas da coloração
de Papanicolaou são a hidratação, coloração nuclear, desidratação, coloração citoplasmática e
diafanização. A diafanização é a etapa após a coloração citoplasmática, onde o material é desidratado e
colocado sob ação do xilol, um agente clarificante e solvente que cria a condição de transparência
necessária para a visualização das células. A coloração do citoplasma remete ao grau metabólico da célula,
com a fixação em etanol e a coloração pelo Papanicolaou. As células intermediárias e parabasais
apresentam citoplasma cianofílico (células metabolicamente ativas) e o citoplasma das células epiteliais
escamosas apresenta cor rosa (eosinofílico) ou azul-esverdeado (cianofílico).
4. Conclusão
Considerações finais
Ao longo deste tema, entendemos como a Citopatologia surgiu como um importante meio de diagnóstico,
ressaltamos sua importância para a prevenção do câncer do colo do útero, seus objetivos, assim como suas
vantagens e desvantagens. Além disso, foram explorados todos os princípios, fundamentos e todas as
técnicas do exame citopatológico mais importante, o Papanicolau. Foi destacada a importância do
processamento técnico das amostras coletadas pelo teste de Papanicolau (fixação, coloração e montagem),
mostrando que essas etapas são fundamentais para evitar dúvidas e erros durante a interpretação das
lâminas. Foram apresentadas também a anatomia e a histologia do trato genital feminino e as células
encontradas nos esfregaços cervicovaginais normais.
 
Ressaltamos também que as mudanças hormonais causam alterações nos tecidos de revestimento ao longo
da vida da mulher, assim a análise das células é uma maneira indireta de verificar a produção hormonal
feminina. Desse modo, abrimos caminho para explorar as principais modificações nas estruturas celularesdurante os processos patológicos em geral e chegar a um diagnóstico. No entanto, em algumas patologias, é
preciso compreender a arquitetura dos tecidos, sendo necessários exames histopatológicos complementares.
Podcast
Para encerrar, ouça sobre introdução à citopatologia.
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Como vimos, nos esfregaços cervicovaginais normais, pode-se encontrar diversos tipos celulares com
diferentes características morfológicas.
 
Para conhecer mais essas células e se familiarizar com cada uma delas, visite:
 
Seção de Citopatologia do colo uterino - atlas digital no site da International Agency for Research on
Cancer.
 
Leia:
 
Caderno de referência 2: citopatologia não ginecológica, na biblioteca virtual do site do Ministério da
Saúde.
 
Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas, disponibilizado no site do
INCA.
 
• 
• 
• 
“O impacto da fase pré-analítica na qualidade dos esfregaços cervicovaginais”, artigo disponibilizado
no site da Revista brasileira de análises clínicas.
 
“Estudo comparativo entre citologia convencional e citologia em base líquida – revisão bibliográfica”,
trabalho disponibilizado no site do dos cursos de especialização da PUC Goiás.
 
“Câncer do colo do útero”, artigo dos doutores João Batista Magro Filho e Maria Aparecida Andrés
Ribeiro no site Saúde & Vida on-line.
Referências
BARBOSA, H. S.; CORTE-REAL, S. Biologia celular e ultraestrutura. In: MOLINARO, E. M. Conceitos e métodos
para a formação de profissionais em laboratórios de saúde. vol. 2. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Técnico em citopatologia. Caderno 1: Citopatologia Ginecológica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2012.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Técnico em citopatologia. Caderno 2: Atlas de citopatologia diagnóstica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2012.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção básica: controle dos cânceres do colo do útero e de mama.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
 
BRASIL. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nomenclatura Brasileira para laudos
cervicais e condutas preconizadas. Rio de Janeiro: INCA, 2006.
 
BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Nomenclatura brasileira para laudos Citopatológicos Cervicais. Rio de
Janeiro: INCA, 2012.
 
BRASIL. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do câncer (INCA). Controle do câncer do colo do útero:
Conceito e Magnitude. Rio de Janeiro: INCA, 2020.
 
CARVALHO, M.C.M.; QUEIROZ, A.B.C. Lesões precursoras do câncer do colo cérvico uterino: Evolução
histórica e subsídios para a consulta de enfermagem ginecológica. Esc. Anna Nery, 2010.
 
CONSOLARO, M. E. L.; MARIA-ENGLER, S. S. Citologia Clínica Cérvico-Vaginal. Texto e Atlas. São Paulo: GEN -
Grupo Editorial Nacional, 2012.
 
DIAZ, M., D., P., E.; MEDEIROS, R., B. Câncer do colo uterino: fatores de risco, prevenção, diagnóstico e
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NASCIMENTO, M. I.; SILVA, G. A.; MONTEIRO, G. T. R. História prévia de realização de teste de Papanicolaou e
câncer do colo do útero: estudo caso-controle na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. In: Caderno de
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Revista brasileira de saúde ocupacional. v.32, n.116, 2007.
 
SELLORS, J., W.; SANKARANARAYANAN, R. Colposcolia e tratamento da neoplasia intra-epitelial: Manual para
principiantes. França: IARCS Press, 2004.
 
SOUZA, A. P. Cancro do colo do útero: tendências e estudos recentes. Trabalho de conclusão de curso
[licenciatura em Ciências Farmacêuticas] – Universidade Fernando Pessoa, Portugal, 2001.
	Introdução à Citopatologia
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Histórico e evolução da Citopatologia
	Contextualizando
	Atenção
	Atenção
	Primeiras observações de células malignas
	Registros morfológicos de células tumorais
	Células malignas em secreções
	Caracterização citológica de tumores
	Início da Citopatologia ginecológica
	Consolidação do diagnóstico por esfregaço
	Inovação na coleta de amostras
	Sistematização da citologia esfoliativa
	Fundação da citologia no Brasil
	Expansão global da Citopatologia
	Citopatologia moderna e relevância atual
	Tipos de descamação celular
	Espátula de Ayre
	Escovinha
	Objetivos dos exames Citopatológicos
	Avaliação clínica
	Controle do tratamento
	Prevenção de doenças
	Vantagens
	Desvantagens
	Citopatologia não ginecológica
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. Fundamentos do teste de Papanicolau
	Contextualizando
	Anatomia do trato genital feminino
	Conteúdo interativo
	Monte vênus
	Grandes lábios
	Pequenos lábios
	Clitóris
	Vestíbulo
	Glândulas anexas
	Conteúdo interativo
	Ovários
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Tuba uterina
	Conteúdo interativo
	Útero
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Vagina
	Características citológicas nos esfregaços cervicovaginais normais
	Citologia da mucosa vaginal e ectocérvice
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Citologia da mucosa endocervical – epitélio colunar simples
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Junção escamocolular (JEC)
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Células endometriais
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Outros constituintes
	Conteúdo interativo
	Alterações no epitélio vaginal e do colo do útero causadas por hormônios
	Conteúdo interativo
	Epitélio Hipertrófico
	Epitélio Normotrófico
	Epitélio Hipotrófico
	Epitélio Atrófico
	Infância
	Pré-puberdade
	1º ao 6º dia
	6º ao 14º dia
	14º ao 24º dia
	24º ao 28º dia
	Gestação
	Pós-parto (puerpério)
	Menopausa
	Conteúdo interativo
	Normas de coleta de amostras cervicovaginais
	Uma vez ao ano
	A cada seis meses
	A partir de 64 anos
	64 anos ou mais
	Coleta de amostras cervicovaginais
	Conteúdo interativo
	O passo a passo da coleta nos laboratórios médicos
	Passo 1
	Passo 2
	Passo 3
	Passo 4
	Passo 5
	Passo 6
	Avaliação hormonal
	Novas tecnologias em citopatologia cervicovaginal
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Procedimentos e técnicas do teste de Papanicolau
	Contextualizando
	Confecção e fixação dos esfregaços citológicos
	Atenção
	Conteúdo interativo
	Fixação dos esfregaços citológicos
	Coloração de Papanicolaou e Coloração de Shorr
	Curiosidade
	Coloração de Papanicolaou
	Hidratação
	Coloração Nuclear
	Coloração citoplasmática
	Diafanização
	Coloração de Shorr
	Montagem das lâminas
	Conteúdo interativo
	Conteúdo interativo
	Roteiro na avaliação dos esfregaços cervicovaginais
	Conteúdo interativo
	Roteiro para a avaliação dos esfregaços cervicovaginais
	Fundo
	Conteúdo interativo
	Arranjo celular
	Conteúdo interativo
	Monocamada
	Em paliçada
	Sincicial ou tridimensional
	Em “roseta”, acinar ou glandular
	Em bola ou esférico
	Papilar
	Estudo do citoplasma
	Conteúdo interativo
	Tamanho
	Formas
	Função
	Diferenciação
	Coloração citoplasmática
	Textura
	Estudo do núcleo
	Conteúdo interativo
	Tamanho
	Posição do núcleo
	Quantidade de núcleo
	Forma
	Bordas nucleares
	Estudo da cromatina
	Nucléolo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referênciasdas células que descamam, naturalmente, das superfícies dos epitélios das
mucosas em geral”. 
Atenção
Voltando à década de 40, outro fato relevante para o desenvolvimento da Citopatologia foi a modificação
dos métodos de coleta de amostras. Em 1947, o médico canadense Ernest Ayre desenvolveu uma nova
técnica de coleta de amostra utilizando um instrumento de madeira chamado de espátula de Ayre, que
possibilitava raspar diretamente as células do colo do útero. Essa técnica é utilizada até os dias atuais
para coleta de secreções vaginais. 
No Brasil, em 1956, os médicos Clarice do Amaral Ferreira, Nisio Marcondes Fonseca e Antonio Vespasiano
Ramos fundaram a Sociedade Brasileira de Citologia, um marco importante para a consolidação da Citologia
como meio de diagnóstico no país. Nessa época, a Citologia foi incluída como parte da anatomia patológica.
Nos países desenvolvidos (EUA, Canadá e países escandinavos), na década de 60, o teste foi adotado para a
prevenção do câncer de colo de útero, resultando na queda do número de mortes por essa enfermidade.
 
No entanto, em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, o teste de Papanicolau ainda não é realizado
de maneira rotineira, fazendo com que o câncer de colo de útero tenha uma alta incidência e mortalidade.
 
Segundo consta no site da Organização Pan-Americana de Saúde:
Câncer de colo de útero
De acordo com INCA, o câncer de colo de útero é a quarta causa de morte por câncer entre as mulheres
no mundo, sendo responsável por 311 mil óbitos. O Brasil apresenta taxas de incidência e mortalidade da
doença intermediárias em relação aos países em desenvolvimento, mas muito altas em relação aos
países desenvolvidos com programas de prevenção bem estabelecidos. A maior incidência e prevalência
da doença ocorre nas regiões brasileiras Norte e Nordeste. Em 2020, são esperados 16.950 novos casos
de câncer de colo de útero. 
O teste de Papanicolau ainda é uma ferramenta amplamente utilizada por causa de sua importância e eficácia
na detecção e prevenção do câncer do colo do útero. A descoberta e a consolidação dessa técnica
representam um marco para a implementação da Citopatologia na prática médica, pois permitiu que ela fosse
adaptada para a detecção de doenças em diversos órgãos e sistemas.
 
Incidência 
“Um evento (ou caso) incidente é definido
como evento ou caso novo de uma doença
(ou morte ou outro problema de saúde)
ocorrido em um determinado tempo de
observação.”
Prevalência 
“Um evento (ou caso) prevalente é
definido como eventos ou casos
existentes de uma doença (ou outra
afecção) em determinado momento.”
No século XXI, houve inúmeros avanços científicos na Medicina com o aparecimento de técnicas inovadoras,
como: a biologia molecular, que pode ser utilizada para a detecção precoce do Papilomavírus Humano (HPV),
evitando o desenvolvimento do câncer cervical; a biopsia por aspiração com agulha fina na citopatologia não
ginecológica (BAAF), que associada às novas técnicas de imuno-histoquímicas e de marcadores moleculares
ajuda a identificar a origem de célula e tecidos e pode ser relacionada a estudos citogenéticos; a tomografia
computadorizada, que ampliou o conhecimento e diagnóstico das doenças.
Atenção
O Papilomavírus Humano (HPV) é um tipo de vírus que infecta a pele e mucosa. Atualmente, são
descritas mais de 150 espécies desse vírus. Alguns desses subtipos, como o HPV-16 e o HPV-18, são
responsáveis por 70% dos cânceres cervicais. 
Apesar desses desenvolvimentos, a Citopatologia ainda é bastante empregada em diversos países. Você
imagina por quê? A análise morfológica das células realizada por meio de exames citopatológicos possui um
baixo custo quando comparada às tecnologias modernas. Além disso, são testes muito simples, não
traumáticos, menos invasivos, eficazes e tão certeiros que tornam dispensáveis outros procedimentos.
 
A linha temporal a seguir resume todos os acontecimentos históricos mais importantes para a implementação
da Citopatologia como meio de diagnóstico.
1843
Primeiras observações de células malignas
Sir Julius Vogel observa células malignas presentes em um tumor mandibular.
1845
Registros morfológicos de células tumorais
Henri Lebert registrou o aspecto morfológico de células aspiradas de tumores.
1850
Células malignas em secreções
Lionel S. Beale e o Dr. Lambl de Praga descreveram células malignas em escarro e urina,
respectivamente.
1853
Caracterização citológica de tumores
Donaldson verifica características citológicas de amostras obtidas da superfície de corte de tumores.
1928
Início da Citopatologia ginecológica
Papanicolau publica o artigo intitulado “Novo diagnóstico do Câncer”. Aurel Babes publicou o trabalho
“Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços”.
1943
Consolidação do diagnóstico por esfregaço
Dr. Herbert Traut publica a monografia “Diagnóstico de câncer uterino pelo esfregaço vaginal”.
1947
Inovação na coleta de amostras
O médico canadense Ernest Ayre desenvolveu uma nova técnica de coleta de amostra cervicovaginal
com uma espátula de madeira.
1954
Sistematização da citologia esfoliativa
Papanicolau publica um atlas de citologia esfoliativa, com observações sobre as características
celulares em amostras obtidas a partir da mucosa vaginais e de outros sítios.
1956
Fundação da citologia no Brasil
Criação da sociedade Brasileira de Citologia.
Anos 60
Expansão global da Citopatologia
Países desenvolvidos usam de forma universal o teste Papanicolau na prevenção do colo do útero. O
teste passa a ser empregado em todo o mundo. A Citopatologia passa a ser aplicada para o
diagnóstico de outras doenças e é implementada como uma disciplina.
2020
Citopatologia moderna e relevância atual
Há métodos inovadores para análise e auxílio no diagnóstico, mas a Citopatologia ainda apresenta
grande importância pelo baixo custo, pela simplicidade e pela eficiência no diagnóstico e na
prevenção das doenças.
Você imagina quais são os principais objetivos dos testes citopatológicos e como obtemos essas amostras?
Vamos agora começar a desvendar essa ciência tão fascinante.
Tipos de descamação celular
Os exames citopatológicos são realizados em células retiradas de uma determinada região do corpo. Para
isso, as amostras podem ser obtidas pela descamação espontânea, eliminadas naturalmente, ou descamação
artificial, essa feita a partir da punção ou aspirados. 
 
Na análise microscópica da urina e do escarro, por exemplo, é normal encontrar células epiteliais. Por outro
lado, na descamação artificial, a remoção das células é realizada com auxílio de um instrumento, como a
espátula de Ayre e a “escovinha”, utilizadas durante o exame de Papanicolau. A “escovinha” também pode ser
usada na coleta de amostras no estomago, no esôfago, na boca e em outros locais.
Espátula de Ayre 
Auxilia na obtenção de células da ectocérvice.
Escovinha
Usada para obter células da endocérvice.
Vamos ver a seguir a diferença entre a descamação celular espontânea e a artificial:
Tipo de descamação
de células Espontânea Artificial
Método de obtenção Natural
Com auxílio de um instrumento
(espátulas, “escovinhas”)
Exemplo de amostras Urina e escarro
Amostras coletas da
ectocérvice, endocérvice,
estômago, boca, dentre outras.
Comparação da
morfologia das células
viáveis
Células mais diferenciadas e
maiores em relação à
descamação artificial
Células mais imaturas e menores
em relação à descamação
espontânea
Tabela: Diferenças entre a descamação celular espontânea e a artificial.
Helena Horta Nasser.
Objetivos dos exames Citopatológicos
Conforme mencionado, os exames citopatológicos são simples, de baixo custo e seguros, pois é um teste não
invasivo ao paciente e capaz de orientar condutas clínicas (tipos de tratamentos, necessidade cirúrgica).
 
Ao realizar a verificação microscópica das células, os principais objetivos são:
Avaliação clínica 
Diagnosticar e identificar doenças silenciosas,
ou seja, que não apresentam sintomatologia de
doenças clinicamente suspeitas.Controle do tratamento
Realizar o acompanhamento ou observar
respostas de um tratamento de determinada
doença.
Prevenção de doenças
Rastrear e prevenir doenças malignas, como o
câncer cervicovaginal.
Confira as vantagens e as desvantagens dos exames citopatológicos!
Vantagens
Exame simples e de baixo custo.
Eficaz e muitas vezes assertivo no diagnóstico das doenças sem necessidade de outros
procedimentos adicionais.
Seguro ao paciente, pois é um exame não invasivo, não traumático, sem necessidade de
anestesia.
São necessários equipamentos simples para a realização dos exames.
Maior superfície de amostragem, podendo a coleta por esfoliação ser realizada em mais de um
sítio.
A coleta pode ser realizada em ambiente ambulatorial.
Melhora a adesão do paciente ao exame.
Desvantagens
São necessário técnicos especializados para a interpretação do exame.
O tempo longo e a natureza subjetiva da interpretação das lâminas pelo técnico que realiza o
exame.
Impossibilidade de averiguação da extensão ou invasão no caso de uma lesão maligna.
Para o diagnóstico de lesões pré-cancerosas e malignas do colo uterino, é necessário um teste
complementar de avaliação histopatológica para confirmação dos achados no exame
citopatológico.
São analisadas apenas células isoladas, e não a arquitetura tecidual.
Alto grau de resultados não conclusivos ou com material insuficiente ou inadequado.
Só podem ser utilizados em lesões de superfícies.
Você conhece a diferença entre o exame citopatológico e o histopatológico? O citopatológico estuda as
células descamadas de uma região ou lesão. O histopatológico analisa os tecidos dos organismos após uma
biópsia, podendo assim identificar com precisão o tamanho da lesão e a composição do tecido.
Citopatologia não ginecológica
Neste vídeo, iremos fazer uma breve contextualização sobre Citopatologia não ginecológica.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Conhecemos um pouco da história e da evolução da Citologia como meio de diagnóstico, assim como os
marcos que a definiram a Citopatologia como uma ciência. Assinale a alternativa a seguir que não representa
um desses marcos:
A Os estudos de Papanicolaou sobre as alterações celulares na mucosa vaginal, ocasionada pela variação
hormonal, a partir de esfregaços vaginais de animais de laboratório e mulheres.
B A criação, na década de 40, de método de coleta com auxílio de um swab. Essa técnica é utilizada até
hoje para coletar amostras de secreção vaginal.
C
Os estudos de Aurel Babes, que apresentam detalhadamente todas as alterações celulares encontradas
no câncer cervical e reafirmam a importância dessa técnica como método de prevenção, pela
possibilidade de identificação de células pré-malignas.
D A invenção do microscópio óptico no século XVII e a descoberta das células pelo Robert Hooke.
A alternativa B está correta.
Na década de 40, foi criado o método de coleta com auxílio de uma espátula de madeira, a espátula de
Ayre. Essa técnica é utilizada até hoje para coletar amostras de secreção vaginal e de citologia esfoliativa. A
espátula é utilizada para obter material da descamação espontânea. Os marcos históricos importantes para
a criação da Citopatologia foram apresentados no tópico Histórico da Citologia como meio de diagnóstico.
Questão 2
Estudamos a importância do exame citopatológico, ressaltando suas vantagens, desvantagens e alguns
objetivos. Acerca desse método, observe as afirmativas a seguir e marque a opção correta.
A O exame citopatológico é um método simples, barato e invasivo que permite avaliar com precisão o
tamanho da lesão e toda a composição do tecido.
B É um método simples, barato e não invasivo que permite avaliar as células descamadas de uma
determinada região e não necessita de profissionais capacitados para realização dos exames.
C É um método simples, barato e não invasivo que permite avaliar as células descamadas de uma
determinada região, sendo apenas aplicado no diagnóstico de câncer do colo do útero.
D
É um método simples, barato e não invasivo que permite avaliar as células descamadas de uma
determinada região; pode ser utilizado para o diagnóstico de doenças sintomáticas e assintomáticas,
assim como para o rastreamento, o acompanhamento da evolução e o tratamento de determinada doença.
A alternativa D está correta.
O exame citopatológico é um método relativamente simples, de baixo custo e não invasivo que permite
verificar, por meio de um microscópio, as alterações de células desprendidas de uma determinada região.
Esse teste é utilizado na prevenção e no diagnóstico de doenças de diferentes sítios do organismo, assim
como no acompanhamento de sua evolução e de seu tratamento. Uma de suas limitações é a incapacidade
de aferir o tamanho da lesão, verificada pelo exame histopatológico. Além disso, para a sua realização, são
necessários profissionais especializados e capacitados.
2. Fundamentos do teste de Papanicolau
Contextualizando
Vimos anteriormente que os estudos de citologia esfoliativa realizados por Papanicolaou e Aurel Babes
consolidaram o exame citológico cervicovaginal (teste de Papanicolau) e a Citologia como meio de
diagnóstico.
O teste de Papanicolau continua sendo realizado, principalmente nos países de média e baixa renda,
por sua simplicidade, seu baixo custo e sua eficácia diagnóstica, ajudando a diminuir os índices de
mortalidade por neoplasias cervicais.
Ele permite a identificação das células esfoliativas do colo uterino e das alterações neoplásicas, possibilitando
a prevenção, o diagnóstico e o acompanhamento de neoplasias cervicais e outras doenças, como as
sexualmente transmissíveis causadas pela bactéria Gardnerella vaginalis.
 
Para a realização desse teste, é essencial conhecer a anatomia, a histologia do trato genital feminino e a
morfologia das células encontradas nos esfregaços cervicovaginais normais. Além disso, é de suma
importância saber o local e a maneira adequada de coleta das amostras a fim de fornecer um material
satisfatório para a análise e gerar resultados fidedignos.
 
Vamos juntos aprender mais sobre essa técnica tão importante e muito utilizada nas rotinas dos
ginecologistas no Brasil?
Anatomia do trato genital feminino
O trato genital feminino apresenta como principal função a reprodução humana. Anatomicamente, é composto
por órgãos genitais externos e internos.
 
Os órgãos genitais externos, ou vulva, se estendem desde o monte de vênus (região anterior pubiana) até a
região do períneo, sendo divididos em órgãos erécteis (clitóris e bulbo vestibular), formações labiais
(pequenos e grandes lábios) e glândulas anexas (uretrais, parauretrais e vestibulares maior e menor). Esses
órgãos são responsáveis por proteger os orifícios (óstio) vaginal e da uretra.
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Órgãos e glândulas que compõem a parte externa do trato genital feminino.
Vamos observar a seguir a descrição das principais características dos órgãos que compõem a região externa
do trato genital feminino.
Monte vênus
Região rica em tecido adiposo e recoberta por pelos.
Grandes lábios
Formados por duas pregas espessas de pele, também revestidas por pelos, e se estendem do monte
de vênus até o períneo.
Pequenos lábios
Os pequenos lábios estão situados entre os grandes lábios e são duas pregas menores de pele,
apresentando ausência de pelos e tecido estratificado pavimentoso queratinizado.
Clitóris
Região que não é recoberta de pelo e apresenta o tecido estratificado pavimentoso queratinizado e
inúmeras terminações nervosas. Importante para sexualidade feminina.
Vestíbulo
Região situada entre os grandes lábios, é onde fica a entrada da vagina.
Glândulas anexas
Importantes para a produção das secreções mucocervicais. Apresenta dois tipos de glândulas
vestibulares:
Glândulas vestibulares menores: Glândulas de Skene, localizadas entre os doislados do meato
urinário.
Glândulas vestibulares maiores: Glândula de Bartholin, localizada dois lados dos vestíbulos.
Os órgãos internos que compõem o trato genital feminino são: os ovários ou gônadas, as tubas uterinas, o
útero e a vagina. Eles estão localizados no interior da parte pélvica.
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Representação dos órgãos internos do trato genital feminino: a vagina, a tuba
uterina, o ovário e o útero.
Você imagina quais órgãos são estudados durante o exame de citologia cervicovaginal? Vamos descobrir!
Ovários
Os ovários estão localizados na cavidade pélvica, entre a bexiga e o reto. Cada ovário está em um lado do
útero, sendo interligados pela trompa uterina (trompa de falópio). Eles apresentam um formato de amêndoa e
suas características morfológicas variam de acordo com a idade e o ciclo menstrual. Na puberdade, os ovários
são lisos e rosados. Após a primeira ovulação, passam a ter um aspecto branco-acinzentado e rugoso. Na
menopausa, tendem a ficar atrofiados e repletos de cicatrizes (fruto das várias ovulações ao longo da vida
reprodutiva da mulher).
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Corte histológico do ovário corado por hematoxilina-eosina (aumento de 20x).
Na imagem anterior, é possível observar os folículos primordiais, os folículos em crescimento e a túnica
albugínea. Os ovários são divididos em córtex e medula. O córtex externo é formado por tecido conjuntivo e
folículos primordiais. A medula é formada por tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos, linfáticos e
nervosos. O revestimento é composto de um epitélio simples cúbico, intercalado pelo epitélio pavimentoso
simples e por um tecido conjuntivo denso adjacente (túnica albugínea).
 
Os ovários são responsáveis pela maturação dos folículos e produção dos gametas femininos. Além disso, têm
em sua estrutura células intersticiais (células de Leyding), capazes de produzir os hormônios sexuais
femininos (estrogênio e progesterona). Esses hormônicos conferem as características sexuais secundárias e
coordenam a implementação e o início do desenvolvimento embrionário.
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Representação da maturação do folículo primário até a ovulação, com a liberação
de um óvulo.
É possível observar que, em resposta aos estímulos hormonais, vários folículos primários amadurecem, mas
apenas um ovócito é liberado a cada ovulação (a cada ciclo menstrual). Após a ovulação, o tecido ovariano
fica com uma cicatriz, e o folículo é transformado em corpo lúteo.
Tuba uterina
As tubas uterinas são responsáveis por ligar o útero aos ovários pelas fímbrias. Elas transportam os ovócitos
liberados a cada ovulação ao útero, além de ser o local onde ocorre a fecundação. As tubas podem ser
divididas em quatro partes e revestidas de epitélio cilíndrico, simples, ciliar e com atividade secretora, que
responde à atividade hormonal. A parede das tubas é formada por três camadas: a mucosa, a muscular e a
serosa.
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Estrutura anatômica da tuba uterina, que é dividida em 4 partes: intramural, o
istmo, a ampola e o infundíbulo.
O infundíbulo apresenta um formato de funil e fímbrias que se espalham sobre os ovários. A ampola é a região
mais larga, onde corre a fecundação. A intramural é a parte que ultrapassa a parede do útero. O istmo é a
porção mais fina e está localizado lateralmente ao útero. Na figura, podemos ver também a fecundação do
óvulo e a nidação (processo de implantação do ovo na parede do endométrio).
Útero
O útero é um órgão fibromuscular localizado entre a bexiga e o reto. Normalmente, apresenta 7 cm de
comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. Com formato côncavo (de pera invertida), o útero pode
variar em sua forma, seu tamanho e sua localização de acordo com a idade, número de gestações e a
estimulação hormonal. É um órgão achatado com uma porção cefálica mais arredondada, chamada de fundo
do útero, e uma justaposta mais estreita, chamada de colo do útero. A região entre o fundo e o colo é
chamada de corpo do útero.
 
O corpo do útero corresponde à maior extensão desse órgão e é formado pelo fundo (parte superior do corpo,
próximo à saída das tubas uterinas) e istmo (parte inferior, próximo ao colo do útero). A parede do corpo do
útero é composta por três camadas: a mais interna (endométrio); uma muscular intermediária (miométrio); e a
serosa, mais externa (perimétrio). O endométrio é o local de implementação do ovo fecundado e sofre
alterações morfológicas durante as variações hormonais.
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Estrutura anatômica do útero: cavidade uterina, do colo do útero delimitado pelo
óstio interno e externo, das camadas uterinas internas (endométrio) e
intermediárias (miométrio).
Na parte inferior do útero, responsável pela comunicação da cavidade uterina com a vagina, está localizado o
colo do útero. Ele é delimitado entre o orifício (óstio) interno (abertura para a cavidade uterina) e o externo
(abertura para o canal vaginal) e é formado por duas camadas: a endocérvice (endocérvix) e a ectocérvice
(ectocérvix).
 
A endocérvice representa a porção interna do colo do útero, é o lúmen (canal cervical) que realiza a
comunicação entre a cavidade uterina e a vagina. Para ver essa região, o orifício (óstio) externo tem de ser
dilatado ou distendido. A ectocérvice é a porção externa do colo uterino, localizada na parte externa do
orifício cervical. Essa região é facilmente visível no exame especular. Na imagem a seguir, podemos observar
as principais regiões anatômicas do útero com destaque para a posição da endocérvice, ectocérvice e o canal
cervical (endocervical).
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Anatomia do útero. 
O ponto de união entre a ectocérvice e a endocérvice é chamado de junção escamocolunar (JEC).
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Representação da junção escamocolunar (JEC).
Vagina
A vagina apresenta como principais funções: permitir a passagem do feto durante o parto; a descamação do
sangue do fluxo menstrual mensal; a penetração do pênis na relação sexual.
Ela está localizada posteriormente à bexiga e à uretra, e anterior ao reto. É um órgão tubular
musculomembranoso, com comprimento que varia de 7 a 9 cm e que se estende do óstio externo do útero até
o vestíbulo da genitália externa.
 
A vagina é constituída de 3 camadas: a mucosa, a muscular e a adventícia. A camada mucosa é a mais interna.
A intermediaria é formada de musculatura lisa. A camada adventícia é a mais externa, formada por um tecido
conjuntivo denso.
Características citológicas nos esfregaços cervicovaginais
normais
O princípio básico do exame cervicovaginal é verificar alterações na morfologia das células e, principalmente,
no citoplasma e no núcleo. As características citoplasmáticas irão indicar o grau de diferenciação celular,
verificando a presença de vacúolos e depósitos de proteínas. As características nucleares observadas são o
aspecto, a coloração, o tamanho e a forma da membrana nuclear.
 
Qualquer alteração na morfologia pode indicar um processo inflamatório na célula pré-neoplásico ou
neoplásico. Vamos agora conhecer as células que compõem os órgãos do trato genital feminino e as
características citológicas nos esfregaços cervicovaginais normais.
Citologia da mucosa vaginal e ectocérvice
A mucosa vaginal e a ectocérvice são revestidas por um tecido epitelial escamoso estratificado não
queratinizado. Abaixo do epitélio, está localizada a lâmina própria (composta de tecido conjuntivo, nervos,
fibras elásticas e vasos sanguíneos).
 
Esse epitélio sofre alterações de acordo com as variações hormonais e o ciclo menstrual. A diferenciação
dessascélulas é estimulada pelo estrogênio. Durante a menopausa e a amamentação, o epitélio pode sofrer
atrofia e apresentar número de células reduzido. Na fase reprodutiva (madura), após a estimulação hormonal,
ele sofre maturação completa.
 
O processo de maturação celular leva a uma alteração na morfologia, com o aumento do tamanho da célula e
do volume citoplasmático, além da redução do tamanho do núcleo. Nessa fase, o epitélio apresenta quatro
camadas celulares: as basais (mais profundas), as parabasais, as intermediárias e as superficiais. Vamos
observar as imagens a seguir!
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Esquema demostrando o epitélio da ectocérvice e mucosa vaginal.
Essas regiões são revestidas pelo epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Esse epitélio é
dividido em camada basal (uma camada de células com capacidade mitótica e apoiada em uma lâmina basal),
parabasal (duas a três camadas de células maiores que a célula basal e com capacidade regenerativa),
intermediaria (células parabasais que sofreram diferenciação e maturação, seu tamanho varia com as
variações hormonais) e superficial (com várias camadas de células viáveis, porção de células mais
diferenciadas, que sofrem descamação).
Mitótica
Refere-se à mitose, que consiste em um processo de divisão celular que consiste em originar duas
células idênticas, com mesmo número de cromossomas. 
À medida que as células vão sofrendo diferenciação, elas apresentam um citoplasma mais abundante e
diminuição do tamanho do núcleo. As células das camadas intermediárias e superficiais apresentam grande
concentração de glicogênio no citoplasma. O glicogênio é facilmente corado pelos corantes utilizados no
exame citopatológico. A presença do glicogênio é sinal de maturação e desenvolvimento normal do epitélio.
 
Na imagem também vemos um corte histológico do tecido (40x) onde observamos as diferenças entre as
células do epitélio de revestimento. Podemos observar a morfologia das diferentes células que revestem a
mucosa vaginal e a ectocérvice.
Diferenciação
Diferenciação celular é a capacidade da célula de se especializar em um tipo celular e realizar uma
determinada função
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Corte histológico corado por Hematoxilina-eosina (aumento de 100x). 
Veja na tabela a seguir as características citológicas das células de reserva e escamosas metaplásicas!
Células Característica
histológica Características no exame citopatológico 
 Quando são
observadas Tamanho Formato da
célula Citoplasma Núcleo
Células
basais
Células
cuboidais
pequenas,
arredondadas
e com elevada
relação
nucleocitoplasma
(tem pouco
citoplasma).
Essa camada
em condições
fisiológicas é a
responsável
pela
regeneração
celular.
Nos
esfregaços
cervicovaginais
de mulheres
com atrofia
acentuada na
pós-
menopausa
ou quando há
ulceração da
mucosa.
Tamanho
pequeno
(como um
leucócito)
Redondo ou
oval
Escasso,
corado
intensamente
em azul ou
verde
Redondo, central,
com cromatina
grosseiramente
granular
uniformemente
distribuída, às
vezes revelando
um pequeno
nucléolo.
Células Característica
histológica Características no exame citopatológico 
 Quando são
observadas Tamanho Formato da
célula Citoplasma Núcleo
Células
parabasais
Células
maiores,
arredondadas
e basofílicas
(propriedade
de corar em
azul-purpura
ou roxo pela
afinidade
química com a
hematoxilina,
um corante
básico
utilizado na
técnica de
Papanicolau).
São raras nos
esfregações
de mulheres
na fase
reprodutiva.
Estão
presente em
casos de
distúrbios
hormonais e
de erosão ou
ulceração de
deficiência
estrogênica
(epitélio
atrófico),
como
infância,
lactação e
menopausa.
15 – 20
micrômetros
São bem
maiores que
as células
basais
Arredondadas
ou ovaladas
Citoplasma
denso,
cianofílico
(corado em
azul ou verde),
relativamente
escasso
O núcleo redondo
ou ovalado mede
entre 8 e 13
micrômetros,
ocupando
aproximadamente
a metade do
volume da célula.
A cromatina é
granular, sem
evidência de
nucléolo.
Células
intermediárias
Células
poligonais
bem maiores,
com núcleos
redondos
vesiculares,
citoplasma
rico em
glicogênio e
que contêm
pontes
intercelulares.
São células
mais comuns
nos
esfregaços
cervicovaginais
no período
pós-
ovulatório do
ciclo
menstrual,
durante a
gravidez e no
início da
menopausa.
O seu
predomínio é
relacionado à
ação da
progesterona
ou aos
hormônios
adenocorticais.
30 a 60
micrômetros
Poligonais
(confere
resistência)
Abundante,
transparente,
poligonal e
cianofílico.
Coloração
menos intensa
daquela
observada nas
células
parabasais.
Apresentam
tendência a
pregueamento
das bordas
citoplasmáticas
Vesiculares,
medindo cerca
de 10 a 12
micrômetros,
redondos ou
ovais, com
membrana
cromatínica ou
borda nuclear
claramente
visível, e
cromatina
finamente
granular e
regularmente
distribuída com
cromocentros. O
corpúsculo de
Barr (cromatina
sexual) pode ser
identificado.
Células Característica
histológica Características no exame citopatológico 
 Quando são
observadas Tamanho Formato da
célula Citoplasma Núcleo
Células
Superficiais
Camadas de
células
aplanadas
com
citoplasma
abundante e
núcleos
picnóticos,
núcleo que a
cromatina está
bastante
condensada.
(camada
superficial)
São comuns
em
esfregaços
cervicovaginais
no período
ovulatório do
ciclo
menstrual,
após
terapeuta
estrogênica e
nas pacientes
com tumor
ovariano
funcionante
(produtor de
estrógeno).
De 40 a 60
micrômetros
Poligonais
(confere
resistência)
Transparente e
eosinofílico
(Propriedade
de corar em
rosa pela
afinidade
química com
eosina, um
corante ácido
utilizado
durante a
coloração
utilizada na
técnica de
Papanicolau).
Essa coloração
não é
específica, e o
citoplasma
pode assumir
as cores azul
ou verde. No
citoplasma das
células
superficiais,
podem ser
vistos grânulos
pequenos
(grânulos
querato-
hialinos)
escuros.
O diâmetro
nuclear
raramente
excede 5
micrômetros com
condensação da
cromatina, que se
torna escura.
Tabela: Características citológicas das células de reserva e escamosas metaplásicas encontradas nos esfregaços
vaginais normais.
Helena Horta Nasser.
Confira a seguir os exemplos da morfologia dessas células nos esfregaços cervicovaginais, coloração de
Papanicolaou (aumento de 400x).
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Exemplos de células do epitélio da ectocérvice em esfregaços cervicovaginais,
coloração de Papanicolaou (aumento de 400x).
No epitélio de revestimento, pode também aparecer uma quinta camada composta de células escamosas
anucleadas (escamas). O aparecimento dessas células em pequeno número pode ser resultado da
contaminação da coleta citológica com células da vulva. Porém, um grande número dessas células pode
representar queratinização do epitélio escamoso estratificado (hiperqueratose).
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Células do epitélio ectocervical em esfregaço cervicovaginal com coloração de
Papanicolaou (aumento de 40x).
A partir da imagem, perceba as células escamosas anucleadas (representadas por setas). Podemos perceber
também que a área do núcleo está com uma sombra clara (núcleo fantasma), o citoplasma é eosinófilo, mas
pode parecer com coloração laranja, amarela ou vermelha.
Citologia da mucosa endocervical – epitélio colunar simples
O canal cervical (endocérvice) é revestido pelo epitélio colunar simples e possui estruturas ciliares secretoras
de muco. Raramente, são observadas células ciliadas nele. As células desse epitélio são altas e apresentam
um núcleo único que está localizado próximo à lâmina basal.
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Endocérvice evestida pelo epitélio colunar simples.
Na imagem, vemos o corte histológico do canal cervical corado por hematoxilina-eosina (aumento de 100x),que mostra uma única camada de células pequenas e com núcleos de coloração escura próximos da
membrana basal que está apoiada no estroma.
 
O epitélio colunar da endocérvice apresenta inúmeras invaginações que se projetam para o estroma cervical,
resultando na formação de criptas endocervicais. Na visualização macroscópica, essa região se apresenta
com aspecto rugoso, devido às criptas.
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Criptas endocervicais.
Podemos verificar no corte histológico do tecido corado por hematoxilina-eosina (aumento de 40x) que o
tecido colunar apresenta invaginações, originando as criptas endocervicais, também como glândulas
endocervicais.
 
Nos esfregaços celulares, as células de revestimento endocervicais apresentam núcleo oval ou redondo,
volumoso, excêntrico, com a cromatina finamente granular, discreta variação no tamanho e localização
próxima à lâmina basal. O citoplasma é volumoso, ligeiramente claro e basófilo (coloração azul) e pode
apresentar vacúolos. As células normalmente descamam em grupos de células monoesterificadas. São vistas
de frente como “favos de mel”, e como arranjos “paliçados” ou em “tiras”, quando observadas lateralmente.
 
As células ciliadas, quando presentes, apresentam um citoplasma corado mais intenso. Uma diferença entre
as células endocervicais das criptas é que as células glandulares apresentam um menor tamanho e um
citoplasma com volume menor quando comparada às endocervicais. Confira a seguir os exemplos!
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Exemplos de células do epitélio endocervical.
A presença dessas células no esfregaço vaginal indica a qualidade dessa coleta e da confecção dos
esfregaços. Elas apresentam um citoplasma muito frágil e um processamento errôneo pode levar a alterações
degenerativas, mostrando núcleos dispersos no muco. Além disso, são bastante sensíveis a alterações
reativas e nesses casos pode apresentar mais de um núcleo.
Esse epitélio é sensível às alterações hormonais. Durante o ciclo menstrual, são encontradas mudanças no
tamanho da célula e no citoplasma. A produção de muco por essas células é estimulada pelo estrogênio, a
maior atividade secretora acontece durante a ovulação. Na segunda fase do ciclo menstrual (onde ocorre o
aumento da progesterona), o citoplasma fica mais alto e com alta concentração de muco. Na menopausa, com
a diminuição na concentração de estrogênio, as células são mais baixas do que na fase reprodutiva.
Junção escamocolular (JEC)
Como mencionado, a junção escamocolunar (JEC) é o ponto de contato do epitélio escamoso da ectocérvice
e o da endocérvice.
 
A localização da JEC em relação ao orifício cervical externo pode variar devido a diversos fatores, como idade,
estímulo hormonal, uso de anticoncepcionais, certas condições fisiológicas e a gestação. A JEC chamada de
original está localizada entre o epitélio escamoso e colunar e é encontrada no nascimento, infância,
perimenarca.
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Representação do ponto de união entre a ectocérvice e a endocérvice, chamado
de junção escamocolunar (JEC). Vemos também o corte histológico corado pela
hematoxilina-eosina (aumento de 10x), mostrando o epitélio escamoso, a JEC e o
epitélio colunar.
Durante a puberdade, o início da vida reprodutiva e na primeira gestação, há o crescimento do colo uterino,
fazendo o canal cervical apresentar um alargamento. Esse aumento de tamanho provoca a inversão do epitélio
endocervical, originando o epitélio ectópico, e faz com que a mucosa cervical passe a ter contato direto com o
pH ácido vaginal.
A acidificação do meio estimula as células de reserva, localizadas na endocérvice entre a lâmina
basal e o epitélio endocervical, a se proliferarem em diversas camadas (hiperplasia das células de
reserva). Assim, inicia-se um processo chamado de metaplasia escamosa.
Com o aparecimento de diversas camadas de células de reserva, começa um procedimento de diferenciação
de células escamosas, com um citoplasma maior e bem delimitado (metaplasia imatura). Com o tempo, há o
desaparecimento das células colunares do tecido endocervical original, e o epitélio se torna totalmente
diferenciado em células escamosas (metaplasia madura). A área do colo onde ocorreu a transformação recebe
o nome de zona de transformação (ZT) e a JEC passa a ser conhecida como funcional. Vamos agora, pelas
ilustrações a seguir, tentar compreender como acontece essas transformações.
Células de reserva
As células de reserva apresentam a capacidade de se proliferar em células escamosas ou glandulares
endocervicais.
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Representação das mudanças na arquitetura das células durante o processo de
metaplasia. (A) Células colunares epiteliais da endocérvice (roxa) e células de
reserva (rosa), localizadas entre as células colunares e a lâmina basal. (B)
Hiperplasia das células de reserva, é possível observar a sua multiplicação. (C)
Metaplasia escamosa imatura, células com citoplasma maior e limites bem
definidos. (D) Alterações vistas durante o processo de metaplasia madura, com o
desaparecimento das células colunares.
Veja a seguir a representação da posição da JEC ao longo da vida e o aparecimento da zona de transição!
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Representação da posição da JEC ao longo da vida e o aparecimento da zona de
transição. (A) Localização das células epiteliais da endocérvice, ectocérvice e JEC
antes da puberdade (JEC original). (B) Inversão da JEC durante a puberdade e na
primeira gravidez, mostrando o endotélio colunar da endocérvice em contato com
o canal vaginal e o início do processo de metaplasia. (C) Localização das células
que sofreram metaplasia. (D) Localização da JEC após a puberdade.
No exame citopatológico, é fundamental identificar as zonas de transformações, onde estão localizadas as
lesões precursoras do câncer do colo do útero. Podemos observar no quadro e na imagem a seguir as
características morfológicas das células de reserva, metaplásica imatura e madura, que são encontradas
nessa região.
 
Estudos demostram que as células metaplásicas imaturas são mais suscetíveis à ação de agentes
carcinogênicos. Confira na tabela!
Células Características no exame citopatológico
 Forma Tamanho Citoplasma Núcleo Arranjo Observação
Reserva Ovais
Pequeno,
menor que as
células
parabasais
Escasso,
cianofílico e
finamente
vacuolizado.
Redondo ou oval,
centralmente
localizado, com
elevada relação
nucleocitoplasmática,
e a cromatina é
fina
uniformemente
distribuída.
Isolada em
pequenos
conjuntos.
São
raramente
encontradas.
Quando
estão
isoladas
podem ser
confundidas
com
histiócitos e
células
estromais
endometriais.
Metaplásica
imatura
Ovais ou
redondas
triangulares,
estreladas
ou
caudadas
Mesmo
tamanho que
as células
parabasais.
Delicado ou
denso, às vezes
com vacúolos.
Pode ter
prolongamentos
e tem uma
coloração
bifásica.
Maior que das
células
intermediárias, são
redondos ou ovais,
paracentrais ou
centrais, com
cromatina
finamente
granular,
regularmente
distribuída; às
vezes, nucléolo.
Agrupamentos
frouxos
(lembra um
calçamento
de pedras).
 
Metaplásica
madura
Ovais ou
redondas
triangulares,
estreladas
ou
caudadas
Tamanho
parecido com
as células
intermediárias.
Levemente
mais denso e
bordas
citoplasmáticas
mais
arredondadas
com coloração
bifásica
Maior que das
células
intermediárias, são
redondos ou ovais,
paracentrais ou
centrais, com
cromatina
finamente granular
regularmente
distribuída; às
vezes, nucléolo
Agrupamentos
frouxos.
Parecem
com as
células
escamosas
origina
Tabela: Características citológicas das células de reserva e escamosas metaplásicas encontradas nos esfregaços
vaginais normais.
Helena Horta Nasser.
Veja a seguir exemplos dos esfregaçoscervicovaginais, coloração de Papanicolaou (aumento de 40x).
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abaixo.
Exemplos de esfregaços cervicovaginais, coloração de Papanicolaou (aumento de
40x).
Células endometriais
Conforme vimos no módulo anterior, o endométrio é o nome dado à parede interna do colo do útero. Ele é
revestido de um epitélio cilíndrico simples sobre uma lâmina própria (estroma) (veja a imagem Estrutura
anatômica do útero) e apresenta inúmeras glândulas tubulares simples (glândulas endometriais). Durante o
ciclo menstrual, o endométrio sofre alterações cíclicas sob a influência dos hormônios estrogênio e
progesterona.
 
Essas células podem ser verificadas nos exames citológicos em condições normais (até o 12° dia do ciclo
menstrual, logo após a nidação, no aborto, no período pós-parto imediato, em algumas mulheres que fazem
reposição hormonal, em quem colocou o dispositivo intrauterino – DIU) ou em algumas condições patológicas
(pólipo, endometriose, endometrite, hiperplasia endometrial e neoplasia maligna).
Estrutura anatômica do útero 
As células endometriais descamam isoladas e em agrupamentos celulares densos, tridimensionais e
com contorno duplo. Quando comparadas às endocervicais, as células endometriais são menores,
apresentam citoplasma mais escasso e núcleo menor. Além disso, podem ser ciliadas ou não e
apresentar pouca definição de borda citoplasmática, com núcleo redondo ou oval, pequeno,
excêntrico e hipercromático.
Durante a descamação endometrial, também podem ser observadas células do estroma. No início do ciclo
menstrual, as células endometriais descamam em aglomerados com um arranjo redondo ou oval, formado por
células estromais no centro e por glandulares endoteliais na periferia. Esse processo é conhecido como êxodo
menstrual.
 
Assim, nos esfregaços, vaginais podemos observar três tipos celulares diferentes: as células glandulares
endometriais, as do estroma superficial e as do estroma profundo. A seguir, podemos verificar as
características morfológicas de cada uma delas.
Células Citoplasma Núcleo
Glandulares
endometriais
Escasso, delicado,
podendo ter vacúolos e
bordas mal delimitadas.
Pequenos, redondos, hipercromáticos com
cromatina grosseiramente granular
uniformemente distribuída. Em condições
normais, não se identifica nucléolo.
Célula do
estroma
superficial
Vacuolizado, cianofílico,
com limites indistintos.
Excêntrico com cromatina granular.
Célula do
estroma
profundo
Fusiformes ou estreladas,
exibem citoplasma mais
escasso e pobremente
preservado.
Ovalados e com cromatina grosseiramente
granular.
Tabela: Características citológicas das células endometriais encontradas nos esfregaços vaginais normais.
Helena Horta Nasser.
Veja a seguir exemplos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou (aumento de
10x).
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Exemplos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou
(aumento de 10x).
Durante a coleta para a realização do esfregaço de amostras da endocérvice com auxílio da escovinha, pode
ocorrer a retirada de células do terço superior do colo uterino. Essas células são histologicamente idênticas às
endometriais, mas podem apresentar algumas modificações na sua morfologia, ocasionadas pelo processo de
descamação artificial.
 
As células glandulares aparecem em forma de túbulos com ou sem ramificação; são pequenas, com
citoplasma escasso e núcleo hipercromático com borda regular e cromatina granular. Ao redor das células
granulares, estão as estromais, que apresentam núcleo arredondado com citoplasma escasso e mal
delimitado.
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Esfregaço cervicovaginal tingido pela coloração de Papanicolaou (aumento de
100x), mostrando células do segmento uterino inferior. É possível verificar as
células estromais (seta azul) com núcleo ovalado e sobreposição, e células
glandulares de arranjo tubular (seta vermelha).
Outros constituintes
Além das células epiteliais, nos esfregaços cervicovaginais normais são encontrados outros constituintes,
como hemácias, neutrófilos, linfócitos, histiócitos, muco e alguns contaminantes (espermatozoide, fungos,
talco, partes de insetos e lubrificantes). Veja na tabela seguir as características citológicas dessas células. 
Célula Característica citológica Significado clínico
Hemácia Células redondas, anucleadas, coradas
habitualmente em laranja
Sem significado
clínico. Quando
integras, podem ser
trauma na coleta,
mas se aparecerem
lisadas pode ser
significativo de
câncer invasivo.
Polimorfonucleares
(Neutrófilo)
Citoplasma mal definido, com núcleos
lobulados, conectados uns aos outros. São
maiores que as hemácias, com tamanho em
torno de 10 micrômetros.
Aparecem em
pequeno número,
oriundos da
endocérvice. Podem
ser encontrados na
segunda fase do
ciclo menstrual.
Essas células são
indicativo de
processo
inflamatótio agudo.
Linfócito
O tamanho de um linfócito maduro é
levemente maior que o de uma hemácia. O
seu núcleo é circundado por escasso
citoplasma basofílico.
A presença de
linfócitos em
diferentes estágios
de maturação
representa cervicite
crônica folicular.
Célula Característica citológica Significado clínico
Plasmócitos
Apresentam forma oval e núcleo excêntrico
redondo ou oval, com cromatina arranjada em
grumos no padrão de “roda de leme”.
São incomuns no
esfregaços.
Histiócitos
Células ovais, mas podem ser poligonais,
alongadas, fusiformes. O citoplasma
apresenta tamanho variável,
semitransparente, espumoso, podendo conter
vacúolos pequenos ou grandes, com ou sem
partículas fagocitadas, com bordas mal
definidas e é cianófilo. O núcleo é excêntrico,
frequentemente tocando a borda
citoplasmática em um ponto, sem distende-la.
A forma nuclear varia de reniforme (em forma
de grão de feijão) a redonda, triangular ou
irregular. A cromatina é finamente granular e
regular, mas pode em alguns casos
apresentar-se grosseiramente granular
irregularmente agrupada e às vezes mitoses
são vistas.
Podem ser um
achado inespecífico
ou se associar à
menopausa, a
processos
inflamatórios, à
radioterapia e a
corpos estranhos.
Tabela: Características citológicas dos outros constituintes que podem ser encontradas nos esfregaços vaginais
normais.
Helena Horta Nasser.
Agora, observe os exemplos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou
mostrando outros constituintes não epiteliais que podem estar presentes!
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Exemplos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou
(aumento de 100x), mostrando outros constituintes não epiteliais que podem estar
presentes. 
Alterações no epitélio vaginal e do colo do útero causadas por hormônios
Conforme falado algumas vezes, os epitélios do colo uterino, endometrial e vaginal sofrem modificações ao
longo do ciclo menstrual pela ação de hormônios estrogênio e progesterona. Tendo isso em mente, podemos
nos perguntar: Que tipo de célula vamos encontrar ao longo do ciclo menstrual? Será que, sobre a ação do
estrogênio, teremos mais células intermediárias ou superficiais? Quando teremos as células parabasais?
Vamos descobrir juntos!
 
O ciclo menstrual pode ser dividido em fase proliferativa ou estrogênica e fase luteal, ambas são determinadas
pela ovulação. Esses hormônios alteram as características celulares encontradas nos esfregaços
cervicovaginais.
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abaixo.
Representação do ciclo menstrual.
Na primeira fase, a proliferativa, o estrogênio estimula a maturação do epitélio escamoso. Na segunda fase,
secretória ou luteal, a progesterona estimula o amadurecimento do epitélio escamoso cervicovaginal. O
estrógeno ocasiona a proliferação, a maturação completa e a estratificação do epitélioescamoso não
queratinizado. Níveis reduzidos desse hormônio revelam na análise citológica uma baixa concentração de
células escamosas superficiais eosinofílicas, com a diminuição da microbiota (lactobacillus) e o aumento da
probabilidade de infecção. A ausência do estrogênio influencia também os mecanismos de lubridificação
vaginal. A progesterona, por sua vez, inibe a maturação celular e estimula o processo de proliferação do
epitélio vaginal. Na fase do ciclo em que a progesterona estiver superior ao estrógeno, ocorre o predomínio de
células escamosas intermediárias.
 
Não é possível estabelecer um padrão confiável entre a proliferação das células e a ação hormonal. No
entanto, é possível correlacionar os achados citológicos ao longo das diferentes fases da vida da mulher.
 
Alguns autores classificam o epitélio em 4 tipos de acordo com o padrão de proliferação encontrado. Vamos
conhecê-los!
Epitélio Hipertrófico
Verificado quando os níveis de estrogênio predominam. Nesse caso, há a presença de células
epiteliais escamosas superficiais e intermediárias, com predomínio das superficiais (superior a 50%).
Epitélio Normotrófico
Verificado quando os níveis de estrogênio e progesterona estão iguais ou quando a mulher tem maior
taxa de produção de progesterona. Nesse caso, a presença de células epiteliais escamosas
superficiais e intermediárias são equivalentes, ou há um aumento do número de intermediárias.
Epitélio Hipotrófico
Verificado no início da liberação hormonal, antes da primeira ovulação ou no período pré-menopausa.
Nesse caso, há predomínio de células epiteliais intermediárias, porém com células basais, podendo
ter algumas superficiais maduras.
Epitélio Atrófico
Verificado quando há ausência de estrógeno e hormônios relacionados, levando à acentuada redução
no nível de maturação do epitélio. Nesse caso, há predomínio de células epiteliais parabasais em
relação às escamosas intermediárias.
Vamos ver a seguir a descrição das diferenças citológicas em cada fase do ciclo da mulher. Importante
ressaltar que o primeiro dia do ciclo é contado no primeiro dia de menstruação.
Infância
Recém-nascidas: Padrão celular idênticos ao da mãe. O epitélio vaginal trófico, com a
presença de células epiteliais escamosas do tipo intermediário( ricas em glicogênio) sem
leucócitos ou microbiota, devido aos estímulos dos esteroides placentários (estrógeno, e
principalmente, progesterona) maternos.
Crianças: Células epiteliais escamosas camadas profundas do tipo parabasal, pois não existe
estímulos hormonais.
Pré-puberdade
Fase adulta: aumento gradual na secreção dos hormônios gonadotróficos pela hipófise anterior, como
início gradual da maturação do epitélio escamoso vaginal com aumento dos graus de espessuras de
atróficos e hipotróficos. Aparecem as células escamosas superficiais, intermediárias e parabasais
devido à ação do estrógeno e da progesterona.
1º ao 6º dia
No esfregaço é encontrado o predomínio de células escamosas intermediárias. Podem ser encontras
células endometriais, glandulares e estromais. O fundo contém hemácias, leucócitos e bactérias.
• 
• 
6º ao 14º dia
Nos esfregaços, são substituídas as células escamosas intermediárias pelas superficiais. Essas
células se apresentam isoladas ou agrupadas frouxamente. Há poucos leucócitos e hemácias.
14º ao 24º dia
Predomínio de células escamosas intermediárias, que tendem a apresentar pregueamento
citoplasmático e se agrupam em conjuntos compactos. Podem aparecer células naviculares. Há
geralmente numerosas bactérias (lactobacilos). Pode haver degradação das células intermediárias
pela ação dos lactobacilos (Citólise). A citólise se caracteriza pelo aparecimento de restos de
citoplasma e núcleos “fantasmas”.
24º ao 28º dia
Predomínio de células escamosas intermediárias, sendo a maior parte as células naviculares, com
pregueamento citoplasmático mais acentuado e conjuntos de células mais presentes.
Gestação
Citologia vaginal deixa de apresentar modificações cíclicas, de modo que o epitélio assume um
padrão característico pela acentuada estimulação hormonal do tipo progestacional.
No início da gravidez (primeiras 6 semanas) há predomínio de células escamosas intermediárias, mas
pode haver células superficiais.
A partir do segundo ou do terceiro trimestre da gravidez é composto de células escamosas
intermediárias, incluindo células ricas em glicogênio, com núcleo periférico e bordas bem definidas
(conhecidas como células naviculares), lactobacilos e citólise. As células endocervicais normalmente
apresentam-se maiores, com citoplasma preenchido por muco, assumindo um aspecto claro e
abundante e núcleos são proeminentes. Podem aparecer as células deciduais (células
mononucleadas, isoladas ou em grupos, com citoplasma abundante vacuolizado, esinofílico ou
basofílico, com núcleo vesicular visíveis). Pode aparecer o fenômeno Arais-Stella (grandes células
com núcleos hipercromáticos em glândulas endometriais, pode ser visualizado, principalmente na
presença de produtos de concepção ou gravidez ectópica).
Pós-parto (puerpério)
Dura aproximadamente 6 semanas após o parto, podendo prolongar-se em casos de amamentação
regular. O epitélio passa a ter um padrão de atrofia com predomínio de células escamosas parabasais
e intermediárias com bordas arredondadas ou ovais e denso citoplasma periférico, denominadas
células puerperais. Normalmente, essas células estão acompanhadas de leucócitos, histiócitos e
muco, dando um aspecto sujo aos esfregaços, devido às alterações hormonais (queda de
progesterona).
Menopausa
Queda progressiva da atividade estrogênica: Predomínio de células escamosas intermediárias,
sendo a maior parte as células naviculares, com pregueamento citoplasmático mais acentuado
e conjuntos de células mais presentes.
Baixa atividade estrogênica: Predominam as células epiteliais escamosas intermediárias,
porém algumas células superficiais podem estar presentes.
Taxas baixíssima de produção de estrogênio: Epitélio com ausência de maturação ou atrófico,
com predomínio de células escamosas parabasais.
Acompanhe a seguir os exemplos de esfregaços cervicovaginais mostrando as diferenças citológicas de
acordo com a fase do ciclo menstrual.
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abaixo.
Exemplos de esfregaços cervicovaginais mostrando as diferenças citológicas de
acordo com a fase do ciclo menstrual.
Normas de coleta de amostras cervicovaginais
• 
• 
• 
Para a coleta de amostras cervicovaginais
satisfatórias, algumas orientações devem ser
fornecidas ao paciente, a fim de evitar
contaminantes que possam atrapalhar a
interpretação dos resultados. Além disso,
durante a idade reprodutiva, o ideal é a coleta
das amostras durante o meio do ciclo
menstrual.
 
É indicado que a paciente no momento da
coleta do exame: não esteja menstruada, pois a
presença de sangue pode atrapalhar na
visualização da morfologia das células; não utilize, até 48 horas antes, lubrificantes e fármacos intravaginais,
como óvulos e cremes, pois esses recobrem o esfregaço e formam condensados basofílicos em toda a
extensão da lâmina, dificultando a sua leitura; não utilize duchas vaginais; e esteja em abstinência sexual por
48 horas antes do exame, pois os espermatozoides durante a preparação das lâminas podem degenerar e
perder a cauda, o que dificulta diferenciá-los dos esporos de fungos. No entanto, alguns autores afirmam que
a prática sexual não atrapalha caso seja utilizado preservativo com lubrificantes.
O profissional responsável pela coleta deve questionar se a paciente seguiu os pré-requisitos do
exame. Caso não tenha seguido as normas e não apresente queixas clínicas significativas, o exame
deve ser reagendado e a paciente novamente orientada.
Quando devemos realizar o exame preventivo? De acordo com o Ministério da Saúde, o exame de Papanicolau
deve ser realizado em mulheres com atividade sexual com as seguintes periocidades:
Uma vez ao ano
Após dois resultados negativos consecutivos, o exame deveser realizado a cada três anos.
A cada seis meses
Em mulheres que apresentem alguma lesão importante pré-cancerosa até seu tratamento completo.
Após o tratamento e dois resultados citológicos negativos consecutivos, o exame pode ser realizado
a cada três anos.
A partir de 64 anos
Em mulheres que não precisam mais realizar o exame quando tiverem dois resultados negativos
consecutivos nos últimos cinco anos.
64 anos ou mais
Em mulheres que nunca realizaram o exame devem fazer dois exames em um intervalo de dois a três
anos.
Coleta de amostras cervicovaginais
O exame de Papanicolau deve ser realizado por
profissional habilitado, garantindo um material
satisfatório.
 
A coleta de amostras cervicovaginais é
realizada na ectocérvice e na endocérvice.
Porém, a colheita tríplice (ectocérvice, fundo de
saco vaginal e endocérvice) ainda é utilizada
em alguns serviços. Para as mulheres na pré e
pós-menopausa, é importante a coleta do
fundo do saco vaginal, pois esse local pode ser
um reservatório de células malignas oriundas de tumores de outras áreas do trato genital feminino, mesmo em
desuso pela baixa qualidade do material. Quando for utilizada a coleta tríplice, deve-se identificar com um V a
lâmina do esfregaço do fundo do saco vaginal e CVE a lâmina do esfregaço do ectocervical e endocervical,
além de escrever iniciais do paciente.
 
As amostras da ectocérvice são obtidas a partir de uma raspagem realizada com auxílio da espátula de Ayre.
Para isso, a parte que apresenta uma reentrância (mais longa) é apoiada no canal, sendo executada uma
raspagem (em movimento rotatório de 360°) na JEC, em torno de todo o orifício externo do colo do útero.
 
As amostras vaginais também são obtidas a partir da raspagem com auxílio da espátula de Ayre. Com a parte
romba (arredondada) da espátula, deve-se raspar o terço superior da parede vaginal. Para a coleta de material
da endocérvice, a espátula é deixada em repouso sobre o espectro, e a escovinha é introduzida pelo orifício
cervical externo, com um movimento de vai e vem e rotacional de 360°. A coleta deve ser realizada de maneira
delicada para não haver traumas no tecido. As amostras obtidas devem ser dispostas em uma única lâmina.
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abaixo.
Coleta de amostras durante o exame de Papanicolau com a espátula de Ayre no
fundo do saco vaginal (A), na ectocérvice (B) e, com a escovinha, na endocérvice
(C). As fotografias mostram a coleta da ectocérvice (D) e da endocérvice (E)
durante o exame de Papanicolau.
O passo a passo da coleta nos laboratórios médicos
Confira o passo a passo a seguir!
Passo 1
Em um primeiro momento, o profissional deve realizar a anamnese com a
paciente, coletando dados pessoais, como: história clínica, a data da
última menstruação, queixas clínicas, se utiliza remédios como hormônios
e anticoncepcionais, ocorrências de exames prévios com alterações e
tipos de tratamentos, história gestacional e de cirurgias, periocidade dos
exames citopatológicos e exames auxiliares de diagnóstico, como exame
de sangue e ultrassonografias.
Passo 2
Todo o material para a realização do exame deve ser preparado
previamente. As lâminas de vidro devem estar limpas, sem gorduras e
com a extremidade fosca (onde serão colocadas as iniciais da paciente
com lápis seguindo a especificação do laboratório). O local de
armazenamento das lâminas (potes plásticos ou caixa suporte de
lâminas) deve estar pronto e identificado também com as iniciais da
paciente.
Passo 3
Com tudo pronto, a mulher deve ser orientada a esvaziar a bexiga e
trocar de roupa antes de ser conduzida até a cama ginecológica, onde
colocará as duas pernas elevadas no suporte metálico.
Passo 4
O profissional habilitado deve, após higienizar as mãos, cobrir a paciente
com um papel, aproximar o foco de luz e colocar as luvas. Inicialmente,
devem ser analisados todos os órgãos genitais externos para verificar
sua integridade, presença de secreções, sinais inflamatórios e lesões,
como ulcerações, verrugas, fissuras e tumorações.
Passo 5
Em seguida, o espectro deve ser escolhido de acordo com as
características vaginais da mulher a ser examinada. Não se recomenda a
utilização de lubrificantes. O espectro deve ser introduzido com lentidão
e levemente inclinado. Deve ser realizada uma rotação, deixando o
espectro em posição transversa.
Passo 6
Após a introdução, a região deve ser limpa com um algodão para retirada
de muco, secreção ou possíveis sangramentos. Nesse momento, deve
ser realizada uma análise macroscópica do colo do útero e das paredes
vaginais e, em seguida, a coleta das amostras.
É importante destacar que, nas mulheres que realizaram a cirurgia de remoção do útero (histerectomizadas), a
coleta deve ser realizada raspando a cúpula e as paredes vaginais.
 
Mulheres na menopausa apresentam amostras insatisfatórias devido à menor quantidade de secreção, como
realizar a coleta delas? Em mulheres idosas, no período pós-menopausa, a falta de secreção pode diminuir o
número de células obtidas e a qualidade da amostra. Assim, recomenda-se usar um soro fisiológico para
auxiliar na coleta, ou então o uso vaginal de estrogênio conjugado ou estradiol e, após sete dias do fim do
tratamento, realizar a coleta.
 
Ao final da coleta, deve-se retirar cuidadosamente o espectro e orientar a paciente a respeito de possíveis
sangramentos. As lâminas devem ser encaminhadas ao laboratório com pedido assinado e carimbado pelo
médico. É importante que no pedido tenha informações sobre os achados macroscópicos encontrados
durante o exame e sintomas para auxiliar no diagnóstico.
 
O exame para a avaliação da citologia hormonal está em desuso por sua baixa qualidade de resultados. No
entanto, a avaliação hormonal pode ser realizada por meio da análise das alterações citológicas em
esfregaços celulares e índices de maturação e diferenciação celular pela citologia hormonal. A coleta é
realizada no terço superior da parede lateral da vagina com a parte arredondada da espátula de Ayre,
realizando a raspagem delicada com movimento de baixo para cima. Nos casos de impossibilidade de coleta
na parede, pode ser coletado no fundo do saco vaginal. Entenda a seguir como deve ser realizada a coleta
para a avaliação hormonal!
Avaliação hormonal
A coleta pode ser realizada de maneira individual e é indicada para avaliação hormonal de crianças
com características clínicas sugestivas de início da puberdade precoce. Também pode ser feita de
maneira seriada, onde são coletadas 4 amostras em série durante o mesmo ciclo menstrual (nos dias
7, 14, 21 e 28 do ciclo) para avaliação indireta do período de ovulação. 
Nos exames de avaliação hormonal, após a raspagem do terço superior da parede lateral da vagina, a
amostra deve ser depositada delicadamente sobre a lâmina com movimentos de baixo para cima.
Ainda para a citologia hormonal, a coleta pode ser realizada por meio da técnica de urocitograma,
procedimento citológico no qual a avaliação das células escamosas é realizada em esfregaços
confeccionados a partir dos sedimentos urinários. Após a coleta de uma amostra de urina, o
procedimento básico é centrifugá-la com solução de Ringer para a concentração do sedimento
urinário, retirando qualquer interferente (como proteínas e cristais). 
Em seguida, é feito o esfregaço nas lâminas, fixado e corado pelos mesmos procedimentos que os
esfregaços cervicovaginais convencionais. Esse exame deve ser realizado para avaliação hormonal
em mulheres onde há impossibilidade de coleta de esfregaços, como crianças, adolescentes, virgens,
grávidas com suspeita de abortos ou enfermas.
Novas tecnologias em citopatologia cervicovaginal
Neste vídeo, iremos fazer uma breve contextualização sobre novas tecnologias em citopatologia
cervicovaginal.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Estudamos sobre os fundamentos do teste de Papanicolau, mas antes desvendamos toda a anatomia e a
histologia

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