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Diagnóstico das alergias e doenças
autoimunes
Autoimunidade e hipersensibilidade do tipo I (alergias) e o diagnóstico das doenças autoimunes e alergias.
Prof.ª Camila Freze Baez
1. Itens iniciais
Propósito
Conhecer os mecanismos de desregulação imunológica provocadores das doenças autoimunes e alergias é
fundamental para a determinação de quais os melhores testes diagnósticos, clínicos e laboratoriais passíveis
de serem utilizados a fim de identificar a patologia corretamente.
Objetivos
Reconhecer os conceitos imunológicos básicos de autoimunidade e os princípios diagnósticos.
Reconhecer as estratégias diagnósticas laboratoriais para as doenças autoimunes mais importantes.
Identificar as estratégias diagnósticas para atopias com base nos princípios imunológicos.
Introdução
Você já foi picado por um mosquito e ficou com uma coceira irritante depois? Talvez você ou alguém próximo
espirre muito quando em contato próximo de cães ou gatos, ou ainda não possa comer determinado alimento
comum — como derivados do leite ou do trigo — sem experimentar sintomas desagradáveis e até mesmo
graves. É possível ainda que você conheça alguém com lúpus ou artrite reumatoide, ou que você mesmo
tenha alguma das reações descritas acima. Já parou para pensar o que está por trás dessas doenças? 
A imunidade, responsável pela defesa do nosso organismo e sem a qual estaríamos à mercê de ataques de
microrganismos dos mais variados, também precisa estar equilibrada no nosso sistema. Às vezes, o sistema
imune “perde a mão” e acaba atacando e danificando nosso próprio organismo em resposta a algum estímulo
que não deveria ser reconhecido. Nesses casos, surgem as doenças autoimunes, em que o sistema imune
ataca partes do organismo, e as alergias, em que ele responde de forma exagerada a algo inofensivo, como o
pelo dos animais. 
Neste conteúdo, iremos explorar os mecanismos imunológicos por trás da autoimunidade e das alergias,
conhecer algumas das principais doenças associadas e aprender sobre as formas de diagnóstico dessas
imunopatologias. 
• 
• 
• 
1. Autoimunidade
Introdução à autoimunidade
Conceitos iniciais
As doenças autoimunes surgem quando o sistema imune, que deveria fazer a defesa do corpo contra agentes
externos potencialmente danosos ao nosso organismo, passa a atacar nossos tecidos. Isso acontece quando
o sistema imune reconhece nossas próprias células como se fossem invasoras e monta uma resposta
duradoura contra elementos celulares.
A longo prazo, a autoimunidade promove danos teciduais e orgânicos com gravidades distintas, que podem
inclusive levar a complicações perigosas e ao risco de óbito. Existem mais de 80 doenças autoimunes
diferentes; as mais comuns são a artrite reumatoide, a doença (ou tireoidite) de Hashimoto e o lúpus
eritematoso sistêmico (LES).
Mas o que leva o sistema imune a atacar as próprias células do corpo?
Para entendermos melhor, precisamos relembrar alguns eventos básicos de imunologia. Por isso, não deixe de
assistir ao vídeo a seguir!
Bases da resposta imune
Entenda o que é imunidade adaptativa e inata, como acontece essa resposta e quais os mecanismos de
tolerância imunológica.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Tolerância imunológica
A tolerância imunológica é a forma como os linfócitos reconhecem estruturas celulares ou teciduais (ou até
mesmo de outros organismos) sem reagirem contra eles.
Chamamos de autotolerância a capacidade de nossa imunidade em reconhecer e não montar uma
resposta imunológica forte contra antígenos próprios. 
Essa tolerância apresenta como princípio ser antígeno-específica, por resultar do reconhecimento e da
seleção individuais de linfócitos. Os linfócitos que reagem contra os antígenos próprios (autoantígenos) são
eliminados por diferentes vias e em diferentes estágios da sua maturação. Vale a pena relembrar que nem
todos os antígenos do nosso corpo estão expostos ao sistema imune, e por isso podem ser simplesmente
ignorados pelo processo de seleção da autotolerância.
Mas como a tolerância natural e saudável contra antígenos próprios se estabelece?
Comentário
Os mecanismos por trás da tolerância são moleculares, genéticos, celulares e teciduais; portanto,
bastante complexos! Mas não se preocupe, vamos navegar sobre os principais aspectos envolvidos na
tolerância. 
Como nós sabemos, os linfócitos são produzidos a partir das células-tronco hematopoiéticas (progenitores
linfocíticos). Nesse período, rearranjos genéticos começam a acontecer e fazem surgir uma grande variedade
de receptores (TCR – receptores de células T; BCR – receptores de células B), garantindo uma enorme
variabilidade genética que, por sua vez, é necessária para o reconhecimento de diferentes antígenos.
Entretanto, os precursores dos linfócitos presentes na medula óssea não estão prontos para combater
invasores. Eles ainda precisam passar pela etapa de maturação.
A maturação e a seleção dos precursores em linfócitos T ou B maduros e virgens têm tudo a ver com a
tolerância a antígenos próprios e vão acontecer em dois compartimentos distintos:
Linfócitos B
A maturação e a seleção acontecem na própria
medula óssea.
Linfócitos T
A maturação e a seleção acontecem em outro
órgão linfoide primário, o timo.
Por causa de sua maturação no timo, os linfócitos que ali amadurecem são chamados de linfócitos T ou
timócitos. Veja a imagem a seguir:
Maturação dos linfócitos T.
Após a maturação, os linfócitos são selecionados quanto à autorreatividade na medula (linfócitos B) ou no
timo (linfócitos T). Esse processo é chamado de tolerância central.
A tolerância central se estabelece, em linhas gerais, da seguinte forma:
No timo
Os timócitos interagem com macrófagos, células dendríticas, células epiteliais e outros tipos
celulares, que os ajudam a amadurecer. A expressão de TCR rearranjados os torna extremamente
variáveis e, consequentemente, alguns linfócitos expressarão um TCR que reconheça
especificamente antígenos próprios do organismo. 
O reconhecimento de antígenos pelo TCR depende de sua exposição em uma molécula de MHC-I
(linfócitos T CD8+) ou MHC-II (linfócitos T CD4+). Como o timo é rico em autoantígenos (antígenos
próprios), como células apresentadoras de antígeno (APC — macrófagos e células dendríticas) que
possuem MHC-II e células teciduais (epitélio, fibroblastos, entre outros) que apresentam MHC-I, os
linfócitos T que possuírem TCRs capazes de reconhecer o MHC-I ou MHC-II são selecionados
positivamente. Isso significa que eles recebem um sinal de sobrevivência. Aqueles que falham em
reconhecer MHC são destinados à morte celular por apoptose. Mas a natureza do antígeno exposto
nas moléculas de MHC-I e MHC-II também é importante. Os TCRs dos timócitos não devem reagir
fortemente a complexos MHC contendo antígenos próprios. Aqueles que o fazem são eliminados no
processo que chamamos de seleção negativa. 
Na medula óssea
Os processos de rearranjo genético geram uma grande variabilidade de receptores tipo
imunoglobulina dos linfócitos B (BCRs). Os BCRs que reconhecem autoantígenos presentes na medula
sofrem um novo rearranjo genético do receptor, para que um novo BCR não autorreativo surja.
Alternativamente, a célula B imatura expressando BCR autorreativo pode ser eliminada por apoptose
ou sofrer anergia (se tornam funcionalmente não responsivas). 
Entretanto, algumas vezes, os linfócitos autorreativos conseguem escapar do mecanismo de seleção por
tolerância central e são encontrados no sangue periférico, ainda que em números muito pequenos. Isso pode
acontecer porque nem todos os autoantígenos são encontrados no timo ou na medula óssea. Por isso, um
segundo nível de tolerância é estabelecido, chamado de tolerância periférica.
Algumas formas que nossa imunidade controla a tolerância periférica incluem:
Transformação de linfócitos T em autorreativos anérgicos pela falta de coestimulação molecular pela
imunidade inata.
Supressão por linfócitos Tregs (T reguladores), que são células que inibem ou modulam negativamenteOs
linfócitos Th2 estimulam a produção de IgE e consequente degranulação de mastócitos, basófilos e
eosinófilos. As substâncias vasoativas secretadas promovem os sintomas das atopias, das mais leves como
pápulas, às mais graves, como anafilaxia. O diagnóstico laboratorial tem ajudado não só a diagnosticar
simultaneamente diversas atopias, como a prevenir que o paciente seja exposto a exames in vivo mais
arriscados.
O conhecimento da imunologia por trás das doenças autoimunes e atopias é fundamental para o
estabelecimento de estratégias de diagnóstico e sua aplicação na prática clínica e laboratorial.
Podcast
Para encerrar, ouça sobre o papel das infecções virais e microbianas no desenvolvimento de
autoantígenos e, consequentemente, no aparecimento de doenças autoimunes.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para ouvir o áudio.
Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!
 
Leia os artigos:
 
Sistema Imunitário – Parte III: o delicado equilíbrio do sistema imunológico entre os pólos de tolerância
e autoimunidade, de Alexandre Wagner Silva de Souza e colaboradores, publicado na Revista Brasileira
de Reumatologia, v. 50, n. 6, dez. 2010.
Abordagem laboratorial no diagnóstico da alergia alimentar, de Renata Rodrigues Cocco e
colaboradores, publicado na Revista Paulista de Pediatria, v. 25, n. 3, set. 2007.
Esclerose múltipla: imunopatologia, diagnóstico e tratamento – Artigo de revisão, de Valdete Mota e
Décio Fragata Silva, publicado no periódico Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente, v. 2, n. 3, 2014.
As características da doença de Graves, de Ana Lúcia Sanches e colaboradores.
 
Visite também o site da Revista Oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Lá você
encontra diferentes artigos científicos que abordam as alergias e o diagnóstico.
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Referências
ABBAS, A. K., LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Cellular and molecular immunology. 6th. Ed. Philadelphia: Saunders
Elsevier, 2018.
 
ANDRADE, L. E. C.; LASER, P. G. Auto-anticorpos na esclerose sistêmica. Revista Brasileira de Reumatologia, v.
44, n. 3, p. 215-23, maio/jun., 2004.
 
BELLUCO, P. E. S. et al. Teste de contato. In: CARVALHO JUNIOR, F. F. de (org.). Alergia e imunologia:
abordagens clínicas e prevenções. Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
 
CARROLL, M. A protective role for innate immunity in systemic lupus erythematosus. Nature Ver. Immun., v. 4,
n. 10, p. 825-831, 2004.
 
DELLAVANCE, A. et al. Third Brazilian Consensus for autoantibodies screening in Hep-2 cells (ANA):
recommendations for standardization of autoantibodies screening trial in Hep-2 cells, quality control and
clinical associations. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 49, n. 2, p. 89-109, 2009.
 
DUARTE, A. A. Fator antinúcleo na dermatologia. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 80, n. 4, p. 387-394,
ago. 2005.
 
GRAYSON, M. H.; KORENBLAT P. E. Diagnostic and therapeutic principles in allergy. In: DALE, D. C.;
FEDERMAN, D. D. ACP Medicine. 3th. ed. Hamilton: Decker Intellectual Properties, 2009, p. 1-7.
 
KENT, S. C.; ZALDUMBIDE, A. Editorial: Autoimmune diabetes: molecular mechanisms and neoantigens.
Frontiers in Immunology, v. 13, 18 feb. 2022.
 
LARA, R. M. de C.; NEVES, S. P. F. O laboratório nas doenças sistêmicas auto-imunes da célula LE à célula
Hep-2: uma jornada de 50 anos revelando auto-anticorpos. Revista Médica de Minas Gerais, v. 14, n. 4, p.
282-288, 2004.
 
LORA, O. S. et al. Padrões de imunofluorescência do fator antinuclear (FAN) em células Hep-2 de soros
reagentes para anti-SSA/Ro. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 47, n. 1, p. 4-9, 2007.
 
MENDONÇA, R. B. et al. Teste de provocação oral aberto na confirmação de alergia ao leite de vaca mediada
por IgE: qual seu valor na prática clínica? Revista Paulista de Pediatria, v. 29, n. 3, p. 415-422, 2011.
 
MORAIS, R. S. de et al. Artrite reumatoide: revisão dos aspectos imunológicos. Estudos – Vida e Saúde, v. 41,
n. 3, p. 591-601, 2014.
 
NUNES, R.; CORDOVA, C. M. M. Citocinas de resposta Th1 e Th2 e diabetes mellitus tipo 1. Revista Brasileira
de Análise Clínicas, v. 49, n. 4, p. 359-364, 2017.
 
OLIVEIRA E. M. L. de: SOUZA, N. A. de. Esclerose múltipla. Revista Neurociências, v. 6, n. 3, p. 114-118, 1998.
 
OLIVEIRA, C. M. et al. Lúpus eritematoso sistêmico: uma falha do sistema imune. Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 1, ed. 8, v. 6, p. 52-67, 2016.
 
RADU, A. S.; LEVI, M. Anticorpos contra o citoplasma de neutrófilos. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 31,
suppl. 1, p. s16-s20, 2005.
 
SINICO, R. A.; RADICE, A. Antineutrophil cytoplasmic antibodies (ANCA) testing: detection methods and clinical
application. Clinical and Experimental Rheumatology, v. 32, n. 3, suppl. 82, p. s112-s117, maio/jun. 2014.
 
SOLÉ, D. et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e
diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de
Alergia e Imunologia. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, v. 2, n. 1., p. 7-38, 2018.
	Diagnóstico das alergias e doenças autoimunes
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Autoimunidade
	Introdução à autoimunidade
	Conceitos iniciais
	Bases da resposta imune
	Conteúdo interativo
	Tolerância imunológica
	Comentário
	Linfócitos B
	Linfócitos T
	No timo
	Na medula óssea
	Causas da autoimunidade
	Causas genéticas
	Causas ambientais
	Diagnóstico das doenças autoimunes
	Introdução ao diagnóstico
	Autoanticorpos contra antígenos nucleares
	Saiba mais
	Anti-DNA
	Saiba mais
	Anti-PCNA
	Anti-RNA-polimerase
	Anti-Sm e Anti-RNP
	Anti-Ro/SSA e anti La/SSB
	Anti-centrômero
	Anti-Scl-70
	Anti Pm-Scl
	Saiba mais
	Autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos de neutrófilos
	Exemplo
	cANCA
	pANCA
	Vem que eu te explico!
	Causas da autoimunidade
	Conteúdo interativo
	Autoanticorpos contra antígenos nucleares
	Conteúdo interativo
	Autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos de neutrófilos
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Questão 2
	2. Principais doenças autoimunes e seu diagnóstico
	Doenças autoimunes contra antígenos tireoidianos
	Tireoidite de Hashimoto
	Atenção
	Comentário
	Doença de Graves
	DAI contra antígenos musculares e pancreáticos
	Miastenia gravis autoimune
	Atenção
	Comentário
	Diabetes mellitus tipo 1
	Diagnóstico das doenças autoimunes sistêmicas
	Doenças autoimunes sistêmicas
	Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
	Genéticos
	Ambientais
	Artrite reumatoide e esclerose múltipla
	Artrite reumatoide
	Genes de suscetibilidade (HLA, outros)
	Fatores ambientais (ex.: infecções, tabagismo)
	Esclerose múltipla
	Atenção
	Diagnóstico das doenças autoimunes
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Doenças autoimunes contra antígenos tireoidianos
	Conteúdo interativo
	DAI contra antígenos musculares e pancreáticos
	Conteúdo interativo
	Diagnóstico das doenças autoimunes sistêmicas
	Conteúdo interativo
	Artrite reumatoide e esclerose múltipla
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Doenças alérgicas e seu diagnóstico
	Mecanismos de hipersensibilidade
	O que são reações de hipersensibilidade?
	Saiba mais
	Tipos de hipersensibilidade
	Hipersensibilidade do tipo I
	Etapas da hipersensibilidade do tipo I e tipos de atopias
	Conteúdo interativo
	Hipersensibilidade do tipo II
	Hipersensibilidade do tipo III
	Hipersensibilidade do tipo IV
	Introdução ao diagnóstico das alergias
	Principais testes para o diagnóstico in vivo das alergias
	Teste epicutâneo
	Atenção
	Teste de contato fotoalérgico
	Teste intradérmico
	Saiba mais
	Testes de provocação
	Atenção
	Curiosidade
	Diagnóstico in vitro para alergias
	Introdução ao diagnóstico in vitro para alergias
	Teste alergossorvente (RAST/ CAP-RAST)
	Saiba mais
	Ensaio de liberação da histamina pelos basófilos
	Vem que eu te explico!
	Introdução ao diagnóstico das alergias
	Conteúdo interativo
	Principais testes para o diagnósticoin vivo das alergias
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referênciasa resposta imune, especialmente a celular. Quando surgem linfócitos autorreativos na periferia, as
Tregs os suprimem pela secreção de mediadores químicos, as citocinas, e pela supressão das próprias
APCs.
Morte por apoptose de células T autorreativas gerada pela estimulação repetitiva por autoantígenos.
Transformação de linfócitos B periféricos que reconhecem autoantígenos em anérgicos ou eliminação
por apoptose na ausência de coestimulação por linfócitos T CD4+ (helper).
Veja as imagens a seguir:
• 
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Mecanismos de estabelecimento de tolerância central (no timo ou na medula
óssea).
Mecanismos de estabelecimento de periférica (nos órgãos linfoides secundários).
Causas da autoimunidade
A autoimunidade é caracterizada pela resposta imune contra antígenos próprios por diversos mecanismos,
sendo a falha da autotolerância a causa central de seu surgimento. 
As doenças ou síndromes autoimunes podem ser desencadeadas a partir de vários mecanismos
imunes, como a produção e a circulação de anticorpos que reagem a autoantígenos (ou
autoanticorpos) e imunocomplexos, ou pela maturação e ativação de linfócitos T autorreativos. 
Em ambos os casos, observamos falhas nas formas de controle que a autotolerância deveria exercer ao
suprimir, excluir ou inativar (tornando anérgicos) os linfócitos B e T. Além disso, essas doenças podem ser
tanto órgão-específicas, como é o caso da tireoidite de Hashimoto e da diabetes melittus tipo 1 (DM1), quanto
sistêmicas, como o lúpus eritematoso sistêmico (LES).
Por fim, as doenças autoimunes são crônicas e progressivas, pois o autoantígeno sempre é encontrado no
corpo e a constante ativação da resposta autoimune amplifica o sinal de dano tecidual e pode,
consequentemente, ser ainda mais amplificado por outros autoantígenos derivados. Diversos fatores
influenciam no surgimento de autoimunidades:
Causas genéticas
Desde o início dos estudos sobre autoimunidade, observamos que pessoas da mesma família têm
risco aumentado de desenvolver certa síndrome comparadas com a população em geral. Em especial,
gêmeos idênticos compartilham até 50% de concordância para DM1 — ou seja, se um gêmeo tiver
DM1, o outro tem 50% de chance de também desenvolver a síndrome (NUNES; CORDOVA, 2017). 
As doenças autoimunes podem ter diversos tipos de fundos genéticos, podemos destacar os
polimorfismos que são alterações na sequência de DNA tanto em regiões codificantes quanto em não
codificantes — em especial, certos alelos do complexo de histocompatibilidade maior de humanos
(HLA – human leukocyte antigen; em português, antígeno leucocitário humano) — e as mutações em
outros elementos genéticos envolvidos especialmente na tolerância imunológica. 
Causas ambientais
Sabe-se que inflamações frequentes, infecções e danos teciduais aumentam o risco de
desenvolvimento de doenças autoimunes. Isso pode ser devido ao recrutamento e à infiltração de
linfócitos autorreativos a certo tecido persistentemente inflamado, à ativação atípica de células
apresentadora de antígenos por autoantígenos durante inflamação, à resposta contra autoantígenos
normalmente não expostos ao sistema imune (portanto não usados no processo de seleção negativa
da autotolerância) ou à própria infecção. Além disso, certas doenças autoimunes são mais frequentes
em mulheres do que em homens, o que nos leva a considerar que um painel hormonal influencie no
estabelecimento de autoimunidade. 
Diagnóstico das doenças autoimunes
Introdução ao diagnóstico
Para identificarmos as síndromes autoimunes, uma série de fatores precisam ser considerados. 
Primeiramente, o aspecto clínico do paciente deve ser examinado e será a base para a suspeita
clínica. Em seguida, o médico deve buscar auxílio diagnóstico em razão da grande variedade de
manifestações clínicas. 
Usamos as ferramentas laboratoriais que nos ajudam a identificar e diferenciar as doenças autoimunes entre
si e de outras causas não autoimunes. Normalmente, a amostra coletada é o sangue do paciente para
identificação de autoanticorpos no soro e de outras proteínas pró-inflamatórias que podem estar alteradas,
além de outros índices para descartar outras doenças.
Atualmente, os testes identificam autoanticorpos contra antígenos nucleares e antígenos citoplasmáticos de
neutrófilos. Vamos conhecê-los!
Autoanticorpos contra antígenos nucleares
Uma das primeiras ferramentas a serem utilizadas no diagnóstico laboratorial de LES foi a identificação de
células LE por microscopia. A célula em questão era um neutrófilo com o núcleo deslocado para a periferia do
citoplasma por uma inclusão citoplasmática grande, acidófila e homogênea derivada da fagocitose de
componentes nucleares de outra célula, veja: 
Célula LE.
Posteriormente, a causa da inclusão foi identificada: anticorpos antinucleares (ANA – antinucleus antibodies)
solúveis no soro do paciente que reconhecem proteínas nucleares e formam imunocomplexos com esses
autoantígenos. Os imunocomplexos, por sua vez, são fagocitados por polimorfonucleares, como os neutrófilos.
A grande quantidade de imunocomplexos fagocitados geraria, por fim, a inclusão citoplasmática.
Saiba mais
Anos depois da identificação inicial de ANAs em LES, foi desenvolvida a técnica de imunofluorescência
indireta (IFI) para detecção dos anticorpos antinuclear. O exame ficou conhecido como FAN (fator
antinuclear) e é mais sensível e menos trabalhoso do que a detecção de células LE. 
Nessa técnica, as células de linhagem tumoral são fixadas em uma lâmina, e o soro diluído do paciente (em
que queremos pesquisar a presença de autoanticorpos contra o núcleo) é incubado junto com as células
fixadas. Em seguida, anticorpos contra imunoglobulina humana conjugados com fluoresceína, uma proteína
fluorescente, são adicionados. Caso o paciente apresente ANAs, podemos visualizar a fluorescência usando
um microscópio de fluorescência específico. 
Padrão nuclear homogêneo (A) e nuclear pontilhado
fino (B).
Imunofluorescência indireta.
O uso de células de linhagens tumorais humanas (como HEp-2, originadas de tumores epiteliais de laringe)
trouxe a vantagem de detecção de uma grande gama de antígenos próprios de humanos, como os antígenos
nucleares (ANA), os antígenos citoplasmáticos de neutrófilos (ANCAs), os antígenos nucleolares e os do
aparelho mitótico.
Agora vamos conhecer os principais ANAs.
Anti-DNA
Esses anticorpos reconhecem o DNA de fita dupla (DNA
natural, ou dnan), DNA fita simples (ds DNA) e histonas, que
podem ser conhecidos como antinucleossomos. Está
presente no LES e na artrite reumatoide.
Apresentam na imunofluorescência indireta (FAN) um
padrão nuclear homogêneo e/ou um padrão nuclear
pontilhado fino denso.
Saiba mais
Histonas são proteínas usadas pelas células para enovelar e compactar o DNA.Nucleossoma são
estrutura formada por histonas e DNA durante o enovelamento. 
Padrão nuclear difuso.
Padrão nuclear do tipo pontos isolados.
Padrão nuclear pontilhado grosso.
Padrão nuclear pontilhado fino.
Repare na imagem que não é possível visualizar o nucléolo, que temos uma fluorescência homogênea (A) e
pequenos pontos fluorescentes (B).
Anti-PCNA
Anti-PCNA (proliferating cell nuclear antigen ou
antígeno nuclear da célula em proliferação) é
um anticorpo que reconhece proteínas que
estão envolvidas com as etapas de replicação e
o reparo do DNA. Esse anticorpo está presente
no LES, artrite reumatoide, esclerodermia e
apresenta em FAN um padrão nucleolar
pontilhado ou nuclear difuso, em que são
observados pontilhados fluorescentes que
variam de grosseiros a densos limitados ao
núcleo.
Outro autoanticorpo que reconhece
autoantígenos envolvidos na replicação e
reparo do DNA é o anti-KU.
Anti-RNA-polimerase
Esse anticorpo reconhece as proteínas do complexo
enzimático envolvido na transcrição do RNA, são elas as
RNA polimerases: I e II. Normalmente aparecem juntos e
apresentam um padrão nuclear do tipo pontos isolados,
sendo o Anti-RNA polimerase I responsável pela marcação
nucleolar e o Anti-RNA polimerase II, responsável pelamarcação nuclear. Está presente na LES, artrite reumatoide
e esclerodermia.
Anti-Sm e Anti-RNP
Reconhecem ribonucleoproteínas (rnps) e proteínas Sm,
também envolvidas no metabolismo do RNA.
Está presente em pacientes com LES e
apresenta um padrão nuclear pontilhado
grosso, ou seja, núcleos marcados com
manchas fluorescentes grosseiras que
apresentam tamanho heterogêneo e brilho, com
alguns grânulos maiores e mais brilhantes, sem
marcação no citoplasma.
Anti-Ro/SSA e anti La/SSB
Reconhecem antígenos envolvidos no
metabolismo do RNA, com padrão nuclear e
citoplasmático. Normalmente, a proteína Ro/SSA é
complexada com a proteína La/SSB. Está presente na LES,
artrite reumatoide, esclerodermia, dentre outras doenças.
Apresenta um padrão em FAN nuclear pontilhado fino e/ou
misto (nuclear), nucléolo, células mitóticas e citoplasma não
são marcados.
Anti-centrômero
Padrão nucelar puntiforme descontínua.
Padrão de marcação na FAN utilizando Anti-Scl-70.
Padrão de marcação na FAN utilizando Anti-Pm-SCL.
Os anticorpos anti-centrômeros (CENP-A,
CENP-B e CENP-C e proteínas) reconhecem
estruturas celulares envolvidas na mitose, ou
seja, no processo de divisão celular. São
detectados na esclerodermia, tireoidite de
Hashimoto, dentre outras. Apresentam uma
marcação nuclear do tipo puntiforme
descontínua, ou seja, manchas fluorescentes
espalhadas sobre o núcleo, sem marcação do
nucléolo e do citoplasma.
Anti-Scl-70
Esse anticorpo reconhece a topoisomerase, uma enzima
que está envolvida na replicação do DNA. Ele é detectado
em pacientes que apresentam esclerodermia, LES, mas
raramente na artrite reumatoide. Apresenta padrão nuclear
pontilhado fino tendendo a homogêneo e nucléolo marcado
com um padrão manchado, o citoplasma não é corado. Na
imagem, observamos o padrão de marcação utilizando Anti-
Scl-70.
Anti Pm-Scl
Esses anticorpos reconhecem as proteínas do ribossomo.
Apresentam um padrão nucleolar homogêneo,
com uma marcação mais fraca do núcleo e
estão presentes no LES, artrite reumatoide,
esclerodermia, dentre outras doenças.
Na imagem, note a presença de pontos de
maior intensidade de marcação (nucléolo),
sobre uma marcação de menor intensidade. 
Além disso, a seta superior indica o nucléolo
marcado e a inferior placa metafásica não
corada, originando uma parte não marcada na
célula.
Saiba mais
Atualmente, outras técnicas podem ser usadas no diagnóstico de ANAs, como imunodifusão, ELISA,
imunoprecipitação e imunoblot. 
Autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos de neutrófilos
Na década de 1980, foram identificados autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos de neutrófilos
(ANCA) em pacientes com vasculites autoimunes necrosantes e sistêmicas. Essas vasculites são inflamações
dos vasos sanguíneos raras e potencialmente graves caracterizadas pela invasão de leucócitos nas túnicas
dos vasos. Elas podem causar estenose, obstrução, aneurismas e até hemorragias.
Estenose, Aneurismas
EstenoseEstreitamento da luz do vaso, por onde passa o sangue.AneurismasDilatações anormais e
patológicas dos vasos. 
Uma das vasculites sistêmicas autoimunes mais estudadas é a granulomatose de Wegener (GW) e
está associada à presença de ANCA. Entretanto, os ANCA já foram identificados em outras
patologias autoimunes, como poliarterite nodosa, arterite de células gigantes, certas formas de
glomerulonefrite necrotizante e outras doenças não relacionadas às vasculites.
Os ANCA são autoanticorpos responsivos às enzimas presentes nos grânulos citoplasmáticos de neutrófilos.
As enzimas dos grânulos azurófilos possuem atividade antimicrobiana e são capazes de digerir e destruir
microrganismos que foram fagocitados pelos neutrófilos. 
Exemplo
Enzimas encontradas nesses grânulos incluem peroxidases, elastases, lisozimas, hidrolases e
proteinases, com destaque para a proteinase 3 (PR3), cuja atividade enzimática está relacionada à lesão
tecidual durante inflamação e destruição de microrganismos fagocitados. 
A partir da imunofluorescência, observamos dois padrões distintos de distribuição dos ANCA: o padrão
clássico (cANCA), que parece ser mais específico para GW, e o padrão perinuclear (pANCA), que pode ser
observado em outras síndromes. Veja mais sobre eles:
1
cANCA
Apresenta-se como um padrão granular fino, difuso e citoplasmático. Está presente em resposta
mediada por autoanticorpos contra PR3. Embora esteja presente dentro dos grânulos dos neutrófilos,
PR3 pode eventualmente ser encontrada na membrana plasmática e também ser secretada para o
meio extracelular, o que promove a formação de imunocomplexos com os autoanticorpos.
2
pANCA
Apresenta-se como um padrão perinuclear mais irregular, associado a uma variedade de
autoantígenos como peroxidases, elastases e catepsinas (um tipo de serino-protease); porém, o
principal alvo em pANCA parece ser a mieloperoxidase (MPO). Essa enzima também possui atividade
bactericida pela produção de espécies reativas de oxigênio e participa da proteólise por proteases.
É interessante ressaltar que o padrão perinuclear é um artefato produzido pela fixação dos neutrófilos usando
etanol durante a técnica de imunofluorescência, o que pode não ser observado em outras preparações.
Padrões de coloração por imunofluorescência dos anticorpos contra autoantígenos
do citoplasma de neutrófilos.
Na imagem anterior, à esquerda vemos o padrão difuso de marcação (fluorescência verde) no citoplasma,
conhecido com c-ANCA. À direita, note o padrão mais delineado e irregular perto do núcleo, conhecido como
p-ANCA.
Atualmente, a imunofluorescência indireta permanece como a técnica de escolha para detecção de ANCA e
classificação do padrão. No entanto, técnicas mais rápidas e menos trabalhosas, como ensaios
imunoenzimáticos, têm sido exploradas como alternativas à IFI.
Além dos anticorpos antinucleares e anticitoplasma de neutrófilos, normalmente associados a doenças
autoimunes sistêmicas, também encontramos autoanticorpos contra antígenos teciduais específicos e
mecanismos celulares de autoimunidade, como veremos ao longo deste conteúdo.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Causas da autoimunidade
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Autoanticorpos contra antígenos nucleares
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Autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos de neutrófilos
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Vimos que o sistema imune, além de defender contra as doenças causadas por microrganismos invasores,
pode apresentar desequilíbrios e causar danos teciduais e até doenças crônicas. Sobre a autoimunidade,
analise as afirmativas a seguir:
I. As autoimunidades são desencadeadas por falha no estabelecimento de autotolerância, com a propagação
de linfócitos autorreativos capazes de danificar os tecidos do organismo.
II. As doenças autoimunes são causadas apenas por fatores genéticos.
III. As doenças ou síndromes autoimunes podem ser desencadeadas a partir de vários mecanismos imunes,
como a produção e circulação de anticorpos que reagem a autoantígenos (ou autoanticorpos) e
imunocomplexos, ou pela maturação e ativação de linfócitos T autorreativos.
É correto o que se afirma em
A
I e II.
B
I e III.
C
II e III.
D
I apenas.
E
II apenas.
A alternativa B está correta.
As doenças autoimunes são causadas por fatores genéticos, como o polimorfismo, mas também por
fatores ambientais, como a exposição a agentes nocivos que levam a inflamações frequentes, infecções e,
consequentemente, danos teciduais. Além disso, parece ter relação com a produção hormonal.
Questão 2
Durante o exame de imunofluorescência indireta, o analista encontrou um padrão nuclear do tipo pontos
isolados, veja: 
Qual o possível autoanticorpo encontrado?
A
Anti-centrômero
B
Anti-DNA
C
Anti-RNA polimerase
D
Anti-PCNA
E
Anti-Scl-70
A alternativa C está correta.
Oenunciado menciona e a imagem mostra um padrão nuclear com pontos isolados de marcação
fluorescente. Esse padrão é encontrado quando os autoanticorpos reconhecem as enzimas RNA-
polimerases, sendo um autoanticorpo anti-RNA polimerase.
2. Principais doenças autoimunes e seu diagnóstico
Doenças autoimunes contra antígenos tireoidianos
Didaticamente, vamos categorizar as doenças de acordo com o principal mecanismo de autoimunidade:
contra antígenos órgão-específicos ou autoimunidades sistêmicas. 
Para a maioria das doenças autoimunes, diversos mecanismos imunes estão envolvidos, o que as
tornam extremamente complexas. De fato, ainda estamos descobrindo como muitas delas se
estabelecem e funcionam! 
As doenças autoimunes (DAI) contra antígenos órgão-específicos são síndromes autoimunes em que há falha
da tolerância imunológica contra autoantígenos encontrados especificamente em certos tipos teciduais. Na
maioria dos casos, observamos a produção de autoanticorpos contra antígenos que estão presentes em
células especializadas e funcionais, especialmente na superfície externa da membrana plasmática. Vamos
conhecer algumas das mais comuns a seguir.
Tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto foi descoberta pelo pesquisador japonês de mesmo nome há cerca de 110 anos e
provoca disfunção tireoidiana autoimune com características de hipotireoidismo. 
Atenção
É importante relembrar que a tireoide é uma das glândulas endócrinas do nosso corpo, que secreta os
hormônios iodados tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) a partir da estimulação central da hipófise pelo
hormônio tireoestimulante (TSH). Esses hormônios iodados atuam na homeostase, regulando a
velocidade do metabolismo e do gasto energético do corpo. Por isso, acabam atuando em diversos
órgãos, como pulmão, coração, entre outros. 
Fisiologicamente, a produção de níveis adequados de T3 e T4 inibe a produção de TSH pela hipófise, em um
mecanismo que chamamos de feedback negativo. Assim, os níveis de T3 e T4 são mantidos em equilíbrio
homeostático. 
Alça de retroalimentação hormonal da tireoide.
As doenças autoimunes, entretanto, podem alterar esse equilíbrio, gerando hipotireoidismo — em que há
produção de quantidades inferiores às ideais de T3 e T4 — ou hipertireoidismo — em que há produção
excessiva de T3 e T4. 
Acredita-se que a doença tenha origem multifatorial, como exposição a infecções, dieta pobre em
iodo, fatores genéticos e fatores hormonais — já que a maioria dos acometidos são mulheres e
idosos.
Os sintomas apresentados pelos pacientes derivam dos níveis reduzidos de T3 e T4 no sangue e incluem
hipertrofia (crescimento) da tireoide (bócio, por constante estímulo de TSH), aumento de peso, fadiga, perda
da capacidade de concentração, movimentos lentos, ressecamento mucocutâneo, alteração na manutenção
da temperatura corporal, mialgia e astenia (fraqueza muscular), entre outros.
Vários mecanismos imunopatológicos são sugeridos para a doença de Hashimoto, mas sabe-se que o
principal envolve a produção de autoanticorpos contra antígenos tireoidianos. São eles:
Anti-TPO ou antimicrossomal: reconhece a tireoperoxidase, uma enzima presente nas células
foliculares tireoidianas que participa da produção de T3 e T4.
Anti-TRab: reconhece os receptores de TSH.
Anti-Tg: reconhece a tireoglobulina, um dos precursores na síntese dos hormônios tireoidianos.
A ação dos autoanticorpos anti-TPO e anti-Tg promove a redução na secreção dos hormônios da tireoide, o
que resulta no quadro clínico de hipotireoidismo. Esses dois anticorpos são encontrados em quase todos os
pacientes com hipotireoidismo de Hashimoto. Já o anti-TRab é menos frequentemente encontrado. 
Considerando-se que tanto TPO quanto Tg são proteínas intracitoplasmáticas e, portanto, fisiologicamente
ocultas do sistema imune, não é de se admirar que haja falha da tolerância imune a esses antígenos. 
Mas o que leva à exposição anormal de TPO e Tg? 
Comentário
Um dos mecanismos propostos é um padrão alterado de expressão de MHC-II das próprias células
foliculares, que normalmente não deveriam expor seus autoantígenos no MHC-II ou sequer expressar
MHC-II. Além disso, também podemos observar intensa infiltração linfocitária no tecido, mas o papel da
imunidade celular na etiologia (causalidade) da tireoidite de Hashimoto precisa ser mais bem estudado. 
Normalmente, o diagnóstico é feito associando a clínica do paciente e exames laboratoriais que revelam
concentrações plasmáticas de T3 e T4 baixas, alta concentração de TSH e detecção por quimioluminescência
de anti-TPO e anti-Tg. 
• 
• 
• 
Doença orbitária.
Representação esquemática da reação de quimioluminescência.
Vale ressaltar, contudo, que níveis baixos desses autoanticorpos podem ser constatados sem que haja
correlação clínica com hipotireoidismo.
Doença de Graves
A doença de Graves, ou bócio difuso tóxico, é caracterizada por hipertireoidismo e ocorre mais comumente
em mulheres, pessoas com histórico familiar (fator genético), idosos e pacientes tabagistas. Os pacientes
acometidos apresentam doença orbitária, dificuldade em regular a temperatura corporal com excesso de
sudorese (sensibilidade ao calor), alterações gastrointestinais, perda de peso e hipertrofia da tireoide (bócio),
entre outros distúrbios. 
O principal mecanismo autoimune para a doença de Graves
é a hiperestimulação da tireoide pelos autoanticorpos anti-
TRab, que nesse caso pode ser chamado de imunoglobulina
tireoestimulante (ITE), pois o TRab funciona como ligante do
receptor de TSH e estimula constantemente a produção de
T3 e T4 pela tireoide, resultando em níveis séricos
aumentados desses hormônios e, consequentemente, no
hipertireoidismo.
Como já sabemos, concentrações elevadas de T3 e T4
inibem a produção de TSH pela hipófise, diminuindo assim
seus níveis plasmáticos. Assim, no diagnóstico laboratorial
da doença de Graves, observamos a elevação de T3 e T4
séricos, a redução de TSH e a detecção de autoanticorpos contra antígenos tireoidianos, em especial ITE
(TRab), que confirmam a clínica indicativa de hipertireoidismo.
DAI contra antígenos musculares e pancreáticos 
Miastenia gravis autoimune
A miastenia gravis (MG) pode ser encontrada em diversos contextos e ter etiologias distintas, mas vamos
estudar neste conteúdo a MG autoimune. Essa doença é caracterizada pela fraqueza muscular disseminada,
ou seja, acometendo os membros inferiores, superiores, músculos faciais, gastrointestinais (como os
envolvidos na deglutição) e até mesmo os respiratórios.
Atenção
Quando os músculos respiratórios estão enfraquecidos, o paciente pode experimentar insuficiência
respiratória conhecida como crise miastênica. 
Na MG ocorre a falha na sinapse da junção neuromuscular (JNM) ou placa motora, que permite a comunicação
entre neurônios e células musculares, impedindo a transdução de sinal do neurônio motor ao músculo.
Aqui devemos lembrar que, em sinapse normais, o neurônio libera um neurotransmissor, a acetilcolina (Ach),
que promove a contração da fibra muscular a partir da ligação com o receptor de acetilcolina (AchR) presente
na face muscular da sinapse (pós-sinapse), veja:
Junção neuromuscular, ou placa motora, é a sinapse entre o neurônio motor e a fibra
muscular.
Na MG, o principal mecanismo autoimune proposto para o bloqueio da JNM é a produção de autoanticorpos
contra os receptores de acetilcolina (anti-AchR). 
Comentário
Apesar de não conhecermos como a MG se estabelece, sabemos que 75% dos pacientes apresentam
anormalidade no timo (timo miastênico), que inclui quantidades aumentadas de linfócitos B produtores
de anti-AchR e falhas no mecanismo de tolerância mediada por linfócitos T. De fato, a timectomia
(remoção do timo) ajuda a diminuir os sintomas de MG. 
Independentemente de como se inicia a produção dos autoanticorpos, os anti-AchR reconhecem o receptor
de acetilcolina na placa motora e promovem sua internalização e destruição.
Bloqueio por autoanticorpos dos receptores para acetilcolina na miastenia grave.
Dessa forma,a liberação de Ach na fenda sináptica da JNM resulta em pouco estímulo muscular, já que não há
receptores suficientes para condução do sinal ao miócito. Com isso, ocorre a fraqueza muscular, já que os
movimentos e o tônus dos músculos estriados esqueléticos dependem da estimulação neural.
O diagnóstico clínico da MG pode ser complexo, pois há outras síndromes que causam fraqueza muscular. Por
vezes, é feito um tratamento-teste usando medicamentos que inibem a acetilcolinesterase. Essa enzima
degrada a Ach, deixando-a por mais tempo na JNM, o que aumenta as chances de ligação ao AchR livres na
superfície da fibra muscular. O diagnóstico laboratorial específico é feito a partir da detecção de anti-AchR por
imunoprecipitação, positivo na maioria dos pacientes com MG autoimune.
Diabetes mellitus tipo 1
A diabetes mellitus é uma doença endócrina caracterizada pelo aumento da glicemia plasmática que pode ser
tipo 1 (DM1), também chamada de insulino-dependente, e tipo 2, conhecida como insulino-resistente.
Enquanto a última está relacionada a fatores dietéticos e genéticos e é a mais comum, a primeira é uma
doença autoimune que corresponde a até 10% dos casos de diabetes.
Na DM1, a alta glicemia ocorre pela diminuição da produção e liberação da insulina, um hormônio que promove
a entrada da glicose na célula. A ligação da insulina com o seu receptor presente na superfície das células
sinaliza para que o transportador de glicose (GLUT4) seja levado até a membrana plasmática para permitir a
entrada do açúcar na célula.
Efeito da insulina na captação de glicose pela célula.
Um dos principais mecanismos envolvidos na DM1 é a destruição imunomediada das células betapancreáticas,
responsáveis pela produção de insulina.
Diversos fatores de risco para DM1 já foram relatados: os genéticos, como presença de alelo de MHC-II do
tipo HLA-DR3 e HLA-DR4, e fatores externos, por exemplo, infecções virais, nutricionais e exposição a
toxinas.
Acredita-se que a exposição dos autoantígenos das células betapancreáticas por injúria tecidual,
aliado ao tipo de apresentação de antígeno mediado por MHC-II, desencadeie a falha da tolerância e
o início da autoimunidade, tanto celular quanto humoral.
Dessa forma, observamos geração de autoanticorpos contra as células beta, bem como grande infiltrado
mononuclear (macrófagos e linfócitos) e polimorfonucleares (neutrófilos) nas ilhotas pancreáticas
caracterizando diabetes mellitus tipo 1. 
Mecanismo fisiológico de absorção da glicose.
Mecanismo patogênico da diabetes tipo 1.
Alguns autoanticorpos envolvidos na DM1 já foram caracterizados, são eles: anti-insulina (IAAs), anticélulas
das ilhotas (ICAs) e anticorpos contra a descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD). Enquanto IAA e ICA são
mais frequentes em crianças e adolescentes, conforme o paciente envelhece, torna-se mais comum a
detecção de anti-GAD. 
O método mais acurado para diagnóstico desses autoanticorpos é o ensaio imunoenzimático
(ELISA). 
De qualquer forma, mais de 80% dos pacientes com DM1 autoimune apresentarão ao menos um dos três
anticorpos descritos. Além disso, mais de 80% dos indivíduos com dois ou mais autoanticorpos desenvolverão
DM1 dentro de 15 anos. Isso torna os autoanticorpos bons marcadores diagnósticos para DM1 autoimune. 
Diagnóstico das doenças autoimunes sistêmicas
Doenças autoimunes sistêmicas
As doenças autoimunes sistêmicas apresentam grande complexidade e estão associadas, normalmente, a
imunocomplexos originados a partir da interação entre autoantígenos e autoanticorpos, que se espalham pelo
corpo. O sistema imune inato participa do mecanismo de autoagressão pois reconhece a fração constante
cristalizável (Fc) dos anticorpos pelos receptores de Fc (FcR). Assim, os fagócitos fagocitam o imunocomplexo
autoimune e geram uma resposta inflamatória tecidual local, o que potencializa a lesão tecidual, com a
infiltração de plasmócitos e linfócitos T autorreativos. 
Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
O LES é uma doença autoimune multissistêmica, complexa e multifatorial que, como outras síndromes
autoimunes, é mais comum em mulheres do que em homens, especialmente importante entre as negras. Além
do sexo, diversos outros fatores parecem participar do surgimento do LES. Vejamos quais são eles:
Genéticos
Pacientes com LES tendem a apresentar alelos específicos de MHC-II, em especial HLA-DR2 e HLA-
DR3. Quando esses alelos são encontrados juntos, aumenta o risco de desenvolvimento de LES.
Também já foram encontrados polimorfismos em PRR (pattern recognition receptors; em português,
receptores de padrões de antígenos) em destaque, TLR7 e TLR9, responsáveis pela resposta contra
DNA e RNA invasores, assim como em proteínas da via clássica do complemento, como C1q, C2 e C4.
Ambientais
São fatores ambientais as infecções virais e a exposição a poluentes, a metais pesados (chumbo,
níquel e mercúrio) e ao estrogênio e compostos relacionados. Entretanto, o principal fator ambiental é
a exposição à radiação ultravioleta (UV). 
Considerando a natureza multifatorial da doença, o modelo proposto de agressão autoimune envolve o dano
celular e tecidual por fatores ambientais, como a UV, que gera a apoptose das células lesionadas. Devido às
alterações genéticas e funcionais de receptores que reconhecem o material genético (TLR7 e TLR9), é feita a
remoção inadequada dos restos nucleares da célula apoptótica. Os fagócitos teciduais, especialmente uma
parcela especializada de células dendríticas, secretam quantidades anormais de citocinas que, por sua vez,
promovem a sobrevivência anormal de linfócitos B autorreativos.
Após as tolerâncias imunes central e periférica falharem em eliminar ou reprogramar as células B
autorreativas, que produzem o ANA — em especial, os anti-DNA e antinucleossomo, autoanticorpos mais
precisos no diagnóstico laboratorial de LES —, os autoanticorpos reconhecem e se complexam com os
autoantígenos nucleares, formando imunocomplexos solúveis. Tais imunocomplexos se depositam em
pequenos vasos sanguíneos, como vênulas e arteríolas, causando a resposta inata inflamatória mediada por
fagócitos e pela via clássica do complemento. Ainda, pode ocorrer citotoxicidade mediada por anticorpos
provocada pelo reconhecimento dos imunocomplexos depositados pelas células NK.
Mecanismo proposto de autoimunidade encontrada em LES.
A inflamação gerada nesses vasos causa os sintomas, dependendo do tecido vascularizado afetado. Na pele,
aparecerão manchas vermelhas (exantemas) e erupções, especialmente na região malar da face no padrão
conhecido como “asa de borboleta”. 
Eritema malar popularmente conhecido como asa de borboleta.
Os exantemas normalmente aparecem em regiões com exposição solar crônica, como face e membros.
Alopecia (perda capilar) e edemas também podem ser encontrados.
Alterações hematológicas estão entre as manifestações mais frequentes de LES. Os pacientes podem sofrer
de anemia hemolítica crônica, trombocitopenia e leucopenia em decorrência da autoimunidade. Artrite
(inflamação crônica das articulações) periférica é encontrada em grande parcela dos pacientes com LES,
enquanto glomerulonefrite (inflamação nos rins), inflamação no coração (miocardite) e no pulmão
(pneumonite), além de manifestações neuropsiquiátricas (alterações no comportamento e cognição,
neuropatias e disfunções autonômicas) acontecem em parcelas menores dos acometidos.
Principais sintomas do LES.
Artrite reumatoide e esclerose múltipla 
Artrite reumatoide
A artrite reumatoide (AR), também conhecida como poliartrite crônica evolutiva, é uma doença inflamatória de
origem autoimune e etiologia complexa, não completamente compreendida, envolvendo a resposta imune
humoral e celular. A AR é crônica e progressiva, acomete pequenas e grandes articulações e ossos,
especialmente de mãos, punhos e membros, mas também pode afetar a coluna, sobretudo a cervical.
As manifestações clínicas da AR são derivadas da destruição imunomediada e progressiva das membranas
sinoviais das cartilagens e dos ossos.Articulações normais e articulações com artrite reumatoide.
Consequentemente à degeneração das cartilagens, os pacientes apresentam a inflamação (artrite), com dor,
inchaço e rubor das articulações. É observada a rigidez matinal evolutiva, que lentamente progride para a
deformação da articulação e perda da funcionalidade, especialmente importante nas mãos e punho, mas que
também ocorre em outras articulações. 
Como outras doenças autoimunes, possui caráter multifatorial e as mulheres têm maior risco de
desenvolvimento dessa doença.
Do ponto de vista genético, alelos do MHC-II (em especial, HLA- DR1 e HLA-DR4) são mais comuns em
pacientes com AR. Além disso, fatores exógenos, como tabagismo, infecções e obesidade também têm sido
associados.
O modelo proposto da imunopatogenia da AR explica que, em pacientes com suscetibilidade genética à
doença (alelos de HLA), a exposição aos fatores ambientais pode promover a modificação do aminoácido
arginina em citrulina, gerando proteínas citruneladas. Tais proteínas são antigenicamente distintas dos
antígenos próprios originais (neoantígenos), e por isso desencadeiam resposta imune celular e humoral. Caso
os neoantígenos citrunelados estejam presentes na sinóvia articular, a membrana sinovial será atacada por
linfócitos T e B.
Isso é evidenciado pela infiltração de linfócitos observada nas articulações reumáticas, que pode
chegar a formar nódulos linfáticos dentro da articulação (órgão linfoide terciário). 
Os linfócitos B, por sua vez, produzem autoanticorpos contra os antígenos citrunelados, chamados de anti-
CCP (cyclic citrullinated peptides), presentes na maioria dos casos de AR e úteis no diagnóstico laboratorial.
Além do ataque contra os neoantígenos da sinóvia, o infiltrado linfocitário libera citocinas pró-inflamatórias.
Adicionalmente, são produzidos autoanticorpos contra a porção Fc das imunoglobulinas do próprio paciente:
ou seja, um anti-anticorpo, comumente chamado de fator reumatoide com valor no diagnóstico laboratorial.
Esses autoanticorpos formam imunocomplexos que se depositam e amplificam a resposta imune contra o
tecido articular.
O ambiente inflamatório na articulação ativa a expressão de enzimas dos condrócitos e dos osteoclastos que
provocam a destruição da matriz extracelular cartilaginosa e óssea. Veja:
Genes de suscetibilidade (HLA, outros)
Causam falha de tolerância, ativação
desregulada de linfócitos.
Fatores ambientais (ex.: infecções,
tabagismo)
Causam modificação enzimática (ex.:
citrulinação) de proteínas próprias.
Ambos levam a respostas de células T e B a autoantígenos (incluindo antígenos dos tecidos articulares).
Modelo do mecanismo imune da patogenia da artrite reumatoide.
Esclerose múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e autoimune em que a resposta imune é direcionada
contra autoantígenos dos neurônios no sistema nervoso central (SNC). Durante a autoimunidade, é vista uma
resposta pró-inflamatória do tipo Th1 e Th17 contra a bainha de mielina, o que afeta a transmissão do impulso
nervoso. Por isso, a EM é considerada uma doença desmielinizante e neurodegenerativa, sendo a mais comum
na população.
Bainha de mielina
Isolamento lipídico encontrado nos axônios dos neurônios que ajuda na passagem rápida do impulso
elétrico nervoso.
A inflamação é potencializada pelo ataque dos fagócitos contra os neurônios da medula, do tronco encefálico
e das regiões periventriculares, locais de grande proximidade à vascularização e onde encontramos infiltrado
linfocitário.
Vale a pena lembrar que o SNC é um tecido com vigilância imunológica diferenciada, classicamente
chamado de imunoprivilegiado graças à existência da barreira hematoencefálica, que protege o
cérebro e a medula espinhal contra microrganismos e permite a passagem de nutrientes. 
Paciente com EM são, na maioria das vezes, jovens adultos do sexo feminino e apresentam um quadro inicial
transitório por alguns dias, que tende a ser brando e apresenta recuperação parcial, fase denominada
esclerose múltipla surto-remissão (EMSR). Com o passar do tempo, os quadros de surto vão desaparecendo e
a doença se agravando, conhecida como esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP). Uma minoria
apresenta a forma progressiva primária, sem a fase de surtos, chamada de esclerose múltipla primária
progressiva (EMPP).
Os pacientes podem experienciar déficits neurológicos; fadiga grave física e mental que interfere na execução
de atividades diárias normais; neurite unilateral, que é a inflamação do nervo óptico de um lado apenas;
nistagmo, isto é, movimento rápido dos olhos quando em repouso; parestesias, que são sensações
neurogênicas como formigamento, dormência e ardência; dificuldades de marcha e equilíbrio; espasmos
musculares; astenia (fraqueza muscular); e sintomas gastrointestinais, geniturinários e neuropsiquiátricos.
Principais sintomas da esclerose múltipla.
A imunopatologia da EM tem sido estudada pelos modelos induzidos em animais de laboratório. Um modelo
para explicar a EM propõe que um fator ambiental (como uma infecção viral) provoca a ativação de células Th1
e Th17 contra a mielina pelo mimetismo molecular, ou seja, mecanismo pelo qual a resposta imune responde
contra autoantígenos devido à semelhança estrutural com antígenos microbianos aos quais foi previamente
exposta. 
Atenção
Diversos autoantígenos estão envolvidos no desencadeamento da resposta autoimune na EM, como a
proteína básica da mielina (PBM) e proteína lipoproteica (PLP), contra as quais há a formação de
autoanticorpos. Além de PBM e PLP, a glicoproteína de oligodendrócitos da mielina (MOG) também
participa da forte indução de células T autorreativas. 
Em seguida, a falha da tolerância imunológica é desencadeada, influenciada por fatores genéticos e
imunológicos, o que resultaria na infiltração leucocitária no SNC, no ataque à mielina e aos neurônios e,
também, na inflamação. A lesão do tecido nervoso seria potencializada pelo espalhamento de autoantígenos
após o ataque inicial de linfócitos e fagócitos contra os neurônios, agravando o quadro de desmielinização e
neurodegeneração.
O diagnóstico da EM é complexo. Existe uma lista de aspectos relevantes, resumidos nos critérios de
McDonald, que incluem aspectos clínicos, imagiológicos (ressonância magnética do SNC) e evidenciação de
inflamação no líquor (elevação de proteínas totais, presença de imunoglobulinas e infiltrado leucocitário). O
diagnóstico pelos critérios de McDonald pode ser auxiliado pela detecção de autoanticorpos séricos, como o
anticorpo contra a proteína básica da mielina (anti-PBM) e contra a proteína lipoproteica (anti-PLP).
Diagnóstico das doenças autoimunes
Nesse vídeo, conheça outras doenças autoimunes importantes e como é feito o seu diagnóstico.
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Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Doenças autoimunes contra antígenos tireoidianos
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DAI contra antígenos musculares e pancreáticos
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Diagnóstico das doenças autoimunes sistêmicas
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Artrite reumatoide e esclerose múltipla
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Questão 1
Vimos que, em algumas doenças autoimunes, há formação de linfócitos autorreativos que atacam as próprias
células ou os antígenos solúveis dos tecidos. A respeito de doenças autoimunes contra os tecidos
tireoidianos, analise as alternativas a seguir e marque a correta:
A
Na tireoidite de Hashimoto, são formados autoanticorpos contra antígenos tireoidianos, o que resulta em
hipotireoidismo.
B
Na tireoidite de Hashimoto, são formados autoanticorpos contra antígenos tireoidianos, o que resulta sempre
em hipertireoidismo.
C
Na tireoidite de Hashimoto,há uma diminuição de TSH, um aumento do T3 e T4 e a detecção de anti-TGO e
anti-Tg..
D
Na tireoidite de Hashimoto, o anticorpo mais presente é autoanticorpo que reconhece o receptor de TSH.
E
Na tireoidite de Hashimoto, o anticorpo mais presente é o autoanticorpo anti-TPO que reconhece a
tireoglobulina, um dos precursores hormonais.
A alternativa A está correta.
A presença de autoanticorpos (anti-TPO, anti-Tg) contra os precursores metabólicos dos hormônios da
tireoide (T3 e T4) gera o declínio deles no sangue, o que causa hipotireoidismo e elevação da concentração
plasmática de TSH.
Questão 2
Paciente A.S. de 5 anos, do sexo feminino, foi ao pediatra, pois apresentava exantemas e erupções,
especialmente na região malar, com um padrão conhecido como asa de borboleta. O médico suspeitou de LES
e solicitou exame confirmatório. A seguir são listados vários autoanticorpos, assinale a alternativa que indica
os autoanticorpos mais precisos no diagnóstico dessa doença:
A
Anti-PBM e anti-PLP.
B
Anti-DNA e anti-PBM.
C
Anti-DNA e antinucleossomos.
D
Antinucleossomo e anti-PBM.
E
Anti-DNA e anti-PLP.
A alternativa C está correta.
Pacientes com LES produzem anticorpos antinuclear (ANA), sendo os anticorpos mais precisos, ou seja,
aqueles que estão sempre presentes, os anti-DNA e antinucleossomos. Os autoanticorpos anti-PBM e anti-
PLP estão presentes na esclerose múltipla.
3. Doenças alérgicas e seu diagnóstico
Mecanismos de hipersensibilidade
O que são reações de hipersensibilidade?
As reações de hipersensibilidade são respostas imunes exageradas contra antígenos, com perda do controle
imunológico, e que acabam se tornando crônicas ao longo dos anos. Classicamente, consideramos as
hipersensibilidades como reações imunes exageradas e descontroladas contra antígenos exógenos, mas os
mecanismos de hipersensibilidade estão relacionados às doenças autoimunes.
Saiba mais
De fato, as principais doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e diabetes mellitus tipo 1, têm
mecanismos de ação contra autoantígenos semelhantes aos vistos em reações de hipersensibilidade,
embora tenham, é claro, uma complexidade muito maior. Por isso, alguns autores consideram as
doenças autoimunes como um tipo de hipersensibilidade a autoantígenos. 
Voltando à definição clássica da hipersensibilidade como causada por antígenos exógenos, tais epítopos
podem ser de origem microbiana ou ambiental não microbianas (ambientais ou autoantígenos nas
autoimunidades). A resposta exagerada da imunidade contra esses antígenos acaba resultando em algum
grau de dano tecidual. Além disso, como os antígenos não podem ser removidos completamente (como
antígenos ambientais), ocorre um constante estímulo à resposta imune, que se torna crônica e progressiva.
Tipos de hipersensibilidade
Existem quatro tipos de hipersensibilidade, são eles:
Hipersensibilidade do tipo I
Também conhecida como alergia e atopia, é caracterizada pelo desenvolvimento de resposta celular do tipo
Helper 2 (Th2), com produção de imunoglobulina do tipo E (IgE) em resposta a um antígeno ambiental não
microbiano que chamamos de alérgeno. Nessa reação, também observamos intensa participação de
mastócitos (polimorfonucleares teciduais), basófilos e eosinófilos, granulócitos cujas vesículas exocíticas,
quando liberadas, produzem os principais efeitos observados nas alergias.
A degranulação dos granulócitos promove alterações vasculares e da musculatura lisa, promovendo
vasodilatação, inchaços (edema), broncoconstrição (fechamento das vias aéreas), aumento da motilidade
gastrointestinal e prurido, entre outras manifestações clínicas associadas, gerando pápulas e eritemas.
Mecanismo de formação de pápulas e eritemas comuns nas atopias (alergias).
Essa fase das alergias é conhecida como hipersensibilidade imediata, pois acontece poucos minutos após a
exposição ao antígeno desencadeador da alergia — ou alérgeno. Após algumas horas, o local (ou os locais) da
atopia imediata é infiltrado por linfócitos, neutrófilos, macrófagos e eosinófilos, o que pode ser percebido
clinicamente como uma pápula mais enrijecida do que a inicial e é conhecido como hipersensibilidade tardia.
Etapas da hipersensibilidade do tipo I e tipos de atopias
Relembre agora as etapas da hipersensibilidade do tipo I (imediata e tardia).
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Hipersensibilidade do tipo II
É caracterizada pela produção de anticorpos do tipo IgM e IgG, que reconhecem antígenos (próprios ou
exógenos) na superfície celular ou na matriz tecidual e desencadeiam uma cascata de ataque citotóxico
contra essas células. O ataque citotóxico normalmente é mediado pela imunidade inata (como fagócitos e
células NK), em um mecanismo conhecido como citotoxicidade mediada por anticorpos (ADCC – antibody-
dependent celular citotoxicity) e cascata de ataque à membrana pela via clássica do sistema complemento.
Na imagem note que o reconhecimento de um patógeno pela porção Fab (hipervariável) do anticorpo deixa a
porção Fc (cristalizável) livre para provocar resposta das células efetoras, como fagócitos e células
citotóxicas.
Reconhecimento antígeno (patógeno) - anticorpo.
Hipersensibilidade do tipo III
É caracterizada pela produção de anticorpos do tipo IgM e IgG contra antígenos solúveis, que podem ser
exógenos ou endógenos, e formação dos imunocomplexos. Dependendo de quantos epítopos específicos
estejam presentes no antígeno (que sejam reconhecidos pelo anticorpo), o imunocomplexo pode ser maior ou
menor.
Imunocomplexos formados pela interação entre antígenos solúveis e anticorpos.
Os imunocomplexos também são solúveis, mas tendem a se acumular e depositar em pequenos vasos,
gerando uma resposta mediada por anticorpos no sítio tecidual (normalmente vascular) onde se depositarem.
A porção Fc é, mais uma vez, reconhecida por fagócitos, proteínas do sistema complemento e células NK,
gerando a injúria tecidual. 
Hipersensibilidade do tipo IV
Também conhecida como tardia por demorar de horas a dias para aparecer, em comparação com as demais
hipersensibilidades, que se estabelecem minutos após a reexposição. A lesão tecidual é mediada por linfócitos
T, principalmente pela secreção de citocinas pró-inflamatórias (linfócitos T CD4+ — resposta Th1 e Th17), com
recrutamento e ativação de leucócitos que levam à inflamação tecidual. Os linfócitos T CD8+ também podem
estar envolvidos na citotoxicidade celular em alguns casos. Nesse tipo de reação, os antígenos podem ser
microbianos ou teciduais. Em ambos os casos, intensos infiltrados mononucleares — linfócitos e monócitos ou
macrófagos — podem ser observados ao redor do antígeno na avaliação histopatológica, caracterizando a
formação de granulomas.
Introdução ao diagnóstico das alergias
Historicamente, o diagnóstico das hipersensibilidades do tipo I é feito pelo exame físico-clínico. Nesse
aspecto, a anamnese detalhada do paciente e de seus episódios alérgicos é feita com o intuito de caracterizar
se o paciente apresenta um quadro alérgico de fato e determinar qual o alérgeno que desencadeia as crises.
Alguns aspectos orientavam o diagnóstico clínico:
O local que apresenta a alergia — se é cutânea, respiratória, gastrointestinal.
Os sintomas — a presença de rinorreia (secreção nasal), sibilos respiratórios, diarreias e coceiras.
A temporalidade — se os episódios alérgicos acontecem ao longo do ano ou se são sazonais.
Os elementos ambientais relacionados — a presença de animais e pelos de animais, picadas de
insetos, esporos fúngicos, pólens etc. no local onde o paciente se encontra ao desencadear a crise.
Antigamente, quando a anamnese não conseguia identificar com certeza o alérgeno, ou a remoção do
alérgeno não resolvia o quadro do paciente, por vezes eram feitos ensaios de provocação, que estudaremos a
seguir.
Atualmente, a medicina tem usado métodos de diagnóstico complementares para obter painéis mais
completos dos alérgenos contra os quais certas pessoas respondem. Alguns testes são feitosno próprio
consultório do alergista-imunologista, enquanto outros dependem de exames laboratoriais para serem
concluídos. O conjunto dos exames (de consultório e laboratoriais) pode ser denominado ensaios de IgE.
Principais testes para o diagnóstico in vivo das alergias
Teste epicutâneo
Também chamado de cutâneo, ou de contato, é um teste feito na pele do paciente, para detecção da
degranulação de mastócitos mediada por IgE após exposição a diferentes alérgenos, devidamente
identificados. É feito por meio de adesivos, os contensores, contendo doses baixíssimas de alérgenos, como
sulfato de níquel, neomicina, bicromato de potássio etc. Tais adesivos são posicionados na superfície da pele
do paciente para avaliar a dermatite de contato. Os alérgenos contra os quais o paciente responde são
identificados pelo aparecimento de uma pápula (placa) vermelha e elevada.
O edema e o rubor, sinais de inflamação derivados do alérgeno, podem ser quantificados a partir da medição
do diâmetro da pápula: quanto maior a pápula, maior o grau de reatividade cutânea ao alérgeno inoculado.
Além disso, é utilizado um sistema de quantificação, com uma pontuação arbitrária, usando o sistema de
cruzes (1 a 3+). O quadro a seguir mostra essa escala.
Interpretação Escore Manifestação clínica
Negativo - Sem reação
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Interpretação Escore Manifestação clínica
Duvidoso ? Eritema mal definido
Positivo fraco + Eritema definido, infiltração e pápula
Positivo forte ++ Eritema, infiltração, pápula e vesícula
Positivo muito forte +++ Eritema, infiltração, pápula e vesículas coalescentes
Critérios de leitura do Grupo de Pesquisa Internacional em Dermatite de Contato para o teste cutâneo.
Adaptado de Belluco et al ., 2021, p. 2017.
Atenção
Como esse exame mede a degranulação de mastócitos, é recomendado que o paciente não tenha usado
anti-histamínicos pelo menos nas últimas 72 horas. 
Para o teste, os contensores são posicionados em local seguro da pele, contendo alérgenos sobre os quais se
deseja testar a resposta do paciente. 
Teste epicutâneo para hipersensibilidade do tipo I. Note os contensores.
Embora a reação do painel alérgeno seja rapidamente iniciada, em cerca de 20 minutos após a exposição por
contato, a leitura das placas é feita em dois momentos após o contato: uma com 48 horas e outra com 96
horas, para que haja tempo suficiente de desenvolvimento do halo inflamatório. Dessa forma, reações
alérgicas retardadas também são identificadas, o que assegura boa sensibilidade do teste. 
A leitura da reatividade é feita principalmente pelo diâmetro da pápula/eritema.
Teste de contato fotoalérgico
O teste de contato fotoalérgico, ou foto patch, é uma variação do teste epicutâneo, em que a ativação do
alérgeno pela radiação UV é necessária, pois os alérgenos são fotossensíveis. Normalmente, o teste é feito em
duplicata com o mesmo alérgeno não irradiado como controle da fotossensibilidade. A leitura é feita de modo
semelhante ao teste cutâneo, após 48 hrs da exposição à radiação UV. Podem ser feitos testes fotoalérgicos
para perfumes e medicamentos de uso tópico, como pomadas anti-inflamatórias. 
Teste intradérmico
Em algumas ocasiões, o teste de contato não pode ser feito ou seus resultados são incompatíveis com a
clínica do paciente. Ainda, o resultado do teste cutâneo pode ser indeterminado ou não reproduzível, quando
o resultado é duvidoso ou fraco positivo. Nesses casos, pode ser realizado o teste intradérmico.
O teste intradérmico tem especial valor no diagnóstico de alergias a insetos e a medicamentos e é menos útil
no diagnóstico de alérgenos respiratórios. Entretanto, em algumas situações, o teste intradérmico pode ser
contraindicado, como em pacientes com teste epicutâneo positivo forte ou muito forte, devido ao risco de
reações exacerbadas e até mesmo sistêmicas após a inoculação, e em pacientes com alergia alimentar, dada
a alta reatividade aos alérgenos e aos riscos associados.
O teste epicutâneo é preferencialmente usado antes do intradérmico para evitar a exposição
desnecessária a alérgenos, o que é especialmente importante ao verificarmos que fatalidades após
este teste já foram reportadas em pacientes que não fizeram o teste de contato anteriormente. 
Levando todas essas situações em consideração, o imunologista pode fazer o teste intradérmico, inoculando
na derme do paciente cerca de 20µL de soluções de alérgenos diluídos de 100 a 1.000 vezes. Assim como no
teste cutâneo, o intradérmico é normalmente feito em painel (vários alérgenos são testados por vez) e
rapidamente são evidenciadas as placas inflamatórias derivadas da degranulação de mastócitos mediada por
IgE.
A avaliação da reatividade é feita de forma semelhante ao teste de contato, evidenciado pela reação
papulomatosa, vermelhidão e inchaço após inoculação dos alérgenos: por meio da medição do halo
inflamatório obtido para quantificação em sistema de cruzes semelhante.
Saiba mais
O teste intradérmico é mais sensível que o teste epicutâneo, porém menos específico, ou seja, apresenta
mais resultados falso-positivos e menos falso-negativos. 
Testes de provocação
Trata-se de um dos testes clássicos mais antigos para identificação de alérgenos. Nesse teste, o paciente é
submetido à exposição controlada a um alergênico, normalmente após tentativas de isolamento e
identificação por exclusão de algumas substâncias potencialmente envolvidas na alergia ou em intolerâncias.
A inoculação é feita no local da manifestação alérgica. Por exemplo, pessoas com suspeita de rinite alérgica
desencadeada por polens terão o pólen inoculado na cavidade nasal.
Entre as vias de inoculação, a via oral — teste de provocação oral (TPO) — é considerado o padrão-ouro para
diagnóstico de intolerâncias e alergias.
Atenção
Cabe destacar que intolerâncias não têm os mecanismos de hipersensibilidade imediata (do tipo I)
envolvidas e são derivadas de reações farmacológicas, toxicológicas ou metabólicas a certos
compostos. Um exemplo de intolerância alimentar comum é a da intolerância à lactose, em que episódios
de náusea e diarreia ocorrem após a ingestão de leite (que contém o dissacarídeo lactose) e acontecem
em pacientes com deficiência na produção da enzima que digere a lactose, a lactase. Assim, a lactose
fica livre para atrair água e ser fermentada por bactérias intestinais, causando diarreia e gases que
podem ser intensos. 
Além da lactose, outras proteínas presentes nos alimentos, como peixes, ovos, frutos do mar, amendoim etc.
podem desencadear alergias. A seguir, vemos um quadro com os principais alimentos alergênicos. 
Alimento Proteínas alérgenas Sintomas mais comuns
Leite e
derivados
Caseína e lactoalbumina
Prurido da mucosa orofaríngea e
pele
Edema vascular e vermelhidão
(dermatite atópica)
Dor abdominal, náuseas, vômitos e
diarreias
Congestão nasal, dispneia, asma e
anafilaxia
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Alimento Proteínas alérgenas Sintomas mais comuns
Ovo
Ovoalbumina, ovomucoide e
conalbumina
Dermatite atópica
Dor abdominal, náuseas, vômitos e
diarreias
Hipotensão e choque
Amendoim Ara H (1 a 3)
Angioedema
Prurido de pele e mucosas
Tosse e broncoespasmos
Edema de glote
Diarreia e vômitos
Anafilaxia
Frutos do mar Tropomiosina
Urticária
Rinoconjuntivite
Asma
Edema de mucosas
Náuseas e vômitos
Anafilaxia
Principais alimentos alergênicos. Adaptado de Solé et al ., 2018.
Existem três formas de se ofertar o alimento com suspeição ao paciente: 
Método aberto, em que o paciente sabe que irá ingerir o alimento natural.
Método simples cego, quando o paciente não sabe se irá ingerir o alimento, que foi mascarado.
Duplo cego com placebo, em que nem o paciente, nem o médico sabem se ao paciente será ofertado o
alimento suspeito ou um placebo.
Em seguida, esperamos observar reações ao alimento, como: desconforto abdominal; náusea; mal-estar;
aceleração da frequência cardíaca; reações mucocutâneas como coceira, vermelhidão e dermatite atópica por
alimento (inchaço); sensação de queimação orofaríngea e na língua;dificuldades de engolir e de respirar —
que indicam agravamento alérgico.
Por causa dos casos de respostas alérgicas mais graves, o TPO deve ser feito em local em que haja
toda a resposta de emergência, com profissionais treinados e prontos a responder a eventualidades.
Na prática clínica, normalmente é feito o método aberto, apesar do duplo cego oferecer resultados mais
confiáveis. Um dos TPO utilizados é o aberto contra leite de vaca, em que proteínas do leite de vaca provocam
alergias em crianças, mesmo que elas não ingiram o leite diretamente. 
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Curiosidade
Recentemente, foi mostrado que peptídeos potencialmente imunogênicos (ou seja, potenciais alérgenos)
exclusivos do leite de vaca podem ser encontrados no leite materno após a ingestão do leite de vaca
pela lactante. Entretanto, esses peptídeos desaparecem após período prolongado de dieta de exclusão
de leite e derivados. Como as quantidades de peptídeos bovinos são baixíssimas no leite materno,
sintomas leves a moderados de alergia podem ser corretamente diagnosticados pela TPO para leite de
vaca em crianças. 
Diagnóstico in vitro para alergias 
Introdução ao diagnóstico in vitro para alergias
Além dos testes feitos in vivo, que naturalmente envolvem certo desconforto e risco ao paciente, testes
laboratoriais têm sido desenvolvidos e cada vez mais utilizados no auxílio ao diagnóstico de alergias e
alérgenos. Entre eles, destacamos os ensaios capazes de identificar IgE específica contra alérgenos. Apesar
de IgE corresponder a menos de 1 milésimo das imunoglobulinas circulantes, atualmente dispomos de
métodos suficientemente sensíveis para identificação de IgE específica.
Vamos conhecer alguns dos principais métodos a seguir!
Teste alergossorvente (RAST/ CAP-RAST)
Foi um dos primeiros testes a serem estabelecidos para detecção de IgE específica, ainda na década de 1960.
No teste original (RAST), o soro do paciente potencialmente contendo IgE específica é incubado com
alérgenos imobilizados em disco de celulose. Após lavagem, a IgE ligada ao alérgeno (ligação específica
antígeno-anticorpo) permanecia ligada ao disco e era detectada com a utilização de um anticorpo contra IgE
humana conjugado com radioisótopo. A emissão de radiação era posteriormente medida, dando-nos
resultados quantitativos de IgE sérica.
O teste foi modificado para remoção do sistema radioativo de detecção, que foi substituído pelo fluorescente,
o teste de imunofluorescência indireta. Além disso, a adição de um transportador no ensaio CAP-RAST
aumentou a acurácia do teste.
Transportador
A forma estrutural desse transportador lembra um chapéu; por isso, ganhou o apelido de CAP, que
corresponde a chapéu ou boné em inglês.
Nos dias atuais, temos painéis complexos com múltiplos alérgenos e variações. O teste considerado padrão-
ouro para detecção de IgE específica é o ImmunoCAP (Thermo Fisher), que permite a detecção de IgE
específica no soro do paciente contra mais de 500 alérgenos. Variações da técnica, como o ImmunoCAP ISAC
(multiplex), permitem a identificação semiquantitativa de IgE sérica contra mais de 100 alérgenos
simultaneamente.
Os testes RAST e derivados apresentam diversas vantagens quando comparados com os testes in vivo, pois
independem de fatores do paciente como idade, condição da pele, gestação e uso de anti-histamínicos e
outros medicamentos que podem afetar a resposta de hipersensibilidade in vivo. Também são testes seguros
para o paciente, sem desconforto ou risco de anafilaxia.
Saiba mais
Vale mencionar que outros testes de detecção de IgE também têm sido usados, como o ELISA e ensaios
em microarranjos. 
Ensaio de liberação da histamina pelos basófilos
Neste exame, o soro do paciente investigado é incubado com basófilos obtidos de doador. Após o período de
incubação, é feita a detecção da histamina liberada pelos basófilos no sobrenadante para determinação da
quantidade de IgE presente no soro do paciente. Por necessitar de cultivo celular e, portanto, ser trabalhosa e
demorada, essa técnica é mais usada em pesquisas e não tem real valor no diagnóstico por ainda apresentar
resultados controversos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Introdução ao diagnóstico das alergias
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Principais testes para o diagnóstico in vivo das alergias
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Questão 1
Vimos que as reações de hipersensibilidade podem ser de quatro tipos e que as autoimunidades, por vezes,
se estabelecem compartilhando mecanismos com algumas, mas não todas, hipersensibilidades. Sobre esse
assunto, analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
A
A hipersensibilidade do tipo I é caracterizada pela resposta imune contra antígenos exógenos e desencadeia a
degranulação de mastócitos, principal mecanismo de autoimunidades.
B
A hipersensibilidade do tipo II é feita quando há reconhecimento de antígenos na superfície de células e
tecidos, com produção de anticorpos e dano ao tecido específico onde encontramos o antígeno.
C
A hipersensibilidade do tipo I é montada quando há o reconhecimento de antígenos próprios pelos linfócitos T
CD4+ que montam intensa resposta vista nas alergias.
D
A hipersensibilidade do tipo III é caracterizada pela degranulação de mastócitos e basófilos, vista em alergias
e atopias derivadas da produção de IgE.
E
A hipersensibilidade do tipo IV acontece quando anticorpos solúveis se precipitam em articulações por causa
da arteriosclerose, o que provoca resposta imune inata de ataque ao endotélio.
A alternativa B está correta.
A hipersensibilidade do tipo II é dirigida contra antígenos exógenos ou endógenos expressos na superfície
de células e tecidos. Esses antígenos são reconhecidos pelos anticorpos via porção Fab, mas deixam livre a
região Fc, que pode ser reconhecida pelas células citotóxicas e por fagócitos, levando à ativação da
resposta imune com consequente dano tecidual.
Questão 2
As alergias têm sido descritas há mais de um século e sua prevalência na população mundial tem aumentado.
A principal forma de identificação clássica dos alérgenos é pelo diagnóstico in vivo. Sobre esse assunto,
assinale a alternativa correta:
A
No diagnóstico in vivo, os mastócitos teciduais do paciente são inoculados em cultivo celular ou em animais
de laboratório, modelos em que se espera ver a alergia in vivo.
B
Os métodos in vivo têm sido largamente usados por sua praticidade e baixo custo, porém são muito confiáveis
e sem riscos para o paciente.
C
Os métodos in vivo representam a maior parte dos testes feitos, mas têm risco intrínseco, como reações
anafiláticas.
D
O diagnóstico in vivo é feito pela identificação de IgE antígeno-específica por múltiplas sondas aplicadas no
sangue do paciente.
E
O teste de contato é o mais indicado para a verificação de alergias alimentares e teste de tolerância a lactose.
A alternativa C está correta.
Por usarem a própria reação alérgica do paciente como forma de investigar potenciais alérgenos, os
métodos diagnósticos por desafios (provocações) in vivo têm um pequeno, porém não ignorável, risco de
anafilaxia.
4. Conclusão
Considerações finais
Neste conteúdo, vimos como distúrbios na imunidade podem causar doenças autoimunes e
hipersensibilidades, dependendo do tipo de estímulo ao qual o organismo responde.
Nas autoimunidades, são produzidas células B e células T autorreativas que reconhecem antígenos próprios
como invasores e acabam não sendo eliminadas pelo sistema de autotolerância imune. Como os
autoantígenos estão sempre presentes, as autoimunidades causam doenças complexas e crônicas que podem
ser diagnosticadas usando seus padrões de autoanticorpos expressos e outros marcadores.
Nas alergias, uma resposta celular Th2 é montada contra antígenos inócuos comuns, os alérgenos.

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