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DESAFIOS E POTENCIALIDADES: COMO RECONHECER TALENTOS 
EM ALUNOS COM DIFICULDADES ASSOCIADAS. 
 
Marizuza Ribeiro Paixão 
Simone Helen Drumond Ischkanian 
Gladys Nogueira Cabral 
Giane Demo 
Silvana Nascimento de Carvalho 
Sandro Garabed Ischkanian 
Neusa Venditte 
Eliana Drumond 
O reconhecimento de talentos em alunos com dificuldades associadas constitui um desafio 
significativo no contexto educacional contemporâneo, exigindo abordagens diferenciadas e 
compreensão multidimensional do desenvolvimento humano. Este artigo tem como objetivo analisar 
os desafios e potencialidades envolvidos na identificação de alunos talentosos que apresentam 
dificuldades, sejam elas cognitivas, socioemocionais ou de aprendizagem, por meio de uma pesquisa 
bibliográfica e documental. Inicialmente, aborda-se a definição e identificação de talentos, destacando 
que desempenho acadêmico não é necessariamente indicativo de potencialidade. Conceitos de altas 
habilidades e superdotação são explorados, ressaltando a necessidade de critérios claros e 
contextualizados que considerem não apenas resultados escolares, mas também manifestações de 
criatividade, pensamento crítico e competência socioemocional (Alencar; Fleith, 2009; Alencar; 
Virgolim, 2001; Amabile, 1996). Discute-se as dificuldades associadas e suas implicações, abordando 
como transtornos de aprendizagem, TDAH e desafios socioemocionais podem mascarar talentos, 
tornando sua detecção mais complexa. A literatura evidencia que a ausência de observação adequada 
ou a interpretação equivocada de comportamentos podem levar à subestimação de potencialidades, 
prejudicando o desenvolvimento do aluno (Reyero; Tourón, 2000; Rojas; Franco, 2008; Almeida, 
1988). Os instrumentos e estratégias de avaliação, abordando ferramentas formais e informais como 
testes cognitivos, portfólios, observação qualitativa e avaliações multimodais. A abordagem integrada 
permite uma visão mais ampla do aluno, considerando dimensões intelectuais, criativas e 
socioemocionais, contribuindo para uma avaliação mais precisa e justa (Wechsler, 2009; Milan; 
Wechsler, 2018; Nakano et al., 2016; Mendonça, 2015). No contexto analisam-se as potencialidades e 
estratégias de apoio, enfatizando que talentos podem ser estimulados mesmo diante de dificuldades. 
Práticas pedagógicas inclusivas, diferenciação curricular, programas de enriquecimento e 
acompanhamento individualizado são apontados como métodos eficazes para promover o 
desenvolvimento integral do aluno, estimulando tanto o talento quanto o enfrentamento das 
dificuldades (Prado; Alencar; Fleith, 2016; Renzulli, 2014; Virgolim; Konkiewitz, 2014). O artigo 
aborda desafios éticos e educacionais, refletindo sobre preconceitos, estereótipos e a subestimação de 
talentos, além da necessidade de formação docente adequada para a identificação e promoção de 
habilidades excepcionais. Destaca-se também a importância de políticas educacionais que garantam 
equidade, permitindo que cada aluno, independentemente de suas dificuldades, tenha oportunidades de 
reconhecimento e desenvolvimento pleno de suas capacidades (Simonetti; Almeida; Güenther, 2010; 
Suárez; Wechsler, 2019; Gagné; Güenther, 2012). Reconhecer talentos em alunos com dificuldades 
associadas demanda uma abordagem holística, baseada em avaliação multimodal, estratégias 
pedagógicas inclusivas e atenção ética e social. Este estudo evidencia que, ao compreender e estimular 
as potencialidades destes alunos é possível não apenas reconhecer seus talentos, mas também 
promover um desenvolvimento educativo mais justo, inclusivo e eficaz. 
Palavras-chave: Talentos; altas habilidades; dificuldades de aprendizagem; avaliação 
educacional; inclusão escolar. 
 
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CHALLENGES AND POTENTIALITIES: HOW TO RECOGNIZE 
TALENTS IN STUDENTS WITH ASSOCIATED DIFFICULTIES. 
 
Marizuza Ribeiro Paixão 
Simone Helen Drumond Ischkanian 
Gladys Nogueira Cabral 
Giane Demo 
Silvana Nascimento de Carvalho 
Sandro Garabed Ischkanian 
Neusa Venditte 
Eliana Drumond 
The recognition of talents in students with associated difficulties constitutes a significant 
challenge in the contemporary educational context, requiring differentiated approaches and a 
multidimensional understanding of human development. This article aims to analyze the 
challenges and potentialities involved in identifying talented students who present difficulties, 
whether cognitive, socio-emotional, or learning-related, through a bibliographic and documentary 
research approach. Initially, it addresses the definition and identification of talents, highlighting 
that academic performance is not necessarily indicative of potential. Concepts of giftedness and 
high abilities are explored, emphasizing the need for clear and contextualized criteria that consider 
not only school performance but also manifestations of creativity, critical thinking, and socio-
emotional competence (Alencar; Fleith, 2009; Alencar; Virgolim, 2001; Amabile, 1996). The 
discussion then turns to associated difficulties and their implications, addressing how learning 
disorders, ADHD, and socio-emotional challenges can mask talents, making detection more 
complex. Literature indicates that the lack of adequate observation or misinterpretation of 
behaviors can lead to underestimation of potential, negatively affecting student development 
(Reyero; Tourón, 2000; Rojas; Franco, 2008; Almeida, 1988). The article further examines 
assessment instruments and strategies, including formal and informal tools such as cognitive tests, 
portfolios, qualitative observation, and multimodal evaluations. An integrated approach provides a 
broader view of the student, considering intellectual, creative, and socio-emotional dimensions, 
contributing to a more precise and fair assessment (Wechsler, 2009; Milan; Wechsler, 2018; 
Nakano et al., 2016; Mendonça, 2015). In this context, the potentialities and support strategies are 
analyzed, emphasizing that talents can be stimulated even in the presence of difficulties. Inclusive 
pedagogical practices, curriculum differentiation, enrichment programs, and individualized 
monitoring are identified as effective methods to promote the holistic development of students, 
fostering both talent and the management of difficulties (Prado; Alencar; Fleith, 2016; Renzulli, 
2014; Virgolim; Konkiewitz, 2014). Finally, the article addresses ethical and educational 
challenges, reflecting on prejudice, stereotypes, and the underestimation of talents, as well as the 
need for adequate teacher training for identifying and promoting exceptional abilities. The 
importance of educational policies that ensure equity is also highlighted, allowing every student, 
regardless of their difficulties, to have opportunities for recognition and full development of their 
capabilities (Simonetti; Almeida; Güenther, 2010; Suárez; Wechsler, 2019; Gagné; Güenther, 
2012). In summary, recognizing talents in students with associated difficulties requires a holistic 
approach, based on multimodal assessment, inclusive pedagogical strategies, and ethical and 
social attention. This study demonstrates that understanding and stimulating the potentialities of 
these students makes it possible not only to recognize their talents but also to promote a more just, 
inclusive, and effective educational development. 
Keywords: talents; high abilities; learning difficulties; educational assessment; school inclusion. 
 
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DESAFIOS E POTENCIALIDADES: COMO RECONHECER TALENTOS 
EM ALUNOS COM DIFICULDADES ASSOCIADAS. 
 
Marizuza Ribeiro Paixão 
Simone Helen Drumond Ischkanian 
Gladys Nogueira Cabral 
Giane Demo 
Silvana Nascimento de Carvalho 
Sandro Garabed Ischkanian 
Neusa Venditte 
Eliana Drumond 
1. INTRODUÇÃO 
No contexto educacional contemporâneo, o reconhecimento de talentos em alunos com 
dificuldades associadas constitui um desafio complexo,que habilidades cognitivas e 
socioemocionais são igualmente importantes e que diferentes alunos podem se destacar em áreas 
distintas. 
A ética educacional envolve ainda a adaptação contínua de práticas pedagógicas às 
necessidades emergentes dos estudantes. Isso inclui revisitar estratégias de avaliação, métodos de 
ensino e programas de enriquecimento, garantindo que permaneçam inclusivos, justos e eficazes 
para todos os perfis de aluno. 
O enfrentamento dos desafios éticos e educacionais na identificação de talentos em 
alunos com dificuldades exige um compromisso coletivo de professores, gestores e formuladores 
de políticas. A integração entre avaliação rigorosa, práticas pedagógicas inclusivas e atenção às 
dimensões cognitivas, criativas e socioemocionais cria um ambiente escolar que reconhece e 
potencializa talentos de forma justa e responsável. 
 
2.6. PERFIS E TIPOS DE DESAFIOS QUE COEXISTEM COM TALENTOS 
 
Alunos com transtornos de aprendizagem específicos (dislexia, disgrafia, discalculia), 
que podem ter dificuldade em ler, escrever ou realizar cálculos, mas apresentam grande potencial 
criativo, lógico ou artístico. 
Alunos com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que podem 
demonstrar altos níveis de energia, criatividade e pensamento divergente, mas dificuldade em 
concentração e organização. 
Alunos com dificuldades socioemocionais, incluindo ansiedade, depressão ou baixa 
autoestima, que podem impactar o desempenho acadêmico, embora possuam talentos em áreas 
cognitivas, artísticas ou de liderança. 
Alunos com deficiência intelectual leve, que podem apresentar limitações em alguns 
aspectos acadêmicos, mas habilidades excepcionais em áreas práticas, sociais ou artísticas. 
 
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Alunos com deficiência auditiva ou visual, que exigem adaptações sensoriais, mas podem 
ter potencial elevado em raciocínio lógico, memória, criatividade ou habilidades manuais. 
Alunos com altas habilidades/superdotação combinadas com dificuldades de 
aprendizagem (perfil conhecido como “twice-exceptional”), que possuem talentos significativos 
mas apresentam dificuldades acadêmicas específicas. 
Alunos com dificuldades linguísticas, incluindo atraso no desenvolvimento da linguagem 
ou segunda língua, que podem ter excelente capacidade de raciocínio abstrato, criatividade ou 
habilidades matemáticas. 
Alunos com transtornos do espectro autista (TEA), que podem apresentar habilidades 
excepcionais em áreas específicas, como memória, matemática ou música, mas dificuldades na 
interação social e comunicação. 
Alunos com problemas de saúde crônicos ou condições médicas que afetam a frequência 
escolar, mas não comprometem a inteligência ou criatividade. 
Alunos com contextos socioeconômicos desfavoráveis que impactam o acesso a recursos 
e oportunidades, mas que possuem potencial intelectual, artístico ou de liderança significativo. 
 
2.7. COMO RECONHECER E TRABALHAR TALENTOS EM ALUNOS COM 
DIFICULDADES ASSOCIADAS? 
 
Reconhecer e trabalhar talentos em alunos com dificuldades associadas exige uma 
abordagem educacional ampla, individualizada e sensível às múltiplas dimensões do 
desenvolvimento humano. Cada aluno apresenta um perfil único, e suas dificuldades não devem 
ser vistas como barreiras definitivas, mas como desafios que podem coexistir com habilidades 
extraordinárias, que, quando identificadas e estimuladas, contribuem para o crescimento 
acadêmico, emocional e social. O reconhecimento de talentos requer atenção às potencialidades 
cognitivas, criativas, socioemocionais e práticas, permitindo que cada aluno desenvolva seu 
máximo potencial. 
Alunos com transtornos de aprendizagem específicos, como dislexia, disgrafia e 
discalculia, podem apresentar dificuldades significativas em leitura, escrita ou cálculos, mas ao 
mesmo tempo possuem grande capacidade criativa, raciocínio lógico ou habilidades artísticas. 
Para reconhecer esses talentos, é essencial utilizar recursos de ensino multimodais, que incluem 
instruções visuais, auditivas e manipulativas. Avaliações alternativas, como portfólios, 
apresentações orais e projetos práticos, permitem que o aluno demonstre competências que não 
seriam evidenciadas em testes tradicionais. Além disso, o acompanhamento contínuo e 
individualizado contribui para identificar padrões de talento e áreas de interesse específicas. 
 
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Alunos com TDAH frequentemente possuem energia elevada, criatividade e pensamento 
divergente, mas podem apresentar dificuldade de concentração, organização e controle de 
impulsos. Para trabalhar esses talentos, os educadores podem adotar estratégias de ensino 
estruturadas, como dividir tarefas em etapas menores, criar rotinas claras e usar reforços positivos. 
Atividades práticas, experimentos, laboratórios e projetos colaborativos ajudam esses alunos a 
canalizar energia e criatividade de forma produtiva, promovendo engajamento e aprendizado 
significativo. 
Alunos com dificuldades socioemocionais, incluindo ansiedade, depressão ou baixa 
autoestima, podem ter seu desempenho acadêmico prejudicado, mas demonstrar talentos em áreas 
cognitivas, artísticas ou de liderança. A criação de ambientes seguros e acolhedores, a oferta de 
projetos motivadores e o suporte psicológico são fundamentais para que esses talentos sejam 
reconhecidos. Incentivar a expressão artística, a participação em grupos de discussão e projetos 
coletivos permite que o aluno desenvolva habilidades socioemocionais enquanto demonstra sua 
competência e criatividade. 
Alunos com deficiência intelectual leve apresentam limitações em aspectos acadêmicos, 
mas podem ter habilidades excepcionais em áreas práticas, sociais ou artísticas. Estratégias 
eficazes incluem o ensino baseado em projetos, aprendizagem experiencial e atividades práticas 
que permitem ao aluno construir conhecimento de forma concreta. Mentorias individuais, 
acompanhamento contínuo e avaliação adaptada são essenciais para reconhecer talentos e 
promover desenvolvimento integral. 
Alunos com deficiência auditiva ou visual exigem adaptações sensoriais, mas podem 
possuir alto potencial em raciocínio lógico, memória, criatividade ou habilidades manuais. 
Ferramentas visuais, materiais táteis, tecnologia assistiva e instruções claras facilitam o 
reconhecimento de talentos. O desenvolvimento de estratégias diferenciadas permite que esses 
alunos participem ativamente do processo de aprendizagem, garantindo que suas habilidades não 
passem despercebidas. 
O perfil twice-exceptional, ou seja, alunos com altas habilidades combinadas com 
dificuldades de aprendizagem, exige atenção cuidadosa para identificar simultaneamente talentos e 
desafios. Esses alunos necessitam de programas de enriquecimento, atividades diferenciadas e 
mentorias que valorizem seus pontos fortes, enquanto fornecem suporte em áreas acadêmicas que 
apresentam dificuldade. Avaliações multimodais e flexibilidade pedagógica são essenciais para 
que esses talentos não sejam subestimados ou negligenciados. 
Alunos com dificuldades linguísticas, incluindo atraso no desenvolvimento da linguagem 
ou desafios em segunda língua, podem ter excelente raciocínio abstrato, criatividade e habilidades 
 
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matemáticas. Estratégias pedagógicas incluem instruções visuais, simplificação linguística, 
oportunidades de expressão alternativa e avaliações adaptadas. Assim, talentos que poderiam ser 
ocultos por limitações linguísticas são identificados e estimulados, promovendo aprendizado 
significativo. 
Alunos com transtornos do espectro autista (TEA) podem apresentar habilidades 
excepcionais em áreas específicas, como memória, matemática ou música, mas dificuldades de 
interação social e comunicação. O uso de projetos individualizados, tecnologias assistivas, ensino 
estruturado e suporte social são estratégias eficazes para estimular e reconhecer talentos. 
Atividades que valorizem a especialização e aexcelência em áreas de interesse aumentam a 
autoconfiança e o desempenho acadêmico desses alunos. 
Alunos com problemas de saúde crônicos ou condições médicas que impactam a 
frequência escolar podem ter inteligência e criatividade preservadas. A flexibilidade nos prazos, 
ensino híbrido, acompanhamento remoto e desenvolvimento de projetos independentes permitem 
que esses alunos mantenham aprendizado contínuo e explorem seus talentos, mesmo diante de 
limitações físicas ou médicas. 
Alunos com contextos socioeconômicos desfavoráveis podem ter acesso limitado a 
recursos, mas apresentar grande potencial intelectual, artístico ou de liderança. Políticas de 
inclusão, programas de bolsas, mentorias, material didático adequado e atividades 
extracurriculares são essenciais para reconhecer e estimular esses talentos. O apoio educacional e 
social garante equidade, permitindo que cada aluno desenvolva suas habilidades 
independentemente de barreiras externas, fortalecendo a aprendizagem e a autoestima. 
 
3. CONCLUSÃO 
A partir da análise desenvolvida, torna-se evidente que reconhecer e estimular talentos 
em alunos com dificuldades associadas é não apenas possível, mas também extremamente 
enriquecedor para o contexto educacional. A pesquisa demonstra que, quando são adotadas 
abordagens pedagógicas inclusivas, avaliações multimodais e estratégias individualizadas, os 
alunos conseguem expressar plenamente suas habilidades, mesmo diante de desafios acadêmicos, 
cognitivos ou socioemocionais. Essa constatação reforça a importância de uma visão educativa 
que valorize a diversidade de talentos e compreenda que desempenho acadêmico limitado não 
significa ausência de potencial. 
O estudo evidencia que cada aluno possui um conjunto único de habilidades e 
competências que podem ser potencializadas por meio de práticas pedagógicas conscientes, 
 
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programas de enriquecimento, mentorias e acompanhamento contínuo. O reconhecimento de 
talentos em contextos educativos complexos exige atenção às múltiplas dimensões do 
desenvolvimento humano — intelectual, criativa, socioemocional e prática — permitindo que os 
educadores identifiquem e promovam as capacidades individuais de maneira justa e equitativa. 
A pesquisa destaca a relevância da criatividade como uma competência central para o 
desenvolvimento integral do aluno. Ao estimular o pensamento divergente, a autonomia de 
aprendizagem, a reflexão crítica e a resolução de problemas, os educadores não apenas 
reconhecem talentos existentes, mas também contribuem para a formação de indivíduos mais 
confiantes, inovadores e preparados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. 
O estudo também evidencia que o enfrentamento de dificuldades não deve ser visto como 
um obstáculo, mas como uma oportunidade de ampliar a compreensão sobre as potencialidades de 
cada aluno. Alunos com transtornos de aprendizagem, TDAH, dificuldades socioemocionais, 
deficiências sensoriais ou condições médicas apresentam talentos significativos que, quando 
reconhecidos e estimulados, podem superar barreiras e transformar o processo educativo em uma 
experiência positiva, inclusiva e enriquecedora. 
A necessidade de formação docente adequada, que permita aos educadores identificar 
talentos de forma sensível e precisa, promovendo estratégias pedagógicas diferenciadas e 
inclusivas. A capacitação profissional, aliada à criação de políticas educacionais equitativas, 
garante que cada aluno tenha oportunidades de reconhecimento e desenvolvimento pleno, 
independentemente de suas limitações ou desafios individuais. 
A pesquisa reforça ainda que a utilização de avaliações diversificadas — como testes 
cognitivos, portfólios, observações qualitativas e avaliações multimodais — é fundamental para 
captar o verdadeiro potencial dos alunos. Ao adotar instrumentos variados, os educadores 
conseguem compreender melhor o perfil completo do estudante, valorizando suas competências e 
minimizando os efeitos de dificuldades específicas que poderiam mascarar talentos. 
O trabalho evidencia que estratégias de apoio, como diferenciação curricular, programas 
de enriquecimento, mentorias e projetos interdisciplinares, são ferramentas eficazes para estimular 
talentos, promover engajamento e fortalecer a autoestima dos alunos. Além disso, essas práticas 
contribuem para a construção de um ambiente educativo mais inclusivo, colaborativo e motivador, 
onde cada aluno se sente valorizado e capaz de alcançar seu potencial máximo. 
De forma geral, a pesquisa confirma que reconhecer talentos em alunos com dificuldades 
associadas é um processo transformador, tanto para os estudantes quanto para a escola como um 
todo. A valorização da diversidade de habilidades e competências fortalece a equidade 
 
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educacional, promove a justiça social e possibilita que todos os alunos se tornem protagonistas de 
sua própria aprendizagem. 
Este estudo demonstra que, com estratégias adequadas, formação docente, políticas 
inclusivas e avaliação integral, é possível transformar desafios em oportunidades e potencialidades 
em realizações concretas. O reconhecimento de talentos em alunos com dificuldades associadas 
não apenas melhora o desempenho acadêmico, mas também contribui para a formação de 
indivíduos mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. 
A pesquisa reforça uma mensagem altamente positiva e esperançosa: a educação 
inclusiva e sensível à diversidade de talentos tem o poder de transformar vidas, revelar 
capacidades ocultas e promover uma aprendizagem significativa, garantindo que cada aluno, 
independentemente de suas dificuldades, possa desenvolver plenamente suas habilidades e 
alcançar o sucesso pessoal e acadêmico. 
 
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36que exige estratégias pedagógicas 
diferenciadas e uma compreensão multidimensional do desenvolvimento humano. Para além das 
habilidades cognitivas, é necessário considerar competências socioemocionais e criativas, 
conhecidas como soft skills, que se combinam às hard skills para favorecer o desenvolvimento 
integral do aluno (Alencar; Fleith, 2009; Amabile, 1996). Essas competências permitem que os 
estudantes construam relações interpessoais saudáveis, desenvolvam autonomia, fortaleçam o 
protagonismo na aprendizagem e conquistem oportunidades acadêmicas e profissionais ao longo 
da vida. 
A criatividade se destaca como uma das capacidades mais importantes a serem 
identificadas e estimuladas, pois manifesta-se desde cedo e está relacionada à capacidade de 
pensar de forma original e inovadora. Crianças estimuladas a refletir sobre múltiplas perspectivas 
e a propor soluções para problemas cotidianos tendem a desenvolver habilidades de inventividade, 
pensamento crítico e resolução de problemas com eficiência (Alencar; Virgolim, 2001). Nesse 
sentido, o desenvolvimento do talento criativo impacta diretamente a motivação para estudar, pois 
alunos engajados em atividades desafiadoras e contextualizadas se envolvem mais intensamente 
no processo de aprendizagem e demonstram maior interesse em aprofundar conhecimentos em 
áreas específicas (Almeida, 1988; Amabile, 1996). 
O estímulo da criatividade também contribui para a descoberta de interesses individuais, 
permitindo que os estudantes reconheçam áreas do conhecimento nas quais possuem maior 
afinidade e potencial. Esse processo fortalece o protagonismo estudantil, incentivando a 
autonomia no aprendizado e a capacidade de tomar decisões fundamentadas, habilidades 
essenciais para enfrentar as dificuldades associadas, como transtornos de aprendizagem, TDAH ou 
desafios socioemocionais (Reyero; Tourón, 2000; Rojas; Franco, 2008). O desenvolvimento da 
 
5 
criatividade promove o senso crítico, combinando reflexão, autorregulação e capacidade de 
avaliação de diferentes soluções diante de um problema, favorecendo a inteligência emocional e a 
tomada de decisões mais conscientes. 
Para favorecer o desenvolvimento do talento criativo, diversas estratégias pedagógicas 
podem ser implementadas (Elosua, 2017; Wechsler, 2009). O ensino contextualizado permite que 
o conteúdo estudado se relacione com a realidade e o repertório sociocultural dos alunos, tornando 
a aprendizagem mais significativa. O incentivo ao hábito de leitura expande o repertório cultural, 
melhora a compreensão textual e fortalece o pensamento crítico. A educação artística, prevista 
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), oferece oportunidades para que os alunos 
explorem múltiplas formas de expressão, ampliando o autoconhecimento e estimulando a 
sensibilidade estética. 
A expansão de ideias, promovendo que os alunos proponham soluções inovadoras para 
problemas sociais, ambientais e culturais, e o aprendizado personalizado, no qual o professor 
acompanha individualmente o desenvolvimento do talento, proporcionando feedbacks específicos 
e orientações direcionadas (Gagné; Güenther, 2012; Mendonça, 2015). Esse conjunto de 
estratégias possibilita que alunos com dificuldades associadas possam expressar e desenvolver 
suas potencialidades de forma plena, mesmo diante de barreiras que possam interferir na 
aprendizagem tradicional. 
Reconhecer talentos em alunos com dificuldades associadas exige uma abordagem 
integrada, que combine avaliação multimodal, estímulo à criatividade, práticas pedagógicas 
inclusivas e atenção às dimensões socioemocionais (Alencar; Fleith, 2009; Alencar; Virgolim, 
2001). Cada aluno apresenta um conjunto único de habilidades e desafios, tornando fundamental a 
utilização de múltiplas ferramentas de observação e avaliação, que vão além do desempenho 
acadêmico tradicional. Isso inclui testes cognitivos, portfólios, observações qualitativas e 
entrevistas com professores e familiares, garantindo uma compreensão ampla do potencial do 
estudante. 
O estímulo à criatividade desempenha um papel central nesse processo. Alunos com 
dificuldades associadas podem demonstrar talentos de formas não convencionais, e atividades 
criativas permitem que esses potenciais se manifestem de maneira mais evidente. Projetos que 
incentivem a resolução de problemas, a expressão artística e a elaboração de ideias inovadoras 
promovem a autoconfiança e ampliam as oportunidades para que o aluno se perceba capaz e 
engajado no aprendizado. 
Práticas pedagógicas inclusivas são igualmente essenciais. A adaptação do currículo, o 
uso de metodologias diversificadas e a oferta de atividades diferenciadas possibilitam que cada 
 
6 
estudante participe de forma plena, mesmo diante de limitações cognitivas ou socioemocionais. A 
inclusão não se restringe à presença física na sala de aula, mas envolve a efetiva participação e 
valorização das capacidades individuais, permitindo que talentos sejam reconhecidos e 
estimulados de forma justa. 
A atenção às dimensões socioemocionais também é um aspecto estratégico no 
reconhecimento de talentos. Alunos com dificuldades associadas muitas vezes enfrentam desafios 
emocionais que podem interferir no desempenho acadêmico e na expressão de suas habilidades. 
Incentivar a autorregulação, o senso crítico e a empatia ajuda a criar um ambiente seguro e 
motivador, no qual os talentos podem ser explorados de maneira equilibrada, sem que barreiras 
emocionais comprometam o aprendizado (Alencar; Fleith, 2009). 
O uso de avaliação multimodal permite identificar talentos escondidos ou mascarados por 
dificuldades aparentes. Estudantes com TDAH, dislexia ou desafios socioemocionais podem 
apresentar habilidades excepcionais em áreas específicas, como pensamento criativo, raciocínio 
lógico ou expressão artística. A avaliação diversificada possibilita que essas capacidades sejam 
reconhecidas, mesmo quando o desempenho em testes convencionais não reflete plenamente o 
potencial do aluno. 
A criação de ambientes educativos que valorizem tanto a expressão criativa quanto a 
resolução de problemas constitui um caminho eficaz para superar desafios. Espaços de 
aprendizagem colaborativa, laboratórios de inovação e projetos interdisciplinares permitem que os 
alunos experimentem, reflitam e desenvolvam soluções inovadoras. Essas experiências fortalecem 
a autoestima e encorajam a autonomia, fatores essenciais para que os talentos sejam plenamente 
desenvolvidos. 
O protagonismo estudantil é outro elemento crucial. Quando os alunos são incentivados a 
participar ativamente da construção do conhecimento, assumindo responsabilidades e propondo 
soluções, desenvolvem competências socioemocionais e cognitivas simultaneamente. Essa 
abordagem ajuda a identificar talentos de maneira natural, pois permite que cada estudante 
demonstre suas habilidades em contextos significativos e motivadores (Alencar; Virgolim, 2001). 
É fundamental também que os educadores recebam formação adequada para reconhecer e 
apoiar talentos em alunos com dificuldades associadas (Gagné; Güenther, 2012). Capacitação em 
métodos de avaliação diferenciada, estratégias de ensino inclusivo e práticas de estímulo à 
criatividade garante que os professores possam identificar potencialidades de forma eficaz e 
propor intervenções pedagógicas apropriadas. 
O envolvimento da família e da comunidade escolar contribui significativamente para o 
reconhecimento e desenvolvimento de talentos. Pais, responsáveis e demais atores educativos 
 
7 
desempenham um papel de apoio, oferecendo estímulos adicionais e reforçando as habilidades 
percebidas na escola. A colaboração entre escola e família cria uma rede de suporte que amplia as 
oportunidades de aprendizagem e fortalece o desenvolvimento integral do aluno (Alencar; Fleith, 
2009). 
2. DESENVOLVIMENTO 
Reconhecer talentos em alunos com dificuldadesassociadas demanda uma abordagem 
holística, que integre avaliação multimodal, estímulo à criatividade, práticas pedagógicas 
inclusivas e atenção às dimensões socioemocionais. Criar ambientes educativos que valorizem a 
expressão criativa, promovam a resolução de problemas e incentivem o protagonismo estudantil é 
essencial para superar desafios, promover equidade e potencializar as capacidades individuais, 
contribuindo para uma educação mais justa, inclusiva e eficiente. 
 
2.1. DEFINIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE TALENTOS EM ALUNOS COM 
DIFICULDADES 
O conceito de talento em contextos educativos vai além do desempenho acadêmico 
tradicional, envolvendo capacidades cognitivas, criativas e socioemocionais que podem se 
manifestar de maneira diferenciada em cada estudante. Milan e Wechsler (2018) destacam que a 
 
8 
avaliação integrada da inteligência e da criatividade permite identificar potencialidades que muitas 
vezes não aparecem em testes acadêmicos convencionais, reforçando a necessidade de métodos de 
análise mais amplos e contextualizados. 
Critérios para reconhecer talentos em contextos educativos complexos. 
O aprendizado rápido em relação à média da turma pode ser um indicativo de talento, 
mas para reconhecê-lo, é necessário observar o aluno em diferentes situações, como na resolução 
de tarefas desafiadoras ou em atividades extracurriculares. Professores podem perceber essa 
habilidade ao notar facilidade em compreender conceitos complexos e aplicar soluções de forma 
eficiente, mesmo quando outros alunos ainda buscam compreender os mesmos conteúdos. 
O pensamento crítico e reflexivo é evidenciado quando o estudante questiona 
informações, compara diferentes pontos de vista e consegue justificar suas conclusões. Para 
identificar essa habilidade, o educador deve promover discussões abertas, estudos de caso e 
atividades de debate, observando a capacidade do aluno de analisar e argumentar com 
profundidade, mesmo diante de conceitos abstratos. 
A criatividade e a originalidade podem se manifestar na produção de ideias, soluções ou 
projetos inovadores. Reconhecer essa habilidade exige que o professor proponha tarefas que 
permitam diferentes formas de expressão, como trabalhos artísticos, redações, experimentos 
científicos ou resolução de problemas de forma não convencional. O talento criativo muitas vezes 
surge quando o aluno encontra caminhos alternativos para resolver desafios complexos. 
A curiosidade intelectual é um indicador importante de potencial. Alunos que 
demonstram interesse em explorar novos temas, fazer perguntas pertinentes e buscar informações 
além do currículo evidenciam uma motivação intrínseca para aprender. Observações em sala, 
atividades de pesquisa e incentivo a leituras diversificadas ajudam a identificar esses estudantes. 
A capacidade de resolver problemas complexos é observada quando o aluno consegue 
lidar com situações multifacetadas, identificar variáveis relevantes e propor soluções coerentes. 
Avaliar essa habilidade exige atividades que desafiem o raciocínio lógico, planejamento 
estratégico e tomada de decisão, permitindo que o aluno demonstre sua competência em contextos 
práticos e reais. 
O interesse profundo em determinadas áreas do conhecimento indica potencial de 
especialização futura. Professores podem reconhecer essa característica ao notar engajamento 
contínuo, perguntas frequentes, participação em projetos específicos e busca por aprofundamento 
em determinados conteúdos, mesmo que o desempenho geral não seja excepcional em todas as 
disciplinas. 
 
9 
A habilidade de autoaprendizagem e autonomia no estudo se manifesta quando o aluno 
organiza seu próprio aprendizado, estabelece metas, busca recursos e supera desafios sem 
depender exclusivamente da orientação do professor. Observações de rotina, acompanhamento de 
projetos independentes e feedback constante ajudam a reconhecer essa habilidade. 
A capacidade de estabelecer conexões entre diferentes áreas do saber evidencia um 
raciocínio integrador e interdisciplinar. Atividades que envolvem integração de conteúdos, 
projetos interdisciplinares e solução de problemas que exigem visão global permitem identificar 
alunos com essa competência. 
A memória excepcional ou facilidade em reter informações é percebida quando o aluno 
demonstra lembrança rápida de conceitos, fatos históricos, fórmulas ou vocabulário, aplicando-
os corretamente em novos contextos. Avaliações práticas e discussões em grupo podem revelar 
essa capacidade. 
A capacidade de argumentação e expressão de opiniões próprias é observada quando o 
estudante consegue expor ideias de forma clara, defender pontos de vista e participar de 
discussões construtivas. Professores podem promover debates, apresentações orais e trabalhos 
em grupo para identificar alunos que se destacam nesse aspecto. 
A persistência e a resiliência diante de desafios acadêmicos indicam que o aluno não se 
desmotiva facilmente diante de obstáculos. Atividades que envolvem resolução de problemas 
complexos, projetos de longo prazo e tarefas desafiadoras ajudam a identificar estudantes que 
demonstram perseverança e determinação. 
A facilidade para realizar atividades que exigem raciocínio lógico se manifesta quando o 
aluno consegue lidar com problemas matemáticos, sequências, padrões e situações que exigem 
análise estruturada. Observações em sala de aula e a aplicação de exercícios diferenciados 
permitem que essa habilidade seja reconhecida. 
A sensibilidade estética ou apreciação por arte, música e literatura pode indicar talento 
em áreas criativas. Para identificar essas habilidades, é importante oferecer oportunidades de 
expressão artística, como trabalhos manuais, apresentações musicais ou interpretação literária, 
observando o envolvimento e a originalidade do aluno. 
A capacidade de liderança ou influência positiva sobre colegas é percebida quando o 
estudante organiza atividades, incentiva a colaboração e contribui para o bom andamento do 
grupo. Professores podem identificar esse talento em projetos coletivos, dinâmicas de grupo ou 
tarefas de orientação mútua. 
A iniciativa e a proatividade em projetos e atividades escolares evidenciam talento 
quando o aluno propõe soluções, sugere melhorias e busca novos desafios. Observação contínua 
 
10 
e incentivo à participação voluntária são estratégias importantes para identificar essa 
característica. 
A flexibilidade cognitiva se manifesta quando o aluno consegue adaptar ideias, 
considerar diferentes perspectivas e ajustar estratégias diante de novos desafios. Essa habilidade 
pode ser reconhecida em atividades que envolvem resolução de problemas com múltiplas soluções 
possíveis. 
A habilidade para identificar padrões e relações complexas indica potencial em 
raciocínio lógico, análise crítica e ciência de dados. Atividades que exigem reconhecimento de 
padrões, organização de informações e interpretação de resultados ajudam a identificar esse 
talento. 
A motivação intrínseca para aprender se evidencia quando o estudante demonstra 
entusiasmo pelo conhecimento, participa ativamente das atividades e busca compreender 
conteúdos sem necessidade de recompensas externas. Professores podem notar essa 
característica observando engajamento constante e interesse genuíno pelo aprendizado. 
O interesse por pesquisa e investigação independente indica curiosidade avançada. 
Alunos com essa habilidade frequentemente fazem perguntas além do conteúdo curricular, 
exploram materiais adicionais e apresentam projetos próprios. 
A capacidade de adaptação a novas metodologias e contextos revela talento em 
aprendizagem flexível. Estudantes que ajustam estratégias diante de mudanças de disciplina, 
tecnologia ou metodologia demonstram competência para lidar com complexidade educacional. 
A aptidão para trabalho colaborativo e resolução de conflitos se manifesta quando o 
aluno participa de grupos, respeitaopiniões alheias e contribui para soluções justas. Observação 
de interações em grupo é essencial para identificar essa habilidade. 
A capacidade de planejamento e organização de tarefas complexas indica maturidade 
cognitiva. Alunos com essa competência conseguem dividir atividades em etapas, prever 
resultados e cumprir prazos de forma eficaz. 
O comportamento ético e a responsabilidade em atividades escolares são sinais de 
talento social e maturidade. O respeito às regras, a honestidade e a consistência no cumprimento 
de compromissos evidenciam essa competência. 
O interesse por desafios além do currículo tradicional indica disposição para explorar 
áreas avançadas ou extracurriculares. Estudantes com esse perfil participam de olimpíadas, 
clubes de ciência, projetos de inovação e atividades extracurriculares. 
 
11 
A facilidade para aprender idiomas ou habilidades técnicas pode ser percebida quando o 
aluno demonstra rapidez na assimilação de novas linguagens ou conceitos tecnológicos, 
aplicando-os com criatividade. 
A habilidade de observação e percepção de detalhes relevantes indica atenção e 
capacidade de análise aprofundada. Professores podem identificar isso em atividades de 
interpretação de textos, experimentos científicos e resolução de problemas complexos. 
As competências socioemocionais, como empatia e autocontrole, são fundamentais para 
reconhecer talentos em contextos complexos, pois permitem ao aluno lidar com desafios pessoais 
e sociais de forma equilibrada. 
A facilidade para comunicação verbal e escrita evidencia capacidade de expressão, 
argumentação e persuasão. Essa habilidade pode ser observada em apresentações, redações, 
debates e trabalhos colaborativos. 
A capacidade de autoavaliação e reflexão sobre seu próprio aprendizado indica 
maturidade e consciência do próprio desenvolvimento. Alunos que conseguem identificar pontos 
fortes e aspectos a melhorar demonstram competência metacognitiva. 
A demonstração de paixão ou entusiasmo consistente por determinados temas ou 
atividades evidencia motivação intrínseca e dedicação. Alunos engajados em projetos de longo 
prazo ou atividades específicas podem revelar talentos que não seriam perceptíveis em avaliações 
convencionais. 
A capacidade de lidar com ambiguidade pode ser observada quando o aluno mantém a 
calma e desenvolve soluções criativas em situações pouco estruturadas, como projetos que não 
possuem um caminho definido ou problemas com múltiplas respostas possíveis. 
A iniciativa para propor projetos ou atividades originais evidencia talento quando o 
estudante sugere ideias próprias, busca novos métodos de aprendizado ou propõe desafios 
adicionais além do currículo formal. Professores podem notar essa característica incentivando 
propostas de trabalhos livres ou feiras de projetos. 
A curiosidade por causas sociais e ambientais se manifesta em alunos que demonstram 
interesse genuíno por questões comunitárias, propondo soluções e engajando-se em ações que 
impactam positivamente o entorno. Observações em atividades extracurriculares ou trabalhos de 
pesquisa podem evidenciar essa habilidade. 
A capacidade de síntese e análise crítica de informações complexas é reconhecida 
quando o aluno consegue resumir, organizar e interpretar dados ou conceitos de forma clara, 
extraindo os pontos mais importantes e aplicando-os em novos contextos. 
 
12 
A habilidade de questionar normas e procedimentos construtivamente se evidencia 
quando o estudante sugere melhorias ou alternativas para processos escolares, debates ou regras, 
mostrando pensamento crítico e proatividade. 
A persistência em atividades de longo prazo pode ser observada em alunos que mantêm o 
engajamento em projetos complexos ou de pesquisa mesmo diante de dificuldades externas, como 
limitações de recursos ou desafios pessoais. 
A facilidade em aprender por observação se manifesta quando o aluno replica 
procedimentos, estratégias ou conceitos aprendidos assistindo colegas ou professores, 
demonstrando rápida assimilação prática de conhecimento. 
A capacidade de improvisação diante de desafios inesperados indica talento quando o 
estudante adapta estratégias ou soluções rapidamente, mantendo eficiência e criatividade em 
contextos imprevistos. 
O interesse em liderar ou coordenar projetos colaborativos se observa quando o aluno 
organiza atividades em grupo, promove cooperação entre colegas e assume responsabilidades de 
forma natural, contribuindo para o sucesso coletivo. 
A competência em planejar estratégias de estudo ou execução de projetos é identificada 
quando o estudante organiza etapas, define prioridades e antecipa problemas, demonstrando 
maturidade cognitiva e capacidade de gestão pessoal. 
A habilidade de motivar colegas pode ser percebida quando o aluno encoraja 
participação, compartilha conhecimento e inspira engajamento em atividades coletivas, 
fortalecendo o aprendizado do grupo. 
A facilidade em detectar erros ou inconsistências em processos, dados ou argumentos se 
evidencia quando o estudante revisa trabalhos, identifica falhas ou propõe correções de forma 
eficiente e criteriosa. 
A capacidade de conectar teoria e prática é percebida quando o aluno aplica conceitos 
aprendidos em sala em situações reais, experimentos ou projetos práticos, mostrando 
compreensão profunda do conteúdo. 
A criatividade na utilização de recursos limitados se manifesta quando o estudante 
encontra soluções inovadoras utilizando materiais ou informações restritas, demonstrando 
pensamento divergente e adaptativo. 
A competência para desenvolver ideias originais em diferentes contextos é observada 
quando o aluno propõe soluções criativas em áreas como ciência, tecnologia, arte ou literatura, 
mostrando versatilidade e inovação. 
 
13 
A capacidade de adaptação a mudanças frequentes se evidencia quando o estudante 
ajusta métodos de estudo, estratégias e comportamento diante de novas exigências ou alterações 
no ambiente escolar. 
A habilidade em aprender com erros se manifesta quando o aluno reconhece falhas, 
analisa causas e aplica o aprendizado adquirido para melhorar desempenhos futuros, 
demonstrando resiliência e autocrítica. 
O interesse contínuo por autodesenvolvimento é observado em alunos que buscam 
conhecimento além do currículo, participam de cursos, workshops ou atividades extracurriculares 
que ampliam competências. 
A capacidade de empatia aplicada à colaboração é percebida quando o estudante 
compreende perspectivas alheias, age com respeito e cooperação, fortalecendo o trabalho em 
grupo e a comunicação interpessoal. 
A habilidade de integrar informações de diversas fontes se manifesta quando o aluno 
combina dados, conceitos e experiências diferentes para resolver problemas ou desenvolver 
projetos coerentes e inovadores. 
O senso de responsabilidade em projetos coletivos se evidencia quando o estudante 
cumpre prazos, assume compromissos e garante a execução adequada das tarefas atribuídas em 
atividades grupais. 
A capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes é percebida quando o aluno avalia 
informações rapidamente e escolhe soluções adequadas em situações de pressão ou em tarefas 
que exigem imediatismo. 
O interesse por inovação tecnológica é observado em estudantes que buscam 
ferramentas digitais, programação, aplicativos ou novas metodologias para aprimorar projetos e 
aprendizagens. 
A capacidade de concentração prolongada se manifesta quando o aluno mantém foco em 
atividades complexas ou desafiadoras por períodos longos, demonstrando disciplina e motivação 
intrínseca. 
O talento para contar histórias ou comunicar ideias de forma persuasiva se evidencia 
quando o estudante consegue transmitir conceitos, ideias ou projetos de forma envolvente e clara, 
mobilizando o interesse de colegas e professores. 
A facilidade em identificar padrões ou relações complexas é observada em alunos que 
conseguem organizarinformações, reconhecer tendências e inferir relações entre dados 
aparentemente desconexos. 
 
14 
A capacidade de autoavaliação contínua se manifesta quando o estudante reconhece 
pontos fortes e aspectos a melhorar, ajustando estratégias de aprendizagem de forma consciente e 
responsável. 
O engajamento em atividades voluntárias ou sociais indica talento quando o aluno 
demonstra comprometimento, iniciativa e impacto positivo em sua comunidade, aplicando 
habilidades cognitivas e socioemocionais. 
A habilidade de equilibrar múltiplas tarefas se observa quando o estudante gerencia 
diferentes atividades, mantendo qualidade e produtividade, demonstrando organização, disciplina 
e capacidade de priorização. 
O entusiasmo em explorar áreas novas ou multidisciplinares é evidente quando o aluno 
se envolve em projetos interdisciplinares, busca novos conhecimentos e demonstra curiosidade 
ativa, expandindo seu repertório cognitivo e criativo. 
É fundamental compreender que altas habilidades ou superdotação podem coexistir com 
dificuldades de aprendizagem, emocionais ou comportamentais. Nakano, Campos e Santos (2016) 
enfatizam a importância de instrumentos de avaliação que considerem múltiplas dimensões do 
aluno, como a Escala de Avaliação de Altas Habilidades/Superdotação na versão professor, que 
permite reconhecer talentos mesmo quando estes estão mascarados por limitações aparentes. 
O reconhecimento de talentos em alunos com dificuldades também requer critérios claros 
e adaptáveis às diversas realidades escolares. Milan e Wechsler (2018) ressaltam que a simples 
análise de notas e desempenho escolar pode não refletir o potencial verdadeiro do estudante, sendo 
necessário observar manifestações de criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas e 
interesse nas atividades. 
Nakano, Campos e Santos (2016) sugerem que a utilização de múltiplos indicadores, 
como observação direta, entrevistas, portfólios e instrumentos psicométricos, contribui para uma 
avaliação mais precisa e justa. Essas ferramentas ajudam a identificar talentos em contextos 
complexos, onde fatores socioemocionais e dificuldades associadas podem interferir na 
demonstração de habilidades. 
A definição e identificação de talentos em alunos com dificuldades não deve se restringir 
a medidas quantitativas de desempenho escolar. Milan e Wechsler (2018) reforçam que a 
integração de abordagens qualitativas e quantitativas é essencial para reconhecer o potencial 
individual e promover estratégias pedagógicas que atendam às necessidades específicas de cada 
estudante. 
Nakano, Campos e Santos (2016) completam que, para uma intervenção eficaz, é 
necessário considerar o contexto educacional, as características individuais e as oportunidades de 
 
15 
desenvolvimento, garantindo que o talento seja estimulado mesmo diante de limitações cognitivas 
ou socioemocionais. 
2.2. DIFICULDADES ASSOCIADAS E SUAS IMPLICAÇÕES 
Alunos talentosos podem apresentar diferentes tipos de dificuldades que coexistem com 
suas habilidades, tornando o reconhecimento do talento mais complexo. Reis e Renzulli (2009) 
destacam que a presença de transtornos de aprendizagem, como dislexia ou discalculia, pode 
prejudicar o desempenho acadêmico, mesmo em estudantes com alto potencial intelectual, fazendo 
com que suas habilidades sejam subestimadas. 
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é outro fator que pode 
mascarar talentos. Renzulli (2014) observa que alunos com TDAH podem demonstrar criatividade 
e pensamento inovador em atividades específicas, mas suas dificuldades de atenção, organização 
ou comportamento impulsivo podem gerar interpretações equivocadas sobre suas capacidades. 
Desafios socioemocionais, como baixa autoestima, ansiedade ou dificuldades de 
relacionamento, podem interferir na manifestação do talento. Reis e Renzulli (2009) apontam que 
esses aspectos podem levar ao isolamento ou à desmotivação, dificultando que os professores 
percebam o verdadeiro potencial do aluno. 
Em alguns casos, talentos excepcionais podem coexistir com problemas de adaptação 
escolar. Renzulli (2014) enfatiza que a falta de programas de enriquecimento ou estratégias 
pedagógicas diferenciadas pode impedir que o aluno demonstre suas habilidades de forma 
consistente, mascarando o talento por baixo desempenho em avaliações tradicionais. 
A identificação do talento em contextos complexos exige atenção a sinais sutis, como 
curiosidade intensa, capacidade de pensamento divergente e soluções inovadoras para problemas 
cotidianos, mesmo quando o aluno apresenta dificuldades acadêmicas ou comportamentais. Reis e 
Renzulli (2009) reforçam que o talento não é uniforme e pode se manifestar de forma irregular, 
exigindo avaliação detalhada e observação contínua. 
Transtornos emocionais ou sociais podem afetar o engajamento em atividades de grupo 
ou o desempenho em avaliações formais, mas não refletem a ausência de capacidade intelectual ou 
criativa. Renzulli (2014) sugere que programas de enriquecimento, mentorias e acompanhamento 
individualizado podem ajudar a revelar talentos ocultos, permitindo que os alunos superem 
barreiras socioemocionais. 
Dificuldades de aprendizagem podem coexistir com competências cognitivas avançadas, 
criando um perfil de “dupla excepcionalidade”. Reis e Renzulli (2009) afirmam que alunos com 
 
16 
dupla excepcionalidade exigem avaliação multimodal, incluindo testes cognitivos, observação 
qualitativa e análise de portfólios, para identificar adequadamente suas potencialidades. 
A subestimação de talentos devido a dificuldades associadas é um desafio frequente em 
escolas que priorizam apenas resultados acadêmicos padronizados. Renzulli (2014) destaca que é 
fundamental que professores e gestores adotem estratégias diferenciadas, que valorizem a 
diversidade de habilidades e reconheçam que o talento pode se manifestar de formas não 
convencionais. 
O impacto das dificuldades associadas sobre a autoestima do aluno também é relevante. 
Reis e Renzulli (2009) apontam que o reconhecimento precoce do talento, aliado a suporte 
emocional, é essencial para que o estudante desenvolva confiança, engajamento e persistência, 
elementos fundamentais para a plena expressão de suas habilidades. 
Compreender e considerar as dificuldades associadas é essencial para criar uma 
abordagem educativa inclusiva e eficaz, pois permite que educadores identifiquem não apenas o 
desempenho acadêmico, mas também os sinais de potencialidades que muitas vezes são 
mascarados por limitações cognitivas, emocionais ou comportamentais. Renzulli (2014) reforça 
que apenas estratégias individualizadas, programas de enriquecimento e acompanhamento 
contínuo permitem revelar e estimular o talento em alunos que apresentam desafios diversos. Isso 
significa que a intervenção pedagógica deve ser adaptada às necessidades de cada estudante, 
oferecendo atividades que promovam o desenvolvimento intelectual, criativo e socioemocional 
simultaneamente. 
Compreender essas dificuldades envolve um olhar atento às manifestações de 
criatividade, motivação intrínseca e habilidades não acadêmicas, que podem passar despercebidas 
em avaliações tradicionais. Renzulli (2014) destaca que o uso de avaliações multimodais, 
incluindo observações qualitativas, portfólios e testes cognitivos específicos, permite identificar 
talentos em situações em que o desempenho escolar formal não reflete o verdadeiro potencial do 
aluno. 
A criação de um ambiente de aprendizagem inclusivo também exige que professores 
estejam preparados para reconhecer sinais sutis de talento, mesmo em alunos que apresentam 
comportamentos desafiadores ou baixa autoestima. Renzulli (2014) sugere que programas de 
enriquecimento e mentorias individuais ajudam a desenvolver a confiança do aluno, 
proporcionando oportunidades para que suas habilidades se manifestem de forma consistente,reduzindo o risco de subestimação ou desmotivação. 
A integração de suporte pedagógico e socioemocional garante que o aluno receba atenção 
plena às suas necessidades, permitindo que os desafios não se tornem barreiras intransponíveis. 
 
17 
Renzulli (2014) enfatiza que, ao adotar essa abordagem, é possível não apenas identificar talentos 
ocultos, mas também fomentar a autonomia, o pensamento crítico e a capacidade criativa, 
promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e preparando o estudante para enfrentar 
desafios acadêmicos e pessoais com maior segurança. 
2.3. INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO 
A avaliação de talentos em contextos educativos complexos deve combinar instrumentos 
formais e informais, permitindo uma análise mais completa das habilidades do aluno. Prado, 
Alencar e Fleith (2016) destacam que testes cognitivos são importantes para medir capacidades 
intelectuais, mas sozinhos não capturam toda a complexidade do talento, especialmente em 
estudantes que apresentam dificuldades associadas. 
Observação qualitativa é uma ferramenta essencial, pois permite identificar 
comportamentos, estratégias de resolução de problemas e manifestações de criatividade que 
podem não aparecer em testes padronizados. Reis e Renzulli (2009) reforçam que a observação 
contínua em diferentes situações escolares é fundamental para compreender o potencial real do 
aluno. 
Avaliações multimodais combinam diferentes métodos, como testes, observação e 
entrevistas, para fornecer um panorama mais preciso do talento. Reyero e Tourón (2000) 
enfatizam que essa abordagem é particularmente eficaz para alunos com dupla excepcionalidade, 
cujas habilidades podem ser mascaradas por dificuldades de aprendizagem ou emocionais. 
É importante considerar fatores de gênero e contexto cultural na avaliação, pois podem 
influenciar o desempenho e a expressão de habilidades. Rojas e Franco (2008) sugerem que 
instrumentos adaptados e sensíveis a essas variáveis permitem uma interpretação mais justa e 
precisa do talento do estudante. 
Testes de inteligência, quando aplicados de forma criteriosa, ajudam a identificar perfis 
cognitivos diferenciados, mas devem ser complementados por outros métodos de avaliação. Rueda 
e Castro (2013) apontam que a análise de variáveis como idade e sexo é necessária para evitar 
distorções na identificação de talentos. 
Testes de inteligência geral são instrumentos que avaliam habilidades cognitivas amplas, 
permitindo identificar estudantes com alto potencial intelectual, mesmo que tenham dificuldades 
em algumas disciplinas. Testes de raciocínio lógico-matemático medem a capacidade de resolver 
problemas complexos, organizar informações e aplicar estratégias, sendo essenciais para detectar 
talentos em áreas quantitativas. Testes de raciocínio verbal avaliam a compreensão e produção de 
 
18 
linguagem, permitindo reconhecer habilidades linguísticas avançadas que podem não se 
manifestar em notas escolares. 
Testes de memória e atenção fornecem informações sobre funções cognitivas específicas, 
como concentração e retenção de informações, que são fundamentais para compreender a forma 
como o aluno aprende e resolve desafios. Testes de criatividade, como os Torrance Tests of 
Creative Thinking, analisam o pensamento divergente, a originalidade e a fluência de ideias, 
permitindo identificar talentos criativos que muitas vezes não se refletem no desempenho 
acadêmico. Testes de aptidão específica, em música, artes ou esportes, são capazes de revelar 
habilidades especiais que podem passar despercebidas em avaliações tradicionais. 
Testes de resolução de problemas complexos avaliam o raciocínio estratégico, a 
capacidade de adaptação e a inovação, aspectos cruciais para detectar talentos em contextos 
desafiadores. Questionários de interesse e motivação ajudam a compreender quais áreas do 
conhecimento despertam mais engajamento e entusiasmo, oferecendo pistas importantes sobre o 
potencial do aluno. Avaliações neuropsicológicas detalham funções cognitivas específicas e são 
particularmente úteis em casos de dupla excepcionalidade, onde talentos coexistem com 
dificuldades de aprendizagem ou transtornos emocionais. Testes de habilidades socioemocionais 
medem competências como empatia, autocontrole e resiliência, que são essenciais para 
compreender o desenvolvimento global do aluno e seu potencial de sucesso. 
A observação qualitativa permite analisar o comportamento do aluno em sala de aula, 
registrando sua participação, iniciativa e interação social. Observar atividades extracurriculares 
revela talentos que podem não se manifestar em atividades formais, como liderança, criatividade e 
habilidades artísticas. A análise de resolução de problemas mostra como o aluno enfrenta desafios 
e aplica estratégias inovadoras, oferecendo uma visão real de sua capacidade. Observar liderança e 
iniciativa ajuda a identificar estudantes proativos, engajados e capazes de motivar colegas, 
enquanto registros de comportamentos adaptativos indicam como o aluno lida com mudanças, 
pressões e situações novas. 
Portfólios de trabalhos escolares acumulam evidências do desenvolvimento ao longo do 
tempo, permitindo observar progresso contínuo. Portfólios criativos, com produções artísticas ou 
redações, capturam a originalidade e a expressão pessoal do aluno. Projetos de pesquisa 
individuais avaliam autonomia, planejamento e pensamento crítico, essenciais para reconhecer 
talentos acadêmicos e criativos. Registros de participação em feiras e concursos mostram 
engajamento e conquistas reconhecidas externamente, enquanto diários ou reflexões pessoais 
permitem identificar curiosidade, autorreflexão e capacidade de análise crítica. 
 
19 
Avaliações multimodais combinam testes, observação e portfólios para fornecer uma 
visão mais holística do aluno, captando talentos que podem passar despercebidos se avaliados 
isoladamente. Entrevistas com o aluno ajudam a compreender interesses, motivações e desafios, 
permitindo um acompanhamento individualizado. Entrevistas com pais e responsáveis 
contextualizam o comportamento e potencial fora da escola, oferecendo informações 
complementares. Entrevistas com professores permitem triangulação de dados, assegurando uma 
avaliação mais completa e justa. Avaliações em grupo observam habilidades sociais, criatividade 
coletiva e cooperação, elementos essenciais para identificar talentos que se manifestam em 
contextos colaborativos. 
Ferramentas tecnológicas e digitais contribuem para a avaliação moderna de talentos. 
Softwares de aprendizado adaptativo monitoram o desempenho em tempo real, permitindo ajustes 
personalizados para estimular o potencial de cada aluno. Plataformas de avaliação online capturam 
respostas diversificadas e comportamentos de resolução de problemas de forma dinâmica. Jogos 
educativos e simuladores ajudam a identificar talentos de forma lúdica, tornando a avaliação mais 
acessível e motivadora. Aplicativos de registro e análise de portfólios digitais organizam 
produções do aluno e fornecem relatórios detalhados de progresso. Testes e questionários digitais 
interativos medem habilidades cognitivas, criativas e socioemocionais, oferecendo resultados 
imediatos e insights sobre o desenvolvimento do aluno. 
Indicadores neuropsicológicos também são relevantes para a detecção de altas 
capacidades, oferecendo informações sobre funções cognitivas específicas. Simonetti, Almeida e 
Güenther (2010) destacam que esses indicadores podem revelar potencialidades que não se 
manifestam claramente em avaliações acadêmicas convencionais. 
A criatividade deve ser considerada um componente central na avaliação de talentos. 
Sternberg e Kaufman (2010) afirmam que restrições em avaliações tradicionais podem subestimar 
a capacidade criativa, sendo essencial incluir atividades que permitam expressão original e 
resolução divergente de problemas. 
O usocombinado de diferentes instrumentos permite uma compreensão mais holística do 
aluno, capturando talentos que poderiam passar despercebidos. Prado, Alencar e Fleith (2016) 
reforçam que a integração de testes, observação e portfólios possibilita identificar tanto 
habilidades acadêmicas quanto socioemocionais e criativas. 
A formação docente adequada é crucial para interpretar corretamente os resultados dessas 
avaliações. Reis e Renzulli (2009) destacam que professores capacitados podem reconhecer sinais 
sutis de talento e implementar estratégias pedagógicas que estimulem o desenvolvimento integral 
do estudante. 
 
20 
Considerar múltiplas dimensões do aluno é essencial para a identificação de talentos, pois 
a capacidade de aprender e se desenvolver não se limita apenas ao desempenho acadêmico. A 
dimensão intelectual permite reconhecer habilidades cognitivas, raciocínio lógico, resolução de 
problemas e aptidões específicas que podem ser avaliadas por meio de testes padronizados, 
análises de desempenho escolar e projetos acadêmicos. No entanto, confiar unicamente em 
medidas tradicionais pode subestimar o potencial real de estudantes que apresentam dificuldades 
de aprendizagem, transtornos de atenção ou desafios socioemocionais, já que essas limitações 
podem mascarar talentos excepcionais. Uma avaliação integral deve, portanto, incluir múltiplas 
formas de mensuração, garantindo que as habilidades cognitivas sejam observadas em diferentes 
contextos e situações de aprendizagem. 
A dimensão criativa é um componente crucial para reconhecer talentos que vão além das 
competências acadêmicas tradicionais. A criatividade manifesta-se na capacidade do aluno de 
propor soluções originais, pensar divergente e conectar conhecimentos de maneira inovadora. 
Atividades práticas, projetos interdisciplinares e exercícios de resolução de problemas em grupo 
são formas de estimular e observar a criatividade, permitindo que educadores identifiquem 
estudantes capazes de transformar ideias em resultados concretos. Ignorar essa dimensão pode 
resultar na subestimação de alunos que, embora não apresentem alto desempenho em testes 
formais, possuem grande potencial para gerar inovações e contribuir de maneira significativa em 
contextos acadêmicos e sociais. 
A dimensão socioemocional, por sua vez, influencia diretamente o comportamento do 
aluno, a motivação para aprender e a capacidade de interagir de forma construtiva com colegas e 
professores. Habilidades como autocontrole, resiliência, empatia e capacidade de trabalhar em 
equipe são fundamentais para que o talento se manifeste de forma efetiva. Estudantes que possuem 
dificuldades emocionais ou comportamentais podem ver seu potencial intelectual ou criativo 
ofuscado, tornando necessária a observação cuidadosa e o acompanhamento contínuo. Estratégias 
de avaliação devem incluir entrevistas, observações qualitativas, registros de comportamento e 
autoavaliações para compreender o contexto emocional e social do estudante. 
A integração dessas três dimensões — intelectual, criativa e socioemocional — permite 
que o educador construa um perfil completo do aluno, destacando áreas de força e possíveis 
necessidades de apoio. Esse tipo de avaliação proporciona informações detalhadas sobre como 
cada estudante aprende, interage e se engaja com diferentes atividades, auxiliando na 
personalização das estratégias pedagógicas. Ao reconhecer talentos complexos, os educadores 
podem desenhar planos de desenvolvimento que incentivem tanto a aquisição de conhecimento 
 
21 
quanto o crescimento pessoal e criativo, promovendo um aprendizado mais equilibrado e 
significativo. 
Ferramentas de avaliação multimodal são essenciais nesse processo, pois permitem 
observar o aluno de diversas perspectivas. Testes cognitivos, portfólios, atividades práticas, 
observações em sala de aula e entrevistas estruturadas podem ser combinados para criar uma 
análise robusta do potencial do estudante. Cada instrumento captura aspectos diferentes das 
capacidades do aluno, assegurando que talentos que não se expressam em avaliações tradicionais 
sejam identificados e valorizados. Essa abordagem amplia a compreensão do desempenho escolar, 
da criatividade e das competências socioemocionais, oferecendo subsídios para decisões 
pedagógicas mais assertivas. 
Considerar múltiplas dimensões permite a criação de estratégias de ensino mais 
inclusivas. Quando os professores entendem as capacidades intelectuais, criativas e 
socioemocionais de seus alunos, podem diferenciar o currículo, propor atividades adaptadas e 
oferecer desafios adequados ao nível de cada estudante. Isso é particularmente relevante para 
alunos com dificuldades associadas, que muitas vezes necessitam de estímulos diferenciados para 
que suas habilidades se manifestem plenamente. A atenção às múltiplas dimensões garante que 
todos os alunos tenham oportunidades equitativas de desenvolvimento e reconhecimento de seus 
talentos. 
A dimensão criativa também desempenha um papel estratégico na motivação e no 
engajamento do aluno. Ao incluir atividades que valorizem ideias originais e soluções inovadoras, 
o educador cria um ambiente de aprendizagem estimulante e desafiador, capaz de despertar o 
interesse dos estudantes em explorar novas áreas do conhecimento. Essa abordagem promove não 
apenas a expressão de talentos específicos, mas também o desenvolvimento de competências 
cognitivas e socioemocionais, como pensamento crítico, autoconfiança e resiliência diante de 
obstáculos. 
A análise socioemocional integrada é igualmente vital para compreender o impacto das 
dificuldades associadas sobre o desenvolvimento do talento. Estudantes com TDAH, transtornos 
de aprendizagem ou desafios comportamentais podem apresentar capacidades excepcionais em 
determinadas áreas, mas necessitam de acompanhamento individualizado para superar barreiras 
emocionais ou de atenção. Observar a interação do aluno com colegas, sua capacidade de 
autoavaliação e a forma como enfrenta desafios contribui para a identificação de estratégias 
eficazes de estímulo e apoio, garantindo que o talento seja reconhecido e desenvolvido de forma 
sustentável. 
 
22 
O conhecimento detalhado das habilidades intelectuais, criativas e socioemocionais 
permite que educadores proponham experiências específicas que ampliem o potencial do aluno, 
incentivando-o a explorar interesses individuais, desenvolver competências complementares e 
alcançar realizações que muitas vezes não se manifestariam em contextos tradicionais de ensino. 
A integração dessas dimensões contribui para uma educação mais justa, inclusiva e 
eficaz. Ao reconhecer talentos complexos e compreender as necessidades individuais dos alunos, 
os educadores podem criar ambientes de aprendizagem que valorizem todas as formas de 
inteligência e criatividade, oferecendo suporte adequado e oportunidades de desenvolvimento 
pleno. Essa abordagem fortalece não apenas o desempenho acadêmico, mas também a confiança, a 
autonomia e o engajamento do estudante, promovendo uma formação integral que prepara os 
alunos para enfrentar desafios acadêmicos, sociais e profissionais de forma equilibrada e 
competente. 
2.4. POTENCIALIDADES E ESTRATÉGIAS DE APOIO 
Reconhecer e estimular as potencialidades dos alunos, mesmo diante de dificuldades, 
exige uma abordagem pedagógica planejada e individualizada. É fundamental compreender que 
cada estudante possui habilidades singulares, que podem se manifestar de forma diferenciada 
dependendo do contexto e das oportunidades oferecidas. Stoltzfus (2011) evidencia que estratégias 
personalizadas e acompanhamento contínuo são essenciais para permitir que os talentos se 
expressem, mesmo quando coexistem limitações cognitivas ou socioemocionais. 
Práticas pedagógicas inclusivas, diferenciação curricular e programas de enriquecimento. 
Para promover o desenvolvimento integral dealunos com talentos complexos, é 
fundamental implementar práticas pedagógicas inclusivas que atendam às necessidades 
individuais e valorizem a diversidade de habilidades. A adaptação de conteúdos curriculares, 
oferecendo atividades diversificadas, permite que cada estudante explore suas aptidões no 
próprio ritmo e estilo de aprendizagem. Estratégias de diferenciação podem incluir materiais 
didáticos variados, como livros, jogos educativos, recursos digitais e simulações, que contemplam 
diferentes estilos cognitivos e interesses, garantindo oportunidades equitativas de aprendizagem. 
Projetos interdisciplinares que conectam diferentes áreas do conhecimento estimulam a 
criatividade e o pensamento crítico, incentivando os alunos a propor soluções inovadoras para 
problemas reais. Oficinas de expressão artística, envolvendo teatro, música, dança e artes 
visuais, contribuem para o desenvolvimento de habilidades criativas e socioemocionais, 
permitindo que os alunos explorem múltiplas formas de expressão. A personalização do ensino 
pode ser promovida por meio de tutorias individuais, mentorias e acompanhamento próximo, 
 
23 
possibilitando que os educadores identifiquem desafios específicos e adaptem estratégias de 
ensino para superá-los. 
O uso de portfólios de aprendizagem permite que os alunos registrem seus progressos e 
reflitam sobre seus próprios processos de desenvolvimento, promovendo autoconhecimento e 
autonomia. Atividades baseadas em jogos e desafios educativos favorecem a aprendizagem ativa, 
estimulando motivação, colaboração e resolução de problemas. A flexibilização do tempo de 
estudo e das tarefas possibilita que os alunos gerenciem seus próprios ritmos, garantindo que 
talentos se expressem independentemente de limitações temporais ou dificuldades de aprendizado. 
Programas de enriquecimento extracurriculares, como clubes de ciência, feiras de 
tecnologia, laboratórios de inovação e olimpíadas de conhecimento, oferecem desafios adicionais 
que incentivam a exploração do potencial intelectual e criativo dos estudantes. A implementação 
de grupos de estudo colaborativos desenvolve habilidades socioemocionais, como empatia, 
comunicação, liderança e trabalho em equipe, essenciais para a construção de competências 
sociais e cognitivas integradas. 
Estratégias de ensino bilíngue ou multilíngue ampliam o repertório cognitivo e cultural 
dos alunos, estimulando adaptação e criatividade. O desenvolvimento de projetos de pesquisa 
orientados permite que os estudantes se aprofundem em áreas de interesse, aprimorando 
autonomia, disciplina e pensamento analítico. Avaliações multimodais, que consideram 
resultados acadêmicos, desempenho criativo e competências socioemocionais, garantem uma 
visão mais completa do potencial do aluno, evitando que talentos passem despercebidos. 
Atividades de resolução de problemas em grupo promovem pensamento crítico, 
colaboração e inovação, enquanto o ensino baseado em problemas reais e projetos comunitários 
fortalece a compreensão do mundo e incentiva o protagonismo estudantil. Sessões de 
brainstorming e oficinas de ideias estimulam o pensamento divergente e a originalidade, 
essenciais para alunos com talentos complexos. Atividades de autoavaliação e coavaliação 
desenvolvem a capacidade de reflexão crítica e aprendizado colaborativo. 
A integração de tecnologia educacional, como plataformas interativas, laboratórios 
virtuais e ferramentas de gamificação, oferece oportunidades de aprendizagem personalizada e 
engajadora. Debates, simulações e dramatizações ajudam a desenvolver habilidades 
comunicativas e argumentativas, enquanto atividades de escrita criativa e produção textual 
estimulam a expressão individual e o pensamento crítico. 
Oficinas de design, engenharia e programação fortalecem a resolução de problemas 
complexos e o pensamento lógico, enquanto projetos de sustentabilidade e cidadania ampliam a 
consciência social e ética. Atividades que combinam esporte, movimento e aprendizagem motora 
 
24 
promovem coordenação, disciplina e trabalho em equipe, integrando habilidades cognitivas e 
físicas no processo de aprendizagem. Laboratórios de música, artes plásticas e tecnologia 
permitem explorar múltiplas inteligências, ampliando o desenvolvimento criativo e intelectual dos 
alunos. 
A criação de planos de desenvolvimento individualizados, alinhados às competências e 
interesses de cada estudante, possibilita que os talentos sejam continuamente monitorados, 
incentivados e aprimorados. Essa abordagem garante que todos os alunos, independentemente de 
suas dificuldades, possam expressar e maximizar seu potencial de forma equilibrada e 
consistente, promovendo uma educação inclusiva, criativa e justa. 
Uma abordagem inovadora envolve a criação de laboratórios de curiosidade, espaços na 
escola onde os alunos podem explorar materiais, tecnologias e desafios de forma autônoma, 
incentivando a descoberta e a experimentação sem pressões acadêmicas tradicionais. Esses 
ambientes promovem a criatividade e ajudam a revelar talentos que muitas vezes permanecem 
ocultos em avaliações formais. 
Mentoria reversa, em que alunos mais experientes ou com habilidades específicas 
orientam colegas em determinadas áreas, promovendo aprendizado colaborativo, 
desenvolvimento de liderança e valorização de diferentes formas de talento. Essa prática estimula 
confiança e reconhecimento mútuo entre pares. 
O uso de simulações e jogos de papéis em contextos acadêmicos e sociais permite que os 
estudantes desenvolvam habilidades de tomada de decisão, negociação e resolução de problemas 
complexos. Ao colocar o aluno em situações desafiadoras, os educadores conseguem identificar 
talentos sociais, estratégicos e criativos que não aparecem em testes tradicionais. 
A implementação de trilhas de aprendizagem personalizadas é uma prática inovadora, 
em que cada estudante segue um percurso educativo adaptado às suas forças, interesses e áreas 
de dificuldade. Por meio de plataformas digitais, avaliações contínuas e feedbacks regulares, os 
alunos são incentivados a explorar talentos específicos enquanto recebem suporte nas áreas que 
apresentam desafios. 
Atividades maker e de robótica proporcionam experiências práticas em STEM (ciência, 
tecnologia, engenharia e matemática), estimulando pensamento lógico, inovação e trabalho em 
equipe. Essas atividades identificam habilidades técnicas e criativas simultaneamente, oferecendo 
oportunidades para que alunos que têm dificuldades em áreas tradicionais possam se destacar. 
O desenvolvimento de projetos de impacto social, como campanhas comunitárias, ações 
ambientais ou iniciativas de voluntariado, permite que os alunos expressem talentos de liderança, 
 
25 
criatividade, organização e empatia. Essas experiências revelam potencialidades que podem não 
ser evidentes em ambientes puramente acadêmicos. 
Portfólios digitais interativos vão além do registro de trabalhos escolares: permitem que 
alunos incluam vídeos, apresentações, códigos e experimentos digitais, oferecendo aos 
educadores uma visão mais ampla de competências cognitivas, criativas e socioemocionais. Essa 
abordagem é especialmente útil para alunos que enfrentam dificuldades na comunicação 
tradicional escrita ou oral. 
Clubes de inovação e incubadoras escolares incentivam alunos a desenvolver protótipos, 
produtos ou soluções para problemas reais, promovendo pensamento crítico, criatividade 
aplicada e habilidades de empreendedorismo. Esse tipo de prática permite que talentos 
emergentes se destaquem mesmo diante de barreiras acadêmicas. 
A utilização de feedback multidimensional e reflexivo, onde professores, colegas e o 
próprio aluno participam da avaliação, oferece uma visão completa das potencialidades 
individuais. Essa prática incentiva autoconhecimento e aprendizagem colaborativa, identificando 
habilidades que passam despercebidas em provas tradicionais.A exploração de metodologias baseadas em design thinking permite que os alunos 
enfrentem desafios reais de forma estruturada, incentivando empatia, pensamento divergente e 
prototipagem. Essa abordagem ajuda a identificar talentos em resolução de problemas 
complexos, criatividade aplicada e capacidade de adaptação — áreas que podem não ser 
observadas em métodos educativos convencionais. 
A utilização de instrumentos confiáveis para identificar talentos, como a Escala de 
Identificação de Talentos por Professor (ITP), permite que os educadores registrem evidências 
concretas das potencialidades individuais. Suárez (2019) destaca que esses instrumentos 
possibilitam intervenções mais precisas e direcionadas, ajudando a superar a subjetividade na 
avaliação e oferecendo parâmetros claros para a detecção de habilidades específicas, facilitando a 
construção de planos pedagógicos adequados ao perfil de cada aluno. 
Programas de mentoria também desempenham papel relevante no estímulo ao talento. 
Torrance (1984) ressalta que a relação com mentores qualificados fornece suporte emocional, 
orientação estratégica e incentivo à exploração de áreas de interesse, promovendo o 
desenvolvimento integral do estudante. Essa prática se mostra especialmente eficaz para alunos 
com dificuldades associadas, pois permite acompanhamento próximo e individualizado, 
ampliando as oportunidades de expressão de suas capacidades. 
A avaliação da criatividade por meio de testes específicos, como os desenvolvidos por 
Torrance (1990), oferece insights sobre o potencial de inovação e pensamento divergente dos 
 
26 
alunos. Essa abordagem não apenas identifica talentos, mas também orienta educadores sobre 
como promover atividades que desafiem o raciocínio criativo, incentivando a expressão de ideias 
originais mesmo em contextos de aprendizagem complexos. 
Para estimular talentos de forma efetiva, é necessário criar ambientes educativos que 
combinem desafio e suporte. Virgolim (2014) enfatiza que instrumentos de investigação de 
Renzulli permitem identificar estudantes com altas habilidades, oferecendo dados que orientam 
práticas pedagógicas adaptadas às necessidades de cada aluno. Ambientes estimulantes, que 
valorizam a experimentação e a resolução de problemas, contribuem para que os talentos se 
desenvolvam de maneira consistente, mesmo na presença de limitações. 
A integração de inteligência e criatividade no processo educativo é outro aspecto 
essencial. Virgolim e Konkiewitz (2014) destacam que programas que promovem atividades 
criativas, como projetos interdisciplinares e oficinas de expressão artística, potencializam o 
desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Essas estratégias criam oportunidades para que os 
estudantes explorem suas aptidões de forma ampla e diversificada, equilibrando desafios e 
potencialidades. 
A promoção da criatividade requer práticas pedagógicas que incentivem autonomia, 
protagonismo e pensamento crítico. Wechsler (2008) enfatiza que estimular os alunos a propor 
soluções inovadoras, refletir sobre problemas complexos e tomar decisões fundamentadas 
contribui para a formação de indivíduos capazes de enfrentar desafios acadêmicos e pessoais com 
confiança e competência. Essas estratégias são fundamentais para estudantes que apresentam 
obstáculos cognitivos ou socioemocionais. 
O acompanhamento contínuo e individualizado é um componente central para a 
efetividade das estratégias de apoio. Observações sistemáticas do desempenho, feedbacks 
construtivos e ajustes pedagógicos permitem que os educadores identifiquem progressos e 
barreiras, adaptando atividades às necessidades específicas de cada aluno. Isso fortalece a 
autoestima, aumenta a motivação e promove engajamento, elementos essenciais para o 
desenvolvimento pleno do talento. 
A diferenciação curricular é outra ferramenta estratégica para estimular potencialidades. 
Flexibilizar conteúdos, oferecer atividades complementares e criar desafios diferenciados permite 
que cada aluno explore suas habilidades de maneira adequada ao seu ritmo e estilo de 
aprendizagem. Essa prática valoriza a diversidade de talentos e garante que estudantes com 
dificuldades associadas possam demonstrar competências que poderiam passar despercebidas. 
A combinação de práticas inclusivas, avaliação multimodal, mentoria, estímulo à 
criatividade e acompanhamento contínuo cria um contexto educativo que favorece o 
 
27 
desenvolvimento integral do aluno. Torrance (1984) e Suárez (2019) ressaltam que essas 
estratégias não apenas reconhecem talentos, mas fortalecem competências cognitivas, criativas e 
socioemocionais, garantindo que cada estudante tenha oportunidades reais de crescimento, 
superação de desafios e realização de seu potencial máximo. 
2.5. DESAFIOS ÉTICOS E EDUCACIONAIS 
Reconhecer talentos em alunos com dificuldades associadas implica lidar com desafios 
éticos e educacionais que vão além do simples diagnóstico ou aplicação de testes. Wechsler (2009) 
ressalta que preconceitos implícitos e estereótipos podem levar à subestimação do potencial de 
determinados estudantes, especialmente aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem, 
TDAH ou desafios socioemocionais. Esses vieses, muitas vezes inconscientes, interferem na 
percepção do talento e podem impedir que alunos altamente capazes recebam o suporte e os 
estímulos adequados. 
A formação docente adequada é um elemento essencial para superar essas barreiras. 
Professores capacitados em identificação de talentos e inclusão educacional são mais capazes de 
reconhecer habilidades diversas, adaptar metodologias de ensino e criar ambientes que favoreçam 
a aprendizagem de todos os estudantes. Wechsler (2018) enfatiza que a compreensão profunda das 
múltiplas dimensões da inteligência e criatividade permite ao educador adotar estratégias 
pedagógicas mais justas e individualizadas, promovendo equidade. 
É fundamental que as políticas educacionais incluam diretrizes claras para a identificação 
e desenvolvimento de talentos, garantindo que cada aluno, independentemente de suas 
dificuldades, tenha acesso a oportunidades de enriquecimento e programas diferenciados. A 
implementação de políticas inclusivas reduz a desigualdade educacional e promove uma cultura 
escolar que valoriza diversidade cognitiva e criativa. 
A utilização de ferramentas de avaliação confiáveis e bem validadas é outro ponto central 
para assegurar decisões éticas na identificação de talentos. Wechsler e Schelini (2006) destacam 
que testes como a Bateria de Habilidades Cognitivas Woodcock-Johnson III devem ser 
interpretados considerando o contexto socioemocional, cultural e acadêmico do aluno, evitando 
julgamentos simplistas que possam prejudicar a percepção de seu verdadeiro potencial. 
Portfólios, observações qualitativas e avaliações multimodais complementam os testes 
padronizados, oferecendo uma visão mais completa das capacidades do estudante. Woodcock, 
McGrew e Mather (2001a) enfatizam que a integração de diferentes instrumentos permite 
identificar talentos que não se manifestam apenas em desempenho acadêmico ou resultados 
formais de testes. 
 
28 
É necessário que escolas desenvolvam critérios claros e transparentes para seleção de 
participantes, garantindo que todos os alunos tenham chances justas de participar, 
independentemente de fatores socioeconômicos ou culturais. 
A comunicação com famílias é também um elemento crítico. Educadores devem informar 
e orientar pais e responsáveis sobre o potencial de seus filhos e sobre as estratégias pedagógicas 
disponíveis, promovendo uma parceria que fortaleça o desenvolvimento integral do aluno. Essa 
transparência evita mal-entendidos e ajuda a combater preconceitos sobre capacidades e 
dificuldades. 
É igualmente importante promover uma cultura escolar de valorização do esforço, da 
criatividade e da diversidade de talentos. Isso significa reconhecer

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