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NAAP – Núcleo de Apoio Acadêmico Pedagógico Curso- Direito Noturno Componente Curricular- Execução no Processo Civil (DIEPC) Professor- Rogério Miguel Rossi Nome- Rúbria Araújo Marins de Almeida Data- 03/09/2025 Atividade 01 (I unidade) O ARREMESSO DE ANÕES E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (Reflexão Pessoal) A análise do caso do “arremesso de anões” evidencia que a dignidade da pessoa humana, consagrada como fundamento da República no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal, não pode ser relativizada sob o pretexto da autonomia individual. Trata-se de um direito fundamental de caráter irrenunciável, que funciona como um mínimo ético-jurídico indispensável à vida em sociedade. Assim como contratos de escravidão jamais seriam válidos, ainda que assinados, também não se pode legitimar uma prática que reduz a pessoa a mero objeto de entretenimento, pois tal situação compromete a essência do que significa ser humano. A autonomia, embora central em um Estado democrático, encontra limites quando se volta contra a própria dignidade. Para além da dimensão individual, é preciso destacar o impacto coletivo da prática. O “arremesso de anões” reforça estereótipos pejorativos, dificulta a inclusão social e legitima a ridicularização de pessoas com nanismo, perpetuando estruturas históricas de exclusão. O argumento econômico, frequentemente invocado como justificativa, não resiste a uma análise mais cuidadosa, pois consentimentos dados em contextos de vulnerabilidade socioeconômica carecem de plena liberdade. A Constituição, ao tratar da ordem econômica no art. 170, funda-a na valorização do trabalho humano e na dignidade, deixando claro que o sustento não pode ser buscado por meio de atividades que desumanizam e exploram fragilidades. Aceitar tal justificativa seria legitimar a exploração da pobreza como critério de validade social. Por fim, compreende-se que a intervenção estatal não apenas se legitima, mas se impõe nesses casos. A proibição da prática assume também função pedagógica, ao reafirmar perante a coletividade que a dignidade é um valor absoluto e não negociável. Essa dimensão simbólica é fundamental para a consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos, pois transmite à sociedade que não se admite, sob nenhum argumento, a mercantilização do corpo humano ou a redução do indivíduo à condição de instrumento de diversão. Portanto, entendo que a proibição do “arremesso de anões” não configura excesso estatal, mas expressão concreta da Constituição em sua tarefa de assegurar a todos uma existência livre, justa e digna. image1.jpeg