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Introdução à 
Epidemiologia
SUMÁRIO
1. ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA ...............................................................................3
2. MEDIDAS DE SIGNIFICÂNCIA ESTATÍSTICA ............................................................5
3. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS .....................................................................8
4. NÍVEL DE EVIDÊNCIA .................................................................................................9
5. PREVALÊNCIA X INCIDÊNCIA .................................................................................10
6. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS .................................................................................13
7. MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO –ANÁLISE DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS ..........18
8. TESTES DIAGNÓSTICOS .........................................................................................23
9. APLICAÇÃO CLÍNICA ...............................................................................................25
10. CURVA DE ROC ......................................................................................................26
11. COMPORTAMENTO EPIDÊMICO E A PREVENÇÃO DE DOENÇAS .......................28
Referências bibliográficas .............................................................................................34
Introdução à Epidemiologia   3
1. ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA 
A abordagem médica no dia a dia é a abordagem clínica. Ela difere em mui tos fatores 
da abordagem epidemiológica. A primeira, se não a principal diferença entre as duas 
abordagens, se dá no diagnóstico e isso é descri to pela Associação Internacional de 
Epidemiologia (IEA), em seu Guia de Métodos de Ensino (ORGANIZACI ÓN MUNDIAL 
DE LA SALUD, 1973): 
“Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indiví duo, analisan-
do caso a caso, a epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde 
em gru pos de pessoas, às vezes gru pos pequenos, na maioria das vezes 
envolvendo populações numerosas.” 
 Conceito:  Epidemiologia: a palavra deriva do grego, onde: epi (so-
bre) + de mos (povo) + logos (ciência). Etimologi camente, epidemiologia significa 
ciência do que ocorre com o povo.
Além disso, o objetivo da clínica é o de curar apenas aquele indivíduo que o médico 
está tratando, sendo que a epidemiologia foca no coletivo, na saúde em uma determi-
nada co munidade. Claro que para você me lhorar a saúde na comunidade, você precisa 
melhorar a saúde de manei ra individual, o que ressalta que a abordagem epidemiológica 
precisa da clínica. Não existiriam avanços na clínica sem os estudos epidemiológi cos, 
mas estes não existiriam sem os avanços na clínica. 
Outra diferença entre as duas abor dagens é na fonte de informação, pois quando 
precisamos tratar um indiví duo utilizamos a anamnese, exame físico e os exames 
complementares para chegar ao diagnóstico daquela doença, sendo assim tratar ou 
reabi litar o paciente. 
Já a epidemiologia, como o objetivo não é o de curar alguém individual mente, mas 
sim de melhorar a saúde em uma determinada comunidade e diminuir os fatores de 
risco que ali existem, a fonte de informação são os indicadores de saúde, que vão dizer, 
por exemplo, sobre mortalidade ou morbidade naquela comunidade. 
Mas o que fazer com essa informa ção? Como foi dito, na clínica a ação é de tratar 
ou reabilitar o paciente, mas e na epidemiologia? A informação epidemiológica serve 
principalmente para se identificar quais os progra mas de saúde que serão realizados 
naquela região. 
Se existem duas comunidades: a co munidade A, com muitos idosos hi pertensos e 
diabéticos, e a comuni dade B, com muitos indivíduos jovens e envolvidos com o tráfico 
de drogas. Qual o melhor local para se realizar um programa de combate às drogas? 
Introdução à Epidemiologia   4
Com essa pergunta já podemos ter a certeza de duas coisas: 
• Sem os indicadores em saúde não saberíamos em qual comunidade existe qual 
problema 
• Sem esses dados não saberíamos para qual comunidade desviar um determinado 
recurso 
E mais, como saber por quanto tem po acompanhar aquela comunidade? O acompa-
nhamento da epidemiolo gia é constante! Ele é feito através da vigilância epidemiológica, 
que fornece dados para alimentar os sis temas de saúde e as ações sobre o problema 
encontrado serão mantidas enquanto os indicadores de saúde estiverem alterados. 
Isso não difere muito da clínica, pres te atenção! No acompanhamento clí nico você 
acompanha o paciente de modo a evitar fatores de risco e do enças, quando ele fica 
doente, você acompanha até ele ficar curado e, caso ele não possa ser curado, você 
acompanha a sua reabilitação e/ou cuidados paliativos. A epidemiologia faz o mesmo: 
• Existe um acompanhamento da comunidade, que é traduzido em dados de indi-
cadores em saúde 
• São lançados os programas para que esses indicadores melhorem ou não piorem 
• Existe uma verificação constante para averiguar se os programas estão sendo 
efetivos 
• Caso eles melhorem os indicado res, verifica-se a necessidade de manutenção ou 
encerramento, caso não sejam mais necessários 
Opa! Falamos muitas coisas aqui, não foi? Que tal conferir na tabela abai xo quais as 
características das duas abordagens, sendo elas, a clínica e a epidemiológica? 
CLÍNICA EPIDEMIOLÓGICA
DIAGNÓSTICO INDIVIDUAL COMUNITÁRIO / POPULACIONAL
OBJETIVO CURAR E PREVENIR A 
DOENÇA DE UMA PESSOA
SAÚDE NA COMUNIDADE 
FATORES DE RISCO
INFORMAÇÃO
PROPEDÊUTICA (HISTÓRIA 
CLÍNICA, EXAME FÍSICO, 
EXAMES COMPLEMENTARES)
INDICADORES
AÇÕES TRATAMENTO / REABILITAÇÃO PROGRAMAS DE SAÚDE / 
PROMOÇÃO EM SAÚDE
MONITORAMENTO NO
TEMPO
ACOMPANHAMENTO CLÍNICO
(EVITAR DOENÇAS, TRATAR E
REABILITAR)
MUDANÇAS NO ESTADO DE
SAÚDE DA POPULAÇÃO /
MELHORA DOS INDICADORES
Tabela 1. Abordagem epidemiológica.
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   5
2. MEDIDAS DE SIGNIFICÂNCIA 
ESTATÍSTICA 
A análise da significância estatística é considerada um procedimento para verificar a 
discrepância de uma hipótese estatística em relação aos dados observados, utilizando 
uma medida de evidência conhecida como “p-valor”. 
Em um teste de hipótese estatística, verifica-se a existência da signifi cância esta-
tística (se o resultado é estatisticamente significante) quando o “p-valor” observado 
for menor que o nível de significância definido para o estudo. 
A significância estatística é de extre ma importância para se verificar se o resultado 
encontrado em um estu do ocorreu pela associação ou pelo acaso. 
 Se liga!  O nível de significância é geralmente determinado pelo 
pesquisador antes da coleta dos dados e é tradicio nalmente fixado em 0,05 ou 
menos, de pendendo da área de estudo.
Mas o que isso significa? O conceito de “p-valor” pode ficar meio abstra to na nossa 
mente, então vamos ao exemplo: 
Quando eu faço um estudo, descrevo nele a metodologia utilizada, correto? 
Se alguém quiser reproduzir meu es tudo, reproduzirá nas mesmas con dições que eu 
fiz, utilizando uma po pulação diferente, um “n” de mesmo valor, porém com pessoas 
diferentes das utilizadas por mim. 
Vamos supor então que 100 pes quisadores reproduzam meu estudo. Em condições 
perfeitas, essas 100 pesquisas devem chegar ao mesmo resultado (100% das vezes), 
porém normalmente admite-se que exista 5% de resultados diferentes no estu do (daí 
o número 0,05 para “p”). Ou seja, a cada 100 pesquisas reprodu zidas, 95% ou mais têm 
de ter o mes mo resultado para que esse estudo seja considerado estatisticamente re-
levante. Quanto menor o valor de “p”, maior a associação e mais re levante é o estudo, 
pois indica que a associação não foi feita ao acaso. 
Introdução à Epidemiologia   6
 Se liga!  Quanto maior o “n” de um estudo, significa que a população 
estudada foi maior e, sendo assim, esse estudo apresenta maior significância 
estatística.
Acaso X Vieses 
Um estudo epidemiológico está su jeito a erros que podem alterar ou in terferir no 
resultado dele. Esses erros podem sersistemáticos ou aleatórios. 
As distorções de um estudo relacio nadas com erros aleatórios são cha madas de 
erros de precisão, já as relacionadas com erros sistemáticos são chamadas de erros 
de validade ou vieses. O viés refere-se ao tama nho da discrepância entre o valor ver-
dadeiro medido em uma população real e o valor de sua estimativa no estudo. 
Os tipos de viés podem ser: 
• Viés de seleção: esse viés está re lacionado com a metodologia de seleção dos 
sujeitos da pesquisa ou a fatores que influenciam a participação desses sujeitos 
na pesquisa. A associação entre a ex posição e o desfecho difere entre os que 
participaram e os que não participaram do estudo. 
 Se liga!  Veja exemplos de vieses de seleção em estudos de caso-
-controle e em estudos de coorte:
Caso-controle: quando você realiza coleta de sangue de familiares de pacientes 
com AVC para estudo de biomarcadores, você está verificando em pacientes mais 
expostos do que a população fonte. 
Coorte: tabagistas tendem a não responder questionários, o que faz com que você 
tenha menos indivíduos desse grupo em seu estudo.
• Viés de informação: esse viés está relacionado com a coleta errônea das informa-
ções em um estudo clínico. Podendo ser pela classificação incorreta das variá veis 
(em variáveis categóricas) ou da mensuração (em va riáveis numéricas). 
Introdução à Epidemiologia   7
 Se liga!  Os vieses de informação podem ser diferencial, quando o 
erro difere de acordo com outras variáveis do estudo, ou não diferencial, quando 
ele não tem relação com outras variáveis do estudo.
O viés de recordação é um exemplo de viés de informação diferencial. Nele, o 
paciente tem uma tendência a lembrar de eventos e experiências relacionados 
com a exposição.
Confundimento
O confundimento, fenômeno particu larmente importante no processo in ferencial de 
estudos observacionais, por ser praticamente universal nesse tipo de estudo, ocorre 
quando existem outros fatores com potencial preditor para o desfecho e esses fatores 
es tão distribuídos diferentemente entre os grupos de exposição. Com isso, o efeito da 
exposição está “misturado” com o efeito de outra variável, levan do a um viés do resultado. 
Hipótese nula 
A hipótese nula é uma hipótese na qual se pretende confrontar os fatos, sendo, mui-
tas vezes, uma afirmação quanto a um parâmetro que é uma propriedade estatística 
na população. Ela geralmente afirma a não existên cia de relação entre dois fenômenos 
medidos. 
 Se liga!  Em uma hipótese nula não se consegue identificar se um 
determinado fator é de risco ou proteção!
Eficácia X Efetividade X Eficiência 
A eficácia é o benefício adquirido em condições ideais em um estudo. Quando você 
utiliza esse estudo em uma população real e verifica se os benefícios foram mantidos, 
você está medindo a efetividade. Já a eficiên cia é a utilização dos recursos dispo níveis 
da melhor maneira possível, no menor tempo possível e com menor custo, evitando 
“desperdícios”. 
Introdução à Epidemiologia   8
 Se liga!  A validade interna e a validade externa são dois conceitos 
que se rela cionam com os conceitos de eficácia e efetividade. Observe:
A validade interna é quando você utiliza uma associação de um determinado es-
tudo e comprova que aquela associação é viável em uma população específica. 
A validade externa ocorre quando você consegue generalizar essa associação 
para todas as populações.
3. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS 
Medicina baseada em evidências é a prática da medicina clínica integrada à capaci-
dade de analisar criticamente e aplicar de forma racional a infor mação científica a fim 
de se melho rar a assistência médica. Ou seja, ao se resolver problemas de pacientes, 
surgem dúvidas que deverão servir de estímulos para a atualização do conhecimento. 
Para se realizar a medicina baseada em evidências, o médico deve se atu alizar em 
periódicos, artigos, capítu los de livros e outras fontes confiáveis de informação. 
Introdução à Epidemiologia   9
4. NÍVEL DE EVIDÊNCIA 
Para que se avalie a qualidade de in formações publicadas, é importante o conheci-
mento de metodologia de pesquisa, com o intuito de verificar se determinado artigo 
estudado é esta tisticamente relevante e qual o ní vel de evidência utilizado. 
Existem cinco níveis de evidência, que são baseados no tipo de estudo que revelou 
tal associação. 
QUALIDADE TIPO DE EVIDÊNCIA
1
A: Revisão sistemática de ensaio clínico randomizado
B: Ensaio clínico randomizado individual, com intervalo de confiança estreito
C: Série de casos “tudo ou nada”
2
A: Revisão sistemática de estudo de coorte
B: Estudo de coorte individual. Ensaio clínico randomizado com dropouts > 20%
C: Estudos ecológicos
3
A: Revisão sistemática de caso-controle
B: Caso-controle individual
4 Série de casos
5 C: Opinião do especialista
Tabela 2. Classificação das evidências científicas 
nas revisões sistemáticas de literatura.
Fonte: Elaborado pelo autor
 Se liga!  Um estudo de série de casos não é um estudo estatistica-
mente relevante normal mente. Mas por que ele tem nível de evidência 1 (ainda 
que seja 1C)? Porque, nesse caso, estamos falando de uma série de casos “tudo 
ou nada”, ou seja, quando o resultado do estu do é muito discrepante para testar 
uma hipótese: ou ela acontece ou não acontece de forma alguma.
Introdução à Epidemiologia   10
 Saiba mais!  Os níveis de recomendação estão relacionados com 
os níveis de evidência. 
Um nível de recomendação A corresponde às condutas que devem ser seguidas, 
pois têm eficácia comprovada. São os estudos com níveis de evidência 1: 1A, 1B 
e 1C. 
Um nível de recomendação B corresponde aos níveis de evidência 2 e 3: 2A, 2B, 
2C, 3A e 3B. 
Um nível de recomendação C corresponde ao nível de evidência 4 e é uma conduta 
que apresenta risco relativo, não devendo ser seguida. 
O nível de recomendação D corresponde ao nível de evidência 5 e é a algo que 
não deve ser feito, pois não existem evidências que comprovem a eficácia do que 
foi dito. É apenas a opinião de um especialista.
5. PREVALÊNCIA X INCIDÊNCIA 
Os termos prevalência e incidência são bastante utilizados na epidemio logia. Os 
indicadores em saúde são abordados, na maioria das vezes, ba seados na proporção 
de eventos inci dentes e prevalentes. 
 Conceito:  Evento incidente e evento prevalente: 
Um evento incidente é definido como evento novo de uma doença (ou morte ou 
outro problema de saúde) ocorrido em um determinado tempo de observação. 
Um evento prevalente é definido como eventos existentes de uma doença (ou 
outro problema de saúde) em determi nado momento.
Introdução à Epidemiologia   11
A taxa de incidência corresponde ao número de casos novos de uma do ença, dividido 
pela população expos ta em um espaço geográfico, durante um tempo determinado. 
Epidemiologicamente, essa taxa é importante porque ela permite calcular a proba bilidade 
de que exista uma mudança de estado (por exemplo, não ter a do ença e adoecer, estar 
vivo e morrer, não ter um evento e ter um evento adverso) em determinado tempo, es-
timando o risco de uma pessoa sofrer tal evento. 
Já a taxa de prevalência correspon de ao número de casos existentes de uma doença, 
dividido pelo número de pessoas de uma população, durante um tempo determina-
do. Nes se caso, cada indivíduo é observado em uma única oportunidade, quando se 
constata sua situação quanto ao evento de interesse. Epidemiologica mente, essa taxa 
é importante, pois demonstra a probabilidade estática de ocorrer uma dada afecção 
(es tar doente) em determinado tempo, mas sem estimar o risco do evento ocorrer. 
 Se liga!  Se uma doença tem alta prevalência em uma população, pode 
indi car uma incidência elevada ou o fato de que a doença ou agravo tem longa du-
ração, como no caso de doenças que se tornam crônicas e são incuráveis, apesar 
de não ter alta letalidade. Em contraste, se uma doença tem baixa prevalência, 
pode indicar uma incidência baixa ou um processo de rápido desapareci mento doindivíduo com a doença ou agravo, porque ele se cura em pouco tempo ou morre.
Introdução à Epidemiologia   12
MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
ESTUDOS 
EPIDEMIOLÓGICOS
ABORDAGEM 
EPIDEMIOLÓGICA
CONCEITOS 
IMPORTANTES
INTRODUÇÃO À
EPIDEMIOLOGIA
INCIDÊNCIAEFETIVIDADE
EFICIÊNCIA
DIAGNÓSTICO
OBJETIVO
INFORMAÇÃO
AÇÕES
MONITORAMENTO
CONFUNDIMENTO
ERROS DE PRECISÃO
ERROS DE VALIDADE
NÃO IDENTIFICA
HIPÓTESE NULA
NÍVEL DE EVIDÊNCIA
NÍVEL DE RECOMENDAÇÃO
SIGNIFICÂNCIA
ESTATÍSTICA
EXISTE ASSOCIAÇÃO
OU FOI ACASO
P-VALOR
A
B
C
D
PREVALÊNCIAEFICÁCIA EVENTOS EXISTENTES
DEVE SER SEGUIDA
RISCO-BENEFÍCIO
RISCO RELATIVO
NÃO DEVE SEGUIR
POPULAÇÃO REAL
EVENTOS NOVOSCONDIÇÕES IDEAIS
CUSTO-BENEFÍCIO
POPULACIONAL
CONTROLE DE
FATORES DE RISCO
INDICADORES
COMUNITÁRIO
SAÚDE NA
COMUNIDADE
PROGRAMAS
DE SAÚDE
MELHORA DOS
INDICADORES
SELEÇÃO
INFORMAÇÃO ERROS 
SISTEMÁTICOS
ERROS
ALEATÓRIOS
VIÉS
“MISTURA”
FATOR DE RISCO
≤0,05
FATOR DE
PROTEÇÃO
Gera o
Verifica-se
Mistura
Le
va
nd
o 
a
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   13
6. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
O aprendizado dos estudos epide miológicos é de extrema importância, tendo em 
vista a medicina baseada em evidências, na qual o médico bus cará conhecimento em 
artigos cientí ficos e todo artigo científico é base ado em algum desenho de estudo 
epidemiológico. 
Conceitos básicos 
Antes de se realizar um estudo epi demiológico, um pesquisador sempre precisa res-
ponder qual a motivação do estudo, se é gerar hipóteses ou testar as hipóteses que ele 
possui. Além disso, se ele sabe o que ele tem “em mãos”: ele tem uma doença e quer 
pesquisar se existia um determi nado fator de risco? Ou ele tem fato res de risco e quer 
determinar se eles chegarão em uma doença? As variá veis estão bem delimitadas? 
Ou seja, antes de iniciar uma pes quisa, é necessário delimitar corre tamente o que se 
quer descrever, observar ou comprovar, se existem dados suficientes para se pesquisar 
e onde esses dados serão coletados. Para tal, é imprescindível conhecer as classifica-
ções de um estudo e alguns conceitos iniciais. 
O primeiro conceito que devemos entender é o de variáveis indepen dentes e depen-
dentes. As variáveis independentes são aquelas que vêm antes do desfecho: o fator 
de risco ou as causas. Já as variáveis depen dentes são o próprio desfecho, a conse-
quência, o que vem depois da causa. 
Ainda sobre os conceitos iniciais, é de valor enorme conhecer as classifica ções dos 
desenhos de estudos, pois a definição de cada um vai partir des ses conceitos. 
Os estudos podem ser descritivos ou analíticos. Nos estudos descriti vos, o pes-
quisador apenas observa e descreve o desfecho de determinada situação, descreve 
a frequência e a distribuição, mas sem intervir, como no relato de caso. Nos estudos 
analí ticos, a intenção da pesquisa é com provar se existe ou não associação entre o 
risco e o agravo, como no caso-controle, coorte e ensaio clínico. 
Essa classificação pode ser confun dida com a classificação entre obser vacional e 
intervencionista, mas elas são diferentes. Observe: um estudo observacional é aquele 
em que o pes quisador não manipula o estudo; ele apenas observa a história natural da 
doença, como no caso da coorte. Um estudo pode ser observacional e descritivo, pois 
ele observa e descre ve a história natural da doença, mas ele pode ser observacional e 
analíti co, pois, sem manipular o estudo, ele consegue comprovar a relação entre um 
fator de risco e um desfecho. 
Os estudos intervencionistas são aqueles em que o pesquisador atua ati vamente, 
tratando os pacientes, por exemplo. Esses estudos não podem ser observacionais, mas 
podem ser analíticos, pois você pode comprovar a associação de um fator de risco e 
um desfecho manipulando os grupos do estudo, como no ensaio clínico. 
Introdução à Epidemiologia   14
Com relação à distinção entre os in divíduos sadios e doentes, os estu dos podem 
ser individuais ou agrega dos. Nos estudos individuais, existe a clara distinção do gru-
po exposto ao fator de risco e outro que não está, do grupo que tem uma determinada 
doença e outro que não tem, do gru po que está recebendo o tratamento e do outro que 
não está recebendo, por exemplo, no ensaio clínico. Já nos es tudos agregados, não 
se consegue fazer a distinção entre os indivíduos sadios dos doentes, os que estão 
re cebendo tratamento dos que não es tão. Existe uma população e não se sabe as ca-
racterísticas individuais, por exemplo, nos estudos ecológicos. 
Um estudo pode ser classificado quanto ao tempo em quatro modos: se ele é trans-
versal ou longitudinal e se ele é prospectivo ou retrospectivo. 
Quando estamos falando de estudos transversais e longitudinais, queremos saber 
se existiu um recorte no tempo ou se existiu um acompanhamento. 
Nos estudos transversais é possível observar um retrato no tempo, um momento na 
realidade. Mas o mais importante é que não é possível identificar a variável dependente 
e a independente, pois as duas são observadas ao mesmo tempo, como nos estudos 
ecológicos. Já nos estu dos longitudinais, o pesquisador faz o acompanhamento dos 
partici pantes. Ele consegue, por exemplo, seguir pacientes com determinados fatores 
de risco e verificar se o des fecho acontece ou identificar o des fecho e observar na his-
tória dos pa cientes se eles estavam expostos a fatores de risco. Ou seja, existe uma 
clara visão da variável dependente e da variável independente, como nos estudos de 
caso-controle. 
A classificação em prospectivo ou retrospectivo é bastante confundida, porque 
muitas pessoas acreditam que é da seguinte forma: prospectivo é no presente-futuro 
e retrospectivo no passado, mas não é assim! Os es tudos prospectivos são aqueles 
que o pesquisador parte do risco e ob serva o desfecho (por exemplo: co orte). Já os 
estudos retrospectivos são aqueles que o pesquisador parte do desfecho e observa 
se existia o risco (por exemplo: caso-controle). 
 Se liga!  Para facilitar a memorização, se liga no exemplo abaixo: 
Um estudo observa pacientes fumantes e verifica se eles desenvolverão câncer 
de pulmão. Esse estudo é prospectivo. 
Um estudo observa pacientes com câncer de pulmão e verifica se eles eram fu-
mantes. Esse é um estudo retrospectivo. 
Um estudo observa pacientes que há 30 anos eram fumantes e verifica se eles 
desenvolveram câncer de pulmão há 10 anos. Esse também é um estudo pros-
pectivo, ainda que seja totalmente no passado.
Introdução à Epidemiologia   15
Desenhos dos principais estudos 
Estudos ecológicos 
Observacional e agregado. Busca-se correlações plausíveis entre a ocorrência de 
determinada doença ou situação em relação à variável de interesse. As informações se 
referem ao grupo populacional como um todo e permite a avaliação de um fenômeno 
a partir de uma expressão coletiva.
Cabe lembrar que o viés ecológico está presente nessa associação e é uma limitação 
do estudo, uma vez que nem todos os fenômenos coletivos se replicam individualmente.
Coorte 
Observacional, longitudinal e pros pectivo. Nesse estudo, selecionam -se populações 
expostas e não expostas a determinado fator, fazendo seu acompanhamento por um 
deter minado período de tempo, ao final do qual deve ser analisado o efeito do fator de 
exposição no aparecimen to do desfecho. Tem diversas finali dades, como avaliar fatores 
de risco para determinada doença, mensurar o impacto de fatores prognósticos ou em 
intervenções diagnósticas e terapêuticas. 
Caso-controle 
Observacional, longitudinal e re trospectivo. Nesse estudo, selecio na-se uma população 
com determi nado desfecho de interesse (casos) e outra, semelhante ao primeiro grupo, 
sem o desfecho de interesse (contro les). Comparando-se os dois grupos, avaliam-se 
os fatores que poderiam estar relacionados à ocorrência do desfecho pesquisado. 
Ensaios clínicos 
Randomizado 
Estudo intervencionista e prospec tivo. Nesse estudo, os participantes devem ter 
a mesma oportunidade de receber, ou não, a intervenção proposta e esses grupos 
devem ser os mais parecidos possíveis, de for ma que a única diferença entre eles seja 
a intervenção em si, podendo-se, assim, avaliar o impacto na ocorrên cia do desfecho 
em um grupo sobre o outro. Ele permite eliminar diversos vieses, pois os grupos in-
tervenção e controle são distribuídos usando téc nicas aleatórias, e as características 
são distribuídas de um modo seme lhante entre os grupos. Participantes alocados 
para os grupos intervenção e controle, ao desconhecerem o que estão recebendo, 
são definidos como “cegados” para o tipo de intervenção. Do mesmo modo, o in-
vestigador que administra, acompanha ou ava lia a intervenção pode desconhecer o 
que o paciente está recebendo. Estando pacientes e investigadores cegados para a 
intervenção, o ECR é duplo-cego.
Introdução à Epidemiologia   16
Não randomizado 
Neste tipo de estudo há um grupo intervenção e um grupo controle, mas a desig-
nação dos participantes para cada grupo não se dá de forma aleatória, como no ECR, 
mas confor me conveniência do pesquisador. Os controles podem ser contemporâ neos 
(pacientes tratados ao mesmo tempo) ou históricos (obtidos de re gistros médicos).
DISTINÇÃO
ENTRE
INDIVÍDUOS
MANIPULAÇÃO TEMPORALIDADE TIPO DE ESTUDO
AGREGADOS OBSERVACIONAL TRANSVERSAL ECOLÓGICO
AGREGADOS OBSERVACIONAL LONGITUDINAL SÉRIE TEMPORAL
AGREGADOS INTERVENCIONISTA LONGITUDINAL ENSAIO TEMPORAL
INDIVIDUAIS OBSERVACIONAL LONGITUDINAL
PROSPECTIVO COORTE
INDIVIDUAIS OBSERVACIONAL LONGITUDINAL
RETROSPECTIVO CASO CONTROLE
INDIVIDUAIS OBSERVACIONAL LONGITUDINAL ENSAIO CLÍNICO
Tabela 3. Principiais estudos epidemiológicos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   17
PRINCIPAIS ESTUDOS
CAUSAS DESFECHO
ECOLÓGICO
CASO-CONTROLE
GERAR HIPÓTESES
EXISTE UMA CLARA VISÃO
ATUA ATIVAMENTE
NÃO É POSSÍVEL
IDENTIFICAR
FATOR DE RISCO CONSEQUÊNCIA
COORTE
ENSAIO CLÍNICO
TESTAR AS HIPÓTESES
ACOMPANHAMENTO
NÃO MANIPULA
RETRATO NO TEMPO
ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS
GRUPO EXPOSTO
COMPROVAR
OBSERVAR
DESCREVER
DESFECHO
GRUPO NÃO EXPOSTO
RISCO
MAPA MENTAL: ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
CONCEITOS BÁSICOS
VARIÁVEIS
INDEPENDENTES
MOTIVAÇÃO
LONGITUDINAIS
TRANSVERSAIS
INTERVENCIONISTAS
OBSERVACIONAL
INDIVIDUAIS
AGREGADO
CLARA DISTINÇÃO
NÃO SE CONSEGUE
DESENHOS DE
ESTUDOS
VARIÁVEIS
DEPENDENTES
DESCRITIVOS
ANALÍTICOS
RETROSPECTIVOS
PROSPECTIVOS RISCO
DESFECHO
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   18
7. MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO –ANÁLISE DE 
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
Risco relativo 
Corresponde à razão entre riscos dos expostos sobre os riscos dos não expostos. 
O risco relativo busca observar qual a incidência de deter minado agravo em uma po-
pulação exposta ao fator de risco e qual a in cidência de determinado agravo em uma 
população não exposta ao mes mo fator de risco. A fórmula para risco relativo é: 
18INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA
7. MEDIDAS DE 
ASSOCIAÇÃO –
ANÁLISE DE ESTUDOS 
EPIDEMIOLÓGICOS 
Risco relativo
Corresponde à razão entre riscos 
dos expostos sobre os riscos dos 
não expostos. O risco relativo busca 
observar qual a incidência de deter-
minado agravo em uma população 
exposta ao fator de risco e qual a in-
cidência de determinado agravo em 
uma população não exposta ao mes-
mo fator de risco. A fórmula para risco 
relativo é:
Onde:
RR = Risco relativo.
IE = incidência de pessoas com o agra-
vo / total de pessoas com o agravo.
INE = incidência de pessoas com o 
agravo / total de pessoas sem o 
agravo. 
Se: 
RR > 1, o fator é de risco.
RR 1, o fator é de risco. 
RR 1, o fator é de risco.
RR 1 
ORfazer um ter ceiro estudo, que encontramos um risco relativo de 0,79. 
Se fizermos então 100 estudos na ten tativa de achar um verdadeiro risco re lativo, 
encontraremos uma variação de resultados. O intervalo de confiança é calculado 
utilizando essa variabilidade de resultados. 
O valor de 0,78 é uma medida central, mais próxima da verdade, porém não há 
garantia de que seja exatamente isso. A garantia é de que o risco relativo não 
está acima de 0,88, nem abaixo de 0,68.
Se temos um intervalo de confiança de 90%, significa que o resultado es tará dentro 
daquele intervalo em 95 dos 100 estudos hipoteticamente re alizados, ou seja, o risco 
relativo esta rá entre 0,68 e 0,88. Excluímos então 5 estudos que representam valores 
extremos, nos quais existe uma maior possibilidade de terem ocorrido por acaso. 
Com isso, lemos intervalo de con fiança da seguinte forma: podemos afirmar que em 
95 de 100 amos tras hipotéticas, o resultado estará dentro deste intervalo. 
É de extrema importância observar que quanto menor o intervalo de con fiança mais 
precisa é a estimativa. 
 Conceito:  Precisão em estatística é a capacidade de um resultado 
se re petir em diferentes medidas da mesma realidade.
Introdução à Epidemiologia   21
Quando estamos falando de risco re lativo, como visto acima, o valor 1 re presenta 
ausência de diferença en tre grupo tratamento e grupo controle, ou expostos ao fator 
de risco em relação aos não expostos. 
Portanto, se o intervalo de confiança do risco relativo envolver o valor 1, o estudo 
não terá significância esta tística para rejeitar a hipótese nula. Isso sempre coincide 
com um valor de p > 0.05. 
 Saiba mais!  Em ensaios clínicos, quando realizamos tratamento 
com um determinado medicamento em um grupo e outro grupo utiliza placebo, 
é necessário saber qual a redução do risco absoluto com o tratamento proposto, 
qual a redução do risco relativo a esse tratamento e quan tos pacientes precisam 
ser tratados para que exista uma pessoa curada de determinado agravo? Existem 
então cálculos que podem ser realizados a fim de se obter tais informações e 
são eles: 
A redução do risco absoluto (RAR) corresponde à proporção de mortes no con-
trole (gru po não tratado) “X” menos a proporção de mortes no grupo experimental 
(grupo tratado) “Y”. Esse é um número absoluto na proporção de mortes. 
Já a redução do risco relativo (RRR) é quanto o tratamento reduziu o risco de morte. 
Já o número necessário ao tratamento (NNT) corresponde à parte mais importante 
de um ensaio clínico, pois é com esse número que se verifica o benefício real de 
um determinado tratamento. Ou seja, quanto menor esse número, melhor a terapia, 
já que menos pessoas precisam usar o medicamento para que uma seja curada 
de determinada doença. Caso per cebamos que a terapia instituída causa lesão 
em vez de tratar, precisamos estipular o número necessário para causar lesão 
(NNL), que corresponde a quantas pessoas são necessárias utili zar determinado 
medicamento para sofrer tal lesão. 
Observe então as fórmulas desses conceitos tão importantes: 
RAR = X – Y
RRR = 1 – RAR
NNT =
1
RAR
Introdução à Epidemiologia   22
MEDIDAS DE
ASSOCIAÇÃO
MAPA MENTAL: MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO
ODDS RATIO
REDUÇÃO DO RISCO
ABSOLUTO
RISCO RELATIVOsemelhantes
REDUÇÃO DO
RISCO RELATIVO
NÚM. NECESSÁRIO
AO TRATAMENTO
ESTUDOS
EPIDEMIOLÓGICOS
RAZÃO DE
PREVALÊNCIA
RISCO ATRIBUÍVEL
NA POPULAÇÃO
INTERVALO
DE CONFIANÇA
RISCO
INCIDÊNCIA
COORTE
ESTIMATIVA
CASO CONTROLE
EXCESSO DA
OCORRÊNCIA
IMPACTO
PREVALÊNCIA
TRANSVERSAIS
MORTES NO
EXPERIMENTAL
MORTES NO
CONTROLE
TRATAMENTO
ENSAIO CLÍNICO
BENEFÍCIO DA
TERAPIA
PRECISÃO
ESTATÍSTICA
↓ RISCO DE MORTE
EXPOSTOS
RISCO DESFECHO
NÃO EXPOSTOS
EXPOSTOS
NÃO EXPOSTOS
Necessidade de
Em decorrência da
DESFECHO
RISCO ATRIBUÍVEL
AO FATOR
VARIAÇÃO DE
RESULTADOS
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   23
8. TESTES DIAGNÓSTICOS 
Os testes diagnósticos podem ser definidos em três tipos clínicos: 
• Rastreamento de doença em pes soas assintomáticas 
• Diagnóstico de doença em pessoa com suspeita 
• Avaliar a progressão da doença ou resposta ao tratamento 
Além disso, eles podem ser classi ficados de acordo com o tipo do re sultado fornecido 
em quantitativos, nos quais o resultado é expresso em re sultados numéricos e qualitati-
vos, quando apresentam resultados des critivos e que dependem da percep ção humana. 
A apresentação de resultados numé ricos permite a realização de estudos de per-
formance do teste, facilitando a compreensão de suas qualidades e limitações e das 
situações nas quais está indicado. 
As principais características de per formance dos testes diagnósticos com resulta-
dos numéricos são sensi bilidade, especificidade, valor pre ditivo (positivo e negativo), 
acurácia e razão de verossimilhança (positiva e negativa). 
 Conceito:  Sensibilidade: é a probabilidade de re sultado positivo 
nos doentes (verdadeiro positivo). 
Especificidade: é a probabilidade de re sultado negativo nos não doentes (ver-
dadeiro negativo). 
Valor preditivo positivo: é a probabili dade da presença da doença quando o teste 
é positivo. 
Valor preditivo negativo: é a probabi lidade da ausência de doença quando o teste 
é negativo. 
Acurácia: é a probabilidade do teste for necer resultados corretos, ou seja, ser 
positivo nos doentes e negativo nos não doentes. 
A razão de verossimilhança (RV): é a probabilidade de um determinado resul tado 
em alguém com a doença dividida pela probabilidade do mesmo resultado em 
alguém sem a doença. 
Introdução à Epidemiologia   24
DOENTE NÃO DOENTE TOTAL
POSITIVO A B (A + B)
NEGATIVO C D (C + D)
TOTAL A + C B + D N (A + B + C + D)
Tabela 5. Testes diagnósticos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Observe a tabela acima. A performance dos testes diagnósticos é calculada com 
as seguintes fórmulas: 
SENSIBILIDADE = 
A
A + C
ACURÁCIA = 
A + D
N
ESPECIFICIDADE = 
D
B + D
VALOR PREDITIVO POSITIVO =
A
A + B
VALOR PREDITIVO NEGATIVO =
D
C + D
RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA POSITIVA =
SENSIBILIDADE
1 – ESPECIFICIDADE
RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA NEGATIVA =
1 – SENSIBILIDADE
ESPECIFICIDADE
A sensibilidade e a especificidade são medidas de pouco valor clíni co, pois descre-
vem a proporção do resultado positivo ou negativo em quem sabidamente está ou não 
doente. Por este motivo é necessá rio outro exame, considerado como padrão-ouro, na 
diferenciação entre doente e não doente. Porém elas são fundamentais para a avaliação 
ini cial de um novo teste, já que não são influenciadas pela prevalência da doença. Elas 
podem ser utiliza das em diferentes populações para comparar o potencial diagnóstico 
de testes diferentes. 
Introdução à Epidemiologia   25
Os valores preditivos positivos e negativos contêm informações so bre o poder do 
teste (sensibilidade e especificidade) e da população a ser examinada (prevalência 
da doença), sendo uma medida de maior utilida de clínica. Por outro lado, por serem 
dependentes da prevalência da do ença, não podem ser generalizados para pacientes 
com perfil diferente daquele do estudo clínico inicial e não permitem a comparação 
entre dife rentes testes diagnósticos. 
A razão de verossimilhança, por tra tar-se de uma razão entre a probabi lidade de 
um determinado resultado do teste em pessoas doentes sobre o mesmo resultado 
em pessoas sa dias, fornece seu resultado sob a for ma de um valor relativo, ou seja, 
um número sem unidade, permitindo en tão sua utilização em fórmulas de cálculo de 
probabilidade de doença após combinação de testes. 
Além disso, a razão de verossimilhan ça. Pode ser utilizada em testes diagnósticos 
com resultados contínuos e permite o cálculo de ta belas e nomogramas que auxiliam o 
refinamento diagnóstico, levando -se em consideração características próprias de cada 
paciente. Sua prin cipal desvantagem é a dificuldade de ser calculado, principalmente 
em situações clínicas. 
A acurácia é uma característica prin cipalmente utilizadaquando se de seja transfor-
mar um teste com re sultados numéricos contínuos em testes dicotômicos, através da 
de terminação de um ponto de corte. 
9. APLICAÇÃO CLÍNICA 
Mas o que fazer com toda essa infor mação? A necessidade clínica é en tender 
a utilidade de um teste diag nóstico para o rastreamento das populações sadias, 
para o diagnóstico de uma determinada doença em pessoas com suspeita ou para 
avaliar a progressão ou resposta a um determinado tratamento. Um teste com alta 
especificida de é excelente quando a intenção é o diagnóstico de uma doença, como 
nos casos de exames de rastreamen to, porque terá mais impacto no valor preditivo 
positivo. Ou seja, se o teste der resultado positivo é muito pou co provável que a 
pessoa não este ja, de fato, doente. 
Um teste com alta sensibilidade é excelente quando a intenção é afas tar o diagnósti-
co de uma doença ou condição, como em pa ciente suspeito de recidiva ou pro gressão, 
porque terá mais impacto no valor preditivo negativo. Ou seja, se o teste der resultado 
negativo é muito pouco provável que a pessoa esteja, de fato, doente. 
Quando temos um teste com resul tado quantitativo contínuo, existem duas formas 
de utilização clínica: transformá-lo em teste dicotômicos através da escolha de um 
ponto de corte que defina os resultados po sitivos e negativos ou o uso da razão de 
verossimilhança na detecção da probabilidade da presença de uma doença, de acordo 
com o resultado atual do teste. A transformação de um teste com resultado quantitativo 
contínuo em teste dicotômico é feita geralmente através de utilização da curva ROC. 
Introdução à Epidemiologia   26
10. CURVA DE ROC 
A curva ROC define as características operacionais de um teste com valores numéri-
cos contínuos. Ela mostra a relação entre sensibilidade e espe cificidade que um teste 
diagnóstico pode ter, além de falar a favor da acurácia desse teste. 
A curva ROC é traçada colocando-se no eixo das abscissas (x) as probabi lidades de 
ocorrência de resultados falso positivos, que também pode ser expresso como espe-
cificidade. No eixo das ordenadas (y) colocamos as probabilidades de ocorrência de 
resultados verdadeiro positivos que também podem ser expressos como a sensibilidade. 
Neste tipo de representação, a área sob a curva define a proba bilidade do teste em 
detectar os verdadeiro positivos e os verdadeiro negativos, ou seja, expressa a acu-
rácia do teste. 
A linha traçada em diagonal, a 45°, expressa a acurácia de 50% e sig nifica que o teste 
é tão bom quanto qualquer escolha ao acaso. O ponto de maior acurácia do teste é 
aque le situado a maior distância da linha dos 45°. 
Introdução à Epidemiologia   27
FLUXOGRAMA 4 “REVISÃO DOS TESTES DIAGNÓSTICOS”
TESTES
DIAGNÓSTICOS
PERFORMANCE
CURVA DE ROC
TIPOS CLÍNICOS
RESULTADO
SENSIBILIDADEA
A + C
D
B + D
A + D
N
MAIOR UTILIDADE
CLÍNICA
POSITIVO NEGATIVO
ESPECIFICIDADE
ACURÁCIA
VALOR PREDITIVO
NEGATIVA
1 – SENSIBILIDADE
ESPECIFICIDADE
POUCO VALOR
CLÍNICO
A
A + B
D
C + D
POSITIVA RASTREAMENTO
DIAGNÓSTICO
SEGUIMENTO
QUANTITATIVOS
QUALITATIVOS
SENSIBILIDADE
1 – ESPECIFICIDADE
RAZÃO DE
VEROSSIMILHANÇA
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   28
11. COMPORTAMENTO EPIDÊMICO 
E A PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
Conceitos básicos 
Os casos de uma doença podem ser definidos em casos confirmados e casos sus-
peitos, casos autóctones e casos alóctones. 
Os casos autóctones são aqueles que foram diagnosticados onde fo ram originados. 
Os casos alóctones são aqueles que foram diagnostica dos em um local diferente de 
onde foi originado. 
 Conceito:  Autóctone: Aquilo que é natural da região ou do território 
em que habita; nativo. 
Alóctone: Aquilo que não tem suas ori gens no lugar onde existe.
Uma doença pode ser transmitida através de uma transmissão direta, de pessoa 
para pessoa, e indireta, através de um vetor. Além disso, a trans missão direta pode ser 
imediata, na qual uma pessoa transmite direta mente para outra, como doenças se-
xualmente transmissíveis; ou media ta, na qual uma pessoa “joga” o agente etiológico 
no meio e a outra “capta” esse agente etiológico, como nos ca sos de coronavírus, que 
é transmitido através de aerossóis. 
Os agentes etiológicos podem ser classificados quanto a sua infectividade, pa-
togenicidade e vi rulência, sendo que a infectividade é a capacidade que um agente 
etioló gico tem de se alocar e se multiplicar em um organismo. A patogenicidade é a 
capacidade que um agente etioló gico tem em fazer uma pessoa adoe cer. Já a virulência 
é a agressivida de de um agente etiológico, ou seja, a capacidade que ele tem em gerar 
uma manifestação grave. 
Com relação a uma infecção, o seu poder invasivo é a capacidade dela se disse-
minar entre órgãos e siste mas. A imunogenicidade é a capaci dade de gerar resposta 
imunológica em uma pessoa infectada. 
Os termos resistência e suscetibilidade têm relação com o hospedeiro e eles são 
opostos: a resistência é a capacidade que esse hospedeiro tem em resistir a uma de-
terminada do ença e a suscetibilidade é a incapa cidade desse hospedeiro. 
Introdução à Epidemiologia   29
Surto X epidemia X endemia X pandemia 
O objetivo de médicos, junta médica ou até do governo é de controlar de terminada 
doença. Para tal, a epide miologia avalia a forma dessa doença se apresentar na so-
ciedade: o nú mero de casos, a época que ela mais ocorre, a relação com um vetor etc. 
Uma determinada doença pode estar erradicada, quando ela não ocorre mais em 
nenhum local do planeta; pode estar eliminada, quando existe uma erradicação local 
(em algum lu gar específico); ou controlada, quan do existe uma diminuição ou manu-
tenção no número de casos dessa doença. 
Os conceitos dos termos epidemia, endemia e pandemia confundem bastante as 
pessoas. Para enten dermos melhor e de maneira mais fácil esses conceitos, devemos 
nos perguntar: 
A doença em questão está em seu comportamento normal? Se sim, é uma endemia. 
Uma doença endêmica é aquela que é comum de um determinado es paço geográ-
fico. Ainda que existam muitos casos dessa doença, é normal para aquela localidade. 
A doença em questão está com um comportamento atípico? Se sim, é uma epidemia 
ou um surto. 
Quando temos um comportamen to normal de uma doença, ainda que com muitos 
casos, mas esse número aumenta em grande quantidade, estamos diante de ou uma 
epidemia ou um surto. 
Um surto é quando aumenta mui to o número de casos, porém em um local espe-
cífico. Já uma epidemia é quando esse número aumenta em várias regiões de uma 
determinada localização. 
A doença em questão está em todo o planeta? Se sim, é uma pandemia.
Uma pandemia é quando ocor re a manifestação de uma doença em caráter epidê-
mico em vários continentes. 
 Saiba mais!  A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, 
em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus 
(COVID-19) constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, 
o mais alto nível de alerta da organização, conforme previsto no Regulamento 
Sanitário Internacional. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada 
pela OMS como uma pandemia.
Introdução à Epidemiologia   30
FLUXOGRAMA: SURTO X EPIDEMIA X ENDEMIA X PANDEMIA
AUMENTO INESPERADO DO NÚMERO
DE INFECTADOS POR DETERMINADA
DOENÇA EM UMA REGIÃO ESPECÍFICA
SURTO
OCORRE QUANDO O NÚMERO DE SURTOS
CRESCE, ABRANGENDO VÁRIAS REGIÕES
DE UMA DETERMINADA LOCALIZAÇÃO
EPIDEMIA
O TERMO NÃO TEM RELAÇÃO COM SURTOS, 
MAS SIM COM A PERMANÊNCIA DE UMA 
DETERMINADA DOENÇA EM UMA 
ÁREA POR ANOS
ENDEMIA
ACONTECIMENTO DE NÚMEROS DE CASOS
ACIMA DO ESPERADO PARA UMA 
DETERMINADA DOENÇA EM VÁRIOS 
CONTINENTES
PANDEMIA
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   31
Figura 2. Curva de nível epidêmico. 
Fonte: Acervo do autor
A curva de nível epidêmico mos tra que uma doença existe em um determinado 
espectro. Quando ela ultrapassa o limiar epidêmico, con sideramos que existe uma 
epidemia. Comisso, podemos observar que existe um coeficiente de incidência que 
mostra o “normal” dessa doen ça. Algumas doenças terão uma in cidência normalmente 
alta, o que faz com que o limiar epidêmico delas seja também alto. Já outras terão o 
seu li miar epidêmico mais baixo, mostran do que apenas poucos casos dessas doenças 
já conferem uma epidemia. 
O nível endêmico é calculado atra vés da incidência de determinada doença nos 
últimos 10 anos. A mé dia das incidências dos últimos 10 anos, desconsiderando 
possíveis epidemias ou surtos (1,96 para cima ou para baixo), corresponde ao nível 
endêmico dessa doença. 
Olhando na imagem acima, temos também o termo “progressão” no eixo das 
abscissas. A progressão dirá se uma epidemia é explosiva ou len ta. Caso a progressão 
seja muito rá pida, a epidemia é classificada como explosiva; caso seja mais demorada, 
a epidemia é classificada como lenta. 
Introdução à Epidemiologia   32
 Se liga!  Uma epidemia também pode ser classificada em progressiva 
ou de fonte comum. 
Epidemia progressiva é aquela em que a doença é transmitida de hospedeiro para 
hospedeiro, havendo uma eleva ção progressiva da incidência até che gar à incidên-
cia máxima.Já a epidemia de fonte comum é aquela que a doen ça é transmitida 
através de um vetor, como a água contaminada; em que se chega rapidamente à 
incidência máxima. 
Tipos de prevenção 
A prevenção das enfermidades tem como objetivo diminuir o risco do paciente adquirir 
determinada doença, bem como possíveis complicações. A prevenção, de acordo com a 
medicina preventiva, está classificada como primária, se cundária, terciária e quaternária. 
A prevenção primária busca retirar agentes causais e de risco de determinada con-
dição de saúde antes da sua ocorrência. A prevenção primária pode ser exemplificada 
pela promoção da saúde e proteção específica, como a imunização, orienta ção de 
atividade física para diminuir chance de desenvolvimento de obe sidade etc. 
A prevenção secundária busca identificar um problema de doença em suas fases 
iniciais, no indi víduo ou na população, facilitando o diagnostico definitivo, o tratamen-
to e reduzindo ou prevenindo sua disse minação e os efeitos de longo prazo, como o 
rastreamento e diagnóstico precoce. 
A prevenção terciária busca reduzir as consequências de um problema de saúde já 
estabelecido, incluin do reabilitação, como prevenir complicações do diabetes, reabilitar 
paciente pós-infarto ou aci dente vascular cerebral. 
O conceito de prevenção quaterná ria é relativamente novo e ele corres ponde a iden-
tificar pacientes com risco de intervenções iatrogênicas. 
Introdução à Epidemiologia   33
MAPA MENTAL: REVISÃO DO COMPORTAMENTO EPIDÊMICO E PREVENÇÃO DE DOENÇAS”
PREVENÇÃO DE DOENÇAS
INFECÇÃO
↑ NÚMERO
ESPERADO DE CASOS
INFECTIVIDADE
MEDIATA PESSOA-PESSOA
IMEDIATA
PRIMÁRIA
PROTEÇÃO
ESPECÍFICA
RASTREAMENTO
PROMOÇÃO
DE SAÚDE
DIAGNÓSTICO
PRECOCE
REABILITAÇÃO
PREVENÇÃO
À IATROGENIA
SECUNDÁRIA
TERCIÁRIA
QUATERNÁRIA
COMUM EM UM
DETERMINADO 
LOCAL
MEIO
VETOR
DIFERENTE DE ONDE 
FOI ORIGINADO
ONDE FORAM
ORIGINADOS
ALOCAR E MULTIPLICAR
VIRULÊNCIA
INDIRETA
SUSPEITOS
CONFIRMADOS
FAZER ADOECER
PATOGENICIDADE
IMUNOGENICIDADEGERAR RESPOSTA
IMUNOLÓGICA
RESISTIR A UMA
DOENÇA
DISSEMINAÇÃO
INCAPACIDADE SUSCETIBILIDADE
AGRESSIVIDADE
MAIS REGIÕESUMA REGIÃO TODO PLANETA
capacidade de
capacidade de
COMPORTAMENTO
EPIDÊMICO
SURTO EPIDEMIA PANDEMIA ENDEMIA
CASOS
DIRETA
ALÓCTONES
AUTÓCTONES
HOSPEDEIRO
RESISTÊNCIA
TRANSMISSÃOAG. ETIOLÓGICO
DIAGNÓSTICO
PODER
INVASIVO
Fonte: Elaborado pelo autor
Introdução à Epidemiologia   34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bonita, R. Epidemiologia básica. 2.ed. São Paulo, Santos. 2010
CARVALHO et al. Epidemiologia. Conceitos e aplicabilidade no sistema único de saúde. 
São Luís. 2017 
Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília. 7 ed 
Montilla, D. E. R. Noções básicas da epidemiologia 
VERAS, RP., et al., orgs. Epidemiologia: contextos e pluralidade. Rio de Janeiro: Editora 
FIO CRUZ, n°4. 
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	5.	PREVALÊNCIA X INCIDÊNCIA 
	6.	ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
	7.	MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO –ANÁLISE DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
	8.	TESTES DIAGNÓSTICOS 
	9.	APLICAÇÃO CLÍNICA 
	10.	CURVA DE ROC 
	11.	COMPORTAMENTO EPIDÊMICO E A PREVENÇÃO DE DOENÇAS 
	Referências bibliográficas

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