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Taciano Fontes Filho
2022.1
Neonatologia
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SOBRE O MATERIAL
Resumos feitos com muita dedicação por um interno de
medicina, ligante da Liga de Reumatologia (LAR),
ex-ligante da Liga de Farmacologia (LAFAM)
e ex-Monitor de Semiologia II.
O seguinte material foi produzido utilizando informações
colhidas das principais referências utilizadas pelos
professores de cada disciplina do respectivo período,
foram acrescidos também ensinamentos transmitidos em
sala de aula.
Espero que esses resumos possam lhe ajudar tanto
quanto me ajudaram. Caso encontre alguma informação
errada ou desatualizada, peço que repasse ao colega e
perdão pelo erro.
Taciano Fontes Filho, aluno da MED XII UNIFIP
Obrigado pela confiança, bons estudos e
Deus te abençoe!
Semiologia do Recém Nascido
Reanimação Neonatal
Triagem Neonatal
Alojamento Conjunto
Principais Distúrbios Respiratórios do RN
Distúrbios Genéticos
Prematuridade
Principais Distúrbios da Prematuridade
Icterícia Neonatal
TORCHs
Transmissão Vertical do HIV
Cardiopatias Congênitas
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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS
MEDGRUPO, Medcurso 2020.
SBP. Tratado de Pediatria. Editora Manole, 4ª edição, 2017;
Informações extras de artigos, aulas e materiais avulsos
Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Para a assistência ao recém-nascido na sala de
parto, é importante obter informações acerca do
período antenatal e intraparto.
Classificação do RN
A primeira avaliação do RN ocorre imediatamente
após o seu nascimento, ao lhe ser atribuído o
escore de Apgar, que vai de 0 a 10. O escore é
atribuído no 1° e no 5° minutos após o nascimento.
O escore menor do que 7 no 5° minuto deve
ser repetido a cada 5 minutos até completar
20 minutos, e pode indicar hipóxia ou anoxia.
Além do Apgar, após o nascimento é importante
verificar a ausência de má-formação, além de
avaliar e classificar do RN quanto ao peso e à idade
gestacional.
Pré-termo: x 42 semanas.
O método Capurro estima a idade gestacional por
meio de parâmetros somáticos e neurológicos,
sendo aplicável para RN com 29 semanas ou mais,
calculada pela total de pontos + 204.
A avaliação do RN prematuro foi proposto o escore
New Ballard, a soma de todos os 12 critérios
representa a maturação neuromuscular e física do
feto.
Semiologia do Recém-Nascido
Anamnese
Exame Físico
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Taciano Fontes Filho
Medidas Antropométricas
Peso: a maioria dos RN no termo possui peso entre
2,7kg e 4kg, com a média girando em torno de
3,4kg. Normalmente o RN pode eliminar até 10%
do seu peso nos primeiros 5 dias devido à perda de
líquido extracelular, mecônio e adequação ao
padrão alimentar extraútero.
Peso bom: > 2500g; Baixo Peso: 1501-2500g;
Muito Baixo Peso: 1001-1500g; Extremo Baixo
Peso: 90%).
Estatura: o comprimento médio do recém-nascido
está entre 48 e 53cm.
Perímetro Cefálico e do Tórax: o PT, em RN no
termo, mede entre 30 e 33cm e é
aproximadamente 2cm menor do que PC, o qual,
em RN a termo saudável, mede entre 32 e 37cm.
Cabeça
Inicialmente observa o formato da cabeça, deve-se
medir as fontanelas.
Fontanela posterior: mede cerca de 0,5cm,
fechando-se pouco tempo depois;
Fontanela anterior: tem de 1 a 5cm,
normalmente não se fecha antes de 18 meses
de idade.
Em parto cesáreo geralmente a cabeça é
arredondada, enquanto que por via vaginal pode
alterar devido ao cavalgamento.
O caput succedaneum é uma alteração benigna
que se resolve em poucos dias, decorrente da
pressão do cérvix materno sobre o crânio.
O cefaloematoma é um sangramento
subperiósteo.
Face e pescoço
Deve-se avaliar a simetria facial, edema palpebral
e traços familiares.
O pescoço do RN é relativamente curto e pode ser
palpado, observando sua simetria e
movimentação.
Além disso, deve-se palpar as clavículas, devendo
estar intactas e sem crepitações ou edema.
Nariz
Deve considerar localização, forma, simetria,
patência, lesões e sinais de trauma. Também pode
avaliar a permeabilidade da respiração.
O batimento de aletas nasais pode sinalizar a
presença de dificuldade respiratória.
Boca
Deve-se inspecionar o tamanho da língua, seu
formato, cor, presença de massas e frênulos
linguais, dentição congênita, sendo avaliado tanto
em repouso quanto no choro.
A velocidade de resposta e a intensidade do refluxo
de sucção e a secreção bucal também devem ser
avaliadas.
Tórax
É avaliado quanto ao tamanho, à simetria, ao
formato, à estrutura óssea, ao número e
localização dos mamilos e ao padrão respiratório.
Aparelho Respiratório
Ao se auscultar os pulmões, normalmente os sons
respiratórios são audíveis e claros e a entrada de ar
é simétrica. O padrão respiratório periódico é
irregular e pode apresentar pausas que duram de
5 a 15s.
Sons respiratórios assimétricos pode indicar
presença de pneumotórax, hérnia diafragmática
ou outra patologia pulmonar.
Roncos e estridores ocorrem mediante algum grau
de obstrução das vias aéreas.
Gemidos expiatórios é produzido pela tentativa de
passagem do ar dentro dos pulmões na expiração
e evitar um colapso alveolar. Indica alteração
respiratória.
Leves retrações subcostais podem ser observados
em RN saudáveis devido à reduzida complacência
das costelas.
Aparelho Cardiovascular
Deve-se avaliar os sons cardíacos quanto à
regularidade, frequência, localização do ponto de
maior intensidade e presença de murmúrio ou
sopro.
A FC normal do recém-nascido no termo é de 120-
160bpm. Durante o sono profundo a FC de um RN
no termo pode ficar entre 80-90bpm.
Abdome
Deve-se inspecionar contorno, tamanho, simetria,
peristaltismo e localização e anatomia do cordão
umbilical.
Com a palpação observa-se as massas, localização
e tamanho das vísceras (fígado, baço e rins) e tônus
da parede abdominal.
Sons intestinais podem ser identificados.
No cordão umbilical deve-se investigar a existência
de duas artérias e uma veia umbilical.
O seu alargamento decorrente da presença de
parte do tecido intestinal, indicando onfalocele.
Importante não confundir com a gastrosquise
que acontece na porção paraumbilical.
Região Anogenital
Busca caracterizá-la como masculina ou feminina e
o períneo deve ser liso e não possuir fístula. Deve-
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Taciano Fontes Filho
se considerar que a IG interfere na aparência da
genitália externa.
A inspeção visual do ânus é suficiente, bem como a
eliminação de mecônio. Pode ser feita a introdução
de uma sonda para investigar fístulas.
Genitália masculina: o tamanho do pênis de um RN
no termo é de 2,5-3,5 cm. Deve-se examinar a
glande, buscando identificar edema e a localização
do meato uretral. Fimose fisiológica é comum. O
saco escrotal abriga 2 testículos de 1-1,5cm cada,
podendo ser maiores se acompanhados de
hidrocele.
Genitália feminina: deve ser avaliada quanto à sua
estrutura externa, localização do meato uretral e o
clitóris. Um corrimento vaginal esbranquiçado ou
sangramento, pode estar presente nos primeiros
dias, como resultado dos hormônios maternos.
Extremidades
Avalia-se a atitude ou postura de repouso, bem
como a avaliação dos reflexos. Deve observar
também a presença de tremores, maturidade
neuromuscular e simetria. Os testes de Barlow e
Ortolani são realizados para avaliar a integralidade
do quadril (investiga a displasia/luxação de quadril)
Em uma criança em alerta deve ser avaliado o
tônus. Braços e pernas também devem ser
avaliados quanto à simetria, força, amplitude do
movimentos e digitais.
Dorso e coluna vertebral
A inspeção é feita com o RN em decúbito ventral.
Espera-se que não
o que depende da região do Brasil
(Nordeste – de fevereiro a julho).
Visa a uma mudança no paradigma da atenção ao
RN de baixo peso, da sua mãe e da sua família,
trazendo para o cerne dessa proposta uma
abordagem interdisciplinar, humanizada,
caracterizada por forte conhecimento das
questões psicoafetivas e biológicas que envolvem
a gestação, o nascimento e o cuidado pós-natal de
um bebê de baixo peso.
Posição canguru: consiste em manter o recém-
nascido de baixo peso em contato pele a pele, na
posição vertical, junto ao peito dos pais ou de
outros familiares. Seus benefícios são:
1ª Etapa
Tem início no pré-natal da gestação, que necessita
de cuidados especializados durante o
parto/nascimento, seguido da internação do RN na
UTI neonatal ou na Unidade de Cuidado
Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo).
A 1ª etapa termina quando o RN se encontra
estável e pode contar com o acompanhamento
contínuo da mãe na 2ª etapa.
Critérios para ingresso na unidade canguru:
Relativos ao bebê: estabilidade clínica; nutrição
enteral plena; peso mínimo de 1250g.
Relativos à mãe: desejo de participar,
disponibilidade de tempo e de redes de apoio;
capacidade de reconhecer sinais de estresse e
situações de risco do RN; e conhecimento e
habilidade para manejar o bebê em posição
canguru.
2ª Etapa
É realizada na Unidade de Cuidados Intermediários
Canguru (UNINCa), garantindo todos os processos
de cuidado já iniciados na 1ª etapa, com especial
atenção ao aleitamento materno.
FM 85: é um suplemento alimentar à base de
proteinashipoalergênicas, maltose-dextrina e
minerais, de modo a atender os requerimentos
nutricionais específicos de bebês prematuros.
Deve ser adicionado 5g de FM 85 em 100 ml de
leite humano.
A alta da 2ª etapa representa a alta hospitalar, mas
não do método canguru, o qual deverá ter
continuidade em casa, com acompanhamento
ambulatorial.
Critérios para alta hospitalar:
Mãe segura, psicologicamente motivada, bem
orientada, e familiares conscientes quanto ao
cuidado domiciliar do bebê.
Antes era recomendado o peso mínimo de
1600g, com ganho de peso adequado nos 3 dias
que antecederam a alta. Atualmente, o peso
não é mais critério, sendo preconizado a
estabilidade hemodinâmica, controle térmico,
amamentação eficaz e exame físico normal.
3ª Etapa
Inicia com a alta hospitalar.
Implica na utilização da posição canguru e no
acompanhamento do bebê pela equipe que o
assistiu durante a internação até que alcance o
peso de 2.500 g.
Deve-se orientar o primeiro retorno até 48h após a
alta e os demais no mínimo 1 vez por semana. Essa
frequência pode ser adaptada às condições clínicas
do bebê e ao grau de integração e suporte
oferecidos pelas ESF.
Ao atingirem o peso de 2.500 g, os RNs serão
avaliados e, de acordo com a mesma, respeitando
os critérios de elegibilidade para
acompanhamento especializado, serão
encaminhados para ambulatórios de seguimento
ou de reabilitação, havendo sempre a garantia de
todos os cuidados propostos pela Atenção Básica.
Critérios de Alta:
Demonstrar estabilidade fisiológica;
Conhecimento e habilidade dos pais e/ou
cuidadores para alimenta-lo, prestar cuidados
básicos do dia a dia de prevenção, administrar
medicações e detectar sinais e sintomas de
doenças.
Estiver concluído o plano de alta e tomadas as
providências para que as necessidades relativas
ao cuidado domiciliar e médico sejam
devidamente atendidas.
Tiver garantido o acesso a seguimento
ambulatorial para monitorização de
Método Canguru
Alta e Seguimento
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Taciano Fontes Filho
crescimento, do desenvolvimento e intervenção
preventiva terapêutica.
As 3 competências fisiológicas consideradas
essenciais para a alta do prematuro:
Capacidade para alimentar-se exclusivamente
por via oral, sem apresentar engasgo, cianose ou
dispneia, em quantidade suficiente para garantir
um crescimento adequado (mínimo de 20
gramas por dia), por pelo menos 3 dias
consecutivos.
Capacidade de manter temperatura corporal
normal, estando vestido e em berço comum, a
uma temperatura ambiente de 20-25°C.
Função cardiorrespiratória estável e
fisiologicamente madura, sem apneia ou
bradicardia por um período de 8 dias.
Seguimento em follow up:
Primeira consulta: 7 a 10 dias após a alta;
Revisões mensais: até 6 meses de idade
corrigida.
Revisões bimestrais ou trimestrais: 6 aos 12
meses de idade corrigida.
Revisões trimestrais: 13-24 meses;
Revisões semestrais: 2 a 4 anos de idade
cronológica;
Revisões anuais: dos 4 anos até a puberdade.
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Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Retardo de absorção de líquido alveolar
Nas situações em que esse líquido não é absorvido,
leva à dificuldade respiratória no período neonatal.
Muito frequente em partos operatórios eletivos na
ausência de trabalho de parto e em quadros de
asfixia perinatal, o retardo de absorção do líquido
alveolar pode acontecer também em pré-termo,
principalmente nos tardios.
Síndrome do Desconforto Respiratório
A sua fisiopatologia está relacionada à deficiência
de surfactante intra-alveolar, o que leva ao
colabamento dessas estruturas, alterando a
relação ventilação-perfusão e provocando
hipoxemia.
Os sinais de desconforto respiratório surgem logo
após o nascimento e intensificam-se se medidas
adequadas não forem prontamente tomadas.
A administração à gestante com risco de parto
prematuro de corticoide antenatal é a principal
medida preventiva para diminuir a prevalência
desses casos.
Após o nascimento, a utilização de surfactante
exógeno por via endotraqueal e o estabelecimento
de suporte respiratório com pressão positiva
contínua nas vias aéreas, por pronga nasal ou por
entubação traqueal, são medidas fundamentais no
tratamento.
Ver resumo “Distúrbios Respiratórios no RN”.
Doença Pulmonar Crônica (displasia
broncopulmonar)
Vários fatores, além da imaturidade pulmonar,
estão envolvidos na gênese: fatores inflamatórios,
fatores infecciosos, uso do oxigênio e de ventilação
mecânica.
O tratamento com surfactante pulmonar exógeno
na SDR aumentou o número de sobreviventes sem
doença pulmonar crônica.
Apnéia da prematuridade
Pode ser definida como uma interrupção do fluxo
de ar por um período de 15 a 20 segundos. É
classificada de forma central ou obstutriva.
Tratamento: Tanto a aminofilina quanto a cafeína
(ataque: 6mg/kg/dose; manutenção:
1,5mg/kg/dose 12/12h, até o último episódio) são
utilizadas, assim como o uso de CPAP.
É uma doença metabólica que leva a alterações no
processo de mineralização óssea, cursando com
fragilidade do suporte estrutural do esqueleto, e
nos casos mais graves, ocasionando aparecimento
de fraturas espontâneas.
Fatores de risco: peso
um shunt de sangue
arterializado para a árvore pulmonar através da
artéria pulmonar. Como a pressão da aorta é muito
maior que na artéria pulmonar, tanto na sístole,
quanto na diástole, sempre ocorre passagem de
sangue da aorta para a artéria pulmonar,
provocando hiperfluxo pulmonar e ICC.
Incidência de PCA:
Principais Distúrbios da Prematuridade
Distúrbios do Sistema Respiratório Osteopenia da Prematuridade
Persistência do Canal Arterial (PCA)
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Taciano Fontes Filho
Quadro Clínico
Pulsos amplos, precórdio ativo, aumento de
pressão de pulso, diferença entre PS e PD maior
que 25-30 mmHg, ICC, taquicardia/taquipneia,
hepatomegalia e sopro contínuo.
Diagnóstico
O padrão ouro é o ecocardiograma.
O raio X de tórax pode apresentar alterações,
evidenciando aumento da trama vascular,
aumento das câmaras cardíacas esquerdas.
Tratamento
Deve-se manter o RN em restrição hídrica e utilizar
respirador com pressão positiva no final da
expiração (PEEP).
Tratamento Farmacológico:
Indometacina EV ou por sonda gástrica por 3
dias. Não recomendada para
(UGT).
A BD são pigmentos hidrossolúveis e
suficientemente polares para serem excretados
pela bile ou filtrados pelos rins.
Com a bile, a BD chega ao intestino delgado onde,
no adulto e na criança maior, será reduzida a
estercobilina pela presença de bactérias da flora
local e uma pequena quantidade será
desconjugada pela enzima betaglicuronidase.
Neste caso, forma-se novamente BI, que pode ser
reabsorvida pela circulação êntero-hepática.
Zonas de Kramer
Faz uma correlação entre a progressão
craniocaudal com os valores de BI.
Zona I: 4-8 mg/dl; Zona II: 5-12 mg/dl; Zona III:
8-16 mg/dl; Zona IV: 11-18 mg/dl; Zona V: > 15
mg/dl.
Introdução
É um quadro comum, benigno e autolimitado,
causado pelo aumento da bilirrubina indireta (BI)
devido:
Sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito: ocorre
pela maior quantidade proporcional de
hemoglobina encontrada no RN e pela menor
meia-vida das hemácias (a meia-vida é de 70-90
dias, enquanto no adulto é de 100-120 dias).
Além disso, a reabsorção entérica da BI também
está aumentada.
Diminuição da captação e conjugação
hepáticas, por imaturidade dos sistemas
enzimáticos.
Reflete uma adaptação neonatal ao metabolismo
da bilirrubina.
Quadro Clínico
No quadro de icterícia fisiológica em um RN a
termo, a icterícia costuma ser visível entre o 2º e o
3º dia de vida, com um pico nos níveis de BI entre
o 2º e o 4º dia de vida (5 mg/dL). Geralmente a
melhora acontece em torno do 7º dia.
A presença de algumas alterações torna necessária
a avaliação de alguma causa subjacente:
Icterícia que surge nas primeiras 24-36 horas de
vida;
Níveis séricos de bilirrubina que aumentam
numa taxa maior do que 5 mg/kg/dia;
Níveis séricos de bilirrubina maiores do que 12
mg/dl em um RN a termo ou 14 mg/dl em um RN
pré-termo;
Icterícia que persiste por mais do que 10-14 dias;
Aumento nos níveis de BD.
Fatores de Risco
Maiores:
Bilirrubina total sérica ou transcutânea na zona
de alto risco antes da alta hospitalar;
Icterícia observada nas primeiras 24 horas;
Incompatibilidade sanguínea ou outras doenças
hemolíticas conhecidas;
Idade gestacional entre 35 e 36 semanas;
Icterícia Neonatal
Introdução Icterícia Fisiológica
Quadros Não Fisiológicos
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Taciano Fontes Filho
Irmão com icterícia neonatal tratado com
fototerapia;
Céfalo-hematoma ou equimoses;
Aleitamento materno exclusivo, especialmente
se há problemas com a amamentação e a perda
ponderal for excessiva (> 7% do peso);
Etnia asiática.
Menores:
Bilirrubina total sérica ou transcutânea na zona
de risco intermediário-alto antes da alta
hospitalar;
Idade gestacional entre 37 e 38 semanas;
Icterícia observada antes da alta hospitalar;
Irmão com icterícia neonatal;
Macrossomia ou mãe diabética;
Idade materna maior ou igual a 25 anos;
Sexo masculino.
Diagnóstico
A investigação diagnóstica poderá ser norteada
pela fração da bilirrubina que se encontra
aumentada, em
indicar vesícula
não identificada ou de pequenas dimensões e
visualização do sinal do "cordão triangular", uma
massa fibrótica de aspecto triangular que
representa uma vesícula contraída e presença do
ducto biliar comum fibroso.
Cintilografia hepatobiliar: na atresia, a captação
de tecnécio pelo fígado é normal, mas a excreção
dentro do intestino é ausente.
Biópsia hepática: se constitui na ferramenta
diagnóstica principal para diferenciação entre a
atresia e a hepatite.
Os pacientes com suspeita de atresia de vias
biliares devem ser submetidos a uma laparotomia
exploradora para realização de colangiografia
intraoperatória com o objetivo de determinar a
presença e o ponto de obstrução.
Aqueles que não possuem uma lesão obstrutiva
passível de correção cirúrgica deverão mesmo
assim realizar o procedimento de Kasai
(portoenterostomia), que consiste na anastomose
de uma alça intestinal em Y de Roux na árvore
biliar. O objetivo desta cirurgia é permitir uma
drenagem mínima de bile e descompressão da
árvore biliar, ainda que seja residual.
Visão Geral
Quando o nível sérico de bilirrubina se eleva de
maneira significativa (hemólise maciça,
eritroblastose), sua capacidade de ligação à
albumina e a outras proteínas plasmáticas fica
excedida, resultando em uma maior fração livre
lipossolúvel. Esta tem a capacidade de se difundir
e impregnar as células nervosas do encéfalo.
Algumas condições como asfixia neonatal, acidose
neonatal, instabilidade térmica, sepse e estados de
hiperosmolaridade, por lesarem a barreira
hematoencefálica, podem favorecer o
aparecimento da síndrome com um nível menor do
pigmento no plasma.
Quadro Clínico
A fase aguda, caracterizada pelas fases descritas
abaixo, surge em torno do segundo ao quinto dia
nos RNs a termo e pode aparecer até o sétimo dia
em pré-termos.
Fase 1: hipotonia, letargia, má sucção, choro
agudo durante algumas horas.
Fase 2: em que se instala hipertonia da
musculatura extensora (opistótono), convulsões
e febre.
Fase 3: de aparente melhora, em que a
hipertonia diminui ou cede e que se instala após
a primeira semana.
A forma crônica é caracterizada por:
Primeiro ano: hipotonia, hiper-reflexia
profunda, persistência do reflexo tônico-cervical
assimétrico e atraso motor;
Após o primeiro ano: síndrome extrapiramidal
(tremores, coreoatetose, balismo), surdez
neurossensorial.
O kernicterus corresponde ao achado
anatomopatológico da fase crônica
daencefalopatia bilirrubínica.
Diagnóstico
É feito pela dosagem de:
Bilirrubina total e frações;
Hemoglobina e hematócrito;
Reticulócitos;
Encefalopatia Bilirrubínica
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Taciano Fontes Filho
Tipagem Sanguínea mãe e do recém-nascido.
Fototerapia
Consiste na aplicação de luz de alta intensidade e
com espectro visível na cor azul na superfície
corpórea do RN em decúbito dorsal.
O comprimento de onda da luz é de 400-550 nm
na lâmpada fluorescente e 420-540 nm na LED.
Ela tem como função converter a bilirrubina tóxica
(4Z,15Z bilirrubina), através da fotoisomerização,
em um isômero facilmente excretado pela bile e
pela urina.
O seu efeito encontra-se em íntima relação com a
energia da luz emitida, com a distância entre a
lâmpada e o RN (no máximo 30 cm), com a área de
pele exposta e com o espectro da luz.
Indicação: depende do nível total de bilirrubina
sérica e o tempo de vida (horas) em que foi colhida.
(VER ADIANTE);
Indicação da Fototerapia de alta intensidade em
RN ≥ 35 semanas re-internados, de acordo com a
BT:
BT 17-19 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de
BT em 4-6h;
BT 20-25 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de
BT em 3-4h;
BT > 25 mg/dl: fototerapia imediata e coleta de
BT em 2-3h, enquanto prepara o material para
EST.
Suspensão da fototerapia com BT 1g/dl é marcador de doença
neurológica grave.
Lesões Oculares: As lesões são localizadas na
retina e na coroide, podendo complicar com
iridociclite, catarata, glaucoma, estrabismo,
nistagmo e descolamento de retina. A
coriorretinite (retinocoroidite) é o
comprometimento clássico mais frequente, sendo
uni ou bilateral.
A doença ocular é recorrente e progressiva,
podendo curar com ou sem tratamento.
Outras Alterações: Podemos encontrar
hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia,
trombocitopenia, anemia, pneumonite,
miocardite, síndrome nefrótica e alterações
ósseas.
Exames de Imagem
Radiografia simples de crânio: avalia a presença de
calcificações.
TC de crânio e USG transfontanela: Evidenciam
melhor a atrofia cortical e as dilatações
ventriculares, além de revelarem calcificações.
USG fetal: pode revelar hidrocefalia, calcificações
cerebrais e hepáticas, hepatoesplenomegalia,
ascite, cardiomegalia e anormalidades
placentárias.
Exames Laboratoriais
No feto: PCR em líquido amniótico, através da
amniocentese, que deve ser realizada entre a 17ª e
21ª semana.
No RN: ELISA (IgM, IgG).
Outros Exames
Avaliação oftalmológica (fundoscopia ocular);
Avaliação auditiva;
Hemograma: linfocitose com eosinofilia. Pode
haver anemia e trombocitopenia.
Análise do liquor: quando alterado, o liquor terá
aspecto xantocrômico, com elevados valores de
proteínas e baixos níveis de glicose.
Avaliação de função hepática.
Comprovação
do
Diagnóstico
(MS)
Persistência do IgG positivo após 12
meses de vida, independente da
presença de sintomas ou sinais;
Sinais e/ou sintomas sugestivos, filhos
de mãe com IgG positivo;
Crianças cujas mães apresentaram PCR
positivo no líquido amniótico.
Tratamento
Todos os RNs e lactentes devem ser tratados desde
o nascimento até o final do primeiro ano de vida.
O tratamento é feito com pirimetamina,
sulfadiazina e ácido folínico.
Devemos associar prednisona ou prednisolona
quando houver retinocoroidite em atividade e/ou
proteinorraquia > 1 g/dl.
Acompanhamento
Devem realizar avaliações oftalmológicas
semestrais até a idade escolar, mantendo-se
exames anuais a seguir.
Nas crianças assintomáticas, nascidas de mulheres
com diagnóstico possível ou inconclusivo,
deveremos realizar o acompanhamento sorológico
a cada dois meses.
Caso seja observado o aumento nos títulos de
IgG, o tratamento será iniciado.
TORCHs
Toxoplasmose Congênita
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Taciano Fontes Filho
Prevenção
As mulheres diagnosticadas durante a gestação,
devem fazer o uso de espiramicina até a 18ª
semana, sendo substituída pela associação de
pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico até o
parto.
Introdução
O risco de defeitos congênitos é maior quando a
grávida adquire infecção primária durante o
primeiro trimestre, chegando a ser de 90% quando
a infecção ocorre ainda nas primeiras 11 semanas.
A infecção adquirida após o quarto mês de
gestação, em geral, não se encontra associada a
malformações fetais, nem à persistência do vírus.
Manifestações Clínicas
Deficiência auditiva;
Restrição ao crescimento uterino;
Malformações cardíacas: persistência de canal
arterial e estenose de artéria pulmonar;
Malformações oculares: catarata bilateral,
glaucoma, retinopatia e microftalmia.
Alterações neurológicas: microcefalia,
meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo
do desenvolvimento psicomotor.
Outras: endocrinopatias, hepatomegalia e
icterícia, esplenomegalia, púrpura
trombocitopênica, pneumonite intersticial e lesões
ósseas (franjeamento da metáfise: lesão em talo
de aipo). A ocorrência de eritropoiese dérmica
pode levar ao surgimento de lesões vermelho-
azuladas (aspecto de muffin de blueberry).
Alterações laboratoriais
Avaliação Sorológica: é feita logo após o
nascimento, confirmando com a presença do IgM.
Detecção viral: PCR;
Outros exames: hemograma, testes de função
hepática, radiografia de ossos longos, fundoscopia,
audiometria, exames de neuroimagem
(ultrassonografia de crânio, tomografia
computadorizada de crânio), estudo do liquor e
ecocardiograma.
Tratamento
Não existe tratamento medicamentoso para a
síndrome da rubéola congênita.
A catarata e a cardiopatia são as manifestações
clínicas passíveis de correção cirúrgica.
A vacina não pode ser aplicada na gestação,
devendo ser feita a prevenção anteriormente.
Introdução
O Citomegalovírus (CMV) pertence à família
Herpesviridae.
Da mesma forma que ocorre com outros membros
desta família, após a infecção primária, há o
estabelecimento de um período de latência, sendo
possível a reativação do vírus endógeno latente ou
reinfecção por exposição a diferentes cepas.
As crianças podem ser contaminadas
precocemente de três modos: durante a vida
intrauterina (infecção congênita); pela exposição
às secreções genitais durante o parto (intraparto);
ou no período pós-natal precoce, pelo leite
materno.
Quadro Clínico
Entre os RNs afetados, somente 10% nascem com
infecção sintomática; 90% desses apresentam
sequelas e aproximadamente 10% evoluem para
óbito.
As manifestações clínicas mais comuns incluem
petéquias, icterícia colestática e
hepatoesplenomegalia. Estas alterações podem ou
não estarem acompanhadas de manifestações
neurológicas.
Outras manifestações incluem: microcefalia, perda
auditiva neurossensorial e restrição ao
crescimento intrauterino. A surdez é uma sequela
bastante comum.
Diagnóstico
Exames de NeuroImagem: As lesões incluem
lisencefalia com afilamento do córtex cerebral,
hipoplasia cerebelar, ventriculomegalia,
calcificações periventriculares, atraso na
Rubéola Congênita
Citomegalovírus Congênita
37
Taciano Fontes Filho
mielinização, alterações de substância branca,
distúrbios de migração neuronal, cistos
periventriculares e hipoplasia cerebelar.
Avaliação sorológica: tem papel limitado, mesmo
quando é feita a detecção de IgM deve ser feita a
confirmação pela identificação viral.
Identificação Viral: identificação do vírus na urina
e/ou na saliva do RN nas primeiras três semanas de
vida é o marcador definitivo da infecção congênita
por este vírus.
Outros exames: É comum o achado de
trombocitopenia, aumento das aminotransferases
séricas e da BD. A análise do liquor está indicada
em todas as crianças infectadas, ainda que
assintomáticas. A avaliação auditiva deve ser feita
por meio do teste potencial evocado de tronco
cerebral ainda no período neonatal e será repetida
várias vezes nos primeiros anos de vida.
Tratamento
Os principais critérios de inclusão citados pelo
Ministério da Saúde para tratamento são:
RNs sintomáticos com evidências de
envolvimento do sistema nervoso central;
RN com quadro de síndrome sepsis-like viral,
pneumonite intersticial por CMV, excluídas
outras etiologias;
Idade
e falta de ganho ponderal
no RN são outras manifestações clínicas da
doença.
Sífilis Congênita Tardia: estão tipicamente
associadas com o processo de cicatrização das
lesões encontradas na sífilis precoce e com reações
a um processo inflamatório persistente ainda em
curso.
Principais alterações: fronte olímpica, tíbia em
sabre, nariz em sela, rágades, articulação de
Clutton; ceratite intersticial, tríade de
Hutchinson (ceratite, alterações dentárias e
surdez), deficiência intelectual, hidrocefalia.
Sífilis Congênita
38
Taciano Fontes Filho
Alterações Laboratoriais
Testes Treponêmicos (ELISA, FTA-Abs, Testes
Rápidos): detectam anticorpos específicos contra
o treponema. No período neonatal são limitados,
devido a presença de anticorpos maternos, sendo
indicados após 18 meses de vida, quando ocorre a
sororreversão.
Testes Não Treponêmicos (VDRL): Detectam
anticorpos não específicos anticardiolipina,
material lipídico liberado pelas células danificadas
durante a infecção.
Estes testes devem ter seus resultados expressos
em frações (1:2; 1:4; 1:8; 1:16...) e o
acompanhamento destes títulos indicam a
evolução terapêutica.
Um resultado reagente em crianças 25 células/mm 3, proteína > 150 mg/dl e VDRL
reagente.
Tratamento
O tratamento materno adequado é caracterizado
pelos seguintes aspectos:
Administração de penicilina benzatina;
Início do tratamento até 30 dias antes do parto;
Documentação de queda dos títulos do teste não
treponêmico em duas diluições (ex.: de 1:64
para 1:16) em três meses após a conclusão do
tratamento ou quatro diluições em seis meses
após a conclusão do tratamento.
Avaliação quanto ao risco de reinfecção e tratar
parceiro;
Notificar a sífilis.
Na criança com neurossífilis, faz o uso da penicilina
cristalina, por 10 dias.
Na criança com sífilis sem neurossífilis, deve-se
tratar com penicilina cristalina ou procaína, por 10
dias.
Na criança filha de mãe tratada de forma
inadequada, mas sem alterações laboratoriais e
clínica, teste não treponêmico não reagente, deve-
se aplicar penicilina G benzatina, dose única, IM.
Acompanhamento
Neste acompanhamento, uma série de medidas
serão adotadas:
Avaliações mensais até o sexto mês e bimestrais
do sexto ao 18° mês.
Realizar teste não treponêmico com 1, 3, 6, 12 e
18 meses, interrompendo quando se observar
resultados negativos em dois exames
consecutivos.
Nas crianças que foram adequadamente
tratadas no período neonatal, deve-se monitorar
diminuição na titulação do teste não
treponêmico aos três meses e negativação aos
seis meses de idade.
Diante das elevações de títulos sorológicos, da
sua não negativação até os 18 meses, ou da sua
persistência em títulos baixos, a criança deve ser
reavaliada e deve considerar retratamento ou
nova investigação.
Recomenda-se o acompanhamento
oftalmológico e audiológico semestral por dois
anos.
Nos casos onde o liquor esteve alterado, deve-se
proceder à reavaliação liquórica a cada seis
meses, até a normalização do mesmo. Caso as
alterações persistam, indica-se reavaliação
clínica a laboratorial e retratamento.
Nos casos de crianças tratadas
inadequadamente, deve-se convocar a criança
para reavaliação clínica e laboratorial. Havendo
alterações, recomenda-se reiniciar o
tratamento.
39
Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Pré-Natal
É feita a triagem em 3 momentos: no 1º e no 3º
trimestre, e no momento do parto.
Importante investigar também outras ISTs e
infecções oportunistas (p. ex. tuberculose).
A notificação deve ser feita.
Pós-Natal
Crianças 18 meses:
Serão consideradas “não infectadas” quando
houver uma amostra não reagente ao se utilizar
uma das metodologias da etapa I (triagem), que
detecta anticorpos anti-HIV-1, incluindo o tipo 0, e
anticorpos anti-HIV-2. Persistindo a suspeita de
infecção, uma nova amostra deve ser coletada
após 30 dias.
Caso o resultado da etapa I seja reagente ou
indeterminado, será realizado um teste
confirmatório (etapa II), com as possibilidades de
resultados conforme o fluxograma abaixo.
TARV no Pré-natal
A gestante deve fazer uso da lamivudina +
tenofovir, podendo associar com dolutegravir,
darunavir + ritonavir, dependendo de:
Via de Parto e Quimioprofilaxia materna
Carga Viral > 1000 cópias/ml ou desconhecida ou
falha na adesão:
Realize parto cesariana;
Administrar AZT injetável, pelo menos 3 horas
antes do parto até o clampeamento do cordão
umbilical.
Carga viral
em crianças maiores de
12 meses é determinada pela situação clínica,
imunológica ou virológica:
O esquema de terapia inicial é o seguinte:
Considera-se sucesso terapêutico quando há
controle sustentado da replicação viral, isto é,
carga viral indetectável mantida ao longo do
tempo, associado à restauração e à preservação da
função imunológica e à ausência ou resolução de
sinais ou sintomas relacionados à infecção pelo
HIV.
A falha do tratamento pode ocorrer em relação ao
controle virológico (falha virológica), ao sistema
imune (falha imunológica) ou às manifestações
clínicas (falha clínica).
Seguimento Clínico: nos primeiros 6 meses é
mensal, se tornando bimestral após.
No 1º mês deve ter cuidado com os efeitos
adversos do AZT: anemia, neutropenia, aumento
lactato sérico e de transaminases;
Vacinação: evitar as vacinas de vírus atenuados. A
BCG deve ser usado o quanto antes, pois a
imunossupressão não é imediata.
Quadro Clínico
TARV no RN
Acompanhamento
41
Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Definição
É definida como uma alteração estrutural do
coração ou dos grandes vasos da base, que
apresenta significância funcional real ou potencial.
Características Gerais
A manifestação clínica da cardiopatia congênita
ocorre principalmente nos primeiros meses de
idade; no entanto, o reconhecimento da doença
pode ser feito em qualquer fase da vida, inclusive
no período fetal.
Os sintomas são bastantes variáveis. Podem existir
crianças assintomáticas ou sintomas graves que
necessitem de processo cirúrgico de urgência.
Nem sempre a cardiopatia congênita vai gerar
alterações funcionais importantes, pode estar
presente e o organismo se adapta, mesmo com
potencial de causar sintomas.
Os neonatos e os lactentes são encaminhados,
geralmente, por: cianose, insuficiência cardíaca,
sopro e arritmia. Em crianças maiores e
adolescentes, outros sintomas podem estar
associados às anomalias congênitas, como dor
precordial, tontura e síncope.
Anatomia do Coração
No coração normal observa-se comunicações
átrio-ventriculares concordantes:
Átrio Direito → Ventrículo Direito → Artéria
Pulmonar
Átrio Esquerdo → Ventrículo Esquerdo → Aorta
Classificação
Cardiopatias Cianóticas
Pode acontecer pelo motivo do sangue
oxigenado nos pulmões não conseguirem chegar
aos tecidos, na perfusão tecidual ruim.
Pode ser por uma dificuldade do sangue chegar
ao pulmão para ser oxigenado por motivo
cardíaco;
Mas, nem toda cianose é de origem cardíaca,
pode ser também por uma grande pneumonia
que impede a boa troca gasosa nos pulmões.
A Lesão Obstrutiva Direita, acontece por atresia
da válvula tricúspide ou pela estenose de artéria
pulmonar, causando dificuldade do sangue
chegar aos pulmões.
A conexão ventrículo arterial discordante
acontece quando tem a transposição das
grandes artérias (VD → Aorta; VE → Artéria
Pulmonar), levando a duas circulações em
paralelo. Assim, por mais que o sangue seja
oxigenado, acaba não sendo distribuído
adequadamente.
Sangue sai do VD vai para os tecidos e volta
para o AD pela cava;
Sangue sai do VE vai para os pulmões e volta
para o AE pelas artérias pulmonares.
Cardiopatias do Fluxo Pulmonar
Hipofluxo: Quando o sangue tem dificuldade de
chegar no pulmão. Por exemplo: estenose
pulmonar.
Normofluxo;
Hipérfluxo: Quando o sangue chega em excesso
para o pulmão.
O canal arterial está patente na vida fetal, como
um curto e largo vaso conectando a artéria
pulmonar à aorta descendente, logo abaixo do
istmo aórtico.
É uma estrutura fundamental na circulação fetal e,
após o nascimento, seu fechamento funcional
comumente ocorre entre 12 e 15 horas de vida, e
o anatômico é completado entre o 5º e o 7º dia de
vida, prolongando-se, em alguns casos, até o 21º
dia.
Fisiopatologia
Se houver a PCA, o shunt passa a se direcionar da
esquerda para a direita, levando a um desequilíbrio
Cardiopatias Congênitas
Introdução
Persistência do Canal Arterial (PCA)
42
Taciano Fontes Filho
hemodinâmico, com aumento do fluxo na
circulação pulmonar e nas cavidades esquerdas.
Isso leva ao aumento das pressões diastólicas e,
consequentemente, da pressão capilar.
A repercussão hemodinâmica dependerá,
portanto, do diâmetro do canal arterial e da
resistência vascular pulmonar (a qual é muito baixa
em prematuros).
Manifestações Clínicas
Como existe o aumento do fluxo pulmonar, a
criança apresenta taquicardia, taquipneia, edema
de pulmão, que costumas causar pneumonia de
repetição, e dificuldade de ganhar peso.
No exame físico, o sopro típico é contínuo, com 2ª
bulha hiperfonética. Os pulsos periféricos são
amplos.
Diagnóstico
Ecocardiografia com Doppler: além de visualização
do canal, é possível medir o seu diâmetro, observar
a direção do shunt, quantificar a repercussão
hemodinâmica pelas dimensões das câmaras
cardíacas e estimar a pressão na artéria pulmonar.
É o padrão ouro.
ECG: geralmente normal, mas pode ter alteração
se tiver descompensação.
Raio-X: No canal arterial pequeno é normal.
Quando há repercussão hemodinâmica, observa-
se aumento da trama vascular e da área cardíaca,
devido ao aumento das câmaras esquerdas.
Tratamento
Em prematuros, tanto a indometacina como o
ibuprofeno têm-se mostrado úteis nesses
pacientes.
A cirurgia está indicada quando houver falência
no fechamento medicamentoso ou em
condições em que o prematuro não possa
receber a droga.
Em crianças não prematuras, o fechamento está
indicado em qualquer idade para IC congestiva. O
tratamento eletivo (cirúrgico ou percutâneo) pode
ser feito em torno dos 12 meses de vida.
São classificados em CIV perimembranosa,
justatricuspídea, justa-arterial duplamente
relacionada e muscular.
Fisiopatologia
Após o nascimento, com o fechamento dos shunts
fisiológicos (placenta, FO e canal arterial), ocorre
queda da pressão pulmonar (associada à
diminuição da resistência vascular pulmonar) e
aumento da pressão sistêmica, com passagem de
sangue da esquerda para a direita.
O aumento do fluxo no VD causa um hiperfluxo
pulmonar por serem comunicantes
concordantes.
Quadro Clínico
CIV Pequena:
Shunt pequeno;
Sem repercussão hemodinâmica;
Paciente assintomático;
Exame Físico: sopro sistólico.
CIV Moderada:
Shunt Moderado;
Aumento do fluxo pulmonar e das cavidades
esquerdas;
Dispneia aos esforços, sudorese, pneumonia de
repetição, Hipodesenvolvimento pôndero-
estatural;
Exame Físico: sopro sistólico e B2 hiperfonético.
CIV Grande:
Shunt grande e não restritivo;
Aumento do fluxo pulmonar e das cavidades
esquerdas de forma mais proeminente;
Dispnéia aos esforços, sudorese, pneumonia de
repetição hipodesenvolvimento pôndero-
estatural;
Exame físico: aumento do diâmetro
anteroposterior do tórax, sopro sistólico, B2
muito hiperfonéticas
Diagnóstico
Ecocardiograma: É o padrão ouro. Deve ser
indicado assim que houver suspeita clínica da
lesão; pode definir também a localização, o
tamanho, a repercussão hemodinâmica e a relação
do defeito com outras estruturas cardíacas.
Raio-X: pode identificar área cardíaca extensa,
pelo aumento das câmaras esquerdas, e congestão
pulmonar.
ECG: normal em CIV pequena. Mas na sobrecarga
ventricular pode ser identificado.
Tratamento
A terapêutica medicamentosa (diuréticos, como
furosemida) está indicada para pacientes que
apresentam sinais de IC.
A correção cirúrgica total está indicada em
qualquer idade para pacientes que apresentam IC
refratária ao tratamento clínico, retardo do
Comunicação Interventricular (CIV)
43
Taciano Fontes Filho
desenvolvimento ponderoestatural e
desenvolvimento de hipertensão pulmonar.
Fisiopatologia
Na CIA, ocorre desvio do sangue do átrio esquerdo
para o átrio direito em virtude da maior capacidade
de distensão das paredes do átrio direito, da
menor resistência vascular pulmonar e da maior
complacência do ventrículo direito.
Com isso, há hiperfluxo pulmonar e retorno de
sangue aumentado para o átrio esquerdo.
Quadro Clínico
A maioria dos pacientes é assintomática.
Algumas vezes, podem apresentar fadiga,
infecções respiratórias de repetição e palpitações.
Nas CIA OP, os sintomas normalmente são mais
graves e precoces na infância, com sinais de IC,
atraso no desenvolvimento ponderoestatural e
sopro de insuficiência mitra
O desdobramento fixo da 2ª bulha é típico dessa
anomalia e ocorre pelo retardo no esvaziamento
do ventrículo direito, o qual apresenta volume
sanguíneo aumentado.
O sopro sistólico de ejeção em borda esternal
esquerda na valva pulmonar ocorre por causa da
estenose relativa da valva.
Pelo mesmo motivo, ausculta-se um sopro
diastólico precoce ou mesodiastólico na borda
esternal esquerda inferior, na valva tricúspide –
somente quando a CIA é ampla.
Diagnóstico
Ecocardiograma: É padrão ouro. A repercussão
pode ser medida pelo aumento das cavidades
direitas e pelo fluxo pulmonar.
Raio-X: nota-se cardiomegalia à custa do átrio e do
ventrículo direitos e da artéria pulmonar. A
circulação pulmonar está aumentada sem sinais de
congestão pulmonar.
ECG: Vai haver alteração se estiver uma sobrecarga
atrial direita.
Tratamento
Seguimento clínico, se não tiver muitos sintomas.
Em caso de repercussões hemodinâmicas, pode ser
feito o uso de diurético (furosemida).
A correção cirúrgica tem de ser realizada
eletivamente por volta de 2 anos de idade, para
evitar aumento crônico do átrio e do ventrículo
direitos, que são causa de arritmia e de IC no
adulto, levando à morte prematura
Fisiopatologia
A conexão atrioventricular é concordante (o átrio
direito conecta-se com o ventrículo direito; o átrio
esquerdo, com o ventrículo esquerdo), e a conexão
ventrículo-arterial é discordante.
A aorta nasce do ventrículo direito, em posição
anterior, e a artéria pulmonar nasce do
ventrículo esquerdo, em posição posterior.
Na grande maioria dos pacientes, encontra-se
associado apenas a um forame oval (FO) patente
e/ou a um canal arterial persistente, o que é
denominado transposição simples das grandes
artérias.
Diferentemente da circulação normal, em que o
circuito é em série, na TGA, a circulação pulmonar
e a circulação sistêmica estão em paralelo. O
sangue venoso sistêmico que chega ao átrio direito
passa para o ventrículo direito e dele para a aorta,
levando sangue insaturado para a circulação
sistêmica. Paralelamente, no lado esquerdo, o
sangue oxigenado que chega ao átrio esquerdo
passa para o ventrículo esquerdo e retorna para a
circulação pulmonar.
Essa situação é incompatível com a vida, a
menos que exista uma comunicação entre os
dois circuitos (FO, CIV ou canal arterial) capaz de
promover uma mistura adequada entre o
sangue saturado e o não saturado.
Comunicação Interatrial (CIA)
Transposição de Grandes Artérias (TGA)
44
Taciano Fontes Filho
Quadro Clínico
Se ao nascimento, essa cardiopatia estiver
associada com outros defeitos, como a
Comunicação interatrial ou interventricular ou
persistência do canal arterial ou forame oval, o RN
pode parecer bem.
Mas se não tiver associado à outro defeito, vai
ocorrer:
Hipóxia acentuada;
Cianose generalizada;
Disfunção miocárdica;
Sinais de insuficiência cardíaca.
No exame físico há sinais de aumento da área
cardíaca com impulsões sistólicas na borda
esternal esquerda, a 2ª bulha é hiperfonética e, na
maioria dos casos, não se ausculta sopro.
Diagnóstico
Ecocardiograma: capaz de demonstrar todos os
detalhes anatômicos da doença.
Raio-x: apresenta-se normal ou com discreta
cardiomegalia. O fluxo pulmonar normal ou
discretamente aumentado.
Teste do coraçãozinho pode estar alterado.
Tratamento
Prostaglandina: infusão contínua assim que nascer;
Para impedir o fechamento do canal arterial e
manter uma ligação entre as duas circulações.
Fica em tratamento até a cirurgia.
Cirurgia: a correção ideal é a cirurgia de Jatene, que
deve ser feita em até 45 dias de vida.
Fisiopatologia
Consiste no conjunto de quatro alterações
cardíacas: CIV, EP, dextroposição da aorta e
hipertrofia ventricular direita. O defeito anatômico
fundamental é o desvio anterossuperior do septo
infundibular.
Fisiologicamente, a CIV e a estenose subpulmonar
são os defeitos mais importantes. A CIV serve, na
realidade, como via de saída sistêmica para o
ventrículo direito e o ventrículo esquerdo,
portanto, é responsável pela equivalência de
pressões entre as duas cavidades.
Quadro Clínico
No caso de EP leve, o paciente pode ser acianótico,
com sopro cardíaco alto.
À medida que a EP progride, aparece a cianose e o
sopro vai diminuindo. A cianose é do tipo central,
generalizada, atingindo pele e mucosas.
Diagnóstico
Ecocardiograma: Padrão-ouro. Avalia tamanho e
localização da CIV; confluência e tamanho das
artérias pulmonares; lateralidade do arco aórtico;
suprimento sanguíneo pulmonar; anomalias
associadas; e origem e trajeto das artérias
coronárias.
Raio-X: a ponta do coração é desviada
superiormente com o bordo esquerdo côncavo. A
circulação pulmonar, em geral, é diminuída, mas
pode estar normal ou aumentada nos casos com EP
leve.
ECG: desvio do eixo do QRS para a direita e
hipertrofia ventricular direita.
Tratamento
Clínico: deve-se manter um controle rigoroso da
hemoglobina, a fim de evitar anemia e policitemia.
Pacientes com crises de cianose em espera para
cirurgia podem beneficiar-se com uso de
propranolol (1 a 3 mg/kg/dia), para promover
relaxamento da musculatura infundibular e, assim,
evitar as crises de hipóxia.
Cirúrgico: a correção total definitiva dos defeitos
vem sendo realizada, a partir dos 6 meses de vida,
embora alguns serviços já a indiquem aos 3 meses.
OBS: Crise de Hipóxia:
Posição joelho-tórax;
Oxigenoterapia;
Sulfato de morfina (0,2 mg/kg);
Betabloqueadores;
Tetralogia de Fallot
45
Taciano Fontes Filho
Bicarbonato de sódio (1 mEq/kg), endovenoso;
Vasoconstritores: epinefrina (0,01 mg/kg);
Cirurgia paliativa de derivação sistêmico-
pulmonar é indicada quando não houver
melhora satisfatória com as medidas clínicas
adotadas.
Tem o objetivo de fazer a triagem das cardiopatias
críticas.
Teste com sensibilidade de 75% e especificidade de
99%.
Fluxograma:
Teste do Coraçãozinho
46
Taciano Fontes Filho
2022.1
ef9a6f66be60219d8d7f9186d9f47c3199f9e1fb3b0a79574cc6abf1b2b73e0c.pdf
existam curvaturas, aberturas,
massas e regiões amolecidas na linha da coluna
vertebral. Também deve-se examinar as áreas
lombares baixas e sacrais, à pesquisa de fístulas,
cistos pilonidais e pequenas tumefações que
possam indicar meningocele ou outra anomalia.
Pele
É lisa, macia e rosada, com presença de gordura
subcutânea em RN a termo.
Na pele pode ser encontrado o vernix caseoso, que
trata-se de um lubrificante de cor
branca/amarelada. O lanugo é composto de finos
cabelos que aparecem primeiro no feto em torno
de 19-20 semanas.
Avaliação dos reflexos
Os reflexos primitivos oferece informações sobre o
seu estado neurológico, variando de acordo com o
período de desenvolvimento no qual se iniciam e
desaparecem.
5
Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Anamnese
Fatores Antenatais Fatores Relacionados ao
Parto
Idade 35
anos;
Diabetes, Síndromes
hipertensivas,
doenças e infecções
maternas;
Uso de medicações e
drogas ilícitas;
Óbito fetal ou
neonatal anterior;
Ausência de cuidado
pré-natal;
Gestação múltipla;
Rotura prematura das
membranas;
Polidrâmnio ou
oligoâmnio;
Diminuição da
atividade fetal;
Sangramento no 2° ou
no 3° trimestre;
Aloimunização ou
anemia fetal;
Hidropsia fetal;
Malformação fetal;
Discrepância entre IG
e peso;
Parto cesário, trabalho de
parto prematuro e parto
taquitócico;
Uso de fórcipe ou extração
a vácuo;
Apresentação não
cefálica;
Corioamnionite;
Rotura de membranas >
18h;
Trabalho de parto > 24h;
Segundo estágio de parto
> 2h;
Padrão anormal de FC
fetal;
Anestesia geral;
Hipertonia uterina;
Liquído Amniótico
meconial;
Prolapso ou rotura de
cordão;
Nó verdadeiro de cordão;
Uso de opioides 4h antes
do parto;
Descolamento prematuro
de placenta;
Placenta Prévia;
Sangramento intraparto
significante;
Equipe e Equipamentos
Os equipamentos necessários são:
Materiais Utilizados
Fonte de calor
radiante;
Campos cirúrgicos;
saco de polietileno;
Touca de lã;
Aspirador a vácuo;
Estetoscópio;
Oxímetro de pulso;
Monitor cardíaco;
Sondas traqueais (n°
6, 8 e 10);
Seringas (20, 10, 5 e 1
ml);
Balão auto-inflável
(240, 500 e 750 ml);
Máscara redonda com
coxim (n° 00, 0 e 1);
Laringoscópio infantil
com lâmina reta (n°
00, 0 e 1);
Cânulas traqueais
sem balonete (n°
2,5; 3; 3,5; 4);
Adrenalina;
Soro fisiológico;
Cateter umbilical;
Pinça tipo kelly reta
14cm;
Cabo de bisturi para
lâmina n° 21;
Porta agulha de
11cm;
Fio mononylon 4.0;
Relógio de parede;
Para a realização da reanimação é interessante que
tenha pelo menos um pediatra, bem como uma
equipe profissional (2-3 pessoas) treinada e
capacitada. Caso seja uma gestação gemelar, deve
haver uma equipe para cada bebê.
A temperatura da sala de parto deve estar entre
23-26° C.
Avaliação da Vitalidade
A sequência de atendimento ao RN será
determinada pela avaliação de três parâmetros: a
idade gestacional, a respiração/choro e o tônus
muscular.
Quando, após a extração da cavidade uterina, o RN
a termo começou a respirar ou chorar e tem tônus
muscular em flexão, deve ser indicado o
clampeamento tardio do cordão (1-3 minutos).
Para garantia da manutenção da temperatura
corporal, devemos secar o corpo e o segmento
cefálico com compressas aquecidas e mantê-lo em
contato pele a pele com a mãe, coberto com tecido
de algodão seco e aquecido. Além disso, as vias
aéreas devem ser mantidas pérvias e a Frequência
Cardíaca (FC) avaliada.
Quando é feita a avaliação dos parâmetros iniciais
e identificamos que o RN não é a termo, não iniciou
movimentos respiratórios regulares ou tem tônus
muscular flácido, devemos conduzi-lo à mesa de
reanimação.
Se o RN não for a termo, mas apresentar-se com
boas condições de vitalidade, não é necessário
que o clampeamento do cordão seja imediato.
Estabilização: Passos iniciais
Os passos iniciais da estabilização devem ser
realizados em, no máximo, 30 segundos e
consistem em: prover calor, posicionar a cabeça
em leve extensão, aspirar boca e narinas (se
necessário) e secar.
Após a realização destes passos, deve ser feita a
avaliação da respiração e da FC.
A respiração deve ser avaliada pela observação
da expansão torácica ou pela presença de
choro.
A FC, neste momento inicial, deve ser feita pela
ausculta do precórdio ou do cordão umbilical.
Reanimação Neonatal
Preparo Para a Assistência
Atendimento ao RN ≥ 34 Semanas
6
Taciano Fontes Filho
De forma padronizada, recomenda-se auscultar
por seis segundos e multiplicar o valor por dez,
resultando no número de batimentos por
minuto.
Ventilação com Pressão Positiva: Após os passos
iniciais
Quando os passos iniciais da estabilização são
realizados e a avaliação mostra respiração ausente
ou irregular ou FC 2kg).
Cada tentativa de intubação deve durar no máximo
30 segundos e a confirmação do posicionamento
da cânula é obrigatória.
Após a intubação, a VPP segue com a mesma
frequência (40-60 movimentos/minuto).
Quando não ocorre melhora após 30 segundos de
ventilação pela cânula, observa-se FC 100 bpm, mas que
mostram sinais de desconforto respiratório e/ou
SatO2 abaixo da esperada, devem ser colocados
em CPAP logo após o nascimento.
OBS: Hérnia Diafragmática Congênita
A hérnia diafragmática é definida por uma
comunicação patológica entre o tórax e o abdome
por um defeito de formação do diafragma,
podendo ou não haver passagem de alças
intestinais para dentro do tórax.
A suspeita de hérnia diafragmática congênita é
feita pela presença de sinais como dificuldade
respiratória e abdome escavado. A alteração pode
ser identificada antes do nascimento pela
ultrassonografia pré-natal.
Nestes casos, a ventilação não pode ser feita pela
máscara facial, sendo obrigatória a intubação
traqueal para início da VPP.
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Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Teste do Pezinho
Permite a identificação precoce de indivíduos com
doenças metabólicas, genéticas, enzimáticas e
endocrinológicas, a exemplo de hipotireoidismo
congênito, fenilcetonúria, fibrose cística,
hiperplasia adrenal congênita, deficiência de
biotinidase e doença falciforme e outras
hemoglobinopatias (SUS).
O momento ideal para a coleta do teste do pezinho
é entre o 3º e o 5º dia de vida, até no máximo 7
dias. Caso não seja possível nesse período, tentar
realizar até o 30º dia após o nascimento.
Uma pequena punção na lateral do calcanhar do
bebê é feita utilizando agulhas e luvas
descartáveis. O sangue é adsorvido em papel-filtro,
que deverá permanecer em temperatura ambiente
até a completa secagem, e depois deve ser
encaminhado ao laboratório.
Teste do Coraçãozinho
O teste da oximetria objetiva a detecção precoce
de cardiopatias congênitas críticas, isto é, aquelas
cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de
canal arterial.
Cardiopatias críticas com fluxo pulmonar
dependente de canal: atresia da artéria
pulmonar.
Cardiopatias críticas com fluxo sistêmico
dependente de canal: hipoplasia de coração
esquerdo e coarctação grave de aorta.
Cardiopatias com circulação em paralelo:
transposição de grandes vasos.
O teste consiste na aferição da oximetria de pulso
e está indicado para todo RN > 34 semanas antes
da alta, da seguinte forma:
Resultado normal: saturação ≥ 95% em ambos
os locais e diferença 3%.
A aferição é feita entre 24-48 horas pós-natal na
extremidade do membro superior direito e em um
dos membros inferiores.
Diante de um resultado anormal, nova aferição
deverá ser feita após uma hora. Se o resultado
anormal se mantiver, a criança deverá realizar um
ecocardiograma dentro das próximas 24 horas.
Teste do Olhinho
Consiste na pesquisa do reflexo vermelho (teste de
Bruckner), mediante uso de um oftalmoscópio com
40-50cm de distância.
É uma forma de rastreamento para anormalidades
oculares, desde a córnea até o segmento posterior
e permite a detecção das opacidades dos meios
transparentes do globo ocular.
Dentre as condições que podem ser rastreadas,
incluem-se: catarata congênita; retinopatia da
prematuridade; retinoblastoma; glaucoma
congênito;
descolamento de retina; hemorragia
vítrea.
A presença de pontos pretos, assimetria ou a
presença de reflexo branco (leucocoria) indicam a
necessidade de avaliação pelo oftalmologista.
Teste da Orelhinha
Existem dois métodos de triagem:
Emissões Otoacústicas (EOA): trata-se de uma
avaliação simples, realizada habitualmente
durante o sono da criança, antes da sua alta. O
exame tem o objetivo de captar a energia
acústica produzida na orelha interna pelas
células ciliadas externas.
Potencial Evocado Auditivo de Tronco
Encefálico (PEATE): é um exame mais
complexo, requer pessoal treinado e sedação.
Fones de emissão sonora são colocados nos
ouvidos do bebê; os eletrodos são posicionados
na cabeça e têm por função captar as ondas
eletrofisiológicas geradas pelos estímulos
sonoros deflagrados pela fonte.
Geralmente é indicado para pacientes com
fatores de risco presentes ou com alterações
encontradas no EOA. Sendo feito em até 30
dias de vida.
O deficit auditivo, quando não corrigido, acarreta
grande prejuízo na aquisição da linguagem,
comunicação e desenvolvimento cognitivo das
crianças.
Teste da Linguinha
É realizado pelo exame físico, sendo capaz de
detectar alterações no frênulo lingual que causam
a anquiloglossia ("língua presa").
Triagem Neonatal
Testes de Triagem Neonatal
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Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
É o local destinado a mulheres clinicamente
estáveis e sem contraindicações para a
permanência junto ao recém-nascido, logo após o
nascimento, 24 horas por dia, em um mesmo
ambiente até a alta.
Recomendações
1 obstetra para 20 mães;
1 pediatra para 20 neonatos;
1 enfermeiro para 30 díades;
1 técnico de enfermagem para 8 díades;
1 técnico diarista pediatra;
A díade deve ficar em uma área de pelo menos
5m2.
Papel da Equipe Multiprofissional
Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas
devem:
Observação do binômio mãe-bebê
Conferir atenção ao vínculo estabelecido entre
a mãe e o bebê;
Escuta qualificada para apoio e retirada de
dúvidas.
É realizado as medidas antropométricas (peso,
comprimento e perímetro cefálico) e o cálculo da
IG pelo método de Capurro ou New Ballard (Olhar
resumo “Semiologia do RN”).
Prescrição médica inicial
Alojamento conjunto.
Aleitamento materno sob livre demanda.
Vitamina K profilática: 1mg, IM, independente do
peso, aplicada no vasto lateral da coxa. Evita a
doença hemorrágica do neonato.
Profilaxia da conjuntivite neonatal (oftalmia
gonocócica):
Povidona 2,5%, uma gota em cada olho
Outros: nitrato de prata 1% (método Credé-
credeização), colírio eritromicina 0,5% ou
colírio tetraciclina 1%.
Na menina, o nitrato de prata 1% também deve
ser aplicado na vulva. Porém, caso a mãe tenha
feito cultura negativa para estreptococos do
grupo B, durante o pré-natal, não é necessário.
Clampeamento
Para saber se faz de forma precoce (
B (no vasto
contralateral), preferencialmente no primórdio
da vida (12 primeiras horas).
No total são 4 doses, 1 ao nascer, 2ª dose
compõe a Penta no 2º mês, 3º dose no 4º mês
e a 4ª dose no 6º mês de vida.
OBS: Lembrar que no AC deve dar início aos Testes
de Triagem Neonatal -> Olhar resumo “Triagem
Neonatal”.
Critérios
Permanência mínima de 48 horas.
Elaboração de um projeto terapêutico singular
para o binômio mãe-bebê.
Considerar as necessidades individuais.
RN a termo com peso adequado para a idade
gestacional sem comorbidades e com exame físico
normal.
RN com sucção ao seio com pega e posicionamento
adequados, com boa coordenação
sucção/deglutição.
Rotina
Alta hospitalar
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Taciano Fontes Filho
RN com diurese e eliminação de mecônio
espontâneo e controle térmico adequado.
OBS: pode acontecer da urina sair alaranjada,
considerado normal. Enquanto que amarelada
pode ser sinal de desidratação.
RN em uso de forma adequada de substituto do
leite humano (fórmula láctea) para situações em
que a amamentação é contraindicada.
Ausência de icterícia nas primeiras 24 horas de
vida.
OBS: pode acontecer do bebê (masculino ou
feminino) ter telarca neonatal transitória. Orientar
que não é preciso fazer expressão mamária, pois é
normal, acontece devido a influência dos
hormônios femininos, assim como em casos em
que a criança pode menstruar.
Caderneta da Criança
Entregue antes da alta hospitalar do RN
devidamente preenchida.
Possui informações sobre o parto, informações
clínicas (Apgar), dados antropométricos, vacinas e
intercorrências no AC.
Orientações para a família
Retorno para a primeira consulta de puericultura
entre o 3º e o 5º dia de vida, sendo pelo menos 7
consultas até o 1º ano de vida.
2ª consulta: primeiro mês; 3ª consulta: segundo
mês; 4ª consulta: quarto mês; 5ª consulta: sexto
mês; 6ª consulta: nono mês; 7ª consulta:
próximo ao primeiro aniversário.
Orientações sobre a importância do aleitamento
materno exclusivo até 6 meses.
Cuidados de higiene e com coto umbilical.
Lavagem das roupas com sabão neutro.
Evitar perfumes e produtos com conservantes.
Não deixar o RN e decúbito ventral.
Orientar manobras de desengasgo.
Evitar ambientes com aglomerações.
Transporte seguro do recém-nascido.
Evitar contato com fumaças e exposição da criança
ao fumo.
Orientar sinais de alarme: retornar imediatamente
para a maternidade onde nasceu até 28 dias de
vida, já os prematuros devem ser tratados em
unidades neonatais até 2.500g
Informações que o professor Almir citou na aula,
mas não fazem parte do conteúdo em si.
Eliminação de fezes brancas reflete suspeita de
atresia biliar, enquanto que fezes verdes pode ser
ausência de gordura na alimentação da criança,
sendo recomendado acrescentar óleo vegetal na
dieta.
Posologias
Vitamina D: 400 UI no 1º ano e 600 UI no 2º ano,
a partir do 7º dia de vida.
Dipirona gotas: 1 gota para cada 2kg, de 4/4h. A
partir do 3º mês de vida.
Dipirona xarope (50mg/ml): peso x 0,3
Dipirona injetável: peso x 0,03.
Simeticona (75mg/ml): 1 gota/kg
Paracetamol: 200 mg/mL, 10 mg/kg/dose, 1
gota por kg, até 4 vezes ao dia.
Ibuprofeno (gotas): 100 mg/mL, 1 gota/kg
(10mg/kg), até 4x ao dia A dose máxima por
dose em crianças com mais de 30Kg é de 20
gotas (200mg) e a dose máxima permitida por
dia é de 80 gotas (800mg). Usado a partir de 6
meses.
Ganho de proteínas ao dia:
1º trimestre: 25-30g;
2º trimestre: 20g;
3º trimestre: 12-15g;
4º trimestre: 8g
Peso: um criança saudável duplica seu peso com 4
meses, triplica com 1 ano e quadruplica com 2 anos
de idade.
No princípio da vida, há uma perda de peso em
torno de 7-10%, pois o bebê nasce “inchado” e
posteriormente há eliminação do excesso de
água corporal, do mecônio, além da adaptação
ao aleitamento e uso de suas próprias reservas
energéticas.
Avaliação do peso ponderal da criança
(exemplo): criança com 30 dias de vida, com
peso ao nascer de 3000g e peso atual de 4000g:
4000 – 3000 x 0,9/ 30 = 43,33 (ganho
ponderal da criança)
Crescimento:
1º trimestre: 3,5cm/mês
2º trimestre: 2cm/mês
3º trimestre: 1,5 cm/mês
4º trimestre: 1,2cm/mês
OBS: é na vida intrauterina que ocorre o maior
crescimento em estatura do ser humano.
Perímetro cefálico:
1º trimestre: 2cm/mês
2º trimestre: 1cm/mês
3º trimestre: 0,5 cm/mês
4º trimestre: 0,25 cm/mês
Observações Extras
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Taciano Fontes Filho
Marcos do desenvolvimento:
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Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
A maioria das doenças respiratórias apresenta
manifestações clínicas desde as primeiras horas de
vida e há uma grande sobreposição de sinais e
sintomas em doenças diferentes.
Desenvolvimento do Sistema Pulmonar
Inicia no final da 4ª semana de gestação.
O crescimento do tecido pulmonar depende de
fatores físicos.
Entre a 22ª e 24ª semana de gestação: há a
formação dos sacos alveolares; início da
diferenciação das células pneumócitos tipo 1 e 2.
Entre a 25ª e 30ª semana, é possível detectar o
surfactante, produzido pelos pneumócitos tipo 2.
A estabilidade pulmonar é alcançada por volta da
32ª semana de gestação.
Quadro Clínico
Taquipneia: é definida pela presença de FR maior
ou igual a 60 irpm, em repouso ou durante o sono.
Sinais de desconforto respiratório:
Batimento de asas nasais (BAN): a respiração do
RN é praticamente nasal, e postula-se que a
abertura das narinas reduza a resistência à
passagem do ar pelas vias aéreas superiores e,
assim, diminua o trabalho respiratório.
Gemido expiratório: resulta do fechamento
parcial da glote durante a expiração a fim de
manter um volume residual de ar e, assim, evitar
o colabamento alveolar ao final da expiração.
"Head bobbing": representa a movimentação da
cabeça para cima e para baixo a cada ciclo
respiratório, em função da utilização dos
músculos acessórios do pescoço.
Retrações torácicas: as retrações torácicas
(intercostais, subcostais, supraesternais e
esternais) surgem em doenças que levam a uma
diminuição da complacência pulmonar ou a uma
obstrução de vias aéreas superiores. Com a
progressão da doença, o RN aumenta a força
contrátil do diafragma e músculos acessórios,
levando à protrusão do abdome e retração do
esterno e tórax – padrão conhecido como
respiração paradoxal
Apneia: pausa respiratória superior a 20 segundos
ou superior a 10-15 segundos acompanhada de
bradicardia, cianose ou queda da saturação de
oxigênio.
Cianose: acrocianose ou cianose periférica é um
sinal muito comum e de caráter benigno no RN,
decorrente da exposição ao frio, geralmente. A
cianose central, observada em nariz, língua, lábios,
é decorrente de hipoxemia grave e uma
concentração de hemoglobina reduzida superior a
5 g/dl.
Boletim de Silverman-Andersen
A presença de notas acima de 4 indicam
dificuldade respiratória de moderada a grave.
Oxigenoterapia no RN
Capacete ou Capuz Oxigênio: Este capuz é ligado a
um Blender, no qual é possível ajustar a mistura de
O2 e ar comprimido. A mistura resultante cria um
ambiente ao redor da cabeça do recém-nascido
com um ar mais rico em O2 do que o ar do
ambiente externo.
Continuous Positive Airway Pressure (CPAP): Esta
é uma máquina que vai ofertar uma mistura de ar
umidificado e aquecido ao RN por meio de uma
máscara ou pronga nasal, exercendo uma pressão
constante, no entanto leve. Diferente do
ventilador pulmonar mecânico (VPM) que
apresenta pressão variável de acordo com ciclo
respiratório.
Positive End Expiratory Pressure (PEEP)
A PEEP é um parâmetro de configuração que
condiz a uma leve pressão de resistência à saída
de
ar exercida pelo aparelho no momento em que o
paciente está terminando a expiração.
No CPAP, a pressão é constante, sendo aquela
mesma pressão configurada para ser ofertada
durante todo o ciclo respiratório.
A pressão fisiológica do corpo humano é 5cmH2O.
Principais Distúrbios Respiratórios
Visão Geral
15
Taciano Fontes Filho
No ventilador pulmonar mecânico (VPM), a
pressão é variável.
Fisiopatologia
Também conhecida como Síndrome do
Desconforto Respiratório (SDR), é causada pela
deficiência qualitativa e/ou quantitativa de
surfactante pulmonar.
Acomete cerca de 60-80% dos RNs com menos de
28 semanas e em 15-30% dos nascidos entre 32 e
36 semanas.
Os principais fatores de risco associados à doença
da membrana hialina são:
Prematuridade – principal fator;
Asfixia;
Mãe diabética;
Sexo masculino e etnia branca;
Partos múltiplos e parto cesáreo;
Gestações múltiplas
Quadro Clínico
A doença evolui com colabamento alveolar
progressivo que se caracteriza, inicialmente, pela
taquipneia e sinais de desconforto respiratório.
Tais manifestações surgem logo após o nascimento
e vão apresentando piora ao longo do primeiro dia
de vida, atingindo um pico com 48 horas.
A melhora gradativa começa a ocorrer após 72
horas de vida, sendo que nos casos de má evolução
há crises de apneia e intensa deterioração.
Diagnóstico
Exame de imagem: o aspecto radiológico de
infiltrado reticulogranular fino (“vidro moído”),
associado aos broncogramas aéreos, são sinais
bem característicos.
Alterações laboratoriais: a gasometria arterial
mostra hipoxemia inicial, que progressivamente
será associada ao aumento da pCO2, com acidose
respiratória e/ou mista, conforme a gravidade do
caso.
Tratamento
Cuidados Iniciais: estabilização inicial, controle
térmico, hidratação venosa e suporte nutricional.
Suporte Respiratório: O objetivo é manter uma
PaO2 entre 50-70 mmHg, podendo ser necessário o
incremento gradual da FiO2 ofertada.
A utilização do CPAP nasal (Continuous Positive
Airway Pressure) vem sendo recomendada cada
vez mais precoce, desde a sala de parto, para
prevenção do colapso alveolar e redução na
necessidade de ventilação mecânica invasiva na
evolução da doença.
A ventilação mecânica pode ser recomendado se
estiver de acordo com os seguintes critérios: pH
18 horas;
Trabalho de parto prematuro sem causa
aparente;
Colonização materna por estreptococo do
grupo B.
TORCHS;
Febre materna;
ITU.
Quadro Clínico
Poderá ter, além das manifestações respiratórias
(desconforto respiratório, apneias, má perfusão
capilar, choro fraco), sinais clínicos de sepse, tais
como: intolerância alimentar, letargia, hipotonia,
hipo ou hipertermia e distensão abdominal.
Diagnóstico
Alterações Laboratoriais:
Hemograma: Leucocitose, leucopenia,
plaquetopenia, índice Rodwell > ou igual a 3,
granulações tóxicas.
Gasometria: acidose metabólica persistente.
Exames de imagem: mostra desde áreas de
opacificação uni ou bilateral, até um padrão
reticulogranular difuso com broncogramas aéreos,
muito semelhante ao encontrado no quadro de
DMH.
Tratamento
É feito com ampicilina associada com gentamicina.
Em caso de resistência, substitui gentamicina
por Amicacina.
Fisiopatologia
É uma condição benigna, resultado da redução de
reabsorção do líquido pulmonar após o
nascimento.
O quadro tipicamente acomete os RNs pré-termo
tardios e os RNs a termo.
Os fatores de risco incluem:
Cesariana eletiva sem trabalho de parto;
Asfixia perinatal;
Diabetes e asma brônquica materna;
Policitemia.
Quadro Clínico
Inicia com um desconforto respiratório nas
primeiras horas de vida e evolui quase que
exclusivamente com taquipneia e, muito
raramente, gemência e retrações.
Diagnóstico
Alterações Laboratoriais: reduzem-se à
gasometria alterada, com discreta queda do
oxigênio e pouca repercussão sobre o pH.
Exames de imagem: São encontradas as seguintes
alterações:
Diminuição da transparência pulmonar;
Estrias radiopacas em direção ao hilo (trama
vascular pulmonar proeminente);
Cissuras espessadas (derrame cisural);
Hiperaeração, com diafragma achatado;
Eventualmente, discreta cardiomegalia e/ou
derrame pleural.
Tratamento
Alguns RNs melhoram com a oferta de oxigênio
(FiO2 60 irpm, recomenda-
se alimentação através de sonda orogástrica, para
evitar a broncoaspiração de leite por decorrência
da incoordenação da respiração e deglutição.
Fisiopatologia
Decorre da aspiração de líquido amniótico
meconial, levando a alterações inflamatórias e
obstrutivas.
A presença desta substância estranha dentro dos
pulmões pode ter repercussões graves, produzindo
uma pneumonite química, além de obstruir as vias
aéreas, provocando aprisionamento do ar por
Taquipnéia Transitória do Recém Nascido
Síndrome de Aspiração Meconial (SAM)
17
Taciano Fontes Filho
mecanismo valvular, atelectasias e áreas de shunt
intrapulmonar, com consequente hipoxemia.
Pode haver deslocamento e inativação do
surfactante com instabilidade e colapso alveolar.
O ar aprisionado produz hiperinsuflação. Este
mecanismo favorece a ocorrência de enfisema
intersticial, muitas vezes produzindo pneumotórax
e/ou pneumomediastino.
Fatores de Risco: RNs com IG ≥ 40 semanas os RNs
que sofreram asfixia perinatal.
Quadro Clínico
Impregnação meconial em cordão umbilical, pele
seca, enrugada e sem vérnix.
A ausculta respiratória, pouco específica, pode
revelar estertores em ambos os campos
pulmonares, além de expiração prolongada.
O RN apresenta sinais de insuficiência respiratória
nas primeiras horas de vida.
A hiperdistensão do tórax pode ser proeminente.
Diagnóstico
O aspecto clássico é de infiltrado grosseiro e difuso,
alternando com áreas de hipotransparência e
hiperinsuflação (aumento do diâmetro
anteroposterior do tórax e achatamento do
diafragma).
Devemos tentar localizar precocemente áreas de
extravasamento de ar, enfisema intersticial e
pneumotórax.
Tratamento
Prevenção: acompanhamento pré-natal cuidadoso
das gestantes de risco e prevenção da pós-
maturidade; assistência adequada na sala de parto.
Cuidados Gerais: incluem cuidados como a
manutenção da temperatura na zona termoneutra
e correção de anemia, alterações
da glicemia e
suporte hídrico.
Suporte ventilatório:
Capacete ou Capuz de Oxigênio: alguns RNs
podem ter boa resposta, desde que necessitem
de menores FiO2.
CPAP;
Ventilação mecânica: indicada nos casos de
insuficiência respiratória mais grave.
Antibioticoterapia: é aceito em SAM que evoluem
com distúrbios respiratórios e radiografias muito
alteradas.
Surfactante: o mecônio inativa o surfactante
endógeno e a utilização do surfactante exógeno
nas crianças com SAM vem sendo bastante
estudada.
Tratamento da hipertensão pulmonar persistente
neonatal: pode ser complicação dos quadros de
SAM e deve ser conduzida apropriadamente.
Pneumotoráx não hipertensivo e hipertensivo à
direita:
Pneumomediastino:
Pneumopericárdio:
Escape de Ar
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Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Definição
Alteração na sequência de bases na molécula de
DNA constituinte do gene - modificações nas
proteínas fabricadas, muitas das quais são
enzimas, com papel fundamental no metabolismo.
Albinismo
Causado por mutação na enzima tirosinase,
levando ao defeito na produção da melanina.
Tem como consequência: modificações da
estrutura e do funcionamento ocular;
envelhecimento precoce, danos actínicos e câncer
de pele.
Síndrome de Treacher-Collins (STC)
Também conhecida como disostose
mandibulofacial, é um distúrbio do
desenvolvimento craniofacial ocasionado por
mutações no gene TCOF1 (cerca de 90% dos casos),
de herança autossômica dominante.
Ao nascimento: devem ser examinadas pelo
otorrinolaringologista e pelo fonoaudiólogo para
identificar a extensão da perda auditiva e o grau de
comprometimento das vias aéreas.
A obstrução das vias aéreas superiores por
fatores estruturais pode frequentemente gerar
apnéia obstrutiva em portadores de STC.
Achados clínicos: achatamento dos ossos malares
da face (hipoplasia malar); queixo pequeno
(micrognatia); orelhas pequenas, mal-formadas ou
ausentes; surdez total ou parcial; coloboma,
fendas palpebrais inclinadas para baixo; palato
estreito ou fissurado; cardiopatia congênita,
criptorquidia, retardo do desenvolvimento
neuropsicomotor.
Definição
Corresponde a alterações no número ou no arranjo
dos genes no cromossomo, são elas: deleção,
translocação, inversão, duplicação e genes
contíguos (microdeleções).
Cri-du-chat ou Síndrome do miado do gato
É uma monossomia 5p causado pela deleção do
braço curto do cromossomo 5.
Os bebês apresentam o choro semelhante ao
miado do gato e dismorfia craniofacial.
Dismorfia craniofacial: sinostose prematura da
sutura metópica, hipertelorismo verdadeiro,
estrabismo, palato ogival, micrognatia, lábios
finos, úvula bífida, problemas de oclusão,
anormalidades de laringe.
É comum apresentarem também cardiopatias
(CoA, defeitos septais, atresia de tricúspide);
anomalias renais; malformações esqueléticas
(escoliose, anomalias costais), retardo do
desenvolvimento neuropsicomotor; eventos
infecciosos (principais causas de óbitos).
Apenas cerca de 10-15% sobrevivem a
adolescência.
Definição
Origina-se da união de gametas com número
anormal de cromossomos.
Aneuploidias: falta de um ou mais cromossomos
ou a presença de cromossomos extras
(monossomias, trissomias).
Cariótipo: representação gráfica do conjunto de
cromossomos de uma célula, organizados
conforme tamanho, forma e número.
Síndrome de Down
Etiologia: trissomia do cromossoma 21 (94%), com
cariótipo 47, XX ou XY, +21.
Características Clínicas:
Face: face achatada, braquicefalia, fendas
palpebrais oblíquas, prega epicântica, manchas
Distúrbios Genéticos
Mutações Gênicas
Mutações Cromossômicas Estruturais
Mutações Cromossômicas Numéricas
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Taciano Fontes Filho
de Brushfield na íris, orelhas pequenas, nariz
achatado, língua protrusa por hipotonia, palato
arqueado, hipoplasia dos seios frontais, pescoço
curto;
Extremidades: mãos pequenas e dedos curtos
(braquidactilia), prega palmar única (prega
simiesca – 40%), hipoplasia da falange média do
5º dedo com clinodactilia, afastamento entre o
hálux e o 2º pododáctilo (sinal da sandália);
Sistema nervoso: hipotonia (80%), deficiência
intelectual, epilepsia, doença de Alzheimer,
transtorno de conduta.
Sistema sensorial: estrabismo (45%), surdez de
condução/neurossensorial (66%), miopia (70%),
catarata na fase adulta (30-60%);
Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas
(CIV, CIA, DSAV), na fase adulta observa-se
prolapso de valva mitral;
Sistema gastrointestinal: malformações ((ex.:
fístula traqueoesofágica, atresia de duodeno,
pâncreas anular), doença celíaca;
Sistema endócrino: hipotireoidismo, diabetes
mellitus, obesidade;
Sistema hematopoiético: leucemia (1:95),
mielodisplasia;
Sistema osteoarticular: esterno curto, frouxidão
ligamentar, displasia de pelve, instabilidade
atlantoaxial;
Sistema geniturinário: pênis curto e pequeno,
deficiência gonadal primária.
Síndrome de Patau
Etiologia: trissomia do cromossoma 13, com
cariótipo 47, XX ou XY, +13.
Características Clínicas
Constitucional: baixo peso de nascimento;
Face: microcefalia com sutura sagital ampla,
fenda labiopalatina (60- 80%), anomalias
auriculares, hipotelorismo ocular, ciclopia,
anoftalmia/microftalmia, coloboma de íris.
Extremidades: prega palmar única, polidactilia,
unhas hiperconvexas, camptodactilia,
calcanhares proeminentes;
Pele: hemangiomas capilares em fronte, aplasia
cútis em couro cabeludo;
Sistema nervoso central: malformações (ex.:
holoprosencefalia com desenvolvimento
incompleto dos nervos olfatórios e ópticos),
deficiência intelectual grave, epilepsia, apneia
central;
Sistema sensorial: surdez, cegueira;
Sistema osteoarticular: pelve hipoplásica
(estreita), acetábulo raso;
Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas
(80%), tais como: comunicação interventricular,
ducto arterioso patente, comunicação interatrial
e dextroposição cardíaca;
Sistema geniturinário: nos meninos,
criptorquidia e nas meninas, útero bicorno;
artéria umbilical única, rins policísticos (31%),
hidronefrose;
Sistema gastrointestinal: onfalocele.
Síndrome de Edwards
Etiologia: trissomia completa do cromossoma 18,
com cariótipo 47 XX ou XY, +18.
Características Clínicas:
Constitucional: prematuridade, baixo peso de
nascimento, pós-maturidade, polidramnia,
artéria umbilical única, deficit de crescimento,
rarefação da gordura subcutânea e músculos,
hipertonia, choro fraco;
Face: região occipital proeminente, diâmetro
bifrontal estreito, orelhas baixo implantadas e
malformadas, fissuras palpebrais curtas,
pequena abertura oral, micrognatia, palato
ogival; microcefalia;
Extremidades: dedos das mãos se sobrepõem,
hipoplasia ungueal, especialmente no 5º dedo da
mão e dedos dos pés; hálux pequeno e
dorsifletido; prega palmar única, calcanhares
proeminentes.
Tórax: esterno curto e mamilos hipoplásicos;
Abdome: hérnia de retos abdominais, umbilical e
inguinal;
Pele: cútis marmorata, pele redundante;
20
Taciano Fontes Filho
Sistema nervoso central: deficiência intelectual,
paralisia cerebral, defeito de mielinização,
microgiria, hipoplasia cerebelar;
Sistema osteoarticular: pelve estreita com
limitação da abdução;
Sistema cardiovascular: cardiopatias congênitas
(> 50%), tais como: comunicação interventricular,
comunicação interatrial, ducto arterioso patente;
Sistema geniturinário: nos meninos,
criptorquidia; nas meninas, hipoplasia de grandes
lábios com clitóris proeminente
Síndrome de Turner
Etiologia: a síndrome de Turner é causada pela
ausência de um cromossoma sexual (X ou Y),
determinando o cariótipo
45 X0.
Características Clínicas:
Ao nascimento: linfedema de membros
inferiores, pterigium coli (pele redundante no
dorso e pescoço);
Crescimento: baixa estatura e tendência à
obesidade;
Face e pescoço: epicanto, palato em ogiva,
mandíbula pequena, orelhas proeminentes,
pescoço curto e alado, baixa implantação da
linha dos cabelos, prega redundante na nuca;
Tórax: em escudo com hipertelorismo mamilar
(afastamento dos mamilos), mamilos
hipoplásicos, pectus excavatum, escoliose;
Extremidades: cúbito valgo, exostose tibial
medial, deslocamento de quadril, 4º metatarso
e 4º metacarpo curtos, unhas hiperconvexas;
Sistema nervoso central: inteligência normal,
retardo na conduta motora e coordenação
motora fina ruim.
Sistema sensorial: hipoacusia;
Sistema genital: disgenesia gonadal levando a
retardo puberal;
Sistema urinário: rins em ferradura, duplicação
do sistema pielocaliciano;
Sistema cardiovascular: valva aórtica bicúspide
(30%), coarctação de aorta (10%);
Doenças crônicas: diabetes mellitus,
hipertensão arterial primária, colite ulcerativa,
doença de Crohn, hipotireoidismo e agenesia
do corpo caloso.
Síndrome de Klinefelter
Etiologia: O cariótipo mais comum é o 47, XXY, mas
podem ocorrer 48 XXXY e mosaicos 46 XY, 47 XXY.
Características Clínicas:
Há uma disgenesia de túbulos seminíferos e,
por isso, a espermatogênese está ausente.
Menor produção de testosterona pelas células
de Leydig.
Há aumento desproporcional do comprimento
dos membros inferiores, ginecomastia,
micropênis, testículos pequenos e endurecidos.
Maior predisposição de doenças pulmonares
crônicas (bronquites, enfisema), cânceres
(tumores de mediastino, tumores de mama,
linfoma não Hodgkin) e diabetes mellitus.
21
Taciano Fontes Filho
TACIANO FONTES FILHO NEONATOLOGIA – 2022.1
Definição
A terminologia recém-nascido (RN) pré-termo
(prematuro), é utilizada para todo RN entre 22 e 37
semanas de IG ao nascer e não leva em
consideração o peso de nascimento.
Pré-termo tardios: entre 34 e 36 semanas e 6
dias.
Pré-termo moderado: entre 30 e 33 semanas e
6 dias.
Pré-termo extremos: menor do que 30
semanas.
Crescimento fetal restrito refere-se
especificamente aos RN que não atingiram
intraútero todo o seu potencial de crescimento.
Classificação do RN a partir do peso:
Baixo peso ao nascer (BPN): entre 1500 e 2500
g.
Muito baixo peso ao nascer (MBPN): entre 1000
e 1500 g.
Extremo baixo peso ao nascer (EBPN): 2 cm, ou apagamento cervical
≥ 80%.
OBS: Ameaça de Trabalho de Parto Prematuro:
cervicometria > 30mm.
Conduta
Tocólise: atua atrasando o trabalho de parto em
cerca de 2 dias, para que seja possível fazer a
corticoterapia.
Indometacina
Terbutalina
Nifedipina
Corticoterapia: atua nos pneumócitos tipo II, para
estimular a produção de surfactante e evitar
problemas respiratórios ao RN. É realizado quando
a mãe entra em TP prematuro (24-34 semanas de
IG), com condições materno-fetais estáveis. É ideal
que seja feito uma cesariana após 24h da última
dose administrada.
Betametasona: 12mg, dose única diária, por 2
dias.
Dexametasona: 6mg, 12/12h, por 2 dias.
Seu uso também está associada com a redução da
hemorragia intraventricular, leucomalácia
periventricular, retinopatia da prematuridade,
enterocolite necrosante, persistência do canal
Prematuridade
Visão Geral
22
Taciano Fontes Filho
arterial e, principalmente, da mortalidade
neonatal.
Neuroproteção:
MgSO4
Assistência ao parto
Vigilância fetal;
Via de parto;
Fórceps e vácuo extrator;
Profilaxia contra Streptococcus do grupo B (SGB),
com uso de penicilina benzatina.
Prevenção
Medidas não efetivas na diminuição do parto
prematuro:
Repouso domiciliar ou hospitalar;
Abstinência sexual;
Tocólise profilática ou de manutenção;
Antibioticoprofilaxia em mulheres
assintomáticas;
Uso de escores de risco para prematuridade;
Medidas potencialmente efetivas na diminuição
do parto prematuro:
Suplementação com progestágenos;
Interrupção do tabagismo;
Interromper uso de drogas e álcool;
Cerclagem: sutura em bolsa e foi idealizada
como maneira de manter o colo uterino
fechado, impossibilitando sua dilatação antes
do final da gravidez, evitando, assim, a
prematuridade.
Redução da atividade física;
Tratamento das infecções genitais sintomáticas
e da bacteriúria assintomática.
Prognóstico
Responsável por 75% da mortalidade neonatal e
50% das lesões neurológicas;
Retardo de crescimento;
Alterações visuais e auditivas;
Enterocolite necrotizante;
Síndrome da angústia respiratória;
Método New Ballard
Método modificado da avaliação da IG do RN, que
permite estimar a partir de 20 semanas de IG.
São 6 parâmetros neurológicos: pele, lanugo,
superfície plantar, glândula mamária, olhos-orelha,
genital.
Outros 6 parâmetros físicos: postura, ângulo de
flexão do punho, retração do braço, ângulo
ploplíteo, sinal de Xale, manobra calcanhar-orelha.
OBS: consultar o resumo “Semiologia do RN”.
Regulação Térmica
Quanto menor a IG e maior a restrição do
crescimento, maiores as chances de perda do
controle térmico, tornando o RN mais suscetível às
variações da temperatura ambiente.
Entre os fatores envolvidos, encontram-se: relação
menor entre a massa e a superfície corporal;
menor quantidade de gordura marrom; maior
permeabilidade epidérmica; e manuseio excessivo
a que muitas vezes estão submetidos, favorecendo
maior perda de água corporal e temperatura.
Glicose
Visão Geral
Com o clampeamento do cordão umbilical, cessa o
fornecimento materno de glicose. Os RN a termo e
muitos prematuros normais conseguem manter
inicialmente um nível glicêmico de normalidade.
No entanto, os RN prematuros, notadamente os de
baixo peso ao nascer, por causa de várias
condições adversas, há acentuada chance de
desenvolverem hipoglicemia ( 125 mg/dl no
sangue total ou > 145 mg/dl
no plasma)
geralmente acontece em prematuros de MBP,
provavelmente devido à resposta variável à
insulina, produção hepática persistente de glicose
endógena ou resistência à insulina. Nesta situação
deve-se reduzir a VIG.
Quando glicemia > 250 mg/dl: indica-se a
infusão contínua de insulina exógena (10 UI
insulina regular + 100 ml SG) → infundir 0,1 a
0,2 U/Kg/hora.
Devido a maior complexidade e prevalência da
hipoglicemia neonatal, iremos aprofundar abaixo
acerca da sua etiologia, quadro clínico e conduta.
Etiologia de hipoglicemia neonatal:
Baixa reserva de glicogênio: RN PIG; prematuro;
restrição de crescimento intrauterino; BPN.
Hiperinsulinemismo: RN GIG, filhos de mãe com
DMG; eritroblastose fetal; Síndrome Beckwith-
Wiedemann; uso materno de tocolíticos e
clorpropamida.
Causas Mistas: situações de estresse (asfixia,
sepse, hiponatremia, desconforto respiratório
grave); erros inatos do metabolismo, policetemia,
Aspectos observados no RN pré-termo
23
Taciano Fontes Filho
exsanguineotransfusão, uso materno de
propranolol.
Quadro Clínico:
É comum sinais e sintomas do sistema nervoso
central, como irritabilidade, tremores,
letargia/apatia, hipotonia e coma.
Também podem estar presentes: cianose; apneia,
taquipneia, dispneia; hipotermia ou instabilidade
térmica; recusa alimentar; sucção débil.
Conduta:
RN Sintomático:
Push de glicose: SG 10%, EV, 2ml/kg.
Infusão contínua de glicose: VIG 6 a 8
mg/kg/min;
Dextro a cada 30-60 minutos;
Alimentação enteral precoce.
RN assintomático: 0-4 horas de vida
RN assintomático: 4-24 horas de vida
Hipoglicemia Persistente: apesar de VIG 20
mg/kg/min, considerar: glucagon, fiazóxido,
octreotide, glicocorticoides.
Nesidoblastose: hipoglicemia persistente,
provocado pela proliferação de células
endócrinas com hipersecreção inapropriada da
insulina. Não é causado por tumor.
Insulinoma: é um raro tumor de células beta
pancreáticas que hiperssecretam insulina.
Cálcio
Atua em vários processos do metabolismo e da
estabilidade da membrana celular, na contração
muscular e na condução do potencial de ação entre
feixes nervosos.
Tem relação direta com o PTH, calcitonina,
vitamina D e íon Mg.
Considera-se hipocalcemia quando o nível de cálcio
sérico total está abaixo de 8 mg/dL (2 mmol/L) ou
o de cálcio ionizável, abaixo de 4,4 mg/dL. Alguns
autores aceitam os valores mínimos para o RN
pré-termo como 7 mg/dL de cálcio total.
A hipocalcemia pode, muitas vezes, ser
assintomática. As manifestações clínicas mais
frequentes são tremores, irritabilidade muscular,
convulsões generalizadas ou eventualmente
focais, estridor, apneia.
Tratamento: Faz a suplementação com fosfato
tricalcico (manipulado) ou gluconato de cálcio 10%
(infusão contínua de 500mg/kg/dia).
Em caso de tetania, apneia ou convulsão: 1 a 2
ml/Kg GC 10% em 5 min EV / se não houver
resposta repetir dose após 10 minutos.
Magnésio
Considera-se hipomagnesemia valores séricos 1500g, 400 UI (200
UI/gota, 2 gotas) por VO, a partir da 1ª semana de
introdução da dieta enteral a até o primeiro ano de
idade cronológica. Do 1º ao 2º ano aumenta para
600 UI (200 UI/gota, 3 gotas).
Zinco: 0,5 a 1 mg/kg/dia de 36 semanas até 6
meses de idade corrigida
Cálcio: 50 a 100 mg/kg/dia. O fosfato tricálcico
12,9% (1 mL, contém 50 mg Ca e 25 mg de P) é uma
opção de uso.
Sem DMO: até completar 40 semanas;
Com DMO: por 3 a 6 meses após alta.
Fosforo: 5 a 50 mg/kg/dia.
É igual ao RN a termo, seguindo a idade
cronológica.
BCG (dose única): Se PN