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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR 
 
__________________________________________________________________________________ 
 
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
CRISTIANE DE SOUZA BARBOZA NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL EM RELAÇÃO AO BOLSA 
FAMILIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Betim/Mg 
2021 
 
 
 
CRISTIANE DE SOUZA BARBOZA NUNES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL EM RELAÇÃO AO BOLSA 
FAMILIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de Serviço 
Social – Universidade UNOPAR, para a 
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. 
 
Professor da disciplina: Adriana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Betim/Mg 
2021 
 
 
NUNES, Cristiane de Sousa Barboza. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL EM 
RELAÇÃO AO BOLSA FAMILIA. 30. Páginas. Trabalho de Conclusão de Curso 
(Serviço Social) Universidade Unopar, São Paulo, 2021. 
 
RESUMO 
 
Este estudo propõe explicar o Bolsa família, o seu funcionamento e os programas de 
renda que surgiram em nosso país e como eles se expandiram-se pelo mundo, como 
uma alternativa a mais, no combate a fome, a miserabilidade e a desigualdade social, 
sendo incluso dentro do Sistema de Proteção Social e, em muitos países, como a 
única alternativa. Temos como objeto de estudo o trabalho do assistente social em 
relação ao Bolsa Família, e para melhor compreensão do tema, delineamos como 
objetivo geral analisar os impactos e a eficácia do Programa Bolsa Família. A partir de 
pesquisa bibliográfica, apoiada em renomados autores como Maria Ozanira Silva 
(2005; 2007; 2012); Aldaíza Sposati (2011); Pereira (2006); Ivanete Boschetti (2011; 
2012); Elaine Behring (2011); e muitos outros que discorrem e refletem sobre as 
condições do Bolsa Família. Através desse estudo percebemos a importância da 
proteção social brasileira e a importância desse programa, assim como as suas 
inúmeras fragilidades e falhas, desde o valor do benefício, tanto no processo de 
cadastramento das famílias. 
 
 
Palavras-chave: Bolsa Família; Assistência social; Programa de Sistema de Proteção 
Social; Serviço Social, Políticas Sociais.
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5 
2. A TRAJETÓRIA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL QUE 
LEVARAM À ADOÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA .................................... 7 
3. A EMERGENCIA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE RENDA NO 
BRASIL. .................................................................................................................. 13 
4. OS BENEFICIOS E OS PONTOS NEGATIVOS DO BOLSA FAMÍLIA E COMO 
O ASSISTENTE SOCIAL PODE AUXILIAR NA MELHORIA DO BENEFICIO. ...... 19 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 25 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................................................ 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A escolha do tema do Trabalho de Conclusão de Curso ocorreu em virtude da 
minha experiencia com o Programa Bolsa Família onde vivenciei experiências que me 
instigaram a analisar e estudar de forma mais profunda o significado desse programa 
e os benefícios dele para os beneficiários e como o Bolsa Família ajuda a diminuir à 
pobreza no Brasil. 
Buscou-se também verificar se a implementação das políticas sociais, são de 
fato instrumentos eficazes para resolver problemas sociais e se estão sendo usadas 
corretamente para auxiliar as famílias de baixa renda e que dependem de assistência 
social e medidas preventivas e protetivas na sociedade, visto que o Brasil é um país 
com grande desigualdade social. analisa o trabalho do assistente social na execução 
do Programa Bolsa Família (PBF) no âmbito da política de assistência social. 
O foco da análise prioriza a dimensão ética implícita no fazer técnico-operativo 
envolvido nas intervenções profissionais de assistentes sociais executores das 
políticas sociais contemporâneas, com destaque para o PBF. Nesse sentido, busca 
apreender os desafios na efetivação dos valores e princípios do Código de Ética do 
Serviço Social, que devem ser observados e respeitados por assistentes sociais e 
instituições empregadoras perante as demandas e atribuições exigidas na execução 
das políticas e programas sociais de formato focalizado e condicionado. 
Iremos discorrer sobre os desafios para a consolidação dos princípios do 
Código de Ética do Serviço Social no âmbito da intervenção profissional na execução 
do PBF na esfera da política de assistência social implica reconhecer que a inserção 
e atribuições do assistente social nesse sentido não se processam isoladas e 
desconectadas das transformações conceituais e operacionais que afetam as políticas 
sociais contemporâneas, cujo direcionamento atual é orientado por intervenções 
minimalistas, focalizadas e de ativação dos mais pobres através de condicionalidades. 
Para tanto, pretende-se efetuar uma breve caracterização das políticas sociais 
contemporâneas regidas pela lógica do workfare. 
 
 
 
 
6 
 
Neste estudo privilegia-se a variável ética presente na execução das políticas 
sociais contemporâneas, caracterizadas pelo modelo que impõe atividades de 
retribuição dos benefícios recebidos do Estado por parte dos beneficiários e também 
exige do trabalhador, executor desse tipo de programa, o desenvolvimento da ação 
designada em documentos oficiais como "trabalho social com famílias", com destaque 
para as famílias que descumprem as condicionalidades. Observa-se que a 
convivência entre os valores intrínsecos à execução das políticas sociais 
contemporâneas e os princípios do Código de Ética do Serviço Social nem sempre é 
harmônica e, portanto, impõe desafios ao assistente social trabalhador das diversas 
políticas sociais, com destaque neste artigo para a política de assistência social. 
Portanto, nos inserimos no sistema de programas brasileiros para observar e 
questionar se tais programas estão sendo efetivos ou se estão sendo usados para 
ganho de renda indevida, tanto no campo político e social, destacando o Programa 
Bolsa Família. O Problema apresentado é o seguinte: O bolsa família está sendo 
suficiente e eficaz, no combate à pobreza? E para responder a essa pergunta, vamos 
analisar os impactos e a eficácia do Programa Bolsa Família. Conhecer a trajetória da 
Política de Assistência Social no Brasil que levaram à adoção de programas de renda, 
destacando o Programa Bolsa Família. A Emergência de implementação dos 
programas de renda no Brasil e discutir os benefícios e os pontos negativos do bolsa 
família. 
Para este estudo, foi realizado levantamento bibliográfico com livros de autores 
que retratam o tema, além de artigos científicos do Scielo e google acadêmico que 
trabalham com a questão do bolsa família, buscando obter o máximo de informações 
e esclarecimentos que contribuíssem para a resolução dos problemas aqui 
apresentados. Essa pesquisa teórica teve como objetivo contribuir com as discussões 
em torno do bolsa família, dos benefícios do programa no combate à pobreza e seus 
pontos negativos. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2. A TRAJETÓRIA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL QUE 
LEVARAM À ADOÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA 
 
 
No coração da sociedade capitalista, surgem as políticas sociais, pois as 
contradições existentes ao modo de produção e reprodução do capital (dinheiro), na 
maioria das vezes de forma injusta e desumana, traz consigo toda a conjuntura 
histórica, social, política e econômica que contribui para o processo de expansão do 
sistema socioeconômico, que se fundamenta a partir de relações sociais construídas 
através do trabalho e da exploração da mão de obra. (MOTA, 2009, p.17) vai ressaltar 
que:Na sociedade capitalista, a reprodução da própria vida tem como única 
alternativa a venda da força de trabalho e os salários como meio de acesso 
aos bens e serviços necessários à subsistência, através do mercado. 
 
 
Desse modo, através do trabalhado assalariado, estruturado a partir da força 
de trabalho e da mão de obra da classe operaria, submissa á classe dominadora 
(patrões), onde o objetivo é produzir riqueza para a classe dominante, essas relações 
passam por um antagonismo e gera conflito de interesses à medida que o capitalismo 
se expande na sociedade. De acordo com (IAMAMOTO, 2001, p.11): 
 
 
(....) O regime capitalista de produção é tanto um processo de produção das 
condições materiais da vida humana, quanto um processo que se desenvolve 
sob relações sócio-histórico-econômicas de produção específicas. Em sua 
dinâmica produz e reproduz seus expoentes: suas condições materiais de 
existência, as relações sociais contraditórias e formas sociais das quais se 
expressam. 
 
 
Estruturado a partir de princípios que defendem a propriedade privada e 
exploram o trabalhador, criando a desigualdade social, o capitalismo se desenvolve 
por interesse de apenas criar capital/lucro e à medida em que isso avança, o 
capitalismo produz contradições, onde, por um lado gera riqueza, mas por outro, extrai 
recursos naturais, explorando a natureza e o ser humano, que muitas vezes trabalha 
apenas para comer e sobreviver. (IAMAMOTO, 2001, p.11) vai refletir que: 
 
 
8 
 
 
Existe, pois, uma indissociável relação entre a produção dos bens materiais 
e a forma econômico-social em que é realizada, isto é, a totalidade das 
relações entre os homens em uma sociedade historicamente particular, 
regulada pelo desenvolvimento das forças produtivas do trabalho. 
 
 
Nessa perspectiva, são evidenciadas a riqueza/pobreza e deixa claro que o 
capitalismo não se importa com o ser humano, mas, sua única importância é gerar 
cada vez mais lucro, gerando riqueza, mesmo que de forma indevida, aumentando a 
exploração da força de trabalho, provocando assim, uma grande desigualdade social, 
gerando empobrecimento da população. Segundo (MONTAÑO, 2012, p. 281-282): 
 
 
Crises de superprodução e superacumulação que configuram-se na 
atualidade seguindo: um período de expansão, em que todos os capitais 
fluem para a produção e comércio, aumentando o investimento, a produção 
e o consumo, além da criação de novas empresas, bem como de mais postos 
de trabalho – segue-se de uma fase de superprodução – dado o excessivo 
crescimento da produção em geral, há maior oferta de mercadorias do que a 
demanda; uma parte das mercadorias produzidas não será vendida ou será 
vendida ou será comercializada a preços cada vez mais baixos, levando a 
uma queda da taxa de lucro. Daqui deriva: um período de crise e depressão, 
como o desemprego, a redução das vendas e queda dos preços. Reduz-se o 
investimento na atividade produtiva e comercial, sendo parte do capital 
entesourado ou redirecionado para a atividade financeira ou até destinado a 
outras fronteiras. Aumenta o desemprego, diminuindo os salários, e com isto 
eleva-se a taxa de mais valia. 
 
 
 Desse modo, o Estado visa atender aos interesses da classe dominante que é 
continuar extraindo o capital, sem se incomodar com a exploração da classe 
trabalhadora, e quando esses trabalhadores, exigem direitos e pressionam a classe 
dominante, para obter seus direitos, através de greves e paralisações, eles atendem 
algumas de suas reivindicações, para controlá-los e dominá-los, evitando assim 
comprometer o processo de acumulação e geração do capital. Nessa perspectiva, 
(MOTA, 2009, p.31), afirma que: 
 
 
Através da reedição de antigas formas de trabalho, ou mesmo substituindo 
por novos processos de trabalho que externalizam e desterritorializam parte 
do ciclo produtivo, instaurando novos modos e processos de cooperação, nos 
quais se incluem e se ajustam, num mesmo processo de trabalho, atividades 
envolvendo altas tecnologias, superespecialização e precarização absoluta, 
redefinindo a divisão internacional do trabalho. 
 
 
 
9 
 
 
Com a Revolução Industrial, trazendo a tecnologia para substituir o ser 
humano, criando milhares de desempregos, fez com que o estado se cria meios de 
assistência social, atendendo não somente aos pobres e miseráveis, mas também os 
desempregados e as famílias que vivem em situações precárias, criando parcerias 
com a sociedade. Nesse sentido, (MOTA, 2009, p.27) ressalta que: 
 
 
A consolidação de direitos sociais e trabalhistas e a oferta de serviços sociais 
públicos, ao mesmo tempo em que foram responsáveis pelo reconhecimento 
da necessidade de proteção social dos trabalhadores, também possibilitaram 
o surgimento de ideologias que defendiam a possibilidade de compatibilizar 
capitalismo, bem estar e democracia, lastro político da social – democracia- 
lastro que perdurou durante as “três décadas gloriosas. 
 
 
Desse modo, os trabalhadores passaram a se organizar, exigindo direitos e 
melhores condições de trabalho, além de aumento de salário, respeito e direitos 
humanos. Com essa pressão, o Estado (Governo), passa a criar direitos sociais e 
programas sociais, visando assegurar a economia e controlar a classe trabalhadora, 
realizando ações sociais mais efetivas. 
 
 
(...) É nesse contexto que a expressão “questão social” amplia o seu leque 
de significados, ultrapassando, de certa forma, o sentido original que lhe foi 
conferido. Refiro-me, aqui, às consequências desta fragmentação na 
composição e ação política das classes trabalhadoras, resultado do 
desemprego, da precarização do trabalho e dos seus novos modelos de 
gestão. (MOTA, 2009, p.32) 
 
 
 
É nesse âmbito de mudanças, sobretudo no mundo do trabalho, que as 
manifestações sociais começam a se destacar, pois com a falta de mão de obra 
humana e a precarização do trabalho, o desemprego, a moradia precária, a 
insalubridade, a fome, cria a necessidade de sobrevivência do ser humano e 
consequentemente, aumenta a violência. De acordo (IAMAMOTO, 2010, p.156): 
 
 
A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo 
da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana 
– o trabalho – das condições necessárias à sua realização, assim como de 
seus frutos. É inseparável da emergência do “trabalhador livre”, que depende 
da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas 
necessidades vitais. (...) Ela expressa, portanto, uma arena de lutas políticas 
e culturais na disputa entre projetos societários, informados por distintos 
10 
 
interesses de classe na condução das políticas econômicas e sociais, que 
trazem o selo das particularidades históricas nacionais. 
 
 
É a partir disso, onde as pessoas lutam bravamente por melhores condições 
de vida e de trabalho, que surge a necessidade de criar respostas e soluções às 
necessidades sociais da classe trabalhadora. Com isso, por mais que o Estado não 
se importe muito com as pessoas, ele tem que agir, em prol do bem maior e da 
continuidade da produção do capital, e começa a criar projetos sociais e de 
intervenção. Nessa perspectiva, (MOTA, 2009, p.142-143), compreende que: 
 
 
 (...) a seguridade social é produto histórico das lutas do trabalho na medida 
em que respondem pelo atendimento de necessidades inspiradas em 
princípios e valores socializados pelos trabalhadores e reconhecidos pelo 
Estado. Qualquer que sejam seus objetos específicos de intervenção, sua 
institucionalização depende tanto do nível de socialização da política 
conquistado pelas classes trabalhadoras, como das estratégias do capital na 
incorporação das necessidades do trabalho, configurando-se 19 
historicamente como um campo de disputas e negociações na ordem 
burguesa. 
 
 
 Diante disso, surgem as políticas sociais em que o Estado, tenta ajudar a 
sociedade civil, criando projetos sociais, como o BolsaFamília, que auxilia as famílias 
de baixa renda, e como vimos nessa pandemia do Covid-19, o auxilio emergencial á 
população e o benefício emergencial aos trabalhadores que tiveram seus 
estabelecimentos prejudicados pela pandemia. A partir dessa realidade, o governo 
brasileiro cria a Legião Brasileira de Assistência (LBA), tendo como objetivos: 
 
Prestar, em todas as formas uteis, serviços de assistência social, diretamente 
ou em colaboração com instituições especializadas, fica reconhecida como 
órgão de cooperação com o Estado no tocante e tais serviços, e de consulta 
no que concerne ao funcionamento de associações congêneres. 
(Art.1°Decreto – Lei nº 4.830, de 15 de outubro de 1942). 
 
 
Surgem então, um novo cenário político e social, onde através de sindicatos, 
associações comunitárias, novos partidos políticos, a crise econômica e as mudanças 
na esfera política e social, é promulgada na Constituição Federal Brasileira, em 1948, 
marcando a democracia no país e organizando os direitos sociais. (MOTA, 2009, p. 
142) vai comemorar afirmando que: 
 
11 
 
Assim, nos anos 80, por força da pressão organizada dos trabalhadores, 
novas mudanças são realizadas no âmbito das políticas de proteção social, 
mudanças esta que vieram, inclusive, a ser institucionalizadas, no final da 
década, com a Constituição de 1988. 
 
 
Nesse sentido, as mudanças no sistema de proteção social ganham destaque 
nesse período, na medida em que a pobreza, passa a ser reconhecida e considerada 
como um problema social a ser resolvido e enfrentada pelo Estado. Autores como 
Silva e Silva, Yazbek e Giovani acreditam que a principal causa da pobreza no Brasil 
é a desigualdade na distribuição de renda, desse modo: 
 
 
À redução da pobreza perpassa outros fatores e apontam como alternativas 
a ampliação da inserção de jovens no sistema de educação e articulação no 
sentido mais amplo de políticas públicas de geração de emprego e 
redistribuição de renda planejadas e executadas com seriedade. (SILVA e 
SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007, p.202) 
 
 
Para isso, o governo começa a combater a fome e a miséria, criando programas 
sociais e contratando assistentes sociais, para atender a população, ver as suas 
dificuldades e tentar inseri-las em algum programa e em algum sistema de Seguridade 
Social, que garantam o seu bem estar e tragam proteção e a garantia de direitos e 
condições dignas de vida. (DI GIOVANNI, 1998, p.10), vai definir proteção social 
como: 
 
As formas institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger 
parte ou o conjunto de seus membros. Tais sistemas decorrem de certas 
vicissitudes da vida natural ou social, tais como a velhice, a doença, o 
infortúnio, as privações. (...) Neste conceito, também, tanto as formas 
seletivas de distribuição e redistribuição de bens materiais (como a comida e 
o dinheiro), quanto os bens culturais (como os saberes), que permitirão a 
sobrevivência e a integração, sob várias formas na vida social. Ainda, os 
princípios reguladores e as normas que, com intuito de proteção, fazem parte 
da vida das coletividades. 
 
 
Diante dessa realidade, onde é necessário alterar o quadro social, o governo 
criou e regulamentou órgãos de assistências social como a Lei Orgânica da 
Assistência Social (LOAS) em 1993, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) 
em 2004 e o Sistema único de Assistência Social (SUAS) em 2005. 
 
 
 
12 
 
A análise histórica da dos programas de Assistência Social no Brasil, 
demonstra a questão social, precisa ser enfrentada pelos trabalhadores, 
principalmente aqueles que estão inseridos no mercado de trabalho formal. Segundo 
Behring e Almeida, o Brasil se mantém distante de um ampliado sistema de proteção 
social, nesse sentido: 
 
(…) Apesar dos esforços das forças sociais para alteração do quadro 
brasileiro, ainda hoje, o país não ultrapassou os limites de um mercado de 
trabalho marcado pela instabilidade, pelos baixos salários, pelo desemprego 
e por frágeis mecanismos de proteção social. (BEHRING e ALMEIDA, 2008, 
p.183) 
 
 
Nessa conjuntura de limitações, que o nosso país tem, em comparação aos 
outros países mais desenvolvidos, seguimos ainda com muitas violações dos direitos 
sociais da classe trabalhadora, e a intervenção do Estado, sempre é seguido por 
interesse econômico e toda a ajuda à população é uma forma de mascarar o real 
interesse de produzir e capital. A respeito disso: (BEHRING e ALMEIDA, 2008, p.187) 
afirmam que: 
(...) O Estado refuncionaliza-se, tendo como prioridade as ações 
especulativas do capital financeiro. Assim, a contra - reforma do Estado 
reestrutura e reconfigura suas funções. No âmbito da política social surgem 
modificações gerenciais, voltadas para a focalização do gasto, para a criação 
de fundos sociais de emergência, com programas compensatórios (para os 
grupos mais pobres) e “parcerias” com o “terceiro setor”, em detrimento da 
universalidade e dos direitos sociais. 
 
 
Com isso, a tendência de resolver o problema do trabalho precário, o governo 
criou empregos parciais, temporários, hoje conhecidos como empregos com 
empresas “terceirizadas”, tentando ajustar a precariedade do emprego, pagando aos 
trabalhadores uma remuneração mínima (salário mínimo). Sobre isso, (IAMAMOTO, 
2011, p. 119), analisa que: 
 
Por um lado, um grupo central, proporcionalmente restrito, de trabalhadores 
regulares, com coberturas de seguros e direitos de pensão, dotados de uma 
força de trabalho de maior especialização e salários relativamente mais 
elevados. Por outro lado, um amplo grupo periférico, formado de um 
contingente de trabalhadores temporários e/ou de tempo parcial, dotados de 
habilidades facilmente encontráveis no mercado, sujeitos aos ciclos instáveis 
da produção e dos mercados. 
 
Por causa disso, em combate à desigualdade social, verificaremos a seguir a 
implementação dos programas emergentes, geradores de renda no Brasil. 
13 
 
3. A EMERGENCIA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE RENDA NO 
BRASIL. 
 
 
Segundo Behring e Boschetti, seguindo as orientações internacionais, o Estado 
começou a privatizar os patrimônios públicos, para que, dessa forma, consiga reduzir 
a dívida externa, criar projetos com preços mais baixos, melhorando a qualidade dos 
serviços e lucrando com isso. Entretanto, o resultado desse processo não ocorreu de 
forma esperada, e de acordo com as autoras: 
 
Houve uma entrega de parcela significativa do patrimônio público ao capital 
estrangeiro, bem como a não obrigatoriedade das empresas privatizadas de 
comprarem insumos no Brasil, o que levou ao desmonte de parcela do parque 
industrial nacional e a uma enorme remessa de dinheiro para o exterior, ao 
desemprego e ao desequilíbrio da balança comercial. (BEHRING e 
BOSCHETTI, 2009, p.153) 
 
Dessa maneira, a reforma do Estado, provocou alterações em sua própria 
estrutura e em busca de alcançar um maior desenvolvimento econômico, acaba 
prejudicando o trabalhador e toda a mão de obra, aumentando a inflação e o 
crescimento do déficit público. Com isso, aumenta a exploração do trabalhador e 
incentiva a destruição dos direitos trabalhistas. Desse modo, de acordo com (SILVA e 
SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007, p.25): 
 
A lógica adotada pelo Estado brasileiro, justificada pela ideologia da 
modernidade, faz com que se tenha uma Estado que rebaixa ainda mais sua 
responsabilidade social, quando esta demanda o atendimento das 
necessidades sociais das classes subalternas. Essa responsabilidade vem 
sendo transferida para uma sociedade como se esta fosse destituída de 
antagonismos de interesses, sendo homogeneizada por uma realidade que é 
complexa e heterogênea, ficando a sociedade responsável pela solução dos 
problemas sociais mediante práticas de parcerias e de “solidariedade”. Em 
última análise, vem se assistindo a um verdadeiro desmonte do Sistema de 
Proteção Social que parecia apontar, a partir dos anos 1980, em direçãoà 
universalização dos direitos sociais básicos, evidenciando retrocessos nas 
ofertas de serviços, mesmo nas áreas sociais básicas. 
 
Constata-se então, a destruição do sistema de proteção à população e com 
isso, o Estado reduz a sua intervenção sobre os problemas sociais, omitindo o seu 
dever e deixando de cumprir com a sua responsabilidade de prover o bem estar social, 
através do setor privado e público. Com isso a população fica abandonada e de acordo 
com (MOTA, 2009, p.167-168): 
 
14 
 
Este processo é responsável por um redirecionamento do papel do Estado 
que ao invés de políticas sociais públicas, que garantam a reprodução da 
força de trabalho, adota a perspectiva do Estado mínimo para o social e 
máximo para o capital, tendo este como pressuposto a desregulamentação 
da força de trabalho, associada a uma desresponsabilização perante a 
“questão social”. Esse processo de transformação do padrão de intervenção 
do Estado na “questão social” dá origem a um tipo de intervenção que 
preconiza a participação do chamado terceiro setor. 
 
 
Diante da redução da intervenção Estado no combate ao aumento desenfreado 
da pobreza e da desigualdade social, o que vem se destacando, é o papel 
desempenhado por organizações sociais, que sempre estiveram presentes na 
assistência social brasileira. A partir dessas organizações, criadas e gerenciadas 
pelos assistentes sociais, é possível ter esperança que esta seria uma alternativa que 
viria suprir as demandas que não foram atendidas pelo Estado. Segundo (MONTAÑO, 
2002, p. 23): 
 
O objetivo de retirar o Estado (e o capital) da responsabilidade de intervenção 
na ‘questão social’ e de transferi-los para a esfera do ‘Terceiro Setor’ não 
ocorre por motivos de eficiência (como se as ONGs fossem naturalmente 
mais eficientes que o Estado), nem apenas por razões financeiras: reduzir os 
custos necessários para sustentar esta função estatal. O motivo é 
fundamentalmente político-ideológico: retirar e esvaziar a dimensão de direito 
universal do cidadão quanto as políticas sociais (estatais) de qualidade; criar 
uma cultura de auto culpa pelas mazelas que afetam a população, e de 
autoajuda e ajuda mútua para seu enfrentamento; desonerar o capital de tais 
responsabilidades criando, por um lado, uma imagem de transferência de 
responsabilidades e por outro, a partir da precarização e focalização (não-
universalização) da ação social estatal e do Terceiro Setor, uma nova e 
abundante demanda lucrativa para o setor empresarial. 
 
 
Dentro dessa lógica, é possível perceber que no Brasil não houve reformas 
para promover avanços sociais ou mudanças nas condições de vida e de trabalho da 
classe trabalhadora, pois até hoje, os trabalhadores precisam se organizar e lutar por 
melhores condições de trabalho, através de greves, paralisações, manifestações, tudo 
para impedir a precarização do trabalho, ter mais condições de vida, assistência 
previdenciária e assistência social. Sob essa perspectiva, Behring e Almeida afirmam 
que: 
 
 
 
15 
 
(...) Logo a seguir à promulgação da Constituição, com o argumento da 
necessidade de sua regulamentação, ou de “modernização “da sociedade, os 
diversos governos encaminharem projetos de Leis e Emendas 
Constitucionais que rebaixaram direitos do trabalho e desfiguraram a 
seguridade social. A intervenção governamental, então, caminha no sentido 
da desconstrução da seguridade social – para atender aos novos interesses 
do capital – a qual, embora ainda com limites, foi conquistada pelo conjunto 
dos trabalhadores brasileiros, nas lutas da década de 1980. (BEHRING e 
ALMEIDA, 2008, p.184) 
 
 
Com a Constituição Federal de 1988, o Estado começa a implementar um 
projeto de desenvolvimento econômico, passando a adotar medidas de ajuste fiscal e 
de diminuição dos gastos públicos. Com essa política de ajuste fiscal, o governo faz 
cortes nos recursos destinados as áreas de assistência social, saúde, educação e 
habitação. Segundo (SILVA e SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007, p.23): 
 
 
A opção pelo ajuste econômico no Brasil, teve como consequência a 
estagnação do crescimento econômico e a precarização e instabilidade do 
trabalho, do desemprego e o rebaixamento do valor da renda do trabalho, 
como consequente ampliação e aprofundamento da pobreza, que se estende, 
inclusive, para os setores médios da sociedade. 
 
 
Com esse ajuste fiscal, a economia ficou estagnada e contribuiu para a 
elevação da inflação, por consequência da elevação das taxas de juros, aumentando 
a dívida externa, gerando uma enorme preocupação do governo com a economia do 
país, que passa a adotar medidas de desenvolvimento econômico que vão de 
encontro aos direitos sociais conquistados e expandidos com a promulgação da 
Constituição Federal de 1988. Nessa perspectiva, teve a implantação do Plano Real. 
Conforme, (BOURROL e FERREIRA, 2020): 
 
O plano real foi um plano econômico elaborado na década de 1990 e divido 
em três fases. A primeira delas seria o ajuste das contas públicas, através de 
um corte no Orçamento. A segunda seria a implantação da Unidade Real de 
Valor (URV), unidade monetária para desindexar a economia. E a última, a 
transformação da URV em real, a nova moeda brasileira. O Congresso após 
intensa negociação, aprovou o plano e as fases seguiram como planejado. 
 
 
 
16 
 
Diante dessa realidade, é possível perceber que a pobreza tem sido definida 
apenas pelo aspecto econômico. Desse modo, as políticas de enfrentamento a esse 
fenômeno são criadas e implementadas com a finalidade de distribuir renda para a 
população. Visando o enfrentamento da pobreza, o governo coloca em novas medidas 
de combate e redução da pobreza, e cria os programas de transferência de renda, 
repassando um valor para as famílias. E, após inúmeros programas, o governo cria o 
programa denominado: Bolsa Família. O programa supõe a distribuição de uma 
renda mensal destinada a famílias com renda per capta inferior a meio salário mínimo, 
que possuam filhos ou dependentes em idade de 0 a 14 anos e com a condição de 
manter as crianças e adolescentes com idade de 7 a 14 anos nas escolas. A respeito 
disso: (SILVA e SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2012, p.47), afirmam que: 
 
 
Independente de críticas e elogios, o Programa de Garantia de Renda Mínima 
tem o mérito, inquestionável, de ter iniciado o debate sobre a renda mínima 
na opinião pública brasileira, inspirando a criação de um imenso conjunto de 
programas de transferência de renda em implementação, por iniciativa de 
municípios, estados e pelo governo federal. Trata-se de uma modalidade de 
programas sociais não só factíveis, mas prevalentes no âmbito do sistema 
brasileiro de proteção social no adentrar do século XXI. 
 
 
Ainda no ano de 2001, foi elaborado pelo instituto de cidadania o Projeto Fome 
Zero, cuja proposta apresentava como principal objetivo a formulação de uma política 
de segurança alimentar e nutricional para a população brasileira e que contou com a 
participação de representantes de ONGs, institutos de pesquisas, sindicatos, 
organizações populares, movimentos sociais e especialistas vinculado a questão da 
segurança alimentar no país. Silva e Silva, Yazbek e Giovanni ressaltam a importância 
e a inovação do Programa Fome Zero no que se refere a perspectiva de segurança 
alimentar. Assim afirmam que: 
 
 
A relação entre o emergencial e o estrutural é um dos aspectos mis 
inovadores e relevantes do programa, mas cabe ressaltar que embora possa 
contribuir para que a sociedade caminhe na efetivação do direito humano a 
segurança alimentar e nutricional, o programa apresenta lacunas, 
particularmente ao não levar em consideração as políticas de seguridade 
social conforme propõe a Constituição Federal de 19888. Sua articulação a 
seguridade social, constitucionalmente afiançada, e as demais políticas 
setoriais, configura-se necessária e urgente, tendo em vista a superação da 
históricadesarticulação e superposição das ações sociais no país. (SILVA e 
SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007.p.108) 
17 
 
Para o governo federal, esses programas passam a ser considerados eixo 
central de uma “rede de proteção social” compreendida a partir da articulação dos 
programas de transferência PETI, BPC, Bolsa Escola, Bolsa – Alimentação, Auxílio- 
gás e o Cartão Alimentação. Por fim, a unificação dos programas nacionais de 
transferência de renda (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e Cartão 
Alimentação) a partir de julho de 2003 representou um avanço essencial do processo 
de desenvolvimento e expansão dos programas nacionais de transferência de renda. 
Segundo (SILVA e SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007, p.39): 
 
A existência de um amplo contingente da população vivendo abaixo da linha 
da pobreza absoluta e até da indigência, a adoção de modelos econômicos 
concentradores e excludentes, a limitação de recursos e sua má utilização, 
carência de técnicos capacitados, a permeabilidade da máquina estatal aos 
interesses privados, a incapacidade de focalização dos programas sociais no 
público que mais necessita deles; falta de tradição de acompanhamento e 
avaliação dos programas sociais; fragilidade da organização da sociedade, 
orientada por uma cidadania baseada no mérito em vez de nas necessidades. 
 
 
Para além desta realidade, constata-se que mesmo com esses programas de 
distribuição, não contribui para a diminuição da desigualdade social e nem tão pouco 
reduz a pobreza. Ao contrário, esses programas têm sido utilizados, muitas vezes por 
famílias que não precisam e aqueles que de fato precisam, acabam padecendo 
necessidades e isso vai aumentando o empobrecimento de uma grande parcela da 
população brasileira, em detrimento do enriquecimento de uma minoria. Trata-se, 
portanto, de programas sociais que se tornam instrumentos de dominação e controle 
do Estado. Dentre os problemas destacados estão: 
 
Existência de programas concorrentes e sobrepostos nos seus objetivos e no 
seu público – alvo; ausência de uma coordenação geral dos programas, 
propiciando o desperdício de recursos; a ausência de planejamento gerencial 
dos programas; a dispersão de comando em diversos Ministérios; a 
insuficiência de orçamentos alocados e o não alcance do público alvo 
conforme os critérios de elegibilidade dos programas. (SILVA, 2007, p.34-35) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
A proposta de unificar os programas de transferência de renda em um único 
programa, visando superar a fome e a condição de extrema pobreza de famílias que 
se encontram em situações de pobreza, surge a partir dos anos 2000 fundamentada 
na análise acerca dos programas sociais implementados e consolidados no Brasil a 
partir da década de 1990. Sob a alegação de superar essa situação, foi aprovada a 
unificação dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e Vale 
Alimentação, e posteriormente a inclusão do PETI (Programa de Erradicação do 
Trabalho Infantil), dando origem em outubro de 2003 ao Programa Bolsa Família. O 
bolsa família tem seis tipos de benefícios, sendo eles: 
 
 
Benefício Básico, no valor de R$ 77,00 – concedido apenas a famílias 
extremamente pobres (renda mensal por pessoa menor de até R$ 77); 
Benefício Variável de 0 a 15 anos no valor de R$ 35,00 – concedido às 
famílias com crianças ou adolescentes de 0 a 15 anos de idade; Benefício 
Variável à Gestante no valor de R$ 35,00 – concedido às famílias que tenham 
gestantes em sua composição; Benefício Variável Nutriz no valor de R$ 35,00 
– concedido às famílias que tenham crianças com idade entre 0 e 6 meses 
em sua composição; Benefício Variável Vinculado ao Adolescente no valor 
de R$ 42,00 – concedido a famílias que tenham adolescentes entre 16 e 17 
anos – limitado a dois benefícios por família e o Benefício para Superação da 
Extrema Pobreza: calculado caso a caso e transferido às famílias do 
Programa que continuem em situação de extrema pobreza (renda mensal por 
pessoa de até R$ 77), mesmo após o recebimento dos outros benefícios. 
(BRASIL, 2014). 
 
 
 
Assim sendo, o Programa Bolsa Família insere-se no sistema de proteção 
social articulada a outras políticas do campo social, voltadas a garantia de direitos e 
de condições dignas de vida, de forma a garantir a sustentabilidade das ações 
desenvolvidas na prevenção e superação das situações de pobreza. Para Sposati 
(1988, p.10) “propor mínimos sociais é estabelecer o patamar de cobertura de riscos 
e de garantias que uma sociedade quer garantir para todos os seus cidadãos. Trata-
se de definir o patamar de dignidade abaixo do qual nenhum cidadão deveria estar.” 
É importante ressaltar que a realização do cadastro não significa a inclusão 
automática da família no Programa Bolsa Família, ou em outros programas sociais; a 
inclusão só é concretizada se a família estiver dentro dos critérios do programa, como 
renda per capta e se tiver os documentos essenciais como o CPF. Assim, no próximo 
capítulo, vamos discutir os benefícios e os pontos negativos do bolsa família. 
 
19 
 
4. OS BENEFICIOS E OS PONTOS NEGATIVOS DO BOLSA FAMÍLIA E COMO 
O ASSISTENTE SOCIAL PODE AUXILIAR NA MELHORIA DO BENEFICIO. 
 
 
 
O Programa Bolsa Família (PBF) é o maior programa de transferência de renda, 
implementando no Brasil, como um programa Proteção Social. O Bolsa Família, foi 
instituído pela Medida Provisória n. 132, de 20 de outubro de 2003, transformada na 
Lei n. 10.836, de 9 de janeiro de 2004, sendo regulamentado pelo Decreto n. 5.209, 
de 17 de setembro de 2004. O Bolsa Família é um programa, que beneficia famílias 
em situação de pobreza e extrema pobreza: (SILVA, 2010, p.37), acerca do Bolsa 
Família vai dizer que: 
 
O programa tem como objetivo combater a fome, a pobreza e as 
desigualdades por meio da transferência de um benefício financeiro 
associado à garantia do acesso aos direitos sociais básicos – saúde, 
educação, assistência social e segurança alimentar; promover a inclusão 
social, contribuindo para a emancipação das famílias beneficiárias, 
construindo meios e condições para que elas possam sair da situação de 
vulnerabilidade em que se encontram. 
 
A gestão do Bolsa Família é de responsabilidade da União, em parceria com 
os Estados e os Municípios, sendo, responsabilidade do Munícipio, estabelecer 
controle social e verificar a funcionalidade do programa, se comprometendo a instituir 
um comitê ou um conselho local e indicar como está a gestão do programa. Nesse 
processo de avaliação do Bolsa Família, (SILVA, 2010, p. 94) afirma que: 
 
 
após o recebimento do BF, aumentou o consumo de alimentos nas famílias, 
embora tenham se verificado mudanças diferenciadas em cada região, com 
a variação conforme hábitos alimentares. Nesse sentido, o estudo concluiu 
que as mudanças na alimentação das famílias, a partir do recebimento do 
benefício do BF, acompanharam a tendência nacional identificada por 
pesquisas de orçamento familiar realizadas pelo IBGE no que se refere ao 
aumento do consumo de proteínas de origem animal, leite e seus derivados, 
aumento no consumo de biscoitos, óleos e gorduras, açúcares e alimentos 
industrializados, com aumento em menor proporção no consumo de vegetais 
e hortaliças. 
 
 
Nessa perspectiva, ao considerar apenas a renda como indicador de pobreza, 
o programa bolsa família tem um grave erro, abrindo brechas para falhas e má 
utilização do programa, como acontece hoje em dia, se tornando limitado enquanto a 
20 
 
real solução da erradicação da pobreza, se tornando apenas um instrumento de alívio 
da pobreza. (YAZBEK, 2012, p.294), vai refletir que: 
 
A expansão de um programa que cria o necessitado, o desamparado e a 
tensão permanente da instabilidade e da insegurança no trabalho. Implica a 
disseminação do desemprego de longa duração, do trabalho precário, 
instável e intermitente, dos biscates e de outras modalidades de 
relacionamento da força de trabalho como capital, que em sua essência 
representam uma mesma ordenação da vida social. 
 
 
Desse modo, verifica-se que o Programa Bolsa Família apresenta problemas 
estruturais relevantes para a redução dos índices da pobreza no país. Outro aspecto 
importante a ser mencionado é a utilização do programa em prol de interesses 
políticos e econômicos, uma vez que, para além do atendimento às necessidades 
básicas das famílias que vivem em condições precárias de pobreza, o programa é 
compreendido como um benefício que pode ser retirado a qualquer momento. Por isso 
que (MOTA, 2012, p.245), vai ressaltar que: 
 
A realidade social de milhares de famílias brasileiras tem demonstrado o 
significado do programa de transferência de renda Bolsa Família – Trata-se 
de um importante instrumento econômico e político do Estado que interfere 
na reprodução da força de trabalho ocupada e excedente. 
 
 
A questão das exigências para receber o benefício é outro fator que tem sido 
um problema do Bolsa Família, uma vez que, embora ele tenha sido criado para as 
pessoas que não tem recursos e nem acesso aos serviços sociais básicos como 
saúde e educação, o programa só supre a questão financeira, para a sobrevivência e 
não para garantir uma qualidade de vida. Contudo, na questão alimentar e a 
segurança do mesmo, o programa é excelente e acerca disso, (MENEZES e 
SANTARELLI, 2008), mostram que: 
 
(...) como o programa melhorou a estabilidade no acesso a alimentos: a 
garantia de uma renda regular adicional traz maior segurança para as famílias 
e estimula o planejamento de gastos e modificações no padrão de consumo 
alimentar. (...) Entraram na dieta frutas, verduras, legumes, alimentos 
industrializados e outros considerados “supérfluos”, além da carne, muito 
valorizada e de difícil acesso. 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Nesse sentido, a pobreza já não deve mais ser compreendida como algo 
natural, mas deve ser, portanto, analisado como uma consequência negativa do 
capitalismo, resultado da divisão social do trabalho, e de sua precarização e 
principalmente da exploração da força de trabalho, que acaba gerando o 
enriquecimento de uma minoria em detrimento da pobreza de uma grande parcela da 
população brasileira. A respeito da definição de pobreza, (YAZBEK, 2009, p.62-63) 
afirma que: 
 
A noção de pobreza é ampla, ambígua e supõe gradações. Embora seja uma 
concepção relativa, dada a pluralidade de situações que comporta, 
usualmente vem sendo medida através de indicadores de renda e emprego, 
ao lado do usufruto de recursos sociais que interferem na determinação do 
padrão de vida, tais como saúde, educação, transporte, moradia, 
aposentadoria e pensões, entre outros. Os critérios, ainda que não 
homogêneos e marcados por um viés economicista, acaba por convergir na 
definição de que são pobres aqueles que, de modo temporário ou 
permanente, não tem acesso a um mínimo de bens e recursos, sendo, 
portanto, excluídos, em graus diferenciados, da riqueza social. Do ponto de 
vista da exclusão e da subalternidade, a experiência da pobreza constrói 
referencias e define “um lugar no mundo”, onde a ausência de poder de 
mando e decisão, a privação de bens materiais e do próprio conhecimento 
dos processos sociais que explicam essa condição ocorrem simultaneamente 
a práticas de resistência e luta. 
 
 
Financiado pelo Fundo de Combate e Erradicação à pobreza, foi criado também 
o programa Bolsa – Escola, tendo como gestor, o governo federal e como supervisor 
a Secretaria Nacional do Programa, que analisa os cadastros das famílias efetuados 
pelas prefeituras. No segundo semestre de 2001, é implementado o programa Bolsa 
- Alimentação que, regulamentado pelo decreto n°3.934/2001 buscava: 
 
 
Reduzir deficiências nutricionais e a mortalidade infantil entre as famílias mais 
pobres, através da promoção da melhoria da alimentação e das condições de 
saúde e nutrição, com mulheres gestantes, mães que estejam amamentando 
seus filhos até 6 meses de idade ou com crianças de 6 meses a 6 anos de 
idade. (SILVA e SILVA, YAZBEK e GIOVANNI, 2007, p.107) 
 
 
Nessa perspectiva, vemos que o Bolsa Família não contribui para um real e 
efetivo alcance da população que necessita do benefício. Dentre os limites podemos 
citar o baixo valor monetário transferido às famílias, que apenas permite a sua 
sobrevivência, sendo por isso insuficiente para provocar maiores impactos na redução 
da pobreza. 
 
22 
 
E ainda, o programa social, possui inúmeras restrições e exigências, tornando 
os seus beneficiários, praticamente, escravos de seu sistema, sendo obrigados a se 
submetem por míseros reais que muitas vezes nem supre as necessidades. 
Entretanto, é preciso ressaltar novamente, que o Bolsa Família não possui condições 
reais de erradicar a pobreza, já que ele só atua na área da alimentação e da renda e 
não contribui para a melhoria da a educação, saúde, trabalho e etc. Sobre isso, 
(SILVA, 2010, p. 105) provoca, afirmando que: 
 
 
Dificuldades para o desenvolvimento de mecanismos e critérios justos e 
capazes de alcançar toda a população-alvo de um determinado programa, 
sendo, no caso brasileiro, agravado pelo tamanho do território, diversidade 
das realidades econômica, social e política dos municípios, além da cultura 
patrimonialista, do favor e do desvio, com tendências ao favorecimento de 
parentes, amigos e correligionários. 
 
 
 
Referente ao desemprenho do Programa Bolsa Família e se ele traz ou não 
resultados que contribuem para o combate da pobreza na sociedade brasileira, este 
se mostra fraco e um gasto inútil para o governo, sendo um programa limitado e 
compensatório, subordinas a lógica da economia e aos interesses capitalistas, sendo 
seletivo, fragmentado e precário. Contudo, (MENEZES e SANTARELLI, 2008) vão 
afirmar que: 
 
 
É preciso compreender o real significado do Bolsa Família. O programa está 
inserido em uma política social mais ampla, destinando-se especificamente a 
transferir renda para quem não tem nada ou muito pouco, satisfazendo 
necessidades básicas que não se limitam à alimentação. A complexidade da 
pobreza no Brasil precisa ser enfrentada com múltiplas iniciativas nas 
diferentes esferas e níveis do governo. O que não podemos exigir é que o 
programa faça as vezes das demais políticas sociais. Afora a garantia das 
políticas universais de educação e saúde, o grande desafio será conseguir 
articular o Bolsa Família com outras ações. Algumas complementares, que 
contribuam para a aquisição de direitos, e outras de caráter emancipatório. 
 
 
 
Uma das questões centrais mais importantes que giram em torno do Bolsa 
Família é a articulação dele com Saúde e a Educação, será que ele tem sido eficiente 
na vida das famílias beneficiárias? Pois, simplesmente obrigar a frequência na escola 
e a visitação dos postos de saúde não são suficientes para alterar a pobreza. 
23 
 
É necessário acima de tudo ampliar, democratizar e melhorar os sistemas 
educacionais municipais e estaduais, assim como o sistema público de saúde. Sobre 
o Bolsa Família, em relação a educação (YAZBEK e GIOVANNI, 2011, p. 209) 
analisam que: 
 
a obrigatoriedade de frequência à escola não é suficiente para alterar o 
quadro educacional das futuras gerações e, consequentemente, alterar a 
pobreza. Essa exigência implica na expansão, na democratização e na 
melhoria dos sistemas educacionais estaduais e municipais. Não basta a 
criança estar matriculada e frequentando a escola. O ensino precisa ser de 
boa qualidade e estar em consonância com as demandas da sociedade 
contemporânea. Esse aspecto exige encaminhamentos também na Política 
Educacional brasileira, que vai além do campo específico dos Programas de 
Transferência de Renda. 
 
 
 
O que ocorre na prática é que o Bolsa Família, tem dificuldades de se articular 
com os programas da área da educação, saúde e trabalho. Na verdade, é preciso 
priorizar e democratizar os programas e serviços sociaisbásicos, abrindo espaço para 
uma política de crescimento econômico, de geração de emprego e de distribuição de 
renda articulada à Política Social. Segundo Silva, Yazbek e Giovanni 2011, p. 210): 
 
 
não basta que a criança ou o jovem seja retirado da rua ou do trabalho 
precoce para ir à escola. É necessário que se tenha escola de boa qualidade 
para todos. Isto é, articular programas de transferência monetária com 
serviços e programas sociais básicos significa também elevar o padrão e 
democratizar o acesso desses programas e serviços para toda a população 
que deles necessite. 
 
 
o Programa Bolsa Família, tem como elemento importante, o desenvolvimento 
sustentável, pois ele se configura num mecanismo que atenda aos interesses 
capitalistas, quanto às necessidades de bem estar da população. Nesse sentido, o 
Brasil passa a promover uma melhor distribuição da riqueza por meio de políticas 
compensatórias como o Bolsa Família, concebendo um conjunto de políticas 
econômicas que mantenham a consistência macroeconômica. (Silva, 2010, p. 193) 
reflete que: 
este movimento de supercapitalização incide, progressiva e ostensivamente, 
sobre as políticas sociais, a fim de converter o mercado em espaço único de 
satisfação das necessidades dos trabalhadores, reduzindo os campos de 
intervenção do Estado: a socialização dos custos com a reprodução da força 
de trabalho esvai-se, progressivamente, dando lugar à esfera privada. 
24 
 
E para finalizar o assunto sobre os problemas e os benefícios do Bolsa Família, 
é preciso ressaltar que o programa, traz consigo inúmeras possibilidades e precisa 
apenas ser ajustado. Mais em relação a aquisição ou ampliação de uma renda, ainda 
que muito baixa, vem ajudando as famílias que se encontram num patamar de pobreza 
extrema, permitindo a elas um pequeno alívio imediato nas suas precárias condições 
de vida. (FREITAS, 2007, p.72) vai dizer que: 
 
Os limites do Programa são muitos: os valores das prestações são pequenos, 
os critérios de acesso são rigorosos e excludentes e a sua implementação 
não se faz acompanhada, ainda, do necessário aparato político-pedagógico 
de emancipação política, educacional e cultural. 
 
 
Além disso, a inclusão e sua obrigatoriedade das crianças frequentarem a 
escola é por um lado, um incentivo a educação progressiva, ajudando essas crianças 
e esses adolescentes, dessas famílias pobres. O que se percebe é que essa é uma 
estratégia política que procura manter e controlar a pobreza, e ao mesmo tempo, 
mantém um segmento populacional de pobres. Acerca disso (SPOSATI, 2011, p.109), 
alerta que: 
 
A alarmante precarização, ou desapropriação das condições de vida e de 
viver, passa a exigir novas respostas das políticas sociais consideradas 
fundamentais, como educação e saúde. Não basta a educação propor a 
escola, a condição do docente ou a disponibilidade de vagas em salas de 
aulas. É preciso afiançar condições para que se dê a presença do aluno. É 
preciso construir o acesso a transporte escolar, alimentação, material escolar, 
uniforme, pois o baixo poder aquisitivo das famílias não possibilita essas 
(pré)condições. Torna-se necessário desmercadorizar condições que 
permitam a frequência à escola, isto, todavia, não pode significar uma ação 
discriminatória da política setorial direcionada aos mais pobres. O mesmo 
ocorre na saúde. Não basta ter a Unidade Básica de Saúde ou ter a presença 
do médico. É preciso ter o acesso a medicamentos, a nutrição e a próteses. 
 
 
 
 
Dessa forma, acreditar que o cumprimento de obrigações proporciona a 
superação de desigualdades sociais históricas é acreditar que estas são resultantes 
de ações individuais do sujeito, ao passo que são resultantes da ordem social em que 
estão inseridos. São as políticas sociais de qualidade, a qualificação profissional, o 
acesso ao mercado de trabalho, a redistribuição da riqueza socialmente produzida 
que irão diminuir as desigualdades sociais e proporcionar a emancipação dessas 
famílias. 
25 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
Através da utilização de referenciais teóricas acerca do assunto do Programa 
Bolsa Família, podemos concluir que o bolsa família de fato, tem sido considerado um 
programa de proteção social brasileiro como um importante instrumento utilizado pelo 
poder público no enfrentamento à fome, a miséria e a pobreza no país. Entretanto, 
verificou-se que o mesmo se mostra ineficaz no combate à pobreza, uma vez que não 
atinge todas as áreas sociais, promovendo somente uma pequena melhora nas 
condições precárias de vida das famílias. 
Dentre as inúmeras questões que abordamos, uma delas foi a questão social, 
onde em meio a tantas contradições inerentes ao desenvolvimento do processo de 
produção capitalista, a questão social se intensifica e se expande na sociedade 
através do desemprego, da precarização, da exploração da mão de obra e do exagero 
da extração dos recursos naturais, resultando na desigualdade social e na pobreza. 
Com isso, discorremos acerca do dever do Estado, e suas ações em meio às 
pressões da sociedade trabalhista e dos trabalhadores, que andam buscando 
melhores condições de vida e de trabalho, fazendo com que o Estado crie politicas 
sociais para intervir nas questões sociais, através da criação de programas 
assistenciais e projetos, em parceria com assistentes sociais e organizações que 
promovem projetos em prol da população. 
Com isso, vimos sobre a urgência de programas assistencialistas e de 
transferência de renda no Brasil, falando do Bolsa Família e de outros projetos que 
antecederam a este, resultando em diversas mudanças na economia e no mercado 
de trabalho, atingindo principalmente as pessoas da periferia, trazendo 
transformações no mundo do trabalho, melhoria no combate a fome, auxiliando na 
proteção social das famílias, dos trabalhadores e de toda a sociedade. 
 
 
 
 
 
26 
 
A partir dos anos 2000, surge no congresso nacional brasileiro uma proposta 
de criar programas, visando combater a fome e a pobreza de famílias em situações 
precárias, que juntamente com os programas sociais, se implementaria programas 
para transferência de renda e sob a alegação de superar essa situação que 
desfavorece o país, foi aprovada a unificação dos programas, entre eles: Bolsa 
Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e Vale Alimentação e o Programa Bolsa Família, 
regulamentado pelo Decreto nº. 5209 de 17 de setembro de 2004, como um programa 
de desenvolvimento Social e combate à Fome que beneficia famílias em situação de 
pobreza e extrema pobreza em todo o país. (SILVA, 2007, p.34-35) dizem que: 
Existência de programas concorrentes e sobrepostos nos seus objetivos e no 
seu público – alvo; ausência de uma coordenação geral dos programas, 
propiciando o desperdício de recursos; a ausência de planejamento gerencial 
dos programas; a dispersão de comando em diversos Ministérios; a 
insuficiência de orçamentos alocados e o não alcance do público alvo 
conforme os critérios de elegibilidade dos programas. 
 
Com isso, é valido destacar que o bolsa família é apenas para pessoas com 
renda per capta familiar de até R$ 154.00, e que tenham em sua composição familiar: 
gestantes, crianças entre zero e doze anos ou adolescentes até 17 anos o número de 
integrantes da família, de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos. Sendo o valor de 
R$ 41,00, podendo acumular até 5 benefícios por mês, chegando a R$ 205,00. Desse 
modo, a principal motivação para sustentar o presente projeto de pesquisa, reside na 
importância que o tema possui para a sociedade atual. As formas como se cumpre as 
condições do Programa Bolsa Família sempre é motivo para questionamento e por 
isso, falar desse tema, possibilitará um grande impacto social para as famílias 
beneficiárias e a sociedade brasileira e todos os envolvidos. 
A inserção e atribuições exigidas ao assistente social na gestão do PBF não se 
processam isoladas e desconectadasdas transformações conceituais e operacionais 
das políticas sociais contemporâneas. No entanto, essa "nova" regulação das políticas 
sociais, delineada por uma lógica focalizada, condicionada e de ativação dos 
beneficiários, se confronta com os valores e princípios historicamente construídos e 
representados pelo Código de Ética profissional e pela política de assistência social. 
 
 
27 
 
Observa-se um confronto de princípios que coloca de um lado a política de 
assistência social (influenciada pela lógica do Welfare State) e o Código de Ética do 
Serviço Social e de outro lado a lógica dos atuais programas de transferência de renda 
focalizados e condicionados, como é o caso do PBF. 
O PBF representa um modelo típico das políticas sociais contemporâneas, e 
sua operacionalização é reveladora de práticas burocráticas que reforçam a vigilância 
e o controle dos mais pobres. Nesse cenário, as atribuições exigidas ao profissional 
favorecem a arbitrariedade dos que decidem sobre o grau de necessidade dos 
beneficiários, restringindo as condições objetivas de efetivação de condutas 
profissionais alinhadas aos princípios do Código de Ética do Serviço Social. 
Tendo por pressuposto que é proibido acatar determinação institucional que fira 
os princípios e as diretrizes do Código de Ética, o profissional se depara com o desafio 
de resistir às atribuições que reforçam práticas conservadoras de auto 
responsabilização das famílias por sua condição de pobreza. 
Daí a conclusão que exalta a importância e a necessidade da análise crítica da 
realidade social e da apropriação dos princípios e valores do Código de Ética do 
Serviço Social nas intervenções profissionais com vistas a não sucumbir ao discurso 
e requisições de instâncias burocráticas típicas das políticas sociais contemporâneas, 
como é o caso do Programa Bolsa Família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
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