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PLANO DE ENSINO Disciplina: Aspectos Biopsicossociais do Envelhecimento Ementa: Ao longo desta disciplina, serão abordadas tanto as teorias biológicas quanto as psicológicas do processo de envelhecimento de modo a proporcionar a compreensão acerca dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos nesta etapa da vida, discutindo ainda sobre a genética e a influência ambiental nesse processo. As teorias psicológicas serão compreendidas à luz da exploração das mudanças cognitivas e emocionais associadas ao envelhecimento, bem como o impacto deste processo na identidade e no bem-estar psicológico. Serão apresentadas também as relações sociais acerca do envelhecimento e o necessário pensamento multidisciplinar para a compreensão deste processo de envelhecer. Objetivos: Objetivo Geral: - Conhecer e compreender a importância do processo de envelhecimento, de modo a entender suas teorias biológicas, psicológicas e sociais, além de aprender sobre o pensamento multidisciplinar para o envelhecimento. Objetivos Específicos: - Conhecer os aspectos demográficos e epidemiológicos do envelhecimento, compreendendo as teorias biológicas desta etapa da vida; - Compreender as teorias psicológicas e sociais do processo de envelhecimento de modo a abarcar os fatores determinantes psicológicos e sociais, além de entender sobre as políticas públicas na atenção à saúde do idoso; - Reconhecer a atuação multidisciplinar nas mais diversas alterações que acometem os idosos ao longo deste processo de envelhecimento. Conteúdo Programático: Unidade 1 – Teorias biológicas do envelhecimento 1.1 – Aspectos demográficos e epidemiológicos do envelhecimento; 1.2 – Processos biológicos do envelhecimento; 1.3 – Teorias biológicas do envelhecimento I; 1.4 – Teorias biológicas do envelhecimento II; Unidade 2 – Teorias psicológicas do envelhecimento 2.1 – Teorias psicossociais do envelhecimento; 2.2 – Fatores determinantes psicológicos I; 2.3 – Fatores determinantes psicológicos II; 2.4 – Fatores determinantes psicológicos III; Unidade 3 – Relações sociais do envelhecimento 3.1 – Processos sociais do envelhecimento; 3.2 – Determinantes sociais do envelhecimento; 3.3 – Grau de dependência e impacto nas atividades básicas da vida diária; 3.4 – Políticas públicas na atenção à saúde do idoso; Unidade 4 – Pensamento multidisciplinar para o envelhecimento 4.1 – Atuação multidisciplinar nas alterações cardiovasculares e respiratórias; 4.2 – Pensamento multidisciplinar nas alterações digestivas, urinárias e hematológicas; 4.3 – Pensamento multidisciplinar nas alterações dos sistemas nervoso e endócrino; – Pensamento multidisciplinar nas alterações reumatológicas, ósseas e sensitivas. PLANO DE ENSINO Procedimentos Metodológicos: A metodologia adotada, em consonância com o modelo acadêmico, viabiliza ações para favorecer o processo de ensino e aprendizagem de modo a desenvolver as competências e habilidades necessárias para a formação profissional de seus alunos. O processo de ensino e aprendizagem é conduzido por meio da integração de diferentes momentos didáticos. Um destes momentos é a aula, em que são desenvolvidas situações-problema do cotidiano profissional, permitindo e estimulando trocas de experiências e conhecimentos. Nessa jornada acadêmica, o aluno é desafiado, em outros momentos, à realização de atividades que o auxiliam a fixar, correlacionar e sistematizar os conteúdos da disciplina por meio de avaliações virtuais, de proposições via conteúdo web, livro didático digital, objetos de aprendizagem, textos e outros recursos. Sistema de Avaliação: A IES utiliza a metodologia de Avaliação Continuada, que valoriza o aprendizado e garante o desenvolvimento das competências necessárias à formação do estudante. Na Avaliação Continuada, o aluno acumula pontos a cada atividade realizada durante o semestre. A soma da pontuação obtida (de 1.000 a 10.000) por disciplina é convertida em nota (de 1 a 10). Atividades a serem realizadas: I. Prova presenciais por disciplina, realizada individualmente. II. Avaliações formativas, compostas por Avaliações Virtuais. III. Engajamento AVA, que são pontuações obtidas a cada atividade realizada, sendo elas: web aula, videoaula e avaliação virtual. Critérios de aprovação: 1. Atingir a pontuação mínima na prova da disciplina (1.500 pontos) e na avaliação de proficiência (200 pontos), quando elegível. 2. Acumular a pontuação mínima total na disciplina (6.000 pontos). 3. Obter frequência mínima de 50% em teleaulas e aulas-atividades (quando se aplicar) e 75% em aulas práticas (quando se aplicar). O detalhamento do Sistema de Avaliação deve ser verificado no Manual de Avaliação Continuada disponibilizado no AVA Bibliografia Básica FARINATTI, Paulo de Tarso Veras. Envelhecimento, Promoção da Saúde e Exercício: Bases Teóricas e Metodológicas. Barueri, SP: Manole, 2008. [Minha Biblioteca - https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520443743/pageid/0 ] MENDES, Telma de Almeida Busch. Geriatria e Gerontologia. Barueri, SP: Manole, 2014. [Minha Biblioteca - https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520440223/pageid/0 ] MALLOY-DINIZ, L.F.; FUENTES, D.; COSENZA, R.M.. Neuropsicologia do Envelhecimento: uma abordagem multidimensional. Porto Alegre: Artmed, 2013. [Minha Biblioteca - https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582710159/pageid/0 ] REVISTA BRASILEIRA EM PROMOÇÃO DA SAÚDE. ISSN 1806-1222. Public Health and Safety. [PROQUEST - https://www.proquest.com/publication/2046042?accountid=134629&decadeSelected=2020+ - +2029&yearSelected=2023&monthSelected=01&issueNameSelected=02023Y01Y01$232023$3b++Vol.+36 ]. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520443743/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788520440223/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582710159/pageid/0 https://www.proquest.com/publication/2046042?accountid=134629&decadeSelected=2020+-+2029&yearSelected=2023&monthSelected=01&issueNameSelected=02023Y01Y01$232023$3b++Vol.+36 https://www.proquest.com/publication/2046042?accountid=134629&decadeSelected=2020+-+2029&yearSelected=2023&monthSelected=01&issueNameSelected=02023Y01Y01$232023$3b++Vol.+36 PLANO DE ENSINO Bibliografia Complementar BARSANO, P.R.; BARBOSA, R.P.; GONÇALVES, E.. Evolução e Envelhecimento Humano. São Paulo: Érica, 2014. [Minha Biblioteca - https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536513263/pageid/0 ] NERI, A.L.; Desenvolvimento e Envelhecimento: perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas. 5.ed. Campinas: Papirus, 2012. [Biblioteca Virtual - https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3295/pdf/0?code=wdEFKnoSNSGxBHEAQElKhWWPKhdZ3qd9kgv mFdTp+FKQvZbS3q+flED5gumsNGhOYXPNwGQ726PqJexYuBu2Nw== ] DI TOMMASO, A.B.G. et al. Geriatria – Guia Prático. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. [Minha Biblioteca - https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737586/epubcfi/6/2[%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml01]!/4/ 2/2%4051:2 ] JOURNAL OF POPULATION AGEING. ISSN 1874-7884. Population Studies. [PROQUEST - https://www.proquest.com/publication/326245?accountid=134629&decadeSelected=2020+ - +2029&yearSelected=2023&monthSelected=09&issueNameSelected=02023Y09Y01$23Sep+2023$3b++Vol.+16+$283$2 9 ] https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536513263/pageid/0 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3295/pdf/0?code=wdEFKnoSNSGxBHEAQElKhWWPKhdZ3qd9kgvmFdTp+FKQvZbS3q+flED5gumsNGhOYXPNwGQ726PqJexYuBu2Nw== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3295/pdf/0?code=wdEFKnoSNSGxBHEAQElKhWWPKhdZ3qd9kgvmFdTp+FKQvZbS3q+flED5gumsNGhOYXPNwGQ726PqJexYuBu2Nw== https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737586/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml01%5d!/4/2/2%4051:2 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527737586/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml01%5d!/4/2/2%4051:2Referências Bibliográficas AIRES, I. O. et al. Consumo alimentar, estilo de vida e sua influência no processo de envelhecimento. Research, Society and Development, Vargem Grande Paulista, v. 8, n. 11, 2019. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/1437. Acesso em: 17 out. 2023. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e envelhecimento humano 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do adulto e do idoso. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. ELIOPOULOS, C. Enfermagem gerontológica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. FAZZIO, D. M. G. Envelhecimento e qualidade de vida: uma abordagem nutricional e alimentar. Revista de divulgação científica Sena Aires, Goiás, v. 1, n. 1, p. 76-88, 2012. Disponível em: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/15 . Acesso em: 17 out. 2023. FREITAS, E. V. de; PY, L. (ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. MARQUES, A. P. de O. et al. Envelhecimento, obesidade e consumo alimentar em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 10, n. 2, p. 231-242, maio/ago. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgg/a/vzTzjHhCXVvygsCjgzGzJWR/? lang=pt&format=html. Acesso em: 17 out. 2023. MENDES, T. de A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Barueri: Manole, 2014. (Série Manuais de Especialização Albert Einstein). MOTA, M. P.; FIGUEIREDO, P. A.; DUARTE, J. A. Teorias biológicas do envelhecimento. Revista portuguesa de ciências do desporto, v. 4, n. 1, p. 81-110, 2004. NASCIMENTO, M. de M. Uma visão geral das teorias do envelhecimento humano. Saúde e Desenvolvimento Humano, Canoas, v. 8, n. 1, p. 161-168, 2020. Encerramento da Unidade TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO Videoaula de Encerramento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Chegada Olá, estudante, tudo bem com você? Eu espero que sim! Para desenvolver a competência desta unidade, que diz respeito à análise crítica das principais alterações biológicas decorrentes do processo fisiológico do envelhecimento, iremos iniciar nossos estudos compreendendo sobre alguns termos bastante utilizados nesta área. O primeiro conceito que precisamos entender é o de transição demográfica, um fenômeno que está intrinsecamente ligado à saúde do idoso. Ela reflete as mudanças na estrutura demográfica de um país à medida que passa pelo processo de industrialização e desenvolvimento. Essas mudanças têm impactos significativos na saúde da população idosa. A transição demográfica é dividida em quatro fases distintas, indo desde altas taxas de natalidade e mortalidade em países pré- industriais até taxas mais baixas em países desenvolvidos, refletindo o progresso socioeconômico. Além disso, algumas nações já enfrentam uma quinta fase, chamada de recessão demográfica, caracterizada por uma diminuição da população devido a baixas taxas de natalidade e mortalidade. No Brasil, a transição demográfica é uma realidade, com um rápido envelhecimento da população, trazendo desafios econômicos, como o aumento dos encargos com programas sociais e de saúde para idosos. Isso é agravado pela feminilização da velhice, com a maioria da população idosa composta por mulheres que muitas vezes vivem sozinhas, requerendo cuidados especiais. Além disso, outro conceito bastante importante neste contexto é o da transição epidemiológica, que acompanha a transição demográfica, ocorrendo com a mudança de doenças infecciosas para doenças crônicas não transmissíveis (DANT) como as principais causas de morbimortalidade na população idosa. Isso inclui doenças como acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), hipertensão, diabetes, obesidade, neoplasias, demências, quedas e fraturas. Essa transição epidemiológica exige que os serviços de saúde criem estratégias para atender às necessidades específicas dos idosos. Desta forma, pode-se perceber que a transição demográfica e epidemiológica tem um impacto direto na saúde do idoso, exigindo adaptações nos sistemas de saúde e políticas públicas para atender às demandas de uma população envelhecida e afetada por doenças crônicas não transmissíveis. Diante disto, é possível compreender que o ciclo de vida humano é composto por diversas fases que vão desde o nascimento até a morte, e cada uma delas traz suas próprias transformações e desafios, sendo assim, com a fase da velhice não é diferente: a fase idosa no Brasil começa aos 60 anos e está diretamente relacionada às experiências vividas nas fases anteriores. O processo de envelhecimento é inevitável e envolve mudanças morfológicas, funcionais e bioquímicas no organismo que se iniciam desde o nascimento. O envelhecimento é um processo natural e não deve ser visto como uma doença, embora possa tornar os indivíduos mais vulneráveis a certas condições de saúde. Diante disto, podem acontecer 2 importantes processos: A senescência, que engloba as mudanças naturais que ocorrem com o envelhecimento, como cabelos brancos e rugas, sendo resultado dos efeitos cumulativos do tempo no corpo, levando a mudanças deletérias em todos os sistemas orgânicos. A senescência afeta a fisiologia do corpo humano, tornando o indivíduo mais suscetível a doenças crônicas. Enquanto isso, a senilidade resulta de processos patológicos e podem ocorrer em diferentes idades. As alterações orgânicas que ocorrem com o envelhecimento incluem mudanças na composição corporal, na pele e anexos, nos sistemas sensorial, respiratório, gastrointestinal, geniturinário, reprodutor, cardiovascular e nervoso. Essas mudanças fazem parte do envelhecimento natural e podem ser influenciadas por fatores como sexo, ambiente, estilo de vida e experiências vivenciadas ao longo da vida. Assim, torna-se fundamental compreender que o envelhecimento é um processo gradual e que a promoção de um envelhecimento ativo e saudável é importante. Isso envolve medidas como uma alimentação saudável, prática regular de atividade física e o controle de doenças crônicas. Profissionais de saúde, como geriatras e gerontólogos, desempenham papéis importantes no cuidado dos idosos e na promoção da qualidade de vida na terceira idade. Há muitos anos, a humanidade tem se dedicado a desvendar os segredos do envelhecimento, com a esperança de alcançar a juventude eterna e a imortalidade. As pesquisas sobre o envelhecimento continuam intensas, com o objetivo principal de entender o processo de envelhecimento e promover uma chegada mais saudável à fase idosa, adiando as complicações associadas a esse processo. Para tanto, diversas teorias foram desenvolvidas para explicar o envelhecimento humano, abrangendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais. No entanto, nenhuma teoria conseguiu explicar o envelhecimento em sua totalidade, e elas variam em sua universalidade, validade e confiabilidade. Profissionais de saúde utilizam essas teorias para compreender os fatores que influenciam o bem-estar em todas as fases da vida. Embora os estudos sobre o envelhecimento tenham crescido, a comunidade científica ainda possui conhecimento limitado sobre o assunto. Pesquisas experimentais em seres humanos não são viáveis devido a questões éticas, então elas são conduzidas em modelos animais e organismos modelo, como leveduras. No entanto, é essencial que esses modelos reproduzam mecanismos semelhantes aos humanos, o que nem sempre acontece. A busca pelo entendimento do envelhecimento levou ao desenvolvimento de diversas teorias, classificadas em categorias biológicas, psicológicas e sociais. Embora existam mais de 300 teorias que buscam explicar o envelhecimento, muitas delas não são mutuamente exclusivas e podem se complementar, dependendo da perspectiva adotada. No final das contas, o envelhecimento continua sendo um fenômeno complexo e multifacetado, com muitos aspectos ainda não completamente compreendidos.As teorias biológicas do envelhecimento abordam as mudanças que ocorrem no corpo à medida que envelhecemos. Elas podem ser classificadas em teorias estocásticas, que consideram os efeitos aleatórios do ambiente, e teorias não estocásticas, que enfocam processos complexos e predeterminados, como o "relógio biológico". Teorias não estocásticas incluem apoptose, teorias genéticas, reações autoimunes e teorias ambientais, enquanto teorias estocásticas englobam a teoria do elo cruzado, a teoria dos radicais livres e a teoria da lipofucina. Essas teorias, embora não expliquem completamente o envelhecimento, fornecem insights valiosos para profissionais de saúde e pesquisadores que buscam promover o envelhecimento saudável e compreender os fatores que afetam o bem-estar ao longo da vida. É Hora de Praticar! Maria é uma mulher brasileira de 65 anos que vive em uma cidade em crescimento no Brasil. Ela trabalhou a maior parte de sua vida como professora e agora está aposentada. Maria tem um histórico de hipertensão e diabetes, que são comuns na sua família. Ela mora sozinha em uma casa modesta, próximo a seus filhos e netos. Recentemente, Maria tem notado que sua saúde tem se deteriorado, e ela enfrentou alguns desafios relacionados ao envelhecimento. Diante deste contexto, reflita sobre as seguintes questões: Como a transição demográfica afetou a situação de Maria que vive no Brasil? Como a transição epidemiológica influencia a saúde de Maria? Como o envelhecimento afeta a saúde de Maria e quais são as mudanças biológicas que ela pode experimentar? Reflita 01) Qual é o impacto da transição demográfica no sistema de saúde e nos programas sociais destinados à população idosa no Brasil? Justifique a importância dessa questão para o envelhecimento saudável. RESPOSTA: Compreender esse impacto é crucial para a promoção de um envelhecimento saudável, uma vez que a população idosa enfrenta desafios econômicos e de assistência médica devido a essa transição demográfica. 02) Quais são as principais diferenças entre a senescência e a senilidade e como esses processos afetam o envelhecimento humano? Por que é importante distinguir entre esses dois conceitos? RESPOSTA: A senescência é parte natural do envelhecimento, enquanto a senilidade envolve processos patológicos. Compreender esses conceitos é essencial para abordar os desafios associados ao envelhecimento humano. 03) Como as teorias biológicas do envelhecimento, tanto estocásticas quanto não estocásticas, contribuem para nossa compreensão do envelhecimento RESPOSTA: O entendimento das teorias biológicas do envelhecimento é essencial para abordar o envelhecimento saudável e as condições relacionadas ao envelhecimento. Resolução do estudo de caso Como a transição demográfica afetou a situação de Maria no Brasil? RESPOSTA: Maria nasceu em uma época em que o Brasil estava passando por altas taxas de natalidade e mortalidade. Hoje, o país está em uma fase de rápido envelhecimento. A transição demográfica no Brasil, que inclui a mudança de altas taxas de natalidade e mortalidade para um rápido envelhecimento, afetou significativamente a situação de Maria. Além disso, com o aumento da população idosa, o país enfrenta desafios econômicos relacionados ao aumento dos encargos com programas sociais e de saúde para idosos, como aposentadorias e cuidados de saúde. Esses desafios impactaram a disponibilidade de recursos para atender às necessidades de saúde e bem-estar de Maria. Além disso, o fato de a maioria da população idosa ser composta por mulheres que frequentemente vivem sozinhas, como Maria, cria a necessidade de cuidados especiais e adaptações na política pública. Como a transição epidemiológica influencia a saúde de Maria? RESPOSTA: A transição epidemiológica influencia a saúde de Maria, uma vez que ela enfrenta doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. Com a prevalência crescente dessas condições na população idosa, Maria está em maior risco de complicações de saúde. Os principais desafios incluem a necessidade de tratamento contínuo, monitoramento de saúde e prevenção de complicações. Os serviços de saúde devem criar estratégias para atender às necessidades específicas dos idosos, incluindo o gerenciamento eficaz de DANT, promoção de um estilo de vida saudável e cuidados de saúde preventivos. Como o envelhecimento afeta a saúde de Maria e quais são as mudanças biológicas que ela pode experimentar? RESPOSTA: O envelhecimento de Maria pode resultar em várias mudanças biológicas no corpo. Isso pode incluir alterações na composição corporal, como perda de massa muscular e aumento da gordura corporal. Além disso, sistemas orgânicos, como o cardiovascular e o nervoso, podem sofrer alterações funcionais. Fatores como sexo, ambiente, estilo de vida e experiências de vida influenciarão essas mudanças. Para Maria, a promoção de um envelhecimento ativo e saudável é fundamental, envolvendo uma alimentação saudável, prática regular de atividade física e o controle de condições crônicas. Isso contribuirá para a manutenção de sua qualidade de vida na terceira idade. Dê o play! Assimile Transição demográfica no Brasil - Fonte: elaborada pela autora Transição Epidemiológica - Fonte: elaborada pela autora Referências MENDES, T. A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. NUNES, M. I.; SANTOS, M.; FERRETI, R. E. L (org.). Enfermagem em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 SANTOS, S. S. C. Concepções teórico-filosóficas sobre filosóficas sobre envelhecimento, velhice, idoso e enfermagem gerontogeriátrica. Revista Brasileira de Enfermagem - Reben, Brasília, v. 6, n. 63, p. 1035-1039, dez. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/? format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 out 2023 https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/?format=pdf&lang=pt TEORIAS PSICOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO Aula 1 TEORIAS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO Teorias Psicossociais do Envelhecimento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, você ficará por dentro de um assunto de grande relevância para sua prática profissional. Compreender as teorias psicossociais do envelhecimento é essencial para você, futuro profissional, que deseja atuar nessa área da gerontologia que vem crescendo e se mostrando promissora, pois traz consigo aspectos importantes relacionados ao cuidado e à empatia com o idoso. São muitas as teorias sociais utilizadas para estudar o fenômeno do envelhecimento, e existe uma classificação em que elas são subdivididas em gerações. As de primeira geração têm foco prioritário no indivíduo e em seu ajustamento ao envelhecimento; já as de segunda geração incluem a estrutura macrossocial em sua análise, atribuindo a posição social dos idosos; por fim, as de terceira geração procuram desvelar a maneira com que os níveis micro e macrossocial interagem. Para nortear nossos estudos, vamos partir da seguinte situação: Imagine que você é um profissional de gerontologia que começou a trabalhar na secretaria de saúde do seu município com o intuito de criar medidas que auxiliem os idosos, além de buscar soluções e auxiliar nas tratativas importantes relacionadas à população idosa. Você, em seu primeiro dia de trabalho, recebeu a proposta de atuar em um grande projeto que tem como objetivo buscar melhorias e soluções para problemas psicossociais que atingem os indivíduos durante o processo de envelhecimento, deixando-os desestabilizados. Você já tem uma ideia para o nome do programa implantado, que será “programa de promoção à saúde no envelhecimento”, e suaprimeira ação será falar sobre as teorias do envelhecimento. Ao aceitar esse desafio, você foi convidado a apresentar, em uma reunião para o secretário da saúde, uma breve explicação do tema. Tendo em mente a apresentação, como você explicará quais são as teorias psicossociais do envelhecimento e os seus principais aspectos? Agora é com você. O secretário da saúde espera ansioso pela sua apresentação e por todo conteúdo que será passado. Para podemos resolver essa situação, é importante que entendamos quais são as modificações psicológicas que o paciente idoso está passando no momento de sua vida, buscando fazer o acolhimento e um possível auxílio quando necessário. Agora, mergulhe neste universo de conhecimentos. Vamos lá!. Vamos Começar! Teoria do desengajamento De acordo com Faria Junior (1991), a teoria do desengajamento social tem sua origem na escola sociológica do funcionalismo. Nessa perspectiva, o corpo social é entendido como uma extensão do corpo biológico, operando da mesma maneira. Assim, o sistema social tende a permanecer em equilíbrio e tudo que pode desestabilizá-lo é tido como um elemento disfuncional. Visto desse modo, o processo de envelhecimento seria acompanhado por uma inevitável e mútua retirada ou por desengajamento, que resulta do arrefecimento de interação estabelecido entre o idoso e outros indivíduos do sistema social em que ele está inserido. Essa “desistência” da pessoa idosa pode ser seletiva, manifestando- se em relação à companhia de algumas pessoas e não de outras. Considera-se que o progressivo processo de desengajamento encaminha a pessoa a um tipo diferente de equilíbrio com a sociedade, no qual há maior distanciamento em relação ao corpo social como um todo. Para explicar as relações do idoso com a sociedade por meio da teoria do desengajamento social, algumas premissas devem ser aceitas. Em primeiro lugar, os indivíduos e a própria sociedade se preparam com antecedência para a morte por meio do afastamento gradual e recíproco, o que diminui o envolvimento das partes. Nesse sentido, a retirada do idoso do convívio social faz parte da “funcionalidade” do corpo social – células deficientes são substituídas, aos poucos, por células mais novas, o que conduz à manutenção do equilíbrio do organismo. Dessa forma, é necessário assegurar uma transferência, sem traumas nem distúrbios, da força de produção e dos papéis sociais do idoso para o jovem. A segunda premissa diz respeito a como o idoso deve encarar o desengajamento funcional, uma vez que se diminui o leque de atividades de que ele participa, restringindo os papéis mais “sérios” em favor de atividades de lazer ou repouso. Em princípio, isso leva ao bem-estar psicológico do idoso, já que as responsabilidades são substituídas pelo aproveitamento do tempo livre da forma que melhor lhe agrada. Conclui-se que a teoria do desengajamento está diretamente relacionada com a preparação para a morte, que será alegremente aceita pelo idoso que renunciar aos seus papéis sociais para aproveitar seus últimos anos, adaptando-se a uma velhice feliz, na qual o peso dos compromissos anteriores cede lugar ao posto de espectador privilegiado. Após o afastamento do trabalho, a perda gradual de outros papéis, como de cônjuge, pai ou mãe e amigo, e o declínio da possibilidade de realização das tarefas que faziam parte de sua rotina vão conscientizando o indivíduo da diminuição de suas capacidades e da necessidade de se preparar para a morte. Mais recentemente, a teoria do desengajamento foi revista, levando ao conceito de gerotranscendência. E não há modificações fundamentais no cerne da teoria, mas essa corrente defende a existência de processos psicológicos (além dos sociais) que induzam o idoso a cortar, progressiva e voluntariamente, seus laços com a sociedade, em introspecção importante na preparação para a morte. A funcionalidade do desengajamento reside em sua utilidade para a sociedade – uma vez que permite a criação de espaço para pessoas mais jovens – e para o idoso, pois haverá tempo para que ele se prepare para a morte. Nesse sentido, o afastamento da sociedade e dos idosos seria recíproco, natural, espontâneo e inevitável. TEORIA DA ATIVIDADE A teoria da atividade propõe um entendimento do processo de envelhecimento diferente do da teoria do desengajamento social. De certa forma, ela pode ser vista como uma reação à última, pois fornece uma perspectiva de antienvelhecimento. Parte-se do princípio de que os adultos de meia-idade e os idosos compartilham necessidades sociais idênticas que são prejudicadas por eventos associados à idade, tais como o declínio das capacidades fisiológicas e as doenças. O envelhecimento bem-sucedido, logo, de acordo com a teoria, é aquele em que se permanece ativo, resistindo às forças que dificultam o envolvimento social. Isso implica achar substitutos para os papéis sociais perdidos em função de eventos como a aposentadoria ou a morte de entes queridos. Nesse novo engajamento, a satisfação pessoal é a palavra de ordem e todos os tipos de busca podem ser incluídos, formais ou informais. Dessa forma, a aposentadoria se torna não o fim da vida produtiva e o início da preparação para a morte, mas o começo do desengajamento gradual das atividades cotidianas. Ela representa uma promessa, um estágio importante na vida dos trabalhadores, no qual as pessoas se liberam das restrições impostas pelo trabalho e não têm impedimentos para exercer uma vida plena. Em suma, o envolvimento social permanente pode ser considerado o ponto central da teoria da atividade, mantendo-se os graus de satisfação com a substituição dos papéis sociais. O desengajamento não é visto como algo inexorável que faz parte do processo do envelhecimento e sim como a consequência de intercorrências fortuitas (doença, perda de poder aquisitivo etc.) que devem ser combatidas individual e coletivamente. A teoria da atividade influenciou e influencia os movimentos sociais dos idosos e orienta iniciativas de intervenção visando a manter os ASSIMILE Note que, em nenhum momento, a teoria da atividade faz referências à preparação para a morte. Essa teoria tem um delineamento do que chamam de teoria diferencial do engajamento e desengajamento; existe um vislumbre que a aposentadoria não é apenas uma fase difícil da vida, mas também uma oportunidade na qual se procura compensar as atividades perdidas, bem como permite o engajamento (ou reengajamento) em papéis e atividades que tiveram de ser sacrificados em prol das exigências da vida profissional. idosos ativos, especialmente por meio de programas de lazer ativo e educação continuada. As críticas feitas à teoria decorrem do fato de que, nem sempre, os papéis alternativos oferecidos aos idosos investem em significação cultural, de acordo com os valores dominantes. Esses papéis não contribuem para o aumento da autoestima e do autoconceito dos idosos. Alguns autores acreditam que atividades de lazer ou recreação não compensam em absoluto, em termos psicológicos e de percepção de inserção social, as atividades profissionais interrompidas pela aposentadoria, mas existem casos em que idosos se desengajam voluntariamente e mantêm o moral alto, fato não explicado pela teoria da atividade. Na verdade, apesar de o desengajamento progressivo das atividades anteriores ser típico do processo de envelhecimento em todas as culturas, pouco se sabe sobre a forma como papéis sociais substitutivos (ou, por assim dizer, compensatórios) são incorporados de forma impositiva ou espontânea. Além disso, dificilmente se pode generalizar o impacto que esse processo tem sobre a estrutura emocional e psicológica dos indivíduos, em todas as culturas, uma vez que há muitas variáveis determinantes a serem controladas para que todas as possibilidades sejam contempladas por quaisquer proposições teóricas. Siga em Frente... Teoria da continuidade A teoria da continuidade foi incialmente formulada como sendo uma teoria geral do desenvolvimento, propondo a continuidade e a estabilidade.Seu objetivo, hoje, é elucidar como as pessoas de meia-idade e idosas conseguem manter suas preexistentes estruturas internas (afeto, experiências, personalidade e habilidades) e externas (atividades e papeis sociais exercidos anteriormente, conhecimento do ambiente social e físico) empregando conhecidas estratégias. Os principais aspectos da teoria são: A continuidade interna abrange a memória que tem como condição a preexistência de uma estrutura de ideias, afeto, temperamento, disposições, habilidades e preferências. A continuidade externa se mantém por atrações e pressões, incluindo a continuidade cognitiva como fundamento para manutenção de competência, domínio, autoestima e senso de auto integridade. Ela também pode ser determinada por necessidades básicas, como abrigo, alimentação, interação entre pessoas e vestuário; envolve conhecimentos do ambiente social e físico, de relações constituídas no exercício de papeis sociais e atividades exercidas anteriormente. O idoso pode ser motivado a manter continuidade externa devido ao desejo de apoio social, expectativa de outros indivíduos e necessidade de enfrentar as alterações nos papéis sociais com muita saúde mental e física, tais como viuvez, aposentadoria e outros. O indivíduo classifica, em três categorias, o grau de continuidade de sua própria vida, sendo: baixa, ótima ou excessiva. Na baixa continuidade, temos a insatisfação com a vida e a dificuldade de adequação às condições de alteração. As alterações podem ser tão imprevisíveis e rigorosas que estratégias pessoais, experiências sociais e habilidades previas não apresentam tanta utilidade para que ocorra sua adaptação. O idoso exibe ótima continuidade quando o ritmo de alteração é lógico com suas prioridades e demandas sociais, compreendendo uma linha que permite enfrentar transformações. Nesse caso, preferências anteriores, personalidade, experiências sociais e rede de relações auxiliam para um melhor ajustamento. Quando o idoso caracteriza sua vida como de excessiva continuidade, ele apresenta uma forma previsível e desconfortável. Estratégias antecipadas são adequadas, mas a vida é entendida como monótona, com falta de experiências novas. Apesar do grande apelo que gira em torno dessa teoria, novas pesquisas são necessárias para validá-la em partes ou totalmente. Seus critérios observam que ela enfoca, especialmente, os indivíduos e sua relação com os outros, não examinando se fatores estruturais podem prevenir, constranger ou reforçar a continuidade. As principais limitações acerca dessa teoria são: O conceito psicológico de continuidade abrange noção de estilo devida, personalidade e preferências gerais, mas é preciso abranger atitudes especificas, assim como crenças intrapsíquicas sobre os outros e si próprio. A teoria se apresenta como determinista ao assegurar que linhas de personalidade ou estilos de vida antecipadamente adotados afetam o indivíduo em todos os estágios posteriores até sua velhice. Com essa perspectiva, os indivíduos são delineados para envelhecer de maneira particular, sem outras opções. Por ressaltar o ajustamento pessoal, a teoria vem sendo empregada para o auxílio de profissionais no entendimento da complexidade relacionada ao processo de adaptação que acontece ao se envelhecer nas sociedades contemporâneas. Mostrando-se importante ao ressaltar o significativo número de idosos que, por desvantagens em estágios anteriores da vida, não desenvolveram condições para obter a continuidade. Entre essas desvantagens, temos: baixa renda, poucas relações sociais, baixo nível educacional e alta mobilidade geográfica, que levam o idoso à descontinuidade e a enfrentar, de modo negativo, o envelhecimento. Vamos Exercitar? Para alcançar um bom resultado durante a apresentação do projeto denominado “programa de promoção à saúde no envelhecimento” e responder à pergunta do secretário de saúde sobre quais são as teorias psicossociais do envelhecimento e quais são seus principais aspectos, você pode começar explanando a teoria do desengajamento social, que tem sua origem na escola sociológica do funcionalismo. Nessa perspectiva, o corpo social é entendido como uma extensão do corpo biológico, operando da mesma maneira; assim sendo, o sistema social tende a permanecer em equilíbrio e tudo que pode desestabilizá-lo é tido como um elemento disfuncional. Visto desse modo, o processo de envelhecimento é acompanhado por uma inevitável e mútua retirada ou por desengajamento, que resulta do arrefecimento de interação estabelecido entre o idoso e outros indivíduos do sistema social em que ele está inserido. Essa “desistência” do idoso pode ser seletiva, manifestando-se em relação à companhia de algumas pessoas e não de outras. Já a teoria da atividade propõe um entendimento do processo de envelhecimento diferente do da teoria do desengajamento social; de certa forma, ela poderia ser vista como uma reação à última, pois fornece uma perspectiva de antienvelhecimento. Parte-se do princípio de que os adultos de meia-idade e os idosos compartilham necessidades sociais idênticas que são prejudicadas por eventos associados à idade, tais como o declínio das capacidades fisiológicas e as doenças. O envelhecimento bem-sucedido, então, é aquele em que se permanece ativo, resistindo às forças que dificultam o envolvimento social. Isso implica achar substitutos para os papéis sociais perdidos em função de eventos como a aposentadoria ou a morte de entes queridos. Por fim, a teoria da continuidade foi, incialmente, formulada como sendo uma teoria geral do desenvolvimento, propondo continuidade e estabilidade. Seu objetivo, hoje, é elucidar como as pessoas de meia-idade e idosas conseguem manter suas preexistentes estruturas internas (afeto, experiências, personalidade e habilidades) e externas (atividades e papeis sociais exercidas anteriormente, conhecimento do ambiente social e físico) empregando conhecidas estratégias. Saiba Mais Teorias e perspectivas sobre o envelhecimento: Para ampliar seus conhecimentos, indicamos a leitura do artigo científico, que traz um estudo bibliográfico com materiais publicados por autores clássicos e contemporâneos a respeito das principais teorias psicológicas do envelhecimento, mostrando suas diferenças e importância. Acesse o artigo: TOMÉ, A. M.; FORMIGA, N. S. Teorias e perspectivas sobre o envelhecimento: conceitos e reflexões. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, p. 1-28, 2020. Percepção dos idosos autônomos face ao seu próprio envelhecimento: Além disso, indicamos a leitura deste outro artigo científico de Mateus e Alves (2018), que aponta um estudo que tem como base as teorias biopsicossociais do envelhecimento, em que se objetiva analisar como os idosos autônomos vivenciam o seu próprio processo de envelhecimento, refletindo sobre ganhos e perdas em suas vidas. Acesse o artigo: MATEUS, M. N.; ALVES, T. Percepção dos idosos autônomos face ao seu próprio envelhecimento. Eduser-Revista de educação, [S. l.], v. 10, n. 1,. Referências Bibliográficas BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e envelhecimento humano. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978853651326 3/. Acesso em: 23 out. 2023. COURA, D. MAXENIUC, S.; MONTIJO, K. Psicologia aplicada ao cuidador e ao Idoso. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978853651325 6/. Acesso em: 23 out. 2023. FARINATTI, P. de T. V. Envelhecimento, promoção da saúde e exercício: bases teóricas e metodológicas. Barueri: Editora Manole, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852044374 3/. Acesso em: 23 out. 2023. MALLOY-DINIZ, L. F.; FUENTES, D.; CONSENZA, R. M. Neuropsicologia do envelhecimento. Porto Alegre: Grupo A, 2013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978858271015 9/. Acesso em: 23 out. 2023. MATEUS, M. N.; ALVES, T. Percepção dos idososautônomos face ao seu próprio envelhecimento. Eduser-Revista de educação, [S. l.], v. 10, n. 1, 2018. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/17805/1/Perce%c 3%a7%c3%a3o%20dos%20idosos%20aut%c3%b3nomos%20face %20ao%20seu%20pr%c3%b3prio%20envelhecimento.pdf Acesso em: 23 out. 2023 NERI, A. L. Desenvolvimento e envelhecimento: perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas. 5. ed. Campinas: Papirus, 2001. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/3295/pdf/0? code=v+vN8eGOvEMcM1B+itOwlZZUhWmTdxB0XHvuSicoeFCV5T SeZDmzSYw+narGUGurh5ceFsE8+HJiP1aLF3pEmw== . Acesso em: 23 out. 2023. TOMÉ, A. M.; FORMIGA, N. S. Teorias e perspectivas sobre o envelhecimento: conceitos e reflexões. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, 2020. 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Aula 2 FATORES DETERMINANTES PSICOLÓGICOS I Fatores determinantes psicológicos I Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4589/4302 Nesta aula, você ficará por dentro de um assunto de grande relevância para a sua prática profissional. A compreensão dos fatores determinantes psicológicos é fundamental para que possa exercer o trabalho com respeito e cuidado com o idoso, uma vez que poderá atuar na área da gerontologia. O processo de envelhecimento psicológico é inevitável, mas a forma como cada indivíduo encara a vida torna esse processo mais ou menos danoso. Ele está́ associado à redução e alteração psíquica, que podem resultar em dificuldade de adaptação, mas cada pessoa responderá de uma forma a essas adaptações e aos novos papéis dentro da família e da sociedade. Portanto, o profissional deve ter em mente que observar seu paciente idoso e tentar se colocar em seu lugar é a forma mais clara de compreender o que ele está passando e como ele pode ser ajudado. Para tanto, utilizaremos a seguinte situação: Imagine a seguinte situação: você é um profissional de gerontologia que começou a trabalhar em uma clínica voltada à saúde do idoso com o intuito de trabalhar com medidas que auxiliem os indivíduos que estão passando pela fase do envelhecimento e sentindo dificuldades em encarar a situação. Você recebeu, em seu primeiro dia de atendimento, a paciente Betânia, 65 anos, que se queixou de, nos últimos meses, estar esquecendo o nome das pessoas e outras informações importantes, como datas de nascimento, telefones e endereços; além disso, ela disse que a maioria das pessoas de seu convívio anda debochando de seus esquecimentos e dizendo a ela que precisa ir para um lar de idosos. Se não bastasse tudo isso, ela está com debilidade de movimento para caminhar, pois sofreu uma lesão no joelho, e você, como profissional solícito e preocupado com a saúde da paciente, tentou, ao máximo, colocar-se na posição dela e verificar formas de auxiliá-la. Com base em todo esse contexto de atendimento, a paciente o questionou sobre os fatores determinantes psicológicos que ela está enfrentando no seu processo de envelhecimento. Agora, é com você. Vamos auxiliá-la? Vamos Começar! Aspectos cognitivos Entende-se por cognição os aspectos ligados às capacidades mentais do pensamento. No que diz respeito à área cognitiva, o declínio cognitivo ocorre como um aspecto normal do envelhecimento. Já em relação às habilidades cognitivas, é notório que, dos 65 anos aos 75 anos, algumas das mudanças cognitivas são sutis ou até́ inexistentes, como é o caso do conhecimento de vocabulário, entretanto, ocorrem declínios importantes nas medidas que envolvem velocidade ou habilidades não exercitadas. É preciso levar em consideração que a individualidade biológica é determinante na vida do idoso, considerando que essa etapa é o resultado de estímulos sofridos e de decisões tomadas ao longo da vida. A natureza exata dessas mudanças, no entanto, é desconhecida pelo mundo científico, e dificuldades relacionadas à linha que separa esse declínio de possibilidades de uma possível demência são imperceptíveis, principalmente por não haver, ainda, uma referência consistente frente à demanda nessa faixa etária. O declínio na área da saúde mental no idoso não é típico da terceira idade; além disso, a doença mental é mais comum no adulto jovem do que no adulto mais velho. Na velhice, o indivíduo, efetivamente, continua a adquirir novas informações e habilidades, bem como ainda é capaz de lembrar e usar bem aquelas habilidades que já conhece. Assim sendo, o início da senescência pode variar, e esse fato pode ser justificado pela teoria biológica do envelhecimento e pela teoria de programação genética. Na teoria biológica leva-se em consideração o declínio e a degeneração da função e da estrutura dos sistemas orgânicos e das células; já́ na teoria da programação genética, supõe-se que o indivíduo seja geneticamente programado do nascimento até a morte, ou seja, o tempo de vida, de acordo com essa programação, ASSIMILE Em geral, relaciona-se a perda ou falha de memória aos sinais de envelhecimento. Existe uma área não especificada de diagnóstico envolvendo a perda gradativa da atividade cognitiva, ou seja, uma lentificação natural das atividades como um todo (senescência) daquela relacionada a problemas de demência (senilidade). deve conciliar as necessidades da reprodução e o não sobrecarregamento do meio ambiente com excesso de população. Ao falarmos de aspectos cognitivos, devemos lembrar que um dos principais déficits cognitivos é a perda da memória, que afeta mais de 62% dos idosos. Essa perda consiste em uma dificuldade na memória recente, ou seja, o idoso tem as recordações do passado muito vivas, porém apresenta dificuldades em reter novas informações e, ao mesmo tempo, processá-las. Aspectos de percepção Quando se discute envelhecimento, deve-se ter em mente que se trata de um processo inerente ao indivíduo e que cada um ASSIMILE Resumidamente e a partir dessas duas teorias, pode-se dizer que a programação genética pode limitar a duração máxima da vida, mas fatores biológicos podem afetar como esse indivíduo vai viver sua velhice, afinal, seu corpo já́ começa a apresentar dificuldades de funcionamento. Acredita-se que nos idosos considerados saudáveis, as mudanças no cérebro, geralmente, são modestas e fazem pouca diferença no funcionamento. Olhandosobre a ótica da teoria biológica, quando existe um problema relacionado ao sistema nervoso central, essa dificuldade de funcionamento pode afetar a cognição, podendo interferir na capacidade de aprender e lembrar. O processamento mais lento de informações pode fazer com que pessoas com mais idade não entendam quando informações são apresentadas muito rapidamente ou sem muita clareza. envelhecerá à sua maneira. Da mesma forma que o processo de envelhecimento é singular, o sentimento e a percepção que ele terá em relação aos eventos e às transformações transcorridas ao longo de uma vida também serão únicos. Diante desse processo, o indivíduo pode assumir diferentes psicodinamismos, que são: Adaptação. Regressão. Isolamento. Negação da realidade. A adaptação representa o equilíbrio que deve existir entre a assimilação ou a incorporação do meio ao eu, ou seja, quando o indivíduo sente que entende, transforma e incorpora o resultado de sua interação com o meio e acomoda seu eu ao contexto; já a regressão é a renúncia do sujeito aos seus interesses; o isolamento manifesta-se com o distanciamento do indivíduo de suas vivências afetivas; e, por fim, a negação se caracteriza pela não aceitação da realidade, em que o sujeito tende a negar sua existência. A percepção depende das expectativas e do conhecimento prévio de quem percebe, bem como das informações disponíveis no próprio estímulo. A percepção do indivíduo perante um fato ou um estímulo depende de como ele recebe e interpreta esse estímulo e dos recursos que dispõe para isso, logo, a percepção varia de um indivíduo para outro. No que se refere à percepção do envelhecimento humano, muitas vezes, a velhice pode caracterizar- se por uma impossibilidade que um indivíduo tem de se perceber no antes e depois diante das transformações sofridas e das perdas no decorrer da existência. Isso pode ocasionar, no idoso, um sentimento de estar sempre sofrendo perdas repetitivas com relação a sua imagem corporal, à identidade socioprofissional (nos casos de aposentadoria) e a pessoas e objetos amados. Essas perdas podem desencadear a sensação de que a morte está́ próxima e de que ele não possui mais razão nem energia para levar seus sonhos adiante. Existe um grande paradoxo que influencia a concepção individual de velhice e que ocorre quando o indivíduo se vê fisicamente envelhecido, mas sente-se mental e emocionalmente acrescido. Durante o envelhecimento, alguns aspectos em relação ao corpo são observados pelo idoso, como o fato de não mais responder aos comandos de antes, gerando uma baixa autoestima e prejudicando sua qualidade de vida. As patologias quando associadas à velhice acabam por representar imagens negativas dessa fase, mas isso depende do contexto sociocultural em que os idosos estão inseridos, posto que o envelhecimento e a velhice são processos sociais e culturalmente construídos. Mas quando são focadas as histórias de vida, imagens bem mais positivas do envelhecimento aparecem. Para alguns idosos, mesmo com a presença de doença, a velhice pode se caracterizar como um momento bom, de felicidade, devido ao convívio familiar com filhos e netos, assim como a autonomia na realização de atividades, que é algo muito prazeroso para eles. O estigma do envelhecimento associado às doenças, às perdas e à incapacidade que os outros indivíduos apresentam acerca da velhice, na grande maioria das vezes, é absorvido pelo próprio idoso, mas alguns idosos não se enxergam como velhos, pois não acreditam fazer parte desse estigma proposto por outros indivíduos. Siga em Frente... Processos mentais Para compreender o funcionamento da memória no envelhecimento, é preciso considerar aspectos teóricos, bem como de ordem prática. Existem quatro principais enfoques teóricos que tentam justificar a diminuição da memória no idoso: Declínio na velocidade do processamento: a lentidão do comportamento na velhice é um tema amplamente aceito e bem documentado. A noção básica é que a diminuição na velocidade dos processos mentais está presente na maioria dos comportamentos do idoso, ou seja, o seu comportamento é lento e, algumas vezes, ineficiente. Portanto, presume-se que o rebaixamento no desempenho da memória não seja atribuído a perturbações da memória per se senão a uma deficiência generalizada na velocidade do processamento das informações, podendo interferir direta ou indiretamente no tempo de processamento de uma sequência de operações mentais complexas. Recursos reduzidos no processamento: um ponto de vista um tanto diferente sugere que o envelhecimento é acompanhado por uma diminuição nos recursos atencionais disponíveis para o processamento cognitivo. Um pressuposto subjacente à perspectiva de recursos reduzidos é que a atenção é necessária para se realizar tarefas cognitivas, e tarefas difíceis exigem mais capacidade de atenção do que tarefas mais simples. Assim, a redução dos recursos atencionais associados à idade interfere na capacidade dos idosos de realizar, cognitivamente, processos exigentes, como as operações de codificação e/ou elaboração de estratégias de recuperação de informação, relevantes nos processos de aprendizagem. Déficits inibitórios relacionados à idade: idosos podem ser menos eficientes na inibição de representações parcialmente ativadas, e a função inibitória é importante para, pelo menos, três processos relevantes na memória. Em primeiro lugar, fornece o controle sobre o acesso à memória operacional, restringindo o acesso à informação relevante para o desempenho da tarefa; em segundo lugar, apoia a supressão do excesso de informações; e, em terceiro lugar, prevê a contenção de respostas situacionalmente inadequadas. Diminuição no controle cognitivo: esse enfoque engloba a combinação dos elementos “b” e “c”; assim, propõe que os idosos sofrem de deficiência no controle executivo do processamento cognitivo devido aos recursos reduzidos e aos déficits inibitórios. Essa noção se baseia fortemente nas diferenças entre o processamento automático (que requer pouca capacidade de atenção e ocorre sem intenção) e o processamento controlado (focado conscientemente, controlado e que exige intenção). O processamento automático é assumido como imune aos efeitos do envelhecimento, enquanto o controlado declina com o avanço da idade. De forma geral, no envelhecimento, os processos mentais de memória podem ser afetados, seja por déficits na iniciação do processamento cognitivo comumente observado na etapa de codificação da informação, seja na procura estratégica para a recuperação da informação, os quais, muitas vezes, são afetadas pela diminuição dos processos de inibição de informações irrelevantes. Portanto, existe a possibilidade de os enfoques anteriormente expostos explicarem, de certa forma, o papel da idade no declínio da memória e quais medidas podem ser tomadas para auxiliar o idoso em processos mentais relacionados ao envelhecimento. Vamos Exercitar? Para alcançar um bom resultado durante o atendimento e responder ao questionamento da paciente Betânia sobre quais os fatores determinantes psicológicos que ela está enfrentando no decorrer do seu envelhecimento, você pode começar explanando, de forma sucinta, que os fatores determinantes psicológicos no envelhecimento são: aspectos cognitivos, em que um dos principais déficits cognitivos é a perda da memória; aspectos de percepção: a percepção depende das expectativas e do conhecimento prévio de quem percebe e das informações disponíveis no próprio estimulo; e processos mentais: em que o indivíduo sofre com o declínio na velocidade do processamento, os recursos reduzidos no processamento, os déficits inibitórios relacionados à idade e a diminuição do controle cognitivo. Saiba Mais A percepção dos idosos sobre aspectos psicossociais na velhice: Para ampliar seus conhecimentos, indicamos a leitura de um artigo que traz um estudo que propõe investigar e compreender, de forma exploratória, a percepção dos idosos quanto aos aspectos psicossociais da velhice. Acesse o seguinteartigo: GONÇALVES, A. C. et al. A percepção dos idosos sobre aspectos psicossociais na velhice: um estudo no centro urbano de Belo Horizonte. Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, [S. l.], v. 5, n. 10, p. 101-115, jul./dez. 2021. Um olhar sobre o processo do envelhecimento: Além disso, indicamos a leitura de outro artigo científico que aponta um estudo que buscou conhecer como os idosos representam a velhice por meio de sua percepção do processo de envelhecimento. Para ter acesso, pesquise por: JARDIM, V. C. F. da S.; MEDEIROS, B. F. de; BRITO, A. M. de. Um olhar sobre o processo do envelhecimento: a percepção de idosos sobre a velhice. Revista brasileira de geriatria e gerontologia, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 25-34, maio/ago. 2006.. Referências Bibliográficas FARINA, M. Personalidade em idosos: relações com o funcionamento adaptativo e psicopatológico. 2015. Dissertação (Mestrado em Psicologia – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/911/1/467001.pdf. Acesso em: 23 out. 2023. http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/911/1/467001.pdf FARINA, M.; LOPES, R. M. F.; ARGIMON, I. I. de L. Perfil de idosos através do modelo dos cinco fatores de personalidade (Big Five): revisão sistemática. Diversitivas: Perspectivas em Psicología, Bogotá, v. 12, n. 1, p. 97-108, 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/679/67945904007.pdf. Acesso em: 23 out. 2023. BRUNA, M. H. V.; SOARES, A. M. Memória dos idosos | Entrevista. 2011. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/memoria-dos- idosos-entrevista/. 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Você está envelhecendo neste instante, e não importa o quanto você se cuida, o processo do envelhecimento começou assim que você nasceu e vai continuar até a sua morte. A boa notícia é que estamos morrendo cada vez mais tarde e a medicina e os avanços em várias áreas do conhecimento permitem que vivamos mais e até melhor. É fato, contudo, que o processo de envelhecimento tem perdas; já não conseguimos fazer tudo o que fazíamos e nem mesmo conseguimos lembrar do que fazíamos. A memória, entre tantas outras funções, também sofre com o envelhecimento. Para compreender melhor os conceitos, imagine que você assumiu a responsabilidade de cuidar de um idoso, o Sr. Carlos, de 73 anos, com um processo inicial de Alzheimer. O Sr. Carlos começou a se esquecer de pequenas coisas do dia a dia;além disso, costuma repetir as histórias como se nunca as tivesse contado. O Sr. Carlos teve duas filhas, mas Ofélia, infelizmente, faleceu há 3 anos e Ana faz de tudo para cuidar do pai; mesmo trabalhando muito, costuma levá-lo ao geriatra, contudo, nesta última consulta, não pôde levá-lo e pediu a você que acompanhasse seu pai. Você nunca havia levado o sr. Carlos ao médico, mas não se omitiu de fazê-lo. No consultório do médio, o paciente começou a contar uma história para o doutor e para você, que, prontamente, posicionou-se: — S. Carlos, o Sr. já me contou essa história muitas vezes. O médico, certamente, não quer ouvir e eu já ouvi ontem e ainda hoje o Sr. repetiu. Sr. Carlos ficou meio atordoado e logo perguntou pela filha Ofélia. Você não titubeou e logo respondeu: — Ela morreu! Não se lembra? O médico, ao ver a cena, pediu licença para lhe explicar a melhor forma para tratar a situação. O que você está fazendo de errado? Há outras maneiras de lidar com a perda da memória dos idosos de forma geral? E no caso do Sr. Carlos, o que fazer? Quando se trata do tema do envelhecimento, é necessário ter um olhar voltado para a possibilidade de retardar as consequências deste processo e buscar uma velhice sadia. Então, vamos entender como? Vamos lá! Vamos Começar! Memória Segundo o IBGE (2013), a expectativa de vida de um brasileiro, em 2012, era de 74 anos; em 2016, passou para 75,8 anos; e em 2019, chegou a 76,6 anos. Contudo, em 2022, há a previsão de queda da expectativa, comprometendo em média anos. Até 2025, o Brasil estará posicionado no sexto lugar em relação à população senil mundial; serão mais de trinta milhões de pessoas acima de 60 anos. Para 2050, há estimativas de que a população idosa representará 22,71% dos brasileiros. A população está envelhecendo mais e melhor, ou seja, estamos envelhecendo de forma mais saudável. Um estudo nos Estados Unidos demonstrou, ao acompanhar uma população de idosos entre 65 e 74 anos por sete anos, que 90% não apresentavam queixas de incapacidades e 40% dos idosos com mais de 80 anos ainda estavam plenos funcionalmente. Faz-se importante desmistificar que o envelhecimento se dá de forma automática. Isso não é verdade. A velhice não chega ao atingirmos o marco cronológico de 60 anos, pois o envelhecimento é processual, estamos envelhecendo diariamente, desde o nosso nascimento (MOTA,2018). Do mesmo modo, a perda de memória não é uma certeza para o idoso; é possível chegar aos 80 anos recordando-se tanto do passado quanto da memória recente (SOARES,2011). A perda de memória não é um fator inseparável ao avanço da idade, pois a memória recente é facilmente perdida na atualidade se considerarmos a modernidade e as armadilhas virtuais. Estamos cada vez mais desatentos e impregnados de estímulos multissensoriais, contudo, o comprometimento da memória é um tema de alta relevância para a compreensão do processo de envelhecimento. Entretanto, mesmo considerando o envelhecimento saudável e natural do indivíduo, já é esperada a perda cognitiva e o declínio de algumas funções. Assim, as doenças degenerativas têm sua incidência aumentada com o avanço da idade, inclusive as que são consideradas demências, logo, é necessário separar a distração, o stress e a desatenção da síndrome demencial. Cerca de 30% dos casos de queixa de memória podem se apresentar como uma demência, nesse caso, o prejuízo não se dá apenas na memória, mas também em outras funções (SOARES, 2011). As conexões neurais (Figura 1) são formadas em determinadas áreas cerebrais, o que ocorre ao guardarmos recordações e vivências, assim como quando aprendemos um novo instrumento musical, por exemplo (SOARES,2011) A doença de Alzheimer é uma das doenças que mais prejudicam a memória e tem sua incidência aumentada. Mais de 50% da população tem a doença se considerarmos os idosos com mais de 90 anos (SOARES, 2011). Para Izquierdo (2018), somos o que lembramos, pois, a memória que guardamos caracteriza quem somos, o que vivenciamos e o que sentimos, por esse motivo, o quadro pode ser desastroso. Esse quadro apresenta o comprometimento de muitas funções mentais e, certamente, será notado pelos familiares e pelo próprio paciente, trazendo prejuízo nas atividades rotineiras e no seu cotidiano (IZQUIERDO, 2018). As principais características do Alzheimer estão dispostas na Figura a seguir: Figura 1: Principais características da Doença de Alzheimer - Fonte: Elaborada pela autora Personalidade As mudanças ocorridas na velhice são multifatoriais; as alterações são de ordem biológicas, sociais e psicológicas, mas não podem ser entendidas como um atestado de incapacidade. Se considerarmos que a energia, o pique na velhice não é o mesmo de outras fases da vida, pois o corpo já não responde a todos os comandos do cérebro e que é possível ter uma velhice positiva e saudável, uma dúvida se estabelece: por que nem todos chegam a essa condição de saúde apesar da idade avançada? A personalidade do idoso tem uma grande influência no atingimento desse bem-estar no envelhecimento; ela é o que diferencia um indivíduo do outro (PINTO, 2015). Para alguns autores, personalidade é uma organização não estática de sistemas físicos e psicológicos que influenciam pensamentos, emoções e comportamentos. Assim, a personalidade é um fator preponderante enquanto recurso para que o indivíduo se adapte às novas situações adversas que a longevidade impõe. Ela pode se constituir enquanto instrumento para a resiliência face às alterações físicas, sociais e psicológicas e para constituir capacidade de formação de novos hábitos e atitudes positivas frente ao envelhecimento. A depressão na velhice tem relação direta com os fatores da personalidade. A saúde, a qualidade de vida na velhice e a longevidade são influenciadas pelos aspectos da personalidade. (IRIGARAY; SCHNEIDER, 2007). Por exemplo: indivíduos mais esperançosos e otimistas acabam apresentando melhores níveis de saúde e menor risco de mortalidade na velhice, bem como mais humor e positividade, que revertem-se em mais saúde. Em oposição, os indivíduos mais pessimistas são mais suscetíveis à depressão e a problemas demenciais (IRIGARAY; SCHNEIDER, 2007). Os relacionamentos interpessoais mantidos pelos idosos são de grande importância para essa positividade. A convivência salutar é extremamente benéfica para o idoso, pois mantém sua qualidade de vida e seu equilíbrio emocional. Pesquisas já foram realizadas demonstrando que hábitos familiares advindos de uma cultura introjetada, como uma herança oriunda dos antecedentes, como gostar de festas, respeitar os outros e ter amigos, acabam por influenciar o comportamento dos longevos. Indubitavelmente, os idosos estão muito mais vulneráveis ao estresse e à depressão se comparados com a população de outras faixas etárias. Para alguns autores, há uma classificação mais recente dos tipos da depressão tendo em vista o seu caráter relacional com as experiências vivenciadas e sua natureza. A depressão pode ser dependente ou analítica e introjetiva (também denominada de autocritica). A depressão analítica é mais voltada para questões consideradas como interpessoais, como abandono, solidão e relacionamentos; já a outra está mais ligada a fatores como autoestima, realização pessoal e a sentimentos como fracasso e arrependimento. Figura 3: Principais sintomas atribuídos a um quadro de depressão - Fonte: Elaborado pela autora. Siga em Frente... Caracterização do idoso de acordo com a personalidade O desenvolvimento humano jamais cessa, a capacidade de aprendizagem e o crescimento humano não têm limites, contudo, as últimas décadas da vida parecem testar o amadurecimento humano. O crescimento emocional será ameaçado pelo estado mental que fora estabelecido nos anos anteriores, estando ligado diretamente a como se é capaz de suportar a perda, o luto, a dor, a ausência e a decepção, principalmente por, nessa fase da vida, haver uma tendência natural a esses eventos. Além disso, o Self terá de suportarnão só esses episódios, mas também a contemplação da própria morte. Há várias teorias que integram essa capacidade de adaptabilidade na situação da velhice à personalidade do indivíduo idoso (WADDELL,2018); os primeiros estudos identificaram que a personalidade se torna mais rígida com o passar dos anos. Recentemente foi demonstrado que há um assentamento, uma consolidação, permanecendo a personalidade existente na vida adulta. Ou seja, a personalidade atrelada aos papéis sociais que assumimos, os níveis de atividade que desenvolvemos e o grau de satisfação com a vida vão desenhar a nossa forma de envelhecer. A teoria dos cinco fatores (CGF), que ficou conhecida como BIG Five, é um dos modelos mais aceitos (WADDELL,2018). Criada na década de 1930, Mc Dougall propôs a teoria dos cinco fatores baseando-se no modelo anterior conhecido como a teoria dos traços que relacionava os aspectos dos comportamentos concretos e conscientes que poderiam ser descritos por meio de um conjunto de palavras (FONSECA,2018). O Big Five é empregado em vários contextos, inclusive no mundo organizacional, e ajuda a explicar como e por que as pessoas se comportam de determinada maneira. Um dos pontos fortes dessa teoria é ser universal, adaptando-se independentemente da cultura. Assim, existe 5 fatores da personalidade big five: neuroticismo, extroversão, amabilidade, consciosidade e abertura. O Neuroticismo é uma característica que está ligada à vulnerabilidade e deixa o indivíduo mais inseguro e propenso a ter dificuldades em tomar decisões. A irritabilidade, as condutas arriscadas, como abuso de álcool ou drogas, e a hostilidade com os animais está ligada aos elevados níveis de neuroticismo. Os indivíduos que têm facilidade de manter relações interpessoais, que se mantêm mais ativos, expressam-se de forma mais alegre e amam diversão são mais sociáveis e têm a característica da extroversão. Já a amabilidade diz respeito às pessoas mais agradáveis, mais propensas à generosidade e ao altruísmo; normalmente, são pessoas mais comprometidas a viver em sociedade e auxiliar as pessoas. A realização ou a conscienciosidade está ligada a características como foco. Pessoas com essa particularidade são mais organizadas, ambiciosas, voltadas ao trabalho e persistentes. Em contrapartida, os níveis baixos de conscienciosidade levam os indivíduos a ser mais desleixados, negligentes com seus objetivos. A abertura demonstra o quanto o indivíduo está predisposto a novas experiências ou a interesses por atividades artísticas e sociais. Geralmente, são pessoas mais curiosas, críticas e criativas. Indivíduos com pouca abertura acabam, em contrapartida, sendo mais rígidos e convencionais (FARINA et al., 2016). Vamos Exercitar? A doença Alzheimer tem a característica de prejudicar a memória do doente. Normalmente, a memória recente é a mais prejudicada, e colocar em xeque o paciente, fazendo-o perceber que está errado, pode não ser adequado e desestabilizar o idoso. Ser acolhedor, ter jogo de cintura e dizer que a pessoa pela qual ele pergunta chegará são atitudes que provocam um impacto bem mais positivo, assim como ouvir atentamente a história que ele tem para contar, ainda que seja pela décima vez. Saiba Mais Vídeo sobre os cuidados com o envelhecimento: O envelhecimento pode ser saudável, e não há um marcador biológico para ele, pois, em verdade, é um processo contínuo, que se inicia no nascimento. Neste vídeo, Drauzio Varella demonstra que os cuidados com o envelhecimento devem ser tomados desde a juventude. Longeviver: No portal do envelhecimento e Longeviver você encontrará uma coletânea de poemas sobre a temática do envelhecimento Indicação de filme: Fica aqui a dica: o filme Diário de uma paixão é um belo romance que traz a história de um amor esquecido em virtude da doença Alzheimer. Referências Bibliográficas FARINA, M. Personalidade em idosos: relações com o funcionamento adaptativo e psicopatológico. 2015. Dissertação (Mestrado em Psicologia – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/911/1/467001.pdf. Acesso em: 23 out. 2023. FARINA, M.; LOPES, R. M. F.; ARGIMON, I. I. de L. Perfil de idosos através do modelo dos cinco fatores de personalidade (Big Five): revisão sistemática. Diversitivas: Perspectivas em Psicología, Bogotá, v. 12, n. 1, p. 97-108, 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/679/67945904007.pdf. Acesso em: 23 out. 2023. BRUNA, M. H. V.; SOARES, A. M. 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Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! A partir de agora, você iniciará um estudo mais aprofundado para a compreensão da afinidade e sua importância para a socialização do idoso e a repercussão que tem para a autoestima. Estar bem consigo mesmo e adaptado às mudanças múltiplas impostas pelo avançar dos anos e, mesmo assim, feliz, sem se isolar do mundo e compreendendo que, mesmo face às limitações características da idade, é possível levar uma vida saudável, inclusive sexualmente. Para tanto, vamos partir da seguinte situação-problema: Você acaba de ser contratado como técnico de enfermagem por uma instituição de longa permanência para idosos. A instituição deposita muita expectativa em você, recém-chegado e, certamente, cheio de ideias, porque a equipe multidisciplinar tem percebido uma queda na autoestima dos internos após o início da pandemia. Diante disto, você deverá pensar juntamente com a equipe que já trabalha na instituição algumas questões, por exemplo: O que você poderá propor para elevar a autoestima dos idosos? Quais atividades podem ser realizadas? O que é preciso para colocar essas ideias em prática? Importante destacar que os profissionais que trabalham diretamente com a população idosa têm o dever de serem um colo que acolhe. É preciso gostar de pessoas genuinamente e estar comprometido com elas. Por este motivo, é importante que você se capacite e busque aprimoramento constante. Assim, você vai longe! Vamos Começar! Afetividade Alguns autores admitem a dificuldade que envolve o envelhecimento e chegam a apontar uma polarização, tendo, de um lado, esta etapa da vida envolta em uma áurea de maturidade e sabedoria e, do outro, uma crise complexa (OLIVEIRA; PASIAN; JACQUEMIN, 2001). O indivíduo sente-se sem perspectiva e se angustia com o futuro incerto, diminuído, e perde sua própria identidade. O idoso saudável de forma integral necessita estar amparado nos aspectos de saúde física e mental, autonomia do seu dia a dia, independência econômica e suporte familiar. Inseridos na sociedade, a dinâmica da vida cotidiana exige que assumamos vários papéis (conforme a Figura 1), que moldam a nossa personalidade. A junção das predisposições hereditárias com a escolha dos nossos comportamentos, do meio ambiente e os vínculos determinam nossa personalidade (NERY, 2014). Figura 1: Tipos de papéis - Fonte: elaborada pela autora. A afetividade tem relação com os vínculos que estabelecemos, e os papeis que desempenhamos relacionam-se àqueles que formamos e com a qualidade que eles possuem. Os vínculos podem ser de vários tipos, tais como: Atuais: Oriundos das relações concretas. Residuais: Já foram atuais e agora estão residuais. Virtuais: Estabelecidos por papéis a distância, bem como imaginários. Esses vínculos geram aprendizados emocionais pela expressão do self, que é a nossa totalidade. A personalidade, somada ao self, atua na interseção dos elementos sociais, fisiológicos e psicológicos. A nossa vida é enriquecida pelos vínculos que estabelecemos no lazer, no trabalho, em todos os grupos que nos inserimos, inclusive na família. Para Nery (2014), nós vivemos em busca de alimentos psíquicos, como o afeto e a sua extensão: o respeito, a atenção, a aceitação, o reconhecimento e o amor. Contudo, esta busca gera uma expectativa e, junto, sofrimento. Não só a busca, mas a manutenção da afetividade pode levar um indivíduo à submissão ao autoritarismo, por exemplo, para suplicar afeto. A família tem um papel importantíssimo para a afetividade entre os idosos e é fundamental para um envelhecimento saudável. O crescente envelhecimento populacional tem exigido dos lares adaptações: avós morando com os netos, viúvas sem companheiros, dependência financeira, debilidades e a dependência física exigem que a família esteja atenta a suas responsabilidades. O Estado, da mesma forma, tem se preparado e respondido às novas demandas através da implantação do Conselho Municipal dos Idosos, Fórum, atenção domiciliar, entre outras respostas públicas face a problemática do envelhecimento da população brasileira (CERVENY, 2012). Também é importante falar na “auto afetividade*”, no sentido de guardar um espaço para o autocuidado e o auto zelo. Amar-se, perdoar-se, respeitar-se é também um carinho não do outro para consigo, mas do seu eu interno, da sua criança interna, para com o idoso que se tornou. A sociedade já é, por demasia, “madrasta” com o idoso, pois cobra dos indivíduos que eles não envelheçam – mas, como isto é impossível, que envelheçam sem parecer velho. Há uma cobrança gigantesca pela plástica, pelo implante, pelo disfarce incessante. Uma visão distorcida do idoso. O velho bem conservado e de espírito jovem é extremamente valorizado, bem menos do que o sábio ancião. Este desfazimento do idoso no processo de envelhecimento contribui para o sentimento de inutilidade, enfraquece sua autoestima e, consequentemente, isola mais o idoso. A afetividade, seja amorosa, seja familiar, constitui-se um poderoso elixir para evitar a depressão e restabelecer a alegria de viver, tão comumente enaltecida em um processo de envelhecimento saudável. *O termo afetividade é utilizado na conscienciologia e ou na autoconsciencioterapia. Entretanto a utilização do termo para a autora não tem a pretensão de aprondudar seu conceito dentro desta área do conhecimento, apenas utilizá-lo como sinônimo de se amar, amor-próprio ou afeto por si mesmo. Siga em Frente... Autoestima O envelhecimento é controlado por aspectos biológicos. São muitas alterações na aparência, no comportamento, nas vivências e nos papéis sociais. Mas, é sabido que o bem-estar ou sua ausência podem influenciar, e até acelerar, o processo de envelhecimento (BRAGA; GALLEGUILLOS, 2014). A luta pela sobrevivência e a dificuldade de se manter no autocontrole e na manutençãohttps://www.proquest.com/publication/326245?accountid=134629&decadeSelected=2020+-+2029&yearSelected=2023&monthSelected=09&issueNameSelected=02023Y09Y01$23Sep+2023$3b++Vol.+16+$283$29 https://www.proquest.com/publication/326245?accountid=134629&decadeSelected=2020+-+2029&yearSelected=2023&monthSelected=09&issueNameSelected=02023Y09Y01$23Sep+2023$3b++Vol.+16+$283$29 https://www.proquest.com/publication/326245?accountid=134629&decadeSelected=2020+-+2029&yearSelected=2023&monthSelected=09&issueNameSelected=02023Y09Y01$23Sep+2023$3b++Vol.+16+$283$29 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO Aula 1 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO. Aspectos demográficos e Epidemiológicos do Envelhecimento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Vamos falar de envelhecimento? Você sabia que envelhecer é um processo natural e inevitável que ocorre em qualquer espécie de ser vivo, desde o reino vegetal ao reino animal? Pois é, o envelhecimento pode ser entendido como sendo uma fase que simboliza o encerramento de um ciclo, que é o fim da fase adulta, e reflete todos os eventos que decorreram nas demais fases da vida. Ele acontece em todos os aspectos do ser humano, afetando tanto o elemento físico (corpo biológico) como o mental/psíquico e social do indivíduo. Além disso, é importante nos atentarmos para o fato de que o processo de envelhecimento carrega consigo uma bagagem que pode refletir em enfermidades, especialmente as doenças crônicas não transmissíveis e que, muitas vezes, são necessárias mudanças nos hábitos de vida para poder minimizar essas complicações, resultando em um envelhecimento mais ativo e saudável. Para compreender tudo isso, vamos partir da seguinte situação: Você realizou um estágio supervisionado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no seu município. Como critério obrigatório para finalização do estágio você fez um levantamento das doenças mais prevalentes na população usuária da unidade. Em sua pesquisa, você identificou que 55% da dispensação de medicamentos na farmácia era destinada a pacientes com idade igual ou superior a 65 anos e que as doenças mais prevalentes na unidade eram hipertensão e diabetes. De acordo com essa situação, reflita: existe alguma relação entre a alta demanda de atendimento aos idosos e a prevalência de diabetes e hipertensão na unidade? Essa é uma situação isolada e específica da unidade ou ela reflete algum padrão já existente na população brasileira? Quais aspectos podem contribuir para que os usuários idosos tenham maior demanda de cuidados e assistência à saúde? Ao longo desta unidade você conhecerá o perfil de envelhecimento do Brasil, bem como irá compreender as principais características biopsicossociais associadas ao envelhecer. E aí, vamos começar? Vamos Começar! Transição demográfica A fase idosa tem relação direta com a expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida oferecida pelo país em que vive o indivíduo. A definição de idoso é variável a depender do grau de desenvolvimento de cada país: há nações em desenvolvimento que consideram pessoas idosas aquelas com idade igual ou superior a 60 anos, e nações desenvolvidas que consideram idosas as pessoas com 65 anos ou mais. A Organização Mundial da Saúde entende como população envelhecida aquela que acumula pelo menos 7% de pessoas na faixa etária idosa, com tendência a aumentar. O Brasil por muitos anos foi considerado um país jovem, que concentrava uma população com predominância da faixa etária entre zero e quatorze anos, no entanto, hoje ele é considerado um país envelhecido. A teoria da transição demográfica foi desenvolvida no início do século XX, embasada por mudanças ocorridas a partir do século XVIII na Europa. Essa teoria faz a relação das modificações demográficas que ocorreram em decorrência do processo de industrialização ao longo da história e seus impactos socioculturais e econômicos que alteraram o modo como as pessoas vivem, adoecem e morrem, repercutindo no tamanho e características da população. A transição demográfica é definida como a mudança de uma realidade populacional com altas taxas de mortalidade e natalidade para taxas mais reduzidas e é dividida em quatro fases distintas. Pereira (2018) classifica essas fases da seguinte maneira: 1ª Fase - Pré-industrial: Período demarcado por altas taxas de natalidade e altas taxas de mortalidade, contribuindo para um tímido crescimento demográfico. Essa fase é muito específica de países rurais, como os países europeus antes do processo de industrialização. 2ª Fase - Intermediária de divergência dos coeficientes: Período em que se registra um aumento demográfico em decorrência da redução da taxa de mortalidade e manutenção da elevada taxa de natalidade. Essa fase demarca o desenvolvimento industrial, econômico e social das populações. 3ª Fase - Intermediária de convergência dos coeficientes: Período em que se mantêm reduzidas as taxas de mortalidade e reduzem-se também as taxas de natalidade, contribuindo para uma queda do crescimento demográfico. Essa fase demarca o desenvolvimento urbano, o progresso de estratégias de produção e distribuição de alimentos, melhorias nas condições sanitárias e de habitação e erradicação de algumas doenças. Atualmente essa fase reflete a realidade do Brasil. 4ª Fase - Moderna ou de pós-transição: Período em que são mantidas baixas tanto a taxa de natalidade como de mortalidade, além da elevação da expectativa de vida. Essa fase reflete um regime demográfico moderno de progresso socioeconômico, e se enquadram nesse período a maioria dos países desenvolvidos. Por ser a taxa de natalidade mais baixa que a taxa de mortalidade, alguns autores mais atuais têm admitido uma quinta fase - recessão demográfica, em que há uma queda significativa tanto das taxas de natalidade como de mortalidade, refletindo em uma diminuição da população e sua não renovação. É o que vemos em países como a Itália, que tenta reverter esse cenário por meio do incentivo à natalidade. Outra característica associada à transição demográfica é o aumento dos idosos mais idosos (maiores de 80 anos), atualmente a população que mais cresce no Brasil, trazendo impacto significativo na economia – em especial nas finanças públicas, pois observa-se uma redução proporcional na população economicamente ativa e um aumento paralelo de encargos econômicos para arcar em pensões e programas sociais e de saúde para idosos. Siga em Frente... Perfil da morbimortalidade da população idosa Você aprendeu que a transição demográfica é um marco importante que reflete na estrutura demográfica de um país diante do processo de industrialização e desenvolvimento. Mas qual a relação desses fatos com a saúde do idoso? O processo de industrialização e desenvolvimento ao longo dos anos modificou completamente o modo de viver, adoecer e morrer das pessoas. A essa modificação de cenário chamamos de transição epidemiológica, que trouxe mudanças nos padrões de morbimortalidade da população. Aliada à transição demográfica veio a transição epidemiológica, e vemos a mudança de um cenário no qual prevaleciam doenças infecciosas e parasitárias para uma nova realidade, com uma maior prevalência de doenças e agravos não transmissíveis (DANT). A teoria da transição epidemiológica pode ser entendida em três fases distintas, que foram observadas ao longo da história nos países desenvolvidos: 1ª Fase - Era da fome das pestilências: caracterizada por altas taxas de natalidade e altas taxas de mortalidade, quando predominavam quadros de desnutrição e doenças infecciosas e parasitárias, as quais com muita frequência desencadeavam devastadoras e sucessivas epidemias, que por muitas vezes produziam pandemias, impactando diretamente a demografia dos mais diversos países. Essa fase compreende o início dos tempos e permaneceu até o fim da Idade Média, umdas atividades sociais protagonizam os primeiros conflitos psicológicos na velhice. O problema é que a sociedade parece pouco tolerante a estas mudanças, como a falta de agilidade e as limitações próprias da idade (BRAGA; GALLEGUILLOS, 2014). Por este motivo, o apoio da família, a socialização, o companheirismo, as amizades e a afetividade são fatores fundamentais para a manutenção do bem-estar nesta etapa da vida. O processo de envelhecimento saudável deve levar em conta os aspectos intrínsecos e extrínsecos. Para Braga e Galleguillos (2014), os fatores extrínsecos são passiveis de modificação, como: local de residência, hábitos, dieta, etc. Já os aspectos intrínsecos são a idade, o sexo e a genética, por exemplo. Existem formas de ampliar as possibilidades de ser feliz com o desenvolvimento da autoestima. Isso depende de cada um de nós, já que os estímulos externos e as circunstâncias da vida não são determinantes para a autoestima, pois ela é intrínseca. Por outro lado, muitos fatores podem nos levar a perder o amor-próprio e desenvolver a baixa autoestima, conforme a Figura 2. Figura 2: Possíveis causas de baixa autoestima - Fonte: Elaborado pela autora. A autoestima é o reconhecimento que a pessoa tem do seu próprio valor. O apreço por si mesmo, amar-se, valorizar-se e ter segurança em seus pensamento e atos. Esta confiança e o sentimento que suas escolhas são acertadas formam-se a partir de uma boa imagem de si mesmo. (TUCHERMAN, 2019). Não nascemos com autoestima. Este é um conceito que vai sendo aprendido no decorrer da vida. Todos nós temos autos e baixos. Gostar de nós mesmos, considerando a nossa totalidade, deixando de hipervalorizar partes que não nos agradam ou os momentos de infortúnio, desenvolvem a nossa autoestima (TUCHERMAN, 2019). É sobre termos confiança em nossas próprias habilidades e utilizá- las nos desafios básicos que a vida impõe. Ela relaciona-se, assim, a uma capacidade de manter a vida em harmonia e dignidade, mesmo submetida a condições estressantes. A adaptação ao meio é fundamental para sentir-se bem, mas, se a opinião do outro é base para sua autoaceitação, você entra em uma dependência da opinião alheia e oscila a depender do desejo e expectativa do outro. Isto pode lhe roubar a própria identidade. A paixão por si mesmo é fator de adição para a autoestima. Contudo, há de se ter limites, pois, caso contrário, incorreremos em excessos. Uma supervalorização de si mesmo pode deflagrar um narcisismo doentio (TUCHERMAN, 2019). Um estudo sobre a autoestima foi realizado por Rosemberg (1965). A pesquisa consistiu em entrevistar 5024 estudantes adolescentes do colegial de Nova York, nos Estados Unidos. Seu objetivo era compreender o que sentiam e como se autoavaliavam. Assim, a pesquisadora criou uma escala para mensurar a autoestima (CARVALHO, 2006). Este instrumento foi traduzido para 28 idiomas e difundido em 53 países. Indubitavelmente, fortalecer a autoestima ajuda em todo este complexo sistema de envelhecimento, que começa desde o nascimento. Fatores como relacionamentos, vida social, amorosa e até exercícios físicos contribuem para elevar os níveis da autoestima. Sexualidade O bem-estar na velhice está ligado a muitos fatores. Alguns deles podem ser considerados variáveis antecedentes, moderadoras, e outros, variáveis critério (Figura 3). Independentemente da saúde, da riqueza e do conforto, há uma subjetividade a ser considerada (REBELATTO; MORELLI, 2007). Isto quer dizer que as experiências e as percepções dessas experiências têm um caráter subjetivo e individual, o qual está ligado a uma autoavaliação de como está a vida em vários aspectos: relacionamentos, amizades, realização e até a vida sexual. Figura 3: Modelo operacional para análise do bem- estar subjetivo - Fonte: Rebelatto e Morelli (2007, p. 23). A sexualidade é iniciada na infância e não cessa na vida adulta. Vivenciá-la na velhice é possível. Infelizmente muitos idosos acabam por acreditar nos estereótipos negativos em relação a esse fator na terceira idade. Acabam por se envergonhar da própria sexualidade, acreditando ser imoral ou não natural nesta fase da vida, algo feio ou proibido. A sexualidade vai além do coito e da relação sexual propriamente dita. Essa visão da genitalidade contribui para a manutenção do tabu, uma vez que várias funções na velhice são diminuídas. O idoso que não mantém relações sexuais pensa tornar-se assexuado. “Velho depravado” ou “Indecente” são alguns dos adjetivos atribuídos aos idosos com vida sexual ativa. Essa mentalidade está presente principalmente no ocidente, pois apresenta uma cultura que supervaloriza a juventude (PASCUAL, 2002). Em uma visão mais holística, a sexualidade tem relação com o carinho, as carícias, o desejo, as fantasias, sentimentos, companheirismo, valorização dos abraços e beijos. Para Pascual (2002), precisamos romper com a visão da sexualidade atrelada apenas ao jovem e com a finalidade reprodutiva. Tendo em vista que o idoso não é um enfermo e que todos nós, se tivermos sorte, atingiremos a velhice, a sexualidade nesta fase é natural, não cabendo comparações equivocadas com as fases anteriores da vida. A velhice pode vir a ser um momento especialmente recheado de perdas: aposentadoria, perda de amigos, familiares, às vezes do companheiro ou da companheira, do emprego, da saúde, da memória, das companhias, da rotina anterior, dos afazeres. A sexualidade constitui-se com uma forma importante e significativa de preenchimento da solidão, assim como a afetividade (PASCUAL, 2002). As atitudes possíveis frente a sexualidade humana vão da repressão, tolerância até uma visão positiva, conforme esta figura Figura 4: Atitudes diante da sexualidade humana - Fonte: elaborada pela autora Vale ressaltar que, mesmo com uma postura positiva frente a vida, homens e mulheres podem encontrar dificuldade de manter-se sexualmente ativos. Para alguns autores, nesta fase da vida as dificuldades de encontrar um parceiro aumentam, devido a uma conjuntura de fatores. Outro ponto relevante é que a mulher, nesta etapa da vida, tem uma queda na libido e uma dificuldade de lubrificação vaginal. A dispareunia pode ser sentida principalmente por mulheres e se caracteriza por dor na relação sexual. Em idosas, ela está mais relacionada a questões hormonais e queda de estrógeno e progesterona (BRAGA, 2014). A sexualidade é um aspecto da vida que não deve ser negligenciado, tampouco deve ser confundido e reduzido a relação sexual e orgasmo. Abrange um conjunto de vivências, sensações, emoções. É um universo muito subjetivo e particular influenciado pelo emaranhado proporcionado pela vida, religião, crenças, sociedade. Os idosos ganharão quando a sociedade perceber que a sexualidade se faz necessária e é natural, romper rótulos e admitir que a velhice também deseja ser feliz. Vamos Exercitar? Evitar que o idoso se sinta sozinho: encontre membros da família e amigos que possam visitar constantemente, crie atividades do interesse do idoso como jogos, cinemas entre outras atividades. A autoestima passa pelo autocuidado com a aparência. Estimule este autocuidado, quando possível. Crie alternativas, como oficinas de salão de beleza, corte de unha e cabelos e maquiagem. Nesta idade as quedas são perigosas e podem se tornar frequentes, por isto estimule atividades que reforcem o tônus muscular. Há exercícios possíveis até mesmo sentado ou ainda deitado na cama. Não há desculpas para ficar sem movimentar-se. Saiba Mais Assista ao vídeo “A bela Velhice” de Mirian Goldenberg. Baseado no livro de Simone de Beauvoir, Mirian aborda o tema com humor, mas de maneira profunda o tema velhice perpassando por vários âmbitos desta fase da vida. CAFÉ FILOSÓFICO CPFL. A Bela Velhice | Miriam Goldenberg. Muitos são os idosos deixados em abrigos ou em casas de apoio. Sob a Lei nº 1.236, eles terão a oportunidade de passar momentos de alegria ou lazer amparados pelo Programa de Apadrinhamento Afetivo ‘Um Lar Para os Idosos’, sancionada pelo Executivo noúltimo dia 22 de janeiro de 2018. Vale a pena saber mais sobre esta lei. ALERR: lei garante apadrinhamento afetivo de pessoas na terceira idade. UNALE, 2018. Disponível em: https://unale.org.br/alerr-lei-garante-apadrinhamento- afetivo-de-pessoas-na-terceira-idade/. Acesso em: 23 out. 2023. Referências Bibliográficas ALENCAR, D. L. et al. Exercício da sexualidade em pessoas idosas e os fatores relacionados. 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Primeiramente, faz-se necessária a compreensão de que a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado progressivamente, chegando a 76,6 anos em 2019. Espera-se que, até 2025, o Brasil seja o sexto país mais populoso em termos de idosos, com mais de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 2050, a população idosa pode representar 22,71% dos brasileiros. Portanto, hoje precisamos compreender mais acerca deste processo de envelhecimento, mais especificamente, as teorias psicológicas do envelhecimento. A primeira teoria analisada é denominada de Teoria do Desengajamento Social, que se origina na escola sociológica do funcionalismo e postula que o envelhecimento resulta em uma retirada mútua e inevitável do idoso e da sociedade, com a consequente retirada seletiva da pessoa idosa de algumas interações sociais. Essa teoria enfatiza a preparação para a morte e a adaptação do idoso a uma velhice feliz, com a diminuição gradual de seus papéis sociais. Uma versão revisada dessa teoria, chamada de gero transcendência, acrescenta processos psicológicos à retirada social, tornando-a progressiva e voluntária na preparação para a morte. Por outro lado, a teoria da atividade propõe uma perspectiva de antienvelhecimento, incentivando os idosos a permanecerem ativos e a encontrar substitutos para os papéis sociais perdidos. A teoria da continuidade, relacionada a essa perspectiva, foca na manutenção de estruturas internas e externas ao longo da vida, classificando o grau de continuidade em baixa, ótima ou excessiva. No entanto, a teoria da continuidade tem limitações, como, por exemplo, o foco em indivíduos e a falta de consideração de fatores estruturais. Apesar disso, essa teoria tem sido útil para profissionais que lidam com o envelhecimento, destacando a importância de superar desvantagens ao longo da vida para garantir a continuidade na velhice. No que se refere às capacidades mentais do pensamento, e no envelhecimento, o declínio cognitivo é considerado um aspecto normal. Entre os 65 e 75 anos, as mudanças cognitivas variam, com algumas habilidades, como o vocabulário, permanecendo intactas, enquanto outras, como a velocidade e habilidades não exercitadas, declinam. O processo de envelhecimento é influenciado pela individualidade biológica e pelas escolhas de vida feitas ao longo do tempo. Para explicar esta questão, surgem 2 teorias: a teoria biológica, que considera a degeneração dos sistemas orgânicos e celulares, e a teoria de programação genética, que sugere que o tempo de vida é geneticamente programado para equilibrar a reprodução e o impacto no ambiente. Além disto, outros fatores precisam ser analisados quando se trata do tema do envelhecimento e sua relação com os aspectos psicológicos, entre eles, temos a memória. A perda de memória é um dos principais déficits cognitivos no envelhecimento, afetando mais de 62% dos idosos, principalmente a memória recente. A percepção do envelhecimento varia entre indivíduos, dependendo das expectativas e conhecimento prévio, e pode ser influenciada pelo estigma associado a doenças, perdas e incapacidades. No entanto, histórias de vida positivas de idosos mostram que o envelhecimento pode ser uma fase de felicidade, autonomia e convívio familiar. Com isso, percebe-se que o envelhecimento está se tornando mais saudável, e muitos idosos permanecem funcionais. A perda de memória não é inevitável, e a idade cronológica de 60 anos não é o ponto de início do envelhecimento, pois esse processo é contínuo desde o nascimento. No entanto, a memória recente pode ser afetada devido a fatores como modernidade e distrações. A saúde mental, especialmente a perdade memória, pode ser uma preocupação na velhice. No entanto, é importante distinguir entre problemas de memória normais associados ao envelhecimento e doenças degenerativas como o Alzheimer, que podem afetar a qualidade de vida e as funções cognitivas. Relações interpessoais, hábitos familiares e personalidade desempenham um papel fundamental na saúde emocional e física dos idosos. Sendo assim, quatro teorias explicam a diminuição da memória em idosos: o declínio na velocidade de processamento, a redução de recursos de atenção, déficits inibitórios relacionados à idade e a diminuição do controle cognitivo. Em resumo, os processos mentais da memória podem ser afetados pelo envelhecimento, seja na codificação da informação, seja na recuperação estratégica da informação, devido à diminuição de recursos cognitivos e inibição de informações irrelevantes. Medidas podem ser tomadas para auxiliar idosos nesses processos mentais relacionados ao envelhecimento. Além disso, a personalidade dos idosos influencia significativamente seu bem-estar na velhice. A teoria dos cinco fatores, também conhecida como BIG Five, destaca cinco características da personalidade: neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e abertura. Essas características desempenham um papel fundamental na forma como as pessoas envelhecem e respondem a desafios relacionados à velhice. Diante disto, o envelhecimento pode ser visto de maneira ambígua, com uma aura de maturidade e sabedoria, mas também uma fase complexa. Muitos idosos enfrentam angústia, incerteza e perda de identidade. Para um envelhecimento saudável, é essencial cuidar da saúde física e mental, manter a autonomia, independência econômica e receber apoio da família. Nossa personalidade é moldada pela interação entre predisposições genéticas, comportamentos, ambiente e relacionamentos. A afetividade está ligada aos laços que estabelecemos e influencia a qualidade dessas relações, que podem ser atuais, residuais ou virtuais. A busca por afeto e a manutenção da afetividade podem levar à submissão. Importante destacar que a família desempenha um papel vital na afetividade dos idosos, e as adaptações são necessárias para atender às demandas do envelhecimento populacional. O apoio familiar e o envolvimento da sociedade são essenciais para promover um envelhecimento saudável. A "autoafetividade" envolve o autocuidado e o amor-próprio, o que é essencial, pois a sociedade muitas vezes coloca pressão sobre os idosos para parecerem jovens, o que pode prejudicar sua autoestima. Aceitar-se e amar-se é fundamental. A sexualidade na velhice é frequentemente mal compreendida e estigmatizada. No entanto, a sexualidade não termina com a idade. Ela envolve carinho, desejo, fantasias e companheirismo. É importante superar estereótipos negativos e permitir que os idosos expressem sua sexualidade de maneira saudável. A sexualidade pode ser uma parte significativa do preenchimento da solidão na velhice. É essencial reconhecer que a sexualidade é um aspecto natural da vida que não deve ser ignorado e que os idosos também têm o direito de serem felizes em todas as fases da vida. Assim, o processo de envelhecimento pode ser influenciado pelo bem-estar emocional e a autoestima. Fatores intrínsecos e extrínsecos desempenham um papel importante. É essencial cuidar da autoestima, reconhecendo o próprio valor e mantendo uma imagem positiva de si mesmo. É Hora de Praticar! Ana é uma senhora de 75 anos que tem desfrutado de uma vida ativa e saudável. No entanto, nos últimos anos, ela tem notado que sua memória recente não está tão afiada como costumava ser. Ela está preocupada com esses lapsos de memória e, às vezes, sente que esquece coisas simples, como onde colocou suas chaves ou o que tinha planejado para o dia. Ana é uma pessoa otimista e sempre manteve um círculo social ativo, participando de atividades em sua comunidade e passando tempo com a família. No entanto, ultimamente, ela começou a se sentir um pouco mais isolada, preocupada que seus amigos percebam sua memória falhando e com medo de se tornar um fardo para sua família. Você foi procurado por Ana para ajudá-la a entender o que está acontecendo com sua memória e como ela pode lidar com essas mudanças. Com base no conhecimento adquirido sobre o envelhecimento e as mudanças cognitivas, como você abordaria essa situação? Reflita 1. Quais são as duas principais teorias psicológicas do envelhecimento e como elas diferem em relação à interação dos idosos com a sociedade? RESPOSTA: As duas principais teorias psicológicas do envelhecimento são a "Teoria do Desengajamento Social" e a "Teoria da Atividade". A primeira teoria postula uma retirada mútua e inevitável do idoso e da sociedade, enfatizando a preparação para a morte e a adaptação do idoso a uma velhice feliz. A segunda teoria incentiva os idosos a permanecerem ativos e a encontrar substitutos para os papéis sociais perdidos, promovendo uma perspectiva de antienvelhecimento. 2. Quais são as 5 características da personalidade destacadas pela teoria dos cinco fatores, também conhecida como BIG Five? Assinale a alternativa correta. a) Coragem, sabedoria, compaixão, resiliência e gratidão. b) Neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e abertura. c) Inteligência, simpatia, determinação, humildade e criatividade. d) Carisma, empatia, tenacidade, otimismo e autocontrole. e) Coragem, inteligência, compaixão, otimismo e gratidão. RESPOSTA: B) Neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e abertura. Resolução do estudo de caso Avaliação Inicial: O primeiro passo seria realizar uma avaliação cuidadosa do estado de memória de Ana. Isso pode incluir testes cognitivos padronizados, como o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), bem como uma análise mais aprofundada de sua memória recente e outros aspectos cognitivos. Educação: É importante educar Ana sobre as mudanças cognitivas normais associadas ao envelhecimento. Ela deve entender que algumas flutuações na memória, especialmente a memória recente, são esperadas à medida que envelhecemos. Estabelecimento de Expectativas Realistas: Ana deve ser informada de que ter pequenos lapsos de memória não a torna uma pessoa incompetente ou inútil. Estabelecer expectativas realistas sobre o que é normal no envelhecimento pode aliviar sua ansiedade. Estratégias de Compensação: Você pode ajudar Ana a desenvolver estratégias de compensação para lidar com sua memória em declínio. Isso pode incluir o uso de lembretes, como agendas, aplicativos de celular e técnicas de organização para ajudá-la a manter-se no topo de suas tarefas e compromissos. Estimulação Cognitiva: Incentive Ana a se envolver em atividades que estimulem sua mente, como leitura, quebra- cabeças, jogos e aprender novas habilidades. A estimulação cognitiva pode ajudar a manter sua mente ativa e retardar o declínio cognitivo. Apoio Social: Ana deve ser incentivada a continuar a manter seu círculo social ativo. O apoio emocional dos amigos e familiares desempenha um papel fundamental na saúde mental dos idosos. Acompanhamento: Agende consultas de acompanhamento regulares para monitorar o progresso de Ana e fazer ajustes nas estratégias conforme necessário. Isso garantirá que ela se sinta apoiada e cuidada ao longo do processo de envelhecimento. Lembre-se que cada indivíduo é único e as abordagens devem ser personalizadas de acordo com suas necessidades e circunstâncias específicas. O objetivo aqui é ajudar Ana a manter sua qualidade de vida e bem-estar emocional à medida que enfrenta as mudanças cognitivas relacionadas ao envelhecimento. Dê o play! Assimile Teorias psicológicas do envelhecimento - Fonte: elaborado pela autora Referências FARINATTI, P. de T. V. Envelhecimento, promoção da saúde e exercício: bases teóricas e metodológicas. Barueri: Editora Manole, 2008. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852044374 3/. Acesso em: 23 out. 2023. MALLOY-DINIZ, L. F.; FUENTES,D.; CONSENZA, R. M. Neuropsicologia do envelhecimento. Porto Alegre: Grupo A, 2013. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978858271015 9/. Acesso em: 23 out. 2023. MATEUS, M. N.; ALVES, T. Percepção dos idosos autônomos face ao seu próprio envelhecimento. Eduser-Revista de educação, [S. l.], v. 10, n. 1, 2018. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/17805/1/Perce%c 3%a7%c3%a3o%20dos%20idosos%20aut%c3%b3nomos%20face %20ao%20seu%20pr%c3%b3prio%20envelhecimento.pdf Acesso em: 23 out. 2023 NERI, A. L. Desenvolvimento e envelhecimento: perspectivas biológicas, psicológicas e sociológicas. 5. ed. Campinas: Papirus, 2001. 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Como já vimos, o envelhecer é um processo natural e esperado para todo ser vivo. Nesse processo temos alterações que ocorrem tanto no aspecto orgânico como no social. Por esse motivo, a saúde do idoso deve ser abordada também nos contextos político, social e econômico em que se insere. A partir dessa ótica, podemos identificar os determinantes de saúde associados aos principais problemas que podem ser evitados ou minimizados, contribuindo para uma melhor qualidade de vida desse grupo populacional. Para embasar nossa aula de hoje, vamos partir da seguinte situação-problema: A Estratégia Saúde da Família (ESF) é um modelo de assistência da Atenção Primária, que se baseia no trabalho de equipes multiprofissionais em territórios específicos e desempenha ações de saúde fundamentadas no conhecimento da realidade local e das reais necessidades da comunidade que a compõe. Imagine-se na seguinte situação: você está prestando atendimentos com a Equipe da ESF, visitando os idosos em domicílio para atualização do esquema vacinal e verificação da situação de saúde. Em um dos atendimentos você identifica uma idosa de 85 anos que se apresenta consciente, porém em estado de desorientação devido ao decurso da doença de Alzheimer. A paciente demonstra certo temor ao toque e manipulação por terceiros e apresenta hematomas e lesões por todo o corpo. Na residência convivem apenas a idosa e seu cuidador (seu único neto), que ao ser confrontado a respeito do estado de sua avó alegou que ela havia se levantado durante a madrugada e caído, sendo esse o motivo dos ferimentos. Com base no relato apresentado e nos conhecimentos que você tem acerca deste assunto, qual poderia ser o real motivo das lesões e da reação dessa idosa? Descreva quais ações poderiam ser necessárias para garantir um atendimento integral à saúde dessa senhora. Levando em consideração este contexto, nesta aula trabalharemos juntos alguns aspectos importantes como morte social, esvaziamento dos papéis sociais e perda do poder de decisão, além da violência contra o idoso. Temas não muito comentados, mas que estão cada vez mais presentes na realidade do idoso atualmente. Então, vamos lá? Vamos Começar! Envelhecimento e morte social Se pudesse escolher, quantos anos você desejaria viver? O que você faria com esse período de vida conquistado? Como você se programaria ou se prepararia para a velhice? Que tipo de suporte social e institucional você teria quando chegasse à fase idosa? A longevidade sempre foi almejada pelo ser humano. Os avanços tecnológicos e científicos têm permitido a cada ano o aumento da expectativa de vida e isso contribui para que vivamos mais, apesar das desigualdades presentes na nossa sociedade. Não obstante, uma grande parte da população não se prepara para a velhice: queremos viver mais, mas não queremos ficar velhos! O envelhecimento é uma temática que vem sendo discutida em diferentes áreas, sejam elas governamentais, jurídicas, humanas, sociais etc. Muitos consideram a velhice um período de danos, perdas e limitações. O estigma e o preconceito atribuídos ao indivíduo que envelhece são catastróficos, pois impedem que o idoso se reencontre nos papéis sociais o que, de fato, pode desencadear um profundo desequilíbrio psíquico e social, tão presente nessa fase da vida. O envelhecer é um processo que se dá, de maneira geral, de forma lenta e gradativa, e que pode levar a incontáveis danos sociais, como a perda de contatos sociais importantes, por exemplo, os relacionamentos afetivos, dificuldades no mercado de trabalho, proximidade do fim da vida, duras batalhas contra doenças crônicas, ameaça à própria sexualidade, entre outras. À medida que a vida idosa avança, é possível perceber que as atividades cotidianas vão sendo prejudicadas, refletindo nos aspectos de sobrevivência e de autocuidado do indivíduo. Ao passo que isso acontece, observamos uma maior dificuldade nas atividades de vida diária, o que acaba por estabelecer um maior afastamento do convívio social, levando ao isolamento do idoso. A velhice se inicia em algum ponto no caminho da vida e por diversas razões pode levar ao que chamamos de morte social, em que são observadas situações como o completo isolamento social, inexistência de relações interpessoais e incapacidade de manter relações significativas com outras pessoas. Um exemplo clássico de morte social pode ser observado em pacientes em estágios mais avançados da doença de Alzheimer, caracterizada por demência com significativas perdas de cognição (memória, atenção e linguagem) que impedem o doente de manter qualquer tipo de contato social. O ser humano pode desfruir de um envelhecimento mais digno, quando é capaz de encarar as transformações orgânicas e sociais, adaptando-se de forma saudável às suas novas necessidades para o bem-estar. Nessa perspectiva, é imprescindível que os familiares e contatos sociais atuem dando suporte e apoio para que o idoso consiga se adaptar de forma mais leve às modificações experimentadas na velhice. A integração da população idosa no ambiente social é de grande relevância para promover estímulos benéficos a fim de que os idosos se sintam motivados a viver, produzir e superar as transformações físicas, psíquicas e sociais que são atreladas ao processonatural de envelhecimento. Esvaziamento dos papéis sociais e perda do poder de decisão Nascemos filhos, alguns de nós se torna pais em algum dia e, quando nossos filhos têm seus próprios filhos, nos tornamos avós. Em cada fase do ciclo da vida temos papéis sociais diferentes. Mas, à medida que envelhecemos, quem nos tornamos? Qual é o nosso papel frente à sociedade? Grande parte das mulheres idosas de hoje foram influenciadas por um período histórico que destacou seu papel enquanto esposa e mãe, encorajando-as a concentrar seus interesses na criação da família. Diferente de muitas mulheres jovens da atualidade que são trabalhadoras e mães, essas idosas centralizavam a vida na família, tendo criado poucos papéis dos quais poderiam ter obtido satisfação e, por isso, sentem um vazio quando os filhos crescem e vão embora. O atual homem idoso compartilha de sentimentos similares. É muito provável que ao longo dos anos ele tenha trabalhado bastante para sustentar a esposa e os filhos, mas hoje, com sua prole crescida, não precisa mais prover, o que pode lhe trazer um esvaziamento de significado da vida. Esse esvaziamento dos papéis não é necessariamente negativo. Quando os idosos se adaptam ao novo papel de pais de filhos independentes, podem encontrar regozijo na liberdade das responsabilidades anteriores e novos desdobramentos nas relações familiares. Além das mudanças no papel de pai/mãe decorrentes da idade, muitos idosos iniciam um novo papel enquanto avós. Os netos podem trazer muita alegria e significado às suas vidas, não havendo tanta responsabilidade como a de criar os filhos, sobrando-lhes mais tempo para dar amor, orientação e alegrias aos novos membros da família. Muito recentemente temos observado no lugar daquela avó que ficava em casa cuidando dos afazeres domésticos e dos netos a substituição pela avó que tem uma carreira ativa e uma vida social agitada, e que não deseja ficar ocupada com os compromissos familiares. Outra situação bastante comum é a morte do esposo ou esposa, que altera a vida familiar e o papel social de cônjuge de vários idosos. A viuvez afeta as mulheres com mais frequência, uma vez que elas tendem a ter maior expectativa de vida. Inicialmente temos um cenário difícil, haja vista a maior parte das idosas ser dependente financeiramente de seu cônjuge. Passando o luto inicial elas tendem a ter uma boa adaptação à viuvez, quando antigas e novas amizades são evidenciadas e novos papéis sociais começam a surgir. O papel ocupacional também é fonte de adaptações importantes. A aposentadoria e a perda do papel profissional acaba sendo outro desafio a ser superado pelo idoso. Essa transição costuma ser a primeira experiência individual do impacto do envelhecimento. Ademais, a aposentadoria exige o ajuste a um orçamento menor, com as consequentes alterações no estilo de vida. Ao passo que o indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é intensamente determinada por sua desenvoltura de manter autonomia e independência. As atividades corriqueiras vão se tornando cada vez mais difíceis de serem cumpridas, até que o indivíduo se vê dependente de terceiros, perdendo gradativamente seu poder de decisão. Para a convivência social participativa e inclusiva é imprescindível que o indivíduo possua papéis sociais e ocupacionais. Independentemente dos declínios que os idosos sofrem no decorrer da vida, também é importante preservar ao máximo a sua autonomia e seus desejos, sendo admitidas restrições apenas quando suas vontades custem a sua dignidade ou integridade. Siga em Frente... Violência contra o idoso A violência contra a pessoa idosa é um problema social, cultural e de saúde. Ela coloca em evidência a desvalorização do idoso, visto de forma estigmatizada pela sociedade como um ser inútil, problemático e descartável, internalizando no idoso seu próprio apagamento social. O abandono social e familiar dos idosos, em especial dos mais pobres e doentes, é uma prática histórica, muito visível em asilos que por séculos os acolheram por caridade. Maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975 na Inglaterra, sendo esse assunto levantado no Brasil apenas a partir da década de 1990, em decorrência do aumento exponencial da população idosa e da pressão empregada por convenções e movimentos nacionais e internacionais. O Estatuto do Idoso (2003, p. 16) estabelece como violência contra esse grupo etário “qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico”. O Estatuto do Idoso também enfatiza que todos os casos suspeitos ou confirmados de violência contra este grupo etário são de notificação compulsória, sendo um “dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (BRASIL, 2013, p. 11). A natureza da violência contra a pessoa idosa está relacionada aos maus tratos físicos, violência sexual, abandono e negligência, violência autoinfligida, violência patrimonial e financeira. Os tipos mais comuns no Brasil são a violência estrutural (que naturaliza a pobreza e os processos de dominação), a violência institucional (aquelas ocorridas principalmente em instituições de prestação de serviços, da área da saúde, de assistência e de previdência) e violência intrafamiliar (as praticadas no seio familiar, principalmente por seus cuidadores). O levantamento de dados estatísticos brasileiro revela que em 2011 morreram 24.699 idosos em decorrência de acidentes e violências, e no ano de 2012 um total de 169.673 deram entrada em unidades hospitalares em decorrência de quedas, traumas de trânsito, envenenamento, agressões, sufocações e tentativas de suicídio. De 1999 a 2011 as principais causas de mortalidade de idosos identificadas foram devido a quedas e acidentes de transporte, seguidas de homicídios. É um dado alarmante que coloca em evidência a necessidade de proteção desse grupo populacional tão vulnerável. As diversas formas de violência quando não levam à morte provocam traumas irreparáveis na vida do idoso. Considerado um problema de saúde pública, carece de atenção especial da sociedade e dos serviços públicos. Combater a violência contra o idoso significa desenvolver ações e estratégias que possam beneficiá-lo enquanto cidadão e ser humano, dotado de necessidades e direitos. Algumas propostas de prevenção e combate da violência contra a população idosa têm reconhecimento mundial e incluem: investimento em uma sociedade para todas as idades; priorização dos direitos da pessoa idosa (segundo as Convenções Internacionais); corresponsabilização do Estado e dos governos locais; inclusão do idoso de forma ativa na tomada de decisões e na elaboração de ações e políticas públicas; apoio a famílias que abrigam idosos em suas residências; criação de espaços sociais seguros e amigáveis dentro e fora de casa; formação adequada de profissionais de saúde, cuidadores e promoção de assistência; prevenção de dependências, entre outras. FIGURA 1: Natureza da violência contra o idoso - Fonte: Elaborado pelo autor Vamos Exercitar? Você aprendeu ao longo desta aula que o processo de envelhecimento traz consigo transformações físicas, psíquicas e sociais na vida do idoso. Junto a isto, é bastante provável que se somem a este processo o aparecimento de doenças crônicas e degenerativas, como a doença de Alzheimer. Nesta doença, o indivíduo vai perdendo gradativamente as funções relativas à cognição, por exemplo, memória, atenção e linguagem, e se torna cada vez mais difícil o estabelecimento de um concreto e eficaz processo de comunicação. A reação da idosa pode ser de fato atribuída à doença que lhe atinge e as marcas cutâneas apresentadas podem também estar associadas à justificativa que o neto apresentou. No entanto, você também aprendeu ao longo desta aula que é muito comum a perda dos papéis sociais e autonomia. Além disso, é alarmante a incidência das mais diversas formas de violênciacontra a pessoa idosa. Logo, é possível suspeitar facilmente que se trata de uma situação de violência. A ação empregada contra a idosa é caracterizada pelo Estatuto do Idoso como violência, e a omissão dessa ação também é caracterizada como tal. Entende-se por omissão o ato ou efeito de não mencionar, de deixar de fazer algo, o ato de excluir informações. Diante disso, para interromper os ciclos de violência contra esse grupo etário é imperativa a necessidade de Notificação Compulsória às autoridades competentes para garantia dos direitos, da saúde do bem-estar dessa idosa, sendo essa ação determinada pelo Estatuto do Idoso que impõe, em seu art. 19, o seguinte: “Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objetos de notificação compulsória” (BRASIL, 2013, p. 15). Saiba Mais Para se aprofundar um pouco mais nos direitos do idoso acesse as seguintes referências em sua Biblioteca Virtual: BOAS, M. A. V. Estatuto do Idoso Comentado. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. Aprofunde seus conhecimentos a respeito do processo de exclusão social do idoso acessando: FORNASIER, M. de O.; LEITE, F. P. A. A exclusão social do idoso no ambiente urbano. Revista de Direito da Cidade, v. 10, n. 3, p. 2073-2105, 2018. Leia também: MARTINS, M. S.; MASSAROLLO, M. C. K. B. Conhecimento de idosos sobre seus direitos. Acta paulista de Enfermagem, v. 23, p. 479-485, 2010. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso. Ministério da Saúde. 3. ed. 2. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao. pdf. Acesso em: 31 out. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Memórias da saúde da família no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/memorias_saude_famili a_brasil.pdf. Acesso em 31 out. 2023. FREITAS, E. V. de; PY, L. (ed.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso_3edicao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/memorias_saude_familia_brasil.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/memorias_saude_familia_brasil.pdf BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. DUARTE, P. de O.; AMARAL, J. R. G. (org.). Geriatria: Prática Clínica. Barueri: Manole, 2020. MENDES, T. de A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. NUNES, M. I.; SANTOS, M. dos; FERRETI, R. E. de L. (org.). Enfermagem em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. WILLIAMS, B. A. et al. CURRENT - Geriatria: Diagnóstico e Tratamento. 2. Ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. Aula 2 DETERMINANTES SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO Determinantes Sociais do Envelhecimento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! A concepção do modelo saúde/doença foi sendo alterada ao longo dos tempos. À princípio, acreditava-se que a saúde estaria associada à ausência de doenças, referindo-se à mesma apenas em relação ao aspecto físico. Entretanto, hoje já se reconhece que outros fatores influenciam na determinação do que vem a ser a saúde, portanto, a saúde não deve mais ser vista apenas como ausência de doenças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, ela resulta de diversos fatores, como condições de alimentação, moradia, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso aos serviços de saúde. Neste sentido, a saúde da pessoa idosa também precisa ser reconsiderada, devendo ser analisada por diferentes perspectivas, a partir de um contexto político, social e econômico. Com base nessa pequena análise, vamos ter como pano de fundo a seguinte situação: O INSS surgiu no ano de 1990 a partir da fusão de dois órgãos anteriores: o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) e o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O INSS é o regime público de previdência social no Brasil. É esse órgão que gerencia os direitos dos segurados do Regime Geral de Previdência Social. Seu principal objetivo é garantir a renda do contribuinte e de sua família em casos específicos, como doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Para contextualizar o assunto estudado, imagine a seguinte situação hipotética: você assistiu a uma palestra promovida pela sua instituição de nível superior a respeito da educação financeira para o envelhecimento saudável. Ao término da palestra, você ficou muito motivado em começar a se preparar para o futuro e decidiu propagar as informações adquiridas para a sua vizinhança. Ao conversar com o Sr. João, você identificou que ele não possui reserva financeira alguma, sendo que sempre trabalhou na área de vendas em instituições privadas, totalizando 30 anos até a presente data, sendo descontada em folha de pagamento a porcentagem de contribuição ao INSS. Com base no que você aprendeu, quais são as principais mudanças econômicas que ocorrem na fase idosa? Baseando-se na situação de trabalho do Sr. João, a qual tipo de aposentadoria ele terá direito? Que tipo de medida ele pode adotar para melhorar sua situação financeira no futuro? Sendo assim, ao longo desta aula você estudará os fatores determinantes sociais nos seguintes contextos: medidas preventivas, ambiente social, potencialidades individuais e envelhecimento financeiro. Bons estudos! Vamos Começar! Medidas preventivas e ambiente social Os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) podem ser entendidos como condições de vida e de trabalho dos indivíduos e de grupos da população que estão relacionadas à sua situação de saúde. Eles envolvem fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que induzem à eventualidade de problemas de saúde e seus fatores de risco. Entende-se, portanto, que grupos que vivem e trabalham em circunstâncias precárias, perigosas ou distantes de informações relativas aos cuidados necessários à preservação da saúde estão mais expostos ao adoecimento. Um importante desafio na identificação de relações entre determinantes sociais e de saúde está em estabelecer uma hierarquia entre os fatores gerais (social, econômico, político) e as mediações por meio das quais esses fatores incidem sobre a condição de saúde de grupos e pessoas, uma vez que a relação de determinação não é estabelecida de forma direta. Contudo, uma vez identificadas as relações de determinação dos fatores sociais sobre a saúde, permitem eleger um modo de intervir nos fatores determinantes e diminuir as iniquidades de saúde. De acordo com o modelo de Dahlgren e Whitehead, os DSS estão dispostos em diferentes camadas, da camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada mais distante, onde se situam os macrodeterminantes. As pessoas estão na base do modelo, sendo assim, suas características individuais de idade, sexo e fatores genéticos exercem influência sobre o potencial e as condições de saúde. Na camada seguinte vêm o comportamento e o estilo de vida de cada um. Tal camada está situada no limiar entre os fatores individuais e os DSS, uma vez que os comportamentos individuais e dependentes de opções feitas livremente podem também ser considerados parte dos DSS, pois essas opções estão fortemente atreladas a determinantes sociais como: conhecimento ou informações, propaganda, pressão dos pares, possibilidades de acesso a alimentos saudáveis e espaços de lazer, estilo de vida social, entre outros. Na camada seguinte sobressai a influência das redes sociais de apoio, o que expressa o nível de coesão social que o indivíduo construiu. As redes sociais de apoio têm fundamentalimportância para a saúde da sociedade, pois favorecem o acesso à saúde e a cuidados em período de adoecimento. No próximo nível, encontram- se os fatores relacionados a condições de vida e de trabalho, disponibilidade de alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, como saúde e educação, o que é o caso das pessoas que vivem em condições habitacionais mais humildes, expostas a condições mais perigosas ou estressantes de trabalho e com menor acesso aos serviços básicos. No último nível, encontram-se os macrodeterminantes relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da população, que possuem grande influência sobre as demais camadas. Os autores destacam o aumento da influência da globalização da economia sobre os determinantes sociais (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). Figura 1: Modelo de Dahlgren e Whitehead: determinantes sociais da saúde - Fonte: Munhoz, 2021, [s.p.]. Nesse contexto os determinantes sociais devem ser enfatizados, pois eles promovem impactos diretos na saúde da população. Além disso, eles estruturam outros determinantes da saúde, sendo designados como “a causa das causas”; além disso, determinam o perfil epidemiológico da população. Medidas Preventivas Os problemas de saúde apresentam múltiplas causas, como origem genética, exposição ambiental ou estilo de vida. A profilaxia de doenças e agravos à saúde deve envolver três níveis de prevenção: primária, secundária e terciária. A prevenção primária visa afastar causas e fatores de risco antes mesmo da instalação da doença ou agravo à saúde. Ela inclui ações de promoção da saúde e proteção específica. São exemplos a imunização (vacinas) e a prática de atividades físicas. Na prevenção secundária o objetivo é a detecção de problemas relacionados à saúde ainda em seus estágios iniciais, permitindo um diagnóstico precoce e a instituição de tratamento específico que prevenirá consequências e complicações a longo prazo. São exemplos o rastreamento de doenças como câncer de mama e seus fatores de risco. A prevenção terciária envolve ações que objetivam a redução de prejuízos funcionais decorrentes de um problema agudo ou crônico, inserindo medidas de reabilitação. São exemplos a prevenção de complicações da hipertensão arterial ou a reabilitação após um AVE. Alguns autores defendem, ainda, a prevenção quaternária, que envolve um conjunto de ações que objetivam minimizar o risco de iatrogenia associada às intervenções em saúde (diagnósticas ou terapêuticas) excessivas, preservando o paciente de intervenções inapropriadas e sugerindo alternativas aceitáveis dentro dos preceitos éticos. Ambiente social O meio ambiente é o meio em que o indivíduo vive e o que está em volta, integra as dimensões física, social, cultural, econômica e política. O meio ambiente e a saúde estão intimamente relacionados e são indissociáveis, e essa relação pode ser benéfica ou prejudicial à saúde, dependendo de como esse processo se estabelece. O perfil de adoecimento da população brasileira é formado por três contextos principais, que são condicionados por diferentes circunstâncias socioambientais. o primeiro contexto temos a predominância de doenças crônicas, com tendência crescente que acompanha o envelhecimento da população, causadas por condições IMPORTANTE A fase idosa tem como característica a multiplicidade de doenças crônicas, que, uma vez instaladas, não regridem mais. Nesse contexto, é fundamental que os profissionais de saúde não mantenham o foco em alcançar a cura, mas sim em manter a condição de saúde estável por meio de monitoramento, acompanhamento e manutenção da qualidade de vida, apesar da doença. Os níveis de prevenção visam postergar ao máximo o início da doença, monitorar os fatores de risco já identificados e proporcionar condições estáveis e controladas relacionadas aos meios social, ambiental e cultural. genéticas, de vida, labor e exposição aos fatores socioambientais. No segundo contexto, a incidência de doenças infeciosas e parasitárias, que são determinadas de forma exclusiva pelos fatores socioambientais. No terceiro contexto, estão envolvidas as circunstâncias de acidentes e violências. Dessa forma, temos os fatores socioambientais envolvidos nos três contextos, desenhando o perfil de adoecimento da população. Siga em Frente... Interferências do meio ambiente e potencialidades individuais Interferências do meio ambiente Desajustes ambientais são automaticamente problemas de saúde, pois afetam diretamente tanto o indivíduo como a coletividade. Desde tempos imemoriais os problemas ambientais trazem prejuízos à saúde das populações, e medidas sanitárias vêm sendo aplicadas nesse cenário visando impedir a disseminação de doenças. Para além dos problemas de saneamento básico e controle de vetores de doenças, existem perigos ambientais que foram surgindo junto com o desenvolvimento, industrialização e urbanização das cidades, trazendo como consequências grandes impactos como alteração da qualidade da água, do solo e de alimentos, evidenciando uma séria ameaça à saúde pública. As interferências do meio ambiente podem ser consideradas fatores determinantes sociais do envelhecimento. Nesse cenário, o meio ambiente pode ser classificado como microambiente, mesoambiente e macroambiente. O microambiente é aquele com maior proximidade à vida das pessoas. Corresponde ao espaço privado e doméstico, arranjos de moradia e satisfação residencial. O mesoambiente está relacionado ao contexto institucional, espaços partilhados como trabalho, igreja, espaços de convivência e escola, entre outros. Já os macroambientes estão relacionados ao contexto urbano e rural. São os ambientes coletivos nos quais os indivíduos estão inseridos: vizinhança, cidades, segurança, acessibilidade, políticas públicas etc. Os desajustes relacionados ao meio ambiente geram impactos diretos ou indiretos na saúde do ser humano, principalmente em extremos de idade, quando o organismo apresenta menos habilidade em lidar contra agentes agressores ao organismo, e esse fator acaba contribuindo para a elevação da morbimortalidade. Potencialidades individuais Cada indivíduo tem em si uma potência, ou seja, algo que já existe em nós, mas que ainda não foi completamente desenvolvido, uma capacidade de ser aquilo que ainda não conseguimos atingir ou ser. Muitos defendem que o potencial humano é infinito, e o indivíduo é capaz de chegar até o ponto em que seu potencial for desenvolvido. Podemos desenvolver o potencial humano através da criatividade, conhecimento de si mesmo e do mundo e ampliação de habilidades. As potencialidades individuais também podem ser desenvolvidas com base em características como autonomia, autoestima, confiança, concentração, atenção e memória. Manter a autoestima da pessoa idosa é importante, pois ela é capaz de garantir a preservação de sua singularidade e o exercício da capacidade de escolha para si. Dessa forma, permite a compreensão do significado da sua própria existência. O exercício de autonomia viabiliza um envelhecimento mais saudável, ao passo que permite reconhecer o idoso como uma pessoa ativa. Para que isso aconteça, alguns aspectos devem ser preservados, como: A continuidade de aperfeiçoamento pessoal. A autorrealização (determinação de um sentido para própria existência). A capacidade de reconhecer suas próprias limitações decorrentes da velhice. O desenvolvimento de novos papéis sociais. A busca ativa de novas experiências. Envelhecimento financeiro À medida que envelhecemos, passamos por inúmeras perdas. Uma das perdas de extrema relevância é a perda profissional ou laboral, que por muitas vezes é enfrentada com certa dificuldade. O fator econômico acaba sendo um desafio importante para a saúde e para as políticas públicas, pois é direito do idoso a garantia de um IMPORTANTE No processo de envelhecimento, é natural que o indivíduo passe por inúmeras perdas e precisa aprender a conviver com elas. Diante das dificuldades de gerenciar as atividades da vida diária, o idoso necessitater potencializadas as suas capacidades e respeitadas as suas limitações, além de desenvolver novas habilidades, competências e atitudes com relação ao seu novo contexto de vida. patamar social e econômico mínimo para manutenção da dignidade humana. A questão do envelhecimento no Brasil soma-se à inúmeros problemas sociais não resolvidos, como a pobreza, a exclusão social e submissão às desigualdades. Os principais benefícios pecuniários dos idosos fazem parte das políticas de seguridade social. Podemos citar a existência de dois regimes de previdência social e um de assistência social a que os idosos têm direito: Benefícios de caráter contributivos: referentes ao trabalho realizado ao longo dos anos na iniciativa privada e no serviço público. Benefício de previdência rural: destinado ao trabalhador do meio rural, exclusivamente de caráter contributivo. Benefício de assistência social: destinado a idosos mais necessitados, carentes, em situação de pobreza e miséria. Grande parte da população brasileira não se prepara para o envelhecimento, e essa atitude a longo prazo é ruim e reflete diretamente na qualidade de vida da pessoa idosa. Quando envelhecemos, nossa renda acaba reduzindo e os gastos na área da saúde (alimentação especial, remédios, planos de saúde etc.) só aumentando, e logo chega a hora que essa conta não fecha. Vivendo apenas da aposentadoria e, na maioria dos casos sem poder trabalhar, o poder de consumo do idoso acaba ficado cada ASSIMILE O acesso aos recursos financeiros é considerado um dos determinantes da saúde do idoso, pois permite padrões mínimos de qualidade de vida e adoção de uma posição mais independente. vez menor, tornando essa fase da vida mais dolorosa e difícil. Por esse motivo, a educação financeira se torna uma grande aliada para que o indivíduo possa desfrutar da velhice da melhor forma possível. Alguns estudos apontam que a redução do poder de consumo na faixa etária idosa associada à vulnerabilidade e a facilidade de obtenção de créditos têm colocado o idoso em situações de endividamento financeiro, principalmente decorrente de empréstimos bancários. Envelhecer com qualidade do ponto de vista financeiro é sinônimo de independência financeira, de manutenção do padrão de vida e alcance dos objetivos que foram definidos ao longo da vida. Para garantir o envelhecimento saudável é preciso planejamento, que por muitas vezes acaba sendo negligenciado nas fases anteriores do ciclo vital. Vamos Exercitar? Junto com o envelhecimento, deixamos de ser parte da engrenagem produtora da economia do país e passamos a não mais fazer parte da classe trabalhadora. Junto com esse processo vem a aposentadoria, que na maioria dos casos não é capaz de manter o padrão de vida ao qual já estamos acostumados. IMPORTANTE A falta de planejamento financeiro reflete na situação econômica dos idosos. No Brasil, cerca de 2% da população idosa consegue se manter apenas com a aposentadoria que recebem. Dos demais, 46% são dependentes economicamente de familiares, 27% são dependentes de caridade e 25% continuam trabalhando para se manter financeiramente. Sabemos que a fase idosa é marcada pela multiplicidade de doenças, o que acaba elevando os custos financeiros destinados à saúde. Se associarmos os dois cenários, o primeiro com a redução da renda e o segundo com o aumento dos gastos em saúde, temos como resultado uma conta que por muitas vezes não fecha, colocando o idoso em um ciclo perpétuo de endividamento que acaba por prejudicar sua qualidade de vida. Na situação hipotética apresentada, o Sr. João contribuiu para a previdência durante anos e terá direito ao benefício pecuniário, de caráter contributivo: referente ao trabalho, realizado ao longo dos anos na iniciativa privada. É muito provável que a aposentadoria do Sr. João não seja equivalente ao que ele está habituado a receber hoje, e, para que isso não se torne um problema no futuro, são imprescindíveis o planejamento e a educação financeira, ações que poderão contribuir para que ele desfrute de uma velhice de maneira mais confortável e com melhor qualidade de vida. Saiba Mais Para entender um pouco mais a realidade financeira do idoso, assista ao documentário Covardia Capital, do Instituto Defesa Coletiva, que apresenta as artimanhas dos bancos para a concessão de crédito indiscriminado aos idosos. Leia também os artigos Educação financeira com idosos em um contexto popular, de Caroline Stumpf Buaes (Revista Educação & Realidade), que traz o consumo entre idosos de classes populares no contexto brasileiro e a importância de se pensar em intervenções educativas para essa parcela da população. Além disso, o artigo: Os efeitos da educação financeira no comportamento de consumo: Um estudo com idosos de baixa renda, de Rafaela Aires Tavares Santos e colaboradores, publicado no periódico Research, Society and Development, que apresenta uma discussão acerca dos efeitos da educação financeira sobre o conhecimento e comportamento financeiro de idosos de baixa renda. Referências Bibliográficas BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. BUAES, C. S. Educação financeira com idosos em um contexto popular. Educação & Realidade, v. 40, p. 105-127, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/5DHXJLjd7vzjMVMzxSZJzjC/? lang=pt. Acesso em: 01 nov. 2023. BUSS, P.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, v. 17, n. 1, jan./abr. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/msNmfGf74RqZsbpKYXxNKhm/? lang=pt Acesso em: 1 nov. 2023. DAHLGREN, G; WHITEHEAD, M. Policies and Strategies to Promote Social Equity in Health Stockholm. Institute for Future Studies, 1991. DUARTE, P. de O.; AMARAL, J. R. G. (org.). Geriatria: Prática Clínica. Barueri: Manole, 2020. FILME COVARDIA CAPITAL. [S. l.], 29 nov. 2018. 1 vídeo (19 min 53 seg). Publicado pelo canal Instituto Defesa Coletiva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2R3QUOIRabA. Acesso em: 01 nov. 2023. FREITAS, E. V. de; PY, L. (ed.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. MENDES, T. de A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. MINAYO, M. C. S.; MIRANDA, A. C. Saúde e ambiente sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. https://www.scielo.br/j/edreal/a/5DHXJLjd7vzjMVMzxSZJzjC/?lang=pt https://www.scielo.br/j/edreal/a/5DHXJLjd7vzjMVMzxSZJzjC/?lang=pt https://www.scielo.br/j/physis/a/msNmfGf74RqZsbpKYXxNKhm/?lang=pt https://www.scielo.br/j/physis/a/msNmfGf74RqZsbpKYXxNKhm/?lang=pt https://www.youtube.com/watch?v=2R3QUOIRabA MUNHOZ, C. Determinantes de saúde, aspectos individuais ou coletivos? Rede Humaniza SUS, 2021. Disponível em: https://redehumanizasus.net/determinantes-de-saude-aspectos- individuais-ou-coletivos/. Acesso em: 01.nov.2023. NUNES, M. I.; SANTOS, M. dos; FERRETI, R. E. de L. (org.). Enfermagem em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. ROSA, T. E. da C. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev. Saúde Pública, São Carlos, v. 37, n. 1, p. 40-48, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/? format=html&lang=pt. Acesso em: 01 nov. 2023. SANTOS, R. A. T.; RODRIGUES, W.; DE OLIVEIRA NUNES, C. Os efeitos da educação financeira no comportamento de consumo: Um estudo com idosos de baixa renda. Research, Society and Development, v. 10, n. 5, p. e47710515269-e47710515269, 2021. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15269/1361 1. Acesso em: 01 nov. 2023 Aula 3 GRAU DE DEPENDÊNCIA E IMPACTO NAS ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA Grau de dependência e impacto nas atividades básicas da vida https://redehumanizasus.net/determinantes-de-saude-aspectos-individuais-ou-coletivos/ https://redehumanizasus.net/determinantes-de-saude-aspectos-individuais-ou-coletivos/ https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/?format=html&lang=pt https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/?format=html&lang=pthttps://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15269/13611 https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/15269/13611 diária Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! A fase idosa compreende um período muito influenciado pelas fases anteriores da vida. Ouvimos dizer que é considerada a melhor idade, mas geralmente essa não é a realidade para tantos idosos. Muitos deles sofrem por conta das limitações e dependências e dos estigmas impostos pela sociedade. Antigamente os anciãos eram vistos como fonte de sabedoria, vivências e experiências, atualmente essa realidade tem mudado, fazendo com que os velhos sejam vistos como seres inúteis e sem valor, o que acaba gerando o abandono e inúmeras formas de violência contra a população idosa. Para contextualizar o conteúdo estudado ao longo desta aula, imagine a seguinte situação hipotética: você trabalha na ILPI Raio de Sol e junto com a equipe multidisciplinar fará a admissão de um idoso. É o Sr. Jeremias, 78 anos de idade, sem familiares vivos. Ele nega comorbidades, mantém habilidades para desempenhar as atividades básicas e instrumentais de vida diária, no entanto faz uso de bengala e de aparelho auditivo. (OBS: A admissão refere-se à entrada do paciente no serviço de saúde com a finalidade de receber assistência, partindo dos preceitos de universalidade, integralidade e equidade, os quais são considerados os princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde. A admissão gera conhecimentos acerca da real situação do paciente e, com a escuta acolhedora e qualificada, é possível proporcionar um atendimento mais humanizado, garantindo segurança para a pessoa que está sendo atendida e para seus familiares. De acordo com a RDC nº 283/2005, qual é o grau de dependência apresentado por esse idoso? Explique a importância de se identificar as capacidades funcionais do idoso e quais os instrumentos poderiam ser utilizados para essa atividade. Enfim, ao longo desta aula estudaremos acerca da atividade básica de vida diária (ABVD) e da atividade instrumental de vida diária (AIVD), autonomia e independência, além de compreendermos mais sobre o idoso institucionalizado. Então, vamos lá? Vamos Começar! Capacidade funcional do idoso A fase idosa é caracterizada pela multiplicidade de doenças, em especial as doenças crônicas. Essas interferências são capazes de promover limitações na capacidade funcional da pessoa idosa, e quanto mais velho for o idoso, maior será a probabilidade de apresentar dificuldades em atividades que envolvem o autocuidado e a vida independente. Ao passo que envelhecemos, passamos por mudanças morfológicas, funcionais e bioquímicas que englobam todo o organismo humano. Essas mudanças corroboram para a perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio em que vive, o que o torna cada vez mais vulnerável. As doenças crônico-degenerativas na população idosa tendem a se manifestar de maneira mais expressiva e frequente, se compararmos às demais parcelas da população. Não são fatais, mas podem comprometer a qualidade de vida dos idosos. Com grande frequência geram incapacidades à medida que afetam as funções dos sistemas orgânicos e o desempenho das atividades corriqueiras do dia a dia, resultando em dependência de terceiros. A avaliação funcional das capacidades do idoso é imprescindível para nortear a ações e os cuidados em saúde. Ela procura identificar as atividades que os idosos são capazes de desenvolver ou não. A classificação é subdividida em: Atividade Básica de Vida Diária (ABVD): abrange as atividades relacionadas ao autocuidado, como capacidade de alimentar-se, banhar-se, vestir-se, arrumar-se, mobilizar-se e manter controle sobre suas eliminações fisiológicas. Atividade Instrumental de Vida Diária (AIVD): compreende a capacidade do idoso em levar uma vida independente na comunidade na qual se insere, sendo capaz de preparar as próprias refeições, realizar compras, utilizar transportes, cuidar da casa, utilizar telefone, administrar suas finanças ou tomar seus medicamentos. A capacidade funcional pode ser entendida como a habilidade que a pessoa idosa apresenta para decidir e agir de forma independente no seu dia a dia. Já a incapacidade funcional está relacionada à inabilidade ou limitação/dificuldade para realizar suas atividades de maneira independente. Ambos os casos abrangem Atividades Básicas e Instrumentais de Vida Diária (ABVD e AIVD). É importante lembrar que existem fatores intraindividuais e extraindividuais que exercem influência ou causam modificações no desenvolvimento de incapacidades, podendo retardá-las ou acelerá-las. Esses fatores envolvem aspectos sociais, psicológicos e ambientais. Entre os fatores intraindividuais podemos citar: mudanças comportamentais, estilo de vida, atributos psicossociais e atividade de acomodação (mudança na atividade ou na forma como é realizada). Já nos fatores extraindividuais incluem-se cuidados médicos, reabilitação, medicação, apoio externo (equipamentos especiais), ambiente físico e social, por exemplo. IMPORTANTE A avaliação da capacidade funcional do idoso procura identificar o quanto as doenças ou agravos à saúde impossibilitam a execução das atividades diárias de forma autônoma e independente, sem a necessidade de adaptação ou intervenção de terceiros. Essa avaliação é fundamental para definir o diagnóstico, prognóstico e opiniões clínicas que subsidiarão o plano de cuidados que será implementado na vida do idoso. Siga em Frente... Autonomia e independência A população idosa costuma apresentar diversos graus de comprometimento dos sistemas cognitivo, físico e motor, que tendem a evoluir para uma condição crônica caracterizada pelo declínio dessas funções, acarretando variados graus de dependência e limitações. A avaliação do grau de dependência possui como base a capacidade do idoso de conseguir executar as atividades básicas de vida diária e as atividades instrumentais de vida diária. Em se tratando das funcionalidades da pessoa idosa em relação as atividades diárias, é imperativo o conhecimento e distinção de três conceitos fundamentais: autonomia, independência e incapacidade. Quando falamos de autonomia, nos referimos à capacidade de decisão, escolha ou juízo. É a capacidade individual de decidir o comando das próprias ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras. Em se tratando de independência, nos referimos à habilidade de execução, realização ou cumprimento. É a capacidade individual de realizar algo por meios próprios, sem a necessidade de auxílio por parte de terceiros. Por incapacidade, entende-se como inabilidade, dificuldade, limitação ou inaptidão para executar papéis sociais e de atividades cotidianas, laborais, de entretenimento e familiares, de maneira independente. A avaliação funcional do idoso é realizada por meio de instrumentos específicos que objetivam mensurar de forma objetiva a destreza do indivíduo em desenvolver determinada atividade ou função, utilizando habilidades para desempenhar as atividades habituais, interações sociais, atividades de lazer e outras atitudes exigidas para o cotidiano, ou seja, a habilidade de executar ou não as tarefas necessárias para o autocuidado e a necessidade de auxílio parcial ou total. Existem diversos instrumentos utilizados para classificar o grau de dependência do idoso, destacando-se dois instrumentos principais: A Escala de Katz (Escala de Atividades Básicas de Vida Diária – ABVD), desenvolvida por Sidney Katz (1963), se baseia na recuperação do desempenho funcional de seis atividades consideradas básicas da vida cotidiana: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se, ser continente e alimentar-se. A aplicação do instrumento é simples, e inclui três categorias de classificação: independente, parcialmente dependente ou totalmente dependente. Embora existam diferentesversões criadas da Escala ou Índice de Katz, o instrumento funciona como um suporte auxiliar para que os profissionais da saúde possam avaliar a capacidade de independência dos idosos, mediando sua evolução de terapias realizadas com intuito de melhorar a capacidade funcional do paciente. Idoso institucionalizado De acordo com o Dicionário Aurélio (2020), o termo institucionalização significa “ato ou efeito de institucionalizar”; já o termo institucionalizar significa “dar o caráter de instituição, adquirir o caráter de instituição”. Dessa forma, entende-se que o idoso institucionalizado é aquele a quem se dá ou que adquire o caráter de instituição. Em um passado não muito distante, essas instituições eram conhecidas como asilos ou albergues para idosos. Por sua conotação depreciativa de abandono e rejeição familiar, foi modificada com o passar do tempo para Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). O Brasil vem experimentando um acentuado e desordenado processo de envelhecimento decorrente do acelerado aumento da expectativa de vida de sua população. Nesse contexto, com o número de idosos aumentando a cada dia, prevalece o cenário em que os programas sociais e de saúde ainda são escassos, tanto no que se refere à independência como à manutenção da dependência, conduzindo o idoso, muitas vezes, à internação em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) de maneira precoce. São inúmeros os fatores que levam à institucionalização do idoso, e entre eles podemos citar: A falta de familiar que cuide do idoso. O comprometimento da capacidade funcional do idoso. A escassez de serviços de apoio social. ASSIMILE O envelhecer carrega consigo um conjunto de alterações fisiológicas e eventualmente patológicas, que acabam determinando variados graus de dependência. Constitui um processo dinâmico, e seu desfecho pode ser influenciado por situações favoráveis e adequadas Os elevados custos com o cuidado domiciliar. O aumento da dependência do idoso exige a necessidade de serviços especializados e comprometidos com a assistência desse grupo populacional, promovendo um cuidado integral que englobe o desenvolvimento das atividades básicas da vida diária do idoso. A implementação de escalas que avaliam a capacidade funcional do idoso em ILPIs é imprescindível, pois permite a individualização da assistência em saúde. A Resolução RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005 (ANVISA, 2005), traz o regulamento técnico para o funcionamento das ILPIs e define a dependência do idoso como a condição do indivíduo que requer o auxílio de pessoas ou de equipamentos especiais para realização de atividades da vida diária, classificada em três graus distintos, a saber: Grau de Dependência I: idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda (bengala, andador, óculos, aparelho auditivo, cadeira de rodas etc.). Grau de Dependência II: idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária, como alimentação, mobilidade e higiene; sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada. IMPORTANTE As ILPIs são instituições públicas ou privadas, de característica residencial coletiva, destinadas a idosos (60 anos ou mais), com ou sem suporte familiar, que têm ou não alguma limitação das atividades de vida diária. As ILPIs oferecem moradia e cuidados aos idosos, de maneira provisória ou definitiva, e são conhecidas popularmente como casa de repouso ou lar de idoso. Grau de Dependência III: idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e/ou com comprometimento cognitivo. FIGURA 1: Grau de dependência – RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005 - FONTE: Elaborado pela autora. Vamos Exercitar? Com base na RDC nº 283/2005, esse idoso se enquadra na classificação de Grau de dependência I, uma vez que o Sr. Jeremias é um idoso independente, apesar de requerer uso de equipamentos de autoajuda. A avaliação da capacidade funciona do idoso é imprescindível para prestação de um cuidado com maior qualidade e eficiência. Para isso é imperativo conhecer o idoso institucionalizado, seus potenciais, individualidades e necessidades. Para avaliação das capacidades funcionais, podem ser utilizados diversos instrumentos, como a Escala de Lawton e Brody (para AIVD) e a Escala de Katz (para ABVD). O uso das escalas permite avaliar quais funções apresentam maior necessidade de atenção e quais podem ser realizados pelo idoso de forma independente. Dessa forma, podemos preservar as funções físicas, motoras e cognitivas dos idosos, oferecendo um atendimento individualizado e maior qualidade de vida. Saiba Mais Para aprofundar seus conhecimentos acerca da Avaliação da Capacidade Funcional do Idoso, faça a leitura dos seguintes materiais: Conceituando e mensurando a incapacidade funcional da população idosa: uma revisão de literatura, artigo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, de autoria de Luciana Correia Alves e colaboradores. Este texto apresenta as principais definições e formas de mensuração da incapacidade funcional. Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade, artigo também publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, de autoria de Bruno Rossi Barbosa e colaboradores, que trata do tema da avaliação da capacidade funcional e análise das características associadas à incapacidade dos idosos atendidos em uma Estratégia da Saúde da Família. Guia Avaliação Funcional do Idoso, elaborado pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo com o objetivo de instrumentalizar o profissional de saúde para a aplicação de testes de rastreio e avaliação da capacidade funcional em idosos. Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005. Regulamento técnico para o funcionamento das instituições de longa permanência para idosos. Brasília: ANVISA; 2005. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/res0283_26_ 09_2005.html. Acesso em: 01 nov. 2023. ALVES, L. C.; LEITE, I. da C.; MACHADO, C. J. Conceituando e mensurando a incapacidade funcional da população idosa: uma revisão de literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 1199-1207, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/cLxq9bgrsMZWSt8GkNxjBfC/? format=pdf&lang=pt. Acesso em: 01 nov. 2023. BARBOSA, B. R. et al. Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 3317-3325, 2014. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csc/2014.v19n8/3317-3325/pt. Acesso em: 01 nov. 2023. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e Envelhecimento Humano. São Paulo: Érica, 2014. BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. DINIZ, L. R. et al. (org.) Geriatria. Rio de Janeiro: Medbook, 2020. DI TOMMASO, A. B. G. et al. (org.). Geriatria: Guia Prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. DUARTE, Y. A. de O.; ANDRADE, C. L. de; LEBRÃO, M. L. 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Assessment of old people: self-período caracterizado por crescimento demográfico lento e expectativa de vida em torno dos vinte anos de idade. 2ª Fase - Era do declínio das pandemias: nesta fase temos um crescimento populacional em decorrência das altas taxas de natalidade e uma queda significativa das taxas de mortalidade. Este período coincide com os marcos históricos que vão desde a Renascença até o início da Revolução Industrial. Apesar de as doenças infecciosas e parasitárias ainda serem as principais causas de morte no período, podemos identificar uma redução expressiva nas grandes pandemias, um melhor acesso aos bens e serviços, refletindo em melhor qualidade de vida para grande parte da população, sendo a expectativa de vida elevada para aproximadamente quarenta anos de idade. 3ª Fase - Era das doenças degenerativas e das causadas pelo homem: nesta fase temos um acentuado declínio das doenças infecciosas e parasitárias em decorrência das melhores condições de vida da população (saneamento, alimentação, educação etc.), que posteriormente foram intensificadas com o avanço da medicina (antibióticos, vacinas etc.). Caracteriza-se pela queda das taxas de natalidade e mortalidade, evidenciando uma desaceleração no crescimento demográfico. Este período teve início com o fim da Revolução Industrial e perdura até a atualidade, quando a expectativa de vida foi aumentando de forma gradativa até atingir níveis superiores a 70 anos de idade – com isso, a principal causa de mortalidade passa a ser em decorrência de doenças crônicas, não transmissíveis e agravos à saúde. Atualmente os agravos em decorrência de doenças crônicas não transmissíveis são as principais causas de morbimortalidade da população idosa. Ocupam em primeiro lugar as patologias cerebrovasculares, sucedidas das cardiovasculares. Damos destaque a agravos como o acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), hipertensão e insuficiência cardíaca. Também são prevalentes: diabetes, obesidade, neoplasias, demências, quedas, fraturas domésticas e agravos em decorrência de acidentes e violências. Gráfico 1 | Transição demográfica baseada no modelo de Warren Thompson. Fonte: elaborado pela autora. Figura 2 | Relações entre transição demográfica e epidemiológica. Fonte: adaptada de Rouquayrol e Silva (2018). Vamos Exercitar? O processo de envelhecimento no Brasil vem acontecendo de forma acelerada ao longo dos anos. Como reflexo disso, temos atualmente uma alta taxa de envelhecimento populacional, se comparada a outros países. Com relação ao caso apresentado no início desta aula, temos que a situação apresentada não é uma situação isolada, mas algo que reflete uma realidade da população brasileira e até mesmo uma realidade mundial. Esse fato existe graças a dois processos que conhecemos, que são a transição demográfica e transição epidemiológica, que modificaram a demografia e a composição da população e o modo de adoecer e de morrer das pessoas. Com o processo de industrialização e desenvolvimento do país as pessoas passam a ter melhores condições de vida e melhor acesso a bens e serviços. Como resposta a isso temos uma transição de um cenário com altas taxas de mortalidade e altas taxas de natalidade para um perfil de baixas taxas de natalidade e baixas taxas de mortalidade. Associado a esse processo, temos o avanço das mais diversas tecnologias e o aprimoramento da medicina enquanto ciência, contribuindo, assim, para a solidificação desse novo cenário com o aumento da expectativa de vida. Essas transformações conduzem de forma gradativa para o envelhecimento populacional e, com isso, uma maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e agravos à saúde. O processo de globalização e as mudanças no estilo de vida da população contribuem de forma significativa para o aumento de fatores de risco, como o tabagismo, etilismo, sedentarismo, má alimentação etc. Esses fatores cooperam de maneira incisiva para a prevalência de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade, entre várias outras, sendo esta última considerada o “mal do século” e um desafio para a saúde pública. Saiba Mais A transição epidemiológica no Brasil não se deu da mesma forma como nos países desenvolvidos, com substituição do perfil de adoecimento por doenças infecciosas e parasitárias para o perfil de adoecimento por doenças e agravos não transmissíveis. A transição no país se deu de forma polarizada, com superposição de doenças infecciosas e doenças e agravos não transmissíveis. A transição polarizada é um desafio para saúde pública e se deve ao fato de termos muitas iniquidades em saúde no país, além da persistência e reintrodução de processos infecciosos como dengue e malária. Para se aprofundar um pouco mais a respeito do assunto, faça a leitura dos artigos a seguir: ARAUJO, J. D. Polarização epidemiológica no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 533- 538, 2012. FARAH, R. M. et al. Novas tecnologias no envelhecimento. Revista Kairós: Gerontologia, v. 12, n. 5 (especial), 2009. OLIVEIRA, A. S. Transição Demográfica, Transição Epidemiológica e Envelhecimento Populacional No Brasil. Hygeia - Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v. 15, n. 32, p. 69-79, 1 nov. 2019 Referências Bibliográficas BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742012000400002 https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/2670/1715 https://seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/48614/27320 https://seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/48614/27320 DINIZ, L. R. et al. (org). Geriatria. Rio de Janeiro: Medbook, 2020. DUARTE, P. O.; AMARAL, J. R. G. (org.). Geriatria: Prática Clínica. Barueri: Manole, 2020. FARINATTI, P. T. V. Envelhecimento, promoção da saúde e exercício: bases teóricas e metodológicas. Barueri: Manole, 2008. KANE, R. L. et al. Fundamentos de Geriatria Clínica. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. MENDES, T. A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. NUNES, M. I.; SANTOS, M.; FERRETI, R. E. L (org.). Enfermagem em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. ROUQUAYROL, M. Z.; SILVA, M. G. C. Epidemiologia & Saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2018. SANTOS, S. S. C. Concepções teórico-filosóficas sobre filosóficas sobre envelhecimento, velhice, idoso e enfermagem gerontogeriátrica. Revista Brasileira de Enfermagem - Reben, Brasília, v. 6, n. 63, p. 1035-1039, dez. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/? format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 out 2023. Aula 2 https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/reben/a/9H43x4GWRnd8sJXHYpW6b8x/?format=pdf&lang=pt PROCESSOS BIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO. Processos Biológicos do Envelhecimento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Associado ao processo de desenvolvimento dos países temos observado um aumento quantitativo da população no contexto mundial. Junto com esse processo, é possível perceber e estimar que a população que mais cresce está compreendida na faixa etária idosa, levando ao que conhecemos como envelhecimento populacional. A fase idosa, por ter crescido consideravelmente no Brasil e no mundo, passou a ser cada vez mais estudada e abordada pelos serviços públicos, principalmente nos contextos médico, tecnológico e social. Cada ser humano é um sujeito único, diferenciado por suas particularidades e singularidades. Por esse motivo, o modo como envelhecemos é individual. Enquanto alguns apenas envelhecem, outros apresentam associações com diferentes distúrbios e patologias. Para nortear nossa reflexão,maintaining and instrumental mental activities of daily living. Gerontologist, v. 9, n. 3, p. 179-186, 1969. MENDES, T. de A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. Aula 4 POLÍTICAS PÚBLICAS NA ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO Políticas Públicas na Atenção à Saúde do Idoso Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Durante muitos anos a pessoa idosa permaneceu “esquecida” pelos serviços públicos e suas reais necessidades foram silenciadas em meio à sociedade. Em decorrência do processo de desenvolvimento, observamos uma modificação na demografia dos países em consonância com a teoria da transição demográfica, o que vem refletindo diretamente na composição da população mundial. Com um expressivo aumento da população idosa, surgiram novas demandas, o que torna relevante ao profissional que atua junto a essa população compreender o processo biopsicossocial do envelhecimento. Diversos movimentos nacionais e internacionais lutaram para que os idosos pudessem ter seus direitos garantidos, resultando na criação de políticas, programas e legislações específicas que atendessem às reais necessidades desse grupo populacional, tão negligenciado ao longo de anos. Para contextualizar a aprendizagem, vamos nos deter à seguinte contextualização: A caderneta da pessoa idosa é um documento criado pelo Ministério da Saúde para implantação em todo o território nacional. Trata-se de um instrumento de fundamental importância para o acompanhamento de saúde e bem-estar do idoso. Por meio da utilização da caderneta do idoso, é possível estabelecer e fortalecer o vínculo entre a pessoa idosa e a Secretaria de Saúde. O uso da caderneta permite o registro e o acompanhamento do idoso por um período de cinco anos. Ela é composta por duas partes, uma delas voltada ao profissional de saúde, em que são registrados os dados pessoais, sociais e familiares, situação de saúde, hábitos de vida, vulnerabilidade, entre outros e, a outra parte, é voltada diretamente para o idoso, para seu cuidador e familiares, constando orientações e informações importantes, como os direitos da pessoa idosa e medidas para seu autocuidado. Para que esse instrumento alcance os objetivos esperados, ele não deve ser considerado apenas mais um mero papel de preenchimento ou uma burocracia adicional. É preciso enxergá-lo como uma ferramenta que permite iniciar um trabalho com mais qualidade, permitindo um acompanhamento integral em saúde. Agora, imagine a seguinte situação hipotética: você trabalha em uma região em que o programa de atenção ao idoso apresenta vários déficits em relação a sua eficiência e eficácia, sendo negligenciado, aliás, o uso da caderneta do idoso. Por conta disso, foi contratada uma empresa especializada em estudos de impactos políticos nos programas de saúde implantados no município. Após análise, os auditores questionaram o secretário da saúde sobre qual embasamento legal e teórico foi utilizado para nortear esse programa, porém ele não conseguiu responder, pois não foram criados protocolos para sua implantação. Com base no que você estudou, qual deve ser seu embasamento legal para que seja elaborado o Protocolo de Implantação do Programa de Atenção ao Idoso? Qual a importância de se instituir um programa específico para esse grupo populacional? Qual ferramenta poderá ser utilizada para melhorar a vinculação entre o paciente idoso e o serviço de saúde? E aí, vamos refletir sobre essas situações? Vamos Começar! Política nacional do idoso O envelhecimento populacional é um fenômeno que se caracteriza pelo aumento da proporção de pessoas idosas na população de um país. No Brasil, assim como em muitas outras nações, esse fenômeno tem se manifestado de forma significativa nas últimas décadas, e isso tem importantes implicações sociais, econômicas e de políticas públicas. Alguns dos principais fatores que contribuíram para o envelhecimento populacional no Brasil incluem: Melhorias na saúde e na qualidade de vida: Avanços na medicina, na nutrição e nas condições de vida têm aumentado a expectativa de vida da população, o que significa que as pessoas estão vivendo mais tempo. Redução da mortalidade infantil: A redução da mortalidade infantil contribui para que um maior número de pessoas chegue à fase idosa, pois menos crianças morrem precocemente. Diminuição da migração: Em algumas regiões do Brasil, a diminuição das migrações internas, com menos jovens deixando suas cidades natais em busca de oportunidades, contribui para o envelhecimento da população nessas áreas. Além disso, o envelhecimento populacional traz desafios e oportunidades. Alguns dos desafios incluem: Pressão sobre sistemas de saúde: Com uma população mais idosa, há uma demanda crescente por cuidados de saúde, serviços médicos e programas de prevenção de doenças crônicas. Seguridade social e previdência: O aumento da população idosa pode colocar pressão sobre os sistemas de previdência social, como aposentadorias e pensões. Cuidados de longo prazo: Com o envelhecimento da população, há uma crescente necessidade de cuidados de longo prazo, incluindo cuidados domiciliares e institucionais. Combate ao preconceito e à discriminação: É importante combater a discriminação etária e promover a inclusão social e econômica das pessoas idosas. Por outro lado, o envelhecimento populacional também traz oportunidades, como o potencial para uma força de trabalho mais experiente, uma maior demanda por produtos e serviços específicos para idosos e o fortalecimento do papel dos idosos como agentes de mudança na sociedade. Diante deste contexto, o Brasil tem adotado políticas e programas específicos para lidar com o envelhecimento populacional, incluindo a Política Nacional do Idoso. Tais iniciativas visam garantir que a população idosa tenha acesso a serviços de saúde, proteção social e qualidade de vida, bem como promover a inclusão e o respeito aos direitos das pessoas idosas. As necessidades dos idosos começaram a ser discutidas na década de 1970, com o Plano Nacional, dando origem ao documento Políticas para Terceira Idade - Diretrizes Básicas, porém as ideias contidas nesse material não foram colocadas em prática. Embora o idoso nem sempre tenha sido prioridade, com o aumento da população idosa no mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1982, reconhecendo a relevância e a gravidade da questão, promoveu, na cidade de Viena, a I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, considerada um marco mundial que iniciou as discussões direcionadas aos idosos com representação de várias nações, inclusive o Brasil. Nessa assembleia, foi estabelecido e aprovado o Plano de Ação Internacional de Viena sobre o envelhecimento, objetivando sensibilizar os governos e a sociedade para a necessidade de direcionar políticas públicas e desenvolver estudos voltados para os idosos, bem como pesquisas sobre os aspectos do envelhecimento. Além disso, o documento foi composto por princípios que se apoiam em cinco pontos fundamentais: Independência Participação Cuidados Autossatisfação Dignidade Pouco tempo depois, a Constituição Federal Brasileira (1988) definiu a velhice como uma fase da vida que requer atenção obrigatória, em que a família, a sociedade e o Estado têm responsabilidades, devendo amparar e dar retaguarda ao indivíduo no seu envelhecimento. Sendo assim, em 1994, foi promulgada a Lei nº 8.842 e criada a Política Nacional do Idoso (PNI), regulamentada pelo Decreto nº 1.948, em 1996. A PNI define princípios e diretrizes que asseguram os direitos sociais dos idosos e as condições para promover sua autonomia, integração e participação na sociedade. Alguns dos principais objetivos da Política Nacional do Idoso incluem: Garantir a participação ativa dos idosos na sociedade, promovendo a sua integração em todas as esferas da vida social.Assegurar o direito à saúde, com atendimento especializado e políticas de prevenção e tratamento de doenças que afetam a população idosa. Garantir a proteção contra a violência e o abuso dos direitos das pessoas idosas. Promover a inclusão social e o acesso a políticas de educação, cultura, esporte e lazer para os idosos. Estabelecer políticas de assistência social e previdenciária que garantam uma renda mínima para os idosos em situação de vulnerabilidade. Fomentar a criação de espaços de convivência e de cuidados voltados para a terceira idade. Estabelecer mecanismos de fiscalização e controle da implementação da política em todos os níveis de governo. A Política Nacional do Idoso também estabelece a criação de Conselhos do Idoso em âmbito municipal, estadual e nacional, que têm a função de acompanhar e fiscalizar as políticas públicas voltadas para os idosos, além de promover a participação da sociedade na formulação e implementação dessas políticas. É importante destacar que a Política Nacional do Idoso visa garantir a dignidade, a cidadania e a qualidade de vida das pessoas idosas, reconhecendo a importância de sua contribuição para a sociedade e o respeito aos seus direitos. Estatuto do idoso Vimos que as questões sociais do envelhecimento em nossa sociedade são caracterizadas por múltiplos e graves problemas que afetam os idosos em um país em desenvolvimento como o Brasil, demandando ações em diversas áreas. Governos, organizações internacionais e sociedade civil iniciaram mobilizações importantes para amparar o envelhecimento e incentivar a implementação de políticas e programas sociais para que sejam melhoradas as condições de saúde, participação e seguridade dos cidadãos idosos. Para dar continuidade ao nosso histórico acerca dos marcos que compõem as políticas de atenção aos idosos, em abril de 2002, em Madri, foi realizada a II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento. O evento desse ano aconteceu sob a temática “Uma sociedade para todas as idades”, e foram o centro das discussões assuntos exclusivamente relacionados aos idosos do mundo, resultando na aprovação do Segundo Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, o qual foi abraçado por todos os países membros das Nações Unidas presentes. Esse plano atendia a um compromisso internacional a respeito de um dos maiores desafios sociais do século XXI: o rápido envelhecimento populacional no mundo. Como colocar o envelhecimento populacional na agenda do desenvolvimento. A promoção da saúde e do bem-estar para todo o ciclo da vida. O desenvolvimento de políticas de meio ambiente propícias e favoráveis que atendam às necessidades de indivíduos e às sociedades que envelhecem. Pouco tempo depois, no dia 1 de outubro de 2003, foi sancionada a Lei nº 10.741, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. O Estatuto do Idoso é uma lei federal brasileira que estabelece direitos e garantias para as pessoas idosas no Brasil, promovendo a inclusão social e o respeito à terceira idade. O Estatuto do Idoso é uma importante legislação que reconhece a relevância da população idosa na sociedade e estabelece diretrizes para a sua proteção. Alguns dos principais aspectos abordados pelo Estatuto do Idoso incluem: Direito à vida e à saúde: O Estatuto assegura o direito à vida e à saúde das pessoas idosas, garantindo acesso a serviços de saúde e tratamento médico adequados. Prioridade em atendimento: O Estatuto estabelece que as pessoas idosas têm prioridade no atendimento em órgãos públicos e privados, bem como em filas e estabelecimentos comerciais. Prevenção e combate ao abuso e à violência: A lei proíbe qualquer forma de abuso, negligência, maus-tratos ou exploração contra pessoas idosas, estabelecendo mecanismos de denúncia e punição para esses casos. Proteção dos direitos patrimoniais: O Estatuto protege os direitos patrimoniais das pessoas idosas, combatendo o uso indevido de seus bens, fraudes e abusos financeiros. Benefícios previdenciários: A lei estabelece direitos específicos para aposentados e pensionistas idosos, além de criar mecanismos para garantir a manutenção e a revisão de seus benefícios. Promoção da autonomia e participação social: O Estatuto incentiva a participação ativa dos idosos na sociedade e promove a criação de espaços de convivência, cultura, lazer e esporte voltados para a terceira idade. Assistência social: A lei estabelece a garantia de renda mínima para pessoas idosas em situação de vulnerabilidade, por meio de programas de assistência social. Política Nacional do Idoso: O Estatuto também reforça a importância da Política Nacional do Idoso, estabelecendo que o poder público deve promover a sua implementação. Desta forma, pode-se notar que o Estatuto do Idoso é fundamental para proteger os direitos das pessoas idosas no Brasil e promover o envelhecimento com dignidade e qualidade de vida. Além disso, ele estabelece diretrizes importantes para a sociedade e as instituições públicas e privadas no que diz respeito ao tratamento e à inclusão das pessoas idosas. Siga em Frente... Pacto pela saúde Sabemos que uma das grandes conquistas da sociedade brasileira veio com a promulgação da Constituição Federal Brasileira (1988), que garantiu o direito universal e integral à saúde para todos reafirmado com a criação do SUS por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90. A partir desses marcos, a população passou a ter o direito ao acesso universal, equânime e integral aos serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Apesar da conquista a esses direitos, os diversos grupos populacionais começaram a apresentar necessidades específicas que precisavam ser supridas, permitindo, assim, a elaboração de diversos programas e políticas voltadas para a saúde e o bem-estar da população. Em 1999, por meio da Portaria Ministerial nº 1.395, foi apresentada a primeira Política Nacional de Saúde do Idoso, com determinação de ações somente dos órgãos e entidades ligadas ao Ministério da Saúde. No ano seguinte, iniciou-se um processo de organização e implantação das Redes Estaduais de Assistência à Saúde, abrangendo todas as áreas da saúde, inclusive a do idoso. Em 2006, essa portaria ministerial foi revogada e criada uma portaria nova que abrange todas as esferas de governo (União, estados e municípios), tanto financeiras como multidisciplinares. A atual Política Nacional de Saúde do Idoso foi instituída por meio da Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, tendo como objetivo a busca pela garantia de atenção adequada e digna para a população brasileira e idosa. A política também traz a definição do limite mínimo de idade para que uma pessoa seja considerada idosa, sendo igual ou superior a 60 anos de idade. Ainda em 2006, como resultado de intenso trabalho de discussão por cerca de dois anos, foi elaborado o Pacto Pela Saúde, instituído por meio da Portaria Ministerial nº 399, de 22 de fevereiro. Trata-se de um conjunto de reformas institucionais do Sistema Único de Saúde (SUS) pactuado entre as três esferas de gestão, incluindo o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais de saúde, com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão, objetivando atingir maior eficiência e qualidade de respostas do SUS e, ao mesmo tempo, redefinir as responsabilidades de cada gestor em função das necessidades de saúde da população na busca da equidade social. O Pacto pela Saúde é subdividido em 3 pactos: Pacto pela Vida: tem por finalidade atender às necessidades de todos os usuários do SUS, seja na atenção primária, seja secundária, seja terciária. São seis as prioridades pactuadas, estando, entre elas, a saúde do idoso. Pacto em Defesa do SUS: deve ser pautado por diretrizes e ações que visam ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde no território nacional. Pacto de Gestão: estabelece diretrizes para a gestão do Sistema Único de Saúde, considerando os aspectos de descentralização, financiamento, planejamento, controle social, entre outros. Por fim, podemos perceberque foram grandes as lutas até que a população idosa pudesse ter garantia de direitos em relação a sua autonomia, qualidade de vida, dignidade, participação social e acesso a bens e serviços. Vamos Exercitar? Antes da elaboração do programa voltado para a saúde da pessoa idosa do município, devem ser levantadas as principais legislações que regulamentam a saúde do idoso no território nacional. Entre essas legislações, podemos citar: Política Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso, Política Nacional de Saúde do Idoso e Pacto pela Saúde. Além das legislações específicas, é fundamental conhecer o público que será atendido pelo programa, bem como realizar um levantamento das teorias do envelhecimento para o conhecimento dos aspectos biopsicossociais que envolvem a vida dos idosos. Após todos esses embasamentos afinados, é importante que seja feita a nomeação de uma comissão multiprofissional para elaboração do protocolo. A população idosa do Brasil tem demonstrado um expressivo crescimento. Vivemos uma realidade em que a população envelhece cada vez mais, no entanto sem a erradicação de problemas sociais que acompanham esse grupo populacional ao longo de anos. O idoso, no Brasil, foi deixado em segundo plano por muitos anos, e suas necessidades específicas deixaram de ser supridas e atendidas. A instituição de políticas e programas específicos para esse grupo populacional traz garantias de direitos para que a fase da velhice seja vivida com mais dignidade e qualidade de vida. Para melhorar ainda mais a assistência ao idoso atendido no município, o programa instituído deverá incluir a utilização da caderneta do idoso. Esse instrumento auxiliará no fortalecimento do vínculo entre o paciente idoso e o serviço de saúde; ele contempla informações úteis da fase idosa que precisam ser difundidas para toda a população, além do campo destinado ao registro profissional, que servirá como meio de controle e acompanhamento do idoso, permitindo um cuidado mais integral. Saiba Mais Para se aprofundar nas políticas públicas na saúde do idoso, faça a leitura dos artigos a seguir: Envelhecimento da população e as políticas públicas de saúde, da autoria de Maria José Sanches Marin e Vanessa C. Bertassi Panes, publicado na Revista do Instituto de Políticas Públicas de Marília – traz uma retomada histórica das principais legislações que permeiam o processo do envelhecer. O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil, de Maria Teresinha de Oliveira Fernandes, da Revista da Escola de Enfermagem da USP - trata-se de análise documental que objetivou discutir aspectos legais do desenvolvimento de políticas de atenção ao idoso no Brasil no contexto sociopolítico e histórico, com vistas aos aspectos que delineiam o bem-estar para pessoa idosa. Políticas públicas para pessoas idosas no Brasil: uma revisão integrativa, de Luana Machado Andrade e colaboradores, da revista Ciência & Saúde Coletiva - trata-se de uma revisão integrativa que objetiva analisar o que versam as produções científicas e os documentos legais sobre as políticas públicas para as pessoas idosas no Brasil Referências Bibliográficas ALCÂNTARA, A. de O. Da política nacional do idoso ao estatuto do idoso: a difícil construção de um sistema de garantias de direitos da pessoa idosa. In: ALCÂNTARA, A. de O.; CAMARANO, A. A.; GIACOMIN, K, C. Política Nacional do idoso: velhas e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. ANDRADE, L. M. et al. Políticas públicas para pessoas idosas no Brasil: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, [S. l.], v. 18, n. 12, p. 3543-3552, dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/dBRFg9jpfpVgNSVvSVwCZsB/abstract/ ?lang=pt&format=html. Acesso em: 03 nov. 2023. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 03 nov. 2023. BRASIL. Lei nº 10.741, de 1 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, DF, 2003. 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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. ONU – Organização das Nações Unidas. Plano de ação internacional sobre o envelhecimento. Tradução de Arlene Santos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, 2003.. Encerramento da Unidade RELAÇÕES SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO Videoaula de Encerramento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Chegada Olá, estudante! Chegamos à terceira unidade do nosso estudo e, para desenvolver as competências desta, que versam sobre a avaliação da influência social e sua potencialidade no cuidado ao idoso, primeiramente será necessário que você compreenda que a busca pela longevidade é um desejo comum entre as pessoas, e graças aos avanços tecnológicos e científicos, a expectativa de vida tem aumentado ao longo dos anos. No entanto, muitos não se preparam adequadamente para a velhice, desejando viver mais, mas evitando envelhecer. Diante disto, temos ainda o estigma e o preconceito em relação aos idosos que podem causar desequilíbrios psíquicos e sociais, afetando a qualidade de vida na terceira idade. Assim, pode-se entender que o processo de envelhecimento é gradual e pode levar a diversos desafios, como a perda de contatos sociais, dificuldades no mercado de trabalho, lutas contra doenças crônicas e ameaças à sexualidade. Além disso, conforme a idade avança, as atividades diárias se tornam mais difíceis, levando ao isolamento social e à chamada "morte social", onde o idoso se encontra completamente isolado. Sendo assim, para um envelhecimento mais digno,é crucial que familiares e contatos sociais ofereçam apoio e suporte, ajudando os idosos a se adaptarem às mudanças físicas e sociais. A integração dos idosos na sociedade promove estímulos benéficos, incentivando-os a viver de forma produtiva e a superar os desafios do envelhecimento. À medida que envelhecemos, nossos papéis sociais evoluem, e a transição para novos papéis pode ser desafiadora. No entanto, essa transformação também pode trazer alegria e significado, como o papel de avós, que permite mais tempo para se relacionar com os netos. A morte do cônjuge e a aposentadoria também alteram os papéis sociais, mas, com o tempo, podem levar a novas oportunidades e relações familiares. Sendo assim, a manutenção da autonomia e independência é fundamental para a qualidade de vida dos idosos. À medida que enfrentam dificuldades nas atividades diárias, é importante preservar sua capacidade de tomar decisões. No entanto, restrições só devem ser impostas quando necessário para proteger sua dignidade e integridade. Temos assim o tema da violência contra os idosos, que é um problema grave, refletindo a desvalorização e estigmatização desse grupo. Ela pode assumir várias formas, como maus-tratos físicos, negligência, violência institucional e intrafamiliar, sendo que a prevenção e combate à violência envolvem investimentos em uma sociedade para todas as idades, priorização dos direitos dos idosos, corresponsabilização do Estado e da sociedade, e apoio às famílias que cuidam dos idosos. É fundamental criar espaços seguros e promover assistência adequada, bem como prevenir dependências. O envelhecimento é um processo natural que requer suporte social, compreensão e respeito para garantir que os idosos desfrutem de uma vida digna e participativa na sociedade. Além disso, a prevenção da violência contra os idosos é uma responsabilidade de todos, visando garantir o bem-estar e os direitos dessa população vulnerável. Neste contexto, surgem os Determinantes Sociais de Saúde (DSS), que são condições de vida e trabalho que afetam a saúde da população, englobando fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos, psicológicos e comportamentais. Grupos em circunstâncias precárias ou distantes de informações de saúde estão mais expostos a doenças. Identificar as relações entre esses determinantes é desafiador, mas é essencial para reduzir desigualdades de saúde. De acordo com este modelo, é possível entender que o meio ambiente e a saúde estão relacionados, podendo beneficiar ou prejudicar a saúde das pessoas. Existem interferências do meio ambiente em micro, meso e macroambientes, que afetam a saúde, especialmente em idades extremas. Potencialidades individuais envolvem desenvolver o potencial humano por meio da criatividade, conhecimento, habilidades e características como autonomia, autoestima e autoconfiança. A autonomia é essencial para um envelhecimento saudável, permitindo ao idoso ser ativo e autônomo. O fator econômico é um desafio para a saúde dos idosos, exigindo políticas públicas para garantir um patamar mínimo de qualidade de vida. O acesso aos recursos financeiros é vital para a qualidade de vida na terceira idade. Além disso, a educação financeira é crucial para garantir que os idosos possam desfrutar da velhice com qualidade, evitando endividamento e mantendo o padrão de vida. Planejar financeiramente ao longo da vida é essencial para um envelhecimento saudável e independente. Mas, além de todos esses fatores, temos ainda que o envelhecimento traz consigo uma multiplicidade de doenças crônicas que podem limitar a capacidade funcional do idoso, tornandoo mais vulnerável à dependência, especialmente em atividades relacionadas ao autocuidado e à vida independente. O envelhecimento também traz mudanças morfológicas, funcionais e bioquímicas que afetam a capacidade de adaptação do indivíduo ao ambiente. Doenças crônicas e degenerativas afetam de forma expressiva a população idosa, resultando frequentemente em incapacidades que impactam as atividades diárias e levam à dependência de terceiros. A avaliação da capacidade funcional do idoso é essencial para direcionar ações e cuidados de saúde, dividindo-se em Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD). A capacidade funcional é a habilidade do idoso de agir de forma independente, enquanto a incapacidade funcional está relacionada à inabilidade ou limitação na execução de atividades cotidianas. Esses estados são influenciados por fatores sociais, psicológicos e ambientais, tanto dentro como fora do indivíduo. No caso de idosos institucionalizados, a falta de familiares para cuidar, a perda de capacidade funcional, a escassez de serviços de apoio social e os custos com cuidados em casa são fatores que levam à internação em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Essas instituições são residências coletivas que oferecem cuidados aos idosos, sendo um recurso quando a dependência se torna mais acentuada. Sendo assim, a avaliação da capacidade funcional do idoso é fundamental para personalizar a assistência de saúde nas ILPIs, garantindo um cuidado integral. A dependência do idoso é classificada em três graus distintos, de acordo com a necessidade de auxílio em atividades de autocuidado e a presença de comprometimento cognitivo. Além disso, regulamentos técnicos são estabelecidos para o funcionamento dessas instituições e garantem a qualidade dos cuidados prestados aos idosos. Enfim, o envelhecimento populacional no Brasil tem desafios e oportunidades. Alguns desafios incluem a pressão sobre sistemas de saúde, seguridade social e a necessidade de cuidados de longo prazo. Além disso, é importante combater o preconceito e a discriminação contra os idosos. Por outro lado, o envelhecimento populacional também oferece oportunidades, como uma força de trabalho mais experiente e uma maior demanda por produtos e serviços para idosos. O Brasil tem adotado políticas e programas específicos para lidar com esse envelhecimento, incluindo a Política Nacional do Idoso, que visa garantir que a população idosa tenha acesso a serviços de saúde, proteção social e qualidade de vida. Além disso, o Estatuto do Idoso, promulgado em 2003, estabelece direitos e garantias para pessoas idosas no Brasil, incluindo direitos à vida, saúde, prioridade no atendimento e prevenção do abuso e da violência. O Pacto pela Saúde, lançado em 2006, busca aprimorar o Sistema Único de Saúde (SUS) e atender às necessidades dos usuários do SUS, incluindo a saúde do idoso. É um esforço conjunto entre as esferas de governo para promover inovações na gestão da saúde no Brasil Essas políticas e programas refletem a importância de garantir a dignidade, cidadania e qualidade de vida das pessoas idosas, reconhecendo sua contribuição para a sociedade e respeitando seus direitos. O Brasil tem evoluído ao longo do tempo para melhor atender às necessidades da crescente população idosa. É Hora de Praticar! Antonio é um homem de 70 anos que tem enfrentado desafios significativos à medida que envelhece. Ele mora sozinho desde a morte de sua esposa e, embora deseje uma vida longa e saudável, tem lutado com a solidão e a deterioração de sua capacidade funcional. Antonio se encontra em uma situação de isolamento social e dificuldades em suas atividades diárias, levando a um declínio na qualidade de vida. Ele está em risco de enfrentar a "morte social" e precisa de apoio para se adaptar às mudanças físicas e sociais associadas ao envelhecimento. Diante deste contexto, reflita: Como o estigma e o preconceito em relação aos idosos podem afetar a saúde psicológica de Antonio e sua qualidade de vida na terceira idade? De que forma a integração de Antonio na sociedade pode ser promovida para ajudá-lo a superar o isolamento social e viver de maneira mais produtiva? Qual é o papel da família e de outros contatos sociais na melhoria da qualidade de vida de Antonio? Como eles podem oferecer apoio e incentivar sua autonomia e independência?Reflita 1) Quais são os desafios enfrentados pela população idosa em relação ao envelhecimento e como esses desafios afetam a qualidade de vida na terceira idade? RESPOSTA: Os desafios enfrentados pela população idosa incluem perda de contatos sociais, dificuldades no mercado de trabalho, lutas contra doenças crônicas, ameaças à sexualidade e dificuldades nas atividades diárias, levando ao isolamento social e à "morte social". Esses desafios afetam negativamente a qualidade de vida na terceira idade. 2) Como a integração dos idosos na sociedade pode ajudá-los a viver de forma mais produtiva e a superar os desafios do envelhecimento? RESPOSTA: A integração dos idosos na sociedade promove estímulos benéficos, incentivando-os a viver de forma produtiva e a superar os desafios do envelhecimento. Isso inclui o desenvolvimento de novos papéis sociais, como o papel de avós, que permite mais tempo para se relacionar com os netos. 3) Por que a manutenção da autonomia e independência é fundamental para a qualidade de vida dos idosos? E como o fator econômico está relacionado a isso? RESPOSTA: A manutenção da autonomia e independência é fundamental para a qualidade de vida dos idosos, pois permite que eles sejam ativos e autônomos. O fator econômico está relacionado porque o acesso aos recursos financeiros é vital para a qualidade de vida na terceira idade. A educação financeira também desempenha um papel importante na garantia de um envelhecimento saudável e independente Resolução do estudo de caso Levando em consideração a real situação de Antonio, é possível pensar em algumas questões: O estigma e o preconceito em relação aos idosos podem impactar a saúde psicológica de Antonio, causando desequilíbrios emocionais e sociais. Ele pode se sentir menos valorizado e excluído, o que afetará negativamente sua qualidade de vida na terceira idade. A integração de Antonio na sociedade pode ser promovida por meio de atividades sociais, clubes de idosos, grupos de voluntariado e programas de recreação para idosos. Isso proporcionaria estímulos benéficos e oportunidades para ele interagir com outras pessoas e se sentir mais envolvido na comunidade. A família e os contatos sociais de Antonio podem desempenhar um papel crucial na melhoria de sua qualidade de vida, oferecendo apoio emocional e prático. Eles podem incentivá-lo a participar de atividades sociais, ajudá-lo nas atividades diárias quando necessário e garantir sua dignidade e integridade enquanto enfrenta os desafios do envelhecimento. A integração da família e da comunidade é essencial para promover a autonomia e a independência de Antonio. Dê o play! Assimile Relações sociais do envelhecimento - Fonte: Elaborado pelo autor. Referências BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. MENDES, T. de A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. NUNES, M. I.; SANTOS, M. dos; FERRETI, R. E. de L. (org.). Enfermagem em Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. ROSA, T. E. da C. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev. Saúde Pública, São Carlos, v. 37, n. 1, p. 40-48, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/? format=html&lang=pt. Acesso em: 01 nov. 2023. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e Envelhecimento Humano. São Paulo: Érica, 2014. BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. DINIZ, L. R. et al. (org.) Geriatria. Rio de Janeiro: Medbook, 2020. ANDRADE, L. M. et al. Políticas públicas para pessoas idosas no Brasil: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, [S. l.], v. 18, n. 12, p. 3543-3552, dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/dBRFg9jpfpVgNSVvSVwCZsB/abstract/ ?lang=pt&format=html. Acesso em: 03 nov. 2023. https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/?format=html&lang=pt https://www.scielo.br/j/rsp/a/wQgSsDMwB9DdtZPKxJMFWVv/?format=html&lang=pt PENSAMENTO MULTIDISCIPLINAR PARA O ENVELHECIMENTO Aula 1 ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR NAS ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS Atuação multidisciplinar nas alterações cardiovasculares e respiratórias Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! O acompanhamento multidisciplinar dos fatores relacionados ao envelhecimento é primordial para se prevenir e tratar patologias relacionadas ao desgaste natural do corpo humano na terceira idade. A adaptação a esse processo natural e, consequentemente, sua limitação são importantes para estabelecer padrões de comportamento saudáveis que envolvam áreas correlacionadas, como cuidados médicos e bem-estar físico, psicológico e espiritual, levando, ao idoso, o equilíbrio necessário. O impacto do envelhecimento na qualidade de vida está diretamente relacionado ao conhecimento dos fatores intrínsecos a essa fase numa linguagem que respeita as diferentes culturas e os conceitos preestabelecidos pelo idoso. Estudante, para contextualizar sua aprendizagem, analise a seguinte situação-problema e proponha uma solução. Imagine que você trabalha em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e sua função é planejar ações para a equipe multidisciplinar da clínica, considerando a influência de fatores de risco para estes, sendo a prevenção destacada como a principal aliada. Neste contexto, sabe-se que a fase da velhice intensifica a incidência de doenças cardiorrespiratórias influenciadas por hábitos de vida como o sedentarismo, obesidade, tabagismo entre outros eventos. Além disso, o controle da pressão arterial é fundamental na prevenção dos eventos cardiovasculares. Assim, encontramos nesta ILPI algumas pessoas que são ou já foram tabagistas, o que vem comprometendo a saúde dos mesmos. Seria possível realizar ações de prevenção neste ambiente? Se sim, qual a sua função? Como realizá-la? Convidamos você a conhecer um pouco esses temas, qual o impacto na vida dos pacientes e estudar qual a melhor ação a ser tomada em relação às mesmas. Bom estudo! Vamos Começar! Hipertensão, insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio Segundo Rocha (2018), o aumento da população idosa nos leva a refletir e buscar soluções para que esse processo natural ocorra de forma tranquila. As alterações físicas, psicológicas e sociais envolvem uma adaptação aos novos limites, tendo a prevenção como maior aliada. Nesse quesito, a influência de um profissional, seja ele da área da saúde, seja da área da educação, seja de áreas afins, desde que tenha conhecimentos necessários na área é fundamental no desenvolvimento da conscientização individual e familiar para proporcionar mais qualidade de vida e prevenir a hospitalização e processos invasivos que expõem o idoso a maior probabilidade de infecções. Os fatores de risco para doenças cardiorrespiratórias são comuns na população idosa. Hábitos de vida como sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, estresse e outros interferentes culminam em comorbidades vinculadas ao envelhecimento e relacionadas com as alterações fisiológicas e morfológicas em grandes órgãos e sistemas, como cardiovascular, respiratório e renal (SOUZA; IGLESIAS, 2002). Hipertensão cardíaca e consequências Nosso coração funciona como uma bomba, levando o sangue com nutrientes para o corpo todo. Ao fazer a troca gasosa no pulmão, as toxinas são filtradas nos rins; trata-se de uma verdadeira máquina central responsável pelo equilíbrio geral do corpo humano. Fatores inerentes ao envelhecimento, como diabetes e as dislipidemias, colaboram com a rigidez e o acúmulo de gordura nas artérias, aumentando o trabalho do coração e sobrecarregando essa bomba. Por outro lado, o coração não recebe oxigênio suficiente e sofre com a insuficiência cardíaca, prejudicando seu funcionamento.Sintomas como cansaço, edema em membros inferiores e falta de ar se apresentam. A hipertensão é o aumento da pressão que o sangue faz para circular pelo corpo. Com o aumento da pressão cardíaca, o coração não consegue atuar de forma adequada, compromete a circulação sanguínea, sofre com a falta de oxigênio e causa o IAM (infarto agudo do miocárdio). Pessoas que sofrem infarto podem desenvolver a insuficiência cardíaca. Diante disso, como abordar um idoso com insuficiência cardíaca? Bem, o controle da pressão arterial é fundamental, logo, frente a situações extremas, o paciente deve ser encaminhado para o pronto-socorro, para realização de exames de rotina, como eletrocardiograma. A atuação rápida é de extrema importância para a sobrevivência do idoso, daí o impacto da informação como ferramenta fundamental na prevenção. A abordagem multiprofissional para prevenção, mudança de hábitos, prática de atividade física, realização de exames de rotina e controle da alimentação é fundamental para reduzir os eventos cardiovasculares. Na Figura 1, representamos a evolução dos processos do envelhecimento e as patologias decorrentes desse processo: Atenção Os valores considerados normais são de 12 mmHg para pressão sistólica e 8 mmHg para pressão diastólica — aquele 12x8 considerado uma boa pressão arterial. FIGURA 1: Evolução dos processos do envelhecimento a partir dos fatores externos - FONTE: Elaborado pelo autor Trombose venosa profunda Outra patologia comum na terceira idade decorrente dos processos naturais do envelhecimento e cuja causa é a dificuldade de circulação do sangue no corpo é a trombose venosa profunda. Mas o que causa a trombose venosa profunda? Nosso corpo possui um sistema de coagulação que, quando nos ferimos, é ativado para bloquear o sangramento, produzindo um trombo, que fecha o ferimento, seguindo-se o processo de cicatrização. No caso da trombose, o trombo ou coágulo se forma sem ferimento, internamente, bloqueando a passagem do sangue em artérias ou veias. A trombose venosa profunda é a formação do trombo ou coágulo em veias profundas com obstrução ou oclusão, podendo ser absolutamente assintomática ou se manifestar como dor, vermelhidão e rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo. Pacientes idosos são propensos à trombose venosa profunda por conta da mobilidade reduzida, de alterações metabólicas e comorbidades que afetam o Sistema circulatório. A prevalência de casos de trombose venosa profunda é maior em pacientes imobilizados, obesos, com traumas graves, varizes, transplantados, pacientes com insuficiência cardíaca ou que sofreram infarto agudo do miocárdio. Cerca de 70% dos casos se dão em decorrência de complicações por outras doenças, cenário comum aos pacientes idosos. (DIETRICH et al., 2004). O diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento; identificar o problema a tempo pode evitar maiores complicações, como acidente vascular cerebral, infarto ou embolia pulmonar. A prevenção é a prática de exercícios físicos, evitar consumo de álcool e tabaco e manter uma dieta equilibrada, haja vista que a obesidade é um dos principais fatores desencadeantes da maioria dos processos cardiovasculares. Na presença de sintomas como dor intensa, calor, vermelhidão e rigidez na musculatura, o paciente deve ser encaminhado rapidamente ao serviço médico mais próximo, a fim de iniciar os Assimile A trombose venosa profunda afeta cerca de dez milhões de pessoas no mundo, sendo que tratamentos com anticoagulantes diminuem a probabilidade de ocorrência (PIAT et al., 2019). 5% dos pacientes com trombose venosa profunda podem evoluir para gangrena venosa e risco de perda do membro afetado ou embolia pulmonar. procedimentos necessários à sobrevivência e evitar sequelas incapacitantes. Assistir a um paciente com trombose venosa profunda é prestar atenção aos mínimos detalhes durante a anamnese. Em processo de internação por outros fatores, a comunicação pode ser impossível, e a atenção aos procedimentos rotineiros aplicados deve ser intensa. Alguns cuidados preventivos para evitar a trombose venosa profunda e suas complicações são: A aplicação do anticoagulante. A troca de decúbito. Elevação das pernas. Uso de meia elástica. Você já presenciou algum caso assim? Esses conhecimentos auxiliarão você na tomada de decisões e na orientação de pessoas próximas ao idoso diante de um episódio de trombose venosa profunda. Siga em Frente... Pneumonias, DPOC, enfisema pulmonar Voltando ao nosso tema relacionado à multidisciplinaridade e sua importância no contexto das patologias que acometem nossos idosos, conheceremos um pouco as doenças respiratórias, os fatores de risco e as causas dessas patologias que são responsáveis pela hospitalização de idosos. As estatísticas do Sistema de informações sobre mortalidade (SIM, SUS) apontam um aumento de morte por doenças respiratórias em pessoas acima de 60 anos nas últimas décadas. Por conta do aumento do tempo de vida, o risco para doenças do trato respiratório é maior, entre elas, a pneumonia, a bronquite, o enfisema pulmonar e a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) prevalecem. Sabemos que, na terceira idade, o sistema imunológico do idoso está alterado, infecções que são facilmente controladas resultam em pneumonias com difícil controle, o que expõe o idoso à hospitalização e a maior risco de contrair uma infecção hospitalar que pode levar à morte por SEPSE (infecção generalizada causada por microrganismos patogênicos). Além disso, muitos pacientes foram fumantes ativos ou passivos durante boa parte da vida, e o tabagismo é a principal causa de doenças pulmonares, seja ele passivo, seja ativo. Nosso corpo funciona por meio do sistema circulatório ou sistema cardiovascular, que é formado por uma rede de artérias, veias e capilares que se conectam a nossa bomba propulsora: o coração. Fatores relacionados ao estilo de vida, como obesidade, sedentarismo, hábitos alimentares inadequados e, principalmente, o consumo de tabaco atuam diretamente na circulação, causando prejuízos muitas vezes, irreversíveis ou com causas de mortalidade. Tabagismo e DPOC Atenção Segundo Menezes et al. (2002), em 2030, o tabagismo deverá ser a maior causa isolada de morte, chegando ao número de 10 milhões de mortes por ano, sendo o maior responsável por câncer de pulmão, enfisema, bronquite, cardiopatias, problemas vasculares e outras doenças. Fumantes apresentam um risco de 10 a 14 vezes maior de morte por DPOC. Quando a fumaça do cigarro e derivados do tabaco é inalada, os pulmões são expostos a altas concentrações de agentes nocivos que danificam o epitélio das vias aéreas; a fumaça, que atinge os brônquios, causa edema e inflamação da mucosa, ocasionando o enfisema pulmonar. Essas injúrias prejudicam a circulação, danificando vários órgãos do corpo humano e diminuindo a qualidade e o tempo de vida do indivíduo (MEIRELLES, 2009). As comorbidades presentes na maioria dos idosos aliadas ao consumo de tabaco durante a vida, seja de forma passiva, seja ativa, levam a um quadro incapacitante na terceira fase da vida, com episódios de falta de ar e hospitalização frequente por conta da necessidade do sistema de oxigenação e aplicação de bronco dilatadores. Planejar com cuidado a prevenção e a atuação conjunta em diversas frentes proporciona o conhecimento necessário para atuar no controle dessas doenças, buscando um ambiente acolhedor para o idoso e diminuindo o desconforto comum a essa fase da vida. Vamos Exercitar? Considerando a influência dos fatores de risco, é fundamental abordar a necessidade de profissionais, especialmente da área da saúde e da educação, na conscientização individual e familiar. A prevenção é destacada como a aliada principal para garantir qualidade de vida e evitar hospitalizações desnecessárias. Sendo assim, espera-se que a abordagem multidisciplinar, com foco nas áreas de educação e saúde, resulte em uma conscientização efetiva, promovendo mudanças de hábitos e prevenindoo desenvolvimento e agravamento de doenças. A atuação conjunta de profissionais da saúde e educação visa criar um ambiente acolhedor e minimizar desconfortos associados à terceira idade. Saiba Mais Estudante, para aprender um pouco mais sobre o conteúdo estudado, convidamos você a assistir aos vídeos a seguir e aprimorar seus conhecimentos: Quais os sintomas e causas da trombose? – Neste vídeo, o dr. Vitor C. Gornati ensina o que vem a ser a trombose, quais são suas causas, característica e sintomas. O que é pressão alta? – Essa doença é uma das principais causas de infarto e acidente vascular cerebral no mundo todo. Para saber mais detalhes sobre a enfermidade, assista mais um capítulo do "Saúde em 90 Segundos", com a presença do cardiologista José Luiz Aziz, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Circulação sanguínea – Neste vídeo você irá aprender sobre um dos sistemas mais importantes do corpo humano: o sistema circulatório. Referências Bibliográficas DIETRICH, A. R. et al. Epidemiologia da trombose venosa profunda (TVP) em pacientes internados no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. São Paulo: [s. n.], 2004. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/sms-2769. Acesso em: 09 nov. 2023. MAIA, V. N. et al. Trombectomia fármaco-mecânica e angioplastia venosa em caso de trombose ilíaco-femoral associada a síndrome de May-Thurner (Cockett). Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 17-19, jan./mar. 2019. Disponível em: http://sbacvrj.com.br/novo/wp-content/uploads/2019/04/Revista_Jan- Mar_2019_sbacvrj_online.pdf. Acesso em: 09 nov. 2023. MENEZES, A. M. B. et al. Risco de câncer de pulmão, laringe e esôfago atribuível ao fumo. Revista de Saúde Pública, [S. l.], v. 36, n. 2, p. 129-134, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/dKHRhQMkKfPb3rJkY6H6TPC/? format=pdf&lang=pt. Acesso em 09 nov. 2023. MEIRELES, R. H. S. Tabagismo e DPOC – dependência e doença – fato consumado. Pulmão RJ – Atualizações temáticas, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 13-19, 2009. Disponível em: http://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2009/atualizacoes- tematicas/tabagismo-e-dpoc.pdf. Acesso em: 09 nov. 2023. PIATI, P. K. et al. Análise do grau de recanalização da trombose venosa profunda: estudo comparativo de pacientes tratados com varfarina versus rivaroxabana. Jornal Vascular Brasileiro, [S. l.], v. 18, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jvb/a/yv5nz3sjVvwYfFXvBtM7zns/?lang=pt. Acesso em: 09 nov. 2023. ROCHA, J. A. O envelhecimento humano e seus aspectos psicossociais. Revista Farol, Rolim de Moura, v. 6, n. 6, p. 77-89, jan. 2018. Disponível em: http://revistafarol.com.br/index.php/farol/article/view/113. Acesso em: 09 nov. 2023. SOUZA, J. A. G. de; IGLESIAS, A. C. R. G. Trauma no idoso. Revista da Associação Médica Brasileira, [S. l.], v. 48, n. 1, p. 79-86, mar. 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/q9KMLTyd8Wj5xsXG8CLgMMr/? format=pdf&lang=pt. Acesso em: 09 nov. 2023. Aula 2 PENSAMENTO MULTIDISCIPLINAR NAS ALTERAÇÕES DIGESTIVAS, URINÁRIAS E HEMATOLÓGICAS Pensamento multidisciplinar nas alterações digestivas, urinárias e hematológicas Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante. O pensamento multidisciplinar para o envelhecimento exige habilidades para uma comunicação eficaz. O universo da medicina é amplo e rico, o que requer a busca de conhecimentos sobre diversos assuntos a fim de se interagir com seus pares e buscar soluções. Continuando a atuação multidisciplinar nas patologias, abordaremos as principais alterações do sistema digestivo, urinário e hematológico, tendo a busca do conhecimento como um diferencial para o profissional que quer se destacar no meio em que atua. Saber correlacionar as informações e ativar as frentes necessárias é importante para traçar um plano de ação e atuação que atinja o objetivo: a satisfação do cliente e o reconhecimento do seu trabalho. Nesta mesma ILPI que você trabalha a equipe diretora está pensando em realizar reformas estruturais no prédio em decorrência das comorbidades relacionadas à idade que os pacientes apresentam. As queixas são variadas, englobando sintomas como dor no estômago, devido à ingestão de medicamentos; intestino preso ou diarreia; sensação de estômago cheio; azia; e dores em geral. As dificuldades com pacientes com incontinência urinária vão desde a dificuldade de locomoção até o uso de fraldas geriátricas. Alguns pacientes fazem tratamento oncológico, demandando cuidados específicos. Diante desse cenário, solicitaram a sua ajuda na organização e levantamento de dados referentes a esta reforma. Como você poderia colaborar, juntamente com a equipe, para encontrar soluções que pudessem atender esses idosos? Vamos lá, foco nos estudos e determinação, pois assim você atingirá seus objetivos! Bons estudos! Vamos Começar! Úlcera péptica, constipação, câncer de estômago e intestino Iniciaremos nossa aula relembrando o sistema digestório e algumas patologias que afetam esse sistema na terceira idade. Nosso sistema digestivo é formado por: Cavidade oral. Faringe. Esôfago. Estômago. Intestino delgado. Intestino grosso. Reto. Ânus. A digestão começa na boca, por meio da trituração dos alimentos pelos dentes e pela enzima amilase presente na saliva. A língua participa do processo digestivo formando e empurrando o bolo alimentar para a faringe; da faringe, o alimento segue para o estômago por meio dos movimentos peristálticos (contração dos músculos presentes no esôfago); e no estômago, o bolo alimentar sofre a ação do suco gástrico e se transforma em quimo. No intestino delgado, ocorre a absorção dos nutrientes presentes no alimento ingerido, e o residual vai para o intestino grosso, onde formam-se as fezes, que são eliminadas através do ânus. FIGURA 01: Sistema digestivo - Fonte: Pixabay. As alterações do sistema digestivo em idosos começam na juventude e estão relacionadas à higiene oral, ao cuidado com os dentes, limpeza da aparelhos ortodônticos e língua, alimentação, consumo ou não de tabaco, álcool e medicamentos. Os hábitos diários determinarão o que chamamos de fatores extrínsecos ou externos que causam patologias no sistema digestivo. São exemplos: microrganismos patogênicos (bactérias, fungos, parasitas) presentes nos alimentos ou em superfícies contaminadas, como a bactéria H. pilory, que é uma das responsáveis pela gastrite. Os fatores intrínsecos ou internos são de ordem genética, como alguns tipos de câncer. As infecções são comuns na terceira idade, e a redução da imunidade, devido às comorbidades, potencializa os efeitos de doenças facilmente combatidas pelo sistema imunológico na fase da juventude e meia idade. A seguir, abordaremos as principais patologias relacionadas ao sistema digestivo que acometem idosos. Úlcera péptica: A úlcera péptica é causada por uso de medicamentos ou pela bactéria Helicobacter pilory, em que se forma uma erosão na parede do estômago, desencadeando sintomas que incluem dor epigástrica, azia e sensação de peso. O diagnóstico é fechado por meio da endoscopia, que detecta, também, a bactéria H. pilory. O tratamento consiste em antibióticos para erradicar a H. pilory, medicamentos para controlar a acidez do estômago, redução do estresse, modificação da dieta, abandono do tabagismo e repouso. Constipação: A constipação é o chamado intestino preso, com eliminação reduzida, dificultada ou impossibilitada das fezes. Os sintomas envolvem o abdômen distendido, dor abdominal, flatulência e dor ao evacuar. O paciente é orientado a ingerir alimentos ricos em fibras, água em abundância e fazer caminhadas para facilitar o trato digestivo. O uso de laxantes não é recomendado, uma vez que prejudica o funcionamento normal do intestino, mas em casos extremos,pode haver indicação médica. Câncer de estômago e intestino: O câncer é uma mutação genética e a proliferação de células anormais que invadem os tecidos, formando tumores. Essas células podem acessar os vasos sanguíneos e linfáticos e migrar para vários órgãos do corpo, e a esse processo damos o nome de metástase. O câncer de estômago é causado por processos multifatoriais ligados à nutrição inadequada, presença da bactéria H. pilory ou fatores genéticos. Mas, e o câncer no intestino? A incidência maior é no intestino grosso; geralmente, desenvolve-se por meio de pólipos benignos, sendo que a retirada desse pólipo minimiza a probabilidade de câncer. Para tanto, é realizado um exame histológico do pólipo para verificar indícios de malignidade. Já o câncer no intestino delgado é raro, sendo o adenocarcinoma o mais frequente, e a probabilidade de desenvolvimento é maior em portadores da doença de Crohn (doença inflamatória do trato gastrointestinal). Em ambos os casos, o paciente precisa ser acompanhado pelo médico anualmente, repetindo exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes. Sangue nas fezes é um sintoma comum, mas o câncer pode, ocasionalmente, bloquear o intestino, causando fortes cólicas abdominais e vômitos. Siga em Frente... Incontinência urinária e infecções do trato urinário O sistema urinário é constituído por 2 rins, 2 ureteres, 1 uretra e 1 bexiga. Os rins são responsáveis por filtrar o sangue e formar a urina, regular a pressão arterial, controlar o pH do sangue, excretar metabólitos dos medicamentos e produzir alguns hormônios. Por meio de movimentos peristálticos, os ureteres transportam a urina dos rins para a bexiga, que armazena a urina até a excreção. Incontinência urinária: Na incontinência urinária, o indivíduo não consegue segurar a micção e há perda involuntária da urina. Existem vários tipos de incontinência urinária, entre elas: o Síndrome da bexiga hiperativa ou incontinência urinária de urgência. o Incontinência urinária de esforço (perda de urina quando a pessoa tosse ou se exercita). o Incontinência mista (associa os dois tipos de incontinência citados anteriormente). o Incontinência por regurgitação ou transbordamento (distensão progressiva do órgão e perda da capacidade de contração). o Incontinência funcional (pode ocorrer mesmo quando o sistema urinário consegue funcionar de forma correta, mas trata-se do resultado das circunstâncias que minimizam a noção da necessidade de urinar ou mesmo que interrompem a chegada até o banheiro a tempo de se despir, exemplificando o que ocorre nas condições de afecções musculoesqueléticas, doenças neurodegenerativas ou alterações cognitivas). Suas causas podem estar relacionadas a partos naturais na mulher multípara, resultante do enfraquecimento da musculatura pélvica; a fatores neurológicos, comuns em pacientes que sofreram AVC; à doença de Parkinson; à demência; e a alterações do trato urinário relacionadas com a idade. Infecção urinária: A infecção urinária é causada por microrganismos presentes nas fezes (ex.: bactéria gram negativa E. coli), no sangue ou em cateter vesical em pacientes com sonda. Na mulher, a prevalência é maior, porque a uretra feminina é mais curta e localizada próxima ao ânus. Os sintomas são: dor durante a micção e dificuldade para reter a urina. O diagnóstico é realizado por meio do exame de urina simples ou do antibiograma, que pode detectar a resistência das bactérias a determinados medicamentos e indicar qual medicamento será eficaz para combater a infecção. Pielonefrites: Infecções urinária não tratadas, tratadas incorretamente ou em pacientes com deficiência imunológica podem evoluir para pielonefrite, que consiste na infecção dos rins, com risco de evoluir para sepse e infecção generalizada no organismo. O uso de antibióticos sem controle médico pode causar recidivas de infecção urinária devido à resistência que os microrganismos desenvolvem aos medicamentos. Pacientes idosos são mais propensos a infecções e à incontinência urinária devido ao uso de fraldas geriátricas, dificuldades com a higiene da uretra, problemas neurológicos, uso de medicamentos diuréticos e deficiência imunológica por conta das comorbidades. Anemia, leucemia, linfoma Sabemos que as células do sangue são produzidas na medula óssea e divididas em três componentes: células vermelhas, células brancas e plaquetas. As células vermelhas ou glóbulos vermelhos são as hemácias, responsáveis por transportar o oxigênio dos pulmões para os órgãos e retirar o gás carbônico que será eliminado pelo pulmão. As células brancas ou leucócitos são as células de defesa divididas em: neutrófilo, monócito, eosinófilo e basófilo. As ATENÇÃO Observações sobre nossos idosos: a dificuldade de locomoção é outro fator que interfere muito na independência. A mobilidade reduzida não permite um percurso rápido até o banheiro, além disso, segurar a urina e se sentar no vaso sanitário é um tormento, trazendo constrangimento e frustração para a pessoa idosa. Diante disso, é importante a adaptação dos espaços para manter a dignidade inerente a esse público enquanto for possível, haja vista que o processo da velhice é degenerativo e inevitável. plaquetas são responsáveis pela coagulação, e elas formam o coágulo para fechar o ferimento. Vamos, aqui, apresentar as patologias relacionadas ao sangue. Anemia: A anemia é uma deficiência na produção dos glóbulos vermelhos (hemácias) ou a redução da concentração da hemoglobina presente nos mesmos. As hemácias transportam o oxigênio; a hemoglobina é um pigmento presente nas hemácias; e o resultado da redução da concentração de hemoglobina leva à falta de oxigênio no corpo, causando fraqueza, cansaço, tontura, dor nos membros inferiores. O hemograma é o primeiro exame solicitado para investigação de distúrbios sanguíneos. Tipos de anemia: o Anemia ferropriva: quando há deficiência de ferro na alimentação ou grandes perdas de sangue. o Anemia falciforme: quando as hemácias adquirem forma de foice. o Talassemia: quando há deficiência na produção de hemoglobina. o Megaloblástica: provocada pela falta de vitamina B12. o Aplástica: a medula óssea não produz sangue o suficiente. A dieta pobre em vitaminas e os problemas intestinais interferem na absorção de nutrientes, como a alimentação pobre em vitaminas com a B12. Leucemia: Na leucemia, as células jovens do sangue sofrem alterações no material genético, transformando-se em células cancerosas, que se multiplicam ou vivem mais que as células saudáveis, prejudicando sua produção. A partir daí, uma cascata de acontecimentos se segue: com a deficiência da produção de células saudáveis, os componentes do sangue são reduzidos, resultando em anemia com sangramentos, geralmente no nariz e gengivas, e hematomas distribuídos pelo corpo, por falta das plaquetas responsáveis pela coagulação e baixa na imunidade decorrente da queda dos glóbulos brancos. As leucemias são classificadas, em relação à cronicidade, em agudas e crônicas. Leucemia crônica: Na leucemia crônica, os sintomas demoram a se apresentar e a mutação acontece nas células maduras. Aos sintomas da leucemia aguda, são acrescentados a febre, o aumento do baço e a perda de peso. Além disso, ela também é dividida em LLC (leucemia linfocítica crônica) e LMC (leucemia mieloide crônica). Linfomas: Os linfomas são neoplasias das células de origem linfoide. Geralmente, começam a se formar nos linfonodos e são diferenciados em linfoma de Hodkins e linfoma não Hodkins. O linfoma de Hodkins tem início em um único linfonodo e dissemina-se no sistema linfático. O aumento indolor do linfonodo é o primeiro sintoma, seguido de prurido intenso. Com a evolução, os órgãos são comprimidos pelo tumor, o paciente tem tosse, derrame pleural, icterícia, dor abdominal, dor óssea, infecções com febre, sudorese e perda de peso. O tratamento envolve a quimioterapia seguida de radioterapia, oferecendo grandes chances de remissão, mesmo quando há recidivas. Nolinfoma não Hodkins, as células malignas estão presentes em todo o tecido linfoide e disseminam-se de forma imprevisível, sem localização definida. No estágio I e II da doença, os sintomas são mínimos, frente a isso, a doença só é diagnosticada nos estágios III ou IV, quando a linfadenopatia aparece e pode comprometer a função de vários órgãos. O tratamento dependerá das funções hepáticas, cardíacas e renais do paciente e da presença de outras comorbidades relacionadas à idade. Vamos Exercitar? Estamos diante de uma ILPI que está com vários idosos com diferentes comorbidades referentes à idade. Diante deste quadro, a equipe solicita seu apoio para pensar em soluções físicas para adequação do prédio. Assim sendo, frente a essas necessidades, será necessário, primeiramente, acionar uma equipe multidisciplinar para que seja realizada uma triagem a fim de conseguir identificar e separar os pacientes em grupos com similaridade, após, seria interessante o apoio de um engenheiro para verificar a infraestrutura e propor soluções que otimizem o fluxo de pacientes. Exemplo: pacientes que não conseguem se locomover precisam ter acesso rápido e seguro aos banheiros. Desta forma, os pacientes teriam suas necessidades atendidas de uma maneira mais efetiva e os profissionais conseguiriam atendê-los com mais agilidade. Saiba Mais Estudante, para aprender um pouco mais sobre o conteúdo estudado, convidamos você a acessar os links abaixo e aprimorar seus conhecimentos: Para mais informações sobre o câncer de estômago e intestino, sintomas, prevenção e tratamento, acesse o site do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Sobre uma ótica diferente do dia a dia de uma boa instituição para idosos, assista ao vídeo “Veja quais são os direitos e como é a rotina dos idosos nos asilos”. A Incontinência Urinária é uma das síndromes geriátricas mais importantes, pois afeta significativamente a vida dos idosos, influenciando sua qualidade de vida. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo “Interferências e repercussões da incontinência urinária na vida dos idosos”, de Luciane Cegati de Souza e colaboradores. Referências Bibliográficas MINHHUYEN, N. Câncer de intestino delgado. 2021. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/distúrbios- digestivos/tumores-do-sistemadigestivo/câncer-de-intestino-delgado. Acesso em: 11 nov. 2023. REIS, R. B. dos et al. Incontinência urinária no idoso. Acta Cirúrgica Brasileira, [S. l], v. 18, n. 5, p. 47-51, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/acb/a/JqVGTGKvG7Xp6JPfMqnvJ6q/abstract/ ?lang=pt#. Acesso em: 11 nov. 2023. SILVA, E. V. da et al. Fatores preponderantes para o desenvolvimento do câncer de estômago. Caderno de Graduação, Ciências Biológicas e da Saúde, Alagoas, v. 6, n. 2, p. 167- 176, out. 2020. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/fitsbiosaude/article/view/7677. Acesso em: 11 nov. 2023. SILVA, F. C. da. Neoplasias hematológicas no idoso: uma revisão. Revista Saúde Integrada, Santo Angelo, v. 8, n. 15-16, p. 1-13, 2015. Disponível em: https://core.ac.uk/reader/229765171. Acesso em: 11 nov. 2023. SMELTZER SC, B. B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. v. I e II. Aula 3 PENSAMENTO MULTIDISCIPLINAR NAS ALTERAÇÕES DOS SISTEMAS: NERVOSO, ENDÓCRINO Pensamento multidisciplinar nas alterações dos sistemas: nervoso, endócrino Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Nesta aula, vamos estudar as principais patologias do sistema nervoso que acometem o cérebro e o sistema nervoso central: as chamadas doenças neurodegenerativas, que são responsáveis pela decadência na qualidade de vida dos nossos idosos e familiares, com efeitos devastadores, limitantes e extenuantes. O conhecimento nos leva à reflexão do nosso papel enquanto agentes promotores de uma qualidade de vida melhor e de como atenuar as consequências dessas doenças geriátricas. As síndromes metabólicas, como a diabetes, serão abordadas com a obesidade e a desidratação, haja vista que a diabetes é primária e a desidratação uma consequência dessa patologia. Além disso, conversaremos também sobre as patologias tireoidianas, que são aquelas relacionadas à produção de hormônios (seja em excesso ou em falta). Assim, o objetivo aqui é levar o conhecimento básico dessas patologias que você provavelmente encontrará no exercício da sua profissão e, desta forma, conseguir alimentar a sua bagagem de conhecimento para uma atuação plena. Para tanto, partiremos da seguinte contextualização: imagine que você é um cuidador de idosos e que está cuidando de uma senhora em sua residência. Ela, por sua vez, apresenta um quadro de tontura com perda de equilíbrio, confusão mental, dificuldade de fala e parestesia. Você, então, aciona o SAMU e ela é encaminhada ao pronto-socorro. Na emergência, a senhora é submetida a anamnese e apresenta sinais vitais normais; em seguida, é realizada uma tomografia cerebral e constatado que ela se encontra bem, sem alterações estruturais. Após umas duas horas, a paciente apresenta suas funções cognitivas e motoras normalizadas. E agora, o que ela apresentou? Esses sintomas são característicos de qual evento? O que deve ser feito com a paciente a título de prevenção? Bons estudos! Vamos Começar! Demência vascular, Alzheimer, doença de Parkinson O sistema nervoso é fundamental para o funcionamento do nosso organismo, sendo responsável por diversas funções, sendo assim, quando há um comprometimento desse sistema, automaticamente vários dos comandos enviados para o nosso corpo são alterados, causando limitação ou incapacidade de movimentos (ataxias; plegias; paresias) e das funções mentais (demências). Então, vamos nos concentrar agora em alguns desses temas que são de extrema relevância: Demência: É um termo abrangente que descreve um conjunto de sintomas relacionados ao declínio cognitivo, o que pode afetar a memória, o raciocínio, a linguagem e outras habilidades mentais necessárias para realizar atividades diárias. A demência é causada por danos ou perda de células nervosas e suas conexões no cérebro. Essas mudanças no cérebro podem interferir com a capacidade da pessoa de pensar claramente, se comunicar efetivamente e realizar atividades normais. A demência altera as funções cognitivas, funcionais e comportamentais, culminando na incapacidade motora e cognitiva. Com um início sutil, evolui para efeitos devastadores. Demência vascular, Alzheimer e doença de Parkinson são classificadas, na ordem das demências, como exemplos de patologias neurodegenerativas que afetam os neurônios, que são o alicerce do sistema nervoso e estão divididos em: Sensoriais, que recebem estímulos e os enviam para o sistema nervoso central. Motores, que conduzem impulsos do sistema nervoso central para o organismo. Já os interneurônios são responsáveis por fazer a conexão entre um neurônio e outro. A similaridade entre as demências é a evolução para o estado semi ou completamente vegetativo, com declínio cognitivo, motor e nervoso, incapacitando ou prejudicando a atuação do indivíduo em exercer atividades complexas e básicas. O diagnóstico prévio é importante para assistir a esses pacientes, para que a qualidade de vida seja a melhor possível. Demência vascular: A demência vascular é um tipo de demência causado por danos nos vasos sanguíneos que fornecem sangue ao cérebro. Esses danos podem resultar de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ou de outros problemas que afetam os vasos sanguíneos e a circulação cerebral. A demência vascular é a segunda causa mais comum de demência, após a doença de Alzheimer. A demência vascular causa perda de memória em idosos que sofreram acidente vascular ou múltiplos infartos no cérebro, patologias que ocluem os vasos encefálicos e que são mais comuns em pessoas que apresentam comorbidades,como a obesidade ou a diabetes. De início lento, afeta, primeiro, a função executiva, ocorrendo um declínio nas habilidades que denotam atenção, controle, flexibilidade, decisão e execução. Com a progressão da doença, a marcha é prejudicada e outros sintomas aparecem, como paralisia ou dormência de um lado do corpo (hemiplegia), fraqueza muscular, dificuldade na fala (afasia) e alterações do humor. Doença de Alzheimer: Descoberta em 1907 pelo neurologista alemão Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, resultando em perda gradual de funções cognitivas, como memória, raciocínio, linguagem e habilidades de tomada de decisão. É a forma mais comum de demência em idosos. O declínio cognitivo é o principal sintoma, com perda da memória, confusão mental, perda da noção espacial, incapacidade de autocuidado e incapacidade de compreender situações. Trata- se de algo devastador para o paciente, que perde sua identidade, e para os familiares, que acompanham um período em que desaparecem da memória do ente querido. Os sintomas da doença de Alzheimer começam de maneira leve e aumentam gradualmente em gravidade à medida que a doença avança. Os sinais comuns incluem: perda de memória (com esquecimento de informações recentes e dificuldade em lembrar eventos recentes); dificuldade de concentração e raciocínio (dificuldade em tomar decisões, resolver problemas e realizar tarefas familiares); desorientação no tempo e no espaço (perda de noção de datas, estações ou locais); problemas de linguagem (dificuldade em encontrar as palavras certas, repetição de frases ou dificuldade em entender a linguagem); mudanças de humor e personalidade (variações no humor, comportamento apático ou agressivo); dificuldade em realizar tarefas cotidianas (dificuldade em realizar tarefas diárias, como se vestir ou preparar refeições). Parkinson: Outro distúrbio neurológico progressivo e com sintomas sensitivos e motores é a doença de Parkinson, cujos sintomas costumam aparecer aos cinquenta anos. Caracterizado como um distúrbio neurodegenerativo crônico que afeta o sistema nervoso central, traz problemas motores, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos) e instabilidade postural, apresentando uma evolução prolongada. Esses sintomas resultam da degeneração progressiva de células nervosas na parte do cérebro que controla o movimento, conhecida como substância negra. Na doença de Parkinson, os níveis de dopamina (neurotransmissor responsável por levar informações para várias partes do corpo) caem, levando a um desequilíbrio que afeta o movimento voluntário. O tratamento é direcionado para o controle dos sintomas e preservação da independência funcional do paciente. Acidente vascular encefálico O acidente vascular encefálico (AVE) é o principal distúrbio vascular cerebral que pode resultar em incapacidade grave e a longo prazo. Apenas 50 a 70% das pessoas que sobrevivem a um AVE voltam a ter independência nas atividades diárias. O acidente vascular isquêmico é o de maior incidência, com oclusão vascular significativa, mas há também o acidente vascular hemorrágico, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro pela ruptura de um vaso. Acidente vascular isquêmico: Também conhecido como derrame cerebral isquêmico, é uma condição médica em que há uma diminuição do suprimento sanguíneo para uma parte do cérebro, resultando em danos aos tecidos cerebrais devido à falta de oxigênio e nutrientes. Esse tipo de AVC é causado por um bloqueio ou obstrução em uma artéria cerebral, que pode ocorrer devido a um coágulo sanguíneo ou um acúmulo de placa nas artérias. Nesta patologia, o fluxo sanguíneo é interrompido, os sintomas se apresentam como dormência em um lado do corpo, confusão mental, distúrbios visuais, tonturas, perda do equilíbrio, dificuldade para falar, andar e dor de cabeça súbita e intensa. O acidente vascular isquêmico pode causar danos neurológicos a depender da localização da lesão, de quais vasos foram obstruídos e de qual hemisfério do cérebro foi acometido. Além disso, pode apresentar sequelas tanto temporárias como permanentes, que podem ser: Alterações motoras, como a hemiplegia, (paralisia de um lado do corpo); a hemiparesia (fraqueza de um lado do corpo, sendo mais comum nos membros superiores, com diminuição da capacidade de prensar e manipular objetos); e a apraxia (incapacidade de realizar uma ação que já foi aprendida). Alterações de comunicação, com quadros de disartria e afasia, que se manifestam pela dificuldade de falar. Distúrbios visuais, podendo se manifestar por hemianopsia, que é a perda da metade do campo visual, e por alterações da visão espacial, que é a percepção da relação entre dois ou mais objetos. Comprometimento cognitivo, podendo se manifestar pela dificuldade de aprender, atenção reduzida, dificuldade de compreensão, esquecimento. Alterações psicológicas, que podem se manifestar por desmotivação, depressão e mudanças do humor com hostilidade, frustração, ressentimento e falta de cooperação. Acidente vascular hemorrágico: ocorre quando há sangramento dentro ou ao redor do cérebro. Esse tipo de acidente vascular cerebral (AVC) é menos comum do que o acidente vascular isquêmico, mas é potencialmente mais grave devido ao sangramento que pode danificar diretamente as células cerebrais, sendo assim, o diferentemente do acidente vascular isquêmico, em que o fluxo sanguíneo é interrompido dentro do vaso, o acidente vascular hemorrágico é causado pelo sangramento dentro do tecido cerebral, por ruptura de vasos. Ele pode ocorrer em pacientes com hipertensão, aterosclerose cerebral, tumores cerebrais ou uso de certos medicamentos e drogas ilícitas. Os sintomas e sequelas são similares aos do AVE isquêmico, mas acontece o extravasamento do sangue para o cérebro através do rompimento de um vaso sanguíneo, enquanto no AVE isquêmico o fluxo é interrompido dentro do vaso. Se houver sangramento severo, o paciente poderá evoluir para óbito. Acidente isquêmico transitório (AIT): Caracteriza-se por um episódio temporário de déficit neurológico focal causado por uma interrupção temporária do fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro. Embora os sintomas de um AIT sejam semelhantes aos de um acidente vascular cerebral (AVC), a principal diferença é que, no AIT, os sintomas geralmente desaparecem em um curto período, geralmente dentro de uma hora. No entanto, mesmo que os sintomas desapareçam, um AIT ainda é uma condição médica séria e indica um risco aumentado de um AVC futuro. Desta forma, o AIT ocasiona uma perda súbita da função motora, sensorial ou visual resultante de uma isquemia temporária para uma região específica do cérebro. O paciente apresenta sintomas de AVE, faz uma tomografia que não apresenta alterações, os sintomas passam em uma hora, mais ou menos, e isso pode servir como um alerta para um acidente vascular iminente. Uma investigação mais detalhada é necessária com a realização de exames como eletrocardiograma, ultrassonografia das carótidas, angiorressonância e ressonância nuclear magnética. Siga em Frente... ASSIMILE A prevenção ainda é a melhor aliada no caso das doenças neurodegenerativas! Ela envolve uma abordagem abrangente que inclui hábitos de vida saudáveis, gestão de fatores de risco e práticas que promovem a saúde do cérebro. Renunciar ao tabaco, praticar atividades físicas, ter uma alimentação saudável e controlar a pressão arterial e os níveis de glicemia reduzem o risco de se apresentar alguma dessas doenças. É importante observar que, embora essas práticas possam contribuir para a prevenção, não há garantia de evitar completamente as doenças neurodegenerativas, pois fatores genéticos também desempenham um papel significativo. Consultar um profissional de saúde para orientações personalizadas é sempre recomendado. Diabetes mellitus, desidratação, hipotireoidismo, hipertireoidismo, obesidade Diabetes mellitus (DM), desidratação e obesidade: O diabetes é uma condiçãovamos pensar na seguinte situação: O HIPERDIA é um sistema informatizado destinado ao cadastro e acompanhamento de usuários da rede ambulatorial do SUS (Sistema Único de Saúde) para portadores de hipertensão arterial e diabetes. Esse sistema permite a geração de dados e informações para facilitar o acesso aos tratamentos disponíveis na rede para essas doenças crônicas. Como ferramenta de gestão, o sistema permite a orientação dos gestores públicos para adoção de estratégias e ações em saúde, entre outros benefícios (DATASUS, 2021). Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você está em uma Unidade Básica de Saúde junto com uma equipe multidisciplinar realizando atendimentos a um grupo de idosos do seu município cadastrados no HIPERDIA. Na sala de acolhimento você foi abordado por um idoso que afirmava que o registro de sua altura na ficha de atendimento estava incorreto. A altura registrada é 1,55 m e o idoso afirma que altura dele é 1,60 m, pois se lembra com clareza que essa é altura mínima estipulada para ingressar na carreira militar e ele foi militar em grande parte de sua vida. Ao reavaliar o idoso você confirmou que a altura registrada na ficha estava de fato correta. Com base no que você aprendeu ao longo desta aula, responda aos seguintes questionamentos: considerando a indagação do idoso, o que justificaria a divergência em relação à sua altura? Quais outras alterações fisiológicas podem ocorrer durante o processo de envelhecimento? Vamos descrever algumas alterações que se enquadram nos processos de senescência e senilidade? Nesta aula trabalharemos juntos o processo fisiológico do envelhecimento e sua associação com comorbidades que são tão comuns nessa fase da vida. Vamos começar? Bons estudos! Vamos Começar! FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO EXPLORANDO AS FASES DA VIDA: O ser humano, assim como todo ser vivo, passa por fases ou estágios do ciclo vital. No decurso natural da vida todos enfrentam um processo contínuo em que nascem, crescem, se desenvolvem, envelhecem e, por fim, morrem. Em cada ciclo da vida compomos a nossa história, baseada em experiências negativas e positivas, que refletirão diretamente no modo como envelhecemos. A infância é a primeira fase da vida. De acordo com a legislação brasileira, ela é iniciada imediatamente após o nascimento e vai até 12 anos de idade. Durante essa fase ocorrem inúmeras transformações físicas, psicológicas e sociais, que podem ser diretamente influenciadas pela cultura, valores e crenças presentes no contexto que permeia a vida da criança. Logo em seguida estabelece-se a adolescência, que se estende até 18 anos de idade, fase marcada por importantes transformações biopsicossociais, em que a puberdade passa a ser um fenômeno importante e que evolui de forma distinta entre meninos e meninas. Na sequência, temos a fase adulta, marcada por responsabilidades e independência. É geralmente nessa fase que o indivíduo constitui sua própria família. No Brasil, a fase idosa tem início a partir dos 60 anos de idade, estendendo-se até o fim da vida. As transformações que ocorrem nessa fase têm íntima relação com as experiências vividas nas fases anteriores. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO O processo de envelhecimento é irreversível. Nele, alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas vão modificando pouco a pouco o organismo. Começamos a envelhecer a partir do momento em que nascemos, no entanto, considerando os aspectos bio- funcionais, muitos autores afirmam que os primeiros sinais ocorrem na segunda década de vida, sendo impossível interromper o seu curso. O envelhecer natural está conectado à aptidão do organismo em adaptar-se às determinações e hostilidades do meio ambiente. Cada pessoa envelhece de maneira particular e individualizada, estando sujeita a variáveis como sexo, ambiente, estilo de vida, alimentação e experiências vivenciadas. Apesar disso, algumas características são comuns a todos os indivíduos. Figura 1: O envelhecimento - Fonte: Pixabay. O envelhecimento fisiológico abrange uma gama de modificações orgânicas que decorrem exclusivamente dos efeitos do avanço da idade sobre o organismo, fazendo com que este comece a fracassar em manter o equilíbrio homeostático e suas funções fisiológicas. Como o envelhecimento se dá de forma gradativa, é imprescindível que essa temática seja abordada antes da fase idosa, uma vez que ele reflete as experiências vividas nas fases anteriores. Apesar de não ser possível interromper o envelhecimento, podemos retardá-lo favorecendo cada vez mais um envelhecimento ativo e saudável. SENESCÊNCIA E SENILIDADE O aumento quantitativo de idosos trouxe inúmeras consequências para a sociedade e para os indivíduos que fazem parte deste grupo etário. Esse cenário justifica a busca que vem ocorrendo no campo científico pelos determinantes das condições de saúde e de vida dos idosos e pelo conhecimento das múltiplas facetas que permeiam a velhice e o envelhecimento. Os fatores biológicos e fisiológicos têm extrema relevância no envelhecimento, mas é imperativo reconhecer a importância dos problemas ambientais, psicológicos, sociais, culturais e econômicos que pesam sobre o idoso, evidenciando a visão global e integral do envelhecimento, enquanto processo e, do idoso, enquanto ser humano. No estudo do envelhecimento se faz necessária a compreensão de algumas terminologias da área. Os termos “velho” e “velha” são amplamente difundidos e utilizados mundo afora. No Brasil, esses ASSIMILE Envelhecer é natural, é fisiológico e não deve ser considerado como sinônimo de doença. No entanto é uma fase que carrega consigo diversas modificações que podem colocar o indivíduo em situação de vulnerabilidade. Por conta dos riscos que a fase idosa carrega, esse público carece de um olhar atencioso por parte dos profissionais de saúde, tendo em vista a maior suscetibilidade para o desenvolvimento de enfermidades. termos acabam ganhando implicação culturalmente negativa, uma vez que temos o hábito de descartar tudo que é velho, certo? Siga em Frente... A geriatria e a gerontologia são áreas profissionais que lidam diretamente com o idoso. A gerontologia é a área da ciência que estuda o envelhecimento em seus aspectos biopsicossociais. Tem caráter multidisciplinar e interdisciplinar, que visa descrever e explicar o processo de envelhecimento no intuito de prevenir e interferir na melhora da qualidade de vida possível nessa fase. Compõem essa área profissionais de diversas formações de ensino superior, como psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais. A geriatria é uma especialização médica que inclina esforços sobre os aspectos clínicos do envelhecimento e sobre os cuidados em saúde indispensáveis às pessoas idosas. É um campo específico que visa otimizar a capacidade funcional, elevar a qualidade de vida e autonomia dos idosos. A senescência e a senilidade são termos que fazem parte do processo de envelhecimento e que também devem ser compreendidos, pois implicam resultados diferenciados sobre a saúde do idoso. A senescência ou senectude envolve todas as modificações naturais que ocorrem no nosso organismo à medida que envelhecemos. Como exemplos de senescência temos os cabelos brancos, a diminuição da estatura, surgimento de rugas, redução do turgor da pele, restrição da marcha e lapsos de ATENÇÃO Popularmente são utilizados outros termos em substituição ao termo “velho”: é muito comum ouvirmos os termos “melhor idade”, “terceira idade”, os “jovens de ontem” etc. memória. É um evento fisiológico e, portanto, não configura doença e não provoca abreviação da vida: neste caso a morte acaba sendo um desenredo natural. A senilidade, por sua vez, acontece quando o decurso do envelhecimento é atingido por processos fisiopatológicos. São modificações que podem desenrolar-se a partir de doenças crônicas e interferências extrínsecas, como estilo de vida e ambiente. Essas alterações não são naturais do envelhecimento e podem ser iniciadas em diferentes faixas etárias. Apóscrônica caracterizada por níveis elevados de glicose (açúcar) no sangue devido a uma deficiência na produção ou na ação da insulina, um hormônio secretado pelo pâncreas. A insulina desempenha um papel crucial no metabolismo da glicose, ajudando as células a absorverem a glicose da corrente sanguínea para utilização como energia. A classificação apresentada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) divide o DM entre tipo 1 (DM 1), tipo 2 (DM 2), diabetes gestacional e outros tipos específicos. Vamos falar das mais comuns, que são o diabetes mellitus tipo 1 e 2. Desta forma, o DM é definido como uma síndrome causada por falta ou incapacidade da insulina de exercer suas funções, isso porque, ou o pâncreas não produz insulina ou não absorve de forma adequada, dividindo a patologia em duas: Diabete mellitus tipo 1: quando o pâncreas não produz insulina. Os mais afetados apresentam a doença antes dos 30 anos e a característica é que o sistema autoimune destrói as células do pâncreas responsáveis por produzir insulina. Diabetes mellitus tipo 2: quando o corpo não absorve a insulina como deveria. Na diabetes tipo 2, o corpo produz até mais insulina do que a demanda corporal necessita, mas é resistente aos seus efeitos, não atendendo às necessidades do organismo. A diabetes tipo 2 tem características hereditárias e prevalece entre os idosos, sendo desencadeada pela obesidade. Obesos retêm mais sódio no organismo, colaborando para o acúmulo de líquidos e prejudicando a circulação, causando resistência à insulina. O quadro clínico se apresenta com: aumento da micção, sede, fome, diplopia (visão dupla ou embaçada), náusea e sonolência. Com o aumento da glicemia, a micção é maior, causando desidratação, por consequência, a pessoa fica confusa e sonolenta. O diagnóstico e o controle da diabetes são feitos por meio do teste de glicemia. Assim: o Resultados acima de 99 mg/dL – indicam pré-diabetes ou tendência a diabetes; o Resultados acima de 126 mg/dL – já é um quadro de diabetes. Ainda há outros exames para diagnóstico e controle do diabetes são: Teste de intolerância à glicose. Teste de hemoglobina glicada: pode diagnosticar níveis de até 3 meses passados. Glicemia pós-prandial. Com a evolução da doença, os vasos sanguíneos sofrem estreitamento e o fluxo sanguíneo é prejudicado, podendo resultar em prejuízo para vários órgãos do corpo, como: Cérebro: AVE. Coração: ataque cardíaco. Rins: doença renal crônica. Sistema circulatório: a circulação prejudicada não atende à necessidade dos capilares, podendo causar cegueira e necrose das extremidades, principalmente dos pés. Sistema imunológico: bastante atingido, tornando as pessoas com diabetes mais propensos à infecção fúngica e bacteriana A prevenção envolve a mudança de hábitos alimentares, atividade física e, consequentemente, perda de peso. Com relação ao controle da doença, as pessoas com diabetes tipo I tomam injeções de insulina; já aquelas com diabetes tipo 2 fazem o controle, em primeiro lugar, com medicamentos via oral e, havendo necessidade, são incluídas as injeções de insulina. Um risco bastante recorrente do tratamento é a queda brusca dos níveis de glicose (hipoglicemia), mais frequente em idosos, apresentando confusão mental que pode ser confundida, pelos familiares, com demência, levando à hospitalização e a maior incidência de quedas e fraturas, devido às tonturas que esse quadro produz. Hipotireoidismo e hipertireoidismo: Hipotireoidismo e hipertireoidismo são disfunções da glândula endócrina tireoide, responsável pela secreção dos hormônios tireoidianos T4 (tiroxina) e T3 (triidotironina), sob o controle da hipófise. Esses hormônios estimulam o metabolismo e, quando alterados, produzem disfunções bastante incômodas no organismo. No hipotireoidismo, a produção de hormônios pela tireoide é baixa, já no hipertireoidismo, a produção dos hormônios é alta, podendo haver presença de nódulos. o Sintomas do hipotireoidismo: Cansaço; depressão, desânimo; prisão de ventre; frequência cardíaca baixa; sonolência; lentidão da atividade cerebral. o Sintomas de hipertireoidismo: Metabolismo hiperativo; nervosismo; insônia; arritmias cardíacas; perda de peso; tremores; o bócio (aumento da tireoide) e a exoftalmia (olhos saltados) podem acontecer. O diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para equilibrar os níveis hormonais e minimizar os sintomas associados ao hipotireoidismo e hipertireoidismo. Se a pessoa suspeitar de um problema na tireoide, é importante procurar orientação médica para avaliação e plano de tratamento adequado, mas, normalmente, o tratamento refere-se ao uso de medicamentos para controle do nível hormonal. Vamos Exercitar? Vimos hoje o quadro de uma senhora que apresentou um quadro de tontura com perda de equilíbrio, confusão mental, dificuldade de fala e parestesia. Ao chegar à emergência do pronto-socorro foi submetida a anamnese e apresentou sinais vitais normais; em seguida, foi realizada uma tomografia cerebral e constatado que ela se encontrava bem, sem alterações estruturais. Após umas duas horas, a paciente apresentou suas funções cognitivas e motoras normalizadas. Neste caso, o quadro apresentado tem sintomas de um AVE, mas, devido ao resultado da tomografia cerebral e à normalização das funções da paciente, tudo indica que ela tenha tido um AIT (acidente isquêmico transitório). Essa hipótese é bem aceita à medida que a paciente retornou ao seu estado clínico sem alterações, bem como apresentando seus sinais vitais normais e um exame de imagem inalterado. O procedimento a seguir deve ser encaminhá-la a um tratamento ambulatorial com uma equipe multidisciplinar, em especial a um setor de neurologia e cardiologia, para realização de exames aprofundados, a fim de se averiguar algum problema de saúde que possa resultar em acidente vascular encefálico isquêmico posteriormente. Saiba Mais Para aprofundar seus estudos acerca destes temas, seguem algumas indicações: A tireoide é uma glândula localizada na altura do pescoço, que produz hormônios responsáveis pelo controle do organismo, para saber mais sobre ela, acesse o vídeo “Para que serve a tireoide?” “Saber Ciência: O que são doenças neuro-degenerativas e como diagnosticá-las?” – Um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte tem estudado alternativas para diagnosticar doenças neurodegenerativas. “O que é AVC? Aprenda agora tudo sobre o AVE (Acidente Vascular Encefálico).! Referências Bibliográficas CAVACO, N. S.; ALOUCHE, S. R. Instrumentos de avaliação da função de membros superiores após acidente vascular encefálico: uma revisão sistemática. Fisioterapia e Pesquisa, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 178-183, jun. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/zm7yFTm3xsDj7HLWFmGgG9d/abstract/ ?lang=pt. Acesso em: 11 nov. 2023. MARASCHIN, J. de F. et al. Classificação do diabete melito. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [S. l.], v. 95, n. 2, p. 40-46, ago. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/TbH9VwBDzssTWbtwNg9LPhG/abstrac t/?lang=en. Acesso em: 11 nov. 2023. MIRANZI, S. de S. C. et al. Qualidade de vida de indivíduos com diabetes mellitus e hipertensão acompanhados por uma equipe de saúde da família. Texto & Contexto - Enfermagem, [S. l.], v. 17, n. 4, p. 672-679, dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/3krLMFqksrtpRy7YSJMWDVj/abstract/? lang=pt. Acesso em: 11 nov. 2023. SMELTZER SC, B. B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. v. I e II. Aula 4 PENSAMENTO MULTIDISCIPLINAR NAS ALTERAÇÕES REUMATOLÓGICAS, ÓSSEAS E SENSITIVAS Pensamento multidisciplinar nas alterações reumatológicas, ósseas e sensitivas Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! Vamos agora entender sobre algumas patologias relacionadasàs alterações reumatológicas, ósseas e sensitivas. Vamos começar tratando da artrite reumatoide, patologia que degenera as articulações do corpo, e a osteoporose, resultado da perda de densidade dos ossos associada ao enfraquecimento. Em seguida, as fraturas no idoso tomarão a nossa atenção, tema bem sério e que envolve vários riscos e sequelas. As alterações sensitivas não são menos importantes, portanto, serão estudadas também e, por fim, veremos que o quadro todo forma um contexto multifatorial e vasto, necessitando de uma atuação multidisciplinar. Vamos então à nossa situação problema: você trabalha em um condomínio alternativo para idosos (que são um tipo de empreendimento que tem como foco a moradia para pessoas acima dos 60 anos. Isso quer dizer que os apartamentos ou casas - pode ser um condomínio horizontal - são feitos pensando nas necessidades e bem-estar dessa parcela da população). Neste caso, você realiza a gestão dos serviços administrativos: banco, mercado, transporte hospitalar e toda papelada burocrática, sendo que cada idoso tem independência para cuidar da sua casa, mas com toda infraestrutura multidisciplinar para assisti-los. Nesse contexto, imagine que o senhor Eduardo, um idoso de 65 anos, ativo e atleta, é o mais independente de todos, mas, certo dia, ao trocar o botijão de gás da sua casa caiu na rampa. Você solicitou o SAMU e acompanhou seu Dudu até o hospital. Após realizar o primeiro raio x, veio a notícia: fratura do fêmur. Internado, ele aguardou durante 30 dias por uma vaga em um centro cirúrgico para a colocação de uma prótese (artroplastia), permanecendo com a perna imobilizada e deitado sem poder se mover por conta do deslocamento do osso. Entretanto, neste local a higiene não era priorizada e as acomodações não era suficientes para proteger o paciente de lesões cutâneas. Avalie: quais os riscos que esse idoso passou durante o período de internação? Qual o procedimento pós-operatório para recuperação? Será que esse paciente terá as funções motoras da perna restabelecidas plenamente? O universo que rodeia a população idosa necessita de profissionais éticos e engajados na busca de melhorias contínuas para atender à demanda desse público. Contamos com você nessa busca por conhecimento, sendo este um diferencial que vai fazer você se destacar e abrir portas para oportunidades únicas. Prepare-se para não deixar passar! Bons estudos! Vamos Começar! Artrite reumatoide, osteoporose A palavra reumatismo, introduzida por Galeno, no século II depois de Cristo, provém do grego rheos, que significa fluir. O termo reumatismo ou doença reumática engloba mais de 200 doenças que afetam o sistema muscular e esquelético, causando dor e deformidades que limitam os movimentos. Para facilitar o aprendizado, as doenças reumáticas são divididas em: Degenerativas. Autoimunes. Metabólicas. Infecciosas. Reumatismo de partes moles. As mais conhecidas são: Gota; Artrite reumatoide; Lúpus eritematoso sistêmico; Osteoartrite (ou osteoartrose); Tendinites. Agora, vamos conhecer um pouco das características da artrite reumatoide. Artrite reumatoide: refere-se a uma doença autoimune crônica autoimune que afeta as articulações, caracterizada por inflamação persistente nas juntas, isso porque o sistema imunológico ataca erroneamente as próprias articulações, resultando em inflamação. Na artrite reumatoide, o paciente se queixa de dores nas articulações, vermelhidão, edema local e rigidez, o que dificulta os movimentos, principalmente pela manhã, devido à imobilidade durante o sono. Trata-se de uma inflamação que pode ocorrer em uma só articulação (monoartrite) ou em várias (poliartrite); é uma doença com características autoimunes, ou seja, o próprio sistema imunológico ataca as células saudáveis, e cuja causa precisa não é definida, mas sabe-se que fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o processo inflamatório. A artrite reumatoide pode estar associada a outras doenças, diminuindo o tempo de vida do portador; além disso, as articulações, principalmente das mãos e dos pés, podem desenvolver deformidades. FIGURA 1: Mãos com artrite reumatoide - FONTE: Wikimedia O diagnóstico é realizado por meio de anamnese, radiologia e exames laboratoriais: fator reumatoide sérico, velocidade de hemossedimentação ou proteína C reativa (PCR). Já o tratamento envolve o uso de corticoides e fisioterapia. Osteoporose: é uma condição médica caracterizada pela fragilidade óssea, resultando em ossos frágeis e susceptíveis a fraturas. Na osteoporose, a densidade dos ossos diminui, enfraquecendo-os; além disso, essa condição facilita a ocorrência de fraturas. Mas, como isso acontece? A densidade dos ossos aumenta progressivamente até os 30 anos, depois dessa idade, começa o declínio, sendo ele de modo acelerado para a mulher no período da menopausa. Se nada for feito no sentido de reposição e fortalecimento, os ossos ficarão cada vez mais frágeis, resultando na osteoporose. Dois tipos de osteoporose são relatados: primário e secundário. FIGURA 2: Osteoporose -FONTE: Wikimedia o Osteoporose primária: acontece espontaneamente, devido à baixa de estrogênio em ambos os sexos na terceira idade. o Osteoporose secundária: pode advir de distúrbios renais crônicos e hormonais ou do uso de medicamentos como progesterona, corticoides, hormônios da tireoide, quimioterápicos e anticonvulsionantes. Alguns fatores que aceleram o processo de enfraquecimento dos ossos são: Deficiência de vitamina D, que resulta em insuficiência de cálcio; distúrbios da tireoide; uso de certos medicamentos; tabagismo; alto consumo de álcool; sedentarismo; histórico familiar. Como a perda da densidade óssea é gradativa, a osteoporose só é percebida quando ocorre uma fratura ou quando é detectada no exame de densitometria óssea. Ossos saudáveis se regeneram rapidamente, já os ossos de uma pessoa com osteoporose demoram ou não se regeneram, resultando em deformidades. Siga em Frente... Fraturas ortopédicas nos idosos As fraturas ortopédicas em idosos são uma emergência cotidiana nos hospitais. O desgaste ósseo vem com a velhice, e junto com o desgaste, temos a osteoporose. Ossos frágeis, mobilidade e visão reduzidas, comorbidades, tonturas, obstáculos no caminho: tudo coopera para um cenário propício a quedas e fraturas. As fraturas em idosos têm um difícil prognóstico, levando-se em conta todo o quadro de saúde e a fragilidade da pessoa. Longos períodos de imobilização pré-cirurgia seguidos dos riscos inerentes de se estar internado; infecções, escaras, outras quedas, desnutrição por não se adequar à alimentação do hospital, desidratação... E a lista só cresce. Gera-se uma reação em cadeia que só prejudica o quadro, deteriorando a saúde. As cirurgias, geralmente, são extensas, e o período de recuperação é longo e difícil. Diante de uma fratura que envolve articulações, a fisioterapia é dolorosa e, dificilmente, recupera-se a amplitude dos movimentos. Tudo isso associado à imobilização, à presença de outras comorbidades e ao fator emocional leva a um quadro de paciente de alto risco. Fraturas de quadril e fêmur: Quando vemos a imagem de um fêmur de um jovem, logo pensamos: como é possível quebrar um osso desses caindo da cama? O volume do osso diminui consideravelmente com o avanço da idade, perdendo sua densidade, tornando-se poroso e frágil. Resultados de estudos realizados com amostras de ossos de pessoas de várias idades reforçam essa afirmação (GIORDANO et al., 2016). As fraturas de quadril no idoso podem ocorrer na cabeça do fêmur (articulação entre o fêmur, quadril), no colo ou na área entre ou abaixo dos trocanteres (proeminências). O risco de morte por fraturas dessa natureza é muito grande, devido a algumas complicações que podem ocorrer após a fratura, como: trombose venosa profunda (TVP); embolia pulmonar; úlceras de pele; pneumonia; infecção urinária. A residência onde moram idosos e crianças precisa ter uma dinâmica semelhante: praticidade, circulação livre, ausência detapetes e degraus, pisos antiderrapantes e secos. As barras de apoio são fundamentais, principalmente nos locais em que o idoso transita e nos banheiros. Cadeiras de banho, rodas, andador, bengala e proteção de cama podem ser utilizados para facilitar a locomoção do idoso com mobilidade reduzida e reduzir os riscos de queda. As quedas durante a noite no percurso até o banheiro são recorrentes; em determinado momento, é preciso avaliar o custo/benefício do uso de fraudas noturnas para auxiliar na prevenção. Na maioria das famílias, a casa precisa ser adaptada para receber um idoso, afinal, o processo da velhice é degenerativo, evoluindo para mais riscos. Quando um idoso sofre uma queda, mesmo pequena, desenvolve o medo de cair novamente, tendendo a reduzir sua mobilidade. Sabemos que o movimento, mesmo em poucas passadas, é importante para a independência e facilita o cuidado do idoso, portanto, o investimento em segurança é a melhor opção. Catarata, glaucoma, tampão de cera, presbiacusia O envelhecimento celular não escolhe órgão ou sistema; é o envelhecer como um todo, as funções cognitivas, motoras e sensoriais falando a mesma língua. Vamos focar algumas patologias que acometem a visão e audição. Catarata: Órbitas oculares, cavidade óssea, retina, esclerótica, coroide, íris, pupila, globo ocular, córnea, humor aquoso e cristalino: esses são os componentes da máquina responsável pela visão. A catarata é uma condição ocular na qual o cristalino vai perdendo a sua transparência normal, resultando em dificuldade visual — mais uma alteração inerente ao envelhecimento. Na catarata, a visão fica embaçada e diminui; se não tratada, pode levar à cegueira, afetando, diretamente, as funções diárias do portador. As doenças metabólicas, como diabetes e problemas na tireoide, e o uso de corticoides podem levar ao desenvolvimento dessa limitação visual. A solução é a cirurgia de catarata, relativamente simples e rápida, com anestesia local e liberação do paciente no mesmo dia. Glaucoma: É uma alteração visual que acontece devido ao aumento da pressão intraocular, danificando o nervo óptico, e pode ser decorrente de outras enfermidades, como a diabetes. O exame de fundo de olho detecta as alterações no nervo óptico, e o tratamento inicial é realizado com colírios, concomitante ao tratamento da doença de base, para reduzir a pressão intraocular e restabelecer a visão. O glaucoma crônico ou de ângulo aberto progride lentamente, mas lesiona permanentemente o nervo óptico, e não provoca sintomas, o que corrobora a piora do quadro, sendo que o paciente só procura ajuda quando está perdendo a visão. Há a necessidade de tratamento permanente com colírios e, em alguns casos, recomenda-se o uso de medicamentos via oral para controlar a pressão intraocular, tratamento a laser ou cirurgia de glaucoma. Tampão de cera e presbiacusia: O tampão de cera ou cerume se acumula na porção externa do canal auditivo; geralmente, a cera não precisa ser removida, porém em alguns casos, principalmente na população idosa, a remoção é necessária por causar surdez temporária. A prática de limpar os ouvidos com objetos ou soluções caseiras é extremamente perigosa, podendo lesionar o tímpano ou causar alguma infecção. Na presença de sintomas como dor ou sensação de ouvido cheio de ar, o otorrinolaringologista deve ser consultado. A presbiacusia é a perda da audição em decorrência da idade ligada a vários fatores conjuntos: ambientais, genéticos e patológicos. A audição é o sentido que envelhece primeiro; a perda auditiva acontece lentamente, resultando em perda permanente. A perda da audição em idosos é mais uma das causas de reclusão. Devido à dificuldade em ser entendido ou entender, o idoso fica em silêncio. As opções de comunicação com pessoas com perda auditiva são variadas: reabilitação auditiva, leitura da fala, correção cirúrgica, comunicação por sinais e aparelhos auditivos. É importante a avaliação do otorrinolaringologista para determinar qual a melhor opção e reinserir ou manter esse idoso no contexto da sociedade e no seio familiar. Vamos Exercitar? Vimos hoje o caso do Sr. Dudu, um idoso de 65 anos, ativo e atleta, que caiu no condomínio onde reside e quebrou o fêmur, precisando ficar hospitalizado por mais de 30 dias esperando uma vaga no centro cirúrgico para colocação de uma prótese, porém, neste local a higiene não era priorizada e as acomodações não era suficientes para proteger o paciente de lesões cutâneas. E agora, quais os riscos que esse idoso passou durante o período de internação? Qual o procedimento pós-operatório para recuperação? Será que esse paciente terá as funções motoras da perna restabelecidas plenamente? Como o paciente ficou deitado e imobilizado durante 30 dias em condições não apropriadas, isso poderia levá-lo ao risco de: Formação de escaras. Infecção urinária, devido ao contato com as fezes. Contrair outras infecções inerentes a estar em um ambiente hospitalar. Um quadro de trombose venosa profunda por deficiência circulatória, em razão da imobilização. O período longo de espera interfere no seu estado emocional e no apetite, prejudicando a nutrição. Além disso, no pós-operatório o processo de recuperação é longo, a fisioterapia dolorida, mas necessária, e recuperar todos os movimentos do quadril é tarefa difícil, visto a cirurgia dificultar a amplitude de movimento articular do quadril. Saiba Mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre os assuntos abordados, assista ao documentário “O lugar do idoso na sociedade”. Nesse vídeo, você poderá ver aspectos relacionados ao capitalismo, à sociedade, ao saber do idoso e à sua importância como agente transmissor de memórias. Além disso, o vídeo “Osteoporose em 6 perguntas | Marise Lazaretti”, apresenta as principais dúvidas sobre osteoporose, respondidas por Marise Lazaretti, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Você também poderá assistir ao vídeo “Quedas em Idosos”, um vídeo bastante didático que ensina tudo o que você precisa saber sobre este tema. Referências Bibliográficas BELLAN, M.; PIRISI, M.; SAINAGHI, P. P. Osteoporose na artrite reumatoide: papel do sistema vitamina D/hormônio paratireóideo. Revista Brasileira de Reumatologia, [S. l.], 2015, v. 55, n. 3, p. 256- 263, maio/jun. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/jbPfF8bYcgjGWXnTzzJv96J/?lang=pt#. Acesso em: 11 nov. 2023. CAMPAGNE, D. Fraturas do quadril: fraturas do colo do fêmur; fraturas da cabeça do fêmur; fraturas subcapitais; fraturas intertrocantéricas; fraturas subtrocantéricas. 2019. Disponível em: https://msdmnls.co/3AY61m9. Acesso em: 11 nov. 2023. GIORDANO, V. et al. Alterações na estrutura óssea relacionadas à idade. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [S. l.], v. 43, n. 4, p. 276-285, ago. 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/dNFJDmVFntGXM8B5TqRTMmc/? format=pdf&lang=pt. Acesso em: 11 nov. 2023. MARQUES, M. T. Artrite reumatoide pode causar doenças paralelas. [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3vm6VYJ. Acesso em: 11 nov. 2023. SMELTZER, S. C; BARE B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. vol. II. Encerramento da Unidade PENSAMENTO MULTIDISCIPLINAR PARA O ENVELHECIMENTO Videoaula de Encerramento Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Chegada Olá, estudante! Para compreendermos a competência desta unidade de ensino que fala sobre a avaliação das principais ações de saúde frente às alterações patológicas comuns na fase do envelhecimento, será necessário, em um primeiro momento, compreender a importância da multidisciplinaridade na promoção da saúde e prevenção de doenças em idosos. Destaca-se a necessidade de conscientização individual e familiar,com profissionais da saúde e educação desempenhando papel fundamental. São explorados ainda fatores de risco para doenças cardiorrespiratórias, com ênfase na hipertensão, suas consequências, e a importância do controle da pressão arterial. Neste contexto, enfatiza-se também a trombose venosa profunda, sendo discutida como uma patologia comum em idosos, com ênfase nos cuidados preventivos. O texto ressalta a importância da abordagem multiprofissional para prevenção, mudança de hábitos e controle da alimentação. Além disso, as doenças respiratórias na terceira idade, como pneumonia, bronquite, enfisema pulmonar e DPOC, mostram-se como sendo de extrema atenção para os profissionais que trabalham com essa faixa etária da população, devendo-se considerar também os fatores de risco como tabagismo, destacando, novamente, a necessidade de atuação conjunta para controlar essas doenças, proporcionando um ambiente acolhedor para os idosos e reduzindo o desconforto comum nessa fase da vida. Explora-se também as complexidades do sistema digestório e sanguíneo na terceira idade, ressaltando a importância de cuidados desde a juventude. Destacam-se patologias relacionadas ao sistema digestivo, como úlcera péptica, constipação e cânceres de estômago e intestino. A incontinência urinária e as infecções do trato urinário são abordadas no contexto do sistema urinário, com atenção aos desafios enfrentados pelos idosos, como dificuldade de locomoção. No segmento sobre distúrbios sanguíneos, discute-se sobre a anemia, suas causas e tipos, incluindo ferropriva, falciforme, talassemia, megaloblástica e aplástica. Leucemia é apresentada como uma mutação genética que afeta as células sanguíneas, sendo dividida em aguda e crônica. Os linfomas, Hodgkin e não Hodgkin, são delineados, evidenciando suas características e tratamentos. Desta forma, o conteúdo enfatiza a importância da prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento médico anual para lidar eficazmente com essas condições, proporcionando qualidade de vida aos idosos. Ainda neste contexto, o sistema nervoso desempenha um papel fundamental no funcionamento do organismo, influenciando diversas funções. Comprometimentos nesse sistema podem levar a alterações nos comandos enviados ao corpo, resultando em limitações motoras e cognitivas, caracterizando condições como ataxias, plegias, paresias e demências. Este último termo abrange sintomas relacionados ao declínio cognitivo, afetando a memória, raciocínio e linguagem, culminando em limitações significativas. Demência, um exemplo de patologia neurodegenerativa, manifesta- se através de condições como demência vascular, Alzheimer e doença de Parkinson. Essas afetam os neurônios, componentes essenciais do sistema nervoso divididos em sensoriais, motores e interneurônios. Independentemente da causa específica, as demências tendem a evoluir para estados semi ou completamente vegetativos, impactando também a qualidade de vida. A demência vascular, segunda causa mais comum após a doença de Alzheimer, resulta de danos nos vasos sanguíneos que fornecem sangue ao cérebro. Seu início gradual afeta funções executivas, marcha e pode causar hemiplegia, fraqueza muscular e dificuldades na fala. Já a doença de Alzheimer, uma condição neurodegenerativa progressiva, apresenta sintomas como perda de memória, confusão mental e mudanças de humor, afetando principalmente idosos. Outra condição neurológica é a doença de Parkinson, caracterizada por sintomas sensitivos e motores, como tremores, rigidez muscular e bradicinesia. Causada pela degeneração de células nervosas na substância negra do cérebro, essa doença tem como alvo o neurotransmissor dopamina, afetando o movimento voluntário. Além disso, o acidente vascular encefálico (AVE) representa um distúrbio vascular cerebral grave, sendo o isquêmico o mais comum. Este ocorre devido a obstrução arterial por coágulo ou placa, resultando em sintomas como dormência, confusão, distúrbios visuais e dificuldades motoras. Já o AVE hemorrágico, menos comum, envolve sangramento no cérebro e pode levar ao óbito. O acidente isquêmico transitório (AIT) é uma forma temporária de déficit neurológico que exige atenção devido ao risco aumentado de AVE futuro. Ademais, ainda há a preocupação com condições como diabetes mellitus, desidratação, hipotireoidismo, hipertireoidismo e obesidade, todas capazes de afetar o sistema nervoso e comprometer a saúde geral. A prevenção dessas condições envolve hábitos de vida saudáveis, controle de fatores de risco e práticas que promovem a saúde do cérebro. Em resumo, a compreensão dessas condições neurológicas e vasculares destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, visando preservar a qualidade de vida e funcionalidade dos indivíduos afetados. A orientação médica e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para enfrentar esses desafios. O termo "reumatismo", cunhado por Galeno no século II d.C., tem raízes no grego "rheos", que significa fluir. Abordando mais de 200 condições que impactam o sistema muscular e esquelético, o reumatismo inclui categorias como degenerativas, autoimunes, metabólicas, infecciosas e de partes moles. Entre as conhecidas estão Gota, Artrite reumatoide, Lúpus e Osteoartrite. A Artrite reumatoide, uma doença autoimune, provoca inflamação nas articulações, causando dor, rigidez e deformidades, especialmente em mãos e pés. O diagnóstico, baseado em anamnese, radiologia e exames, envolve fatores reumatoide sérico e PCR. O tratamento inclui corticoides e fisioterapia. Outra preocupação é a Osteoporose, caracterizada por ossos frágeis e suscetíveis a fraturas. Fatores como deficiência de vitamina D, tabagismo e histórico familiar aceleram sua progressão. A prevenção é crucial, pois a osteoporose muitas vezes só é percebida após fraturas. Fraturas ortopédicas em idosos são comuns, dadas as condições como ossos frágeis, mobilidade reduzida e desgaste ósseo. O prognóstico é desafiador, com longos períodos de imobilização pré- cirurgia. Fraturas de quadril e fêmur são particularmente perigosas, aumentando o risco de complicações como trombose venosa profunda e infecções. Adaptar o ambiente é vital para prevenir quedas em idosos, com ênfase em praticidade e segurança, como pisos antiderrapantes e barras de apoio. A visão e audição também enfrentam desafios com o envelhecimento. Catarata, uma opacidade do cristalino, pode levar à cegueira sem tratamento. Glaucoma, aumentando a pressão intraocular, danifica o nervo óptico. Problemas auditivos, como tampão de cera e presbiacusia, afetam a comunicação, sendo essencial avaliação e intervenção especializadas para reintegrar os idosos à sociedade e à família. É Hora de Praticar! O Sr. Silva, 75 anos, procura atendimento médico devido a preocupações com sua saúde geral. Ele relata histórico de hipertensão arterial, tabagismo no passado, e recentemente tem enfrentado dificuldades respiratórias e desconforto ao urinar. Além disso, o paciente menciona episódios frequentes de esquecimento e confusão mental nos últimos meses. Diante do quadro apresentado, uma abordagem multidisciplinar deve ser adotada para compreender e tratar as múltiplas condições de saúde do Sr. Silva. Mas, como proceder com essa avaliação? Quais profissionais devem estar envolvidos? Reflita Qual é a importância da abordagem multiprofissional na promoção da saúde e prevenção de doenças em idosos, conforme destacado no texto? RESPOSTA: A importância da abordagem multiprofissional na promoção da saúde e prevenção de doenças em idosos reside na necessidade de conscientização individual e familiar, com profissionais da saúde e educação desempenhando papel fundamental. Destaca-se a exploração de fatores de risco para doenças cardiorrespiratórias, como a hipertensão, e a ênfase na importância do controle da pressão arterial. Quais são as condições neurológicas e vasculares discutidas no texto, e como a prevenção e o diagnóstico precoce são enfatizados como aspectos cruciais? RESPOSTA: O texto abordacondições neurológicas como demência (vascular, Alzheimer e Parkinson), ataxias, plegias, paresias e distúrbios vasculares como o acidente vascular encefálico (AVE). Enfatiza a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para preservar a qualidade de vida e funcionalidade dos indivíduos afetados, destacando a orientação médica e a adoção de hábitos saudáveis. Quais são algumas das preocupações relacionadas à saúde óssea em idosos, e como o ambiente pode ser adaptado para prevenir quedas? RESPOSTA: Destaca-se preocupações relacionadas à saúde óssea em idosos, incluindo osteoporose e fraturas ortopédicas. Para prevenir quedas, é vital adaptar o ambiente, com ênfase em praticidade e segurança, como a utilização de pisos antiderrapantes e barras de apoio. Além disso, deve haver a importância da prevenção da osteoporose, dada a fragilidade óssea comum nessa faixa etária. Resolução do estudo de caso Inicialmente, faz-se necessário realizar um exame completo com o médico clínico geral para avaliar as condições de saúde do Sr. Silva. Neste caso, o médico deverá realizar uma avaliação em seus sistemas cardiovascular, respiratório, digestório e sanguíneo, além de averiguar sua saúde óssea e sensorial. Além disso, deve contar com a avaliação de um médico neurologista para realização de uma investigação neurológica para detectar possíveis comprometimentos, como ataxias, plegias, paresias e sinais iniciais de demência. Em todos esses casos, deve-se solicitar a realização de exames complementares para facilitar o diagnóstico. Após a realização dos exames físicos e clínicos, deve-se traçar um plano de intervenção para o Sr. Silva. Neste caso, será necessário contar com a presença de vários profissionais para que este possa ser cumprido, por exemplo, um(a) enfermeiro(a) para realizar a aferição e controle da pressão arterial diariamente; um(a) nutricionista, para traçar uma dieta balanceada; um(a) profissional da área de Educação Física, para que se possa trabalhar com a adoção de hábito de vida mais saudáveis, além da realização de atividade física regular. Será necessária ainda a intervenção de um profissional da área da fisioterapia para realização de sessões de fisioterapia respiratória. O encaminhamento para algum profissional da área da educação (pedagogo(a), psicopedagogo(a)) também pode ser necessário para que sejam realizadas atividades de estímulo cognitivo visando o declínio mental. Desta forma, o Sr. Silva será acompanhado regularmente por uma equipe multidisciplinar para avaliar a eficácia do tratamento e ajustar as intervenções conforme necessário. O objetivo aqui é preservar sua qualidade de vida, funcionalidade e bem-estar geral. Assim, este estudo de caso destaca a importância da abordagem integrada para lidar com as complexidades da saúde na terceira idade, visando não apenas o tratamento de condições específicas, mas também a promoção da saúde global e prevenção de complicações. Dê o play! Assimile Referências ROCHA, J. A. O envelhecimento humano e seus aspectos psicossociais. Revista Farol, Rolim de Moura, v. 6, n. 6, p. 77-89, jan. 2018. Disponível em: http://revistafarol.com.br/index.php/farol/article/view/113. Acesso em: 09 nov. 2023. DIETRICH, A. R. et al. Epidemiologia da trombose venosa profunda (TVP) em pacientes internados no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. São Paulo: [s. n.], 2004. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/sms-2769. Acesso em: 09 nov. 2023. SMELTZER SC, B. B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. v. I e II.conhecer esses termos você deve preferir envelhecer apenas com alterações advindas da senescência, certo? É importante termos em mente que a partir do momento em que nascemos sofremos interferências externas, as quais nos acompanham ao longo da vida e podem influenciar o modo como envelhecemos. Por isso é tão importante que as ações em saúde, em especial as de caráter preventivo e de promoção à saúde, estejam voltadas para o envelhecimento ativo e saudável, estimulando medidas como alimentação saudável, prática de atividade física regular e controle de doenças crônicas. ALTERAÇÕES ORGÂNICAS Sabemos que no processo de envelhecimento ocorrem transformações biológicas e fisiológicas, sendo assim, podemos destacar: Composição e forma do corpo: A quantidade de água presente no corpo diminui, há progressiva perda de massa muscular, aumento da quantidade de gordura, em especial no abdome. É comum a redução de massa óssea, redução da estatura, aumento do peso do coração e redução do peso dos demais órgãos. Fácies típicas do idoso, com progressivo aumento do crânio, nariz e orelhas. IMAGEM 2: Processo de envelhecimento físico - Fonte: Pixabay Pele e anexos: Afinamento da pele, flacidez, redução do turgor e da elasticidade, rugas, alterações no controle térmico corporal, aumento da mobilidade (que eleva o risco de lesões cutâneas), melanose solar (mancha senil), perda de pigmentação dos pelos e cabelos e redução dos pelos corporais, exceto narinas, orelhas e sobrancelhas, que tendem a aumentar. Sistema sensorial: Redução progressiva da acuidade visual, intolerância à claridade. Redução da acuidade auditiva com prejuízo na capacidade de ouvir sons de alta frequência e amplificação dos sons de baixa frequência. Atrofia das papilas gustativas que provocam a redução da capacidade gustativa geral. Redução da capacidade olfativa e da sensibilidade do tato, em especial nas extremidades. Sistema Respiratório: Redução da elasticidade torácica que provoca redução da capacidade respiratória máxima e reflexo pulmonar, como a tosse, predisposição ao acúmulo de secreções e redução da capacidade de ventilação. As alterações respiratórias associadas à redução do débito cardíaco contribuem para a dificuldade em tolerar algumas atividades físicas. Sistema Gastrintestinal: Desgaste dos dentes, dificuldade na fala, alterações no processo mastigatório. Atrofia do estômago, que provoca redução na digestão e absorção de vitaminas. Maior propensão à gastrite, maior tempo de esvaziamento gástrico. Redução do peristaltismo intestinal, aumento da prevalência de constipação e predisposição à diverticulite. Sistema Geniturinário: Enfraquecimento da musculatura da bexiga e aumento do volume residual, menor capacidade de armazenamento de urina. Perda de massa renal que resulta em redução funcional dos rins. Perda de tônus muscular em ureteres e músculo perineal (assoalho pélvico). Sistema Reprodutor: No homem há diminuição da produção de espermatozoides, aumento gradual do tamanho da próstata, redução da produção de testosterona, diminuição do pênis e dos testículos. Na mulher observa-se atrofia do útero, ovários e mucosa vaginal, redução da lubrificação vaginal, atrofia das glândulas mamárias e substituição por tecido adiposo, enfraquecimento da musculatura das mamas. Sistema cardiovascular: Ao passo que envelhecemos há um aumento gradativo do coração em razão de alteração de volume das câmaras cardíacas e hipertrofia das fibras musculares. O miocárdio se torna cada vez mais fibroso e menos elástico, diminuindo a força de contração. Ocorre redução na rede de capilares sanguíneos, que compromete a irrigação. Espessamento e calcificação de valvas cardíacas, redução da frequência cardíaca em repouso, aumento da pressão arterial, aumento da resistência vascular, entre outros processos. ASSIMILE O fígado passa a receber menos fluxo sanguíneo, prejudicando a metabolização de medicamentos. Diminuição da secreção de albumina, glicoproteínas, colesterol e ácidos biliares. O pâncreas produz menos insulina, favorecendo a elevação da glicose. Sistema nervoso: Perda de neurônios que leva à atrofia cerebral, diminuição da irrigação sanguínea em decorrência da diminuição da luz das artérias e baixo fluxo sanguíneo contribuem para a queda da função celular. Redução da atividade cerebral com perda progressiva de memória. Encurtamento dos períodos de sono, mudanças de humor, processamento lento de informações, alteração nos reflexos e queda das atividades locomotoras e intelectuais. Vamos Exercitar? O envelhecimento é um processo natural que está presente no decurso da vida de qualquer ser vivo. O envelhecimento começa quando nascemos, e suas alterações bio-funcionais começam a dar sinais a partir da segunda década da vida. É natural a apresentação de alterações orgânicas que vão aparecendo de maneira gradual na vida das pessoas. As modificações orgânicas podem ocorrer em vários ou em todos os sistemas que compõem o organismo humano. Podemos citar a diminuição da estatura, a perda da coloração dos cabelos e pelos, o comprometimento da marcha, a perda da acuidade auditiva, o aumento da resistência vascular e a redução da capacidade respiratória, entre outros. O processo de envelhecimento justifica a divergência na altura do idoso. Pegando como exemplo a situação apresentada no início da aula, é muito provável que o idoso esteja correto ao afirmar que em sua juventude ele tinha 1,60 m, já que a redução de sua estatura para 1,55 m pode ter se dado em decorrência de um processo fisiológico. A altura do indivíduo tende a diminuir em virtude de vários fatores, como a redução do arco dos pés, o afinamento da espessura das cartilagens, o aumento da curvatura da coluna vertebral e a compressão dos discos vertebrais. As alterações fisiológicas do envelhecimento são conhecidas como senescência. À medida que essas alterações assumem caráter fisiopatológico temos um novo fator apresentado, denominado senilidade. Por exemplo, falhas de memória são comuns e frequentes ao envelhecer e fazem parte da senescência. Todavia, existem alterações de memória que trazem prejuízo funcional e que são particularidades de doenças, como o Alzheimer, e nesse caso constituem um quadro de senilidade. Outro exemplo que pode ser evidenciado ao envelhecer é a redução da densidade óssea, que faz parte da senescência. À medida que essa alteração óssea evolui para osteoporose, estabelece-se a senilidade. Saiba Mais Para se aprofundar um pouco mais a respeito do envelhecimento saudável assista à reportagem: Envelhecimento saudável é tema do NBR Entrevista. [S. l.], 27 abr. 2018. 1 vídeo (29 min 52 seg). Leia também o artigo: Definição de envelhecimento saudável na perspectiva de indivíduos idosos, publicado pela revista. Psicologia: reflexão e crítica, v. 20, p. 81-86, 2007. Para conhecer um pouco mais das síndromes geriátricas leia a dissertação de mestrado: Análise de prevalência das principais síndromes geriátricas segundo gênero no contexto da Atenção Primária à Saúde, de Cíntia Araújo Matos de Aragão Fonsêca. Referências Bibliográficas BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e Envelhecimento Humano. São Paulo: Érica, 2014. BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. CAMPOS. H. L. M. Sobre as Terminologias do Envelhecer. Revista Ensino, Saúde e Biotecnologia da Amazônia, v.02, n.02, p.01-02, dez. 2020. DATASUS – DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. HIPERDIA – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060304. Acesso em: 17 out. 2023. DINIZ, L. R. et al. (org.) Geriatria. Rio de Janeiro: Medbook, 2020. DI TOMMASO, A. B. G. et al. (org). Geriatria: Guia Prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. FREITAS, E. V.; PY, L. (ed.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. LEMOS, D. et al. Velhice. Revista Virtual Textos & Contextos,n. 4, 2011. MENDES, T. A. B. (org.). Geriatria e gerontologia. Manuais de Especialização Einstein. Barueri: Manole, 2014. SÉTLIK, C.M., LENARDT, M.H., BETIOLLI, S.E., SETOGUSCHI, L.S., MORAES, D.C., MELLO, B.H.. Relação entre fragilidade física e síndromes geriátricas em idosos da assistência ambulatorial. Acta Paul Enferm. v.35, Aula 3 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO I Teorias Biológicas do Envelhecimento I Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante! O envelhecimento é um processo gradativo e irreversível que ocorre em qualquer organismo vivo. No ser humano não seria diferente; todo nosso organismo já começa a envelhecer a partir do momento em que nascemos, e após algumas décadas temos a apresentação dos primeiros sinais desse processo. O envelhecimento envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais, que podem afetar diretamente a forma como o ser humano envelhece. O processo de envelhecimento pode ser explicado por diversas óticas ou teorias. Ao longo desta aula, você conhecerá as teorias estocásticas que integram as chamadas Teorias Biológicas do Envelhecimento. Para embasar essa nossa aula, vamos pensar no seguinte caso: A monitoria acadêmica pode ser entendida como uma iniciação acadêmica, no qual o estudante acompanha de perto o trabalho docente, colaborando para a aprendizagem e o desenvolvimento dos discentes. Cada instituição de ensino superior tem uma política interna específica que regulamenta essa iniciativa no âmbito educacional. É comum que os monitores acadêmicos passem por processo seletivo, demonstrando que de fato estão aptos a assumir tal função. Entre as funções do monitor, podemos destacar o zelo pelo bom andamento das aulas, supervisão de equipamentos utilizados em aula, repasse de materiais para a turma, promoção de reuniões de estudos e treinamento. Um monitor exemplar está sempre de prontidão para esclarecer dúvidas que possam surgir em relação ao conteúdo ministrado pelo professor em sala de aula. A monitoria é uma função desafiadora, no entanto, pode trazer inúmeros benefícios, como o desenvolvimento de habilidades, por exemplo, falar em público, conhecimento, experiência, autonomia, networking na área e, em alguns casos, auxílio financeiro. Para ampliar a aprendizagem do assunto abordado ao longo desta aula, imagine que você está participando do processo seletivo para monitoria da disciplina Aspectos Biopsicossociais do Envelhecimento. Um dos requisitos para seleção inclui uma avaliação oral com o professor titular da disciplina. No dia da avaliação você foi solicitado a esclarecer o que são teorias do envelhecimento, suas classificações e a explicar uma delas contextualizando com a realidade do idoso. Então, vamos lá? Vamos Começar! O envelhecimento como foco de estudo Há muitos anos o ser humano vem tentando desvendar e compreender os mistérios que envolvem o processo de envelhecimento – alguns, inclusive, esperançosos em alcançar a juventude eterna e a imortalidade. As investigações a respeito do envelhecimento biopsicossocial ainda continuam sendo trabalhadas de maneira intensa, e hoje o principal objetivo é o entendimento do processo de envelhecimento, para que as pessoas cheguem à fase idosa com mais saúde, adiando o máximo possível as consequências e complicações que podem vir associadas ao envelhecer. As hipóteses levantadas com o estudo do envelhecimento deram origem a várias teorias: as teorias biológicas, as psicológicas e as sociais. Elas buscam elucidar o envelhecimento humano; no entanto, nenhuma foi capaz de explicar o envelhecimento em sua totalidade. As diversas teorias do envelhecimento existentes trazem diferentes graus de universalidade, validade e confiabilidade. Os profissionais de saúde normalmente fazem uso dessas informações para entender melhor os fatores que podem influenciar de forma positiva ou negativa o bem-estar de indivíduos em todos os ciclos da vida. Teorias Biológicas do Envelhecimento: O processo de envelhecimento biológico ocorre de maneiras distintas entre as espécies e entre os próprios indivíduos. Apesar de podermos prever as possíveis alterações orgânicas que ocorrem em decorrência do envelhecimento, ninguém envelhecerá exatamente da mesma forma. Podemos perceber graus variados de modificações fisiológicas, capacidades e limitações nas mais variadas faixas etárias. Com relação ao envelhecimento dos sistemas de um único indivíduo, podemos observar que acontece de forma variável, com declínios significativos em alguns enquanto outros não evidenciam modificações consideráveis. Na tentativa de explicar o envelhecimento biológico, muito estudiosos pesquisaram fatores internos e externos ao organismo humano e a partir disso passaram a defender diferentes teorias. As teorias biológicas sustentam que o envelhecimento se caracteriza por uma série de mudanças letais que vão diminuindo as probabilidades de sobrevivência do ser humano. Teorias Estocásticas e Não Estocásticas: As diversas teorias biológicas do envelhecimento podem ser categorizadas em dois grupos distintos: teorias estocásticas e teorias não estocásticas. As Teorias Não Estocásticas (ou programadas) entendem as alterações do envelhecimento em consequência de um processo complexo e predeterminado. São baseadas no conceito de “relógio biológico”, com fenômenos delimitados, marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte. Dentre as teorias não estocásticas, podemos citar: apoptose, teorias genéticas, reações autoimunes, teorias neuroendócrina e neuroquímica, teorias da radiação, teorias nutricionais e teorias ambientais. Já as Teorias Estocásticas entendem os efeitos do envelhecimento como resultantes de ataques aleatórios do ambiente interno e externo. Estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, progressivas e aleatórias que promovem danos às estruturas biológicas para manutenção da vida. As teorias estocásticas sugerem que fenômenos diversos, oriundos das desordens moleculares e celulares, promovem erros em diversos segmentos orgânicos, resultando em um declínio fisiológico e estrutural que ocorre de maneira progressiva. Dentre as teorias estocásticas incluem-se: teoria do elo cruzado, teoria dos radicais livres e da lipofucina, teorias do uso e desgaste, teorias evolucionistas e biogerontologia. Siga em Frente... TEORIAS ESTOCÁSTICAS I Quando procuramos a definição de estocástico, o dicionário Oxford Languages nos apresenta a seguinte definição: Figura 01: Definição de estocástico – dicionário Oxford - Fonte: Dicionário Oxford Languages Online, acesso em 17 out. 2023. Sendo assim, as teorias estocásticas são aquelas que tem origem em eventos aleatórios. Diante disto, iremos abordar a partir de agora as seguintes teorias estocásticas: teoria do elo cruzado, teoria dos radicais livres e da lipofucina. Teoria do Elo Cruzado: Uma das mais conhecidas entre as que tomam como base os danos moleculares progressivos. Esta propõe que a divisão celular é intensamente ameaçada por radiação ou por reações químicas, consideradas moléculas altamente reativas. A teoria defende que essas moléculas reativas podem se ligar diretamente à molécula de DNA no núcleo celular. O sistema de defesa da célula retira e descarta a porção do DNA que está corrompida e tenta reparar o fragmento perdido, utilizando, como modelo inicial, a parte restante do DNA. Se esse processo for muito lento ou se o agente reativo se ligar em duas porções da hélice proteica do DNA, existe grande risco de perda de ambas as partes, impedindo o reparo. À medida que esse processo se repete, temos como resultado a repartição anormal das linhagens durante a mitose, gerando confusão das informações que são mediadas pelo núcleo da célula. Com o passar do tempo, mediante acúmulo desses agentes do elo cruzado, dá-se a formação de agregados densos que impedem o transporteintracelular. Levando em consideração que os elos cruzados afetam diretamente o DNA, pequenas lesões podem desencadear grandes desajustes nas funções celulares, logo, os órgãos e os sistemas do organismo começam a falhar. Um dos efeitos do elo cruzado no colágeno (tecido conectivo importante nos pulmões, no coração, nos vasos sanguíneos e nos músculos) é a redução da elasticidade tecidual, associada a muitas mudanças relativas à idade. Teoria dos Radicais Livres: Os organismos aeróbicos mantêm dependência do oxigênio para produção de energia. No entanto, apesar de essencial, o oxigênio também é capaz de causar danos por oxidação, retirando elétrons de estruturas como o DNA, proteínas e lipídios e desencadeando uma instabilidade celular. Os radicais livres são originados da oxidação. São definidos como moléculas cujos átomos são compostos por um número ímpar de elétrons. Essa molécula incompleta é capaz de se apoderar de elétrons de proteínas que fazem parte da composição das células para garantir seus elétrons em pares. Esse processo inicia uma reação em cascata, em que cada molécula desfalcada perpetua o ciclo. A teoria dos radicais livres sugere que o envelhecimento é resultado do metabolismo oxidativo e dos efeitos dos radicais livres. Estudos defendem que os radicais livres se autoperpetuam e que a elevação quantitativa dessas moléculas pode superar a capacidade natural do ASSIMILE Os radicais livres fazem parte do desempenho fisiológico do corpo, que conta com antioxidantes próprios que combatem essa reação. No entanto, quando a quantidade de radicais livres é excessiva, podemos ter como resultado danos às proteínas, enzimas e DNA pela substituição de moléculas sadias por moléculas defeituosas, desencadeando alterações genéticas, que ao longo do tempo vão declinando as funções orgânicas. organismo em lidar com elas. Dentre os fatores contribuintes podemos citar poluição, pesticidas, estresse, tabagismo e etilismo Teoria da Lipofucina: Outra teoria envolve o papel dos pigmentos microscópicos da lipofucina, um derivado da oxidação das lipoproteínas. Acredita-se que ela tenha papel semelhante ao dos radicais livres no processo de envelhecimento. Com acúmulo da lipofucina, há interferência na difusão e no transporte de metabólitos essenciais e de moléculas portadoras de informações nas células. Quanto mais velha for a pessoa, mais lipofucina terá em seu organismo. TEORIAS ESTACÁSTICAS II A partir de agora, abordaremos outras teorias estocásticas, tais como: a teoria do uso e desgaste, a teoria evolucionista, a biogerontologia. Teoria do Uso e Desgaste: A teoria do uso e desgaste defende que o processo de envelhecimento é resultado do uso normal do corpo e de seus sistemas orgânicos. Com o passar dos anos, os sistemas corporais se desgastam e não funcionam plenamente com sua capacidade máxima. A construção teórica é desenhada sob a perspectiva de que quanto mais desgaste sofre uma célula, maior será o comprometimento em sua habilidade de sobrevida. Essa teoria surgiu no contexto da Revolução Industrial, com base em um comparativo do corpo humano com as máquinas, em que ambos perdem a capacidade de funcionamento à medida que são utilizados, sofrendo desgastes com o passar do tempo, que geram o declínio do desempenho de suas funções. Teorias Evolucionistas: As teorias evolucionistas defendem que as divergências no processo de envelhecimento e na longevidade dos seres vivos são resultantes de uma interposição de processos de mutação e seleção natural. Associam o envelhecimento ao processo de seleção natural, relacionando essas teorias àquelas que subsidiam o conhecimento sobre a evolução humana. Existem vários subgrupos de teorias que associam o envelhecimento à evolução humana. A teoria do acúmulo de mutações considera que a força da seleção natural diminui com a idade. Em outras palavras, supõe que o envelhecimento é resultante do declínio, com a idade, da força de seleção natural, quando as mutações genéticas que afetam os indivíduos mais jovens serão finalmente eliminadas porque estas não terão vivido tempo suficiente para se reproduzir e passar aquelas mutações a outras gerações, ao passo que as mutações que surgem mais tardiamente são acumuladas porque os idosos por elas afetados já as terão perpetuado aos seus descendentes. A teoria da pleiotropia antagônica defende que genes que trazem efeitos benéficos durante a juventude tornam-se prejudiciais na fase tardia do ciclo vital. Dessa forma, os genes selecionados potencializariam o vigor da juventude, favorecendo à reprodução. No entanto, posteriormente, causariam as mudanças características da senescência. Já a teoria da soma descartável difere das demais teorias evolucionistas. Ela postula que envelhecer está mais relacionado com o uso da energia do corpo do que com alterações genéticas. Defende que o organismo precisa usar energia para o metabolismo, reprodução e manutenção das funções e reparos. Pela evolução, os organismos passaram a dar prioridade do gasto energético para as funções reprodutivas mais do que para as outras funções capazes de manter a vida do organismo indefinidamente, desencadeando, assim, o declínio e a morte. Biogerontologia: A Biogerontologia é o estudo dos processos que envolvem a relação entre o envelhecimento e os fatores genético-ambientais que desencadeiam o aparecimento de doenças. Os agentes etiológicos (bactérias, vírus, fungos etc.) podem ser responsáveis por algumas mudanças fisiológicas durante o envelhecimento. Em casos específicos, esses patógenos podem permanecer no organismo humano durante décadas, antes mesmo de influenciar os sistemas orgânicos. Apesar da teoria, não existem evidências conclusivas que comprovem essa relação entre os patógenos e o declínio do corpo, no entanto, é uma área que têm despertado o interesse de estudiosos por observarem o aumento da expectativa de vida associada ao controle ou erradicação de doenças por meio de ações em saúde, como imunização por vacinas e tratamentos específicos. Vamos Exercitar? A busca pela longevidade e pela imortalidade por muito tempo foi foco de inúmeras pesquisas que aconteceram em todo o mundo. A tentativa de elucidação e compreensão do processo de envelhecimento deu origem a diversas teorias que procuraram explicar esse fenômeno. As teorias do envelhecimento levantadas podem ser classificadas em teorias biológicas, psicológicas e sociais. As teorias biológicas sustentam por meio do seu conceito que o envelhecimento se caracteriza por uma série de mudanças letais que vão diminuindo as probabilidades de sobrevivência do ser humano. As teorias biológicas podem ser classificadas em teorias estocásticas e teorias não estocásticas. As teorias estocásticas entendem que o envelhecimento resulta de interferências do ambiente interno e externo. Já as teorias não estocásticas entendem que as alterações do envelhecimento são resultantes de um processo previamente programado ou predeterminado. Ao longo desta aula estudamos de maneira mais específica as teorias estocásticas (teoria do elo cruzado, teoria dos radicais livres e da lipofucina, teorias do uso e desgaste, teorias evolucionistas e biogerontologia), dentre as quais você poderá eleger uma e discorrer a respeito dela. Bons estudos. Saiba Mais Para conhecer um pouco mais sobre o processo de envelhecimento, acesse o livro: Evolução e envelhecimento humano, de Paulo Roberto Barsano, Rildo Pereira Barbosa e Emanoela Gonçalves, disponível em sua Biblioteca Virtual [Minha Biblioteca]. Além disso, você também pode consultar os seguintes textos: Biologia do envelhecimento: teorias, mecanismos e perspectiva, de Ilka Nicéia D’Aquino Oliveira Teixeira e Maria Elena Guariento. Neste você poderá ter contato com uma revisão das teorias biológicas do envelhecimento, além de uma discussão relevante para explicar tais processos Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico, de Paulo de Tarso Veras Farinatti. O presente artigo traz os princípios gerais dealgumas das correntes teóricas mais aceitas sobre o tema. Bons estudos! Referências Bibliográficas BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; GONÇALVES, E. Evolução e Envelhecimento Humano. São Paulo: Érica, 2014. BRAGA, C.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Saúde do Adulto e do Idoso. São Paulo: Érica, 2014. ELIOPOULOS, C. Enfermagem Gerontológica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. FARINATTI, P. de T. V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico. Revista brasileira de medicina do esporte, v. 8, p. 129-138, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/kDdV4yj97T6pQ7gVmfy9s7B/? lang=pt. Acesso em: 17 out. 2023. . 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. Aula 4 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO II Teorias Biológicas do Envelhecimento II Estudante, esta videoaula foi preparada especialmente para você. Nela, você irá aprender conteúdos importantes para a sua formação profissional. Vamos assisti-la? Bons estudos! Ponto de Partida Olá, estudante, como você gostaria que fosse a sua velhice? O que você está fazendo, hoje, para que essas metas se tornem realidade na fase idosa? Em todo o mundo, ao longo de vários anos, muitos pesquisadores vêm investigando o processo de envelhecimento na tentativa de elucidá-lo e descobrir meios para impedi-lo ou retardá-lo. Dessas buscas incessantes, surgiram várias teorias que tentam explicar como se dá o envelhecimento, no entanto, elas ainda não conseguiram de maneira concreta, explicar o envelhecimento em seu aspecto global, uma vez que se trada de um processo multifatorial. A depender do que se pretende explicar, as teorias se complementam, possibilitando uma melhor compreensão do envelhecimento e a adoção de medidas específicas para envelhecer da melhor forma possível Para nortear nossos estudos, vamos partir da seguinte situação: A atenção primária à saúde (APS) é considerada o primeiro nível de assistência à saúde e é caracterizada por um conjunto de medidas que envolvem tanto a esfera individual como coletiva. A APS é considerada a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde, abrangendo ações que visam à promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde. Além disso, é considerada o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção do SUS, funcionando como se fosse uma espécie de filtro, retendo e resolvendo todas as demandas que forem possíveis e encaminhando as que forem necessárias, sendo capaz de organizar todo o fluxo dos serviços desde os atendimentos mais simples até os mais complexos. A APS é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, estando presente de maneira mais próxima da realidade dos usuários do sistema. Para contextualizar o assunto abordado, imagine que você é um profissional de saúde que trabalha diretamente na atenção primária à saúde em um centro de saúde do seu município. Uma das necessidades dos usuários da sua unidade é a conscientização a respeito da alimentação saudável e equilibrada; por esse motivo, o gestor da unidade o incumbiu de organizar as reuniões sobre a temática direcionada aos adultos e idosos que fazem acompanhamento na unidade. Agora, teremos que compreender algumas questões: será que a alimentação possui alguma relação com o processo de adoecimento e de envelhecimento? Como se chama essa teoria? Como a alimentação pode influenciar o modo como envelhecemos? Ao longo dos nossos estudos, daremos continuidade aos conhecimentos acerca das teorias biológicas do envelhecimento a partir das principais teorias não estocásticas. Vamos lá? Vamos Começar! Teorias não estocásticas do envelhecimento O envelhecimento biológico é iniciado a partir do momento em que qualquer ser vivo nasce, continua durante toda a vida e se encerra com o processo de morte. A senescência decorre do processo da ação do tempo, que provoca resultados deletérios ao organismo. A senescência representa um fenótipo complexo da biologia que se deflagra em todos os sistemas orgânicos do indivíduo; seu desenrolar afeta intimamente a fisiologia do corpo humano, exercendo um impacto direto na capacidade funcional do indivíduo, tornando-o mais suscetível ao aparecimento de doenças, em especial, as de natureza crônica. Apesar do crescimento dos estudos acerca do processo de envelhecimento, a comunidade científica ainda detém conhecimentos limitados em relação a essa temática. Pesquisas experimentais não podem ser realizadas em seres humanos, pois envolvem questões éticas, dessa forma, as pesquisas vêm sendo realizadas em modelos animais, como os roedores e organismos modelo, como alguns tipos de levedura. Entretanto, para que os resultados desses estudos se tornem relevantes para elucidação do envelhecer, é imperativo que os mecanismos experimentados sejam semelhantes ao do ser humano, o que nem sempre é possível. A corrida pelo entendimento do envelhecimento culminou na criação de diversas teorias que tentam explicar como se dá o envelhecimento humano, sendo elas classificadas em biológicas, psicológicas e sociais. As teorias biológicas do envelhecimento são divididas, atualmente, de diferentes formas, sendo mais frequente a categorização em dois grupos distintos: o das teorias estocásticas e o das teorias não estocásticas (programadas). Teoria estocásticas: A premissa das teorias estocásticas é a identificação de condições específicas que produzem danos ao nível molecular e celular, em que o processo de envelhecimento se dá de maneira aleatória e progressiva. Essas teorias consideram o ambiente interno e externo do organismo como fatores que condicionam o envelhecer, desencadeando diversos erros nos segmentos orgânicos, que acabam por deteriorar a estrutura e as funções do corpo. Teorias não estocásticas: As teorias não estocásticas, também conhecidas como teorias programadas, são postuladas na existência de um “relógio biológico”, entendendo que todas as alterações que acontecem à medida que envelhecemos são fenômenos previamente programados ou predeterminados. As teorias não estocásticas entendem que o organismo humano é previamente regulado para que possa crescer, amadurecer, envelhecer e morrer, e as principais teorias consideradas como não estocásticas incluem: teoria do apoptose, teorias genéticas, reações autoimunes, teorias neuroendócrina e neuroquímica, teorias da radiação, teorias nutricionais e teorias ambientais. Em relação aos objetivos das teorias do envelhecimento, alguns autores sugerem a classificação em ultimate e proximate, em que ultimate dá destaque às questões oriundas do envelhecimento e esclarece o motivo do processo, bem como a variabilidade na velocidade do envelhecimento entre espécies diferentes e indivíduos pertencentes a uma mesma espécie. Já o proximate versa sobre questões imediatas ao envelhecimento, investigando os instrumentos que retratam como se dá o processo. Além disso, estudos evidenciam mais de 300 teorias que tentam elucidar o envelhecimento, as quais não podem ser consideradas mutuamente excludentes; aliás, algumas podem ser consideradas complementares, a depender da perspectiva que se deseja explicar. Figura 01: Teorias biológicas do envelhecimento - Fonte: Elaborado pelo autor, Figura 02: Teorias não estocásticas - Fonte: Elaborado pelo autor, Siga em Frente... Teorias programadas I Agora, vamos nos aprofundar um pouca nas teorias não estocásticas, como apoptose, teorias genéticas e reações autoimunes. Apoptose: A também conhecida “morte celular programada” desempenha um relevante papel no remodelamento das células e na manutenção da vida. A apoptose ocorre, normalmente, durante o desenvolvimento dos organismos, assim como na manutenção da homeostase de tecidos e células, bem como envolve uma cascata de eventos moleculares bastante complexos caracterizada por alterações bioquímicas e morfológicas. Em média, em um ser humano adulto, 10 bilhões de novas células são concebidas diariamente para reposição daquelas que sofreram apoptose para manutenção da homeostase.Apesar disso, alguns genes diminuem a expressão de apoptose com o envelhecimento, e mudanças na sinalização do apoptose trazem consequências diretas no envelhecimento. Se existir uma grande ativação da cascata de apoptose, haverá, como consequência, uma degeneração do tecido. Em contrapartida, pouco apoptose permite a permanência de células disfuncionais que podem contribuir para o envelhecimento ou mesmo doenças degenerativas e câncer. Teorias genéticas: Entre as teorias genéticas mais antigas, temos a teoria do envelhecimento programado, que defende que os seres vivos já nascem com uma programação ou um relógio biológico que determina o tempo de vida do indivíduo. Além disso, alguns experimentos evidenciam que várias espécies possuem um número finito ou limitado de divisões celulares, sendo que, quanto maior a idade, menores são as divisões celulares. Esses estudos apoiam a ideia de que a senescência está sob controle genético e ocorre no nível celular. Outra teoria genética também bastante difundida é a teoria do erro. Ela defende que mutações genéticas são causadoras do envelhecimento, pois provocam o declínio de órgãos e tecidos em consequência de mutações celulares que se autoperpetuam. Alguns estudiosos defendem que o envelhecimento ocorre quando uma substância do crescimento falha em sua produção, conduzindo à interrupção do crescimento e da reprodução das células. Outros defendem hipóteses de que um fator de envelhecimento responsável pelo desenvolvimento e pela maturidade celular ao longo da vida é produzido em excesso, apressando, assim, o envelhecimento. Há, ainda, os que supõem que a capacidade celular para funcionar e dividir-se fica prejudicada. Reações autoimunes: Acredita-se que os órgãos primários do sistema imune são influenciados diretamente pelo processo de envelhecimento. O timo tende a ter diminuição de peso durante a vida adulta, perdendo a capacidade de produzir e diferenciar as células T, e a produção do hormônio do timo vai sendo reduzida a partir dos 30 anos, tornando-se indetectável na fase idosa. Além disso, há um expressivo declínio na resposta imune humoral e as células-tronco da medula óssea funcionam com menos eficiência. De acordo com a teoria, o aumento da incidência de infecções e de câncer na fase idosa deve-se a esse fato. Figura 03: Ilustração 3D de células T - Fonte: Shutterstock. Alguns estudiosos acreditam que a redução nas atividades imunes também pode aumentar a resposta autoimune com o envelhecimento. Uma das hipóteses defendidas é que o declínio do sistema imunológico leva a identificar as células do organismo como substâncias estranhas, dando origem à produção de anticorpos que começam a atacar e livrar o organismo dessas substâncias, provocando a morte celular. Teorias programadas II Vamos nos aprofundar um pouco mais nas teorias não estocásticas: teorias neuroendócrina e neuroquímica, teorias da radiação, teorias nutricionais, teorias ambientais. Teorias neuroendócrina e neuroquímica: As funções neuroendócrinas e neuroquímicas são capazes de manter todo o organismo humano em condições para se reproduzir e para sobreviver, sendo fundamentais para a coordenação e a interação multissistêmica e para o controle das respostas fisiológicas do organismo aos estímulos externos. Dessa forma, determina-se que o tempo de duração da vida é ajustado por sistemas biológicos e controlado por intermédio de sinais endócrinos e químicos. Alguns estudos defendem que o envelhecimento é resultado de mudanças no cérebro e nas glândulas endócrinas e que hormônios específicos da hipófise anterior promovem o envelhecimento. Outros afirmam que um desequilíbrio químico no cérebro prejudica a divisão celular saudável por todo o corpo, resultando, também, no envelhecimento. Teorias da radiação: A relação entre radiação e idade é uma temática que continua a ser investigada. Pesquisas com cobaias demonstram que o tempo de vida é reduzido devido a doses não letais de radiação. O envelhecimento seria desencadeado pelo acúmulo de mutações após longa exposição aos níveis de radiação natural e de outros agentes ambientais. Dessa forma, a radiação seria responsável pela promoção do envelhecimento e do desenvolvimento de câncer. É sabido que a exposição repetida à radiação ultravioleta é capaz de causar a elastose solar, consequência da substituição do colágeno pela elastina. Teorias nutricionais: É bastante evidente o impacto da alimentação na saúde e no envelhecimento do ser humano. No que se refere à alimentação, a qualidade é tão importante quanto a quantidade dos alimentos ingeridos. Sabemos que uma má alimentação pode levar à obesidade e, como consequência, elevam-se os riscos de instalação de muitas doenças, além da probabilidade de abreviação da vida. Além disso, as hiper e hipovitaminoses, o excesso ou a deficiência de outros nutrientes podem desencadear muitos processos patológicos, trazendo, como consequência, a senilidade junto ao processo de envelhecimento. A importância de se ter uma nutrição equilibrada durante toda a vida é temática constante em uma sociedade conscientizada quanto a uma boa alimentação. Embora não se tenha total compreensão da relação da alimentação com o envelhecimento, já se conhece o suficiente para a sugestão de uma boa dieta com o intuito de minimizar ou eliminar alguns efeitos danosos que podem surgir e ser associados ao envelhecimento. Teorias ambientais: As teorias ambientais defendem que o ambiente que rodeia o ser humano possui estreita relação na forma como o indivíduo envelhece. São reconhecidos diversos fatores ambientais capazes de ameaçar a saúde e, possivelmente, o processo de envelhecimento. Sabe-se que a ingestão de substâncias como mercúrio, chumbo, arsênico, isótopos radiativos, alguns pesticidas etc. pode causar mudanças patológicas nos seres humanos. Já se sabe, também, que o tabagismo, ativo ou passivo, é reconhecido por trazer efeitos adversos ao organismo; além disso, a excessiva densidade populacional, elevados níveis de ruído, a inalação de poluentes do ar e outros fatores ambientais parecem influenciar negativamente a forma como envelhecemos. Vamos Exercitar? O modo como nos alimentamos é capaz de influenciar diretamente nosso processo de envelhecimento, e essa afirmação pode ser explicada por meio das teorias nutricionais, que defendem que uma má alimentação pode favorecer o aparecimento de processos patológicos, que, muitas vezes, apresentam-se durante a velhice. As teorias nutricionais enfatizam que a quantidade dos alimentos é tão importante quanto a qualidade, ao passo que uma má alimentação pode desencadear excessos de nutrientes, como o excesso de colesterol, ou, em sentido inverso, a falta deles, podendo gerar uma desnutrição, por exemplo. Outro fator bastante evidente desencadeado pela alimentação é a obesidade, que, por si só, já eleva o risco de processos patológicos bastante presentes na fase idosa, como hipertensão, diabetes, entre outros. Uma nutrição equilibrada é capaz de auxiliar na manutenção da vida saudável, podendo refletir diretamente no envelhecimento, minimizando o risco de instalação de doenças, evitando ou retardando processos de senilidade, o que eleva a qualidade de vida da pessoa idosa. Saiba Mais Para se aprofundar um pouco mais na relação entre alimentação e envelhecimento, faça a leitura dos artigos a seguir: Envelhecimento e qualidade de vida – uma abordagem nutricional e alimentar, de Débora Mesquita Guimarães Fazzio, que apresenta a relação existente entre nutrição, saúde e o conceito de qualidade de vida no envelhecimento. Consumo alimentar, estilo de vida e sua influência no processo de envelhecimento, de Isabel Oliveira Aires e colaboradores, que mostra a influência dos padrões alimentares e estilos de vida sobre o envelhecimento. Envelhecimento, obesidade e consumo alimentar em idosos, de Ana Paula de Oliveira Marquesa e colaboradores, ressaltando a associação entre o consumo alimentar e a ocorrência de enfermidades crônicas nesta parcela da população.