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<p>1</p><p>MUDANÇAS PSICOSSOCIAIS NO ENVELHECIMENTO</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-</p><p>sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação</p><p>e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-</p><p>cendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-</p><p>pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação</p><p>contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos</p><p>e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-</p><p>vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>Sumário</p><p>1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4</p><p>2. O ENVELHECIMENTO E SEUS ASPECTOS PSICOLÓGICOS ................... 9</p><p>3. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ..................................................... 11</p><p>4. O ENVELHECIMENTO COMO PROCESSO NATURAL ............................. 15</p><p>4.1 Conceito psicológico de envelhecimento ..................................... 20</p><p>4.2 Causas psicológicas no adoecimento nesta fase da vida............ 21</p><p>5. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO/NO ENVELHECIMENTO ...................... 24</p><p>6. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA NA COMPREENSÃO DA JORNADA</p><p>NESTA FASE DA VIDA ............................................................................... 26</p><p>6.1 Envelhecimento do sistema nervoso ........................................... 27</p><p>7. ENVELHECIMENTO PSICOLÓGICO E SOCIAL ........................................ 29</p><p>8. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 38</p><p>4</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Envelhecer é visto como um processo natural que ocorre desde que nas-</p><p>cemos ficando mais evidente com a chegada da terceira idade. Percebe-se que</p><p>a qualidade do envelhecimento está relacionada diretamente com a qualidade</p><p>de vida a qual o organismo foi submetido. Nestes últimos anos a sociedade tem</p><p>se dedicado um pouco mais com os idosos devido ao aumento desta população,</p><p>visto que os avanços ainda são poucos em relação à pessoa idosa e ineficiente</p><p>para lidar com a situação futura que prevê uma população significativamente</p><p>mais envelhecida. Surge a necessidade de abordar este tema proporcionando</p><p>uma reflexão sobre a experiência existencial do envelhecer, identificando que a</p><p>qualidade de vida pode favorecer um envelhecimento consciente e livre de certas</p><p>patologias e como a pessoa idosa é vista na sua totalidade. Com o aumento</p><p>geral de vida da população, torna-se importante garantir aos idosos não apenas</p><p>maior longevidade, mas satisfação e ter qualidade de vida. O estágio da velhice</p><p>vem geralmente acompanhado de associações a sentimentos além das altera-</p><p>ções no corpo, o envelhecimento traz ao ser humano uma série de mudanças</p><p>psicológicas, que pode resultar em dificuldade de se adaptar a novos papéis.</p><p>Este processo de construção do envelhecimento encontra-se relacionado</p><p>com uma complexa rede de fatores físicos, psicológicos, sociais, econômicos e</p><p>culturais. Diante desta hipótese surge à necessidade de verificar como é viven-</p><p>ciado esse envelhecimento e quais são os aspectos psicossociais diante dessa</p><p>etapa da vida, levando em conta a subjetividade da pessoa idosa. Para tanto</p><p>realizou se uma investigação bibliográfica apresentando se em tópicos abor-</p><p>dando o envelhecimento como um processo natural, bem como o conceito psi-</p><p>cológico de envelhecimento, as causas psicológicas no adoecimento nesta fase</p><p>da vida como a depressão e a síndrome do ninho vazio e, por fim, discorre sobre</p><p>as contribuições da psicologia na compreensão da jornada nesta fase da vida.</p><p>O envelhecimento humano tem sido apresentado com novas conotações na atu-</p><p>alidade. Os profissionais da área da psicologia tem um olhar diferenciado diante</p><p>da subjetividade do indivíduo, sendo necessário ter afetividade em tudo que se</p><p>refere à dinâmica do envelhecimento humano, auxiliando assim na prevenção,</p><p>promoção e reabilitação da saúde da pessoa idosa.</p><p>5</p><p>No Brasil, as políticas de atenção à saúde têm focado no rápido processo</p><p>de envelhecimento da população, que gera como consequência uma transição</p><p>epidemiológica e demográfica, caracterizada por um aumento das doenças crô-</p><p>nicas degenerativas, uma diminuição das taxas de mortalidade e fecundidade,</p><p>como justificam as projeções estatísticas para os próximos anos. O aumento da</p><p>população acima de 60 anos posicionará o Brasil, dentro de 25 anos, como a 6ª</p><p>maior população de idosos no mundo em números absolutos. Hoje, contamos</p><p>com o número de 16 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, em 2025 será</p><p>de 32 milhões, o que representará 15% de nossa população total. Considera-se</p><p>que o processo de envelhecimento é bastante singular, uma vez que pode variar</p><p>de pessoa para pessoa e tais variações estão relacionadas a uma série de fato-</p><p>res como estilo de vida, condições socioeconômicas e presença de doenças crô-</p><p>nicas. Trata-se, portanto, de um fenômeno biopsicossocial.</p><p>Neste sentido, é importante destacar os aspectos psicológicos envolvidos</p><p>nesse processo que abrangem as dimensões cognitivas e psicoafetivas, po-</p><p>dendo interferir assim, em toda a personalidade do indivíduo. Entre as atividades</p><p>oferecidas para os idosos, as Universidades da Terceira Idade destacam-se</p><p>como programas de educação permanente de caráter universitário e multidisci-</p><p>plinar, que têm como pressuposto a noção de que a atividade promove a saúde,</p><p>o bem-estar psicológico e social e a cidadania das pessoas idosas. As universi-</p><p>dades da terceira idade têm como objetivos principais rever os estereótipos e</p><p>preconceitos associados à velhice, promover a autoestima e o resgate da cida-</p><p>dania, incentivar a autonomia, a independência, a auto expressão e a reinserção</p><p>social em busca de uma velhice bem-sucedida. Da mesma forma, Fenalti e</p><p>Schwartz (2003) sustentam a ideia de que as Universidades da Terceira Idade</p><p>visam à valorização pessoal, à convivência grupal, ao fortalecimento da partici-</p><p>pação social, à formação de um cidadão consciente de suas responsabilidades</p><p>e direitos, promovendo sua autonomia e sua qualidade de vida.</p><p>Assim, é possível criar novas oportunidades para os idosos de cuidarem de</p><p>sua saúde biopsicossocial, através da participação em grupos, como também</p><p>uma nova concepção de educação enquanto prática libertadora. Frente ao pro-</p><p>6</p><p>cesso de transformações das demandas decorrentes do envelhecimento popu-</p><p>lacional e às proposições de modelos alternativos de atenção ao idoso o objetivo</p><p>deste estudo foi analisar as mudanças psicossociais proporcionadas nos idosos</p><p>após o ingresso nas atividades da Universidade da Maturidade. O estudo do en-</p><p>velhecimento no domínio das Ciências Humanas é recente, sobretudo no Brasil</p><p>onde apenas nos últimos anos começam a surgir trabalhos científicos sobre este</p><p>tema nas áreas da Psicologia, Sociologia etc. A população idosa (com mais de</p><p>65 anos), entretanto, cresce significativamente no pais. Em 1991, a população</p><p>com mais de 65 anos já representava 4,61% da população brasileira.</p><p>O envelhecimento humano é, antes de tudo, um processo biológico, logo,</p><p>natural e universal. O homem, como os outros animais,</p><p>ou não, recebendo retribuição ou não, sua afetividade só se satisfaz na sua de-</p><p>voção ao bem-estar de todos os seus semelhantes.</p><p>Sabe que não é o centro estático do mundo, mas fator na sua evolução.</p><p>Percebe que o seu conhecimento não pode abarcar a verdade em si, mas ape-</p><p>nas a do observador que é. Seu estilo de vida estando definido, participa, a seu</p><p>modo, do processo evolutivo, seu e dos grupos dos quais é membro, sempre em</p><p>direção à integração pessoal e coletiva. A adultez velha (acima de 60 anos) ou</p><p>velhice é a grande fase da vida, na qual o indivíduo, agora pessoa, atinge o grau</p><p>máximo de compreensão do mistério da vida (consciência do absoluto) e do seu</p><p>papel na unificação do universo. Vive a liberdade plena, permitindo-lhe compre-</p><p>ender o lugar e a parte que cabem ao mal em um mundo em evolução. O sentido</p><p>ético da sua existência permite a superação dos preconceitos e a participação</p><p>ativa na evolução das pessoas e dos grupos aos quais esteja ligado. Está, assim,</p><p>cumprido o destino do ser humano adulto, cuja fé em si mesmo e no destino do</p><p>mundo o faz viver em um permanente comungar e servir.</p><p>Abaixo alguns vídeos relacionados ao assunto abordado:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=3bXsi9hxmYc</p><p>37</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Zk7CaJ8cf74</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=hJ8MB05jOOs</p><p>38</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AFFIUNE, A. Envelhecimento cardio vascular. In E.V. Freitas. L. Py., A.L.</p><p>Néri., F.A.X. Cançado., M.L. Gorzoni, M.L e S.M. Rocha (Eds), Tratado de Ge-</p><p>riatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.28-32, 2002.</p><p>Dr. Daniel Vicentini – Gerontologia. Alterações Neurológicas no Envelheci-</p><p>mento - Dr. Daniel Vicentini. YouTube, 3 de Fevereiro de 2022. Disponível em:</p><p>.</p><p>ASSIS, M. Aspectos sociais do envelhecimento. In A.L. Saldanha, Caldas,</p><p>C.P (Ed.), Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2 a edição. Rio de janeiro: Ineterci-</p><p>ência, p.11-26, 2004.</p><p>ASSIS, M. E ARAÚJO, T.D. Atividade e postura corporal. In A.L. Saldanha e,</p><p>C.P. Caldas (Ed), Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2 a edição. Rio de janeiro:</p><p>Ineterciência, p.83-86, 2004.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de</p><p>Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa: Série Pactos pela</p><p>Saúde 2006, v. 12, Brasília, 2010.</p><p>BRITO, F.C E LITVOC, C. J. Conceitos básicos. In F.C. Brito e C. Litvoc (Ed.),</p><p>Envelhecimento – prevenção e promoção de saúde. São Paulo: Atheneu, p.1-</p><p>16, 2004.</p><p>CACHIONI, M. Universidade da Terceira Idade. Campinas: Alinea. 2005.</p><p>CANÇADO, F.A.X. E HORTA, M.L. Envelhecimento cerebral In E.V. Freitas. L.</p><p>Py., A.L. Néri., F.A.X. Cançado., M.L. Gorzoni, M.L e S.M. Rocha (Eds), Tratado</p><p>de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.112-127,</p><p>2002.</p><p>CMSP - Desenvolvimento Profissional. 14/08 - Representações do envelheci-</p><p>mento e os aspectos psicossociais. YouTube, 3 de Fevereiro de 2022. Dispo-</p><p>nível em: .</p><p>DE VITTA. A. Atividade física e bem-estar na velhice. In A.L. Neri e S.A.Freire.</p><p>(orgs.), E por falar em boa velhice . Campinas, SP: Papirus, p.25-38, 2000.</p><p>FOX, C.M. E ALDER, R.N. Mecanismos neurais do aprendizado e da memó-</p><p>ria. In H. Cohen (Ed.), Neurociências para fisioterapeutas: Incluindo correlações</p><p>clínicas. 2a edição. São Paulo: Manole, 2001.</p><p>GOMES, L. A. et al. Menopausa, ninho vazio e subjetividade feminina: relato</p><p>de um atendimento numa enfermaria. Psicologia hospitalar, São Paulo, v. 12, n.</p><p>1, p. 2-25, jan. 2014.</p><p>39</p><p>GUERRA, A. C. L. C.; CALDAS, C. P. Dificuldades e recompensas no pro-</p><p>cesso de envelhecimento: a percepção do sujeito idoso. Ciência & Saúde Co-</p><p>letiva, V.15, n.6, p.2931-2940, 2010.</p><p>HAYFLICK, L Como e porque envelhecemos. Rio de Janeiro: Campus, 1997.</p><p>IRIGARAY, T. Q.; SCHNEIDER, R. H.; GOMES, I. Efeitos de um treino cogni-</p><p>tivo na qualidade de vida e no bem-estar psicológico de idosos. Psicologia</p><p>Reflexão Crítica, Porto Alegre, v. 24, n. 4, p. 810-818, 2011. D</p><p>LEMOS, Maíra. ENVELHECER. YouTube, 3 de Fevereiro de 2022. Disponível</p><p>em: .</p><p>MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Atenção à saúde do idoso.</p><p>2. ed. Belo Horizonte: SAS/MG, 2007. 186P.</p><p>MINAYO, M C S. O desafio do conhecimento: metodologia da pesquisa quali-</p><p>tativa em saúde. São Paulo: Editora Hucitec/Abrasco, 2007.</p><p>SALDANHA, A. L.; CALDAS, C. P. Saúde do idoso: a arte de cuidar. 2. ed. v. 1.</p><p>Rio de Janeiro: Interciência, 2004.</p><p>SIMÕES, R. Corporeidade e Terceira Idade. A Marginalização do Corpo Idoso,</p><p>São Paulo:Unimep, 1994.</p><p>SPIRDUSO, W.W. Dimensões físicas do envelhecimento. Barueri, SP: Ma-</p><p>nole, 2005.</p><p>TEIXEIRA, M.H. Aspectos psicológicos da velhice. In A.L. Saldanha e C.P.</p><p>Caldas (Ed.), Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2 a edição. Rio de janeiro: Inter-</p><p>ciência, p.309-315, 2004.</p><p>TORELLY, I. W. O. Envelhecimento e suas múltiplas áreas do conheci-</p><p>mento. Porto Alegre: EdiPucRS, 2010.</p><p>ZIMERMAN, G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes Médi-</p><p>cas, 2009.</p><p>passa por um contínuo</p><p>processo de desenvolvimento que o leva necessariamente à velhice e à morte.</p><p>No entanto, ele se diferencia dos outros animais por uma série de características,</p><p>entre as quais pode-se destacar o fato de que ele é ao mesmo tempo produtor e</p><p>produto de uma sociedade, de uma cultura e que tem a consciência de si en-</p><p>quanto ser finito, isto é, ele tem consciência de seu processo de envelhecimento</p><p>e de sua própria morte. A velhice é também uma convenção sociocultural sendo,</p><p>consequentemente, representada de modo diverso nas diferentes culturas. Se-</p><p>gundo Diop (1989), em alguns países da África os idosos têm ainda um papel de</p><p>prestígio na medida em que são responsáveis pela salvaguarda dos valores tra-</p><p>dicionais, eles são os "guardiões da herança coletiva". No Brasil, sobretudo nas</p><p>zonas urbanas, há, no mínimo, uma grande ambivalência com relação aos ve-</p><p>lhos. Se, por um lado, acentua-se o respeito, a experiência e a sabedoria dos</p><p>sujeitos idosos, por outro lado é a juventude, a força física, a saúde e o novo que</p><p>merecem a valorização social. Deste modo, a velhice parece ser representada</p><p>como decadência, inutilidade, logo, desvalorização do ponto de vista social. Não</p><p>parece haver lugar para os sujeitos idosos, nem papéis sociais que possam</p><p>mantê-los como sujeitos e cidadãos.</p><p>A idade torna-se, assim, ao mesmo tempo, uma realidade biológica e uma</p><p>convenção sociocultural, onde a cada etapa do desenvolvimento correspondem</p><p>papéis sociais específicos, valores e expectativas que têm uma grande influência</p><p>sobre a percepção que tem o sujeito do mundo e sobre sua própria definição</p><p>7</p><p>enquanto sujeito que interage com este mundo. Numa pesquisa realizada em</p><p>1986 sobre a crise de identidade na aposentadoria, 75% dos sujeitos entrevista-</p><p>dos consideraram que os outros têm uma imagem negativa dos aposentados.</p><p>Face à questão "Na sua opinião, como os outros veem as pessoas aposenta-</p><p>das?", as respostas mais frequentes eram: "inúteis", e sociedade não valoriza os</p><p>aposentados", "eles veem como aleijados", "como gente que não serve para</p><p>nada" etc. Em geral, do ponto de vista psicossocial, a aposentadoria é o ponto</p><p>de partida para a velhice. Os dois fenômenos se confundem como se fossem um</p><p>só. No Brasil, onde a população começa a sua vida profissional antes mesmo</p><p>dos 15 anos, a idade média da aposentadoria é em torno dos 50-60 anos. Mesmo</p><p>se em certas profissões por exemplo, naquelas associadas às atividades inte-</p><p>lectuais e políticas a idade é sinônimo de sabedoria e experiência, para a maior</p><p>parte dos trabalhadores, a aposentadoria é o "atestado oficial da velhice" do qual</p><p>fala é a perda da capacidade produtiva, a inutilidade do ponto de vista social.</p><p>Tais conceitos parecem fazer parte da representação social da velhice que</p><p>circula em nossa sociedade. As representações sociais correspondem às ima-</p><p>gens, normas, modelos de comportamento, modelos de pensamento e de expli-</p><p>cação da realidade social. As representações produzidas numa dada sociedade</p><p>são conhecimentos compartilhados coletivamente e reconstruídos pelo sujeito</p><p>nas relações que ele estabelece com os outros e com as instituições sociais.</p><p>Como afirma (Jodelet, 1989), ao fazer referência ao conceito de representação</p><p>social, deve-se levar em conta ao mesmo tempo o fato de que elas são geradas</p><p>e adquiridas pelo sujeito. Trata-se de compreender não mais a tradição mas a</p><p>inovação, não mais uma vida social já construída, mas em construção" (p. 82).</p><p>É fundamental se levar em conta o fato de que as representações sociais são</p><p>elaboradas durante as trocas nos processos interativos.</p><p>A partir das interações estabelecidas pelo sujeito ao longo de sua vida, ele</p><p>não apenas reconstrói representações acerca de objetos sociais, mas também</p><p>acerca de si próprio. Referem-se ao processo de construção da identidade como</p><p>tendo duas faces: a identidade objetivamente atribuída e a identidade subjetiva-</p><p>mente apropriada. Assim sendo, os outros vão mediatizando e atribuindo signi-</p><p>8</p><p>ficados ao sujeito diferenciando-o dos demais e este, por sua vez, vai se apro-</p><p>priando e reconstruindo tais significados para formar as representações, senti-</p><p>mentos, ideias e opiniões acerca de si mesmo, constituindo, assim, sua identi-</p><p>dade.</p><p>Se a identidade se define pelo conjunto de representações, ideias e senti-</p><p>mentos que tem o sujeito a respeito de si enquanto sujeito que interage com o</p><p>mundo, ao se ter acesso às representações relativas a um objeto social qual-</p><p>quer, ter-se-á acesso às formas de pensar e de agir com relação a este objeto.</p><p>Deste modo, pode-se compreender a influência destas representações sobre o</p><p>comportamento e a identidade do sujeito. No entanto, o mais importante parece</p><p>ser a compreensão que se tem da construção do mundo subjetivo a partir dos</p><p>elementos objetivos da sociedade. Pode-se, então, vislumbrar a ponte entre o</p><p>mundo individual e o mundo coletivo na perspectiva de um processo sempre em</p><p>construção. Assim, é a partir do estudo das representações sociais da velhice</p><p>que se pode compreender o peso do envelhecimento para o sujeito, a criação</p><p>do sujeito nos significados sobre envelhecimento e o peso da pressão social que</p><p>encerra os idosos em um grupo de referência negativa. Fazer face às mudanças</p><p>iniciadas pelo envelhecimento numa sociedade que não valoriza o idoso, cons-</p><p>titui-se num duplo esforço. A sociedade marginaliza o sujeito que só pode contar</p><p>com seus recursos individuais para refazer sua identidade. Segundo Tap (1979",</p><p>pag. 9),</p><p>"pela ação e produção de obras o indivíduo se valoriza aos olhos do</p><p>outro e, em contrapartida a seus próprios olhos, isto ê tão verdadeiro</p><p>que ele tem necessidade de ser reconhecido, amado, admirado, aceito</p><p>pelo outro para confirmar seus próprios poder es e desenvolver o sen-</p><p>timento fundamental de ser causa assim como o sentimento de que é</p><p>valorizado pelo outro e por si mesmo."</p><p>O sujeito deve valorizar a si mesmo e obter o reconhecimento do grupo</p><p>social. A identidade se consolida na percepção que tem o sujeito de seu poder</p><p>sobre si, sobre os outros e sobre os acontecimentos. Logo, o sentimento de ser</p><p>rejeitado, desvalorizado pelo grupo social pode atingir a imagem de si, em re-</p><p>sumo, a identidade pessoal. Tudo se passa como se fossem as duas faces da</p><p>mesma moeda: realidade objetiva e realidade subjetiva, para utilizar a expres-</p><p>são. A identidade, entretanto, não se estrutura apenas sobre a necessidade de</p><p>9</p><p>reconhecimento e de valorização. Ainda segundo Tap (1985), o sujeito constrói</p><p>seu lugar, toma suas posições na sociedade a partir da apropriação da cultura,</p><p>isto é, do que é proposto pela sociedade a qual pertence. Ter uma identidade é</p><p>se perceber enquanto pessoa com um conjunto de características relativamente</p><p>integradas, estáveis e constantes no tempo, o que implica unicidade e perma-</p><p>nência.</p><p>Quando se fala em estabilidade e permanência não se quer afirmar que a</p><p>identidade seja imutável. Uma série de variações pode ocorrer durante o curso</p><p>de vida do sujeito. Ele poderá enfrentar novas situações que podem provocar</p><p>uma mudança da identidade, uma transformação da estabilidade adquirida. Tais</p><p>acontecimentos levam o sujeito a integrar um novo aspecto de si o que provoca</p><p>uma mudança no conjunto que se chama identidade. No que concerne às pes-</p><p>soas idosas, o problema torna-se mais difícil porque além da diminuição concreta</p><p>de suas capacidades físicas, da possibilidade de doenças, do aumento da pro-</p><p>babilidade de perdas de pessoas afetivamente ligadas ao sujeito - sobretudo</p><p>seus pares - eles são obrigados a enfrentar o estigma social da velhice, a repre-</p><p>sentação negativa do sujeito velho. No momento em que a dinâmica da reorga-</p><p>nização da identidade entra em jogo, o sujeito deve se confrontar com a recusa</p><p>coletiva da velhice. Se a identidade pessoal se constrói no jogo das relações</p><p>sociais, uma representação social negativa</p><p>do grupo ao qual o sujeito pertence</p><p>poderá fazer eclodir uma representação negativa de si mesmo. Por consequên-</p><p>cia, pode-se se supor que uma representação negativa da velhice atinge, certas</p><p>dimensões da identidade pessoal, tais como: a dimensão valor, a dimensão au-</p><p>tonomia e a dimensão poder.</p><p>2. O ENVELHECIMENTO E SEUS ASPECTOS PSICOLÓGICOS</p><p>Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. A frase é pertencente</p><p>ao senso comum ao se referir ao ciclo da vida, no entanto cada um interpreta-a</p><p>da sua forma, o que não faz necessário ser ao pé da letra. A verdade é que</p><p>a velhice chega e, junto com ela, as mudanças biológicas, psicológicas e soci-</p><p>ais. Com o aumento da qualidade de vida e o avanço na medicina houve a queda</p><p>da taxa de natalidade e elevou-se a expectativa de vida da população. Assim, a</p><p>10</p><p>sociedade brasileira tende a ficar cada vez mais idosa. Portanto, com isso ne-</p><p>cessita voltar o olhar a esse público, em diferentes fatores. Entretanto, é neces-</p><p>sário estar alerta ao estado psicológico do idoso, que nem sempre acompanha</p><p>a lógica do processo de longevidade populacional, pois embora o Brasil tenha</p><p>avançado em algumas áreas, as condições socioeconômicas e culturais não são</p><p>necessariamente equivalentes e favoráveis para se viver a velhice.</p><p>O isolamento familiar; as alterações na imagem; a perda de entes queridos</p><p>e até mesmo o pensamento na morte; o afastamento do trabalho e da vida pro-</p><p>dutiva, que o fazem se sentir inútil; a ausência de paciência com suas limitações</p><p>(esquecimento, lentidão etc.); dentre outros fatores acabam propiciando o de-</p><p>senvolvimento de quadros patológicos, como a depressão, hipocondria e, em al-</p><p>guns caso, até suicídio. O envelhecimento é dividido em psicológico e biológico.</p><p>Na classificação biológica, ele é implacável, ativo e irreversível, e ocasiona vul-</p><p>nerabilidade no organismo com as agressões internas e externas, decorrentes</p><p>das alterações genéticas e da alteração celular-molecular. Já o psíquico não é</p><p>por si só progressivo, ele depende da passagem do tempo e do esforço pessoal</p><p>contínuo na busca pelo autoconhecimento e sentido da vida.</p><p>11</p><p>3. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO</p><p>O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres humanos, in-</p><p>dependentemente. Sendo caracterizado como um processo dinâmico, progres-</p><p>sivo e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais.</p><p>Para Birren e Schroots (1996), a definição do envelhecimento pode ser compre-</p><p>endida a partir de três subdivisões:</p><p> Envelhecimento primário;</p><p> Envelhecimento secundário;</p><p> Envelhecimento terciário.</p><p>Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento primário, também conhe-</p><p>cido como envelhecimento normal ou senescência, atinge todos os humanos</p><p>pós-reprodutivos, pois esta é uma característica genética típica da espécie. Este</p><p>tipo de envelhecimento atinge de forma gradual e progressiva o organismo, pos-</p><p>suindo efeito cumulativo. O indivíduo nesse estádio está sujeito à concorrente</p><p>influência de vários fatores determinantes para o envelhecimento, como exercí-</p><p>cios, dieta, estilo de vida, exposição a evento, educação e posição social. Para</p><p>Netto (2002), o envelhecimento primário é geneticamente determinado ou pré-</p><p>programado, sendo presente em todas as pessoas (universal). Hershey (1984 in</p><p>Spirduso, 2005), afirma que o envelhecimento primário é referente às mudanças</p><p>universais com a idade numa determinada espécie ou populações, sendo inde-</p><p>pendente de influências ambientais e doença.</p><p>12</p><p>Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento secundário ou patológico,</p><p>refere-se a doenças que não se confundem com o processo normal de envelhe-</p><p>cimento. Estas enfermidades variam desde lesões cardiovasculares, cerebrais,</p><p>até alguns tipos de cancro (este último podendo ser oriundo do estilo de vida do</p><p>sujeito, dos fatores ambientais que o rodeiam, como também de mecanismos</p><p>genéticos). O envelhecimento secundário é referente a sintomas clínicos, onde</p><p>estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente. O envelhecimento secun-</p><p>dário é o envelhecimento resultante das interações das influências externas, e é</p><p>variável entre indivíduos em meios diferentes. O envelhecimento secundário tem</p><p>como característica o fato de decorrer de fatores culturais, geográficos e crono-</p><p>lógicos. Spirduso (2005) diz-nos que, embora as suas causas sejam distintas, o</p><p>envelhecimento primário e secundário interagem fortemente. O autor ressalta</p><p>que o stress ambiental e as doenças podem possibilitar a aceleração dos pro-</p><p>cessos básicos de envelhecimento, podendo estes aumentar a vulnerabilidade</p><p>do indivíduo ao stress ambiental e a doenças.</p><p>Já o envelhecimento terciário ou terminal é, para Birren e Schroots (1996),</p><p>o período caracterizado por profundas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas</p><p>pelo acumular dos efeitos do envelhecimento, como também por patologias de-</p><p>pendentes da idade. Weineck (1991) ensina que a idade cronológica (calendário)</p><p>ordena as pessoas de acordo com sua data de nascimento, enquanto a idade</p><p>biológica (individual) é demonstrada pelo organismo, com base nas condições</p><p>tecidulares deste, quando comparados a valores normativos. A idade psicológica</p><p>é evidenciada por aspectos como desempenho, maturação mental e soma de</p><p>experiências. Já a idade social (sociológica) é indicada pelas estruturas organi-</p><p>zadas de cada sociedade; cada indivíduo pode variar de jovem a velho em dife-</p><p>rentes sociedades. Para Motta (2004), o envelhecimento cronológico é iniciado</p><p>na infância, e facilmente mensurável, enquanto as mudanças biológicas associ-</p><p>adas à idade são de aferição difícil. Netto (2002) assinala que, entre o indivíduo</p><p>adulto e o idoso, o limite de idade é de 60 anos para países em desenvolvimento</p><p>13</p><p>e 65 anos para nações desenvolvidas, sendo estes parâmetros de medição cri-</p><p>térios utilizados pela maioria das instituições que visam a dar aos idosos atenção</p><p>à saúde psicológica, social e física.</p><p>A idade psicológica para esse autor é a relações entre a idade cronológica</p><p>e as capacidades de memória, aprendizagem e percepção. Este tipo de idade</p><p>relaciona o senso de subjetividade da idade de um sujeito em comparações com</p><p>outros indivíduos, tendo como parâmetro a presença de marcadores biológicos,</p><p>sociais e psicológicos do envelhecimento. Portanto, a idade social é a capaci-</p><p>dade que um indivíduo tem de se adequar a certos papéis e comportamentos</p><p>referentes a um dado contexto histórico da sociedade. Shephard (2003), classi-</p><p>fica os indivíduos idosos, situando-os em categorias funcionais, que são:</p><p> Meia-idade;</p><p> Velhice;</p><p> Velhice avançada;</p><p> Velhice muito avançada.</p><p>Para Shephard (2003), a meia-idade compreende a faixa etária situada de</p><p>40 a 65 anos. É o período em que os principais sistemas biológicos começam a</p><p>apresentar declínios funcionais. Esses declínios variam de 10 a 30% em rela-</p><p>ções aos valores máximos de quando essa pessoa era adulta jovem. A velhice,</p><p>para Shephard (2003), é descrita propriamente dita como a fase inicial da ve-</p><p>lhice, pois compreende o intervalo etário situado entre 65 e 75 anos. Este perí-</p><p>odo é relacionado ao momento posterior à reforma. Na “velhice”, não se encontra</p><p>um dano grande na homeostasia, mas, mesmo assim, encontra-se uma perda</p><p>de função um pouco maior. Shephard (2003) destaca a velhice avançada como</p><p>algumas vezes descrita velhice “mediana”. Esta categoria etária compreende a</p><p>faixa situada entre 75 e 85 anos, na qual se encontra um dano substancial nas</p><p>funções ligadas às atividades diárias. Porém, nessa fase, o indivíduo ainda de-</p><p>monstra ter independência. Finalizando, Shephard (2003) afirma que a velhice</p><p>muito avançada compreende a faixa etária acima dos 85 anos. Este período</p><p>14</p><p>apresenta cuidados especiais para com os idosos (institucionais ou de enferma-</p><p>gem</p><p>ou ambos).</p><p>Já para Schaie e Willis (1996), os idosos podem ser distribuídos em três</p><p>grupos etários:</p><p> Velhos-jovens;</p><p> Velhos;</p><p> Velhos-velhos.</p><p>Para Schaie e Willis (1996), os velhos-jovens compreendem idosos situa-</p><p>dos na faixa etária de 60 a 75-80 anos. Estes idosos continuam ativos (mesmo</p><p>que aposentados), e possuem semelhanças com os adultos na meia idade. Os</p><p>velhos compreendem idosos situados na faixa etária de 75-80 a 90 anos. Estes</p><p>idosos possuem a característica de apresentar maior fragilidade física, embora</p><p>muitos destes, em razão do suporte pessoal e ambiental, continuam levando</p><p>uma vida completa. Já os velhos-velhos estão situados acima da faixa etária de</p><p>90 anos, e geralmente possuem como característica apresentar alguma desvan-</p><p>tagem física ou mental, necessitando de maior apoio emocional e físico dos seus</p><p>familiares. Segundo Shephard (2003, pp. 04) “os limites que separam as várias</p><p>categorias funcionais variam, substancialmente de um país para o outro”. Este</p><p>autor afirma que em qualquer período histórico, ocorre uma diferença no ritmo</p><p>em que as pessoas envelhecem e essa diferença no envelhecimento ocorre até</p><p>mesmo dentro de um mesmo país, e de uma mesma classe econômica. Assim</p><p>para Shephard (2003) idosos com 90 anos podem apresentar-se extremamente</p><p>ativos enquanto outros com 70 anos, já estão confinados completamente ao</p><p>leito.</p><p>Desta maneira a diferença individual determina como cada ser humano irá</p><p>envelhecer. Entretanto variáveis como sexo, herança genética e estilo de vida</p><p>contribuirão determinando entre homens e mulheres as diferenças nos ritmos de</p><p>envelhecimento que cada um apresentará. Segundo, ainda, Shephard (2003), a</p><p>categorização funcional do idoso não depende apenas da idade, mas também</p><p>15</p><p>de sexo, estilo de vida, saúde, fatores socioeconômicos e influências constituci-</p><p>onais, estando provado, assim, que não há homogeneidade na populações</p><p>idosa. Netto (2002) garante que a velhice é caracterizada como a fase final do</p><p>ciclo da vida. Esta fase apresenta algumas manifestações físicas, psicológicas,</p><p>sociais e debilitantes, dos quais se destacam a diminuição da capacidade funci-</p><p>onal, trabalho e resistência; aparecimento da solidão; calvície; perda dos papéis</p><p>sociais; prejuízos psicológicos, motores e afetivos. Netto (2002, p. 10) afirma que</p><p>“... não há uma consciência clara de que através de características físicas, psi-</p><p>cológicas, sociais, culturais e espirituais possa ser anunciado o início da velhice”.</p><p>Para Paschoal (1999), não se pode definir o envelhecimento no idoso ape-</p><p>nas pelo critério cronológico, pois se deve considerar as condições funcionais,</p><p>físicas, mentais e de saúde que estes apresentam, porquanto o processo de en-</p><p>velhecimento é individual, verificando que se pode observar diferentes condições</p><p>biológicas em indivíduos situados na mesma faixa cronológica de idade. Corro-</p><p>bora, assim, as afirmações de Paschoal (1999) e Simões (1994) ao destacar a</p><p>idade cronológica como sendo perceptível e variando de indivíduo para indiví-</p><p>duo. Simões (1994) assegura que, quando a análise passa da esfera cronológica</p><p>para a fisiológica, há uma variações na interpretações da idade, sendo quase</p><p>impossível aferi-la. Para De Vitta (2000), algumas alterações biológicas do orga-</p><p>nismo resultam naturalmente do envelhecimento normal. Para Netto (2002) o</p><p>envelhecimento biológico é universal, sendo comum em todos os seres vivos</p><p>animais. Para Hayflick (1997), o envelhecimento é resultado da interações de</p><p>fatores genéticos, ambientais e estilo de vida.</p><p>4. O ENVELHECIMENTO COMO PROCESSO NATURAL</p><p>Vecchia et al. (2005) definem que o envelhecimento é constituído de um</p><p>conjunto de modificações fisiológicas irreversíveis e inevitáveis acompanhadas</p><p>de mudança do nível de homeostasia do corpo. De acordo com esses autores</p><p>as pesquisas do fenômeno biológico do envelhecimento representa a última das</p><p>três fases do ciclo vital do organismo sendo as duas primeiras a infância e a</p><p>maturidade. O termo “terceira idade” foi proposto para esse estágio de vida pelo</p><p>francês Huet, na revista Informations Sociales em 1962, que dedicava o número</p><p>16</p><p>aos aposentados e logo ganhou aceitação geral e adeptos, na medida em que</p><p>se refere às pessoas idosas sem menosprezá-las. O processo de envelheci-</p><p>mento numa perspectiva biopsicossocial abrange diferentes aspectos que po-</p><p>dem influir para a melhoria das relações sociais da terceira idade. Para Vecchia</p><p>et al. (2005) o envelhecimento é tido em quatro estágios; na meia-idade, que</p><p>compreende pessoas entre 45 e 59 anos de idade, nos idosos, pessoas entre 60</p><p>e 74 anos, nos anciões, pessoas entre 75 e 90 anos e na velhice extrema, pes-</p><p>soas acima de 90 anos de idade. No entendimento de Zimerman (2009) o pro-</p><p>cesso de envelhecimento embora difícil para muitos, é algo que acontece natu-</p><p>ralmente, trazendo junto consigo algumas mudanças.</p><p>Segundo o autor, as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-</p><p>tística (IBGE) realizada em 2003, no Brasil, em 2020, os idosos chegarão a 25</p><p>milhões de pessoas, numa população de 219,1 milhões representando 11,4%</p><p>da população. Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser hu-</p><p>mano uma série de mudanças psicológicas, segundo Vecchia et al. (2005) pode</p><p>resultar em dificuldade de se adaptar à novos papéis, falta de motivação e difi-</p><p>culdade de planejar o futuro, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afe-</p><p>tivas e sociais, dificuldade de se adaptar as mudanças rápidas, alterações psí-</p><p>quicas que exigem tratamento, depressão, hipocondria, somatização, paranoia,</p><p>suicídios e, por fim, baixas autoimagem e autoestima. Os autores Teixeira e Neri</p><p>(2008) apresentam que nos estudos realizados por Rowe e Kahn em 1997 con-</p><p>sideram que o envelhecimento bem-sucedido inclui três elementos:</p><p>1) Probabilidade baixa de doenças e de incapacidades relacionadas às</p><p>mesmas;</p><p>2) Alta capacidade funcional cognitiva e física;</p><p>3) Engajamento ativo com a vida.</p><p>A hierarquia entre os componentes é representada pela integridade das</p><p>funções física e mental. Essas funções atuam como potencial para a realização</p><p>das atividades sociais, envolvendo as relações interpessoais e as atividades pro-</p><p>dutivas, remuneradas ou não. Os avanços tecnológicos em todas as áreas têm</p><p>17</p><p>contribuído para melhorar a qualidade de vida das pessoas e, consequente-</p><p>mente, têm elevado a expectativa de vida para que possam usufruir da vida. A</p><p>Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio apontou que o número de pessoas</p><p>com mais de 60 anos chegou aos 19 milhões, correspondendo a 10,2% do total</p><p>da população. Neste universo, as mulheres correspondem a pouco mais da me-</p><p>tade (56%) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2007). A região</p><p>Sul concentra a segunda maior participação de idosos de 60 anos ou mais na</p><p>contagem nacional, apresentando 10,4% do total de idosos. O aumento da ex-</p><p>pectativa de vida, somado à diminuição da natalidade, implicou o aumento na</p><p>percentagem de população com mais de 65 anos no mundo e, particularmente</p><p>no Brasil, modificando a estrutura etária da população.</p><p>Diferente do que em países desenvolvidos, a sociedade brasileira vivencia</p><p>o processo de envelhecimento populacional de maneira brusca e ele coincide</p><p>com o agravamento dos problemas sociais e da situação de grandes estados.</p><p>Tais situações indicam que embora tenhamos aumentado a longevidade, devido,</p><p>fundamentalmente, às conquistas e desenvolvimentos criados pelo homem nas</p><p>diferentes ciências, o mesmo não foi acompanhado por condições socioeconô-</p><p>micas e culturais equivalentes e favoráveis para se viver a velhice. Neri (2001)</p><p>observa que o envelhecimento pensado em termos biológicos compreende uma</p><p>série de processos que acarretam transformações do organismo, sobretudo</p><p>após a maturação sexual, e tais transformações têm como consequência a dimi-</p><p>nuição gradual</p><p>da probabilidade de sobrevivência. Tais processos são de natu-</p><p>reza interacional, iniciam-se em diferentes épocas e ritmos e acarretam resulta-</p><p>dos distintos para as diversas partes e funções do organismo, bem como para</p><p>cada indivíduo. Na perspectiva do desenvolvimento life-span, o envelhecimento</p><p>é uma experiência heterogênea, isto é, pode ocorrer de modo diferente para in-</p><p>divíduos e coortes que vivem em contextos históricos diferentes. Dessa forma,</p><p>pode-se dizer que existem diferentes padrões de envelhecimento, raramente ob-</p><p>serváveis em estado puro.</p><p>Diante disso, é possível afirmar que o envelhecimento compreende um pro-</p><p>cesso multifatorial e multifacetado que tem como fim a velhice. Conforme Neri</p><p>(2001a), o termo velhice designa a última fase do ciclo vital que é delimitada por</p><p>18</p><p>eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afas-</p><p>tamento social, entre outras mudanças. Na medida em que a longevidade se</p><p>alonga, a velhice passa a comportar subdivisões que atendem a necessidades</p><p>taxonômicas da ciência e da vida social, conforme se observa, atualmente, as</p><p>terminologias como velhice inicial, velhice e velhice avançada. A idade que</p><p>marca o início da fase da velhice é 60 e 65 anos, para países em desenvolvi-</p><p>mento e desenvolvidos respectivamente. No Brasil, define-se a idade de 60</p><p>anos. Fericgla (1992) observou que em nossa sociedade, o conceito de velhice</p><p>tem relação direta com a idade cronológica. Moreira (1996), afirma ainda que a</p><p>idade cronológica deixa suas marcas, mas a sociedade também exerce pressão</p><p>sobre as pessoas e, mais do que isso, cada meio social tem sua própria definição</p><p>de envelhecimento e velhice.</p><p>Esta pressão é responsável, entre outras coisas, por marcar a forma de</p><p>perceber ou não o ser humano que envelheceu. Neste sentido, se o idoso se</p><p>mantém ativo, provavelmente “não aparece” para o mundo, ou seja, a sociedade</p><p>não percebe este idoso como tal, uma vez que mantém seu padrão ativo da</p><p>idade adulta. Entretanto, se este idoso for inativo, ou velho, como aponta o es-</p><p>tudo de Biasus, Demantova e Camargo (2011), torna-se sem serventia, sem va-</p><p>lor e passa a ser considerado um peso para família e até para a sociedade. Vi-</p><p>venciar a velhice é conviver com modificações corporais ocorridas no processo</p><p>de envelhecer como: o aparecimento de rugas, os cabelos brancos, a diminuição</p><p>da elasticidade da pele, a perda dos dentes, as modificações no esqueleto que</p><p>por sua vez implicam problemas musculares e encurtamento postural, os proble-</p><p>mas de circulação, a desaceleração do metabolismo e dos impulsos nervosos</p><p>que alteram os sentidos do velho; enfim, as modificações físicas e fisiológicas</p><p>do envelhecimento. Os resultados dessas modificações corporais podem influ-</p><p>enciar a imagem corporal, a qual exerce influência sobre o interesse sexual, prin-</p><p>cipalmente nas mulheres que percebem as modificações (cabelos brancos, ru-</p><p>gas) como perda da feminilidade.</p><p>Considera-se que a partir dos trinta anos de idade exista queda das funções</p><p>orgânicas em cerca de 1% ao ano. Reconhece-se e admite-se o declínio de tais</p><p>funções, entretanto Queiroz e Netto (2007) amparados por proposições de Anita</p><p>Liberalesso Neri afirmam que a velhice preserva possibilidades de ganho. Esta</p><p>19</p><p>constatação, em uma série de pesquisas empíricas, valida a proposta teórica do</p><p>desenvolvimento life-spam. Estes ganhos estão relacionados, sobretudo, no do-</p><p>mínio afetivo, o qual pode atuar de forma compensatória e bem-sucedida em</p><p>limitações, por exemplo, de domínios cognitivos (perda de memória) e até físicos</p><p>(perda do tônus muscular e velocidade) presentes em idosos. Na definição do</p><p>envelhecimento é corrente a ideia de padrões de envelhecimento (bem-sucedido</p><p>e o usual ou comum). Para compreendê-los é fundamental conhecer o signifi-</p><p>cado de senescência e de senilidade. A senescência refere-se às transforma-</p><p>ções normais do organismo que vivencia o processo de envelhecimento. Já a</p><p>senilidade decorre de processos mórbidos que acometem o organismo ao longo</p><p>do processo de envelhecimento. Embora fique clara a distinção que propomos</p><p>aqui, nem sempre ela é no desenvolvimento de estudos com seres humanos</p><p>velhos.</p><p>Muitos achados de pesquisas relativas ao processo de envelhecimento re-</p><p>ferem modificações e às associam a este processo normal presente na senes-</p><p>cência, entretanto, desconhecem que algumas das mudanças relatadas são re-</p><p>lativas à presença de doenças no processo de envelhecer e não inerentes ao</p><p>processo propriamente dito. Segundo Queiroz e Netto (2007), estabelecer um</p><p>diagnóstico de velhice bem-sucedida, embora se evidenciem fatores biológicos,</p><p>tal diagnóstico extrapola os limites biológicos e destaca aspectos psicológicos,</p><p>sociais e a relação entre estes diferentes fatores. Uma velhice bem-sucedida,</p><p>entre nós, é rara uma vez que este conceito marca um organismo que envelhe-</p><p>ceu, não apresenta doenças crônicas e ainda apresenta estilo de vida saudável,</p><p>com atividade física, cuidados alimentares e controle em ingestão de álcool e</p><p>outras drogas como tabaco. Ou seja, é um idoso que se apresenta saudável,</p><p>ainda que com redução nas suas funções organísmicas, e com um bom controle</p><p>dos fatores extrínsecos que podem modificar negativamente o processo de en-</p><p>velhecer. Contudo, por diversos fatores (sociais, econômicos, culturais) é pe-</p><p>queno o número de idosos que pode ser considerado saudável e com uma ve-</p><p>lhice bem-sucedida, entre nós, é predominante o envelhecimento comum, o qual</p><p>implicam alterações do envelhecimento primário (declínio, perdas) associado às</p><p>alterações provocadas por fatores extrínsecos.</p><p>20</p><p>4.1 Conceito psicológico de envelhecimento</p><p>De acordo com Teixeira e Neri (2008) a perspectiva biológica do envelhe-</p><p>cimento reúne seu ponto consensual na chamada teoria do declínio. Segundo</p><p>essa teoria, o envelhecimento é caracterizado por uma lentidão que abrange di-</p><p>ferentes domínios do comportamento. O autor afirma ainda que na origem dessa</p><p>lentidão está o declínio de um conjunto de funções orgânicas (como por exem-</p><p>plo, a diminuição da capacidade de regeneração das células e consequente en-</p><p>velhecimento dos tecidos). Barreto (2005) divide o envelhecimento em duas fa-</p><p>ses, sendo elas o primário, um processo pessoal, natural, gradual que se carac-</p><p>teriza por uma diminuição das “aptidões e capacidades, tanto físicas como men-</p><p>tais”, o qual se encontra relacionado com o código genético de cada um. Na</p><p>segunda fase o autor explica que é o secundário, processo “patológico” cujas</p><p>alterações físicas e/ou mentais ocorrem de forma imprevisível e as causas são</p><p>diversas (determinadas por doenças ou lesões, fortemente relacionadas com al-</p><p>terações ambientais), sendo as suas manifestações vivenciadas de forma dis-</p><p>tinta pelo ser humano. Para Irigaray, Schneider e Gomes (2011) a funcionalidade</p><p>cognitiva de idosos está relacionada à sua saúde, à qualidade de vida e ao bem-</p><p>estar psicológico, sendo considerado um indicador importante de envelheci-</p><p>mento ativo e longevidade.</p><p>O processo de envelhecimento envolve alterações que vai desde o nível</p><p>dos processos mentais, da própria personalidade, das motivações que a pessoa</p><p>tem, das aptidões sociais, ou seja, o envelhecimento, do ponto de vista psicoló-</p><p>21</p><p>gico, vai depender de fatores de ordem genética, patológica (doenças e/ou le-</p><p>sões), de potencialidades individuais (processamento de informação, memória,</p><p>desempenho cognitivo, entre outras); com interferência do meio ambiente e do</p><p>contexto sociocultural. Especificamente na velhice segundo os autores Irigaray,</p><p>Schneider e Gomes (2011) relatam que ainda não há um consenso sobre a ocor-</p><p>rência de declínios e ganhos em relação ao bem-estar psicológico. O envelheci-</p><p>mento social está relacionado a alterações no status social. A transição da situ-</p><p>ação de economicamente ativo para a de aposentado é percebida como</p><p>uma</p><p>perda de utilidade e poder social. É com esta mudança que alguns projetos de</p><p>vida ficam comprometidos. Existem idosos que apresentam dificuldades neste</p><p>processo de adaptação e que iniciam um ciclo de perdas diversas que vão desde</p><p>a condição econômica ao poder de decisão, à perda de parentes e amigos, da</p><p>independência e da autonomia; de contatos sociais, da autoestima, à perda da</p><p>sua identidade.</p><p>4.2 Causas psicológicas no adoecimento nesta fase da vida</p><p>Chega um momento que o indivíduo começa a rever sua vida, fazendo uma</p><p>reflexão de tudo o que fez ou deixou de fazer. Pensa nas suas realizações e</p><p>seus significados. Cada um vivencia essa fase de forma diferente, diante disso</p><p>alguns podem ficar preocupados e podem surgir sentimentos negativos e se não</p><p>tiver apoio principalmente dos que estão a sua volta podem surgir alterações nos</p><p>fatores biológicos e psicológicos da pessoa idosa levando a quadros como da</p><p>depressão, sentimentos da síndrome do ninho vazio dentre outras.</p><p>A depressão na terceira idade</p><p>O mundo está envelhecendo e se entristecendo, só no Brasil, de acordo</p><p>com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (publicada em 2014), feita pelo</p><p>Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos são os que mais</p><p>sofrem com a depressão. Dos 11,2 milhões de adultos diagnosticados com a</p><p>doença naquele ano, a faixa etária mais afetada foi a de 60 a 64 anos: 11,1% do</p><p>total. A depressão na terceira idade é um caso que merece bastante atenção,</p><p>pois, embora todo ser humano em qualquer fase de sua vida pode experimentar</p><p>sintomas depressivos, nos idosos a probabilidade de padecer desta doença é</p><p>22</p><p>ainda maior. Como as pessoas estão vivendo mais e desenvolvendo mais pro-</p><p>blemas médicos e neurológicos, podemos ver um aumento nos sintomas depres-</p><p>sivos. Desta forma, podemos considerar que os idosos merecem atenção e cui-</p><p>dado e que embora em qualquer fase da vida a depressão seja uma doença</p><p>preocupante na terceira idade os cuidados devem ser maiores. Conforme Ma-</p><p>chado et al. (2012) a depressão é uma doença complexa e seu diagnóstico tardio</p><p>dificulta ainda mais o tratamento. Por isso, é importante que as pessoas que</p><p>convivem com o idoso estejam atento aos sintomas, pois dificilmente o idoso</p><p>depressivo irá procurar um tratamento por conta própria. Por mais que existam</p><p>estudos que abordam aspectos psicológicos, ambientais e bioquímicos que ten-</p><p>tem explicar o número significativo de casos de depressão, ainda não existe um</p><p>consenso sobre o que realmente causa a depressão.</p><p>Para Machado et al. (2012) várias são as causas da depressão na terceira</p><p>idade, entre elas o luto, as mudanças que ocorrem nessa fase, físicas e sociais</p><p>podem desencadear a doença. É muito importante para o idoso que ele esteja</p><p>inserido em um ambiente saudável. Por isso, é fundamental que o idoso com</p><p>depressão tenha cuidados de familiares e pessoas próximas, é importante ter</p><p>paciência e conhecimento sobre as doenças que atingem a terceira idade. A de-</p><p>pressão pode ser tratada e quase sempre têm cura, por isso a importância de se</p><p>conhecerem os sintomas, pois quanto mais cedo se procurar ajuda mais rápido</p><p>e eficaz é o tratamento. A depressão é uma doença complexa, principalmente</p><p>pela dificuldade do doente em entender e aceitar a enfermidade. Sabe-se que</p><p>não existe cura e sim como lidar com ela, como fazer com que as pessoas me-</p><p>lhorem e como mantê-las bem e, agora, devemos aprender como preveni-la.</p><p>Síndrome do Ninho Vazio</p><p>Sartori e Zilberman (2009) definem o ninho vazio como sendo uma fase em</p><p>que os filhos começam a ganhar independência da família, lutando por mais au-</p><p>tonomia. De acordo com Gomes et al. (2014) esta fase costuma ser vivida com</p><p>dificuldade pelas mulheres, que passam boa parte da vida se dedicando à famí-</p><p>lia, ficando muito tempo envolvidas na criação dos filhos. Vecchia et al. (2005)</p><p>relatam que quando são expostos a um processo em que perdas e rejeições são</p><p>23</p><p>sempre iminentes, o idoso tende a buscar o isolamento, quer por vontade pró-</p><p>pria, quer por indução social. Afirma que o fato de ter poucas ocupações sociais</p><p>e ser menos solicitado pela família e comunidade, faz com que internalize um</p><p>sujeito improdutivo, sem poder de decisão. Nessa fase, também são observados</p><p>sintomas de depressão, dependência e desestruturação familiar, como é o caso</p><p>da assim chamada síndrome do ninho vazio, que foi definida em algumas cultu-</p><p>ras como o sofrimento associado à perda do papel da função parental com a</p><p>saída dos filhos da casa dos pais.</p><p>Sartori e Zilberman (2009) apresentam que os estudos mais antigos enfa-</p><p>tizavam, em particular, o sofrimento das mulheres, associando a emergência de</p><p>quadros depressivos à perda do papel de cuidadora dos filhos, função tradicio-</p><p>nalmente ligada ao papel feminino. Para Sartori e Zilberman (2009) as mulheres</p><p>que dedicaram sua vida, de modo exclusivo, à criação dos filhos acham difícil</p><p>vê-los partindo, e o autoconceito delas passa a ser "não sirvo para nada", o que</p><p>confirma a autoestima rebaixada. Afirmam ainda que mesmo quando a mulher</p><p>trabalha fora, ela desempenha prioritariamente o papel de criadora dos filhos,</p><p>dedicando grande parte de seu tempo a eles. Lançar-se a novas atividades pra-</p><p>zerosas pode restabelecer a autoestima dessas mulheres. Alguns autores de-</p><p>fendem que as mães sofrem mais do que os pais quando os filhos saem de casa,</p><p>por se dedicarem mais a estes, principalmente quando priorizam exclusivamente</p><p>o cuidado deles. Sartori e Zilberman (2009) afirmam que, além disso, muitas</p><p>mudanças ocorrem simultaneamente nessa fase do ciclo da vida, por exemplo,</p><p>a aposentadoria e a menopausa.</p><p>A menopausa é a fase do ciclo reprodutivo de cessação gradativa da mens-</p><p>truação, que provoca mudanças biológicas, mas também emocionais e sociais</p><p>na mulher, sendo normalmente vivida de forma abrupta e impactante. A chegada</p><p>da menopausa faz pensar que realmente está envelhecendo e como vários au-</p><p>tores descrevem é como se a menopausa significasse a finitude de sua identi-</p><p>dade de mulher. Quanto ao tratamento os autores Sartori e Zilberman (2009)</p><p>propõem que embora apenas algumas das mulheres sofram com o ninho vazio</p><p>(11,3%), o tratamento como, terapia preventiva e abordagens psicoeducacio-</p><p>nais, pode ser necessário e o clínico-geral ou o ginecologista pode ter papel re-</p><p>levante na prevenção do aparecimento da Síndrome do Ninho Vazio. Contudo,</p><p>24</p><p>os autores defendem que, por se tratar de experiência individual, aspectos pes-</p><p>soais devem ser levados em consideração mesmo nas abordagens em grupo.</p><p>5. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO/NO ENVELHECIMENTO</p><p>Neurologicamente, o processo de envelhecimento concentra-se na redu-</p><p>ção da rede neuronal e dendrítica, o que implica alterações nos tempos de rea-</p><p>ção, raciocínio, agilidade e mobilidade do idoso. Ou seja, nada diferente das per-</p><p>das de outros órgãos que compõe o organismo humano que envelhece. Este</p><p>mesmo autor propõe que pensar na psicologia do velho, ou seja, seu funciona-</p><p>mento psíquico é analisar um conjunto de traços e mecanismos que intervêm</p><p>habitualmente no envelhecimento: tendência a desinteressar-se pelo mundo e</p><p>pelos outros; tendência ao recolhimento narcísico; perda das capacidades de</p><p>sublimação; repressão para etapas pré-genitais do desenvolvimento; tendência</p><p>ao ciúme, ligado à frustração. Ou, ao contrário: atitudes maníacas ou de recusa,</p><p>acompanhadas, frequentemente, umas e outras, de uma idealização da infância.</p><p>Oposta, qual um baluarte, à tomada de consciência do perigo de aniquilamento</p><p>evocado pela morte.</p><p>Destarte, falar da psicologia do velho é falar da proximidade da finitude e</p><p>da angústia que tal fato gera para o sujeito psíquico. Tem-se que a superação</p><p>desta angústia estará diretamente relacionada com os recursos desenvolvidos</p><p>para elaboração de perdas e lutos ocorridos ao longo da vida e que aumentam</p><p>com o passar do tempo de</p><p>vida. Desta forma, pode-se afirmar que a maior ou</p><p>menor capacidade para lidar com situações difíceis dependerá do grau de ma-</p><p>turidade, autoestima, tolerância à frustração e da capacidade de envolver-se e</p><p>investir em objetos substitutivos. Caso essa maturidade não tenha ocorrido, o</p><p>idoso terá mais chances de apresentar um psiquismo disfuncional na tentativa</p><p>de solucionar os conflitos emocionais. Gavião (1996) destaca que ao longo do</p><p>processo de envelhecimento, o aparelho psíquico, também, sofre um processo</p><p>de diminuição de suas capacidades o qual pode ser traduzido em uma fragiliza-</p><p>ção do ego devido às pressões da realidade; há um afrouxamento do superego,</p><p>pelas experiências acumuladas durante a vida e pela proximidade da morte e</p><p>ocorre uma reemergência de demandas do id, havendo flexibilidade de valores</p><p>morais.</p><p>25</p><p>A involução do aparelho psíquico produz efeitos na maneira de ver o mundo</p><p>e viver no mundo, de modo que se tornam comuns as queixas psíquicas a res-</p><p>peito do próprio corpo, denunciando uma inter-relação dos problemas físicos e</p><p>emocionais. Da mesma forma, a perda de uma identidade corporal, uma vez que</p><p>o corpo deixa de ser fonte de prazer e passa a ser depositário de dor, justifica o</p><p>descaso com a higiene e pouca adesão a tratamentos e prescrições. Afinal, por</p><p>que cuidar de um corpo que é feio e dói? Uma pergunta corrente dos idosos</p><p>“mal-envelhecidos”. Diante de tais evidências é possível pensar desdobramen-</p><p>tos psicopatológicos no envelhecimento. Aranha (2007) destaca três quadros tí-</p><p>picos no atendimento de idosos. O primeiro destaca os quadros de depressão.</p><p>Diante de perdas e da sensação de impotência em lidar com frustrações e cul-</p><p>pas, e ainda, da dificuldade em engajar-se em investimentos no mundo externo,</p><p>o idoso deprime. Outro quadro presente é de ansiedade como angústia incons-</p><p>ciente por medo do aniquilamento e da fragmentação que passa a ser maior do</p><p>que o medo da própria morte.</p><p>Por fim, os quadros demenciais associados à deterioração neurológica,</p><p>mas também a mecanismos psicológicos pouco funcionais que não conseguiram</p><p>criar uma nova subjetividade reorganizadora das instâncias envolvidas no enve-</p><p>lhecimento e perdas vividas. Diante disso, uma senescência psíquica está dire-</p><p>tamente relacionada com uma boa adaptação do indivíduo, ou seja, a possibili-</p><p>dade de encontrar satisfação de viver apesar dos enfrentamentos de perdas ou</p><p>do estado de doença, o que dependerá do funcionamento psíquico. Por sua vez,</p><p>a senilidade psíquica está relacionada não somente com psicopatologias pre-</p><p>sente na velhice, mas, também, àquelas existentes antes mesmo do início do</p><p>processo de envelhecimento. É importante destacar, conforme Neri (2001,</p><p>2001a), que o domínio psicológico pode atuar como atenuante e adaptativo</p><p>frente às perdas e a depreciação organísmica presente no processo de envelhe-</p><p>cer, dependendo exclusivamente da qualidade de seu funcionamento e manu-</p><p>tenção.</p><p>26</p><p>6. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA NA COMPREENSÃO DA</p><p>JORNADA NESTA FASE DA VIDA</p><p>O envelhecimento humano tem sido apresentado com novas conotações</p><p>na atualidade e fazendo com que os profissionais da área da psicologia tenham</p><p>um olhar diferenciado, é necessário ter afetividade e ser efetivo em tudo que se</p><p>refere à dinâmica do envelhecimento humano, auxiliando assim na prevenção,</p><p>promoção e reabilitação da saúde da pessoa idosa. Diante dessa afirmação</p><p>Couto et al. (2008) salientam que o processo de envelhecimento não se compõe</p><p>apenas de perdas e limitações, e que cabe aos terapeutas explorarem essas</p><p>questões junto aos pacientes idosos e seus familiares. Na autonomia adquirida</p><p>pelos idosos, Couto et al. (2008) relatam que na sociedade atual, gera um novo</p><p>campo de amizades e investimentos sociais que criam uma nova atmosfera e</p><p>possibilidades de vivência da velhice. O processo terapêutico nessa faixa etária</p><p>possui características específicas, ainda pouco estudadas. Em função disso,</p><p>Couto et al. (2008) apresentam-se, quatro exemplos de diferentes modalidades</p><p>terapêuticas nas quais os idosos podem se inserir e, também, alguns aspectos</p><p>relevantes no desenvolvimento do sistema terapêutico característico com pes-</p><p>soas nessa faixa etária.</p><p>Para os autores Couto et al. (2008) as quatro modalidades terapêuticas, a</p><p>terapia individual com idosos, a terapia de casal na terceira idade, o atendimento</p><p>27</p><p>familiar com membros idosos e o idoso percebido como recurso à terapia fami-</p><p>liar, pode ser trabalhado pelo psicólogo como prática psicológica específica para</p><p>esse momento do ciclo evolutivo. A psicologia oferece contribuições importantes</p><p>à compreensão dos processos psicossociais da pessoa idosa realizando avalia-</p><p>ção comportamental, apoio, acompanhamentos e a própria reabilitação. Fa-</p><p>zendo-se importante também auxiliar aos familiares de idosos afetados por en-</p><p>fermidades que levam a incapacidade física e cognitiva, por meio de organização</p><p>de grupos de apoio emocional, de informação e de autoajuda.</p><p>6.1 Envelhecimento do sistema nervoso</p><p>O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema</p><p>Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos, funções psí-</p><p>quicas (vida de relações) e pelas funções biológicas internas (vida vegetativa).</p><p>Com o envelhecimento, o sistema nervoso apresenta alterações com redução</p><p>no número de neurônios, redução na velocidade de condução nervosa, redução</p><p>da intensidade dos reflexos, restrição das respostas motoras, do poder de rea-</p><p>ções e da capacidade de coordenações. Para Cançado e Horta (2002), o que</p><p>preocupa no envelhecimento é o facto de o SNC não possui capacidade repara-</p><p>dora. Esses autores expressam que o SNC é definido como unidades morfofun-</p><p>cionais pós-mitóticas, sendo estas sem possibilidades reprodutoras, estando su-</p><p>jeito ao envelhecimento decorrente de fatores intrínsecos (genética, sexo, sis-</p><p>28</p><p>tema circulatório e metabólico, radicais livres, etc.) e extrínsecos (ambiente, se-</p><p>dentarismo, tabagismo, drogas, radiações, etc.). Esses fatores continuam exer-</p><p>cendo ações deletéria com o tempo. Gallahue e Ozmun (2005) constatam que,</p><p>no período compreendido entre os 20 e 90 anos, o córtex cerebral experimenta</p><p>perda de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras partes do cérebro</p><p>prejuízo de até 50%. Assim, à medida que o cérebro envelhece, a atividade bio-</p><p>química (neurotransmissores) é afetada frequentemente. Desta maneira, com o</p><p>envelhecimento normal, ocorre decréscimo no número de células nervosas, po-</p><p>dendo ocorrer variações com uma mínima perda celular em uma região e preju-</p><p>ízos mais pronunciados em outras. A figura abaixo ilustra a diferença entre o</p><p>cérebro de um adulto normal e o cérebro envelhecido.</p><p>Figura 1: diferença entre o cérebro de um adulto normal e envelhecido</p><p>No nascimento, o encéfalo possui peso de 0,360 a 0,380 kg, aos dois anos,</p><p>de 1,040 a 1,120 kg; e dos 3 aos 21 anos, o encéfalo possui um aumento pro-</p><p>gressivo de peso de até 1,350 kg, sendo atingido na metade da segunda década</p><p>de vida. A partir da segunda década de vida, começa a acontecer um declínio</p><p>ponderal discreto e lentamente progressivo, de 1,4 a 1,7% por década. Para</p><p>Cançado e Horta (2002), o declínio é mais precoce nas mulheres do que nos</p><p>homens, acontecendo uma correlação entre cérebro, peso do corpo e altura,</p><p>principalmente nas duas primeiras décadas. Até os 45 anos, ocorre pequena</p><p>alteração positiva. Acima dos 45 anos, em relações ao peso do cérebro, este é</p><p>29</p><p>alvo de redução. Ocorre um decréscimo discreto na década de 60 anos, com</p><p>acentuação entre as décadas de 70 e 90 anos, com decréscimo de até 80%.</p><p>Assim da segunda à terceira década, até os 90 anos, o peso do cérebro em</p><p>média diminui gradualmente em cerca de 10% por década.</p><p>Gallahue e Ozmun (2005) indicam que, com o envelhecimento, o cérebro</p><p>é passível</p><p>de hipóxia (quantidade inadequada de oxigênio). Assim, com o enve-</p><p>lhecimento, alterações na estrutura do sistema circulatório e na inatividade física,</p><p>acarretam declínio na circulação sanguínea que conduz o oxigênio. Desta ma-</p><p>neira, para Gallahue e Ozmun (2005), o fluxo sanguíneo para o cérebro e a quan-</p><p>tidade de oxigênio que alcança as células nervosas no envelhecimento podem</p><p>ser melhoradas pelo aumento do nível de atividade física. Algumas mudanças</p><p>cerebrais ocorrentes com o envelhecimento incluem depósito de lipofuscina nas</p><p>células nervosas; depósito amilóide nos vasos sanguíneos e células nervosas;</p><p>aparecimento de placas senis; menos frequentemente emaranhados fibrilares;</p><p>mudanças nos neurotransmissores, principalmente os dopaminérgicos; diminui-</p><p>ção da produção de acetilcolina; atrofia da plasticidade de receptores colinérgi-</p><p>cos muscaríneos; redução da função desses receptores; função colinérgica di-</p><p>minuída. Haywood e Getchell (2004) chamam à atenção para o fato de que o</p><p>exercício físico é de fundamental importância para redução de alguns declínios</p><p>com o envelhecimento no sistema nervoso.</p><p>7. ENVELHECIMENTO PSICOLÓGICO E SOCIAL</p><p>30</p><p>Cançado e Horta (2002) não encontram dificuldade para relacionar defici-</p><p>ências cognitivas associadas ao envelhecimento com deficiências colinérgicas.</p><p>O envelhecimento normal reúne um declínio gradual nas funções cognitivas. A</p><p>capacidade intelectual do indivíduo idoso pode ser mantida sem dano cerebral</p><p>até os 80 anos. No entanto, dificuldades de aprendizagens e esquecimento sem</p><p>importância podem ser incluídos, juntamente com algumas alterações subtis que</p><p>normalmente ocorrem em idosos com idade até 70 anos. Para Shephard (2003)</p><p>dificuldades com a cognição, aprendizagem de novas tarefas e memória de curto</p><p>prazo são devido ao envelhecimento do cérebro. Shephard (2003, p. 117) ex-</p><p>pressa que “o ritmo de aprendizado torna-se mais lento em uma pessoa idosa e</p><p>uma abordagem mais simples leva a uma redução no aprendizado dos elemen-</p><p>tos periféricos de uma tarefa. E a extensão da perda funcional pode ser ilustrada</p><p>por mensurações, tais com o desempenho de grandes mestres de xadrez, que</p><p>comumente atingem o seu máximo por volta dos 35 anos.”</p><p>Dificuldades para recordar nomes, números de telefones e objetos guarda-</p><p>dos são as recordações de memória que mais chamam a atenção das pessoas</p><p>idosas, pois estas temem que as perdas possam evoluir para um possível quadro</p><p>demencial. O declínio cognitivo com o envelhecimento varia quanto ao início e</p><p>progressão, pois depende de fatores como educações, saúde, personalidade,</p><p>nível intelectual global, capacidade mental específica, entre outros. Para Zimer-</p><p>man (2000), o ser humano apresenta uma série de mudanças psicológicas com</p><p>o envelhecimento, as quais resultam da dificuldade de adaptações a novos pa-</p><p>péis sociais, falta de motivações, baixa-estima, autoimagem baixa, dificuldade</p><p>de mudanças rápidas, perdas orgânicas e afetivas, suicídios, somatizações, pa-</p><p>ranoia, hipocondria, depressão. Assis (2004) afirma que a prática regular de</p><p>exercício físico no idoso contribui para o controle da depressão e diminuição da</p><p>ansiedade, possibilitando a este maior familiaridade com o seu corpo e funções.</p><p>Desta maneira, a atividade física em qualquer idade pode reduzir os riscos de</p><p>depressão e declínio cognitivo.</p><p>Na perspectiva de Cress et al. (1999), idosos que ao longo da vida se man-</p><p>têm ativo apresentam ganhos para a sua saúde, beneficiando-se com melhoras</p><p>no campo do bem-estar psicológico e da qualidade de vida. Motta (2004) afirma</p><p>que o envelhecimento é reflexo de inter-relações sociais e individuais, oriundas</p><p>31</p><p>da educações, trabalho e experiência de vida. A cada idade a sociedade deter-</p><p>mina certas funções, adequando o indivíduo a certos papéis sociais (estudante,</p><p>marido, trabalhador, aposentado, etc.) que este deve desempenhar. Já na com-</p><p>preensão de Zimerman (2000), o envelhecimento social da população modifica</p><p>o status do idoso e a sua forma de se relacionar com as pessoas. Estas modifi-</p><p>cações ocorrem em função de uma:</p><p> Crise de identidade – perda da autoestima, ocasionada pela ausência de</p><p>papel social;</p><p> Mudanças de papéis – adequações a novos papéis decorrentes do au-</p><p>mento do seu tempo de vida. Essas mudanças ocorrem no trabalho, na</p><p>família e na sociedade;</p><p> Aposentadoria (reforma) – os idosos devem estar preparados para não</p><p>ficarem isolados, deprimidos e sem rumo;</p><p> Perdas diversas – aqui se incluem perdas no campo aquisitivo, na auto-</p><p>nomia, na independência, no poder de decisão, e na perda de parentes e</p><p>amigos; e</p><p> Diminuição dos contatos sociais – esta redução decorre de suas possibi-</p><p>lidades.</p><p>Teixeira (2004) reputa como uma das maiores dificuldades que acompa-</p><p>nham o idoso a angústia relacionada com os processos de prejuízos e declínio</p><p>físicos, e das reflexões sobre a própria vida acerca da própria morte. Zimerman</p><p>(2000) pensa que, ao envelhecer, é necessário aprender um estilo de vida novo,</p><p>com o único objetivo de promover a minimizações das perdas que estes idosos</p><p>apresentam na sociedade. Para Assis e Araújo (2004), as mudanças fisiológicas</p><p>do envelhecimento, combinadas com a inatividade física, ocasionam processos</p><p>patológicos que podem levar o idoso a uma perda progressiva de autonomia e</p><p>independência. Assim, idosos que se mantêm ativo ao longo da vida apresentam</p><p>ganhos na saúde, com maior autonomia e independência. Na compreensão de</p><p>Shephard (2003), atividades físicas regulares além de influenciar beneficamente</p><p>32</p><p>as capacidades funcionais e a qualidade de vida do indivíduo, também influen-</p><p>ciam a saúde mental dos idosos. Este mesmo autor constata que a atividade</p><p>física regular pode aumentar de 6 a 10 anos a expectativa de vida, aliada à qua-</p><p>lidade. Assim, aumento na qualidade de vida refletirá também maior bem-estar,</p><p>melhor autoestima, sensações de auto eficácia, redução do risco de ansiedade</p><p>e depressão.</p><p>No entendimento de Assis (2004), o envelhecimento e suas alterações de</p><p>saúde levam o idoso ao estreitamento da sua inserção social. As alterações físi-</p><p>cas, como perdas sensoriais (déficit auditivo e visual), déficits cognitivos, proble-</p><p>mas osteoarticulares, sequelas ou descontrole de doenças crônicas, são fatores</p><p>que limitam a mobilidade e a independência do idoso, prejudicando sua sociabi-</p><p>lidade, atividades diárias e bem-estar. Desta maneira, um estado de saúde sa-</p><p>tisfatório permite ao ser humano usufruir do potencial de realização e desenvol-</p><p>vimento pessoal em todos os momentos da vida. É importante também destacar</p><p>o fato de que questões sociais que permeiam o envelhecimento são enraizadas</p><p>pelas ideologias e valores de determinado contexto histórico e cultural. Teixeira</p><p>(2004) expressa que as condições de vida e as oportunidades que os sujeitos</p><p>desempenham ao longo da vida influenciam diretamente o envelhecimento sau-</p><p>dável do idoso, pois, para este, velhice é fruto da trajetória social exercida pelo</p><p>indivíduo desde o nascimento. Afirma, assim, que os sofrimentos físicos, econô-</p><p>micos e psicológicos muitas vezes intrínsecos ao ser humano são produtos es-</p><p>truturais da sociedade, possuindo influência negativa nas condições de vida da-</p><p>queles que envelhecem.</p><p>Assis e Araújo (2004) acentuam que o exercício físico possui importante</p><p>papel de integrador social, pois a atividade física permite ao indivíduo manter-se</p><p>ativa, aumentando suas disposições para atividades diárias. Shephard (2003,</p><p>p.313) destaca que “há relativamente poucas informações sobre interações en-</p><p>tre atividade física e o funcionamento social. Entretanto, é amplamente reconhe-</p><p>cido que muitas pessoas idosas vivem muito solitárias e têm vidas isoladas. Uma</p><p>razão para esse isolamento social é que os idosos frágeis não têm a força física</p><p>necessária para dirigir-se à comunidade, encontrar as pessoas e participar</p><p>de</p><p>33</p><p>eventos. Uma melhoria na condição física poderia obviamente auxiliar a preen-</p><p>cher essas necessidades e, se a atividade tomar a forma de um programa de</p><p>grupo, ela também fornece uma fonte mais direta de apoio e interações social”.</p><p>O envelhecimento psíquico ou amadurecimento não é naturalmente pro-</p><p>gressivo nem ocorre inexoravelmente, como efeito da passagem de tempo. De-</p><p>pende também da passagem do tempo, mas, sobretudo, do esforço pessoal con-</p><p>tínuo na busca do autoconhecimento e do sentido da vida. O autoconhecimento,</p><p>o estudo da estrutura e dinâmica do psiquismo e a superação dos conflitos do</p><p>cotidiano são indispensáveis para que se possa atingir a independência psí-</p><p>quica, condição indispensável para a sabedoria. O amadurecimento é conquista</p><p>individual e se traduz pela modificação dos valores de vida ou pela aquisição da</p><p>consciência (para que vivemos?). “Só é consciente a pessoa que se conhece,</p><p>que conhece os reais motivos do seu viver, sua capacidade de controle desses</p><p>motivos e de organização desse controle”. É a personalização do indivíduo, har-</p><p>monizando-o consigo mesmo e com o mundo. Com o envelhecimento psíquico</p><p>há, portanto, redução da vulnerabilidade. A pessoa idosa torna-se suficiente-</p><p>mente sábia para aceitar a realidade, tolerar a dor ou a perda da independência</p><p>biológica, pois seus dispositivos de segurança são cada vez mais eficazes na</p><p>relação com o mundo. É a liberdade plena ou independência psíquica, pois com-</p><p>preende o sentido da vida (para quê).</p><p>Os valores que regem a sua vida (filosofia de vida) são cada vez mais ele-</p><p>vados, racionais, inteligentes, enfim, conscientes. O idoso “entrega-se à existên-</p><p>cia com a pureza das crianças, mas sem a sua ingenuidade, com o vigor do</p><p>adolescente, mas sem a sua pugnacidade, com a sensatez do homem maduro,</p><p>mas sem o seu orgulho. Torna-se cidadão do Universo com a astúcia da raposa</p><p>e a malícia da serpente, o que faz dele um sábio”. A vida é uma grande viagem</p><p>em busca da máxima felicidade ou êxtase místico. Para tanto, faz-se necessário</p><p>o aproveitamento de todas as fases da vida, superando-se os conflitos inerentes</p><p>a cada ciclo, na busca de um equilíbrio cada vez maior. A infância psíquica é a</p><p>fase inicial de preparação para a vida, na qual o indivíduo começa a se criar, isto</p><p>é, instruir, disciplinar. Tem início no nascimento e perdura até os 12 anos,</p><p>quando, usualmente, ocorre a instalação da sexualidade genital, com a primeira</p><p>34</p><p>menstruação da menina e a primeira ejaculação do menino. Inicialmente, o com-</p><p>portamento da criança é regido pelo instinto (zero a nove meses), pois não se</p><p>pode falar ainda em inteligência, que é a capacidade de resolver os problemas,</p><p>nem em consciência, que é a compreensão do sentido da conduta (conheci-</p><p>mento da finalidade).</p><p>É a fase de máxima dependência física e psíquica do indivíduo. Com o</p><p>desenvolvimento, a criança alcança níveis mais sofisticados de percepção e atu-</p><p>ação no mundo, passando pela angústia (zero a nove meses), medo (nove a 18</p><p>meses), obsessão (18 meses a três anos), farsa (três a seis anos) e praticidade</p><p>(seis a 12 anos), quando surge a razão e a criança adquire a capacidade de</p><p>reflexão. O indivíduo vai se tornando cada vez mais independente do adulto,</p><p>capaz de atuar no mundo de forma prática ou ponderada. É capaz de compre-</p><p>ender o que ocorreu para as coisas serem como estão sendo e o que ocorreria</p><p>se o que foi feito pudesse ser desfeito e outra conduta tivesse tido lugar. Está,</p><p>assim, preparada a base sobre a qual vai assentar-se a construção progressiva</p><p>do ser humano, que visa sempre a assimilar o mundo exterior, conquistar as</p><p>coisas e a si próprio. Tem início, então, a adolescência (12 a 18 anos), quando</p><p>o indivíduo encontra-se no auge da preparação para a existência. Dois eventos</p><p>modificam radicalmente a vida da criança, a puberdade e o raciocínio abstrato.</p><p>Aos poucos, vai-se avolumando todo um caudal de modificações interiores, que</p><p>deflagra uma série de atitudes novas, inusitadas, trazendo perplexidade para o</p><p>indivíduo e para aqueles que o rodeiam. A criança latente, aparentemente equi-</p><p>librada e madura (ser prático), torna-se um ser fisicamente desproporcional e</p><p>com atitudes psíquicas desproporcionais aos eventos.</p><p>A pré-adolescência (12 aos 15 anos) vive, mais uma vez, a angústia do</p><p>desconhecido, sente fobia do seu novo corpo, raiva da liberdade e histeria do</p><p>chamamento de papéis que não sabe ainda representar. Capaz de abstração,</p><p>começa a questionar filosoficamente as diretrizes de vida que lhe vinham sendo</p><p>impostas desde sempre. Ele retoma a dúvida do obsessivo, já agora pondo em</p><p>questão não apenas os hábitos culturais, mas também, e principalmente, posi-</p><p>ções políticas, religiosas e filosóficas, em geral. Revolta-se contra a dependência</p><p>infantil primitiva. Em seguida, na adolescência propriamente dita (15 a 18 anos),</p><p>vive um período de acomodação e relativa acalmia. Procura considerar, sob um</p><p>35</p><p>novo ângulo, sua sensação de angústia diante do desconhecido. Percebe que</p><p>nem sempre os argumentos aguerridos levam ao resultado desejado. Percebe a</p><p>sua independência psíquica, mas reconhece a sua dependência afetiva. Bus-</p><p>cando a solução dos conflitos em um clima de reflexão sobre a noção da exis-</p><p>tência de uma mecânica da vida, passa a suspeitar da possibilidade de que essa</p><p>mecânica tenha mais amplitude do que imaginava e obedeça a um direciona-</p><p>mento preestabelecido.</p><p>Necessita, ainda, de muitas informações sobre a vida, principalmente sobre</p><p>as regras do amor em geral. Percebe mais claramente que o bem e o mal podem</p><p>ser complementares e que há uma “engrenagem” mais capaz de explicar as con-</p><p>tradições da vida. Está, assim, consolidada a base sobre a qual se vinha assen-</p><p>tando a construção progressiva do ser humano, que visa sempre a assimilar o</p><p>mundo exterior, conquistar as coisas e a si próprio. O período seguinte é o da</p><p>adultez. A adultez é o período de realização da vida, em que o indivíduo adquire</p><p>cada vez mais equilíbrio, atingindo estabilidade duradoura, propiciando o mer-</p><p>gulho em profundidade que leva ao alargamento da consciência de si e de si</p><p>mesmo no mundo. As etapas do período adulto são a adultez jovem (18 aos 30</p><p>anos), a adultez propriamente dita (30 aos 60 anos) e a adultez velha (acima de</p><p>60 anos). Adulto é o ser humano que se encontra preparado para existir. O indi-</p><p>víduo necessita, cada vez mais, para sobreviver, conhecer e se conhecer. O</p><p>adulto jovem (18 aos 30 anos) é aquele que completa e efetiva os seus movi-</p><p>mentos no sentido de garantir a sua sobrevivência e compreende as atitudes</p><p>adequadas para atingir os seus fins. Tais fins incluem, necessariamente, os in-</p><p>teresses da coletividade à qual está insofismavelmente ligado.</p><p>Constata que não adianta tentar convencer as pessoas das suas verdades</p><p>se elas não forem capazes de desenvolver conceitos próprios sobre o que se</p><p>deseja que elas compreendam. É independente física e psiquicamente, sendo,</p><p>assim, capaz de amar, devotar-se, sem criar problemas, sem deixar-se levar pe-</p><p>los conflitos inerentes às idades anteriores. Surge o interesse fraterno, em busca</p><p>do bem comum. O adulto propriamente dito é aquele que, garantida sua sobre-</p><p>vivência, vive com mais empenho a busca pela compreensão, organização e</p><p>interiorização, no sentido de cada vez mais personalização. Capaz de entender</p><p>o mecanismo único que controla a “engrenagem” da vida e a lei geral que rege</p><p>36</p><p>o movimento do universo como um todo, passa a suspeitar de que as percep-</p><p>ções são ilusões que o afastam da verdade, do mergulho na visão direta no ab-</p><p>soluto. Compreende a necessidade de adequar sua dependência afetiva aos in-</p><p>teresses da humanidade como um todo. O amor retoma o seu ápice no sentido</p><p>de ampliar seus benefícios além das fronteiras dos grupos dos quais participa.</p><p>Pode ele experimentar o amor humanístico, sabendo que, sendo compreendido</p>

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