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SEGURANÇA DO TRABALHO E 
ERGONOMIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Carlos Eduardo Seixas 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Conhecendo e organizando a Segurança do Trabalho 
A ideia central deste tema é conhecer mais sobre a segurança do trabalho, 
sua história no mundo e no Brasil. Conhecer os conceitos aplicados às empresas 
independentemente de seu porte, se familiar, nacional ou multinacional. 
Reconhecer a crescente importância da segurança e ergonomia relacionada ao 
ambiente de trabalho. 
Cada empresa possui características peculiares, desta forma, a 
segurança e o bem-estar devem prevalecer, além de promover, explorar 
ambientes saudáveis e buscar a proteção aos seus colaboradores. Com isto, 
entender as leis que regulamentam e saber executar normas de segurança é 
indispensável em qualquer sistema empresarial e/ou industrial. 
O trabalhador tem o direito de saber o que é o SESMT e a CIPA de uma 
organização, suas preocupações com a prevenção e como são constituídas. 
Desta forma, convido a estudar esse tema e nos acompanhar nesta aula. 
TEMA 1 – EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA NO TRABALHO 
Bernardino Ramazzini (1633 – 1714) publicou em 1700 o livro As Doenças 
dos Trabalhadores, Figura 1. Com esse feito, Ramazzini se tornou o “Pai da 
Medicina do Trabalho” (Ramazzini, 2016). 
Figura 1 – As doenças dos trabalhadores (Bernardino Ramazzini) 
 
Crédito: CC/PD. 
 
 
3 
O autor relata as doenças ocupacionais que foram ocasionadas pelas 
atividades exercidas durante o trabalho, bem como a necessidade do cuidado 
com a saúde e segurança dos trabalhadores. Isto demonstra que há muito tempo 
as pessoas já se preocupavam com a saúde do trabalhador, visto que não era e 
ainda não é fácil conseguir mão de obra qualificada. 
Se um trabalhador qualificado ficasse doente, ou sofresse algum acidente 
causando seu afastamento por um determinado período ou para sempre, levaria 
muito tempo até encontrar outro trabalhador para exercer aquela função. E 
muitas vezes o custo seria de uma obra parada ou de uma nova contratação, 
desta forma, o valor deste serviço seria bem elevado. 
1.1 Evolução histórica no mundo 
A Segurança do Trabalho está presente em vários momentos da história 
mundial. Mesmo assim, é importante salientar que nem sempre foi dessa 
maneira. Relacionada à prevenção dos acidentes, a evolução histórica a 
Segurança no ambiente de trabalho deu-se da seguinte forma: 
• 1556 – Georgius Agrícola, escreveu o livro Da natureza dos Metais – 
sobre o trabalho na fundição de prata e ouro e a doença chamada de 
“asma dos mineiros”, atualmente conhecida como doença ocupacional 
silicose. 
• 1700 – Bernardino Ramazzini, considerado o “Pai da Medicina do 
Trabalho”, publicou o livro As Doenças dos Trabalhadores. 
• 1802 – O parlamento britânico aprovou a “Primeira Lei de proteção dos 
trabalhadores – a lei de saúde e moral dos aprendizes”. 
• 1833 – Criada a “Lei das fábricas”, considerada a primeira legislação 
eficiente na proteção ao trabalhador. 
• 1919 – Criação da “OIT – Organização Internacional do Trabalho” 
fundamentada no princípio de que a paz universal é permanente só pode 
basear-se na justiça social, sendo a única das agências do sistema das 
Nações Unidas (ONU) que tem estrutura tripartite, na qual os 
representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos 
direitos que os do governo. 
 
 
4 
O Brasil faz parte da OIT, além de ser um dos membros fundadores. Isto 
fortalece a nação e beneficia seus trabalhadores. Sendo assim, nas convenções 
foram aprovadas algumas leis conforme a OIT (2015): 
• Limitação da jornada laboral a 8 horas/dia e 48 horas/semana 
• Proteção à maternidade 
• Luta contra o desemprego 
• Estabelecimento da idade mínima de 14 anos para trabalhar 
• Proibição do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos 
1.2 Evolução histórica no Brasil 
No Brasil, a evolução da segurança do trabalho começou por volta de 
1930. O fato está relacionado à mudança da economia de agrária para industrial. 
Neste período, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, iniciou o 
reconhecimento de direitos trabalhistas individuais e coletivos com a criação da 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943. 
Mas, antes desta evolução da segurança do trabalho no Brasil, inúmeros 
fatores ainda estavam sendo observados como riscos ocupacionais e os 
questionamentos sobre como seriam constatados. 
Os tópicos relevantes sobre a segurança do trabalho no Brasil são: 
• 1919 – Criação da lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o 
seguro contra o risco profissional. 
• 1923 – Criação da caixa de aposentadorias e pensões para os 
empregados das empresas ferroviárias, marco da Previdência Social. 
• 1930 – Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual 
MTPS. 
• 1943 – Criada a consolidação das leis do trabalho, CLT, que trata de 
segurança e saúde do trabalho. 
• 1966 – Criação da fundação Jorge do Duprat Figueiredo de segurança e 
medicina do trabalho (Fundacentro), que atua em pesquisa científica e 
tecnológica relacionada à segurança e saúde dos Trabalhadores. 
• 1977 – As NRs apareceram primeiro no artigo 200 da CLT, por meio da 
Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. 
• 1978 – Publicação das 27 normas regulamentadoras – NRs; atualmente 
são 37 NRs. 
 
 
5 
1.3 CLT 
Composta por oito capítulos e 922 artigos, a CLT especifica os direitos de 
grande parte dos trabalhadores brasileiros. Seus principais tópicos são: 
• Definições claras sobre as relações de trabalho – Empregado, 
empregador, profissionais liberais, instituições diversas e associações. 
• Informações organizadas sobre a carteira de trabalho e previdência social 
(CTPS) e livro de registro de empregados – Prazos, instruções de 
preenchimento, penalidades etc. 
• Estabelecimento de limites da jornada de trabalho em 8 horas, horas 
extras e férias de 30 dias, critérios para os descansos nos horários de 
almoço, pausas formais para jornadas acima de 6 horas e descanso de 
no mínimo 11 horas de trabalho; 
• Regulamentação do salário-mínimo. 
Figura 2 – Carteira de Trabalho 
 
Créditos: Brenda Rocha - Blossom/Shutterstock. 
Alguns destaques na CLT são: 
• Orienta competências e o escopo de ação em segurança e medicina no 
trabalho. 
• Regulamentação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – 
CIPA. 
• Exposição de medidas prevencionistas por meio da utilização de 
Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção 
 
 
6 
Coletiva (EPC), medidas para o conforto ambiental (iluminação, 
temperatura, ruído, prevenção à fadiga). 
• Conceitua atividades insalubres e perigosas – Por meio do 
estabelecimento de limites relativos à exposição a fatores ambientais nas 
atividades laborais. 
TEMA 2 – ORIGEM DAS NRs 
A CLT determina como responsabilidade do Ministério do Trabalho criar 
as Normas Regulamentadoras (NRs). Além disso, a Portaria n. 1.127, de 2 de 
outubro de 2003, define que as NRs devem ser elaboradas por um grupo 
tripartite. Ele deve ter representantes do Governo, dos trabalhadores e dos 
empregadores, todos com o mesmo peso de decisão. 
2.1 Alterações 
As NRs são alteradas devido a mudanças nos métodos e tecnologias de 
trabalho. Dessa forma, os grupos responsáveis se reúnem periodicamente, ou a 
partir de demandas específicas, para atualizar os textos vigentes. 
2.2 Seguidores das NRs 
As NRs são obrigatórias para qualquer empresa/órgão que possua 
empregados regidos pela CLT. Isso inclui empresas privadas e públicas, órgãos 
públicos da administração direta e indireta e órgãos dos poderes Legislativo e 
Judiciário. 
2.3 As NRs 
Atualmente, são 37 Normas Regulamentadoras publicadas, designadas 
por temas. Podemos dividir em dois grandes grupos: 
• As NRs com ampla aplicação geral. 
• As NRs específicas por ramo de atividade. 
Determinadas normas são mais genéricas por se adaptarem a qualquer 
situação e outrassão muito específicas denominadas normas setoriais. 
As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina 
do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e 
públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, 
 
 
7 
bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que 
possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho 
- CLT. O não cumprimento das disposições legais e regulamentares 
sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao empregador a 
aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente. Constitui 
ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de 
suas obrigações com a segurança do trabalho. (IBAPE/SP, 2018) 
Na sequência, as 37 NRs e seus respectivos resumos. 
Tabela 1 – As 37 NRs e seus respectivos resumos 
NR1 – Disposições 
Gerais 
Define o campo de aplicação das NRs e quem deve cumpri-las, 
bem como os direitos e obrigações do governo, dos 
empregadores e dos trabalhadores. 
NR2 – Inspeção Prévia 
Coloca como obrigatório que todos os novos estabelecimentos 
realizem uma inspeção prévia antes de iniciarem as atividades. 
NR3 – Embargo ou 
Interdição 
Define as situações em que as empresas podem ter seus 
serviços, máquinas ou equipamentos paralisados. Também 
estabelece o processo a ser seguido pela fiscalização trabalhista 
nesses casos. 
NR4 – Serviços 
Especializados em 
Engenharia de Segurança 
em Medicina do Trabalho 
Coloca como obrigatória a criação e funcionamento de SESMT 
nas empresas. O número de integrantes e especialidades 
necessários é definido pelos anexos da NR, de acordo com o 
tamanho da empresa e sua atividade principal. O SESMT inclui: 
técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do 
trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do 
trabalho e médico do trabalho. No entanto, nem sempre todos 
são necessários. 
NR5 – Comissão Interna 
de Prevenção de 
Acidentes 
Determina obrigatória a criação da CIPA (Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes). Empresas com 20 ou mais 
empregados são obrigadas a mantê-la. 
NR6 – Equipamentos de 
Proteção Individual 
Define os tipos de equipamentos que o empregador deve 
fornecer aos funcionários. 
Eles devem ser gratuitos e estarem em perfeito estado de 
funcionamento e conservação. A empresa também deve fornecer 
treinamento para uso correto dos EPIs e fiscalizar seu uso pelos 
colaboradores. 
NR7 – Programa de 
Controle Médico de 
Saúde Ocupacional 
Estabelece como obrigatórios os exames ocupacionais, que 
atestam a saúde física dos trabalhadores. 
Nela, estão previstos os exames: admissional, periódico, de 
retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. Tem 
caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce de 
complicações de saúde. 
NR8 – Edificações 
Define requisitos técnicos mínimos para as edificações, 
garantindo segurança e conforto aos profissionais. 
NR9 – Programas de 
Prevenção de Riscos 
Ambientais 
Determina a obrigação de criar o PPRA, para identificar, avaliar 
e controlar os potenciais riscos no ambiente de trabalho. 
NR10 – Segurança em 
Instalações e Serviços 
em Eletricidade 
Define as obrigações dos trabalhadores de energia elétrica, 
buscando diminuir os acidentes por choque. 
Só podem trabalhar em instalações elétricas trabalhadores com 
treinamento específico sobre riscos e medidas de prevenção na 
atividade. 
 
 
8 
NR11 – Transporte, 
Movimentação, 
Armazenagem e 
Manuseio de Materiais 
Trata de medidas preventivas para todo tipo de 
material/equipamento de transporte, seja mecânico ou manual. 
A norma inclui operações de elevadores, guindastes, 
transportadores industriais e máquinas transportadoras. 
NR12 – Segurança no 
Trabalho em Máquinas e 
Equipamentos 
Define as obrigações para os locais de instalação, máquinas e 
equipamentos utilizados pelos funcionários. 
Estabelece medidas de segurança, higiene, manutenção e até 
mesmo comércio e importação. 
NR13 – Caldeiras, Vasos 
de Pressão e Tubulações 
Trata dos requisitos para instalação, inspeção, manutenção e 
operação de caldeiras e vasos de pressão, bem como suas 
tubulações. 
NR14 – Fornos 
Estabelece recomendações para construção, operação e 
manutenção de fornos industriais no ambiente de trabalho. 
NR15 – Atividades e 
Operações Insalubres 
Define limites de tolerância para os possíveis riscos no ambiente 
de trabalho. Também inclui medidas preventivas para proteger a 
saúde dos trabalhadores. 
NR16 – Atividades e 
Operações Perigosas 
Estabelece as responsabilidades do empregador e os direitos 
dos trabalhadores em atividades perigosas. Assegura ao 
trabalhador um acréscimo salarial de 30% para esses serviços, 
dependendo do nível de risco. 
As atividades nos anexos são: operações perigosas com 
motocicleta, explosivos, inflamáveis, radiações ionizantes e 
substâncias radioativas, bem como profissionais de Segurança 
Pessoal/Patrimonial. 
NR17 – Ergonomia 
Tem como foco as características psicofisiológicas dos 
trabalhadores associadas às condições de trabalho. 
Ela visa proporcionar um ambiente de trabalho confortável, 
evitando doenças provenientes do estresse ou esforço repetitivo, 
por exemplo. 
NR18 – Condições e 
Meio Ambiente de 
Trabalho na Indústria da 
Construção 
Estabelece as medidas de proteção para a indústria da 
construção. Define como obrigatório o treinamento admissional 
de segurança, bem como a elaboração do PCMAT para canteiros 
com mais de 20 trabalhadores. 
NR19 – Explosivos 
Define as obrigações para o manuseio, controle, fabricação, 
comércio e armazenamento de explosivos. 
NR20 – Segurança e 
Saúde no Trabalho com 
Inflamáveis e 
Combustíveis 
Trata das normas referentes ao armazenamento, manuseio e 
transporte de líquidos combustíveis e inflamáveis. 
NR21 – Trabalho a Céu 
Aberto 
Determina a existência de abrigos, mesmo que simples, para 
proteger os trabalhadores contra intempéries (qualquer condição 
climática mais intensa, como ventania e chuva forte, por 
exemplo). 
NR22 – Segurança e 
Saúde Ocupacional na 
Mineração 
Define medidas de controle e prevenção de segurança para os 
processos e ambiente de trabalho na mineração. 
NR23 – Proteção Contra 
Incêndios 
Deve ser seguida por todas as empresas. Determina condições 
de segurança contra incêndios, como sinalizações e saídas de 
emergência. 
NR24 – Condições 
Sanitárias e de Conforto 
nos Locais de Trabalho 
Estabelece condições básicas de conforto e higiene nas 
empresas e locais de trabalho, garantindo a dignidade dos 
trabalhadores. 
NR25 – Resíduos 
Industriais 
Trata da eliminação de todo tipo de resíduo industrial, como 
resíduos tóxicos, radioativos, gasosos etc. 
 
 
9 
Entende-se como resíduo industrial os gerados por processos 
industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa (ou combinação 
das três), se diferenciando de resíduos domésticos por 
características químicas ou microbiológicas. 
NR26 – Sinalização de 
Segurança 
 
Regulamenta as cores a serem usadas nas sinalizações de 
segurança. Elas devem identificar os equipamentos de 
segurança e as tubulações condutoras de líquidos e fases, bem 
como delimitar áreas e advertir contra riscos. 
NR27 – Registro 
Profissional do Técnico 
de Segurança do 
Trabalho no MTB 
Definia os requisitos de atuação do Técnico de Segurança do 
Trabalho. Atualmente revogada. 
NR28 – Fiscalização e 
Penalidades 
Estabelece os critérios para fiscalização trabalhista de segurança 
e medicina do trabalho. Trata tanto dos prazos para correção de 
irregularidades quanto das penalidades para o não cumprimento 
de outras NRs. 
NR29 – Segurança e 
Saúde no Trabalho 
Portuário 
Define medidas contra doenças e acidentes para trabalhadores 
portuários – tanto em terra quanto em alto mar –, incluindo 
também primeiros socorros. 
NR30 – Segurança e 
Saúde no Trabalho 
AquaviárioDetermina medidas contra doenças e acidentes para empresas 
do setor aquaviário. 
NR31 – Segurança e 
Saúde no Trabalho na 
Agricultura, Pecuária, 
Silvicultura, Exploração 
Florestal e Aquicultura 
Estabelece medidas contra doenças e acidentes para empresas 
de agricultura, pecuária, silvicultura, aquicultura e exploração 
florestal. 
NR32 – Segurança e 
Saúde no Trabalho em 
Estabelecimentos de 
Saúde 
Refere-se a profissionais da área da saúde – não apenas 
hospitalar, mas também de ensino e pesquisa. Visa 
principalmente evitar doenças contagiosas. 
NR33 – Segurança e 
Saúde no Trabalho em 
Espaços Confinados 
Determina medidas de avaliação e prevenção obrigatórias para 
empregadores que possuam espaços confinados. Entende-se 
como espaço confinado qualquer área não projetada para 
ocupação humana contínua, com meios limitados de entrada e 
saída, ventilação insuficiente para remover contaminantes ou que 
possa haver deficiência/enriquecimento de oxigênio. 
NR34 – Condições e 
Meio Ambiente de 
Trabalho na Indústria da 
Construção e Reparação 
Naval 
Define requisitos mínimos e medidas de proteção para a 
segurança, saúde e qualidade de vida dos trabalhadores no setor 
de construção e reparação naval. 
NR35 – Trabalho em 
Altura 
Visa garantir a saúde e segurança dos trabalhadores de 
atividades em altura, definindo requisitos mínimos e medidas de 
proteção. 
NR36 – Segurança e 
Saúde no Trabalho em 
Empresas de Abate e 
Processamento de 
Carnes e Derivados 
Estabelece os requisitos mínimos para avaliação, controle e 
monitoramento dos riscos de trabalho na indústria de abate e 
processamento de carnes e derivados para consumo humano. 
NR37 – Segurança e 
Saúde em Plataformas de 
Petróleo 
Define medidas de proteção para reduzir os riscos nas 
plataformas de petróleo. É mais a recente das normas, criada em 
dezembro de 2018. 
 
 
10 
TEMA 3 – SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 
A NR1, a primeira norma regulamentadora, apresenta, em seu texto, as 
disposições gerais sobre as obrigações de empregadores, empregados e 
empresas públicas fiscalizadoras, informando ainda as competências de cada 
ente à aplicação das questões relativas à saúde e à segurança no trabalho 
(Brasil, 1978b). 
Figura 3 – Saúde e Segurança no Trabalho 
 
Créditos: Stokkete/Shutterstock. 
A Secretaria de Saúde e Segurança no Trabalho – SSST é o órgão em 
nível nacional responsável por coordenar, supervisionar, orientar e controlar as 
ações relacionadas à SST e regulamentar os aspectos legais sobre a área em 
todo o território nacional. Normalmente, essa fiscalização é operacionalizada 
pelas DRT – Delegacias Regionais do Trabalho. 
Também são incumbências das DRTs: 
• Observar e acompanhar o desenvolvimento dos preceitos legais em SST; 
• Aplicar penalidades aos entes que não cumprem o estabelecido pelas 
NRs, notificando, multando ou mesmo interditando o local em questão; 
• Desenvolver, quando da não existência de profissionais ligados ao MT na 
região, perícias nos ambientes de trabalho com vistas a identificar 
condições insalubres ou perigosas (Brasil, 1978). 
Responsabilidades inerentes 
 
https://www.shutterstock.com/pt/g/cyano
 
 
11 
3.1 Aos empregadores 
• Cumprir e fazer cumprir os requisitos legais propostos pelas NRs. 
• Criar procedimentos de avaliações. 
• Informar os trabalhadores dos riscos no ambiente de trabalho. 
• Permitir que os representantes dos trabalhadores tenham ciência das 
condições existentes e possam acompanhar possíveis desvios 
observados nestes ambientes. 
Além dos tópicos acima, também são responsabilidades do empregador 
informar ao empregado: 
• Riscos que possam ser originados nos ambientes de trabalho. 
• Meios de prevenção e mediação adotadas pela empresa. 
• Resultados de exames médicos a que foram submetidos. 
• Resultados das avaliações ambientais realizadas. 
3.2 Aos empregados 
Cumprir as questões legais e normativas apresentadas pelas NRs, sob a 
pena de seu descumprimento ser considerado ato faltoso do trabalhador, 
passível de punição administrativa e prevista pela CLT – Consolidação das Leis 
do Trabalho; 
A Figura 2 ilustra a base componente do SESMT – Serviço Especializado 
em Segurança e Medicina do Trabalho. Normalmente, fazem parte desse grupo 
de trabalho: 
• O engenheiro de segurança do trabalho 
• O médico do trabalho 
• O técnico de segurança do trabalho 
• A enfermeira do trabalho 
• A auxiliar de enfermagem 
Somado aos profissionais acima, em algumas empresas outros se juntam 
ao grupo sendo estes: o ergonomista, o fisioterapeuta, o psicólogo e o educador 
físico. 
 
 
 
12 
Figura 4 – Profissionais básicos a um SESMT 
 
Crédito: Elias Aleixo. 
O número de funcionários e grau de risco da empresa serão os 
responsáveis por determinar a presença e o número dos prevencionistas acima 
citados. Independentemente do número de funcionários e grau de risco da 
empresa, o SESMT tem por objetivo garantir que as normas regulamentadoras 
estejam sendo atendidas e que a prevenção aos agravos à saúde dos 
trabalhadores seja cumprida em sua integridade (Brasil, 1978). 
Nesta linha, de acordo com a NR4, compete aos profissionais que 
compõem o SESMT (Brasil, 1978c): 
• Eliminar/reduzir os riscos presentes no ambiente de trabalho. 
• Determinar a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) 
quando esgotadas todas as formas de eliminação do risco ou contenção 
de forma coletiva. 
• Responsabilizar-se tecnicamente pelas ações em SST da empresa. 
• Estabelecer relação de proximidade com a CIPA – Comissão Interna de 
Prevenção de Acidentes –, inclusive fornecendo orientação e treinamento. 
• Informar força de trabalho sobre riscos existentes nas atividades e 
conscientizar sobre a prevenção. 
• Investigar e manter registro dos acidentes de trabalho ocorridos na 
empresa. 
 
 
13 
• Estabelecer indicadores de controle de acidentes. 
• Estabelecer, em conjunto com a CIPA, planos preventivos e de controle 
de ações emergenciais. 
Em todos os casos, a segurança e a saúde dos empregados devem ser 
tratados como prioridade da empresa, junto às políticas de qualidade, produção, 
manutenção, meio ambiente, atendimento ao cliente, entre outras. Obs.: os 
profissionais do SESMT podem ser terceirizados. Existem muitas empresas 
prestadoras de serviços nessa área. 
Nota-se que a prática prevencionista não é restrita aos profissionais do 
SESMT, pois o acidente é inesperado, ou seja, não é possível programar que 
aconteça, por ser decorrente de atos inseguros, de imprudência, de falta de 
atenção, entre outros, porém, pode-se trabalhar com a prevenção. Para tanto 
faz-se obrigatório a inclusão do fator segurança nas políticas organizacionais e, 
em muitas empresas, a forma encontrada de ampliar o conceito de segurança é 
por meio da CIPA. 
A Tabela 2 apresenta a composição mínima do SESMT de acordo com o 
CNAE – Cadastro Nacional de Atividades Econômicas. 
Tabela 2 – Exemplo de Tabela de Dimensionamento do SESMT 
(Alterado pela Portaria SSMT n. 34, de 11 de dezembro de 1987) 
DIMENSIONAMENTO DOS SESMT 
 
Fonte: NR4 - Segurança e Medicina do Trabalho, 2017. 
 
 
 
14 
TEMA 4 – NR5: CIPA 
A NR5 – CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do 
Trabalho – é a norma regulamentadora que trata de assuntos referentes à 
implementação e atividades relacionadas à CIPA. 
Figura 5 – CIPA 
 
A Tabela 3 apresenta o exemplo para o dimensionamento legal da CIPA, 
proposto pela NR5. É interessante observar na CIPA a existência de funcionários 
considerados efetivos e suplentes, eleitos pelos pares e indicados pelo 
empregador. 
Duas são as frentes principais de atuação da CIPA: 
1. Atuação reativa – Atuando na investigação e documentação de 
acidentes e doenças de trabalho, no acompanhamento das 
implementações e correções no plano de ação em segurança, na 
intervenção em situações de trabalho que coloquemem risco a saúde do 
trabalhador. 
2. Atuação proativa – A CIPA deve agir preventivamente, antecipando os 
riscos e impedindo sua materialização nos ambientes de trabalho. 
 
 
 
15 
Tabela 3 – Dimensionamento para membros da CIPA 
 
Segundo Brasil (1978), “a eleição dos integrantes deverá respeitar os 
princípios de visibilidade e divulgação do processo eleitoral e garantir que os 
prazos e condições para a votação sejam cumpridos”. 
4.1 Mandato 
“A eleição dos membros da CIPA tem validade de um ano, com a 
possibilidade de uma reeleição por período igual” (Brasil, 1978). 
Segundo Brasil (1978) as empresas possuem responsabilidades e 
atribuições aos membros da CIPA. 
4.2 Responsabilidades da empresa sobre a CIPA 
1. Caso a empresa não tenha os profissionais capacitados para essa função, 
deverá designar pessoas para tal, de modo a fazer cumprir a legislação. 
2. Garantir a lisura do processo eleitoral. 
3. Divulgação do processo eleitoral com no mínimo 60 dias antes da eleição. 
4. Informar ao sindicato correspondente ou, na falta deste, ao Ministério do 
Trabalho, expondo em lugar visível na empresa até 45 dias antes da data 
de eleição. Meios eletrônicos podem ser utilizados adicionalmente, mas, 
não em substituição. 
 
Highlight
 
 
16 
4.3 Principais atribuições da CIPA 
1. Identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o Mapa de Riscos 
com a participação do maior número de trabalhadores, com acessória do 
SESMT, onde houver. 
2. Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução 
de problemas de segurança e saúde no trabalho. 
3. Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de 
prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação 
nos locais de trabalho. 
4. Realizar periodicamente, verificações nos ambientes e condições de 
trabalho, visando a identificação de situações que venham a trazer riscos 
para a segurança e saúde dos trabalhadores. 
5. Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas 
em seu plano de trabalho e discutir as situações de riscos que foram 
identificadas. 
6. Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e à saúde 
no trabalho. 
7. Requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas. 
8. Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, a Semana Interna de 
Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT. 
9. Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanha de 
Prevenção da AIDS (Brasil, 1978). 
TEMA 5 – INVESTIR EM SEGURANÇA NO TRABALHO 
Segundo Costa e Costa (2004), os “Estudos de Reason” julgam que o erro 
humano está associado a pelo menos 80% dos acidentes. O autor Mangosio 
(2002) descreve 9 itens, em ordem decrescente de importância, dos erros mais 
comuns que acontecem com o ser humano durante a execução do trabalho: 
9º Desconhecimento: situação potencialmente perigosa ou importante, que 
é nova ou não frequente. 
8º Falta de tempo: tempo escasso para a realização de alguma tarefa que 
por pressão deve ser concluída. 
 
 
17 
7º Comunicação inadequada: sistema inadequado de comunicação 
interna, que pode gerar conflitos; sobrecarga de informações; 
procedimentos técnicos escritos de forma inadequada. 
6º Desconhecimento dos riscos: percepção inadequada dos riscos, falta 
de treinamento etc. 
5º Inexperiência: treinamento ou experiência insuficiente. 
4º Falta de condições físicas: certos aspectos do trabalho estão além das 
condições físicas do trabalhador. 
3º Desânimo: baixa autoestima; perda de confiança da gerência. 
2º Monotonia e tédio: ciclos de trabalho repetitivos, com pouca exigência 
mental. 
1º Imposições externas e internas: transtornos de ciclos de sono; pressão 
de supervisares. 
As representações gráficas da estatística dos acidentes de trabalho, 
Figura 3, em geral, são demonstradas pela curva: 
Figura 6 – Estatística dos acidentes de trabalho 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Costa; Costa, 2003. 
Em que: 
A = falta de experiência; 
B = equilíbrio profissional; 
C = excesso de confiança, negligência. 
Infelizmente são astronômicos os números quando tratados os valores 
que se referem aos acidentes e doenças ocupacionais. O Ministério Público do 
Trabalho (MPT), por meio da Procuradoria Geral do Trabalho, que é o órgão 
Número de 
acidentes 
Anos 
A B C 
 
 
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responsável pela difusão desses números, confirma que, apesar da magnitude, 
esse número é ainda pequeno, considerando que menos de 50% dos acidentes 
ocorridos são notificados por meio da CAT – Comunicado de Acidente no 
trabalho. Os resultados considerados assombrosos implicam em despesas 
previdenciárias como indenizações direta a trabalhadores e dependentes, por 
meio de afastamentos temporários, permanentes e mesmo óbitos. 
Além dos custos diretos resultados do Acidente no Trabalho (AT), a 
“insegurança no trabalho” é altíssima. Condições adversas recaem não somente 
sobre as empresas, mas a sociedade em geral com impactos sobre a 
previdência, saúde pública, chegando ao custo final dos produtos. 
O acidente do trabalho repercutirá ao empregador não só de ordem 
jurídica, mas, no caso de um acidente com menor gravidade, ao qual o 
empregado precisa se ausentar num prazo inferior a 15 dias, o empregador ficará 
sem a mão de obra e terá que arcar com as despesas econômicas em relação 
ao empregado. Para situações de afastamento maior que 15 dias, haverá 
impacto no cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) da empresa, 
conforme o art. 10 da Lei n. 10.666/2003, visto que. 
Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. 
Incumbe ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a 
prestação de benefícios, tais como auxílio doença acidentário, auxílio-
acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, 
aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que a 
Previdência Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais 
com esses benefícios. (Brasil, 2013) 
Independentemente do número de funcionários, a prevenção ao AT deve 
ser encarado como prioridade. Da mesma forma, deve considerar a Ergonomia 
– NR 17 (a ser tratado adiante), que é considerada como fator relevante diante 
do alto absenteísmo (por meio de faltas justificadas ou injustificadas) provocado 
por condições (posições) inadequadas no ambiente laboral. Para mitigar o fato 
exposto, devem ser praticadas ações de qualidade de vida no trabalho, como a 
ginástica laboral, palestras e treinamentos direcionados ao tema. É sabido que 
condições e ambiente seguro de trabalho promovem retorno considerável às 
instituições e pessoas envolvidas. 
5.1 Por que é importante o investimento em segurança no trabalho? 
Sob o aspecto do empreendedor: 
 
 
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1. Aspecto social – O ônus pelo acidente do trabalho reflete-se em toda a 
nação; é ela que paga, pela arrecadação de impostos, ao incapacitado 
com a família da vítima de um acidente fatal, o Seguro Social a que tem 
direito. Bem como pressões sociais e sindicais. 
2. Aspecto humano – Embora não se possa representar em números, o 
aspecto humano é o mais importante, pois não há dinheiro que pague o 
preço de uma vida, de uma mão, de um braço ou de qualquer membro do 
corpo mutilado em um acidente. Além disso, há perda de profissionais, 
conflitos de trabalho. 
3. Aspecto econômico – A queda na produção de uma empresa e do país 
como um todo, decorrente de acidente no trabalho, é um aspecto que 
deve ser considerado, pois, além do custo final dos produtos, perda de 
competitividade, o acidente acarreta gastos com atendimento médico, 
transporte, remédios, indenizações e pensões, por exemplo. 
Sob o aspecto do trabalhador: 
1. Aspecto social – Acarreta marginalização social do acidentado. 
2. Aspecto humano – Acarreta dor e sofrimento, perda da capacidade de 
trabalho. 
3. Aspecto econômico – Acarreta diminuição de salário, gastos extras com 
remédios. 
Os Estudos Heinrich, publicadosno livro Industrial Accident Prevention 
datado da década de 1931, evidenciavam os graus de variação de danos 
causados pelos acidentes. O estudo provava que, a cada 1 acidente com lesão 
grave, há 29 com lesões leves e 300 incidentes, ou seja, sem lesões. Até os dias 
atuais, quase um século depois, esses estudos ainda possuem grande 
relevância na segurança do trabalho, pois desse estudo nasceu os conceitos de 
acidente e incidente. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, procurou-se demonstrar a evolução histórica da segurança do 
trabalho no âmbito mundial e nacional. Suas nuanças em várias épocas e as 
normas que a regem. A implementação da Segurança do Trabalho na CLT e as 
garantias do trabalhador asseguradas por lei. As Normas Reguladoras, suas 
 
 
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origens, aplicação e o que cada uma delas representa nas mais diversas formas 
de trabalho. 
Estudou-se sobre a SSST – Secretaria de Saúde e Segurança no 
Trabalho –, as DRTs – Delegacias Regionais do Trabalho –, o SESMT – Serviço 
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho –, a CIPA – Comissão 
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho –, como são formados, quantos 
trabalhadores são necessários nas empresas para que se tenha essas 
comissões, como é feito a eleição e seu mandato. 
Por último, estudou-se sobre os custos envolvidos em um sistema de 
segurança do trabalho, o quão é impactante de ordem social, pessoal e 
econômica para o empregador e o empregado. 
Até o nosso próximo encontro e bons estudos! 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BRASIL. Portaria n. 3214, de 8 de junho de 1978. Diário oficial da União, 
Brasília, DF, 6 jul. 1978a. Disponível em: 
. Acesso em: 4 out. 2021. 
COSTA, M. A. F.; COSTA, M. F. B. Biossegurança de A a Z. Rio de Janeiro: 
Papel Virtual, 2003b. 
_____. Biossegurança de OGM: saúde humana e ambiental. Rio de Janeiro: 
Papel Virtual, 2003a. 
_____. Segurança e Saúde no Trabalho: cidadania, competitividade e 
produtividade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. 
HEINRICH, H. W. Industrial Accident Prevention: a scientific approach. New 
York: McGraw Hill, 1931. 
IBAPE. Procedimento de avaliação pericial trabalhista. São Paulo, 2018. 
MANGOSIO, J. Investigación de Accidents. [s.l.]: Universidade Católica 
Argentina, 2002. 
OIT. Uma década de trabalho decente no Brasil: uma estratégia de ação 
baseada no diálogo social. Genebra: OIT, 2015. Disponível em: 
. Acesso em: 4 out. 2021. 
RAMAZZINI, B. As Doenças dos Trabalhadores. Tradução de Raimundo 
Estrêla. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. 
SEGURANÇA e Medicina do Trabalho. Editora Atlas, 2017.

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