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Trabalho Prof.ª Ketley Costa Rocha Arruda InTrodução à Segurança no Indaial – 2022 2a Edição Impresso por: A779i Arruda, Ketley Costa Rocha Introdução à segurança no trabalho. / Ketley Costa Rocha Arruda – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 207 p.; il. ISBN 978-65-5663-822-5 ISBN Digital 978-65-5663-816-4 1. Saúde e segurança do trabalhador. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 613 Elaboração: Prof.ª Ketley Costa Rocha Arruda Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Caro acadêmico, estamos aqui convidando você a conhecer o Livro Didático de Introdução à Segurança no Trabalho. Este livro trará uma introdução aos temas básicos referentes à saúde e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho. O livro está dividido em três unidades, de modo a se ter uma divisão didática dos conteúdos a serem estudados ao longo do curso. Em cada uma das unidades, você encontrará materiais tendo como base as principais literaturas da área. Além disso, o livro didático traz diversas recomendações de leituras complementares a fim de ampliar e aprofundar os conceitos vistos ao longo dos tópicos, permitindo, assim, uma autonomia de aprendizado o que favorece o explorar do conhecimento para além do ambiente da academia. Na Unidade 1, abordaremos como a humanidade, ao longo de seu desenvolvimento, buscou melhorias no seu modo de trabalho. Também veremos como o Brasil se adaptou às normas de segurança do trabalho e quais as principais leis sobre o tema no país. Ainda serão abordados os principais termos da segurança do trabalho e a sua relação com a proteção do meio ambiente. Na Unidade 2, nós abordaremos os agentes ambientais e os riscos relacionados a eles que podem causar danos à saúde dos trabalhadores. Além disso, conheceremos a relação da segurança no trabalho com os serviços de saúde, transporte e manuseio de materiais, psicologia, alimentação, atividades da construção civil, mecânica, elétrica e de produção. Na Unidade 3, abordaremos os riscos ergonômicos no ambiente de trabalho e os danos que estes são capazes de causar à saúde dos trabalhadores. Nesta unidade, também aprenderemos os principais procedimentos de primeiros socorros e como eles são fundamentais para salvar a vida de uma vítima de acidente. Ainda veremos as doenças causadas aos trabalhadores devido ao contato com substâncias tóxicas. Por fim, abordaremos o gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho, com destaque para os equipamentos de proteção coletiva (EPC) e individual (EPI), a comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) e os mapas de riscos. Com esta proposta de material, pretende-se entregar a você, discente, uma vaste e rica experiência de ensino e aprendizado na área de Segurança no Trabalho. A equipe UNIASSELVI deseja excelentes estudos! Prof.a Ketley Costa Rocha Arruda APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................... 1 TÓPICO 1 — DEFINIÇÕES BÁSICAS .......................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO MUNDO ..............................3 2.1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL .........................................7 3 PRINCIPAIS CONCEITOS .................................................................................................10 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 13 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................14 TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS .............................................................. 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17 2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................ 17 3 DECRETO-LEI Nº 5.452 - CLT ...........................................................................................18 4 PORTARIA 3.214 .............................................................................................................. 19 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................30 TÓPICO 3 — ACIDENTES DE TRABALHO, PLANEJAMENTO E CONTROLE ...................... 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 33 2 ACIDENTE DE TRABALHO ............................................................................................... 33 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO .....................................................................35 2.2 CONDIÇÕES QUE LEVAM AO ACIDENTE DE TRABALHO .........................................................35 3 PROCEDIMENTOS PARA CASOS DE ACIDENTE DE TRABALHO ................................... 38 4 BENEFÍCIOS CONCEDIDOS AOS TRABALHADORES APÓS UM ACIDENTE DE TRABALHO ....................................................................................................................... 39 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ACIDENTES DE TRABALHO .................................... 41 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 44 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 45 TÓPICO 4 — PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SANEAMENTO E PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE) ......................................................................................................47 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................47 2 SANEAMENTO BÁSICO .....................................................................................................47 3 PREVENÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................... 48 3.1 NORMA ABNT NBR ISSO 14.001 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ....................................50 4 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) .................................... 53 5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – POLÍTICA DOS 5 Rs .............................................................. 55 6 ALGUMAS LESGISLAÇÕES BRASILEIRAS SOBRE AS QUESTÕES AMBIENTAIS ......... 55 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................57 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 65 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................67 UNIDADE 2 — RISCOS AMBIENTAIS E PCRMEI .................................................................. 71 TÓPICO 1 — HIGIENE DO TRABALHO ..................................................................................73 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................73 2 AGENTES FÍSICOS ............................................................................................................73 2.1 RUÍDOS ................................................................................................................................................... 73 2.2 VIBRAÇÕES .......................................................................................................................................... 76 2.3 PRESSÕES ANORMAIS ...................................................................................................................... 77 2.3.1 Hiperbarismo ..............................................................................................................................78 2.3.2 Hipobarismo .............................................................................................................................. 79 2.4 TEMPERATURAS EXTREMAS ........................................................................................................... 79 2.4.1 Trabalhos em temperaturas elevadas ................................................................................. 80 2.4.2 Trabalhos em temperaturas baixas ..................................................................................... 80 2.5 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES ............................................................................ 81 2.5.1 Radiação não ionizada ............................................................................................................ 81 2.5.2 Radiação ionizada ...................................................................................................................82 2.6 INFRASSOM E ULTRASSOM ............................................................................................................83 2.6.1 Infrassom .....................................................................................................................................83 2.6.2 Ultrassom ...................................................................................................................................83 2.7 UMIDADE ............................................................................................................................................. 84 3 AGENTES QUÍMICOS ........................................................................................................ 85 3.1 CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS .................................................................................................87 3.1.1 Irritantes ......................................................................................................................................87 3.1.2 Asfixiantes ...................................................................................................................................87 3.1.3 Narcóticos .................................................................................................................................. 88 3.1.4 intoxicantes sistêmicos .......................................................................................................... 88 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS ..................................................... 88 4 AGENTES BIOLÓGICOS .................................................................................................... 91 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 93 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 94 TÓPICO 2 — HIGIENE DO TRABALHO II ...............................................................................97 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................97 2 SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................................................................97 2.1 RISCOS BIOLÓGICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ....................................................................... 97 2.2 RISCOS QUÍMICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................................................100 2.3 RISCO RADIAÇÃO IONIZANTE ........................................................................................................100 2.4 RESÍDUOS ..........................................................................................................................................101 3 TRANSPORTE .................................................................................................................. 101 4 PSICOLOGIA ....................................................................................................................103 5 ALIMENTAÇÃO ................................................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................108AUTOATIVIDADE ................................................................................................................109 TÓPICO 3 — PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCO EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES (PCRMEI) ............................................................................111 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111 2 CIVIL .................................................................................................................................111 3 MECÂNICA ....................................................................................................................... 114 4 ELÉTRICA ........................................................................................................................ 118 5 PRODUÇÃO ......................................................................................................................122 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................130 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 131 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................133 UNIDADE 3 — DOENÇAS DO TRABALHO E GESTÃO DE RISCO .......................................139 TÓPICO 1 — ERGONOMIA ................................................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 INTRODUÇÃO À ERGONOMIA ........................................................................................ 141 2.1 DISTÚRBIOS OCUPACIONAIS .......................................................................................................... 145 2.2 ERGONOMIA E A TECNOLOGIA ......................................................................................................146 2.3 PROBLEMAS NA COLUNA ..............................................................................................................148 2.4 CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSIDADE .....................................................................................148 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152 TÓPICO 2 — AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO ..................................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................155 2 PRIMEIROS SOCORROS .................................................................................................155 2.1 ETAPAS DO ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS ......................................................... 156 2.2 PRIMEIROS SOCORROS PARA VÍTIMAS DE TRAUMAS ............................................................158 2.2.1 Hemorragia................................................................................................................................158 2.2.2 Fraturas, luxações e entorses ............................................................................................ 159 2.2.3 Lesões na coluna vertebral ..................................................................................................160 2.2.4 Queimaduras ............................................................................................................................161 3 TOXICOLOGIAS ............................................................................................................... 161 3.1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS................................................................................................................... 162 3.1.1 Efeitos das substâncias tóxicas ........................................................................................... 162 3.1.2 Vias de absorção das substâncias tóxicas ....................................................................... 163 3.2 INTOXICAÇÃO .................................................................................................................................... 163 3.3 FASES DA INTOXICAÇÃO ...............................................................................................................164 3.4 INTERAÇÕES TOXICOLÓGICAS ..................................................................................................... 165 3.5 PRINCIPAIS SINTOMAS .................................................................................................................. 166 3.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS .............................................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................170 TÓPICO 3 — GERENCIAMENTO DE RISCO .........................................................................171 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................171 2 EPCs E EPIs ......................................................................................................................171 2.1 TIPOS DE EPCs E SUAS APLICAÇÕES ......................................................................................... 172 2.1.1 Dispositivos de sinalização ................................................................................................... 172 2.1.2 Extintores de incêndio ......................................................................................................... 172 2.1.3 Exaustores de ar ...................................................................................................................... 173 2.1.4 EPC para proteção de serviços com eletricidade ........................................................... 173 2.2 PRINCIPAIS EPIs E SUAS APLICAÇÕES ..................................................................................... 174 2.2.1 EPI para proteção da cabeça .............................................................................................. 174 2.2.2 EPI para proteção dos olhos e face ................................................................................... 175 2.2.3 EPI para proteção auditiva ...................................................................................................177 2.2.4 EPI para proteção respiratória .............................................................................................177 2.2.5 EPI para proteção do tronco ................................................................................................ 179 2.2.6 EPI para proteção dos membros superiores ..................................................................180 2.2.7 EPI para proteção dos membros inferiores .......................................................................181 2.2.8 EPI para proteção do corpo inteiro ...................................................................................182 2.2.9 EPI para proteção contra quedas com diferença de nível ..........................................182 3 IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA ............................................................................................183 3.1 ATRIBUIÇÕES ......................................................................................................................................184 3.2 FUNCIONAMENTO ............................................................................................................................1853.3 TREINAMENTO ...................................................................................................................................185 3.4 PROCESSO ELEITORAL ...................................................................................................................186 3.5 ROTEIRO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA ............................................................................... 187 3.5.1 Calendário ................................................................................................................................ 187 3.5.2 Edital de convocação ............................................................................................................ 187 3.5.3 Formação da comissão eleitoral e edital de eleição ......................................................188 3.5.4 Eleição e divulgação do resultado .....................................................................................188 3.5.5 Ata de instalação e posse da CIPA .....................................................................................190 4 MAPA DE RISCO ............................................................................................................. 191 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 200 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................201 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 203 1 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apresentar o histórico da segurança e higiene do trabalho no mundo e no Brasil; • conhecer as legislações brasileiras que falam de segurança do trabalho; • conceituar os diversos termos da segurança do trabalho; • entender a relação segurança do trabalho e proteção do meio ambiente. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES BÁSICAS TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS TÓPICO 3 – ACIDENTES DE TRABALHO, PLANEJAMENTO E CONTROLE TÓPICO 4 – PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SANEAMENTO E PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE) Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS TÓPICO 1 - UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico, você entenderá como surgiu a preocupação com a saúde e segurança do trabalho através de um breve histórico e conhecerá os principais conceitos e definições dessa área de estudo. A preocupação com a saúde e segurança no ambiente de trabalho é observada há muitos séculos. Compreender o passado pode ajudar os profissionais de segurança e saúde a examinar o presente e o futuro com um senso de perspectiva e continuidade. Além disso é de fundamental importância aprender os principais conceitos da área de maneira a compreender as lições seguintes e realizar como competência as funções relativas à segurança do trabalho. 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO MUNDO Os primeiros registros a favor dos trabalhadores foram observados há aproximadamente 2360 a.C., no Egito antigo, como os Papiro Seler II, que faziam relação entre o ambiente de trabalho e seus riscos. No Papiro Anastasi V, conhecido como “Sátira dos Ofícios”, datado de 1800 a.C. também se observaram inscrições sobre insalubridade, periculosidade e penosidade das profissões (MATOS; MÁSCULO, 2011). Durante os dias dos antigos babilônicos, por volta de 2000 a.C., na Mesopotâmia, o rei Hamurabi desenvolveu um conjunto de leis, conhecido como “Código de Hamurabi”, que continha cláusulas que tratavam de lesões e danos monetários avaliados contra aqueles que feriram outras pessoas. Estas cláusulas do código, conforme pode ser observado na Figura 1, ilustravam a preocupação do rei Hamurabi com as condições de trabalho. O rei egípcio Ramsés II, por volta de 1500 a.C., visando garantir a força de trabalho suficiente para a construção de um enorme templo que levava o seu nome, ofereceu serviço médico e obrigava os trabalhadores a tomarem banho diariamente. Além disso, isolava os trabalhadores doentes de forma a não espalhar a doença. 4 FIGURA 1 – CÓDIGO DE HAMURABI FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/_4sinyEDofFE/TFQNpWx-0DI/AAAAAAAAABo/0JbJkbCbQlc/s1600/ hammurabi.jpg>. Acesso em: 9 maio 2021. Na antiga Grécia, por volta de 384 ‑322 a.C., o filósofo Aristóteles realizou estudos sobre as enfermidades apresentadas por mineradores, tentando evitá-las. Nesse mesmo período, o médico e filósofo Hipócrates, considerado o “pai da medicina”, fez menção à toxicidade causada pelo manuseio de chumbo em mineiros e metalúrgicos (RAMÍREZ, 2008). Os romanos também se mostraram preocupados com a questão da saúde e segurança demonstrados em seus sistemas de esgoto, banheiros públicos e casas bem ventiladas, porém não havia regras específicas sobre saúde e segurança para os trabalhadores. No início da era cristã, em meados do século I (d.C.), em Roma, Plínio I e Galeno também relataram casos de envenenamento causados por chumbo em trabalhadores de minas (RAMÍREZ, 2008). Além disso, foi Plínio I, conhecido como “O Velho”, que recomendou, pela primeira vez, a utilização de equipamentos de proteção respiratórios (máscaras) para os trabalhadores de minas. As máscaras eram produzidas a partir da pele da bexiga de animais (ARIAS, 2012). Após um longo período da ausência de avanços em relação à saúde e trabalho, no ano de 1700, o médico Italiano Bernadino Ramazzini, também conhecido como o “Pai da Medicina do Trabalho”, publicou o tratado “De Morbis Artificum Diatriba”, que descrevia a relação das doenças dos trabalhadores e suas ocupações, conforme ilustrado na Figura 2. Ramazzini (2016) relacionou as doenças do trabalho com o manuseio de materiais nocivos e movimentos irregulares ou não naturais do corpo, o que até hoje é considerado relevante nesse campo de estudo. 5 FIGURA 2 – CAPA DO LIVRO DE RAMAZZINI FONTE: <http://www.firenzelibri.net/public/img/45645.jpg>. Acesso em: 9 maio 2021. Foi somente durante a Revolução Industrial que os avanços em relação à saúde e trabalho começaram realmente a acontecer. Nesse período, observou-se um aumento no número de doenças, acidentes, mutilações e até morte de trabalhadores, principalmente relacionados com as quantidades excessivas de horas trabalhadas, que, às vezes, chegavam a 16 horas/dias, e as péssimas condições de trabalho. E com isso, diversos estudos foram realizados visando minimizar esses impactos na saúde dos trabalhadores. Percival Pott, um médico inglês, por exemplo, em 1775, descreveu o desenvolvimento do câncer nos limpadores de chaminés devido à inalação de poeira tóxica e indicou que o câncer poderia ser causado pela presença de compostos carcinógenos no ambiente. Já no ano de 1801, o também médico Thomas Beddoe realizou estudos e demostrou como as condições de trabalho afetavam a saúde dos trabalhadores (BROWN; THORNTON, 1957). FIGURA 3 – FOTO DE UMA FÁBRICA DURANTE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: <https://www.historycrunch.com/working-conditions-in-the-industrial-revolution.html#/>. Acesso em: 9 maio 2021. 6 A primeira lei de proteção aos trabalhadores surgiu na Inglaterra no ano de 1802 e ficou conhecida como “Lei de saúde e moral de aprendizes”. Por essa lei foi definido que o limite diário de trabalho seria de 12 horas/dia, proibia o trabalho noturno e obrigava a ventilação nos ambientes fabris. Entretanto,não houve diminuição dos acidentes do trabalho após a divulgação dessa lei. Assim, a primeira lei que efetivamente buscava o melhoramento das condições de trabalho somente foi aprovada pelo parlamento da Inglaterra em 1833 e ficou conhecida como “factory act” ou “lei das fábricas”. Essa lei estabelecia que o dia de trabalho deveria ocorrer das 5:30 às 20:30 horas, sendo permitido o trabalho de jovens entre 13 e 18 anos como limite de duração de 12 horas, e para crianças entre 9 e 13 anos o limite de 8 horas. Para crianças menores de 9 anos ficava proibido o trabalho. Além disso a lei previa a presença de um médico na fábrica para atestar a idade mínima dos trabalhadores e realizar exames de maneira a prevenir as doenças do trabalho (BITENCOURT; QUELHAS, 1998). Após isso, vários países começaram a estabelecer leis e regulamentos de melhoria das condições de trabalho. Em 1862, a França aprovou o regulamento da segurança e higiene do trabalho. Em 1865, a Alemanha publicou a Lei de indenização obrigatória dos trabalhadores e em 1886, a Revolução de Chicago, nos Estados Unidos, iniciou o movimento das organizações trabalhistas, que futuramente veio a se tornar sindicatos. No início do século XX, o cenário mundial era de insegurança e instabilidade devido à Primeira Guerra Mundial. Com o fim da Primeira Guerra em novembro de 1918, realizou-se a Conferência da Paz (1919) em que foi assinado o Tratado de Versalhes, que aprovava a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que atualmente tem sede na Suíça e possui 39 países membros, incluindo o Brasil. A OIT apresenta como missão “promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade” (OIT, 2021). Além disso, de acordo com a sua Constituição e Declaração da Filadélfia: Considerando que existem condições de trabalho que implicam, para grande número de indivíduos, miséria e privações, e que o descontentamento que daí decorre põe em perigo a paz e a harmonia universais, e considerando que é urgente melhorar essas condições no que se refere, por exemplo, à regulamentação das horas de trabalho, à fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, à garantia de um salário que assegure condições de existência convenientes, à proteção dos trabalhadores contra as moléstias 3 graves ou profissionais e os acidentes do trabalho, à proteção das crianças, dos adolescentes e das mulheres, às pensões de velhice e de invalidez, à defesa dos interesses dos trabalhadores empregados no estrangeiro, à afirmação do princípio ‘para igual trabalho, mesmo salário’, à afirmação do princípio de liberdade sindical, à organização do ensino profissional e técnico, e outras medidas análogas (OIT, 2016, p. 3). 7 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi fundada em 1919 com o objetivo de que todos os trabalhadores tivessem acesso a um trabalho com condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. NOTA 2.1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL Em relação ao Brasil, a primeira lei que se aplicava à proteção dos trabalhadores foi o Decreto nº 1.313, publicado em 17 de janeiro de 1891. O decreto estabelecia “providências para regularizar o trabalho dos menores empregados nas fábricas da Capital Federal”, que até então era a cidade do Rio de Janeiro. Além disso, em seu Art. 1º ficou “instituída a fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris em que trabalharem menores, que ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior”. Embora seja considerada um marco na legislação trabalhista do Brasil, essa lei não foi cumprida efetivamente. Assim, diversas manifestações e greves gerais dos trabalhadores ocorreram entre os anos de 1907 e 1920, reivindicando melhores condições de trabalho. Com isso, em 15 de janeiro de 1919 foi aprovada a primeira lei brasileira (Lei nº 3.724) contra acidentes do trabalho. Foi no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), que aconteceu a transição do modelo oligárquico (caracterizado pelo poder econômico nas mãos de grandes proprietários rurais) para o industrialismo. Com isto, em 26 de novembro de 1930, pelo Decreto nº 19.433 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Além disso, no dia 4 de fevereiro de 1932, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, que, entre as suas atribuições, consta a organização, higiene e segurança do trabalho. Por meio do Decreto nº 24.637 ocorreu a reforma da legislação de acidentes de trabalho que pela primeira vez equiparava as doenças profissionais aos acidentes de trabalho, assim como, de forma inaugural, a indenização dos acidentes de trabalho passou a ser custeada pelo Estado, empregado e empregador (BITENCOURT; QUELHAS, 1998). Ainda em 1934, foram nomeados pelo Ministro do Trabalho os primeiros inspetores- médicos do trabalho, para procederem à inspeção higiênica nos locais de trabalho e estudos sobre acidentes e doenças profissionais. 8 O crescimento da indústria, com o consequente aumento no número de trabalhadores urbanos, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro. Dessa forma, visando a preservar a saúde do trabalhador foi fundada, em 1941, a Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes, e, em 1º de maio de 1943, ocorreu a criação da consolidação das leis do trabalho (CLT) por meio do Decreto-Lei nº 5.452. A CLT foi um compilado das leis que a antecedem sobre os direitos à saúde e segurança dos trabalhadores. Desde sua aprovação, a CLT já possuía o Capítulo V, com o título “Higiene e Segurança do Trabalho”, alterado em 1977 pela Lei nº 6.514 para “Da Segurança e da Medicina do Trabalho”. Em 10 de novembro de 1944, o Decreto-Lei nº 7.036 veio como um desdobramento da CLT, revogando a Lei nº 3.724. Em 1953 foi criada a Portaria nº 155/53, que regulamentava as atividades das comissões internas de prevenção de acidentes (CIPAs), e, em 1960, a Portaria nº 319/60, que falava sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs). Neste mesmo ano (1960) foi promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social, decretando aposentadoria especial para os trabalhadores que exercem atividades penosas, insalubres ou perigosas. A intenção dessa lei era aposentar o trabalhador antes que ele sofresse dano total ou irreversível à sua saúde (TIMBÓ; EUFRÁSIO, 2009). No ano de 1966 surgiu, no Brasil, por meio da Lei nº 5.261, o Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, atualmente a Fundacentro. Em 1972, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.237, que instituía os serviços de segurança higiene e medicina do trabalho nas empresas. E em 1974 foram criados os primeiros cursos especializados em segurança e medicina do trabalho. Desde a primeira redação do Decreto-Lei nº 5.452, que cria consolidação das leis trabalhista (CLT), possui o Capítulo V com o título “Higiene e Segurança do Trabalho”. ATENÇÃO A mudança nas leis trabalhistas de corretiva para preventiva somente ocorreu no Brasil com a aprovação da Portaria nº 3.214. A Portaria “aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho”, que incialmente continha vinte e oito NRs. Durante os anos, algumas NRs foram alteradas e outras oito novas foram introduzidas de maneira a atender às necessidades de cada serviço. 9 A oficialização dos cursos de especialização para engenheiros e arquitetos em engenharia de segurança do trabalho e a criação do cargo de técnico em segurança do trabalho ocorreram em 27 de novembro de 1985 com a aprovação da Lei nº 7.410. No ano de 1988 foi promulgada nova Constituição Federal, significando um novo marco principal na introdução da saúde do trabalhador no sistema jurídico nacional. Com a promulgação dessa Constituição,as ações de saúde do trabalhador passaram a ser competência do Sistema Único de Saúde – SUS –, consagrando também proteção ao meio ambiente, incluindo o meio ambiente de trabalho. Esta Carta Magna previu a possibilidade de penalidades para as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Quanto a estas sanções, é oportuno o comentário de Melo (2013, p. 140): Do comando constitucional do art. 225, § 3º e dos demais dispositivos constitucionais e legais que protegem o meio ambiente e a saúde do trabalhador (subitens 4.1, 4.2 e 4.3 do Capítulo I), infere-se que as responsabilidades decorrentes do trabalho em condições inadequadas e em ambientes insalubres, perigosos e penosos, ou em razão de acidentes de trabalho, podem ser caracterizadas como de natureza: a) administrativa; b) previdenciária; c) trabalhista; d) penal; e) civil. Adiante, falaremos mais especificamente das leis que abordam os direitos trabalhistas. ESTUDOS FUTUROS Em 1990, no dia 19 de setembro, foi sancionada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080), que trata da atuação do SUS na área da saúde do trabalhador. No dia 22 de maio de 1991, por meio do Decreto nº 127, o Brasil ratificou a Convenção nº 161/85, da OIT, relativa aos serviços de saúde do trabalho. No dia 12 de fevereiro de 2007 foi assinado o Decreto nº 6.042/07, que oficializou a implantação, pela Previdência, de dois instrumentos legais, que provocaram uma mudança de paradigma na área de saúde e segurança do trabalho: o Nexo Técnico Epidemiológico (NTE) e o Fator Acidentário Previdenciário (FAP), que, com o Perfil Psicográfico Previdenciário, representam uma nova percepção da Previdência em relação aos acidentes de trabalho. Após essa linha do tempo em relação à evolução da saúde e segurança no trabalho veremos a seguir os seus principais conceitos e definições. 10 3 PRINCIPAIS CONCEITOS A Segurança do Trabalho pode ser definida como um conjunto de normas que visam minimizar as doenças e os acidentes decorrentes do ambiente de trabalho. Além disso, ela visa proteger a integridade física e mental dos trabalhadores por meio da prevenção dos riscos a que é exposto em seu ambiente de trabalho. De acordo Saliba e Lanza (2018), a Segurança do Trabalho pode ser definida como “a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de risco operacionais”. Assim, a Segurança do Trabalho por meio da identificação do risco, da avaliação, do controle e do monitoramento realiza a prevenção de acidentes. Esse processo pode ocorrer por meio de diversas medidas, sejam elas técnicas, administrativas, na educação dos colaboradores, na eliminando as condições inseguras, no tratamento médico e psicológico, entre outras. Ainda Segundo Saliba e Lanza (2018), “A prevenção se faz pela identificação e pela avaliação dos fatores de riscos e cargas de trabalho com origem no processo de trabalho e na forma de organização adotados, e da implantação de medidas para eliminação ou minimização desses fatores de riscos e cargas”. A palavra risco foi citada algumas vezes nos parágrafos anteriores, mas você saberia a diferença entre risco e perigo? De acordo com o anexo 1 da NR 1, redação dada pela Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de 2020, perigo é definido como “fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação com outros tem o potencial intrínseco de dar origem a lesões ou agravos à saúde”. Ainda segundo a mesma norma, risco ocupacional é definido como a “Combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”. Assim, o perigo é alguma coisa que pode potencialmente causar dano, ou seja, a fonte geradora. Já o risco está associado a exposição ao perigo. Na Figura 4 é possível observar a diferença entre esses conceitos. 11 FIGURA 4 – DIFERENÇA ENTRE PERIGO E RISCO FONTE: <https://op.europa.eu/webpub/eca/special-reports/food-safety-2-2019/img/Pt_box2.svg>. Acesso em: 10 maio 2020. Para mais informações e exemplos sobre a diferença entre risco e perigo, veja o vídeo disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=2bfqbbXB5_s. DICA Vale mencionar, que de acordo com a NR 9, o risco pode ser classificado em: risco físico, risco químico, risco biológico, risco ergonômico, risco social e risco ambiental. Esses conceitos serão melhores apresentados posteriormente. Os conceitos de insalubridade e periculosidade também são importantes para os nossos estudos em segurança do trabalho. De acordo com o Art. 189 da CLT, as atividades insalubres são “aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”, implicando danos à saúde dos trabalhadores ao longo de sua vida. Por outro lado, a periculosidade é definida no Art. 193 da CLT como: Perigo Um perigo é algo que tem o potencial para nos prejudicar Risco Um risco é a probabilidade de um perigo nos prejudicar vs. TUBARÃO Um tubarão no mar é um perigo Nadar com um tubarão é um risco 12 [...] atividades ou operações perigosas que por sua natureza ou métodos de trabalho impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I‑ inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. II- roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Assim, a periculosidade é determinada pelo risco iminente de morte durante o trabalho enquanto a insalubridade é a exposição direta aos agentes nocivos que podem gerar danos à saúde a longo prazo. Tanto a insalubridade quanto a periculosidade são passíveis de acréscimo salário, descritos em maior detalhe nas normas regulamentadoras NR-15 e NR-16. Seguindo, a definição de acidente do trabalho, segundo o Art. 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social), é: [...] o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VI do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda, redução permanente ou temporária de sua capacidade para o trabalho. Nessa definição, o acidente ganha um sentido amplo, abrangendo também as doenças ocupacionais ou moléstias profissionais, para fins de reparação de dano sofrido pelo trabalhador. Do ponto de vista técnico, porém, esta definição não é satisfatória, pois retrata somente as consequências sobre o homem. Uma definição mais completa de acidente do trabalho seria que toda a ocorrência, não programada e não planejada, que interferir no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos materiais ou as três situações simultaneamente. Outro conceito importante que merece definição é Inspeção de Segurança. O termo se refere a vistorias realizadas nas áreas de trabalho de maneira a verificar situações em que o trabalhador pode estar sendo exposto a algum risco. O objetivo da Inspeção de Segurança é fornecer informações sobre as condições de trabalho, que tipo de trabalho realizado, quais procedimentos de segurança são aplicados ou não, se existe riscos que possam provocar danos ao trabalhador, e assim, auxiliar na tomada de decisão que defini as medidas de prevenção a serem tomadas. 13 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A segurança do trabalho está evoluindo, desde os primórdios até os dias de hoje. • A Revolução Industrial foi um marco histórico para mudanças nas legislações sobre saúde e segurança do trabalhador. • A OIT é uma organização que está trabalhando pela internacionalização do Direito do Trabalho, do qual o Brasil faz partede seu escopo. • A aplicação de medidas de proteção aos trabalhadores no Brasil iniciou em meados do ano de 1981, mas foi com a criação da CLT, em 1943, que regras sobre higiene e segurança no trabalho passam a ser cobradas efetivamente. • A Segurança do Trabalho é um conjunto de normas que visam minimizar as doenças e os acidentes decorrentes do ambiente de trabalho. • O acidente do trabalho é toda ocorrência, não programada e não planejada, que interferir no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ ou perda de tempo e/ou danos materiais ou as três situações simultaneamente. • Perigo é algo com potencialmente de causar dano e risco está associado a exposição ao perigo. RESUMO DO TÓPICO 1 14 1 Desde a antiguidade são observados registros que levavam em consideração a saúde e segurança dos trabalhadores. Entretanto, somente com a Revolução Industrial aconteceram avanços significativos neste sentido. Por que a preocupação com a saúde e segurança dos trabalhadores aumentaram com a Revolução Industrial? 2 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada durante a Conferência da Paz (1919) com a assinatura do Tratado de Versalhes, do qual fazem parte 39 países, incluindo o Brasil. Em sua constituição e na Declaração da Filadélfia, a OIT considera que é urgente melhorar as condições de trabalho no que se refere à(a): a) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a não fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. b) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao não recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. c) ( ) A não regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. d) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego e outros. 3 A primeira lei trabalhista do Brasil foi o Decreto n° 1313, publicado em 17 de janeiro de 1891. Qual item a seguir foi estabelecido neste decreto? a) ( ) Providências para regulamentar o trabalho de mulheres empregadas nas fabricas da capital federal. b) ( ) Providências para regulamentar o trabalho dos menores empregados nas fabricas da capital federal. c) ( ) Fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris em que trabalharem mulheres, a qual ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior. d) ( ) Fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris, a qual ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior. AUTOATIVIDADE 15 4 A Norma Regulamentadora NR‑1 define risco ocupacional como a “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”. Uma classificação dos tipos de risco é apresentada na NR‑9. Assinale a alternativa que NÃO contenha um tipo de risco classificado na NR-9. a) ( ) Risco físico. b) ( ) Risco químico. c) ( ) Risco psicológico. d) ( ) Risco ergonômico. 5 A definição de acidente do trabalho de acordo com a Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social é considerada insatisfatória do ponto de vista técnico. Qual seria a melhor definição para esse termo? 16 17 LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, vamos realizar um estudo mais aprofundado das principais legislações brasileiras que concerne ao direito trabalhista. Dentre elas estão a Constituição da República Federativa do Brasil (05/10/1988), o Decreto-Lei nº 5.452 (Consolidação das Leis Trabalhista – CLT) e a Portaria nº 3.214, que aprova as Normas Regulamentadores – NR. A Constituição da República Federativa do Brasil é a lei máxima do Brasil, que traça os parâmetros do sistema jurídico e define os princípios e diretrizes que regem a nossa sociedade. Sobre essa lei, falaremos especificamente dos Artigos 6º e 7º do Capítulo II, que dá diretrizes sobre a questão trabalhista no Brasil. Também serão apresentados os principais pontos da CLT, norma que consolida as leis trabalhistas no Brasil, inclusive substanciando a elaboração das Normas Regulamentadoras. Em relação a Portaria nº 3.214, mostraremos as 37 normas que a compõe e suas principais disposições. 2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em 5 de outubro de 1988, consta em seu Capítulo II dos direitos sociais Art. 6º: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção maternidade e a infância, a assistência os desamparados, na forma desta Constituição”. Portanto, o direito ao trabalho é uma parte essencial em que a nação se compromete a garantir. Mais especificamente, em seu Art. 7º são descritas as principais normas que beneficiam os trabalhadores rurais e urbanos, dentre elas o direito ao: • Seguro-desemprego: remuneração ao trabalhador após demissão sem justa causa; • 13º salário: remuneração ao trabalhador no final do ano com valor igual ao recebido mensalmente; • Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): garantia de reserva em dinheiro, valor depositado mensalmente pela empresa, que poderá ser usado em casos de demissão, doenças ou outras eventualidades; • Garantia de salário nunca inferior ao mínimo; 18 • Adicional noturno: 20% a mais sobre o valor do salário bruto para os trabalhadores que possuem horário de trabalho entre as 22h e as 5h da manhã; • Repouso semanal remunerado: valor embutido no salário referente ao descanso semanal; • Aviso prévio: consentimento de no mínimo 30 dias antes de rescisão de contrato; • Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; • Adicional de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas; • Aposentadoria; • Seguro contra acidente de trabalho: remuneração paga pela empresa para trabalhadores que sofrem algum tipo de acidente do trabalho; • Outros. A Constituição da República Federativa do Brasil com todas as suas alterações pode ser encontrada no site do Planalto Central por meio do link: https://bit.ly/3FntBf2. DICA 3 DECRETO-LEI Nº 5.452 - CLT O Decreto-Lei nº 5.452, publicado em 1° de maio de 1943, foi o decreto brasileiro que consolidava as Leis do Trabalho, comumente conhecido com CLT. De acordo com seu Art. 1°, “Esta consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho nela previstas”. O surgimento desse decreto foi de extrema importância, pois implicou normas de trabalho que impedem condições de trabalho abusivas. No Capítulo V da CLT são traçadas as normas relativas à segurança e à medicina do trabalho, consubstanciadas nas normas regulamentadoras. Esse capítulo está dividido em diversas seções, que tratam dos seguintes temas: • Disposições gerais. Essa seção dispõe sobre as incumbências governamentais, empresariais e dos empregados nos quesitos referentes à segurança e medicina do trabalho. • Inspeção prévia e do embargo ou interdição. • Órgãos de segurança e de medicina do trabalho nas empresas; • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). 19 • Medidas preventivas de medicina do trabalho. • Das edificações. • Do conforto térmico. • Das instalações elétricas. • Da movimentação, armazenagem e manuseio dos materiais. • Das máquinas e equipamentos. • Das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão. • Das atividades insalubres ou perigosas. • Da prevenção da fadiga. • Das outras medidas especiais de proteção. • Das penalidades. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e todasas suas alterações pode ser encontrada no site do Planalto Central por meio do link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. DICA 4 PORTARIA 3.214 A Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, é a principal legislação brasileira que normatiza a segurança no trabalho preventiva. De acordo com seu Art. 1° “aprovar as Normas Regulamentadores – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho”. Atualmente existem 37 NRs definidas como: • NR-1 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. A NR-1 estabelece a obrigatoriedade de empresas públicas e privadas, que possuam empregados contratados sob o regime da CLT, a aplicação das normas regulamentadoras (NR) relativas à segurança e saúde no trabalho. Ela também estabelece os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Além disso, determina os direitos e deveres dos empregados e empregadores. • NR-2 – Inspeção prévia – REVOGADA 20 • NR-3 – Embargo e interdição A NR-3 estabelece as diretrizes para caracterização de risco grave e iminente e os requisitos técnicos de embargo e interdição. São medidas a serem tomadas caso o trabalhador esteja em risco eminente, comprovados por laudo técnico. A interdição ou embargo pode ser parcial ou total de todas as atividades do estabelecimento ou obra, sem desconto de salário durante a paralização. • NR-4 – Serviço especializado em segurança e medicina do trabalho – SSMT A NR-4 estabelece a implantação do Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT), com o objetivo de promover a saúde e proteger a integridade física e mental do empregado no local de trabalho. O SESMT deve ser formado por técnico em segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico do trabalho. Quais profissionais devem fazer parte do SESMT e a quantidade de horas trabalhada por cada um é definida de acordo com a graduação do risco da atividade principal da empresa (CNAE) e o número de funcionários. • NR-5 – Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA A NR-5 estabelece as regras de implantação e funcionamento da comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) como as suas atribuições, organização, treinamentos e processo eleitoral. A CIPA tem por finalidade auxiliar o SESMT junto à prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. A CIPA deve ser implementada em todos as empresas, que possuam trabalhadores sob o regimente da CLT, com no mínimo de 20 funcionários. Para aquelas abaixo de 20 funcionários, deverá haver uma pessoa responsável pelo cumprimento da NR-5 denominado Designado de CIPA. A CIPA deve ser formada por representantes dos empregados, escolhidos por meio de votação secreta, e do empregador, escolhidos por ele mesmo sem votação, sendo a mesma quantidade de participantes de cada lado. • NR-6 – Equipamento de proteção individual – EPI A NR-6 dispõe sobre a obrigatoriedade das empresas em fornecer gratuitamente os equipamentos de proteção individual (EPIs) para os empregados, e destes em utilizar de maneira correta, guardar e conservar. A NR-6 também estabelece as normas de fabricação, importação e comercialização dos EPIS, que devem conter o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho. Além disso, há uma lista de classificação dos tipos de EPIs para cada parte do corpo, como proteção da cabeça, olhos, face, tronco, membros superiores e inferiores, proteção auditiva, respiratória e outros. 21 Vale ressaltar que há uma diferença entre os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de proteção coletiva (EPCs). De acordo com a própria NR-6, “considera-se Equipamento de Proteção Individual todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”, ou seja, deve ser utilizado apenas por um único trabalhador. Já os EPC podem ser equipamentos que forneça proteção coletiva ou equipamentos de proteção individual, que podem ser utilizados por diversos trabalhadores, por exemplo, os cintos paraquedistas. • NR-7 – Exames médicos A NR-7 estabelece a elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que tem por objetivo analisar a saúde dos colaboradores por meio da realização de exames médicos. Os exames exigidos pela NR-7 são: admissional, periódicos, demissional, mudança de função, retorno ao trabalho e exames complementares definido de acordo com o risco ao qual o trabalhador está exposto. • NR‑8 – Edificações A NR‑8 dispõe sobre os parâmetros técnicos mínimos para edificações como proteção contra intempéries (chuva, sol, vento e outros), condicionamento acústico, dimensionamento de escadas, rampas e corredores, visando garantir a segurança e o conforto dos trabalhadores. Vale ressaltar que é necessário observar também as legislações federais, estaduais e municipais que contém normas sobre o assunto. • NR-9 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos A NR-9 estabelece os requisitos para a avaliação, monitoramento e controle das exposições ocupacionais referentes aos agentes físicos, químicos e biológicos. Na sua última atualização, Portaria nº 6.735/2020, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) descrito na norma foi extinto e passou a fornece diretrizes para a elaboração do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) exigido na NR-1. Entretanto, a norma ainda se encontra incompleta, pois não foi divulgado todos os anexos necessários para sua execução. • NR10 – Segurança em instalações e serviços de eletricidade A NR-10 contém as exigências técnicas mínimas para elaboração de projetos, execução, operação, manutenção e outros serviços que trabalham com eletricidade de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Essa norma é abrangente tanto para funcionários efetivos quanto para trabalhadores terceirizados. 22 A prevenção dos riscos relacionados as atividades que fazem uso de eletricidade é a primeira medida estabelecida nessa norma. Caso não seja possível a prevenção, são adotadas as medidas protetivas como a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva. Além disso, as áreas que são executados os serviços de instalações elétricas devem ser identificadas e sinalizadas corretamente. A norma também estabelece a realização de capacitação dos trabalhadores, sendo que cada empresa é responsável por essa capacitação. Os treinamentos de reciclagem devem ser realizados a cada dois anos ou em trocas de função ou retorno por afastamento por mais de três meses. A NR-10 contém diversos detalhes sobre o trabalho com instalações elétricas que serão apresentados nas próximas unidades. ESTUDOS FUTUROS • NR11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais A NR-11 estabelece as diretrizes de operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras de maneira mecânica e manual, visando manter a integridade física dos trabalhadores. De maneira geral, essa norma regulamenta a utilização dos maquinários citados anteriormente sem especificar o tipo de empreendimento em que ele está instalado. Além disso, exige a capacitação dos trabalhadores que fazem uso desses equipamentos custeada integralmente pelo empregador. • NR12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos A NR-12 é a norma mais extensa dentro todas e conta com uma série de diretrizes que vão desde a fabricação de maquinários até sua utilização, sendo ela nova ou usada. A norma regulamenta, dentre diversas coisas, os arranjos físicos e instalações, instalações e dispositivos elétricos, dispositivos de partida, acionamento e parada, dispositivos de parada de emergências, transportes de matérias, riscos adicionais,sinalização e capacitação. Além disso, em seus anexos diversos equipamentos são detalhados como forma de padronização dos procedimentos a serem adotados e assim manter a integridade física dos trabalhadores. 23 • NR13 – Caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de armazenamento A NR-13 estabelece os parâmetros técnicos sobre a instalação, inspeção, operação e manutenção de caldeiras, vasos de pressão, tubulações de interligação e tanques metálicos de maneira a manter a saúde e segurança dos trabalhadores. Essa norma exige treinamentos específicos para seus trabalhadores, pois a correta aplicação dessa norma é de extrema importância, uma vez que os riscos relacionados são considerados graves. • NR14 – Fornos A NR-14 dispõe sobre os parâmetros técnicos para implantação de fornos como o material a ser usado, o local adequado para instalação e tipos de escadas e plataformas de acesso. Também contém a necessidade de instalação de sistemas de proteção contra gases, chamas além da instalação de chaminé suficientemente dimensionada para a saída dos gases queimados. • NR15 – Atividades e operações insalubres A NR-15 estabelece as atividades e operações consideradas insalubres de acordo com os limites de tolerância, definidos em seus anexos. Definido a insalubridade da atividade, o trabalhador passa a receber um adicional incidente sobre o salário mínimo. O adicional pode ser de 40% para insalubridade de grau máximo, 20% de grau médio e 10% de grau baixo. Em ambientes com mais de um agente insalubre, o adicional é aplicado sobre o de maior grau, sem acúmulos. A eliminação ou neutralização da insalubridade retira o direito ao pagamento do adicional respectivo. • NR-16 – Atividades e operações perigosas A NR-16 estabelece o adicional de 30% sobre o salário (sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa) aos trabalhadores que exercem atividades em condições de periculosidade, conforme estabelecido pelos anexos desta mesma norma. Ainda segundo a NR-16 é de responsabilidade do empregador definir se o ambiente de trabalho é considerado perigoso, por meio de laudos técnicos. • NR-17 – Ergonomia A NR-17 estabelece os parâmetros que permite a adaptação das condições de trabalho as características psicofisiológicas do trabalhador, ou seja, adaptação do ambiente de trabalho para as características físicas e psicológicas do trabalhador de 24 maneira a oferecer conforto, segurança e consequentemente aumento de produtividade. A determinação das condições ergométricas deve ser realizada por meio da Análise Ergométrica do Trabalho. • NR-18 – Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção A NR-18 contém as diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que tem por objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. • NR-19 – Explosivos A NR-19 normatiza as medidas de proteção para o processo de fabricação, utilização, importação, exportação, armazenamento e transporte de explosivos, embasados na legislação estabelecida no Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército Brasileiro. • NR‑20 – Combustíveis e líquidos inflamáveis A NR-20 dispõe sobre os requisitos mínimos em relação às atividades de extração, produção armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis de maneira a garantir a segurança e saúde do trabalhador. A norma abrange os projetos de instalação, prontuário de instalação, análises de risco, manutenção e inspeção das instalações, capacitação dos trabalhadores, controle das fontes de ignição, prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios, explosões e emissões fugitivas, e plano de resposta a emergência da instalação. • NR-21 – Trabalho a céu aberto A NR-21 estabelece a medidas de proteção para os colaboradores que exercem atividades a céu aberto exigindo abrigos mesmo que de maneira improvisada. Além disso, devem ser realizadas medidas especiais de proteção contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. • NR-22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração A NR-22 regulamenta as medidas de segurança e conforto a serem observados na organização e no ambiente de trabalho que desenvolva atividade de mineração. Essa norma contém a obrigatoriedade de realização do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), conforme descrito na NR‑1, e sobre alguns aspectos específicos para implementação da CIPA na mineração, que recebe o nome de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração – CIPAMIN. 25 A NR-22 abrange a responsabilidade da empresa e dos empregados, a organização dos locais de trabalho, circulação e transporte de pessoas e matérias, equipamentos, máquinas, ferramentas e instalações, proteção contra poeira mineral, sinalização de áreas de trabalho e de circulação, instalações elétricas, operações com explosivos e acessórios, deposição de estéril, rejeitos e produtos, iluminação, operação de emergência, informação, qualificação e treinamentos, e outros. • NR-23 – Proteção contra incêndios A NR-23 estabelece as medidas de proteção contra incêndios que devem ser implementadas em todos os empreendimentos. Essas medidas devem estar em conformidades com as legislações estaduais do corpo de bombeiro e normas técnicas aplicáveis. Os trabalhadores devem ser treinados quanto há utilização dos equipamentos de combate a incêndio, evacuação dos locais de trabalho com segurança e acionamento dos dispositivos de alarmes. • NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho A NR-24 estabelece as condições mínimas de higiene e de conforto que os ambientes de trabalho devem fornecer aos seus trabalhadores. De maneira geral, a norma direciona as especificações das instalações sanitárias (bacias sanitárias, mictórios, lavatórios, chuveiros), vestiário, refeitório, cozinha e alojamento. • NR-25 – Resíduos industriais A NR-25 estabelece a necessidade de redução e destinação adequada dos resíduos gerados nos empreendimentos, sejam eles sólido, líquido ou gasoso de maneira a prevenir tanto a saúde e segurança dos trabalhadores quanto a preservação do meio ambiente. • NR-26 – Sinalização de segurança A NR-26 dispõe sobre a padronização das cores na segurança do trabalho e na classificação, rotulagem preventiva e ficha com dados de segurança de produto químico de maneira a evitar acidente e garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. • NR‑27 – Registro de profissionais – REVOGADA • NR-28 – Fiscalização e penalidades A NR‑28 dispõe sobre os procedimentos de fiscalização trabalhista em relação a Segurança e Medicina do Trabalho que devem ser efetuadas obedecendo ao disposto nos Decretos nº 55.841, de 15/03/65, e nº 97.995, de 26/07/89, no Título VII da CLT e no § 3º do art. 6º da Lei nº 7.855, de 24/10/89 e nessa NR. 26 A norma conta com os procedimentos de atuação, por exemplo, o critério de dupla visita (na primeira visita é feita uma advertência e na segunda visita, caso a infração persista, são aplicadas as sanções cabíveis), os prazos estabelecidos para as empresas se adequarem em relação à irregularidade técnica e os valores das multas. • NR-29 – Segurança e saúde no trabalho portuário A NR-29 destina-se a proteção obrigatória dos trabalhadores portuários, tanto a bordo quanto em terra, contra acidentes e doenças profissionais, além de facilitar os primeiros socorros a acidentados. A norma estabelece o Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (SESSTP), renomeação para o SESMT, e a Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATT)referentes a CIPA. • NR-30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário A NR-30 regulamenta as condições de saúde e segurança para os trabalhadores das embarcações comerciais, de bandeira nacional, bem como às de bandeiras estrangeiras, utilizadas no transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas embarcações utilizadas na prestação de serviços. Essa norma é baseada no disposto na Convenção da OIT nº 147 – Normas Mínimas para Marinha Mercante. Vale destacar que a aplicação dessa norma não retirar a obrigatoriedade do cumprimento de outras disposições legais relacionadas ao assunto mesmo daquelas oriundas de convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho. • NR-31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura A NR-31 regulamenta as atividades rurais (agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura) e as atividades de exploração industrial em estabelecimentos agrários de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Também dispõe sobre o uso de agrotóxicos, descarte dos resíduos, transporte com animais, ferramentas manuais adequadas, fatores climáticos, edificações rurais e outros. Nessa norma SESMT e CIPA são redefinidos e recebem os nomes de Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR) e Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural (CIPATR). • NR-32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde A NR-32 estabelece os requisitos mínimos de saúde e segurança para trabalhos da área da saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Dentre os diversos riscos a que os trabalhadores desta área estão expostos, o risco biológico é o de maior preocupação. Assim, essa NR caracteriza e define as medidas de controle e proteção, que devem estar previstas no PGR da empresa. 27 • NR‑33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados A NR‑33 estabelece os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados, além de realizar a avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços. Os trabalhadores destinados a serviços em espaços confinados devem realizar exames médicos e capacitações específicas. • NR-34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval A NR-34 tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção, reparação e desmonte naval, do qual fazem parte navios, barcos, lanchas, plataformas fixas ou flutuantes, dentre outras. Essa norma regulamenta o trabalho a quente (atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras que possam gerar fontes de ignição tais como aquecimento, centelha ou chama), ou seja, trabalho em ambientes sob risco de incêndio ou explosão na industrial naval. Além disso, define as medidas de proteção aos trabalhos em altura, exposição à radiação ionizante, jateamento e hidrojateamento, atividades de pintura, movimentação de carga e montagem e desmontagem de andaimes na indústria naval. • NR-35 – Segurança e saúde no trabalho em altura A NR-35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura (atividade realizada a dois metros acima do nível inferior, com risco de queda), envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Os trabalhadores que realizam serviços em alturas devem realizar exames médicos específicos e receber treinamentos teórico e prático, com uma carga horária mínima de oitos horas. Esses treinamentos devem ser refeitos no mínimo a cada dois anos. • NR-36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados A NR-36 estabelece os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. 28 • NR-37 – Segurança e saúde em plataformas de petróleo A última NR foi publicada pela Portaria MTb nº 1.186, em 20 de dezembro de 2018 e passou por uma alteração em 2019. Ela estabelece os requisitos mínimos de saúde, segurança e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras – AJB. Vale ressaltar que a aplicação dessa norma não retira a necessidade do cumprimento de outras legislações referente ao tema ou daquelas oriundas de contratos de trabalho, acordos de trabalho e convenções coletivas de trabalho. O acesso completo das NRs e de todas as suas atualizações podem ser encontrados no site do Ministério do Trabalho e da Previdência por meio do link: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude- no-trabalho/normas-regulamentadoras. DICA 29 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • No Brasil, temos, além da Constituição Federal, a CLT (Consolidação das Leis trabalhistas) e as NRs (Normas Regulamentadoras), que são dispositivos jurídicos para a implantação da Segurança no Trabalho. • A CLT consolida as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho. • No Capítulo V da CLT são definidas as normas à segurança e à medicina do trabalho, consubstanciadas nas normas regulamentadoras. • A Portaria 3.214 é considerada a principal legislação brasileira que normatiza a segurança do trabalho preventiva e conta com trinta e sete Normas Regulamentadoras (NRs). • Na NR‑1 fica estabelecida a obrigatoriedade das empresas que possuem funcionários sobre o regime da CLT, sejam elas públicas ou privadas, a aplicação das NRs relacionados ao estabelecimento. • As NRs 4 e 5 estabelecem a implantação do Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), respectivamente. • O SESMT tem por objetivo promover a saúde e proteger a integridade física e mental do empregado no local de trabalho. A CIPA, por sua vez, tem a finalidade auxiliar na prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. 30 1 Com base no Art. 7º da Constituição da República Federativa do Brasil em que são descritas as principais normas que beneficiam os trabalhadores rurais e urbanos, analise as sentenças a seguir. I- Seguro-desemprego: remuneração ao trabalhador após demissão sem justa causa. II‑ 13º salário: remuneração ao trabalhador no final do ano com valor igual ao recebido mensalmente. III- Fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS): garantia de reserva em dinheiro, valor depositado mensalmente pela empresa, que poderá ser usado em casos de demissão, doenças ou outras eventualidades. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Nenhuma das sentenças estão corretas. 2 Desde o final do século XIX, o Brasil tem demonstrado preocupações com as questões de saúde e segurança, mesmo que em pequena escala. Porém, somente na década de 1940 começaram a surgir legislações mais específicas sobre as questões trabalhistas. Dentro deste contexto, qual é a principal legislação brasileira que normatiza a segurança do trabalho preventiva atualmente? Neste tópico, vamos realizar um estudo mais aprofundado das principais legislações brasileiras que concerne ao direito trabalhista. Dentre elas estão a Constituição da República Federativa do Brasil (05/10/1988), o Decreto-Lei nº 5.452 (Consolidação das Leis Trabalhista – CLT) e a Portaria nº 3.214, que aprova as NormasRegulamentadores – NR. a) ( ) Constituição da República Federativa do Brasil. b) ( ) Decreto Lei n° 5.452 (Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT). c) ( ) Portaria n° 3.214. d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores. 3 A Norma Regulamentadora NR-6 estabelece a obrigatoriedade das empreses em fornecer equipamentos de proteção individual (EPIs) para seus empregados. Neste contexto, qual é a diferença entre equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva? AUTOATIVIDADE 31 4 A NR-7 estabelece a elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que tem por objetivo analisar a saúde dos colaboradores por meio da realização de exames médicos. Assinale a alternativa que contempla os tipos de exames exigidos por essa NR. a) ( ) Admissional, periódicos, demissional, mudança de função, retorno ao trabalho e exames complementares definido de acordo com o risco ao qual o trabalhador está exposto. b) ( ) Periódicos, demissional e mudança de função. c) ( ) Admissional, periódicos, demissional, mudança de função e retorno ao trabalho. d) ( ) Periódicos, demissional e exames definidos de acordo com o risco a qual o trabalhador está exposto. 5 Quais são as Normas Regulamentadoras que alteram a nomenclatura do Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)? 32 33 TÓPICO 3 - ACIDENTES DE TRABALHO, PLANEJAMENTO E CONTROLE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, nós abordaremos os conceitos de acidentes do trabalho sobre a visão legal, ou seja, aquela descrita nas legislações pertinentes, e sobre a visão prevencionista, considerada mais abrangente por muitos profissionais da área. Em acréscimo, serão apresentados quais são as classificações para acidente do trabalho, suas características, os principais fatores que causam os acidentes, os procedimentos a serem seguidos em casos de acidente e quais os benefícios legais concedidos aos trabalhadores após um acidente de trabalho. Por fim, veremos alguns procedimentos de segurança a serem seguidos de maneira a manter o ambiente de trabalho mais seguro, diminuindo os riscos e consequentemente os acidentes de trabalho. 2 ACIDENTE DE TRABALHO Como vimos anteriormente, acidente de trabalho, segundo a Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social (Art. 19, Lei nº 8.213/1991) é definido como: [...] o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Com esta definição, o legislador se preocupou basicamente na definição do acidente com a finalidade da proteção ao trabalhador que sofreu um acidente, garantindo-lhe indenização. O acidente é apreciável somente em relação à pessoa, e daí resulta que as únicas consequências indenizáveis são as relativas à lesão ou à saúde. Entretanto, essa definição é considerada insatisfatória, principalmente pelos profissionais da segurança e saúde do trabalho, pois contempla apenas as consequências geradas sobre o homem. Segundo Matos e Másculo (2011), os acidentes de trabalho com vítimas é apenas uma ponta do iceberg, pois cerca de 300 vezes a mais são os acidentes que geram apenas perdas de tempo e material, sendo também interessante evitá-los. 34 Assim, um segundo conceito de acidente de trabalho, agora segundo a visão prevencionista, é “qualquer ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere o processo normal de uma atividade, trazendo como consequência isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano material ou lesões ao homem”. FIGURA 5 – ACIDENTE DE TRABALHO NO CONCEITO PREVENCIONISTA FONTE: <https://bit.ly/3cgbiLZ>; <https://bit.ly/3qXQOk3>; <https://bit.ly/3kHeHZ9>; <https://bit.ly/2YS9oyh>; <https://bit.ly/3HuPDhN>; <https://bit.ly/30wgubZ>. Acesso em: 12 maio 2021. Vejamos o exemplo a seguir, simulando a queda de uma caixa, que utiliza desse segundo conceito. • Se a caixa, ao cair no chão, não se danificou e nem feriu o operário, tivemos somente uma perda de tempo. • Se a caixa, ao cair no chão, se danificou, tivemos a perda de tempo e de material. • Porém, se a caixa, ao cair no chão, se danificou e feriu o homem, tivemos perda de tempo, de material e dano ao funcionário. Portanto, a diferença entre o conceito legal e o conceito prevencionista consiste no fato de que no primeiro é necessário haver lesão física, enquanto que no segundo são levados em consideração, além das lesões físicas, a perda de tempo e dos danos materiais. 35 Para verificar quais exercícios do trabalho dos seguradores referidos no inciso VII do art.11 da Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social basta acessar o site do Planalto Central por meio do link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. DICA 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO Os acidentes de trabalho classificam‑se em: a) Acidente típico ou tipo: é aquele sofrido pelo empregado no desempenho de suas tarefas habituais, no ambiente do trabalho ou fora deste quando estiver a serviço do empregador. Exemplos: batidas, quedas, choques, cortes, queimaduras etc. b) Acidente de trajeto: é aquele sofrido pelo empregado no percurso de sua residência para o local de trabalho ou vice-versa, desde que o trajeto percorrido seja considerado como o habitual e o horário da ocorrência seja condizente com o início ou término de suas atividades profissionais. c) Doença ocupacional é aquela diretamente relacionada ao processo do trabalho, ou seja, às condições de trabalho e ao ofício com o qual o trabalhador está envolvido. De acordo com o Art. 20 da Lei nº 8.213/91, as doenças ocupacionais podem ser divididas em doença profissional e doença do trabalho. A doença profissional é “produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade”, e, a doença do trabalho “adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente”. Vale destacar que, ainda segundo ao Art. 20, não são consideradas doenças ocupacionais as degenerativas, inerente ao grupo etário, que não produza incapacidade laborativa e doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. 2.2 CONDIÇÕES QUE LEVAM AO ACIDENTE DE TRABALHO • ATO INSEGURO Os atos inseguros são os modos pelos quais o próprio trabalhador se expõe, consciente ou não, aos acidentes durante o trabalho. Via de regra, é a violação de uma ordem ou procedimento consagrado. De acordo com estudo realizado por Benite (2005), 88% dos acidentes de trabalho são oriundos de atos inseguros. 36 Exemplos de atos inseguros: ◦ levantamento impróprio de carga; ◦ não utilização ou danificação do EPI; ◦ brincadeiras grosseiras; ◦ manutenção de máquinas em movimento; ◦ execução de serviços para os quais não está autorizado; ◦ uso de equipamentos de maneira imprópria; ◦ sobrecarregar (andaime, veículo etc.); ◦ trabalhar ou operar à velocidade insegura; ◦ saltar de um ponto elevado do veículo ou plataforma. FIGURA 6 – FOTO DE UM ATO INSEGURO FONTE: <https://bit.ly/3Cp5oTz>. Acesso em: 12 maio 2021. É importante destacar que o ato inseguro, contido na alínea “b” do item 1.7 da NR-1, foi revogado em 4 de março de 2009 por meio da Portaria nº 84 do Ministério do Trabalho, levando em consideração que o trabalhador não se acidentaria propositalmente, e, portanto, não caberia a ele responder a um processo judicial pós- acidente. Entretanto, o ato inseguro ainda continua sendo ilegal e cabe às empresas criar métodos de informar e conscientizar os trabalhadoresacerca dos riscos e perigosos referentes a sua atividade de trabalho. • CONDIÇÃO INSEGURA As condições inseguras podem ser definidas como as falhas físicas, no local de trabalho, que comprometem a segurança do trabalhador. Não podem ser confundidas com os riscos presentes em certas operações industriais. A eletricidade, por exemplo, sempre existirá em trabalhos que envolvem equipamentos elétricos, no entanto, as condições inseguras serão as instalações malfeitas ou improvisadas, ou fios expostos, e não a eletricidade em si. 37 Podemos citar como exemplos de condições inseguras: ◦ proteção mecânica inadequada; ◦ condição defeituosa do equipamento; ◦ projeto ou construção inseguros; ◦ empilhamento instável; ◦ escadas ou pisos defeituosos ou escorregadios. FIGURA 7 – FOTO DE CONDIÇÃO INSEGURA FONTE: <https://www.vendrame.com.br/wp-content/uploads/2021/02/entenda-a-diferenca-entre-atos- inseguros-e-condicoes-inseguras-01-1.jpg>. Acesso em: 12 maio 2021. Tanto os atos quanto as condições inseguras são consideradas ações que podem causar acidentes graves, podendo chegar até a morte. A Figura 8 apresenta uma comparação entre esses dois conceitos. FIGURA 8 – COMPARAÇÃO ENTRE ATO INSEGURO E CONDIÇÃO INSEGURA FONTE: <https://bit.ly/3DrSFRl>. Acesso em: 12 maio 2021. 38 • FATORES PESSOAIS DE INSEGURANÇA Além dos atos e das condições inseguras, as falhas humanas, ou também conhecida como fatores pessoais de insegurança, são considerados bastante relevantes quando falamos de acidentes de trabalho. Os fatores pessoais de insegurança são características pessoais, íntimas, que não podem ser mudadas com treinamento. São necessários outros meios, como o acompanhamento social, a análise psiquiátrica ou a mudança de função. São exemplos típicos: ◦ falta de conhecimento; ◦ falta de experiência ou especialização; ◦ desobediência; ◦ comprometimento físico; ◦ fadiga; ◦ alcoolismo e toxicomania. 3 PROCEDIMENTOS PARA CASOS DE ACIDENTE DE TRABALHO O primeiro passo a se tomar quando ocorre um acidente do trabalho é realizar os primeiros socorros ao trabalhador acidentado e encaminhá-lo ao Pronto Socorro mais próximo. Em caso mais graves, deve-se acionar o Corpo de Bombeiro ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que oferecem um serviço especializado em transporte de pessoas acidentadas. Em território brasileiro, o Corpo de Bombeiro pode ser acionado por meio do telefone (193) e o Samu pelo telefone (192). ATENÇÃO Em seguida ao atendimento médico, o trabalhador acidentado ou seu representante deve imediatamente apresentar ao empregador o atestado médico comunicando o tratamento instituído, tempo de afastamento e data provável de retorno ao trabalho. Com o atestado em mãos, o responsável pela área de segurança da empresa deve providenciar a abertura do Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT). A emissão do CAT é de extrema importância para o trabalhador acidentado, pois serve com prova perante a Previdência social de que o acidente de trabalho ocorreu, e, portanto, o 39 servidor tem direito a requer algum benefício. Além disso, também pode ser usado como comprovante caso o trabalhador deseja solicitar indenização perante ao empregador por perda ou redução da sua capacidade laborativa (RAMOS, 2016). De acordo com a Lei da Previdência Social Art. 22: A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. Além disso, ainda no Art. 22 parágrafos 1° e 2° consta que § 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria. § 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá‑ la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo. Assim, caso o empregador não realize a abertura do CAT, poderá ser feito pelo próprio trabalhador acidentado, porém a empresa ainda continua responsável pela falta do cumprimento deste artigo. Caso haja necessidade de afastamento por mais de quine dias consecutivos de suas funções laborais, o trabalhador poderá entrar com o pedido de auxilio junto a Previdência Social. Veremos mais detalhes dos tipos de auxílios no subtópico a seguir. 4 BENEFÍCIOS CONCEDIDOS AOS TRABALHADORES APÓS UM ACIDENTE DE TRABALHO • AUXÍLIO-DOENÇA De acordo com o Ministério do Trabalho e da Previdência (BRASIL, 2021, s. p.) “O Auxílio-Doença é um benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS que comprove, em perícia médica, estar temporariamente incapaz para o trabalho em decorrência de doença ou acidente”. O auxílio-doença somente será concedido ao trabalhador que estiver impedido de exercer sua função por mais de 15 dias consecutivos. Os quinze primeiros dias, para trabalhadores com carteira assinada de acordo com a CLT, deverão ser remunerados pelo próprio empregador e após isso a Previdência Social assume o pagamento pelo afastamento do trabalhador. 40 Trabalhadores autônomos (empresários, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros) que contribuem com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) também podem solicitar o auxílio-doença, sendo a previdência responsável pelo pagamento de todo o período de afastamento. Para concessão de auxílio-doença, é necessária a comprovação da incapacidade por meio de exames que são realizados pela perícia médica da Previdência Social. Além disso, para ter direito ao benefício é necessária uma contribuição mínima de 12 meses. Os trabalhadores que foram diagnosticados com tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência imunológica adquirida (AIDS) ou contaminado por radiação (comprovada em laudo médico), terão o direito ao benefício mesmo que não tenha cumprido o prazo mínimo de contribuição exigido pela Previdência Social. O trabalhador que recebe auxílio-doença é obrigado a realizar exame médico periódico e participar do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício suspenso. Não tem direito ao auxílio‑doença quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resulta do agravamento da enfermidade. Quando o trabalhador perde a qualidade de segurado, as contribuições anteriores só são consideradas para concessão do auxílio-doença após nova filiação à Previdência Social, tendo de haver ao menos quatro contribuições que, somadas às anteriores, totalizem no mínimo 12. O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma em aposentadoria por invalidez. O valor do benefício corresponde a 91% do salário de benefício. O salário de benefício dos trabalhadores inscritos até 28 de novembro de 1999 corresponderá à média dos 80% maiores salários de contribuição, corrigidos monetariamente, desde julho de 1994. Para os inscritos a partir de 29 de novembro de 1999, o salário de benefício será a média dos 80% maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. Nos primeiros 15 dias de afastamento, o salário do trabalhador é pago pela empresa e, após esse período, a Previdência Social será responsável pelo pagamento. Após o retorno ao serviço, o trabalho terá estabilidadede 12 meses. IMPORTANTE 41 • AUXÍLIO-ACIDENTE O auxílio-acidente é o benefício pago ao trabalhador que sofre um acidente e fica com sequelas que reduzem a capacidade de trabalho. Concedido para segurados que recebiam auxílio-doença, tem direito ao auxílio-acidente o trabalhador empregado, o trabalhador avulso e o segurador especial. O empregado doméstico, o contribuinte individual e o facultativo não recebem o benefício. Para concessão do auxílio-acidente não é exigido tempo mínimo de contribuição, mas o trabalhador deve ter qualidade de segurado e comprovar a impossibilidade de continuar desempenhando suas atividades, por meio de exame médico realizado pela da perícia médica da Previdência Social. O auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência Social, exceto aposentadoria. Além disso, não impede o beneficiário a continuar trabalhando. O benefício deixa de ser pago quando o trabalhador se aposenta. O pagamento dar-se-á a partir do dia seguinte em que cessa o auxílio-doença. O valor do benefício corresponde a 50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente. Os contribuintes individuais e facultativos não têm direito ao auxílio-doença. ATENÇÃO 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ACIDENTES DE TRABALHO Para manter um ambiente de trabalho seguro, ou seja, diminuir os riscos e consequentemente os acidentes de trabalho, é necessário que todas as atividades sejam realizadas seguindo os procedimentos de segurança. Cada atividade possui suas particularidades de operação, e, portanto, é indispensável que as empresas estejam atentas às medidas de proteção previstas nas normas trabalhistas. Além disso, as empresas devem elaborar, obrigatoriamente, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentado pela NR‑7, e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), previsto na NR‑1 e especificado pela NR-9. 42 Segundo a NR-7, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) tem por objeto “promover a preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores”. Além disso, ele “deverá ser planejado e implementado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente, os identificados nas avaliações previstas nas demais NR”, em especial os riscos estabelecidos pelo PGR. Dentre as principais regras estabelecidas na elaboração do PCMSO está a realização dos exames admissional, periódico, de retorno ao trabalho, mudança de riscos ocupacionais e demissional. Além disso, trabalhadores que realizam trabalhos em altura, espaço confinados, trabalho a quente, dentro outros, devem realizar exames médicos específicos e apresentar o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) comprovando aptidão para exercer tal atividade. Em relação ao Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), a NR-9 estabelece como objetivo “[...] estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais”. Assim, as medidas de prevenção estabelecidas na NR-9 aplicam-se quando houver exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológico. As atividades insalubres ou perigosas devem seguir as regras estabelecidas na NR-15 e na NR-16, respectivamente. Vale salientar que a NR-9 encontra-se em processo de transição, conforme especificado no item 9.6 – Disposição Transitória. Para tanto, durante esse período as medidas de prevenção devem seguir: “a) os critérios e limites de tolerância constantes na NR-15 e seus anexos; b) como nível de ação para agentes químicos, a metade dos limites de tolerância; c) como nível de ação para o agente físico ruído, a metade da dose”. Além dos programas estabelecidos pelas NRs, os colaboradores da área de segurança do trabalho (engenheiro de segurança do trabalho, técnico em segurança do trabalho, médico do trabalho, e outros) também podem elaborar planos de ação, promovendo, assim, a saúde e a segurança de seus trabalhadores. Veja a seguir os principais passos para a elaboração de um plano de ação. Inicialmente deve-se realizar um mapeamento dos riscos a qual os trabalhadores estão expostos. Nesta etapa, todas as atividades realizadas no empreendimento devem ser analisadas. Além disso, também devem ser observados os perigos, ou seja, coisa que pode potencialmente causar dano, por exemplo, pessoas, equipamentos, ambiente de trabalho, falta de treinamento, entre outros. 43 Em seguida, devem-se propor ações, sejam elas preventivas, corretivas ou proativas, para evitar que os trabalhadores sejam expostos a tal risco. O plano de ação é composto pelas metas e objetivos que definem as ações a serem tomadas, quem deverá realizá-la, onde será executada, como será executada, em quanto tempo e qual resultado é esperado. As ações corretivas são aquelas aplicadas após a ocorrência de um problema. As ações preventivas, por sua vez, são realização antes que o problema ocorra. Já as ações proativas buscam as causas raízes do problema de maneira a soluciona-lo definitivamente. NOTA Dentre as ações estão a utilização dos equipamentos de proteção individual adequado para cada risco (NR-6), a realização de treinamentos periodicamente como toda a equipe como forma de qualificar os colaboradores sobre a segurança do trabalho, e a padronização dos processos com a elaboração de um Procedimento Operacional Padrão (POP) que contenha o passo a passo para realização da atividade. Além disso, devem-se documentar todos os acidentes ocorridos no empreendimento de forma a identificar as causas e assim tomar medidas para que não volte a acontecer. O monitoramento e a verificação das ações implementadas devem ocorrer de forma periódica, mantendo a melhoria continuada e colaborando para um ambiente de trabalho seguro e saudável para os colaboradores. É importante lembrar que após a verificação inicia‑se um novo ciclo do plano de ação com estabelecimento de novas metas e objetivos. 44 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A definição de acidente do trabalho segundo a visão legal somente contempla as consequências geradas sobre o homem. Por outro lado, o conceito prevencionista também engloba as ocorrências que não resultam em lesões ou danos materiais. • As condições que levam aos acidentes de trabalho são classificadas em atos inseguros, condições inseguras e fatores pessoais de insegurança. • Os benefícios concedidos a quem sofre os acidentes de trabalho são auxílio-doença e auxílio-acidente. O auxílio-acidente passa a valer quando cessa o auxílio-doença. • As empresas devem atender às medidas de proteção previstas nas normas trabalhistas, dentre elas a elaboração do PGR e do PCMSO, como forma de diminuir os riscos e os acidentes de trabalho. Além disso, podem desenvolver planos de ação e manter a melhoria continuada. 45 1 A definição de acidente do trabalho estabelecida pela Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social (Art. 19, Lei nº 8.213/1991) é considerada insatisfatória por muitos profissionais da área de segurança e saúde do trabalho. Explique por que essa definição é considerada insatisfatória e escreva qual seria a definição mais completa. 2 Os acidentes de trabalho acontecem por diversas condições que ocorrem no dia a dia dos trabalhadores. Sobre essas condições, classifique as sentenças em V para verdadeiro e F para a falsa: ( ) Os atos inseguros são os modos pelos quais o próprio trabalhador se expõe, consciente ou não, aos acidentes durante o trabalho. ( ) As condições inseguras podem ser definidas como as falhas físicas, no local de trabalho, que comprometem a segurança do trabalhador. ( ) Os fatores pessoais de insegurança são características pessoais que podem ser mudadas com treinamentos.Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – V. d) ( ) V – V – F. 3 As doenças ocupacionais, ou seja, aquelas produzidas ou desencadeadas pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade, fazem parte da classificação dos acidentes do trabalho. De acordo com o Art. 20 da Lei n° 8.213/91, quais as doenças que não são consideradas doenças ocupacionais? 4 Ao sofrer um acidente do trabalho que impeça o trabalhador a continuar exercendo sua função, mesmo que temporariamente, alguns benefícios legais são concedidos. Sobre esses benefícios, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Trabalhadores autônomos, mesmo que contribuem com INSS, não têm direito a solicitar o auxílio-doença. b) ( ) Para concessão de auxílio-doença é necessária a comprovação da incapacidade por meio de exames que são realizados pela perícia médica da Previdência Social. c) ( ) Para concessão do auxílio-acidente é exigido tempo mínimo de contribuição do INSS. d) ( ) O auxílio-acidente não pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência Social, exceto a aposentadoria. AUTOATIVIDADE 46 5 O plano de ação é um procedimento aplicado por colaboradores da área de segurança do trabalho que auxilia no controle dos acidentes de trabalho. Sobre o plano de ação assinale a alternativa INCORRETA. a) ( ) O plano de ação deve propor ações, sejam elas preventivas, corretivas ou proativas, para evitar que os trabalhadores sejam expostos a risco durante suas atividades. b) ( ) A utilização dos equipamentos de proteção individual como ação de controle dos acidentes de trabalho é prevista no plano de ação. c) ( ) Documentar os acidentes de trabalho é uma ação optativa do plano de ação. d) ( ) O monitoramento e a verificação devem ocorrer de forma periódica, mantendo a melhoria continuada e colaborando para um ambiente de trabalho que seguro e saudável. 47 TÓPICO 4 - PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SANEAMENTO E PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE) UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No Tópico 4, abordaremos as questões ambientais, os impactos que o homem causa ao meio ambiente por meio dos processos produtivos e as medidas de prevenção. Aprenderemos as quatro partes fundamentais do saneamento básico, sendo elas o fornecimento de água potável e de qualidade, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e a drenagem urbana. Também veremos como os meios social, econômico e ambiental se equilibram por meio da sustentabilidade. Em seguida, abordaremos a Norma ABNT NBR ISO 14.001, que auxilia na implementação do sistema de gestão ambiental, sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos (PGRS) e sobre a educação ambiental. 2 SANEAMENTO BÁSICO De acordo com o site Trata Brasil (O QUE É SANEAMENTO, 2021), saneamento é definido como o “conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica”. No Brasil, o saneamento básico é um direito estabelecido pela Lei n° 14.026/2020 e garantido pela Constituição Federal. Ele é composto por quatro partes fundamentais, que são o fornecimento de água potável de qualidade, a coleta e o tratamento de esgoto, a limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos e a drenagem urbana. Ambas as partes com grande relevância para manter a qualidade de vida da sociedade, além de geram oportunidades econômicas, diminuir a proliferação de doenças e promover a proteção ao meio ambiente. O fornecimento de água potável de qualidade é formado pelo sistema de captação, as estações de tratamento de água (ETAs), os reservatórios e as redes de distribuição. A coleta e o tratamento de esgoto são compostos pelas redes coletoras, as estações elevatórias e as estações de tratamento de esgoto (ETEs). Cabe destacar que no Brasil somente 54,1% da população tem acesso à coleta de esgoto e apenas 49,1% é tratado (PRINCIPAIS [...], 2021). 48 A limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos ocorrem por meio da coleta, varrição das vias, transporte, e destinação final ambientalmente correta. Neste caso ainda há uma diferença entre os resíduos domiciliares, que ainda é de responsabilidade da gestão pública, e os resíduos industriais, a depender de suas características devem receber tratamento diferenciando, como por exemplos os resíduos hospitalares que devem ser incinerados. No Brasil, A Lei n° 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos que dá diretrizes sobre a gestão integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos, incluindo os perigosos, as responsabilidades dos geradores e do poder público. Nas próximas subseções será discutido detalhamentos dessa Lei. O serviço de drenagem urbana é constituído pelas instalações operacionais de drenagem das águas pluviais, transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final, contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes. Quando mal gerenciado esse sistema pode causar problemas como inundações e desabamentos, afetando em especial as pessoas mais carentes que vivem em locais inadequados, como encostas de morros e beiras de rios. A falta de saneamento básico é uma consequência do crescimento acelerado e desordenado das cidades, da ausência de investimentos por parte do governo e da dificuldade de implementação de legislações que protejam o meio ambiente efetivamente. 3 PREVENÇÃO AMBIENTAL A prevenção ambiental considera que após a ocorrência de um dano ambiental, ele não poderá ser reparado efetivamente, ou seja, a ideia da prevenção está associada à cautela e ao cuidado com o meio ambiente no sentido de evitar o dano ambiental (MENDES, 2016). Neste contexto, os termos proteção e preservação, em muitos casos, são utilizados de maneira equivocada. A proteção ambiental é a utilização dos recursos de maneira racional, mantendo a sua sustentabilidade e garantindo seu acesso às futuras gerações. A preservação, por sua vez, tem por objetivo manter a integridade e a perenidade do meio ambiente, ou seja, não deve utilizar os recursos ambientes de forma alguma. Normalmente, a preservação é aplicada quando há riscos de perda da biodiversidade (PADUA, 2006). O termo biodiversidade descreve todas as formas de vida, assim como os genes contidos em cada indivíduo, e as inter-relações, ou ecossistemas, na qual a existência de uma espécie afeta diretamente muitas outras (O QUE É A BIODIVERSIDADE, 2021). NOTA 49 Devido aos impactos causados pelo homem ao meio ambiente faz-se necessária a criação de medidas de proteção de formar a garantir um ambiente saudável, vivo, ativo e com todo seu funcionamento dentro da cadeia ecológica. A proteção ambiental ocorre de forma interligada entre as legislações ambientais, a ética e a educação, influenciando nas tomadas de decisões ambientais e nos comportamentos da sociedade. Nesta perspectiva, a sustentabilidade surge da junção entre os meios social, econômico e ambiental, garantindo o desenvolvimento social e econômico, e assegurando que não ocorra o esgotamento dos recursos ambientais, o mantendo disponível para as próximas gerações. Portanto, a sustentabilidade é o equilíbrio entre a satisfação das necessidades humanas e a proteção do meio ambiente. FIGURA 9 – DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE FONTE: <encurtador.com.br/TVWY5>. Acesso em: 1 jun. 2021. O crescente interesse pelas questões ambientais tem impulsionado os avanços ambientais tanto nas instituições públicas quanto nas instituições privadas. Assim, torna-se fundamental a implementação de um sistema de gestão ambiental, visando evitar as alterações e situações indesejáveis sobre o meio ambiente. De acordo com Floriano (2007), a gestão ambiental é um conjunto de ações administrativas que tem por objetivo avaliar os impactosambientais, além de realizar o planejamento, gerenciamento, monitoramento e controle das questões ambientais de maneira integral. Calijuri e Cunha (2013, p. 763), por sua vez, definem a gestão ambiental como o “conjunto de normas, procedimentos, instrumentos e agentes institucionais que estabelecem as diretrizes para as ações governamentais ou de organizações em relação a objetivos de natureza ambiental”. O sistema de gestão ambiental empresarial surgiu nas instituições privadas como forma de atender as legislações vigentes, evitando assim multas e punições. Entretanto, nos dias atuais práticas ambientais também são vistas como economia de recursos e ganhos econômicos. Para Calijuri e Cunha (2013) a inclusão da gestão 50 ambiental de forma eficaz gera ganhos corporativos tais como a otimização dos processos de produção, inovação baseada em melhorias ambientais, melhoria da imagem institucional e um ambiente de trabalho com menor risco. 3.1 NORMA ABNT NBR ISSO 14.001 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL A norma ABNT NBR ISO 14.001 é uma norma internacional que auxilia as organizações na implantação eficaz do sistema de gestão ambiental, conhecido como SGA, por meio do desenvolvimento, implementação, execução, avaliação e manutenção do sistema. Vale destacar que, a implantação eficaz dessa norma é passível de certificação após processo de auditoria (ABNT, 2015). Essa norma é baseada no Plan- Do-Check-Act (PDCA), que em português quer dizer planejar-fazer-checar-agir, ou comumente conhecido com ciclo do PDCA. FIGURA 10 – CICLO DO PDCA FONTE: <https://bit.ly/3wRVoAZ>. Acesso em: 1 jun. 2021. O primeiro passo do ciclo PDCA é o planejamento (Plan) em que são identificados os aspectos ambientais mais relevantes e a partir disso são levantados os objetivos ambientais e os processos necessários para alcançar os resultados desejados descritos na política ambiental da empresa. A execução (Do) é a segunda etapa do ciclo. Nessa etapa, os objetivos definidos no planejamento são colocados em prática utilizando-se dos recursos e competências da organização. Cada atividade executada deve ser devidamente documentada de maneira a comprovar as melhorias ambientais realizadas pela a organização. PLANEJAR EXECUTAR AGIR CHECAR 51 A terceira etapa é a verificação (Check) em que são realizados o monitoramento e medição dos processos, incluindo seus compromissos, objetivos ambientais e critérios operacionais, além de reportar os resultados alcançados. O ciclo se completa com o agir (Act) em que a alta direção da organização avalia os resultados obtidos e toma ações para a melhoria ambiental contínua do processo, iniciando assim um novo ciclo. De acordo com a ABNT (2015), a política ambiental é uma declaração da organização que demostra seu comprometimento com a proteção ambiental, incluindo a prevenção da poluição, o cumprimento dos requisitos legais e a melhoria continua do sistema de gestão ambiental para aumentar o desempenho ambiental. A política deve ser documentada, comunicada na organização e estar disponível para as partes interessadas. Em relação à responsabilidade de implementação, a alta direção da organização deve acompanhar o desempenho do sistema de gestão ambiental e assegurar que ele esteja em conformidade com os requisitos da norma. O planejamento do sistema de gestão ambiental deve atender aos requisitos estabelecidos na política ambiental da organização baseando-se no levantamento dos aspectos ambientais mais relevantes, ou seja, elementos, produtos e serviços que podem interagir com o meio ambiente e causar impactos ambientais significativos, considerando uma perspectiva de ciclo de vida. O Impacto ambiental é definido como qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, resultante das atividades, produtos e serviços de uma organização (BATISTA et al., 2017). Dentre os principais impactos ambientais observado em um processo produtivo podem ser citados a geração de resíduos sólidos, a contaminação do solo e da água, o consumo exagerado de água, a redução dos recursos naturais, a emissão de fumaça preta, o consumo de energia e a contaminação do ar. A avaliação dos impactos ambientais deve ser realizada com extrema rigor científico e metodológico de forma a garantir resultados confiáveis e que auxiliem nas tomadas de decisões. Existem diversas metodologias que auxiliam na avaliação dos impactos ambientais, das quais fazem parte a análise e causa e efeito, matrizes de impacto (matriz de Leopold), listagens de controle ou listagens de verificação, análise de ciclo de vida (ACV), análise de custo-benefício (valorização ambiental), análise de vulnerabilidade/aptidão, modelagem matemática, análise fragmenta do território, avaliação de risco e outros. O sistema de gestão ambiental com base no ciclo de vida é um modelo sistemático de apoio à tomada de decisões, amplamente aplicado no ambiente empresarial, que busca avaliar os impactos associados a toda a cadeia produtiva de um produto ou serviço desde a extração até a disposição final (CALIJURI; CUNHA, 2013). 52 As etapas que compõem o ciclo de vida de um produto ou serviço incluem a extração da matéria-prima, projeto, produção, transporte e entrega, utilização, tratamento pós‑uso, disposição final ou retorno ao processo produto (ABNT, 2015). FIGURA 11 – ESQUEMA DA ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO FONTE: <encurtador.com.br/brvG4>. Acesso em: 2 jun. 2021. As normas da ABNT NBR ISO 14.040 e 14.044 dão diretrizes sobre os procedimentos a serem seguidos para elaboração da avalição do ciclo de vida de um produto. NOTA Além dos aspectos ambientais, o planejamento do sistema de gestão ambiental estabelecido pela ISO 14.001 também deve levar em consideração os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais. Em seguida, os objetivos, metas e programas de melhorias ambientais são estabelecidos. A execução do planejamento é realizada apoiando-se no levantamento de recursos, nas competências, na conscientização, na comunicação e na documentação de evidências dos procedimentos de controle operacional e de emergências de modo a assegurar um sistema apropriado, adequado e eficaz (CALIJURI; CUNHA, 2013). A avaliação de desempenho é realizada por meio do monitoramento, medição, análise e avaliação dos objetivos estabelecidos no planejamento e dos requisitos legais pertinentes. Como forma de avaliação, as auditorias internas devem ocorrer de forma independente das atividades a serem auditadas e sem conflitos de interesse. 53 Os resultados devem ser apresentados à alta direção e uma análise crítica deve ocorrer de maneira a determinar medidas corretivas e preventivas as não conformidades, mantendo, assim, a melhoria contínua e fechando o ciclo do PDCA. 4 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) O Plano de Gerenciamento dos Resíduos (PGRS), instituído pela Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, tem por objetivo a prevenção e a redução na geração de resíduos por meio da implementação do hábito sustentável e de procedimentos que visam ao reúso, a reutilização e a reciclagem dos resíduos. Ela também normatiza a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos, que vai desde o fabricante, importador, distribuídos, comerciante até o próprio consumidor a realizar a logística reversa dos produtos, retornando os produtos a cadeia após o uso pelo consumidor. O escopo para elaboração do PGRS contém a descrição do empreendimento ou atividade, conforme apresentado no CNAE (Classificação Nacional de atividade econômica); o diagnóstico dos resíduos sólidos gerados, destacando a origem, o volume e a caracterização dos resíduos; observar as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária), e do SUASA (Sistema Único de Atenção a Sanidade Agropecuária). Além dos planos municipal de gestão integrada de resíduos sólidos;identificar os responsáveis pelas etapas do gerenciamento; definição de procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento, sendo elas segregação, acondicionamento, tratamento prévio, transporte interno, armazenamento interno, armazenamento externo, coleta externa, transporte externo e destinação final ambientalmente adequada; a identificação de soluções compartilhadas ou consorciadas com outros geradores; definição de ações preventivas e corretivas que possam ser realizadas em casos de situações de emergências para o mal gerenciamento dos resíduos ou acidentes; definição de metas e procedimentos visando à diminuição na geração dos resíduos sólidos e aplicando a reutilização e reciclagem; ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; e finalmente estabelecer revisões periódicas do PGRS observando os prazos de vigência da respectiva licença de operação a carga de órgãos ambientais. Cabe salientar que, a caracterização e classificação dos resíduos sólidos seguem legislações específicas, a depender do local de geração dos resíduos. Para os resíduos dos serviços de saúde, seguindo as diretrizes da Resolução CONAMA n° 358/2005, a classificação é subdivida em: Grupo A ‑ resíduos com a possível presença 54 de agentes biológicos; Grupo B ‑ resíduos contendo substâncias químicas; Grupo C ‑ resíduos radioativos com seus limites de eliminação superior aos especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN; Grupo D - resíduos comum, ou seja, aqueles que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico; e Grupo E - resíduos perfurocortantes como agulhas, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, micropipetas, lâminas e lamínulas, espátulas, todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório e outros similares. Em relação aos resíduos da construção civil, deve seguir a classificação apresentada na Resolução CONAMA n° 307/2005 e suas alterações. Ela classifica os resíduos da construção civil em: Classe A- resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (restos de concreto, tijolos, telhas, tubos e outros); Classe B- resíduos recicláveis para outras destinações tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidro, madeira, embalagens vazias de tintas e gesso; Classe C- resíduos que ainda não foram desenvolvidas tecnologias viáveis para seu recuperação ou reciclagem; e Classe D- resíduos perigosos dos quais fazem parte tintas, solventes, óleos e outros. A Norma ABNT NBR 10.004/2004 apresenta uma classificação para os resíduos sólidos e semissólidos mais geral, englobando as atividades industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas de serviços e de varrição. Os lodos provenientes do sistema de tratamento de água também são considerados por essa norma. A classificação é subdividida em: Classe I ‑ resíduos que apresentam periculosidade (risco a saúde pública ou risco ao meio ambiente) ou características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade; Classe II A ‑ resíduos não inertes, ou seja, aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I ou de resíduos Classe II B e tem propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, tais como resto de madeira, restos de alimentos, fibras de vidro, gesso e outros.; Classe II B ‑ resíduos inertes, são aqueles que não sofrem alteração química, física ou biológica se entrarem em contato com a água, tais como entulhos de demolição, pedras, areia e outros. A Reportagem realizada pelo Superior Tribunal Federal (STJ) apresenta uma visão sobre o antes e depois da instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil. Assista por meio do link: https:// www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A. DICA 55 5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – POLÍTICA DOS 5 Rs A educação ambiental surge como um processo educativo que visa construir valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências relacionadas com a conservação do meio ambiente e que são essenciais para manter a qualidade de vida e a proteção ao meio ambiente (BRASIL, 1999). O comportamento de cada indivíduo é extremamente importante no processo de mudança de visão sobre as questões ambientais. Neste sentindo, a política dos 5Rs surge como ferramenta para auxiliar nesse processo. O termo 5 R consiste nas palavras REPENSAR, RECUSAR, REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR. O Repensar consiste na conscientização ambiental, refletindo sobre os hábitos de consumo e descarte de produtos. Esse é o primeiro passo para a mudança de comportamento ambiental. Em seguida, o Recusar diz respeito a não adquirir coisas que prejudiquem a nossa saúde e ao meio ambiente. O Reduzir leva em consideração o consumismo, se não precisamos de alguma coisa por que a compramos? Além da economia financeira, estaremos economizando os recursos naturais. O Reutilizar é o ato de utilizar novamente um produto sem que ele seja alterado drasticamente. E por fim, o Reciclar é a transformação de um produto que retorna ao processo produtivo com matéria-prima para fabricação de outros produtos. Para mais informações sobre a educação ambiental e a política dos 5 R’s acesse os links: • https://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/politicas/pnea.html • http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm. DICA 6 ALGUMAS LESGISLAÇÕES BRASILEIRAS SOBRE AS QUESTÕES AMBIENTAIS A Lei n° 6.938, de 3 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no Brasil condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. A Lei n° 14.026, de 15 de julho de 2020, atualiza o marco legal do saneamento básico além de alterar e veda diversas legislações que dispõe sobre o assunto. 56 A Resolução CONAMA n° 430, de 13 de maio de 2021, dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005. Nessa resolução são determinadas as condições, parâmetros e padrões de lançamento dos efluentes em relação a metais, pH, demanda química de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio, óleos e graxas, temperatura, matérias sedimentáveis, e outros. Ela também estabelece que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento. Como já citado anteriormente, a Lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. A Resolução CONAMA n° 420, de 28 de dezembro de 2009, dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. A Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990, dispõe sobre os padrões de qualidade do ar, previstos no Programa Nacional de Controle do Ar (PRONAR). Essa norma determina os padrões de qualidade para fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. Vale ressaltar que de acordo com o Art. 1 dessa mesma norma, poluentes atmosféricos são: [...] qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I- impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II- inconveniente ao bem-estar público; III‑ danoso aos materiais, à fauna eflora. IV- prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. 57 LEITURA COMPLEMENTAR SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA ATIVIDADE NORMATIVA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO Matteo Carbonelli Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais constituem um problema com altos custos em termos humanos e econômicos, que representam uma das principais preocupações da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo estimativas recentes desta organização, a cada quinze segundos um trabalhador sofre de uma doença profissional ou consequente de um acidente de trabalho, com 6.300 mortes a cada dia, isto é, 2,3 milhões de mortes por ano. Além disso, a cada ano mais de 317 milhões de trabalhadores sofrem acidentes de trabalho não mortais, o que significa que todos os dias 860.000 pessoas se ferem trabalhando. Além dos enormes custos humanos, a falta de segurança e saúde no trabalho também tem consequências significativas no plano econômico como 4% do produto interno bruto global, ou seja, 2,8 trilhões de dólares norte-americanos, são perdidos anualmente pelo tempo de trabalho não laborado, as interrupções de produção e as despesas pelos cuidados de curas, de reabilitação e de compensação causadas por lesões e doenças ocupacionais. A situação é particularmente grave em alguns setores, como aqueles da construção civil, da indústria da mineração ou da agricultura, tendo em conta seja os perigos que o número de lesões e de mortes que ocorrem neles. Por estas razões, não só os sindicatos de trabalhadores, mas as associações de empregadores, e assim os estados, creem, e tem acreditado, desde a fundação da OIT, que as questões de segurança e de saúde no trabalho precisam de atenção especial desta organização. Desde a sua fundação esta organização está, portanto, preocupada com tais questões. Já no preâmbulo de sua Constituição em 1919 se tem de fato estabelecido o princípio da proteção dos trabalhadores contra doenças gerais ou ocupacionais e acidentes de trabalho como um elemento fundamental da justiça social. A obrigação de promover condições de trabalho seguro foi reafirmada em 1944 na Declaração de Filadélfia, que integrou a Constituição, até chegar, entre os documentos solenes mais perto de nós, à Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Justa de 2008, em que a OIT afirmou que as condições de trabalho que protejam a saúde e a segurança dos trabalhadores são elemento-chave da Agenda do Trabalho Decente. 58 Ao longo deste período a OIT adotou mais de 40 Convenções e Recomendações, bem como mais de 40 Códigos de Conduta ou Coletâneas de Orientações Práticas, que se referem especificamente à saúde e à segurança no trabalho; sem contar que praticamente uma boa parte dos outros instrumentos da OIT se relaciona direta ou indiretamente com aspectos relativos a tais questões. Destas convenções e relativas recomendações algumas possuem como objeto os princípios fundamentais de segurança e de saúde no trabalho, outras convenções possuem como objeto a proteção dos trabalhadores contra riscos específicos (como a radiação, os produtos químicos, o amianto, as substâncias perigosas em suspensão no ar) ou a proteção em determinados setores de atividade (como a indústria da construção civil, o de mineração ou o setor da agricultura) ou assuntos relacionados com a segurança social, a proteção da maternidade ou das crianças e dos adolescentes no trabalho, ou os trabalhadores migrantes ou pertencentes aos povos indígenas e tribais. [...] Cada vez mais, a comunidade internacional como um todo reconhece que a segurança e a saúde no trabalho são um componente essencial do desenvolvimento. Tanto é assim que a Agenda 2030 sobre o desenvolvimento sustentável adotada no Vértice das Nações Unidas de setembro de 2015, em seu objetivo nº 8, o qual estabelece que o Trabalho Decente é um fator essencial do desenvolvimento sustentável, acrescenta que a criação de condições de trabalho seguras constitui um elemento fundamental do trabalho digno; e, em seguida, centra-se na proteção dos direitos dos trabalhadores e a promoção da segurança no local de trabalho para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores migrantes, particularmente mulheres, trabalhadores migrantes, e aqueles que têm um emprego precário, pedindo, em seguida, aos Estados-Membros de incluir em suas informações de relatórios indicações relativas às taxas de incidência de acidentes de trabalho, sejam mortais e não mortais. Os planos de ação adotados pela OIT são baseados no princípio de que tragédias como aquelas brevemente mencionadas no início podem ser evitadas mediante a adoção de métodos racionais de prevenção e de inspeção, destacando a necessidade de esforços coletivos da parte dos governos, dos empregadores e dos trabalhadores com o objetivo de realizar uma cultura de prevenção e enfatizar o papel da cooperação para o desenvolvimento e a aplicação das medidas de saúde e de segurança no trabalho, enquanto afirmando ao mesmo tempo a necessidade de sistemas definidos de responsabilidade, obrigações e direitos respectivos. As Convenção nº 155, de 1981, relativa à segurança e à saúde dos trabalhadores, com suo Protocolo de 2002, a Convenção nº 161, de 1985, relativa a serviços de saúde no trabalho, e a Convenção nº 187, de 2006, sobre quadro promocional para a segurança e a saúde no trabalho, fornecem elementos importantes para a criação de um quadro do conjunto nacional suscetível a melhoria contínua. [...] 59 No que se refere mais especificamente à Convenção nº 155, de 1981, até agora adotada por 66 Estados-Membros, incluindo o Brasil em 1992, a sua importância fundamental reside na introdução de disposições pertinentes seja na metodologia que nas questões básicas. Em particular essa introduz a obrigação de adotar uma política nacional de segurança e saúde no trabalho, que considere este assunto justamente como uma preocupação nacional e que consista num quadro coerente de ação, tal conjunto homogêneo de todos os seus elementos, voltado para garantir que os riscos inerentes ao ambiente de trabalho são minimizados na medida em que este é razoável e exequível de acordo com as condições específicas e práticas nacionais. A política nacional deve ter em conta cinco grandes esferas de ação, envolvendo: a) o controle dos componentes materiais do trabalho (como lugares e ambientes de trabalho, instrumentos, equipamentos e materiais, substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos, processos de trabalho); b) a adaptação de tais componentes, e em particular maquinários, materiais e tempo, organização e procedimentos de trabalho, de acordo com as capacidades físicas e mentais dos trabalhadores; c) a formação, a qualificação e a motivação das pessoas interessadas; d) a comunicação e a cooperação a todos os níveis da sociedade; e) a proteção dos trabalhadores e dos seus representantes contra as medidas disciplinares posteriores para ações realizadas com justiça. [...] A Convenção também mostra um significativo grau de flexibilidade na medida em que prevê que a política nacional cubra gradualmente as diferentes funções das autoridades competentes como individuado no artigo 11, a fim de ajudar os governos dos Estados-Membros, cujos sistemas nacionais de segurança e saúde no trabalho não são ainda suficientemente desenvolvidos para serem capazes de ratificar a mesma Convenção e gradualmente estender a sua aplicação, em seguida, fornecendo regularmente em seus relatórios periódicos informações sobre os progressos realizados. A este respeito, também é previsto procedimento para a declaração dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais, juntamente com a publicação anual de dados estatísticos relativos e de informações sobre as medidas tomadas na matéria. Nacionalmente os Estados-Membros devem, em seguida, adotar medidas adequadas para a atuação da política nacional estabelecida, pelocontrole da aplicação da legislação pertinente com um sistema de inspeção e sanções apropriadas, além de fornecer aos empregadores e aos trabalhadores conselhos sobre as suas obrigações e supervisionar o treinamento em matéria de segurança e de saúde no trabalho. As disposições nacionais devem também incluir a obrigação de quem concebem, fabricam, importam, fornecem ou transferem maquinários, materiais ou substâncias para uso profissional, para garantir que essas máquinas, materiais ou substâncias não são prejudiciais para as pessoas que as utilizarão corretamente; igualmente elas devem comportar para esses a obrigação de fornecer informações sobre a instalação e o uso adequado, sobre as características perigosas e os possíveis riscos, bem como instruções 60 para se proteger contra tais riscos; e também elas devem incluir para esses a obrigação de realizar pesquisa ou trabalho de qualquer maneira informado do desenvolvimento dos conhecimentos científico e técnico em relação às suas obrigações. Ademais sobre o plano nacional devem ser tomadas medidas para proteger os trabalhadores contra consequências indevidas no caso em que se retirem de uma situação de trabalho da qual têm motivos razoáveis para acreditar que apresenta um perigo grave e iminente para a sua vida ou sua saúde. Essa previsão é complementar com uma outra, que está contida entre as medidas que devem ser adotadas na empresa, segundo a qual os trabalhadores devem relatar ao seu superior imediato qualquer situação que representa um perigo grave e iminente: na sua combinação estas duas disposições constituem um equilíbrio ponderado entre os interesses do empregador para uma gestão adequada da empresa e a proteção da vida e da saúde dos trabalhadores. A ação na empresa se baseia em uma obrigação geral de cooperação entre empregadores, trabalhadores e seus representantes, e também em disposições específicas relativas aos respectivos direitos, obrigações e responsabilidades. [...] O Protocolo de 2002 relativo à Convenção nº 155 visa reforçar e especificar as disposições da mesma Convenção no que diz respeito, em particular, aos mecanismos de registro e de declaração dos acidentes de trabalho (incluindo acidentes de trajeto), das doenças ocupacionais e dos eventos perigosos. Ele planeja, em detalhes, a adoção e a revisão periódica, em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e de trabalhadores, de disposições e procedimentos relativos a tais registros e declarações; especifica, em particular, as obrigações do empregador no que diz respeito aos dados a serem gravados, à preservação e à confidencialidade dos registros, e também precisa os procedimentos, critérios e termos das declarações aos órgãos competentes, bem como pelos empregadores, igualmente pelos seguros, serviços de saúde, médicos e outros organismos interessados. Os empregadores também têm a obrigação de fornecer aos empregados e aos seus representantes informações adequadas sobre os casos declarados. De modo mais geral, as informações relativas a eventos danosos verificados e às circunstâncias passíveis de causar lesão corporal ou doença podem obviamente melhorar as chances de prevenir tais eventos e situações nacionais. Consequentemente é exigida pelo protocolo a publicação anual de estatísticas relativas ao país, a serem elaboradas de acordo com os sistemas internacionais de classificação, para efeitos de comparação, a qual torna possível precisamente pela harmonização dos sistemas de registro e declaração que, como se nota, é um dos objetivos do próprio protocolo. [...] 61 A fim de continuar a desenvolver a abordagem global e fazer outras melhorias para a gestão do assunto, a Convenção nº 187 sobre o quadro promocional para a segurança e a saúde no trabalho, adotada em 2006, juntamente com a recomendação de acompanhamento nº 197, e até agora ratificada por 41 Estados‑Membros (mas ainda não pelo Brasil), completa estes dois instrumentos, prevendo a adoção, bem como de uma política nacional, também de um sistema nacional e um programa nacional como dispositivos para implementar progressivamente o que pela primeira vez é descrito como o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável, com base em princípios tais como a avaliação de riscos e de perigos relacionados com o trabalho para combater a origem, e o desenvolvimento de uma cultura de prevenção, incluindo informação, consulta e formação. É uma abordagem sistémica que enfatiza o papel dos governos nacionais e o resultado global dos esforços – embora na interdependência e no caráter interativo dos vários componentes – para perseguir o objetivo da cultura de prevenção. A qual é definida como “uma cultura em que o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável é respeitado a todos os níveis, em que governo, empregadores e trabalhadores se envolvem ativamente para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável através de um sistema de direitos, responsabilidades e obrigações definidos, e onde a maior prioridade é dada ao princípio da prevenção”. Depois de retomar o conceito de política nacional já estabelecido na Convenção nº 155, como uma ferramenta pela qual promover e avançar, em todos os níveis relevantes, o direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável, com base nos princípios anteriormente enunciados, a Convenção nº 187 dispõe que está estabelecido e revisto periodicamente, sempre em consulta com as organizações de empregadores e trabalhadores mais representativas, um sistema de saúde e de segurança nacional no trabalho, definido como “a infraestrutura que constitui o quadro principal para a implementação de políticas nacionais e programas nacionais”; e também indica como isso deve ser composto. Entre os elementos que o sistema nacional deve incluir em todos os casos figuram: a legislação, os contratos coletivos e qualquer outro instrumento relevante sobre segurança e saúde no trabalho, uma ou mais autoridades responsáveis no campo, mecanismos para garantir o cumprimento da legislação nacional, incluindo os sistemas de inspeção, e medidas para promover, empresarialmente, a cooperação entre a administração, os trabalhadores e os seus representantes, como elementos essenciais de prevenção no local de trabalho, isto enquanto outros elementos serão incluídos no sistema nacional, dependendo da situação; e entre eles estão: órgãos consultivos nacionais tripartites, serviços de informação e fornecimento de formação, colaboração entre os regimes de seguro cobrindo as lesões e doenças profissionais, apoio para a melhoria da segurança e saúde no trabalho para pequenas e médias empresas e para a economia informal. 62 O programa nacional de segurança e de saúde no trabalho, que a Convenção prevê seja elaborado e revisto periodicamente, isso também em consulta com as organizações de empregadores e trabalhadores mais representativas, é definido como “qualquer programa nacional que inclui os objetivos a atingir de acordo com uma programação predefinida, as prioridades e os meios de ação estabelecidos com vista a melhorar a segurança e saúde no trabalho, bem como os meios destinados a avaliar o progresso”. Embora tenha o mesmo objetivo final da política nacional, está a emergir como uma ferramenta mais específica para a implementação deste. Ele pode dizer respeito a um setor em particular e pode conter termos; e a implementação prática da política nacional pode mesmo implicar o tratamento de vários programas diferentes ou consecutivos. Com o objetivo de promover o desenvolvimento de uma cultura nacional de prevenção em matéria de segurança e de saúde no trabalho e para eliminar ou minimizar, na medida do razoável e realizável, os perigos e os riscos relacionados com o trabalho, o programa nacional, com base na análise da situação nacional nestas matérias, que também inclua uma análise do sistema nacional. Da mesma forma deve estabelecer objetivos, metas e indicadores deprogresso e deve ser apoiado, sempre que possível, de outros programas e planos nacionais complementares. Devem, também, ser amplamente divulgados para facilitar, com o seu conhecimento, a consciência de todas as partes interessadas e promover a cultura de prevenção que é o principal objetivo da Convenção. Na Recomendação acompanhante nº 197 sugere-se que os Estados-Membros deveriam estabelecer e atualizar regularmente um perfil nacional que, incluindo uma variedade de informações sobre diferentes elementos, resuma a situação existente em matéria de saúde e de segurança no trabalho, juntamente com a evolução na realização de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Este perfil deveria servir de base para o desenvolvimento e a revisão do programa nacional, que os Estados devem efetuar, tendo em conta os instrumentos relevantes da OIT para o quadro promocional para a segurança e a saúde no trabalho (listados no anexo da Recomendação), bem como os princípios orientadores relativos aos sistemas de gestão de saúde e segurança no trabalho adotadas pela OIT. Vários Códigos de Conduta ou Coletâneas de Orientações Práticas foram adotados pelo Conselho de Administração do Bureau Internacional do Trabalho (BIT) para fornecer às autoridades públicas, aos empregadores, aos trabalhadores, às entidades incumbidas (tais como comissões de segurança em empresas), indicações concretas para ajudá-los a implementar e melhorar os sistemas de gestão da segurança e saúde ocupacional. Não se trata de instrumentos vinculativos e não se destinam a substituir os regulamentos nacionais; ao contrário, significa orientação, assessoria técnica e informação detalhada relativa a determinados setores ou riscos específicos 63 (como mencionado anteriormente), ou mesmo certas medidas que podem ser adotadas, nomeadamente sobre a proteção dos dados pessoais dos trabalhadores ou os princípios éticos de monitoramento da saúde dos trabalhadores e as condições de trabalho na transferência de tecnologias. Em conclusão, ferramentas úteis, e às vezes valiosas na gestão da segurança e da saúde no trabalho, a fim de reduzir acidentes, lesões, doenças e mortes relacionadas ao trabalho e criar um ambiente de trabalho que é tão seguro e saudável possível, como está nos objetivos de todo o conjunto de regras da OIT, que aqui muito brevemente recordamos. FONTE: CARBONELLI, M. Segurança e saúde no trabalho na atividade normativa da Organização Internacional do Trabalho. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, v. 7, n. 64, p. 65-71, dez. 2017/jan. 2018. Disponível em: https://juslaboris.tst. jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/124655/2017_carbonelli_matteo_seguranca_saude. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 16 nov. 2021. 64 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O Saneamento básico é formado por quatro partes fundamentais, sendo elas o fornecimento de água potável e de qualidade, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e a drenagem urbana. • A sustentabilidade surge da junção entre os meios social, econômico e ambiental, garantindo o desenvolvimento social e econômico, e assegurando que não ocorra o esgotamento dos recursos ambientais. • A norma ABNT NBR ISO 14.001 é uma norma internacional que auxilia as organizações na implantação do sistema de gestão ambiental. A certificação de uma empresa como ISO 14.001 é realizada após a realização de desenvolvimento, implementação, execução e manutenção do Sistema de Gestão ambiental. • O Sistema de Gestão Ambiental SGA baseia-se no ciclo do PDCA (do inglês plan-do- check-act, em português planejar-fazer-checar-agir). Esse processo está baseado em planejar por meio da elaboração de um plano de ação, executar o plano, realizar, verificar e corrigir as medidas tomadas, tornando o processo ciclo e contínuo. • O Plano de Gerenciamento dos Resíduos tem por objetivo a prevenção e a redução na geração de resíduos sólidos por meio da implementação do hábito sustentável e de procedimentos que visam o reuso, a reutilização e a reciclagem dos resíduos. • A Educação ambiental baseada no Política do 5Rs consiste em repensar os hábitos de consumo e descarte de produtos, recusar adquirir coisas prejudiciais à saúde, reduzir o consumo, reutilizar as coisas (quando possível) e reciclar, ou seja, transformar aquele produto em algo novo. 65 RESUMO DO TÓPICO 4 1 O saneamento básico no Brasil é regulamentado pela Lei n° 14.026/2020 e garantido pela Constituição Federal. Sobre o saneamento quais são as quatro partes fundamentais que o compõe: 2 O Ciclo de Vida é utilizado como base no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da Norma ABNT NBR ISO 14.001. Ele é formado por etapas que contemplam toda a cadeia produtiva de um produto ou serviço, desde a extração até a sua disposição final. Assinale a alternativa que inclui todas as etapas do Ciclo de Vida de um produto. a) ( ) Extração da matéria-prima, projeto, produção, transporte e entrega, utilização, tratamento pós‑uso, disposição final ou retorno ao processo produto. b) ( ) Extração da matéria-prima, produção, transporte e entrega, utilização, tratamento pós‑uso, disposição final ou retorno ao processo produto. c) ( ) Extração da matéria-prima, fabricação, consumo, tratamento pós-consumo e disposição final dos resíduos. d) ( ) Nenhuma das alternativas contém todas as etapas do Ciclo de Vida de um produto ou serviço. 3 Os resíduos sólidos e semissólidos são classificados pela norma ABNT NBR 10.004/2004, levando em consideração os resíduos gerados nas atividades industriais, domésticas, hospitalares, comercial, agrícola de serviços e de varrição. Sobre essa classificação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O lodo proveniente do sistema de tratamento de água não é considerado um resíduo sólido e, portanto, não é classificado por essa norma. b) ( ) Os resíduos classe I são aqueles que apresentam periculosidade, mas não apresentam risco ao meio ambiente. c) ( ) Os resíduos classe II A são aqueles que não apresentam propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. d) ( ) Os resíduos classe II B são aqueles que não sofrem alteração química, física ou biológica se entrarem em contato com a água, tais como entulhos de demolição, pedras, areia e outros. 4 O Plano de Gerenciamento dos Resíduos (PGRS) por objetivo a prevenção e a redução na geração de resíduos por meio da implementação do hábito sustentável e de procedimentos que visam ao reúso, a reutilização e a reciclagem dos resíduos. Sobre o seu escopo, assinale a alternativa INCORRETA: AUTOATIVIDADE 66 a) ( ) O PGRS, não necessariamente, deve conter a descrição do empreendimento ou atividade, conforme apresentado no CNAE. b) ( ) Definir os procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento, sendo elas segregação, acondicionamento, tratamento prévio, transporte interno, armazenamento interno, armazenamento externo, coleta externa, transporte externo e destinação final ambientalmente adequada. c) ( ) Definir as ações preventivas e corretivas que possam ser realizadas em casos de situações de emergências para o mal gerenciamento dos resíduos ou acidentes. d) ( ) Estabelecer revisões periódicas do PGRS observando os prazos de vigência da respectiva licença de operação a carga de órgãos ambientais. 5 A política dos 5 Rs auxilia no processo de educação ambiental. Esse termo é composto pelas palavras repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. O que significa cada um desses termos? 67 REFERÊNCIAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001. Sistema e gestão ambiental – requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14040. Avaliação do ciclo de vida – principios e estrutura. Rio de Janeiro: ABNT, 2014a. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14044. Avaliação do ciclo de vida – requisitos e orientações. Rio de Janeiro: ABNT, 2014b. ARIAS, W. Revisión histórica de la salud ocupacional y la seguridad industrial. Revista Cubana de Salud y Trabajo, Havana, n. 13, p. 45-52, 2012. Disponível em: http://aulavirtual.ibero.edu.co/recursosel/documentos_para-descarga/ Historiadelasaludocupacionalylaseguridadindustrial.PDF. Acesso em: 8 nov. 2021. BATISTA, I. S. et al. Avaliação de impactos ambientais. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 17.; CONGRESSO NACIONAL DE GEOGRAFIA FÍSICA, 1., 2017, Campinas. 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Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília, DF: MMA; Conama, 2011. 68 BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 1 jun. 2021. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 420, 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas. Brasília, DF: MMA; Conama, 2009. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 273, de 29 de novembro de 2000. 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Acesso em: 2 jun. 2021. 71 RISCOS AMBIENTAIS E PCRMEI UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • aprender os agentes ambientais e os riscos relacionados a eles, capazes de causar danos à saúde do trabalhador; • compreender os desafios da segurança do trabalho nos serviços de saúde e no transporte e manuseio de materiais; • entender a relação da psicologia e da alimentação junto à segurança do trabalho; • assimilar as medidas de prevenção e controle de risco nas atividades da construção civil, mecânica e elétrica; • conhecer a aplicação da norma ABNT NBR ISO 45001 nos processos produtivos. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HIGIENE DO TRABALHO TÓPICO 2 – HIGIENE DO TRABALHO II TÓPICO 3 – PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCO EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES (PCRMEI) Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 72 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 73 TÓPICO 1 — HIGIENE DO TRABALHO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os agentes ambientais físicos, químicos e biológicos. É de extrema importância conhecer estes agentes, suas formas de propagação, e os riscos associados para que possamos melhorar as condições do ambiente de trabalho, garantindo saúde e segurança aos trabalhadores. Quanto maior o tempo de exposição a estes agentes, maiores são as probabilidades de ocorrer doenças. Da mesma forma, quanto maior a concentração destes agentes agressivos, também é maior o dano à saúde dos trabalhadores. Todo organismo responde de uma forma diferenciada aos agentes, portanto, uma pessoa pode ser mais tolerante ao frio que outra, por exemplo. Como temos estas variações, devemos nos atentar às tabelas com os limites de tolerância para cada risco, normalmente dispostas na NR-15 (BRASIL, 2019f), dando ao trabalhador exposto o direito ao adicional insalubridade. 2 AGENTES FÍSICOS Os agentes físicos, segundo a NR-9 (redação dada pela Portaria SEPRT nº 1.359, de 9 de dezembro de 2019), são definidos como “as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom” (BRASIL, 2019b, p. 2). 2.1 RUÍDOS Quando estamos em nosso ambiente de trabalho e não conseguimos ouvir o que um colega está falando, dizemos que este ambiente tem bastante ruído, ou que está muito barulhento. Em Segurança do Trabalho, ruído pode ser definido como sons desagradáveis e indesejáveis, assim como sons prazerosos e desejados, que de maneira elevada e exagerada são nocivos à saúde do trabalhador, podendo provocar danos à audição. Qualquer fenômeno, seja ela um corpo sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás à alta pressão e outros, que possa causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora (FERNANDES, 2010). 74 FIGURA 1 – RUÍDOS OCUPACIONAIS FONTE: <https://bit.ly/3Fjt9OA>. Acesso em: 10 jul. 2021. O ruído pode ser dividido em ruído de impacto e ruído contínuo ou intermitente. De acordo com a NR-15, ruído de impacto é “aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo” (BRASIL, 2019f, p. 4), por exemplo, o som emitido do contato de uma ferramenta com uma mesa. Já o ruído contínuo ou intermitentes é aquele que não é definido como ruído de impacto, ou seja, é o ruído de longa duração. Esse tipo de ruído é considerado de maior risco, uma vez que pode causar danos gradativos à adição. Todo ruído se caracteriza, praticamente, por três variáveis físicas, sendo elas a intensidade, a frequência e o timbre. A intensidade de um ruído indica a quantidade de energia transmitida por uma onda sonora, que pode ser uma máquina ou um equipamento. O nível de intensidade sonora é medido em decibel (dB). A frequência indica o número de oscilações do movimento de vibrações sonoras produzidas em um segundo, medido em Hertz (Hz). O ouvido humano é capaz de captar sons entre 20 e 20.000 Hz (faixa audível), sendo que sons abaixo de 20 Hz são considerados infrassons e acima de 20.000 Hz de ultrassons (FERNANDES, 2010). O timbre é a forma da onda da vibração sonora, ou seja, o que faz diferenciarmos um som do outro. A exposição em níveis elevados de pressão sonora pode alterar a capacidade de audição dos indivíduos. Um trabalhador exposto por muitos anos a um ambiente de trabalho com ruído elevado, superando a capacidade de defesa e de recuperação do ouvido, acaba desenvolvendo, progressivamente, lesões no ouvido interno e diminuindo sua sensibilidade auditiva. De início, o trabalhador exposto a elevados níveis de ruído poderá sentir dores de cabeça, tontura, zumbidos no ouvido e diminuição reversível da audição, porém com o passar do tempo, outros sintomas poderão ser percebidos, como dificuldade em ouvir 75 sons agudos e de entender palavras quando muitas pessoas estão conversando ao mesmo tempo. Em casos mais graves, a exposição contínua pode levar o trabalhador à perda de audição irreversível (SANTOS; SANTOS, 2000). Existe uma variedade de equipamentos que pode ser utilizado no ambiente de trabalho para medir o nível de ruído. A escolha irá depender do dado que se deseja obter, bem como do tipo de ruído a ser analisado. Os três principais equipamentos utilizados para medição do nível de ruído são: medidor de nível de pressão sonora, dosímetro e analisador de frequências. No Brasil, os critérios para medição e avaliação do ruído em ambientes são fixados pelas NBR 10151/2019 (Acústica – Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas – Aplicação de uso geral) e NBR 10152/2020 (Acústica – níveis de pressão sonora em ambientes internos e edificações). A Norma Regulamentadora NR-15 (redação dada pela Portaria SEPRT nº 1.359, de 9 de dezembro de 2019) informa os limites de tolerância para o ruído, conforme apresentado na Tabela 1: TABELA 1 – NR-15 LIMITES DE TOLERÂNCIA NÍVEL DE RUIDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 76 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos FONTE: Brasil (2019f, p. 2-3) O ambiente de trabalho que possa apresentar níveis elevados de ruído deve ser avaliado por meio da identificação da fonte geradora, número de trabalhadores expostos, nível de exposição e tempo de duração. A partir disso, medidas de controle poderão ser tomadas para eliminação, diminuição ou proteção contra o risco (utilização de equipamentos de proteção individual – EPIs e equipamentos de proteção coletiva EPCs). Abordaremos, na próxima unidade, o gerenciamento de risco e os tipos de EPIs e EPCs que devem ser utilizados em cada caso. ESTUDOS FUTUROS 2.2 VIBRAÇÕES A vibração é um agente nocivo, que se caracteriza pelo movimento oscilatório de um corpo, devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e movimentos alternados de uma máquina ou equipamento. Esse risco físico tem como particularidade a necessidade de contatoentre o trabalhador e fonte geradora, auxiliando na identificação da exposição. Diversos ambientes de trabalho são propícios a apresentarem vibrações sejam elas vibrações localizadas (definidas na NR-15 como vibrações de mãos e braços – VMB) ou vibrações de corpo inteiro (VCI). As vibrações localizadas são transmitidas aos membros superiores (e muito raramente para os membros inferiores) pela utilização de ferramentas manuais, portáteis ou não, tais como motosserras, furadeiras, serras, politrizes, britadeiras e martelos pneumáticos. As vibrações de corpo inteiro, por sua vez, são sentidas em plataformas industriais, veículos pesados, tratores, retroescavadeiras e em embarcações marítimas, fluviais e trens. Trabalhadores expostos a vibrações podem sentir dormência, formigamentos e dificuldade para executar atividades manuais. Em casos de exposição intensa e prolongada podem desenvolver doenças mais graves como a Síndrome da Vibração das 77 Mãos e Braços e a Síndrome de Raynaud (também conhecida como a doença dos dedos brancos). Além disso, a vibração pode ser um fator contributivo e de agravamento das lesões por esforço repetitivo (LER) e dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). O Anexo 8 da NR-15 (BRASIL, 2019f) dispõe sobre a necessidade de medição da exposição a vibrações no trabalhador. Ela indica que o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m.s-2. Em relação a VCI o limite diário de exposição não deve ultrapassar o valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m. s-2, ou valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m.s-1,75. A prevenção pode ser realizada através da melhora dos equipamentos, uso de ferramenta com característica antivibratórias, calibração de pneus, elaboração de programas de manutenção dos equipamentos e das instalações, além de medidas administrativas como o rodízio, as pausas e os treinamentos de forma a ensinar a maneira correta de utilização das ferramentas e equipamento. Os trabalhadores sujeitos à exposição de vibrações devem realizar exames médicos específicos para essa atividade, conforme estabelecido na NR-7. IMPORTANTE 2.3 PRESSÕES ANORMAIS Ambientes de trabalho que apresentam pressão atmosférica maior ou menor do que a pressão ao nível do mar são considerados disbáricos, ou seja, ambientes com pressão anormal. Existem dois tipos de pressões anormais, sendo elas a pressão hiperbárica e pressão hipobárica. A pressão hiperbárica é aquela em que o trabalhador fica sujeito a pressões maiores que a pressão atmosférica ao nível do mar e onde se exige cuidadosa descompressão. Como exemplo, tem-se o trabalho como mergulho, plataformas de petróleo, mineração e outros. Por outro lado, a pressão hipobárica é quando o trabalhador está exposto a pressões menores que a pressão ao nível do mar, geralmente associadas aos trabalhos em grandes altitudes. Dentre os diversos trabalhados que estão nessa condição tem-se a mineração, agricultura, transportes e outros. 78 2.3.1 Hiperbarismo A atmosfera terrestre contém habitualmente cerca de 20% de oxigênio, sendo que o organismo humano está adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma pressão em torno de 160 mmHg ao nível do mar. Nesta pressão, a molécula que transporta o oxigênio aos tecidos, a hemoglobina, encontra-se praticamente saturada (98%). À medida que pressão aumenta, como a hemoglobina já está saturada, uma quantidade significativa de oxigênio não é consumida e entra em solução física no plasma sanguíneo. Se essa exposição se prolonga, pode produzir uma intoxicação pelo oxigênio. Os seres humanos, na superfície terrestre, podem respirar 100% de oxigênio de forma contínua durante 24 a 36 horas sem nenhum risco. Após esse período, sobrevém a intoxicação pelo oxigênio (efeito de Lorrain-Smith). Os sintomas de toxicidade pulmonar são principalmente a dor no peito (retroesternal) e a tosse seca. Sob pressões superiores a 2 ATM (duas vezes a pressão atmosférica), o oxigênio produz toxicidade cerebral, podendo provocar convulsões. A susceptibilidade à convulsão varia consideravelmente de um indivíduo para outro. A administração de anticonvulsivantes pode evitar as convulsões por oxigênio, mas não reduz a lesão cerebral ou da medula espinhal (ALCANTARA et al., 2010). As atividades realizadas sob alta pressão exigem uma cuidadosa compressão e descompressão, e são regulamentadas pelo Anexo nº 6 da NR-15 (BRASIL, 2019f). Os trabalhadores expostos a essas condições não poderão sofrer mais de uma compressão em um período de 24 horas e a duração do trabalho não deve ser superior a 8 horas sob pressão de trabalho de 0 a 1,0 kgf.cm-2, de 6 horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf.cm-2 e de 4 horas em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf.cm-2. Nenhum trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf.cm-2. Após a descompressão, os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por duas horas, no local de trabalho, cumprindo um período de observação médica. Como é possível a ocorrência de necrose óssea, especialmente nos ossos longos, é também obrigatória a realização de radiografias de articulações da coxa e do ombro, por ocasião do exame admissional e posteriormente a cada ano. 79 FIGURA 2 – SERVIÇOS EM CONDIÇÕES HIPERBÁRICA FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/550776229409680530/> e <https://opetroleo.com.br/como- entrar-na-mineracao-sem-experiencia/>. Acesso em: 10 jul. 2021. 2.3.2 Hipobarismo A principal característica do trabalho em grandes altitudes é a diminuição da quantidade de oxigênio disponível à nossa respiração. À medida que a altitude aumenta, a atmosfera torna-se menos densa, e a pressão atmosférica diminui. A 5.000 m de altitude, a quantidade de oxigênio disponível para a nossa respiração é de somente 50% do oxigênio disponível ao nível do mar. Como efeito desta diminuição do oxigênio no sangue, ocorre a hipoxia, que é um estado de baixo teor de oxigênio nos nossos tecidos. O organismo responde, adotando medidas compensatórias de adaptação fisiológica (aclimatação), principalmente aumentando a frequência respiratória. A tolerância à altura varia conforme cada indivíduo, e geralmente leva de dois ou três dias. Todavia, a hipoxia grave pode exercer diversos efeitos nocivos para o organismo humano. O órgão mais sensível à falta de oxigenação é o cérebro e os sintomas mais comuns são a irritabilidade, a diminuição da capacidade motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemorragias na retina e, nos casos mais graves, edema cerebral e edema agudo do pulmão. 2.4 TEMPERATURAS EXTREMAS Muitos trabalhadores passam grande parte do dia em locais cuja temperatura não é favorável ao organismo humano. Funcionários de siderúrgicas, cerâmicas, fábricas de vidros, padarias, frigoríficos, peixarias e outros, frequentemente, enfrentam condições adversas de frio e calor, que representam perigo para a sua saúde e segurança. O ambiente de trabalho deve ser agradável, seja ele um escritório, uma fábrica, ou qualquer outro local. 80 O trabalhador precisa encontrar neste ambiente condições capazes de lhe proporcionar o máximo de proteção e, ao mesmo tempo, satisfação e conforto. A temperatura é um fator importante que deve ser levado em consideração quando se busca criar condições ambientais de trabalho. Ao mesmo tempo que existem temperaturas que causam sensação de conforto, há temperaturas que causam desconforto e podem ser prejudiciais à saúde, tendo consequências graves, inclusive a morte. 2.4.1 Trabalhos em temperaturas elevadas Em ambientes de alta temperatura, o equilíbrio térmicodo corpo humano é facilmente afetado. Uma vez que o equilíbrio térmico é destruído, o corpo humano pode sofrer espasmo, colapso, insolação, fadiga física, febre alta, dor de cabeça, tonturas e náuseas, erupção da pele outras doenças relacionadas ao calor e até a morte (ZHENG et al., 2021). Além disso, os trabalhadores podem sentir irritabilidade, fraqueza, depressão, ansiedade e incapacidade de concentrar, diminuindo assim sua produtividade. Como forma de diminuir o incômodo causado pelas altas temperaturas, o empregador pode aumentar o isolamento das fontes de calor, aumentar a circulação de ar por meio da ventilação natural ou artificial, além de reduzir a carga horário do trabalhador na atividade, realizar rodízio e pausas, e evitar o trabalho braçal direto, mecanizando as atividades. Como medida de proteção individual, o trabalhador pode usar equipamentos devidamente testados para altas temperaturas. Por exemplo: luvas de alta temperatura (luva para cozinha, luva com proteção térmica, luva Dupont, luva grafatex, luva resistente), aventais para alta temperatura, roupa de proteção de corpo inteiro para alta temperatura aluminizada, balaclava e conjunto antichamas. 2.4.2 Trabalhos em temperaturas baixas Os danos à saúde do trabalhador, neste caso, apresentam relação direta com o tempo de exposição e as condições de proteção corporal. Deve-se ter cuidado também com os choques térmicos, que podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca da temperatura. Dentre os diversos problemas causados ao nosso organismo devido à exposição a temperaturas baixas estão feridas, rachaduras e necrose da pele, má circulação sanguínea causando enregelamento, doenças reumáticas, doenças respiratórias, tremores, alucinações e inconsciência. Além disso, pode diminuir a capacidade de pensar e julgar, diminuindo o rendimento do trabalho. Assim como para as temperaturas elevadas, as baixas temperaturas podem ser controladas com o isolamento térmico e a utilização de equipamentos de proteção individual. 81 Falaremos mais especificamente dos equipamentos de proteção individual (EPIs) na próxima unidade. ESTUDOS FUTUROS 2.5 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES A radiação é a propagação de energia por meio de partículas ou ondas, e que podem produzir variados efeitos sobre a matéria. Pode ser gerada por fontes naturais (todos os corpos emitem radiação, basta estarem a uma determinada temperatura) ou por dispositivos construídos pelo homem. Possui energia variável, desde valores pequenos até valores muito altos. A radiação pode ser não ionizante ou ionizada. Como exemplos de radiações não ionizantes tem-se a luz, o micro-onda, radar, raio laser, raios X, ondas de rádio AM e FM, entre outros. Já a radiação ionizante, ou seja, em forma de partículas, com massa, carga elétrica e magnética são os feixes de elétrons, feixes de prótons, radiação alfa e radiação beta. O íon é um átomo ou molécula que se torna eletricamente carregado pelo ganho ou perda de elétrons (BOYLESTAD, 2018). NOTA 2.5.1 Radiação não ionizada A radiação ionizante não possui energia suficiente para provocar ionização (arrancar elétrons dos átomos). Porém, este tipo de radiação pode quebrar moléculas e ligações químicas. Os principais problemas relacionados com a radiação não ionizante são as queimaduras, catarata, fluxo de íons (que causa alterações na síntese de DNA e na transcrição do RNA), alterações no sistema imunológico e câncer (SALIBA, 2021). Esse tipo de radiação pode ser utilizado na preservação de alimentos (a radiação ionizante mata as bactérias ou reduz seu metabolismo ou razão produtiva), inspeções radiográficas (raios x nas malas em aeroportos, scanners relocáveis para inspeção de caminhões e contêineres), medidores nucleares industriais (controlar processos de 82 produção), radiografia industrial (controle de qualidade em peças e equipamentos), captores radioativos (para-raios), radioterapia (destruição de células cancerígenas), raios x (diagnósticos médicos), medicina nuclear (usa compostos radioativos para obter informação diagnóstica e de tratamentos de doenças) e aquecimentos através de micro-ondas. De acordo com o Anexo n° 7 da NR-15 (BRASIL, 2019f), os trabalhadores expostos a radiação não ionizante, sem a proteção adequada, serão considerados insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. 2.5.2 Radiação ionizada A radiação ionizante é a radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos ou moléculas. Ela se deve ao fato de as radiações possuírem energia altas o suficiente para quebrar as ligações químicas ou expulsar elétrons dos átomos após colisões. As radiações ionizantes são provenientes de materiais radioativos como é o caso dos raios alfa (a), beta (b) e gama (g), ou são produzidas artificialmente em equipamentos, como é o caso dos raios X. Há muitos efeitos das radiações sobre os seres vivos, e estes são bem complexos. As pesquisas sobre estes efeitos visam, em geral, correlacionar fatores tais como dose recebida, energia, tipo de radiação, tipo de tecido, órgãos atingidos etc. Diferentes tecidos reagem de diferentes formas às radiações ionizantes. Alguns tecidos são mais sensíveis que outros, como os do sistema linfático e hematopoiético (medula óssea) e do epitélio intestinal, que são fortemente afetados quando irradiados, enquanto outros, como os musculares e neuronais, possuem baixa sensibilidade às radiações (SCHARBELE, 2010). Há várias consequências das radiações ionizantes para os seres humanos, dependendo dos órgãos e sistemas atingidos. De um modo geral os efeitos são divididos em efeitos somáticos e efeitos hereditários. Os efeitos somáticos surgem de danos nas células do corpo e apresentam-se apenas em pessoas que sofreram a irradiação, não interferindo nas gerações posteriores. Os efeitos que ocorrem logo após (poucas horas a semanas) a uma exposição aguda são chamados de imediatos. Os efeitos que aparecem depois de anos ou décadas são chamados tardios. A gravidade dos efeitos somáticos dependerá basicamente da dose recebida e da região atingida. Os efeitos somáticos tardios são os mais difíceis de distinguir, pois demoram a aparecer e não se sabe ao certo se a patologia se deve à exposição radioativa ou ao processo de envelhecimento natural do ser humano. Os efeitos hereditários ou genéticos surgem somente no descendente da pessoa irradiada, como resultado de danos por radiações em células dos órgãos reprodutores (as gônadas). Os perigos da radioatividade começaram a ser vistos pela a humanidade a partir da explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Mais recentemente, 83 a contaminação radioativa do acidente de Chernobyl, na ex-União Soviética, hoje Ucrânia, que, com sua nuvem radioativa, contaminou muitos países europeus, e, no Brasil, com o incidente com o Césio 137 na cidade de Goiânia-Goiás. O anexo n° 5 da NR-15 (BRASIL, 2019f, p. 9) define que: Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NN-3.01: "Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica", de março de 2014, aprovada pela Resolução CNEN nº 164/2014, ou daquela que venha a substituí-la. 2.6 INFRASSOM E ULTRASSOM São considerados infrassom e ultrassom as ondas sonoras que se situam abaixo (20 Hz) e a cima (20.000 Hz), respectivamente, da faixa de frequência auditava dos seres humanos. 2.6.1 Infrassom O infrassom pode ser gerado por processos naturais,tais como terremoto, ruptura vulcânica, ventos, grandes ondas oceânicas e cataratas ou por processo de explosão, ondas sônicas e equipamentos de refrigeração e aquecimento. Ele atua em diferentes regiões do organismo e seus efeitos são variáveis, conforme a frequência da onda. Em frequências de 16 Hz e com grande energia (140 dB ou mais) acontece um afundamento do tórax, que se manifesta por uma sensação de constrição no peito e tosse. Já em frequências ainda mais baixas, na ordem de 3 a 6 Hz, são capazes de provocar efeitos mais acentuados no organismo dos trabalhadores, mesmo com amplitude de onda baixa. Dentre os diversos efeitos causados ao corpo humano, pode-se citar o deslocamento de segmentos corporais, alterações da motricidade da musculatura lisa e efeitos nos membros superiores (cotovelos, articulações de mãos e dedos). 2.6.2 Ultrassom O ultrassom é bastante visível na natureza. Certos animais como morcegos, golfinhos e mariposas o utilizam para locomover-se, encontrar alimentos e conseguem fugir do perigo através das ondas ultrassônicas que eles próprios emitem. 84 Como o ultrassom se situa fora da faixa audível para os humanos, ele pode ser utilizado com intensidades altas. Como exemplos de aplicações de ultrassom de alta intensidade, tem-se a terapia médica, atomização de líquidos, limpeza por cavitação, ruptura de células biológicas, solda e homogeneização de materiais (LONGO, 2017). Já o ultrassom de baixa intensidade tem como propósito transmitir a energia através de um meio e com isso obter informações. Como exemplos dessas aplicações tem-se o ensaio não destrutivo de materiais, medida das propriedades elásticas dos materiais e diagnose médica. Um dos efeitos causados pelo ultrassom é a elevação da temperatura do tecido do corpo humano, em um nível local. As mudanças biológicas devidas a isso seriam as mesmas se a elevação fosse provocada por outro agente. A taxa de absorção do ultrassom aumenta com sua frequência. Outro efeito possível numa aplicação ultrassônica está associado à cavitação, termo usado para descrever a formação de cavidades ou bolhas no meio líquido, contendo quantidades variáveis de gás ou vapor. No caso de células biológicas ou macromoléculas em suspensão aquosa, o ultrassom pode alterá-las estruturalmente e/ou funcionalmente através da cavitação. Outro efeito biológico que pode ocorrer é devido às denominadas “forças de radiações” que podem deslocar, distorcer e/ou reorientar partículas intercelulares, ou mesmo células com relação às suas configurações normais (LONGO, 2017). 2.7 UMIDADE A NR-15 (BRASIL, 2019f) também considera a umidade como um risco físico do qual o trabalhador sujeito a ele poderá receber o adicional de insalubridade. As atividades ou operações sujeitas a esse risco são aquelas executadas em locais alagados ou encharcadas como os serviços em lava jato, terrenos alagados, limpeza em ribeirões urbanos, serviços em galvanoplastia, e serviços em curtumes. A sua exposição pode acarretar doenças no aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras. Visando diminuir os efeitos associados à umidade sugere-se a utilização dos equipamentos de proteção coletiva como barreiras de contenção ou proteção, evitando o contato do trabalhador com a umidade. Também é importante manter o ambiente sempre bem arejado e com entrada de sol, quando possível, ou com exaustores de ar. Além disso, deve-se fazer uso dos EPIs como luvas de PV, botas, aventais de PVC e roupas de PVC, limitando o contato com a umidade. 85 3 AGENTES QUÍMICOS A Norma Regulamentadora NR-9 (redação dada pela Portaria SEPRT nº 1.359, de 9 de dezembro de 2019) define os agentes químicos como “substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão” (BRASIL, 2019b, p. 2). As substâncias químicas estão presentes na natureza e têm sido extraídas e utilizadas desde a antiguidade para os mais diversos fins. Um aumento significativo na sua utilização ocorreu com a Revolução Industrial e com a produção de substâncias sintéticas. Além de avanços importantes, o uso de substâncias químicas também impactou na saúde e no meio ambiente (BRASIL, 2006). O convívio de trabalhadores com as substâncias químicas, nos dias de hoje, é praticamente inevitável, sendo que os mais expostos são funcionários envolvidos em processos produtivos que direta ou indiretamente utilizem estas substâncias. O risco e o perigo que estão relacionados com essas substâncias devem ser analisados nas suas várias dimensões entre as quais se destacam o potencial de dano do produto, as condições ambientais e do trabalho em que as atividades se desenvolvem e o histórico conhecido daquela realidade e de outras semelhantes, a partir dos dados epidemiológicos produzidos e do conhecimento científico existente. Os riscos existentes que estão relacionados à exposição a substâncias químicas são muito complexos, e requerem aprofundamento para sua contextualização em função das dificuldades de se correlacionar as dimensões referidas anteriormente, em particular (BRASIL, 2006): • As medições atmosféricas de concentrações de produtos em volume que apenas expressam potencialidades de contato e de contaminação, não sendo retrato da realidade. • Há interação entre os agentes químicos e o corpo humano, onde as reações adversas ou de homeostase ocorrem de acordo com padrões em que a viabilidade é dada, como regra, pela suscetibilidade individual. • Estabelecer os padrões de reação em relação ao tipo de efeito órgão alvo, quanto maior a exposição, maiores os efeitos em termos epidemiológicos; em termos individuais, a reação é medida por variáveis cíclicas e constantes, relativas ao histórico de vida e patrimônio genético dos indivíduos, e a regra, também aqui, é sempre a variabilidade. • Os limites de tolerância não são capazes de dar conta destas variações e mantêm uma margem de falhas que comprometem seu uso como instrumento para prevenção de danos à saúde. 86 O reconhecimento e a análise destes riscos relacionados a agentes químicos são atividades que devem ser priorizadas para qualificar a intervenção da saúde do trabalhador. A principal via de contaminação por agentes químicos é a respiração. Isto se deve ao fato de que a maior parte dos agentes químicos se encontram suspensos ou dispersos na atmosfera ambiente, em forma de poeiras, gases ou vapores. Além do mais, uma grande quantidade de ar é respirada diariamente pelos trabalhadores. Os danos causados variam de substância para substância. Algumas podem provocar irritação do nariz e na garganta, enquanto outras podem provocar dor e pressão no peito e irem para o pulmão, e a partir disso causar outras séries de problemas (LARA, 2020). Além da via respiratória, também podemos sofrer contaminação por substâncias químicas através da pele, que ocorre pelo contato direto ou pela penetração. Se a substância, por exemplo, for um ácido corrosivo, ela poderá provocar queimaduras diretamente na pele. Outras substâncias têm a capacidade de penetrar na pele e entrar na corrente sanguínea, atingindo várias partes do corpo. Problemas na produção de sangue, nos rins, fígado, coração e outras partes podem ser sentidos (OMS, 2008). Outros tipos de substâncias agem diretamente em nossos olhos, provocando irritação ou mesmo um efeito corrosivo, como, por exemplo, o álcool metílico (metanol) que, quando cai no olho, pode provocar cegueira. Outra forma de contaminação é pelo sistema digestivo, isto é, entrada pela bocapor meio da alimentação. Neste caso a substância pode provocar queimadura ou irritação já na boca, ou no caminho entre a boca e o estômago. Algumas substâncias não provocam problemas nestes locais, mas vão ser levadas, pelo sangue, para outras partes do corpo. A fim de que a exposição do organismo dos trabalhadores aos agentes ambientais químicos não cause intoxicações ocupacionais, deve-se respeitar certos limites de exposição, compatíveis com a manutenção da saúde do trabalhador. Estes limites estão disponíveis no Quadro I, do Anexo 11 da NR-15 (BRASIL, 2019f), e são denominados limites de tolerância. Os limites de tolerância estabelecem o valor máximo para as concentrações dos agentes no ambiente, valores estes que se aplicam exclusivamente para as condições de trabalho dentro de certos limites, isto é, são válidos para regimes de trabalho de 8 horas diárias ou 40 horas semanais. Em nenhuma hipótese os limites de tolerância devem ser encarados como linha divisória entre situações seguras. Em alguns casos os limites de tolerância podem ser ultrapassados durante um certo tempo em quantidades estipuladas na tabela. 87 Em outros, são concentrações-teto que não devem ser excedidas em nenhuma circunstância. Existem indicações especiais a esse respeito na tabela, como também sobre as substâncias que podem ser absorvidas pela pele. Consulte a NR-15, em seu Anexo 11, que trata da insalubridade por produtos químicos. DICA 3.1 CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS São chamados contaminantes atmosféricos os produtos químicos presentes na atmosfera do ambiente de trabalho ou do ambiente externo. Para efeito da legislação trabalhista, é considerada somente a atmosfera do ambiente de trabalho. Os contaminantes fisicamente são classificados como aerodispersoides, gases e vapores. Para facilitar a compreensão costuma-se considerar que um agente químico pode estar presente no ambiente de trabalho como poeira, fumo, névoa, neblina, vapor e gás, ou seja, forma aérea dispersa. Os agentes químicos podem ser classificados segundo a forma que atuam no nosso organismo. Como a maioria destes contaminantes se encontra em dispersão no ar, trataremos dos efeitos fisiológicos resultantes da absorção através das vias respiratórias. 3.1.1 Irritantes Estes produtos químicos possuem uma ação corrosiva, produzindo inflamação nos tecidos com os quais entram em contato. Eles atuam principalmente nas mucosas das vias respiratórias, tecidos de revestimentos epiteliais, como a pele e os olhos (WEBER, 2010). Como exemplo de produtos químicos irritantes tem-se o cloro, o ozônio, o iodo, a amônia, algumas poeiras alcalinas, ácido sulfídrico (H2S) e outros. 3.1.2 Asfixiantes É através da redução da quantidade de oxigênio no ar que estes produtos químicos podem provocar a asfixia. Alguns também interferem no processo de absorção do oxigênio no sangue ou nos tecidos. Dentre os gases asfixiantes estão os gases metano, o nitrogênio, o monóxido e o dióxido de carbono, gás sulfídrico, hélio e outros. 88 3.1.3 Narcóticos Estes agentes químicos atuam através de uma ação depressiva sobre o sistema nervoso central, produzindo efeito anestésico após terem sido absorvidos pelo sangue. Como exemplo tem-se o éter etílico, acetona e éter isopropílico. 3.1.4 intoxicantes sistêmicos Estes compostos químicos têm o poder de causar intoxicações agudas ou crônicas. Estas lesões podem ser nos órgãos (hidrocarbonetos halogenados), no sistema formador de sangue (hidrocarbonetos aromáticos), compostos que afetam o sistema nervoso (álcoois metílico e etílico, dissulfeto de carbono e éteres de ácidos orgânicos), compostos tóxicos inorgânicos e metais tóxicos (sais de cianuretos, fluoretos e compostos de arsênio, fósforo, enxofre e outros). 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS Os produtos químicos perigosos são aqueles que podem causar danos à saúde e segurança dos trabalhadores e também ao meio ambiente. Esses produtos são regulamentados pela norma ABNT NBR 14725. De acordo com Organização das Nações Unidas (ONU), os produtos químicos perigosos são classificados em nove classes de risco e subclasses, conforme apresentado no Quadro 1 (FEPAM, 2021). QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO ONU DOS RISCOS DOS PRODUTOS PERIGOSOS Classificação Subclasse Definições Classe 1 Explosivos 1.1 Substância e artigos com risco de explosão em massa. 1.2 Substância e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa. 1.3 Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa. 1.4 Substância e artigos que não apresentam risco significativo. 1.5 Substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa. 1.6 Artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa. 89 Classe 2 Gases 2.1 Gases inflamáveis: são gases que a 20°C e à pressão normal são inflamáveis quando em mistura de 13% ou menos, em volume, com o ar ou que apresentem faixa de inflamabilidade com o ar de, no mínimo 12%, independente do limite inferior de inflamabilidade. 2.2 Gases não-inflamáveis, não tóxicos: são gases asfixiantes, oxidantes ou que não se enquadrem em outra subclasse. 2.3 Gases tóxicos: são gases, reconhecidamente ou supostamente, tóxicos e corrosivos que constituam risco à saúde das pessoas. Classe 3 Líquidos Inflamáveis - Líquidos inflamáveis: são líquidos, misturas de líquidos ou líquidos que contenham sólidos em solução ou suspensão, que produzam vapor inflamável a temperaturas de até 60,5°C, em ensaio de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em ensaio de vaso aberto, ou ainda os explosivos líquidos insensibilizados dissolvidos ou suspensos em água ou outras substâncias líquidas. Classe 4 Sólidos Inflamáveis; Substâncias sujeitas à combustão espontânea; substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis 4.1 Sólidos inflamáveis, substâncias autorreagentes e explosivos sólidos insensibilizados: sólidos que, em condições de transporte, sejam facilmente combustíveis, ou que por atrito possam causar fogo ou contribuir para tal; substâncias autorreagentes que possam sofrer reação fortemente exotérmica; explosivos sólidos insensibilizados que possam explodir se não estiverem suficientemente diluídos. 4.2 Substâncias sujeitas à combustão espontânea: substâncias sujeitas a aquecimento espontâneo em condições normais de transporte, ou a aquecimento em contato com ar, podendo inflamar-se. 4.3 Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis: substâncias que, por interação com água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em quantidades perigosas. Classe 5 Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos 5.1 Substâncias oxidantes: são substâncias que podem, em geral pela liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isso. 5.2 Peróxidos orgânicos: são poderosos agentes oxidantes, considerados como derivados do peróxido de hidrogênio, termicamente instáveis que podem sofrer decomposição exotérmica autoacelerável. 90 Classe 6 Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes 6.1 Substâncias tóxicas: são substâncias capazes de provocar morte, lesões graves ou danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a pele. 6.2 Substâncias infectantes: são substâncias que contém ou possam conter patógenos capazes de provocar doenças infecciosas em seres humanos ou em animais. Classe 7 Material radioativo - Qualquer material ou substância que contenha radionuclídeos, cuja concentração de atividade e atividade total na expedição (radiação), excedam os valores especificados. Classe 8 Substâncias corrosivas - São substâncias que, por ação química, causam severos danosquando em contato com tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o próprio veículo. Classe 9 Substâncias e Artigos Perigosos Diversos - São aqueles que apresentam, durante o transporte, um risco não abrangido por nenhuma das outras classes. FONTE: <http://200.144.30.103/siipp/public/imprime_classificacao.aspx>. Acesso em: 12 jul. 2021. Além disso, de acordo com o anexo n° 13 da NR-15 (BRASIL, 2019f), atividades e operações que envolvam os agentes químicos arsênio, carvão, chumbo, cromo, fósforo, hidrocarbonetos e outros compostos de carbono, mercúrio, silicatos, benzendo, cádmio e outros, são consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. FIGURA 3 – PICTOGRAMAS DE PERIGO Substâncias Corrosivas Explosivos Oxidante Mutagênico ou carcinogênico Prejudicial para o ambiente Tóxico 91 FONTE: <https://pt.depositphotos.com/11408397/stock-illustration-ghs-warning-signs-set-vektor.html>. Acesso em: 12 jul. 2021. Para mais informações sobre os agentes químicos que caracterizam o ambiente de trabalho como insalubre leia a NR-15 Anexo n°13 completa. DICA 4 AGENTES BIOLÓGICOS Os agentes biológicos são os microrganismos que causam doenças ao trabalhador, através do contato durante o exercício de suas atividades profissionais. Segundo a NR-9 (BRASIL, 2019b), temos vários exemplos de microrganismos que causam doenças, tais como vírus, bactérias, parasitas, fungos e bacilos. Eles causam doenças principalmente em médicos, enfermeiros, funcionários de hospitais, sanatórios e laboratórios de análise biológica, lixeiros, açougueiros, lavradores, tratadores de gado, trabalhadores de curtume e estações de tratamento de esgoto (WEBER, 2010). FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICO DO RISCO BIOLÓGICO FONTE: <http://proteccionshoppingonline.com.br/loja/wp-content/uploads/2020/06/RISCO-BIOLOGICO.jpg>. Acesso em: 12 jul. 2021. Nocivo ou Irritante Inflamável Gás sob pressão 92 Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por microrganismos incluem-se a tuberculose, brucelose, malária e febre amarela. Para que essas doenças possam ser consideradas doenças profissionais é preciso que haja exposição do funcionário a estes microrganismos. Como esses microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as medidas preventivas a tomar são: rigorosa higiene dos locais de trabalho, do corpo e das roupas; destruição por processos de elevação da temperatura (esterilização) ou uso de cloro; uso de equipamentos individuais para evitar contato direto com os microrganismos; ventilação permanente e adequada; controle médico constante, e vacinação, sempre que possível. A verificação da presença dos microrganismos é feita por meio da retirada de amostras de ar, da água e do ambiente de trabalho, que serão encaminhadas para laboratórios especializados para fazerem as análises. Infelizmente, devido às dificuldades para realizar estas coletas e análises, não há limites de tolerância definidos para os riscos biológicos. No Anexo nº 14, da NR-15 (BRASIL, 2019f), está a relação das atividades que envolvem agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa. Como exemplo de algumas destas atividades, podemos citar: trabalho em contato permanente com pacientes em isolamento por doenças infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso, não esterilizados, esgotos (galerias e tanques), lixo urbano (coleta e industrialização), laboratórios de análise clínica, cemitério (exumação de corpos) etc. Os riscos associados aos agentes biológicos serão discutidos no Tópico 2, Higiene do trabalho II, no subtítulo serviços de saúde. ESTUDOS FUTUROS 93 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os agentes ambientais são divididos em agentes físicos, químicos e biológico. • Os limites de tolerância aos riscos aos quais os trabalhadores são expostos estão normalmente dispostos na NR-15, dando ao trabalhador o direito ao adicional insalubridade. • Os agentes físicos apresentam como risco: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (frio ou calor), radiações ionizantes, radiações não ionizantes, infrassom e ultrassom. • As principais vias de contaminação por agentes químicos são pela respiração, através da pele e pelo sistema digestivo. • Os produtos químicos perigosos são aqueles que podem causar danos à saúde e segurança dos trabalhadores e também ao meio ambiente. Esses produtos são regulamentados pela norma ABNT NBR 14725 e classificados em nove categorias de acordo com a ONU. • Os agentes biológicos são microrganismos, tais como vírus, bactérias, parasitas, fungos e bacilos, que podem causar doenças aos trabalhadores. • A relação de atividades que envolvem os agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa, estão contidas no Anexo nº 14, da NR-15. 94 1 O ruído é definido como sons desagradáveis e indesejáveis, assim como sons prazerosos e desejados, que de maneira elevada e exagerada são nocivos à saúde do trabalhador, podendo provocar danos à audição. Ele pode ser dividido em ruído de impacto e ruído contínuo ou intermitente. Qual é a diferença entre esses dois tipos de ruído e qual deles é mais prejudicial para a saúde humana? 2 A vibração se caracteriza pelo movimento oscilatório de um corpo, devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e movimentos alternados de uma máquina ou equipamento. Sobre esse risco físico, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) Esse risco físico tem como particularidade a necessidade de contato entre o trabalhador e fonte geradora, auxiliando na identificação da exposição. b) ( ) A vibração pode ser um fator contributivo e de agravamento das lesões por esforço repetitivo (LER) e dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). c) ( ) O limite de exposição ocupacional diária a vibrações de mãos e braços correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m.s-2. d) ( ) As medidas de prevenção somente poderão ser realizar com a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e manutenção dos equipamentos e instalações. 3 Ambientes de trabalho com temperaturas extremas (frio ou calor) são considerados insalubres, pois, além de causar desconforto ao trabalhador, também podem ser prejudiciais à saúde, levando até a morte, dependendo da exposição. Sobre as temperaturas extremas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Como forma de diminuir o incômodo causado pelas altas temperaturas, o empregador pode diminuir o isolamento das fontes de calor e aumentar a circulação de ar por meio da ventilação natural ou artificial. b) ( ) A exposição do trabalhador a altas temperaturas nada interfere na sua produtividade. c) ( ) Diferente das medidas de proteção contra as altas temperaturas, as baixas temperaturas somente podem ser controlas por meio de equipamentos de proteção coletiva e medidas administrativas. d) ( ) Além da exposição as baixas temperaturas, o choque térmico também é uma preocupação quando o organismo é exposto a uma variação brusca da temperatura. AUTOATIVIDADE 95 4 Os agentes químicos podem ser classificados segundo a forma que atuam no nosso organismo. Sobre os efeitos fisiológicos desses agentes resultantes da absorção através das vias respiratórias, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os irritantes são produtos químicos que possuem ação oxidante, produzindo inflamação nos tecidos que entra em contato.b) ( ) Os gases asfixiantes podem reduzem a quantidade de oxigênio no ar e interferirem na absorção do oxigênio no sangue ou nos tecidos. c) ( ) Os narcóticos atuam através de uma ação depressiva do sistema circulatório, produzindo efeito anestésico após terem sido absorvidos pelo sangue. d) ( ) Os intoxicantes sistêmicos podem causar corrosão aguda ou crônica nos órgãos do corpo humano. 5 Os agentes biológicos são microrganismos que podem causam doenças ao trabalhador, através do contato durante o exercício de suas atividades profissionais. Entre as inúmeras doenças causas por esse agente estão a tuberculose, brucelose, malária e febre amarela. Quais são as principais medidas de prevenção contra o agente biológico? 96 97 HIGIENE DO TRABALHO II UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, nós falaremos da saúde e segurança do trabalho nos serviços de saúde, regulamentada pela NR-32 (BRASIL, 2019h), e os riscos biológicos, químicos e de radiação ionizante associados a eles. Também abordaremos a segurança nas atividades de transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais, normatizada pela NR-11 (BRASIL, 2016b). Além disso, aprenderemos a relação entre saúde e segurança do trabalho associado à psicologia e à alimentação como forma de manter o bem-estar físico e emocional dos trabalhadores. 2 SERVIÇOS DE SAÚDE São considerados serviços de saúde “qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade” (BRASIL, 2019h, p. 1), ou seja, hospitais, ambulatórios, clínicas, postos de pronto atendimento e outros. Neste sentindo, a NR-32 (Redação dada pela Portaria MTb nº 485, de 11 de novembro de 2005 e suas alterações/atualizações) e seus anexos estabelecem as diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à saúde e segurança do serviço de saúde. Vale salientar que essa NR não se aplica apenas aos trabalhadores que lidam diretamente com a questão da saúde de um paciente (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros), mas também àqueles que trabalham no setor, como equipes de limpeza, equipes de manutenção e outros (BRASIL, 2019h). Essa NR abrange as situações de exposição a riscos biológicos, químicos e de radiação ionizante para os trabalhadores dos serviços de saúde. 2.1 RISCOS BIOLÓGICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Os trabalhadores dos serviços da saúde estão expostos, diariamente, a ambientes em que há presença de riscos biológicos ou constituem uma ameaça potencial, sendo esse o principal risco a que estão expostos. A classificação dos riscos associados aos agentes biológicos, de acordo com o Anexo I da NR-32 (BRASIL, 2019h) são divididos em: 98 • Classe de risco 1: baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano. Exemplos: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis. • Classe de risco 2: risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Exemplos: Schistosoma mansoni, vírus da rubéola e Hepatite A, B, C, D e E. • Classe de risco 3: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Exemplos: Bacillus anthracis, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e SARS-COV (Coronavírus). • Classe de risco 4: risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Exemplos: vírus ebola e vírus da varíola. Como visto anteriormente, os agentes biológicos são os microrganismos que causam doenças, tais como vírus, bactérias, parasitas, fungos e bacilos. ATENÇÃO Em seu Anexo II, a NR-32 (BRASIL, 2019h) apresenta uma tabela com os diversos tipos de microrganismos e sua classificação de risco. Vale destacar que, a tabela não contempla todos os agentes biológicos que possam causar danos à saúde do trabalhador, tendo em vista a infinidade desses microrganismos. Para tanto, é necessária uma avaliação de risco baseado nas propriedades conhecidas ou potenciais desses agentes e de outros representantes do mesmo gênero ou família. Além disso, a tabela não contempla os organismos geneticamente modificados. O Ministério da Saúde elaborou um documento sobre a classificações dos riscos biológicos, que contém uma lista mais completa de microrganismos patogênicos e suas classes. Acesse em: https://bit.ly/3wSOifP. DICA 99 A NR-32 aprimora a elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Esse programa deve conter a identificação do risco biológico, levando em consideração a fonte de exposição, vias de transmissão, transmissibilidade, patogenicidade, virulência, persistência do agente no ambiente, estudos epidemiológicos e outros dados científicos, e a avaliação do local de trabalho, definindo a descrição das atividades e funções do empreendimento, a possibilidade de exposição e as medidas de prevenção. Os acidentes do trabalho associados a riscos biológicos devem ser registrados por meio do Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT). ATENÇÃO A NR-32 também abrange a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de serviço de saúde contra tétano, difteria, hepatite B e demais vacinas que estiverem contidas no PCMSO, com os reforços pertinentes, conforme recomendação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2019h). Outra exigência da NR-32 (BRASIL, 2019h) é a capacitação dos trabalhadores antes do início de suas atividades e de forma continuada sobre os riscos biológicos que estão expostos no seu dia a dia de trabalho. O responsável pela capacitação deve ser um profissional da saúde familiarizado com os riscos inerentes aos agentes biológicos que ocorrerem em casos de mudança das condições de exposição. Os ambientes de trabalho expostos a agentes biológicos devem ter, obrigatoriamente, lavatórios exclusivos para higienização das mãos com água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira com pedal (acionamento sem contato manual). Os empregadores devem fornecer vestimentas adequadas e equipamentos de proteção individual (EPIs) em quantidade suficiente para todos os trabalhadores. Também é dever dos empregadores vedar o uso das pias de trabalho para outros fins, o ato de fumar, o uso de adornos (alianças, brincos, pulseiras, relógios e outros), lentes de contato, utilização de calçados abertos e o consumo de alimento e bebidas dentro ambiente de trabalho. Os empregados, por sua vez, devem praticar as precauções e fazerem uso correto dos EPIs. Também devem respeitar a obrigatoriedade de não deixar o ambiente de trabalho fazendo uso das vestimentas e dos EPIs. Em relação aos materiais perfurocortantes (objetos com cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar), os empregadores devem elaborar o Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes, conforme as diretrizes estabelecidas no Anexo III da NR-32 (BRASIL, 2019h), e os empregadores são responsáveis pelo seu descarte. 100 FIGURA 5 – DESCARTE DE MATERIAL PERFUROCORTANTE FONTE: <https://kasvi.com.br/wp-content/uploads/2016/04/chamada.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2021. 2.2 RISCOS QUÍMICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDEEm relação aos riscos químicos nos serviços de saúde, a NR-32 apresenta exigências relacionados ao PPRA (alterado para PGR) e ao PCMSO (BRASIL, 2019h). Segundo a norma, todos os produtos químicos utilizados na atividade devem estar relacionados em um inventário. Todos os produtos químicos devem possuir rótulo original de fabricação, seja inteiro ou fracionado. Além disso, deve estar de fácil acesso às fichas descritivas desses produtos em que constam as características, os riscos, medidas de proteção, condições de estocagem e procedimentos para casos de emergência. A norma também exige capacitação dos trabalhados sobre o manuseio dos produtos químicos, local correto de armazenagem e procedimentos a serem adotados em casos de acidentes e em situações de emergência. 2.3 RISCO RADIAÇÃO IONIZANTE Dependendo do ambiente de trabalho e os serviços prestados, os trabalhadores dos serviços de saúde podem estar expostos a risco de radiação ionizante. Assim, a NR-32 (BRASIL, 2019h) estabelece a obrigação de elaboração e disposição a todos os trabalhadores do Plano de Proteção Radiológica (PPR), provado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O trabalhador deve permanecer o menor tempo possível dentro das áreas com exposição ao risco de radiação, utilizar todos os equipamentos de proteção individual adequadamente, estar de posse de um dosímetro (devidamente calibrado) e receber capacitação durante o início das atividades e de forma continuada. As mulheres grávidas não podem realizar atividades nesses ambientes e devem, portanto, serem remanejadas para outras atividades compatíveis com seu nível de formação. 101 Outras especificações sobre medicina nuclear, serviços de radioterapia, serviços de radiodiagnóstico médico e radiodiagnóstico odontológico estão dispostos na NR-32 (BRASIL, 2019h). 2.4 RESÍDUOS A Resolução RDC n° 222/2018 regulamenta as boas práticas de gerenciamento dos resíduos da saúde e dá outras providências e a Resolução CONAMA n° 358/2005, conforme vimos anteriormente, dispõe da classificação desses resíduos. A NR-32 (BRASIL, 2019h) determina a capacitação dos trabalhadores em relação à segregação, acondicionamento, transporte, reconhecimento dos símbolos de identificação, orientação quanto ao uso do EPIs e outras especificações sobre os resíduos de saúde. Os sacos plásticos utilizados no acondicionamento dos resíduos devem ser preenchidos apenas com 2/3 de sua capacidade de maneira a permitir o seu fechamento sem derramamento de materiais. Todos os recipientes devem ser identificados e sinalizados conforme a classificação da Resolução CONAMA 358/2005. Os recipientes destinados ao acondicionamento dos materiais perfurocortantes devem ter um suporte exclusivo e serem mantidos a uma altura que permita a visualização de abertura para o descarte. Além disso, não podem ser preenchidos nos últimos cinco centímetros do recipiente. O transporte dos resíduos até a área de armazenamento externa dever ser realizada com um carrinho específico e utilizar uma rotina de transporte, determinando o percurso a ser percorrido e os horários com menor fluxo de pessoas. 3 TRANSPORTE A utilização de máquinas e equipamento no transporte de pessoas e materiais surgiu para facilitar a vida dos trabalhadores que possuem uma capacidade limitada de trabalho, porém também apresentam grande risco se não aplicadas todas as normas e exigências corretamente. A Norma Regulamentadora NR-11 (redação dada pela Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978 e suas alterações/atualizações) regulamenta a segurança do trabalho nas atividades de transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais, do qual fazem parte os ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes- rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes e outros (BRASIL, 2016b). 102 De acordo como essa norma, os poços de elevadores devem ser totalmente cercados de forma sólida, exceto nas áreas de portas ou cancelas. Enquanto à cabine do elevador não estiver no mesmo nível do pavimento, a abertura deve ser integralmente protegida por corrimão ou outros acessórios similares. Em relação aos equipamentos de transporte com força motriz, os operadores devem passar por treinamentos específicos que os habilitem a exercer essa função. Por exemplo, as empilhadeiras são consideradas equipamentos de transporte (diferente de veículo) e, portanto, seu operador deverá receber um treinamento antes de sua utilização, fornecido pelo empregador. FIGURA 6 – TRANSPORTE DE MATERIAIS COM EMPILHADEIRA FONTE: <https://cargox.com.br/blog/movimentacao-de-materiais-almoxarifado>. Acesso em: 13 jul. 2021. Todos os trabalhadores que realizam atividades de transporte e movimentação de materiais precisam utilizar um cartão de identificação, que deverá ser renovado a cada ano com a exigência de realização de exames médicos e novos treinamentos. Os equipamentos de transporte motorizado precisam ter buzina como equipamento de segurança. As buzinas servem para alertar as pessoas que se encontram ao redor da área de serviço do equipamento, evitando acidentes. Em ambientes fechados, como as áreas de armazenagem interna, não é permitida a utilização de equipamentos que são movidos a motores de combustão, isto é, equipamentos que utilizam gás, gasolina e álcool como combustível, devido ao risco que esses compostos apresentam. Para esses ambientes é sugerida a utilização de equipamentos movidos à eletricidade. Em relação ao armazenamento, a NR-11 (BRASIL, 2016b) exige que o local seja construído com material não escorregadio, sem aspereza e que seja mantido em perfeito estado de conservação, justamente para evitar os acidentes de trabalho. 103 Os materiais armazenados devem ser organizados de maneira a evitar a obstrução das portas, dos equipamentos contra incêndio e das saídas de emergência. Também devem respeitar a distância de 0,50 metros das paredes, isto porque o peso bruto do material deve estar apoiado no piso e empilhados de maneira correta para não inclinar e cair. Ainda sobre a forma de armazenamento, as pilhas dos materiais precisam respeitar a altura máxima limitada pela resistência do piso e das embalagens, além de levar em consideração o tipo de amarração e de inclinação da pilha. Além disso, os locais de disposição devem respeitar os requisitos de segurança especial para cada tipo de produto. Além da NR-11, outras normas regulamentadoras devem ser observadas quando o tema é transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais. Dentre elas estão a NR-17 (BRASIL, 2018c) que regulamenta sobre o levantamento, transporte e descarga individual de materiais, a NR-18 (BRASIL, 2018d) que dispõe sobre a movimentação e transporte de materiais e pessoas na construção civil e a NR-29 que regulamenta as operações com cargas perigosas no trabalho portuário. 4 PSICOLOGIA Os acidentes do trabalho, como visto na unidade anterior, estão diretamente relacionados com os atos inseguros (modos pelos quais o próprio trabalhador se expõe, consciente ou não, aos acidentes durante o trabalho), as condições inseguras (falhas físicas) e aos fatores pessoais de insegurança (falta de conhecimento, falta de experiência, comprometimento físico, fadiga e outros). Isso implica dizer que, na sua maioria, os acidentes do trabalho acontecem por falhas humanas, seja ela por excesso de confiança, por falta de manutenção de máquinas, por execução inadequada da atividade, problemas cognitivos ou emocionais. Neste sentido, a psicologia na segurança do trabalho visa compreender os comportamentos dos trabalhadores como forma de construir possibilidades para a prevençãode acidentes e a conscientização dos colaboradores. De acordo com Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004, p. 483), a psicologia organizacional e do trabalho “inclui larga abrangência, uma vez que busca compreender o comportamento das pessoas que trabalham, tanto em seus determinantes e suas consequências como nas possibilidades da construção produtiva das ações de trabalho, com preservação máxima da natureza, da qualidade de vida e do bem-estar humano”. A psicologia na prevenção de acidente baseia-se nos estudos dos aspectos subjetivos do acidente com explanação dos riscos potenciais, ou seja, erros, faltas ou omissões que podem gerar uma situação de perigo e na análise dos fatores objetivos com o emprego de técnicas complementares, melhoria de procedimentos e orientações para o trabalho (FREITAS, 1974). 104 A prevenção dos acidentes por meio da psicologia é dada com o ajustamento satisfatório entre o homem e a tarefa que ele realiza, ou seja, a psicologia utiliza procedimentos de informação, seleção e orientação profissional de maneira a garantir a satisfação do trabalhador e manter a produtividade e qualidade no serviço prestado. De acordo com Freitas (1974), para a realização de uma análise psicológica junto à segurança do trabalho que visa à prevenção de acidentes deve-se: • Verificar o grau de probabilidade de certos fatores predispostos ao estado perigoso. • Inferir as relações entre os comportamentos e manifestos que se expressam por atitudes negligentes, imprudentes ou temerárias, tais como erros, omissões e os “quase” acidentes que sempre se transforma em acidentes em determinas circunstâncias. • Examinar as atitudes intelectuais e psicológicas com a finalidade de estabelecer medidas de prevenção de acidentes. • Pesquisar em que medidas as perturbações geradoras de acidentes passam de uma atividade a outra. • Levar em consideração certas variáveis psicossociais e certos critérios de acidentes, analisando sistematicamente o sistema social onde eles acontecem. • Outros. Vale destacar que, a aplicação de testes psicológicos somente pode ser realizada por um profissional da psicologia, devidamente registrado no Conselho Regional da Psicologia (CRP). Em uma organização, a comunicação é indispensável para manter o ambiente de trabalho saudável e seguro, sendo essa uma das principais metodologias utilizadas pelos profissionais da psicologia na segurança do trabalho. A comunicação, verbal ou não verbal, é utilizada como forma de alcançar os indivíduos, transmitir ideias, ou trocar informações. Ela pode ser utilizada na forma de reunião, ordem de serviço, quadro de aviso, folhetos, manual de ambientação, caixa de sugestões, e-mail e outros. Para uma boa comunicação deve-se levar em consideração as habilidades de transmissão, isto é, fazer com que as outras pessoas compreendam o que você quer dizer (uso da linguagem e outros símbolos na comunicação) e as habilidades de escutar, ou seja, entender o que as outras pessoas estão querendo dizer (seja no uso da linguagem ou nos sinais não verbais). A Diálogo de Segurança (comumente conhecido nas empresas como DDS) é uma das ferramentas da comunicação. Ele é um programa destinado à criação, desenvolvimento e manutenção das atitudes prevencionistas no ambiente de 105 trabalho. A DDS se dá na realização de uma breve reunião diária (5 a 15 minutos), no início do expediente e dentro da área operacional, entre o responsável da área e seus colaboradores, com temas a segurança no trabalho, possibilitando maior interação e estabelecendo um canal de comunicação mais acessível e transparente. FIGURA 7 – REALIZAÇÃO DE UM DDS EM UM CANTEIRO DE OBRA FONTE: <https://bit.ly/3qMi0SG>. Acesso em: 15 jul. 2021. As campanhas em segurança do trabalho também é uma ferramenta da comunicação que tem por objetivo motivar as pessoas a pensarem e agirem de forma diferente nos quesitos de saúde e segurando no trabalho. Ela engloba um conjunto de esforços para informar os colaboradores a mudar de atitudes e comportamentos e a partir disso obter resultados positivos. Essa mudança não está voltada apenas para os cargos operacionais mais também para os gestores e diretores. Uma terceira ferramenta da comunicação são os treinamentos, que de forma intencional fornecem aprendizagem aos envolvidos. De acordo com Chiavenato (2009, p. 210), a aprendizagem “é educar, ensinar, é mudar o comportamento, é fazer com que as pessoas adquiram novos conhecimentos, novas habilidades, é ensiná-las a mudar de atitudes”. Logo, os treinamentos servem para transmitir informações e desenvolver habilidades, conceitos e modificações de atitudes. Em resumo, a psicologia associa a segurança do trabalho apresenta diversos benefícios, dentre eles a promoção da qualidade de vida das pessoas no ambiente de trabalho, seleção mais adequada de colaboradores para cada função (levando em consideração suas habilidades, índices de atenção e concentração), conscientização sobre seus deveres e direitos, aumento da motivação e consequentemente da produtividade, além da diminuição dos acidentes de trabalho. 106 5 ALIMENTAÇÃO Embora a alimentação não pareça ter correlação alguma com a segurança do trabalho, esses dois universos possuem objetivos em comuns. Para um trabalhador manter seus bem-estar físico e emocional, e assim desempenhar bem as suas atividades laborais, ele precisa está “bem alimentado”, portanto, é imprescindível que os trabalhadores mantenham um estilo de alimentação saudável, compatível com a atividade exercida e os riscos ambientais a qual estão expostos de maneira a garantir não somente uma condição nutricional adequada, mas aumentar a capacidade física, a prevenção de doenças, a redução dos riscos de acidente do trabalho e o aumento da produtividade (MEGGIATO, 2018). Atualmente no Brasil, está em vigor o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976 e regulamentado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991. O PAT é um programa governamental de adesão voluntariada em que governo, empresas e trabalhadores partilham a responsabilidade de garantir melhores condições alimentares e nutricionais aos trabalhadores. O principal objetivo do PAT é melhoria as condições nutricionais dos trabalhadores de baixa renda (aqueles que recebem até cinco salários-mínimos), de forma a promover saúde e diminuir o número de casos de doenças relacionadas à alimentação e à nutrição (BRASIL, 2021). As empresas que aderem ao PAT poderão fornecer serviço próprio, ou seja, preparar a alimentação no próprio estabelecimento, administrar a cozinha (contratação de uma empresa terceirizada para preparação do alimento no próprio ambiente de trabalho), contratar uma terceirizada que realize o serviço fora do ambiente de trabalho, fornecer o ticket alimentação ou fornecer cesta de alimentos. Nos casos de a empresa optar por prepara o alimento ou administrar a cozinha, as normas sobre as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho para os refeitórios e cozinha, regulamentadas na NR-24, deverão ser seguidas. Ainda sobre o PAT, é importante salientar que embora não seja obrigatório o fornecimento de alimento por parte do empregador, ele se beneficia com essa inicial, recebendo incentivos ficais (dedução de até quatro por cento no imposto de renda devido) e ganhando na produtividade, na redução das faltas e atrasos e na redução da rotatividade. Os procedimentos de boas práticas de fabricação em serviços de alimentação como forma a garantir as condições higiênico-sanitárias dos alimentos preparados são normatizados pela Resolução Anvisa n° 216, de 15 de novembrode 2004. As principais exigências dessa resolução são em relação à edificação, instalações, equipamentos, móveis e utensílios, higienização de instalações, equipamentos, móveis e utensílios, 107 controle integrado de vetores e pragas urbanas, abastecimento de água, manejo dos resíduos, manipuladores, matérias-primas, ingredientes e embalagens, preparação do alimento, armazenamento e transporte do alimento preparado, exposição ao consumo do alimento preparado, documentação e registro e responsabilidade. FIGURA 8 – ILUSTRAÇÃO DE UM REFEITÓRIO FONTE: <https://www.epaccontabilidade.com.br/blog/contabilidade/empresas-sao-obrigadas-a-ter-refeitorio>. Acesso em: 15 jul. 2021. Todos os colaboradores que estão envolvidos no serviço de alimentação devem passar por uma capacitação em relação aos itens mencionados anteriormente. Além disso devem realizar o controle médico, conforme previsto no PCMSO. Além de uma alimentação adequada, não podemos esquecer que o consumo de água também é indispensável. Logo, sugere-se que tenhamos sempre uma garrafa de água visível como forma de ajudar a lembrar de beber, mantendo o corpo saudável e hidratado. IMPORTANTE 108 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • O serviço de saúde é normatizado pela NR-32 e que embora esses trabalhadores estejam expostos a riscos biológicos, químicos e radiológicos, o risco biológico é o que mais apresenta uma ameaça potencial. • Os riscos associados aos agentes biológicos, de acordo com o Anexo I da NR-32, são divididos em: classe de risco 1- baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doença ao ser humano; Classe de risco 2- risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade; Classe de risco 3- risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade; e, Classe de risco 4- risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. • As atividades de transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais devem respeitar as normas estabelecidas na NR-11 e também outras normas técnicas a depender o serviço prestado. • A psicologia associada à segurança do trabalho auxilia na prevenção de acidentes e na conscientização do trabalhador por meio da compreensão do comportamento individual. • A prevenção de acidentes por meio da psicologia utiliza procedimentos de informação, seleção e orientação profissional de maneira a garantir a satisfação do trabalhador e manter a produtividade e qualidade no serviço prestado. • A alimentação adequada é indispensável para manter o bem-estar físico e emocional dos trabalhadores. • O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, de adesão voluntariada, tem por objetivo garantir melhores condições alimentares e nutricionais aos trabalhadores. 109 1 Os trabalhadores dos serviços de saúde estão diariamente expostos a riscos biológicos. A NR-32 normatiza a segurança do trabalho nessa atividade e traz a exigência de elaboração de um programa de gerenciamento de riscos. Sobre os itens que deve conter nesse programa, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Identificação dos riscos biológicos e avaliação do local de trabalho. b) ( ) Fonte de exposição aos agentes ambientais, vias de transmissão e possibilidade de exposição. c) ( ) Fonte de exposição aos agentes ambientais, vias de transmissão, possibilidade de exposição e medidas de prevenção. d) ( ) Identificação dos riscos biológicos e químicos, descrição das atividades e medidas de prevenção. 2 Além do risco biológico, os trabalhadores dos serviços de saúde também estão expostos a riscos químicos e de radiação ionizante. Em relação a esses riscos, assinale as sentenças a seguir. I- Todos os produtos químicos utilizados nos serviços de saúde devem estar relacionados em um inventário. II- A NR-32 exige a capacitação dos trabalhadores de serviços de saúde sobre o manuseio, armazenamento e situações de emergência. III- O trabalhador deve permanecer o menor tempo possível dentro das áreas com exposição ao risco de radiação, utilizar todos os equipamentos de proteção individual. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 As atividades de transporte, movimentação, armazenamento e manuseio de materiais são regulamentas pela NR-11. Quais são as exigências dessa norma em relação ao armazenamento de materiais? 4 A psicologia associada à segurança do trabalho visa compreender os comportamentos dos trabalhadores como forma de construir possibilidades para a prevenção de acidentes e a conscientização dos colaboradores. Neste sentido, a psicologia utilizada da comunicação para alcançar os indivíduos, transmitir ideias, ou trocar informações. Sobre as ferramentas da comunicação, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 110 a) ( ) A DDS é um programa realizada entre os cargos de alta direção com o objetivo criar, desenvolver e manter atitudes prevencionistas no ambiente de trabalho. b) ( ) As campanhas em segurança do trabalho têm por objetivo motivar as pessoas a manterem o mesmo comportamento no ambiente de trabalho. c) ( ) Os treinamentos auxiliam na transmissão de informações e no desenvolvimento de habilidades, conceitos e modificações de atitudes. d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 5 Sabemos que a alimentação associada à segurança do trabalho pode trazer diversos benefícios para os trabalhadores e para a organização. Nesse sentido, qual é a importância de manter um estilo de alimentação saudável por parte dos trabalhadores? 111 TÓPICO 3 - PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCO EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES (PCRMEI) UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as medidas de prevenção e controle de risco em máquinas, equipamentos e instalações para as atividades da construção civil, serviços mecânicos e serviços com eletricidade. Especificamente, nós falaremos da NR-18 (BRASIL, 2018d), que estabelece diretrizes sobre as atividades em ambientes de trabalho da construção, NR-12 (BRASIL, 2019d), que regulamenta as atividades com máquinas e equipamentos no ambiente industrial, e a NR-10 (BRASIL, 2019c), que determina as diretrizes básicas para os serviços com energia elétrica. Todas visando garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Além disso, abordaremos o Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional, ISO 45001:2018, que auxilia as atividades produtivas a minimizar os riscos ocupacionais, melhor o ambiente de trabalho e integrar os requisitos normativos da segurança do trabalho com a gestão organizacional. 2 CIVIL A indústria da construção civil representa uma importante atividade para o desenvolvimento econômico, ambiental e social de um país. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil no Brasil é de 4% no ano de 2021, mesmo com os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus (AGÊNCIA CBIC, 2021). Entretanto, as atividades relacionadas à construção civil também apresentam diversos riscos que podem comprometer a saúde e segurança dos trabalhadores. De acordo com a NR-4 (BRASIL, 2016a), as atividades da construção civil, são classificados com relação ao grau de risco para dimensionamento do SESMT, em nível 3 ou 4, isto é, necessita de um dimensionamento robusto da equipe. Nestesentido, a NR-18 (Redação dada pela Portaria SEPRT nº 3.733, de 10 de fevereiro de 2020), estabelece as “diretrizes de ordem administrativa, planejamento e organização, que visam à implementação de medidas de controle e sistema preventivo de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na construção” (BRASIL, 2018d, p. 2). 112 Essa norma aplica-se às atividades da indústria da construção civil desde seu planejamento e projeto até sua execução, manutenção e restauração de obras. Ela abrange deste os segmentos da construção civil, como edificações para fins de moradia, comércio e outros, aos das construções pesadas tais como estradas, pontes, viadutos, túneis, portos, aeroportos, canais de navegação, obras de saneamento e hidroelétricas. Vale destacar que, as atividades da construção civil também devem levar em consideração outras normas regulamentadoras, como a NR-35 (trabalhos em alturas), NR-33 (serviços em espaços confinados), NR-17 (ergonomia) e NR-10 (eletricidade), e outras normas técnicas pertinentes ao assunto. Todas as atividades da construção civil devem elaborar o PGR, sendo que os profissionais qualificados em segurança do trabalho, neste caso os técnicos de segurança, podem realizá-lo para locais com até dez funcionários e sete metros de altura. Acima disso somente os profissionais habilitados em segurança do trabalho, engenheiros de segurança do trabalho, podem elaborá-lo. Também é obrigatória a elaboração do PCMSO, com base nos riscos a qual o trabalho será exposto, e exigência de um médico do trabalho para atividades com mais de dez funcionários. FIGURA 9 – ATIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL FONTE: <https://www.sindicatoceramistas.com.br/img/eventos/evento_177.jpg>. Acesso em: 18 jul. 2021. O PGR deve ser elaborado contemplando todos os riscos ocupacionais (físico, químico, biológico, ergonômico e mecânico) relacionados na atividade e as medidas de controle. Além das exigências que constam na NR-1 (BRASIL, 2018a), a NR-18 (BRASIL, 2018d) também exige a que o PGR tenha o projeto da área de vivência do canteiro de obras e de eventual frente de trabalho, projeto elétrico das instalações temporárias, projetos dos sistemas de proteção coletiva, projetos dos Sistemas de Proteção Individual Contra Quedas (SPIQ) (quando aplicável), relação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e suas respectivas especificações técnicas, de acordo com os riscos ocupacionais existentes. 113 O PGR deve estar atualizado de acordo com a etapa em que se encontra o canteiro de obras. Por exemplo, se uma obra está na fase de fundação, não é necessário que o PGR conste nos riscos ocupacionais da fase de acabamento. IMPORTANTE Nas atividades da construção civil, as principais causas de acidentes estão relacionadas com a desorganização, advindas dos prazos apertados de entrega ficando os quesitos limpeza e organização em segundo plano, falta de atenção associada aos atos inseguros e fatores pessoais de insegurança, queda de materiais, choques elétricos, queda de alturas (normalmente pela falta de equipamentos de proteção adequados), falta de sinalização e manuseio inadequado de ferramentas. Para a identificação dos riscos, conforme exigido na NR-18 (BRASIL, 2018d), devemos analisar, incialmente, todo o local de trabalho, as atividades que são realizadas, quais os materiais são utilizados e quais máquinas e equipamentos serão operados. Em seguida, os riscos deverão ser classificados. Na construção civil é comum que se utilize a classificação por grupos e cores, um padrão que facilita a identificação e não induz ao erro. Falaremos mais especificamente da classificação de risco por grupos e cores no tópico sobre gerenciamento de risco. ESTUDOS FUTUROS As medidas de prevenção levam em consideração os riscos identificados e sua classificação. Nos canteiros de obra, diversas medidas de prevenção podem ser tomadas: • Utilização adequadas dos equipamentos de proteção individual (EPIs), conforme estabelecido na NR-6 (BRASIL, 2018a). • Utilização dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs). • Aplicação das medidas de combate a incêndios, levando em consideração as legislações estaduais e as normas técnicas nacionais vigentes. • Utilização de sinalização de segurança, identificando os locais de apoio, indicando as saídas de emergência, advertindo quanto aos riscos existentes, alertando sobre a obrigatoriedade do uso dos EPIs, identificado o isolamento das áreas de movimentação e transporte de materiais, as áreas de acessos e circulação de veículos e equipamentos e os locais de armazenamento de produtos químicos e radioativos. 114 • Realizando treinamentos. • Criando uma conscientização sobre os riscos expostos e as medidas de prevenção. • Mantendo o ambiente de trabalho limpo e organizado. Em relação à capacitação, o Anexo I da NR-18 (BRASIL, 2018d) determina a carga horária, a periodicidade e o conteúdo dos treinamentos. Ela destaca que após os treinamentos, os funcionários devem passar por aferição de conhecimento, isto é, realização de provas teóricas ou práticas, mostrando que absorveu o conhecimento das capacitações. Vale destacar que, as capacitações podem ser realizadas pelo Ensino a Distância (EaD), a depender o assunto, e com aproveitamento de competências, ou seja, caso um trabalhador já tenha realizado uma capacitação, e encontra-se dentro do prazo de periodicidade, ele não precisará refazer. A correta aplicação das normas de segurança na construção civil gera diversos benefícios, tais como diminuição dos acidentes do trabalho e dos gastos com tratamentos, compensações e eventuais processos, aumento da satisfação dos trabalhadores e da produtividade, visibilidade perante o mercado e os consumidores, e evitação de multas e sanções legais. 3 MECÂNICA As máquinas e equipamentos são fundamentais nas operações industriais, auxiliando nos serviços executados e garantindo o aumento da produtividade. Contudo, o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, ferramenta criada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho relataram que entre os anos de 2012 e 2018, o Brasil registrou 528.473 (quinhentos e vinte e oito mil, quatrocentos e sessenta e três) acidentes do trabalho envolvendo máquinas e equipamentos, sendo que desse número 2058 (duas mil e cinquenta e oito) foram com mortes. A prevenção e o controle de risco em máquinas e equipamentos são regulamentados pela NR- 12 (redação dada pela Portaria SEPRT nº 916, de 30 de julho de 2019). Essa norma é bastante extensa e rica em detalhes, garantindo a segurança e integridade física dos trabalhadores no ambiente de trabalho (BRASIL, 2019d). 115 FIGURA 10 – AMBIENTE INDUSTRIAL MECANIZADO FONTE: <https://www.rescuecursos.com/inventario-da-nr-12-maquinas-e-equipamentos/>. Acesso em: 21 jul. 2021. Nas fases de projetos e utilização de máquinas e equipamentos, a NR-12 (BRASIL, 2019d) estabelece os seguintes itens a serem observados: • Adequação do arranjo físico e das instalações. • Adequação das instalações e dispositivos elétricos, em conformidade com a NR-10 e com as normas técnicas vigentes. • Adequação dos dispositivos de partida, acionamento e parada. • Observação quanto aos componentes pressurizados e reservatórios ao disposto na NR-13 (BRASIL, 2018e). • Adaptação das condições de trabalho em máquinas e equipamentos às características psicofisiológicas dos trabalhadores e a natureza dos trabalhos a serem desenvolvidos, observando os termos da NR-17 (BRASIL, 2018c). • Compatibilidade da velocidade das máquinas e equipamentos, com a capacidade física dos trabalhadores, de modo a evitar acidentes e outrosdanos à saúde. • Adoção de medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos compreendendo proteção coletivas, medidas administrativas ou de organização do trabalho e uso de EPIs, nessa ordem de prioridade. • Efetivação de medidas apropriadas sempre que houver pessoas com deficiência envolvidas direta ou indiretamente no trabalho em máquinas e equipamentos. • Implementação das medidas de proteção em cumprimento às disposições da NR-9 e NR-6, atuando sobre os riscos adicionais decorrentes da emissão ou liberação de agentes químicos, físicos ou biológicos por máquinas e equipamentos. • Adoção de procedimentos para manutenção, inspeção, preparação, ajuste e reparos, observando também, as recomendações técnicas dos fabricantes. • Sinalização de segurança para advertir os trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos. • Fornecimento de manual de instruções da máquina ou equipamento, em português, pelo fabricante ou importador, contendo informações relativas à segurança em todas as fases de utilização. Inexistindo ou extraviando tal manual este deverá ser reconstituído pelo empregador, sob responsabilidade do profissional habilitado. 116 • Disponibilização e acessibilidade do manual de instruções a todos os usuários nos locais de trabalho. • Realização de operação, manutenção, inspeção e demais intervenções em máquinas e equipamentos somente por trabalhadores habilitados, qualificados ou capacitados, autorizados para este fim. • Devem-se prever meios adequados para levantamento, carregamento, instalações, remoção e transporte de máquinas e equipamentos. • Realização de análise ergonômico do trabalho, especial ao levantamento, transporte e descarga de materiais, conforme estabelecidos na NR-17 (BRASIL, 2018c). O risco mecânico é um conjunto de fatores físicos que podem levar a acidentes pela ação mecânica de componentes da máquina ou do equipamento. De acordo com Vilela (2000), o risco mecânico está normalmente relacionado com o ponto onde o trabalho é executado no material (ponto de corte, ponte de moldagem, ponto de perfuração, de estampagem, de esmagamento e de empilhamento de material), o mecanismo de transmissão de força (volantes, polias, correias, conexões de eixos, junções, engates, fusos, correntes, manivelas e engrenagens) e outras partes que se movimentam enquanto a máquina está trabalhando (partes girantes, movimentos de ida e volta, movimentos transversais e outros). A identificação do risco mecânico deve levar em consideração a gravidade do possível dano, sendo ele reversível ou irreversível, a possibilidade de exposição, levando em consideração a sua frequência (curta ou longa), e a probabilidade de ocorrência do dano, podendo ser baixa, média ou alta. A partir da identificação é possível determinar os locais de zonas de perigo. De acordo com a NR-12 zonas perigosas são “Qualquer zona dentro ou ao redor de uma máquina ou equipamento, onde uma pessoa possa ficar exposta a risco de lesão ou danos à saúde” (BRASIL, 2019d, p. 63). A prevenção de riscos em máquinas e equipamentos deve inicialmente garantir a neutralização das fontes de risco. Neste sentido, a NR-12 adota o distanciamento como forma de garantir que os trabalhadores estejam afastados das fontes de risco (BRASIL, 2019d). Essa distância pode ser feita por barreiras de proteção ou outros dispositivos previstos nas normas técnicas oficiais ou nas normas internacionais. Vale ressaltar que, a utilização desses dispositivos deve seguir as regras de distâncias mínimas exigidos nas normas técnicas. A proteção das máquinas equipamentos por meio das barreiras físicas, garantindo o distanciamento do trabalhador das zonas de perigo, podem ser do tipo proteção fixa ou proteção móvel. De acordo com a NR-12 (BRASIL, 2019d), a proteção fixa “deve ser mantida em sua posição de maneira permanente ou por meio de elementos de fixação que só permitam sua remoção ou abertura com o uso de ferramentas”, isto é, soldada ou fixa por parafusos e porcas. E a proteção móvel “que pode ser aberta sem o uso de ferramentas, geralmente ligada por elementos mecânicos à estrutura da máquina ou a um elemento fixo próximo, e deve se associar a dispositivos de intertravamento”. 117 FIGURA 11 – DIAGRAMA PARA SELEÇÃO DO TIPO DE PROTEÇÃO MECÂNICA FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/5622896/>. Acesso em: 21 jul. 2021. Todos os ambientes com risco mecânico, assim como as máquinas e equipamentos, devem ser bem sinalizados, de maneira a evitar acidentes e garantir a integridade física tanto dos trabalhadores que fazem uso direito desses dispositivos quanto para aqueles que circulam no ambiente. Além do uso correto dos equipamentos de proteção individual, os trabalhadores precisam passar por capacitações para operações seguras de máquinas, abrangendo etapas práticas e teóricas. Segundo a NR-12 (BRASIL, 2019d), o conteúdo mínimo dessa capacitação deve conter: • descrição e identificação dos riscos associados com cada máquina e equipamento e as proteções específicas contra cada um deles; • funcionamento das proteções; como e por que devem ser usadas; • como e em que circunstâncias uma proteção pode ser removida, e por quem, sendo na maioria dos casos, somente o pessoal de inspeção ou manutenção; • o que fazer, por exemplo, contatar o supervisor, se uma proteção foi danificada ou se perdeu sua função, deixando de garantir uma segurança adequada; • os princípios de segurança na utilização da máquina ou equipamento; • segurança para riscos mecânicos, elétricos e outros relevantes; • método de trabalho seguro; • permissão de trabalho; e sistema de bloqueio de funcionamento da máquina e equipamento durante operações de inspeção, limpeza, lubrificação e manutenção. Proteção móvel com intertravamento; Proteção associada ao comando. Não é necessário definir proteções mecânicas? Existem partes móveis expostas? Necessidade de acesso durante a operação da máquina? Proteção fixa. Necessidade de acesso ocasional? Manutenção, Ajuste, Configuração, etc. Acesso contínuo quando realiza a alimentação manual da peça ou material? Proteção autorregulável.Proteção fixa; Proteção móvel com intertravamento. Proteção móvel com intertravamento. Operação é frequente? Existe parada total e imediata quando a proteção é removida? Proteção móvel com intertravamento. Acesso ao início/final de cada operação para alimentação manual? Existe parada total e imediata quando a proteção é removida? Proteção móvel com intertravamento. 118 As capacitações na etapa prática devem ser supervisionadas e documentadas, podendo ser realizadas na própria máquina que será operada. ATENÇÃO 4 ELÉTRICA A eletricidade é sem sombra de dúvida uma das maravilhas desenvolvidas pelo homem. Entretanto, quando mal administrada, tanto em nível de projeto quanto em nível de utilização, pode causar sérios problemas à saúde e segurança dos trabalhadores, inclusive acidentes fatais. De acordo com o anuário estatístico de acidentes de origem elétrica 2021 da Associação Brasileira de Conscientização Para os Perigos da Eletricidade (ABRACOPEL, 2021), pelo menos 294 (duzentos e noventa e quatro) pessoas morreram oriundas de choques elétricos e ao menos 583 (quinhentos e oitenta e três) incêndios tiveram como origem a eletricidade. Desta forma, a NR-10 (BRASIL, 2019c) tem por objetivo promover condições de trabalho seguras a todos as pessoas que trabalham direta ou indiretamente com energia elétrica, abrangendo a segurança tanto para os prestadores de serviços em eletricidade quanto para os que interajam em instalações elétricas. Todo local de trabalho requer uma instalação elétrica adequada as características das atividades exercidas. Vale lembrar que a NR-10 (BRASIL, 2019c) se limita a estabelecer quesitos de segurança ou complementosa normas técnicas brasileiras já existentes, como: • NBR-5410 – Instalações elétricas em baixa tensão • NBR-14039 – Instalações elétricas de média tensão de 1kV a 36,2 kV • NBR-5418 – Instalações elétricas em atmosferas explosivas • NBR-13534 – Instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais a saúde • NBR-13570 – Instalações elétricas em locais de afluência de público • NBR-14639 – Posto de serviço A NR-10 (BRASIL, 2019c) dispõe sobre a segurança do trabalho na execução dos serviços de instalações elétricas desenergizadas, instalações elétricas energizadas, trabalhos envolvendo alta tensão, construção, montagem, operação e manutenção e habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores. 119 FIGURA 12 – ATIVIDADE COM ELETRICIDADE FONTE: <https://conect.online/wp-content/uploads/2018/12/256512-como-evitar-acidentes-de- trabalho-de-ordem-eletrica.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2021. Essa norma deve ser aplicada nas fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, englobando toda e qualquer situação que contenha eletricidade, incluindo as atividades de projeto, construção, montagem, operação e manutenção de instalações elétricas ou quaisquer trabalhos executados em suas proximidades. Segundo determinação do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO), na Resolução nº 7, de 24 de agosto de 1992, em caso de ausência ou omissão de norma brasileira, devem-se seguir as normas internacionais, garantindo que em análises futuras, casa haja regulamentação posterior, haverá certa compatibilidade. Existe ainda um consenso que na ausência de normas brasileiras e normas internacionais, podem-se utilizar normas estrangeiras. Vale ressaltar que, a norma internacional é reconhecida por diversos países, já a norma estrangeira somente tem reconhecimento em seu país de origem. Uma vez apontadas as normas existentes a cada atividade, cabe ao responsável pelo serviço avaliar os riscos referente à atividade a ser executada, para enfim adotar medidas preventivas adequadas à prevenção do choque elétrico e seus adicionais, garantindo segurança as pessoas durante seus trabalhos. Como visto anteriormente, a análise de risco tem por objetivo a seleção de medidas de controle necessárias a eliminação ou minimização do risco. Neste sentindo podem-se destacar três principais tipos de medidas de controle para as atividades envolvendo eletricidade: medidas de proteção coletiva, medidas de proteção individual, e a elaboração dos procedimentos operacionais padrão (POP). A NR-10 (BRASIL, 2019c) determina que as empresas devem manter atualizados e disponíveis os diagramas unifilares das instalações elétricas. O diagrama unifilar é composto pelos interruptores, condutores, caixa de passagem, quadro de distribuição, luminárias, tomadas, eletrodutos e a identificação dos respectivos elementos. 120 FIGU RA 13 – EX EM PLIFICAÇÃO D E U M D IAGRA M A U N IFILA R FO N TE: <https://bit.ly/3FjgJq2>. A cesso em : 18 set. 2021. 121 Em relação à operação dos dispositivos de proteção contra curto-circuito, a capacidade de interrupção deve ser superior ao valor da corrente de curto-circuito presumida no ponto de instalação do equipamento, assegurando a segurança dos trabalhadores na sua operação. Todos estabelecimentos com carga instaladas superior a 75kW devem constituir e manter o prontuário de instalações elétricas. Este prontuário é o elemento-chave para a implementação de um sistema de gerenciamento em segurança e saúde bem- sucedido. Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados de acordo com procedimento de trabalhos específicos, sendo estes padronizados, com a descrição detalhada da atividade e o passo a passo de como deve ser feito. Este procedimento deve ser analisado e assinado por um profissional habilitado. Para a execução de serviços em eletricidade, os profissionais devem possuir documentação compatível com a atividade a ser executada. Os documentos podem comprovar qualificação, habilitação, capacitação e o treinamento dos trabalhadores. Avalia-se como qualificado o profissional que apresenta documentação de conclusão de curso específico para execução de sua atividade, habilitado o profissional que possui registro em conselho de classe, capacitado o profissional que recebe capacitação de um profissional habilitado para exercer sua função. O procedimento operacional padrão (POP) deve ser elaborado com a participação do SESMT e/ou da CIPA com assinatura de um profissional habilitado. O seu escopo deve conter o objetivo, o campo de aplicação, a base técnica, as competências e responsabilidades, as disposições gerais, as medidas de controle e as orientações finais. A NR-10 (BRASIL, 2019c) destaca que inicialmente se deve aplicar as medidas de proteção coletiva. E como medidas de proteção coletiva, destaca a não acessibilidade das partes vivas (energizadas) e a garantia que as massas ou partes condutivas acessíveis não ofereçam perigo elétrico em condições normais. De forma a garantir a não acessibilidade das partes vivas (energizadas), devem-se isolar as partes vivas, criar barreiras ou obstáculos de acesso, instar em locais fora do alcance e limitar as tensões. Com relação à garantia que as massas ou partes condutivas acessíveis não ofereçam perigo elétrico em condições normais, deve-se realizar o seccionamento automático da alimentação, utilizar infraestrutura de aterramento, colocar no mesmo potencial elétrico (equipotencialização) e realizar a isolação suplementar e a separação elétrica. Quando as medidas de proteção coletiva forem inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, deve-se adotar a utilização de equipamentos de proteção individuais específicos a cada atividade. 122 Sempre que o trabalhador verificar alguma situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível, deve imediatamente interromper as atividades e informar ao seu superior hierárquico. Vale ressaltar que é proibido o uso compartilhado de EPIs entre trabalhadores, mesmo que utilizados em momentos diferentes. ATENÇÃO Visando à segurança e comunicação entre os profissionais, sempre que não for possível contato visual entre os trabalhadores, devem ser fornecidos equipamentos de comunicação em perfeito estado de funcionamento, independentemente das condições locais e interferências ou ausência de sinais. Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando- se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e influências externas, tais como presença de água, poeiras, temperaturas elevadas e vibrações. Os equipamentos, ferramentas, dispositivos, equipamentos de proteção individual e coletivo que possuam isolação elétrica devem estar adequados às tensões envolvidas. Todos os equipamentos de proteção individual ou coletiva devem ser testados periodicamente de acordo com norma técnica, caso não especificado, deve- se fazer conforme indicação do fabricante, e os resultados devem ser anotados no prontuário das instalações elétricas. Em relação aos serviços em eletricidade com exposição à tensão superior a 1000 Vca e 1500 Vcc, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente. 5 PRODUÇÃO O crescimento de uma empresa está diretamente relacionado com a produção, sendo o produto final o principal objetivode qualquer empresa que visa ao lucro. Entretanto, esse processo deve estar alinhado com a qualidade do serviço prestado ou produto fornecido e a segurança dos colaboradores. 123 Além das normas regulamentadoras brasileiras (NRs), que visam garantir a saúde e segurança no ambiente de trabalho, a norma internacional, criada pela International Organization for Standardization, ISO 45001:2018 (Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional) também tem por objetivo ajudar as organizações a minimizar os riscos nos ambientes de trabalho, melhor as condições de trabalho, criar padrões e integrar os requisitos normativos no sistema de gestão da organização. A norma ABNT NBR ISO 45001 alinhada com as normas ABNT NBR ISO 9001 (Sistema de Gestão de Qualidade) e a ABNT NBR ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental) formam um Sistema de Gestão nas organizações de maneira ampla e completa. Vale destacar que, essas normas podem ser aplicadas por qualquer organização, independentemente do tamanho, tipo ou natureza. A Alta Direção tem papel fundamental na implantação dessa norma, assim como em mantê-la com melhorias contínuas. Para tanto, a política da empresa deve incluir o comprometimento em “proporcionar condições de trabalho seguro e saudável para prevenção de lesões e problemas de saúde relacionados ao trabalho”. Os colaboradores também são indispensáveis para o bom funcionamento desse sistema. Neste sentindo, a política da empresa também deve incluir o comprometimento com a “consulta e participação dos trabalhadores e, onde existe, de representantes dos trabalhadores”. Logo, a alta direção deve promover uma comunicação efetiva com os trabalhadores, levando em consideração aquilo que eles têm a dizer sobre a segurança do trabalho. Pela ISO 45001, as ações de identificação de perigo devem levar em consideração: • Como o trabalho é organizado, incluindo os fatores sociais (carga horária, horário de trabalho, vitimização, assédio e bullying), liderança e cultura da organização; • Atividade e situações rotineiras e não rotineiras; • Indecentes passados pertinentes, internos ou externos a organização, incluindo situações de emergência e suas causas; • Situações potenciais de emergência; • Acesso de pessoas ao local de trabalho, incluindo os trabalhadores e visitantes; • Pessoas próximas ao local de trabalho que podem ser afetados pelas atividades da organização; • Trabalhadores em locais que não estejam sobre o controle direto da organização; • O projeto da área de trabalho, processos, instalações, máquinas/equipamentos, procedimentos operacionais e organização do trabalho; • Situações que ocorram nas proximidades do local de trabalho, causadas por atividades relacionadas a organização; • Situações não controladas pela organização, e que ocorram nas proximidades do local de trabalho, que possam causar lesões e doenças as pessoas no local de trabalho; • Mudanças reais ou propostas na organização, operações, processos, atividades e no sistema de gestão da segurança do trabalho; • Outros. 124 Em seguida, a identificação dos perigos, deve-se estabelecer, implementar e manter a avaliação de risco levando em consideração a natureza e periculosidade, assegurando que medidas proativas sejam implementadas em vez de reativas (corretivas). Também se deve avaliar as oportunidades para melhor o sistema de gestão de segurança, levando em consideração as questões de adaptação do trabalho, eliminação do perigo e redução do perigo. Após todo o levantamento é elaborado o plano de ação. Todas as ações previstas no plano devem ser executadas seguindo as normas da ISO 45001 e respeitando as legislações brasileiras, incluindo as Normas Regulamentadoras. Durante a sua execução também é necessário levar em consideração a gestão da mudança, ou seja, implementar e controlar mudanças planejadas, sejam elas temporárias ou permanentes. Em caso de mudanças não intencionais, a organização deve analisá-la e tomar medidas de prevenção e controle dos efeitos adversos. Os serviços prestados por terceirizados também devem ser controlados pela organização de maneira a garantir que esses trabalhadores estejam conscientes dos requisitos de segurança e mantenham o sistema de gestão em atendimento. Toda as atividades relativas ao sistema de gestão de saúde e segurança devem passar pelo monitoramento, medição, análise e avaliação de desempenho, como forma de garantir a correta aplicação da norma. Uma forma de realizar esse monitoramento é por meio das auditorias internas, que visam fornecer informações sobre o sistema. Por fim, a Alta Direção deve realizar uma análise crítica de todas as ações tomadas e propor medidas de melhoramento contínuo. Em um sistema produtivo, a aplicação de ações preventivas e de controle de riscos a qual os trabalhadores estão expostos é de fundamental importância para garantir a saúde e segurança, assim como manter a produtividade e qualidade da organização. 125 LEITURA COMPLEMENTAR GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Marinaldo Loures Ferreira O setor da construção civil apresenta índices de acidentes de trabalho elevados. As práticas de gestão da segurança e saúde no trabalho através de suas ferramentas gerenciais, podem minimizar os perigos e riscos de acidentes nos canteiros de obras, preservando o maior capital da empresa, a vida humana. Este artigo tem como objetivo verificar o cenário da gestão da segurança e saúde no trabalho nos empreendimentos da construção civil do município de Unaí, suas principais dificuldades, assim como o uso de EPIs nos canteiros de obras. A coleta de dados se deu por meio de observação in loco e entrevistas semiestruturadas com gestores e colaboradores. O estudo mostra que 84% dos envolvidos nas atividades da construção civil receberam treinamentos sobre uso adequado dos EPIs e orientações sobre os riscos de sua função. Conclui-se que os responsáveis pelos empreendimentos estudados visam apenas atender as normas regulamentadoras e outros requisitos legais pertinentes ao setor da construção, tendo a figura do técnico de segurança apenas no início do empreendimento, para ajudar com a documentação exigida, passível de fiscalização. INTRODUÇÃO A construção Civil é a uma área com capacidade bem expressiva na economia do pais, possui a capacidade de elevar a taxa de emprego e de renda, assim como o desenvolvimento social. Entende-se como construção civil, o conjunto de atividade, do ramo da engenharia, que tem como finalidade transformar materiais e espaços de acordo com a necessidade do homem, através da execução de projetos previamente elaborados, respeitando os princípios técnicos e as normas vigentes, caracterizando- se como atividades que envolvem a instalação, reparação, equipamentos e edificações (GOMES et al., 2019; OLIVEIRA, 2012). No Brasil o setor da construção civil teve um crescimento de 1,6% no ano de 2019 e com perspectiva de crescimento em torno de 3% no ano de 2020 (CBIC, 2020). Sendo responsável também pelo aumento no número de acidentes de trabalho, no ano de 2018, foram 623.786 acidentes, sendo 2.022 notificações de acidentes de trabalho com óbitos (SMARTLAB, 2020). Entre as estratégias para a redução de acidentes do trabalho na construção, pode-se citar a adoção de práticas gestão de segurança e saúde do trabalho (SST). A prática de gestão de SST configura no processo gerencial, empregando uma ou mais técnicas e ferramentas, de características obrigatória pela legislação ou voluntária, cujo objetivo principal visa o controle de riscos relacionados à SST (BRIDI et al., 2013). 126 Estudos apontam que investir SST torna a empresa competitiva e diferenciada, promovendo melhores resultados, equipes com alta performance eimagem positiva perante a sociedade, ademais, implantar programas de prevenção não é custo e sim investimento estrategicamente motivacional aos colabores, influenciando diretamente no processo produtivo (SILVA et al., 2016). Nesta perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo verificar o cenário da gestão da SST nos empreendimentos da construção civil do município de Unaí, suas principais dificuldades, assim como o uso de EPIs nos canteiros de obras. A saúde e a segurança dos trabalhadores são o ponto principal de atenção dentro de uma organização, perdas materiais e humanas abala a credibilidade de investidores, clientes e perante a sociedade (FERREIRA, 2019). Ademais, as pessoas constituem o principal patrimônio das organizações, sendo vital para o sucesso de qualquer empreendimento (CHIAVENATO, 2014). METODOLOGIA A realização deste trabalho se deu por meio de uma pesquisa qualitativa, com base na metodologia de estudo de caso. A pesquisa qualitativa pode e, muitas vezes, necessita ser complementada com recursos de outros tipos de pesquisa como a quantitativa, para atingir os objetivos propostos e apresentação de seus resultados (LARA et al., 2011). Se preocupa fundamentalmente com a compreensão e a interpretação do fenômeno estudado em seus cenários naturais, tendo como principal objetivo compreendê-lo, explorá-lo e especificá-lo (AUGUSTO et al., 2013). Os instrumentos de coleta de dados basearam-se em entrevistas semiestruturadas com técnicos de segurança, trabalhadores dos canteiros de obras e alguns funcionários-chave dos empreendimentos estudados. Também foram realizadas observações in loco, por meio de visitas com o intuito de observar a postura dos envolvidos no dia a dia em relação à SST. Portanto, foram analisados, nesta pesquisa, seis empreendimentos da construção civil, com seus estágios variados, algumas na fase de acabamento e outras na fase de infraestrutura e supra estrutura. Procurou-se, verificar as práticas de gestão da SST nos empreendimentos, assim como o envolvimento dos colabores e as principais dificuldades. O estudo foi realizado no município de Unaí, localizado no Noroeste de Minas Gerais, com 8.448,082 km² de unidade territorial e população estimada em 2019 de 84.378 habitantes (IBGE, 2019). Se destacando por possuir a maior área equipada por pivôs centrais do país de acordo com levantamento de 2017, um total de 65.930 hectares, contribuindo de forma significativa para o aumento e a estabilidade da oferta de alimentos no país. 127 Ainda segundo informações do (IBGE, 2019) o município figura entre os primeiros colocados no ranking de maior Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário de Minas Gerais, refletindo diretamente no setor da construção civil, atividade está, que proporciona um forte impacto no desenvolvimento econômico da cidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Treinamentos e capacitações sobre segurança e saúde do trabalho são ferramentas de SGSST importantes para garantir que os trabalhadores adquiram conhecimento a respeito dos possíveis riscos nas atividades que desenvolverão e adquiram habilidades para evitá-los ou controlá-los (SEFRIAN, 2019). Nesta perspectiva, o estudo mostra que 84% dos envolvidos nas atividades da construção civil dos seis empreendimentos avaliados receberam treinamentos sobre uso adequado dos EPIs e orientações sobre os riscos de sua função. Tais treinamentos segundo pesquisa (figura 2), ocorrem ao iniciar o empreendimento, após ser contratado no decorrer das obras e em alguns casos uma vez ao ano. E 16% afirmam não ter recebido treinamento, fato este, devido a contratação no decorrer da execução do empreendimento, motivado pelo dinamismo das atividades. Os empreendimentos estudados possuem Grau de Risco 3 de acordo com o disposto no quadro I da NR-4 (BRASIL, 2016), portanto conforme o quadro II da mesma norma, estão dispensados de contratarem um profissional de SST, sendo obrigatório a partir de 100 colaboradores e empresas com GR 4 somente estão obrigadas a terem SESMT a partir de 50 funcionários, exigência esta, que promove a falta de um profissional nos empreendimentos estudados, favorecendo o descompromisso com a SST e tornando a gestão deficiente. FIGURA 2 – TREINAMENTOS SOBRE USO DE EPIS/ORIENTAÇÕES SOBRE RISCO DA FUNÇÃO Treinamento ao iniciar o empreendimento 57% Treinamento anual 24% Não houve treinamento 16% Treinamento após contratação com empreendimento em andamento 3% 128 É recomendável que em toda obra, independentemente do seu porte, o engenheiro responsável tenha suporte de um profissional de segurança do trabalho para assessorá-lo, seja como empregado ou como prestador de serviço autônomo (CBIC, 2017). Quanto ao fornecimento de EPIs, pôde-se constatar que as empresas exigem e fornecem aos seus colabores. De um modo geral, a maioria dos trabalhadores que atua no canteiro de obras utilizam os EPIs recomendados, exceção daqueles que alegam dificuldades de locomoção quanto ao uso do cinto de segurança. A deficiência mais visível, observada no estudo, foi relacionado a instalações e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), onde todos os empreendimentos estavam em desconformidade com o exigido pelas normas. São exemplos de EPC: o sistema de guarda-corpo e rodapés; plataformas de proteção; sistema limitador de queda em altura (SLQA); tela fachadeira; linha de vida e pontos de ancoragem (SEFRIAN, 2019). As principais dificuldades referentes a ao gerenciamento do SGSST dos empreendimentos se resumem conforme (Quadro 2), onde todas praticamente compartilham das mesmas observações. QUADRO 2 – PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS NO GERENCIAMENTO DO SGSST NOS EMPREENDIMENTOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESTUDADOS Um passo importante para facilitar a gestão da SST, seria a realização de Diálogo Diário de Segurança (DDS), recurso este, pouco aplicado nos canteiros de obras. Devido ao andamento do empreendimento e cronograma apertado, segundo a pesquisa 50% responsáveis aplicam o DDS uma vez por semana e os outros 50% a cada quinze dia ou quando houver a necessidade. Porém, afirmam que 90% do momento é para tratar de assuntos referentes a execução das atividades e raramente abordam a segurança do trabalho. CONSTRUÇÃO CIVIL Dificuldade na elaboração de procedimentos e instruções; Falta de profissional específico para gerir os procedimentos; Resistência às mudanças; Baixo índice de escolaridade dos funcionários; Falhas na comunicação interna; Baixo índice de conscientização dos funcionários; Ausência de indicadores de desempenho em segurança e saúde no trabalho; Não estabelecimento da segurança e saúde como um dos objetivos estratégicos da empresa. 129 CONCLUSÕES Diante do exposto, concluiu-se que os responsáveis pelos empreendimentos estudados têm conhecimento dos riscos relacionados a SST, porém, seus objetivos visam apenas atender as normas regulamentadoras e outros requisitos legais pertinentes ao setor da construção. A figura do técnico de segurança se torna usual apenas no início do empreendimento, para ajudar com a documentação exigida, passível de fiscalização, uma vez que, a NR 4 desobriga as empresas de tal profissional em função do grau de risco das atividades relacionada ao número de colaboradores. Por ser a produção o foco principal, os responsáveis sempre alegam não dispor de recursos para manter um técnico no canteiro, assim como, para correção de situações de risco, ainda que o recurso seja apenas o treinamento e comprometimento com a gestão de SST. Investir em treinamentos técnicos e comportamentais, permite desenvolver competências específicas nos colaboradores, tornando-os mais produtivos, minimizando os riscos de acidentes pela conscientizaçãoe conhecimento dos perigos e riscos que envolve as atividades individuais e coletivas dentro dos canteiros de obras. Quanto aos colaboradores, observa-se uma grande resistência com a SST, argumentam que nunca sofreram acidentes, que são cuidadosos, não havendo a necessidade de usar os equipamentos de proteção individual que são fornecidos pelo empreendimento, assim como, alguns equipamentos de proteção coletiva. Fato este, comum na construção civil em geral, motivado pela baixa escolaridade da maior parte dos colaboradores e falta de fiscalização efetiva por um responsável da SST. E a consequência desta negligencia, é refletida no índice de acidentes do setor, justificando o fato de ser tão expressivo. Propõe-se que a temática do assunto pesquisado seja objeto de posteriores estudos mais aprofundados, associando a gestão com metodologias inovadoras de treinamentos, pois o campo da gestão da SST é amplo, com inúmeras possibilidades de pesquisas. FONTE: FERREIRA, M. L. Gestão da saúde e segurança do trabalho na construção civil. Entrepreneurship, v. 4, n. 2, p. 43–51, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.6008/cbpc2595-4318.2020.002.0005. Acesso em: 10 nov. 2021. 130 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As atividades da construção civil são regulamentadas pela NR-18. Essa norma se aplica às atividades da indústria da construção civil desde seu planejamento e projeto até sua execução, manutenção e restauração de obras. • Todas as atividades da construção civil devem elaborar o PGR, contemplando os riscos ocupacionais (físico, químico, biológico, ergonômico e mecânico) relacionados à atividade e às medidas de controle. • O risco mecânico é um conjunto de fatores físicos que podem levar a acidentes pela ação mecânica de componentes da máquina ou do equipamento. A sua prevenção deve inicialmente garantir a neutralização das fontes de risco. • A prevenção e o controle de risco em máquinas e equipamentos são regulamentados pela NR- 12, que abrange desde a fase de projeto a utilização desses dispositivos. • A eletricidade trouxe diversos benefícios para a sociedade, porém também apresenta riscos graves à saúde e à segurança dos trabalhadores, sendo necessária a aplicação correta da NR-10 e das outras normas técnicas pertinentes ao assunto. • A NR-10 destaca que inicialmente se deve aplicar as medidas de proteção coletiva. E como medidas de proteção coletiva, destaca a não acessibilidade das partes vivas (energizadas) e a garantia que as massas ou partes condutivas acessíveis não ofereçam perigo elétrico em condições normais. • A Norma ISO 45001:2018 auxilia as organizações na implantação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional. 131 1 De acordo com o NR-18, todas as atividades da construção civil devem elaborar o Programa de Gerenciamento de Risco (PGR). Sobre o PGR, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente um profissional habilitado por elaborar o PGR. b) ( ) Profissionais habilitados e qualificados podem elaborar o PGR. c) ( ) Profissionais qualificados não podem elaborar o PGR. d) ( ) Profissionais qualificados somente podem elaborar o PGR para locais com até 10 funcionários e 7 metros de altura. 2 A prevenção e o controle de risco em máquinas e equipamento são regulamentados pela NR-12, que determina a neutralização das fontes de risco como procedimento de segurança. Sobre esse quesito, assinale a Alternativa CORRETA: a) ( ) A neutralização é uma medida de controle eficiente, não sendo necessário aplicar outras medidas de controle. b) ( ) A neutralização é aplicada por meio do distanciamento entre o trabalhador e a fonte de risco. c) ( ) As barreiras de proteção não são eficientes na neutralização dos riscos. d) ( ) As distâncias mínimas dos dispositivos de neutralização são estabelecidas pela organização. 3 As atividades que envolvem energia elétrica são regulamentadas pela NR-10. Essa norma dispõe sobre as execuções dos serviços de instalações elétricas desenergizadas, instalações elétricas energizadas, trabalhos envolvendo alta tensão, construção, montagem, operação e manutenção e habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores. Referente à utilização dos equipamentos de proteção individual disposta na NR-10, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Podem ser compartilhados sem ressalvas. b) ( ) Podem ser compartilhados desde que em horários diferenciados. c) ( ) Não podem ser compartilhados. d) ( ) Podem ser compartilhados desde que utilizados no mesmo turno. 4 Em uma inspeção de rotina, um profissional da equipe de manutenção industrial encontrou um dispositivo com defeito e o removeu, como não havia outro semelhante para substituição, deixou o circuito aberto e com os condutores expostos. Dentre os condutores, há cabos energizados (vivos). Você como profissional de segurança foi AUTOATIVIDADE 132 chamado ao local para levantar as medidas de proteção de risco. Desta forma, quais as medidas de controle de risco adequadas para a prevenção de acidentes em caso de linhas ou condutores vivos expostos. 5 O Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho podem ser implementados em uma empresa por meio da norma internacional ISO 45001:2018. A política ambiental da empresa deve incluir itens sobre o compromisso da alta direção em relação à segurança e em relação aos trabalhadores. Quais são esses itens inclusos pela norma? 133 REFERÊNCIAS ABRACOPEL – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA OS PERIGOS DA ELETRICIDAD. Anuário estatístico de acidentes de origem elétrica 2021 com base 2020. Salto: ABRACOPEL, 2021. Disponível em: https://abracopel.org/wp- content/uploads/2021/03/Abracopel-APROVA_baixa.pdf. Acesso em: 20 jul. 2021. AGÊNCIA CBIC. Expectativa da CBIC para o PIB do setor em 2021. CBIC, Brasília, DF, 26 jul. 2021. Disponível em: https://cbic.org.br/expectativa-da-cbic-para-o-pib-do-setor- em-2021-subiu-de-25-para-4/. 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Acesso em: 28 nov. 2021. 134 BRASIL. NR-29: serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Portaria MTE nº 1.080, de 16 de julho de 2014. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 17 jul. 2014. Disponível em: https://www.gov.br/ trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-29.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-4: serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Portaria MTPS nº 510, de 29 de abril de 2016a. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2 maio 2016. Disponível em: https://www.gov.br/ trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/ inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-04.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-11: transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Portaria MTPS nº 505, de 29 de abril de 2016. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 2 maio 2016b. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e- previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/ seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-11.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-6: equipamento de proteção individual - EPI. Portaria MTb nº 877, de 24 de outubro de 2018. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 26 out. 2018a. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/ orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no- trabalho/normas-regulamentadoras/nr-06.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-7: programa de controle médico de saúde ocupacional. Portaria MTb nº 1.031, de 6 de dezembro de 2018. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 10 dez. 2018b. 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Acesso em: 17 nov. 2021. 135 BRASIL. NR-1: disposições gerais. Portaria SEPRT nº 915, de 30 de julho de 2019. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 31 jul. 2019a. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos- especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ normas-regulamentadoras/nr-01.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-9: programa de prevenção de riscos ambientais. Portaria SEPRT nº 1.359, de 9 de dezembro de 2019. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 10 dez. 2019b. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt- br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e- saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-09-atualizada-2019.pdf. Acesso em: 17 nov. 2021. BRASIL. NR-10: segurança em instalações e serviços em eletricidade. Portaria SEPRT nº 915, de 30 de julho de 2019. 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Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ERGONOMIA TÓPICO 2 – AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO TÓPICO 3 – GERENCIAMENTO DE RISCO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 140 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 141 TÓPICO 1 — ERGONOMIA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos como a ergonomia está diretamente interligada a diversas áreas e como seus estudos são fundamentais para manter o ambiente de trabalho saudável e seguro para os trabalhadores. Aprenderemos que a ergonomia atua tanto na correção, como na concepção e conscientização dentro do ambiente de trabalho. Falaremos sobre as diversas doenças ocupacionais que podem ser causadas por falta de condições ergonômicas adequadas, dentre elas as lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Além disso, aprenderemos como o controle de temperatura do ambiente e a luminosidade são problemas ergonômicos e que a prevenção desses riscos deve ser realizada para manter a integridade física dos trabalhadores. 2 INTRODUÇÃO À ERGONOMIA A palavra ergonomia do grego ergon (trabalho) e nomos (regras) é o estudo do trabalho, ou seja, é a área responsável por estudar a saúde e o conforto do trabalhador durante a realização de suas atividades laborais. De acordo com Falzon (2007), os ergonomistas devem ter uma compreensão dos fatores físicos, cognitivos, sociais, ambientas e organizacionais. No ano de 1978, devido a um elevado número de acidentes e doenças oriundas das atividades de trabalho, implementaram-se nas leis trabalhistas, juntamente com as normas regulamentadoras, regras a serem seguidas de formar a garantir um ambiente seguro e saudável aos trabalhadores (ROSA; QUIRINO, 2017). Iida (2003) relata que alguns problemas inertes ao trabalho são tão antigos quanto o próprio trabalho, por exemplo, as formas e peso do martelo são definidos em função da característica da matéria-prima trabalhada em busca de um efeito desejado e não em relação ao que causa melhor bem-estar ao trabalhador. Neste sentindo, de acordo com Abdala (2012, p. 39), “a ergonomia pode ser considerada um marco na história, ela não visa modificar o homem e sim as suas condições de trabalho. A Ergonomia se orienta principalmente na proteção do trabalhador, e não no aumento da produtividade”. 142 Os objetivos da ergonomia foram definidos por Correa e Boletti (2015, p. 2) como “a satisfação e o conforto dos indivíduos e a garantia de que a prática laboral e o uso do equipamento/produto não causem problemas à saúde do usuário”. Durante uma disciplina da especialização em ergonomia contemporânea, o Dr. Vidal (2000) apresentou um esquema que demonstrava como a ergonomia está relacionada a diversas áreas do conhecimento, tais como medicina do trabalho, sociologia e psicologia. FIGURA 1 – INTERDISCIPLINIDADE DA ERGONOMIA FONTE: Vidal (2000, p. 5) A ergonomia também pode auxiliar no aumento da valorização profissional, em que a empresa mostra preocupação com seus trabalhadores, e assim, gerar benefícios à saúde física e mental deles, além de aumentar a produtividade no serviço prestado. IMPORTANTE A ergonomia pode ser dividida em três tipos: ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. A ergonomia física é definida como o estudo das atividades anatômicas, fisiológicas e biomecânicas do homem durante sua atividade física, tais como, a repetitividade,as cargas, postura de trabalho e outros. Já a ergonomia cognitiva estuda os processos mentais, como a percepção e raciocínio, envolvendo a carga mental de trabalho e tomada de decisão. Por outro lado, a ergonomia organizacional estuda a concepção do trabalho, jornadas de trabalho e outras atividades a nível de gestão (DEFINITION [...], 2016). 143 FIGURA 2 – TIPOS DE ERGONOMIA FONTE: Vidal (2000, p. 16) De acordo com IIDA (2003), a ergonomia atua em todas as áreas, desde um pequeno escritório até plantas industriais de alto nível, de um modo peculiar, observando alturas de mesas e cadeiras, ruídos, temperatura do ambiente e todo e qualquer item que possa prejudicar a saúde do trabalhador. Pensando nas atividades oriundas da ergonomia, observam-se três seguimentos: a ergonomia de correção, ergonomia de concepção e ergonomia de conscientização. A ergonomia de correção propõe mudanças no posto de trabalho, como iluminação e disposição da sala. A ergonomia de concepção altera os instrumentos do trabalhador, como máquinas e sistemas. E a ergonomia de conscientização atua na orientação dos profissionais com foco em explicar os problemas e fazer com que adotem as medidas preventivas (IIDA, 2003). A fim de demonstrar quão enorme são os problemas ocasionados pelas atividades executadas no trabalho, as pesquisadoras Casarotto e Mendes (2003) realizaram estudo intitulado “Queixas, doenças ocupacionais e acidentes do trabalho em trabalhadores de cozinhas industrias”, em que avaliaram 257 trabalhadores de cinco cozinhas industriais, com faixa média de idade de 37,8 anos, sendo a mais velha com 64 e a mais nova com 21 anos. Os resultados demonstraram que cerca de 43,0% das pessoas apresentaram dores nas pernas, 39,2% dores nos pés e 38,1% dores na lombar e ombros. Além disso, a pesquisa também demonstrou que 2% obtiveram problemas psiquiátricos, reumáticos, alergias, visuais ou auditivos e aproximadamente 11% com problemas na coluna. De acordo com Vidal (2000), a ergonomia possui algumas modalidades de atuação, dentre elas: • Ergonomia de produto: trabalha com o desenvolvimento de novos produtos com base em normas ergonômicas; • Ergonomia de produção: estuda as formas de produção, layout fabril e outros; 144 • Ergonomia de intervenção: busca desenvolver programas de intervenção econômica; • Ergonomia de concepção: desenvolvimento de projetos ergonômicos para novas plantas ou processos fabris. Tal procedimento reduz os custos com intervenções futuras; • Ergonomia de correção: trabalha na correção de processos que já se encontram em execução, podendo ser micro ou macro, em um ou vários elementos; • Ergonomia de remanejamento: estuda a realocação de máquinas e equipamentos em um parque fabril em busca de resolver ou amenizar os problemas ergonômicos; • Ergonomia de modernização: busca certificações, como por exemplo, ISO-900. A interação da ergonomia e o trabalho pode atuar desde os sentidos fundamentais até a temperatura do trabalhador, conforme pode ser observado na Figura 3. FIGURA 3 – INTERAÇÃO TRABALHADOR E ERGONOMIA FONTE: Adaptado Vidal (2000) ´ ´ O Ministério da Saúde em seu relatório Série A. Normas e Manuais Técnicos, n° 103 apresenta um modelo geral das atividades executadas pelos trabalhadores, demonstrando as posturas de cada atividade (BRASIL, 2001). Nesse modelo fica evidente como os trabalhadores estão expostos a trabalhos repetitivos ou com posições fixas. Além disso, embora apresentado em 2001, este modelo remete às situações ainda presentes, por exemplo, os operadores em linha de montagem industrial, os cargos administrativos (bancários, secretários, atendentes, entre outros), os operadores de caixa e prestadores de serviço, ambos executam suas atividades de maneira repetitiva ao longo da jornada de trabalho. 145 FIGURA 4 – EXEMPLOS DE ATIVIDADES LABORAIS FONTE: Brasil (2001, p. 11) Todavia, não são somente estas atividades que exercem problemas à saúde do trabalhador, os profissionais de limpeza, por exemplo, são submetidos a lesões ocasionadas devido às posturas durante o trabalho diário, conforme evidenciado pela Figura 5. FIGURA 5 – PROFISSIONAL DE LIMPEZA COM ILUSTRAÇÃO DAS LESÕES FONTE: Brasil (2001, p. 11) 2.1 DISTÚRBIOS OCUPACIONAIS Alguns termos, como lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), abrangem ao que se refere a doenças no musculoesquelético (BRASIL, 2001). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), tais distúrbios possuem as seguintes características: 146 • Fadiga neuromuscular causada por trabalho realizado em posição fixa ou com movimentos repetitivos. • Dor, formigamento, dormência, choque, peso e fadiga precoce. • Tendinite, tenossinovite e sinovite, causados geralmente nos ombros, cotovelos, punhos e mãos. • Síndrome miofascial, mialgia, síndrome da tensão do pescoço, distrofia simpático- reflexa. 2.2 ERGONOMIA E A TECNOLOGIA A utilização da tecnologia trouxe diversas vantagens e desvantagens. O uso dos computadores, por exemplo, embora tenha facilitado diversas atividades laborais, também ocasiona problemas ergonômicos, especialmente devido à postura incorreta na hora de sentar, na altura dos braços referentes ao teclado e na altura da tela em relação à visão. De acordo com Couto (1991), os problemas ergonômicos causados pela utilização dos computadores estão diretamente relacionados com o mobiliário inadequado de trabalho, trabalhar com o monitor posicionado para a lateral, trabalhar com o telefone preso entre o pescoço e o ombro, monitor e teclado muito alto ou baixo, uso do mouse longe do corpo e dificuldade visual em relação ao monitor. Couto (1991), ainda destaca algumas recomendações para se organizar ergonomicamente durante as atividades executadas com computador, sendo elas: • mesa com altura de 75 cm, largura de aproximadamente 80 cm e comprimento de 120 cm. Há uma ressalva quanto à altura da mesa para pessoas muito altas ou muito baixas, sendo necessária uma adequação. E em caso de utilização compartilhada da área de trabalho, deve possibilitar ajustes/regulagem para cada usuário; • o monitor de vídeo deve formar um ângulo de leitura de 32 a 44 graus; • os antebraços devem estar horizontalizados e o teclado e o mouse devem estar na altura dos cotovelos; • deve ser possível apoiar os braços quando necessário com regulação de altura, porém, durante a digitação, os punhos não devem estar apoiados; • deve haver possibilidade de movimentar o teclado um pouco para a frente e um pouco para trás; • deve-se sentar mantendo um ângulo tronco-coxa de aproximadamente 100 graus; • os pés devem estar apoiados; • levantar-se e movimentar-se durante 10 minutos a cada duas horas. Alongar-se. 147 FI GU RA 6 – PO ST U R A C O RR ET A V ER SU S ER RA DA D U RA N TE E X EC U ÇÃ O D E TR A BA LH O E M F RE N TE A O C O M PU TA D O R FO N TE : < ht tp s: //w w w .s pd m .o rg .b r/ m ed ia /k 2/ ite m s/ ca ch e/ 79 2d 89 10 71 ec 9b 83 dd 6c 57 c3 27 a3 ba a5 _L .jp g> . A ce ss o em : 2 s et . 2 02 1. 148 2.3 PROBLEMAS NA COLUNA Segundo Abdala (2012), anualmente no Brasil são gastos milhões de reais dos cofres públicos com tratamento, perda de produção e benefícios ao assegurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social, devido à ocorrência de lesões na coluna vertebral. Todavia, muitos desses problemas poderiam ter sido evitados com a execução de políticas de saúde do trabalhador, por meio da ergonomia aplicada, visando corrigir a postura durante a execução das atividades. As principais causas de dores nas costas estão relacionadas com a fadiga muscular, torção da coluna, estiramento musculoligamentar, protusão intradiscal do núcleo pulposo e hérnia discal (COUTO, 1991). Além disso, o não conhecimento sobre o funcionamento do corpo por parte dos trabalhadores, podem aumentar ou agravar as lesões sobrea coluna. As principais atividades que podem causar lesões da coluna dos trabalhadores, de acordo com Abdala (2012) são: • levantar, manusear e carregar cargas com peso acima de 25 kg; • levantar e carregar cargas muito frequentemente, mesmo que não sejam pesadas; • carregar cargas na cabeça; • levantar e manusear cargas distantes do corpo (alto risco de lesão); • levantar e manusear cargas em torção e flexão do tronco (com rotação da coluna lombar); • pegar e manusear cargas volumosas e de difícil manejo (sem pegas ou alças, perigosas, quentes); • trabalhar sentado mais de quatro horas por dia; • trabalhar com o tronco encurvado (fletido); • vibração de corpo inteiro (ex.: ao dirigir empilhadeiras). Para mais informações sobre a relação ergonomia no trabalho e lesões na coluna vertebral acesse: https://www.youtube.com/watch?v=FFpOIbGjzF8. DICA 2.4 CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSIDADE O corpo humano trabalha de modo a proporcionar o equilíbrio térmico, ou seja, possui características naturais de termorregulação corporal. Quando há uma variação na temperatura seja ela crescente ou decrescente, o corpo humano tende a dissipar ou armazenar calor (MOURA; XAVIER, 2012). 149 A temperatura de sobrevivência do ser humano é de aproximadamente 37 °C. Quando se executa uma atividade com grande esforço físico o corpo tende a aumentar a temperatura, porém por meio da autorregularão, o corpo consegue garantir que a temperatura interna não altere através da dissipação de calor. O mesmo ocorre quando o corpo é exposto a baixas temperaturas (frio), o corpo reage para produzir calor garantindo que a temperatura na superfície da pele fique próximo a 34 °C (MOURA; XAVIER, 2012). Para Ruas (1999), o conforto térmico de uma pessoa (sensação de bem-estar), está relacionada à temperatura radiante média (trm), umidade relativa (UR), temperatura do ambiente (ta) e a velocidade relativa do ar (vr). E as sensações variam de pessoa para pessoa, ou seja, um ambiente confortável para um indivíduo pode ser frio ou quente para outro. Tratando-se de conforto térmico, a NR-17 (BRASIL, 2018b) indica que, em locais de trabalho que exijam um esforço intelectual e atenção constante, tais como, salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, entre outros, o índice de temperatura efetiva deve estar entre 20 e 23 °C, com velocidade do ar não superior a 0,75 m.s-1 e umidade relativa do ar não inferior a 40 %. Desta forma, exercer atividades em locais com frio intenso podem causar desconforto, doenças ocupacionais e até a morte, caso haja perda excessiva de temperatura. Em relação a saúde ocupacional, o artigo 253 da CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943) diz que: Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo (BRASIL, 1943). E em seu artigo 183: Nos estabelecimentos onde haja fontes de calor excessivo (fornos, caldeiras etc.) deverão ser previstos dispositivos especiais que protejam os trabalhadores na medida do possível, contra os efeitos prejudiciais do calor, a fim de serem mantidos os índices do conforto térmico exigidos [...] (BRASIL, 1943). Ainda segundo essa Lei, a definição de frio varia conforme a região do mapa oficial do Ministério do Trabalho. Entre a 1ª e a 3ª zona é considerado frio quando a temperatura é igual ou inferior a 15°, na 4ª zona para temperatura igual ou inferior a 12°, e entre a 5ª e a 7ª zona temperaturas iguais ou inferiores a 10 °C. 150 Como medidas de proteção contra o risco térmico tem-se o capuz para crânio e pescoço, protetor facial para proteção da face e vestimentas para proteção do tronco (NR-6). No quesito iluminação dentro da ergonomia, a NR-17 (BRASIL, 2018b) estabelece os níveis mínimos necessários de luminosidade adequadas a cada tipo de atividade. De acordo com Queiroz et al. (2010), locais mal iluminados exigem um esforço maior da visão do indivíduo, provocando agressão à visão como fadiga e dores de cabeça. A permanecia nesta situação por um longo período pode ocasionar a perda de parte da capacidade visual. A má iluminação pode ser definida por níveis altos ou baixos de luz, distribuição incorreta da intensidade luminosa, cores inadequadas ao ambiente, lâmpadas e objetos de iluminação em mau funcionamento. Há diversas doenças causadas por utilização de iluminação inadequada no ambiente de trabalho, dentre elas destaca-se irritação nos olhos, cansaço visual, distúrbios emocionais e problemas de pele (LORENZI, 2020). Além disso, a iluminação pode interferi diretamente no desempenho dos colaboradores, em decorrência da redução do ritmo e a falta de percepção de detalhes que culminam em erros de execução (QUEIROZ et al., 2010). Dentro das normas brasileiras, a NBR 5413 trata especificamente de iluminação de ambientes. A norma pode ser aplicada a qualquer superfície, em que o valor de referência de luminosidade para o ambiente deve ser medido a 0,75 m do piso. Vale ressaltar que, segundo a NBR 5382, todo e qualquer campo de trabalho não deve possuir iluminância menor que 70% ao valor estabelecido. Como exemplo, a sala de leitura de uma biblioteca deve possuir uma luminosidade entre 300 e 750 lux, conforme o NBR 5143, já o local das prateleiras dos livros pode estar entre 200 e 500 lux. Outro exemplo são os escritórios de desenho e arquitetura, nestes a iluminância vai de 750 a 1500 lux. Observe que a luminância varia conforme a atividade exercida no local, de modo a proporcionar um melhor conforto e menor desgaste da visão. Sempre que possível deve-se fazer um melhor aproveitamento da luz natural, ela é a mais adequada ao ser humano. Entretanto, quando não estiver disponível, deve-se optar por luz da cor branca, buscando a não formação de sombras (LORENZI, 2020). 151 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A ergonomia está associada a diversas áreas e ela é aplicada na correção, concepção e conscientização dentro do ambiente de trabalho. • A ergonomia é dividida em ergonomia física (atividades anatômicas, fisiológicas e biomecânicas do homem), ergonomia cognitiva (os processos mentais) e ergonomia organizacional (concepção do trabalho, jornadas de trabalho e outras atividades a nível de gestão). • A utilização dos computadores auxiliou em diversos aspectos dentro do ambiente de trabalho, porém trouxe problemas ergonômicos que podem ser facilmente minimizados com a correção da postura, adequação da altura da mesa e do monitor, ajuste dos apoios para braços e pés e outros. • As lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são caracterizadas pela fadiga neuromuscular devido à realização de atividades com movimentos repetitivos. • As lesões na coluna são geralmente causadas em decorrência da execução de atividades laborais de maneira ergonomicamente inadequada. • A NR-17 estabelece que os ambientes de trabalho devem manter uma temperatura ambiente entre 20 e 23 °C, de maneira a garantir o conforto térmico. Porém, a temperatura que proporciona conforto térmico pode variar de pessoa para pessoa. • O controle da luminosidade pode auxiliar no aumento do desempenho dos colaboradores, uma vez que em condições ideias ela pode aumenta o ritmo e a percepção nos detalhes, diminuindo os erros de execução. 152 1 O aumento do número de acidente e doenças oriundas das atividades laborais durante meados do século XX no Brasil, impulsionou a implementação de leis trabalhistas e normas regulamentadoras que garantem um ambiente saudável e seguro aos trabalhadores. Neste contexto, a NR-17 – Ergonomia – surgiu com o objetivo de “estabelecer parâmetros quepermitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores”. Sobre esse assunto, o que é ergonomia e qual sua abrangência? 2 A ergonomia é dividida em três tipos. A primeira é responsável por estudar as anatômicas, fisiológicas e atividades biomecânicas. A segunda, por estudar os processos mentais e a terceira, por estudar a forma de trabalho. Elas podem ser definidas por: a) ( ) Ergonomia fisiológica, ergonomia psicológica e ergonomia estratégica. b) ( ) Ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. c) ( ) Ergonomia psicológica, ergonomia estratégica e ergonomia linguística. d) ( ) Ergonomia de produto, ergonomia de intervenção e ergonomia de concepção. 3 Os distúrbios ocupacionais ocasionados por esforços repetitivos (LER) e osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) apresentam algumas características. Desta forma assinale a afirmativa que melhor se adéqua a estes distúrbios: a) ( ) Fadiga muscular por movimento realizado em posições fixas ou movimentos repetitivos, dor musculares, formigamento, dormência, choque, entre outros. b) ( ) Fadiga muscular por movimento realizado em posições fixas ou movimentos repetitivos, irritação nos olhos, formigamento, entre outros. c) ( ) Fadiga muscular por movimento realizado em posições fixas ou movimentos repetitivos, irritação nos olhos, problemas de pele, entre outros. d) ( ) Fadiga muscular por movimento realizado em posições fixas ou movimentos repetitivos, distúrbios emocionais, entre outros. 4 Dentre as funções exercidas pelo corpo humano, o controle de temperatura através da autorregulação pode ser considerado um dos aspectos fundamentais, pois o excesso ou ausência de temperatura pode ocasionar o mau funcionamento dos órgãos internos do corpo humano. Assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 153 a) ( ) A temperatura ideal do corpo humano e de aproximadamente 40 °C. b) ( ) Quando submetido a baixas temperaturas, a temperatura externa corporal pode chegar no mínimo a 30 °C. c) ( ) A temperatura que proporciona conforto térmico pode variar de pessoa para pessoa. d) ( ) O frio embora possa causar desconforto não é suficiente para ocasionar a morte. 5 A NR-17 estabelece que o ambiente de trabalho deve manter as condições de luminosidade e conforto térmico de modo a proporcionar ao trabalhador o máximo de conforto, segurança e desempenho. Neste sentido, qual é a importância do conforto térmico e da luminosidade no ambiente de trabalho? 154 155 AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a importância do primeiro atendimento prestado a vítimas de acidentes ou mal súbitos, conhecido como primeiros socorros. Aprenderemos as etapas desse primeiro atendimento do qual fazem parte avaliar o local do acidente, avaliar o estado geral do acidentado, manter contato com o serviço de emergência e monitorar e manter os sinais vitais da vítima. Também conheceremos os principais traumas ocorridos em ambientes de trabalho, quais seus principais sinais e sintomas e os procedimentos mais adequados a serem realizados para cada tipo de trauma especifico. Além disso, aprenderemos sobre a definição de toxicologia, quais os efeitos e as principais vias de absorção das substâncias tóxicas. Entenderemos a intoxicação, suas fases, as interações toxicológicas e quais os principais sintomas de uma vítima de intoxicação. Por fim, abordaremos as diversas doenças ocupacionais causadas tanto pelas substâncias tóxicas quanto por aquelas não tóxicas, mas que podem causar efeitos negativos na saúde do trabalho. Dentre essas falaremos especificamente sobre as doenças das vias aéreas, dermatoses e intoxicação por solventes e metais. 2 PRIMEIROS SOCORROS Primeiros Socorros é o primeiro atendimento prestado a uma vítima de acidente ou de mal súbito, realizado ainda no local do ocorrido. Ele visa preservar a vida do paciente, promover a sua recuperação (quando possível) e evitar que haja piora no estado clínico até a chegada do atendimento especializado. Esse primeiro atendimento é previsto pela Norma Regulamentadora NR-7 (Redação dada pela Portaria SEPRT nº 6.734, de 10 de março de 2020), que diz: O empregador deve garantir a disponibilidade, no local de trabalho, de recursos médicos, incluindo oxigênio medicinal de superfície, e de pessoal necessário para os primeiros socorros, em casos de acidentes descompressivos ou outros eventos que comprometam a saúde dos trabalhadores na frente de trabalho sendo que o planejamento desses recursos cabe ao médico qualificado (BRASIL, 2020, p. 27). 156 Os primeiros socorros podem ser realizados por qualquer pessoa devidamente treinada que tenha controle, compreensão e confiança no atendimento a ser realizado. Para tanto, pessoas que diante de uma situação de emergência apresentem reações emocionais de ansiedade, pânico, disfunção orgânica (demais, tremores), depressão e hiperatividade não são recomendadas para realizar os primeiros socorros. Um bom socorrista deve manter a calma, organizar o pensamento e ter autocontrole antes de iniciar a assistência. Além disso, deve demostrar positividade a vítima, mantendo-a calma e facilitando no atendimento. Mesmo para aqueles pacientes que pareçam estar desacordadas a calma é fundamental, pois podem estar semiacordadas e ouvindo as pessoas ao seu redor. O estado geral do acidentado pode se agravar se ele estiver com medo, ansioso e sem confiança em quem está cuidando. Vale destacar, que antes de qualquer coisa, o socorrista deve atentar a sua própria segurança. Porém, não prestar atendimento pode ser considerado omissão de socorro e gerar pendências jurídicas. Se não tem condição de ajudar, ao menos acione o serviço de atendimento especializado. 2.1 ETAPAS DO ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS Após a ocorrência de um acidente, o socorrista deve iniciar o procedimento de assistência avaliando o local do acidente. Neste momento, deve-se obter o máximo de informações possíveis do acidente, procurar por pessoas que possam auxiliar, dando ordens breves, claras, objetivas e concisas, evitar o pânico das pessoas ao redor e manter afastados os curiosos, evitando confusões e abrindo espaço de trabalho (BRASIL, 2003). Também deve ser realizada uma avaliação sobre os perigos a qual o acidentado e as pessoas que prestam o socorro possam estar expostos, por exemplo, tráfego de veículos, andaimes, vazamento de gás, fios elétricos soltos e desencapados e outros. No caso de identificação de algum perigo, providências para eliminação devem ser tomadas imediatamente. A sinalização e isolamento da área do acidente é um passo fundamental para evitar alguns perigos e manter os curiosos afastados. Em seguida, o socorrista deve avaliar o estado geral do acidentado. Essa avaliação deve ocorrer simultânea ou imediatamente após a avaliação do local do acidente. Nessa etapa, o socorrista deve verificar no acidentado (BRASIL, 2003): • Estado de consciência: verificar se o acidentado está consciente ou inconsciente. O estado de consciência do paciente pode ser verificado fazendo perguntas simples, como o nome da pessoa, idade, o que ele está sentindo, ou pedindo para que ele realize alguns pequenos movimentos específicos. • Respiração: a avaliação da respiração deve ocorrer verificando os movimentos torácicos e abdominais relativos à respiração como a subida e descida do tórax e saída de ar pela boca e nariz. Em casos de verificação da falta de respiração por parte 157 do paciente é necessário realizar a desobstrução das vias aéreas. A desobstrução pode ocorrer por meio da manobra de elevação da mandíbula e, em casos mais graves, a manobra de respiração boca a boca. FIGURA 7 – ABERTURA DA VIAS AÉREAS FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/1591199/>. Acesso em: 10 set. 2021. • Verificação do bombeamento cardíaco: esse procedimento pode ser realizado verificandoos pulsos, seja ele periférico ou central. Para isso, os dedos indicadores e médio são utilizados para pressionar a artéria contra o osso e sentir o batimento. Na falta de batimento o paciente está em parada cardíaca e as manobras de massagem cardíaca e ventilação devem ser iniciadas imediatamente. FIGURA 8 – VERIFICAÇÃO DO PULSO FONTE: <https://suportebasicodevida.com.br/wp-content/uploads/2018/09/verificasao-do-pulso-no-sbv- 01-suporte-basico-de-vida-sbv-treinamentos.jpg>. Acesso em: 10 set. 2021. • Hemorragia: verificar se há presença ou não de sangramento. Se a hemorragia é interna, o socorrista deve aplicar gelo ou compressas frias no local suspeito e providenciar transporte urgente para um pronto atendimento. Se a hemorragia é 158 externa, o socorrista deve realizar pressão direta, elevação dos membros e quando necessário, torniquete (o torniquete somente deve ser realizado na falta de eficácia da pressão direta e elevação de membros). • Temperatura do corpo: verificar a temperatura das extremidades do corpo e face, que pode ser realizado pela sensação de tato. • Pupilas: verificar dilatação e simetria das pupilas. Essa avaliação deve ser realizada com muita cautela por parte do socorrista, de maneira a não aumentar os impactos do acidente sobre o acidentado. Com as informações do estado geral do paciente, as ações a seguir poderão ser definidas. O próximo passo é entrar em contato com o serviço de atendimento especializado. Os principais órgãos de atendimento a emergência no Brasil são o Corpo de Bombeiro, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e em algumas localizadas a própria polícia. Durante o contato, a pessoa deve informar, o local onde a vítima está (se possível com locais de referência), as causas do acidente, o número de vítimas e o estado geral do acidentado de forma clara, breve e precisa. Com essas informações, o serviço de atendimento poderá se planejar para atendimento da melhor maneira possível. Com todas essas etapas realizadas, o socorrista deve monitorar e manter os sinais vitais do acidentado até a chegada o serviço de atendimento especializado. O corpo de bombeiro e SAMU podem ser contatados em todo o território brasileiro por meio dos telefones 193 e 192, respectivamente. DICA 2.2 PRIMEIROS SOCORROS PARA VÍTIMAS DE TRAUMAS Em ambientes empresariais os principais acidentes que ocorrem são ferimentos de modo geral, hemorragias, fraturas, luxações, entorses, choque elétrico, insolação, intoxicação e queimaduras. Cada um desses ferimentos deve ser tratado nos primeiros socorros de maneira específica. 2.2.1 Hemorragia As hemorragias consistem na saída de sangue do organismo para o meio externo e interno. Ela pode ser classificada em hemorragia arterial ou venosa. Na hemorragia arterial, o indivíduo tende a sangra em maior quantidade, com uma saída 159 em forma de jato e uma coloração de vermelho intenso. Na hemorragia venosa, por sua vez, o sangramento tende a ser contínuo e apresenta uma coloração de vermelho mais escuro. Além disso, as hemorragias podem ser classificadas em externas, quando o sangramento é visualizado para fora do corpo, e interno, quando é dentro de alguma cavidade do organismo, como no crânio e abdômen (REIS, 2021). Em casos de hemorragia, o extravasamento do sangue é o sinal mais perceptível de identificação, principalmente de uma hemorragia externa. Os sintomas de diminuição da pressão arterial, sede, fraqueza, alteração do nível de consciência e estado de choque podem indicar uma hemorragia interna. Além disso, outros sinais podem indicar uma hemorragia como rigidez abdominal, manchas extensas e arroxeadas pelo corpo, e feridas que podem ser penetrantes em alguma parte do corpo. Vale destacar que, a maneira como o acidente ocorreu também é um indicativo que a vítima tenha algum tipo de hemorragia. Na identificação de uma hemorragia externa, os primeiros procedimentos são a realização da pressão direta seguida da compressão manual direta. Em casos de utilização de compressas ou gases, jamais retirar essa primeira camada, pois ela auxilia na coagulação do sangue e diminuindo o sangramento. Em seguida, caso os procedimentos acima não tenham sido suficientes para conter a hemorragia, realiza-se a elevação da parte do corpo que está ocorrendo o sangramento. Uma terceira medida é a realização do torniquete. Esse procedimento somente deve ser realizado em casos de extrema necessidade, como de amputação, e o socorrista tenha segurança em fazê-lo (REIS, 2021). 2.2.2 Fraturas, luxações e entorses A fratura é uma ruptura parcial ou total do osso, que pode ser classificada em fechadas, quando não houve perfuração da pele, ou abertas, quando o osso fica exposto, ou seja, há rompimento da pele. A luxação, por sua vez, é o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, porém sem fratura do osso. E o entorse é uma separação momentânea da estrutura articular, afetando músculos e tendões que circundam essa articulação (NASCIMENTO, 2015). Os principais sintomas de uma fratura são dor, impotência funcional, deformidade ou descontinuidade do segmento fraturado, aumento de volume por edema ou sangramento, ou volume do osso exercido na musculatura e crepitação (ruídos, estalos). Vale ressaltar que os socorristas devem evitar a provocação de crepitação intencionalmente. No primeiro atendimento de vítimas com fraturas, luxações ou entorse, o socorrista deve imobilizar o local afetado, incluindo toda a articulação proximal e distal, ou seja, ultrapassando as articulações, prevenindo assim movimentações indesejadas e minimizando a probabilidade de lesões futuras. Também podem ser realizadas 160 as compressas frias, no caso de entorse. Além disso, caso haja hemorragia, os procedimentos de contenção devem ser tomados. Vale destacar que jamais deve se tentar colocar o osso no lugar, isso é um trabalho para o serviço de atendimento especializado. FIGURA 9 – ILUSTRAÇÃO DE FRATURA, LUXAÇÃO E ENTORSE FONTE: Adaptada de <https://www.richet.com.br/clientes/novidades/saiba-a-diferenca-entre-fratura- fissura-luxacao-e-entorse/>. Acesso em: 10 set. 2021. 2.2.3 Lesões na coluna vertebral Esse tipo de fratura é de extrema importância, pois dentro da coluna vertebral está a medula óssea responsável pela transmissão de impulsos nervosos para os membros e outras partes do corpo. O socorro de forma errada a vítimas de traumas na coluna vertebral pode causar lesões irreversíveis, como a paralisia e perda parcial ou total da movimentação. O procedimento correto para esse tipo de socorro é manter a vítima imóvel caso não haja equipamentos adequados para seu atendimento. Para evitar a movimentação da coluna é importante realizar a imobilização da cabeça, que pode ser feita por meio da utilização do colar cervical, ou na falta desse, com as próprias mãos (BENTO; SOUSA, 2020). FIGURA 10 – ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL FONTE: <https://bit.ly/3qLUXYb>. Acesso em: 11 set. 2021. 161 2.2.4 Queimaduras As queimaduras são lesões produzidas por agentes químicos ou físicos, tais como gases, líquidos, substâncias químicas, eletricidade e radiação, que tendem a provocar destruição de tecidos orgânicos (CARDOSO; ORGAES; GONELLA, 2012). Elas são classificadas conforme a região do corpo que atingem em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau. As queimaduras de primeiro grau são aquelas de atingem a epiderme, ou seja, a camada mais externa da pele e seus principais sintomas são pele avermelhada e quente e dores intensas. As queimaduras de segundo grau atingem tanto a epiderme quando a derme (uma camada mais interna da pele) e causam, além da vermelhidão e dores intensas, a formação de bolhas com líquidos. A queimadura de terceiro grau, por sua vez, atinge, além das camadas da pele, órgãos mais internos como as estruturas musculares e ósseas. Nesse tipo de queimadura, a vítima não apresenta sintomas de dor, pois suas terminações nervosas foramperdidas, porém pode entrar em estado de choque. O primeiro passo no atendimento de vítimas com queimaduras é parar o processo, caso ainda haja presença de fogo. Para isso, deve-se apagar com água ou cobrir com cobertor o mais rápido possível, iniciando na cabeça ou rolando a vítima no chão. Também deve-se retirar as roupas queimadas, com exceção se estas estiverem coladas ao corpo, e proteger a área queimada com curativos ou panos limpos. Em casos de queimaduras com produtos químicos, deve-se rapidamente lavar a região queimada com água corrente. Vale destacar que, as bolhas formadas pelas queimaduras de segundo grau não podem se perfuradas e de forma alguma se deve aplicar qualquer substância (pomada, creme ou outros) diferente de água ou soro sobre a área queimada. 3 TOXICOLOGIAS Diversas substâncias tóxicas podem ser encontras nos mais amplos ambientes de trabalho. Essas substâncias, dependendo da concentração e do tempo de exposição, podem alterar o estado de saúde dos trabalhadores. Neste sentindo, os trabalhadores da área de segurança do trabalho, com base nos conhecimentos sobre toxicologia e também nas normatizações a respeito da segurança do trabalho vão ter condições de conhecer os índices seguros de trabalhar com as substâncias tóxicas, além de poder dar orientações aos seus colaboradores sobre as formas de trabalhar mais adequadamente com essas substâncias evitando problemas a sua saúde. 162 A toxicologia vem das palavras gregas toxikon, que quer dizer tóxico ou veneno, e logos, que quer dizer estudo, sendo, portanto, a “ciência que estuda os venenos” (SPRADA, 2013). Essa ciência estuda os efeitos adversos decorrentes da interação de substâncias tóxicas com os organismos e a partir disso buscar tratamentos emergenciais de maneira a neutralizá-lo (SANTOS; PINHEIRO, 2016). Ela pode ser aplicada em diversas áreas, dentre elas clínica, química ou analítica, experimental, forense, social, profiláticas, industrial ou ocupacional, ambiental e outras. Dentre essas, a toxicologia ocupacional estuda as substâncias e materiais tóxicos dos quais os trabalhadores podem entrar em contato nos ambientes de trabalho, além de orientar e estabelecer critérios para evitar os seus efeitos negativos (SPRADA, 2013). 3.1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS Nem todas as substâncias químicas, necessariamente, tem o potencial de desenvolver um efeito tóxico no organismo humano. Porém, algumas substâncias, à medida que são acumuladas no organismo humano ao longo de muitos anos de exposição, tendem a aumentar o seu potencial de provocar uma intoxicação. Os agentes tóxicos podem ser classificados de acordo com a suas características físicas, químicas, de severidade ou de tipo de ação tóxica. Com base na severidade, as substâncias químicas podem ser classificadas em substâncias não tóxicas, substâncias levemente tóxicas e substâncias tóxicas. As substâncias não tóxicas são aquelas que mesmo com contato contínuo e em altas concentrações não são capazes de provocar manifestações típicas de uma intoxicação. As substâncias levemente tóxicas quando em contato com o organismo humano, entre uma e dez vezes de exposição, tende a provocar sintomas leves de intoxicação. Já as substâncias tóxicas, com pouco contato, às vezes apenas uma vez, são capazes de causar uma intoxicação. Quanto mais tóxica for a substância, maior é o seu potencial para desenvolver manifestações desagradáveis e graves no organismo humano. 3.1.1 Efeitos das substâncias tóxicas Os agentes tóxicos podem desenvolver diferentes efeitos quando em contato com o organismo humano, sendo eles divididos: • Asfixiante: interfere nos movimentos respiratórios, nos processos de troca gasosa entre o oxigênio e o gás carbônico, provocando a asfixia. • Irritante: produz inflamação dos tecidos, desencadeando lesões de pele, lesões da mucosa e até processos alérgicos. 163 • Neurotóxico: atua diretamente no sistema nervoso, desencadeando sintomas de depressão e alteração de sensibilidade. • Hepatotóxico: atua diretamente no tecido do fígado e por consequência causa alterações nas funções normais que esse órgão exerce no organismo humano. • Mutagênico: provoca alterações nas sequências de base nitrogenadas no DNA e RNA, causando a mutação. • Teratogênico: provoca malformação congênita em embrião ou feto. 3.1.2 Vias de absorção das substâncias tóxicas As substâncias tóxicas são normalmente absorvidas no organismo humano por meio das vias (SPRADA, 2013): • Cutânea ou dérmica: é aquela em que a substância é absorvida através da pele. Após a absorção essa substância acaba parando na circulação sanguínea e por consequência sendo leva para vários órgãos. • Inalação: por meio da respiração de substâncias que se encontram no ar. Essa via é considerada uma das mais frequentes de intoxicação em ambientes industrias. • Ingestão: não sendo necessariamente absorção no organismo, a ingestão é aquela que o indivíduo entrar em contato com a substância tóxica pela boca e engole, indo diretamente para o sistema gastrointestinal. 3.2 INTOXICAÇÃO De acordo com Sprada (2013, p. 27), a “intoxicação é um processo patológico que pode ser causado por uma substância exógena ou endógena, causando um desequilíbrio fisiológico no organismo e consequentemente alterações bioquímicas”. Na maioria dos casos, os trabalhadores são expostos a substâncias exógenas, ou seja, de contato externo. As substâncias de ações endógenas, de contato interno, são normalmente causadas por microrganismos que colonizam nosso corpo, porém a sua contaminação, de modo geral, ocorre por contato exógeno. A intoxicação pode ser dividida em sobreaguda, aguda, crônica e subcrônica, sendo essa classificação definida de acordo com o período em que o trabalhador esteve em contato com a substância tóxica e a rapidez com que o processo tóxico ocorreu. Na intoxicação sobreaguda, o trabalhador sofre ação da substância tóxica imediatamente após o contato com a substância, levando frequentemente à morte dentro de minutos ou horas (PERUZZO, 2018). 164 Na intoxicação aguda, geralmente, o trabalhador tem apenas um único contato com a substância e já desenvolve sintomas. Na maioria dos casos, essa intoxicação é causada pela falta de utilização dos equipamentos de proteção individual ou má uso e por falhas de processos. Como exemplo, imagine um frentista que trabalha em um posto de gasolina, ao descer nos tanques onde ficam os combustíveis para fazer algum tipo de verificação, esteja ele sem a utilização do EPI ou por alguma alteração das condições ambientais, o vapor da gasolina inalado daqueles tanques de combustíveis causou uma intoxicação imediata no frentista, sendo considerado assim uma intoxicação aguda. Na intoxicação crônica, o trabalhador geralmente vai ter contato contínuo com essa substância diariamente e ao longo dos anos os efeitos começam a ser sentidos. Para ser considerada uma intoxicação crônica, a manifestação dos sintomas deve ocorrer após um período maior que cinco anos de contato entre o trabalho e a substância tóxica. Um exemplo clássico desse tipo de intoxicação é para trabalhadores rurais que estão em contato diário com agrotóxicos e somente apresentam sintomas após longos anos de trabalho. A intoxicação subcrônica, por sua vez, obedece a um intervalo não tão curto quando a aguda, de um único evento por um contato imediato, e também não tende a passar de um contato maior que cinco anos, ela se limita em termos de conceito entre três meses e cinco anos de duração. Por exemplo, um pintor que trabalha utilizando, o solvente da tinta ou a própria tinta emiti alguns gases que possui substâncias tóxicas, passando quatro anos nessa atividade o indivíduo desenvolve alguns sintomas de intoxicação, sendo considerada subcrônica porque não foi necessário que houvesse um período igual ou maior que cinco anos para que os sintomas fossem manifestados. 3.3 FASES DA INTOXICAÇÃO Para que ocorra a intoxicação de um indivíduo,necessariamente, precisa ocorrer a absorção de uma substância tóxica. Desde o momento da exposição até a manifestação dos sintomas existem quatro fases da intoxicação, sendo elas, a fase de exposição, de toxicocinética, de toxicodinâmica e clínica (PERUZZO, 2018). A fase de exposição é aquela em que a substâncias tóxica entrar em contato com o organismo humano. De acordo com Sprada (2013), é importante levar em consideração as características fundamentais da exposição, tais como a via de introdução, a frequência e a duração, a concentração do toxicante, quanto atingiu o indivíduo, quanto chega ao órgão alvo e outros. 165 A fase toxicocinética é aquela em que ocorre o movimento do agente tóxico dentro do organismo humano, desde a absorção até sua eliminação. Primeiramente, a substância tóxica é absorvida, depois ela vai ser distribuída através da corrente sanguínea, metabolizada em alguns órgãos e por fim é eliminada. A fase toxicodinâmica é a ação de metabolização das substâncias tóxicas no organismo humano. Nessa fase, a substância tóxica se torna biodisponível, ou seja, consegue passar pelas células e barreiras do corpo humano e se iniciam os efeitos tóxicos, chegando ao quadro de intoxicação. Silbergeld (2000) definiu essa fase como a interação do toxicante em locais específicos na célula, resultando em um efeito tóxico. A última fase, a fase clínica, é aquela em que os sintomas são manifestados no indivíduo, sendo possível diagnosticar os efeitos causados pela intoxicação. FIGURA 11 – FASES DA INTOXICAÇÃO FONTE: <http://toxicologiaufsj.blogspot.com/2011/08/o-que-e-toxicologia-analitica.html>. Acesso em: 16 set. 2021. 3.4 INTERAÇÕES TOXICOLÓGICAS A interação toxicológica, ou interação entre as substâncias químicas, é quando uma substância pode alterar o feito de outra. Essa interação pode ocorrer nas fases de exposição, toxicocinética e toxicodinâmica e apresentam efeitos de adição, antagonismo, potenciação ou sinergismo (LEITE; AMORIM, 2012; PERUZZO, 2018). Segundo Leite e Amorim (2012, p. 09), esses efeitos podem ser definidos como: • Adição: o efeito da interação entre duas ou mais substâncias são manifestados como se ambas as substâncias fossem absorvidas individualmente, ou seja, é a soma dos efeitos produzidos individualmente. • Antagonismo: a interação entre duas ou mais substância provocar a diminuição dos efeitos sobre o organismo. Esse é considerado o melhor cenário em um caso de intoxicação. I EXPOSIÇÃO II TOXICOCINÉTICA III TOXICODINÂMICA IV TOXICODINÂMICA Efeito NocivoVias de Introdução Absorção Distribuição Metabolização Excreção Natureza da Ação TOXICANTE DISPONIBILIDADE QUÍMICA TOXICIDADE BIODISPONIBILIDADE INTOXICAÇÃO SINAIS E SINTOMAS 166 • Potenciação: uma substância não tóxica acaba aumentando o efeito produzido por uma substância tóxica. • Sinergismo: o efeito da interação entre as substâncias é maior que a soma dos efeitos de cada substância individualmente. 3.5 PRINCIPAIS SINTOMAS As formas de manifestação de uma intoxicação variam de acordo com a substância tóxica, a sensibilidade do indivíduo e a via de entrada. Sabendo que existem diversas substâncias que podem causar intoxicação, também poderá haver diversas formas de manifestação de seus efeitos. Os principais efeitos descritos por Perruza (2018) são: • mudanças na consciência: delírio, convulsões, perda de consciência; • dificuldade para respirar; • vômitos ou diarreia; • queimadura em torno da boca, língua ou pele, se ingerido tóxico, como por exemplo, a soda cáustica; • mau hálito pela ingestão de minerais; • pupilas dilatadas; • dor de estômago; • distúrbios da visão (visão dupla ou visão manchada). Sprada (2013) também destaca: • febre acima de 37,7 graus; • inchaço na garganta, língua ou lábios e ou dificuldade de engolir; • fraqueza; • tontura; • alteração da coloração da pele como lábios e unhas ficarem azulados. Em casos de manifestação de sintomas de intoxicação, o primeiro passo é manter a calma, buscar ambientes arejados e procurar uma assistência médica o mais rápido possível. Além disso, é importante observar o rótulo ou bula do produto químico que causou a intoxicação e verificar se há algum tipo de antídoto ou medida emergencial de atendimento (SPRADA, 2013). Nunca use medicamentos sem orientação médica, nem tome bebidas alcoólicas ou leite após uma intoxicação. ATENÇÃO 167 3.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS Segundo Sprada (2013, p. 68), “a doença ocupacional é vista como uma alteração na saúde do trabalhador, que pode ser adquirida pela exposição aos fatores que podem ser químicos, físicos, biológicos ou radioativos, muitas vezes sem o uso do equipamento de proteção (EPI)”. As doenças ocupacionais são causadas tanto por substâncias tóxicas quanto por aquelas que não necessariamente desenvolvam efeitos de intoxicação, mas podem trazem uma repercussão na saúde do trabalhador. Em muitos casos essas doenças são ocasionadas pela falta ou uso indevido dos equipamentos de proteção individual, que são regulamentos e orientados através de normas, como a NR-6 (BRASIL, 2018a). As doenças ocupacionais são divididas em doenças das vias aéreas, dermatoses e intoxicação por solventes e metais. As doenças das vias aéreas são denominadas de pneumoconioses. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2010), elas são classificadas em cinco grandes grupos sendo eles: (1) causadas por poeiras de minerais esclerogênicos, que deformam a árvore brônquica do trabalhador; (2) causadas por poeira de metais pesados; (3) causada por poeiras de vegetais, como por exemplo o pó de madeira; (4) asma ocupacional causada por agentes sensibilizadores ou irritantes; e (5) alveolite alérgica extrínsecas e suas sequelas, causadas pela inalação de poeira orgânica. A principais doenças ocupacionais causadas pelas vias aéreas são: úlcera do septo nasal, bronquite crônica ocupacional, enfisema pulmonar, silicose, asbestose, pneumoconiose dos trabalhadores do carvão, fibrose pleural, e câncer (adenocarcinoma dos seios da fase, carcinoma broncogênico e mesotelioma). Para que ocorra uma intoxicação a substância precisa ser absorvida pelo corpo. Para tanto, o tamanho mínimo que uma substância deve ter, para ser absorvida através da árvore respiração, é de no mínimo de 5 μm. Acima disso, ela somente fica acumulada. IMPORTANTE As doenças dermatoses, ou seja, que se manifestam através da pele e mucosa podem ser causadas pelo contato com substâncias químicas, agentes físicos, agentes mecânicos e agentes biológicos. As principais doenças que englobam as dermatoses são queimaduras, infecções, dermatite alérgica, furúnculos ocupacionais, discromia, edema de glote, úlcera, câncer e outros. 168 FIGURA 12 – ILUSTRAÇÕES DE DERMATITE ALÉRGICA FONTE: <https://bit.ly/3kK6m6O>; <https://bit.ly/3ciALVk>. Acesso em: 16 set. 2021. Também existem as doenças causadas pela inalação de solventes e metais. Devido a sua propriedade lipofílica, os solventes são capazes de serem absorvidos rapidamente pelo organismo e causar efeitos de intoxicação nos mais variados órgãos, como sistema nervoso central, fígado, rins e promover processos cancerígenos. A síndrome dos pintores é um exemplo clássico de intoxicação pela inalação de solventes. Essa doença provoca depressão, desempenho psicomotor retardado, alteração de personalidade e redução da memória recente. As doenças causadas pela inalação dos metais podem apresentar diversas manifestações a depender do metal. A inalação do arsênico, por exemplo, pode causar fadiga, problemas gastrintestinais, hiperqueratose, hepatomegalia, cirrose, neoplasia pulmonar, hepática e cutânea. Em relação ao cádmio, podem desenvolver rinorreia, dispneia, edema pulmonar, enfisema, proteinúria, anemia, câimbras, vertigens e dores ósseas. A inalação de chumbo pode desencadear alterações hematológicas, distúrbios gastrintestinal, falência renal, distúrbios cardíacos e problemas musculares.A inalação do mercúrio, por sua vez, pode causar leões orais, do estômago, intestino e fígado, teratogenia, necrose do túbulo renal, aumento da sensibilidade térmica e dolosa, alteração nos reflexos e coordenações motoras, insônia, timidez, ansiedade, cefaleia e outros. Como dito anteriormente, cada metal apresenta reações diferentes e é importante verificar qual metal pessoa está tendo em contato e quais os efeitos da sua inalação. 169 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os primeiros socorros são previstos pela NR-7 e tem por objetivo preservar a vida da vítima, promover sua recuperação e evitar que haja piorar do estado clínico até a chegada do atendimento especializado. • Durante os primeiros socorros, o socorrista dever realizar os procedimentos seguindo a ordem: avaliar o local do acidente, avaliar o estado geral do acidentado, manter contato com o serviço de emergência e monitorar e manter os sinais vitais da vítima. • Algumas substâncias químicas têm o potencial de desenvolver efeitos negativos no organismo humano. Essas substâncias podem ser classificadas em não tóxicas, levemente tóxicas e tóxicas. • A intoxicação somente ocorre quando uma substância tóxica é absorvida pelo corpo e esse processo é dividido em quatro fases, sendo elas exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e clínica. • As interações toxicológicas, quando uma substância pode alterar o efeito da outra, podem ser de efeito adição, antagonismo, potenciação ou sinergismo. 170 1 O atendimento de primeiros socorros pode ser fundamental para salvar a vida de uma vítima de acidente. Durante a avaliação do estado geral da vítima, o socorrista deve seguir algumas etapas, quais são elas? 2 Nos atendimentos de primeiros socorros, após a avaliação do local do acidente e do estado geral do acidentado, o próximo passo é entrar em contato com o serviço de atendimento especializado. Quais são as informações básicas que o socorrista deve passar durante esse contato? 3 Após o contato com uma substância tóxica por cinco anos, um trabalho manifesta sinais de intoxicação. Qual tipo de intoxicação esse trabalhador manifestou? a) ( ) Sobreaguda. b) ( ) Aguda. c) ( ) Subcrônica. d) ( ) Crônica. 4 A interação toxicológica, ou interação entre as substâncias química, é quando uma substância pode alterar o efeito de outra. Essa interação pode ocorrer nas fases de exposição, toxicocinética e toxicodinâmica e apresentam efeitos de: a) ( ) Adição, antagonismo, combinação e cooperação. b) ( ) Adição, antagonismo, potenciação e sinergismo. c) ( ) Diminuição, combinação, cooperação e potenciação. d) ( ) Diminuição, antagonismo, potenciação e sinergismo. 5 As doenças ocupacionais são causadas tanto por substâncias tóxicas quanto por substâncias que não necessariamente desenvolvam efeitos de intoxicação, mas podem trazer uma repercussão na saúde do trabalhador. Quais são os principais tipos de doenças ocupacionais que os trabalhadores podem desenvolver? a) ( ) Doenças causadas pelas vias aéreas, dermatoses e pela inalação de solventes e metais. b) ( ) Doenças causadas pelas vias aéreas e doenças genéticas. c) ( ) Doenças causadas pela inalação de solventes e metais, causadas pelo contato com a pele e doenças genéticas. d) ( ) Doenças causadas pelas vias aéreas, dermatoses e genéticas. AUTOATIVIDADE 171 TÓPICO 3 - GERENCIAMENTO DE RISCO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos os equipamentos de proteção coletiva (EPC), que tem por objetivo proteger um grupo de trabalhadores, e os equipamentos de proteção individual (EPI), que fornece proteção apenas a um trabalhador. Esses equipamentos auxiliam na diminuição dos acidentes de trabalho durante a realização das atividades laborais, garantindo a integridade física dos trabalhadores. Em seguida, estudaremos a comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA), definindo os representantes e suas atribuições, os treinamentos que os participantes devem realizar e os procedimentos do processo eleitoral e da implementação. Por fim, também estudaremos o mapa risco e como ele é utilizado para subsidiar o controle e a prevenção da saúde e segurança dos trabalhadores. Esse mecanismo é uma forma gráfica de apresentar o ambiente de trabalho e os riscos que o trabalhador está exposto ao desenvolver sua atividade naquele ambiente. 2 EPCs E EPIs Os EPCs são definidos pela NR-10 (redação dada pela Portaria MTE nº 598, de 7 de dezembro de 2004) como sendo “dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros” (BRASIL, 2019b, p. 12). Como exemplo desse tipo de equipamentos têm-se os extintores de incêndio, redes de proteção, sistemas de ventilação e exaustão, sensores de presença e placas de sinalização. Os EPIs, por sua vez, são definidos pela NR-6 (redação dada pela Portaria SIT nº 25, de 15 de outubro de 2001) como “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 2018a, p. 1). A exemplo têm-se os capacetes, botas e protetores auriculares. Além disso, também há os equipamentos conjugados de proteção individual que segundo a NR-6, é “todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 2018a, p. 1), tal como o capacete com protetor auricular conjugado. Vale destacar que os EPIs somente deverão ser utilizados quando não for possível aplicar medidas de proteção coletiva capazes de conter os riscos a que os trabalhadores estão expostos em seu ambiente de trabalho (PANTALEÃO, 2019). 172 2.1 TIPOS DE EPCs E SUAS APLICAÇÕES Os EPCs são utilizados para eliminar ou no mínimo reduzir os riscos a qual os trabalhadores estão expostos em seu ambiente de trabalho. As principais vantagens de sua aplicação são a redução dos acidentes, melhora das condições de trabalho, aumento da produtividade e diminuição de custo a longo prazo, devido a não necessidade de trocas frequentes (TEODORO, 2019). Existem diversos tipos de medidas de proteção coletiva, sendo que cada risco ou atividade industrial exige um tipo de EPC específico. A seguir serão apresentados os principais tipos e proteção oferecida por eles. 2.1.1 Dispositivos de sinalização A sinalização de segurança é utilizada na advertência e identificação de um risco. Na NR-10 (BRASIL, 2019b), esse dispositivo tem por objeto: identificação de circuitos elétricos; travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos; restrições e impedimentos de acesso; delimitações de áreas; sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas, sinalização de impedimento de energização; e identificação de equipamento ou circuito impedido. Os cones de sinalização, placas, fitas, cavaletes e pedestais são as principais formas de sinalização. FIGURA 13 – DISPOSITIVOS DE SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA FONTE: <https://stflex.com.br/files/produto11.jpg>. Acesso em: 16 set. 2021. 2.1.2 Extintores de incêndio Os extintores de incêndio são utilizados para neutralizar focos iniciais de incêndio. Existem extintores de diversos tipos para diversos usos, entre eles, o extintor com carga de água, com carga de espuma mecânica, com carga de dióxido de carbono e com carga de pó químico. 173 FIGURA 14 – EXTINTORES DE INCÊNDIO FONTE: <https://www.metaveiro.com/tudo-sobre-extintores/>. Acesso em: 16 set. 2021. 2.1.3 Exaustores de ar Os exaustores são utilizados para auxiliar na circulação de ar e promover a remoção de substâncias agressivas (compostos químicos, partículas sólidas) do ambiente de trabalho fechado (SEIDEL, 2012). FIGURA 15 – EXAUSTORES DEAR FIXO E MÓVEL FONTE: Adaptada de <https://www.lfmaquinaseferramentas.com.br/>. Acesso em: 16 set. 2021. 2.1.4 EPC para proteção de serviços com eletricidade Além da sinalização de segurança, os serviços com eletricidade exigem outras medidas de proteção coletiva, tais como banqueta isolante, manta e cobertura isolante e travas para disjuntores. As banquetas, manta e cobertura isolante são usadas especialmente para criar uma barreira isolante ente o trabalhador e os condutores elétricos energizados. A trava para disjuntores impedem a religação de circuitos desenergizados durante a manutenção (SEIDEL, 2012). 174 FIGURA 16 – USO DE MANTA ISOLANTE DURANTE TRABALHO COM ELETRICIDADE FONTE: <https://i.ytimg.com/vi/Z8Gh6BrYwj4/hqdefault.jpg>. Acesso em: 16 set. 2021. Para mais informações sobre os EPCs e os seus diferentes tipos, veja o vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FzW6vy6DivQ. DICA 2.2 PRINCIPAIS EPIs E SUAS APLICAÇÕES Os EPIs são escolhidos conforme a situação e o grau de risco a qual o trabalhador está exposto. Essa escolha não pode ser realizada por qualquer pessoa, mas sim por um profissional especializado na área de segurança do trabalho. A sua aquisição e fornecimento deve ser feita, obrigatoriamente, pela empresa, de forma gratuita e em perfeito estado de conservação e funcionamento. Vale ressaltar ainda que, todos os EPIs devem possuir o certificado de aprovação (CA), emitido por um órgão licenciado junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, conforme exigido pela NR-6 (BRASIL, 2018a). 2.2.1 EPI para proteção da cabeça Os EPIs para proteção da cabeça são normalmente capacetes e capuzes. Em relação aos capacetes, existem os de proteção contra impactos de objetos sobre o crânio, de proteção contra choques elétricos e de proteção do crânio e face contra agentes térmicos (NR-6). Além disso, existem os capacetes conjugados, como por exemplo os capacetes com abafador de ruído e os capacetes com protetor facial e abafador de ruído. 175 FIGURA 17 – MODELOS DE CAPACETES DE PROTEÇÃO FONTE: Adaptada de <https://casadosoldador.com.br/>. Acesso em: 18 set. 2021. O capuz ou balaclava podem ser utilizados para proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem térmica e de riscos químicos, contra agentes abrasivos e escoriantes e contra umidade proveniente de operações com uso de água (NR-6). FIGURA 18 – MODELOS DE CAPUZ DE PROTEÇÃO FONTE: Adaptada de <https://americanvek.com.br/products/>. Acesso em: 18 set. 2021. 2.2.2 EPI para proteção dos olhos e face Conforme a NR-6 (BRASIL, 2018a), os EPIs para proteção dos olhos e face são óculos, protetores faciais e máscara de solda. Os óculos podem ser utilizados para proteção dos olhos contra impactos de partículas volantes (pó, pedaços de vidro, madeira, outros), luminosidade intensa, radiação ultravioleta e radiação infravermelha. Especificamente tem-se os óculos de tela para proteção limitada dos olhos contra impactos de partículas volantes. 176 FIGURA 19 – MODELOS DE OCULOS DE PROTEÇÃO FONTE: Adaptada de <https://www.rjepi.com.br/oculos-de-protecao/>. Acesso em: 18 set. 2021. O protetor facial é utilizado para proteção da face contra impactos de partículas volantes, radiação infravermelha, radiação ultravioleta, luminosidade intensa e riscos de origem térmica. FIGURA 20 – MODELOS DE PROTETOR FACIAL FONTE: Adaptada de <https://www.rjepi.com.br/ protetor-facial->. Acesso em: 18 set. 2021. A máscara de solda é um equipamento de proteção individual, especialmente, utilizada por soldadores para a proteção dos olhos e da face contra os impactos de partículas volantes, luminosidade intensa, radiação violeta e radiação infravermelha. FIGURA 21 – MODELO DE MÁSCARA DE SOLDA FONTE: Adaptada de <https://www.rjepi.com.br/mascara-de-solda>. Acesso em: 18 set. 2021. 177 2.2.3 EPI para proteção auditiva Na proteção auditiva, os EPIs definidos pela NR-6 são: protetor auditivo circum-auricular, de inserção e semiauricular. Ambos têm por objetivo de garantir a proteção do sistema auditivo contra níveis de pressão sonora superior aos estabelecidos nos Anexos 1 e 2 da NR-15 (BRASIL, 2019c). FIGURA 22 – MODELO DE PROTETORES AURICULAR FONTE: Adaptada de <https://www.superepi.com.br/>. Acesso em: 18 set. 2021. 2.2.4 EPI para proteção respiratória Os EPI de proteção respiratória são divididos em respirador purificador de ar não motorizado, respirador de ar motorizado, respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido, respirador de adução de ar tipo máscara autônoma e respirador de fuga. O respirador purificador de ar não motorizado pode ser do tipo semifacial filtrante - PFF1 (contra poeiras e névoas), PFF2 (contra poeiras névoas e fumos), PFF3 (contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos) e um quarto facial, semifacial ou facial inteira. FIGURA 23 – RESPIRADORES DE AR NÃO MOTORIZADO FONTE: <http://epihaus.com.br/epi-protecao-respiratoria.php>. Acesso em: 18 set. 2021. 178 O respirador de ar motorizado tem como função prevenir o trabalhador contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos e ou contra gases e vapores. Ele pode ser dos modelos sem vedação facial tipo touca de proteção respiratória, capuz ou capacete, e com vedação facial tipo peça semifacial ou facial inteira (NR-6). FIGURA 24 –RESPIRADORES DE AR MOTORIZADO FONTE: <http://epihaus.com.br/produtos/protecao-respiratoria/respirador-purificador.jpg>. Acesso em: 18 set. 2021. Os respiradores de adução de ar, tipo linha de ar comprimido, podem ser dos tipos: com e sem vedação facial de fluxo contínuo, para proteção das vias respiratórias em atmosfera com concentrações de oxigênio maior que 12,5%; de demanda com pressão positiva para atmosfera com concentração de oxigênio maior de 12,5%; e de demanda com pressão positiva com cilindro auxiliar para ambientes com concentração de oxigênio menor ou igual a 12,5% (NR-6). FIGURA 25 – RESPIRADORES DE ADUÇÃO DE AR TIPO LINHA DE AR COMPRIMIDO FONTE: <http://epihaus.com.br/produtos/protecao-respiratoria/mascara-ar-comprimido.jpg>. Acesso em: 18 set. 2021. Os respiradores adução de ar, tipo máscara autônoma, são de circuito aberto e fechado de demanda com pressão positiva. Ambos para proteção com ambientes com concentração de oxigênio menor ou igual a 12,5% (NR-6). 179 FIGURA 26 – RESPIRADORES DE ADUÇÃO DE AR TIPO MÁSCARA AUTÔNOMA FONTE: <http://epihaus.com.br/produtos/protecao-respiratoria/mascara-autonoma.jpg>. Acesso em: 18 set. 2021. Por fim, o respirador de fuga é utilizado para proteção das vias respiratórias contra gases e vapores e ou material particulado em condições de escape de atmosferas Imediatamente Perigosas à Vida e a Saúde (IPVS) (NR-6). FIGURA 27 – RESPIRADORES DE FUGA FONTE: <http://epihaus.com.br/produtos/protecao-respiratoria/respirador-de-fuga.jpg>. Acesso em: 18 set. 2021. 2.2.5 EPI para proteção do tronco A proteção do tronco é feita com a utilização de vestimentas, seja para proteção de riscos térmicos, mecânicos e radioativos ou contra agentes químicos e umidade. Os coletes a prova de balas também é uma proteção do tronco utilizada por policiais e vigilantes que trabalham com armas de fogo (NR-6). 180 FIGURA 28 – MODELOS DE PROTETOR DE TRONCO FONTE: <https://inbraep.com.br/publicacoes/epi/>. Acesso em: 19 set. 2021. 2.2.6 EPI para proteção dos membros superiores Os membros superiores podem ser protegidos por meio da utilização de luvas, creme protetor, manga, braçadeiras e dedeiras. As luvas podem ser para proteção das mãos contra agentes químicos, biológicos, radioativos ionizantes, térmicos, abrasivos e escoriantes, cortantes e perfurantes, além de proteção contra choque elétrico, vibrações e operações com uso de água. FIGURA 29 – MODELOS DE PROTETOR DE TRONCO FONTE: Adaptada de <https://www.centroalfavga.com.br/epi>. Acesso em: 19 set. 2021. As mangas são utilizadas na proteção do braço e antebraço contra agentes químicos, térmicos, abrasivos e escoriantes, cortantes e perfurocortantese contra choque elétrico e umidade. As braçadeiras, por sua vez, são utilizadas na proteção do antebraço contra agentes cortantes e escoriantes. E as dedeiras são utilizas para a proteção dos dedos contra os agentes abrasivos e escoriantes. 181 FIGURA 30 – EXEMPLOS DE MANGA, BRAÇADEIRA E DEDEIRA FONTE: Adaptada de <https://www.superepi.com.br/pesquisa/>. Acesso em: 19 set. 2021. 2.2.7 EPI para proteção dos membros inferiores Os membros inferiores podem ser protegidos utilizando calçados, meias, perneiras e calças. Os calçados e meia protegem os pés contra agentes químicos, térmicos, abrasivos e escoriantes, cortantes e perfurocortantes, quedas de objetos e umidade. As perneiras e calças são usadas na proteção da perna sobre os mesmos agentes citados acima. FIGURA 31 – MODELOS DE CALÇADOS DE PROTEÇÃO FONTE: Adaptada de <https://www.centroalfavga.com.br/epi>. Acesso em: 19 set. 2021. 182 2.2.8 EPI para proteção do corpo inteiro Quando necessário a proteção do corpo inteiro, a NR-6 (BRASIL, 2018a) prevê a utilização de macacão ou vestimenta do corpo inteiro. O macacão é indicado para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra agentes químicos, térmicos e umidade. Já as vestimentas de corpo inteiro, como o próprio nome diz, protegem tronco, membros superiores e inferiores e cabeça. FIGURA 32 – MODELOS DE PROTEÇÃO CORPO INTEIRO FONTE: Adaptada de <http://protecaoepichapeco.com.br/produtos/>. Acesso em: 19 set. 2021. 2.2.9 EPI para proteção contra quedas com diferença de nível A proteção individual dos trabalhadores que realizarão atividades em altura é realizada com a utilização dos cintos de segurança, seja e com dispositivo trava-queda ou com talabarte. FIGURA 33 – CINTO DE SEGUNRA E TALABARTE FONTE: Adaptada de <https://casadoepism.com.br/catalogsearch/result/>. Acesso: 19 set. 2021. 183 3 IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é regulamentada pela NR-5 e tem por objetivo “a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador” (BRASIL, 2021, p. 1). Ela deve ser implementada e mantida funcionando em empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas e outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. A CIPA deverá ser composta de representantes do empregador e dos empregados, conforme dimensionado estabelecido no Quadro nº 1 da NR-5. Alguns grupos econômicos, quando disciplinados em atos normativos para setores econômicos específicos, podem possuir outra representatividade. Em sua composição estão alocados representantes designados pelo empregador e votados (votação secreta) pelos empregados. A duração do mandato dos cipeiros é de 1 (um) ano, sendo permitida uma única reeleição. Os cipeiros tem estabilidade do emprego, ou seja, é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Também são garantidos aos membros da CIPA condições que não descaracterizem suas atividades normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro estabelecimento sem a sua anuência, ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 469, da CLT. O empregador deve designar entre seus representantes o Presidente da CIPA, e os representantes dos empregados escolherão entre os titulares o vice-presidente. O secretário e seu substituto serão indicados, de comum acordo com os membros da CIPA, entre os componentes ou não da comissão, sendo, neste caso, necessária a concordância do empregador. A posse dos membros da CIPA (eleitos e designados) será no primeiro dia útil após o término do mandato anterior. Após esta posse, a empresa deverá protocolizar, em até dez dias, cópia das atas de eleição e posse, bem como o calendário anual das reuniões ordinárias. Uma vez protocolizada, a CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número de empregados da empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do estabelecimento. 184 3.1 ATRIBUIÇÕES Conforme a NR-5 (BRASIL, 2021), as atribuições da CIPA são as seguintes: • identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; • elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; • participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; • realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; • realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; • divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; • participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; • requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; • colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PGR e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; • divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; • participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; • requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; • requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; • promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; • participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. Vale ressaltar que, o empregador, presidente da CIPA, Vice-Presidente e Secretário têm atribuições específicas, também descritas na NR-5 (BRASIL, 2021). 185 3.2 FUNCIONAMENTO A CIPA terá uma reunião ordinária a cada mês, preestabelecida em calendário, salvo evento que provoque uma reunião extraordinária, tais como: denúncia de situação de risco grave ou eminente, que determine aplicação de medidas corretivas de emergência, ocorrência de acidente grave ou fatal, ou se houver solicitação expressa de uma das representações. Essas reuniões devem ocorrer durante o horário de expediente normal da empresa e em local apropriado. As reuniões deverão ter as suas atas assinadas por todos os presentes, e serem enviadas cópias para todos os membros. Estas atas deverão ficar à disposição dos Agentes de Inspeção do Trabalho – AIT, conforme previsto na NR-5 (BRASIL, 2021). As decisões tomadas pela CIPA devem ocorrer em consenso, e na falta deste, por meio de um processo de votação, que deve ser devidamente registrado na ata de reunião. Essas decisões poderão ser reconsideradas, mediante requerimento justificado, passando novamente pela CIPA na próxima reunião ordinária. Na falta consecutiva de quatro reuniões ordinárias, o membro titular perde o mandato, sendo substituído pelo suplente. Em caso de afastamento definitivo do presidente da CIPA, o empregadordeve indicar um substituto, em até dois dias úteis. Em relação ao afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da representação dos empregados, escolherão o substituto, entre seus titulares, em dois dias úteis. 3.3 TREINAMENTO A NR-5 (BRASIL, 2021) exige que a empresa forneça treinamento para todos os membros da CIPA, tanto aos titulares como aos suplentes, antes que tomem posse. Caso seja o primeiro mandato, este treinamento poderá ser realizado em até 30 dias, contados a partir do dia da posse. O treinamento deve ter carga horária de vinte horas, sendo no máximo em 8 horas diárias, e realizado durante o expediente normal da empresa, sendo a empresa responsável por escolher a entidade ou profissional que realizará o treinamento. O conteúdo mínimo exigido pela NR-5 (BRASIL, 2021, p. 7) deve contemplar: a) estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados do processo produtivo; b) metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho; c) noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes na empresa; d) noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS –, e medidas de prevenção; e) noções sobre as legislações trabalhistas e previdenciária relativas à segurança e saúde no trabalho; 186 f) princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos; g) organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão. Os candidatos reeleitos que receberam treinamento de acordo com a Portaria SST Nº 8, de 23 de fevereiro de 1999, juridicamente só necessitariam refazer o curso novamente mediante alteração do programa do mesmo, ou seja, quando houve uma nova edição da Portaria. Porém, em caráter preventivo, recomenda-se que sempre que um funcionário for integrar uma nova CIPA, que o mesmo participe do treinamento, até mesmo para uma reciclagem dos seus conhecimentos. 3.4 PROCESSO ELEITORAL É de responsabilidade do empregador convocar as eleições para a escolha dos representantes dos empregados na CIPA, com no mínimo sessenta dias antes do término do mandato que está em curso. A publicação e divulgação do edital das eleições deve ser realizada com no mínimo quarenta e cinco dias antes do término do mandato em curso, e deve ser disponibilização em locais de fácil acesso e visibilidade. As inscrições podem ser realizadas por qualquer colaborador e devem ocorrer durante um período mínimo de quinze dias, sendo garantido o emprego de todos os inscritos até a eleição. A realização da eleição deve ocorrer em um prazo mínimo de trinta dias antes do término do mandato da CIPA. Também deve respeitar os dias normais de trabalho, horários e turnos, possibilitando a partição da maior quantidade de empregados possível. A apuração dos votos deve ocorrer com acompanhamento de membros dos empregados e do empregador e tudo deve ser documentando e guardado por um período mínimo de cinco anos. Caso a participação dos empregados na eleição seja inferior a 50%, não poderá ocorrer a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação, que ocorrerá no prazo máximo de dez dias. Se for constatada alguma irregularidade neste processo de eleição, as denúncias deverão ser protocolizadas na unidade descentralizada do MTE, em um prazo de até trinta dias após a posse dos novos membros da CIPA. Se esta unidade descentralizada do MTE confirmar as irregularidades no processo eleitoral, deverá determinar sua correção ou proceder à anulação. Neste caso, a empresa tem cinco dias, a contar da data de ciência, para convocar nova eleição, com as inscrições anteriores garantidas. Se esta anulação ocorrer antes da posse dos novos membros, ficará assegurada a prorrogação do mandato anterior, até a complementação do processo eleitoral. Os candidatos mais votados assumirão a condição de membros titulares e suplentes. Como critério de desempate, assumirá aquele que tiver mais tempo de serviço no estabelecimento. Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes. 187 3.5 ROTEIRO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA Como exemplo de implantação de uma CIPA, iremos listar os procedimentos necessários para esta implantação. 3.5.1 Calendário FIGURA 34 – CALENDÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA CIPA FONTE: INBEP (2012, p. 16) 3.5.2 Edital de convocação Como dito anteriormente, a empresa deve publicar um edital de convocação para as eleições dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de sessenta dias antes do término do mandato que está em curso. Este edital deve ficar fixado durante quinze dias, de tal forma que todos os empregados que queiram se candidatar o vejam e providenciem sua inscrição. A seguir vamos apresentar um modelo de convocação das eleições: QUADRO 1 – MODELO DE CONVOCAÇÃO DAS ELEIÇÕES FONTE: A autora XXXXXXXX, DIA de MÊS de ANO. De acordo com a Norma Regulamentadora NR-5, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 08.06.78, baixada pelo Ministério do Trabalho, convidamos todos os empregados desta empresa, que estão interessados em participar como candidatos à eleição da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, a se inscreverem na(o) xxxxxxx, até DIA/MÊS/ANO. ________________________ (Assinatura do empregador) 188 3.5.3 Formação da comissão eleitoral e edital de eleição Em até cinquenta dias antes do término da gestão do mandato dos cipeiros, deve ser constituída, pelo empregador, uma Comissão Eleitoral, que terá como responsabilidade organizar e acompanhar o processo eleitoral. Essa comissão tem como responsabilidade publicar um edital de divulgação, no qual deverão constar os nomes dos empregados que se candidataram. Este edital deverá estar fixado por quinze dias, a fim de que todos os empregados tomem conhecimento dos candidatos inscritos. Para a formação desta comissão, não há um número de pessoas especificadas na norma, e estas pessoas podem ser os próprios cipeiros. No auxílio da eleição, é interessante que se tenha, no mínimo, um presidente, um ou dois mesários e um secretário. No caso de empresas maiores, pode-se aumentar o número dos integrantes. A comissão também deverá publicar um novo edital, indicando o local e a data da votação, bem como a relação dos candidatos inscritos. A seguir temos um modelo deste edital: QUADRO 2 – MODELO DE EDITAL DE ELEIÇÃO DA CIPA FONTE: A autora EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÃO PARA A CIPA Ficam convocados os empregados desta empresa para a eleição dos membros da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, de acordo com a Norma Regulamentadora NR-5, aprovada pela Portaria SST nº 8, de 23/02/1999, baixada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a ser realizada em escrutínio secreto, no dia ___/___/_____, com início às ___:___ e término às ___:___, nas dependências do(a) _______________________. Apresentam-se e serão votados os seguintes candidatos: Candidato 1 (setor .......) Candidato 2 (setor .......) Etc. Cidade, em ___ de ________________ de _______ ____________________________________ Nome do responsável Nome da empresa 3.5.4 Eleição e divulgação do resultado No dia da eleição, a Comissão Eleitoral deve providenciar as cédulas (ou qualquer outro meio, inclusive eletrônico) para que os funcionários possam eleger seus representantes à CIPA. Como dito anteriormente, esta eleição deverá ser realizada 189 QUADRO 3 – MODELO ATA DE ELEIÇÃO DA CIPA FONTE: A autora no prazo mínimo de trinta dias antes do término do mandato da CIPA, ocorrer em dia normal de funcionamento da empresa e em horário que possibilite a presença da maioria dos funcionários. Muitas vezes, a Comissão Eleitoral se divide, a fim de que todos os turnos de trabalho possam participar da eleição. A apuração dosvotos deverá ocorrer também em horário normal de funcionamento da empresa, e na presença de representantes do empregador e dos empregados. Todos os documentos gerados neste processo eleitoral devem ser guardados por um período mínimo de cinco anos. Após a apuração, temos a divulgação dos resultados e a proclamação da ata, conforme modelo descrito a seguir: ATA DE ELEIÇÃO DOS MEMBROS DA CIPA Aos ____ do mês de _______________ de ______, nas dependências da Empresa _________________, com a presença dos senhores ____________________ (função ....), ____________________ (função ....), _____________________ (função ....) etc. , instalou-se a mesa receptora às ___:____. O senhor Presidente da Mesa declarou iniciados os trabalhos. Tudo ocorreu normalmente. Às ___:___, o presidente declarou encerrados os trabalhos de eleição, verificando que compareceram ____ empregados, e passou-se à apuração dos votos, na presença de tantos quanto desejassem. Após a apuração, chegou-se aos seguintes resultados: Após a classificação dos representantes dos empregados por ordem de votação, dos titulares e suplentes, esses representantes elegeram o(a) senhor(a) ___________________ vice-presidente da CIPA. Os demais votados, em ordem decrescente de votos, foram: E, para constar, mandou o Sr. Presidente fosse lavrada a presente Ata, por mim assinada (_____________________), secretário, pelos membros da mesa e pelos eleitos. _______________________________ Nome do participante e função Nome do participante e função _______________________________ Nome do participante e função Nome do participante e função Titulares votos Suplentes votos Nome mais votado Próximo nome mais votado Segundo nome mais votado Próximo nome mais votado Etc. Etc. Nomes votos Nomes votos 190 3.5.5 Ata de instalação e posse da CIPA Com o intuito de formalizar a eleição e a posse da nova CIPA, deve ser feita a Ata de Instalação e Posse da CIPA, conforme o modelo a seguir: QUADRO 4 – MODELO DE ATA DE INSTALAÇÃO E POSSE DA CIPA MODELO DE ATA DE INSTALAÇÃO E POSSE DA COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA DA EMPRESA __________________ Aos ...................................... dias do mês de ....................... do ano de dois mil e ................, no .......... .............................. nesta cidade, presente(s) o(s) Senhor(es) Diretor(es) da Empresa, bem como os demais presentes, conforme Livro de Presença, reuniram-se para Instalação e Posse da CIPA desta Empresa, conforme o estabelecimento pela Portaria nº.................................... o Senhor ............................... representante da Empresa e Presidente da sessão, tendo convidado a mim .......................................... para Secretário da mesma, declarou abertos os trabalhos, lembrando a todos os objetivos da Reunião, quais sejam: Instalação e Posse dos componentes da CIPA. Continuando declarou instalada a Comissão e empossados os Representantes do Empregador. Titulares Suplentes ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ Da mesma forma declarou empossados os Representantes eleitos pelos Empregados: Titulares Suplentes ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ A seguir, foi designado para Presidente da CIPA o Senhor................................., tendo sido escolhido entre os Representantes eleitos dos Empregados o Senhor ..................para Vice-Presidente. Os Representantes do empregador e dos Empregados, em comum acordo, escolheram também o(a) Senhor(a) para secretário(a)..................................., sendo seu(sua) substituto(a) o(a) senhor(a) ...................................... Nada mais havendo para tratar, o Senhor Presidente da sessão deu por encerrada a reunião, lembrando a todos que o período de gestão da CIPA ora instalada será de 01 (um) ano a contar da presente data. Para constar, lavrou-se a presente Ata, que, lida e aprovada, vai assinada por mim, Secretário, pelo Presidente da Sessão, por todos os Representantes eleitos e/ou designados, inclusive os Suplentes. ................................................ ............................................... Presidente da Sessão Secretário Titulares Suplentes ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ FONTE: A autora 191 Os procedimentos de implementação e funcionamento da CIPA podem ser encontrados no manual da CIPA disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência em: https://bit.ly/3lM5LlP. DICA 4 MAPA DE RISCO O mapa de riscos é uma demonstração gráfica do conjunto de fatores que estão presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde do trabalhador. Estes fatores se originam nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos, processos, instalações, suprimentos) nos espaços de trabalho, onde ocorrem as transformações, e da forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, turnos de trabalho, postura de trabalho, treinamentos etc.). Os mapas de riscos provêm das avaliações dos riscos, as quais constituem um conjunto de procedimentos que tem o objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a agentes ambientais. Estas avaliações servem de subsídios para o controle e a prevenção dessa exposição. Nos ambientes de trabalho, esses agentes podem estar relacionados a processos de produção, produtos e resíduos (HOKERBERG et al., 2006). A obrigatoriedade da identificação dos riscos à saúde humana nos ambientes de trabalho está contemplada na NR-9 (BRASIL, 2019a), sendo que cabe à CIPA a elaboração dos mapas de riscos ambientais. Este arranjo normativo é considerado uma tentativa de garantir o controle social e a participação do trabalhador na definição de suas condições e processos de trabalho (HOKERBERG et al., 2006). Foi na Itália, entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970, que o mapeamento de risco teve início, através de um movimento sindical que, na época, desenvolveu um modelo próprio de atuação na investigação e controle das condições de trabalho pelos trabalhadores. Este modelo tinha como premissas a formação de grupos homogêneos, a experiência ou subjetividade dos operários, a validação consensual, a não delegação, a qual possibilitava os trabalhadores a participar nas ações de planejamento e controle da saúde nos locais de trabalho, não delegando assim estas funções aos técnicos e valorizando a experiência e o conhecimento operário existente (MATTOS; FREITAS, 1994). 192 Para que o ambiente de trabalho fique livre da nocividade que sempre o acompanha, é necessário que as descobertas científicas neste campo sejam socializadas, isto é, trazidas aos conhecimentos dos trabalhadores de uma forma eficaz; é necessário que a classe operária se aproprie delas e se posicione como protagonista na luta contra as doenças, as incapacidades e as mortes no trabalho. Somente uma real posição de hegemonia da classe operária diante dos problemas da nocividade pode garantir as transformações que podem e devem determinar um ambiente de trabalho adequado para o homem. Somente a luta, uma ação sindical conduzida com precisos objetivos reivindicatórios, com a conquista de um poder real dos trabalhadores e do sindicato, é possível impor as modificações,sejam tecnológicas, técnicas ou normativas, que possam anular ou reduzir ao mínimo os riscos a que o trabalhador está exposto no local de trabalho (ODDONE et al., 1986). Este modelo de mapa de risco se disseminou por todo o mundo e chegou ao Brasil no início da década de 1980. Técnicos da Fundacentro de Minas Gerais foram designados para estudar o método de trabalho e acompanhar os resultados. Após um longo acompanhamento e a constatação dos resultados positivos, eles começaram como agentes multiplicadores a ensinar esta técnica por todo o país. Em São Paulo, graças aos esforços conjuntos da Fundacentro, São Paulo, Delegacia Regional do Trabalho de Osasco e Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, que em 1982 patrocinaram dois cursos com os técnicos de Minas Gerais, preparando 40 novos instrutores de diversos ramos de atividades, aproximadamente 200 empresas já estão aplicando esta técnica com resultados positivos (ABRAHÃO, 1993). De acordo com o item 5.16 da NR-5 (BRASIL, 2021), cabe às CIPAs a construção dos mapas de riscos dos locais de trabalho. Para tanto, os membros da CIPA devem ouvir os trabalhadores de todos os setores da empresa, e com a colaboração do Serviço Especializado de Medicina e Segurança do Trabalho (SESMT) da empresa, caso exista, elaborar o mapa. Os riscos deverão ser apresentados em uma planta baixa ou num esboço do local de trabalho (croqui) e os tipos de riscos relacionados em tabelas próprias, anexas à referida NR. Posteriormente, estes mapas deverão ser afixados em locais visíveis em todas as seções para o conhecimento dos trabalhadores, e deverão permanecer no local até uma nova gestão da CIPA, quando então os mesmos deverão ser refeitos. Além dos riscos ambientais descritos na NR-9 (físico, químico e biológico), também deverão ser representados no mapa os riscos ergonômicos e riscos de acidentes (BRASIL, 2019a). 193 QUADRO 5 – GRUPOS DE RISCO FONTE: A autora Grupo Risco Cor Exemplos 1 Físico Verde Ruído, vibração, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, infrassons e ultrassom. 2 Químico Vermelho Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas, substâncias compostas ou produtos químicos em geral. 3 Biológico Marrom Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários e bacilos 4 Ergonômico Amarelo Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico. 5 Acidentes Azul Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, probabilidade de incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, armazenamento inadequado, quedas e animais peçonhentos. Durante a elaboração do mapa de riscos, os riscos são classificados em três graus, sendo representados em círculos de três tamanhos, conforme ilustrado na Figura 35: FIGURA 35 – GRAU DE RISCO REPRESENTADOS POR TAMANHO DOS CÍRCULOS FONTE: A autora Cada um destes riscos possui uma cor correspondente, conforme apresentado no Quadro 5. Modelos de mapas de riscos: 194 FIGURA 36 – MODELO DE MAPA DE RISCO FONTE: <https://gestaodesegurancaprivada.com.br/o-que-e-mapa-de-riscos-ambientais-conceito/>. Acesso em: 28 nov. 2021. FIGURA 37 – OUTRO MODELO DE MAPA DE RISCO FONTE: <http://www.ctatreinamentos.com.br/2019/05/09/mapa-de-risco/>. Acesso em: 28 nov. 2021 Risco Ergonômico Risco Mecânico Risco Físico Risco Químico Risco Biológico Risco Pequeno Risco Médio Risco Elevado 195 LEITURA COMPLEMENTAR EPIs E SEGURANÇA DOS TRABALHADORES DE SAÚDE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: UMA BREVE REFLEXÃO Fábio José Soares Cavalcante Raquel Dantas Nascimento Regina Márcia Soares Cavalcante Um novo tipo de coronavírus, denominado SARS-CoV-2, foi identificado em Wuhan, China, em dezembro de 2019, e levou a um surto de rápida disseminação da doença coronavírus em 2019 (COVID-19). Logo em seguida, no dia 30 de janeiro de 2020, o COVID-19 foi declarada uma emergência de saúde pública de interesse internacional (Chan et al., 2020). No dia 11 de março a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença como uma pandemia (WHO,2020; OPAS, 2020). No Brasil, o primeiro caso da doença foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 e, em 22 de maio tornou-se o país com o segundo maior número de casos da doença no mundo (Word O’Meters,2020). São considerados importantes sinais e sintomas da COVID-19: febre, tosse seca, dispneia, mialgia ou fadiga e linfopenia. A transmissão da doença é realizada por meio de gotículas– contato interpessoal íntimo e, dessa forma, as secreções respiratórias foram consideradas o principal meio de propagação do vírus. A análise de cultura de células epiteliais das vias aéreas humanas, a microscopia eletrônica e o sequenciamento completo do genoma da cultura sobrenadante foram compartilhados com a OMS, destinando-se à vigilância e detecção da infecção por 2019-nCoV, na China e globalmente (Huang, Wang, Li, Ren, Zhao & Hu, 2020). Além disso, tem-se analisado a possibilidade de transmissão do vírus por aerossóis (partículas menores e mais leves que as gotículas), gerados durante alguns procedimentos específicos (Avisa,2020). O SARS-nCoV-2 pode ser transmitido por meio de menores aerossóis com núcleos de gotículas ≤5μm, que podem viajar longas distâncias e permanecer no ar por 2 a 4 horas, dependendo das condições ambientais (Van Doremalen, 2020). Considerando a transmissibilidade, o principal problema de saúde que atinge os profissionais envolvidos na linha de frente do cuidado aos pacientes sintomáticos ou diagnosticados com COVID-19 é o risco de contaminação pela doença (Holland & Friderich, 2020). Nesse contexto é importante enfatizar que considerando o ritmo lento da vacinação no Brasil, os profissionais de saúde não podem, pela natureza do seu trabalho, dispor dos meios mais eficazes na prevenção de contaminação pela COVID-19, que são o confinamento e o isolamento social (Brito et al., 2021). 196 Há muitas evidências que indicam o alto grau de exposição e contaminação dos profissionais de saúde pelo novo coronavírus (Ran et al. ,2020), que por ser um vírus de transmissão respiratória, encontra na utilização de EPIs, ação indispensável como medida de precaução padrão, de contato e por gotículas recomendadas no enfrentamento desta pandemia (Holland & Friderich, 2020). Dentro desse contexto, os profissionais e trabalhadores de saúde constituem grupo de risco para a COVID-19 e, a segurança no ambiente de trabalho e consequente proteção dos mesmos tem papel de extrema relevância para evitar a transmissão e minimizar os risco de infecção pela doença, tanto nos estabelecimentos de saúde quanto em suas residências, tornando-se essencial a adoção de protocolos de controle e infecções (padrão, contato, via aérea) como também a disponibilização de EPIs, como máscaras N95, aventais, óculos, protetores faciais e luvas (Teixeira et al., 2020). De acordo com a Agência de Vigilância Sanitária-ANVISA (2020) é fundamental no período pandêmico de COVID-19, que os trabalhadores de saúde, que estão trabalhando diretamente no enfrentamento da doença, tenham acesso, bem como conhecimento sobre a importância do uso de EPIs para a prevenção de contaminação e redução na transmissão de microrganismos durante a assistência aos pacientes. Durante o surto inicial de COVID-19, em Wuhan, 13 profissionais de saúde foram infectados (Gawande, 2020). Eles se tornaram os vetores de transmissão para seus colegas e familiares, e 42.000 profissionais de saúde tiveram que ser trazidos para tratar os pacientes, pois os profissionais de saúde sucumbiram ao COVID-19 (Zang et al., 2020). Nesse contexto, as medidas de prevenção e controle devem ser implementadas em todas as etapas do atendimento do paciente no serviço de saúde, desde