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RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE 
CIVIL
ORGANIZADORA LAÍS PESSOA
ORGANIZADORA LAÍS PESSOA
Responsabilidade civil
GRUPO SER EDUCACIONAL
Neste livro, a autora se debruça sobre os temas relacionados à responsabili-
dade civil e apresenta: histórico e conceito da responsabilidade civil; respons-
abilidade civil e elementos caracterizadores; inexecução contratual e 
obrigação de indenizar; responsabilidade civil – situações especí�cas. 
Por meio de um texto didático e claro, serão abordados temas impre-
scindíveis para aprender mais a respeito da responsabilidade civil. 
gente criando futuro
I SBN 9788522129911
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RESPONSABILIDADE 
CIVIL
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi 
 
 Pessoa, Laís.
 Responsabilidade civil / Laís Pessoa : Cengage, 2020.
 Bibliografia.
 ISBN 9788522129911
 
 1. Direito civil 2. Direito Penal 3. Responsabilidade civil.
Grupo Ser Educacional
 Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: (81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Autoria
Bruna Souza da Silva
Advogada sócia na Muzzi e Advogados Associados, graduada em Direito em 2012 pela Universidade 
Federal de Minas Gerais (UFMG); Especialista em Direito Público pelo CAD-FUMEC (2014). Membro da 
Comissão de Direito Médico da OAB/MG (triênio 2016-2018). Pós-graduanda em Direito Administrativo 
pela UFMG.
Atuante nas áreas de Direito Administrativo e Sindical em âmbito consultivo e contencioso.
SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Histórico e conceito da responsabilidade civil ............................................................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1. Histórico e conceito da responsabilidade civil .................................................................................. 11
2. Responsabilidade civil e a Legislação brasileira ................................................................................ 15
3. Responsabilidade civil e penal .......................................................................................................... 20
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................24
UNIDADE 2 - Responsabilidade civil e elementos caracterizadores .................................................25
Introdução.............................................................................................................................................26
1. Elementos Caracterizadores da Responsabilidade Civil ....................................................................27
 2. Excludente de Responsabilidade Civil .............................................................................................. 33
3. Responsabilidade civil e contratos .................................................................................................... 35
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................40
UNIDADE 3 - Inexecução contratual e obrigação de indenizar ........................................................41
Introdução.............................................................................................................................................42
1. Inexecução Contratual ...................................................................................................................... 43
2. Obrigação de indenizar ..................................................................................................................... 46
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................54
UNIDADE 4 - Responsabilidade civil – situações específicas ............................................................55
Introdução.............................................................................................................................................56
1. Responsabilidade Civil do Estado ...................................................................................................... 57
2. Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado ..............................................................60
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................69
Este livro trata da responsabilidade civil, um ramo do direito civil que se resvala 
também no Direito Penal, no Constitucional e Administrativo. 
Na primeira unidade, o histórico e o conceito da responsabilidade civil são apresentados, 
além de explicar como distinguir a conduta antijurídica, se subjetiva ou objetiva.
Em seguida, o livro trata dos elementos caracterizadores do instituto da 
responsabilidade civil: o ato jurídico, o dano, o elemento subjetivo do agente e o nexo 
de causalidade. Também serão estudadas as hipóteses excludentes de reponsabilidade 
e a responsabilidade civil decorrente do descumprimento de obrigações contratuais. 
Será tratada também sobre a boa-fé objetiva tanto nas negociações preliminares 
quanto na execução dos contratos.
A unidade 3 fala sobre a inexecução contratual e obrigação de indenizar, dando 
continuidade ao estudo da responsabilidade civil.é responsável pela reparação civil, 
ainda que não haja culpa de sua parte:
• Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
• O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
• O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
• Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por di-
nheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
• Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente 
quantia.
O art. 934 resguarda, no entanto, que aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode 
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente 
seu, absoluta ou relativamente incapaz.
 O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei 
o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os 
juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. Ainda, aquele que 
demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir 
mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que 
houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Tais 
penas não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o 
direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido.
Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação 
do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela 
reparação, nos termos do art. 942 do Código Civil. Além disso, são solidariamente responsáveis 
com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932. Por fim, o direito de exigir 
reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
48
Figura 2 - Pagamento de indenização 
Fonte: H_Ko, Shutterstock, 2020
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2.1 Tipos de Indenização
Sobre o instituto da indenização e sua valoração, o Código Civil de 2002 traz diretrizes entre 
os artigos 944 e 954. O art. 944 determina que a indenização deve ser medida pela extensão 
do dano. A indenização deve ter o valor adequado para reparar o dano sofrido – e não para 
enriquecer a parte que o sofreu –; e, ao mesmo tempo, servir como desestímulo para o agente 
que praticou a conduta danosa de que continue a exercê-la.
As indenizações, conforme o caso concreto, podem abranger:
i. O dano emergente, que consiste no efetivo prejuízo sofrido pela vítima, em sua 
diminuição patrimonial que deverá ser restaurada ao estado anterior.
49
ii. O lucro cessante, que é a expectativa frustrada de lucro que o lesado teria se não 
tivesse ocorrido a ação danosa.
O lucro cessante deverá ser aferido por meio da probabilidade, analisada de forma objetiva, 
de que com o caminho natural das atividades do lesado o lucro se daria. Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização. De acordo com o art. 945 do Código Civil, se a vítima tiver concorrido culposamente 
para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa 
em confronto com a do autor do dano. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no 
contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas 
e danos na forma que a lei processual determinar. Se o devedor não puder cumprir a prestação na 
espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente. De acordo com o artigo 948 do 
Código Civil, a indenização no caso de homicídio deve ser feita das seguintes formas: 
• Pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; 
• Prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a du-
ração provável da vida da vítima.
No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do 
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que 
o ofendido prove haver sofrido. Se a ofensa resultar em sequelas devido às quais o ofendido não 
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, 
além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão 
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele 
sofreu. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma 
só vez. Tais disposições aplicam-se, ainda, no caso de indenização devida por aquele que, no 
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do 
paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Quanto aos danos causados por subtração de coisas, havendo usurpação ou esbulho do alheio, 
além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o 
devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao 
prejudicado. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela 
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele, conforme 
parágrafo único do art. 952 do Código Civil.
Já a indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas 
resulte ao ofendido, e se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, 
equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
50
A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos 
que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, caberá da mesma forma ao 
juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. 
Os casos de infrações consideradas ofensivas da liberdade pessoal são: 
• O cárcere privado;
• A prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
• A prisão ilegal.
Em relação aos tipos de indenização decorrentes do dano que constitui requisito da obrigação 
de indenizar, ou seja, aquele relacionado ao instituto da responsabilidade civil, é importante a 
subdivisão em dois grandes grupos segundo a natureza do bem atingido:
i. danos a coisas;
ii. danos a pessoas, que pode abranger os danos físicos ou corporais e os danos morais 
(ou chamados anímicos).
Stoco (2011) aponta que tanto os danos a coisas quanto os danos às pessoas possuem 
valoração econômica e são suscetíveis à avaliação pecuniária, de onde se extraem as categorias 
de subdivisão:
i. danos patrimoniais, econômicos ou materiais;
ii. danos extrapatrimoniais, também chamado moral ou imaterial.
O dano material é regido pelo princípio da restitutio in integrum, devolvendo-se ao lesado 
tudo aquilo que economicamente dispendeu em razão do dano sofrido. Quanto ao dano moral, 
não há previsão legal de valores que devem ser estipulados como reparação, mas deve-se utilizar 
o binômio do equilíbrio, pelo qual, de acordo com Stoco (2011, p. 1398):
a compensação pela ofensa irrogada não deve ser fonte de enriquecimento para quem recebe, 
nem causa de ruína para quem dá. Mas também não pode ser tão apequenada que não sirva de 
desestímulo ao ofensor, ou tão insignificante que não compense e satisfaça o ofendido, nem o console 
e contribua para a superação do agravo recebido.
O dano moral direto, portanto, segundo Tartuce (2016), é aquele que atinge a pessoa em 
sua honra subjetiva (autoestima) ou objetiva (repercussão social da honra), como acontece nos 
crimes contra a honra (injúria, calúnia, difamação).
A indenização pelo lucro cessante requer a “probabilidadeobjetiva resultante do 
desenvolvimento normal dos acontecimentos conjugados às circunstâncias peculiares do caso 
51
concreto” (STOCO, 2011, p. 1397). A mera possibilidade de lucro não seria suficiente.
Importante também é o estudo do chamado “dano em ricochete”, que é o dano indireto, 
atingindo a pessoa de forma reflexa em relação à pessoa que foi efetivamente lesada, como, por 
exemplo (TARTUCE, 2016), nos casos em que morre pessoa da família (art. 948 do código Civil), ou 
violação à personalidade do morto (artigo 12 do Código Civil), ou perda de coisa estimada como 
um animal de estimação (art. 952 do Código Civil).
Quanto ao dano estético, que se encontrava expressamente previsto no Código Civil de 1916, 
este não foi reproduzido no Código Civil de 2002, mas a sua ocorrência e dever de reparação 
continuam por ele amparados. Isso porque caso o dano de natureza estética seja passível de 
reparação, será convertido em danos materiais e, na impossibilidade, será revertido na forma de 
dano moral. Admite-se a cumulação do dano estético com o dano moral se for possível estipular, 
ainda que em valor único, o valor devido por cada um deles enquanto transtornos individualizados. 
Veja a seguir outros tipos de reparação pecuniária admitidas pelo ordenamento juídico pátrio:
• Pagamento de despesas com funeral, luto e sepultura;
• Pensão mensal a parentes de vítima de acidente ferroviária ou rodoviário;
• Pensão por morte (independente da pensão previdenciária);
• Pensão mensal (independente de benefício previdenciário) e despesas com tratamento 
médico;
• Indenização acidentária, que não exclui a indenização civil.
2.2 Valoração da indenização
As regras gerais sobre a fixação das indenizações estão nos artigos 944, 945 e 948 do 
Código Civil. Como vimos, o dano material será passível de reparação em sua integralidade, ou 
seja, tudo aquilo que se demonstrou ter gastado (ou perdido, ou deixado de ganhar) de modo 
FIQUE DE OLHO
Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça confirmou a condenação de tribunais 
locais de pagamento de indenização por contaminação com o vírus HIV por parceiro 
que tinha ciência de sua condição e assumido o risco com seu comportamento de não 
informar a parceira e de não se proteger. Restou configurada, nesse caso, a lesão aos 
direitos de personalidade (honra, intimidade, integridade moral e física) da parceira
52
economicamente aferível em razão do dano sofrido será passível de reparação. A fixação da 
reparação do dano material agrega, assim, o dano emergente e o lucro cessante. A primeira 
opção de reparação, se a natureza da obrigação assim o permitir, seria o retorno ao status 
quo ante, com a devolução das mesmas coisas danificadas ou destruídas. Sendo impossível tal 
devolução, necessária a apuração do dano emergente e do lucro cessante, a ser estipulado em 
valor fixo e único que compense o prejuízo suportado. Neste caso também poderá ser fixada 
pensão mensal ou vitalícia a fazer frente às despesas do lesado.
Segundo Stoco (2011), o dano emergente será aquilo que se perdeu, ou o valor relativo ao 
prejuízo, seja a perda de um bem, os gastos com tratamento, etc. O lucro cessante corresponde ao 
que o indivíduo deixou de ganhar por estar impossibilitado temporariamente de exercer seu trabalho.
Quanto aos critérios de fixação da indenização pelo dano moral, não há na Legislação 
brasileira atual que os estabeleça, e tampouco valores, cabendo ao julgado estabelecer segundo 
sua análise dos fatos e do prejuízo moral causado, fixando o valor segundo seu arbítrio. O valor 
a ser fixado como indenização seja por danos morais seja por danos patrimoniais dever ser 
estipulado com parcimônia pelo julgador e obedecendo ao binômio do equilíbrio. Não se pode 
esquecer também do critério de equidade previsto em diversos artigos já citados nesta unidade, 
pelo qual o juiz deverá apreciar de forma as possibilidades ou recursos do devedor em conjunto 
com as necessidades da vítima, considerando a intensidade do dolo ou culpa do agente e também 
a intensidade do sofrimento do ofendido.
Dentre os outros elementos que devem influenciar no valor das indenizações fixadas estão:
• Correção monetária, desde a data do fato que originou o prejuízo;
• Incidência de juros legais, nos termos dos artigos 398 e 406 do Código Civil;
• Verba honorária, nos termos do art. 85 do Código de Processo Civil.
No caso de indenizações fixadas em forma de pensão é admissível que o juízo exija do 
devedor a constituição de capital como garantia dos pagamentos futuros, assim como é possível 
o pedido de revisão da pensão se houver mudança nas circunstâncias em relação àquelas da data 
da fixação.
FIQUE DE OLHO
A chamada “teoria da perda da chance” aplica-se aos casos em que o dano seja 
real, atual e certo, dentro de um julgamento de probabilidade, e não a partir da sua 
possibilidade. Logo, o dano potencial e incerto, no âmbito da responsabilidade civil, em 
regra, não é indenizável.
53
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender que, em responsabilidade civil, a indenização pressupõe a existência 
de ato ilícito que tenha causado danos, prejuízo;
• aprender que os danos podem ser de natureza patrimonial, econômica/material; ou 
de natureza extrapatrimonial, moral;
• compreender que as perdas e danos abrangem tanto os danos emergentes quanto 
os lucros cessantes;
• analisar como se dá a fixação da indenização por dano material e moral.
PARA RESUMIR
FIUZA, C. Direito Civil [livro eletrônico]: curso completo. 2. ed. São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2015.
GONÇALVES, C. R. Direito das obrigações, parte especial, tomo II responsabilidade civil. 
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
STOCO, R. Tratado de Responsabilidade Civil, 6ª ed., São Paulo: RT, 2004, p. 545.
TARTUCE, F. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de 
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE 4
Responsabilidade civil – 
situações específicas
Você está na unidade Responsabilidade Civil – Situações Específicas. Você estudará 
situações específicas em que a responsabilidade civil é apurada, em conformidade com 
disposições legais, doutrina e jurisprudência.
Bons estudos!
Introdução
57
1. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
O nosso ordenamento jurídico assumiu como regra a teoria da responsabilidade civil 
subjetiva, em que é necessária a existência e comprovação do elemento subjetivo culpa 
pela pessoa que foi lesada e pretende ver seu patrimônio jurídico reparado. Nossa legislação 
previu ainda, de forma expressa, as exceções a esta regra como nos casos em que deverá ser 
adotada a teoria da culpa presumida ou a teoria da responsabilidade objetiva, por meio do risco 
administrativo ou risco integral, e nas atividades perigosas.
Uma dessas exceções é em relação à responsabilidade civil do Estado. Verifica-se que ela está 
atrelada à responsabilidade objetiva – ou seja, independente de dolo ou culpa do agente –; e à 
teoria da responsabilidade subjetiva do Estado, quando a prestação de serviços públicos – como 
o de saúde, por exemplo –, não funciona, funciona mal ou tardiamente, teoria conhecida como 
“falta do serviço”.
A Constituição de 1988 dispôs sobre a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados 
a terceiros, consubstanciando a responsabilidade na modalidade objetiva (BRASIL, 1988): “Art. 
37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços 
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Por sua vez, 
o Código Civil Brasileiro de 2020 dispôs que as pessoas jurídicas de direito público são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros. Portanto, 
sob a perspectiva da responsabilidade civil do Estado, são requisitos ensejadores do dever de 
indenizar a ocorrência de conduta,dano e nexo causal.
Em relação à “teoria da falta do serviço”, ela está relacionada à prática de conduta omissiva 
por agentes da Administração que ocasionem dano a outrem, evidentemente, em razão do nexo 
de causalidade. Trata, principalmente, de situações em que os agentes públicos diretamente 
envolvidos na prestação de serviços públicos à população deixam de praticar alguma ação que 
seria devida – ou seja, omitem-se – causando danos à esfera jurídica do usuário do serviço. 
Para resumir a teoria, é utilizada a expressão de ocorrência de dano quando o serviço público 
não funciona, funciona mal ou funciona tardiamente. No âmbito da responsabilidade civil do 
Estado, por omissão, abarcada pela “teoria da falta do serviço”, é exigida a presença do requisito 
subjetivo do dolo ou culpa por parte do agente público omisso, aquele que deveria ter agido. Tal 
caracterização de dolo ou culpa também deve ser objeto de prova em processos e procedimentos 
que visem à responsabilização dos médicos, por exemplo.
Por fim, é importante destacar que na abordagem da responsabilidade civil do Estado não 
haverá que se falar em aplicação do Código de Defesa do Consumidor, por se tratar de entes 
da Administração Pública, que possuem regime jurídico administrativo – de direito público 
58
–, e diferente, portanto, do regime jurídico civilista aplicável aos entes particulares. O Estado 
estará sujeito aos preceitos da responsabilidade civil contratual nos termos estabelecidos entre a 
Administração Pública e o particular que com ela contratar.
Figura 1 - Palácio do Planalto em Brasília (DF) 
Fonte: R.M. Nunes, Shutterstock, 2020
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1.1 Teoria do Risco Administrativo
A responsabilidade civil do Estado com base na teoria do risco administrativo tem origem no 
direito francês e tem natureza objetiva, ou seja, o Estado terá o dever de indenizar o particular 
independentemente da existência de culpa ou dolo do agente que causou o dano. Ela está 
consubstanciada no art. 37, §6º da Constituição da República de 1988. Veja a seguir os elementos 
59
que o particular precisará comprovar para a reparação:
Elementos que o particular lesado precisará comprovar para a reparação
• Atuação de agente público, como tal;
• Dano;
• Nexo de causalidade entre a conduta praticada pelo agente público no exercício da fun-
ção ou em razão dela e o dano sofrido pelo particular que pretende a reparação.
Conforme a “teoria do risco integral”, há responsabilidade civil do Estado de forma objetiva, 
pelos danos causados aos particulares, em quaisquer circunstâncias. Essa teoria não admite 
qualquer modalidade de excludentes de responsabilidade, bastando apenas comprovação do 
nexo causal. Tal teoria não foi admitida pelo nosso ordenamento, embora alguns doutrinadores 
entendam que a responsabilidade por danos decorrentes de acidentes nucleares se enquadraria 
neta hipótese.
1.2 Casos especiais
Inicialmente destacam-se como casos especiais de responsabilidade civil (NASCIMENTO, 
2018) aqueles em que ela é objetiva, relacionada ao risco integral, no caso de danos decorrentes 
de acidentes nucleares – nos termos do art. 21, XXIII, d, da Constituição Federal –, e no caso de 
danos ambientais, com amparo no art. 14, §1º da Lei nº. 6.938/81.
Outro caso especial de responsabilidade do Estado por obras públicas, em que são possíveis 
dois cenários:
i. Dano causado pelo chamado “só fato da existência da obra”, de responsabilidade do 
Estado, no caso dos transtornos causados pelos administrados fixados na região da obra;
ii. Dano causado pela má-execução, de responsabilidade pelo executor contratado, 
de forma subjetiva, e do Estado de forma subsidiária, se o executor não puder, pelos 
próprios meios, ressarcir a vítima.
Importante mencionar também os danos decorrentes de atos legislativos em que, em regra, 
há irresponsabilidade pelos mesmos. As duas exceções pontuadas são as leis inconstitucionais, 
cuja reparação deve ser obtida por meio de controle de constitucionalidade; e as leis de efeitos 
concretos (muito semelhantes ao ato administrativo), cuja reparação se rege pela teoria do risco 
administrativo.
No caso de atos jurisdicionais, a regra também será a irresponsabilidade do Estado. No 
entanto, conforme leciona Nascimento (2018), poderá existir responsabilidade do Estado por erro 
60
do judiciário sobretudo na esfera criminal aplicando-se a teoria da responsabilidade objetiva na 
modalidade risco administrativo, exceto nas hipóteses do art. 603, §2º do Código de Processo Penal.
1.3 Excludentes de responsabilidade do Estado
Da mesma forma que na responsabilidade civil entre particulares, o Estado pode vir a ser 
isentado do dever de indenizar caso esteja presente alguma causa excludente: culpa exclusiva da 
vítima, força maior ou fato exclusivo de terceiro. Tais excludentes são garantidos devido à adoção 
pelo nosso ordenamento da teoria do risco administrativo e não a do risco integral. Caberá ao 
Estado, no entanto, o dever de comprovar alguma hipótese de excludente de ilicitude, e não ao 
particular demonstrar que não houve.
Em relação ao excludente da culpa exclusiva da vítima, caracteriza-se quando o dano é causa 
de conduta praticada pela própria vítima, caso em que o Estado não possuirá dever de indenizar.
As outras hipóteses excludentes são apresentadas sob conceitos do Direito Administrativo:
i. Caso fortuito, como evento interno à Administração Pública mas de natureza 
imprevisível e que acaba provocando dano a outrem;
ii. Força maior, enquanto eventos externos à Administração Pública – sejam da natureza 
ou fatos jurídicos humanos, de terceiros – de natureza extraordinária, imprevisível ou de 
consequências imprevisíveis, ou de força irresistível.
Nos casos de eventos externos à Administração, imprevisíveis, haveria rompimento do 
nexo de causalidade afastando o dever de indenizar. No caso dos eventos internos, se houver 
demonstração de nexo de causalidade, permanecerá o dever do Estado em reparar o particular. 
Por fim, será possível o atenuante de responsabilização do Estado nos casos de culpa concorrente 
do particular para a ocorrência do evento danoso.
2. RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS 
DE DIREITO PRIVADO
A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado será regida, de forma geral, 
podem ser de natureza contratual ou extracontratual e, normalmente, de forma subjetiva.
2.1 Código de Defesa do Consumidor
A responsabilidade civil no Código de Defesa do Consumidor é, via de regra, objetiva nos 
termos do art. 14, caput: fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação 
61
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e 
riscos. No caso, trata-se de responsabilidade objetiva e solidária dos fornecedores na relação de 
consumo por prestação de serviços, abarcada pelos art. 14, caput, e art. 25, §1º do Código de 
Defesa do Consumidor, que preveem, respectivamente (BRASIL,1990):
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a 
obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente 
pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
2.2 Concorrência desleal
A Lei nº. 9.279/96, que regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial, prevê 
em seu artigo 209 a possibilidade de reparação civil por concorrência desleal (BRASIL, 1996):
Art. 209. Fica ressalvado ao prejudicado o direito de haver perdas e danos em ressarcimento de 
prejuízos causados poratos de violação de direitos de propriedade industrial e atos de concorrência 
desleal não previstos nesta Lei, tendentes a prejudicar a reputação ou os negócios alheios, a criar 
confusão entre estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviço, ou entre os 
produtos e serviços postos no comércio.
§ 1º Poderá o juiz, nos autos da própria ação, para evitar dano irreparável ou de difícil reparação, 
determinar liminarmente a sustação da violação ou de ato que a enseje, antes da citação do réu, 
mediante, caso julgue necessário, caução em dinheiro ou garantia fidejussória.
§ 2º Nos casos de reprodução ou de imitação flagrante de marca registrada, o juiz poderá 
FIQUE DE OLHO
Fato do produto/serviço é o mesmo que acidente de consumo. Haverá fato do produto 
ou do serviço sempre que o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do 
consumidor, atinge sua incolumidade física ou psíquica. Nesse caso, haverá danos à saúde 
física ou psicológica do consumidor. Em outras palavras, o defeito exorbita a esfera do bem 
de consumo, passando a atingir o consumidor. Já Direito do Produto/Serviço refere-se aos 
casos quando o “defeito” atingir meramente a incolumidade econômica do consumidor, 
causando-lhe tão somente um prejuízo patrimonial. Nesse caso, o problema é intrínseco ao 
bem de consumo.
62
determinar a apreensão de todas as mercadorias, produtos, objetos, embalagens, etiquetas e outros 
que contenham a marca falsificada ou imitada.
Logo, o Judiciário vem entendendo que qualquer modalidade de concorrência desleal 
(práticas ilícitas para angariar clientela) é passível de indenização por danos morais, como, por 
exemplo, a utilização de nome foneticamente semelhante a produto de concorrente, ou marca 
semelhante, ou desvio de clientela, além dos danos materiais que, nos termos da súmula 83 
do Superior Tribunal de Justiça, que afirma que, na hipótese de concorrência desleal, os danos 
materiais se presumem, tendo em vista o desvio de clientela e a confusão entre as marcas, 
podendo ser apurados em liquidação de sentença.
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2.3 Estabelecimentos hospitalares, seguros e planos de saúde
Quanto à responsabilidade dos estabelecimentos hospitalares, seguros e planos de saúde, 
eles respondem por defeitos estruturais de forma objetiva. Pela conduta dos profissionais a 
ele relacionados, respondem de forma também objetiva após demonstrada a responsabilidade 
subjetiva do médico vinculado ao hospital, ou seja, apurada a culpa do profissional. Os cenários 
nos quais se configuram responsabilidade civil decorrente de fato do serviço da área de saúde 
são:
Se o fato do serviço é causado por serviço do hospital como um todo, como limpeza, 
ministração de medicamento, alocação de ala etc., a responsabilidade é objetiva do hospital 
fornecedor (aplica-se apenas a regra do Código de Defesa do Consumidor quanto ao fornecedor);
Se o fato é provocado por um médico que tem vínculo de subordinação com aquele hospital, 
a responsabilidade é subjetiva do médico, mas em solidariedade com o hospital, também 
subjetivamente (aplica-se a regra do Código de Defesa do Consumidor quanto aos profissionais 
63
liberais, mas junto com a responsabilidade subjetiva do hospital);
Se o fato é provocado por um médico que não tem vínculo de subordinação com o hospital, 
que apenas alugou ou de alguma forma utilizou a estrutura do hospital para aquele trabalho, 
a responsabilidade é subjetiva só do médico (aplica-se apenas a regra do CDC quanto aos 
profissionais liberais).
Figura 2 - Médicos trabalhando no lobby de um hospital 
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2020
 2.4 Responsabilidade civil de profissionais liberais
Os profissionais liberais – por exemplo, médicos e advogados –, respondem subjetiva e 
pessoalmente pelos danos causados, exigindo-se, como dito acima, a verificação da culpa.
Vistas as nuances gerais sobre a reponsabilidade civil subjetiva, sobre a responsabilidade 
civil dos médicos, o doutrinador Ulderico Pires dos Santos explica que, como regra, o médico 
somente será responsabilizado caso reste comprovado que o evento danoso se deu em razão de 
negligência, imprudência, imperícia ou erro grosseiro de sua parte. Em suas palavras (SANTOS, 
1984, p. 79), para responsabilizá-lo pelo dano causado a um paciente: “é necessário que resulte 
provado de modo concludente que o evento danoso se deu em razão de negligência, imprudência, 
imperícia ou erro grosseiro de sua parte”.
A responsabilidade subjetiva do médico, conforme antecipado, também pode ser extraída do 
Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990): “Art. 14 § 4º - A responsabilidade pessoal dos 
64
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”. Stoco (2004), ao comentar 
ao comentar acerca da responsabilidade civil do médico prevista no Código de Defesa do 
Consumidor, menciona a lição do renomado jurista Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, 
que é clara ao afirmar que a responsabilidade médica é alicerçada na culpa.
Os médicos respondem subjetiva e pessoalmente pelos danos causados a seus pacientes 
quando não estão vinculados a hospitais. Quando estão vinculados a uma instituição hospitalar, 
respondem de forma subjetiva, mas o hospital responde objetivamente, ambos solidários; 
aquele em regresso a este. De modo geral, a não ocorrência de culpa (negligência, imprudência 
ou imperícia) por parte de um médico, por exemplo, impede que lhe seja atribuída qualquer 
responsabilidade, visto que a responsabilidade do profissional médico é subjetiva, na maioria dos 
casos, em razão do disposto no art. 14, §4º, do Código de Defesa do Consumidor.
O estudo da responsabilidade civil dos médicos possui relevância na medida em que, nos 
últimos anos, cresceu em muito o número de ações ajuizadas contra médicos em sua maioria 
motivadas por “erros médicos”. Segundo Canal (2014), entre os anos de 2001 e 2011 houve um 
aumento de 302% nos processos éticos contra médicos e, no mesmo período, um aumento de 
mais de 500% nos processos judiciais indenizatório. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), este 
aumento foi de 1600% no período.
Da mesma forma, a responsabilidade civil dos advogados, sendo também obrigação de meio 
e não de resultado, e embora sejam prestadores de serviços, foi excluída da responsabilidade civil 
objetiva disposta no Código de Defesa do Consumidor. Além disso, os advogados estão sujeitos 
especificamente ao art. 32 da Lei nº. 8.906/94, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) (BRASIL, 1994):
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou 
culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu 
cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.
De acordo com Stoco (2011), apenas será possível responsabilizar o advogado, quando, por 
dolo e intenção manifesta de prejudicar, cause prejuízos ao seu cliente, ou atue com extremada 
culpa, de modo tão insatisfatório, displicente e imperito que a relação casual entre esse agir e 
o resultado da causa fique evidente. Ainda, é preciso destacar que o art. 34, IX, do Estatuto da 
Advocacia prevê como infração disciplinar do advogado prejudicar, por culpa grave, interesse 
confiado ao seu patrocínio, o que reforçou a tese jurídica de que o advogado só pode ser 
responsabilizado por prejuízo ao cliente por erro grosseiro e indesculpável sobre matéria de 
direito ou de fato e inadequada subsunção a preceito de lei (BRASIL. 1994). 
65
Figura 3 - Advogado no exercício da sua profissão 
Fonte: Roman Samborskyi, Shutterstock, 2020
2.5 Obrigações de meios e obrigações de resultado
A distinção entre obrigação de meio e obrigação de resultado é de fundamental importância 
para definição da responsabilização dos profissionais liberais – médicos, sobretudo. Naturalmente, 
tem-se que a obrigação na relação médico-pacienteé de meio, e da natureza contratual, salvo 
em casos de cirurgias plásticas de natureza exclusivamente estética conforme entendimento do 
Superior Tribunal de Justiça (REsp 819.008/PR), em que se compromete o médico com o efeito 
embelezador prometido.
Santos (1984, p. 79) explica que, de maneira predominante, a obrigação do médico é de meio 
e não de resultado, assim, o médico assume a obrigação de atuar diligentemente, e não de curar 
o paciente:
Sua responsabilidade decorre é de sua ação profissional manifestamente errônea, de sua omissão 
sobre o que deveria ser feito para evitar o mal e não o fez, porque a sua atuação não é de resultado e 
sim de meio, e também porque ao aceitar o cliente não assume com ele a obrigação de curá-lo, e sim 
de atuar com acerto e correção, ministrando-lhe o tratamento terapêutico ou operatório exigido pelo 
seu mal e indicado pela ciência médica
Gonçalves (2003, p. 360) concorda que a obrigação do médico em geral é obrigação de meio 
e não de resultado:
Portanto, para o cliente é limitada a vantagem da concepção contratual da responsabilidade 
médica, porque o fato de não obter a cura do doente não importa reconhecer que o médico foi 
66
inadimplente. Isto porque a obrigação que tais profissionais assumem é uma obrigação de “meio” e 
não de “resultado”. O objeto do contrato médico não é a cura, obrigação de resultado, mas a prestação 
de cuidados conscienciosos, atentos, e, salvo circunstâncias excepcionais, de acordo com as aquisições 
da ciência.
A jurisprudência também indica no sentido de que a natureza contratual do serviço médico 
é de meio e não de resultado, e, assim, não se pode presumir culpa do profissional, que para ser 
condenado deve restar comprovada a sua culpa.
Gonçalves (2003) aponta que cabe ao suposto prejudicado provar que o médico agiu com culpa. 
Nesse sentido, Theodoro Júnior (1985, p. 120), explica sobre a necessidade daquele que pleiteia a 
indenização de provar a culpa do agente, no caso o médico: “no ato ilícito, não basta o dano, mas 
impõe-se provar também a culpa do agente, para se lhe atribuir a responsabilidade civil”.
A doutrina e jurisprudência dominantes, portanto, indicam no sentido de que a indenização 
por dano moral e material decorrente de atuação médica está atrelada à prova de dolo ou culpa 
do médico, de modo que não se pode falar em dano moral em casos nos quais não há dolo ou 
culpa, nem mesmo nexo causal.
2.6 Cirurgião plástico
Nos casos de cirurgias plásticas meramente estéticas, configura-se obrigação de resultado, 
comprometendo-se o médico com o efeito embelezador prometido. Embora a obrigação seja 
de resultado, a responsabilidade do médico no caso de cirurgia meramente estética permanece 
sendo subjetiva, no entanto, com inversão do ônus da prova, cabendo ao médico comprovar 
que os danos suportados pelo paciente advieram de fatores externos e alheios à sua atuação 
profissional. Trata-se, portanto, de responsabilidade subjetiva com culpa presumida, não sendo o 
caso de responsabilidade objetiva.
FIQUE DE OLHO
A responsabilidade contratual é aquela que decorrerá do descumprimento de alguma 
obrigação previamente estipulada em contrato entre as partes, sendo que haverá 
responsabilidade de indenizar perdas e danos, nos termos do art. 389 do Código Civil.
67
Este entendimento tem sido aplicado nos casos de intervenções médicas – cirúrgicas, em sua 
maioria – relacionadas à estética do paciente, em que o serviço ofertado está intrinsecamente 
relacionado à obtenção do resultado pretendido pelo paciente e não a uma questão de saúde. 
Destacam-se, neste aspecto, os procedimentos médicos relacionados à estética do paciente. 
Nesse sentido, é importante destacar que sobretudo as especialidades de ginecologia e 
obstetrícia, clínica médica, traumato-ortopedia, cirurgia geral e cirurgia plástica estão sujeitas à 
aplicação deste entendimento no caso concreto.
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2.7 Consentimento informado
O consentimento informado e esclarecido, instrumento muito utilizado pelos médicos para 
com seus pacientes, destina-se à tutela da autonomia da vontade para consentir ou recursar 
tratamento e intervenções médicas, sendo negócio jurídico que exige a capacidade do agente, 
objeto lícito, não proibido em lei. O termo é utilizado para informar ao paciente, de forma 
minudente e esclarecida, os riscos envolvidos no procedimento.
Sobre o tema, adentrando à responsabilidade civil, o Código de Defesa do Consumidor 
e os preceitos nele contidos incentivaram o uso e o aprimoramento do consentimento 
informado, hoje entendido como livre e esclarecido, a fim de possibilitar aos pacientes um 
maior conhecimento sobre os procedimentos e tratamentos aos quais vai se submeter bem 
como os riscos e consequências – tanto do tratamento proposto, como de não o fazer. Por outro 
lado, a utilização do termo de consentimento informado, livre e esclarecido, pode auxiliar o 
profissional médico em eventual ação de responsabilidade civil, afigurando-se como medida 
preventiva que o socorrerá em matéria de prova em ações judiciais, desde que tenha meios 
de demonstrar o real esclarecimento de riscos ao paciente e a autonomia da vontade deste no 
momento do negócio jurídico.
68
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• analisar o caráter subjetivo da responsabilidade civil do Estado;
• distinguir os casos em que a responsabilidade civil do Estado é objetiva perante o 
cidadão pelos danos causados por seus agentes, cabendo direito de regresso do 
Estado contra este se preenchidos os requisitos da responsabilidade subjetiva;
• analisar a responsabilidade civil dos fornecedores de serviço;
• discutir a responsabilidade civil dos profissionais liberais;
• compreender as especificidades da discussão em torno da responsabilidade civil de 
médicos.
PARA RESUMIR
BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. 
Brasília: Senado Federal, 1990.
BRASIL, Lei nº 8.906 de 04 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Brasília: Senado Federal, 1994.
BRASIL, Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à 
propriedade industrial. Brasília: Senado Federal, 1996.
CANAL, Raul. Erro Médico e Judicialização da Medicina. Brasília, DF, 2014, 284 páginas.
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.
FIUZA, C. Direito Civil: curso completo. 11. Ed. Revista, atualizada e ampliada. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2008
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade Civil. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
KFOURI NETO, M. A responsabilidade Civil do Médico - Revista dos Tribunais 654/93, in 
Ajuris - Edição especial.
NASCIMENTO, E. S. do. Direito administrativo. Niterói: Impetus, 2018.
SANTOS, U. P. dos. A Responsabilidade Civil na Doutrina e na Jurisprudência. São Paulo: 
Forense, 1ª ed., 1984
STOCO, R. Tratado de Responsabilidade Civil, 6ª ed., São Paulo: RT, 200
THEODORO JÚNIOR, H. Responsabilidade Civil. São Paulo: Leud, 1986.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Neste livro, a autora se debruça sobre os temas relacionados 
à responsabilidade civil e apresenta: histórico e conceito da 
responsabilidade civil; responsabilidade civil e elementos 
caracterizadores; inexecução contratual e obrigação de indenizar; 
responsabilidade civil – situações específicas. 
Por meio de um texto didático e claro, serão abordados temas 
imprescindíveis para aprender mais a respeito da responsabilidade 
civil. 
	Capa E-Book_Responsabilidade Civil_CENGAGE_V2
	E-Book Completo_Responsabilidade Civil_CENGAGE_V2Serão abordadas as características 
da obrigação de indenizar, os tipos de indenização e sua valoração.
As situações específicas em que a responsabilidade civil é apurada, em conformidade 
com disposições legais, doutrina e jurisprudência são assuntos da unidade 4. Será 
analisada também a responsabilidade civil dos fornecedores de serviços, bem como a 
dos profissionais liberais e dos médicos.
PREFÁCIO
UNIDADE 1
Histórico e conceito da 
responsabilidade civil
Você está na unidade Histórico e conceito da responsabilidade civil. Nesta unidade, 
você vai aprender o que significa a expressão “responsabilidade civil”, bem como as 
subdivisões deste instituto jurídico que possuem interface com outros ramos do Direito, 
além do Direito Civil, como por exemplo: Direito Penal, Direito Constitucional e Direito 
Administrativo.
Bons estudos!
Introdução
11
1. HISTÓRICO E CONCEITO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
O conceito de responsabilidade civil atualmente adotado pelo Direito brasileiro se originou no 
Código Civil francês, outorgado por Napoleão em 1804. Ele está relacionado à existência de culpa 
de um agente por ter praticado algo ato danoso a alguém, que deverá ser reparado. O dispositivo 
pode ser facilmente traduzido pela expressão: aquele que causar dano a outrem fica obrigado a 
repará-lo. Ao contrário do que acontece no Direito Penal, não há nesse caso a necessidade de que 
se estabeleça de forma prévia qual tipo de dano enseja reparação, e nem há medida de reparação 
previamente estabelecida. Veja a seguir os amparos da responsabilidade civil no Direito Romano: 
Amparos da responsabilidade civil no Direito Romano: 
• Viver honestamente (honestae vivere);
• Dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Segundo Stoco (2011,p. 35), a responsabilidade civil é mais uma consequência do que uma 
obrigação original: 
A ninguém se permite lesar outra pessoa sem a consequência de imposição de sanção. No âmbito 
penal a sanção atende a um anseio da sociedade e busca resguardá-la. No âmbito civil o dever de 
reparar assegura que o lesado, enquanto pessoa individualizada, tenha o seu patrimônio – material ou 
moral – reconstituído ao statu quo ante, mediante a restitutiu in integrum. 
Para se caracterizar a responsabilidade civil, são necessários dois elementos de natureza 
fática (conduta do agente e o resultado danoso) e um elemento chamado de lógico-normativo 
que é o nexo causal. Dentre os elementos necessários para caracterizar a responsabilidade civil, 
podemos citar:
12
• Ato ilícito, omissivo ou comissivo, doloso ou culposo;
• Dano;
• Nexo de casualidade. 
Figura 1 - Justiça e danos materiais 
Fonte: Alexstr, Shutterstock, 2020
1.1 Responsabilidade civil subjetiva, objetiva e culpa presumida
O conceito de responsabilidade civil predominante no nosso ordenamento jurídico foi 
diretamente influenciado pelo Código Napoleão, em que a responsabilização civil pelo ato ilícito 
está diretamente ligada à existência de culpa do agente que praticou a conduta (comissiva ou 
omissiva) antijurídica. Desse modo, a responsabilidade civil cujos elementos caracterizadores 
requerem a existência da culpa (esta identificada por meio da negligência, imprudência ou 
imperícia) caracteriza-se como subjetiva, pois, além dos elementos ato ilícito, dano, e nexo de 
causalidade, é necessário demonstrar e comprovar o elemento subjetivo do agente para que 
passe a existir a obrigação de reparação civil.
A responsabilidade subjetiva no nosso ordenamento aparece, de certa forma, como regra, 
sendo que a responsabilidade objetiva (que independente de culpa) acontece somente em 
hipóteses legalmente previstas. No entanto, dentro da doutrina da responsabilidade subjetiva, 
constatou-se que na prática, e por vezes, a necessidade de que o lesado demonstrasse a 
existência de culpa do agente e o nexo de causalidade acabava por inviabilizar a reparação. Isso 
em decorrência de algum desequilíbrio na relação como, por exemplo, desigualdade econômico-
financeira, níveis diferentes de organização empresarial. Tal situação em boa parte das vezes 
não se via resolvida nem por meio da inversão do ônus da prova, fazendo com que o lesado 
13
permanecesse sem a devida reparação, embora tenha se reconhecido o dano sofrido em seu 
patrimônio jurídico.
Diante desse quadro, muitos doutrinadores foram sentindo, ao longo dos anos, insuficiência 
da teoria da responsabilidade subjetiva – baseada na culpa –, para reparação dos danos o que 
levou ao paulatino alargamento da teoria da responsabilidade, como, por exemplo, através do 
desenvolvimento da chamada “teoria da culpa presumida”. Segundo Stoco (2011, 182):
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Trata-se de uma espécie de solução transacional ou escala intermédia, em que se considera não 
perder a culpa a condição de suporte da responsabilidade civil, embora aí já se deparem indícios de sua 
degradação como elemento etiológico fundamental da reparação e aflorem fatores de consideração da 
vítima como centro da estrutura ressarcitória, para atentar diretamente para as condições do lesado e 
a necessidade de ser indenizado
Tratam-se, portanto, de casos em que se abandona a necessidade de que o lesado comprove 
a culpa do agente, para se passar ao paradigma de que tal culpa será presumida, cabendo ao 
agente provar a sua inocência para eximir-se do dever de indenizar. Tal presunção de culpa 
pode ser informada por disposição de lei ou também pelo posicionamento da jurisprudência. 
No entanto, o Código Civil brasileiro não adota a teoria da culpa presumida, assumindo como 
regra a responsabilidade subjetiva e informando expressamente a existência de responsabilidade 
objetiva nos casos em que a elegeu, como por exemplo:
i. atividades perigosas, conforme art. 927, parágrafo único;
ii. responsabilidade de menores inimputáveis, art. 928;
iii. responsabilidade objetiva de pais, tutores e curadores, empregadores e donos 
de hotéis (art. 932);
14
iv. responsabilidade do dono ou detentor de animal (art. 936)
v. e responsabilidade do habitante do prédio de onde caem ou são lançadas coisas 
(art. 938), conforme rol citado por Rui Stoco (2011).
O desenvolvimento da “teoria da culpa presumida” foi um passo importante em direção 
à elaboração da “teoria da responsabilidade objetiva”. Em razão da insatisfação da doutrina e 
jurisprudência com a teoria da responsabilidade civil atrelada à culpa, que nem sempre atendia 
aos anseios da sociedade e restaurava a situação de justiça, foi-se caminhando para a construção 
da teoria da responsabilidade sem culpa, ou responsabilidade objetiva, que surge unicamente da 
ocorrência do fato danoso.
Como aponta Eugenio Facchini Neto (apud STOCO, 2011), a teoria da responsabilidade 
atrelada à culpa funcionou bem durante o século XIX quando, ao final deste, viu surgir seu 
declínio. Uma das circunstâncias que favoreceram esse declínio e a necessidade de evolução das 
teorias decorreu justamente da Revolução Industrial, quando pessoas necessitadas de emprego 
e sustento passavam excessivas horas trabalhando nas fábricas e indústrias, sendo vítimas de 
danos que na maioria das vezes decorriam da atividade empresarial, na qual a vítima não teria 
condições de comprovar a culpa, mas também não poderia ficar desamparada, por não ter ela – 
vítima – também culpa pelo dano sofrido. Dessa forma, passa-se a admitir como indenizável o ato 
que gera dano a outrem, independentemente de que seja culpável. Passa-se a admitir, portanto, 
a responsabilidade civil é objetiva, que prescinde de culpa do agente.
Figura 2 - Indústria têxtil no início do século XX 
Fonte: Everett Historical, Shutterstock, 2020
15
Um dos fundamentos da teoria da responsabilidade objetiva é a “teoria do risco”, pela qual o 
agente causador do dano indeniza o lesado em razão de ser proprietário do bem ou responsável 
pela atividade que causou o dano, e não por possuir culpa em si. Naspalavras de Carlos Roberto 
Gonçalves (2011): o “exercício de atividade que possa oferecer algum perigo representa um risco, 
que o agente assume, de ser obrigado a ressarcir os danos que venham resultar a terceiros dessa 
atividade”. A “teoria do risco” foi traduzida no nosso ordenamento jurídico através do art. 927 
do Código Civil:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
São consideradas assim perigosas as atividades potencialmente danosas, além da normalidade, 
como, por exemplo, fabricação de explosivos e produtos químicos, produção de energia nuclear, 
substâncias, máquinas, aparelhos e instrumentos perigosos, etc. (GONÇALVES, 2011).
2. RESPONSABILIDADE CIVIL E A LEGISLAÇÃO 
BRASILEIRA
O ordenamento jurídico brasileiro adotou, como regra, a teoria da responsabilidade 
subjetiva, elencando expressamente as hipóteses em que admitirá responsabilidade objetiva. Os 
principais dispositivos acerca da responsabilidade civil estão tratados no nosso ordenamento nos 
artigos 186 a 188, e entre os artigos 927 e 954 do Código Civil de 2002.
Aos artigos 186 a 188, coube a definição legal dos atos ilícitos, não se dispensando o estudo da 
FIQUE DE OLHO
A prática de atos lícitos também pode ensejar a reparação por responsabilidade 
civil. Segundo Stoco (2011, p. 188), nesses casos, “o que importa considerar é que o 
dano suportado seja ilegítimo, e não que a conduta que lhe deu causa o seja”. Carlos 
Roberto Gonçalves (2011) cita como exemplos: do dono do prédio encravado que exige 
passagem pelo prédio vizinho, mediante o pagamento de indenização cabal (art. 1.285); 
o do proprietário que penetra no imóvel vizinho para fazer limpeza, reformas e outros 
serviços considerados necessários (art. 1.313).
16
doutrina sobre tais conceitos. De acordo com o art. 186 do Código Civil brasileiro, aquele que, por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Devemos apontar aqui uma crítica feita pela 
doutrina: na tentativa de definir o que seria o ato ilícito, o legislador o vinculou à existência de 
prejuízo ou danos a outrem o que, na verdade, não é elemento essencial caracterizador do ato 
ilícito. Mesmo o agente que não causa dano a ninguém, mas pratica conduta (ação omissiva ou 
comissiva) em contrariedade ao ordenamento jurídico comete ato ilícito. A adição do elemento 
do prejuízo causado a outrem, em razão desta conduta quando praticada com culpa, é necessário 
para caracterizar o instituto da responsabilidade civil e o dever de reparar o prejuízo, restaurando 
o lesado ao estado anterior.
O artigo 187 informa que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. Trata-se da figura do abuso de direito, que pressupõe a existência de um 
direito anterior do agente que, no seu exercício, desbordou os limites da boa-fé, da função social, 
da função econômica ou dos bons costumes.
Stoco (2011, p. 144), definiu a boa-fé como:
cláusula geral que integra os pactos, serve como norma de intepretação e elemento limitador dos 
direitos subjetivos, com o objetivo de estabelecer os deveres de comportamento que as partes devem 
obedecer nas relações jurídicas. Com esse desiderato, essa cláusula de exigência de conduta ética 
deverá estar subentendida em todas as relações. 
Já a função social está relacionada à observância da finalidade para a qual o direito subjetivo 
legítimo que está sendo exercido (possivelmente, com abuso) foi assegurado pelo ordenamento 
jurídico. A função econômica, por sua vez, está relacionada ao equilíbrio entre a finalidade 
econômica do direito exercido em relação ao patrimônio jurídico de outrem. Significa dizer 
que a todos é legítimo buscar proveito econômico desde que isso não implique em manifesto e 
exacerbado prejuízo à outra parte no negócio. Por fim, a expressão bons costumes refere-se a 
um complexo de regras e princípios impostos pela moral, que traduzem a norma de conduta dos 
indivíduos em suas relações sociais contratuais.
No Código Civil Brasileiro de 2002, entre os artigos 927 e 954, podemos encontrar disposições 
sobre o instituo que devem ser ora anunciadas. Inicialmente, dispõe o artigo 927 que aquele 
que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ou seja, o 
patrimônio do agente causador do dano deverá responder pela restituição do patrimônio jurídico 
do lesado ao estado anterior em que se encontrava, antes do ilício praticado.
Dignos de nota também são os dispositivos do artigo 939 e do artigo 940. Pelo artigo 939, 
o credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o 
17
permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros 
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. Pelo artigo 940, aquele 
que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou 
pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do 
que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição, 
sendo que tais penas (dos artigos 939 e 940) não se aplicarão quando o autor desistir da ação 
antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que 
prove ter sofrido.
Devemos destacar que os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem 
ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão solidariamente pela reparação, sendo solidariamente responsáveis com os autores 
os coautores e as pessoas designadas no art. 932 (pais, tutor, curador, empregador, etc.). Por fim, 
o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la são transmitidos com a herança.
 2.1 Responsabilidade civil contratual
A responsabilidade civil contratual decorre da realização anterior de um contrato (na 
acepção jurídica da palavra) entre as partes, em que alguma das obrigações ali previstas não 
tenha sido cumprida por uma delas. O próprio instrumento contratual, caso o negócio jurídico 
tenha sido formal, pode prever especificamente as hipóteses de descumprimento e geração 
de responsabilidade bem como os parâmetros e formas de reparação a serem realizados. No 
entanto, como a noção de ilicitude está vinculada a um preceito jurídico anterior, tal cláusula 
também pode ser redigida com conteúdo genérico, sendo que a inexistência destas disposições 
não retira o direito à reparação civil, amparado pela Legislação.
Também é possível inserir nos contratos a chamada cláusula limitativa ou restritiva do valor 
da indenização, que não se confunde com a cláusula de não indenizar. Esta última é vedada 
pelo nosso ordenamento jurídico. A cláusula limitativa consiste no estabelecimento pelas partes 
- pressupondo que negociaram livremente em atenção à autonomia da vontade -, de um limite 
para eventual indenização devida pelo descumprimento de obrigação ali estipulada. 
Veja a seguir alguns casos de responsabilidade civil no contrato de transporte:
Transporte terrestre
A responsabilidade é contratual e objetiva, sendo que o lesado que não chegue incólume 
ao seu destino em razão de dano sofrido no trajeto não precisa provar a culpa do transportador, 
que só será retirada se estiver presente alguma das excludentes; aplica-se o CDC naquilo que não 
contrariar o Código Civil;
18
Trasporte aéreo 
A responsabilidade objetiva, com aplicação do Código de Defesa do Consumidor;
Transporte gratuito
o transportador só será civilmenteresponsável por danos causados ao transportado quando 
incorrer em dolo ou culpa grave.
As instituições bancárias possuem responsabilidade civil contratual em relação a seus clientes 
sendo importante destacar que é também objetiva, nos moldes do artigo 14 do Código de Defesa 
do Consumidor e das Súmulas 28 do Supremo Tribunal Federal (“O estabelecimento bancário 
é responsável pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou 
concorrente do correntista”) e súmula nº. 297 do Superior Tribunal de Justiça (“O Código de 
Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”).
Em relação aos construtores e incorporadores, eles possuem responsabilidade contratual 
- caso em que responderão por perdas e danos em caso de inexecução de alguma cláusula –, 
ou extracontratual no que diz respeito à solidez e segurança da obra. Concluída e entregue a 
obra, subsiste a responsabilidade do empreiteiro, durante 5 anos, pela solidez e segurança da 
construção (art. 618 do Código Civil).
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2.2 Responsabilidade civil extracontratual
A reponsabilidade civil extracontratual se baseia na violação ao dever de cumprimento da lei 
e do ordenamento jurídico como um todo, que exige que as pessoas têm o dever de não lesar as 
outras. Nos casos em que o ato ilícito é praticado por mais de uma pessoa, surge a solidariedade 
no dever de reparar, nos termos do artigo 942 do Código Civil. De modo geral, é imprescindível a 
19
demonstração dos elementos da reponsabilidade civil: a conduta, o dano, a culpa e a relação de 
causalidade. Isso porque nosso ordenamento adotou como regra a responsabilidade subjetiva, 
cabendo à Legislação prever as exceções à regra.
A responsabilidade civil extracontratual pode ser, além de decorrente de fato próprio, 
decorrente de fato de terceiros como no caso dos pais que respondem pelos atos ilícitos dos 
filhos menores independentemente de culpa; dos tutores e curadores pelos atos dos tutelados 
e curatelados; dos empregadores ou comitentes pelos atos de seus empregados e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele; dos educadores (do Estado) pelos atos 
praticados pelos alunos em face de terceiros. Nesse sentido, os hoteleiros também respondem 
pelos prejuízos causados por seus hóspedes a terceiros ou a outros hóspedes, responsabilidade 
baseada no risco da atividade hoteleira.
Há responsabilidade dos proprietários de coisas ou animais pelos danos causados a terceiros, 
conforme se extrai dos artigos 936 a 938 do Código Civil, por exemplo. Em relação à guarda de 
animais, a culpa do dono é presumida desde que o lesado comprove o dano e o nexo causal com 
o “fato do animal”, sendo possível ao dono afastar sua responsabilidade caso comprove culpa 
exclusiva da vítima ou força maior.
Nos casos de desabamento de edifícios, em que parte da estrutura cai sobre outras 
propriedades ou pedestres, o dono do edifício possui responsabilidade objetiva nos termos 
do art. 937 do Código Civil, detendo direito de regresso contra o construtor. Nesse caso, a 
responsabilidade também é objetiva, cabendo ao ofendido comprovar somente o dano e o nexo 
de casualidade.
 3 - Desabamento de edifício 
Fonte: Mazur Travel, Shutterstock, 2020
20
Os danos podem ser classificados em alguns tipos: 
• Morais;
• Materiais, que incluem o dano emergente (que consiste no prejuízo sofrido pela vítima) e 
o lucro cessante (a expectativa frustrada de lucro que o lesado teria se não tivesse ocorri-
do a ação danosa); 
• Ambiental e ecológico. 
Devemos destacar ainda a “teoria da perda de uma chance”. Inspirada na doutrina francesa, 
ela aponta que se alguém, praticando um ato ilícito, faz com que outra pessoa perca uma 
oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta enseja indenização 
pelos danos causados. No Brasil, para aplicação desta teoria, o Superior Tribunal de Justiça 
exige que que o dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera 
possibilidade. Portanto, o dano potencial ou incerto, no espectro da responsabilidade civil, em 
regra, não é indenizável.
Importante frisar que há, também, nos casos da responsabilidade extracontratual, a 
possibilidade de exclusão do dever de indenizar em decorrência dos seguintes fatores: estado de 
necessidade; legítima defesa, culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito e força maior.
3. RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL
Da mesma forma que o ato antijurídico (ou ato ilício) que viola preceito cíveis de Direito Civil 
(e, por óbvio, Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, Consumerista etc) ensejará para 
aquele que o praticou, por dolo ou culpa, e causou dano moral ou material a outrem, o dever 
de repará-lo, também o ato antijurídico que viola preceito de Direito Penal ensejará o dever de 
reparar. Assim, temos que os institutos da responsabilidade civil e da responsabilidade penal 
possuem semelhanças e diferenças.
FIQUE DE OLHO
Os tabeliães ou notários (titulares dos cartórios de notas) também possuem 
responsabilidade civil pela obrigação de resultado que assumem. Em caso de dano 
causado ao particular, este pode acionar o Estado em razão de a atividade cartorial ser 
exercida por delegação do poder público, com base na responsabilidade objetiva do 
art. 37, §6º da Constituição, ou pode acionar diretamente o notário ou o registrador, 
devendo neste caso ser provada a culpa ou dolo do agente.
21
3.1 Semelhanças entre responsabilidade civil e penal
Segundo Stoco (2011), a responsabilidade significa o dever jurídico do indivíduo obrigar-se 
poro algo que fez ou deixou de fazer quando deveria agir. Logo, o agente deve responder pelos 
atos ilícitos ou previamente estabelecidos como crime na lei penal ou, não sendo o caso, por ter 
ofendido a legislação cível (não criminal), obrigando-se a reparar o dano moral ou patrimonial 
causado pela sua conduta. Dessa forma, para que haja responsabilização civil ou penal, é requisito 
necessário que o agente tenha praticado uma conduta eivada de ilicitude.
3.2 Diferenças entre responsabilidade civil e penal
No ordenamento pátrio, o ilícito de natureza penal deve ser anteriormente previsto e tipificado, 
bem como conterá de forma prévia e abstrata o rol e a extensão das penas aplicáveis para cada tipo 
de ilícito. Já o ilícito de natureza cível não possui uma tipificação prévia e exaustiva das condutas 
humanas voluntárias que poderão ensejar a reparação em caso de dano moral ou material a 
outrem. A ilicitude da ação ou omissão é aferida comparando-se o ato praticado com as normas 
jurídicas estabelecidas previamente pela sociedade, como, por exemplo, o dever de boa-fé, o direito 
à propriedade, os direitos da personalidade, a vedação ao enriquecimento ilícito etc.
De acordo com a responsabilidade penal, o o ato antijurídico afeta toda a coletividade, pois 
viola normas estabelecidas pela sociedade para a boa convivência. Ainda que atinja, em princípio, 
apenas uma pessoa ou vítima, a conduta criminosa afeta a paz social e a integridade do grupo. 
É por isso que o direito penal tem para si o princípio da legalidade no sentido de que não haverá 
crime sem legislação anterior e nem pena sem a prévia cominação legal.
Isso porque, sendo o ilícito penal passível de ser repreendido por meio de penas gravosas 
(privativas de liberdade e restritivas de direitos), é preciso que a sociedade como um todo 
informe aos indivíduos que a compõem, de forma clara e objetivas, quais condutas são passíveis 
de repreensão com a retirada da liberdade, por exemplo. Assim, o agente poderá ter clareza dos 
limites entre as condutas que pode praticar sem ter sua esfera de direitos afetada e aquelas que, 
se praticadas, implicarão na retirada de determinados bens e direitos.
Já no caso da responsabilidade civil, o dano normalmente é individualizado e causado a 
particular, sendo desnecessário que se verifique (para aferir o direito à reparação) se houve 
tambémum dano à sociedade ou à paz social (muitas vezes haverá). A responsabilidade 
civil, portanto, não está preocupada em devolver à sociedade o seu estado anterior, mas sim 
ao particular mediante a restituição daquilo (ou de indenização equivalente) que possuía 
anteriormente à conduta danosa.
Segundo Stoco (2001), a responsabilidade envolve de antemão o dano, o prejuízo, o 
desequilíbrio ou a descompensação do patrimônio de alguém. Logo, pressupõe o dano. Na esfera 
22
penal, o dano em si pode não ter acontecido ou pode ter sido de menor importância, o que 
não fará desaparecer necessariamente a responsabilidade penal do agente, que ainda assim 
terá cometido crime (caso sua conduta se enquadre no tipo penal, seja ilícita, e culpável). Como 
estudado no âmbito do direito penal, portanto, há crimes que não exigem para sua configuração 
que algum resultado tenha se apresentado no mundo exterior.
Devemos destacar que há algumas condutas antijurídicas que ensejarão tanto a 
responsabilização penal do agente (como, por exemplo, aquele que praticou crime de calúnia) 
quanto a responsabilidade civil do mesmo, em razão do transtorno moral causado ao ofendido. 
Dessa forma, devemos destacar o princípio da independência das instâncias cível e criminal, 
que não é absoluto, conforme o art. 935 do Código Civil de 2002. Quando o juízo criminal não 
consegue chegar a tais conclusões (inexistência ou existência do crime, autoria ou não pelo 
réu), como quando, por exemplo, decide por insuficiência de provas ou pela atipicidade do fato, 
não haverá vinculação do juízo cível a esta decisão, devendo ser examinados no juízo cível os 
elementos necessários à caracterização da responsabilidade civil.
FIQUE DE OLHO
Nos termos do art. 932 do Código Civil, são também responsáveis pela reparação civil: 
os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; o 
tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; o 
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele; os donos de hotéis, hospedarias, casas ou 
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos 
seus hóspedes, moradores e educandos; e os que gratuitamente houverem participado 
nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
23
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender que a responsabilização e o dever de reparar do agente de conduta 
antijurídica pode ser civil ou penal;
• compreender que a responsabilidade civil tem como requisito a ocorrência de dano 
à esfera jurídica de outrem;
• distinguir se a conduta antijurídica de natureza civil foi subjetiva ou objetiva;
• aprender que a responsabilidade civil subjetiva pode decorrer de dolo ou culpa do 
agente, e pode ser contratual ou extracontratual.
PARA RESUMIR
GONÇALVES, C. R. Direito das obrigações, parte especial, tomo II responsabilidade civil. 8. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2011
STOCO, R. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 8. ed. rev., atual., 
e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE 2
Responsabilidade civil e elementos 
caracterizadores
Você está na unidade Responsabilidade Civil e Elementos Caracterizadores. Abordaremos 
aqui os elementos caracterizadores do instituto da responsabilidade civil: o ato jurídico, o 
dano, o elemento subjetivo do agente e o nexo de causalidade. Também serão estudadas 
as hipóteses excludentes de reponsabilidade e a responsabilidade civil decorrente do 
descumprimento de obrigações contratuais.
Bons estudos!
Introdução
27
1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA 
RESPONSABILIDADE CIVIL
No ordenamento jurídico brasileiro, o instituto da responsabilidade civil é entendido como 
a atribuição do resultado de uma conduta antijurídica com a necessidade de que o agente 
responsável pela conduta indenize aquele titular de direito que teve uma repercussão negativa 
em sua esfera jurídica. Pereira (1999) define a responsabilidade civil como a obrigação de reparar 
o dano imposta aos indivíduos que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, 
violar direito ou causar prejuízo a outrem.
De modo geral, a responsabilidade civil no Direito Brasileiro está vinculada à perspectiva 
subjetiva, ou seja, está relacionada aos elementos de dolo ou culpa do agente na prática do ato 
ilício. Significa que o ato comissivo (positivo) ou omissivo (negativo) deve ter sido praticado com 
dolo - a intenção de provocar o resultado danoso – ou com culpa – situações de negligência, 
imprudência ou imperícia. Pereira (1999, p. 29), aponta que somente pode ser atribuída a 
responsabilidade subjetiva a alguém se for constatado que o seu comportamento contribuiu para 
o prejuízo sofrido: “A essência da responsabilidade subjetiva vai assentar, fundamentalmente, na 
pesquisa ou indagação de como o comportamento contribui para o prejuízo sofrido pela vítima”. 
Há algumas hipóteses de responsabilidade civil objetiva, entre elas a do Estado, que independe 
de dolo ou culpa - sobre a qual falaremos brevemente adiante – e a das clínicas e hospitais 
particulares, prestadores de serviço com relação à estrutura oferecida, por se configurar nesta 
hipótese relação de consumo nos termos do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.
Assim, há que se aplicar sempre a regra geral do disposto nos artigos 186 e 927 do Código 
Civil de 2002, que exige a ocorrência de dano e a culpa ou dolo por parte do agente, posto que 
ausentes os pressupostos da obrigação de indenizar censurável se mostra à pretensão daqueles 
que ajuízam ações pleiteando a indenização sem comprovar o cumprimento dos requisitos. Como 
dito anteriormente, a responsabilidade civil está associada ao elemento subjetivo, somente sendo 
cabível indenização quando comprovada a culpa ou dolo do agente. Sobre os conceitos de dolo 
e culpa, apontou Gonçalves (2003, p. 32): “O dolo consiste na vontade de cometer uma violação 
de direito e a culpa, na falta de diligência. Dolo, portanto, é a violação deliberada, consciente, 
intencional, do dever jurídico”.
Segundo entendimento jurisprudencial consolidado, a ausência de ação ou omissão 
voluntária imputável ao agente, impede a sua responsabilidade civil, tendo em vista se tratar 
de um dos seus pressupostos. Monteiro (1969, p. 418) pontua que diante da ausência de ato 
culposo, inexiste a obrigação de reparar dano: “Em princípio, para que haja responsabilidade, 
é preciso que haja culpa; sem prova desta, inexiste obrigação de reparar o dano”. Portanto, no 
que tange ao entendimento genérico sobre o instituto jurídico da responsabilidade civil, aqueles 
28
que praticarem atos ilícitos e, em razão disso, causarem dano a outrem, somente podem ser 
responsabilizados se tiverem agido, comprovadamente, com culpa ou dolo.
1.1 Ato ilícito: conceito e elementos
De acordo com Gonçalves (2011), a violação do dever jurídico de não lesar outrem pressupõe 
que o agente tenha consciência da antijuridicidade do ato praticado. Nesse sentido, Pereira 
(2011) conceitua o ato ilícito – tanto civil como penal -, como a violação de um dever preexistente 
a imputação do resultado à consciência do agente. Segundo o autor, atos ilícitos são condutas 
humanas contravenientes à ordem jurídica, sendo impossível que gere uma situação em benefício 
do agente por ser “lesivo a direito de outrem”. Logo, Pereira (2011, p. 548) afirma que:
Como categoria abstrata, o ato ilícito reúne, na sua etiologia, certos requisitos que podem ser 
sucintamente definidos: a) uma conduta, que se configura na realização intencional ou meramente 
previsível de um resultado exterior; b) a violação do ordenamento jurídico, caracterizada na 
contraposição do comportamento à determinação de uma norma; c) a imputabilidade, ou seja, a 
atribuição do resultado antijurídico à consciência do agente; d) a penetração da conduta na esfera 
jurídica alheia, pois, enquantopermanecer inócua, desmerece a atenção do direito. 
Veja a seguir os tipos de atos ilícitos:
• Intencionais ou não; 
• Por comissão ou omissão;
• Por descuido ou imprudência;
• Por imperícia. 
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29
1.2 Dano: conceito e modalidades
O elemento dano, essencial à caracterização da responsabilidade civil, como visto, caracteriza-
se pelo prejuízo sofrido por alguém em razão da conduta de outrem, seja em sua esfera patrimonial 
seja em sua esfera extrapatrimonial (sem repercussão direta na esfera financeira daquele que 
sofreu o prejuízo). Em outras palavras, é a lesão a qualquer bem jurídico protegido Entretanto, 
não haverá dever de indenizar caso não tenha sido demonstrado o dano causado. É possível 
verificar, no nosso ordenamento, duas exceções:
i. art. 416, caput, do Código Civil: “Para exigir a pena convencional, não é necessário que 
o credor alegue prejuízo”;
ii. art. 940 do Código Civil: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em 
parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará 
obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no 
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. ”
Para ser indenizável, ainda, é preciso que o dano experimentado seja “atual e certo”. Com 
relação às modalidades de danos que podem ser causados, Gonçalves (2011) define, em resumo, 
as possibilidades:
i. danos materiais, em que o bem jurídico protegido possui natureza patrimonial e está 
relacionado ao patrimônio do lesado;
ii. danos morais, em que o bem jurídico ofendido possui natureza extrapatrimonial, 
ofendendo o ser humano, não produzindo este dano efeito patrimonial direto.
Os danos materiais, como dito, possuem repercussão direta no patrimônio do ofendido, 
e são compostos em regra pelo dano emergente e lucro cessante. Os chamados “danos 
emergentes” são compostos por todas as despesas realizadas pelo ofendido para restauração 
de seu patrimônio, ou seja, a efetiva diminuição patrimonial sofrida pela vítima, que pode ser 
comprovada mediante recibos, notas fiscais, orçamentos, etc. Já os chamados “lucros cessantes” 
correspondem àquilo que o ofendido deixou de ganhar em razão do evento danoso, sendo a sua 
prova um pouco mais complicada. Significa que o lesado terá de fazer prova de tudo aquilo teria 
ganho se o evento danoso não tivesse ocorrido. A jurisprudência exige, para que se configure 
tanto, a existência de probabilidade objetiva de que aqueles ganhos ou lucros aconteceriam, e 
não a mera possibilidade.
Sobre a indenização por danos materiais deverá incidir, também, a correção monetária desde 
a data do evento danoso, via de regra, nos termos do artigo 389 do Código Civil, interpretado em 
conjunto com a Súmula nº. 43 do Supremo Tribunal Federal. Incidem, ainda, juros legais nos 
30
termos dos artigos 406 e 407 do Código Civil. Ainda em relação aos danos materiais, é possível que 
seja fixada pensão mensal ao ofendido para custeio de sua sobrevivência ou de seu tratamento, 
sendo que esta forma de indenização – de natureza civil – não sofre dedução da pensão paga pelo 
órgão previdenciário oficial.
Já o dano moral, possui caráter extrapatrimonial e não repercute no patrimônio econômico 
financeiro do ofendido, mas em seus direitos da personalidade, extraídos do art. 1º, III, e art. 5º V 
e X da Constituição da República de 1988. Tais direitos são: honra, dignidade, intimidade imagem, 
dentre outros. A ofensa a eles gera comumente sentimentos de vergonha, humilhação, dor, 
sofrimento e tristeza. Mesmo não tendo repercussão direta no patrimônio da vítima, busca-se 
por meio do pagamento da indenização em dinheiro uma espécie de compensação ao tormento 
sofrido, inexistindo atualmente no ordenamento jurídico pátrio um critério objetivo para fixação 
deste quantum. Mesmo não tendo repercussão direta no patrimônio da vítima, busca-se por 
meio do pagamento da indenização em dinheiro uma espécie de compensação ao tormento 
sofrido, inexistindo atualmente no ordenamento jurídico pátrio um critério objetivo para fixação 
deste quantum.
Comum é a distinção, na análise de casos concretos, entre o dano moral e o mero 
aborrecimento, especialmente se considerarmos o aumento vertiginoso de ações pleiteando 
danos morais que tramitam nos juizados especiais do país, desde a instituição deste foro em 1995 
(lei nº. 9.099). Assim, tendo em vista que nenhuma indenização deve ter o fito de enriquecer o 
lesado às custas do empobrecimento do ofendido, mas também considerando que deve ter o 
caráter reparatório à vítima e desmotivador ao agente, foi-se ao longo dos anos estabelecendo 
a separação do tratamento dos fatos concretos. Caracterizam-se como mero aborrecimento 
(a depender da confirmação no caso concreto) hipóteses quotidianas cujo sofrimento causado 
não tende a permanecer no tempo como, por exemplo, o exame de bagagens de passageiros na 
alfândega de um aeroporto ou rodoviária.
O fundamento jurídico para reparação pelo dano moral pode ser extraído diretamente da 
Constituição de 1988, em seu artigo 5, sem maiores controvérsias (BRASIL, 1988):
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
A doutrina também menciona a existência do dano estético, normalmente associado às 
condutas de lesão corporal de natureza grave, em que a deformidade física geral tristeza, vexame 
e humilhação, gerando o direito à indenização. O dano estético não se confunde com o dano moral 
e com o dano material mas pode gerar repercussões nas duas esferas, ou seja, de ressarcimento 
31
das despesas incorridas em tratamentos e medicamentos, assim como lucros cessantes, caso o 
ofendido dependa de sua aparência para trabalhar – dano material – e de reparação pela ofensa 
a seus direitos de personalidade – dano moral.
Nos últimos anos, tem-se falado também nos “danos sociais” que não se enquadram como 
dano material, moral ou estético. De igual forma, o chamado dano social não é sinônimo de 
dano moral coletivo. Os danos sociais são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por 
rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a respeito da segurança – quanto por 
diminuição na qualidade de vida e podem ser causa, de indenização por dolo ou culpa grave 
especialmente se causam redução coletiva de segurança ou trazem uma diminuição do índice 
de qualidade de vida da população. Alguns exemplos de danos sociais fornecidos pela doutrina 
são: o pedestre que joga papel no chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que 
solta balão com seu filho. Tais condutas socialmente reprováveis podem gerar danos como o 
entupimento de bueiros em dias de chuva, problemas de comunicação do avião causando um 
acidente aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta da queda do balão etc.
Figura 1 - Lixo jogado no mar, um exemplo de dano social 
Fonte: chaiyapruek youprasert, Shutterstock, 2020
Diante da prática dessas condutas socialmente reprováveis, o juiz deverá condenar o agente 
a pagar uma indenização de caráter punitivo, dissuasório ou didático, a título de dano social. O 
valor da indenização é destinado à coletividade (e não à “vítima” imediata). Conforme explica 
Tartuce (2013), os danos sociais são difusos e a sua indenização deve ser destinada não para a 
vítima, mas sim para um fundo de proteção ao consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo 
para uma instituição de caridade, a critério do juiz.
1.3 Nexo de Casualidade
O nexo de casualidade é um dos elementos da responsabilidade civil porquanto deve-se 
poder concluir que, sem a conduta antijurídica, não haveria dano por parte do ofendido. O artigo 
186 do Código Civil exige, para configuração do dever de indenizar, que a conduta ilícita tenha32
causado o dano experimentado. Para identificar este elemento, que possui natureza lógico-
jurídica, é preciso que exista relação de causa e efeito direta e imediata entre a conduta e o dano, 
nos termos do art. 403 do Código Civil. É a chamada “teoria dos danos diretos e imediatos”, em 
que o agente que praticou o ato ilícito responde diretamente (de forma imediata) pelos danos 
causados por sua ação ou omissão.
1.4 Culpa lato sensu: dolo e culpa
A presença do elemento culpa, enquanto elemento de consciência do sujeito (elemento 
subjetivo), é requisito para a configuração da responsabilidade no âmbito da teoria subjetiva, 
majoritariamente adotada pelo nosso ordenamento jurídico. Partindo desse pressuposto, tem-se 
o instituto da culpa definido no art. 186 do nosso Código Civil caracterizado pela ação ou omissão 
voluntária, negligência e imperícia. Nesse sentido, segundo Gonçalves (2011, p. 68):
Agir com culpa significa atuar o agente em termos de, pessoalmente, merecer a censura ou 
reprovação do direito — o que só pode ocorrer quando, em face das circunstâncias concretas 
da situação, caiba afirmar que ele podia e devia ter agido de outro modo. O critério para aferição 
da diligência exigível do agente, e, portanto, para caracterização da culpa, é o da comparação de 
seu comportamento com o do homo medius, do homem ideal, que diligentemente prevê o mal e 
precavidamente evita o perigo.
A chamada culpa em sentido amplo pode ser identificada com o dolo, ou seja, situação em 
que a conduta foi deliberadamente (voluntária e intencionalmente) adotada pelo agente no 
intuito de causar dano a outrem. Já a culpa em sentido estrito é aquele em que o dano decorre 
do comportamento negligente ou imprudente do agente. Já as três situações de cometimento 
de ato ilícito que vimos anteriormente – negligência, imprudência e imperícia –, compõem o 
que se chama de culpa em sentido estrito, no sentido de violação a um dever pré-existente sem 
consciência e intenção de causar dano. O Código Civil, no entanto, não faz distinção alguma entre 
dolo e culpa, nem entre os graus de culpa, para fins de reparação civil dos danos. Os tipos de 
culpa são:
• Contratual ou extracontratual; 
• culpa própria ou culpa de terceiro.
33
 
2. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL
Há hipótese legais em que, mesmo presentes uma conduta antijurídica e um prejuízo a 
outrem, não haverá o dever de indenizar em razão de configurada alguma causa excludente da 
responsabilidade civil. Dentre elas, estão o estado de necessidade e a legítima defesa.
O estado de necessidade está previsto no nosso Código Civil nos artigos 188, II, 929 e 930. 
O artigo 188, inciso II dispõe que não constitui ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa 
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. O parágrafo único do mesmo 
artigo informa que nesse caso o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem 
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. 
Já o artigo 929 do Código Civil dispõe que mesmo nestes casos o prejuízo causado deve ser 
reparado, ressalvado pelo art. 930 o direito de regresso daquele de indenizará em face daquele 
que criou a situação de perigo.
A legítima defesa está abarcada no art. 188, I, do Código Civil. Segundo Gonçalves (2011, p. 146):
Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, não pode o agente ser responsabilizado 
civilmente pelos danos provocados. Entretanto, se, por erro de pontaria, terceira pessoa foi 
atingida, deve o agente reparar o dano. Mas terá ação regressiva contra o agressor, para se 
ressarcir da importância desembolsada (art. 930, parágrafo único). A legítima defesa putativa 
também não exime o réu de indenizar o dano, pois somente exclui a culpabilidade e não a 
antijuridicidade do ato. Assim, somente a legítima defesa real, e praticada contra o agressor, deixa 
de ser ato ilícito, apesar do dano causado.
 2.1 Fato de terceiro
O fato de terceiro pode gerar a exclusão de responsabilidade civil quando se assemelhar às 
situações de caso fortuito, que possuem a característica de serem imprevisíveis e inevitáveis. 
Nestas hipóteses não haverá dever de indenizar em razão do rompimento do nexo de causalidade. 
FIQUE DE OLHO
O dano social é uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os 
danos materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente 
reprováveis, que diminuem o nível social de tranquilidade. Segundo entendimento do 
Superior Tribunal de Justiça, a condenação por danos sociais somente pode ocorrer em 
demandas de natureza coletiva, e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de 
ações coletivas poderiam pleitear danos sociais
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Segundo Gonçalves, no caso de dois motoristas que colidem no trânsito (2011, p. 139): “Dessa 
maneira, o causador direto do dano tem a obrigação de repará-lo, ficando com direito à ação 
regressiva contra o terceiro, de quem partiu a manobra inicial e ensejadora da colisão”. De acordo 
com o autor, o causador direto do dano só deixará de ter a obrigação de indenizar se sua ação for 
equiparável ao caso fortuito.
 2.2 Culpa exclusiva da vítima
A hipótese de culpa exclusiva da vítima ocorre quando somente o comportamento desta 
pode ser atribuído como causa do dano sofrido. Assim, rompe-se o nexo de causalidade, elemento 
necessário à configuração da responsabilidade civil, pelo que não haverá dever de indenizar. Em 
caso de culpa concorrente da vítima, ou seja, concomitância entre a culpa da vítima e a culpa do 
agente, a indenização deverá ser reduzida nos termos do art. 945 do Código Civil.
2.3 Caso fortuito e força maior
O caso fortuito, previsto no art. 393 do Código Civil, normalmente é associado a ato ou fato 
alheio à vontade das partes e a força maior a acontecimentos naturais. Ambos são, portanto, 
inevitáveis e rompem o nexo de causalidade excluindo o dever de indenizar por falta deste 
elemento essencial.
 2.4 Da cláusula de não indenizar
A cláusula de não indenizar é o acordo estabelecido entre as partes, com observância da 
autonomia da vontade, de que a inexecução do contrato não gerará dever de indenizar para 
nenhuma das partes. Nos contratos em geral, segundo Gonçalves (2011) a validade desta cláusula 
estará vinculada à autonomia da vontade, inexistência de vícios de consentimento, não violação 
à ordem pública, igualdade e equilíbrio na negociação entre as partes e; inexistência do escopo 
de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante e ausência da intenção de afastar a obrigação 
inerente à função. Nos contratos regidos pelo Direito do Consumidor, tal cláusula não é admitida 
por disposição expressa dos artigos 24 e 25 do diploma legal.
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2.5 Teoria de imprevisão
A chamada teoria da imprevisão retrata uma possibilidade de revisão de cláusulas contratuais 
– obrigatórias entre as partes –, nas hipóteses em que houver mudança nas circunstâncias em 
que as partes se encontravam quando celebraram o contrato. Ou seja, a situação das partes no 
momento da execução das obrigações contratuais modifica-se de modo que uma delas fica com 
obrigação desequilibrada em relação à outra. Tal situação também é conhecida pela expressão 
rebus sic stantibus, que significa dizer que as obrigações contratuais se mantem na medida em 
que as circunstâncias da celebração permaneçam as mesmas. Por meio da chamada cláusula rebus 
sic stantibus, as partes podem ajustar isto expressamente no contrato para fazer compreender 
que se houver situação imprevista os termos do contrato devem ser ajustados.
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 3. RESPONSABILIDADE CIVIL E CONTRATOS
O instituto da responsabilidade civil, enquanto obrigação secundária nascida do descumprimento 
de uma obrigação primária pré-existente, está intimamente relacionado aos contratos, pois os 
FIQUE DE OLHO
Outra hipótese em que pode deixar de haver a responsabilidade civil será a prescrição 
da pretensão da reparação dos danos, hipótesena qual não haverá direito a indenização. 
De modo geral a prescrição para reparação civil será de três anos, conforme estipulado 
no art. 206, §3º, V, do Código Civil de 2002. Nas relações de consumo, o artigo 27 do CDC 
determina que o prazo prescricional da pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço prescreve em 5 anos, iniciando-se a contagem do prazo a 
partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
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negócios jurídicos contratuais são uma das principais fontes de obrigações no direito brasileiro. 
Conforme já se sabe em razão do estudo da teoria dos contratos, são regidos principalmente pelos 
princípios da autonomia da vontade, bilateralidade, equilíbrio contratual e boa-fé.
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3.1 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pré-contratual
Conforme demonstra Fiuza (2015) a responsabilidade civil pode aparecer tanto na fase 
pré-contratual quanto na fase pós-contratual, sendo a semelhança entre ambas que em tais 
momentos não há, propriamente, contrato. Assim, tanto a responsabilidade pré-contratual como 
a pós-contratual não há natureza de responsabilidade contratual em si, cabendo a cada uma sua 
peculiaridade.
Na fase pré-contratual, objeto de estudo deste tópico, em que ainda não há contrato e as 
partes estão em fase de negociações preliminares, ainda assim é possível verificar a ocorrência de 
ato ilício que gere o dever de indenizar, como o abuso de direito, por exemplo. Um dos principais 
fundamentos da responsabilidade pré-contratual está no artigo 422 do Código Civil. Em certos 
tipos de contratos necessário se faz negociar determinadas cláusulas de forma preliminar (além 
das negociações preliminares, proposta e aceitação), o que já poderia causar danos, conforme 
aponta Fiuza (2015, p. 341):
A responsabilidade pré-contratual tem natureza própria. Se, por um lado, ainda não há contrato, 
por outro, não se pode equiparar a situação pré-contratual à prática de um ato ilícito stricto sensu, 
como uma batida de veículos. Já existem tratativas pré-contratuais, e é com base nelas que uma das 
partes pode vir a responder junto à outra. O fundamento dessa responsabilidade nos dá o próprio 
Código Civil, ao consagrar o princípio da boa-fé (art. 422) e a responsabilidade pelo abuso de direito 
(art. 187). É por atentar contra o princípio da boa-fé e seus subprincípios, tais como a transparência, 
a lealdade, a probidade; é por exercer abusivamente o direito de se retirar, excedendo os limites 
impostos pela própria boa-fé, que a parte causadora do dano será obrigada a indenizar a outra. De 
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qualquer forma, a responsabilidade, nestes casos, não pode ser transposta para além dos limites do 
razoável, uma vez que não se pode comparar as negociações preliminares com o contrato em si.
Veja a seguir os elementos que configuram a responsabilidade pré-contratual: 
• Existência da relação pré-contratual, ou seja, situação de negociações preliminares, pro-
posta ou aceitação;
• Conduta antijurídica por uma das partes, em violação a princípios do Direito;
• Dano (moral ou material);
• Dolo ou culpa por parte do agente;
• Nexo de causalidade.
3.2 Responsabilidade civil e contratos: recusa de contratar
A figura da recusa de contratar está intimamente relacionada com a responsabilidade civil 
pré-contratual e se apresenta quando uma das partes, após a fase das negociações preliminares 
(já nas fases de proposta e aceitação) se recusa a fornecer o serviço ou produto que viria a ser 
objeto do contrato. AA recusa de contratar está muito relacionada à figura do abuso de direito 
posto que, ainda inexistente o contrato, ainda inexistente a obrigação principal em si. Em outras 
palavras, a cláusula de não contratar impõe condições de contratações, como, por exemplo, 
empresas aéreas que não transportam animais.
Importante destacar, portanto, que as cláusulas de não contratar devem conter licitude em 
seu objeto e não podem ser contrárias ao direito, não podendo ser discriminatórias (dentre 
outras possibilidades de ilicitude), sob pena inclusive de responsabilização civil e criminal. A 
cláusula de não contratar poderá ensejar responsabilidade civil (e até criminal) a depender de 
seu conteúdo antijurídico. Um especial cuidado deve ser tomado com as relações regidas pelo 
direito do consumidor.
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Figura 2 - Exemplo de cláusula de não contratar: animais em empresas aéreas 
Fonte: Monika Wisniewska, Shutterstock, 2020
3.3 Responsabilidade civil e contratos: cláusula de indenizar
Por se tratar de negócio jurídico bilateral, os contratos são também fortemente regidos pelo 
princípio da autonomia da vontade, sendo que as partes podem pactuar livremente as suas 
cláusulas desde que não haja violação ao ordenamento jurídico (objeto ilícito). Nesse sentido, 
as partes também pactuar expressamente cláusula de indenizar referente a todas ou a parte das 
obrigações contidas no instrumento, estabelecendo limitações em suas hipóteses de ocorrência 
e valores, como por exemplos os tipos de danos que poderão vir a ser objeto de indenização. 
Esta possibilidade só existe no caso de obrigações estipuladas por contrato, e não podem violar 
a ordem pública, a ordem econômica, a finalidade social dos contratos, a boa-fé objetiva, etc. 
Também não podem eliminar a indenização nos casos de descumprimento doloso do contrato 
(ou com culpa grave), nem afastar elementos essenciais da natureza do contrato.
3.4 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pós-contratual
A responsabilidade pós-contratual ocorre após a fase de execução do contrato. Nesta fase, 
o princípio da boa-fé (art. 422 do Código Civil) também é de fundamental importância. Na 
responsabilidade pós-contratual não há mais contrato – cujo objeto já fora exaurido. Há, na 
verdade, permanência de alguns deveres das partes decorrentes daquele objeto anterior, como, 
por exemplo, o dever de garantia de funcionamento de um produto já entregue, por determinado 
período de tempo.
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Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender que os principais ensejadores da responsabilidade civil são os atos ilícitos, 
ou seja, atos jurídicos (humanos) e voluntários contrários ao direito;
• compreender que a culpa é elemento subjetivo essencial á responsabilidade civil 
que foi adotada como regra pelo nosso ordenamento, podendo ser identificada na 
modalidade de dolo, ou culpa em sentido estrito (negligência, imprudência, imperí-
cia);
• entender que o dano é o prejuízo patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral) 
sofrido pelo lesado e passível de reparação, se houver culpa e nexo de causalidade 
em relação à conduta;
• distinguir as hipóteses de excludentes de responsabilidade mais comuns - culpa 
exclusiva da vítima e caso fortuito ou força maior;
• compreender que as partes devem guardar boa-fé objetiva tanto nas negociações 
preliminares, formação, quanto na execução dos contratos, mas também após sua 
conclusão, sob pena de responsabilização por abuso de direito inclusive nas fases 
pré e pós contratual.
PARA RESUMIR
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade Civil. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P. 32.
MONTEIRO, W. de B. Curso de Direito Civil - Direito das Coisas, 6ª ed., Saraiva, 1969, p. 
418.
PEREIRA. C. M. da S. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense. 2011.
PEREIRA. Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense. 1999.
STOCO, R. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência.. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2011
TARTUCE, F. Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Método, 2013.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNIDADE 3
Inexecução contratual e obrigação 
de indenizar
Introdução
Você está na unidade Inexecução Contratual e Obrigação de Indenizar. Nesta unidade, 
daremos continuidade ao estudo a respeito da responsabilidade civil decorrente dos 
contratos, em razão da inexecução contratual e do cumprimento retardado do contrato. 
Também serão vistas as características da obrigaçãode indenizar, os tipos de indenização 
e sua valoração.
Bons estudos!
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1. INEXECUÇÃO CONTRATUAL
No ordenamento jurídico brasileiro, o dever de indenizar decorre de ato jurídico ilícito desde 
que tenha sido culpável e danoso. A violação ao ordenamento se configura pelo descumprimento 
de um dever pré-existente, que pode ser um dever estabelecido em contrato, ou um dever 
estabelecido de forma geral pelas regras de convivência em sociedade estabelecidas pelo Estado 
Democrático de Direito.
Diferentemente do que ocorre na responsabilidade extracontratual (também chamada 
de aquiliana), na responsabilidade contratual o simples descumprimento de obrigação pré-
estabelecida ou dos princípios próprios da relação contratual leva a uma presunção de culpa do 
agente que está em inadimplência com as obrigações contratuais. Este terá, desse modo, o ônus 
de fazer prova contrária.
A responsabilidade pelo inadimplemento das obrigações contratuais foi tratada, no nosso 
ordenamento, pelos artigos 389 do Código Civil de 2002. No artigo 389, verifica-se a previsão 
para o descumprimento das obrigações de dar e fazer e no artigo 390 das obrigações de não 
fazer. Já o artigo 391 consagra importante princípio atinente ao instituto da responsabilidade 
civil, que é o da responsabilidade patrimonial pelo que os bens do devedor (seu patrimônio) é 
que respondem pelos danos causados e não a sua pessoa. Também é importante frisar que há 
exceções dos bens protegidos por cláusula de impenhorabilidade, segundo o art. 833 do Código 
de Processo Civil e Súmula nº. 364 do Superior Tribunal de Justiça. Vale ressaltar que o conceito 
de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas 
solteiras, separadas e viúvas.
O art. 393 do Código Civil isenta o devedor da obrigação da responsabilidade pelo caso 
fortuito ou força maior, a menos que tenha se obrigado – contratualmente – a responder 
pelos danos causados em tais hipóteses. Já as consequências da inexecução das obrigações na 
responsabilidade também estão previstas entre os artigos 395 e 401.
De acordo com Fiuza (2015), as partes podem estabelecer em contrato – quer dizer, antes da 
ocorrência de qualquer inadimplemento –, uma quantia ou um parâmetro de valor que deverá 
ser pago a título de ressarcimento no caso de inexecução total ou parcial de obrigação. É a 
chamada cláusula penal, ou pena convencional. Sua função é a de pré-liquidar perdas e danos, 
pois as partes se antecipam a possíveis situações de prejuízo, como descumprimento do contrato, 
fixando previamente um valor indenizatório.
Nos casos de inexecução total do contrato, a aplicação da cláusula pena requer que a o 
descumprimento de obrigação tenha ocorrido por meio de ato culpável e que a obrigação esteja 
vencida. Caso não haja vencimento da obrigação, aplicar-se-á o art. 397, parágrafo único do 
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Código Civil, pelo qual a mora se constituirá mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Dessa 
forma, o credor deve provar a inexecução culpável do devedor – e, veja-se, não é necessário 
comprovar prejuízo – para que a pena previamente estipulada seja aplicada.
A doutrina leciona que nos casos de obrigações de dar coisa infungível, será permitido ao 
credor escolher qual das reparações pretenderá:
Se o cumprimento tardio da obrigação;
Se o pagamento da pena convencionada pelo inadimplemento.
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1.1 Inexecução Parcial
Nos casos de inexecução parcial do contrato, admite-se que houve o cumprimento de 
uma determinada obrigação, porém outra delas foi descumprida. Neste caso, a cláusula penal 
assegurará apenas uma dessas obrigações, o que dependerá da natureza das obrigações 
estipuladas contratualmente. Fiuza (2015), explicar esse caso a partir do exemplo do contrato 
de locação em que, findo o prazo, o locatário devolve o imóvel, mas o entrega em mau estado 
de conservação, ou seja, descumpriu a obrigação de zelar, conservar e cuidar do imóvel. Logo, a 
cláusula penal será imposta para ressarcir o proprietário do imóvel pelos danos causados. Nessa 
hipótese, o locador poderá ainda optar por exigir o pagamento da pena ressarcitória ou que o 
locatário efetive os reparos e consertos ainda que tardiamente.
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FIQUE DE OLHO
Nos casos de inexecução parcial e inexecução total das obrigações contratuais, a 
cláusula penal tem função compensatória.
Figura 1 - Locação de imóvel 
Fonte: Fizkes, Shutterstock, 2020
1.2 Cumprimento Retardado do Contrato
O cumprimento retardado do contrato ocorre com o atraso culpável no cumprimento da 
obrigação por uma das partes, caso em que a cláusula penal tem função moratória, podendo 
ser o valor da indenização nela estipulado cobrado junto com a exigência de cumprimento da 
obrigação principal. O valor estabelecido em cláusula penal pode ser fixado livremente pelas 
partes e pode ser independente do valor do prejuízo que possa vir a ser suportado por uma delas, 
inexistindo valor mínimo. Por outro lado, deve-se estabelecer um limite máximo, pois o valor da 
indenização não pode suplantar o valor da obrigação principal.
O Decreto nº. 22.626 de 1933, conhecido como lei da usura, estipulou que os contratos 
de empréstimo de dinheiro só podem ter como pena máxima o valor equivalente a 10% (dez 
por cento) do valor da obrigação. A cobrança em percentual maior configura, assim, crime de 
usura. Já o Código de Defesa do Consumidor determinou que as multas de mora decorrentes do 
inadimplemento de obrigações não poderiam ser superiores a 2% (dois por cento) do valor da 
prestação. O Código Civil de 2002, no art. 416, legislou que a parte credora da obrigação que não 
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foi adimplida não poderia pleitear complementação de indenização nem mesmo se demonstrasse 
que seu prejuízo foi maior do que a medida do dano por ela coberta. No entanto, há que se 
lembrar do princípio da vedação do enriquecimento sem causa, ou do enriquecimento ilícito, 
pelo qual é vedado à uma parte enriquecer-se indevidamente às custas de prejuízo causada a 
outrem. Em razão deste princípio a aplicação da regra contida no art. 416 poderia ser mitigada.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
A obrigação de indenizar decorre da violação a uma obrigação anterior – seja de natureza contratual 
ou extracontratual – provocada por ato jurídico humano, culpável, que tenha causado prejuízo a 
outrem (esta e a regra; relembremos as exceções estudadas dos casos em que é desnecessária a 
demonstração de culpa, ou em que o ato mesmo lícito pode gerar dever de indenizar).
O Código Civil Brasileiro disciplinou a obrigação de indenizar entre os artigos 927 e 943. De 
acordo com o art. 927 do Código Civil, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo. Esta previsão está relacionada à teoria subjetiva. Já o parágrafo 
único faz questão de esclarecer que haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa (ou, de forma objetiva), nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Lembre-se de que as as pessoas responsáveis pelas pessoas incapazes (responsáveis 
legais, tutores e curadores) respondem pelos danos causados pelos incapazes. Estes também 
responderão pelos danos causados caso os responsáveis não tiverem obrigação legal de fazê-lo ou 
não possuírem meios suficientes a fazer frente à reparação. Nesta hipótese, de responsabilização 
do incapaz, a indenização deverá fixada de forma equitativa de modo a não privar o incapaz ou as 
pessoas que dele dependem daquilo que necessitam.
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O artigo 931 determina que, ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários 
individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos 
produtos postos em circulação (à semelhança dos fornecedores, consoante o Código de Defesa 
do Consumidor). Veja a seguir os casos em que o indivíduo

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