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Como lidar com as doenças da infância @drleandrobuck https://www.instagram.com/drleandrobuck/ @ dr le an dr ob uc k O objetivo deste capitulo é dar uma ideia geral dos sintomas apresentados pelas crianças e as principais doenças, quando se preocupar, quando levar ao médico e outras dicas. Para iniciarmos vamos relembrar alguns conceitos da escola: Infecção: invasão de parte do corpo causada por algum agente infeccioso, que pode ser um vírus, bactéria, fungo, parasita... Vírus: São agentes infecciosos muito pequenos e simples, formados por uma cápsula cujo interior apresenta material genético ( DNA ou RNA). Eles apenas conseguem se replicar no interior de células. Existe uma infinidade de tipos de vírus que podem se disseminar por inúmeras maneiras e causar uma variedade de doenças. Alguns exemplos: Gripe, transmissão por contato, espirros, tosse; Rotavirus, causa diarreia, transmitido por contato, água ou comida; HIV, causa AIDS, transmissão sexual; Dengue, transmitido pela picada de inseto. As doenças típicas da infância também são virais como sarampo, caxumba, catapora, roséola, entre muitas outras. Fique claro que ANTIBIÓTICOS NÃO MATAM VIRUS, apenas em situações especiais são utilizados antivirais, como p.ex: HIV. Bactérias: São microorganismos vivos complexos unicelulares capazes de se replicar sozinhas em grande velocidade. Estão presentes em todos os ambientes possíveis. Podem causar doenças nos seres vivos (infecção) ou participarem da sua vida (colonização). Um grande exemplo disso é a microbiota intestinal (flora intestinal) do ser humano. Possuímos dez vezes mais bactérias em nosso intestino do que o total de células do nosso corpo. Elas são fundamentais em processos finais de digestão, regulam o sistema imunológico, participam de vários processos fisiológicos, entre outros. Este é um importante motivo para se evitar o uso de antibióticos rotineiramente, por alterarem a microbiota, ainda mais em crianças. Temos também flora bacteriana em nossa pele, boca, vagina... A criança doente https://www.instagram.com/drleandrobuck/ A doença se dá quando há uma proliferação excessiva da flora normal ou migração para algum lugar diferente do habitual, ou bactérias estranhas conseguem penetrar nossas defesas. Alguns exemplos de infecções bacterianas são: pneumonia, sinusite, otite, celulite (infecção de pele). Os antibióticos sim são utilizados para matar bactérias. Fungos: São organismos multicelulares que nos seres humanos causam micoses e outras infecções. Um exemplo em crianças é a monilíase, que pode acometer a língua e a região de fraldas, dando placas esbranquiçadas. São tratadas com antifúngicos. Parasitas: aqui temos os “vermes”, piolho, sarna...Cada um possui um medicamento específico para seu tratamento. O foco aqui são as infecções mais comuns nas crianças, dando maior atenção às virais, tentando dar uma visão geral dos sintomas e os sinais de gravidade, e falaremos um pouco sobre as infecções bacterianas mais comuns. Como dito, são inúmeros os vírus e suas manifestações, sendo a enorme maioria quadros sem gravidade e autolimitados (pois irão melhorar sem necessitar de nenhum tratamento específico). As famosas Viroses se iniciam com o que chamamos de pródromo, sendo ele os primeiros sintomas: Febre; adinamia (“moleza”); falta de apetite; irritabilidade, dor de cabeça, dor no corpo, vômitos, mal estar. Após algum tempo (dias ou horas) podem aparecer os outros sintomas, podendo vir apenas um deles ou todos juntos; ou até nenhum. Podem também ir aparecendo alguns enquanto outros melhoram ao longo dos dias: Respiratórios: tosse, coriza – catarro no nariz - (que se inicia clara epode ficar amarela ou verde ao longo dos dias), dor ou irritação no ouvido e garganta, chiado no peito (Sibilos). Intestinais: dor abdominal, vômitos, diarréia, gases@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Mau hálito: causado pela secreção nasal e também pela respiração bucal devido congestão nasal. Boca: estomatite, uma inflamação da gengiva, língua e lábios, levando a dor na boca e dificuldade na alimentação. Pele: manchas avermelhadas (exantema). Olhos: conjuntivite, com irritação, vermelhidão e secreção (“remela”). Linfonodos aumentados: as chamadas popularmente “ínguas”, são mais visíveis em crianças na região do pescoço, podendo algumas vezes serem a única manifestação. Regridem espontaneamente após alguns dias. Em geral, a doença só piora nos primeiros 3 a 5 dias, e irá melhorar espontaneamente após o ciclo do vírus terminar e o próprio corpo combater a infecção e se recuperar das inflamações, o que pode levar entre 7 a 14 dias em média. O tratamento é apenas de alivio dos sintomas, paciência e carinho; o que muitas vezes deixa os pais frustrados e angustiados. Em geral trata-se: Tosse e coriza: inalação e lavagem nasal com soro fisiológico. *Falaremos de tosse em capitulo separado. Dores e Febre: analgésicos/antitérmicos comuns podem sempre ser administrados à criança se não houver contra indicações ou alergia. Não precisa deixar o coitado sofrendo com medo de dar remédio. Dipirona (novalgina®), Paracetamol (tylenol®) e Ibuprofeno (alivium®) são os mais seguros na pediatria. Não use AAS (aspirina). Diarréia: Não se deve dar nada para “cortar”. Sais para reposição oral (Pedialyte®) evitam a desidratação.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Alimentação deve permanecer o habitual da criança, sem restrições de alimentos. Não oferecer bebidas esportivas (Gatorade®). Alguns casos prolongados podem necessitar da reposição de Zinco ou suspensão de lactose por um período, mas esses devem ser recomendados pelo médico. Vômitos: pode-se usar anti-hemético ondasentrona (Vonau®). Conjuntivite : higiene ocular e compressas geladas com água mineral. Obs: a dose das medicações estão em capitulo a seguir É esperado que crianças doentes reduzam o apetite, muitas vezes drasticamente. Aquelas que apresentam quadros infecciosos repetidamente podem apresentar comprometimento no desenvolvimento por deficiências nutricionais, e estas irão levar a uma baixa imunidade, predispondo a mais doenças. Caso a criança esteja consumindo a alimentação da família, pode ser necessário modificar a consistência (alimentos mais pastosos) para facilitar a aceitação, oferecer em menores quantidades e mais vezes ao dia. Importante focar na ingesta de líquidos, evitando a desidratação, que por si só irá piorar todos os sintomas. Devido a alta chance de contágio, crianças doentes devem sempre ser afastadas das creches e escolas por um tempo. É também devido a isso que crianças frequentadoras de creche ficam muito mais doentes em relação às não frequentadoras. A média é de cerca de 10 viroses por ano, quase uma por mês, por isso parecem estar sempre doentes. As viroses podem evoluir mal, com manifestações mais graves, como meningite, pneumonia, bronquiolite, miocardite, etc. Pode também ocorrer de bactérias aproveitarem as inflamações, secreções, e também da baixa no sistema imunológico, e causar infecções secundárias. É por isso que crianças resfriadas/gripadas tem maior propensão a apresentar otites, pneumonias, sinusite bacteriana p.ex. Pode também ocorrer de bactérias aproveitarem as inflamações, secreções, e também da baixa no sistema imunológico, e causar infecções secundárias. É por isso que crianças resfriadas/gripadas tem maior propensão a apresentar otites, pneumonias, sinusite bacteriana p.ex. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Essa evolução às vezes pode ocorrer em algumas horas. Por isso a “mania” do pediatra sempre orientar uma reavaliação caso haja piora do quadro ou manutenção da febre. Como exemplo, não raro a criança ser avaliada pela manhã sem nenhuma manifestação e a noiteretorna ao PS com uma otite. Ou então cansada por uma bronquiolite. Esses são alguns Sinais de Alarme que podem sugerir uma evolução ruim, necessitando de uma avaliação ou reavaliação médica: Febre: se persistir por mais de 72 hs ou estiver aumentando em valor e/ou frequência; ou retorna após alguns dias afebril. Em menores de 3 meses qualquer febre é sinal de alarme (exceto nas primeiras 24hs após vacina). Respiração mais rápida que o normal, cansaço (identificado quando o esforço para respirar faz aparecerem as costelas ou a criança usa o abdômen), chiado audível. Irritabilidade importante, dor intensa que não melhora com analgésicos (melhor se avaliados fora da febre). Vômitos que não melhoram com medicação anti-hemética ou quando a criança não aceita nenhum liquido ou alimento. Sinais de desidratação: ficar sem urinar por mais de 6 horas, olhos fundos, choro sem lágrimas, boca e língua secas, prostração intensa. Fezes com sangue. Manchas no corpo devem ser sempre avaliadas por um médico. A qualquer momento onde haja dúvidas na gravidade do quadro. Considerações sobre algumas doenças comuns: Resfriados x Gripes: A gripe é um quadro parecido com o resfriado, porém com sintomas mais intensos. Ambos dão tosse, coriza (nariz escorrendo), dor de garganta, febre e outros sintomas virais. Em crianças pequenas às vezes é difícil a diferenciação, em maiores e adultos as gripes são aquelas que deixam de cama. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Existem vários vírus causadores de ambos, e eles mudam todos os anos através de mutações. Por isso, mesmo pessoas vacinadas continuarão a pegar gripes, pois a vacina cobre os vírus mais “perigosos” daquele ano, assim como pode-se contrair vários resfriados no ano. Pneumonia: Ocorre quando algum agente infeccioso consegue se instalar no pulmão. Portanto podemos ter pneumonia viral ( p.ex: os casos graves de gripe) ou então por bactérias , que muitas vezes se aproveitam do aumento de secreções e baixa na imunidade causado por processo viral, e causam a pneumonia. O quadro clinico pode ser de febre persistente, cansaço, dor no peito, tosse produtiva sem melhora, vômitos em crianças pequenas e até dor abdominal. Geralmente sempre trata-se com antibióticos, pois não há um método que diferencie com segurança quadros virais de bacterianos. Bronquiolite: É uma complicação que acomete crianças pequenas de até 2 anos de idade, sendo mais comum até os 6 meses de vida. É secundária a um resfriado, sendo o vírus mais comum o vírus sincicial respiratório. As inflamações causadas pelo vírus acometem o bronquíolo, causando algo semelhante à asma (veja capitulo sobre “tosse”). Com isso há chiado (Sibilos), tosse e dificuldade de respirar, que se iniciam no 3o dia de doença e piora até o 5o, em geral. Quanto mais novo o bebê, mais grave a doença. Como já sabemos, não há tratamento específico, apenas suporte com inalações com soro, higiene nasal, fisioterapia e, se o cansaço é muito intenso, pode-se precisar de internação para uso de oxigênio ou até intubação, para que aparelhos auxiliem o pulmão trabalhar, até a pior fase passar e o pulmão se recuperar. Na maior parte dos casos o tratamento é domiciliar, a criança fica um pouco cansada e com tosse e vai melhorando aos poucos , mas como veremos no capitulo de tosse, ela pode persistir por um período longo. Otites: Existem 2 tipos: Otite média bacteriana: é quando há infecção no ouvido “para dentro” do tímpano. Ocorre quando há acúmulo de secreção e multiplicação de bactérias nessa região, que é conectada com os seios da face e nariz, por isso são comuns após algum resfriado.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Sinusite: Aqui um assunto polêmico. Por alguma razão obscura muitos pais adoram e enchem a boca para iniciar a consulta “ Então Dr. ele TEM sinusite e ai ....” não importa se é uma unha encravada ou uma batida de cabeça, a sinusite é a culpada. Vamos tentar elucidar um pouco sobre esta doença. Essas necessitam antibióticos via oral. Geralmente a dor é intensa e persistente, a febre mais alta e a criança fica irritada. Pode apresentar vômitos e, se o tímpano romper, a secreção (pús) irá sair pelo ouvido. Nem toda dor de ouvido necessita antibióticos. Muitas delas são otites virais, quando a dor é mais leve, melhora com medicação e a febre é mais branda. Melhoram após poucos dias e trata-se com analgésicos e antiinflamatórios. Panos quentes ou bolsas de água morna também ajudam bastante na dor. Otite Externa: quando há inflamação no canal auditvo, “para fora” do tímpano. São aquelas dores de ouvido quando a criança frequenta piscina ou praia. O tratamento é com gotas otológicas que possuem uma mistura de anti-inflamatórios, antibióticos e anestésicos. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Possuímos na face cavidades preenchidas por ar, conectadas à cavidade nasal, chamadas Seios (sinus) da Face ( abreviarei como SF) conforme figura : Suas funções são aquecer e umidificar o ar inspirado, diminuir o peso do crânio, equilibrar pressão na cavidade nasal, entre outras. Eles naturalmente produzem muco, sendo este enviado para ser deglutido ou expelido pelo nariz e boca. Em algumas situações essa produção fica aumentada devido haver uma inflamação na mucosa (o tecido que reveste os SF), como nas IVAS – infecção de vias aéreas superiores (veja capítulo de “tosse”) - e nas rinites. Com isso há acumulo de secreção, causando uma sinusite ( Sinu=Seio, “Ite”=inflamação). Sendo assim, qualquer resfriado pode causar uma sinusite, no caso viral, levando a secreção nasal e todos sintomas associados, que podem ser tosse com piora noturna (pois quando se deita o catarro escorre para a garganta), dor ou peso na cabeça, mau hálito, dor de garganta e febre. Mesmo nos quadros virais, a secreção pode se iniciar clara e passar para amarelada e esverdeada. A sinusite que todos conhecemos seria a bacteriana aguda, esta sim necessita de antibióticos para tratar. Ela ocorre quando bactérias invadem essa secreção estagnada e levam a uma infecção nos seios da face, e para isso ocorrer leva cerca de 10 dias. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Suspeitamos de sinusite bacteriana quando há secreção nasal por mais de 7 a 10 dias que esteja piorando ao invés de melhorar; ou quando a secreção persiste por período prolongado; ou a criança mantém os sintomas do resfriado após esse período e volta a ter febre. Para o diagnóstico rotineiro não é necessário um raio x dos SF........ NÃÃÃOOOO???? Como assim??? Todos os médicos sempre pedem!!!!! Eu explico. 1- Os SF não estão aerados e formados por completo nas crianças pequenas e ainda são bem pequenos. Eles vão se expandindo e aerando e estarão na forma do adulto por volta dos 12 anos terminando seu desenvolvimento aos 20 anos. Portanto o Rx de crianças abaixo dos 5 anos não se vê muita coisa. 2- Mesmo que se faça o Rx de SF e ele venha alterado, mostrando secreção em algum deles, isso não significa que seja uma sinusite bacteriana. Qualquer resfriado pode causar esse acúmulo de secreção. Por isso o diagnóstico é clínico. Em algumas situações o Rx pode ser útil, mas isso geralmente quem necessita são os otorrinos durante o acompanhamento de casos mais complicados, podendo ser necessário realizar uma tomografia, que fornece muito mais informações. Mas porque muitos médicos pedem o bendito Rx ??? Na maior parte das vezes por pressão dos cuidadores. Como foi utilizado por muito tempo, ficou enraizado no costume popular e também de muitos médicos; e muitos pais não ficam satisfeitos se você faz o diagnóstico apenas clínico. Logo, é mais fácil e rápido pedir o Rx do que tentar convenceralguém. Então agora você já sabe: Nem toda dor de cabeça é sinusite. Nem toda sinusite precisa de antibiótico. O aspecto da secreção não é tão relevante. Não precisa duvidar do médico se ele falar ser ou não sinusite sem Rx. Diarréia: Mais comumente causada por vírus, sendo o principal o Rotavirus, com diarréia aquosa e abundante. As bacterianas são semelhantes aos vírus, mas podem causar muco e sangue nas fezes e se forem graves necessitam antibióticos. Há também diarréia secundária ao uso de antibióticos, por eles alterarem a flora intestinal normal. O tratamento geral já foi descrito acima e o principal é não deixar a criança desidratar. Diarréias agudas podem durar até 14 dias e também melhoram sozinhas na maior parte dos casos. Se persistirem por período maior que este ou estiverem piorando, devem ser investigadas.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Para se evitar o contágio entre o doente e os cuidadores sempre lave as mãos após trocar a criança e antes de comer, e lave as dele com frequência também. A vacina de rotavírus é importante para diminuir o contágio e formas graves. RESUMINDO: Sempre que seu filho apresentar uma virose, você pode iniciar o tratamento geral sem preocupações maiores, pois na enorme maioria das vezes não irão evoluir para algo mais grave. Quem conhece melhor a criança são os pais, então confie se achar não ser nada grave. Na dúvida contate seu pediatra. Fique atento aos Sinais de Alarme, eles servem para você identificar que algo não esta indo bem e procurar atendimento médico. E também confie nos seus instintos. Se achar que seu filho não está bem, leve-o para avaliação médica. Note que os quadros virais apresentam diversos sintomas juntos, enquanto os bacterianos costumam ser mais localizados. P.ex: uma pneumonia em geral dá tosse, febre, cansaço e um rx alterado. Não vem com acometimento de outros locais. Não adianta ir vários dias seguidos no PS queixando-se de não ter melhorado. Como dito acima, viroses demoram para melhorar. Também não adianta “já levar logo pra não piorar”. Médico não faz milagre. Se seu filho iniciou uma virose hoje ou ontem, ele irá piorar no inicio, como explicado. Acredite se seu médico disse ser “só uma virose”. É muito mais trabalhoso convencer os pais disso do que sair prescrevendo antibióticos e exames para qualquer febre. E, na maioria dos casos, não é preciso colher exames para confirmar. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Tosse A tosse é um reflexo importante cuja função é ajudar a limpar secreções (catarro) das vias aéreas, que são todas as ramificações que levam e trazem o ar dos pulmões (fig.1). Ela também ajuda a impedir que algo estranho entre nas vias aéreas , como líquidos, alimentos e objetos. Na ausência deste reflexo, estamos muito mais predispostos a adquirir pneumonias. Figura 1 Figura 2 @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Ela é um dos maiores incômodos nos pacientes pediátricos , e também um dos maiores desafios aos pediatras, pois crianças tossem o tempo todo, deixando pais angustiados e pediatras com a orelha quente. Principais causas em crianças são : Infecções das vias aéreas superiores (IVAS) - traquéia para cima. Infecções das vias aéreas inferiores (Pneumonias) - traquéia para baixo. Asma ( Bronquite, bronquite alérgica, bronquite asmática, todos nomes usados para asma). Objetos (corpo estranho) em vias respiratórias. A causa mais frequente disparado são os Resfriados e Gripes (chamamos comumente de infecção de vias aéreas superiores – IVAS), já abordado em parte no capítulo sobre “A criança doente”. As vias aéreas superiores são mostradas na figura 2. Infelizmente ainda não se descobriu alguma medicação efetiva e segura na faixa pediátrica para o tratamento da tosse causada pelas IVAS. As recomendações na literatura médica, inclusive da Organização Mundial da Saúde, são para não utilizar medicações em crianças. Sabemos da agonia dos pais em querer fazer alguma coisa por seu filho, mas os “xaropes pra tosse” possuem medicações, e estas não possuem benefícios comprovados, muitas não possuem estudos comprovando sua segurança em crianças, levam a gastos desnecessários e podem, inclusive, causar mal. São muito vendidos e geram muito dinheiro, por isso se encontra uma infinidade nas prateleiras das farmácias, mas servem apenas para os pais pensarem estar fazendo algo pelo filho. São muito prescritos devido à pressão sobre os pediatras, pois já se tornou cultural que toda tosse necessita do bendito xarope. O pediatra que não prescreve é tido como um péssimo médico (“onde já se viu !! Fiquei 2 horas nessa fila pra ele não me passar nada !!?? E nem pediu um raio X!!! ”… já ouvi muito essa frase nos PS’s, mas tento não sucumbir). O objetivo aqui é tentar quebrar esse pensamento, com argumentos baseados em estudos médicos e recomendações atuais. São inúmeras as formulações de medicações que prometem acabar com a tosse, soltar o catarro ou outras maravilhas (Hedera helix, ambroxol, acetilcisteina, dropropizina,…). Os “antigripais” nada mais são do que a associação de algum analgésico associado a uma ou mais destas drogas: Entre as mais comuns no mercado são: Antitussígenos: inibem o reflexo da tosse, causando retenção de secreções e predispondo a pneumonias, além de possuírem efeitos sedativos, levando a sonolência e com isso menor ingesta de alimentos e líquidos pela criança. Devido a isso, há risco de intoxicações graves. Anti-histamínicos (antialérgicos): apesar de comumente receitados para qualquer tosse, eles só possuem algum efeito nos casos de alergia. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Também possuem efeito sedativo, além de deixarem as secreções mais espessas e difíceis de serem expulsas. Podem causar sonolência excessiva em bebês pequenos. Expectorantes/Fluidificantes: não possuem nenhum efeito comprovado em auxiliar nas IVAS. São usados em casos específicos de doenças crônicas e graves do pulmão, como fibrose cística e enfisema. Descongestionantes: podem levar a casos graves de bradicardia (coração bate muito devagar) quando ingeridos em dose elevada. Não são raros os casos de intoxicação atendidos em PS’s. Além disso, os tópicos causam irritação no revestimento das cavidades nasais se usados por tempo prolongado, não sendo recomendados nem para adultos. Ahhhhh…mas espera ai Dr. Eu dou o xarope X pro meu filho e depois de uns dias ele sempre melhora…. Sim, porquê iria melhorar de qualquer forma. A não ser que seja um corticóide, o mais usado é a prednisolona (Predsim®,Prelone®) ou Dexametasona (Decadron®). Esses realmente podem aliviar a tosse, porém possuem vários efeitos colaterais se usados de forma inadequada, entre eles: influência no crescimento, baixa na imunidade, doenças ósseas, ganho de peso. Se a criança receber toda vez que tiver tosse, praticamente todo mês ela estará tomando corticóides. São medicações excelentes se usadas com indicação precisa, como veremos mais a frente. Além do exposto, qualquer medicação possui chance de efeitos colaterais diversos, risco de intoxicação (algo muito comum em pediatria, pois geralmente os xaropes são gostosos e a criança bebe o frasco todo por prazer), causa de alergias (mais comum pelos corantes do que pela própria medicação). Ou seja, administra-se algo à criança sem nenhum benefício comprovado, e corre-se o risco de efeitos indesejáveis, levando a retornos a PS, estresse pela criança e novas medicações para sanar os malefícios das outras. Sendo assim, a máxima em pediatria “menos é mais” se aplica muito bem aqui. Meu Deus e agora ?? Não tem o que fazer ?? Calma... Temos sim algumas opções eficazes. O tratamento recomendadopara os resfriados e tosses sem gravidade é: Higiene nasal com soro fisiológico, podendo ser com uma seringa ou com os diversos tipos de dispositivos comercializados, como spray, jato e conta-gotas (Rinosoro, Salsep, Maresis, etc.). Existem, para auxliar na higiene, perinhas e outros aparatos que sugam o catarro, específicas para esse fim. Inalação com soro fisiológico em aparelhos para nebulização. Ambos podem ser realizados à vontade. Nesse caso, quanto mais melhor. Umidificadores de ambiente se o tempo estiver seco.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ @ dr le an dr ob uc k Mel de abelhas, puro, não os xaropes industrializados. Ele comprovadamente possui ação antioxidante e antimicrobiana, sua propriedade emoliente (hidratante) das vias aéreas superiores reduz os sintomas da tosse, melhoram a qualidade do sono e diminuem a secreção. Não existe uma dose preconizada, apenas cuidado para não exagerar, pois o mel contém bastante açúcar. Uma colher de sobremesa já é suficiente. Apenas utilizar em crianças acima de 1 ano de vida, de preferência mel pasteurizado. E quanto tempo pode durar a tosse ? Infelizmente a resposta é: talvez bastante. Estudos mostram a duração dos sintomas em média das IVAS: Neste gráfico temos % de Pacientes com sintomas x Dias de doença. Note neste estudo que, como dito no capítulo “Criança Doente”, os sintomas pioram nos primeiros dias. Tosse e secreção nasal podem durar até mais de 14 dias, dor de garganta 9 e febre 7 dias. Neste outro estudo esses períodos são corroborados, mostrando ainda o tempo de dor de ouvido de até 8 dias, tosse por bronquiolite 21 dias, tosses em geral 25 dias. -Cold=resfriado -Flu=gripe -Fever=febre -Sore throat=dor de garganta -Nasal discharge=secreção nasal -Cough=tosse -Patients with sintoms=pacientes @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Conclui-se então que, com todo esse tempo para a completa recuperação de uma virose, é muito comum a criança estar se recuperando.... e pegar uma nova. Dai a queixa de “Essa criança vive doente Doutor...” ou “ Ah ele está com essa tosse há 4 meses...” ou “ Foi entrar na creche e não pára de tossir...” Outras causas de tosse: Pneumonia, Sinusite e Laringite: são abordadas no capítulo “Criança Doente” Asma: É uma das doenças crônicas mais comuns em pediatria. Ela ocorre devido a uma resposta inflamatória exagerada de certos indivíduos frente a estímulos alérgicos, chamado de hiper-reatividade das vias aéreas. Daí que vem o nome bronquite (“ite” em medicina é quando há inflamação em algum lugar, nesse caso dos brônquios). Essa resposta inflamatória leva a inchaço na parede dos brônquios e bronquíolos (relembre na figura 1 e veja figura 3) e produção aumentada de muco (catarro). Com isso o ar passa, com mais dificuldade, e não consegue sair normalmente dos alvéolos, e isso gera o chiado e falta de ar. Duration of symptoms of respiratory tract infections in children: systematic review BMJ 2013; 347 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.f7027 (Published 11December 2013). @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Figura 3 Os sintomas dependerão do grau desta inflamação. O quadro em geral pode apresentar: Tosse: é o principal. Pode ter características específicas: Ser persistente por mais de 3 semanas, e/ou tosse noturna recorrente, e/ou então desencadeada por exercício, risadas ou choro. Sibilos (chiado no peito): Geralmente quando estão presentes a criança fica cansada, com respiração difícil e a tosse piora. Nesse caso temos uma crise aguda de asma. Sintomas sazonais (em estações determinadas do ano) - crises pioram no inverno p.ex. Se os sintomas melhoram com uso de broncodilatadores (serão explicados `a frente), é bem sugestivo de asma. Dor ou aperto no peito. Crises de tosse e cansaço podem ser desencadeadas por quadros de gripes e resfriados, assim como mudanças climáticas, poeira, cigarro, cheiros, mofo, pólen, ambientes com animais, entre outros. É muito comum a história familiar de asma ou outras doenças alérgicas. Também muito comum a associação com outras alergias como rinite, dermatite atópica (alergia de pele) ou alergia alimentar. O diagnóstico é feito pelo quadro clinico e pelo exame chamado espirometria, que só consegue ser feito a partir dos 5 anos de idade. Antes disso chamamos de criança sibilante ou “chiadora”, podendo evoluir para asma no futuro ou nunca mais apresentar nenhuma crise. O tratamento da crise aguda é feito com broncodilatadores de ação rápida,salbutamol (Aerolin®) ou fenoterol (Berotec®). Eles rapidamente abrem os brônquios e facilitam a passagem do ar. Aqui sim usa-se corticóides por via oral, para tirar da crise, pois os benefícios são bem maiores que os malefícios.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Em casos graves em PS usamos corticóide endovenoso (Solumedrol®) e oxigênio, entre outras medicações de acordo com a gravidade e resposta do paciente. A asma pode evoluir para quadros graves, com insuficiência respiratória, necessitando intubação (quando passamos um tubo pela laringe e acoplamos em um ventilador para auxiliar o trabalho do pulmão) ou até a morte, portanto crianças sibilantes devem sempre ter um acompanhamento rigoroso com seu pediatra. Os broncodilatadores podem ser admnistrados por inalação junto ao soro fisiológico ou pelas “bombinhas” (Spray oral) acopladas à um espaçador e, dependendo da idade, máscara. Ainda existe um pavor em relação às bombinhas, muitos acham que “viciam” ou “atacam o coração”, quase uma lenda urbana. Isso é mera crendice. Os broncodilatadores possuem efeitos colaterais, podendo levar a taquicardia (batedeira) e tremores, até enjôo, vômitos ou mal estar; porém eles passam em alguns minutos, e os benefícios de tirar uma criança da crise superam de longe os riscos dos efeitos colaterais. Atualmente o de escolha para qualquer idade é o Aerolin na forma de spray oral. Isso porque ele possui muito menos efeitos colaterais que o fenoterol (Berotec). Os efeitos colaterais também ocorrem mais nas inalações, pois uma parte da medicação é absorvida pela mucosa do nariz, sendo levada para o sangue, algo que quase não acontece com o spray oral, onde a medicação vai direto para o pulmão. Portanto, pais de crianças sibilantes que sabem como utilizar os broncodilatadores, podem usá-los em casa nos casos de crises leves sem receio. Muitas vezes essas crises melhoram com uma ou duas doses, evitando-se a exposição e incômodo de uma visita ao PS. Para pacientes com quadros recorrentes de crise ou mantenham sintomas persistentes, utiliza-se medicações preventivas de uso contínuo, tornando as crises mais espaçadas e mais leves, com objetivo final de não acontecerem mais até a melhora completa dos sintomas. Os corticóides inalatórios, associados ou não à broncodilatadores de longa duração, são os mais utilizados (flixotide®,seretide®,fluir®,clenil®...). Existem diversos tipos de medicamentos e dispositivos para este fim. Há também o montelucaste (montelair®) que pode ser associado aos anteriores ou usados como única terapia para quadros mais leves. Aspiração de corpo estranho: Crianças engolem e colocam objetos em todos orifícios, sendo o mais perigoso quando os aspiram. Objetos pequenos podem ir para os brônquios, causando desconforto respiratório. O melhor é a prevenção, sempre evitando a manipulação de pequenos objetos pela criança. A aspiração deve ser suspeitada em casos de quadro súbito de tosse numa criança que engasgou com comida ou manipulava objetos, e deve ser levada prontamente ao PS. @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Visão Geral da Febre Febre éuma resposta normal do organismo a uma variedade de condições. Por causa da variação normal da temperatura do corpo, não há nenhum valor único que é definido como febre. Em geral, consideramos a medida da temperatura axilar maior que 37.8oC, esta que estamos mais habituados no Brasil. Você pode obter valores diferentes, dependendo de como tirar a temperatura– oral, axilar, orelha, testa, ou retal. A temperatura normal das pessoas varia entre cada individuo e de acordo com o horário do dia (variação circadiana): é mais baixa pela madrugada e no início da manhã, e é máxima no final da tarde e no início da noite. Sendo assim, a febre se dá quando a temperatura do corpo está mais elevada do que o usual. Como medir a febre? Na minha opinião, os únicos termômetros confiáveis são os axilares. Todos os outros dão erro de leitura muito frequente. Sempre deixe de 3 a 5 minutos no total . Não confie no bip. Infecções também podem causar hipotermia (temperatura baixa, abaixo de 36oC) que se associado à mau estado geral , pode indicar algo mais grave. Porém a hipotermia numa criança bem pode ser apenas a variação normal do dia como visto acima. Febre é uma das causas mais comuns de procura por atendimento pediátrico, principalmente o que chamamos de febre sem sinais de localização (FSSL), quando a criança apenas tem febre sem nenhum outro sintoma. Isso é muito comum e na maioria das vezes são processos virais que ainda não manifestaram outros sintomas. Veremos à frente quando essa FSSL necessita avaliação urgente ou quando podemos observar e ver se sintomas virais aparecem. E porquê existe esse medo? Sim, a febre pode ser assustadora e indicar alguma coisa grave, porém é na minoria das vezes onde isso ocorre. Na década de 1980 criou-se o termo “fever phobia” (febrefobia) para se estudar esse assunto, visto que ocorre no mundo todo, e se mantém desde aquela época, apesar de todo avanço em termos de informação nos dias atuais. Os estudos mostram que muito do medo se dá por falta de informação, pois os cuidadores não sabem identificar quando pode- se tratar de algo grave, e também que o maior medo dos pais são dano cerebral, convulsão, infecções graves ou morte. Por isso é importante saber o básico por fontes confiáveis para não viver em pânico, pois seu filho terá febre algumas, ou inúmeras, vezes na vida. Tentaremos aqui elucidar quais os indícios de gravidade e como lidar com a febre.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Causas: Infecções, principalmente virais, são a causa mais comum disparadamente, Mas podem ser bacterianas ou fúngicas. Câncer, desidratação grave, doenças neurológicas, entre outras condições. Nascimento dos dentes não possui nenhuma base cientifica comprovada, sendo assim, não se deve pensar ser esta a causa. O que acontece muitas vezes a criança estar com os dentes nascendo e pega uma virose, e todos associam então a febre com dente. Agasalhar demais crianças menores de três meses pode aumentar ligeiramente sua temperatura, pois eles ainda não conseguem controlá-la adequadamente. No entanto, uma temperatura acima de 38oC não deve ser considerada por excesso de roupas e deve ser avaliada. Psicogênica: pessoas que em situações de estresse fazem febre, ainda não se sabe exatamente quais os mecanismos envolvidos. Vacinas: podem causar febre por períodos variáveis dependendo de qual foi aplicada, em geral duram até 48 horas. O desafio para os pais é saber quando deve se preocupar e procurar atendimento médico. Crianças que já possuem alguma doença crônica ou condição especial devem seguir as recomendações de seus médicos. Quando procurar atendimento médico ou consultar seu pediatra (sinais de alarme): Bebês com idade inferior a três meses sempre devem ser avaliados em caráter de urgência, salvo no período pós-vacinal imediato, se estiverem bem (ativos, mamando bem, bom estado geral) Febre persistente por mais de 72 horas Febre acima de 39,4°C Crianças de qualquer idade que tenham uma primeira convulsão febril Crianças com febre e manchas na pele Quando a criança apresentar uma má impressão geral, aspecto abatido, inapetência importante, irritabilidade acentuada, letargia, apatia, fácies de sofrimento, choro inconsolável, gemência. ou se houver alguma dúvida na gravidade, Ou seja, sinais de uma criança que não está bem. Tudo isso observado após baixar a temperatura. Lembrando que febre não é uma emergência. Pode ser tratada e observada sem desespero.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Quando posso medicar e observar? A febre deixa a criança mais irritada, manhosa, com dor de cabeça e dor no corpo, indisposta, inapetente, taquicárdica (batedeira) e taquipneica (respirando rápido) durante o período de temperatura mais elevada. Por isso, sempre que precisar, pode medicar, Porém, se fora da febre ela apresentar melhora do abatimento e sintomas, ativa, brincando, aceitando liquidos, urinando normalmente, sem alguma dor importante, pode-se controlar a febre e observar. Muito comum o atendimento em PS de crianças pulando e correndo no hospital, por febre há menos de 24 horas e pais desesperados… claramente elas não precisariam de uma consulta naquele momento. E ao invés de estarem em suas casas sossegadas descansando ou brincando, ficaram horas num PS lotado expostas a inúmeras doenças, e vão para casa com receita de dipirona e observação. Devo tratar a febre? Aqui a literatura médica é controversa. Na minha opinião não existe porquê manter uma criança com febre, sendo assim sempre pode-se ministrar algum antitérmico, mesmo se for levar ao médico... Jamais usar AAS (aspirina) pelo risco de uma complicação grave chamada síndrome de Reye. Hoje temos Dipirona (Novalgina®), que na minha experiência parece ser mais efetivo, Paracetamol (Tylenol®) e Ibuprofeno (Alivium®), sendo este ultimo um anti-inflamatório, e por esse motivo não deve ser utilizado com frequência ou por períodos prolongados pelo risco de gastrites ou injurias renais, e deve ser evitado em menores de 6 meses. (leia a bula ) Posso alternar medicações? Alguns estudos mostram que há riscos nessa prática. Os maiores riscos relatados são lesão no rim (por muito remédio circulando no organismo) ou superdosagens e intoxicação por confusão de medicações. Alguns estudos mostram beneficio, por manter a temperatura baixa por mais tempo. Na prática acabamos por orientar a alternância, pois algumas febres são mais persistentes ou voltam antes das 6 horas da medicação. Então deve-se escolher duas medicações e dar em intervalos mínimos de 3 horas entre elas, mas só se a febre voltar. Mas sempre tome cuidado, verifique com outros cuidadores qual medicação foi dada, não use remédios que possuam mais de uma droga na formulação.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ E o banho frio? Estudos mostram que o banho apenas baixa a temperatura da pele, não modificando a temperatura central do corpo, e causa calafrios e sensação ruim. Portanto não são recomendados pois apenas fazem a criança sofrer mais. Claro que um banho morno não terá problemas, ainda porque a criança sua muito e irá precisar. Banhos com álcool, como são costume em alguns lugares, são proibidos, não servem para nada e há relatos de bebês intoxicados pelo álcool absorvido pela pele! Aumente a oferta de líquidos, pois a febre pode causar desidratação; deixe a criança em repouso, evitando passeios ou atividades, ofereça alimento sem forçar ou substituir por guloseimas e mantenha com roupas leves. Desmistificando os medos: Dano cerebral por febre é algo muito difícil de ocorrer, necessita uma temperatura muito elevada, algo raro em crianças saudáveis e por doenças comuns. Infecções graves: nesses casos a criança irá apresentar ossinais de alarme citados acima. O valor da febre isoladamente não costuma representar algo grave, porém temperaturas acima de 39,4oC há uma maior chance de ser por causa bacteriana. Convulsão febril: são quadros convulsivos benignos, não evitados por antitérmicos, ocorrem na faixa entre seis meses e seis anos de idade, não causam sequelas e cessam com a idade. Ocorrem apenas em crianças geneticamente predispostas, geralmente algum dos pais tinha quando criança. Não é o valor que causa e sim uma mudança brusca na temperatura (ou seja: uma criança predisposta pode convulsionar com 37,8oC, enquanto uma não predisposta não irá convulsionar nem com 40oC). Como citado, sempre uma criança que não possua o diagnóstico de ser convulsiva febril, deve ser levada ao PS se apresentar febre e convulsão. Conclusão: Febre não representa algo a se temer numa criança em bom estado geral e que fica bem no período de temperatura normal. Podemos observar e aguardar o período de 48 a 72 horas, se não houverem sintomas sugestivos de alguma doença especifica ou sinais de alarme. Tudo depende de bom senso... e sempre que houver dúvida quanto à gravidade, contate seu pediatra ou procure um PS.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ CONHEÇA NOSSOS PRODUTOSCONHEÇA NOSSOS PRODUTOS Além das consultas, Dr. Leandro disponibiliza diversos cursos e livros sobre todos os assuntos relacionados à criação de filhos. Desde como lidar com o Recém-nascido, doenças da infância, imunidade, Alergias alimentares e muito mais. Além de comandar a comunidade TOCA DAS LEOAS, onde mães podem trocar experiências, tirar dúvidas num ambiente seguro e confiável e ter acesso a todos os produtos num só lugar. Conheça nossos produtos no link abaixo. Temos certeza que irá transformar a sua maternidade. ACESSE AQUI Além das consultas, Dr. Leandro disponibiliza diversos cursos e livros sobre todos os assuntos relacionados à criação de filhos. Desde como lidar com o Recém-nascido, doenças da infância, imunidade, Alergias alimentares e muito mais. Além de comandar a comunidade TOCA DAS LEOAS, onde mães podem trocar experiências, tirar dúvidas num ambiente seguro e confiável e ter acesso a todos os produtos num só lugar. Conheça nossos produtos no link abaixo. Temos certeza que irá transformar a sua maternidade. ACESSE AQUI https://lp.drleandrobuck.com.br/pv-toca-das-leoas?utm_source=bio&utm_medium=organico&utm_campaign=0924&utm_content=bio&utm_term=bio&fbclid=PAY2xjawGRxU9leHRuA2FlbQIxMQABphfmVeXfVs5okOWEMd7ET1X7vextbhsc59bTzBg63KaEM4fpOA0zUhYkqQ_aem_Ud6RXwky8NyhnClKWBvh0g Medicações para pais @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Medicações de venda livre mais comuns que podem ser utilizadas sem problemas, a não ser que a criança possua alergia ou alguma doença específica. Lembrando que não há testes de alergia para a maioria das medicações, o único jeito de saber é tomando… As doses foram indicadas de acordo com as bulas e fontes técnicas confiáveis e são calculadas de acordo com o peso. Sempre verifique qual a concentração do remédio que você irá usar. Que é mg/ml. Pois isso muda bastante o volume de remédio a ser oferecido. Cuidado: a maior parte das medicações 20 gotas correspondem a 1 ml. Porém não são todas. Dor e Febre As drogas mais usadas e seguras são: Dipirona (Novalgina®) Pode ser dado cada 6 horas se necessário Dose : 20 mg/ kg Apresentações: Gotas: 500mg/ml = 25 mg/gota Como usar: O cálculo fica: Peso x 0.8. Em gotas. Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 0.8 = 8 gotas por dose. Máximo de 40 gotas. Xarope: 50mg/ml Como usar: O cálculo fica: Peso x 0.4. Em ml Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 0.4 = 4 ml por dose. Máximo de 20 ml Paracetamol (Tylenol®) Pode ser dado cada 6 horas se necessário Dose : 20 mg/ kg Apresentações: existem várias. As mais comuns: Gotas: 200mg/ml = 10 mg/gota Como usar: O cálculo fica: Peso x 1. Em gotas. Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 1 = 10 gotas por dose. Máximo de 60 gotas.@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Gotas: 100mg/ml = 5 mg/gota Como usar: O cálculo fica: Peso x 2. Em gotas. Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 2 = 20 gotas por dose. Ibuprofeno (Alivium®) Pode ser dado cada 6 horas se necessário Dose : 40 mg/ kg Apresentações: Gotas: 100 mg/ml = 10 mg/gota Como usar: O cálculo fica: Peso x 1. Em gotas. Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 1 = 10 gotas por dose. Máximo de 40 gotas. Gotas: 50 mg/ml = 5 mg/gota Como usar: O cálculo fica: Peso x 2. Em gotas. Ex: criança pesa 10 kg. 10 x 2 = 20 gotas por dose. Máximo de 80 gotas. Vomitos: Ondansetrona (Vonau®) 4mg comprimido dispersível. Pode ser dissolvido embaixo da língua (sublingual), engolido ou dissolvido em algum líquido (água, suco , leite, etc…) Como usar: 0,15 mg / kg de peso ; cada 8 horas. Pode ser arredondado para cima ou baixo. Exemplos: -Criança pesa 10kg: 0,15 x 10= 1,5 mg. Então ½ cp.de 8/8hs -Criança pesa 15kg: 0,15 x 15 = 2,25mg. Então pode-se dar ½ cp (2mg ) de 8/8hs.. -Criança pesa 20 kg: 0,15 x 20 = 3mg , pode-se usar 1 cp de 8/8hs Medicações para Pais @ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/ Dimenidridrato (Dramin®) gotas: Não é mais recomendado para vômitos pois o vonau tem efeito superior e não dá sonolência. Usamos atualmente para Cinetose, aquele enjôo e mal estar ao andar de carro, avião ou navio. A dose é 1 gota por kilo até de 6/6 horas, maximo 40 gotas. Plasil (metoclopramida), Motilium (Domperidona) e Digesan (Bromoprida) não se recomenda o uso rotineiro em pediatria por apresentarem efeitos colaterais importantes. Tosse e Coriza Inalação e lavagem nasal com soro fisiológico podem ser realizadas à vontade sempre que precisar, geralmente se utiliza 5 ml na inalação e a lavagem nasal com seringa ou garrafas próprias. Anti alérgicos podem ser tentados mas não efeitos muito significativos. Veja os principais abaixo. Alergia Quadros alérgicos de pele ou rinite, os quais os pais já estejam acostumados e já possuem o diagnóstico correto e não sejam graves (p.ex: criança sempre faz alergia a picadas de pernilongo ou entrou em contato com pelo de gato e começou espirrar..) sempre podem utilizar anti-alérgicos. Os mais comuns: Hidroxizina (Hixizine® ) de 8/8 horas (seguir a dose recomendada na bula para idade e peso). De 6 meses a 2 anos. Desloratadina (Desalex®): 6 meses a 1 ano: 2 ml 1 vez ao dia 1 a 5 anos: 2,5 ml ; 5 a 12 anos: 5ml, Sempre 1 vez ao dia Loratadina (Claritin®) xarope - 2 a 6 anos 5 ml; acima de 6 anos 10 ml. Sempre 1 vez ao dia. Fexofenadina (Allegra® xarope) - 2 a 11 anos: 5ml de 12/12 horas@ dr le an dr ob uc k @ dr le an dr ob uc k https://www.instagram.com/drleandrobuck/ https://www.instagram.com/drleandrobuck/