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Questões resolvidas

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Farmacologia da dor
Você vai entender os conceitos básicos da dor e as estratégias farmacológicas para seu tratamento:
opioides, anti-inflamatórios não esteroidais, analgésicos não opioides, anestésicos locais e gerais.
Prof. Pedro Leite Azevedo
1. Itens iniciais
Propósito
Reconhecer os principais tipos de dor e as estratégias farmacológicas disponíveis para o seu tratamento é
essencial a todo profissional de saúde. Entender as principais características e a aplicação clínica dos
opioides, analgésicos não opioides, anestésicos locais e gerais frequentemente utilizados no tratamento da
dor é indispensável para uma farmacoterapia mais segura e eficaz, associada a uma melhor qualidade de vida
para o paciente.
Objetivos
Reconhecer os conceitos básicos da dor e a importância da utilização dos analgésicos opioides e não 
opioides durante o tratamento da dor.
Reconhecer a farmacologia dos anestésicos locais e suas principais implicações na prática clínica.
Descrever a farmacologia e a aplicabilidade clínica dos anestésicos gerais.
Introdução
Neste conteúdo, apresentaremos diferentes aspectos relacionados à farmacologia da dor. É preciso destacar
a importância desta discussão, pois, afinal, muitos dos fármacos que iremos abordar são utilizados
cotidianamente na prática clínica.
Diversos estudos apontam que a dor é um dos principais motivos de procura por emergências hospitalares.
Sendo assim, o profissional de saúde deve estar preparado para ajudar os pacientes a lidarem com a dor e
promover sua qualidade de vida.
Primeiramente, iremos entender que a dor, embora em muitas situações esteja associada ao sofrimento e à
redução da qualidade de vida do paciente, é um sinal do organismo frente a uma lesão tecidual ou potencial
lesão. Portanto, a dor alerta ao organismo que há algo errado, levando o indivíduo à procura por tratamento.
Veremos como o organismo é capaz de detectar e conduzir os estímulos de dor, além de abordar as
diferenças entre importantes conceitos, como dor aguda, dor crônica, dor nociceptiva e a dor neuropática.
Falaremos ainda sobre a utilização dos opioides e outros analgésicos não opioides no tratamento da dor,
abordando diversos pontos de sua farmacologia. Para finalizar, vamos compreender o uso dos fármacos
anestésicos locais e gerais, utilizados com o intuito de eliminar a sensação e a percepção de dor durante
procedimentos cirúrgicos ou dolorosos.
• 
• 
• 
1. O uso dos opioides e analgésicos não opioides no tratamento da dor
Conceitos básicos da dor
Neste vídeo, vamos explicar o conceitos de dor, os diferentes tipos de dor que existem, o circuito nociceptivo
e como ocorre a transmissão da informação de dor.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Você já se perguntou por que sentimos dor e qual seria a sua importância?
É claro que ninguém deseja sentir dor! No entanto, ela é necessária, pois, de forma simplificada, atua como um
sinal (alerta) para que o organismo se afaste do objeto ou de uma situação prejudicial.
Por definição, a dor pode ser descrita como:
A dor é a percepção sensorial e emocional desagradável, associada à lesão real ou potencial dos
tecidos.
(INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN, 1979)
Um exemplo prático seria a exposição a temperaturas muito elevadas (calor) ou até mesmo a presença de um
coágulo sanguíneo.
A dor pode ser classificada por sua duração (aguda e crônica), localização e intensidade, que pode alcançar
níveis intoleráveis.
Você já ouviu falar em dor neuropática?
Ao contrário da crônica, ela está associada a uma lesão no tecido nervoso provocada por doença ou
traumatismo, como nos casos de amputação e infecção pelo vírus herpes-zóster. A dor neuropática é grave,
intensa e persiste por muito tempo, resultado de uma função anormal do sistema nervoso e exige o uso de
diversos fármacos para aliviar os sintomas. Ela pode ser tratada com opioides, mas tem melhor resposta a:
 
Anticonvulsivantes (Gabapentina)
Dor aguda 
É breve e possui duração de 3 a 6 meses, e
inclui desde queimadura solar até dor pós-
operatória ou trauma. Exemplo de dor aguda:
queimaduras na mão por fogos de artifício.
Esta dor também pode ser denominada
como nociceptiva, provocada por uma lesão
ou dano tecidual.
Dor crônica ou persistente 
Tem duração de mais de 6 meses e se
associa a doenças específicas, como
câncer, anemia falciforme e falência
terminal de órgãos. Cefaleia,
fibromialgia, artrite reumatoide e
osteoartrite, também estão associados a
quadros de dor crônica e, muitas vezes,
incapacitante.
• 
Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina)
Inibidores da captação de serotonina e norepinefrina
Para entendermos a farmacologia da dor, inicialmente iremos estudar os processos responsáveis pelo
aumento da sensibilidade à dor, como aqueles que ocorrem em resposta à inflamação e a lesões do sistema
nervoso.
O sistema nervoso central (SNC) é responsável por reconhecer e processar a sensação dolorosa.
Várias situações podem induzir as fibras nervosas, como o calor de uma panela quente.
Após contato com o calor, as terminações nervosas presentes nos tecidos são ativadas e enviam mensagem
ao SNC (especificamente no córtex), onde ocorre a percepção da dor, que por sua vez, conduz uma resposta
imediata para que o indivíduo retire a mão do calor para eliminar a sensação de dor e evitar a lesão.
As terminações nervosas responsáveis por conduzir o estímulo de dor são denominadas neurônios
nociceptores. Observe na imagem a seguir a representação desse circuito.
• 
• 
Circuito nociceptivo.
As fibras nociceptoras possuem receptores e canais iônicos que respondem a estímulos térmicos, mecânicos
e químicos, como podemos ver na imagem a seguir. Com a presença dos estímulos, há a ativação de canais de
sódio regulados por voltagem, e indução da despolarização necessária para iniciar um potencial de ação e
conduzir a informação de dor.
Estímulos químicos, mecânicos e térmicos são capazes de ativar fibras nociceptoras
a partir de receptores e canais iônicos específicos.
Canais seletivos termossensíveis tornam-se ativos em resposta ao calor acima de 42°C. Já os
mecanonociceptores são excitados por estímulos mecânicos relativamente intensos, como um beliscão ou
uma alfinetada. Agentes químicos como citocinas, quimiocinas e bradicinina (produzidas no contexto da
inflamação e da lesão tecidual) também podem excitar as terminações nervosas periféricas.
Os potenciais de ação gerados nessas fibras induzem a liberação de neurotransmissores a partir de um
controle pelos canais de cálcio regulados por voltagem (este canal é essencial para o mecanismo de ação dos
opioides).
Os neurotransmissores liberados podem ser subdivididos em:
Excitatórios
Como o glutamato, conduzem a dor.
Inibitórios
Como peptídeos opioides, a norepinefrina, a serotonina (5-HT), a glicina e o GABA, é capaz de limitar
a transferência da informação sensorial para o cérebro.
Estes representam um importante local de intervenção farmacológica.
Mecanismo de ação dos opioides
Vamos, neste vídeo, definir o que é um analgésico, explicar as opções de tratamento da dor e o que são os
opioides.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Após entendermos como o organismo detecta e conduz a dor, é preciso saber como tratá-la.
Sabemos que o paciente que apresenta dor irá consumir analgésicos. Portanto, o que significa o termo
“analgésico”? Essa palavra pode ser definida por fármacos que são utilizados no intuito de induzir o alívio da
dor sem perda de consciência. Atualmente, diversas classes de fármacos são amplamente utilizadas para o
alívio da dor. Dentre elas, destacamos o uso dos:
 
Opioides
Anti-inflamatórios não esteroidais
Antidepressivos tricíclicos
Fármacos antiepilépticos
Antagonistas do receptor NMDA
Com base nesses medicamentos e na intensidade da dor do paciente (fraca, moderada ou intensa/forte), a
Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma escada analgésica para tratamento da dor, que podeadjuvantes são responsáveis por produzir efeitos adicionais, que são desejáveis antes ou durante
a cirurgia, mas não necessariamente proporcionados pelos anestésicos gerais.
Em alguns procedimentos, por exemplo, pode ser útil a utilização do bloqueador H2 (famotidina, ranitidina)
para reduzir a acidez gástrica, anti-histamínicos (difenidramina) para prevenir reações alérgicas, antieméticos
(ondansetrona) para prevenir náuseas; e/ou anticolinérgicos (glicopirrolato) para prevenir bradicardia e
secreção de líquidos no trato respiratório.
Os principais fármacos adjuvantes aos anestésicos em uso atualmente são os seguintes. Confira!
Benzodiazepínicos
Como exemplo temos diazepam, lorazepam e midazolam.
Administrados por suas propriedades ansiolíticas e amnésicas anterógradas (o paciente não
consegue se lembrar de novas informações, como coisas que aconteceram recentemente ou durante
o procedimento cirúrgico).
São frequentemente administrados entre 15 e 60 minutos antes da indução da anestesia para acalmar
o paciente e fazê-lo se esquecer da indução, embora também possam ser usados para sedação
intraoperatória. Se necessário, os efeitos dos benzodiazepínicos podem ser revertidos com o
antagonista flumazenil.
Opioides
Como exemplo temos fentanila, sufentanila e remifentanila.
Administrados por sua capacidade de produzir analgesia. São amnésicos fracos e geralmente são
usados em associação com um anestésico geral. A escolha do opioide se baseia principalmente na
duração de ação necessária.
Eles podem ser administrados por via intravenosa, epidural ou intratecal. Não induzem efeito
amnésico e podem causar hipotensão, depressão respiratória e rigidez muscular, bem como náuseas
e êmese pós-anestésicas. Sua ação pode ser revertida pelo antagonista naloxona.
Bloqueadores neuromusculares
Como exemplo temos cisatracúrio, pancurônio, rocurônio, succinilcolina e vecurônio.
São frequentemente utilizados para obter relaxamento muscular e facilitar a intubação traqueal e
diversos procedimentos cirúrgicos. Possuem como mecanismo de ação o bloqueio dos receptores
nicotínicos da acetilcolina presentes na junção neuromuscular.
Seus efeitos podem ser revertidos por um inibidor da acetilcolinesterase, como neostigmina e mais
recentemente a sugamadex.
Vale destacar que os fármacos utilizados para esse fim também podem aumentar os efeitos indesejáveis dos
anestésicos e, quando administrados em associação, podem produzir efeitos colaterais não observados
quando usados individualmente, e, por isso, seu uso deve ser realizado com cautela.
Verificando o aprendizado
Questão 1
(Prefeitura de Fortaleza - CE - 2016 - Prefeitura de Fortaleza - CE - Farmacêutico Hospitalar) A anestesia geral
é necessária para a realização dos procedimentos invasivos mais simples aos mais complexos. Levando em
consideração que podem ser utilizados anestésicos inalatórios e intravenosos, destaca-se que estes últimos
tendem a ser utilizados como adjuvantes ou até mesmo como os únicos anestésicos das técnicas existentes e
empregadas nas rotinas hospitalares. Devido às características de recuperação mais rápida da anestesia,
menor indução de náuseas e vômitos, além do paciente deambular mais rapidamente, verifica-se a
popularização do uso de
A
benzodiazepínicos.
B
propofol.
C
etomidato.
D
cetamina.
E
paracetamol.
A alternativa B está correta.
O propofol é metabolizado rapidamente, consequentemente não causa efeito ressaca. Possui um retorno
rápido da consciência, assim como efeito antiemético. O etomidato possui início rápido, mas com
recuperação mais lenta da função psicomotora. A cetamina possui início lento. Os benzodiazepínicos são
utilizados apenas pelo seu efeito ansiolítico e amnésico. O paracetamol não é utilizado na anestesia geral.
Questão 2
A recuperação pós-anestésica é a fase na qual o paciente requer um maior nível de cuidados, especialmente
no que diz respeito ao aparecimento de complicações clínicas. Dentre as seguintes opções, qual determina a
velocidade de recuperação após administração de anestésico intravenoso usado para indução?
A
Biotransformação hepática do fármaco.
B
Ligação do fármaco às proteínas plasmáticas.
C
Ionização do fármaco.
D
Redistribuição do fármaco a partir do SNC.
E
Eliminação plasmática do fármaco.
A alternativa D está correta.
Após a distribuição inicial do fármaco no SNC, ele se difunde para outros tecidos. Com a captação tecidual
secundária, a concentração plasmática diminui, permitindo que o fármaco difunda para fora do SNC. Essa
redistribuição inicial do fármaco para outros tecidos leva à rápida recuperação observada após uma dose
simples de um fármaco indutor. A ligação às proteínas, a ionização e a lipossolubilidade afetam a
velocidade de transferência.
4. Conclusão
Considerações finais
Como vimos, embora a dor seja uma sensação desagradável, ela é um sinal de alerta importante do organismo
frente a uma possível lesão. Entendemos como ocorre o reconhecimento e o processamento da sensação
dolorosa em nosso organismo, e que o seu tratamento requer uma abordagem de polifarmácia, ou seja, a
associação de diversos fármacos.
Aprendemos as principais propriedades farmacológicas dos analgésicos utilizados clinicamente, os principais
mecanismos de ação, as características farmacocinéticas e os eventos adversos.
Além disso, compreendemos que os anestésicos locais e gerais são essenciais para a prática da medicina e
dos procedimentos cirúrgicos por sua capacidade de produzir bloqueio regional da sensação da dor.
Contudo, não podemos esquecer que novos estudos e pesquisas são realizados continuamente e, à medida
que melhoramos o conhecimento da condução da dor, outros alvos terapêuticos e estratégias se tornarão
disponíveis.
Explore +
Para que você continue aprofundando seus estudos, sugerimos a leitura do artigo Uso de anti-inflamatórios e
analgésicos por uma população de idosos atendida na Estratégia Saúde da Família. Observe, no texto, como
os autores analisaram a prevalência do uso de analgésicos em idosos da Estratégia Saúde da Família de Porto
Alegre/RS.
Referências
BARASH, P. G. Manual de anestesiologia clínica. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
 
BRUNTON, L. L.; HILAL-DANDAN, R.; KNOLLMAN, B. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman &
Gilman. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019.
 
GOLAN, D. E.; TASHJIAN, A. H.; ARMSTRONG, E. J. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da
farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
 
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
 
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
 
SECRETARIA DE SAÚDE DE JOINVILLE. Diretriz de tratamento farmacológico da dor nos pronto atendimentos.
Joinville, SC: Secretaria da Saúde: 2018.
 
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
	Farmacologia da dor
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. O uso dos opioides e analgésicos não opioides no tratamento da dor
	Conceitos básicos da dor
	Conteúdo interativo
	Excitatórios
	Inibitórios
	Mecanismo de ação dos opioides
	Conteúdo interativo
	Opioides
	Naturais
	Sintéticos
	Semissintéticos
	Atenção
	Principais características farmacológicas dos opioides
	Conteúdo interativo
	Efeitos adversos
	Contraindicações
	Morfina
	Codeína
	Hidromorfona e hidrocodona
	Oxicodona
	Metadona
	Fentanila
	Remifentanila
	Petidina ou Meperidina
	Tramadol
	Agonistas µ (buprenorfina) ou κ parciais (nalbufina) ou mistos
	Existe algum antídoto em caso de intoxicação com os opioides?
	Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
	Conteúdo interativo
	Ácido acetilsalicílico (AAS)
	Ibuprofeno e naproxeno
	Paracetamol
	Dipirona
	Diclofenaco e cetorolaco
	Outros analgésicos não opioides
	Conteúdo interativo
	Amitriptilina, nortriptilina e imipramina
	Desipramina e maprotilinaParoxetina, fluoxetina e citalopram
	Venlafaxina e duloxetina
	Gabapentina
	Pregabalina
	Lamotrigina
	Carbamazepina
	Oxcarbazepina
	Verificando o aprendizado
	2. Anestésicos locais
	A anestesia local e o seu mecanismo de ação
	Conteúdo interativo
	Anestésicos locais
	Quais seriam os tipos de anestesia local?
	Exemplo
	A química dos anestésicos locais
	Conteúdo interativo
	Grupo amina terciário hidrofílico
	Grupo aromático hidrofóbico (lipofílico)
	Cadeia intermediária
	Anestésicos locais do tipo éster
	Anestésicos locais do tipo amida
	Curta duração(30-60 min)
	Duração intermediária(45-120min)
	Longa duração(120-240min)
	Fatores que podem influenciar o efeito anestésico local
	Conteúdo interativo
	O que determina se o fármaco se encontra mais ou menos ionizado?
	Exemplo
	Tamanho da molécula do fármaco
	Solubilidade lipídica
	Diâmetro e mielinização das fibras
	Concentração do anestésico
	Ligação a proteínas plasmáticas
	Período de latência
	Potência dos anestésicos locais
	Farmacologia dos principais anestésicos locais
	Conteúdo interativo
	Cocaína
	Procaína
	Lidocaína
	Tetracaína
	Mepivacaína
	Prilocaína
	Bupivacaína
	Ropivacaína
	O anestésico local ideal e a associação com vasoconstritores
	Conteúdo interativo
	Fatores que influenciam a toxicidade
	Sinais de intoxicação​
	Verificando o aprendizado
	3. Anestésicos gerais
	A anestesia geral
	Conteúdo interativo
	Estágio I (fase de analgesia)
	Estágio II (fase de excitação)
	Estágio III (anestesia cirúrgica)​
	Estágio IV (depressão bulbar – fase de parada respiratória)​
	Indução
	Manutenção
	Recuperação
	Mecanismo de ação dos anestésicos gerais
	Conteúdo interativo
	Como ocorre a modulação no sistema GABA?
	Anestésicos gerais inalatórios
	Anestésicos inalatórios e CAM
	Conteúdo interativo
	O que determina a concentração alveolar mínima (CAM)?
	Halotano
	Enflurano
	Isoflurano
	Desflurano
	Óxido Nitroso
	Anestésicos gerais intravenosos
	Conteúdo interativo
	Tiopental
	Propofol
	Etomidato
	Cetamina
	Fármacos adjuvantes
	Conteúdo interativo
	Benzodiazepínicos
	Opioides
	Bloqueadores neuromusculares
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Explore +
	Referênciasser vista a seguir.
Consideram-se medicamentos adjuvantes os antidepressivos, anticonvulsivantes e corticosteroides, que
podem ser utilizados em todas as situações, se necessário.
Escada analgésica da OMS.
Opioides
Opioide é o termo geral utilizado para
analgésicos derivados do ópio, obtido da
papoula, Papaver somniferum e P. album, ou
produzidos de forma sintética. Nos últimos
anos, os opioides têm sido cada vez mais
utilizados no tratamento da dor moderada à
intensa.
 
Antes de iniciarmos a discussão da
farmacologia dos opioides, precisamos
relembrar o papel dos peptídeos opioides
endógenos (p. ex., endorfinas, encefalinas e
dinorfinas), uma vez que todos os opioides
mimetizam a sua ação.
Os peptídeos endógenos inibem a transmissão sináptica responsável pela condução da dor e são liberados
em vários locais do SNC em resposta a estímulos nocivos. Portanto, os opioides são capazes de modificar a
percepção da dor no cérebro.
As células no SNC possuem diferentes receptores para os opioides, que são divididos em três classes:
 
μ (mi)
κ (capa)
δ (delta)
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A analgesia é modulada principalmente pelo receptor µ. Os três receptores opioides são acoplados à proteína
G inibitória e quando ativados inibem a adenililciclase, promovem a abertura dos canais de potássio e inibem a
abertura de canais de cálcio controlados por voltagem.
Esses efeitos promovem a hiperpolarização e redução da excitabilidade neuronal (condução da dor). Além do
efeito analgésico, os opioides também são capazes de induzir efeitos euforizantes, motivo que levou ao uso
abusivo dos fármacos.
Devido à heterogeneidade dos receptores, efeitos secundários à utilização dos opioides podem ocorrer, como:
Alteração do humor
Sedação
Náuseas
Disforia
Alucinações
Diminuição da motilidade gastrointestinal
Miose (contração das pupilas)
Depressão respiratória
Disforia
Mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza, pesar, angústia.
No entanto, há uma adaptação do organismo do paciente a esses efeitos secundários durante o uso crônico
dos opioides. O único sistema orgânico que não se adapta é o digestório, apresentando motilidade
gastrintestinal lenta e constipação intestinal.
Os opioides podem ser divididos de acordo com a sua origem:
Naturais
Morfina e codeína.
Sintéticos
Metadona, levorfanol, fentanila, alfentanila, sufentanila, remifentanila e meperidina. 
Semissintéticos
Hidromorfona, oximorfona, oxicodona.
É importante lembrar que todos produzem efeitos semelhantes à morfina. 
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Atenção
A heroína é um opioide semissintético considerado narcótico – ou seja, substância que leva à drogadição
e ao uso abusivo ou uso ilegal – não sendo utilizada clinicamente em medicina. 
Outro conceito importante que iremos abordar ao longo deste material é a classificação dos analgésicos
opioides como agonista (liga ao receptor e produz resposta), agonista parcial (produz resposta limitada) ou
agonista-antagonista misto.
Principais características farmacológicas dos opioides
Neste vídeo, vamos ver o papel dos peptídeos opioides endógenos e o mecanismo de ação dos opioides,
além dos principais eventos adversos da classe.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Trataremos dos fármacos individualmente, porém algumas características, como os eventos adversos e as
contraindicações, são comuns a todos os fármacos dessa classe.
Efeitos adversos
Hipotensão ortostática.
Bradicardia.
Efeitos respiratórios como apneia e depressão respiratória (causa mais comum de morte em
casos de superdose).
Náuseas.
Vômitos.
Constipação intestinal.
Retenção urinária.
Pupila puntiforme (miose).
Sedação.
Tontura.
Euforia.
Mioclonia (movimentos involuntários, súbitos e de curta duração, causados por contração de
um músculo ou grupo muscular).
Contraindicações
São contraindicados para pacientes com:
Asma brônquica aguda.
Enfisema.
Obstrução de vias respiratórias superiores.
Pacientes com traumatismo cranioencefálico ou aumento da pressão intracraniana.
Devem ser utilizados com cautela em pacientes que apresentam:
Distúrbios convulsivos.
Disfunção renal ou hepática grave.
Além disso, não são recomendados em casos de colecistite aguda e cólica biliar porque aumentam a
pressão no esfíncter de Oddi (válvula muscular que controla o fluxo dos fluidos digestivos) e a
contratilidade da vesícula biliar, piorando os sintomas de pacientes.
Veremos agora as características dos principais fármacos da classe.
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Morfina
Principal analgésico presente no ópio bruto. Agonista potente dos receptores opioides μ, produz alívio
de dor moderada a intensa. É considerada o opioide de referência, com o qual os outros opioides são
comparados.
Possui elevado metabolismo de primeira passagem (metabolismo hepático), o que diminui a sua
disponibilidade oral. Pode ser administrada na forma farmacêutica de liberação lenta para obtenção
de níveis plasmáticos mais consistentes, mas, por possuírem alta dose, essas formulações têm sido
associadas a alto potencial de uso abusivo. Também pode ser administrada de forma intravenosa,
intramuscular ou subcutânea com a utilização de dispositivos de analgesia controlados pelo paciente.
É bem distribuída nos tecidos corporais. Seus metabólitos, ainda com atividade analgésica, possuem
eliminação renal, e seu acúmulo em pacientes com doença renal crônica pode contribuir para a
toxicidade do opioide. Não deve ser usada para analgesia durante o parto.
Codeína
Também está presente no ópio bruto, mas em menores concentrações. Útil para dores leves a
moderadas, é um pró-fármaco. Portanto sua ação analgésica é iniciada apenas após o seu
metabolismo (desmetilação hepática em morfina).
Apresenta atividade agonista µ consideravelmente maior. Os polimorfismos genéticos nas enzimas
hepáticas CYP2D6 e CYP3A4 podem determinar variações individuais na resposta ao tratamento com
codeína. Se o paciente apresentar uma redução dessas enzimas, ele não é capaz de transformar
adequadamente a codeína em morfina e, de forma contrária, um aumento dessas enzimas pode estar
associado a quadros de intoxicação.
Também é frequentemente utilizada por seus efeitos antitussígeno e antidiarreico.
Hidromorfona e hidrocodona
Derivados semissintéticos da morfina, ativas por via oral com propriedades semelhantes às da
morfina, porém com maior potência. São frequentemente associados ao paracetamol ou ao
ibuprofeno para o tratamento da dor intensa.
Oxicodona
Composto semissintético da codeína, apresenta disponibilidade oral e é amplamente utilizado em
associação com paracetamol. O efeito analgésico oral é aproximadamente o dobro da morfina. A
oxicodona sofre metabolização hepática e é excretada pelos rins.
Metadona
Opioide sintético, eficaz por via oral e mais lipofílico que a morfina. Liga-se aos tecidos e às proteínas
plasmáticas. Frequentemente utilizada no tratamento da dependência química por sua capacidade de
causar menos euforia e ter duração de ação um pouco mais longa. Também é útil no controle da dor,
principalmente na dor crônica em pacientes com câncer terminal.
Fentanila
Agonista opioide sintético de ação curta, é aproximadamente cem vezes mais potente que a morfina
e apresenta meia-vida de eliminação comparável à da morfina. Devido à alta lipossolubilidade, pode
ser administrada pela via oral, transdérmica (útil no tratamento de pacientes com câncer que
apresentam dor súbita), intravenosa.
É combinada com anestésicos locais para obter analgesia para o parto e no tratamento da dor pós-
cirúrgica. Apresenta biotransformação hepática e seus metabólitos são excretados na urina.
Remifentanila
Possui uma estrutura éster que é rapidamente metabolizada pelas esterases teciduais inespecíficas e
eliminada. Portanto, em um procedimento cirúrgico, deve ser administrada em infusão contínua
durante a anestesia, associado à administração de umfármaco de ação mais longa para manter a
analgesia pós-operatória.
Petidina ou Meperidina
Agonista µ com eficácia analgésica semelhante à da morfina; efetiva para o tratamento da dor
moderada a forte. Sua atividade analgésica é reduzida à metade quando administrada por via oral, e,
com frequência, o fármaco produz disforia. Produz metabólito tóxico associado a quadros de
convulsões.
Tramadol
Analgésico de ação central que se liga ao receptor opioide μ, utilizado no manejo da dor moderada ou
moderadamente intensa. Após o metabolismo hepático, resulta em metabólitos com maior atividade
analgésica.
Além disso, o tramadol inibe fracamente a captação de norepinefrina e serotonina. O tramadol tem
mínima tendência a uso abusivo. A administração do fármaco em associação a paracetamol melhora
sua eficácia analgésica.
Agonistas µ (buprenorfina) ou κ parciais (nalbufina) ou mistos
O butorfanol e a buprenorfina produzem analgesia semelhante à da morfina, porém com sintomas de
euforia mais discretos.
A nalbufina apresenta efetividade analgésica, no entanto, está associada ao quadro de disforia
indesejável.
De forma benéfica, a menor capacidade de produção de euforia e bem-estar por estes fármacos pode
diminuir a probabilidade do uso abusivo em indivíduos suscetíveis.
Agora, vamos lá!
Existe algum antídoto em caso de intoxicação com os opioides?
Sim! Os antagonistas dos receptores opioides µ são utilizados para reverter os efeitos adversos
potencialmente fatais da administração de opioides, especificamente a depressão respiratória. A naloxona é o
principal antagonista e pode ser administrada por via parenteral, além disso, é ela capaz de restaurar a função
respiratória de 1 a 2 minutos após sua administração. 
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
Agora, neste vídeo, vamos explicar o mecanismo de ação dos AINEs, quem eles são, as características
farmacológicas de cada fármaco, sua importância no tratamento da dor e principais eventos adversos.
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Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são fármacos frequentemente utilizados no tratamento da dor
leve à moderada, mas também podem apresentar efeitos anti-inflamatórios e antipiréticos.
Ao inibir a atividade das enzimas ciclooxigenases, os AINEs diminuem a produção de prostaglandinas e,
consequentemente, a resposta inflamatória local e a sensibilização periférica.
Agora, vamos aos fármacos:
Ácido acetilsalicílico (AAS)
É o protótipo dos AINEs, útil no controle da dor leve à moderada, e atua por meio da acetilação da:
Ciclooxigenase-1 (COX-1): é a enzima constitutivamente ativa e ajuda a manter a integridade
da mucosa gástrica e diversas funções biológicas, como o funcionamento das plaquetas.
Ciclooxigenase-2 (COX-2): é uma enzima que desencadeia dor e inflamação. As
prostaglandinas sintetizadas pela COX-2 participam dos processos inflamatórios pela
sensibilização de nociceptores e, assim, pela redução do limiar de dor. Ou seja, durante a
liberação de prostaglandinas, a sensibilidade dos receptores de dor aumenta, quadro
denominado hiperalgesia, fazendo com que o paciente tenha uma resposta aumentada à dor a
partir de um estímulo doloroso.
É rapidamente absorvido e distribuído por todo o corpo. Pode lesar as mucosas do estômago e
prolongar o tempo de sangramento ao inibir agregação (aglutinação) das plaquetas.
Portanto, o seu uso deve ser interrompido uma semana ou mais antes da realização de procedimentos
cirúrgicos.
• 
• 
Ibuprofeno e naproxeno
Ambos regulam a dor e a inflamação principalmente por bloqueio da COX-2. Entretanto, esses
fármacos também inibem a COX-1, enzima que ajuda a manter o revestimento do estômago.
A primeira ação produz alívio da dor, enquanto a segunda produz reações adversas gastrointestinais,
como irritação e úlceras gástricas.
O ibuprofeno, amplamente utilizado, é um derivado do ácido propiônico e apresenta efeito analgésico,
anti-inflamatório, e antipirético com menor incidência de efeitos adversos quando comparado ao
ácido acetilsalicílico.
Outro derivado do ácido propiônico de uso comum é o naproxeno, mais potente que o ibuprofeno e
apresenta meia-vida mais longa (reduz o intervalo de administração). Seu perfil de efeito adverso
assemelha-se ao do ibuprofeno, e, em geral, é bem tolerado. Como todos os AINEs, podem causar
complicações no trato gastrointestinal.
Outros fármacos podem ser utilizados para reduzir o risco de úlceras gástricas e duodenais como, por
exemplo, os inibidores da bomba de prótons.
Paracetamol
É outro analgésico muito importante na clínica no tratamento de dor leve a moderada. Apresenta
efeito antipirético e sua atividade analgésica é similar às dos AINEs, no entanto, não possui ação anti-
inflamatória, e por não inibir a agregação plaquetária, constitui o analgésico de escolha quando existe
tendência hemorrágica. É útil no tratamento de dores dentais ou cefaleias, mas é menos eficiente nas
dores inflamatórias e viscerais.
Sofre metabolismo hepático e é eliminado por via renal. Em altas doses, seu uso crônico é capaz de
gerar metabólitos tóxicos e culminar em uma intoxicação hepática (hepatite medicamentosa). Sendo
assim, em pacientes com alterações hepáticas ou etilistas regulares a dosagem do paracetamol deve
ser reduzida. Os sinais de intoxicação aguda incluem náuseas, vômitos, confusão, dor à palpação do
fígado, hipotensão, arritmias cardíacas, icterícia e insuficiências hepática e renal agudas.
De forma interessante, é utilizado rotineiramente com os analgésicos opioides (já existem
preparações de paracetamol associado à codeína, hidrocodona e oxicodona), uma vez que atuam por
meio de mecanismos diferentes e podem atuar de modo sinérgico para reduzir a dor.
Dipirona
É derivada das pirazolonas e produz um potente efeito analgésico, e acentuado efeito antipirético.
Possui mecanismo de ação semelhante aos AINES, que consiste na inibição da biossíntese de
prostaglandinas. Durante o uso, o paciente pode apresentar depressão da medula óssea
(agranulocitose), efeito adverso muito raro (1 caso em cerca de 100 mil tratados), mas muito grave.
Diclofenaco e cetorolaco
São derivados do ácido pirrol acético e são usados no tratamento da dor moderada a intensa. O
cetorolaco pode ser administrado por via oral ou parenteral, enquanto o diclofenaco está disponível
em formulações orais. Também podem ser utilizados em formulações tópicas. Ambos estão
associados a um risco de efeitos adversos graves, incluindo anafilaxia, insuficiência renal aguda,
sangramento gastrointestinal e a síndrome de Stevens-Johnson (doença rara e grave da pele, inclui
descamação, febre e dores pelo corpo).
Além dos fármacos descritos, foram desenvolvidos inibidores seletivos da COX-2 (os “coxibes”), em uma
tentativa de controlar a dor inflamatória e, ao mesmo tempo, diminuir alguns dos efeitos adversos dos AINEs
não seletivos.
Dentre esses, destaca-se o uso do celecoxibe no alívio da dor aguda. No entanto, ensaios clínicos revelaram
uma incidência aumentada de efeitos cardiovasculares graves, incluindo risco aumentado de infarto do
miocárdio. Sendo assim, o seu uso deve ser realizado com cautela.
Os AINEs são contraindicados para pacientes com hipersensibilidade conhecida, o que significa que, se um
paciente for alérgico a determinado fármaco, existe risco aumentado de reação alérgica a qualquer outro
AINE.
Outros analgésicos não opioides
Acompanhe no vídeo a explicação sobre os principais analgésicos não opioides utilizados no tratamento da
dor, a classe a qual pertencem, o motivo pelo qual são indicados e sua importância no tratamento da dor. 
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Além dos analgésicos opioides e dos AINEs, fármacos originalmente desenvolvidos para o tratamento de
outras doenças, como a depressão, são amplamente utilizados no manejo da dor, particularmente em
condições de dor crônica.
Dentre eles, destacamos o uso dos seguintes fármacos:
Amitriptilina, nortriptilina e imipraminaAcredita-se que os antidepressivos tricíclicos produzem analgesia por meio do bloqueio dos canais de
sódio e pelo aumento da atividade das projeções noradrenérgicas e serotoninérgicas antinociceptivas
que descem do cérebro para a medula espinal.
Desipramina e maprotilina
São bloqueadores seletivos da recaptação de norepinefrina.
Paroxetina, fluoxetina e citalopram
São inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e menos efetivos como analgésicos
quando comparados aos antidepressivos tricíclicos.
Venlafaxina e duloxetina
Inibem a recaptação de norepinefrina/serotonina. Apresentam efeitos antidepressivos e analgésicos.
Estes fármacos são utilizados no tratamento de dor neuropática e na fibromialgia.
A duloxetina também apresenta capacidade de inibir a recaptação de dopamina. Embora os ISRS
descritos apresentem ação analgésica mínima, a inibição do transportador de recaptação da
serotonina parece produzir algum efeito analgésico quando a recaptação de norepinefrina também é
bloqueada.
Fármacos antiepilépticos também são capazes de produzir analgesia, entre esses, os que apresentam maior
valor clínico são:
Gabapentina
Tornou-se amplamente usada no controle da dor crônica (dor neuropática e fibromialgia). Análogo
anticonvulsivante do GABA, liga-se aos canais de cálcio regulados por voltagem e reduz o tráfego do
canal para a membrana. Apresenta diversos efeitos adversos, particularmente tontura, sonolência,
confusão e ataxia.
Pregabalina
Possui estrutura semelhante à gabapentina, mas é mais potente e apresenta um início de ação mais
rápido e biodisponibilidade mais previsível. O seu uso deve ser com cautela, uma vez que produz leve
efeito euforizante em alguns pacientes em decorrência de sua potência aumentada.
Lamotrigina
Atua como bloqueador dos canais de sódio, diminui os sintomas sensoriais dolorosos que podem
ocorrer em neuropatia, acidente vascular encefálico, esclerose múltipla e dor do membro fantasma.
Todavia, apresenta uma elevada incidência de reações cutâneas e exige uma titulação lenta da dose
para reduzir essas reações.
Carbamazepina
Atua por bloqueio dos canais de sódio. Este fármaco é utilizado principalmente no tratamento da
neuralgia do trigêmeo, porém apresenta um perfil de efeitos adversos relativamente alto.
Mas o que é neuralgia do trigêmeo? Vamos entender agora, confira!
O nervo trigêmeo transmite as sensações do rosto para o cérebro. Os sintomas incluem dor facial leve
a intensa, formigamento e queimação desconfortável, hipersensibilidade ou sensibilidade à dor.
Oxcarbazepina
Derivado estrutural próximo da carbamazepina, que reflete em diferenças no seu metabolismo
hepático. O aspecto mais importante é que a oxcarbazepina diminui o risco de anemia aplásica, que
constitui um efeito adverso grave algumas vezes associado ao uso da carbamazepina.
Estudos recentes sobre canabinoides e seus receptores sugerem que o D9-tetra-hidrocanabinol, que atua
principalmente nos receptores canabinoides CB1, pode produzir analgesia em certas circunstâncias.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Os opioides estão entre os analgésicos mais potentes conhecidos. Apesar de sua reconhecida efetividade,
eles apresentam uma gama considerável de efeitos adversos. Entre os efeitos indesejáveis dos opioides,
podemos citar
A
náusea, depressão respiratória e constipação intestinal.
B
tolerância, dependência e parkinsonismo.
C
diplopia, parkinsonismo e vômito.
D
diplopia, analgesia e hiperpigmentação da pele.
E
constipação intestinal, diplopia e parkinsonismo.
A alternativa A está correta.
Parkinsonismo, analgesia e hiperpigmentação da pele não são efeitos adversos de opioide. Náuseas e
vômitos são bastante comuns após as primeiras doses, assim como depressão respiratória, principalmente
após doses altas. A constipação intestinal é também típica e está presente mesmo em usuários crônicos.
Questão 2
Os fármacos opioides são bastante utilizados em dores intensas por serem potentes analgésicos, uma vez
que apresentam a capacidade de inibir a condução nervosa da dor. O mecanismo de ação principal desses
fármacos é
A
a diminuição da produção de mediadores inflamatórios.
B
o aumento da atividade nociceptiva.
C
a abertura de canais de potássio e o fechamento dos canais de cálcio.
D
a despolarização do neurônio nociceptivo.
E
o bloqueio da produção de prostaglandinas.
A alternativa C está correta.
Os receptores opioides são ligados às proteínas G inibitórias. A ativação dessa proteína desencadeia uma
cascata de eventos: redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPs), fechamento de
canais de cálcio voltagem dependentes e estímulo ao efluxo de potássio resultando em uma
hiperpolarização celular. Assim, o efeito final é a redução da excitabilidade neuronal, resultando em redução
da neurotransmissão de impulsos nociceptivos (interrompe a condução da dor).
2. Anestésicos locais
A anestesia local e o seu mecanismo de ação
Quando o termo anestesia é utilizado, tradicionalmente entendemos que se trata de uma condição clínica na
qual o paciente possui sua sensibilidade bloqueada ou temporariamente removida durante um período. O
maior objetivo da anestesia é evitar com que o paciente sinta qualquer tipo de dor durante um procedimento
cirúrgico.
Neste vídeo, vamos explicar a diferença entre analgesia e anestesia, a definição de anestesia local, os tipos de
anestesia e o mecanismo de ação dos anestésicos locais.
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É preciso entendermos a diferença entre dois importantes conceitos:
Como exemplo de analgésicos, podemos citar os analgésicos opioides ativam os receptores opioides de modo
que apenas a sensação de dor não é transmitida tão efetivamente ao cérebro.
Já a diferença entre os anestésicos está relacionada com o período (tempo) de efeito. Existem inúmeros
anestésicos disponíveis atualmente, que podem ser utilizados em diferentes tipos de procedimentos com
períodos variados. Em algumas situações, é necessário um anestésico com um efeito mais prolongado, e
outras, com efeito mais curto.
Anestésicos locais
A anestesia local é definida como a perda da sensibilidade em uma região circunscrita do corpo, local onde é
desejado o efeito da analgesia, podendo ser causada pela depressão da excitação das terminações nervosas
ou pela inibição da condução dos nervos periféricos.
Mas atenção! Os anestésicos locais não induzem estado de inconsciência (diferente dos anestésicos gerais).
Quais seriam os tipos de anestesia local?
Frequentemente pensamos que a anestesia local pode ser somente administrada de forma tópica (formulação
em spray/pomada). No entanto, os anestésicos locais podem ser administrados de diferentes formas: 
Infiltração no tecido a ser anestesiado (intradérmica ou subcutânea).
Injeção próxima ao ramo do nervo que fornece fibras sensitivas à região a ser anestesiada (anestesia
raquidiana e peridural).
Aplicação na superfície da pele ou mucosa (anestesia de superfície).
Na prática, os anestésicos locais são utilizados em uma variedade de situações, desde sua aplicação tópica
para queimaduras e pequenos cortes, até injeções durante tratamento dentário e bloqueios epidural e
intratecal (“espinal”) durante procedimentos obstétricos e cirurgia de grande porte.
Analgesia 
São inibidores específicos das vias de dor,
têm o objetivo apenas de aliviar ou minimizar
a dor, provocando assim a ausência ou o
amortecimento da dor sem perda de
consciência. 
Anestesia 
São inibidores inespecíficos de todas as
vias sensoriais periféricas (incluindo as
da dor), motoras e autônomas.
Dependendo do tipo, o paciente pode
ou não ficar consciente. 
• 
• 
• 
O uso dos anestésicos locais induz o bloqueio das fibras nociceptivas em diferentes momentos. Desta forma,
inicialmente o paciente apresenta bloqueio da sensibilidade à:
 
Dor
Frio
Calor
Tato
Propriocepção
Como a função motora constitui com frequência a última habilidade a ser perdida, é possível que alguns
anestésicoslocais bloqueiem a sensibilidade à dor, com relativamente pouco efeito sobre a transmissão
motora. 
Exemplo
Na prática, é o uso da bupivacaína epidural (anestésico local é injetado no espaço epidural ao redor da
medula espinhal), que pode produzir bloqueio sensorial em baixas concentrações, sem bloqueio motor
significativo. Por esse motivo, a bupivacaína epidural diluída é frequentemente usada durante o trabalho
de parto, visto que alivia a dor, enquanto ainda possibilita a deambulação (caminhar, andar, se
locomover) da parturiente. 
Os anestésicos locais são bases fracas e apresentam mecanismo de ação comum. São substâncias que
promovem o bloqueio de forma reversível dos canais de sódio dependentes de voltagem, impedindo a
propagação do potencial de ação nos axônios dos neurônios nociceptores. Com o bloqueio do impulso
nervoso, o paciente tem a perda de sensibilidade e, consequentemente, não há a condução da dor no
paciente.
Vale destacar que, normalmente, para que ocorra o potencial de ação nos axônios, os canais de sódio devem
ser abertos, promovendo a despolarização da membrana. Os canais de sódio estão presentes nas membranas
plasmáticas da célula, e os anestésicos locais são lipofílicos, capazes de ultrapassar a dupla camada
fosfolipídica e, obrigatoriamente, se ligar ao canal de sódio através do lado citoplasmático (intracelular).
Para que os anestésicos possam ultrapassar a bicamada lipídica, eles devem estar não ionizados (ausência de
cargas – neutro), no entanto, ao alcançar o meio intracelular o anestésico é ionizado e não consegue retornar
pela membrana plasmática. Dessa forma, ele se acumula e a ligação ao canal de sódio é favorecida. Esse
mecanismo está ilustrado na imagem a seguir.
• 
• 
• 
• 
• 
Mecanismo de ação dos anestésicos locais nos canais de sódio localizados na
membrana plasmática.
A duração da ação do anestésico local depende do tempo em que ele permanece próximo do nervo,
bloqueando os canais de Na+.
Além do mecanismo comum, as ações dos anestésicos locais não são seletivas para as fibras de dor. Esses
fármacos também podem bloquear outras fibras sensoriais, bem como fibras motoras e autonômicas, e
potenciais de ação nos músculos esquelético e cardíaco. Esse bloqueio não seletivo constitui uma fonte de
toxicidade que abordaremos adiante.
A química dos anestésicos locais
Vamos, neste vídeo, explicar a estrutura básicas dos anestésicos locais, diferenciando aqueles com ligação
amida daqueles com ligação éster e explicando a influência dessas diferenças estruturais na farmacocinética
desses compostos.
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Ao analisarmos a estrutura química básica dos anestésicos locais, identificamos três importantes grupos. Veja!
1
Grupo amina terciário hidrofílico
Ionizável e possui afinidade pelo receptor.
2
Grupo aromático hidrofóbico (lipofílico)
Responsável pelo anestésico conseguir atravessar a dupla camada fosfolipídica.
3
Cadeia intermediária
Pode ser do tipo éster ou amida.
Observe o esquema representado a seguir.
Anestésico local com ligação éster (A).
Anestésico local com ligação amida (B).
Todas essas características definem velocidade de início, potência, duração de ação, como serão
metabolizados e os efeitos adversos de determinado anestésico local.
Anestésicos locais do tipo éster
Os principais são a procaína, cloroprocaína, tetracaína e a benzocaína com diferenças entre potência e a
duração farmacológica. Apresentam atividade farmacológica inferior ao grupo amida, uma vez que sofrem
metabolização por esterases (pseudocolinesterases) teciduais e plasmáticas. Sendo assim, são mais instáveis
e rapidamente degradadas.
Em geral, os ésteres são facilmente hidrolisados a ácido carboxílico e a um álcool na presença de água e
esterases.
Os fármacos do tipo éster, por serem metabolizados mais rápidos, acabam induzindo menos efeitos colaterais
quando comparados aos anestésicos locais do tipo amida. No entanto, os metabólitos gerados pelo tipo éster
são altamente alergênicos (maior potencial alérgico – o componente alergênico é o metabólito ácido
paraminobenzoico) e o seu uso deve ser evitado em pessoas que apresentaram reação de hipersensibilidade
prévia.
Anestésicos locais do tipo amida
Os principais são a lidocaína, prilocaína, mepivacaína, bupivacaína, levobupivacaína, etidocaína, ropivacaína e
a articaína. A grande diferença é que a metabolização destes fármacos do tipo amida ocorre pelas enzimas
hepáticas – presentes no fígado, tornando sua eliminação mais retardada quando comparada as do tipo éster
e aumentando o seu efeito farmacológico.
As amidas são mais estáveis em solução e apresentam menor risco de reações alérgicas, mas possuem maior
risco de toxicidade devido à sua inativação ser mais lenta. O uso dos anestésicos do tipo amida são
contraindicados em pacientes que apresentam cirrose ou insuficiência hepática, pois o metabolismo se torna
mais lento nesses pacientes. Nestes casos, a administração de uma dose padrão dos anestésicos locais do
tipo amida pode resultar em toxicidade.
Além disso, os anestésicos locais são frequentemente divididos pela extensão do seu efeito.
Conheça-os!
Curta duração(30-60 min)
Procaína, clorprocaína.
Duração intermediária(45-120min)
Lidocaína, mepivacaína, prilocaína.
Longa duração(120-240min)
Tetracaína, ropivacaína, bupivacaína,
etidocaína.
Fatores que podem influenciar o efeito anestésico local
Neste vídeo, vamos explicar porque os anestésicos locais não conseguem atuar em regiões inflamadas.
Conheceremos o conceito de pKa e como esses anestésicos influenciam a ação dos fármacos (com exemplos
de diferentes moléculas em diferentes pHs no organismo). Também falaremos dos outros fatores que
influenciam a ação dos anestésico e explicaremos os conceitos de período de latência e potência do fármaco.
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Você já ouviu dizer que a anestesia local não “pega” em uma região inflamada?
De forma interessante, baseado no mecanismo de ação do fármaco, o anestésico local administrado em uma
região inflamada realmente não consegue ter sua atuação. Essa falha ocorre devido ao tecido inflamado estar
com um pH mais ácido que o normal, tornando o fármaco ionizado no meio extracelular, impedindo a sua
passagem pela bicamada lipídica e, consequentemente, a ligação ao receptor no meio intracelular e o seu
efeito anestésico.
O que determina se o fármaco se encontra mais ou menos ionizado?
É a relação entre o pKa do fármaco e o pH do meio em que ele se encontra.
O pKa é o pH em que as concentrações de uma base e seu ácido conjugado são iguais. Ou seja, quando o pKa
do fármaco é igual ao pH do meio, 50% das moléculas estão na forma ionizada e 50% estão na forma não
ionizada.
Em uma situação prática da relação pKa e pH, como apresentado, os anestésicos locais são bases fracas, e
seus valores de pKa variam entre 7 e 10, aproximadamente.
Exemplo
Um exemplo é a lidocaína, com pKa 7,9, que em um pH mais ácido de 7,4 encontra-se majoritariamente
em sua forma ionizada. Ao colocá-la em um pH mais ácido (pH=5,0), há a formação mais acentuada da
sua forma ionizada, fazendo com que não tenhamos uma concentração suficiente não ionizada para
gerar o efeito farmacológico. Esta situação é um exemplo da influência do pH do meio. 
Vamos acompanhar outros exemplos na seguinte tabela. Veja!
Anestésico
local pKa % Ionizado (pH
=7,4)
Coeficiente de partição
(Solubilidade lipídica)
% Ligação
Proteica
AMIDAS
Bupivacaina 8,1 83 3420 95
Etidocaína 7,7 66 7317 94
Lidocaína 7,9 76 366 64
Mepivacaína 7,6 61 130 77
Prilocaína 7,9 76 129 55
Ropivacaína 8,1 83 775 94
ÉSTERES
Cloroprocaína 8,7 95 810 -
Procaína 8,9 97 100 6
Tetracaína 8,5 93 5822 94
Tabela: Propriedades físico-químicas dos anestésicos locais de uso clínico.
Manual de Anestesiologia Clínica 7ª Ed., Capítulo 21-pág 312.
A administração dos anestésicos locais após a administração intradérmica ou subcutânea pode ser dolorosa,
em virtudeda ardência da solução. Os anestésicos são instáveis em solução. Assim, a indústria os mantém em
pH ácido (responsável pela ardência) para que o fármaco esteja em forma solúvel, ionizada e estável. Após
administrado, ele deve ser convertido à sua forma neutra e ultrapassar a bicamada lipídica.
Além do pKa e do pH, outros fatores também podem influenciar o efeito anestésico. Veja alguns deles!
Tamanho da molécula do fármaco
Moléculas de baixo peso molecular (menores) se dissociam mais facilmente do canal de sódio e
apresentam menor duração do efeito.
Solubilidade lipídica
Fármacos lipofílicos atravessam mais facilmente a membrana. As moléculas com baixa solubilidade
lipídica ficam restritas ao ambiente aquoso polar, pois não ultrapassam de forma eficiente a bicamada
lipídica.
Diâmetro e mielinização das fibras
Se o paciente apresentar uma bainha de mielina muito espessa, pode prejudicar a entrada do
anestésico.
Concentração do anestésico
Concentrações muito baixas podem não ser suficientes para induzir o efeito farmacológico no período
desejado.
Ligação a proteínas plasmáticas
Os anestésicos também se ligam a proteínas plasmáticas (glicoproteína ácida α-1 (proteína de fase
aguda) e a albumina), e quanto maior o potencial de ligação às proteínas, maior será o seu período de
permanência no organismo e a duração de ação, uma vez que as proteínas atuam como um estoque
temporário do fármaco.
Outros dois importantes conceitos são o período de latência e a potência do fármaco. Vamos conhecer a
diferença entre eles a seguir. 
Período de latência
Está relacionado ao início da ação do anestésico local. Na situação em que o fármaco apresenta,
principalmente, sua forma não ionizada (ultrapassa a bicamada lipídica mais facilmente), livre das proteínas
plasmáticas, sabe-se que o período de latência do fármaco é menor.
Ou seja, o fármaco será mais eficiente, chegando mais rápido ao local de ação e induzindo o efeito
farmacológico mais rápido. Quanto maior for o percentual de sua forma ionizada, maior será a sua latência.
Potência dos anestésicos locais
Está diretamente relacionada à lipossolubilidade do fármaco. Quanto maior for o coeficiente de
lipossolubilidade, mais potente será o fármaco.
Farmacologia dos principais anestésicos locais
Neste vídeo, vamos conceituar a farmacologia dos principais fármacos anestésicos, pontuando se são do tipo
éster ou amida, se causam vasodilatação ou não, além de outras características relevantes.
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Após compreendermos os conceitos gerais desses fármacos, vamos ver as características farmacológicas
específicas dos principais anestésicos locais.
Cocaína
Primeiro anestésico local, foi isolado das folhas da Erythroxylon coca em 1860 por Albert Niemann,
introduzida como anestésico oftalmológico tópico. No entanto, devido às suas propriedades de
dependência e toxicidade, o seu uso como anestésico foi descontinuado, estimulando o
desenvolvimento de substitutos.
Procaína
Primeiro substituto da cocaína, apresenta ação curta com ligação éster e potência reduzida, é
degradada rapidamente por pseudocolinesterases plasmáticas, e os metabólitos são posteriormente
excretados na urina. É frequentemente utilizada na anestesia infiltrativa (utilizada para anestesiar
determinada área da pele ou superfície mucosa por meio de injeção) e em procedimentos dentários.
Lidocaína
Anestésico mais utilizado, do tipo amida, com duração intermediária (cerca de 1 a 2 horas). Apresenta
início de ação rápida, potência moderada e incidência extremamente baixa de reação alérgica, e por
isso, é o fármaco de escolha nos casos de reação alérgica a anestésicos do tipo éster.
A lidocaína é utilizada em anestesia infiltrativa, bloqueio de nervos periféricos e anestesia epidural,
espinal (o objetivo desses métodos é bloquear temporariamente a sensibilidade de uma parte
específica do corpo) e tópica (ex.: adesivo transdérmico). Uso preferencial em gestantes. Também
pode ser utilizada como antiarrítmico, pois apresenta efeito vasodilatador ao bloquear canais de sódio
nos miócitos cardíacos.
Na clínica, frequentemente a administração da lidocaína ocorre em associação com vasoconstritores
(ex.: Epinefrina), com o objetivo de aumentar a duração de ação da lidocaína. Os efeitos tóxicos da
lidocaína manifestam-se principalmente no SNC e no coração. Os efeitos adversos podem incluir
sonolência, zumbido, abalo muscular e até mesmo convulsões. Ocorrem depressão do SNC e
cardiotoxicidade com níveis plasmáticos elevados do fármaco.
Tetracaína
Anestésico do tipo éster, com ação duradoura e altamente potente. Utilizada frequentemente na
anestesia espinal e tópica. Seu metabolismo é lento, apesar do potencial de rápida hidrólise por
esterases, uma vez que é liberada apenas gradualmente dos tecidos para a corrente sanguínea.
Mepivacaína
Não é efetiva durante o uso tópico. Anestésico de ação intermediária, é indicado para a anestesia
local em odontologia. Apresenta menor vasodilatação que a lidocaína, portanto é utilizada sem
vasoconstritor para procedimentos curtos. Mais tóxica que a lidocaína para neonatos.
Prilocaína
Uso amplo em odontologia, amida de ação intermediária com poucos efeitos colaterais. Utilizada
principalmente nos casos de contraindicações a vasoconstritores do tipo adrenérgicos, por ser único
em associação com felipressina (propriedades vasoconstritoras) no Brasil. Pode causar cianose por
metahemoglobinemia (concentração sérica de metahemoglobina superior a 2%), principalmente em
gestantes e neonatos.
Bupivacaína
Amida de duração prolongada, é um anestésico mais potente e de ação mais longa do que a lidocaína
e a mepivacaína. Utilizada em procedimentos odontológicos de maior duração ou naqueles em que se
deseja uma analgesia pós-operatória mais prolongada. Tem sido amplamente usada em baixas
concentrações para anestesia no trabalho de parto. Início de efeito mais tardio que a lidocaína, com
duração duas vezes maior. É conhecida pela cardiotoxicidade se for administrada intravenosa de
forma inadequada.
Ropivacaína
Amida de longa duração, apresenta menor toxicidade cardíaca e potência anestésica ao compararmos
com a bupivacaína. Tem sido utilizada para anestesia peridural e regional, no controle da dor no
trabalho de parto e pós-operatória. Não causa vasodilatação.
O anestésico local ideal e a associação com
vasoconstritores
Neste vídeo, vamos explicar as características que o anestésico ideal deve ter e porquê. Além disso, falaremos
sobre a associação dos anestésicos locais com vasoconstritores, ressaltando os benefícios e os riscos dessa
associação.
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O anestésico local ideal deverá apresentar as seguintes características: 
Início de ação rápido e extensão de tempo suficiente para a realização do procedimento proposto.
Ser de efeito reversível.
Apresentar baixa toxicidade e não ser irritante aos tecidos .
Não causar lesão permanente às estruturas nervosas.
Em relação à sua toxicidade, o risco para desenvolvimento é baixo, porém quando ocorre, o risco de dano ao
paciente é grande. A toxicidade ocorre quando as concentrações sanguíneas do fármaco atingem um nível
que leva a efeitos adversos no SNC. A toxicidade, geralmente, ocorre no momento da administração do
fármaco, raramente ocorre após o término do procedimento cirúrgico, por exemplo. 
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Fatores que influenciam a toxicidade
Rota de má administração: intravenosa ou intra-arterial , sítio de injeção (mais ou menos
vascularizado).
Agente anestésico: os anestésicos locais de ação mais longa necessitam de maior tempo de
reanimação .
Saúde geral do paciente. 
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Sinais de intoxicação 
Os sinais iniciais de intoxicação são:
Gosto metálico.
Parestesia periorais.
Apreensão.
Dormência na língua.
Náuseas.
Borramento de visão.
Cefaleia .
Os sinais intermediários são:
Ansiedade.
Agitação ou lentidão de movimentos.
Comportamento irracional.
Tremores.Calafrios. 
E os mais avançados (mais graves) são:
Quadros de convulsão.
Vômitos.
Paralisia muscular.
Parada cardíaca.
Coma.
Dentre outros efeitos adversos, destacamos:
Arritmia.
Zumbido.
Dislalia (dificuldade de articulação das palavras).
No intuito de prevenir a intoxicação, deve-se respeitar as doses máximas recomendadas, e a orientação é
realizar a aspiração antes e durante a injeção infiltrativa para evitar a administração intravascular.
Para o tratamento de um quadro de intoxicação imediata, pode-se realizar a oxigenação e assistência
ventilatória. Se o paciente estiver um quadro de convulsão, deve-se utilizar o diazepam (benzodiazepinas que,
normalmente, produz um efeito calmante). Em quadro de colapso circulatório, deve-se usar a efedrina e/ou
dopamina. E, em quadros de parada cardíaca, deve ser realizado a massagem cardíaca com desfibrilação.
Atualmente, na clínica, existem recursos que podem ser utilizados no intuito de aumentar o efeito anestésico e
ao mesmo tempo reduzir os possíveis efeitos adversos/toxicidade.
Um desses recursos é a utilização dos anestésicos associados com vasoconstritores. Mas, porque utilizá-los?
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Com exceção da ropivacaína, todos os anestésicos locais causam vasodilatação por relaxamento da
musculatura lisa (levando à rápida difusão para fora do local de ação, diminuindo a duração quando esses
fármacos são administrados sozinhos).
Desta forma, a epinefrina, norepinefrina e felipressina são frequentemente associadas aos anestésicos locais
para causar vasoconstrição. Estes fármacos são utilizados no intuito de minimizar a perda de sangue e manter
o campo operatório limpo, uma vez que reduzem o fluxo sanguíneo no local de injeção, conforme pode ser
visto na figura.
Uso dos anestésicos locais e vasoconstritores.
Além disso, há o aumento da duração do efeito anestésico devido à menor absorção do fármaco e à redução
da toxicidade sistêmica. Com o uso dos vasoconstritores, é possível reduzir a dose necessária do anestésico
local em até 50%, mantendo o mesmo efeito farmacológico.
As principais contraindicações de utilizar os vasoconstritores estão associadas ao uso em tecido com baixo
fluxo sanguíneo, como pontas de dedos, pois podem interromper a oxigenação do tecido, ocasionando hipóxia
e lesão tecidual.
Além disso, caso os vasoconstritores sejam erroneamente administrados na corrente sanguínea, podem
induzir efeitos adversos importantes, principalmente em pacientes cardiopatas. Pacientes podem apresentar
quadros de urticária, edema e broncoespasmo devido à administração desses vasoconstritores.
Verificando o aprendizado
Questão 1
O pKa dos anestésicos locais determina a quantidade de fármaco existente na forma ionizada em um
determinado pH. Dois anestésicos locais (X e Y) apresentam, respectivamente, valores de pKa iguais a 8,1 e
8,3. Comparando-se algumas características desses anestésicos, observa-se que
A
a potência do anestésico local X é maior que a do anestésico local Y.
B
a depuração hepática do anestésico local X é menor que a do anestésico local Y.
C
a latência do anestésico local X é menor que a do anestésico local Y.
D
a ligação proteica do anestésico local X é menor que a do anestésico local Y.
E
o tempo de duração do efeito do anestésico local X é maior que o do anestésico local Y.
A alternativa C está correta.
À medida que o valor de pKa de um fármaco aumenta, uma fração maior de moléculas na solução encontra-
se na forma ionizada em pH fisiológico. Quanto maior a sua forma ionizada, maior será a sua latência. O pKa
não irá interferir na potência, depuração hepática, ligação proteica e no tempo de duração do anestésico
local.
Questão 2
A anestesia local corresponde ao bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das
sensações sem alteração do nível de consciência. Assinale a opção que apresenta apenas anestésicos locais
do tipo éster.
A
Lidocaína e procaína.
B
Mepivacaína e lidocaína.
C
Procaína e prilocaína.
D
Bupivacaína e benzocaína.
E
Procaína e benzocaína.
A alternativa E está correta.
Os anestésicos procaína, tetracaína e benzocaína são anestésicos locais do tipo éster. A lidocaína,
mepivacaína, prilocaína e bupivacaína são anestésicos locais do tipo amida.
3. Anestésicos gerais
A anestesia geral
Neste vídeo, vamos trazer as características dos anestésicos gerais, os estágios de anestesia e as fases do
procedimento de indução. 
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A utilização dos anestésicos gerais revolucionou a medicina. Anteriormente, a dor e o choque limitavam a
possibilidade de procedimentos cirúrgicos longos e invasivos, e, muitas vezes, esses procedimentos eram
associados a uma elevada mortalidade pós-operatória.
Atualmente, os anestésicos gerais são frequentemente utilizados para induzir a perda da consciência, amnésia
(perda total ou parcial da capacidade em recordar experiências ou acontecimentos), analgesia, imobilidade e
redução das reações autonômicas.
O objetivo da anestesia geral é garantir que o cérebro do paciente não reaja à dor durante um ato
operatório, exame ou curativo, e durante alguns procedimentos o paciente pode dormir (efeito
hipnótico).
Os anestésicos gerais são bem distribuídos no organismo, porém ficam mais concentrados no tecido adiposo,
sendo o SNC o principal sítio de ação. Por atuarem de modo diferente em áreas distintas do SNC, a anestesia
geral pode ser dividida em quatro estágios, baseado na profundidade e acometimento da anestesia, ou seja,
grau ao qual o SNC é deprimido:
Estágio I (fase de analgesia)
Estágio inicial no qual há a redução da percepção da dor e o paciente passa de um estado consciente
e da capacidade de conversar para o estado de sonolência. A amnésia ocorre à medida que se
aproxima o estágio II.
Estágio II (fase de excitação)
Neste estágio, o paciente pode apresentar delírios e comportamento agressivo, em alguns pacientes
podem ocorrer aumento da pressão arterial e na frequência respiratória.
Estágio III (anestesia cirúrgica) 
Neste estágio, o paciente está inconsciente e permite o início do procedimento cirúrgico. A
monitoração cuidadosa é necessária para evitar o avanço indesejado ao estágio IV.
Estágio IV (depressão bulbar – fase de parada respiratória) 
Ocorre grave depressão da respiração e dos centros vasomotores, que pode culminar na parada
respiratória. Nestes casos, a ventilação e/ou circulação devem receber atenção para evitar
complicações e óbito do paciente.
Observe a imagem a seguir: 
Estágios da anestesia geral. Durante a recuperação da anestesia, o paciente
progride por esses estágios na sequência inversa.
Na prática, os anestésicos intravenosos de ação ultra curta podem ser utilizados para induzir rapidamente o
estágio III da anestesia, de modo que o paciente atravesse logo o estágio II de excitação indesejável.
Em seguida os anestésicos inalatórios podem ser utilizados para manter a profundidade da anestesia, que
podem ser removidos por ventilação, se necessário.
A partir dos estágios descritos, é possível determinar as fases do procedimento anestésico:
1
Indução
Tempo desde a administração de um anestésico até a instalação de anestesia. Este tempo é
diretamente associado a velocidade em que o anestésico alcança a concentração efetiva no cérebro.
Os sinais vitais e a resposta a estímulos devem ser monitorados continuamente para balancear a
quantidade de fármaco inalado e/ou infundido com a profundidade da anestesia.
2Manutenção
Período em que a anestesia é sustentada. Comumente, nesta fase, são utilizados os anestésicos
voláteis que oferecem um bom controle da profundidade da anestesia, no entanto, a infusão de
vários fármacos intravenosos também pode ser usada.
3
Recuperação
Período que ocorre a interrupção do anestésico até o retorno da consciência, dos reflexos protetores
com funções fisiológicas normais (respiração espontânea, pressão arterial e frequência cardíacanormais). É o período necessário para que o anestésico seja redistribuído do cérebro ao organismo.
Os anestésicos gerais apresentam curvas de dose-resposta acentuadas e baixos índices terapêuticos, ou
seja, a concentração de anestésico responsável por induzir uma parada cardiorrespiratória não é muito mais
alta que a responsável pela indução da anestesia geral.
E vale ressaltar que não existem antagonistas farmacológicos para neutralizar níveis acidentalmente altos dos
anestésicos gerais, como ocorre com os opioides. Sendo assim, para garantir uma administração segura deste
fármaco, ele só deve ser utilizado por profissional especializado.
Mecanismo de ação dos anestésicos gerais
Neste vídeo, vamos conhecer as principais teorias de mecanismo de ação dos anestésicos gerais (GABA e
NMDA).
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O mecanismo de ação dos anestésicos gerais não é conhecido em detalhes, acredita-se que uma variedade
de mecanismos moleculares pode contribuir para a sua atividade.
Estudos experimentais favorecem a ideia de que os anestésicos aumentam a eficácia dos receptores
inibidores GABA e glicina, e que inibem a resposta dos receptores excitatórios de glutamato (receptor N-Metil-
D-Aspartato ou NMDA).
Portanto, até o momento, os anestésicos gerais possuem um mecanismo de ação comum, e em sua maioria,
agem por meio da modulação do sistema GABA, o principal sistema inibitório do SNC. Mais especificamente,
agem sobre o receptor GABA-A, com inibição da condução da corrente nervosa. O receptor gabaérgico possui
diversos sítios específicos para ligação de diversos fármacos, como os benzodiazepínicos e até mesmo o
álcool.
Como ocorre a modulação no sistema GABA?
Os anestésicos gerais aumentam a sensibilidade dos receptores ao neurotransmissor inibitório GABA. Após
ligação do fármaco ao receptor, há maior abertura do canal iônico e, então, uma maior transferência do íon
cloreto para o meio intracelular, promovendo o processo de hiperpolarização, redução da excitabilidade
neural, que culmina na depressão do SNC.
Portanto, os receptores GABA-A são sensíveis a uma ampla variedade de anestésicos, incluindo anestésicos
gerais inalatórios halogenados, e aos agentes intravenosos propofol, barbitúricos e etomidato. Como pode ser
visto na imagem a seguir.
Modulação do receptor GABA por anestésicos inalatórios. Legenda: GABA = Ácido
γ-aminobutírico; Cl = Íons cloreto.
Diferentemente da maioria dos anestésicos gerais, o óxido nitroso e a cetamina não têm ação nos receptores
GABA-A. Seus efeitos possivelmente são mediados pela inibição dos receptores de glutamato NMDA. O
glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no SNC.
Alguns anestésicos inalatórios também são capazes de aumentar a atividade dos receptores inibitórios de
glicina (são canais iônicos que permitem o influxo de cloreto) nos neurônios motores da medula espinal e no
tronco encefálico. Acredita-se que esses receptores desempenham um papel como mediadores da inibição
das respostas a estímulos nocivos causada pelos anestésicos. Alguns anestésicos inalatórios também já foram
descritos como capazes de inibir receptores nicotínicos de ACh (acetilcolina) neuronais, associados à indução
de analgesia e amnésia.
Os anestésicos gerais podem ser divididos em dois grandes grupos, com base na forma de sua utilização.
Observe a imagem a seguir:
Estruturas dos anestésicos gerais inalatórios e intravenosos.
Anestésicos gerais inalatórios
Os anestésicos gerais inalatórios se encontram na forma líquida e não inflamáveis à temperatura ambiente.
São administrados com auxílio do vaporizador, responsável por transformar o fármaco líquido em um estado
gasoso, e é capaz de ajustar a concentração do fármaco, conforme mostra a imagem.
Uma exceção entre os anestésicos inalatórios é o óxido nitroso, que já se encontra na forma gasosa e é
armazenado em cilindros.
Podem ser utilizados para indução inalatória, principalmente em pediatria, mas são especialmente úteis na
manutenção da anestesia geral juntamente com fármacos intravenosos.
Uso dos anestésicos gerais inalatórios e o vaporizador.
Durante a anestesia geral, o paciente respira, seja espontaneamente ou por meio de ventilação mecânica, um
anestésico ou uma mistura de anestésicos juntamente com oxigênio e/ou ar normal. O gás então é absorvido
pelos alvéolos até alcançar os capilares pulmonares, é distribuído entre os diversos tecidos do organismo e,
finalmente, alcança o SNC, exercendo o efeito anestésico. Sua metabolização e eliminação também ocorre
pela via pulmonar. 
Existe um índice muito importante que avalia a precisão da concentração do anestésico no SNC, ou seja, a
profundidade anestésica, índice que é denominado Concentração Alveolar Mínima (CAM).
Anestésicos inalatórios e CAM
Neste vídeo, vamos explicar o conceito de CAM, comparar a potência de diferentes anestésicos com base na
CAM. Também iremos apresentar a importância da partição sangue/gás e trazes as principais características
farmacológicas dos anestésicos inalatórios.
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A CAM representa a pressão parcial alveolar (concentração de vapor nos pulmões) em que o fármaco se
encontra capaz de resultar em uma anestesia (bloqueio da resposta motora) em 50% dos indivíduos em
resposta a um estímulo cirúrgico (dor).
Esse parâmetro determina:
A recuperação da anestesia, ou seja, se o paciente vai demorar a se recuperar.
A potência anestésica.
A CAM é inversamente proporcional à potência anestésica, ou seja, quanto maior a potência anestésica,
menor será a CAM (menor quantidade de fármaco ficará retido nos alvéolos e estará mais disponível no
plasma). E, de forma contrária, quanto maior a CAM, menos potente será o anestésico, uma vez que todo o
anestésico está retido no alvéolo e não alcança de forma eficiente a corrente sanguínea. Se ele não alcança a
corrente sanguínea, dificilmente será distribuído ao SNC com indução do efeito anestésico.
O que determina a concentração alveolar mínima (CAM)?
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Ela pode ser determinada pelas características físico-químicas do fármaco, principalmente o coeficiente de
partição óleo/água do anestésico.
Quanto mais hidrofílico (aquoso) for o anestésico, maior será a CAM, e menos potente será o fármaco. Quanto
mais lipofílico for o anestésico, menor será a CAM, e assim, melhor será a resposta farmacológica (mais
potente).
As concentrações alveolares mínimas já estão estabelecidas na literatura para os principais anestésicos
inalatórios, como podemos observar na tabela 2. Portanto, o isoflurano (CAM = 0,0114 atm), por exemplo, é
muito mais potente que o óxido nitroso (CAM = 1,01 atm).
Confira a seguir a concentração alveolar mínima (CAM) dos respectivos anestésicos inalatórios:
Anestésico Inalatório CAM (atm)
Óxido nítrico 1,01
Desflurano 0,06
Sevoflurano 0,02
Enflurano 0,0168
Isoflurano 0,0114
Halotano 0,0077
Tabela: Concentração alveolar mínima (CAM) dos respectivos anestésicos inalatórios.
Adaptada de Golan, Tashjian e Armstrong, 2018, p. 245.
Outro importante coeficiente relacionado à solubilidade dos gases na corrente sanguínea é o de partição
sangue/gás, que também determina a velocidade de indução e de recuperação do anestésico inalatório.
Quanto menor esse coeficiente, mais rápida será a indução e a recuperação do paciente, pois a pressão
parcial do gás no espaço alveolar se igualará mais rapidamente à que está sendo administrada no ar inspirado.
Vamos conhecer agora os principais anestésicos gerais inalatórios em uso atualmente.
Halotano
Induz a perda de consciência de forma suave e rápida , com despertar precoce e é um potente agente
hipnótico. Não aumenta secreções. Apresenta odor agradável e não irritante, tornando-o útil na
anestesia pediátrica (atualmente, seu uso têm sido amplamente substituído pelo sevoflurano). 
Possui efeito de relaxamento muscular (ação central). Potente broncodilatador, sendo útil em
pacientes com problemas respiratórios, como asmáticose pacientes com doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC).
Efeitos adversos:
Hipotensão.
Hipertermia maligna.
Depressor miocárdico.
Arritmias.
Os metabólitos tóxicos do halotano podem causar hepatite necrótica fulminante (efeito raro) .
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Enflurano
Semelhante ao halotano. Com menor incidência de:
Arritmias.
Náuseas.
Vômitos.
Tremores pós-operatórios. 
Desvantagem:
Causa crises semelhantes à epilepsia e é contraindicado em pacientes com história de convulsão. Seu
metabolismo produz metabólitos (fluoreto) com maior risco de toxicidade renal.
Isoflurano
Semelhante aos anteriores, com menor risco de toxicidade hepática e renal (como enflurano). Maior
segurança cardíaca, por diminuir a pressão arterial (pode provocar quadro de hipotensão).
Não é epileptogênico, pois possui menor fluxo cerebral e menor metabolismo cerebral. Dessa forma, é
frequentemente utilizado em neurocirurgia em pacientes com convulsões.
Quando associado ao óxido nitroso, apresenta menor incidência de efeitos adversos (particularmente
toxicidades hepática e renal) em comparação com outros anestésicos.
Irritante para o trato respiratório e estimula os reflexos respiratórios (por exemplo, prender a
respiração, salivação e tosse) e, por isso, não é usado na indução inalatória.
Desflurano
Similar ao isoflurano, porém com início e recuperação mais rápidos, sendo assim, utilizado para uso
em cirurgias pequenas.
Irritante respiratório, associado a quadros de tosse e laringoespasmo.
Óxido Nitroso
Gás inorgânico de baixa potência, conhecido como gás hilariante. Ao ser administrado de forma
isolada, o óxido nitroso é incapaz de produzir uma anestesia com profundidade suficiente para
cirurgia e não induz hipnose profunda. Portanto, é frequentemente utilizado em associação com
outros anestésicos inalatórios. Essa é uma vantagem da sua utilização, pois diminui a concentração
dos outros anestésicos inalatórios e, consequentemente, seus efeitos adversos.
Não induz efeito relaxante muscular ou ansiolítico . É seguro, pois não irrita vias aéreas, sendo possível
a sua utilização em pacientes asmáticos. 
Grande capacidade analgésica. Além disso, possui rápida indução e recuperação.
Risco de depressão medula óssea com a administração prolongada.
Anestésicos gerais intravenosos
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Você conhece a importância dos anestésicos intravenosos na clínica e as características farmacológicas dos
principais fármacos? Assista ao vídeo e descubra!
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Diversas classes de medicamentos podem ser utilizados como anestésicos intravenosos. Por serem
compostos não voláteis, eles são administrados em bolus ou por infusão contínua, frequentemente
empregados para a indução da anestesia.
Na prática, o uso destes anestésicos é mais cômodo, visto que há um rápido estabelecimento da anestesia de
forma mais agradável ao paciente do que a respiração de um gás anestesiante, deixando-o apenas para
manutenção do efeito.
Os anestésicos gerais intravenosos induzem
rapidamente a perda de consciência, dado que
o tempo da circulação entre a corrente
sanguínea e o SNC ocorre em
aproximadamente 20 segundos.
 
Após a administração, os fármacos distribuem-
se preferencialmente nos tecidos altamente
perfundidos e lipofílicos, incluindo o SNC, onde
produzem anestesia após uma única circulação.
Em seguida, a concentração plasmática cai
rapidamente, o que resulta em uma
redistribuição do fármaco, com sua saída do SNC para a corrente sanguínea. O anestésico difunde-se então
para os tecidos menos perfundidos, como os músculos e as vísceras e, em uma taxa mais lenta, para o tecido
adiposo, que é pouco perfundido, mas altamente lipofílico.
O término da anestesia reflete a redistribuição e saída do SNC, e não necessariamente devido ao seu
metabolismo. Também não podemos esquecer que o metabolismo e a excreção destes medicamentos são
responsáveis por diminuir lentamente a concentração plasmática do fármaco no organismo.
Os principais anestésicos gerais intravenosos em uso atualmente são os seguintes. Confira!
Tiopental
Barbitúrico de alta lipossolubilidade, é um fármaco potente e capaz de atravessar rapidamente a
barreira hematoencefálica. Apresenta rápido início de ação, denominada ultracurta (20-30 segundos).
No entanto, possui curta duração (cerca de 5 minutos), pois há uma elevada redistribuição do
fármaco, principalmente para os músculos. Atualmente, foi amplamente substituído pelo propofol.
É metabolizado de forma lenta e acumula-se no tecido adiposo, podendo causar efeito prolongado se
utilizado repetidamente (efeito ressaca). Por exemplo, um paciente pode necessitar de mais de 1 dia
para acordar de uma infusão prolongada de tiopental. Na prática, o tiopental é utilizado apenas em
uma única administração, seguido da manutenção do efeito anestésico geral com os anestésicos
inalatórios.
Não apresenta efeito analgésico. Pode ser utilizado para reduzir a pressão intracraniana. Apresenta
risco de dano tecidual se injetado acidentalmente na artéria (causa dor no local da injeção).
Propofol
Anestésico potente semelhante ao tiopental. Mas, por ser rapidamente redistribuído e metabolizado,
apresenta recuperação mais rápida que a dos barbitúricos. É administrado por infusão contínua.
Potente efeito antiemético, antipruriginoso e ansiolítico. Com o aumento da concentração, ocorre a
indução da sedação (efeito hipnótico), mas não produz analgesia. 
Não altera a musculatura lisa brônquica, sendo útil em pacientes com problemas respiratórios, mas é
um potente depressor respiratório, promovendo apneia após dose de indução. Sobre o sistema
cardiovascular, o propofol produz uma maior queda de pressão arterial quando comparado a outros
indutores. 
Apresenta elevada excreção e pouco efeito “ressaca”. Na prática, o propofol é utilizado tanto para
indução quanto para manutenção, particularmente em procedimentos curtos de cirurgia ambulatorial.
É utilizado em procedimentos nos quais o rápido retorno ao estado mental pré-operatório é desejável.
Etomidato
Fármaco utilizado para indução de anestesia, com propriedades farmacocinéticas semelhantes à do
propofol. No entanto, possui metabolização mais rápida com menor risco de depressão
cardiovascular. Possui grande capacidade hipnótica, alta incidência de náusea e pode causar
movimentos involuntários durante a indução.
Apresenta rápido início de ação e curta duração (3-5 minutos) com recuperação mais lenta da função
psicomotora. Reservado para pacientes sob risco de hipotensão ou isquemia miocárdica.
Cetamina
Induz uma analgesia “dissociativa”, na qual o paciente parece estar acordado, mas na verdade está
em um estado de analgesia e amnésia. O início da ação é relativamente lento (1-2 minutos). Produz
analgesia em doses menores que as necessárias para hipnose, permanecendo após o despertar do
paciente. Útil quando o paciente sente dor após o procedimento por ser um poderoso analgésico.
Indução da catalepsia (condição transitória em que o paciente apresenta uma incapacidade na
movimentação dos membros, na cabeça ou até na fala) .
Pode induzir alucinações desagradáveis, disforia e causar pouca aceitação pelo paciente (menor
incidência em crianças).
Potente broncodilatador, portanto mais adequado para pacientes com asma ou para crianças
submetidas a procedimentos rápidos e dolorosos.
Pode estimular a liberação de catecolaminas e elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca, e por
isso, atualmente, é pouco utilizada na clínica. É contraindicada em pacientes com alterações
cardiovasculares, como:
Angina.
Infarto agudo do miocárdio.
Insuficiência cardíaca.
Não induz hipotensão ou cardio depressão e pouca depressão respiratória, diferente do Tiopental. 
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Fármacos adjuvantes
Vamos, neste vídeo, apresentar os fármacos adjuvantes mais utilizados na clínica, o motivo pelo qual são
utilizados, sua farmacologia e importância.
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Os fármacos