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DOENÇASDOENÇAS INFECCIOSAS EINFECCIOSAS E PARASITÁRIASPARASITÁRIAS @emmanuelpacheco_20 E X C L U S I V E 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Tuberculose INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, crônica, granulomatosa e necrosante causada pelo ba- cilo álcool-ácido-resistente (BAAR). Mycobacterium tuberculosis, também chamado de Bacilo de Koch (BK). A forma mais comum da doença é a forma pulmonar, acometimentos extra-pulmonares também são fre- quentes e dignos de atenção da saúde pública - formas pleural, ganglionar, miliar, osteomuscular. EPIDEMIOLOGIA O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários para o controle da tuberculose globalmente. Foram 72 mil casos notificados em 2017, e a incidência variou de 10 a 74,7 casos por 100 mil habitantes entre as unidades federais, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 mortes por 100 mil habitantes. AGENTE ETIOLÓGICO E TRANSMISSÃO AGENTE ETIOLÓGICO É um bacilo álcool-ácido-resistente – ou seja, retêm coloração mesmo com mistura de álcool e ácido –, aeróbio, com parede celular rica em lipídeos (como o ácido micólico), sua parede celular diminui sua permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua so- brevivência no interior de macrófagos, o que dificulta sua eliminação. TRANSMISSÃO É transmitido por via aérea de uma pessoa “bacilífera” com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. O termo “bacilífero” se refere a uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea e com amostra positiva no exame de escarro. As partículas menores de bacilos (núcleos de Wells) contêm um a dois bacilos que podem ficar suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos. A pessoa bacilífera pode infectar até 10 a 15 pessoas, em média, de uma comunidade no período de um ano. Entre os fatores de risco estão: • Extremos de idade; • Imunodepressão; • Tempo de exposição aumentado; • DM; • Desnutrição; • Etilismo. FISIOPATOLOGIA Em nível individual, a tuberculose resulta da inalação de gotículas respiratórias contendo bacilos tuberculosos veiculados por via aérea. Em nível celular, esses bacilos ativam células T, que desempenham um papel fundamental para conter a infecção. Indivíduos com resposta deficiente de células T (p. ex., aqueles infectados com o vírus da imunodeficiência humana [HIV]) estão em risco particularmente alto de desenvolver tuberculose ativa ao tempo da infecção inicial, ou por reativação de tuberculose latente quando sua imunidade diminui. Essas células T tanto controlam a infecção ao hospedeiro, como também são causa do dano causado pela doença, gerando granuloma e cavitação. Finalmente, em nível genético, indivíduos com polimorfismos específicos de um gene de proteína de macrófagos podem estar em risco significativamente maior para tuberculose pulmonar. EXPLICANDO DO INICIO A FISIOPATO... 1. Organismo entra nos macrófagos por fagocitose; 2. Organismo inibe maturação do fagossomo e formação do fagolisossoma; 3. Multiplicação incontrolada; 4. Infecção primária tem uma reação do sistema imunológica e disseminação do bacilo de forma oculta; 5. Ataque de células Th1 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 6. Ativação dos receptores da resposta inata; 7. Produção do IFN-gama pelo Th1 que vai estimular a destruição dos macrófagos; 8. O Th1 também destrói micobactérias, gera a formação de granulomar e necrose caseosa. 9. O macrófago que foi destruído pelo IFN-gama se diferencia em histiócitos epitelioides que agregam a forma de granulomas; 10. Esse macrófago vai secretar TNF e quimiocinas que atraem monócitos; A grande maioria dos imunocompetentes vai passar pela primeira infecção sem desenvolvimento da doença. Entre 2-13 semanas a imunidade adaptativa vai controlar a replicação. Logo após a infecção primária, a grande maioria desses indivíduos estarão em estado de latência. A ativação tardia, ou reativação, pode ocorrer em con- dições imunossupressoras, com o desenvolvimento de comorbidades ou até mesmo sem causa aparente. Essa reativação da doença em hospedeiro com imunidade pré-existente gera resposta inflamatória intensa, com formação de granulomas caseosos e, posteriormente – caso o pulmão esteja envolvido – de cavitação pulmonar. A forma extra-pulmonar pode apresentar secreção de foco contíguo em cavidade serosa. Sobre as pessoas que tem a infecção primária e não desenvolvem a doença: Essas pessoas podem apresentar um granuloma calcificado que é fruto da reação do corpo contra o patógeno que produz um tecido fibrosos cicatricial; quando vão fazer um rx em determinado momento da vida, podem identificar esse granuloma. Em pacientes com HIV que não tratam, espera-se que o quadro possa ser generalizado ou de todos os campos pulmonares: tuberculose miliar. Nesses pacientes geralmente não se encontra a caverna característica do quadro de TB, pois estes não possuem células de defesa. Primeiramente o patógeno alcança as vias aéreas e ocorre a primeira resposta de defesa mediada por macrófagos. Em alguns casos os macrófagos não são suficientes e o patógeno entra na corrente sanguínea ou no parênquima pulmonar, nesses casos há a formação do granuloma (formado por células epitelioides, histiócitos) outras pessoas não conseguem fazer esse tipo de defesa. A disseminação é associada a ação de proteases, liquefazendo o granuloma. A linfática e a hematogênica levam a órgãos como pulmão, linfonodos, fígado e baço. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 Locais mais comuns: pulmões, gânglios, pleura, além do SNC. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Quadro pulmonar em 80% dos casos: • Tosse; • Cansaço progressivo; • Febre (normal em fim de tarde); • Inapetência; • Perda de peso; • Dor no peito (tuberculose pleural); • Dispneia; • Hemoptise A sintomatologia é bem inespecífica, fazendo-se necessário uma HDA boa e investigação do quadro. A tuberculose cavitária geralmente ocorre no ápice do pulmão por conta da questão anatômica. TUBERCULOSE PULMONAR TUBERCULOSE PULMONAR PRIMÁRIA ACOMETE CRIANÇAS E ADULTOS JOVENS • Febre baixa ou moderada ao longo de 2 semanas; • Irritabilidade; • Inapetência; • Ceratoconjuntivite; • Eritema nodoso; • Artropatia poncet; • Sintomas respiratórios não comuns Raio X com linoadenomegalia mediastinal, atelectasia, formação do complexo de Ranke. Não é comum cavitação pulmonar nessa fase. No entanto, o curso da doença pode ser agravado quando: ▪ Ocorre compressão dos brônquios pelos linfonodos, provocando atelectasias; ▪ Ocorre caseificação dos linfonodos, com disseminação de seu conteúdo, causando pneumonia lobar ou broncopneumonia tuberculosa; ▪ Ocorre erosão dos granulomas para a pleura, causando pleuris tuberculoso; ▪ Ocorre disseminação hematogênica intensa causando doença disseminada (TB miliar); ▪ Pode ocorrer o comprometimento de outros órgãos, por disseminação hemática ou linfática. TUBERCULOSE PULMONAR PÓS PRIMÁRIA: ACOMETE MAIS ADULTOS • Febre vespertina; • Sudorese noturna; • Adinamia e anorexia; • Perda de peso; • Tosse (seca clara-produtiva amarelo esvedeada); • Dor torácica; • Hemoptóicos; • Hemoptise No exame físico e, à ausculta respiratória, podemos perceber diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo um exame físico normal. Considerar sempre o rastreio para TB com tosse >2 semanas em pacientes de risco e >3 semanas em pacientes sem fatores de risco. Acomete com maior frequência o ápice pulmonar esquerdo.para o parto ou curetagem) o Ambulatórios pediátricos (puericultura), principalmente para crianças que nasceram de parto domiciliar ou não foram diagnosticadas na maternidade DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Cancro mole: • Úlcera em vulva: ocorre 1 caso em mulheres para 20 homens. • Úlceras em pênis: lesões múltiplas ulceradas, com sangramento e dor local • Cancro mole em pênis com adenopatia inguinal supurada em orifício único: em 50% dos casos, pode ocorrer adenopatia satélite, unilateral, dolorosa, inflamatória que fistuliza e rompe em orifício único. • Úlcera em prepúcio e úlcera em face interna da coxa: as lesões do cancro mole, também são conhecidos como cavalo são auto inoculantes: pênis encostados na coxa inoculou a bactéria Hemophilus ducreyl (em 1 dia-2 semanas) Linfogranuloma venéreo (LGV) OU doença de Nicolas- Favres ou “mula”, úlcera em pênis e adenopatia inguinal: observar o bubão inguinal junto ao cancro de inoculação (raro). As áreas brancas são de vitiligo. A lesão inicial está no sulco balanoprepucial. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 LGV – Fase aguda – adenomegalia inguinal: causa a maior das massas inguinais, única, dolorosa. Faz punção para aspiração do material purulento com agulha de grosso calibre, que alivia a dor. A fistulização se dá em múltiplos orifícios: sinal do “bico de regador”. Síndrome genitorretal: fase crônica – edema e fístulas em vulva: estiomene ou elefantíase genital associada a fístulas e ulcerações. Estenose do reto pelo comprometimento das cadeias ganglionares para- retais. Donovanose ou granuloma inguinal: extensa úlcera em pênis: extensão lesão de donovanose em pênis com importante área de destruição de tecidos. Lesões ulceradas em vulva e períneo: evolução longa. Deve-se pesquisar os córpusulos de Denovan por citologia de esfregaço das lesões ou biópsias. Colher material de bordas e centro das lesões evitando áreas necrosadas. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Micoses Sistemicas CRIPTOCOCOSE: A criptococose é uma infecção oportunista grave causada pelo fungo Cryptococcus neoformans que acomete sobretudo pacientes imunodeprimidos, principalmente pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Uma infecção pela variedade neoformans é considerada oportunista e é responsável por cerca de 90% dos casos em pacientes com HIV no Brasil. Já a variedade gatti está mais associada a infecção em pacientes imunocompetentes. • Possui uma porta de entrada inalatória Os pacientes que não tem histórico prévio de doença e abre uma criptococose, é necessário investigar alguma deficiência imunitária do paciente, nesses casos pode ser exame do HIV. É uma doença cosmopolita que acometendo principalmente adultos do sexo masculino. Microfocos em áreas urbanas com pombos e morcegos; as aves não são infectadas, mas o organismo cresce exuberantemente em excrementos secos de pombos devido ao seu elevado teor de compostos nitrogenados. Fatores de risco: HIV, uso de corticosteroides ou outro tratamento imunodepressor, diabetes melittus, doença de Hodgkin e lúpus eritematoso sistêmico • Aumento de casos após a epidemia de HIV • 80% das criptococoses são associadas ao HIV • É a micose sistêmica com o maior número de internações no Brasil - 2000 a 2007 • C. neoformans var. grubii (sorotipo A) é a espécie mais comum em humanos, correspondendo a mais de 95% dos casos O C. neoformans é uma levedura tanto em meio ambiente quanto em tecidos. Em tecidos, o micro- organismo é envolvido por uma grande cápsula polissacarídica que constitui um importante fator de virulência. Em meio ambiente, as leveduras do C. neoformans são menores e menos encapsuladas; dessa forma, elas são mais facilmente aerossolizadas e inaladas. • São identificados sorotipos por meio de determinantes antigênicos da cápsula polissacarídeo: A, B, C, D e AD. • Produção de melanina associada a colônias marrons em meios com extrato de sementes de níger é característica de C. neoformans e C. gattii A contaminação ocorre através das leveduras do C. neoformans que, em meio ambiente, são menores e menos encapsuladas, o que as torna mais aerossolizadas e, por isso, são mais facilmente inaladas. Elas alcançam os alvéolos, no qual encontram uma temperatura ideal e tornam-se mais encapsuladas. Inicialmente pode haver uma infecção pulmonar, com formação de um complexo linfonodal pulmonar primário. A imunidade celular específica (células T) é o fator do hospedeiro mais importante na limitação da replicação do C. neoformans Na maioria dos indivíduos, a doença se restringe ao pulmão sem apresentação de sintomas, porém há formação de granulomas subpleurais que guardam alguns micro-organismos na forma latente. Caso ocorra alguma imunossupressão (imunidade celular deficiente), pode ocorrer a reativação e disseminação do fungo pela via linfohematogênica, levando a formação de focos extrapulmonares. Este microrganismo possui neurotropismo e, por isso, a primeira manifestação, geralmente, é a meningoencefalite. O neurotropismo ocorre devido a concentração ótima de nutrientes no LCR, falta de atividade do sistema complemento no LCR e fraca ou ausente atividade de resposta inflamatória do tecido cerebral. Além disso o C. neoformans produz a enzima fenoloxidase, que converte a dopamina em melanina. EPIDEMIOLOGIA: MICROBIOLOGIA: PATOGÊNESE: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 Com isso, como o SNC é rico em dopamina, aumenta ainda mais o neurotropismo INFECÇÃO PULMONAR: A lesão pulmonar primária é nodular, de consistência gelatinosas, raramente calcificam e a cavitação está relacionada a quantidade de cápsula produzida. • 1/3 dos pacientes apresenta-se assintomática ou com sintomas leves de febre (26%) e tosse (54%), expectoração mucóide, por vezes com hemoptóicos ou hemoptise (18%). Sintomas constitucionais como perda de peso e adinamia são incomuns no indivíduo imunocompetente. Em lesões próximas à pleura pode manifestar dor pleurítica aos esforços respiratórios. Aos exames radiológicos geralmente apresenta uma pneumonia multifocal, segmentar ou lobar, com broncograma aéreo. Pode formar massas focais, semelhante a neoplasias pulmonares. Em pacientes com SIDA pode haver evolução para formas pulmonares graves com insuficiência respiratória aguda, apresentando-se clínica e radiologicamente semelhante a pneumocistose. • Diagnóstico: biópsia ou retirada cirúrgica do nódulo e exame histopatológico, exame micológico direto e cultura do escarro, pesquisa de antígeno criptocócico e exames de imagem Isolamento de Cryptococcus spp nos espécimes respiratórios deve ser sempre considerado. • Colher LCR mesmo sem sintomas neurológicos Exames de imagem: • Alterações radiológicas mais comuns: • As imagens localizadas pulmonares (massas e nódulos) predominam no paciente imunocompetente. Os nódulos são uni ou bilaterais, bem definidos, não calcificados, cavitação (raramente), localização subpleural, solitários ou múltiplos. • Enquanto no imunocomprometido há o predomínio de infiltrado intersticial e de opacidade intersticial difusa, com derrame pleural em 10% dos casos. Padrão miliar semelhante à tuberculose. • Adenopatia hilar e mediastinal. • Acometimento do lobo superior com envolvimento dos linfonodos supraclaviculares simulando um tumor de Pancoast (acometimento do ápice). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com- 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 INFECÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL • Sítio mais acometido pela doença - tanto no imunocompetente como no imunodeprimido, principalmente HIV • Resposta inflamatória menor do que nas meningite bacterianas, observando predomínio de linfócitos • Terceira causa mais frequente de complicação neurológica em pacientes com AIDS A meningite criptocócica difere da bacteriana pelo fato de muitos pacientes infectados por criptococos apresentarem sintomas por várias semanas (quadro mais arrastado). Além disso, as características clássicas de irritação meníngea, como o meningismo, podem estar ausentes na meningite criptocócica. Sinais e sintomas: o Cefaléia intensa e contínua, sem fatores de melhora e pouco responsiva aos analgésicos o Alteração do status mental o Náuseas e vômitos – HIC o Febre e sinais meníngeos o Acometimento da aracnoide - visão borrada, diminuição da acuidade visual até cegueira, diplopia e fotofobia, papiledema, neurite óptica e coriorretinite o Menos frequentes: convulsão, ataxia, afasia, diminuição da acuidade auditiva e movimentos coreoatetoicos Imunocompetente apresentam quadro de meningite, lesões focais ou massas (criptococomas). Micoses de fácil diagnóstico: o Marcado tropismo neurológico o Abundância de elementos fúngicos no LCR e nas lesões o Presença de cápsula característica o Diagnóstico imunológico o Coloração tecidual específica A levedura pode ser encontrada em diversos líquidos biológicos: escarro, lavado brônquico, líquido cefalorraquidiano (LCR – ou líquor), aspirado de medula óssea e gânglios, urina, sangue, pus de abscesso, fragmentos de tecidos, com grande sensibilidade. Tinta da China no LCR – sensibilidade de 80% nos pacientes com SIDA e 50% nos não infectados. LATEX: • Detecta o antígeno polissacarídeo do C. neoformans com teste de aglutinação. • Pode ser realizado no sangue, urina, lavado brônquio alveolar e no LCR. Na prática, esse teste é feito no LCR e soro (sangue), positivo em quase 100% dos pacientes com meningoencefalite criptocócica. • É um teste acurado, simples, rápido e disponível no comércio, com sensibilidade de 95% e especificidade de 98%. • Resultados: o >1:4 sugerem fortemente a infecção o >1:8 sugerem doença em atividade o >1:1.024 indica alta carga fúngica, defícit imunitário CULTIVO: • PADRÃO OURO • Cresce bem em vários meios de cultivos • 25°C - 37°C – cresce melhor a 30°C. Termotolerância máxima é de 40ºC • Formam colônias mucóides de tonalidade creme - 48h de incubação • A cultura do LCR é positiva em 89% dos pacientes sem infecção por HIV e em 95-100% dos pacientes com SIDA. • A hemocultura pode revelar a presença do fungo no sangue na doença disseminada. ELISA: • Detecta antígenos em títulos mais baixos e mais precocemente na infecção criptocócica. • É um teste mais demorado e trabalhoso • Detecta anticorpos, no entanto, AC não estão presentes durante a infecção ativa. Pode ser realizado durante o tratamento e com a recuperação do paciente. • Pacientes imunossuprimidos muitas vezes não conseguem produzir anticorpos suficientes. DIAGNÓSTICO: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 O tratamento de pacientes com infecção pulmonar leve a moderada na ausência de infiltrados pulmonares difusos ou infecção disseminada consiste em fluconazol (400 mg por via oral diariamente por 6 a 12 meses). A terapia para paciente infecção pulmonar grave, do SNC e disseminada é baseado em 3 fases: fase de indução, que tem por objetivo erradicar ou diminuir a carga fúngica, pelo período mínimo de 2 semanas; fase de consolidação, em que mantemos a negativação fúngica e a normalização de parâmetros clínicos e laboratoriais, por pelo menos 8 semanas; fase de supressão, também chamada de manutenção, por no mínimo 1 ano com tempo adicional variando de acordo com a condição do estado imune do hospedeiro. HISTOPLASMOSE É uma doença endêmica ou oportunista. • Histoplasma capsulatum variedade capsulatum mais comum, sendo responsável pela Histoplasmose clássica • Em saprofitismo (no meio ambiente) e nos cultivos à temperatura ambiente, adota a forma filamentosa, com hifas produtoras de microconídios (elementos infectantes) e macroconídios tuberculados. • Em parasitismo, apresenta-se leveduriforme, arredondado e unibrotante com 2-5 µm de diâmetro, único brotamento na extremidade. • 8 variedades genotípicas de H. capsulatum – 2 na América Latina • Cosmopolita - prevalência maior nas Américas do Norte e Sul • Infecção se dá por aspiração de conídios de H. capsulatum • O solo é seu habitat natural, principalmente aqueles ricos em dejetos de pássaros e morcegos. • Umidade e alto conteúdo de nitrogênio favorece o crescimento • Atividades de risco: o Grutas e cavernas o Revolver e escavar a terra o Varredura e limpeza de galinheiros o Áreas arborizadas e habitadas por pássaros TRATAMENTO: EPIDEMIOLOGIA: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 o Construções abandonadas o Limpeza de sótãos Homens e mulheres são igualmente infectados, mas os homens adoecem mais. Fator de risco para adoecimento no imunocompetente é uma repetida aspiração de microconídios, tabagismo, doença pulmonar prévia ou etilismo. • Mais comum nos imunossuprimidos A infecção humana se dá por via respiratória. Os elementos infectantes (microconídios) penetram pelas vias aéreas (porta de entrada) e, chegando nos alvéolos, são fagocitados, multiplicando-se na forma parasitária (leveduras) dentro dos macrófagos alveolares. A forma leveduriforme tem uma parede celular de alfaglucana que confere resistência a fagocitose. Pelos gânglios linfáticos, os fungos ganham o gânglio regional satélite formando o complexo primário fúngico, semelhante ao complexo de Gohn da tuberculose. A partir daí, o fungo pode disseminar-se por via hematogênica para qualquer órgão ou sistema. Eles disseminam-se principalmente para órgãos do sistema linfohematopoiético (baço, medula óssea). A disseminação linfática e hematogênica estimula a produção de anticorpos e linfócitos ativados que produzem citocinas (IL-12, TNF-alfa e IFN-γ), que ativam os macrófagos e provocam morte das leveduras. Esse tipo de infecção primária, regressiva espontaneamente, ocorre usualmente em indivíduos imunocompetentes. Nos hospedeiros com deficiência imunológica, a infecção primária e as reinfecções podem assumir um caráter progressivo de gravidade variável Irá ocorrer a formação de granulomas: macrófagos com os microrganismos no centro. Pode ou não ter necrose caseosa > fibrose > calcificação. • Hipersensibilidade tardia = surgimento da resposta imune celular adequada tipo Th1 – 3 a 6 semanas • Maioria não progride para doença A aspiração de grande quantidade de microconídios está associado a processo inflamatório mais intenso, com maior chance de doença pulmonar ou disseminada. • Crianças e imunodeprimidos possuem fraca resposta celular do tipo Th1 (não conseguem ativar macrófagos), com tendência a progressão para doença disseminada. O acúmulo de macrófagos parasitados em baço, fígado, linfonodos e medula óssea, podem causar visceromegalias e prejuízo na formação de hemácias, leucócitos e plaquetas. Pacientes tabagistas e pneumopatas crônicos podem fazer doença pulmonar crônica progressiva com destruição do parênquima, cavitação e fibrose • Inflamação crônica nas suprarrenais (rara) • Menos de 1% dos infectados imunocompetentes manifestam algum sintoma • Forma pulmonar (aguda ou crônica)e disseminada (aguda, subaguda ou crônica) HISTOPLASMOSE PULMONAR AGUDA: 2 semanas pós infecção paciente pode apresentar: o Tosse seca, dor torácica, taquidispneia + febre, calafrios, astenia, cefaleia e mal-estar o Linfadenomegalia cervical ou generalizada, discreta hepatoesplenomegalia, artrite e artralgia, eritema nodoso e eritema multiforme o Pericardite – 5-10% - reação inflamatória por contiguidade o Lesões extrapulmonares – 5-10% o Regressão em 2-3 semanas Exame físico: Poucos estertores RX: infiltrado focal ou pulmonar difuso e bilateral, micronodular ou reticulonodular + linfadenomegalia mediastinal. Quando a linfonodomegalia hilar é unilateral, esse aspecto é indistinguível do complexo primário da tuberculose pulmonar. As linfonodomegalias presentes podem comprimir importantes estruturas mediastinais. Cicatrização das lesões forma pequenos nódulos calcificados PATOGÊNESE: QUADRO CLÍNICO: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 HISTOPLASMOSE DISSEMINADA AGUDA: • Forma mais grave da doença • Acomete principalmente crianças e imunossuprimidos Febre elevada, adinamia, perda de peso, linfadenomegalia generalizada, hepatoesplenomegalia, anemia, leucopenia e plaquetopenia, tosse e dispneia • Pele - HIV/AIDS - pápulas → nódulos com umbilicação central → úlceras • Lesões na mucosa oral, tubo digestivo e em outros órgãos RX - infiltrado difuso, micronodular ou reticulonodular. Complicações: vasculite, CIVD, disfunção hepática e renal e sepse bacteriana. Disseminada aguda - Alterações laboratoriais inespecíficas: o Anemia, leucopenia e/ou plaquetopenia o Elevações discretas de enzimas hepáticas e canaliculares e da LDH DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO - exames micológicos, histológico e sorológico • Exame microscópico convencional de fluidos, secreções e raspados de úlceras - pouco sensível. É feito um aspirado de medula óssea. • Positividade aumenta com coloração com Giemsa ou pelo método de Gomori/Grocott CULTURA: demora muito 2 a 6 semanas em temperatura ambiente para crescer como micélio, sendo identificado pelos macroconídios tuberculados e pela transformação em levedura a 37°C. A HEMOCULTURA pode revelar a presença do fungo no sangue na histoplasmose disseminada aguda e subaguda. HISTOPATOLÓGICO – apresenta boa sensibilidade e especificidade. O fungo sob a forma de levedura é visto no interior dos macrófagos, formato ovalado, brotamento único na extremidade. TESTES SOROLÓGICOS – só são utilizados para triagem: o Imunodifusão dupla em gel o Reação de fixação de complemento >1:32 o Contraimunoeletroforese >1:8 o Títulos elevados de IgG e eventual presença de IgM o Após 4 ou 6 semanas da exposição o Ac não detectados em 40% dos pacientes com HIV/AIDS DIAGNÓSTICO: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 Antígenos urinários – pouco disponível no Brasil ASPERGILOSE • Fungo filamentoso • Ubiquitário na natureza Espécies com maior relevância clínica: A. fumigatus, A. flavus, A. niger, A. nidulans e A. terréus. Grande espectro clínico que depende da condição imunológica do hospedeiro e intensidade da exposição: o Micotoxicoses o Doenças respiratórias por hipersensibilidade o Infecções de superfícies epiteliais o Colonização intracavitária o Formas invasivas Podem ser encontrados no ar, solo, plantas, água, superfícies inanimadas e alimentos. • Sobrevivem a condições ambientais extremas • O mais comum é o complexo Fumigati Inalação de propágulos infectantes – conídios pequenos → atingem bronquíolos e sacos alveolares. o Macrófagos alveolares removem eficientemente os conídios (se a imunidade estiver ok). o Neutrófilos controlam crescimento e destroem hifas. • Hospedeiro imunocompetente contém infecção, independentemente do inóculo • Grupo de riso para aspergilose invasiva: leucemias agudas, TCTH, TOS • Aspergilose invasiva: os conÍdios inalados germinam e se transformam em hifas, que entram nos vasos sanguíneos e causam infarto e necrose tecidual. • Porta de entrada menos frequente: próteses biológicas ou cateteres intravasculares ASPERGILOSE INVASIVA: Pacientes neutropênicos (sem neutrófilos) e/ou portadores de depressão de imunidade celular. Acometimento acontece frequentemente no trato respiratório superior e inferior • Menos frequente: SNC, coração, fígado Sinais e sintomas escassos e é feita monitorazação laboratorial para os pacientes de risco o Rinossinusite: Febre, epistaxe, secreção nasal, cefaleia, dor de dente ou dor em seio facial, podendo evoluir para necrose de palato mole e duro, celulite periorbitária ou abscesso cerebral o Pulmonar: febre no neutropênico que não responde ao antibiótico; tosse, dispneia, dor pleurítica e infiltrados pulmonares costumam ser tardios o Traqueobronquite: forma mais comum em transplante de pulmão, com formação de TRATAMENTO: PATOGÊNESE: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 pseudomembranas e/ou úlceras na mucosa que levam a um quadro de tosse, febre e dispneia, com ou sem hemoptise, obstrução da luz brônquica com estridores e sibilos unilaterais. Formas disseminadas - SNC o Lesões expansivas (abscesso) ou decorrentes de invasão de vasos sanguíneos pelo fungo, com consequentes áreas de trombose, infarto e sangramento em parênquima cerebral o Meningite é rara o Febre, cefaleia, alteração do nível de consciência, convulsões e, eventualmente, déficit motor Letalidade - 40 a 100% DIAGNÓSTICO DE ASPERGILOSE INVASIVA Evidências epidemiológicas + clínica e imagem compatíveis + laboratório compatível Obtenção de espécime biológico para exame anatomopatológico confirmando invasão tecidual é necessária para o diagnóstico de certeza TC: nódulos pulmonares e infiltrados pneumônicos que evoluem para nódulos com o sinal do halo (rodeado por vidro fosco). Posteriormente observa-se um infiltrado pulmonar inespecífico e depois crescente de ar. • Pesquisa direta e cultura: sensibilidade 50-60% • Biópsia com cultura – diagnóstico de certeza Pesquisa de antígenos liberados pelo fungo em pacientes com doença ativa: o Galactomanana (polissacarídeo da parede celular) – sensibilidade e especificidade > 90% em pacientes neutropênicos. Monitora 2 a 3 X/semana e quando obtém dois resultados positivos sequenciais, inicia tratamento imediatamente. o Beta-1,3-glucana - vários gêneros de fungos (Aspergillus, Candida, Fusarium, Trichosporon...). Pouco disponível. PCR – colonizações e contaminações: resultados falso- positivos TRATAMENTO DA ASPERGILOSE Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Sepse INTRODUÇÃO A sepse corresponde a uma reação inflamatória desregulada, secundária a uma infecção (suspeitada ou diagnosticada) que se associa com disfunção orgânica ameaçadora à vida. FISIOPATOLOGIA A resposta imune pode se dar de forma tão exacerbada que acaba sendo mais danosa para o corpo do que a própria infecção. O que acontece é o seguinte: o paciente adquire uma infecção - normalmente no trato respiratório, mas também é comum que seja no urinário ou no digestório - e, a partir daí, inicia uma produção exacerbada de mediadores pró-inflamatórios. Dentre esses, os mais expressivos são as citocinas TNF-α e a IL-1, que estãomuito associadas ao desenvolvimento de Sepse. Mas além disso também há produção de prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos, óxido nítrico, fator de ativação plaquetária (PAF), entre outros. Tudo isso, em grande quantidade, acaba caindo na circulação sanguínea e se disseminando por todo o corpo do paciente. Ou seja, em linhas gerais, a Sepse consiste em um processo infeccioso que, mesmo que localizado, provoca uma reação inflamatória generalizada. A própria atividade inflamatória acaba levando à morte celular. Nisso, vários sistemas podem ser acometidos, mas os mais comumente afetados são 2: o cardiovascular e o respiratório. SISTEMA RESPIRATÓRIO: O pulmão é um dos órgãos mais acometidos durante um quadro de Sepse e isso se deve ao fato de a reação inflamatório nos capilares alveolares levarem a uma lesão endotelial. Por consequência, temos o acúmulo de líquido nos espaços alveolares o que gera edema e atrapalha o processo de trocas gasosas. SISTEMA CARDIOVASCULAR: O paciente também acaba apresentando uma importante vasodilatação periférica. Dessa forma, em uma primeira fase da doença, conhecida como “fase quente”, o coração tenta compensar o quadro aumentando seu débito cardíaco (DC), mas na maioria das vezes isso é insuficiente. Com toda essa sobrecarga, então, a doença costuma evoluir para a “fase fria”, na qual o corpo não consegue mais manter o DC aumentado e nem uma saturação periférica adequada (choque). SEPSIS 2 Definiu, em 2002, que deveríamos abordar os pacientes em 4 categorias: • SIRS; • Sepse; • Sepse grave; • Choque séptico A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS/SRIS) é uma condição em que o corpo apresenta uma reação inflamatória exacerbada e isso pode ser identificado caso o paciente tenha 2 ou mais dos seguintes critérios + foco infeccioso: SEPSIS 3 Foi necessário lançar mão de uma ferramenta para avaliar se o paciente está ou não em Sepse e é justamente daí que surge o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment), um critério que define se há disfunção orgânica a partir de uma série de dados de cada um dos sistemas orgânicos. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 Para cada sistema avaliado pelo SOFA, o paciente receberá uma pontuação que varia entre 0 e 4, de modo que, no final das contas, ele pode ficar com um escore de 0 a 24 pontos. O que define a disfunção é o aumento de 2 pontos, então se o paciente tiver alguma condição de base que confira alguma pontuação no SOFA, ele só terá evidência de disfunção se aumentar 2 pontos em relação a essa pontuação prévia. No SOFA, avaliamos no score são as plaquetas, bilirrubina, Glasgow, creatinina ou débito urinário. Por isso, conhecer quais são os parâmetros avaliados (bilirrubina, creatinina, etc.) é fundamental pois é isso que define quais exames vamos solicitar! Aparentemente por o SOFA se mostrar um pouco complexo, se criou uma versão bem mais simplificada dele, o famoso: qSOFA (quickSOFA), que tem 3 critérios: No entanto, apesar de alguns estudos apontarem que ele tem um valor preditivo similar ao do SOFA, o qSOFA não define diagnóstico! Assim, a gente admite que um qSOFA ≥ 2 pontos é um indicativo de disfunção e, por isso, o SOFA deve ser aplicado. CHOQUE SÉPTICO: Anormalidade circulatória e celular/metabólica secundária a sepse, grave o suficiente para aumentar de forma significativa a mortalidade do paciente. Para definirmos que o paciente está com um quadro desses, ele precisa de: • vasopressores para manter a pressão arterial média (PAM) igual ou maior que 65mmHg, como também deve • apresentar uma hiperlactatemia, o que corresponde a um lactato sérico superior a 2mmol/L (18mg/dL). Vamos ter a extinção dos critérios de SIRS para definição de Sepse, apesar de ser extremamente útil na triagem e utilizada. MAS NÃO PARA DEFINIR. Por ser um critério muito sensível e pouco específico. ABORDAGEM CLÍNICA De maneira prática, a apresentação da Sepse se dá de forma bastante inespecífica e os sintomas identificados costumam estar muito mais relacionados ao processo infeccioso em curso. Dessa forma, os pacientes costumam se apresentar com taquicardia, taquipneia, alteração da temperatura (para mais ou para menos) e com a evolução do quadro podem começar a apresentar sinais de choque e disfunção orgânica. 1. Diante disso, nós vamos pesquisar se há ≥ 2 critérios de SIRS e/ou se há disfunção orgânica. Se tiver, liga o alerta e começa a investigar Sepse. 2. O paciente já tem uma infecção diagnosticada? Em não tendo, o quadro dele realmente nos permite sustentar essa suspeita? Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 Antes de continuar o raciocínio, existem 2 tópicos muito importantes e que precisamos levar em consideração: cuidado de fim de vida e quadro sugestivo de doença atípica como dengue, malária e leptospirose. Iremos avaliar: Sepse Infecção + Disfunção Orgânica Choque Séptico Sepse + Vasopressores + Hiperlactatemia. Para fechar o diagnóstico a gente precisa identificar se há disfunção orgânica através da aplicação do qSOFA. Em cima disso, o que ILAS faz com nos casos em que há divergência diagnóstica entre o Sepsis-2 e o Sepsis-3 é recorrer à clínica do paciente. Se o paciente tiver com um quadro infeccioso que não seja sugestivo de Sepse - como uma infecção de via aérea superior (IVAS) ou uma amigdalite, por exemplo - a gente desconsidera submeter o paciente ao protocolo de Sepse. Por outro lado, se o quadro dele te fizer suspeitar que há um risco grande dele evoluir com disfunção orgânica nos próximos dias, aí podemos iniciar o protocolo de Sepse para ele. MANEJO TRAPÊUTICO 1. Monitorar; 2. Garantir acesso vascular; 3. Colher exames necessários como; Deve ser solicitado também 2 hemoculturas de sítios diferentes e culturas de todos os sítios pertinentes. Esses exames precisam ser feitos antes do início da terapia medicamentosa. A antibioticoterapia deve ser instituída de imediato (antes da primeira hora após o atendimento ao paciente), preferencialmente após a coleta das culturas. A escolha de qual medicação deve ser usada vai variar de acordo com o foco suspeito de infecção, uso prévio de antibióticos, internação recente, comorbidades e/ ou imunossupressão, dispositivos invasivos e os padrões de resistência dos microrganismos locais. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 Por isso, de forma inicial, devemos dar uma cobertura de amplo espectro, e diminuir esse espectro quando os patógenos forem insolados e sensibilizar. Com base nisso, assim que forem colhidos os exames para investigação de foco, a gente deve iniciar o pacote de 1h proposto pela Campanha de Sobrevivência à Sepse em 2018. Basicamente, o que ele nos diz é que nós temos 1h desde a triagem do paciente para realizar toda a abordagem inicial à Sepse. Sendo assim, para todos os pacientes nós vamos colher o Lactato, podendo ser arterial ou misto - inclusive, isso já deve ser feito juntamente com a gasometria lá em cima. Se o paciente estiver com: • sinais de hipotensão e/ou; • lactato 2x maior do que o valor de referência (2mmol/L ou 18mg/dL), Aí está indicado fazer reposição volêmica no paciente através da infusão de cristaloide, 30mL/kg por 3h (O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL). Sinais de hipoperfusão como oligúria, presença de livedo, TEC lentificado e alteração do nível de consciência. A avaliação do estado hemodinâmico deve ser feita com a monitorização da frequênciacardíaca, da pressão arterial, exame cardiovascular, tempo de enchimento capilar e avaliação da pele e mucosas. Fazer prescrição de antimicrobianos de amplo espectro em dose máxima. Não se ajusta medicamento em HD de sepse nas primeiras 24 horas, mesmo pela função renal comprometida. Fazer uma infusão estendida de betalactâmicos – exceção da primeira dose, que deve ser administrada em bolus. Fazer terapia combinada em pacientes que sempre estão hospitalizados ou com internações frequentes, acamados, que realizam diálise e coisa do gênero pois possuem mais probabilidade da resistência ao medicamento. Em pacientes com: • sinais de hipoperfusão a despeito das medidas de ressuscitação volêmica ou • pacientes que não possam receber muito volume – como pacientes com insuficiência cardíaca Podem ser introduzido o uso de drogas vasoativas/vasopressores para auxiliar na estabilização do quadro. • Noradrenalina + (caso precise) • Vasopressina, adrenalina, dobutamina Não se deve tolerar pressões abaixo de 65mmHg por períodos superiores a 30-40min. Por fim, para aqueles que apresentaram hiperlactatemia, é importante mensurar o lactato mais uma vez entre 2-4h após a aplicação do protocolo para reavaliar o estado do paciente. Se temos lactato alto, por ser anaeróbio, significa hipóxia tecidual e que não está chegando oxigênio, não conseguindo perfundir bem os órgãos. REAVALIAÇÃO DE 6 HRS Avalia a necessidade da continuação da ressuscitação volêmica. Vai avaliar os marcadores do estado volêmico: • Mensuração de pressão venosa central; • Variação de distensibilidade de veia cava; • Qualquer outra forma de avaliação de responsividade a fluidos (melhora da PA após infusão de fluidos); • Mensuração da saturação; • Tempo de enchimento capilar; • Presença de livedo; • Sinais indiretos (melhora do nível de consciência ou a presença de diurese) Se o paciente tem sinais de hipoperfusão + hemoglobina 2mg/dL); Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 -relação PaO2/FiO2 90% - contagem de plaquetas que valor de referência); Com relação ao choque séptico, o ILAS referiu a hipotensão não responsiva à utilização de fluidos/reposição volêmica, independentemente do valor de lactato, não adotou o lactato concomitantemente por muitos hospitais da américa latina não fazer uso desse exame. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Estafilococcia e Estreptococcia ESTAFILOCOCCIA • Cocos gram positivos; • Estruturas semelhantes a cachos de uva; • O que os diferenciam dos estreptococos é a presença do catalase + Quando achamos um gram positivo, requisitamos logo o exame da catalase justamente para saber. O S.aureus é responsável por produzir coagulase, fermenta manitol. • 25-50% de indivíduos sadios tem colonização persistente ou transitória, comum na parte anterior da narina; • Maior Risco de COLONIZAÇÃO: Pacientes DM em uso de insulina, imunossuprimidos, que fazem hemodiálise, que vivem em casas de asilo ou penitenciaria (aglomerados), com lesão crônica de pele • Maior risco de INFECÇÃO: DM, defeitos qualitativos ou quantitativos da imunidade congênitos ou adquiridos (principalmente de neutrófilos), anormalidades cutâneas, lesões crônicas de pele (geralmente precisa de um inócuo, de uma lesão de pele para que ele penetre) e uso de próteses • Causa importante de infecções hospitalares, de infecção, principalmente de infecção de ferida operatória (IFO) e 2ª causa mais comum de bacteremia primária; • Nos últimos anos tivemos um aumento significativo da resistência; S AUREUS Tem origem de infecção por colonização normal das pessoas ou infecção cruzadas por mãos da equipe. Normalmente as infecções da comunidade são infecções mais simples, de pele e TCSC, infecções respiratórias e a endocardite infecciosa em usuários de drogas injetáveis (UDI). HA-MRSA . CA-MRSA: CA-MRSA, que é um S.aureus resistente à meticilina da comunidade, apresenta algumas diferenças quando comparada à HA-MRSA. Os Estafilococos, eles têm, além do genoma nucleado, DNA nucleado, as ilhas cromossomiais, ou seja, cromossomos extracelulares, que a gente denomina SCC (Cassete Cromossômico Estafilocócico), e nele, temos diversos genes cromossômicos, em que um deles é o mec, que confere resistência à meticilina. Sabe-se então que o SCC mec do HA-MRSA são diferentes dos do CA-MRSA. • HA-MRSA: genes I, II e III • CA-MRSA: genes IV e V, principalmente o IV. - HA-MRSA – cepa hospitalar - CA-MRSA – cepa da comunidade Então, os CA-MRSA são mais resistentes do que os Aureus sensíveis à meticilina, logo, são pacientes que fazem infecções mais graves de pele, infecção furunculosa, tersol de repetição, de difícil tratamento, pneumonias, celulites, erisipelas, então são infecções comumente mais invasivas. Já o HÁ-MRSA vai ter uma produção dessa citotoxina Panton-Valentine Leucocidina (PVL), que vai atuar diretamente nos leucócitos (associados a necrose tecidual e destruição de leucócitos), sendo causadora de infecções de pele e respiratórias mais graves. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 PATOGENIA – DOENÇA INVASINA Oportunistas – se aproveitam ou de uma queda de barreira (lesão de pele) ou de uma queda de imunidade. Geralmente na parte anterior da narina, com uma pele lesionada, em que são inoculados e acontece uma multiplicação e colonização dessas superfícies corporais. Além dessa multiplicação, o S. Aureus tem a capacidade de produzir um biofilme, que é a produção de uma matriz extracelular que protege a bactéria tanto do nosso sistema imune quanto dos ATB (o biofilme não é o ponto chave/forte do aureus). Geralmente a produção do biofilme acontece sob próteses, independentemente do tipo dessas próteses, e são de difícil tratamento. Depois dessa invasão, a gente começa com uma infecção LOCALIZADA, em que geralmente a gente vai ter lesões de pele mais localizadas como furúnculo, abcesso, celulite, foliculite (homens que fazem muita foliculite pós barba, pós depilação na mulher). A partir daí ele tem uma maior chance de invadir, de conseguir fazer uma infecção mais grave. Produzem enzimas que facilitam invasão tecidual, a sobrevida e a disseminação e também através da PVL, que vai fazer citólise dos PMN, macrófagos e monócitos. PATOGENIA – DOENÇA MEDIADA POR TOXINAS As principais doenças seriam a Síndrome do Choque tóxico estafilocócico, a intoxicação alimentar e a síndrome da pele escaldada (Causadas por toxinas produzinas pelo Aureus). Na síndrome do choque tóxico (TSCT-1) a gente tem a formação dos superantígenos de toxina pirogênica (nome da toxina produzida), que tem a capacidade de induzir uma hiperexpansão de células T. Então elas geralmente estavam muito associadas ao uso de tampão vaginal durante o período menstrual, o que se acredita é que esse estafilo estava colonizando esse tampão, que não invadia em nenhum momento, no entanto, eles produziam toxinas (TSCT-1) que causavam a hiperprofileracaode linfócito T e uma chuva de citotoxinas. Intoxicação alimentar: Não necessariamente a bactéria precisa estar presente, pois as enterotoxinas são termoestáveis, gerando um quadro diarreico. Por último a gente tem as toxinas esfoliativas tipo A e tipo B que está associada a síndrome da PELE ESCALDADA estafilocócica que é bem típica em bebês Definição de síndrome de choque tóxica pelo Aureus: • febre (temperatura acima de 38ºC), • hipotensão menor que 90mm na sistólica, • exantema macupapular difuso, • um acometimento sistêmico (fígado, rim, anemia) → Lembre-se que se a gente fizer uma hemocultura nesse paciente a gente não vai encontrar estáfilo, pois é uma doença causada por toxinas. Então, como fazemos para confirmar? Diagnóstico de exclusão, excluindo outras doenças exantemáticas (sarampo, dengue, rubéola...) Existem também as doenças invasivas e, eventualmente, o aureus pode causar infecção em qualquer sistema. Pode-se ver pneumonia em crianças, artrite séptica. Então, na hora que se abre uma porta de entrada, como uma infecção cirúrgica, geralmente é causada por aureus. Então, sempre que se tem uma infecção em ferida operatória, tem que se pensar em aureus por ser um germe da pele. STAPHYL OCOCCUS EPIDER MIDIS Dos coagulases negativos, é o mais frequente em causar doenças nos homens (cerca de 90%). Também é um patógeno oportunista e geralmente está associado a infecção por dispositivos invasivos (cateteres, marcapassos, prótese), ou seja, a corpos estranhos. - Formação do biofilme O que seria a formação do biofilme? A colonização desse dispositivo com proliferação do epidermidis. Pergunta: a colocação desse dispositivo também não será porta de entrada para o aureus não? Vai, mas a características é diferente pois a infecção por epidermidis é mais indolente com a formação do Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 biofilme, fazendo hiperemia e leucocitose mas aos poucos, de acordo com a liberação de bactérias que o biofilme faz. No aureus, se caracteriza por ser mais piogênico, sendo uma infecção mais grave, como no caso da endocardite que é tratada como algo urgente para tratamento. - Pode ocorrer por qualquer cateter que for inserido no corpo. - O curso é mais indolente O biofilme nada mais é do que a produção de uma matriz extracelular que protege a bactéria do sistema imune e de antibióticos. Então, quando se tem uma bacteremia por epidermidis, com febre prolongada,leucocitose, dispositivo intravascular, se colhe a hemocultura e troca o cateter para não ficar estimulando a produção desse biofilme. Assim, se não houver essa troca o ATB não é efetivo porque a capacidade de formação do biofilme pelo coagulase negativo é muito alta. Pergunta: Tem como prevenir essa formação do biofilme? Não, tem como prevenir a infecção através da manipulação do cateter. Alguns pacientes precisam ficar um período com o cateter, como pacientes que necessitam de hemodiálise, que estão fazendo QT, precisando, então, tratar a infecção e manter o cateter, fazendo a observação da evolução do quadro. O que se tenta fazer as vezes é o que se chama de Lot- terapia que é um “tratamento” do cateter. Se injeta ATB no cateter e fecha-o sem usar mais (é a última medida a ser tomada e não tem uma boa resposta). S. L UGDUNENSIS Causa infecção semelhante ao aureus, muitas vezes sendo até confundidos. É o coagulase negativo mais frequentemente isolado na válvula nativa em endocardite, produz maior número de fatores de virulência. Capaz de se ligar ao colágeno humano, fibronectina, fibrinogênio, vitronectina, laminina, plasminogênio, trombospondina e IgG humana Muito mais sensível a ATB quando comparado com os aureus, ainda tem 75% de sensibilidade a penicilina e 5% de resistência à meticilina. OUTROS SCN IMPORTANTES CLINICAMENTE ESTREPTOCOCCIA São também cocos gram +, se arranjam aos pares ou em longas cadeias, a forma de diferenciar dos estafilococos é fazer o teste da catalase. Então, são catalase- negativos, anaeróbios facultativos e fermentam carboidratos produzindo ácido láctico durante seu metabolismo. - São classificados na cultura como alfa e beta hemolíticos. Classificação inicial: - beta-hemolíticos: identificação baseada na hemólise completa (características da cultura – na morfologia há a formação de um alo mais claro chamado: alo de hemólise); Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 - alfa-hemolíticos: hemólise incompleta pois algumas partes tem a hemólise e outras não. - gama-hemolíticos: ausência de hemólise Classificação de Lancefield: Os estafilos beta- hemolíticos tem na superfície da cápsula antígenos, e de acordo com esses são divididos em subgrupos de A a W. S. PYOGENES – GRUPO A - São os mais comuns como causa da faringite; - Patógeno da Escarlatina, impetigo, erisipela, celulite e fasciite necrosante; - Síndrome do choque tóxico estreptocócico (produção de toxina é muito menor que a do estafilo); - Sepse e pneumonia (mais graves) - Complicações não supurativas: febre reumática e glomerulonefrite pós- estreptocócica. OBS: Então, o tratamento da faringite bacteriana na infância é imprescindível já que o risco dessas complicações é muito maior em casos não tratados até os 10 anos de idade. Os estreptococos possuem uma cápsula de polissacarídeos que, no caso do pyogenes é o Ac. Hialurônico que reduz a ação do sistema imune sobre as bactérias. - Capacidade de colonizar transitoriamente pele e orofaringe de crianças e adultos jovens saudáveis - Infecções causadas por cepas adquiridas pouco tempo antes - Transmissão por gotículas → Doenças causadas pelo estreptococo: doenças normalmente da infância ESCARLATINA: • Doença típica do Pyogenes; Sintomas semelhantes à faringite: sente-se que inicia com faringite e evolui para um exantema. Esse exantema começa na parte superior do tronco (criança geralmente fica vermelha no peito), depois dissemina para todo corpo poupando a palma e a planta do pé. Esse exantema tem uma característica típica, ele é um exantema micro-papular: deixa a pele da criança com aspecto de lixa; pele áspera. • Palidez perioral, na face temos ao redor da boca uma pele pálida • Língua em framboesa (hipertrofia das papilas) • Acentuação do exantema nas pregas - nas pregas uma linha mais vermelha do exantema: sinal semiológico: linhas de Pastia • Exantema dura de 6-9 dias e evolui com descamação: descamação em dedo de luva. Depois da pele em lixa começa a descamação DX diferencial > sarampo, rubéola, doença de Kawasaki, síndrome do choque tóxico e reações alérgicas sistêmicas. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 IMPETIGO: - Crostas mais amareladas - Infecção de pele comum de pele principalmente em crianças de baixa renda CELULITE E ERISIPELA: Geralmente na profundidade a erisipela é uma infecção de derme e vasos linfáticos, já a celulite é mais profunda. O que isso vai refletir no quadro clìnico? Por ser mais superficial, na erisipela temos uma melhor delimitação da área, então conseguimos definir a área da lesão, então não temos área de pele sã, pois conseguimos definir a lesão. Na celulite a gente tem edema, tem rubor, tem calor mas geralmentea gente não consegue definir onde que acaba essa infecção. Nos dois a gente vai ver sinal flogístico: dor, calor, rubor mas na erisipela a gente vai ver bordas mais nítidas, geralmente na erisipela a gente pode até ter bordas elevadas, por causa da infiltração dos vasos linfáticos, enquanto na celulite a gente tem bordas mas mal delimitadas, aquela vermelhidão. Em ambos a gente tem como principal patógeno o Pyogenes e em 2º lugar o aureus, então basicamente a gente tem que tratar gram positivo. FASCITE NECROTIZANTE: Outra doença associada ao streptococcus pyogenes mas está mais relacionada à flora microbiana é a fasceíte necrotizante. Geralmente a gente inicia com uma lesão de pele como uma celulite ou uma erisipela e aí existe essa disseminação para planos mais profundos, fáscia, músculo, podendo atingir até tendão. É de muito difícil controle, é muito rápida e muito drástica e geralmente flora microbiana mais streptococcus também. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 É comum em imunossuprimidos, diabéticos, crianças que já tem uma imunossupressão natural. S. AFAL ACTIAE • Infecções em neonatos e gestantes Assim como o Pyogenes ele também tem produção de cápsula polissacarídica → proteção contra a fagocitose (na verdade é um fator de virulência aderente aos streptococcus em geral). Componentes transitórios da microbiota do TGI e geniturinário (principalmente durante a gestação): essa colonização vaginal, a gente monitora, pois a gente sabe que a infecção pelo agalactiae é fator de risco, para parto prematuro, ruptura de membrana, má formação. Então toda a mulher no 3º trimestre a gente faz um swab retal e vaginal - toda paciente com infecção tem que fazer a profilaxia desse bebê. TRATAMENTO Sensibilidade à penicilina e cefalosporina ainda, diferente do aureus que já perdeu a sensibilidade Com relação ao agalactiae a gente tem uma concentração inibitória mínima, maior para penicilina, então geralmente a gente faz associação com aminoglicosídeo. Então, o uso do β-lactâmico com aminoglicosídeo, para gram positivo ela pode ter efeito sinérgico, então para o agalactiae que já tem essa concentração inibitória maior para penicilina é uma das estratégias que a gente usa. Tanto é que o tratamento de sepse neonatal, a gente usa penicilina cristalina com aminoglicosídeo. • Resistência aos macrolídeos em ambas as espécies - então essa é outra consequência do uso discriminado. • Resistência a eritromicina e clindamicina - 14 e 8% • Resistência à tetraciclina - 57% • S à vancomicina, daptomicina e linezolida OUTR OS ESTR EPTOCOC OS Streptococcus do grupo viridans • A principal causa de endocardite • É um alfa-hemolítico, heterogêneo. E algumas espécies não hemolíticas • Componentes habituais da nossa cavidade oral e trato respiratório superior • Veremos que na endocardite a gente já tem defeito de válvula e durante a escovação faz bacteremia por essas bactérias que já estão na nossa mucosa oral e têm um alto poder de adesão. Cerca de 30 espécies e podem causar doenças invasivas graves, principalmente endocardite infecciosa. Mais comuns em imunocomprometidos ou com anormalidades cardíacas. Assim com os coagulase negativos, quando a gente vê no antibiograma, vai ver exatamente dessa forma: S. do grupo viridans - porque separa as espécies laboratorialmente é complicado, e não vai gerar nenhuma repercussão clínica. O perfil de sensibilidade é muito parecido. • Resistência crescente para β-lactâmicos, tetraciclina e macrolídeos • Resistência à penicilina – Alteração das PBP e não por produção de beta lactamase então não adianta tratar com inibidor de beta lactamase • A sensibilidade vai variar tanto com a espécie quanto com antibiótico • Cipro e ofloxacino - baixa atividade e potência contra SGV e S. pneumoniae Geralmente a gente vai usar a levofloxacino e moxifloxacino (são quinolonas mais novas em que a gente tem uma melhor atividade contra esse grupo) Resistência à macrolídeos é comum e ainda tem sensibilidade à vancomicina e linezolida (assim como o pyogenes, o agalactiae, a gente praticamente tem uma resistência muito baixa aos glicopeptídeos) Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Cocos gram positivos; Arranjados aos pares ou em cadeias; Não móveis; Cápsula de polissacarídeo; alfa- hemolíticos → Também não é tipável pela Classificação de Lancefield • Microbiota da nasofaringe de crianças e adultos saudáveis • Doenças com maior mortalidade em extremos de idade Doenças mais associadas ao pneumococo: Pneumonia e meningite bacteriana; • Mortalidade → 5% - PNM, 20% - sepse e 30% - MB para os casos de pneumonia pneumocócica. • Também é comum em doenças da VA: Otite média, sinusite e conjuntivite A OMS lançou essa campanha porque hoje a gente tem vacina contra a pneumonia, a gente tem a 10, a 17 e a 23 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 valente, essas questões seriam as cepas de pneumococo. Nós temos mais de 90 sorotipos capsulares, aí inicialmente pegaram os mais prevalentes e fizeram a 7 valente, a PCV7 ( 1, 5 6A, 6B, 14, 19F e 23F) , sendo que aí a pressão seletiva, a gente diminuiu a doença entre essas 7 cepas e aumentou as que não eram tão prevalentes. Aí aumentou-se a prevalência do sorotipo 19A o que é um problema, pois ela é mais resistente à ceftriaxona, macrolídeos e à penicilina. E se trata a pneumonia normalmente com essas 3 drogas. Então essa resistência é muito maior nessa cepa, que não é abrangida pela pneumo 7, mas que já é abrangida pela 17 e 23. A vacina contra pneumonia já está no calendário vacinal das crianças e a gente já diminuiu. Resistência aos macrolídeos, tetraciclinas e associação trimetoprima/sulfametoxazol – em ascensão (uso indiscriminado de antibióticos) Resistência às fluoroquinolonas (principalmente às respiratórias) baixa em todo o mundo Melhor cobertura contra S. pneumoniae - levofloxacino, linezolida, tigeciclina e vancomicina; A gente poupa penicilina pois o pneumococo já tem essa alteração do PBP, tem essa emergência da cepa 19A → então infecções graves, quando queremos cobertura de certeza, a gente faz uso dessas quinolonas respiratórias (levofloxacino). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Endocardite Infecciosa INTRODUÇÃO Infecção que compromete a superfície endocárdica do coração. Isso resulta em inflamação e lesão local, sendo as valvas cardíacas as mais comumente envolvidas. Infecções de shunts arteriovenosos, arterioarteriais, coarctação da aorta, infecções de cabos de marca- passo e de valvas prostéticas. Apresentação clínica varia de acordo com o agente causal - a gente vai ver que tem algumas bactérias que tem um curso mais indolente, subagudo, e outras bactérias como a gente já falou, no caso do aureus, que tem um curso mais agudo, mais grave. É uma doença comum, que cursa com amplo espectro clínico e alta taxa de mortalidade (em torno de 25%), dependendo do agente etiológico. Mais de 50% dos casos ocorrem em pessoas com mais de 50 anos. ENDOCARDITE DE VALVAS NATIVAS • 60-80% tem lesões valvares predisponentes: o Prolapso de valva mitral o Febre reumática o Cardiopatias congênitas o Estenose aórtica calcificada Os principais agente etiológicos são: estreptococos, enterococos e estafilococos o E. viridans – estreptococo mais comum. Coloniza orofaringe, por isso a endocardite é relacionada com procedimentos dentários.o E. bovis. Coloniza intestino, estando associado a neoplasia, divertículo... o E. Faecalis. Coloniza TGI e TGU, estando relacionado a procedimento urinário/ginecológico. São resistentes a cefalosporinas. o S. aureus. Resistentes a penicilina. A endocardite infecciosa é mais agressiva, cursando com abcessos metastáticos. o Grupo HACEK (Haemophilus sp., Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens, Kingella sp): bactérias de crescimento lento e provoca vegetações volumosas USUÁRIOS DE DROGAS INJETÁVEIS – UDI • Sexo masculino 3:1 • 30 anos • 20% tem lesões predisponentes • Valvas mais acometidas: tricúspide > aórtica > mitral > bilateral Germes mais comuns: o S. aureus (pois coloniza a pele, e quando é feita a injeção ocorre a quebra de barreira) - 50 a 75% dos casos o Estrepto e enterococos – 10 a 30% o BGN – 8% o Fungos – 5% Acomete principalmente o lado direito, podendo provocar complicações de êmbolos sépticos em pulmão/PNM. ENDOCARDITE DE PRÓTESES VALVARES • PRECOCE: o Até 60 dias o Contaminação no ato cirúrgico ou por bacteremias transitórias associados a procedimentos Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 o Complicações: deiscência, abcesso, disfunção valvar o Etiologia: principalmente S. aureus (infecção hospitalar) • TARDIA: o Bacteremias transitórias o Curso e microbiologia semelhante a endocardite infecciosa prótese valvar nativa o Acomete mais as valvas aórtica > mitral ETIOLOGIA SOBRE A PORTA DE ENTRADA: - Cavidade oral → streptococcus viridans (já é natural da cavidade oral): ou seja, má escovação, dentes em mau estado de conservação, pode-se ter uma bacteremia pelo viridans. (ele é o principal Ag. Etiológico) - Pele - estafilococos. Se houve quebra de barreira na pele, e paciente teve endocardite, o mais comum é o estafilococus, então usuários de drogas injetáveis podem ter. - Vias respiratórias sup - microrganismos HACEK (Haemophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella e Kingella) são organismos de crescimento muito lento (fastigiosos) então teríamos uma endocardite mais subaguda, mais indolente do que se vê no Aureus. - TGI – S. gallolyticus (antigo S. bovis) – pólipos e tumores : quando a manipulação do tgi é a fonte de bacteremia, temos como principal agente o Streptococcus bovis, chamado hoje de S. gallolyticus. Muito associado a colonoscopia ao manipular lesões, e principalmente tumor de TGI (tumor de cólon). Como ele é silencioso inicialmente, ele só causa sintoma quando gera obstrução ou perfuração; às vezes o paciente tem um defeito valvar, por uma estenose, um prolapso e aí faz uma bacteremia transitória pela mucosa por causa do aumento desse tumor mesmo, então dá o diagnóstico primeiro da endocardite por S. bovis, e logo após, automaticamente tem que procurar lesão de TGI. Faz colonoscopia para todos esses pacientes mesmo que ele não tenha nenhum sintoma, principalmente no tgi, pois endocardite por S.bovis é extremamente associada. então sempre que houver isolamento de bovis, sempre procurar lesão no tgi porque é o mais comum. - TGU - trato genitourinário, tem outro tipo de Streptococcus, que é o Enterococo • Endocardite de Válvula Natural (EVN) associada aos cuidados de saúde geralmente nas válvulas está associada a uma internação recente ou uso de . geralmente esses pacientes fazem uso de cateter, então principais agente etiológicos: S. aureus, Coagulase Negativo Estafilococo -CNS- (que são os grandes colonizadores da pele) e Enterococo (que também é um germe importante no ambiente hospitalar. Início hospitalar ou não (Quando fala em associa aos cuidados de saúde, não necessariamente esse paciente estará internado no momento da infecção. porque o que Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 acontece na fisiopatologia são bacteremias transitórias que causa de um defeito prévio nessa valvular, essa bactéria consegue aderir a esse defeito. Uns 15-20 dias depois disso que vai começar a ter manifestação. Internamento nos últimos 90 dias (Então tem que colher história pregressa, se houve internamento recente, manipulação ou implante de cateter para assim pensar na etiologia dessa endocardite associada à assistência à saúde). ● Estreptococos – agente etiológico mais frequente é o grupo viridans quando fala em cobertura empírica para Endocardite infecciosa. Então sempre cobrir o viridans. Geralmente é uma Evolução subaguda e a Valva tem lesão preexistente ● Enterococos - E. faecalis e E. faecium também Evolução subaguda e Maior dificuldade de erradicação, porque são germes intrinsecamente mais resistentes. Então pior evolução. ● Estafilococos , por sua vez, não são os mais comuns. No geral, é o viridans, porém em pacientes usuários de drogas injetáveis (UDI) têm quebra de barreira no momento da injeção - UDI – S. aureus; E CNS (coagulase negativa) nos pacientes que têm prótese, pois CNS tem grande capacidade de formação de biofilme: próteses valvares - S. epidermidis e CNS Então temos o Stafilo como principal agente etiológico, e a grande diferença em relação ao Viridans seria uma Evolução bem mais aguda, então esses pacientes têm Fenômenos embólicos frequentes e maior grau de lesão valvar, maior chance de deiscência dessa prótese. Então a EI por Estafilo é uma infecção bem mais aguda, bem mais drástica do que as infecções causadas por Estreptococos apesar de todas serem consideradas graves; ● Bactérias Gram-negativas, vimo que as Enterobactérias Streptococcus, pseudomonas não são tão comuns na endocardite infecciosa, à exceção da endocardites hospitalares, que foi a que acabamos de falar (que tem história pregressa se internação, de manipulação, implantação de cateter) porque esse Gram - têm importância crescente em infecções hospitalares em geral. Então. Endocardite hospitalar por Gram (-) é comum em valvas protéticas; ● Fungos: é mais comum também nos usuários de droga injetável UDI e principalmente nos imunossuprimidos. formam grandes vegetações (são enormes, de cm). é de difícil tratamento (muito prolongado). São. considerados uma das formas mais graves de Endocardite também. *UDI e imunossuprimidos *Vegetações de grande diâmetro *Prognóstico ruim Pergunta: de nelson- Não entendi. Resposta: Vai depender Se for candida, usa fluconazol, uma vez que ela tem baixa resistência ao fluconazol. Quando tem Endocardite por fungo, o mais comum é que seja cândida. Então a Cândida pode usar fluconazol e não necessariamente tem que fazer uso até mesmo porque faz meses de antibioticoterapia. Na verdade é uma das grandes indicações de cirurgia cardíaca é Endocardite fúngica pelo tamanho da lesão. • HACEK: microrganismos fastigiosos, são responsáveis por Menos de 5% das endocardites PATOGÊNESE A lesão valvar, ou endotelial, predispõe a deposição local de fibrinas e plaquetas. Com isso, há a formação de vegetação trombótica não bacteriana no local da lesão. Se na vigência dessa lesão, houver bacteremia transitória, há colonização e aderência de bactérias circulantes na vegetação trombótica, com consequente multiplicação e formação da vegetação bacteriana (séptica). Essa lesão característica da doença leva à destruição valvar, invasão local com formação de abscessos, aneurisma e embolias sépticas sistêmicas. A bacteremia persistente predispõe à formação de imunocomplexos e vasculite sistêmica, resultando em fenômenos imunológicos e vasculares. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 Tem a lesão préviaendotelial, onde vai promover depósito de plaqueta (roxinho da imagem) e fibrina essas bactérias conseguem aderir nesse trombo estéril inicialmente, proliferam, induzindo o endotélio a liberar quimiocinas,ativando-o mais causando mais deposição de fibrina e de plaqueta até que forme a vegetação(trombo). Pergunta: quando está no início da formação da vegetação é endocardite não bacteriana, depois quando forma a vegetação que têm esses microrganismos é que tem endocardite infecciosa? Podemos chamar endocardite porque nome endocardite gera a ideia de inflamação, aqui não é ainda endocardite, é um trombo estéril que fará a formação de um trombo, tem uma resposta natural tentando conter aquela lesão endotelial formando esse trombo para evitar mais lesão. Mais uma vez: lesão endotelial -> formação da vegetação estéril. A partir daí tem uma bacteremia transitória, seja por manipulação do tgi ou da cavidade oral ou por quebra de barreira, essas bactérias conseguem aderir a esse trombo estéril, proliferar, causando ativação endotelial que vai ativar plaqueta e fibrina e consequente formação da vegetação. QUADRO CLÍNICO Intervalo entre bacteremia e início dos sintomas – 15 dias. Na verdade, os sintomas da Endocardite vão ser ou decorrentes da bacteremia ou de fenômenos embólicos ou imunológicos. Então, à medida que essa vegetação vai crescendo, é que os sintomas vão começar a surgir. Seria então um período que essa vegetação fosse grande o suficiente para começar a produzir as manifestações clínicas vistas na endocardite. Acometimento valvar: o Novos sopros – acontece em 85% dos pacientes o Insuficiência cardíaca aguda indica tratamento cirúrgico o Mais comum na endocardite aguda de valva aórtica Fenômenos embólicos: o Nas embolias sépticas de endocardites de câmaras esquerdas: cérebro e baço são os sítios mais afetados. Já endocardite de câmaras direitas e associada a dispositivos invasivos: pulmão é o sítio mais comum o Mais comum na endocardite por S.aureus o Até 1/3 dos casos o SNC – sinais localizatórios o Coronárias – IAM, o paciente infarta o Baço - dor abdominal aguda o Rins - hematúria (nefrite embólica de Loehleim) o Pulmões – dor pleurítica e IRpA o Mais comum em infecções estafilocócicas (S. aureus) Bacteriemia intermitente: o Até 95% dos casos o Pode ocorrer por soltar um trombo bactéria ocasionalmente quanto pode ter durante a embolização, uma bacteremia porque soltou bactéria no momento da embolização. o Febre, frequentemente associada a episódios de calafrios e tremores o Perda de peso, anorexia e sudorese noturna – endocardite subaguda Imunocomplexos circulantes e outros fenômenos imunológicos: Lesão de Janeway - lesões eritematosas ou hemorrágicas indolores nas regiões palmares e plantares. Nódulos de Osler - nodulações subcutâneas dedos dos pés e principalmente das mãos. Há muita dor. Isso acontece em imunocomplexo Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 o Petéquias em pele e conjuntiva ocular: Então quando receber paciente com endocardite, primeiro examinar a conjuntiva ocular. o Manchas de Roth: lesões hemorrágicas retinianas, com palidez central, próximas ao nervo óptico causa- das por vasculite mediada por imunocomplexos. o Esplenomegalia o Glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos Então geralmente como é a história clínica: O paciente começa com febre, procura urgência faz exames e dão normais, a febre cursa de modo intermitente principalmente nas endocardites subagudas que são a maioria por que são as estreptocócicas. Tem sudorese e treme, mas ganha antibiótico que mascara a infecção. Fica bem, para o uso de antibiótico e volta a ter sintomas. Então se o paciente não diz que tem uma prótese ou que fez cirurgia cardíaca você não pensa logo em endocardite e atrasa o diagnóstico. Portanto o que pode chamar atenção é febre com muito tremor e suor. DIAGNÓSTICO HEMOCULTUR A • Deve ser obtida duas hemoculturas • Positiva em 70 a 75% dos casos • Negativa: o Endocardite infecciosa por agentes de difícil crescimento, como grupo HASEK o Uso de antibióticos nas 2 semanas que antecedem a coleta: colher mais de 3 amostras ECOCAR DIOGR AMA TR ANSTOR ÁCICO • Detecta vegetações com mais de 2 mm • Positivo em 60 a 70% das EI • Resultados negativos não devem excluir o diagnóstico • Detecção de complicações locais relacionadas à endocardite ECOCAR DIOGR AMA TR ANSESOFÁGICO • Aumenta sensibilidade • Positivo em 90% das EI • Se exame transtorácico negativo ou duvidoso, com suspeita clínica CR ITÉR IOS DE DUKE A endocardite infecciosa pode ser: definitiva, provável ou excluída. Na EI definitiva, para darmos diagnóstico tem que ver o trombo e isolar a bactéria em hemocultura ou biópsia da vegetação. São os critérios patológicos. Nos critérios clínicos utilizaremos os critérios de Duke. Para confirmar a endocardite clinicamente eu preciso de 2 critérios maiores ou um maior + 3 menores ou 5 critérios menores. São baseados em achados clínicos, ecocardiográficos e biológicos, e também em resultados de hemoculturas e sorologias. O que é endocardite? Vegetação e bacteremia. Então hemocultura positiva. Se for por um microorganismo típico só precisamos de duas hemoculturas diferentes Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 positivas ou hemocultura persistente positiva para bactérias não típicas, como um gram (-) por exemplo. Ou evidência de envolvimento endocárdico, que é o eco mostrando a vegetação. Então eu tenho a hemocultura e tenho a imagem da vegetação. 2 maiores já dão diagnósticos. Ou um maior e 3 menores. Os critérios menores são critérios clínicos. É quando você tem um quadro sugestivo de endocardite, mas não conseguiu ver a lesão ou não tem hemocultura positiva. Supondo que o paciente usou antibiótico e você não conseguiu identificar nada na cultura e no eco, mas ele tem todos esses critérios clínicos, você dá diagnóstico de endocardite. Ao pensar na clínica você consegue deduzir os critérios. Os critérios maiores são os que você vê o substrato fisiopatológico da doença. O diagnóstico definitivo de endocardite infecciosa requer 2 critérios maiores, ou 1 maior e 3 menores. Endocardite infeciosa requer 1 critério maior e 1 critério menor ou 3 critérios menores. TRATAMENTO ENDOCAR DITE ESTR EPTOCÓCICA • Penicilina cristalina - 18 a 24 milhões de unidade/dia • Ampicilina - 200 mg/kg/dia • Associação com um aminoglicosídeo – reduz tempo total de tratamento para 2 semanas • Estreptococos resistentes: altas dose de penicilina + aminoglicosídeo ou vancomicina ou cefalosporina de terceira geração (ceftriaxona) ESTAFIL OCOCOS • MSSA: Oxacilina + aminoglicosídeo (7 – 14 dias) – pelo menos 3 semanas; • MRSA: vancomicina + aminoglicosídeos; • Pode associar rifampicina para potencializar Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 • Tratamento alternativo: cefalosporinas de 1ª e quinolonas BACTÉRIAS GR AM NEGATIVAS • Utilizar o perfil de resistência de cada instituição ENDOCARDITES FÚNGICAS: • Anfotericina B O tratamento de acordo com a situação clínica. Se foi uma endocardite subaguda, pensamos em estreptococos e tratamos com penicilina + aminoglicosídeo. Se foi uma evolução subaguda com embolização séptica já usa penicilina + amg + oxacilina pela chance de Staphylococcus, que estão mais associados com embolização. Endocardite em usuários de droga sempre pensar em S.Aureus, então é oxacilina + amg. Endocardite em prótese valvar usa vanco + amg e o tratamento cirúrgico éa regra. INDICAÇÕES DE TRATAMENTO CIRÚRGICO: É mais comum nas infecções por Aureus, na insuficiência aguda, o paciente que instabiliza rapidamente. Grandes vegetações também indicam cirurgia. Ne endocardite fúngica também. GRUPOS DE RISCO - RECOMENDAÇÃO DE PROFILAXIA ● ALTO RISCO PARA ENDOCARDITE: - Pacientes com prótese valvar - Com cardiopatia congênita complexa - Endocardite bacteriana prévia - Shunts sistêmico-pulmonares construídos cirurgicamente. ● RISCO MODERADO PARA ENDOCARDITE - Outras cardiopatias congênitas - Doença valvar adquirida (Exemplo: febre reumática) - Cardiomiopatia hipertrófica - Prolapso de valva mitral com regurgitação e/ou folhetos espessados TER APIA EMPÍRICA • Endocardite de evolução subaguda: estreptococos • Endocardite de evolução subaguda com embolização séptica: S. aureus • Usuário de droga: S. aureus Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 PROFILAXIA Indicada somente para pacientes de risco, quando forem submetidos a procedimentos dentários de risco para EI ou procedimentos do TGI e TGU. PROFILAXIA PARA PROCEDIMENTOS DENTÁRIOS: PROFILAXIA PARA PROCEDIMENTOS DO TRATO GASTROINTESTINAL E TRATO GENITOURINÁRIO: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Mononucleose Infecciosa INTRODUÇÃO Conhecida como a doença do beijo, febre ganglionar. Pois as principais vias de transmissão são as vias altas (apesar de não serem as únicas). Quando ocorre então uma infecção nas vias aéreas superiores as principais áreas a inflamar são os linfonodos da garganta, havendo o aumento desses gânglios. • Causada pele vírus Epstein-Barr (VEB) • Vírus com tropismo para linfócitos • Antigamente era conhecido como um linfoma curável em crianças da África, devido a lindadenopatia, mas na verdade era a infecção viral. • É incorporado ao DNA do homem através do linfócito. Caso haja uma replicação descontrolada pode predispor a neoplasias. Por isso a confusão de antigamente. • Mais comum em adolescente e adultos (criança pode ter, mas não é comum) • 80 a 95% das pessoas têm síndrome de Mononucleose Like pelo EBV. • As amigdalas e o anel de waldeyer são tecidos linfoides da região cervical, havendo a infecção aos linfócitos, e hiperplasia linfoide, que são reacionais no primeiro momento (quadro agudo). O VÍRUS Da família Herpesviridae Têm a capacidade de estabelecer infecção latente (assintomático) em linfócitos e estão associados à proliferação celular. O fato de ter infecção latente indica que o paciente pode ter um quadro sintomático agudo, mas ao passar, o DNA do vírus vai continuar com o DNA do paciente, mas ele estará em forma latente, ou seja, não ativo. Entretanto, o paciente torna-se mais sujeito a possíveis linfomas, pois as células dos linfonodos estão mais infectadas pelo vírus e podem começar a se multiplicar de forma descontrolada. A replicação tem relação com a genética e principalmente com o sistema imunológico. São conhecidos dois tipos de VEB que podem infectar o homem, denominados tipos 1 e 2, e que apresentam pequenas diferenças em relação à sua patogenia. O tipo 2 é mais eficiente em infectar linfócitos do que o tipo 1. OBS: o período de incubação é de 4 a 6 semanas. E o período que a pessoa passa para eliminar o vírus é de 6 meses a 1 ano (podendo chegar a durar a vida toda) Esse vírus promove dois tipos de infecção: 1. Infecção lítica → produção de novos vírus que podem ser transmitidos 2. Infecção lisogênica → que deixa o vírus dentro dos linfócitos B de forma crônica, sujeito a que de uma hora pra outra o vírus possa ter alguma alteração TRANSMISSÃO • A principal é pela saliva, secreção oral • Secreção genital • Transfusão de hemoderivados OBS: não há necessidade de isolamento de paciente internado. INCUBAÇÃO:4-6 SEMANAS ELIMINAÇÃO VIRAL: 6 MESES A 1 ANO LEMBRAR: em mucosas no geral temos muitos linfócitos, facilitando a invasão. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 PATOGÊNESE O vírus do VEB está sempre dentro dos linfócitos e produz um anticorpo chamado EBDNA que passa a vida inteira positivo. O vírus infecta as células epiteliais da orofaringe, atingindo, na sequência, os linfócitos B que circulam na região. Uma vez dentro da célula, o genoma viral é transcrito em RNA, e parte se alojará no DNA do hospedeiro, parte no citoplasma em forma de episoma. A partir da integração do vírus, inicia-se a produção de uma série de proteínas virais. Os antígenos nucleares (EBNA) são responsáveis pela imortalização do linfócito. OBS DO LIVRO: O EBNA-1 mantém a forma episomal do vírus quando latente. O EBNA-2 transforma os linfócitos em linfoblastos que proliferam continuamente, imortalizando-os e levando à expressão de elementos como a proteína de membrana latente (LMP-1), o antígeno de ativação das células B, moléculas de adesão intercelular (ICAM-1) e outros. Os principais mecanismos de defesa do hospedeiro é aparecimento de linfócitos T citotóxicos específicos para o VEB e de células natural killer (NK). As células NK e os linfócitos T citotóxicos CD4+ e CD8+ controlam a proliferação dos linfócitos B infectados pelo VEB na infecção primária. O vírus (VEB) induz a produção de uma citocina e o seu receptor, de forma a permitir a persistência da infecção. Essa citocina é o VEB BCRF1 (semelhante a interleucinas-10) que age inibindo a produção de interferon-gama (que seria um dos fatores que iriam inibir o crescimento do VEB). A inibição da produção do IFN-γ permitirá, portanto, a proliferação dessas células. OBS: Em pacientes nos quais o sistema imune é demasiadamente comprometido, pode haver uma evolução para um quadro fulminante ou para a síndrome hemofagocitica. O mais comum é que haja um quadro agudo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas iniciais são inespecíficos, e podem ser facilmente confundidos com uma faringite/amigdalite. CUIDADO em administrar penicilina ou cefalosporina para pacientes com faringite pois se for mononucleose, não haverá melhora. OBS: Se ocorre essa confusão e há o tratamento com ampilicina, vai formar exantema ou rash pruriginoso e sistêmico no paciente, o que levará o médico a pensar em uma mononucleose. OBS 2: as crianças acabam tendo um quadro assintomático, e quando tem sintomas é muito mais fácil confundir com viroses diversas • Cefaleia • Mal estar • Fadiga • Mialgia • Febre alta (em mais de 90% dos pacientes, geralmente vespertina.39 a 40ºC) → resolve com mais ou menos de 10 a 14 dias • Linfadenopatia, geralmente bilateral e cervical posterior → aparece mais entre a 2ª e a 4ª semana e com o tempo vai regredindo • Faringite • Odinofagia • Aumento de tonsilas • Os gânglios aumentam, em alguns casos, até a 4 cm de diâmetro; têm características benignas; são móveis; e de consistência fibroelástica. • Petéquias em palato podem estar presentes • Alguns pacientes podem evoluir com hepatoesplenomegalia (pois são órgãos linfoides e doloroso à palpação), icterícia e sinal de Hoagland (edema palpebral) • Esplenomegalia por semanas (NÃO REALIZAR ATIVIDADES FÍSICAS EXTENUANTES NAS PRÓXIMAS 2 A 3 SEMANAS POIS HÁ RISCO DE RUPTURA ESPLÊNICA) Obs: a esplenomegalia ocorre mais em crianças Exantema depende da presença de anticorpos heretofilos com afinidade pelo antibiótico, aparece como resultado da resposta imune. Exantema em 90% dos pacientes com ATB em uso de amoxicilina ou ampicilina. O mecanismo que leva ao aparecimento da rash ainda não é bem explicado Paciente ao uso de ATB, usou amoxicilinaRaio X temos lesões de segmento posterior dos lobos superiores e segmentos apicais dos lobos inferiores. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 TUBERCULOSE MILIAR Resultado de uma disseminação hematogênica, pode ocorrer na primo-infecção quando o indivíduo é muito imunocomprometido (RN, pacientes m tratamento com imunossupressor) ou após recrudescendia de focos antigos que se abrem em vasos sanguíneos, sobretudo nos adultos. • Febre alta; • Calafrios; • Tosse; • Taquipneia; • Prostração; • Ausculta com roncos e crepitação; • Hepatomegalia e esplenomegalia; • Meningoencefalite; Radiografias do tórax mostram opacidades bilaterais múltiplas e pequenas, denominadas “infiltrados miliares. TUBERCULOSE MILIAR TARDIA: comum em idosos e imunodeprimidos, além de poder ser por reativação. É insidioso, paciente fica apático, febre baixa e emagrecimento. TUBERCULOSE EXTRA-PULMONAR TUBERCULOSE PLEURAL Muito comum em indivíduo sem coinfecção pelo HIV. Via mais comum é disseminação por contiguidade, mas pode ser hematogênica. Tem seu início insidioso ou, mais frequentemente, abrupto, confundindo com pneumonia aguda. Sinais e sintomas: Dor torácica ventilatório dependente (escápula, mamilo e base tórax), tosse geralmente seca, febre moderada a alta, posição antálgica (DL). Em relação ao exame físico, observam-se macicez à percussão e ruídos respiratórios diminuídos. Radiografias de tórax frequentemente mostram der- rame pleural unilateral. Essa forma ocorre por extensão direta de um foco caseoso subpleural que libera secreção para o espaço pleural, ou mesmo por via hematogênica. Nesses pacientes, o líquido pleural tem características de exsudato, com predomínio de linfócitos e, na maior parte das vezes, pesquisa para BAAR e cultura estarão negativas. Níveis elevados de ADA (adenosina deaminase) no líquido pleural são frequentes e tem sido usado como critério de diagnóstico da TB pleural. Já a cultura para TB do escarro é positiva em 50% dos pacientes. LINFADENITE TUBERCULOSA – TUBERCULOSE GANGLIONAR PERIFÉRICA: É a forma mais frequente de tuberculose extra pulmonar em indivíduos coinfectados com HIV. Em coinfectados com HIV, há maior tendência a acometimento de linfonodos bilateralmente. É quando há uma tuberculose primária que se dissemina e instala nos gânglios, estando principalmente nos cervicais e torácicos. Forma extrapulmonar mais comum. Acomete principalmente mediastino, mesentéricos, cervical (móveis, confluentes, endurecidos, doloroso, fistulização tende a aumentar podendo sair secreção). Diagnóstico: biópsia e aspirado. Pode fazer diagnostico diferencial com mononucleose, linfoma e entre outros. É comum é crianças. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 Ao exame físico, os linfonodos estão endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e ao plano profundo, podendo flutuar ou fistulizar espontaneamente, inflamando a pele subjacente. TUBERCULOSE PERICÁRDICA: • Subaguda; • Normalmente não associada com TB pulmonar Paciente relata dor torácica, tosse seca, dispneia, febre, emagrecimento, sudorese noturna, astenia e tontura. Apresenta também edema de MMII, dor em hipocôndrio direito e aumento do volume abdominal. A pericardiocentese e a biópsia são métodos diagnósticos disponíveis. TUBERCULOSE ÓSSEA: É comum em crianças ou indivíduos entre 30-40 anos. Sendo acometida em coluna, articulações coxofemoral e do joelho. A coluna torácica baixa e lombar são as mais frequentemente acometidas. O quadro clínico é constituído de dor lombar, dor à palpação local e su- dorese noturna. TUBERCULOSE DO SNC – MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA Acomete principalmente crianças antes dos 2 anos. Curso subagudo ao crônico. A chegada dos bacilos nos espaços subaracnoides e ventrículos vindos de focos ativos contíguos situados no córtex cerebral e meninges. Provoca inflamação - vasculite e edema cerebral intensos. É insidioso. • FASE I: 2 semanas -> febre, cefaleia, vômitos, irritabilidade, alteração do humor, alucinações • FASE II: comprometimento de pares cranianos (estrabismo, ptose palpebral, fotofobia, paralisia facial), síndrome meníngea e HIC • FASE III: sonolência, estupor e coma; HAS, arritmias cardíacas e respiratórias. As sequelas podem ser: paralisia de pares cranianos, motoras, mentais, movimentos involuntários, óptico e surdez. Outras Clínicas: • Peritonite • Pericardite • Tuberculose cutânea • Tuberculose óssea (doença de Pott) • Tuberculose trato digestório • Tuberculose urinárias ATENÇÃO!!! Paciente com tb pulmonar são bacilíferos, possuem grande perigo de transmissão, as tbs extrapulmonares não necessitam de isolamento. TUBERCULOSE PULMONAR TUBERCULOSE MILIAR HEMOGRAMA Anemia normocrômica Leucocitose moderada 10.000-15.000/mm3 Monocitose ou linfocitose HEMOGRAMA Leucocitose ou leucopenia, com ou sem neutrofilia e presença de formas jovens Radiografia de tórax Elevação de fosfatase alcalina Tomografia de tórax Radiografia de tórax Baciloscopia 2 amostras Tomografia de tórax Cultura Baciloscopia do LBA Teste rápido para M. tuberculosis Biópsia transbrônquica Cultura Na TB miliar a leucocitose se apresenta maior que na pulmonar. Outro exame inespecífico é a fosfatase alcalina que pode estar presente em casos de entupimento de processos canaliculares do fígado, em doenças neoplásicas e na tuberculose, geralmente na disseminada. Hemograma: é um exame inespecífico que apenas capta alterações celulares da doença. MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA TUBERCULOSE PLEURAL TC de crânio Punção torácica: celularidade (linfomononuclear) LCR: límpido – turvo ADA > 40U/ml Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 Celularidade (100- 500cél) BAAR Glicose baixa (500 mg) Biópsia pleural Adenosina deminase (ADA > 8) Radiografia do tórax Em casos de tuberculoses extrapulmonares pode-se realizar a baciloscopia, o histopatológico e até o PCR (porém com sensibilidade especificidade mudadas). O histopatológico e até o PCRC (porém com sensibilidade especificidade mudadas). EXAMES ESPECÍFICOS BACILOSCOPIA: teste do escarro com coloração álcool ácido resistente, tem que ser a quantidade boa de escarro, há a leitura e posterior positividade ou negatividade com base na presença ou ausência do bacilo no escarro, é um exame rápido (30 min em média). Orientar o paciente a colher o escarro em pelo menos duas oportunidades, prioritariamente no período da manhã para aumentar a detecção. Exame negativo não exclui possibilidade de TB pois depende da quantidade de bacilos no escarro. Quantifica a quantidade de bacilos por cruzes. Rápido, barato, fácil de execução e pode ser feito para acompanhamento de tratamento. Na baciloscopia, temos um exame onde a especificidade para a espécie da bactéria é comprometido, pois o gênero Micobacter possui diversas espécies das quais a que causa tuberculose propriamente dita é a M. tuberculosis, as outras causam quadros diferentes ou parecidos; assim, como o exame apenas vê a morfologia da bactéria, identifica apenas se é do gênero Micobacter e não sua espécie. Utiliza a técnica de Ziehl Neelsen (pesquisa BAAR). Executada corretamente, diagnostica de 60% a 80% dos casos de TC pulmonar em adultos - em crianças, a sensibilidade é diminuída pela dificuldade em realizá-lo. Possui baixa sensibilidade, é indicado para: diagnóstico/acompanhamento. Pode ser realizado em diversos órgãos a depender do tipo de TB, por exemplo com o Líquor cefalorraquidiano,e não melhorou voltando no posto após 4 dias com o exantema. É comum perguntar o caso de uma reação alérgica. É essencial perguntar com quantos dias a febre Nos primeiros 3 a 5 dias em adultos Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 começou, visto que pelo uso de amoxicilina, temos um resultado bastante significativo. Manifestação clínica inespecífica: • Muitos linfócitos (linfocitose relativa ou absoluta), principalmente atípicos = linfopenia É um achado típico, mas não patognomônico. • Pode ter neutropenia leve • Pode ter anemia hemolítica • Trombocitopenia (sequestro esplênico) • DHL geralmente elevado, por lesão nos linfócitos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Devem ser consideradas potenciais diagnósticos diferenciais e investigadas a infecção pelo: • Citomegalovírus: o mais parecido de todos, febre, esplenomegalia, podem ter linfócitos atípicos • A toxoplasmose: causada por parasita e tem quadro extremamente parecido com mononucleose. Mais faringite, mais exantema • A infecção aguda pelo HIV • Faringite estreptocócica (devido as petéquias no palato, por isso tratar uma mono com ATB não irá funcionar) comum da SUPER INFECÇÃO ocorrendo simultaneamente uma infecção viral e bacteriana; • Sífilis: principalmente a primaria, na garganta por sexo oral • Gripe • A rubéola: é mais incomum devido a vacinação. Deve ter atenção para isso principalmente em gestantes • A hepatite A • A infecção pelo herpes-vírus 6 • Infecção pelo adenovírus e a brucelose. • Síndrome retroviral aguda Entre as patologias não infecciosas, estão os linfomas, as leucemias e intoxicações por drogas. Ou seja, em geral, é sempre bom pedir teste rápido e carga viral (HIV); observar também sorologia para toxoplasma, citomegalovírus, VEB, hepatite B e C, cultura de orofaringe, e também outros exames específicos para mononucleose. DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO ANTICORPOS HETEROFILOS: IgM produzido contra antígenos não específicos (pode dar falso positivo com malária, HIV, hepatite, hanseníase e linfoma...) • Não especifico • Monoglobinas que vão predispor a uma reação na célula hemática de carneiro. • O primeiro a ser descoberto. • O problema é que ele só pode ser usado em adultos, pois para crianças, principalmente menores de 5 anos ele pode dar falso negativo. • Positivo tanto mononucleose quanto em outras doenças infecciosas agudas ou não infecciosas. ANTI VCA (anti- antígeno do capsídeo viral) • Podem dar positivo principalmente na infecção primaria • Quando os sintomas começam a surgir tanto o IgM quanto o IgG começam a subir, e têm pico na 1ª e 2ª semana • IgM: desaparece entre a 4ª e a 8ª semana • IgG: persistem por muito tempo, até a vida toda ANTI EBNA • Detecção da reativação da infecção e para estabelecer infecção passada • Aparecem mais tardiamente no curso da infecção (cerca de quatro semanas) • Detectável ao longo de toda a vida Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 TESTE DE AVIDEZ DE ANTICORPOS • Quando não consegue dosar o anticorpo • Para avaliar o IgG e ter uma estimativa de a quanto tempo ele foi produzido, sabendo se é mais recente ou não • A avidez é baixa no início da infecção aguda e eleva-se quando a resposta imune amadurece. Depois de 30 a 40 dias a avidez é normalmente muito alta • Usado muito para gestantes (também em toxoplasmose) COMPLICAÇÕES COMUNS Anemia hemolítica: induzida pela lesão. A hemólise torna-se evidente entre a 2ª e a 3ª semanas da doença e resolve-se após 1 a 2 meses. A anemia aplásica é uma complicação muito rara. Pode haver trombocitopenia, plequetopenia, neutropenia. • Pancitopenia Obstrução de via área: Devido a hiperplasia linfonodal, mais comum em crianças. Apresenta salivação excessiva, estridor e dispneia. Ocorre em menos de 5% e é indicativo de internação Ruptura esplênica: Mais grave, rara e quase nunca fatal. O mecanismo causal é a infiltração linfocítica da cápsula, trabéculas, paredes vasculares e do aumento rápido do órgão que ocorre entre a 2ª e 3ª semanas Quadro neurológico: Circulação sistêmica, gerando uma encefalite, cefaleia TRATAMENTO É sintomático, deve-se orientar o paciente • Fazer analgesia • Pode-se utilizar o paracetamol para o controle da febre e da odinofagia • Corticosteroides podem ser indicados em casos de mononucleose infecciosa complicados com obstrução de vias áreas (pela hipertrofia tonsilar), trombocitopenia grave ou anemia hemolítica • O repouso está indicado para todos os pacientes. Em virtude do risco de ruptura esplênica traumática, o paciente deve ser afastado dos esportes de contato físico e levantamento de pesos na fase aguda da doença, até que o baço regrida de tamanho e não seja mais palpável ao exame do abdome. O período até a normalização do tamanho do baço pode variar de 2 a 3 semanas a até 2 a 6 meses. O MAIS IMPORTANTE PARA A PROF É SABER DIAGNÓSTICO TANTO ESPECIFICO QUANTO DIFERENCIAL, COMPLICAÇÃO E TRATAMENTO! • Antitérmicos • Analségicos • Aciclovir e valaciclovir (altas doses NÃO alteram a gravidade ou duração dos sintomas, nem o resultado final, apenas diminui a replicação final e a transmissão pra outras pessoas) • Nutrir e hidratar • Corticoides: obstrução vias aéreas respiratórias por edema de tonsilas e tec linfoide orofaríngeo. QUESTIONAMENTOS 1. Quais a hipóteses sindrômicas para o caso? Síndrome Febril = febre prolongada, faringite exsudativa, adenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia e linfócitos atípicos Síndrome Linfonodomegalias Síndrome Álgica (síndrome dolorosa) 2. Quais grupos de patologias poderiam cursar com quadro semelhante ao supracitado? 3. Quais as hipóteses etiológicas para o quadro? 4. Você solicitaria algum exame complementar? 5. O que esperaria encontrar em cada um destes exames para a sua principal hipótese? 6. Qual o tratamento você instituiria e quais orientações à paciente e sua família? Passa azitromicina ou claritromicina Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Leishmaniose Visceral INTRODUÇÃO O termo leishmaniose se refere às doenças causadas por protozoário do gênero Leishmania. No Brasil, a subespécie é a Leishmania chagasi. Ela é transmitida pela picada das fêmeas do Lutzomyia longipalpis, um dos dois gêneros da subfamília Phlebotomus, conhecido como “mosquito palha”. • Voos: pequena distância • Aumenta no período chuvoso • Alimentação: crepúsculo às 23 horas LEISHMANIA COMPLEXO DONOVANI • Parasita intracelular obrigatório Apresenta um dimorfismo, sendo encontrado na forma de promastigota nos vetores e sob a forma amastigota no interior dos macrófagos. EPIDEMIOLOGIA • Leishmaniose é encontrada em todos os Continentes * (CDC) • Alterações Climáticas contribuem para expansão da doença • N° de casos estimados LV: 0,2-0,4 milhões de casos • 90% pacientes Leishmaniose (Índia, Bangladesh, Brasil, Nepal e Sudão) • Endêmica no Brasil, • Relatos de surtos, doença de notif. compulsória • Casos em 21 Unidades Federativas, • Região Nordeste tem maior número de casos (90% em 1990 e 43% em 2012) • Regiões com maior número de casos: Nordeste, Sudeste, Sul • Mais frequente em crianças • Mais comum sexo masculino PATOGÊNESE É resumido pela picada de um flebotomíneo infectado a um ser humano ou outro reservatório (mais comumente o cão), infectando-o com promastigotas de Leishmania que apresentama capacidade de invadir macrófagos e sobreviver dentro deles. Nos macrófagos, a promastigota passa para a forma amastigota, se replicando e posteriormente infectando outros macrófagos de todo o sistema reticuloendotelial. Quando o flebotomíneo pica um reservatório infectado pela Leishmania, ingere macrófagos infectados por amastigotas, que são então liberadas no intestino do flebotomíneo. As amastigotas passam então novamente à forma de promastigotas, e assim o ciclo da vida da Leishmania se reinicia. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 • As manifestações clínicas da leishmaniose variam de acordo com a patogenicidade do parasita (que difere entre espécies) e a resposta imune celular geneticamente determinada pelo hospedeiro humano. O tipo de resposta imune montada contra o patógeno determina as consequências da infecção: • Resposta Th1 consegue conter o processo infeccioso de forma mais adequada; • Resposta Th2 leva à produção de anticorpos, tendo uma resposta frustrada, evoluindo com uma multiplicação desenfreada do parasita, havendo doença. O parasita parece ter diversos mecanismos adaptativos para escapar dos mecanismos oxidativos dos macrófagos. A forma clássica da Leishmaniose é a que ocorre uma diminuição de linfócitos T e macrófagos e ativação policlonal de linfócitos B. Comprometimento de órgão do sistema reticuloendotelial (fígado, baço e medula óssea), com hipertrofia e hiperplasia desses órgãos. • As fêmeas do mosquito que funcionam como vetores (flebotomíneos; • Período de incubação no homem varia entre 10 dias – 24 meses; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Período de incubação: 2-8 meses (TAVARES) • PI min e máx: 10 dias-24 meses (Brasil, Guia de vigilância em Saúde, 2019) • Assintomático = áreas endêmicas • Subclínico= áreas endêmicas. Febre baixa, alt. Crescimento, adinamia, hepatomegalia discreta, tosse, diarreia • Clássica = febre insidiosa + anorexia, adinamia, prostração, palidez progressiva, doença gastrointestinal, tosse, hepatoesplenomegalia, hemorragias (plaquetopenia) FATORES DE RISCO – ÁREAS ENDÊMICAS: • Idade 15 dias) • Hepatoesplenomegalia • Pancitopenia • Inversão albumina/globulina • Área endêmica Doença de notificação compulsória!! EXAMES SOLICITADOS – INESPECÍFICOS: • Hemograma: o Anemia o Leucopenia o Pancitopenia • Inversão albumina (baixo)/globulina • TGO/TGP (aumento de 2-3x) • Sumário de urina (leucócitos, hemácias, proteína): essas alterações parecem estar relacionadas a uma glomerulonefrite por imunocomplexos. EXAMES SOLICITADOS – ESPECÍFICOS: • Teste de Montenegro (pouco utilizado na prática clínica): não é útil no momento que o paciente apresenta a doença. Ele é realizado com extrato de antígenos da Leishmania (é semelhante ao PPD), que se baseia na “memória imunológica” dos linfócitos Th1. O teste permanece positivo por anos, mesmo após a resolução do quadro. Entretanto, ele não é reativo em pessoas com a forma clássica da Leishmaniose visceral. Métodos sorológicos (sensíveis e pouco específicos): o rK39: simples e prático. Anticorpo antígeno, sensibilidade e especificidade boa. Não são bons em casos de recaída, pacientes em áreas endêmicas e imunodeprimidos o kDNA (DNA do cinetoplasto): PCR o Método: RIFI ou DAT. Não é bom para imunodepressão ou AIDS. Podem causar reação cruzada (LT/hanseníase/TB/chagas/malária) Apesar dos testes sorológicos serem úteis na investigação de pacientes com suspeita de LV, e apresentarem a vantagem de não serem invasivos, a biópsia deve ser realizada para confirmar o diagnóstico, através da presença de amastigotas. Os sítios em que a biópsia apresenta maior sensibilidade para esse diagnóstico são medula óssea e baço. • Mielograma: padrão ouro. Sensibilidade de 70- 85% • Biópsia de outros tecidos como linfonodo, fígado • Cultura (NNN): sendo que leva cerca de 5-15 dias para as formas promastigotas se proliferaram e o exame positivar. O aspirado do tecido pode ser realizado no baço (padrão ouro), medula óssea (menos sensível: 70%), fígado e linfonodos (quando aumentados). Para a cultura o meio mais utilizado é o NNN, Schneider e LIT, sendo que leva cerca de 5-15 dias para as formas promastigotas se proliferaram e o exame positivar (sensibilidade de 60%). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Febre tifóide • Malária Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 • Histoplasmose • Esquistossomose • Doença de chagas • Doença linfoproliferativa • Mononucleose TRATAMENTO • Antimonial Pentavalente (1° escolha): glucantime. Avaliar ecg, transaminases, função renal, amilae (5x) e lipase (15x) • Anfotericina B lipossomal/desoxicolato. Avaliar: função renal (2x/semana), K e Mg. Preferível em casos de: A duração de anfotericina B é até atingir dose de 3g. OUTRAS ALTERNATIVAS: Miltefosina: • Atua na síntese da membrana celular • Mecanismo citotóxico desconhecido • Ação leishmanicida • VO • 28 dias de tratamento • Recidiva em pacientes com HIV • Não é recomendado como 1° linha • Eficácia limitada • Contraindicada em gestantes Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 TRATAMENTO DE PACIENTES COM HIV No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, a anfotericina B desoxicolato é considerada a droga de primeira escolha para pacientes coinfectados por Leishmania/HIV. A anfotericinaB lipossomal, menos tóxica e mais cara, torna-se a droga de primeira escolha para pacientes com idade > 50 anos, para portadores de transplante hepático, renale/ou cardíaco, portadores de insuficiência renal crônica e nas gestantes. Pacientes refratários à formulação desoxicolato também têm indicação de trocar o esquema para anfotericina B lipossomal. • Profilaxia secundária até CD4>200 cél/mm³ por 6 meses • Anfotericina B quinzenal ou mensal • Risco de recaída: o Falha parasitológica ou terapêutica no 1° evento o Não iniciar TARV o Não elevação de LT CD4 CRITÉRIOS DE CURA • Febre 5-7 dias • Apetite • Ganho de peso • Visceromegalia (redução primeiras semanas) • Hematológica (> 2ª semana) • Ambulatório: 3-6-12 meses • Recaida= retratamento (40 dias) • Sem indicação de controle parasitológico ou sorológico O seguimento do paciente tratado deve ser feito aos três, seis e doze meses após o tratamento e na última avaliação, se permanecer estável, é considerado curado. O aparecimento de eosinofilia ao final do tratamento ou ao longo do seguimento é sinal de bom prognóstico. CONDUTA NO ABANDONO DE TRATAMENTO PROFILAXIA Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Malaria INTRODUÇÃO A malária é causada pelo protozoário intracelular obrigatório do gênero Plasmodium. Existem quatro espécies de Plasmodium causadoras da doença em humanos: Plasmodium ovale, Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax e Plasmodium malariae. É uma doença infecciosa febril aguda. • É transmitida pela picada de mosquitos do gênero Anopheles (fêmea) infectados com o Plasmodium. • Ocorre ciclo assexuado no homem e sexuado no mosquito (hospedeiro definitivo). • Transmissão da malária ocorre em áreas tropicais e subtropicais: África, Ásia, América, Oceania e alguns casos na Europa. • No Brasil a área endêmica é formada por todos os estados da Amazônia Legal. CICLO DE VIDA DO PATÓGENO O VETOR: Os estágios de ovo, larva, pupa são aquáticos. Os adultos são terrestres. REPRODUÇÃO ASSEXUADA: O Plasmodium apresenta um ciclo de vida heteroxênico, ou seja, para completar o seu ciclo de vida precisa de dois hospedeiros diferentes: um vertebrado e outro invertebrado. O ciclo assexuado do plasmódio, denominado esquizogônico, inicia-se após a picada do anofelino, com a inoculação de esporozoítos infectantes no homem. • A seguir, os esporozoítos atingem os hepatócitos, dando início ao ciclo pré- eritrocítico ou esquizogonia tecidual (dura cerca de 14 dias). • Alguns esquizontes ficam latentes como hipnozoitos (P. vivax e P. ovale) por meses e podem, depois, transformarem-se em esquizontes teciduais, produzindo então recaídas da doença, meses após a infecçaõ da malária. • Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito, liberando na corrente sanguínea os chamados merozoítos. • Os merozoitos penetram hemácias, dando início ao segundo ciclo de reprodução assexuada dos plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico. Nesse momento ocorre o aparecimento da febre. • Inicialmente, no ciclo sanguíneo, o parasito sofre uma série de transformações morfológicas (trofozoíto) até chegar a fase de esquizonte, quando se divide e origina novos merozoítos, até provocar a sua ruptura, liberando os merozoítos que irão invadir novas hemácias. • O trofozoítos pode se diferenciar em gametócitos para infectar outro mosquito. • Homem com gametócitos no sangue. • Gametócitos ingeridos pelo anofelino. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 REPRODUÇÃO SEXUADA/ESPOROGÔNICA: • Ocorre no estômago do mosquito, após a diferenciação dos gametócitos em gametas e a sua fusão, com formação do ovo (zigoto). • Este se transforma em oocineto, que migra até a parede do intestino formando o oocisto. • Rompimento do oocisto, levando a liberação de milhares de esporozoitos nas glândulas salivares do mosquito. PATOGÊNESE A febre é produzida pela liberação de substâncias no estroma hemático. Já o pigmento malárico (hemozoína) participa desse processo, ao estimular a liberação de macrófagos e monócitos com efeito pirogênico. Já a anemia da malária é multifatorial, sendo a hemólise o componente mais importante, fazendo a liberação de merozoítas. Caso essa hemólise intravascular for significativa, podendo cursar com hemoglobinúria franca, dando a urina um aspecto de cor marrom- avermelhada. MAS A HEMÓLISE INTRAVASCULAR NÃO EXPLICA 100% A ANEMIA DA MALÁRIA. Sendo o principal suspeito, na verdade, a hemólise extravascular, as hemácias parasitadas possuem uma alteração na membrana e as hemácias não parasitadas podem até serem destruídas de forma acelerada pelo sistema reticuloendotelial. Outro fator contribuinte para a anemia da malária é o P.FALCIPARUM pelo sequestro de hemácias. FATOR ES QUE DIFICULTAM O CONTR OL E P.VIVAX • Produz gametócitos desde o início da infecção • Persiste no vetor em Temperaturas mais baixas • Hipnozoitos no fígado • Produz hospedeiros assintomáticos FATOR ES IMPOR TANTES NA VIR UL ÊNCIA • Multiplicação (P. falciparum produz 40 mil merozoítos, enquanto o P. vivax produz 10 mil) • Células que infectam (P. vivax infecta reticulócitos – menor porcentagem que as hemácias maduras) • Citoaderência (Mecanismos do P. falciparum). A adesão dos eritrócitos nos endotélios microvascular causa obstrução de capilares e anóxia (cérebro, pulmão, fígado, rins). • Maior produção de citocinas (P. falciparum) • Imugenicidade do hospedeiro (primo-infecção é mais grave) QUADRO CLÍNICO GERAL Presença da clássica tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais, como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura, podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática. FORMA GRAVE DA MALÁRIA – P. FALCIPARUM O primeiro fator é o grau de parasitemia... Enquanto na infecção por P. vivax ou P. malariae a parasitemia raramente atinge valores acima de 20.000-50.000 parasitas por mm3 de sangue, isso não parece ser o caso do P. falciparum, quando a regra é uma parasitemia superior a 250.000 parasitas por mm3, correspondendo a mais de 5% das hemácias parasitadas. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 Em contrapartida, o P. falciparum invade hemácias de qualquer idade, justificando o acometimento de mais de 5% (podendo chegar a 50%) de todas as hemácias. Temos: • Concentração maior de parasitos; • Mais hemácias rompidas; • Maior agudização da anemia; • Maior liberação que estimulam a produção do TNF-alfa Pelo plasmódio consumir muita glicose, produz na respiração anaeróbica ácido lático, podendo levar a uma hipoglicemia e uma acidose lática. QUAL MAIOR GRUPO DE RISCO DA MALÁRIA? Cerca de 1 milhão de mortes representam crianças com menos de 5 anos de idade. PROTEÇÃO NATURAL DO TRAÇO TALASSÊMICO: A proteção natural contra as formas graves da malária por P. falciparum em indivíduos com traço falcêmico (heterozigotos para o gene da HbS) é conhecida. Por que o gene da HbS protege contra formas graves de malária? O indivíduo com traço falcêmico possui 40-50% de HbS em suas hemácias. Quando o P. falciparum parasita estas células, sequestrando-as na microvasculatura (sob condições de baixas tensões de O2), elas se afoiçam, inibindo o crescimento e desenvolvimento do plasmódio. O resultado é a redução do grau de parasitemia e, portanto, uma forma mais branda de doença. Na betatalassemia, o parasita encontra piores condições para o crescimento intraeritrocitário, devido ao maior percentual de HbF. Na alfatalassemia, a menor concentração corpuscular de hemoglobina deve ser o fator principal. MALÁRIA P VIVAX – TERÇA BENIGNA O período de incubação oscila entre 12-16 dias. Como evoluir da infecção, uma das gerações de protozoários declina e a outra segue a sua evolução normalmente, determinando a periodicidade dos acessos febris a cada 48h – “febre terçã”. (1) Período do frio, iniciando-se abruptamente, durando 30-60 minutos, marcado por um intenso calafrio com tremores, náuseas, vômitos e mialgia – a sensação de frio na verdade é apenas subjetiva, pois o termômetro já pode acusar 38oC; (2) período do calor, durando 4-8h, caracterizado por uma grande sensação de calor e febre que pode atingir 41oC – a facies do paciente torna-se congesta, os olhos brilhantes, com possibilidade de hemorragias subconjuntivais, o pulso cheio, a pele seca, eventuais náuseas e vômitos; (3) período de sudorese, no qual a temperatura cai “em crise”, desvanecendo-se os sintomas agudos e estabelecendo-se uma sudorese copiosa, quando o doente acusa sensação de alívio, se bem que acompanhada de lassidão. Os principais sintomas são: febre, calafrios, sudorese, esplenomegalia e hepatomegalia. Tipicamente apresenta ANEMIA NORMOCÍTICA NORMOCRÔMICA com leucopenia e eventual desvio a esquerda. MALÁRIA P. FALCIPARUM – FEBRE TERÇA MALIGNA Possui um período de incubação entre 8-12 dias. É mais responsável por formas graves (perniciosa). Acompanha os mesmos sintomas dos outros com a adição de estado confusional e convulsões acompanhada da febre. Acompanha leucopenia e trombocitopenia, além de hepatoesplenomegalia. O mecanismo da recidiva se dá pelo fenômeno é explicado pela persistência de um certo grau de parasitemia que a resposta imune não consegue eliminar. Por isso, as recidivas neste caso são referidas como recrudescências (e não recaídas) e devem-se a uma nova multiplicação das formas sanguíneas do parasito. MALÁRIA GRAVE OU PERNICIOSA 1. Malária cerebral; 2. Malária renal; 3. Malária hepática; 4. Malária pulmonar; 5. Hipoglicemia 6. Acidose lática; Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 MALÁRIA CRÔNICA Este termo tem sido reservado para um grupo de sinais e sintomas de natureza crônica, que resultam de vários ataques anteriores, geralmente tratados de maneira inadequada. Consistem em fraqueza, surtos intermitentes de febre, anemia intensa, icterícia leve e volumosa hepatoesplenomegalia. Na malária a lesão hepática não evolui para cirrose ou fibrose hepática apreciável. DIAGNÓSTICO • Histórico de viagem ou residência em área endêmica. • Período de incubação: o 7-12 dias (P. falciparum) o 12-17 dias (P. vivax) FORMA CLÍNICA NÃO COMPLICADA: • Síndrome febril, aguda e indiferenciada. Calafrios, Mialgia, Artralgia, Cefaleia, Astenia, Tontura, Náuseas, Vômitos, Diarreia, Dor abdominal. • Febre, calafrio e diaforese corresponde a Tríade Clássica • No exame físico paciente apresenta-se hipocorado, hepatomegalia, esplenomegalia, dor à palpação do abdome. FORMA CLÍNICA GRAVE: • Maior risco de ocorrer em gestantes, crianças, primoinfectados e HIV/AIDS • Identificar sinais de complicação tanto na P. falciparum quanto na P. vivax. • Hiperparasitemia não é indicador de gravidade, mas possui maior risco de evolução para gravidade. • Investigar comorbidades na malária P. vivax complicada • Diagnóstico parasitológico (gota espessa) + pelo menos 1 sinal de gravidade Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 OUTRAS COMPLICAÇÕES: • Plaquetopenia (relação com parasitemia): 70% pacientes • Hematoma subcapsular esplênico ou infarto esplênico: Malária Vivax • Colelitíase alitiásica: Adultos • Anemia (dura de semanas a meses): Crianças • Gestantes (prematuridade, óbito, retardo do crescimento) • Diminuição de LT CD4 HIV +/ Aumento de CV/ gravidade • Risco de falcização grave SINTOMAS QUE DETERMINAM PERIGO: • Hiperpirexia (temperatura > 41º) • Convulsão; • Hiperparasitemia ( >200.000/mm3) • Vômitos repetidos • Oligúria • Dispneia • Anemia intensa • Icterícia • Hemorragias • Hipotensão arterial DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico da malária é confirmado a princípio pela hematoscopia, que pode ser realizada em dois tipos de preparação do sangue periférico: (1) esfregaço; (2) gota espessa. GOTA ESPESSA: • Exame preferido em áreas endêmicas. • Baseia-se no encontro de parasitos no sangue. Permite diferenciação das espécies de Plasmodium e do estágio de evolução do parasito circulante. • Deve ser usado para contagem de parasitas. P. falciparum: • Identificação de Trofozoítos na 1°semana • Gametócitos após 1°semana • Identificação de esquizontes nas formas de grande parasitemia. P. vivax: • No 1° dia de parasitemia: trofozoítos, esquizontes e gametócitos • Baixa sensibilidade. Nos primeiros dias de doença, quando parasitemia é baixa, o exame deve ser repetido se for negativo. • Na malária por P. falciparum, há mudança de tratamento quando parasitemia >+++ • Na malária por P. vivax, se alta parasitemia avaliar possibilidade de malária mista (P. falciparum + P. vivax) ESFREGAÇO: • Exame de baixa sensibilidade • Melhor detecção das espécies TESTES RÁPIDOS: • Detecção de antígenos a partir de teste fitas com anticorpos • Detecta infecção pelo falciparum e não falciparum • Importante em áreas não endêmicas • Não é capaz de diagnosticar malária mista No Brasil, define-se como caso de malária: gota espessa positiva ou testes rápidos reagentes. EXAMES INESPECÍFICOS: • Apenas para os casos de malária grave • Hemograma (anemia N- N/plaquetopenia/leucopenia ou leucocitose) • Transaminases (até 5x) • Bilirrubinas elevadas • U/Crea • Lactato • Glicose, cálcio e fosfato reduzidos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Síndrome febril: dengue, influenza, infecção urinária • Síndrome febril ictérica ou icterohemorrágica: leptospirose, febre tifoide, abcesso hepático, hepatites virais, febre amarela, colecistite • Síndrome febril hemorrágica: dengue, meningocócica e riquetsiose TRATAMENTO Tem por finalidades: cura clínica e interrupção do ciclo biológico. • Tratamento precoce: evita complicações e redução de transmissão • Resistência aos antimaláricos: o Bem definida para o P. falciparum (Resistência à cloroquina) o Resistência à cloroquina do P. vivax no Brasil de 10% (1999) • Recaída: reaparecimento de sintomas após 28 dias. Sobrevivência de hipnozoítos • Recrudescência: reaparecimento de sintomas antes de 28 dias. Sobrevivência de formas eritrocíticas (esquizontes). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 • Reinfecção: Após tratamento eficaz, nova infecção. • Antimicrobianos podem ter ação esquizonticida e justificar gota espessa falso negativa: macrolídeos, quinolonas, sulfonamidas, clindamicina. INVESTIGAR USO DE ANTIMICROBIANOS!! • A decisão de como tratar o paciente com malária deve ser precedida de informações sobre os seguintes aspectos: espécie do plasmódio, gravidade, idade, gestação OBJETIVOS: • Interromper a ESQUIZOGONIA SANGUÍNEA • Eliminar as formas latentes (HIPNOZOÍTOS): P. vivax e P. ovale • Impedir a formação de GAMETÓCITOS: transmissão RECOMENDADA INTERNAÇÃO: • Extremos etários ( 70 anos) • Gestantes (contração uterina, sangramento vaginal, perda de líquido) • HIV/AIDS • Outros imunossuprimidos • Malária grave (Hiperpirexia, convulsões, alteração consciência, vômitos permanentes, dispneia, oligúria, hipotensão arterial, anemia intensa, hemorragias, icterícia, hiperparasitemia) • Alta hospitalar: apenas com gota negativa e compensação clínica e laboratorial FÁRMACOS UTILIZADOS: MALÁRIA VIVAX OU OVALE: • Primaquinaem 7 dias + Cloroquina em 3 dias A falha ao tratamento na malária vivax pode ocorrer por má adesão ou subdose nos pacientes obesos Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 CLOROQUINA: • Pode ser usada em crianças e gestantes. • Ativa contra 4 espécies de Plasmódios. • Não é usada no tratamento de P. falciparum • Rápida ação esquizonticida. • Apenas apresentação oral PRIMAQUINA: • Ação contra os gametócitos de todos os plasmódios • Ação contra os hipnozoítos do P. vivax e P. ovale • Única droga para evitar recaídas • Absorção oral rápida e metabolização hepática • Ação anti-malárica e oxidante • Pacientes com deficiência de G6PD podem apresentar metemoglobina ou hemólise • Efeitos adversos: mielotoxicidade (anemia/ leucopenia) • Contraindicação: gestantes, crianças até 6 meses MALÁRIA FALCIPARUM: • Artemeter + Lumefantrina em 3 dias • Apenas no 1º dia: primaquina para eliminação dos gametócitos • O tratamento de gestantes (1°Trimestre) e crianças menores de 6 meses é realizado com quinino e clindamicina Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 ARTEMISINA E SEUS DERIVADOS: • Reduzem rapidamente febre e parasitemia. • Reduz o desenvolvimento dos gametócitos • Incapacidade de permanecer com parasitemia negativa na monoterapia. • Daí a necessidade de associação com outros antimaláricos. • Associação usada no BRASIL: Artemeter + lumefantrina • Adotada no tratamento da malária P. falciparum • Não utilizados no 1° trimestre de gestação ou crianças menores de 6 meses QUININO: • Uma dos primeiros fármacos no tratamento da malária • Via oral ou parenteral • Metabolização hepática • Efeitos adversos: síndrome cinchonismo: zumbido, perda auditiva e visão borrada • Inúmeros efeitos colaterais • Uso por menor tempo e associado a outros antibióticos: clindamicina ou tetraciclina CLINDAMICINA: • Esquizonticida de ação lenta • Não usar em monoterapia • Tratamento associado com quinino na malária falciparum MALÁRIA MISTA: • 1º ao 3º dia: Artemeter + Lumefantrina • 4º ao 10º dia: primaquina Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 9 PREVENÇÃO • Diagnóstico e tratamento precoce dos casos • Manejo ambiental (limpeza das margens de criadouros do vetor) • Uso de inseticidas (mosquiteiros impregnados) • Uso de biolarvicidas nos criadouros dos anofelinos • Educação em saúde • Gota espessa no pré-natal de gestantes de áreas endêmicas • Quimioprofilaxia para viajantes de áreas não endêmicas QUIMIOPROFILAXIA: • Brasil (Acre, Amapa, Amazonas, Roraima, Rondônia. Maranhão, Mato Grosso e Pará-exceto capitais): não indicado MS (P. vivax). MEFLOQUINA: • Ação esquizonticida • Deixou de ser usada no tratamento para malária falciparum devido à resistência e efeitos adversos • Efeitos adversos: tontura, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, anorexia. • Efeitos adversos grave: convulsões ou distúrbio psiquiátrico • Contraindicação: Distúrbio psiquiátrico e epilepsia • Não utilizada no 1° trimestre gestacional • Profilaxia adequada Nigéria (P. falciparum): Mefloquina ou doxiciclina ou Atovaquona-proguan Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 10 PROFILAXIA: • Permanecer no interior da habitação do anoitecer ao amanhecer; • Uso de mosquiteiro; • Usar roupas de mangas compridas e calças compridas; • Usar repelente de insetos nas áreas de pele exposta; • Não existe vacina; MALÁRIA COMPLICADA TRATAMENTO: A malária grave deve ser considerada uma emergência médica. Nesses casos, o principal objetivo do tratamento é evitar que o paciente morra. Para isso, antimaláricos potentes e de ação rápida devem ser administrados, juntamente com todas as medidas de suporte à vida do paciente. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 11 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Varicela e Doencas de Notificacao Compulsoria INTRODUÇÃO O vírus varicela-zoster (VVZ) é o vírus responsável pela varicela e herpes zoster (“cobreiro”). O VVZ é um membro da família dos herpesvírus, juntamente com o vírus herpes simplex (HSV) tipos 1 e 2, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr e herpesvírus humano (HHV) -6, -7 e -8. A varicela geralmente é uma doença leve e autolimitada em crianças saudáveis. Raramente, afeta a mulher grávida ou no pós-parto, causando problemas para o feto ou o recém-nascido. ETIOLOGIA A varicela é a infecção primária, enquanto o herpes zoster é a reativação do vírus que havia permanecido latente em um gânglio sensorial. A varicela ou catapora é uma doença altamente contagiosa, geralmente benigna, que se caracteriza por um exantema papulovesicular de distribuição centrípeta (cabeça e tronco) e com polimorfismo das lesões (mácula, pápula, vesícula e crosta). Em recém-nascidos e crianças com comprometimento imunológico, o quadro pode ser mais grave e potencialmente fatal, em virtude do comprometimento visceral da doença. Em adolescentes e adultos, assim como nos imunodeprimidos, a varicela pode evoluir com complicações, principalmente respiratórias. A incidência de herpes zoster em crianças que tiveram varicela antes dos 2 anos de idade é 5 vezes maior do que as que tiveram varicela posteriormente. A ocorrência de varicela zoster após a vacinação contra o VVZ já foi relatada. TRANSMISSÃO Apesar da baixa incidência, os casos de varicela na gestação são de grande importância, pela maior gravidade da doença em adultos e pelo impacto sobre o feto e o recém-nascido. A transmissão da mãe para o bebê pode ocorrer no útero, perinatal ou pós-natal. A infecção intrauterina ou perinatal do feto é facilitada pela transmissão transplacentária. A infecção intrauterina pode ocorrer em qualquer fase da gestação. A transmissão do vírus para o feto ocorre por propagação transplacentária ou por infecção ascendente a partir de lesões no canal de parto. A catapora, que é extremamente contagiosa, é transmitida por • Inoculação da mucosa (geralmente nasofaríngea) via gotículas respiratórias infectadas ou partículas aerossolizadas Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 • Contato direto com o vírus (p. ex., via lesões cutâneas) A catapora é mais contagiosa durante o pródromo e as fases iniciais da erupção. É transmissível 48 h antes do aparecimento das primeiras lesões de pele e até que as lesões finais tenham crostas. A transmissão indireta (por portadores que são imunes) não ocorre. SINAIS E SINTOMAS Em crianças imunocompetentes, a catapora raramente é grave. Em adultos e crianças imunocomprometidos, as infecções podem ser graves. Cefaleia leve, febre moderada e mal-estar podem ocorrer em 10 a 21 dias após a exposição, aproximadamente 24 a 36 h antes de as lesões aparecerem. Esse pródromo é mais provável em pacientes com > 10 anos de idade e é geralmente mais grave em adultos. COMPLICAÇÕES • A infecção bacteriana secundária (tipicamente por estreptococos ou estafilococos) das vesículas pode ocorrer, causando celulite ou, raramente, fasciite necrotizante ou choque tóxico por estreptococos. • Pneumonia pode complicar a catapora grave em adultos, recém-nascidos e pacientes imunocomprometidos de todas as idades, mas não é comum em crianças jovensimunocompetentes. • Miocardite, hepatite e complicações hemorrágicas também podem ocorrer. • Ataxia cerebelar pós-infecciosa aguda é uma das complicações neurológicas mais comuns; ela ocorre em 1/4.000 dos casos em crianças. • Mielite transversa também pode ocorrer. • A síndrome de Reye, uma complicação rara na infância, porém grave, pode se iniciar 3 a 8 dias após o surgimento do exantema; o ácido acetilsalicílico aumenta o risco. Em adultos, encefalite possivelmente fatal ocorre em 1 a 2/1.000 casos de catapora. DIAGNÓSTICO O vírus não pode ser cultivado a partir do recém-nascido acometido, mas o DNA viral pode ser detectado em amostras de tecido por reação em cadeia da polimerase (PCR). O anticorpo IgM específico para VVZ é detectável em amostras de sangue de cordão umbilical de algumas crianças. PROGNÓSTICO Catapora na infância raramente é grave. Doença grave ou fatal é mais provável em: • Adultos • Pacientes com imunidade deprimida de células T (p. ex., câncer linforreticular) • Aqueles que recebem corticoides ou quimioterapia MANEJO PÓS EXPOSIÇÃO E TRATAMENTO A imunoglobulina varicela-zoster (VZIG) tem frequentemente sido administrada à mãe suscetível exposta à varicela para modificar a gravidade da doença materna, sendo algo INCERTO. Da mesma forma, o tratamento com aciclovir pode ser administrado à mãe com varicela grave. A eficácia do tratamento da mulher grávida com aciclovir para evitar ou modificar a gravidade da varicela congênita não é conhecida, mas o seu uso deve ser considerado para proteger a mãe da forma grave da doença. Valaciclovir oral, fanciclovir ou aciclovir deve ser administrado para pessoas saudáveis com risco de doença moderada a grave, inclusive todos os pacientes com ≥ 12 anos e aqueles com doenças cutâneas (em particular eczema) ou doença pulmonar crônica. A dose de fanciclovir é de 500 mg tid e a de valaciclovir é 1 g tid. Aciclovir é uma escolha menos desejável por causa de sua menor biodisponibilidade oral, mas pode-se administrá-lo na dose de 20 mg/kg qid para crianças de até 40 kg. Adolescentes e adultos podem receber aciclovir oral em doses de até 800 mg 4 ou 5 vezes ao dia. Como gestantes têm alto risco de complicações da varicela, alguns especialistas recomendam aciclovir ou valaciclovir oral para gestantes com varicela. Aciclovir é da categoria B de gestação. Recomenda-se aciclovir IV para gestantes com doença grave da varicela. PROFILAXIA Todas as crianças saudáveis e os adultos suscetíveis devem receber 2 doses de vacina de varicela de vírus vivos atenuados. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 A primeira dose é aplicada aos 15 meses, como parte da vacina tetraviral (SCR-V). A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam duas doses da vacina varicela: a primeira aos 12 meses e a segunda entre 15 e 24 meses de idade. VARICELA NEONATAL A varicela neonatal é uma doença grave associada a uma taxa de mortalidade de até 30%. Como a mãe ainda não desenvolveu uma resposta de anticorpos significativa, a criança recebe uma grande dose de vírus sem o efeito moderador do anticorpo anti- -VVZ materno. O efeito moderador dos anticorpos maternos estará presente se o parto ocorrer após cerca de 30 semanas de gestação, quando a imunoglobulina materna (Ig) G é capaz de atravessar a placenta em quantidades significativas. A erupção cutânea começa como máculas e progride rapidamente para pápulas e depois para lesões vesiculares características antes da crosta. Geralmente aparece primeiro na cabeça e depois generaliza. O PCR é o teste de escolha para o diagnóstico de varicela neonatal por ser altamente sensível e específico. Pode detectar o VVZ em swabs ou raspagens de vesículas, crostas, tecido de amostras de biópsia e/ou líquido cerebroespinhal. Também pode distinguir entre VVZ selvagem e cepas de vacina. A vacinação contra varicela, usada para prevenção em crianças mais velhas e adultos, não foi testada para esse fim em recém-nascidos. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Profilaxia do Tetano e da Raiva TÉTANO É uma doença infecciosa aguda não contagiosa, causada pela ação de neurotoxinas do Clostridium tetani sobre as células nervosas do SNC. O clostridium tetani é um bacilo gram positivo, anaeróbio e que sobrevive na forma de esporos. Quando encontra condições anaeróbias, o bacilo deixa de ser esporulado e assume sua forma vegetante. • Bactéria encontrada no solo, terra, poeira, vegetais e fezes de animais. As feridas tetanígenas apresentam corpo estranho, esporo de c. Tetani e tecido desvitalizado (baixo oxigenação). Sua forma vegetante se reproduz e produz toxinas. Em indivíduos não-imunes: tetanospasmina dirige-se através dos nervos ao SNC. A toxina tetânica se liga com interneurônios inibitórios na medula e gânglios dos pares cranianos motores, implicando em neurônios hiperexcitáveis. • Período de incubação: tempo entre ferimento e surgimento dos primeiros sintomas. • Tempo: 5-15 dias • Se PIDevem ser administrados via IM. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 RAIVA • Família: Rhabdoviridae • Gênero: Lyssavirus (filo I e II) • Filogrupo I: RABV (o que circula no Brasil) • Lyssavirus (RNA) TRANSMISSÃO Sua importância deriva do fato de ser letal em aproximadamente 100% dos casos. • Mordida ou arranhadura de animal raivoso ou no pródromo. • Contato da saliva do animal e ferida ou mucosas • Principal transmissor no ciclo urbano: cão ou gato, que eliminam vírus 2-5 dias antes da manifestação da doença e morrem 5 dias após. • O ciclo silvestre ocorre principalmente entre morcego (Desmodus rotundus) e não hematófago, raposas, lobos, macacos. MORDIDA DO MORCEGO HEMATÓFAGO: • Indolor • Elíptica • 0,5 cm no maior eixo • Sangramento ativo devido ao anticoagulante na mordida do morcego • Ocorre em áreas expostas Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 RAIVA CANINA • Manifestação: arredio, taciturno, caminha sem cessar, não atende solicitações, excitabilidade, anorexia, agressividade, auto-flagelação, perda de seletividade alimentar, sialorreia, paralisia motora, mudança timbre latido, aerofobia, hidrofobia. • Morte: 1-11 dias PATOGENIA 1. Replicação viral no músculo 2. Liberado espaço extracelular 3. Placa mioneural e neurotendinal 4. Migração através dos axônios dos nervos periféricos 5. 60-72h atinge gânglios das raízes dorsais 6. Invasão do SNC por meio das conexões sinápticas 7. Disseminação do vírus para tecidos glandulares, miocárdio, músculo, retina. • No momento de replicação viral no músculo é onde a vacina tem maior eficácia • Período de incubação: média de 45 dias (8 dias) QUADRO CLÍNICO: O período de incubação varia de dias a anos, encontrando-se geralmente entre quatro a oito semanas. Fase prodrômica: Usualmente é caracterizada por queixas inespecíficas, como febre, cefaleia, indisposição, mialgias, anorexia e tosse não produtiva, ou seja, sintomas inespecíficos. Acredita-se que tais manifestações sejam decorrentes da disfunção dos nervos periféricos devido à reação imunológica dirigida ao vírus rábico em replicação no gânglio sensitivo (ganglioneuronite). Com a evolução do quadro, começam a surgir sinais indicativos de encefalite, tais como diminuição da acuidade auditiva ou surdez, diplopia, visão turva e estrabismo. A fase neural aguda podem se divididas em: furiosa e paralítica (normalmente essa associada quando transmitido por morcegos); • Forma furiosa: após dois a 10 dias da primeira fase emergem ansiedade grave, excitação e agitação psicomotora. Convulsões generalizadas, meningismo e espasmos musculares involuntários podem fazer parte do contexto clínico, assim como, períodos de confusão mental, intercalados por momentos de lucidez, disartria, hiperestesias, sensibilidade à luz (fotofobia), sensibilidade a ruídos intensos ou brisas leves (aerofobia). É nessa fase que na presença da disfagia com salivação excessiva temos o famoso “espumar pela boca”. • Forma Paralítica: se assemelha à síndrome de Guillain-Barré, podendo dificultar o diagnóstico. Este fato salienta a necessidade da inclusão de testes específicos para a detecção de raiva. Habitualmente, a forma paralítica associa-se à mordedura de morcegos. É marcante a ocorrência de febre, geralmente alta e intermitente. O quadro de paralisia pode determinar, igualmente, alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária aguda e obstrução intestinal funcional. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 Os sinais de disautonomia são observados nas duas formas da doença e incluem pupilas irregulares e dilatadas, lacrimejamento, salivação, sudorese, hipotensão arterial postural/ hipertensão arterial sistêmica, bradicardia, bradiarritmia, taquicardia e insuficiência respiratória (principais causa de morte). o Parestesias o Ansiedade, hiperatividade o Alteração dos sentidos (táctil/auditiva/olfativa/térmica/visual) o Respostas intempestivas o Insônia, pesadelos o Miofasciculação facial o Fácies de pânico o Olhar brilante o Aerofobia/hidrofobia o Convulsão o Paralisia flácida o Arritmia respiratória/cardíaca e morte DIAGNÓSTICO Podem-se empregar métodos de identificação do antígeno rábico, pela técnica de imunofluorescência direta (IFD) em decalques de células da córnea (cornea test), biópsia de pele de couro cabeludo da região occipital (nesta região os folículos pilosos são bastante inervados), amostra de saliva ou líquido cefalorraquidiano (LCR). A pesquisa dos anticorpos no LCR dirigidos ao vírus da raiva deve ser realizada após dez dias de instaladas as manifestações clínicas, sendo feita através dos métodos de ensaio imunoenzimático (ELISA) e imunofluorescência. Embora com mínima participação na rotina de diagnóstico laboratorial da raiva, técnicas de biologia molecular, como o RT-PCR e o semi-nested PT-PCR, têm sido padronizados para a detecção do vírus. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A fase prodrômica inespecífica pode ser confundida com uma infinidade de distúrbios infecciosos, como uma doença viral não específica, mononucleose, bacteremia ou meningite. A raiva paralítica pode ser confundida com síndrome de Guillain-Barré, poliomielite, vírus do Nilo Ocidental e mielite transversa aguda. PROFILAXIA • Lavar com água e sabão • Clorexidina • Álcool a 70% • Não suturar lesão ou debridar • Aproximar bordas, se laceração. • Vacina de cultivo celular (IM-DELTÓIDE NO ADULTO) • Imunoglobulina Humana Hiperimune Antirrábica (20UI/Kg/IM) ou soro Heterólogo (40UI/Kg/IM). A escolha do soro ou imunoglobulina depende do histórico de alergia do paciente. CLASSIFICAR O ACIDENTE: • Local, • Profundidade, • Extensão, • Número de lesões, • Animal (domiciliado?), • Estado aparente de saúde do animal, • Atitude durante o evento Não é necessário vacinar contra raiva se: rato de esgoto, rato de telhado, porquinho-daíndia, coelho, hamster • Acidente com animal silvestre ou morcego: sempre grave!! Não há uma terapia estabelecida para pacientes humanos com raiva. Uma abordagem ao tratamento da raiva humana foi recentemente publicada. Não se sabe se a terapia com um ou mais agentes específicos exerceu um papel importante para o resultado positivo da paciente. Entretanto, daquele momento em diante, houve o registro de no mínimo 13 casos nos quais os principais componentes desta abordagem (o protocolo “Milwaukee”) foram utilizados e que resultaram em desfechos fatais. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Meningoencefalites INTRODUÇÃO ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS MENINGES • Dura-mater: membrana mais externa • Pia-mater: contato com parênquima encefálico, contem vasos sanguíneos • Aracnóide: dois folhetos – parietal (se une a dura mater formando a paquimeninge) e visceral (se une a pia mater e forma a leptomeninge). A doença meningocócica (DM), causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) e os vírus são os principais responsáveis por surtos e epidemias. A meningite meningocócica possui alta morbidade e letalidade. Entretanto a meningite viral é mais frequente que a bacteriana, sendo caracterizada geralmente por quadros benignose autolimitados. É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA! LÍQUOR É responsável pela proteção contra trauma, regulação da pressão intracraniana e por células de defesa. O líquor tem sistema de reabsorção contínua, para manter a pressão estável. Há o plexo coroide no interior dos ventrículos, produzindo liquor que circula do ventrículo lateral, para o terceiro e quarto ventrículo, e por meio dos forames vai para região subarcanoide, circulando na medula e sendo reabsorvido nas granulações aracnoides e no seio sagital. Na presença de inflamação, o patógeno quebra a barreia hematoencefálica, ocorrendo passagem de substâncias do sangue para líquor. • Quantidade normal adulto: 125-200 ml • Pressão R. lombar: 18-25 cm H20 sentado e 5-18 cm H2O em decúbito • Cor: Translúcido (água de rocha), sem hemácias • Citologia: 3-5/mm³, linfócitos • Proteínas: 10-40 mg/100 ml • Glicose: 40-80mg (2/3 Gli sérica) Quando existe uma injúria no parênquima encefálico por conta de uma infecção a glicose pode ser consumida (pelo ataque, o tecido vai precisa de mais energia e vai consumir mais glicose). Se eu tenho uma atividade inflamatória e se a BHE foi quebrada existindo passagem de substâncias do sangue para o líquor pode haver aumento de proteínas. Meningite asséptica é o termo que se refere à síndrome clínica de infecção meníngea onde não há crescimento bacteriano no líquor. Assim, são causas de meningite asséptica: infecções virais e não virais, fármacos, câncer, doenças reumatológicas e metástases tumorais. DEFINIÇÃO Meningite é uma doença que resulta de um processo inflamatório da leptomeninge, que recobre o encéfalo e a medula espinhal. Também ocorre comprometimento do parênquima encefálico, podendo ser chamada de meningoencefalite. As etiologias são diversas, podendo ser causada por bactérias, vírus, parasitas, fungos, medicamentosa e hemorrágica. EPIDEMIOLOGIA • Reservatório natural: homem Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 • Transmissão vias respiratórias ou contato com secreções. • Únicos agentes transmissíveis de pessoa para pessoa: Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. SOMENTE essas duas devem ter profilaxia em relação aos contactantes do doente. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa de incidência é 1,4 caso/100 mil habitante/ano, e letalidade de 22,2%. Os grupos de maior risco são as crianças menores de 5 anos, principalmente as menores de 1 ano, os idosos acima de 60 anos e os imunodeprimidos. PATOGENIA Coloniza a mucosa da via aérea, principalmente nas vias bacterianas. Quebra a barreira, cai na corrente sanguínea, e por quebra da BHE cai no sistema nervoso. Invade a mucosa até atingir a leptomeninge e cair no espaço subaracnóideo, onde se encontra o líquor. Como o líquor não tem tantas células de defesa vai ser um ambiente em que ela vai conseguir se proliferar e multiplicar, induzindo uma resposta inflamatória do organismo, havendo vasodilatação para chegada de mais células, aumentando a permeabilidade capilar dos vasos, havendo aumento de proteínas e formação de exsudato. Toda essa reação inflamatória pode ter complicações, havendo um comprometimento dos vasos, arterite, flebite e tromboses. Se tiver exsudato na convexidade do cérebro com predomínio de polimorfonucleares: meningite bacteriana Enquanto que na meningite por tuberculose e fúngica, geralmente tem comprometimento da base do cérebro, com predomínio linfomononuclear. ETIOLOGIA BACTERIANA: Os principais agentes bacterianos são: Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae. Dentre os fatores associados à meningite bacteriana podemos citar: 1. Faixa etária, porta de entrada ou foco séptico inicial; 2. Tipo e local da infecção no sistema nervoso central (SNC); 3. Imunidade prévia; situação epidemiológica local. VIRAL A incidência se eleva nos meses do outono e da primavera. Tem evolução de forma benigna e autolimitada, sendo a causa mais comum de meningite asséptica. Comumente ocorre em surtos. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 FÚNGICA: Os principais fungos causadores de meningite são do gênero Cryptococcus, sendo as espécies mais importantes a C. neoformans e a C. gattii. Normalmente é dada como: crônica ou subaguda, progressiva e que oferece risco de vida, altamente associado a pacientes imunossuprimidos (transplantados ou HIV). Em geral, cursa com comprometimento neurológico importante, apresentando evolução grave. Associa- - se a elevado risco de complicações, como hipertensão intracraniana e de sequelas, como paralisia permanente de nervos cranianos, déficit cognitivo e hidrocefalia. CLASSIFICAÇÃO DAS MENINGOENCEFALITES • Etiologia: bacteriana, viral, fúngica, protozoário • Evolução: aguda (1-5 dias) / insidiosa (10- 15 dias) • Gravidade: bacteriana/fúngica/TB/herpética são as mais graves. Tem relação com a precocidade do tratamento. MODO DE TRANSMISSÃO A transmissão ocorre através do contato com secreções respiratórias do portador do agente patogênico (inalação), havendo necessidade de contato íntimo. As meningites virais (especificamente causadas por enterovírus) geralmente são transmitidas por via fecal- oral. Os vírus atingem o SNC por via hematogênica (enterovírus) ou neuronal (HSV). No caso das meningites bacterianas, o agente etiológico pode atravessar a barreira hematoencefálica por acesso direto, contiguidade, via hematogênica e derivações liquóricas. MENINGOENCEFALITE BACTERIANA • Urgência médica: deve ser feito o diagnóstico e tratamento precoce • Infecção por gram negativos ou gram positivos. • Início súbito Fatores de risco: traumatismo cranioencefálico ou raquimedular, fístulas liquóricas, otites médias, mastoidite, sinusite, desnutrição grave, imunodeficiência (O HIV por si só não aumenta o risco de meningite aguda). Buscar: procurar fatores de risco ou foco de infecção (como por exemplo paciente que vinha com quadro clínico de otite) para dentro desse fator de risco, ter presunção etiológica e instituir ATB empírico. • Listeria monocytogenes compromete principalmente os extremos de idade Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 DIAGNÓSTICO CLÍNICO • Início abrupto até 5 dias; • Febre elevada e persistente, cefaleia e vômitos; • Mal-estar generalizado, astenia, anorexia, palidez; Sinal de Lasegue: paciente refere dor à elevação do membro inferior estendido sobre a bacia Sinal de Kernig: flexão passiva da coxa sobre a bacia, em ângulo reto, com dor e resistência à extensão do joelho. Sinal de Brudzinski: flexão involuntária da perna ao se tentar fletir a cabeça do paciente. Sinais meníngeos (rigidez de nuca, Lasègue, Brudzinski, Kernig), hipertonia abdominal, opistótono, contratura da musculatura paravertebral, postura antálgica. SÍNDROME DE HIPERTENSÃO INTRACRANIANA: O paciente com meningite pode evoluir para a síndrome da hipertensão craniana e a suspeita de pressão intracraniana aumentada se dá quando o paciente apresenta uma cefaleia muito intensa, que não responde a analgesia, irritabilidade, vômitos (sem naúseas), abaulamento de fontanelas em lactentes, fundo de olho (hiperemia papila/edema papila), convulsões e alteração de consciência. • Se HIC > 40 cm H20:o Pupila fixa Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 o Midríase unilateral o Paresia contralateral à midríase o Descerebração ou decorticação o Bradicardia e hipertensão arterial = Fenômeno de Cushing SÍNDROME ENCEFÁLICA: Sonolência, estupor, obnubilação, coma, estado confusional, paresias, distúrbios visuais, auditivos e afasia. SÍNDROME TOXÊMICA: Queda importante do estado geral, febre alta, delirium, e quadro confusional. Sinal de Faget (dissociação pulso- - temperatura) pode estar presente. SÍNDROME DA IRRITAÇÃO MENÍNGEA: Rigidez nucal, sinal de Kernig, sinal de Brudzinsk e desconforto lombar. Principais sinais e sintomas presentes na meningite bacteriana: MENINGITE VIRAL São comuns manifestações gastrointestinais (vômitos, hiporexia, diarreia e dor abdominal), respiratórias (tosse, faringite) e ainda erupção cutânea. No exame físico observa-se um bom estado geral associado aos sinais de irritação meníngea. Em geral, cursa com bom prognóstico e a recuperação do paciente é completa. Tende a ser autolimitada, a duração do quadro é geralmente inferior a uma semana. MENINGITE TUBERCULOSA: Estágio I: Tem duração de 1 a 2 semanas, sintomas inespecíficos (febre, mialgias, sonolência, apatia, irritabilidade, cefaleia, anorexia, vômitos, dor abdominal e mudanças súbitas do humor), e pode estar lúcido. Estágio II: Surgimento de evidências de dano cerebral com aparecimento de paresias, plegias, estrabismo, ptose palpebral, irritação meníngea e HIC. Podem surgir manifestações de encefalite, com tremores periféricos, distúrbios da fala, trejeitos e movimentos atetóides. Estágio III ou período terminal: Déficit neurológico focal, opistótono, rigidez de nuca, alterações do ritmo cardíaco e da respiração e rebaixamento do nível de consciência, incluindo o coma. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Meningoencefalites de outras etiologias • Hemorragia subaracnóide – pode haver cefaleia, febre e rigidez de nuca (sabe, pois, quando punciona só vem sangue) o Abcessos cerebrais • Trombose de seio venoso DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico das meningites bacterianas é através da análise do LCR. A presença de alguns sinais e sintomas indicam a realização da tomografia computadorizada de crânio antes da punção lombar, e, a depender do resultado, a contraindica. COLETA DO LÍQUOR POR PUNÇÃO LOMBAR: Contraindicação se: infecção no sítio de punção, discrasia sanguínea, rebaixamento nível consciência, convulsão ( 500cél/ml com PMN), o normal é ter de 3-5 linfócitos/mm3 • Proteína (100-500mg): acima do valor de referência • Glicorraquia (glic 37,8°C • Corticóide (dexametasona-0,15mg/kg 6/6horas):2-4 dias. antes ou simultâneo ao ATB. Redução do número de sequelas neurológicas se iniciar corticoide antes ou junto da dose de ATB em casos de pneumococos e haemophilus. 2. CRISES CONVULSIVAS: Diazepam, fenitoína ou carbamazepina 3. CHOQUE SÉPTICO 4. INÍCIO DE TERAPIA ANTIMICROBIANA SEM RETARDO: Instituição de antibioticoterapia empírica conforme a suspeita clínica, o mais precocemente possível, de preferência logo após a punção lombar e a coleta de sangue para hemocultura. A antibioticoterapia imediata não impede a coleta de material para exames diagnósticos, mas recomenda-se que a coleta seja feita o mais próximo possível do início do antimicrobiano. • Ceftriaxona (ação contra hemófilos, pneumococo e meningococo) dose adulto: 2g, IV, 12/12 horas. • Em caso de listeria deve associar com ampicilina: as doses de ATB para penetrar SNC deve ser máxima • Diminuição da resistência do pneumococo à penicilina • Melhora em 48 a 72 horas • Se não houver melhora em 72h: avaliar novamente e refazer a punção lombar DURAÇÃO: • Meningococo: 7 dias • Pneumococo/hemófilos: 10 dias • Listéria/estafiloco/pseudomonas/enterobacté rias: 21 dias • Estreptococos grupo B: 14-21 dias Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 USO DE CORTICOESTEROIDE – DEXAMETASONA EM MENINGITE BACTERIANA: Eficaz em crianças com meningite por H. influenzae com evidência de benefício na redução de sequela neurológica e perda auditiva. Meningite por S. pneumoniae: o uso não é consensual, mas pode ser considerado. Alguns estudos demonstraram redução na mortalidade e sequelas. Deve ser administrada antes ou concomitante à primeira dose de ATB, dose de 0,15mg/kg 6/6h EV, mantendo por 2 a 4 dias. Em situações de choque o uso é discutível, há controvérsias a respeito da influência favorável ao prognóstico MENINGITE VIRAL: Tratamento antiviral específico somente nos casos de meningite herpética (HSV 1 e 2 e VZV) com Aciclovir endovenoso. 10MG/KG/DOSE, A CADA 8H, POR 14-21 DIAS.MENINGITE FÚNGICA: Segue tabela abaixo do tratamento da meningite cripto cócica. 5. NOTIFICAÇÃO À SECRETARIA DE DOENÇA COMPULSÓRIA. CRITÉRIOS DE CURA • Desaparecimento de febre e sintomas: 1-3 dias de antibiótico • Punção lombar se dúvida. Realizar entre 7-10 dia de tratamento. Reservada para casos em que não houve resposta ao tratamento. • LCR: redução de neutrófilos e redução de proteínas. Glicose aumenta. • Se febre após 4 dias de ATB: avaliar complicações Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 9 PROFILAXIA • Contactantes de MB por meningococo/ hemófilos. Ex: moradores mesma casa, creches, mesma sala de aula e professores. Profissionais de saúde (iot/resp boca-boca) • Rifampicina (adultos: 600mg-12/12horas): 2 dias para meningo e 4 dias para hemófilos Deve ser iniciada, idealmente, até 48 horas da exposição, podendo ser usada até 10 dias no caso de doença meningocócica ou até 30 dias no caso de H,influenzae. Para os menores de um ano contactantes não vacinadas, deve ser utilizada a vacina tetravalente nas meningites por H. influenzae. QUIMIOPROFILAXIA: Está indicada somente para os contatos próximos de casos de meningite por H. influenzae e doença meningocócica. Considera-se como contato próximo moradores do mesmo domicílio, indivíduos que compartilham o mesmo dormitório e etc. MENINGOENCEFALITE VIRAL • Agente etiológico: o Vírus da caxumba, herpes simples, HIV, CMV o Enterovírus são os mais comuns (Coxsackievírus, Echovírus): transmitidos por via fecal oral ou gotículas QUADRO CLÍNICO • Agudo • Febre, cefaleia, vômitos não alimentares, estado geral regular, sonolência, sinais meníngeos. Normalmente evolução para cura (5-10 dias) espontaneamente Se causada pelo HSV1 é de alta gravidade e letalidade: febre elevada, rebaixamento nível de consciência e sinais focais. Pode evoluir para encefalite necrotizante difuso DIAGNÓSTICO LCR: • Claro • Pressão de abertura normal ou elevada • Pleocitose moderada (15 dias) • Agentes etiológicos: Mycobacterium tuberculosis/ Cryptococcus neoformans • Quadro clínico: febre, cefaleia, adinamia, sonolência, vômitos, fotofobia, confusão mental. DIAGNÓSTICO LCR: • Celularidade:mas a chance de aparecer bacilo é bem menor quando comparada ao pulmão. Não detecta BK paucibacilares ( Bacilos mortos. TUBERCULOSE GANGLIONAR USG/TC Biópsia BAAR Cultura Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 Indicações: casos novos TB pulmonar ou laríngea em adultos e adolescentes sem/com maior vulnerabilidade; diagnóstico de TB extrapulmonar em materiais validados. Triagem de resistência à rifampicina em casos de retratamento ou com suspeita de falência ao tratamento. EXAME BACILOSCOPIA CUSTO Baixo DIAGNÓSTICO Bom SEGMENTO Bom (mas não ideal) TRATAMENTO EXAME CULTURA CUSTO Alto DIAGNÓSTICO Mais ou menos (tardio) SEGMENTO Excelente TRATAMENTO Perfil de resistência EXAME PCR CUSTO Alto DIAGNÓSTICO Ótimo SEGMENTO Pouco útil TRATAMENTO Bom HISTOPATOLOGIA Serve para investigar a biópsia. Útil na TB extrapulmonar; presença de granuloma com necrose de caseificação, infiltrado histiocitário e presença de BAAR. RASTREAMENTO DE ILTB Só iremos rastrear aqueles indivíduos que potencialmente se beneficiarão do tratamento da tuberculose latente. • Contato nos últimos 2 anos de pacientes com TB pulmonar ou laríngea; • Pessoa vivendo com HIV com TCD4+ > ou igual a 350cél; • Pessoas em uso de inibidor de TNF-alfa ou corticoides > igual a 15mg de prednisona; • Pessoas com silicone; • Pessoas com alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequelas de TB; • Pré transplante que irão fazer terapia imunossupressora; • Neoplasia de cabeça e pescoço, linfomas e etc; • Neoplasia em terapia imunossupressora; • DM; • Insuficiência renal em diálise; • Baixo peso • Tagabistas • Calcificação isolada sem fibrose na radiografia de tórax PPD É a aplicação intradérmica do derivado proteico de cepas M. tuberculosis. Observa-se a pápula por 48-96h. Resultado: • Não reato (10mm) (normalmente em diabetes) Se der positivo é porque houve reação e os linfócitos do paciente reconheceram as cepas. Isso acarreta no pensamento de que o paciente já entrou em contato com o agente causador da TB ou que ele tenha recebido a vacina recentemente, por isso esse teste não é realizado em crianças de 1 ano por exemplo, pois pressupõe-se que a criança tenha acabado de ser vacinada. QUANDO PEDIR ESSE EXAME? Indicação: para infecção latente BK, imunização por BCG ou outras micobacterias. Se eu, por exemplo, tomei a vacina quando eu nasci, se meu PPD der alto é porque eu me expus à doença. É um exame tardio e é mediado por resposta de linfócitos, então com uma pessoa que possui HIV e poucos linfócitos, não vai servir. Dez anos após a vacina da BCG, apenas 1% das provas tuberculínicas positivas serão devidas à vacinação. Logo, é muito mais provável que um adulto que tenha uma prova tuberculínica positiva se trate de um caso de ILTB, mesmo ele tendo sido vacinado quando bebê. Falsos negativos: • Desnutridos; • Imunodeprimidos; • Uso de medicação imunodepressora; • Diabetes mellitus; e Insuficiência Renal; Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 • Gestantes; TRATAMENTOS Os antibióticos utilizados no tratamento da TB interfe- rem na maquinaria enzimática ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial à sobrevivência do bacilo. Os fármacos só atuam onde existe metabolismo, ou seja, onde a infecção está ativa, e não latente. Estes serão destruídos pelo sistema imunológico do indivíduo. Dura cerca de 6 meses e envolve 4 drogas -> minimizar as chances de recidiva e resistência. E o acompanhamento do paciente com PCR não é viável, pois a metodologia não segrega o resultado dos vacilos viáveis dos que já foram atingidos. As drogas utilizadas serão: • Rifampicina (R); • Piracinamida (Z); • Etambutol (E); • Isoniazida (H) ATENÇÃO: cuidado ao utilizar IBPs e anticoncepcional, pois essas drogas interagem de forma ruim com os tuberculostatos. Fase de tratamento: • Fase intensiva – 2 primeiros meses – RHZE; • Fase de manutenção – após 4 meses – RH; • Fase de manutenção em meningo TB – 10 meses – RH + prednisona (1-mg/kg/dia) 6-8 semanas Visa evitar a hipertensão craniana e também utilizada em tuberculose pericárdica. Em crianças não é recomendado o uso de etambutol. Diagnosticamos o paciente com tuberculose, preciso solicitar mais outro exame pro paciente? O de HIV, TGO e TGP pela medicação poder causar hepatotoxicidade. A parte mais importante para se pedir a baciloscopia é no segundo mês, dai em diante tem que dar zerado. Caso tenhamos uma baciloscopia positiva ao final do segundo mês: fazer cultura para micobactéria com teste de sensibilidade + prolongamento da fase de ataque (RHZE) por mais 30 dias. QUIMIOPROFILAXIA Com ILTB no PPD, o paciente tem risco de adoecer fazer prevenção com isoniazida (5-10mg/kg/dia) no máximo 300mg por 6-9 meses (caso seja HIV faz por 9 meses). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 9 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – HIV AIDS INTRODUÇÃO As características do HIV consistem em: • É um retrovírus, possuindo 2 subtipos (1 e 2), sendo o 1 mais comum no país e o 2 mais comum no continente africano; • Acabar por se tornar uma doença crônica; • Tem um longo período de latência clínica; • Tem uma replicação viral persistente ainda que persista sem sintomas; • Envolve o SNC, os medicamentos não conseguem agir sobre esse local, impossibilitando a cura. O tempo entre a exposição ao HIV e a evolução para AIDS -sem a presença de terapia antirretroviral- para o HIV- 1 é de 5 a 8 anos, sendo um pouco longo para o paciente com HIV-2. A proteína gp120 e gp41 (transmembrana) são as proteínas que se comunicam com o linfócitosp. • Fungos: pityrosporum spp, cândida spp., trichophytum spp., epydermophytum spp. • Vírus: herpesvirus ▪ Artrópodes: demodex folliculorum Genitourinária: • Cocos gram positivos: C. epidermidis, S. aureus, S. beta hemolítico, S. alfa-hemolitico, streptococos grupo D, peptostreptococcus spp., peptococcus spp. • Bastonetes gram-positivos: corynebacterium spp., clostridium spp., lactobacillus spp., mycobacterium smegmatis • Bastonetes gram negativos: E. coli, Klebisiela spp., enterobacter spp., proteus spp., gardnerella vaginalis, acinetobacter sp., bacterioides spp., fusobacterium spp. • Cocos gram-negativos: branhamella catarrhalis, veillonella parvula, neisseria sp. • Leveduras: cândida sp. • Micoplasma: mycoplas spp., ureaplasma sp. Trato respiratório: • Cocos gram-positivos: Staphylococcus coagulase-negativo, Staphylococcus aureus, Streptococcus alfa hemolítico, Streptococcus beta-hemolítico, Streptococcus grupo D, peptostreptococcus spp., peptococcus spp. • Bastonetes gram-positicos: corynebacterium spp. • Cocos gram-negativos: neisseria spp., branhamella catarrahalis, veillonella spp. • Bastonetes gram-negativos: haemophilus spp., cardiobacterium hominis, moraxella spp. • Micoplasma: mycoplasma spp. Trato digestivo: • Cocos gram-positivos: S. coagulase negativo, S. grupo D, S. alfa hemolítico, S. beta hemoliico, peptoestreptococos spp., peptococcus spp. • Bastonetes gram-positivos: lactobacillus spp., corynebacterium spp., acnetomyces spp., rothia dentocariosa, bacterionema matruchoti, arachnia propionica • Cocos gram-negativos: neisseria spp., branhamella catarrhalis, veiollonella parvula • Bastonetes gram-negativos: bacterioides spp., fusobacterium spp. E. coli, Klebisiela spp., enterobacter spp., proteus spp., pseudomonas sp., selenomonas sputigena, campylobacter spp., actinobacillus spp., capnocytophaga sp., leptotrichia bucalis • Fungos: cândida spp. INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO • 3º lugar entre as IRAS. • Podem ser evitadas em até 60% dos casos. ISC associadas às cirurgias com colocação de implantes: menos frequentes, porém com maior morbidade. Sintomas dolorosos persistentes, reoperações, potencial perda do implante com redução da qualidade de vida, aumento considerável nos custos de tratamento e, algumas vezes, óbito. INCISIONAL SUPERFICIAL Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia e envolve apenas pele e subcutâneo. • Pelo menos 1 dos seguintes: o Drenagem purulenta da incisão superficial o Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial obtido assepticamente A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia, calor; exceto de a cultura for negativa; Diagnóstico de infecção superficial pelo médico assistente ou pelo cirurgião INCISIONAL PROFUNDA Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até 90 dias se houver colocação de prótese, e envolve tecidos moles profundos à incisão (ex: fáscia e; ou músculos) • Pelo menos 1 dos seguintes: o Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não de órgão, cavidade o Deiscência espontânea profunda ou abertura da ferida pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas: temp >38°C, dor ou tumefação local. o Presença de abcesso ou outra evidência de que a infecção envolve os planos profundos da ferida, identificada em exame clínico, anatomopatológico ou exame de imagem Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo médico assistente ou cirurgião. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 ORGÃO/CAVIDADE: Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia ou até 90 dias se houver colocação de prótese; envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia. • Pelo menos 1 dos seguintes: o Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente o Presença de abcesso ou outra evidencia que a infecção envolva planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou exames de imagem o Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente ANTIBIOTICOPROFILAXIA Não é rotineiramente indicado para cirurgias limpas não complicadas, sem colocação de próteses. • Inicio do ATB deve ocorrer 1 horas antes da incisão (2 horas para vancomicina e fluorquinolonas). • Pode ser necessária dose adicional em cirurgias prolongadas. • ATB deve ser condizente com as recomendações (cobrir a flora normal daquele tecido que está sendo invadido) • Duração: deve ser descontinuado nas primeiras 24h após cirurgias; exceto nas cirurgias cardíaca estende-se até 48 horas. • Aumento do tempo de profilaxia antimicrobiana na emergência de cepas resistentes. VIGILÂNCIA DAS IRAS A vigilância pode ser realizada pelo método direto ou indireto: • Método direto: observação direta e diariamente por um dos membros treinados da equipe de saúde no período de 24-48 h após o procedimento • Método indireto: o Equipe de controle de infecção o Revisão de informes do laboratório o Discussão com os cirurgiões e pacientes o Screening de readmissões dos pacientes no hospital INFECÇÕES DE CORRENTE SANGUÍNEA Infecções primárias da correte sanguínea (IPCS) são consequência de infecções sistêmicas graves, bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável. • Manifestação clínica: febre, calafrios, hipotensão, choque séptico, secreção purulenta no óstio do cateter. • Prolongamento de tempo de internação. PATOGENIA: • 2 primeiras semanas: o Colonização extraluminal: bactérias da pele alcançam a corrente sanguínea após terem formado “biofilmes” na face externa do dispositivo • Após este período: colonização da via intraluminal • Infusão de soluções contaminadas • Colonização da ponta do dispositivo por disseminação hematogênica Classificação: • Cateter de curta permanência ( 14 dias) CRÍTERIOS PARA NOTIFICAÇÃO: PREVENÇÃO: • Evite passar cateter venoso central em veias Femorais em Adultos: maior risco de infecção / TVP. • A inserção em Subclávia é melhor do que na veia Jugular, mas indicação depende do contexto (complicações não infecciosas) • Use o máximo possível de barreiras estéreis durante passagem de CVC: Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 o Higiene correta das mãos o Máscara, gorro, avental estéril e luvas estéreis devem ser usadas por todos os profissionais envolvidos no procedimento. o Uso de campos ampliados o Mesmos cuidados devem ser tomados durante troca com uso de fio-guia Use antisséptico à base de Clorexidina para preparo de pele de crianças maiores de 2 meses o Antes da inserção, aplique solução alcóolica contendo >0,5% de clorexidina no local de inserção ou troca de curativo o A solução antisséptica deve secar antes da punção. Após a inserção: Desinfecção do hub e conector com álcool 70% ou clerexidina antes de manipulação e remover CVC desnecessários. PNEUMONIA ASSOCIADA A ASSISTÊNCIA A SAUDE Pneumoniaé uma infecção pulmonar identificada pela utilização de uma combinação de critérios: imagem radiológica, clínicos e laboratoriais. Pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV): associada a quadro após 48 horas da intubação ou após extubação no dia anterior ao diagnóstico de PAV. PATOGÊNESE: Ocorre por aspirações de organismos das vias aéreas superiores, inoculação exógena de material contaminado ou refluxo do TGI. • Raramente é causada por disseminação hematogênica. PAV geralmente acomete segmentos mais posteriores do lobo inferior. Tende a ter mais de um patógeno. FATORES DE RISCO: Fatores que aumentam a colonização da orofaringe e estômago por microrganismos: • ATB • Admissão em UTI • DPOC Condições que favorecem aspiração do trato respiratório ou refluxo do TGI: • Intubações subsequentes • Sonda nasogástrica • Posição supina • Coma • Procedimentos cirúrgicos envolvendo cabeça, pescoço, tórax e abdome superior • Imobilização prolongada Condições que requerem uso prolongado de ventilação Fatores do hospedeiro CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE UMA PNEUMONIA RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE: PREVENÇÃO PAV: • Cabeceira elevada (30-45º): evita broncoaspiração de secreção supra-glótica • Adequar diariamente o nível de sedação e teste de respiração espontânea • Aspirar a secreção subglótica rotineiramente • Fazer higiene oral com clorexidina 0,12% Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 • Fazer uso criterioso de bloqueadores neuromusculares, pois diminui os reflexos, aumentando o acúmulo de secreções • Dar preferência para utilizar VNI • Evitar extubação não programada (acidental) e reintubação • Cuidados com o ventilador, umidificador e aspirador • Monitoramento da pressão de cuff • Dar preferência a intubação orotraqueal INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO Infecção do trato urinário relacionada à assistência à saúde associada à cateter vesical é qualquer infecção sintomática de trato urinário em paciente em uso de cateter vesical de demora instalado por um período maior que 48h e que na data na infecção o paciente estava com o cateter instalado ou este havia sido removido no dia anterior. • Maioria relacionada à cateterização vesical • Sempre considerar em pacientes sem foco aparente • 35-45% das IRAS, pois 16-25% dos pacientes internados usam sonda vesical em algum momento. • Infecção intra ou extraluminal (mais comum): adesão da bactéria ao epitélio urinário. • Crescimento bacteriano inicia logo após a instalação do cateter, numa proporção de 5-10% ao dia. Podem ser classificadas quanto: ao sítio anatômico, a provável origem do patógeno, a presença ou não de complicação, a presença ou não de cateter, a presença ou não de sintomas e a recorrência do quadro. Quanto ao sítio anatômico pode ser uma infecção do trato urinário baixo (cistites) ou do trato urinário alto (pielonefrites). No que diz respeito a origem do patógeno, este pode ser advindo da comunidade caracterizando uma ITU comunitária ou hospitalar. A ITU geralmente é causada por bactérias gram- negativas (BGN) originárias da flora intestinal, de modo que a Escherichia coli é o principal agente causador. No entanto, em mulheres com vida sexual ativa o coco gram-positivo Staphylococus saprophyticus é o segundo patógeno causador. No contexto hospitalar, deve-se atentar para a prevalência maior de Pseudomonas sp., Enterococcus e Staphylococcus aureus. CISTITE: Sintomas de disúria (dor ou dificuldade de micção) associado a polaciúria, urgência miccional, dor em região suprapúbica e hematúria. Idosos podem ter apresentações atípicas como alteração do nível de consciência e/ou alterações do comportamento. PIELONEFRITE: Febre, vômitos e náuseas. Além destes, o sinal de Giordano (punho percussão da loja renal) positivo, dor lombar. ITU ASSOCIADA A CATETER: A febre é também um sinal comum, muitas vezes associada a desconforto no flanco ou suprapúbico, sensibilidade no ângulo costovertebral e obstrução do cateter. Pacientes com lesão medular podem apresentar sintomas inespecíficos e atípicos como espatiscidade, mal-estar e letargia. Já indivíduos que retiraram o cateter recentemente e evoluem com ITU costumam ter disúria, frequência e urgência. PREVENÇÃO: A urocultura é o exame que define diagnóstico de ITU devendo ser solicitada com antibiograma para avaliar o perfil de sensibilidade do respectivo patógeno. O ideal é realizar a coleta da urocultura antes do início do antibiótico empírico. A coleta da urocultura pode ser feita através do jato médio da urina após higiene íntima da região. O resultado é positivo quando encontra-se uma contagem ≥ 105 Unidades Formadoras de Colônia por mL (UFC/mL). Vale ressaltar que, naqueles pacientes em uso de cateter vesical, a coleta da urina para urocultura jamais deve ser realizada a partir da bolsa coletora que armazena a urina. No entanto, quando não é possível realizar a técnica acima, pode ser feita a coleta da urina para amostra através da porta do cateter destinada a aspiração, devendo a mesma ser limpa antes do procedimento. É indicado o tratamento de bacteriúria assintomática apenas nas seguintes condições: gestantes, neutropênicos, transplantados de órgãos sólidos ou pré-operatório de cirurgias urológicas ou colocação de próteses. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 Pode também ser realizada, de forma mais simples a análise da urina por meio do sumário de urina/urina tipo 1, com isso, alguns sinais sugerem infecção no resultado: leucocitúria, nitrito positivo e hematúria. Quando a contagem dos leucócitos está >10/mL fala-se em piúria. Quanto aos exames de imagem, os mesmos devem ser solicitados em caso de ausência de melhora da febre após 72h, ITU recorrente ou quando se suspeita de complicações, como por exemplo os abscessos. Pode ser solicitada ultrassonografia que permite visualização de cálculos, cistos e abscessos. TRATAMENTO PRIMEIRAMENTE, é preciso de antemão realizar tratamento empírico até que se obtenha o resultado da urocultura e antibiograma. SEGUNDAMENTE, avaliar se o quadro é mais sugestivo de uma cistite ou pielonefrite, ou se tem presença ou não de sonda. Pielonefrite em que não seja indicada internamento, deve receber a 1ª dose do antibiótico endovenoso ainda no serviço de emergência. TERCEIRAMENTE, caso for mulher com sintomas de ITU, solicitar BETAHCG para confirmar gravidez, gestantes tem tratamento diferenciado. QUARTAMENTE, associado a cateter, antes do início do tratamento medicamentoso é recomendada a retirada da sonda vesical e avaliação se há persistência da bacteriúria após 48h. Havendo persistência da bacteriúria, o tratamento deve ser iniciado com duração 10-14 dias com base na urocultura. Caso o paciente não possua infecção por gram-positivo o tratamento pode ser feito com Ceftriaxone 2g/dia ou Ciprofloxacina 400 mg, EV, 10/10h. Em caso de suspeita de Pseudomonas deve-se utilizar Ceftazidima 2g, 8/8h, já se houver suspeita de Enterococos pode ser utilizada Vancomicina 1h, 12/12h. Caso não seja possível retirar a sonda o tratamento deve ser iniciado de imediato de modo presuntivo. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com- 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Arboviroses INTRODUÇÃO Arboviroses são as doenças causadas pelo chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika, febre Chikungunya e febre amarela. A classificação “arbovírus” engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos). SÃO DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DENGUE Transmitidos por mosquitos do gênero Aedes (principalmente o Aedes aegypti e o Aedes albopictus). A dengue é provocada por um flavivírus da amília Flaviviridae e do gênero Flavivirus e que possui quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 - antigenicamente distintos. O flavivírus possui: o Bicamada lipídica + glicoproteína E + proteína M o Nucleocapsídeo de simetria icosaédrica que abriga as proteínas do core (C) e RNA de fita simples o A fita de RNA possui genes que codificam as proteínas estruturais (C, prM e E) e 7 proteínas não estruturais É uma doença de notificação compulsória, o que implica dizer que o médico é obrigado a informar ao Ministério da Saúde não só os casos em que foi confirmada a doença, mas também todos os casos em que se levantou a suspeita da doença. PATOGÊNESE DA DENGUE Nenhuma hipótese isoladamente é capaz de esclarecer todos os mecanismos envolvidos nas formas graves. TEORIA DA FACILITAÇÃO DEPENDENTE DE ANTICORPOS: Na primo-infecção, o organismo consegue dar conta do problema produzindo uma série de anticorpos que são específicos para aquele sorotipo invasor. No entanto, caso ocorra uma reinfecção por outro tipo do vírus, esses anticorpos podem até se ligar ao patógeno, mas não são efetivos em detê-los e, como se não bastasse, essa ligação ainda favorece a entrada dos vírus nas células, o que potencializa a sua multiplicação e, consequentemente, o quadro clínico do paciente (mais citocinas e mediadores inflamatórios). TEORIA DA VIRULÊNCIA VIRAL: • Relação complexa entre as variantes genéticas do DENV e a resposta imune do hospedeiro • Variações genéticas dentro do mesmo sorotipo – genótipos RESPOSTA IMUNE E “TEMPESTADE DE CITOCINAS”: • Profundo desarranjo na homeostase das citocinas • Formas brandas - Th1 • Formas graves - Th2 o Níveis aumentados de IL-4, IL-6 e IL-10 o Níveis reduzidos de IFN-γ e IL-12 • A supressão da resposta Th1 estaria relacionada à imunoamplificação. TEORIA DA MULTICAUSALIDADE: Advoga que o que define se a doença será grave ou não, na verdade, é a interação entre vários fatores, que vão desde a virulência própria do patógeno até condições ambientais e também do próprio paciente que está sendo infectado (tais como comorbidades prévias, idade, entre outras). FISIOPATOLOGIA O vírus penetra na corrente sanguínea e nesse primeiro momento ele vai se deslocar preferencialmente para 3 locais: 1. Monócitos; 2. Linfonodos; 3. Musculatura esquelética; Dessa forma, acontece respectivamente, a contaminação pelo vírus, a invasão dos monócitos/linfonodos e musculatura esquelética, Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 replicação com maquinaria humana, multiplicação e disseminação pelo corpo do hospedeiro. QUADRO CLÍNICO A Dengue como um quadro febril agudo (de no máximo 7 dias) e que vem acompanhado de pelo menos 2 dos seguintes sintomas: Dor retroorbitária, mialgia, prostração, cefaleia, artralgia, exantema FORMAS CLÍNICAS – FASE FEBRIL Tem duração de 2 a 7 dias. Caracterizada por febre alta (39ºC a 40ºC) de início abrupto, associado a cefaleia, adinamia, mialgia, artralgia e dor retro-orbital. • Além disso, o paciente também pode ter anorexia, náuseas e vômitos. • Diarreia pouco volumosa, numa frequencia de 3-4x (diferencia de gastroenterites) O exantema está presente em cerca de 50% dos casos e na maioria das vezes se apresenta no padrão máculo- papular, afetando todo o corpo do paciente (face, tronco e membros), não poupando plantas de pés e palmas de mãos. Pode vir com ou sem prurido. • Maior parte entra em fase de convalescência. FORMAS CLÍNICAS – FASE CRÍTICA Após a fase febril, boa parte dos pacientes evoluem direto para a recuperação, havendo melhora dos sintomas e do estado geral. Contudo, uma parte das pessoas podem entrar na fase crítica, que comumente ocorre entre o 3º e o 7º dia de doença. Caracteriza-se por uma melhora da febre, pode ocorrer o aumento da permeabilidade capilar e extravasamento de plasma com possível evolução para o choque, associada ao desenvolvimento de sinais de alarme, os quais são os do quadro anterior. A hemoconcentração, evidenciada pelo aumento progressivo do hematócrito (Ht) é o principal achado laboratorial na identificação de extravasamento capilar, de modo que ela é capaz de definir a gravidade do paciente. DENGUE GRAVE A dengue provoca um quadro de inflamação sistêmica afetando especialmente as paredes dos vasos, o que leva a um aumento da permeabilidade vascular e favorece o extravasamento de plasma, evoluindo para choque ou acúmulo de líquidos. Esse quadro pode levar à: o Desconforto respiratório o Sangramento grave o Sinais de disfunção orgânica (coração, pulmões, rins, fígado e SNC Quadro clínico semelhante ao observado no comprometimento desses órgãos por outras causas • Derrame pleural e ascite • Aumento do hematócrito: por extravasamento de plasma ocorre uma hemoconcentração • Redução dos níveis de albumina: perda de plasma A redução de plaquetas torna mais difícil o processo de tamponamento. É justamente por conta dessa complicação que é contraindicado para os pacientes com diagnóstico ou suspeita de Dengue, o uso de medicamentos como o ácido acetil-salicílico (AAS) e os AINEs, já que eles afetam a cascata de coagulação e por isso podem acabar estimulando ainda mais as hemorragias. É importante incluir na nossa solicitação de pacientes com Dengue Grave, uma série de exames para avaliar função orgânica geral como, por exemplo: TGO e TGP, ECG, ureia e creatinina pela disfunção orgânica que é causada. CHOQUE O choque sucede quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento, o que geralmente ocorre entre os 4 ou 5 dias de doença, na maioria das vezes precedidos de sinais de alarme. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 A deterioração para o choque normalmente se dá dentro de um intervalo de 24 a 48 hrs – ATENÇÃO!, costumando evoluir para óbito ou recuperação com terapia adequada em um intervalo de 12 a 24 hrs. O choque prolongado leva à hipoperfusão de órgãos e consequentemente comprometimento progressivo destes, resultando em acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada (CIVD). Isso A CIVD, por sua vez, leva a hemorragias graves, causando diminuição de hematócrito e piora do choque. • ICA e miocardite = queda da fração de ejeção e choque cardiogênico • SARA, pneumonites e sobrecargas de volume = desconforto respiratório. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 DIAGNÓSTICO Até 5 dias: Durante os 5 primeiros dias da doenças, o paciente ainda não vai ter desenvolvido sorologia para Dengue: 1. Pesquisa de antígeno viral (NS1); 2. Teste de amplificação genética (RRT-PCR); 3. Imuno-histoquimica tecidual 4. Cultura Mas além disso, outras 2 coisas muito importantes com relação à dosagem de NS1 são: a) ela deve ser feita até o 3º dia da doença pois depois disso a sua acurácia começa a cair bastante; e b) caso opaciente já tenha tido Dengue antes, essa exame também perde um pouco do seu valor diagnóstico. A partir de 5 dias: Do sexto dia em diante, aqueles métodos que de ver aqui não serão mais tão válidos para fazer o diagnóstico do paciente e é por isso que entra em cena a sorologia com pesquisa de anticorpos IgM e IgG. Para diagnostico, nesse momento importa mais o IgM. AVALIAÇÃO E MANEJO DO PACIENTE Para conseguirmos definir isso, então, a gente vai acompanhar a seguinte sistematização: 1. assim que for levantada a suspeita de Dengue, nós já vamos investigar a presença de sinais de alarme e 2. a depender da resposta nesse item, a gente já consegue definir se o paciente estará no eixo A/B ou no eixo C/D. Caso seja um paciente A/B, o que resta para nós fazermos é descobrir se ele tem alguma condição especial e que precise de um acompanhamento diferenciado - como é o caso de gestantes, crianças, idosos e portadores de doenças crônicas. Se não tiver nada disso, nós o colocamos como A; e se tiver, como B. Já no eixo C/D, por sua vez, o que vai ser diferente para a gente é se há presença de sinais de uma daquelas 3 complicações principais (o choque, a hemorragia e a disfunção orgânica). Se o paciente não tiver nada disso, só os sinais de alarme, ele será C; se tiver, será D. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 PROVA DO LAÇO A prova do laço é um teste que deve ser feito em todos os pacientes com suspeita de dengue que não apresentem sangramento espontâneo. • Desenhar um quadrado de 2,5 cm de lado no antebraço da pessoa e verificar a PA • Calcular o valor médio (PAS+PAD)/2 • Insuflar novamente o manguito até o valor médio e manter por 5min em adulto (em crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de petéquias ou equimoses. • Contar o número de petéquias no quadrado. A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças. Uma prova do laço positiva indica que o paciente tem uma fragilidade capilar. EXAMES COMPLEMENTARES • Eritrograma: hemoconcentração; • Leucograma: normal ou leucopenia. Linfocitose relativa. • Plaquetas normais ou baixas • Enzimas hepáticas: normais ou discretamente elevadas • Proteínas plasmáticas: hipoalbuminemia CONFIRMAÇÃO LABORATORIAL • Detecção de antígenos virais: NS1, isolamento viral, RT-PCR e imuno-histoquímica - até o 5º dia o Se positivo: confirmam o caso o Se negativo: nova sorologia deve ser feita • ELISA – a partir do 6º dia (pesquisa de anticorpos) TRATAMENTO Vamos classificar os pacientes os dividindo em grupo A, B, C, D. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 GRUPO A: O paciente do grupo A é aquele com que a gente menos se preocupa porque ele está bem e desenvolvendo um quadro clássico da doença que tende a regredir dentro de dias. GRUPO B: Já o grupo B é aquele em que, apesar de os pacientes estarem bem, eles possuem alguma condição de base que pode piorar com o quadro de dengue, como é o caso de doenças cardiovasculares, por exemplo. GRUPO C: O paciente agora está em um quadro grave. Então a primeira questão que muda é que agora ele precisa ser internado e aí ele vai receber reposição volêmica imediata. Além disso, esses pacientes também precisam ser submetidos a todos os exames diagnósticos e mais um pouco, o que inclui: - Hemograma; - Transaminases; - Albumina Sérica; - Ureia e Creatinina; - Glicemia; - Gasometria; - ECG/ECO; - Radiografia de Tórax; - USG de Abdome. GRUPO D: Já está em um quadro tão grave que precisa ser manejado na sala de emergência, sendo que ele também receberá medicamentos para controle de sintomas, fará todos aqueles exames do grupo C e receberá reposição volêmica imediata. CHIKUNGUNYA: A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus CHIKV - do gênero Alphavirus e família Togaviridae - que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus. Estrutura viral: o RNA de hélice simples o 4 proteínas não estruturais o 5 proteínas estruturais Célula-alvo mais relevante é o fibroblasto. 3 linhagens genotípicas com características antigênicas diferentes (ECSA, Asian, West Africa). Assim que é infectado pelo vírus, o paciente entra em um período de incubação que pode durar entre 1 e 12 dias (média de 3-7 dias) e só depois disso é que ele entra no período sintomático da doença, o qual pode ser dividido em 3 fases distintas: • Fase aguda (febril); • Fase subaguda; • Fase crônica Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 7 ESPECTRO CLÍNICO • Período de incubação extrínseco (vetor): 10 dias, o tempo necessário para o Aedes poder transmitir o vírus • Período de incubação intrínseco (ser humano): 3-7 dias, tempo entre a infecção e o início dos sintomas • Viremia: 2º ao 8º dia • Até 70% apresentam infecção sintomática FASE FEBRIL OU AGUDA: • Geralmente essa fase dura em média 14 dias. • Paciente apresenta febre alta de até 40º que dura no máximo 10 dias. • Presença de poliartralgia intensa e incapacitante (punho, mãos e tornozelo). Paciente apresenta febre de início súbito até o 7º dia. Além disso tudo, o paciente também pode cursar com rash eritematoso maculopapular (2º e 5º dia), pruriginoso (1/4 dos pacientes), e outras manifestações cutâneas: dermatite esfoliativa, lesões vesículobolhosas, hiperpigmentação, fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais. • Cefaleia e fadiga. FASE SUBAGUDA: • Inicia por volta do 15º dia, a qual pode se estender por até 3 meses. É marcada por desaparecimento da febre e persistência ou agravamento do quadro articular, com poliartrite distal, exacerbação da dor articular, edema, tenossinovite hipertrófica, podendo levar a complicações como a Síndrome do Túnel do Carpo. • Astenia, fadiga e sintomas depressivos. • Recorrência do prurido generalizado. • Exantema maculo-papular. FASE CRÔNICA: Por fim, depois de 3 meses os pacientes costumam evoluir para a recuperação mesmo, no entanto, uma pequena parcela acaba entrando numa 3ª fase da doença que é a fase crônica. É marcada por persistência da dor articular e musculoesquelética, dor neuropática e comportamento flutuante. • Pode atingir mais da metade dos pacientes. • Fatores de risco: idade > 45 anos, sexo feminino, desordem articular preexistente e maior intensidade das lesões articulares na fase aguda Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 8 • Alguns pacientes evoluem com artropatia destrutiva semelhante à artrite psoriática ou reumatoide. • Pode durar de 3 a 6 anos. MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS GRAVES: EXAMES LABORATORIAIS GERAIS: FASE AGUDA: • Leucopenia com linfopenia • Plaquetadepois) CONDUTA: TRATAMENTO: Não há tratamento viral específico para Chikungunya. Na fase aguda, o ideal é fazer o controle dos sintomas como Paracetamol e, se necessário, associar com Dipirona ou Codeína. Além disso, se o paciente estiver com queixa de dor neuropática, a gente também deve associar drogas específicas como Amitriptilina ou Gabapentina. Já na fase subaguda, por sua vez, nós poderemos investir em AINEs e glicocorticoides, ao passo em que na fase crônica, o que poderemos fazer é prescrever Hidroxicloroquina (associado ou não a Sulfassalazina) por 6x – o Metotrexate, nesses casos, fica como segunda opção por ser um medicamento mais tóxico. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 10 • Tratamento de suporte e sintomático. • Analgésicos: acetominofeno ou dipirona • AAS: não recomendado • Narcóticos (morfina) • Fase crônica: o Corticosteróides o AINES para artrite o Metotrexato: imunomodulador o Fisioterapia para alivio das dores ZIKA E MICROCEFALIA A Zika é uma arbovirose, causada pelo vírus ZIKAV - do gênero Flavivirus - que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. ASPECTOS CLÍNICOS: • Transmissão majoritariamente VETORIAL Existem relatos de possível transmissão perinatal, sexual, ocupacional e por transfusão sanguínea. Passa por um período de incubação que dura de 2-14 dias ➢ 80% das infecções são assintomáticas O outros 20%, no entanto, podem apresentar um quadro de exantema máculo-papular pruriginoso, febre baixa, fadiga e hiperemia conjuntival. Esse vírus possui o que chamamos de “neurotropismo”, ou seja, é um vírus que gosta do tecido nervoso e isso pode levar a uma série de complicações graves, sendo as mais comuns: a) Síndrome de Guillain-Barré, uma doença desmielinizante que cursa com dor e fraqueza muscular progressiva, além de perdas motoras e paralisia flácida; b) Microcefalia, que é uma má formação do sistema nervoso central devido ao ataque do vírus a células ainda em fase de migração e diferenciação, de modo que a criança se apresenta com redução do perímetro cefálico, além de comprometimento neuropsicomotor significativo. COMPLICAÇÕES: • Síndrome de Guillain-Barré • Microcefalia MICROCEFALIA: Umas das possíveis complicações da infecção gestacional é a microcefalia, que refere-se à medida do perímetro cefálico (PC) inferior ao esperado para a idade e sexo (abaixo de 2 desvios-padrão). O Ministério da Saúde, em consonância com a Organização Mundial da Saúde, considera 32 cm (percentil 2.6 para meninos e 5.6 para meninas) a medida padrão mínima para o PC do recém-nascido (RN). Grupos de risco: gestantes durante o 1º trimestre de gestação moradores de zona rural, ausência de medidas profiláticas O risco é muito maior no primeiro trimestre da gestação devido ao período de formação do SNC do feto, no entanto, o risco de infecção neonatal pelo feto é muito maior no terceiro trimestre. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: • Isolamento viral • Detecção de RNA viral por reação da transcriptase reversa (RT-PCR) • Sorologia IgM O diagnóstico de ZIKA deve ser confirmado por meio da dosagem de RT-PCR que pode ser feita no soro (até o 7º dia) ou na urina (até o 14º dia), sendo que no caso do teste na urina é recomendado associar esse achado à dosagem de IgM anti-ZIKA e ao teste de PRNT. Agora, uma vez passado os 14 primeiros dias da doença, aí nossa saída será investir apenas no IgM anti-ZIKA e no PRNT. PREVENÇÃO Por fim, por ser uma doença com potencial de ser sexualmente transmissível, além de todo o controle com o vetor, é fundamental orientar quanto à prática sexual protegida, especialmente os homens que devem evitar fazer sexo desprotegido durante toda a gravidez da esposa, ou por pelo menos 6 meses após infecção, ou por 8 semanas após viagem para área de risco. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 11 Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Leptospirose INTRODUÇÃO A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda caracterizada por amplo espectro clínico, podendo apresentar quadros assintomáticos e oligossintomáticos, além de formas graves e fulminantes como a Sindrome de Hemorragia Pulmonar e síndrome ou tríade de Weil. Trata-se de uma zoonose causada por uma bactéria helicoidal (espiroqueta) do gênero Leptospira. Trabalhadores envolvidos no manejo de animais, mineiros, militares, agricultores de culturas de campos alagados são mais predispostos à infecção. TRANSMISSÃO Contato com urina de rato e outros animais ou contato com água ou solo contaminados. A penetração do microrganismo ocorre através da pele com presença de lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas. A incubação varia de 1 a 30 dias (média entre 5 e 14 dias). ESPÉCIES E SOROVARES • 1960: o Leptospira interrogans - todas as leptospiras patogênicas o Leptospira biflexa - formas de vida livre (saprófitas) • Mais de 200 sorovares patogênicos e 60 sorovares saprófitos • Principal determinante antigênico – LPS da membrana externa • Agrupados em sorogrupos por similaridade antigênica • Sorovares apresentam seletividade por determinados hospedeiros • Principal causa de leptospirose aguda grave nas grandes cidades brasileiras: o sorovar Copenhageni/sorogrupo Icterohaemorrhagiae → seletividade por ratos (Rattus spp.) o sorovar Canicola/sorogrupo Canicola → seletividade por cães EPIDEMIOLOGIA • 0,1 a 1 caso/100.000 - clima temperado • 10 a 100 casos/100.000 - Regiões tropicais úmidas o Maior sobrevida das leptospiras em solo úmido de clima quente – meses ou anos o Países em desenvolvimento - precárias condições de drenagem e saneamento • Taxas subestimadas pois 85 a 90% cursam com formas brandas • Forma sintomática mais comum em homens entre 18 e 40 anos • Adoecimento tem relação com nível socioeconômico e índice pluviométrico PATOGÊNESE Existem dois aspectos principais da patogênese da leptospirose: (1) a lesão direta do endotélio vascular, levando a uma espécie de “capilarite generalizada”; (2) adesão das leptospiras à membrana das células, determinando lesão ou disfunção celular, desproporcional aos achados histopatológicos. Isso quer dizer que podemos ter disfunção orgânica com pouca ou nenhuma inflamação. A disfunção endotelial induzida pela leptospira determina extravasamento de líquido para o terceiro espaço e fenômenos hemorrágicos, característicos da doença, especialmente na sua forma grave. A síndrome febril pode ser decorrente da liberação de citocinas induzida por fatores de virulência da leptospira. Na forma grave de leptospirose os órgãos mais afetados são o fígado, o rim, o pulmão, o coração e o músculo esquelético. A disfunção hepática leva ao aumento de bilirrubina e aminotransferases. A disfunção tubular leva ao aumento de sódio e potássio. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 Isso explica por que eventualmente a insuficiência renal aguda da leptospirose pode não ser oligúrica e frequentemente não cursa com hipercalemia. FISIOPATOLOGIA Não apresentam tropismo seletivo por determinado tecido ou órgão. Através da disseminação via hematogênica, as leptospiras atingem os órgãos-alvo (fígado, rins e pulmões). • 14 a 28 dias após infecção, colonizam lúmen do túbulos proximais e posteriormente depuração mediada pelo sistema imune nos tecidos, com sobrevivência seletiva nos túbulos renais. Os hospedeiros excretam leptospiras por tempolimitados e reservatórios (como ratos e cães) excretam leptospira por toda a vida. • Resposta inflamatória sistêmica com ativação endotelial difusa, secreção de citocinas e estresse oxidativo, semelhante FORMAS GRAVES: RENAL: • A disfunção tubular predomina no túbulo proximal, elevando significativamente a fração excretória de sódio e de potássio. Como o sódio “puxa” a água, vai haver uma perda de volume, associada a uma hipocalemia. Com isso, paciente cursa com insuficiência renal aguda não oligúrica e desidratação. A desidratação leva à uma má perfusão renal, necrose tubular aguda e evolução para forma mais grave, com oligúria e hipercalemia. • Deve ser feita vigorosa reposição de volume em pacientes com leptospirose para prevenção de evolução para quadros mais graves. HEMORRAGIA PULMONAR: • Hemorragia pulmonar com depósitos lineares de imunoglobulina e complemento, o que leva à produção de autoanticorpos contra antígenos do septo alveolar. • Etiologia multifatorial • Caracterizada por tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. TROMBOCITOPENIA: • Pode ser devido a uremia • Marcadores de ativação endotelial e ativação plaquetária que consomem as plaquetas • Secreção de enolase que interage com a plasmina do hospedeiro, levando à ativação e depleção plaquetária único das leptospiras QUADRO CLÍNICO – FASE PRECOCE OU LEPTOSPIRÊMICA • Período de incubação: 5 a 14 dias • Essa fase corresponde a cerca de 85% das formas clínicas. Início abrupto de febre (38-40º), cefaleia, anorexia, mialgia (principalmente na panturrilha), náuseas e vômitos. Maioria não identificada e notificada - “síndrome gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. • Diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. • Exantema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré- tibial - 10-20% Podem ocorrer hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia, sendo menos comum. Em geral, é autolimitada, com duração de 3 a 7 dias. É difícil diferenciar essa fase de outras causas de doenças febris agudas. Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose, observado no final da fase precoce. Outros achados são petéquias e hemorragias conjuntivais e Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 mialgia, principalmente em região lombar e nas panturrilhas. QUADRO CLÍNICO – FASE TARDIA OU IMUNE Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que se iniciam normalmente após a primeira semana da doença. A fase imune começa com o recrudescimento da febre, porém de menor intensidade. Neste momento, determinadas complicações reativas podem ocorrer, como meningite asséptica e uveíte. Estas complicações são decorrentes de fenômenos de hipersensibilidade. A meningite asséptica (manifestação neurológica mais comum da doença) clinicamente manifesta, ocorre em 15-40% dos pacientes. LABORATÓRIO: o hemograma costuma demonstrar leucocitose com desvio à esquerda, tal como outras infecções bacterianas clássicas. A leucometria encontra-se na faixa entre 3.000-26.000/mm3. A plaquetopenia é um achado frequente na leptospirose (provavelmente por “consumo” de plaquetas em consequência à ativação endotelial), ocorrendo em até 50% dos casos, geralmente com valores entre 50.000- 100.000/mm3. O hematócrito pode estar elevado (hemoconcentração), normal ou levemente reduzido. O VHS geralmente está elevado. As enzimas musculares, como a CPK, estão elevadas em 50% dos casos. FORMA ÍCTERO-HEMORRÁGICA: A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia rubínica, insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. LABORATÓRIO: leucocitose mais acentuada e maior frequência de plaquetopenia. O VHS pode ultrapassar 90 mm/h – uma característica marcante desta síndrome. Além de apresentar uma hiperbilirrubinemia. Enquanto isso, as aminotransferases elevam-se pouco, não ultrapassando 200 U/L na maioria dos pacientes. Geralmente, a icterícia aparece entre o 3º e o 7º dia da doença e sua presença costuma ser usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognóstico. A insuficiência renal aguda é uma importante complicação da fase tardia e ocorre em 16 a 40% dos pacientes. A hemorragia pulmonar é uma complicação importante na fase tardia, decorrente de lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço, caracterizada por tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é comum, apresentando-se com elevação das escórias nitrogenadas, geralmente não superiores a 100 mg/dl de ureia e 2-8 mg/dl de creatinina. Outras complicações da forma grave são miocardite com ou sem choque, arritmias agravadas por distúrbios eletrolíticos, pancreatite, anemia, distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea e meningite asséptica. Mais raramente, pode-se observar encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite. FASE DE CONVALESCÊNCIA • Astenia e anemia • Eliminação de leptospiras pela urina – UMA SEMANA OU MAIS Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 • A icterícia desaparece lentamente, podendo durar por semanas. • Níveis de anticorpos diminuem progressivamente • Uveíte uni ou bilateral - irite, iridociclite e coriorretinite - até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos. ABORDAGEM DO PACIENTE O diagnóstico é clínico-epidemiológico, sendo um caso suspeito o indivíduo que apresenta febre de início súbito, mialgias e cefaleia, associados a um dos critérios: o Critério 1: antecedentes epidemiológicos sugestivos (contato físico com áreas alagadas, lama ou esgoto, principalmente após fortes chuvas e ocorrência de enchentes, residência ou trabalho em áreas de risco da doença) nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas. o Critério 2: pelo menos um dos seguintes sintomas: sufusão conjuntival, sinais de IRnA, icterícia e/ou aumento de bilirrubinas ou fenômeno hemorrágico. INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR Com sinais de alerta = internamento + antibioticoterapia + medidas de suporte direcionadas para os órgãos-alvo. Sem sinais de alerta = tratamento ambulatorial o Antibioticoterapia sempre que há suspeita de leptospirose o Mais efetivo se iniciado no início da doença o Orientação quanto à hidratação, uso de sintomáticos e busca por atendimento médico para reavaliação após 24 a 72 horas o Orientar retorno se surgimento de sinais de alerta DIAGNÓSTICO EXAMES INESPECÍFICOS • Hemograma: o Anemia normocrômica o Plaquetopenia o Leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda • Elevação da bilirrubina total, com predomínio da fração direta • Gasometria arterial - acidose metabólica e hipoxemia • Aumento de U e Cr • K normal ou diminuído • CPK elevada: lesão muscular grave • Transaminases normais ou tocadas • FAL E GGT normais ou elevadas • Baixa densidade urinária, proteinúria, hematúria microscópica e leucocitúria • LCR - pleocitose linfomonocitária ou neutrofílica moderada (abaixo de 1.000 células/mm3 , comum nasegunda semana da doença, mesmo com ausência clínica da evidência de envolvimento meníngeo) • RX de tórax: infiltrado alveolar ou lobar, bilateral ou unilateral, congestão e SARA • ECG: fibrilação atrial, BAV e alteração da repolarização ventricular • Gasometria arterial = acidose metabólica, hipoxemia; EXAMES ESPECÍFICOS Em fase precoce, ocorre o isolamento da bactéria através de exame direto, cultura para Leptospira em sangue e detecção do DNA pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR). Em fase tardia, são utilizados métodos sorológicos (a partir do 7º dia do início dos sintomas) como: • Ensaio imunoenzimático (ELISA-IgM). • Teste de Microaglutinação – MAT (padrão- ouro): o Soroconversão com duas amostras, sendo a primeira amostra (fase aguda) não reagente e a segunda amostra (14 dias após a data de início dos sintomas) com título maior ou igual a 200. o Aumento de quatro vezes ou mais nos títulos da MAT, entre duas amostras sanguíneas coletadas com um intervalo de aproximadamente 14 dias após o início dos sintomas entre elas. o Uma amostra com título maior ou igual a 800. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Em fase precoce: dengue, síndrome gripal, malária, febre maculosa, doença de Chagas aguda, toxoplasmose aguda, febre tifoide, entre outras. Em fase tardia: hepatites virais agudas, hantavirose, febre amarela, malária grave, dengue grave, endocardite, febre maculosa, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite, sepse, meningites, abdome agudo. TRATAMENTO O tratamento antibiótico tem como principais objetivos: (1) reduzir a intensidade e duração dos sintomas; (2) reduzir a morbimortalidade na forma grave – a síndrome de Weil. A terapia antibiótica deve ser iniciada o quanto antes, de preferência nos primeiros cinco dias do início dos sintomas A azitromicina e a claritromicina são alternativas terapêuticas na fase precoce. Para a síndrome de Weil, as medidas de suporte são fundamentais, incluindo a hidratação venosa para Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 reposição da volemica, a reposição de potássio quando necessária, o acompanhamento da função renal, com a possibilidade de diálise precoce na IRA oligurica, manejo de hemorragias com transfusão de hemoderivados e observação do estresse pulmonar, entrando com ventilação mecânca em caso de SARA grave. • Fase tardia: preferência pela ceftriaxona. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Covid-19 INTRODUÇÃO Os coronavírus são vírus de RNA envelopados com um dos maiores genomas virais, responsáveis por infecções tanto em animais (morcegos, camelos, felinos, porcos, vacas, aves etc.), quanto em humanos. Nos seres humanos, estes causam até 1/3 das infecções do trato respiratório adquiridas na comunidade, assim como possuem um papel relevante dentre as infecções graves entre adultos e crianças. Existem 4 gêneros entre os coronavírus: • alfa, beta, delta e gama, sendo que os 6 subtipos infectam humanos sendo: • 2 do gênero alfa (HCoV-229E e HCoV-NL63) e • 4 do beta (HCoV-HKU1, HCoV- -OC43, MERS- CoV, SARS-CoV e SARS-CoV-2). É muito similar ao SARS-CoV e, por este motivo, foi chamado de SARS- -CoV-2. Inclusive, ambos utilizam o mesmo receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) para infectar a célula hospedeira por meio da ligação deste receptor com a proteína S na superfície do vírus. TRANSMISSÃO Até então, o que se sabe é que a transmissão ocorre por meio de gotículas contendo o vírus as quais são eliminadas por uma pessoa contaminada ao falar/tossir/espirrar, podendo contaminar tanto por contato direto com uma pessoa a distância de até 1-2m ou por contato com objetos contaminados. É maior a contaminação quando em ambientes fechados e contatos prolongados. O período de incubação, ou seja, o tempo entre exposição ao vírus e o início dos sintomas é de 2-14 dias e, cerca de 3 dias antes do início dos sintomas as pessoas infectadas já podem contagiar outras. Alguns pacientes apesar de infectados não desenvolvem sinais e sintomas da COVID-19 sendo, portanto, portadores assintomáticos do vírus e por isso também desempenham, não se sabe o quanto, papel na transmissão do mesmo. QUADRO CLÍNICO Um caso suspeito é todo aquele que possui um quadro clínico com sinais e sintomas que sugerem COVID-19. Caso confirmado refere-se à confirmação da infecção pelo vírus por meio de testes diagnósticos em pacientes sintomáticos ou assintomáticos. A apresentação clínica varia indo desde um quadro de síndrome gripal - com febre > 38ºC, tosse, dispneia, dor de garganta, anorexia, cefaleia ou mialgia-, até sintomas inespecíficos como diarreia, náuseas, vômitos, anosmia (perda do olfato) e ageusia (perda do paladar) e coriza. OU SEJA, TOTAL SINTOMAS INESPECÍFICOS! No quadro clínico moderado o paciente tem sinais clínicos de pneumonia, ou seja: febre, tosse, dispneia e respiração acelerada, mas sem sinais de gravidade e mantendo boa saturação. No quadro grave a pneumonia passa a possuir critérios de gravidade como: frequência respiratória (FR) >30, desconforto respiratório grave ou SatO2 ≤ 90% em ar ambiente. A classificação de um caso como crítico diz respeito aqueles pacientes que apresentam suspeita ou confirmação de COVID-19 e que apresentam síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) ou sepse ou choque séptico. COMPLICAÇÕES: Processos trombóticos estimulados pelo vírus outros pela cascata de citocinas inflamatórias que o mesmo causa nos diversos tecidos do corpo, sendo estas complicações manifestações neurológicas (acidente vascular encefálico, agitação, delirium, meningoencefalite, transtornos do humor e do sono), embolia pulmonar aguda e síndrome coronariana aguda. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 FATORES DE RISCO Algumas condições referentes ao paciente são consideradas como fatores de risco no contexto desta pandemia: idade > 60 anos (risco aumenta com a idade), doença crônica não transmissível (diabetes, hipertensão, doença cardíaca, doença pulmonar crônica, doença cerebrovascular, doença renal crônica, imunossupressão e câncer), tabagismo. EXAMES DE IMAGENS A tomografia computadorizada (TC) tem sido o principal exame de imagem que têm contribuído para esta complementação diagnóstica. • A TC desempenha um papel central uma vez que permite a detecção precoce da pneumonia em pacientes com pelo menos 3 dias de sintomas. • Só deve ser solicitado em pacientes hospitalizados ou que tenham indicação • Não deve ser usado como rastreio ou teste de primeira escolha; O principal achado são as opacidades em vidro fosco com distribuição periférica e subpleural com envolvimento de múltiplos lobos, sobretudo, os inferiores. A radiografia de tórax (Rx) tem um papel menos importante pelo fato dos principais achados de imagem da doença serem vistos apenas pela TC e a reduzida sensibilidade da Rx para tais achados, porém ainda assim a Rx segue sendo útil no acompanhamento de pacientes internados permitindo um monitoramento do acometimento pulmonar DIAGNÓSTICO Porém, além deste diagnóstico clínico (que não vem a ser específico para COVID-19) é possível realizar diagnóstico laboratorial e exames de imagem. • RT-PCR: é realizado por meio de coleta de amostra de material do trato respiratóriosuperior (TRS); • Detecta o RNA viral e possui elevada especificidade e sensibilidade, portanto, é o padrão-ouro no diagnóstico da COVID-19; O melhor momento para realizar o RT-PCR entre o 3º e 7º dia do início dos sintomas. • Já a sorologia visa identificar/quantificar os anticorpos IgG e IgM que o corpo humano irá produzir ao entrar em contato com o SARS- CoV-2. É variável entre os pacientes (após 7 dias para início da identificação do IgM e após 11 para o IgG), este teste não é bom para diagnóstico da fase aguda da doença apesar de cumprir um papel de identificar aquelas pessoas que já tiveram contato com o vírus. Não se sabe se essa imunidade é protetora. MANEJO DE ATENDIMENTO 1. Direcionar para local específico da unidade; 2. Instruções ao paciente (uso de máscara e etiqueta respiratória); 3. Precauções de contatos e gotículas pela higiene adequada das mãos, luvas, avental e afins; 4. Precaução para aerossóis caso realize procedimentos como intubação orotraqueal, ventilação não invasiva, traqueostomia, ressuscitação cardiopulmonar, broncoscopia Para aqueles pacientes com quadro leve, deve-se sempre orientar quais os sinais de alerta que, caso surjam, deve significar um retorno do paciente ao serviço de saúde de urgência. São eles: dor torácica, tontura, dispneia, desidratação. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 TRATAMENTO Até o momento, o tratamento da COVID-19 é sintomático e de suporte, ou seja, não há até então tratamentos eficazes direcionados para eliminar o vírus do organismo. Diretriz recente publicada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tissologia (SBPT) apresentou uma relação de medicamentos que vêm sendo estudado. Esta diretriz é amparada em evidências científicas e com base nestas apenas o uso de heparina em dose profilática (devido ao maior risco destes pacientes desenvolverem complicações trombóticas) e antibacterianos (em caso de suspeita de infecção associada) foram recomendados para o tratamento de condições associadas à COVID-19. Ou seja, medicamentos muito aventados como: hidroxicloroquina, oseltamivir, lopinavir, heparina em dose terapêutica, corticoides e tocilizumabe não possuem recomendação de uso para tratamento farmacológico. Além disso, para pacientes com quadro moderado/grave/crítico costuma ser necessário oferecer suporte de oxigênio que pode ser realizado através de cânula nasal para até 5L/ min, Venturi 6-10 L/min, porém cateter nasal de alto fluxo (CNAF) e ventilação não invasiva como CPAP/ BiPAP não devem ser uma indicação de rotina devido ao potencial de disseminação de aerossóis que estes dispositivos acarretam. Já pacientes com suporte ventilatório (invasivo ou não) se beneficiam do uso da dexametasona 6mg/1vez ao dia/por 10 dias devido ao impacto deste medicamento na redução da mortalidade nesse perfil de pacientes. INDICAÇÃO DE IOT: • Não consegue manter uma saturação >94%; • FR > 24 ipm Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781TCD4 da célula humana. A enzima transcriptase reversa é quem vai fazer a transcrição do vírus RNA -> DNA. Já a integração do DNA do vírus com o humano é feita pela enzima Integrase. As proteínas virais são ativadas pela enzima Protease. ENTRADA DO HIV NA CÉLULAS: • Entrada e fusão na célula; • Transcrição reversa; • Integração do DNA da célula; • Replicação viral; • Brotamento; • Maturação viral; A interação com o linfócito TCD4 promove uma mudança conformacional na gp120 que expõe o sítio de ligação de um correceptor. Dois correceptores podem estar presentes nas células hospedeiras: CCR5 e CXCR4. A ligação do correceptor, por sua vez, produz mais uma mudança conformacional que leva à exposição da gp41. Em seguida, a gp41 que realiza a fusão entre o envelope externo do vírus e a membrana da célula. No interior do citoplasma, tem início o processo de transcrição reversa. Quando a transcrição do RNA genômico em DNA dupla-fita termina o capsídeo se abre liberando o DNA proviral. Contudo, para que o DNA proviral penetre o núcleo da célula é preciso que a mesma esteja ATIVADA. Quando isso acontece, o DNA proviral é “costurado” ao DNA humano por ação da enzima viral integrase. Uma vez integrado ao genoma do hospedeiro, o DNA proviral começa a ser “lido” e, tanto RNA mensageiro quanto RNA genômico começam a ser sintetizados. O RNAm é traduzido em proteínas. Essas, por sua vez, se organizam próximo à membrana plasmática, onde são clivadas pela enzima viral protease tornando-se funcionalmente ativas. Assim, o vírus vai sofrer um brotamento e vai ser liberado para o sangue. O vírus que sofre brotamento leva consigo parte da membrana do hospedeiro para se “esconder” da imunidade humana. ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS: Não só os linfócitos que são atacados pelo HIV, mas sim o sistema imunológico completo. A taxa de linfócito 2 semanas • Infecção transfusional • Pessoas >60 anos de idade • Fatores genéticos e desnutrição • Co-infecção hepatite b e hepatite c • Infecção CMV ou herpes AIDS: • Ter HIV é ter a infecção pelo vírus. Ter AIDS é ter a síndrome da imunodeficiência adquirida. AIDS: Dois testes positivos para anticorpos HIV + CD4o Linfoma não Hodgkin o Câncer de colo de útero invasivo o Sarcoma de Kaposi: apresenta manifestações cutâneas mucosas com aparecimento de placas elevadas, violáceas e que podem ser sangrantes. Diagnóstico é feito através de biopsia. o Linfoma primário de sistema nervoso central DIAGNÓSTICO: Se dá por exames sorológicos para detecção de anticorpos e antígenos do HIV. Em testes como o western blot (WB), imunoblot (IB) ou imunoblot rápido (IBR), os testes moleculares (TM) são muito úteis para confirmar a presença da infecção pelo HIV. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 Porém, existe um período entre a exposição do indivíduo e a detecção do vírus, durante o qual nenhum teste atualmente disponível pode definir o resultado da amostra. Atualmente, os testes moleculares são os mais eficazes para a confirmação diagnóstica, por permitirem o diagnóstico de infecções agudas e/ou recentes e apresentarem melhor custo-efetividade. Contudo, resultados com falso-reagentes ainda existem nesses testes e, diante dessa diversidade de cenários, não é possível a utilização de apenas um fluxograma para cobrir todas as situações que se apresentam para o diagnóstico da infecção pelo HIV. Etapa I: testes imunoenzimáticos (elisa ensaio de imunoabsorbâncialigado a enzima) – teste rápido o Sensibilidade e especificidade: 98% o Se essa etapa for positiva, solicita-se etapa II Etapa II: confirmatório (TM ou Western Blot) ou PCR ou carga viral TESTE RÁPIDO PARA HIV: O ELISA é um imunoensaio de 4ª geração que detecta o antígeno p24 e anticorpos anti-HIV, tendo uma janela imunológica de 15 dias. Sua sensibilidade e especificidade é de 99%. Reagente: Quando houver formação de duas linhas coloridas: uma, na área de teste (T) e outra, na área de controle (C). Não reagente: Quando houver formação de uma linha colorida, somente na área de controle (C) Inválido: Quando não houver linha colorida, na área de controle (C). QUAL A INDICAÇÃO PARA TESTE RÁPIDO: o Gestantes o Parturientes o Abortamento espontâneo o Acidente com material biológico o PSF/consultório de rua (vulnerabilidade social) o Violência sexual o Diagnóstico de tuberculose, não importa a forma clínica o Pronto-atendimento. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 5 Por exemplo: um paciente jovem convulsiona, vai para urgência e é realizado uma tomografia de crânio que apresenta lesões sugestivas de toxoplasmose e o paciente não tinha diagnóstico de HIV. Assim sendo, como a toxoplasmose é uma IO deve ser realizado o teste rápido. COMO FUNCIONA O FLUXO? Solicita-se o teste rápido. Válido? Sim. Pode ser: negativo (teste liberado como não reagente). Se o paciente disser que teve uma exposição a menos de 5 dias deve-se explicar que ele pode estar no período de janela imunológica (período inicial em que a infecção já está estabelecida, porém os anticorpos anti-HIV ainda não apareceram) e que deverá repetir o teste daqui a 30 dias. Caso o teste rápido seja reagente, deve-se realizar um segundo teste rápido em um laboratório diferente de uma marca diferente. TESTE DA SALIVA: • Detecta IgG na saliva e tem como vantagem o fato de não expor os profissionais ao risco de acidente biológico, já que a saliva não transmite o HIV. • A janela imunológica do teste da saliva é igual a de todos os outros testes rápidos: 30 dias WESTERN-BLOT: • Detecção de anticorpos contra antígenos do HIV • Positivo: presença de ao menos 2 bandas das 3 principais • Quanto mais antiga for a infecção, maior será o número de bandas positivas. MARCADORES DE INFECÇÃO PELO HIV: Os exames de 4ª geração detectam ao mesmo tempo anticorpos anti-HIV de todas as classes (IgM, IgG, IgA e IgE. Além de antígenos circulantes produzidos diretamente pelo vírus (o p24 do capsídeo viral), permitindo estabelecer diagnóstico em 15 dias. Quando paciente é positivo? o Dois testes rápidos de fabricantes diferentes o Teste confirmatório (WB-IB/carga viral RNA) TRATAMENTO: QUANDO TRATAR? Todos os pacientes com diagnóstico de HIV, independentemente do valor de linfócitos TCD4. Porque? Para preservar a imunidade do paciente e reduzir a carga viral, reduzindo o risco de transmissão, além de reduzir a atividade inflamatória que a própria presença do vírus causa. TRATAMENTO DE URGÊNCIA MÉDICA: Nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. O esquema preferencial para o PEP (profilaxia pós exposição) é coformulação tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) em um único comprimido associada com atazanavir (ATV) 300 mg e ritonavir 100 mg. Importante lembrar que é contraindicado a administração de ATV por pessoas que fazem uso de inibidores da bomba de prótons. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 Terapia combinada (3 drogas): • Inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo • Inibidor de transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo • Inibidor de protease • Inibidor de integrase • Inibidor de fusão • Inibidor do correceptor CCR5 • O inibidor de fusão e do correceptor CCR5 são utilizados para terapia de resgaste: pacientes que já tem resistência virológica, por má adesão prévia ou por ter se contaminado por vírus resistente. INIBIDORES DA TRANCRIPTASE REVERSA ANÁLOGOS DE NUCLEOSÍDEOS (ITRN) • AZT (zidovudina) • TDF (tenofovir) • 3TC (lamivudina) • ABC (abacavir) INIBIDORES DA TRANSCRIPTASE REVERSA NÃO ANÁLOGO DE NUCLEOSÍDEO (ITRNN) • EFZ (efavirenz) • NVP (nevirapina) INIBIDOR DE PROTEASE (IP) • ATV (atazanavir) • DRV (darunavir) • RTV (ritonavir) INIBIDOR DE INTEGRASE (ITCI): • RAL • DTG • DRV TRATAMENTO: Tenofovir + lamivudina + DTG (dolutegravir - ITCI). 2º OPÇÃO: efarizenz (ITRNN) ou atazanavir ou ritonavir (potencializador de outros inibidores de protease, por isso nunca é utilizado sem outro IP) 1x ao dia, sempre após uma refeição para reduzir os riscos de náuseas e vômitos. • São tratamento de primeira escolha (exceto gestantestratando alguma infecção que possa estar associada a essa inflamação. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Sindrome da Imunodeficiencia Adquirida e Infeccoes Oportunistas INTRODUÇÃO São infecções que ocorrem em indivíduos IMUNODEPRIMIDOS e que são mais graves nesse grupo. O uso de TARV possibilitou redução de IO e mortalidade. CASO CLÍNICO I • Paciente, 36 anos de idade, solteiro, HSH, procedente de Sapé-PB, negro. • Falta de ar há 15 dias • Paciente relata tosse seca há 20 dias, associada a febre não aferida intermitente, sem predileção por horário • Há 15 dias começou a apresentar dispneia aos grandes esforços. Houve evolução da dispneia, sendo atualmente em repouso. • Diagnóstico recente de HIV. Sem TARV • Nesse RX observa-se um infiltrado difuso bilateral, principalmente no hemitórax direito. PNEUMOCISTOSE Agente etiológico: Pneumocystis jirovecci (fungo). Ubiquitário, ou seja, pode ser encontrado em vários locais distintos. Geralmente a infecção ocorre na infância (2-4 anos de idade) e sofre reativação pela queda da imunidade. Transmissão ocorre por via aérea. Doença pode ocorrer por nova aquisição ou reativação e em 90% dos casos, os linfócitos TCD4 35 mmHg): HIPOXEMIA. O diagnóstico definitivo de PPC depende da demonstração do microrganismo nas amostras obtidas do escarro induzido, do lavado broncoalveolar, da biópsia transbrônquica ou da biópsia pulmonar aberta. o DHL > 500 mg/dL. A DHL é uma enzima liberada por tecidos que sofreram lesão, entre eles o tecido pulmonar. o 1,3 B GLUCANA (partícula da parede do fungo): não é solicitado de rotina na investigação de pneumocistose, pois essa partícula também é presente na parede de outros fungos O RX de tórax pode ser normal (20% nas fases precoces), ou então, apresentar infiltrado intersticial bilateral e difuso. Também podem aparecer infiltrado perihilar/cistos/bolhas. Se houver rompimento espontâneo dessas bolhas pode gerar pneumotórax. o TC de tórax: presença de áreas de “vidro fosco” o Diagnóstico diferencial: tuberculose (miliar principalmente), histoplasmose, pneumonia comunitária. COMO REALIZAR O TRATAMENTO? A droga de primeira escolha é o Sulfametoxazol- Trimetoprim (SMX/TMP) por um período de 21 dias. 2º opção: clindamicina + primaquina Se houver hipoxemia moderada-grave deve-se associar o antimicrobiano a prednisona/metipredinisolona com o intuito de “desinflamar” a parede alveolar e melhorar a troca gasosa. Os tratamentos alternativos da PPC leve a moderada consistem em dapsona/trimetoprima, clindamicina/primaquina e atovaquona. A pentamidina IV é o tratamento preferido para a doença grave do paciente que não consegue tolerar SMX/TMP. Início TARV: 2 semanas após • Profilaxia primária: Se linfócitos TCD4 200cél/mm3 por período ≥ 3 meses em resposta à TARV. TRATAMENTO PNEUMOCISTOSE LEVE A MODERADA (PaO2 ≥70MMHG): 1ª OPÇÃO: SMX-TMP, com 15-20mg de TMP/kg/dia oral a cada seis ou oito horas, por 21 dias. 2ª OPÇÃO: esquema alternativo para casos de intolerância à sulfa é clindamicina 300mg oral a cada seis horas + primaquina 15-30mg oral uma vez ao dia, por 21 dias. MODERADA A GRAVE (PaO2 65 Kg) por 2 meses, diarreia, anoriexia. NEUROTOXOPLASMOSE – ENCEFALITE POR TOXOPLASMOSE AGENTE ETIOLÓGICO: Toxoplasma gondii (protozoário). É uma infecção por reativação de cistos latentes no tecido. Sua transmissão por carnes mal cozidas, verduras e água contaminadas, mariscos -> INFECÇÃO PRIMÁRIA. Neurotoxoplasmose é rara em imunocompetentes, mas é a infecção oportunista mais prevalente em pacientes HIV positivos, sendo causada por reativação de uma infecção latente. Ciclo reprodutivo do toxoplasma: O gato e outros felídeos são os hospedeiros definitivos T.gondii. Eles ingerem os cistos, se contaminando e posteriormente eliminam ovos (oocistos) nas fezes durante a fase aguda da infecção. No solo, depois de esporulados, eles se tornam infectantes. Outros animais como ovelhas e porcos podem consumir os ovos no solo e contrair a infecção. As pessoas podem ser infectadas ao comer carne mal cozida contendo esses cistos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: o Cefaleia, confusão mental, convulsão, febre, coma. o Alterações focais: paresia, disfasia, alteração motora. DIAGNÓSTICO: o Sorologia IgG para toxoplasmose + o TC de crânio ou RNM de encéfalo: lesões focais com centro hipodenso (escuro) e realce anular (contraste esbranquiçado), em substância cinza dos gânglios da base ou córtex, com edema. Exames de imagem podem evidenciar a presença de nódulos no tecido cerebral, muitas vezes com reação inflamatória perilesional e com edemaacentuado, na região córticosubcortical ou em núcleos da base. LCR: é o PCR para toxoplasmose (especificidade: 96%/Sensibilidade= 50%) / Citologia e cultura. Não é feito como exame de rotina para diagnóstico de toxoplasma. o Biópsia por esterotaxia TC (não é algo feito de rotina, por ser um exame invasivo e com riscos para o paciente). o Portanto, o diagnóstico é feito a partir da TC com contraste pelo qual é avaliado se há lesões sugestivas de toxoplasmose, para assim, iniciar o tratamento. Diagnóstico diferencial: linfoma SNC primário (PET), LEMP (massa em substância branca, sem realce e sem edema), TB (PCR M. Tuberculosis), criptococose (tinta da china), abcesso em SNC piogênico, PCR para JC e EBV. Como prevenir no caso de uma sorologia IgG negativo e IgM negativo? o Evitar ingestão de água em locais desconhecidos o Manipulação segura da caixa de areia do gato (uso de luvas e lavar bem as mãos) o Evitar ingestão de verduras e frutas em locais onde não se tem certeza da higienização o Evitar alimentação com carne mal passada. TRATAMENTO: o 6 semanas o 1º OPÇÃO: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico (para evitar desenvolvimento de toxicidade da medula óssea). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 o 2° OPÇÃO: Clindamicina+ Pirimetamina + Ácido folínico o 90% dos pacientes com neurotoxoplasmose tem melhora clínica após 14 dias o Início TARV: 2 semanas após PROFILAXIA PRIMÁRIA: o CD4 200 cél/mm3, no mínimo 3 meses PROFILAXIA SECUNDÁRIA: o História prévia de neurotoxo – ou CD4 200 por ≥ 6 meses em resposta à TARV. o 1º opção: sulfadizina-pirimetamina-ácido folínico CASO CLÍNICO III Paciente com diagnóstico recente de HIV, não iniciou tratamento. Iniciou queixa de redução da acuidade visual em OD e alguns meses houve comprometimento do E. Relata hiporexia e perda de peso. Nega cefaleia, náuseas e vômitos. Buscou atendimento com oftalmologista que identificou lesão em retina. CITOMEGALOVÍRUS • Família Herpes Vírus (DNA) • Infecção ou reativação A maioria dos casos ocorre com CD4 100 cél/mm3 por 3-6 meses de TARV CASO CLÍNICO IV Paciente relata diarreia há 40 dias, cerca de 5 episódios/dia, com muco. Relata perda de peso (75->60). Nega febre ou náuseas. Hiporexia presente. Refere placas esbranquiçadas em cavidade oral há 2 semanas. CANDIDÍASE MUCOCUTÂNEA • Candida albicans-comensal É um indicador de imunodepressão. Geralmente os casos ocorrem com LTCD4músculos e fígado, e foram associados à conjuntivite e à hepatite. TRATAMENTO: o Iniciar a TARV o Albendazol (intestinal ou disseminada) o Hidratação o Agentes anti-motilidade ISOSPORIASE • Ciclo de vida completo no homem Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 6 Transmissão por meio de ingestão de água e alimentos contaminados. As síndromes clínicas da infecção por Isospora são idênticas às causadas pelo Cryptosporidium. A diferença importante é que, em geral, a infecção por Isospora é relativamente fácil de tratar com SMX/ TMP MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: diarreia aquosa, cólica, febre baixa, naúseas e vômitos, esteatorreia e hipoalbuminemia. Colecistite alitiásica/artrite reativa DIAGNÓSTICO: o Pesquisa de oocistos de Isospora em amostra de fezes o Biópsia intestinal (detecção de oocistos) -> atrofia das vilosidades TRATAMENTO: o Hidratação o Correção de distúrbios hidroeletrolítico o Suporte nutricional o Sulfametoxazol-trimetoprim durante 10 dias (AI) o 2° opção: pirimetamina+ácido folínico (BIII) Embora as recidivas sejam comuns, um esquema de SMX/TMP administrado três vezes por semana parece ser adequado para evitar recidivas. TUBERCULOSE Quando não é tratada, a TB pode acelerar a evolução da infecção pelo HIV. Os níveis plasmáticos de RNA do HIV aumentam quando há TB em atividade e declinam com o tratamento bem- -sucedido da TB. Nos pacientes com contagens relativamente altas de células T CD4+, observa-se o padrão típico de reativação pulmonar, com o qual o paciente apresenta febre, tosse, dispneia aos esforços, perda de peso, sudorese noturna e radiografia de tórax demonstrando doença cavitária apical dos lobos superiores. Nos pacientes com contagens mais baixas de células T CD4+, a doença disseminada é mais comum. As radiografias de tórax podem demonstrar infiltrados reticulonodulares difusos ou bilaterais dos lobos inferiores compatíveis com disseminação miliar, derrames pleurais e linfadenopatia hilar e/ou mediastinal Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 1 Doencas Infecciosas e Parasitarias – Sifilis INTRODUÇÃO Infecção pelo T. pallidum (Espiroqueta, gram -), principalmente por contato sexual, pode ser transmitida através da placenta e por inoculação direta, no canal de parto ou tocando em lesão ativa primária. Na sífilis tardia pode ocorrer, anteriormente, um período prologando de latência que pode ser explicada por: • Diminuição da imunidade com o enve- lhecimento, facilitando o desenvolvimento de pequenos treponemas que sobreviveram em locais sequestrados • Hospedeiro hipersensível parcialmente imune que pode reagir à presença de treponemas, gerando uma resposta inflamatória crônica. Assim, na infecção tardia pode ter o aparecimento de granulomas em pele, vísceras ou outros tecidos, co- nhecido como Gummas ou sífilis benigna tardia. A vasculite de pequenos vasos, comum nos estágios secundários, ocorre pelo aumento do número de lin- fócitos e células plasmáticas que se infiltram em vasos e tecidos perivasculares. Como consequência, pode ocorrer envolvimento do arco ascendente da aorta e da válvula aórtica, levando ao que chamamos de sífilis cardiovascular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PRIMÁRIA/CANCRO DURO: após um período médio de 21 dias de incubação (variando de 3 dias a 3 meses), pode ocorrer o aparecimento de cancro duro: uma lesão genital ulcerada, quase sempre única, indolor, de bordos endurecidos, de fundo limpo e rica em treponemas, geralmente acompanhada de linfadenopatia inguinal. A lesão dura cerca de 2 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. Além disso, pode ocorrer, associado à lesão, adenopatia satélite inguinal indolor, que se diferencia do linfo- granuloma venéreo por se apresentar, em geral, bilateralmente. CANCRO É LOCAL MAS FICA SISTÊMICO RÁPIDO SECUNDÁRIA: quadro clínico geralmente surge entre seis semanas e seis meses após a infecção e duram, em média, entre 4-12 semanas. Podem ocorrer erupções cutâneas em forma de máculas (roséolas) e/ou pápulas, principalmente no tronco, não pruriginosa, lesões eritemato-escamosas palmo-plantares (forte indicação de sífilis secundária), placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas, lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou lata), alopecia em clareira (devorada por traça), madarose (perda de sobrancelha), febre, mal-estar, cefaleia, adinamia e linfadenopatia. Pode haver: envolvimento ocular (ex. uveite), hepático e neurológico (ex. alterações nos pares cranianos, meningismo). Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 2 ACIMA UMA LINFOADENOPATIA Nesse estágio, há presença significativa de resposta imune, com intensa produção de anticorpos contra o treponema. Os anticorpos circulantes resultam em maiores títulos nos testes não-treponêmicos e também implicam resultado reagente nos testes treponêmicos. Roséolas em boca e face: as lesões exantemáticas da pele, apesar de habitadas pelo Treponema não são usualmente infectantes. Nas semi-mucosas ou mucosas (lábios) é mais alto o potencial de infectividade. Condiloma plano (são lesões úmidas e apresentam odor ativo). A hepatite sifilítica é caracterizada por aumento sérico de fosfatase alcalina, geralmente com transaminases normais. Além disso, pode aparecer ulcerações no TGI, albuminúria, síndrome nefrótica, IRA. • 40% do treponema detectado em SNC LATENTE: se caracteriza pela ausência de manifestações clínicas, verificando-se reatividade nos testes imunológicos que detectam anticorpos. A maioria dos diagnósticos ocorre nesse estágio. É dividida em recente (evolução 1ano). TERCIÁRIA: ocorre, aproximadamente, em 30% das infecções não tratadas, após um longo período de latência, podendo surgir entre 2-40 anos depois do início da infecção. As principais lesões são as seguintes: o Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo. o Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares. o Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenosa de coronárias. o Neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do VII par, paralisia geral, tabes dorsalis (degeneração lenta dos neurônios sensitivos) e demência. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 3 As gomas sifilíticas (imagem) são lesões nodulares que sofrem processo de degeneração. Significam reação de hipersensibilidade ao Treponema, não sendo infectantes. Atravessam cinco fases: infiltração, amolecimento, supuração, ulceração e cicatrização. o 35% das pessoas irão progredir para cura espontânea o 35% permanecerão em estado de latência por toda a vida o Restante progride para sífilis terciária A sífilis precoce (primária, secundária, inicio da sífilis latente recente) é mais infecciosa do que a sífilis latente tardia. Mesmo estando frente a lesões típicas, não deve ser esquecida a possibilidade de estar ocorrendo um caso atípico de outra DST ulcerativa ou mesmo de associações entre elas. TESTES DIAGNÓSTICOS: Pesquisa direta: no início, não houve tempo para produção de anticorpo,pode ser feita pesquisa direta do T. Pallidum através de microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74 a 86%), imunofluorescência direta, exame de material corado, biópsias. Testes imunológicos: são os mais utilizados na prática; para o diagnóstico devem ser utilizados testes treponêmicos + testes não treponêmicos. ➢ TREPONÊMICOS: detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do T. pallidum. Exemplos: testes de hemaglutinação e aglutinação passiva (TPHA), teste de imunofluorescência indireta (FTA-Abs), quimioluminescência (EQL), ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), testes rápidos. ➢ TESTES NÃO TREPONÊMICOS detectam anticorpos não específicos para os antígenos do T. pallidum; podem ser quantitativos (titulação de anticorpos) ou qualitativos (presença ou ausência de anticorpo). Exemplos: VDRL, RPR (Rapid Test Reagin), TRUST. O resultado positivo quantitativo é dado através de titulações que significam diluições (1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32 etc). NEUROSSÍFILIS: Acomete SNC. Simula qualquer transtorno mental, funcional ou lesional. Pode ser observada já nas fases iniciais da infecção. O acometimento precoce é por reação inflamatória da bainha de mielina, não há destruição anatômica das estruturas neurais. O acometimento na sífilis terciária é destrutivo. • Exterioza-se clinicamente em 1-2% como meningite asséptica • Ocorre em 10 a 40% dos pacientes não tratados • Assintomática, só diagnosticada pela sorologia do líquor, na maioria dos casos • Em pacientes com infecção pelo HIV, a neurossíflis deve ser descartada antes da terapia: LCR (VDRL +, aumento de leucócitos e proteínas) Existem duas ressalvas para esse diagnóstico: 1. Pacientes com neurossífilis assintomática e COM infecção pelo HIV, que não é reativo ao LCR-VDRL, mas apresenta-se com pleiocitose leve e/ou proteína elevada no LCR, o diagnóstico torna-se difícil porque a presença desses critérios pode ocorrer devido ao próprio HIV. 2. Pacientes com neurossífilis assintomática, independentemente da reatividade do LCR- VDRL, devem ser tratados com neurossífilis para evitar a progressão para doença sintomática. Licensed to Rafaela Fernandes Miranda de Paiva - rafa.fmiranda@hotmail.com - 052.643.824-09 - HP13416441961781 4 A meningite persistente é resultado da falha de remoção do organismo no LCR, sendo que esses pacientes possuem “neurossífilis assintomática”, podendo evoluir para neurossífilis sintomática posteriormente. A neurossífilis é dividida em precoce, podendo ser assintomática, por meningite sintomática, meningovascular, sífilis ocular e otossífilis ou tardia, podendo levar a paresia geral e tabes dorsalis. Neurossífilis tardia: As formas mais comuns envolvem cérebro e medula espinha (paresia geral e tabes dorsalis). COLHEITA DO LCR: • Indicações: o Pacientes infectados pelo HIV e diagnóstico de sífilis que tenham sintomas neurológicos, oculares (uveite) ou de sífilis em outros órgãos o Paciente que não responde ao tratamento o Quadros de sífilis de duração desconhecida o Títulos sorológicos altos o Imunossupressão não controlada DIAGNÓSTICO NEUROSSÍFILIS: • Linfócitos no LCR > 5 células/microL, geralmente 45 mg/dL geralmente