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ÉTICA E ESTÉTICA NA 
EDUCAÇÃO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ethannyn Mylena Moura Lima Constantino 
2 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Na presente aula iremos abordar alguns temas específicos da relação 
constante entre Ética e Estética na educação. 
Desse modo, estudaremos conceitos como o da moral quando 
contraposto ao da ética, estes na posição de regentes das regras que ditam os 
valores e costumes de uma sociedade. 
Em sequência, veremos como Platão e Aristóteles interpretaram o 
conceito de Ética, que será o foco de outro ponto abordado. 
Seguiremos cronologicamente com a ética cristã, do esforço e do amor, 
conceitos igualmente centrais no entendimento dessa relação que traçamos 
entre a ética e a estética na educação. 
TEMA 1 – A MORAL ENQUANTO OS VALORES DO INDIVÍDUO E A ÉTICA 
ENQUANTO O ESPÍRITO DO JOGO 
A moralidade, âmbito prático da ética, pode ser definida como um conjunto 
de regras às quais o indivíduo se submete livremente, ou seja, uma 
autoimposição, e que permitem sua convivência em sociedade. 
Apesar de seu aspecto eminentemente social, a moralidade ainda assim 
é uma questão de foro particularmente íntimo, não somente por ser autoimposta, 
como mencionado, mas também por ser derivada de experiências e crenças 
particulares do indivíduo, e que não podem ser facilmente reproduzidas, ainda 
que propositadamente, por terceiros. 
Isso significa que quando estudamos a ética, mesmo quando focamos 
numa ética particular, necessariamente estamos estudando suas manifestações 
em diversas moralidades, tantas quantas forem as pessoas envolvidas na 
sociedade ou agremiação cuja ética estamos estudando. Tal se mantém mesmo 
quando falamos de membros de uma determinada denominação, de uma 
determinada religião, que convivem juntamente num determinado lugar, e são 
também ligados por laços étnicos e familiares. 
Esse véu que obscurece os valores e princípios pelos quais se guiam os 
nossos próximos é entendido por certos estudiosos como uma diferença não em 
si de princípios, mas sim sua valoração moral pelos diferentes indivíduos. 
É mencionado por Graham que tais estudiosos dividem os princípios 
éticos básicos em cinco fundações, cuidado/dano, justiça/engodo, 
3 
 
 
lealdade/traição, autoridade/subversão, santidade/degradação. Seus estudos 
demonstram que pessoas diferentes valoram esses princípios éticos básicos 
diferentemente, mas não discordam quanto à validade dos princípios em si. 
Mais razão há para crer que as particularidades e contingências 
individuais serão ainda mais dramaticamente distintas. O valor básico de 
pureza/santidade não se manifestará igualmente para um praticante de uma 
certa religião e para um seguidor de certa ideologia secular, independentemente 
de quanto estejam alinhados com as ortodoxias de suas respectivas crenças. 
Por exemplo, cristãos católicos atribuem, modo geral, uma maior 
valoração de santidade/degradação à figura dos santos, em particular da Virgem 
Maria, do que cristãos protestantes, que atribuem tal princípio mais fortemente 
ao texto bíblico (pela doutrina de Sola Scriptura), enquanto ateus aplicam tal 
princípio em menor escala e a menos objetos, ainda que permaneçam o 
aplicando (vez que não se trata de um valor religioso).1 
Para permitir que essas diferentes pessoas possam adequadamente 
conviver em sociedade, especialmente numa sociedade liberal e cosmopolita 
como a que se encontra no Ocidente moderno, faz-se necessária a definição de 
certas regras éticas comuns mínimas de convivência. 
Essas regras não se confundem com o Direito, que é a ferramenta que 
garante a vida em sociedade pela ameaça ou uso da força (coerção), nem com 
meras regras de etiqueta, que garantem uma urbanidade mínima necessária ao 
convívio social, e, portanto, ao “jogo” cuja metáfora ora aplicamos, ainda que 
abarquem ambas. Tampouco, tais regras de convivência podem se confundir 
com a totalidade da moral de um indivíduo, vez que essa é muito mais ampla 
que aquelas. 
Essas regras éticas comuns mínimas são o que poderíamos chamar de 
regras do jogo, no sentido que elas permitem aos indivíduos se localizar no caos 
das relações sociais, e fazer previsões e análises razoáveis sobre o 
comportamento futuro e passado de seus próximos. 
Similar às regras de uma partida de xadrez ou de futebol, que 
estabelecem os limites dentro dos quais os participantes podem agir, sob pena 
 
1 Antes, trata-se de um valor referente à repulsa por coisas, comidas, palavras e ações, 
consideradas desagradáveis, degradantes, antinaturais, impuras, imundas ou simplesmente 
nojentas. 
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de sanção e/ou invalidação dos seus atos infratores ou mesmo da totalidade 
partida em que estão envolvidos. 
Por exemplo, ao jogarmos xadrez, sabemos que todas as ameaças ao rei 
devem ser proferidas ao adversário tão logo surjam, pela palavra “xeque”, e que 
o jogador em xeque deve, necessariamente, colocar seu rei em segurança, salvo 
que entregue a partida, não podendo a outra parte do jogo aproveitar-se de uma 
jogada malfeita nesse momento para obter a vitória. 
No cotidiano, essas regras mínimas, além das exigências do Direito, são 
o que nos permite esperar, por exemplo, que quando há um grande número de 
pessoas esperando, simultaneamente, por um serviço ou produto, elas formem 
uma fila por ordem de chegada a fim de o receber, ou que a ordem de chamada 
num determinado grupo onde não há um concurso que a defina se dê pela ordem 
do alfabeto (igualmente arbitrária). 
Não por outra razão que o descumprimento de tais regras por terceiros 
nos frustra, mesmo quando tais regras não estão insculpidas na legislação, ou 
até são claramente arbitrárias, como é o caso da ordem alfabética. É porque tais 
regras geram expectativas razoáveis sobre a organização social e sobre a 
reciprocidade nos relacionamentos entre os indivíduos que, ao serem 
quebrados, podem acabar por causar-lhes algum tipo de dano 
Talvez uma das mais interessantes metáforas para uma sociedade na 
qual inexiste tal ética de regras do jogo venha da própria cultura popular, das 
tiras desenhadas dos personagens Calvin e Haroldo, em específico, o jogo por 
eles jogador chamado calvinball, no as regras são arbitrariamente definidas no 
calor do momento pelos participantes, podendo ser arbitrariamente revogadas, 
emendadas ou expandidas também no calor do momento. 
Tal metáfora entrou na consciência coletiva como sinônimo da falta de, ou 
do total desrespeito às regras comuns mínimas que devem reger a convivência 
social. 
Uma sociedade em que tais regras não existam ou sejam prontamente 
ignoradas quando do interesse de quem quer que não esteja sendo por elas 
beneficiado no momento, é uma sociedade insuportável aos seus habitantes. 
Há alguns exemplos, modernos e históricos, de sociedades que caíram 
em tal estado. Ao contrário da metáfora extrema do calvinball, nessas 
sociedades o poder de definir arbitrária e imediatamente as regras do jogo cabe 
5 
 
 
a um tirano ou um pequeno grupo de oligarcas, e não a todos os participantes 
do jogo. 
Mas o desconforto moral gerado por seus atos permanece, vez que se 
trata, de certa maneira, de um jogo sem regras, em que o futuro é imprevisível, 
e perigoso. 
TEMA 2 – A ÉTICA HELÊNICA: SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES 
Tradicionalmente, a filosofia grega antiga é dividida em dois grandes 
períodos, a saber, o pré-socrático e o pós-socrático, esse último às vezes 
dividido em clássico ou socrático e helenístico. 
Tal divisão se dá por conta daquele que é considerado o mais importante 
filósofo heleno, Sócrates. Nascido em 469 antes da Era Comum na região da 
Ática, parte dos domínios de Atenas. Sua filosofia, considerada excêntrica para 
sua época, levou à acusação de que ele corrompia a juventude ateniense, e 
acarretou sua execução por envenenamento em 399 antes da Era Comum. 
Seu principal discípulo foi Platão, nascido por voltade 429, numa rica 
família ateniense, e falecido em 347 antes da Era Comum, um dos mais 
importantes escritores da tradição literária ocidental, e principal fonte acerca de 
Sócrates, que não nos deixou nenhum registro escrito próprio. 
Platão mesmo teve discípulos, dos quais o mais famoso é Aristóteles, um 
polímata macedônio de Estargira, nascido em 384 e falecido em 322 antes da 
Era Comum, estudou sob Platão em sua academia a partir de seus 17 anos de 
idade, até o falecimento de seu mestre. Seu legado intelectual é amplo, não 
apenas na filosofia, mas mesmo no que veio a se tornar na modernidade as 
ciências naturais. Interessante notar que Aristóteles foi professor do 
conquistador grego Alexandre Magno. 
Na presente aula, focaremos nos conceitos de ética esposados por esses 
três filósofos, face sua importância histórica e sua influência formativa no 
pensamento da Civilização Ocidental. 
Como dito, porém, a maior parte das obras atribuídas a Platão são 
discursos socráticos por ele anotados, pelo que trataremos conjuntamente ele e 
seu mestre. 
 
6 
 
 
2.1 A ética socrática de acordo com Platão 
O fundamento da ética socrática pode ser encontrado na importância que 
o filósofo dá ao conhecimento, conforme se pode verificar da citação de 
Diogenes Laërtios em sua obra Vida de Sócrates, que afirma de Sócrates que o 
mesmo dizia que “há apenas um bem, qual seja, o conhecimento, e apenas um 
mal, qual seja, a ignorância”. 
Isso reflete a máxima grega inscrita no pórtico do Templo de Apollo em 
Delfos, donde o famoso Oráculo γνῶθι σεαυτόν (gnōthi seautón), que traduzido 
significa conhece-te a ti mesmo, e que às vezes é impropriamente ampliado 
como “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” e atribuído 
erroneamente a Sócrates ou ao próprio Oráculo de Delfos. 
Sobre isso, verifique-se o diálogo socrático com Protarchus, no qual o 
filósofo explica a conexão entre o conhecimento e a virtude, e a ignorância e o 
vício, vejamos (p. 56-57)2: 
SOCRATES: Now, ignorance is a vice, and so is what we call stupidity? 
PROTARCHUS: Decidedly! 
S: What conclusions do you draw from this about the nature of the 
ridiculous? 
P: You tell me. 
S: It is, in sum, a kind of vice that derives its name from a special 
disposition; it is, among all the vices, the one with a character that 
stands in direct opposition to the one recommended by the famous 
inscription in Delphi. 
P: You mean the one that says “Know thyself”, Socrates? 
S: I do. The opposite recommendation would obviously be that we not 
know ourselves at all. 
[...] 
S: But an overwhelming number are mistaken about [...] virtue, and 
believe that they are superior in virtue, although they are not. 
 
2 SOCRATES: Assim, a ignorância é um vício, e aquilo que chamamos de estupidez? 
PROTARCHUS: Decididamente! 
S: Que conclusões tomas disso sobre a natureza do ridículo? 
P: Me fales tu. 
S: Ela é, em suma, um vício que deriva seu nome duma disposição especial. entre todos os 
vícios, é aquele cujo caráter o coloca em oposição direta à recomendação da famosa inscrição 
em Delfos. 
P: Referes-te àquela que diz “Conhece-te a ti mesmo”, Sócrates? 
S: Sim. A recomendação oposta seria obviamente que não conheçamos a nós mesmos. 
[...] 
S: Mas um grande número se equivoca sobre [...] a virtude, e crê ser superior em virtude, apesar 
de não o ser. 
P: Assim o é. 
S: E, novamente, dentre as virtudes, não é especialmente a sabedoria que muitos clamam 
possuir, cheios de empáfia com discussões e falsas pretensões sobre seu suposto 
conhecimento? 
P: Inegável. 
S: Portanto, é razoável afirmar que essas condições são más. (tradução nossa). 
7 
 
 
PROTARCHUS: Very much so. 
SOCRATES: And, again, among the virtues, is it not especially to 
wisdom that the largest number of people lay claim, puffing themselves 
up with quarrels and false pretensions to would-be knowledge? 
PROTARCHUS: Undeniably so. 
SOCRATES: It would therefore be quite justified to say that all these 
conditions are bad. 
As virtudes, e o conhecimento por consequência, são originados, para o 
filósofo, dos deuses, mas sua manifestação humana se dá pela educação, 
conforme afirma. 
2.2 A ética aristotélica, ou uma ética a Nicômaco 
Aristóteles, por sua vez, propõe uma ética eminentemente teleológica, do 
grego τέλος (télos) ou finalidade, em sua obra Ética a Nicômaco (Aristóteles, 
1991), cujo objeto final é o bem em si, ou melhor, o Sumo Bem. Entenda-se, todo 
conhecimento e todo trabalho humanos visam o bem. 
Esse bem, para o filósofo, é a felicidade, do grego εὐδαιμονία 
(eúdaimonía; Aristóteles, 1991), sobre a qual todos os homens concordam, 
diferindo entretanto quanto à sua definição os homens vulgares (ou comuns) e 
os sábios, para os quais há grande debate acerca da natureza exata da 
felicidade: 
Os primeiros [os homens vulgares] pensam que seja alguma coisa 
simples e óbvia, como o prazer, a riqueza ou as honras, muito embora 
discordem entre si; e não raro o mesmo homem a identifica com 
diferentes coisas, com a saúde quando está doente, e com a riqueza 
quando é pobre. Cônscios da sua própria ignorância, não obstante, 
admiram aqueles que proclamam algum grande ideal inacessível à sua 
compreensão. Ora, alguns têm pensado que, à parte esses numerosos 
bens, existe um outro que é auto-subsistente (sic) e também é causa 
da bondade de todos os demais. 
Para o entender se faz necessário primeiro entender alguns conceitos do 
filósofo de Estagira, a saber, os conceitos de finalidade (do grego télos), 
felicidade (do grego, eudaimonía) e de ética (do grego, éthos) ou virtude. 
Para o próprio filósofo de Estargira, a felicidade seria, viver de forma 
perfeita para a sua respectiva finalidade, sendo a finalidade do ser humano viver 
de acordo com a ética, do grego, éthos (ἦθος): 
Se então a função do homem é o exercício ativo das faculdades da 
alma em conformidade com o princípio racional, ou em todos os 
eventos que não sejam desassociados do princípio racional, e se 
reconhecermos que a função do indivíduo e de um indivíduo bom de 
uma mesma classe […] é genericamente a mesma, a qualificação da 
excelência superior do último sendo acrescida à função em seu caso: 
8 
 
 
se é assim, e nós declaramos que a função do homem é um certo modo 
de vida, e definimos tal modo de vida como o exercício das faculdades 
da alma e atividades em associação com o princípio racional, e 
dissermos que a função do homem bom é realizar tais atividades bem 
e corretamente, e que uma função bem realizada quando o é de acordo 
com sua excelência própria – dessas premissas segue que o Bem do 
homem é o exercício ativo das faculdades de sua alma em 
conformidade com a excelência ou a virtude […]. Ainda, para ser feliz 
leva-se uma vida inteira; pois uma andorinha não traz a primavera, e 
similarmente um dia agradável ou um curto período de felicidade não 
torna o homem absolutamente abençoado e feliz. 
[…] 
Não podemos então com confiança proclamar que o homem feliz é 
aquele que age de acordo com a virtude […], e que ele deve também 
ser destinado a viver não apenas por um período curto assim mas por 
toda a sua vida da mesma forma […]. (Aristóteles, 1991) 
Essa virtude nada mais é que o objeto de estudo da ética de Aristóteles, 
cuja finalidade é o equilíbrio entre os extremos, “virtude é, portanto, uma 
disposição estabelecida da mente determinando a escolha de ações e emoções, 
consistindo essencialmente do meio-termo no que nos concerne, determinado 
por princípio, ou seja, como um homem prudente o faria”, (Aristóteles, 1991, 
tradução nossa). 
E prossegue) informando da virtude que 
é um estado intermediário entre dois vícios, um de excesso e outro de 
falta. Ainda, é um estado intermediário pois, enquanto os vícios ou 
ficam aquém ou além do que é correto em sentimentos e ações, a 
virtude determina e adota o meio-termo. (Aristóteles, 1991) 
De acordo com Ferreira: 
Para que o homem realize sua essência, é necessárioque ele atinja o 
fim, o propósito que a natureza lhe reservou. Ora, a natureza não teria 
feito um ser dotado de razão se o seu fim não fosse a racionalidade, 
ou seja, o pleno uso de suas faculdades racionais. 
Porém, nesse ponto nos deparamos com uma dificuldade. Se 
fossemos seres apenas racionais, nosso fim teria sido alcançado 
desde o momento de nosso nascimento. Seríamos pura racionalidade, 
sem apetites, sem desejos e sem conflitos. As ações humanas, no 
entanto, localizam-se entre os desejos e as inclinações, todos de 
origem corpórea, e o pensamento racional. A palavra grega empregada 
para denominar o desejo é orexis, ou seja, o apetite (orexia), aquilo que 
nos inclina e atrai em direção a algo. […] (Ferreira, p. 22) 
E ainda: 
Logo, toda ação humana depende de uma deliberação (proaíresis), de 
uma escolha entre aquilo que desejamos (entre aquilo que nos 
apetece) e aquilo que podemos querer como seres racionais. O 
problema é que nem sempre o que desejamos é aquilo que queremos. 
[…] 
Portanto, para Aristóteles, o desejo não é um mal. O mal reside na má 
administração do desejo […]. Desejo de mais é excesso e desejo de 
menos é falta. Tanto o excesso como a falta são considerados vícios. 
A virtude consiste na justa medida, naquilo que Aristóteles denomina 
9 
 
 
phrónesis, a prudência em relação aos nossos desejos. (Ferreira, p. 
22-23) 
Ou seja, a virtude se encontra meio-caminho entre os dois extremos da 
falta e do excesso. Exemplificando, a virtude cardeal da fortitude ou coragem é 
oposta em seus extremos por, respectivamente, a covardia e a temeridade. 
O caminho para a finalidade humana, portanto, ou seja, sua felicidade, é 
trilhado pela virtude, que é nada mais nada menos, que o caminho equilibrado 
entre os extremos do excesso e da falta. O indivíduo adequadamente temperado, 
que age de acordo com a prudência de sua razão sem falta nem excesso, ou 
seja, age virtuosa e não viciadamente, alcança a plenitude. 
Resta então saber qual é a origem da felicidade para o filósofo de 
Estagira, e em sua obra encontramos uma curiosa discussão acerca do assunto, 
demonstrando que, similar a Platão e Sócrates, ele via o bem como uma benção 
divina, mas também como fruto do aprendizado: 
Por este motivo, também se pergunta se a felicidade deve ser adquirida 
pela aprendizagem, pelo hábito ou por alguma outra espécie de 
adestramento, ou se ela nos é conferida por alguma providência divina, 
ou ainda pelo acaso. Ora, se alguma dádiva os homens recebem dos 
deuses, é razoável supor que a felicidade seja uma delas, e, dentre 
todas as coisas humanas, a que mais seguramente é uma dádiva 
divina, por ser a melhor. Esta questão talvez caiba melhor em outro 
estudo; no entanto, mesmo que a felicidade não seja dada pelos 
deuses, mas, ao contrário, venha como um resultado da virtude e de 
alguma espécie de aprendizagem ou adestramento, ela parece contar-
se entre as coisas mais divinas; pois aquilo que constitui o prêmio e a 
finalidade da virtude se nos afigura o que de melhor existe no mundo, 
algo de divino e abençoado. (Aristóteles, 1991, p. 20) 
Aí vemos a função de formador ético do professor, que deve ensinar seus 
discípulos à busca permanente do bem, mas, cumpre destacar, não apenas o 
próprio bem, mas o bem universal, que é aquele mais belo, e mais esteticamente 
aprazível, conforme afirma o pensador que “Embora valha bem a pena atingir 
esse fim para um indivíduo só, é mais belo e mais divino alcançá-lo para uma 
nação ou para as cidades-Estados” (Aristóteles, 1991, p. 6). 
TEMA 3 – A ÉTICA CRISTÃ 
O surgimento da ética cristã se dá no contexto do Império Romano e do 
helenismo no Mundo Mediterrâneo, aliado à tradição e ética judaica, que lhe 
serviram de fonte. 
Já tendo falado da ética helênica, é importante tratar brevemente da ética 
judaica. Essa se baseia na Bíblia Hebraica, conhecida como o Antigo 
10 
 
 
Testamento para os cristãos3, e em especial nas leis religiosas relatadas nos 
seus cinco primeiros livros, coletivamente chamados de Pentateuco, 
considerado pelas grandes religiões abraâmicas como tendo sido outorgado por 
Deus a Moisés na etnogênese do povo israelita. 
O coração dessas leis religiosas é tomado tradicionalmente como sendo 
os 10 (Dez) Mandamentos, contido em Êxodo 20:2-17 e Deuteronômio 5:6-21, e 
apresentado da seguinte maneira na fórmula catequética da Igreja Católica 
Apostólica Romana: 
Ego sum Dominus Deus tuus: 
1. Non habebis deos alios coram me; 
2. Non assumes Nomen Domini Dei tui in vanum 
3. Memento ut dies festos sanctifices;4 
4. Honora patrem tuum et matrem tuam; 
5. Non occides; 
6. Non moechaberis; 
7. Non furtum facies; 
8. Non loqueris contra proximum tuum falsum testimonium; 
9. Non desiderabis uxorem eius; 
10. Non concupisces eius bona. 
Uma outra fórmula conhecida como o Grande Mandamento é apresentada 
no chamado Novo Testamento, nos livros dos Evangelhos de Mateus 22:35-40, 
Marcos 12:28-31 e Lucas 10:25-28, que parafraseiam os textos do livro de 
Levítico 19:18 e Deuteronômio 6:4-5, dividida em dois mandamentos apenas: 
1. Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a 
tua alma e de todo o teu entendimento. 
2. Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 
Porém, só entre o final da Antiguidade Clássica e a Idade Média que a 
ética cristã se tornaria verdadeiramente independente e sofisticada, graças aos 
seus grandes luminares, como Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de 
Aquino, este último de quem trataremos. 
 
 
3 Entretanto há variação de acordo com o grupo cristão tratado. Regra geral, o Antigo 
Testamento protestante equivale à Bíblia Hebraica, enquanto o Antigo Testamento católico e 
ortodoxo inclui livros adicionais em seu cânone. 
4 Na prática cristã da maioria das igrejas, isso é entendido como a guarda do dia de Domingo e 
de uma série de outras festas religiosas, variando de acordo com a denominação. O texto bíblico, 
entretanto, fala somente do dia de Sábado. 
11 
 
 
3.2 São Tomás de Aquino 
Nascido no ano de 1225 da Era Comum em Roccasecca, uma comuna 
italiana a meia distância entre Roma e Nápoles, iniciou seus estudos no 
monastério beneditino de Montecassino aos 5 anos de idade, onde entrou em 
contato com a filosofia aristotélica e se tornou um monge dominicano. 
Uma de suas maiores contribuições para o pensamento cristão medieval 
foi trazer a filosofia aristotélica ao novo contexto, incluindo também uma releitura 
da ética aristotélica sob a perspectiva cristã. 
Por exemplo, ele trouxe uma vez mais a primazia da felicidade como 
objeto da ação humana, o que ele chama de felicitas ou perfecta beatitudo, a 
qual ele estabelece, similar à eudaimonia aristotélica, como sendo o bem comum 
não do indivíduo solitário, mas da comunidade, e em última instância, de toda a 
comunidade humana, vejamos: 
The ultimate end of human life is felicitas or beatitudo […] So the main 
concern of law [including the natural (moral) law] must be with directing 
towards beatitudo. Again, since every part stands to the whole as 
incomplete stands to complete, and individual human beings are each 
parts of a complete community, law’s appropriate concern is 
necessarily with directing towards common felicitas … that is, to 
common good.5 
Quanto à natureza dessa felicidade, ele prossegue: 
In the first sense, then, man's last end is the uncreated good, namely, 
God, Who alone by His infinite goodness can perfectly satisfy man's 
will. But in the second way, man's last end is something created, 
existing in him, and this is nothing else than the attainment or enjoyment 
of the last end. Now the last end is called happiness. 
[...] 
God is happiness by His Essence: for He is happy not by acquisition or 
participation of something else, but by His Essence. On the other hand, 
men are happy, as Boethius says (De Consol. iii), by participation; just 
as they are called “gods,” by participation. And this participation of 
happiness, in respect of whichman is said to be happy, is something 
created.6 
 
5 O fim último da vida humana é felicitas [felicidade] ou beatitudo [boa ventura] [...] Assim a 
principal ocupação da lei (incluindo a lei natural ou moral] deve ser encaminhar a beatitudo. 
Novamente, como cada parte está para o todo como o incompleto está para o completo, e seres 
humanos individuais são cada qual parte de uma comunidade completa, a ocupação apropriada 
da lei é necessariamente encaminhar a felicitas comum [...] ou seja, ao bem comum. (tradução 
nossa) 
6 No primeiro sentido, então, o fim último do homem é o bem incriado, ou seja, Deus, Quem 
sozinho por Sua bondade infinita pode perfeitamente satisfazer a vontade do homem. Mas num 
segundo sentido, o fim último do homem é algo criado, que existe nele, e isso não é mais que a 
obtenção ou o fruir do fim último. Esse fim último é chamado felicidade. 
12 
 
 
Entenda-se, para o filósofo cristão, a felicidade é o fim último do ser 
humano, e Deus é, em Sua Essência, felicidade, e portanto, o fim último do ser 
humano. 
É notável, entretanto, que a preocupação do escolástico com o bem 
comum significa que devemos aplicar um princípio tal que garanta aos homens 
similar acesso a esse bem comum faz-se necessário aplicar a segunda parte do 
Grande Mandamento cristão: “amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 
Em outras palavras, de acordo com Grisez, à luz do pensamento de 
Tomás de Aquino, todas as ações que tomamos devem ser destinadas à 
satisfação de todos os indivíduos humanos e suas comunidades, agora e no 
futuro. 
E o meio para tal bem comum, de modo similar ao filósofo de Estargira, é 
a virtude, conforme afirma Aquino: 
The Old Law contained some moral precepts; as is evident from Exodus 
20:13-15 [...] This was reasonable: because, just as the principal 
intention of human law is to created friendship between man and man; 
so the chief intention of the Divine law is to establish man in friendship 
with God. Now since likeness is the reason of love, according to Sirach 
13:19: “Every beast loveth its like”; there cannot possibly be any 
friendship of man to God, Who is supremely good, unless man become 
good: wherefore it is written (Leviticus 19:2; 11:45): “You shall be holy, 
for I am holy.” But the goodness of man is virtue, which “makes its 
possessor good” (Ethic. ii, 6). Therefore it was necessary for the Old 
Law to include precepts about acts of virtue: and these are the moral 
precepts of the Law.7 
Sua definição de virtude, por sua vez, se baseia no modelo bíblico cristão, 
dividindo as virtudes em duas categorias, a saber, as teologais e as cardeais, 
sendo as teologais aquelas “virtudes que dirigem o homem à felicidade 
sobrenatural”, a saber, “fé, esperança e caridade” (I Coríntios 13:33), e as 
 
[...] 
Deus é felicidade por Sua Essência; pois Ele é feliz não por aquisição ou participação em outra 
coisa, mas por Sua Essência. Doutro modo, homens são felizes, como Boethius diz (De Consol. 
Iii), por participação; assim como eles são chamados “deuses,” por participação. E essa 
participação na felicidade, a respeito da qual é dito que o homem é feliz, é algo criado. 
7 A Antiga Lei [leia-se, a Lei Mosaica] continha alguns preceitos morais; como é evidente de 
Êxodo 20:13-15 [...] Isso é razoável: vez que, como o principal motivo da lei humana é criar 
amizade entre os homens; o principal motivo da Lei Divina é estabelecer o homem em sua 
amizade com Deus. Porém vez que a semelhança é a razão do amor, de acordo com Eclesiástico 
13:19: “Todo ser vivo ama seu semelhante”; não há possibilidade de amizade entre o homem e 
Deus, Quem é supremamente bom, a não ser que o homem se torne bom: pelo que está escrito 
(Levítico 19:2; 11:45): “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” Mas a 
bondade do homem é virtude, aquilo “que torna seu portador bom” (Ética ii, 6). Portanto foi 
necessário que a Antiga Lei incluísse preceitos sobre atods de virtude: e esses são os preceitos 
morais da Lei. (Tradução nossa) 
13 
 
 
cardeais “a temperança e a prudência, a justiça e a força” (Sabedoria de 
Salomão 9:7), que perfectibilizam e sujeitam os aspectos da psiquê humana. 
Concluindo, assim, o Doutor da Igreja, por conciliar a ética aristotélica 
clássica com a ética cristã. 
TEMA 4 – A ÉTICA DO ESFORÇO 
Vez ou outra, sou questionado se empresa é lugar de gente feliz. “É 
possível ser feliz com a vida que se leva no cotidiano das 
organizações?” A empresa é um lugar onde posso construir uma 
parcela daquilo que pode me proporcionar situações de felicidade. Mas 
quando alguém diz “ah, eu quero fazer só o que gosto na vida”, 
lamento, isso é impossível. Tenho um vínculo fortíssimo com a minha 
atividade de docente. Mas não gosto de fazer uma parte das coisas 
que faço. E outra parte imensa eu gosto muito de fazer. Gosto muito 
de dar aula, mas não aprecio corrigir provas. Quem gosta de ler 
cinquenta redações sobre o mesmo tema? Depois, mais cinquenta, 
mais cinquenta… Mas eu não posso não corrigir, porque, se deixar de 
fazer isso, não terei visão de como os alunos estão aprendendo e de 
como estou ensinando. Quando estou escrevendo um livro, não gosto 
de fazer a releitura do material, a revisão, a correção gramatical. Que 
atleta gosta de todos os dias de manhã seguir uma rotina de exercícios 
para praticar um esporte? É claro que ele gosta do jogo, da emoção da 
disputa, mas aquilo que está na estrutura, que cria as condições para 
ele competir, não é agradável. É como uma dieta. Pode ser obrigatória 
para a pessoa não perecer, ou pode ser por razões de autoestima. Mas 
ninguém em sã consciência acha agradável uma restrição daquilo que 
aprecia comer. O mesmo vale em relação ao mundo do trabalho. Se 
você é gestor de uma empresa, há demanda por reuniões constantes, 
além de uma agenda paralela de compromissos sociais, almoços com 
clientes, eventos da área. É possível notar um comportamento 
marcado pelo hedonismo nas gerações mais jovens. Um 
posicionamento expresso pelo clássico “eu quero fazer o que gosto”. 
Evidente, eu também. Aliás, uma frase que falei numa entrevista 
repercutiu bastante: “só um imbecil gostaria de fazer o que não gosta”. 
Claro, todo mundo gosta de fazer o que gosta. Mas é preciso ter 
consciência de que no desenrolar da vida profissional, para fazer o que 
se gosta, é necessário passar por etapas não necessariamente 
agradáveis no dia a dia. o caminho não é marcado apenas por coisas 
prazerosas. (Cortella, 2014, p. 37) 
Desse modo, a sensação hedonista de achar que vai encontrar o lugar 
perfeito para trabalhar, estudar, entre outros, não existe, pois, vamos ter que lidar 
com situações fora das nossas preferências. 
TEMA 5 – A ÉTICA COMO BE YOURSELF, E A ÉTICA DO AMOR 
O que poderíamos chamar de a ética de nosso tempo, a ética do be 
yourself é a ética da autenticidade, ou seja, de quem o indivíduo realmente é 
como pessoa, e da necessidade de fidelidade a essa figura do “eu”. 
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Tal ética só faz sentido, entretanto, quando analisada pela perspectiva da 
dualidade da experiência humana, o “eu” mas também o “outro”, ambos únicos 
como indivíduos, mas igualmente providos de humanidade e portadores de 
semelhantes, se diferentes, experiências, o que exige o exercício da empatia e 
da solidariedade. 
5.1 A autenticidade como um princípio ético 
No âmbito ético humano a questão da autenticidade deriva do aparente 
paradoxo que surge quando há um descompasso entre o “ser você mesmo”, ou 
seja, ser genuíno a seus valores e princípios, e a ação humana. 
Entenda-se, há um aparente paradoxo de identidade entre os fenômenos 
que o indivíduo manifesta (suas escolhas e ações) e quem ele é em si mesmo. 
É o que afirma Bernard Williams quando conceitua autenticidade como “the idea 
that some things are in some sense really you, or express what you are, and 
others aren’t”.8 
Doutro modo, podemos dizer que “ser você mesmo” é em si inexorável, 
pois cada escolha que tomamos ou atoque realizamos é necessariamente 
nosso, mas simultaneamente, podemos afirmar que influências externas, diretas 
e indiretas, podem nos levar a assumir pensamentos, decisões e ações que não 
expressam nossos princípios e valores mais caros. 
Trata-se, portanto, de uma questão afeita à própria identidade do 
indivíduo, à conceituação de quem ele é. E também, de uma questão 
eminentemente ética, relativa ao grau de responsabilidade que alguém possui 
sobre suas escolhas e ações. 
No âmbito do Direito há certo reconhecimento de tal situação, em especial 
no âmbito do Direito Penal, com conceitos como culpa, dolo e excludentes de 
culpabilidade9, que diferenciam entre o ato proposital e de acordo com as 
escolhas informadas do indivíduo (dolo), o ato desproposital mas evitável 
(culpa), e o ato desproposital e, de alguma maneira, razoavelmente inevitável. 
Ou seja, em não havendo significativa autenticidade no comportamento 
do indivíduo, ou em seu resultado, mas antes, sendo discrepante em relação aos 
 
8 “A idéia de que algumas coisas são, de certa forma, realmente ‘você’, ou expressão do que 
‘você’ é, e outras coisas não. (Tradução livre). 
9 Arts. 18, 21, 22, 26 e 27, e parágrafo 1º do art. 28 do Código Penal. 
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valores do mesmo, o Direito reduz ou mesmo exime a penalidade que lhe seria 
aplicada. 
Tal encontra ressonância com o conceito de Liberdade em Rousseau, que 
assim a define: 
O que faz a sua vontade é aquele que não precisa para tanto colocar 
o braço de outrem na ponta dos seus. Segue-se daí que o primeiro de 
todos os bens não é a autoridade, mas a liberdade. O homem 
verdadeiramente livre só quer o que pode e faz o que lhe agrada. 
(Rousseau, citado por Sahd, 2005, p. 110) 
Destaque-se, entretanto, que ser livre é “só querer o que pode”, ou seja, 
não se incluem os desejos fantasiosos, cuja fonte é a influência da vontade 
alheia sobre a nossa. Os desejos naturais, por sua vez, estão de acordo com 
nossas necessidades e respeitam nossos limites, conforme, na obra 
mencionada, afirma o autor: 
Quando me entrego às tentações, ajo conforme o impulso dos objetos 
externos. Quando me censuro por tal fraqueza, só ouço a minha 
vontade; sou escravo por meus vícios e livre por meus remorsos; o 
sentimento de minha liberdade só se apaga em mim quando me 
depravo e enfim impeço a voz da alma de se elevar contra a lei do 
corpo” (Rousseau, citado por Sahd, 2005, p. 110) 
Ou seja, “Quem faz o que quer, diz Rousseau, é feliz quando basta a si 
mesmo” (Rousseau, 1969, p. 310), sem dependência externa, mas apenas de 
sua vontade, pelo que seu conselho pedagógico quanto ao ensino da liberdade 
à criança: 
Em vez de deixá-lo estragar-se no ar corrompido de um quarto, que 
seja levado diariamente até um prado. Ali, que corra, se divirta, caia 
cem vezes por dia, tanto melhor, aprenderá mais cedo a se levantar. O 
bem-estar da liberdade compensa muitos machucados. (Rousseau, 
1969, p. 113) 
Com base nisso podemos entender a importância da liberdade e de seu 
ensino pedagógico como fundamento último da ética, pois apenas alguém 
perfeitamente livre é capaz de ser perfeitamente autêntico. 
5.2 A solidariedade e a compaixão ou empatia como fundamentos éticos 
Mas além da liberdade, um outro princípio se faz necessário para 
representar a totalidade da autenticidade enquanto sistema ético, e esse é a 
compaixão, empatia, solidariedade ou o amor. 
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Tal princípio, conforme afirma Rorty, é fundamentado na experiência 
comum humana com a dor, o sofrimento e a humilhação... 
NA PRÁTICA 
No âmbito da docência, faz-se necessário que o professor garanta a 
harmonia entre seus alunos e deles consigo. Para isso, é importante a definição 
das “regras do jogo”, garantindo uma estrutura na qual a relação acadêmica 
entre as partes possa ocorrer de modo produtivo. 
Essas mencionadas “regras do jogo” nada mais são que um arranjo ético 
que estabelece uma regularidade, concordância e proporção na mencionada 
relação acadêmica, e que precisa ser suficientemente elegante para que todos 
possam se mover por seus valores e princípios sem transtornos, servindo essa 
ética como o começo da estética pedagógica. 
FINALIZANDO 
Na presente aula, após um breve comentário sobre a função e aplicação 
da ética, estudamos diferentes escolas éticas, as escolas helênicas, as escolas 
cristãs medievais, as escolas liberais modernas, e as escolas atuais que buscam 
reconstruir o conceito de ética de um ponto de vista eminentemente 
antropocêntrico. 
Em todos esses momentos, verificamos a importância da educação para 
a formação do indivíduo ético, visto que os valores e princípios morais por ele 
adotado devem lhe ser ensinados. 
 
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REFERÊNCIAS 
AQUINO, T. de. Summa theologica. Traduzido ao inglês pelos Padres da 
Província Dominicana Inglesa. Nova Iorque: Bezinger Bros., 1947. 
ARISTÓTELES. Os pensadores: Aristóteles, Volume II. São Paulo: Nova 
Cultural, 1991. 
CORTELLA, M. S. Por que fazemos o que fazemos?: aflições vitais sobre 
trabalho, carreira e realização. São Paulo: Planeta, 2014. 
FERREIRA, A. de O. Liberdade e filosofia: da Antiguidade a Kant. Curitiba: 
InterSaberes, 2013. 
GRAHAM, J. et al. Liberals and conservatives rely on diferente sets of moral 
foundations. Journal of Personality and Social Psychology, 2009, v. 96, n. 5. 
Washington D. C.: American Psychological Association. 
SAHD, L. F. N. de A. e S. A noção de liberdade no Emílio de Rousseau. 
Trans/Form/Ação. 2005, v. 28, n.1, p.109-118. 
VATICANO. Cathecismus Catholicae Ecclesiae: Pars tertia: Vita in Christo, 
Sectio prima: Vocatio hominis: Vita in spiritu, Caput tertium: Salus Dei: Lex et 
gratia, Articulus 3: Ecclesia, mater et magistra, Decem Praecepta. Vaticano. 
Disponível em: . 
Acesso em: 2 fev. 2021.

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